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Instituto Superior

TRAUMA, DISSOCIAÇÃO E PSICOPATOLOGIA EM


RECLUSOS
MIGUEL TORGA

Centro de
Estudos da
População, Mara Costa*, Helena Espirito-Santo*, Joana Matreno, Simon Fermino, e Helena Amaro, Instituto
Economia e
Sociedade Superior Miguel Torga, Coimbra & Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, Porto

Resultados
Introdução
No global, o nível das experiências traumáticas, dissociativas
É conhecida a presença de trauma e dissociação, e e sintomas psicopatológicos é maior que na população em
psicopatologia na população reclusa (Adshead, 1994; geral (p < 0,05), destacando-se a absorção da DES, trauma
Bergman & Brismarb, 1994; Boothby & Durham,1999; Cima, com e sem ameaça corporal da TEC e sintomas paranóides.
2003; Koenig et al., 1995; Moskowitz, Barker-Collo, & Ellson, Os reclusos que cometeram crimes com gravidade alta têm
pontuações significativamente (p < 0,5) mais elevadas na
2005; Spitzer at al., 2003). Nos vários estudos, não têm sido
DES, fobia, hostilidade e paranóia.
analisados os tipos de trauma, nem distinguida a
Total CPe CPa t
psicopatologia por tipos de crime.
DES 17,3 ± 15,4 13,6 ± 11,3 35,2 ± 20,8 3,3*

Objetivos TEC 7,4 ± 3,7 6,9 ± 3,8 9,5 ± 2,6 1,3


BSI 1,0 ± 0,4 1,0 ± 0,4 1,4 ± 0,3 2,0*
Verificar o nível de experiências dissociativas, traumáticas e
* p < 0,05
sintomas psicopatológicos em reclusos. Verificar se há
Há correlações significativas (p < 0,5) entre o trauma (total,
diferenças considerando a gravidade criminal, e analisar se
com e sem ameaça corporal), a dissociação e os sintomas
existem relações entre as variáveis. obsessivos, depressivos e de hostilidade.
TEC-T TEC-A TEC-SA BSI-OC BSI-D BSI-Hos
DES 0,3 0,3 0,4 0,3 0,3 0,5*
TEC-T — 0,7** 0,7** 0,2 0,2 0,3
Metodologia TEC-A — 1** 0,3 0,3 0,3
TEC-SA — 0,4* 0,3 0,2
Amostra BSI-OC — 0,6 0,1

Depois de excluir quatro reclusos com pontuações indicativas BSI-D — 0,3

de simulação no Rey-15 Item Test, selecionámos 29 sujeitos BSI-Hos —


* p < 0,05
que cometeram crimes contra pessoas (CPe, 42%) e crimes ** p < 0,01

contra o património (CPa, 58%), com idade média de 37,8


Conclusões
anos (DP = 10,0).
Partindo da gravidade criminal [(Duração-pena + número O nível de experiências dissociativas, experiências traumáticas
crimes + número condenações) x m (tipo de crime); onde m = e sintomas psicopatológicos na população reclusa destaca a
2 para CPe ou m = 1 para CPa], criámos dois grupos com base necessidade de intervenção terapêutica, especialmente com
na média + desvio-padrão da gravidade criminal (25,95 + reclusos que cometeram crimes mais graves.
16,61): crimes com gravidade alta (17,2%) e crimes com
gravidade atenuada (82,8%). Referências
Adshead, G. (1994). Damage: trauma and violence in a sample of woman referred to a forensic service. Behavioral Sciences and
The Law, 12, 235-249.

Instrumentos Bergman, B., & Brismarb, B. (1994). Characteristics of imprisoned wife-beaters. Forensic Science International, 65(s3), 157-167.
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avaliar a simulação. Spitzer, C., Liss, H., Dudeck, M., Orlob, S., Gillner, M., Hamm, A., et al. (2003). Dissociative experiences and disorders in
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*  Igual  contributo

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