Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Palhoça
2011
2
Palhoça
2011
3
___________________________________
Profª. Orientadora Drª. Deise Maria do Nascimento
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________
Profª. Drª. Nadía Kienen
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________
Profª. Ma. Cristiani do Nascimento Peixoto
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus Pai e Deus filho pela saúde, disposição e suporte que me
proporcionaram para que eu pudesse seguir nesta caminhada, e principalmente peço perdão
pelas vezes em que não tive condições de compreender seus planos.
Agradeço as minhas orientadoras Deise Maria do Nascimento e Nádia Kienen
pela disposição, dedicação, suporte e principalmente paciência, que me ajudaram na
construção deste trabalho. Agradeço em ―especial‖ a minha professora e banca Cristiani
Peixoto, por todo o carinho e atenção dedicados a mim, não só com suas contribuições em
relação a este trabalho, mas por toda a minha formação enquanto profissional da saúde mental
e principalmente na minha visão sobre os sujeitos nunca esquecerei uma frase sua: ―... mas eu
também não atendo alunos (...) eu atendo pessoas...‖. Levarei muito de ti em mim por toda a
minha vida ―Pro‖ amiga. Agradeço a todos os meus companheiros de faculdade que sempre
estavam atentos para me lembrar dos dias de provas e trabalhos, Fabiana Martins, Débora
Marque, Laidiara schneider, Karina Pedro, Eduardo Andrade, Bárbara Koerich, Graziele
Souza, Laidiara Schneider, e todos que de alguma forma fizeram parte da minha formação.
Agradeço também aos sujeitos pesquisados que decidiram contribuir com esta
pesquisa, inclusive os responsáveis pelos centros terapêuticos e responsáveis por grupos que
abriram as portas para assim concretizar minha formação.
Agradeço com todo amor a Pauline Francielle da Silva, que posso convictamente
afirmar que é a maior responsável pela minha formação. Lembro-me das diversas vezes que
decidi parar de estudar por não ter como pagar a nova matrícula, e ela dizia: ―claro que não!‖,
e juntos dávamos um jeito e a matrícula do próximo semestre era concretizada. Agradeço
também aos meus amigos irmãos, Atanael Lohn (Tanaca), Raphael Duarte (Piruca), Marcelo
Adair (Peter) e Mário Daniel (Jaca Paladium), pela paciência com meu mau humor devido a
falta de ―verbas‖ para tudo. Jamais esquecerei as ―cervejadas‖ que vocês bancaram dizendo:
―o pesão está muito chato, vamos levá-lo para esfriar a cabeça‖. Juro que se não fosse por
vocês eu nunca teria suportado meus múltiplos empregos. E, muito me orgulhava de ver vocês
brigando pra pagar minhas comanders nos estabelecimentos. Novamente Pauline te agradeço
por compreender até estas situações, te amo! Graças a Deus posso dizer que tenho amigos de
verdade, e não são poucos!
Mais uma vez, muito obrigado a todos!
5
ORAÇÃO DO ADICTO
Aqui estou porque finalmente não há mais como refúgir de mim mesmo.
Até que me confronte nos olhos e no coração dos outros estarei fugindo.
Até que sofra o partilhar dos meus segredos não me libertarei deles.
Temeroso de ser conhecido não poderei me conhecer e nem aos outros. Estarei só
Aqui juntos posso finalmente conhecer-me por inteiro.
Não como o gigante que sonho em ser, nem tão pouco ao anão dos meus temores.
Mas como alguém parte de um todo compartilhando dos seus propósitos.
Neste solo poderei criar raízes e crescer
Não mais isolado como na morte
Mas vivo para mim e para o outro
Amem.
Autor: Desconhecido.
6
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 08
1.1 TEMA ................................................................................................................................. 08
1.2 PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 08
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 15
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 15
4 MÉTODO ............................................................................................................................. 23
4.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 23
4.2 PARTICIPANTES ............................................................................................................. 24
4.3 EQUIPAMENTOS E MATÉRIAIS ................................................................................... 25
4.4 SITUAÇÃO E AMBIENTE ............................................................................................... 26
4.5 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS ...................................................................... 26
4.6 PROCEDIMENTOS ........................................................................................................... 26
4.6.1 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES .............................................................................. 26
4.6.2 DE CONTATO COM OS PARTICIPANTES ................................................................ 27
4.6.3 DE COLETA E REGISTRO DE DADOS......................................................................27
4.6.4 DE ORGANIZAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS............................28
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................42
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 47
8. APENDICE..........................................................................................................................57
8
1 APRESENTAÇÃO
1.1 TEMA
explosão do problema das drogas começou no final da década de 1960. O final dessa década e
início da década de 1970, ainda segundo este autor, foi um período marcado por grandes
manifestos de jovens e estudantes com ênfase nos questionamentos de ordens sociais e a
procura de novos valores culturais. E como parte dessa época de protestos de busca de novos
valores as pessoas começaram a experimentar drogas como maconha e alucinógenos.
(GRUND, KAPLAN, & ADRIAANS, 1989, apud a MOREIRA, 2003).
Moreira (2003) afirma que foi principalmente nesse período que muitos
intelectuais e artistas propagaram o uso de drogas, e a associavam a grandes novas idéias e
pensamentos filosóficos, de contracultura e ainda a uma nova ordem social. Foi um período
marcado por grandes questionamentos e protestos decorrentes também da intervenção bélica
americana no Vietnã, principalmente para os jovens americanos que não naturalizaram está
intervenção dos Estados Unidos, reunindo-se, então em grandes eventos em que faziam uso,
em massa, de drogas como o festival de Woodstock (MOREIRA, 2003). O uso de drogas nos
Estados Unidos e Europa ao longo das décadas de 1960 e 1970 representava a busca do
prazer, da comunicação, de novos meios de estilos de vida e de trabalho (WEREBE, 1980).
Porém, logo no fim da década de 1970 a questão das drogas passa por um novo
processo de mudança e vários países começam um ciclo de intolerância ás drogas. Segundo
Grund et al., (1989) no início da década de 1970 a heroína tornou-se muito acessível nos
Países Baixos e logo a reação das autoridades foi muito repressiva.
Vemos então que de acordo com os tempos as drogas, que antes eram usadas em
rituais de religiões ou manifestações culturais, passaram a serem usadas como motivo de
protestos sociais, onde os jovens faziam seu uso em massa, como relatado por Moreira (2003),
referindo-se às décadas de 1960 e 1970. A partir desse uso de drogas, justificado na época
pelos protestos, desencadeou-se um uso da mesma, cada vez mais freqüente, tornando-se um
uso abusivo. De acordo com Kantorski, Lisboa, Souza (2005), com o uso abusivo de drogas
um grupo de pessoas acaba desenvolvendo um quadro de dependência dessas substâncias
durante a sua vida. De acordo com o mesmo autor, pelo menos 20% das pessoas desenvolvem
dependência química, em algum período de sua vida. Com relação ao álcool, cerca de 10 a
15% de indivíduos apresentam situações de abuso, sendo essa a principal causa de acidentes
graves e mortes violentas (KANTORSKI, LISBOA, SOUZA, 2005). E neste caso a droga,
que antes servira como uma forma de expressão de liberdade passa a ser um problema de
ordem pública social. Pois o uso abusivo desencadeou a dependência, química e neste caso, a
droga inverte seu valor. Sendo que antes era usada, como expressão da liberdade e agora
10
passa a ser uma das maiores formas de alienação e exclusão social, fazendo com que o país
(Brasil) busque alternativas de controle e represálias para o combate à mesma.
