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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA


ANDRÉ SILVA LOHN

PERCEPÇÃO DE SUJEITOS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA, QUE ESTÃO EM


ABSTINÊNCIA TOTAL DE DROGAS, SOBRE O PROCESSO DE RECAÍDA.

Palhoça
2011
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ANDRÉ SILVA LOHN

PERCEPÇÃO DE SUJEITOS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA, QUE ESTÃO EM


ABSTINÊNCIA TOTAL DE DROGAS, SOBRE O PROCESSO DE RECAÍDA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL, como pré-requisito parcial
para obtenção do título de Psicólogo.

Orientador: Prof.ª Deise Nascimento Dr.ª

Palhoça
2011
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ANDRÉ SILVA LOHN

PERCEPÇÃO DE SUJEITOS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA, QUE ESTÃO EM


ABSTINÊNCIA TOTAL DE DROGAS, SOBRE O PROCESSO DE RECAÍDA.

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado


adequado à obtenção do título em Bacharel em
Psicologia e aprovado em sua forma final pelo Curso de
Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina

Palhoça 25 de novembro de 2011

___________________________________
Profª. Orientadora Drª. Deise Maria do Nascimento
Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________
Profª. Drª. Nadía Kienen
Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________
Profª. Ma. Cristiani do Nascimento Peixoto
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus Pai e Deus filho pela saúde, disposição e suporte que me
proporcionaram para que eu pudesse seguir nesta caminhada, e principalmente peço perdão
pelas vezes em que não tive condições de compreender seus planos.
Agradeço as minhas orientadoras Deise Maria do Nascimento e Nádia Kienen
pela disposição, dedicação, suporte e principalmente paciência, que me ajudaram na
construção deste trabalho. Agradeço em ―especial‖ a minha professora e banca Cristiani
Peixoto, por todo o carinho e atenção dedicados a mim, não só com suas contribuições em
relação a este trabalho, mas por toda a minha formação enquanto profissional da saúde mental
e principalmente na minha visão sobre os sujeitos nunca esquecerei uma frase sua: ―... mas eu
também não atendo alunos (...) eu atendo pessoas...‖. Levarei muito de ti em mim por toda a
minha vida ―Pro‖ amiga. Agradeço a todos os meus companheiros de faculdade que sempre
estavam atentos para me lembrar dos dias de provas e trabalhos, Fabiana Martins, Débora
Marque, Laidiara schneider, Karina Pedro, Eduardo Andrade, Bárbara Koerich, Graziele
Souza, Laidiara Schneider, e todos que de alguma forma fizeram parte da minha formação.
Agradeço também aos sujeitos pesquisados que decidiram contribuir com esta
pesquisa, inclusive os responsáveis pelos centros terapêuticos e responsáveis por grupos que
abriram as portas para assim concretizar minha formação.
Agradeço com todo amor a Pauline Francielle da Silva, que posso convictamente
afirmar que é a maior responsável pela minha formação. Lembro-me das diversas vezes que
decidi parar de estudar por não ter como pagar a nova matrícula, e ela dizia: ―claro que não!‖,
e juntos dávamos um jeito e a matrícula do próximo semestre era concretizada. Agradeço
também aos meus amigos irmãos, Atanael Lohn (Tanaca), Raphael Duarte (Piruca), Marcelo
Adair (Peter) e Mário Daniel (Jaca Paladium), pela paciência com meu mau humor devido a
falta de ―verbas‖ para tudo. Jamais esquecerei as ―cervejadas‖ que vocês bancaram dizendo:
―o pesão está muito chato, vamos levá-lo para esfriar a cabeça‖. Juro que se não fosse por
vocês eu nunca teria suportado meus múltiplos empregos. E, muito me orgulhava de ver vocês
brigando pra pagar minhas comanders nos estabelecimentos. Novamente Pauline te agradeço
por compreender até estas situações, te amo! Graças a Deus posso dizer que tenho amigos de
verdade, e não são poucos!
Mais uma vez, muito obrigado a todos!
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ORAÇÃO DO ADICTO