No Brasil, a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) foi criada em 1998. Neste
mesmo ano foi realizado um fórum com o intuito de ouvir os profissionais da área da saúde.
Foi o primeiro Fórum Nacional Antidrogas que tinha como objetivo definir linhas de ação
para prevenção, tratamento e repressão às drogas (MOREIRA, 2003). Cerca de três anos
depois, em 2001, foi realizado o II Fórum Nacional Antidrogas, em cuja abertura foi assinada
a Política Nacional Antidrogas (PNAD), pelo presidente da república (SENAD). Todo esse
movimento mostra o quão os assuntos relacionados às drogas têm tomado espaço na nossa
sociedade. E assim, com tal exposição do tema na mídia, investimentos tanto em nível
nacional quanto internacional têm sido aplicados em nosso país na produção de conhecimento
sobre o assunto (SENAD).
Segundo Bravo (2000), acontecem dois discursos diferentes sobre o consumo de
drogas; um seria o tradicional, que criminaliza o usuário, sendo ligado a uma postura mais
repressiva, desconsiderando o sujeito e ―enxergando‖ apenas a droga. Esse discurso tinha
como foco a chamada ―guerra às drogas‖. Outra serio um novo segmento que não tem como
objetivo a eliminação total do consumo, mas sim a diminuição dos efeitos nocivos da mesma.
É a chamada ―redução de danos‖, em que se prioriza a saúde do sujeito e da sociedade em
geral.
E este problema desencadeado pelas drogas, ou seja, a dependência química tem
tomado proporções epidemiológicas. Comparando estudos feitos em 2001 e em 2005,
observou-se que o uso de drogas na vida (exceto álcool e tabaco), segundo estudos feitos a
partir de um levantamento domiciliar realizado em 2005 pelo Centro Brasileiro de Informação
sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID 2005), aumentou em relação à pesquisa anterior
realizada em 2001. Em 2001 o índice de uso de drogas (exceto álcool e tabaco) foi de 19.4%,
já em 2005 este índice de uso subiu para 22.8%, um aumento de 3.4%, no intervalo entre as
pesquisas.
Para Rocco (2003, apud MOREIRA, 1999), a transformação do uso de drogas em
problema público, no Brasil, remonta às últimas décadas do século XIX e se articula ao
processo de controle da medicina por agentes especializados no tratamento de saúde. Segundo
o Manual Diagnostico de Transtornos Mentais (DSM-IV 2002) e a Classificação Internacional
de Doenças (CID-10, 1993), a dependência de substância é uma ―doença‖ cujas características
são um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos que se
11
desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, onde o sujeito continua
utilizando a substância apesar de problemas significativos relacionados a ela.
O presente trabalho se propõe a pesquisar sujeitos com dependência química na
Região da Grande Florianópolis. A pesquisa se foi realizada com sujeitos com dependência
que já não fazem mais uso de drogas. A proposta é saber qual a percepção destes sujeitos
sobre o processo de recaída. A importância deste trabalho se dá também pela falta de matérial
aprofundado relacionado ao tema. Pesquisas realizadas por autores como Kantorski, Lisboa e
Souza (2005) tratam de assuntos relacionados à recaída, porém tratam de ―prevenção à
recaída‖. O trabalho desses autores fala da realização de um grupo de prevenção à recaída de
álcool e outras drogas, em que se utilizou de princípios e orientações teóricas da terapia
cognitivo-comportamental. Assim como Knapp, Bertolote (1994), que foram organizadores
de um manual de prevenção da recaída produzido no ano de 1994 em Porto Alegre, não se
aprofundaram sobre o processo que leva o usuário a recair, nem tampouco sobre a visão do
sujeito envolvido com drogas em relação à recaída.
Occhini e Teixeira (2006) fazem um estudo para compreender a inter-relação que
uma equipe multidisciplinar estabelece entre psiquiatria e psicologia, no tratamento de psicose
induzida por substâncias psicoativas. Nesse trabalho buscam entender que fatores contribuem
para um bom desenvolvimento de um trabalho entre a equipe e quais fatores são degradantes
no trabalho de equipe. Isso a partir das visões particulares de cada especialidade em relação
ao fenômeno da dependência, procurando ainda entender diferentes aspectos que podem ser
determinantes nessa interação. Esses autores defendem a idéia de que a recaída faz parte do
tratamento. Seus estudos se atêm a como a ―recaída‖ é percebida pelo profissional que recebe
o usuário de drogas que é reincidente. Afirmam ainda que a forma de tratar o sofrimento do
paciente (fracasso pessoal sentido pela reincidência) reside na capacidade dos profissionais
em demonstrar ao paciente que essa ocorrência não significa um fracasso do seu tratamento.
E sim, que a recaída é esperada, encorajando-o a dar continuidade ao tratamento.
A autora Araujo (2008) realiza uma revisão teórica a respeito do craving, termo
americano que refere-se a vontade que o sujeito sente de usar a droga quando tenta reduzi-la
ou cessá-la. E a autora relaciona este craving (grifo do autor) ou seja a fissura com a
dependência química. Investiga também a evolução da mesma, consultando os bancos de
dados PsycInfo, Medline, ProQuest e Science Direct. O termo é pesquisado dentro dos
modelos teóricos comportamental, psicossocial ou cognitivo e o neurobiológico, e explicitam
aspectos referentes a como evitar a estimulação da fissura (vontade de usar a droga)
elaborando estratégia de enfrentamento para lidar com as situações de conflito, as quais
12
estimulariam a vontade de uso das drogas. Evitando está estimulação, previne-se uma possível
recaída afirma Araujo (2008). Porém a autora não se aprofunda na questão dos fatores que
levam ao processo de recaída.
Outros autores como Tavares, Béria e Lima (2004) discutem assuntos relativos a
drogas na adolescência. A pesquisa foi feita com estudantes do ensino médio, e está voltada
para fatores que levaram estes jovens a fazerem uso de drogas. Como instrumento de coleta
de dados foi utilizado um questionário anônimo auto-aplicado em sala de aula. O estudo
mostrou que diversas características familiares estão associadas ao uso de drogas pelos
adolescentes, fornecendo informações úteis para a compreensão integral desse problema.
Porém, os autores não se atêm às questões de recaída em si e nem sobre a visão do dependente
sobre o processo da mesma. Assim como os pesquisadores Marquez e Cruz (2010), que
também realizaram estudos com adolescentes sobre drogas. Estes autores falam sobre
diferentes tipos de abordagens para tratamento, Marquez e Cruz (2010), abordam ainda sobre
a diferença de condução de tratamento para adultos e para adolescentes. Aqui também a
relação do sujeito com dependência sobre o processo de recaída não é seu foco principal.
Kessler et al.(2010) fizeram uma revisão sobre os principais estudos existentes
acerca da adolescência e drogas. Os autores se ativeram aos fatores de risco e proteção para o
uso das mesmas, e pesquisaram a psicodinâmica de adolescentes envolvidos com drogas.
Falam também que os distúrbios emocionais e interpessoais, abordados nas terapias
psicodinâmicas, são importantes desencadeantes de ―fissuras‖ e recaídas. Orienta ainda sobre
a clássica neutralidade analítica e as interpretações que tendem a serem geradoras de
ansiedade, desencadeando recaídas. No entanto, os autores não abordam aspectos relativos ao
processo de recaída.
Outro estudo, este realizado por Alvares (2007), fala sobre a recaída, porém este
se atêm mais propriamente à recaída na abstinência com álcool. A pesquisa de Alvares mostra
que aproximadamente um terço dos dependentes conseguem a abstinência permanente com
sua primeira tentativa séria na recuperação. Outro terço tem episódios breves de recaída. O
trabalho de Álvares se diferencia do presente trabalho pelo fato de que este não se atentará
exclusivamente a pesquisar dependentes de álcool, e sim a uso de drogas lícitas e ilícitas de
modo geral, desde que haja uma dependência e uma tentativa de largar a mesma.
Todos os trabalhos referenciados até o momento tratam de um mesmo fenômeno,
dependência química, que é consequência do uso abusivo de drogas. Entretanto, o presente
trabalho se propõe a pesquisar a percepção de sujeitos com dependência química, que já não
fazem mais uso de drogas, sobre o processo de recaída, valorizando a visão deste sujeito,
13
como ele vê este processo de recaída às drogas. Aspecto este não abordado pelos autores
referenciados acima, foi encontrado apenas um trabalho relacionado a dependência e que se
atenta a percepção do sujeito. Andrade (2010) fala sobre o processo de recaída na percepção
do sujeito, porem este se atem exclusivamente ao uso de crack e realiza sua pesquisa com
sujeitos internados em tratamento contra a dependência.
A relevância deste trabalho também se dá pelo fato de que a dependência química,
que é consequencia do uso abusivo de drogas, e também por ser um assunto muito presente no
mundo e na região da grande Florianópolis (SPOHR, LEITÃO, SCHNEIDER 2006), e sendo
a recaída uma das características da tentativa de abandono das drogas. De acordo com
Zeferino et al. (2006), para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de drogas é
considerado um problema de saúde pública, já que cerca de 10% das populações dos centros
urbanos fazem o uso da mesma. E isto tem muitas implicações sociais, psicológicas,
econômicas e políticas, pois o uso de drogas está associado à criminalidade e práticas anti-
sociais, além disso, é considerado responsável por cerca de 1.4% de todas as mortes no
mundo. Assim como 25% dos casos de AIDS estão ligados ao uso de drogas. A proposta do
referido trabalho é pesquisar dependentes químicos que já não fazem mais uso de drogas, na
Região da Grande Florianópolis. Pesquisar com os próprios sujeitos como eles perceberam
este processo de recaída, o que isso significou para eles, que contribuições negativas ou
positivas estas recaídas (ou recaída) tiveram para o estado abstinente em que ele se mantém
até os dias atuais.
O aumento do interesse público e governamental com relação ao uso e abuso de
substâncias psicoativas se dá devido à relação entre o consumo dessas substâncias e a
criminalidade, violência, morbimortalidades e, conseqüentemente, os elevados custos para os
serviços públicos de saúde e previdência social. Estudos realizados pelo Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas (CEBRID), no período de 1987 a 1997, estudos estes feitos com
estudantes do ensino fundamental e médio em 10 capitais brasileiras, mostra um aumento
alarmante no uso de drogas neste período de 10 anos. Numa categoria de uso de no mínimo 6
vezes por mês, observou-se um aumento de 100% no consumo de ansiolíticos; para as
anfetaminas este aumento foi de 150%; e em relação à maconha o aumento foi ainda maior
com 325%. Porém a grande recordista foi a cocaína, com 700%. Outra pesquisa foi feita pelo
mesmo órgão que foi o VI Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas
entre estudantes do ensino fundamental e médio na rede pública de ensino. Realizado no ano
de 2004, em 27 capitais brasileiras, mostrou que a cidade de Florianópolis se destacou por ter
o maior número de estudantes, na região sul, com uso de drogas na vida (exceto álcool e
14
tabaco), total estimado de estudantes de Florianópolis foi de 18,4% sendo que Curitiba teve
índice que foi de 11.80%, e Porto Alegre foi o menor índice tendo 8.4% de seus estudantes já
fizeram uso de drogas na vida.
Podemos verificar que a questão das drogas é um tema muito presente em nossa
sociedade, e que de acordo com os dados mostrados pelo Centro Brasileiro de Informações
Sobre Drogas, este problema tem tomado proporções epidemiológicas. E vimos também que
muitos estudos têm sido desenvolvidos em torno da questão envolvendo drogas. Estudos
sobre abordagens para tratamento, como o dos autores, Marquez e Cruz (2010) e também o
dos autores Occhini e Teixeira (2006), fazem um paralelo entre psiquiatria e psicologia. No
que diz respeito a fatores que levam o sujeito a entrar no mundo das drogas, há o estudo de
Tavares, Béria e Lima (2004). Estudos sobre os caminhos percorridos para chegar até a
dependência. Assim como estudos que trataram especificamente sobre o processo de
abstinência, como a autora Araujo (2008), que realiza uma revisão teórica a respeito da
fissura, que é causada pela abstinência. Caminhos percorridos pelo sujeito até a abstinência
total e estudos ainda que falam sobre a recaída e fatores que levam a mesma como o
apresentado por Alvares (2007). E estudos que tratam sobre a prevenção a recaída como os
autores Kantorski, Lisboa e Souza (2005), e Knapp, Bertolote (1994), que elaboraram um
manual de prevenção à recaída.
A proposta é pesquisar o processo de recaída, não se atendo apenas a forma como
ocorre este processo. Mas sim pesquisar como esse processo é percebido pelo próprio sujeito
que passou pelo mesmo. É saber qual a percepção de sujeitos dependentes químicos, que
estão em abstinência total de drogas, sobre o processo de recaída, que importância estes
sujeitos dão a estas recaídas, relacionando-as ao seu tratamento.
15
2 OBJETIVOS
3 MARCO TEÓRICO
―pecaminosos‖, (de acordo com a ótica da sociedade da época) e, já que eram vistos como tal,
tinham o poder de decidir se usavam ou não drogas, optando por usá-las.
Outra teoria apontada pelas mesmas autoras sobre a dependência seria o modelo
de dependência física. Com base nesse modelo, em sua primeira elaboração, acreditava-se que
o uso repetido da droga produziria mudanças fisiológicas que seriam permanentes no
organismo. E assim, quando a mesma fosse retirada, ou seja, quando o sujeito estivesse em
abstinência, o organismo apresentaria uma série de sintomas opostos aos produzidos pela
droga, o que seria a síndrome de abstinência. E esses sintomas seriam tão fortes que levariam
o sujeito dependente a procurar novamente a droga, a fim de aliviá-los, ocorrendo assim uma
recaída. Porém, ainda segundo Garcia-Mijares e Silva (2006), essas explicações relacionadas
a sintomas físicos como única explicação para a dependência era ineficiente.