Aqui estou porque finalmente não há mais como refúgir de mim mesmo.
Até que me confronte nos olhos e no coração dos outros estarei fugindo.
Até que sofra o partilhar dos meus segredos não me libertarei deles.
Temeroso de ser conhecido não poderei me conhecer e nem aos outros. Estarei só
Aqui juntos posso finalmente conhecer-me por inteiro.
Não como o gigante que sonho em ser, nem tão pouco ao anão dos meus temores.
Mas como alguém parte de um todo compartilhando dos seus propósitos.
Neste solo poderei criar raízes e crescer
Não mais isolado como na morte
Mas vivo para mim e para o outro
Amem.

Autor: Desconhecido.
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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 08
1.1 TEMA ................................................................................................................................. 08
1.2 PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 08

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 15
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 15

3 MARCO TEÓRICO ............................................................................................................ 16


3.1 USO ABUSIVO COMO CAMINHO PARA A DEPENDENCIA .................................... 16
3.2 ABSTINENCIA DE DROGAS E PROCESSO DE RECAÍDA ........................................ 16

4 MÉTODO ............................................................................................................................. 23
4.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 23
4.2 PARTICIPANTES ............................................................................................................. 24
4.3 EQUIPAMENTOS E MATÉRIAIS ................................................................................... 25
4.4 SITUAÇÃO E AMBIENTE ............................................................................................... 26
4.5 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS ...................................................................... 26
4.6 PROCEDIMENTOS ........................................................................................................... 26
4.6.1 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES .............................................................................. 26
4.6.2 DE CONTATO COM OS PARTICIPANTES ................................................................ 27
4.6.3 DE COLETA E REGISTRO DE DADOS......................................................................27
4.6.4 DE ORGANIZAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS............................28

5 ANALIZA E DISCUSSÃO DOS DADOS.........................................................................30


5.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROCESSO......................................................................30
5.2. RECAÍDAS........................................................................................................................36
5.2.1. IDENTIFICAR MOTIVOS QUE CONTRIBUIRAM PARA AS RECAIDAS............37
5.2.3. IDENTIFICAR QUANTIDADE DE RECAIDAS.........................................................39
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................42

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 47
8. APENDICE..........................................................................................................................57
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1 APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa apresenta-se como Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia


da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), e está diretamente vinculada ao Projeto
Time da Mente, cujo foco de intervenção engloba assuntos relacionados à Saúde Mental. O
Projeto Time da Mente é formado por professores e alunos do núcleo da saúde do curso de
Psicologia da UNISUL, e desenvolve atividades de intervenção a sujeitos com transtorno
mentais atendidos pelo Programa de Saúde Mental (PSM) e também pelos usuários do Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS-II) de Palhoça.

1.1 TEMA

A percepção de sujeitos com dependência química, que estão em abstinência total


de drogas, sobre o processo de recaída.