Pesquisas desenvolvidas com cocaína e anfetamina mostraram que estas não
produziam sintomas de abstinência graves. E a partir daí, segundo as autoras Garcia-Mijares e
Silva (2006), desenvolveu-se o conceito de dependência psicológica. E novamente a partir dos
estudos mais aprofundados em relação à mesma, explicou-se a forte relação de dependência
em relação às drogas, sendo que esses sintomas psicológicos é que levariam o dependente a
ter forte motivação para voltar a consumir a droga.
Vimos então que o uso abusivo de drogas contituiu-se como um problema de
ordem social, pois o uso abusivo leva à dependência, tanto fisiológica quanto psicológica,
sendo a psicológica o principal fator que levaria o sujeito com dependência a sentir a
―síndrome da abstinência‖ (de acordo com cada tipo de droga) como apontada por Garcia-
Mijares e Silva (2006). E esta abstinência seria um fator com forte influência a levar o sujeito
a consumir novamente a droga. E é este fenômeno que pretendemos pesquisar, o retorno do
sujeito as drogas, ou melhor, pretendemos pesquisar a percepção deste sujeito com
dependência química, mas que já não faz mais o uso da droga, sobre este processo de retorno
ao seu consumo.
Compreendemos então que poucos aspectos separam uso abusivo de drogas da
dependência das mesmas, pois a diferença (como já verificado), diz respeito a tolerância que
seria o aumento na quantidade consumida pelo sujeito com o passar do tempo, e a outra
diferença estaria na abstinência, ou seja, a crise por falta da substância, ou ainda um padrão de
uso compulsivo. Sintomas estes que não estariam presentes no uso abusivo das drogas.
20
4 MÉTODO
De acordo com Gil (2000), método significa um caminho para se chegar a um fim.
O método científico pode ser entendido como o caminho para se chegar à verdade da ciência.
(GIL, 2000).
Para alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, optou-se por realizar uma
pesquisa descritivo-exploratório, com abordagem quantitativa.
De acordo com Gil (2000), pesquisas exploratórias têm por finalidade esclarecer
e modificar conceito e idéias, com o objetivo de formular problemas mais precisos ou
hipóteses mais questionáveis para novos estudos. Já a pesquisa descritiva realiza a descrição
de características de determinadas populações, fenômenos ou estabelecimento de relação entre
variáveis, e também determinar a natureza destas relações. E ainda para o mesmo autor, as
referidas pesquisas têm como objetivo levantar opiniões e atitudes de uma população.
Para Minayo (1998), a pesquisa qualitativa aprofunda-se no mundo do significado
das ações e relações humanas, possibilitando uma compreensão maior da realidade do campo
a ser estudado.
Assim, com o referido método será possível pesquisar qual percepção de sujeitos
com dependência química que já não fazem mais o uso de drogas sobre o processo de recaída,
procurando, dessa forma somar subsídios contra a dependência química.
24
4.2 PARTICIPANTES
Quadro 02: Aqui os sujeitos estão divididos por cidades onde moram e em ordem
decrescente de idade, de acordo com suas cidades.
Sujeitos Cidade Idade Est. Civil Profissão
S1
47 anos Casado Coordenador de laborterapia
S2
47 anos Separado Coordenador de Comu. Tertape
S3
40 anos Separado Auxiliar ADM
S4
Palhoça 38 anos Separado Coordenador de Comu.Terapeu
S5
37 anos Casado Cozinheiro
S6
33 anos Separado Aux. Cozinha
S7
28 anos Solteiro Montador de moveis
S8
28 anos Separado Pedreiro
S9
54 anos Separado Policial Civil
S10
49 anos Separado Contador
S11
37 anos Divorciado Bancário
S12 Florianópolis
37 anos Casado Publicitário
S13
32 anos Solteiro Designer gráfico
S14
31 anos Separado Cozinheiro
S15
40 anos Casado Administrador
S16
São José 37 anos Casado Tecnólogo
S17
27 anos Casado Representante Comercial
S18
20 anos Solteiro Coordenador de Com. Terapeu.
S19
42 anos Separado Carteiro
Santo Amaro
S20
31 anos Separado Monitor de Comu. Terapêutica
Para realização desta pesquisa serão utilizados: folhas de papel A4, canetas
esferográficas, questionário, um computador e uma impressora.
26
A coleta de dados desta pesquisa foi realizada nos locais de trabalho destes
sujeitos, ou seja, nas próprias Comunidades Terapêuticas, dispondo do espaço disponível no
local, e também no local de encontro do grupo de NA.
4.6 PROCEDIMENTO
puderam decidir se desejavam ou não prosseguir com a pesquisa, após a assinatura do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido os questionários foram aplicados.
A aplicação dos questionários foi realizada nas comunidades terapêuticas onde os
sujeitos trabalhavam em uma sala apropriada, onde os sujeitos entravam e o pesquisador
aguardava do lado de fora da sala, com exceção de 02 sujeitos que levaram o material para
casa e trouxeram respondido no outro dia e em uma das comunidades terapêuticas os
questionários foram entregues nas mãos das psicólogas da organização que fizeram a
aplicação dos mesmos e ficou combinado que assim que os questionários já estivessem todos
respondidos as mesmas entrariam em contato com o pesquisador. E também foi aplicado
coletivamente em uma das reuniões do grupo de NA, com o auxilio de pranchetas.
A organização do material coletado foi feito em planilhas onde foi dividido por
categorias como ―Perfil dos participantes‖ em que agrupados os dados que colaboram para a
construção do perfil de cada sujeito como idade, local de moradia, grau de instrução, entre
outras informações. Outra classe de perguntas é acerca da ―Situação social‖ que busca
contextualizar o sujeito antes durante e depois do tratamento e recaídas. ―Relação familiar‖ é
onde estão agrupadas as perguntas sobre como eram as relações com a família antes das
drogas e se a mesma acompanhou o processo de tratamento. ―Padrão de uso‖ é a classe de
perguntas que busca saber como eram os hábitos do sujeito em relação ao uso de drogas.
―Tratamento‖ é onde estão agrupadas as perguntas que falam sobre o processo de
recuperação. ―Sintomas‖ é a classe de questões elaborada para saber quais sintomas o sujeito
percebe tratando-se da vontade de usar drogas ou seja abstinência. ―Perdas‖ é uma pergunta
aberta onde o sujeito fala do que perdeu por se envolver com as drogas e por fim o objetivo
foco da pesquisa que é a classe de perguntas que fala sobre ―Recaídas‖ esta classe de
perguntas divide-se em perguntas abertas e fechadas onde o sujeito da pesquisa vai falar se
houve recaída no seu processo de recuperação, quantas foram e o que significou para o
mesmo estas recaídas, para assim iniciarmos a análise de dados
Análise de dados tem como objetivo sintetizar os dados coletados de maneira que
29
permitam responder às perguntas da pesquisa. Para Barros e Lehfeld (2000), a análise dos
dados se forma a partir de um conjunto de instrumentos metodológicos que afirmam a
objetividade, sistematização e influência aplicada aos diversos discursos. Sendo ainda
utilizada para estudar e analisar material qualitativo, buscando melhor compreensão dos dados
obtidos.
Em relação à abordagem na coleta de dados esta será quantitativa, pois segundo
Fachin (2003), a pesquisa quantitativa é caracterizada pelos seus atributos e relaciona aspectos
não somente mensuráveis, mas também definidos descritivamente.
A análise quantitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados
coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que
norteiam a investigação. Pode-se, no entanto, definir este processo como uma seqüência de
atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação
e a redação do relatório (GIL 2002).
Desta forma num primeiro momento foi feita uma redução dos dados, pois
segundo Gil (2002), isto consiste em um processo de seleção, simplificação, abstração e
transformação dos dados originais provenientes da coleta de informações. E em relação as
questões fechadas estas foram organizadas por tabelas e em seguida foram articuladas como
referencial teórico.
Em seguida foi feita uma categorização dos dados que consiste na organização
dos dados obtidos na pesquisa. Para tal foi construído um conjunto de categorias definidas a
partir do referencial teórico da pesquisa e dos objetivos do presente estudo. De acordo com
Gil (2002), a categorização é uma forma de organização dos dados obtidos de forma que o
pesquisador consiga tomar decisões para assim tirar conclusões a partir deles.
Foi feita uma interpretação dos resultados, que remeterá à análise e interpretação
dos dados que foram organizados previamente, para isto foi realizada uma leitura do conteúdo
dos questionários e em seguida um apanhado das temáticas emergentes analisando-as e
articulando-as com o referencial teórico.
Por último, foi feito um relatório que ―busca descrever com certa profundidade
populações e fenômenos e mesmo explanar acerca de fatores que influenciam na ocorrência
dessas características [...]‖ (GIL, 2002, p.135).
30
Esta pesquisa tem por objetivo geral caracterizar a percepção de sujeitos com
dependência química, que estão em abstinência total de drogas, sobre o processo de recaída.
Considerando a natureza do problema, compreende-se a necessidade de se contextualizar o
processo dos sujeitos pesquisados. O estudo sobre recaídas se insere na identificação das
formas de uso das substâncias assim como padrão de comportamento, padrão de uso,
contextos sociais e familiares e também caminhos percorridos pelo sujeito ate a busca de
algum tipo de tratamento. Diante disso, nessa pesquisa iniciamos a discussão dos dados a
partir dessas condições articulando os dados com referencial teórico. Por isso antes de
alcançar o foco da pesquisa que é a percepção do sujeito que já não faz mais o uso de drogas,
sobre a recaída, apresentaremos o contexto do sujeito que inclui suas experiências com
drogas, as relações sociais estabelecidas e a busca por tratamento. Entendemos que essa
discussão antecede o debate e a análise sobre a compreensão que esses sujeitos têm sobre
recaída.
Quadro 03
Categoria Subcategoria Ocorrência
Podemos verificar na tabela 03 (três) onde foi perguntado sobre algum caso na
família envolvendo drogas vemos que uma grande maioria responde que sim. De um total de
20 participantes, 15 sujeitos responderam positivamente a uma questão. Um estudo realizado
por Moreira (1994) revelou que o primeiro contato dos adolescentes com as drogas ilícitas
ocorreu em locais variados como escolas, ambiente de trabalho e até mesmo na própria casa,
na família (MOREIRA, 1994). Quatro sujeitos afirmam não ter nenhum caso de uso de droga
na família e 01 sujeito não respondeu. E sobre o meio social em que viviam quando iniciaram
o uso de drogas 15 sujeitos afirmaram que moravam com os pais e 05 moravam sozinhos
quando começaram a usar drogas No que diz respeito ao inicio do uso, ou seja, quando usou
droga pela primeira vez 12 dos 20 sujeitos responderam ter iniciado o uso de drogas entre 15 e
20 anos de idade, 04 sujeitos iniciaram o uso entre 10 a 15 anos. Vimos que de acordo com a
tabela 03 o uso de drogas não tem padrão de idade onde observamos que o sujeito mais novo
que foi entrevistado possui 20 anos de idade e o mais velho 54 anos. Porem em relação ao
início do uso como já afirmado por outros autores como Carlini, Galduróz, Noto & Nappo,
(2003); Micheli & Formigoni, (2001); Kessler e cols. (2003) e Sanchez, Oliveira & Nappo,
(2004) as primeiras experiências com drogas acontecem frequentemente na adolescência por
volta dos 10 aos 19 anos de idade e também de acordo com dados da OMS (Organização
Mundial de Saúde). Dois sujeitos afirmaram usar drogas pela primeira vez entre 20 e 30 anos
e 02 fizeram uso de drogas com mais de 30 anos. Em relação às influências que levaram os
sujeitos a entrar no mundo das drogas 07 sujeitos afirmaram ter se envolvido com drogas por
problemas familiares, 11 afirmam ter feito o uso de drogas por influencia dos amigos, 01
sujeito usou pela primeira vês por curiosidade e 01 por motivo de separação. ―Os adolescentes
32
experimentam cocaína por muitos motivos, eles tem curiosidade,querem fazer o que seus
amigos fazem, querem ser como os adultos‖ (CAMPOS, 1995. p77). Quanto a pergunta sobre
que tipo de droga usava, todos responderam que faziam o uso de cocaína. Porém o que
variava era o acompanhamento, já que apenas 01 sujeito fazia uso exclusivo de Cocaína os
outros 19 sujeitos a usavam com outras drogas como Álcool, Crak, LSD, Maconha. Destes 19
sujeitos, 06 afirmaram que usavam todo tipo de droga. Já sobre a freqüência do uso, 18
sujeitos afirmaram que usavam todos os dias e 02 usavam nos finais de semana. Sobre os
principais hábitos de uso, 13 sujeitos afirmaram que faziam uso de drogas em todas as
situações e 07 sujeitos variaram entre respostas como ―na presença de amigos‖ ou ―em
baladas,‖ ou ainda, ―quando vê droga por perto‖. De acordo com Knapp, Berttolote,(1994)
Laranjeira (1996) e a OMS, o uso frequente e em todas as situações como aponta a maioria
dos sujeitos da pesquisa, na pergunta anterior já caracteriza um uso abusivo e uma possível
dependência.