1.2 PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA

A questão do consumo de drogas tem sido um tema muito debatido em todo o


mundo nos últimos anos, tanto em nível psicológico, quanto social, político e econômico.
Araújo (2003), em sua tese, afirma que o uso de drogas, como plantas psicoativas, remonta
aos ancestrais do homem. E segundo Brasil, (1994), o uso de drogas na história da
humanidade é uma prática milenar e universal. O homem, nas suas mais diversas culturas,
sociedades e diferentes épocas sempre fez uso de drogas o que, na maioria das vezes, não se
constituiu em problemas e motivos para alarmes sociais, sendo consumidas com finalidades
religiosas, terapêuticas e lúdicas, e era entendido como uma manifestação cultural. (BRASIL,
1994).
O tema é polêmico, porém vimos ser um assunto muito corriqueiro na história da
humanidade. Segundo Grund, Kaplan, e Adriaans (1989 apud a MOREIRA, 2003), para os
países baixos o uso de drogas, principalmente de opiáceos, não é um assunto novo, a grande
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explosão do problema das drogas começou no final da década de 1960. O final dessa década e
início da década de 1970, ainda segundo este autor, foi um período marcado por grandes
manifestos de jovens e estudantes com ênfase nos questionamentos de ordens sociais e a
procura de novos valores culturais. E como parte dessa época de protestos de busca de novos
valores as pessoas começaram a experimentar drogas como maconha e alucinógenos.
(GRUND, KAPLAN, & ADRIAANS, 1989, apud a MOREIRA, 2003).
Moreira (2003) afirma que foi principalmente nesse período que muitos
intelectuais e artistas propagaram o uso de drogas, e a associavam a grandes novas idéias e
pensamentos filosóficos, de contracultura e ainda a uma nova ordem social. Foi um período
marcado por grandes questionamentos e protestos decorrentes também da intervenção bélica
americana no Vietnã, principalmente para os jovens americanos que não naturalizaram está
intervenção dos Estados Unidos, reunindo-se, então em grandes eventos em que faziam uso,
em massa, de drogas como o festival de Woodstock (MOREIRA, 2003). O uso de drogas nos
Estados Unidos e Europa ao longo das décadas de 1960 e 1970 representava a busca do
prazer, da comunicação, de novos meios de estilos de vida e de trabalho (WEREBE, 1980).
Porém, logo no fim da década de 1970 a questão das drogas passa por um novo
processo de mudança e vários países começam um ciclo de intolerância ás drogas. Segundo
Grund et al., (1989) no início da década de 1970 a heroína tornou-se muito acessível nos
Países Baixos e logo a reação das autoridades foi muito repressiva.
Vemos então que de acordo com os tempos as drogas, que antes eram usadas em
rituais de religiões ou manifestações culturais, passaram a serem usadas como motivo de
protestos sociais, onde os jovens faziam seu uso em massa, como relatado por Moreira (2003),
referindo-se às décadas de 1960 e 1970. A partir desse uso de drogas, justificado na época
pelos protestos, desencadeou-se um uso da mesma, cada vez mais freqüente, tornando-se um
uso abusivo. De acordo com Kantorski, Lisboa, Souza (2005), com o uso abusivo de drogas
um grupo de pessoas acaba desenvolvendo um quadro de dependência dessas substâncias
durante a sua vida. De acordo com o mesmo autor, pelo menos 20% das pessoas desenvolvem
dependência química, em algum período de sua vida. Com relação ao álcool, cerca de 10 a
15% de indivíduos apresentam situações de abuso, sendo essa a principal causa de acidentes
graves e mortes violentas (KANTORSKI, LISBOA, SOUZA, 2005). E neste caso a droga,
que antes servira como uma forma de expressão de liberdade passa a ser um problema de
ordem pública social. Pois o uso abusivo desencadeou a dependência, química e neste caso, a
droga inverte seu valor. Sendo que antes era usada, como expressão da liberdade e agora
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passa a ser uma das maiores formas de alienação e exclusão social, fazendo com que o país
(Brasil) busque alternativas de controle e represálias para o combate à mesma.
No Brasil, a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) foi criada em 1998. Neste
mesmo ano foi realizado um fórum com o intuito de ouvir os profissionais da área da saúde.
Foi o primeiro Fórum Nacional Antidrogas que tinha como objetivo definir linhas de ação