Quadro 04
15 suj. Bom
Como era o relacionamento do familiar antes
02 suj. normal
das drogas
03 suj. ruim
Relações
familiares 15 suj. responderam que
Sim
A família acompanhou o tratamento
05 suj. responderam que
Não
Quadro 05
07 suj. 01 vez
04 suj. 05 vezes
03 suj. 02 vezes
01 suj. 04 vezes
01 suj. 08 vezes
Quantas vezes foi internado
01 suj. 09 vezes
01 suj. 06 vezes
01 suj. 00 vez
01 suj. 03 vezes
04 suj. 04 anos
03 suj. 03 anos
03 suj. 02 anos
03 suj. 1 ano
01 suj. 18 meses
01 suj. 2 anos e meio
Quanto tempo esta abstinente
01 suj. 05 anos
01 suj. 04 anos e meio
01 suj. 08 anos
01 suj. 09 anos
01 suj. 11 anos
03 suj. 10 anos
03 suj. 04 anos
Tratamento 02 suj. 06 anos
02 suj. 05 anos
01 suj. 02 meses
01 suj. 02 anos
01 suj. 07 anos
Quanto tempo levou para pedir
01 suj. 08 anos
ajuda
01 suj. 11 anos
01 suj. 13 anos
01 suj. 15 anos
01 suj. 21 anos
01 suj. 22 anos
01 suj. 28 anos
06 suj. 01 internação
06 suj. 02 internação
02 suj. 05 internações
Quantas internações passou ate
02 suj. 04 internações
ficar abstinente
01 suj. 06 internações
01 suj. 03 internações
02 suj. 00 internações
34
tempo levou para pedir ajuda foi de 28 anos, onde 07 sujeitos procuraram ajuda por vontade
própria e 13 procuraram ajuda por influencia da família. Confirmando os estudos de
Zirmermam (2000) e Kalina (1999) sobre a importância da família no acompanhamento do
sujeito em tratamento, sendo que dos 20 sujeitos pesquisados 13 sofreram influencia da
família.
Já em relação a quantidade de internações enfrentadas pelo sujeito até atingir a
abstinência a pesquisa confirmou estudos de Gorski et al (1993) apud Alvarez, (2007), aonde
o mesmo afirma que aproximadamente um terço dos dependentes atingem a abstinência
permanente com sua primeira tentativa séria de tratamento (GORSkI et al; 1993). E de acordo
com os sujeitos entrevistados, exatamente um terço confirmou ter conseguido ficar abstinente
com sua primeira tentativa. Dos 20 sujeitos da pesquisa, 14 ainda afirmam sentir vontade de
usar drogas, mesmo já estando abstinentes por pelo menos 12 meses, porém 06 afirmam não
sentir mais vontade de usar drogas.
Mesmo depois de abstinentes, dos 20 sujeitos, 08 afirmam morar sozinhos
enquanto 06 moram com esposa e filhos, outros com pais, parentes ou amigos. E quando
perguntado sobre o que fazem quando sentem que estão prestes a recair, a maioria dos sujeitos
procura um amigo, 13 no total entre os 20 questionados. De acordo com Rigoto e Gomes
(2002) grupo de amigos recuperados são suportes positivos na reabilitação, assim como
também a família, religião e grupos de auto-ajuda foram reconhecidos como grupos de apoio
para a recuperação (RIGOTO, GOMES 2002). Nove dos sujeitos pesquisados fazem parte de
algum tipo de grupo de apoio, 11 não fazem parte de nenhum grupo no momento porem todos
já fizeram parte de algum grupo de apoio. Neste sentido, percebe-se que a família pode servir
como um elemento que oferece subsídios para que o sujeito dependente possa restabelecer seu
estado de saúde.
36
Quadro 06: esta tabela refere-se as perdas que os sujeitos tiveram durante seu
processo de recuperação.
CATEGORIA SUBCATEGORIA OCORRENCIA UCE
Família 07
Confiança 06 ―A principal perda é
Tempo 06 saber que serei eternamente um
Perdas Emprego 05 dependente químico, mesmo que
Amizade 02 eu nunca mais use drogas‖ S 3
Oportunidade 02
Respeito 01
5.2. Recaída
Entraremos agora no processo de categorização que refere-se ao foco da pesquisa,
ou seja, a parte que se refere às recaídas sofridas ou não pelos sujeitos da pesquisa. A recaída
é considerada como parte do processo de recuperação, e não como um final de um tratamento
frustrado Alvarez (2007), porém como já demonstrado nesta pesquisa, a recaída não
necessariamente tem que ocorrer, e quando esta ocorre isto não quer dizer que o sujeito com
dependência que sofreu recaída não mais conseguirá chegar à abstinência total das drogas.
(ALVAREZ, 2007; LARANJEIRA, 2003).
37
negativas sendo estas possíveis emoções que antecederam ao uso primário. Ainda segundo o
mesmo autor, pressões sociais como amigos que oferecem drogas ou pressionam a consumir,
ocorridos no cotidiano do sujeito como em encontros ocasionais em casa na rua em festas etc.
Knapp et al. (2003), ressalta ainda sobre situações difíceis como término de relacionamento
discussões familiares e inclusive problemas físicos ou cormobirdades psicológicas advindas
do consumo prolongado das drogas como insônia, depressão, problemas sexuais, dentre
outros (KNAPP, 2003).
Situações estas que já seriam obstáculos para qualquer sujeito com ou sem
dependência ficam com dificuldades potencializadas para um sujeito com dependência que
esta em tratamento. Marlatt e Gordon (1980, 1985) também partem do ponto que a recaída é
influenciada pela inter-relação das situações ambientais condicionadas ao alto risco, as
habilidades para enfrentar estas situações de risco, o nível de controle pessoal e
principalmente a antecipação dos efeitos positivos de alívio que a droga proporciona
potencializam o risco de recaída.
de drogas. Segundo Barreto (2002), as recaídas não devem ser compreendidas e muito menos
aceitas como uma falha no tratamento, mas sim como um alerta. Pois a forma de tratar o
sofrimento do paciente, ou seja, o fracasso pessoal sentido pela recaída, de acordo com
Occhini e Teixera (2006), reside na capacidade dos profissionais em demonstrarem ao
paciente que este episódio de recaída ja era de se esperar, encorajando-o assim a continuar
com o tratamento E estes dados sobre a significação da recaída contrapõe pesquisa de
Andrade, (2010), onde o mesmo observou em sua pesquisa com 05 sujeitos dependentes em
tratamento de crak, qual a recaída é encarada por todos os sujeitos pesquisados como negativa
e não fazendo parte do processo de recuperação. Ressaltando que os sujeitos pesquisados por
Andrade (2010), referem-se a sujeitos que ainda se encontram internados em comunidades
terapêuticas e estão buscando a abstinência total.
No processo de recaída, via de regra, o sujeito identifica alguns sintomas que lhe
indicam que está nessa condição. Os sujeitos pesquisados apontaram alguns sintomas
corporais que sentiam quando corriam risco de ter uma recaída. Os principais sintomas
apontados foram: ansiedade, nervosismo, irritabilidade, agitação, procrastinação O sofrimento
pode ser avaliado na fala de S11 ―Não posso deixar de vigiar-me, me auto-avalio todos os
dias‖ S6.
Sabe-se que o dependente tem uma incapacidade de tolerar frustrações e, neste
enfoque, a recaída pode ser entendida como uma resposta ao não enfrentamento destas
situações (Silva; Ferri; Formigoni, 1995). Por este motivo, sempre que os sujeitos com
dependência enfrentam uma situação e acham que não vão dar conta, tendem a ocorrer estes
sintomas como ansiedade, nervosismo, irritabilidade, entre outros, e estes são sintomas
avessos ao sintoma de alívio experimentado pelo uso das drogas. Na tentativa de baixar a
tensão, o sujeito logo pensa em sua maior fonte de prazer ou seja, a droga. Ao optar pelo não
uso das substancias químicas, é necessário enfrentar os mesmos problemas dos quais estava
tentando fugir (KALINA, 1999).
Também é parte do processo de percepção da recaída o reconhecimento de
situações sociais de risco. Os participantes da pesquisa afirmam buscam estar atentos para
tomar as devidas precauções. As principais situações identificadas foram: Festas; Lugares
onde fazia uso; Companhia de pessoas que usavam, na rua, no futebol, nos churrascos. A fala
de S6 indica essa preocupação ―quando me sinto ansioso com baixa auto-estima evito alguns
lugares e pessoas‖.
Um dos maiores desafios dos sujeitos com dependência é voltar as vivencias
sociais, pois os mesmos têm que aprender a viver novamente em sociedade, como apontado
41
pelos pesquisados, participando de festas, indo a rua, a lugares onde fazia uso, enfim
praticamente toda a sua rotina antiga remete aos tempos de uso inclusive os companheiros de
uso da época. Segundo Kalina (1999), todo dependente químico, até que se prove o contrário,
é um indutor ao consumo. De acordo com a mesma autora, o modo de agir tem como
significado de um ataque de inveja. Este fato se torna mais visível quando o outro é um
dependente químico que já não faz mais o uso de drogas (KALINA, 1999).
42
6. Considerações finais
que prometi nunca mais sentir aquilo‖ foi sua primeira e ultima, ou seja, a sensação de derrota
sentida a partir da recaída fez com que este sujeito jamais se permitisse recair. Podemos
concluir então que foi algo que contribuiu (ainda que o sujeito não perceba), pois serviu como
uma alavanca para fora do uso de drogas. De acordo com os dados apresentados pelos sujeitos
podemos concluir que o objetivo foi alcançado.
Sobre o segundo objetivo, identificar os motivos que contribuíram para a
ocorrência das recaídas na visão do sujeito em recuperação, foi possível observar na análise
dos relatos que o grande obstáculo consiste na dificuldade do sujeito com situações sócias que
exijam enfrentamento. Segundo relato da maioria é nessa hora que começam a sentir mais
vontade de fazer uso de drogas. A experiência de recaída mostrou-se associada as seguintes
situações: falta de apoio da família, falta de acompanhamento apropriado, envolvimento com
antigos amigos usuários de drogas e frustrações diante de circunstancias adversas. Rigotto e
Gomes (2002) afirmam que é fundamental a existência de redes interpessoais de apoio
constituída pela família, por amigos e por profissionais da saúde para que o sujeito com
dependência se mantenha longe das drogas. Os dados obtidos respondem a pergunta do
segundo objetivo, e assim sendo o mesmo foi alcançado.
Em relação o terceiro objetivo, caracterizar o meio social onde os sujeitos
encontravam-se inseridos quando houve a recaída. A pesquisa apontou que 08 dos 14 sujeitos
que tiveram episódio de recaída afirmaram que moravam com os pais e 06 disseram que
moravam sozinhos. Vemos aqui que a maior parte dos sujeitos morava com os pais e mesmo
assim houve a recaída, pois morar com a família não quer dizer necessariamente que a mesma
esteja apoiando o sujeito muitas vezes a família proporciona o abrigo mas não se envolve no
tratamento agindo com indiferença sobre o situação do sujeito com dependência ―a família só
porque deixa morar em casa já acha que ta fazendo a parte dela...‖ Sujeito 08. Sabe-se que a
dependência química é multideterminada (MARQUES e CRUZ, 2000), ou seja, devem ser
considerados seus inúmeros aspectos preditores como família, ambientes sociais, fatores
psicológicos genéticos etc, que agem de modo associado.
O ambiente social exerce uma poderosa influencia na recuperação (ou recaída)
destes sujeitos com dependência. Esta influencia mostra-se no restabelecimento do convívio
familiar, nos encontros com colegas recuperados e no apoio de profissionais especializados,
ou seja, o sujeito necessita de uma reaprendizagem para viver sem drogas e encontrar sentido
nos atos corriqueiros sociais habituais.
44
algumas, pois entre o contato inicial e a coleta de dados, ocorreu um intervalo de 2 semestres
e muita coisa já havia mudado nas administrações das mesmas e um novo trabalho de contato
teve que ser realizado. Uma das ongs não permitiu a entrada do pesquisador, pois esta
encontrava-se em retiro espiritual e por isso pessoas de fora não poderiam entrar. Em relação
os sujeitos da pesquisa alguns negaram-se a responder o questionário por causa do termo de
livre esclarecimento, mas de modo geral todos se prontificaram em responder as perguntas e
contribuírem para a pesquisa. Já em relação ao tema muitas foram as dificuldades já que há
poucos materiais que descrevam sobre o assunto. As áreas da ciência que tratam sobre o
assunto são as mais diversificadas. O presente trabalho reúne referências da medicina,
psicologia, enfermagem, educação física, mas com um grande destaque para a farmacologia
que foi onde mais se encontrou material publicado sobre drogas. Apontamos também
algumas dificuldades em relação a temática, que aumentam principalmente com foco no
sujeito, diferenças de drogas , os sintomas de cada droga em cada sujeito, diferença de
regiões, entre outras.
Porém a maior dificuldade para a realização deste trabalho estava no conceito de
cura sobre a dependência química enquanto doença. O de acordo com todo o referencial, não
há cura. Ao procurarem um tratamento, a primeira coisa que os sujeitos aprendem (segundo
os próprios sujeitos) é que ―a dependência química é incurável‖, ―o tratamento é pra vida
toda‖. Partindo de um pondo de vista da saúde mental, não seria o melhor modo de iniciar um
tratamento, saber que este nunca irá acabar. O conceito de cura tem que ser revisto com
relação a esse tipo de fenômeno, pois provavelmente logo no início pode ser onde perdemos
boa parte dos sujeitos para as drogas. Pois o que seria a cura? Se for o não uso da droga foi
encontrado nesta pesquisa sujeitos que já estão a mais de 10 anos sem uso. Se for sobre
vontade de se fazer uso? Também foram encontrados sujeitos que afirmam não sentir vontade
alguma de fazer uso. E a pesquisa foi alem em relação a isto foi encontrado um sujeito que
afirma não fazer nem idéia de qual gosto tem a droga ou qual sensação ela provoca. Se isto
ainda não é o suficiente para o sujeito ser considerado curado de sua ―dependência química‖ o
que estaria faltando? É uma sugestão de pesquisa conceituar a cura de dependência química.
Também compreendemos como importante a realização de estudos com estas características
com participantes mulheres, pois as diferenças de gênero podem conduzir a diferentes
resultados.
Esta pesquisa mostra sua relevância em relação a escassez de material publicado
principalmente com relação ao sujeito com dependência como foco e, sendo assim, ela pode
46
auxiliar em novos estudos sobre a dependência pois lança um olhar sobre o sujeito com
dependência química que está em abstinência total de drogas sobre o processo de recaída.
47
7 REFERÊNCIAS
ARAUJO, MR, MOREIRA, FG. História das drogas. In: Silveira DX, Moreira FG,
organizadores. Panorama atual de drogas e dependências São Paulo: Atheneu; 2006.
ARAÚJO, Nadyeshka Sales. et al. Uma resposta ao uso de drogas: prevenção. Belo
Horizonte, 2004. Disponível em: <http://www.ufmg.br/congrext/Educa/Educa174.pdf>.
Acesso em: 12 de agoeto de 2010.
48
BUCHER, Richard. Drogas e Sociedade nos tempos da AIDS. Brasília, DF: UNB 1996.
BUCHELE, Fátima; COELHO, Elza Berger Salema; LINDNER, Sheila Rubia. A promoção
da saúde enquanto estratégia de prevenção ao uso das drogas. Ciênc. saúde coletiva, Rio
de Janeiro, v. 14, n. 1, fev. 2009 . Disponível
em<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ 100033&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28
maio 2010.
.
CARLINI EA, GALDURÓS JC, NOTO AR, NAPPO SA. I levantamento domiciliar sobre
o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do
país. 2001. São Paulo: CEBRID/UNIFESP; 2002.
50
CRIVES, Miranice Nunes dos Santos; DIMENSTEIN, Magda. Sentidos produzidos acerca
do consumo de substâncias psicoativas por usuários de um programa público. Saude
soc., São Paulo, v. 12, n. 2, dez. 2003 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.
Acessos em 26 abr. 2010
GALDURÓS, J. C., NOTO, A. R., & Carlini, E. A. (1997). IV Levantamento sobre o uso de
drogas entre estudantes do 1º e do 2º graus em 10 capitais brasileiras. São Paulo:
CEBRID.
KANTORSKI, Luciane Prado, LISBOA, Liliane de Mello e SOUZA, Jacqueline de. Grupo
de prevenção de recaídas de álcool e outras drogas. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental
Álcool Drog. (Ed. port.), fev. 2005, vol.1, no.1, p.0-0. ISSN 1806-6976.
MENDES, IAC, LUIS MAV. Uso de substâncias psicoativas, um novo velho desafio. Rev.
Latino-Am. Enfermagem 2004 mar-abr; 12(número especial): Editorial.
MOREIRA, Fernanda Gonçalves; SILVEIRA, Dartiu Xavier da; ANDREOLI, Sérgio Baxter.
Situações relacionadas ao uso indevido de drogas nas escolas públicas da cidade de São
Paulo. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 5, Oct. 2006 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89102006000600010&lng=en&nrm=iso>. Acesso 27 Maio 2010.
PRATTA, Elisângela Maria Machado; SANTOS, Manoel Antonio dos. Reflexões sobre as
relações entre drogadição, adolescência e família: um estudo bibliográfico. Estud. psicol.
(Natal), Natal, v. 11, n. 3, Dec. 2006. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X2006000300009&lng=en&nrm=iso>. acesso 18 Maio 2010.
SANCHEZ, Zila Van der Meer; OLIVEIRA, Lúcio Garcia de; NAPPO, Solange Aparecida.
Fatores protetores de adolescentes contra o uso de drogas com ênfase na religiosidade.
Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, 2004 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232004000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 11 nov. 2011.
SENAD – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. FORMIGONI, Maria Lucia Oliveira
de; DUARTE, Paulina do Carmo Arruda Vieira (Organizadoras). Fé na prevenção:
prevenção ao uso de drogas em instituições religiosas e movimentos afins. Brasília, 2009.
Schneider, D., Spohr, B., & Leitão, C. (2006). Caracterização dos serviços de atenção à
dependência de álcool e outras drogas na Região da Grande Florianópolis. Revista de
Ciências Humanas, 39, 219 – 236.
Schneider, D. et al. (2006). Perfil dos usuários de drogas que utilizam os serviços de
atenção à dependência de substâncias psicoativas na Grande Florianópolis. In Anais do
Congresso da ABEAD, 18 [CD-ROM]. Santos: ABEAD.
TAVARES, Beatriz Franck; BERIA, Jorge Umberto; LIMA, Maurício Silva de. Fatores
associados ao uso de drogas entre adolescentes escolares. Rev. Saúde Pública, São Paulo,
v. 38, n. 6, dez. sta. 2004 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89102004000600006&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 08 maio 2010.
8. APENDICE -I
Sexo: _______________________________
Idade: ______________________________
Profissão: ____________________________
Escolaridade: _________________________
Estado civil: __________________________
Bairro onde mora: ______________________
04- Quantos anos você tinha quando usou drogas pela primeira vez?
Entre 10 e 15 anos ( ) Entre 15 e 20 anos ( ) Entre 20 e 25 ( ) Outros____________
05- Qual (ou quais) a razão você considera ter o levado a consumir drogas?
Influencia de amigos ( ) Problemas de família ( ) Problemas com trabalho ( )
Outros motivos (especifique)_________________________________________________________
10- Quanto tempo você usou drogas até reconhecer que precisava de ajuda?
Um ano ( ) Dois anos ( ) Outros (especifique)_________
11- Como eram seus hábitos de usar drogas. Marque com um X numerando nas 3 (três) principais
ocasiões:
Ao término do trabalho. ( )
Quando chega em casa no fim do dia. ( )
Quando vê drogas por perto. ( )
Quando vê outras pessoas se drogando. ( )
Quando os amigos oferecem ou pressionam. ( )
Quando visita ou recebe a visita de certas pessoas. ( )
Quando vai a shows ou a partidas de futebol. ( )
Em todas estas situações. ( )
Em outras situações como:______________________________________________________________
13- Por quantas internações você passou até conseguir ficar abstinente?
Uma ( ) cinco ( ) Dez ( ) Outros (especifique)_________________
17- Em que meio social (ambiente) você vivia quando iniciou o uso de drogas?
Morava com os pais ( ) Com amigos ( ) Sozinho ( ) Morava com parentes ( )
21- Se SIM, quais os sintomas corporais você reconhece quando esta prestes a recair?.
R:_________________________________________________________________________________
24- Caso sua resposta anterior tenha sido afirmativa cite algumas situações: Ex: lugares, eventos etc.
R:_________________________________________________________________________________
25- Você frequenta ou já frequentou grupos de auto-ajuda? Exemplo: Narcóticos anônimos, Grupo de
terapia etc.
Sim ( ) Não ( )
26- Se sim, diga: Quais? E com que frequencia? (Ex: 1 ou 2 vezes por semana, por quinzena ou por
mês)
R:_________________________________________________________________________________
28- Em que meio social onde você se encontrava inserido quando houve sua(s) recaída(s)?
Morava com os pais ( ) Com amigos ( ) Sozinho ( ) Morava com parentes ( )
Outros:__________________________________________________________________________
29- Que motivos você considera ter contribuído para a(s) ocorrência(s) da(s) recaída(s)?
Influencia de amigos ( ) Problemas de família ( ) Problemas com trabalho ( )
Outros motivos (especifique)_________________________________________________________
30- Qual maior (ou maiores) perda você considera ter tido por entra no mundo das drogas?
R:______________________________________________________________________________
32- Fale um pouco sobre o que significou pra você sua (ou suas) recaída:
60
APENDICE-II
____________________________ _______________________________
Assinatura RG
____________________________
Data e Local
Professora responsável:
Deise Nascimento (deisemarianascimento@bol.com.br)