para prevenção, tratamento e repressão às drogas (MOREIRA, 2003). Cerca de três anos
depois, em 2001, foi realizado o II Fórum Nacional Antidrogas, em cuja abertura foi assinada
a Política Nacional Antidrogas (PNAD), pelo presidente da república (SENAD). Todo esse
movimento mostra o quão os assuntos relacionados às drogas têm tomado espaço na nossa
sociedade. E assim, com tal exposição do tema na mídia, investimentos tanto em nível
nacional quanto internacional têm sido aplicados em nosso país na produção de conhecimento
sobre o assunto (SENAD).
Segundo Bravo (2000), acontecem dois discursos diferentes sobre o consumo de
drogas; um seria o tradicional, que criminaliza o usuário, sendo ligado a uma postura mais
repressiva, desconsiderando o sujeito e ―enxergando‖ apenas a droga. Esse discurso tinha
como foco a chamada ―guerra às drogas‖. Outra serio um novo segmento que não tem como
objetivo a eliminação total do consumo, mas sim a diminuição dos efeitos nocivos da mesma.
É a chamada ―redução de danos‖, em que se prioriza a saúde do sujeito e da sociedade em
geral.
E este problema desencadeado pelas drogas, ou seja, a dependência química tem
tomado proporções epidemiológicas. Comparando estudos feitos em 2001 e em 2005,
observou-se que o uso de drogas na vida (exceto álcool e tabaco), segundo estudos feitos a
partir de um levantamento domiciliar realizado em 2005 pelo Centro Brasileiro de Informação
sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID 2005), aumentou em relação à pesquisa anterior
realizada em 2001. Em 2001 o índice de uso de drogas (exceto álcool e tabaco) foi de 19.4%,
já em 2005 este índice de uso subiu para 22.8%, um aumento de 3.4%, no intervalo entre as
pesquisas.
Para Rocco (2003, apud MOREIRA, 1999), a transformação do uso de drogas em
problema público, no Brasil, remonta às últimas décadas do século XIX e se articula ao
processo de controle da medicina por agentes especializados no tratamento de saúde. Segundo
o Manual Diagnostico de Transtornos Mentais (DSM-IV 2002) e a Classificação Internacional
de Doenças (CID-10, 1993), a dependência de substância é uma ―doença‖ cujas características
são um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos que se
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desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, onde o sujeito continua
utilizando a substância apesar de problemas significativos relacionados a ela.
O presente trabalho se propõe a pesquisar sujeitos com dependência química na
Região da Grande Florianópolis. A pesquisa se foi realizada com sujeitos com dependência
que já não fazem mais uso de drogas. A proposta é saber qual a percepção destes sujeitos
sobre o processo de recaída. A importância deste trabalho se dá também pela falta de matérial
aprofundado relacionado ao tema. Pesquisas realizadas por autores como Kantorski, Lisboa e
Souza (2005) tratam de assuntos relacionados à recaída, porém tratam de ―prevenção à
recaída‖. O trabalho desses autores fala da realização de um grupo de prevenção à recaída de
álcool e outras drogas, em que se utilizou de princípios e orientações teóricas da terapia
cognitivo-comportamental. Assim como Knapp, Bertolote (1994), que foram organizadores
de um manual de prevenção da recaída produzido no ano de 1994 em Porto Alegre, não se
aprofundaram sobre o processo que leva o usuário a recair, nem tampouco sobre a visão do
sujeito envolvido com drogas em relação à recaída.
Occhini e Teixeira (2006) fazem um estudo para compreender a inter-relação que
uma equipe multidisciplinar estabelece entre psiquiatria e psicologia, no tratamento de psicose
induzida por substâncias psicoativas. Nesse trabalho buscam entender que fatores contribuem
para um bom desenvolvimento de um trabalho entre a equipe e quais fatores são degradantes
no trabalho de equipe. Isso a partir das visões particulares de cada especialidade em relação
ao fenômeno da dependência, procurando ainda entender diferentes aspectos que podem ser
determinantes nessa interação. Esses autores defendem a idéia de que a recaída faz parte do
tratamento. Seus estudos se atêm a como a ―recaída‖ é percebida pelo profissional que recebe
o usuário de drogas que é reincidente. Afirmam ainda que a forma de tratar o sofrimento do
paciente (fracasso pessoal sentido pela reincidência) reside na capacidade dos profissionais
em demonstrar ao paciente que essa ocorrência não significa um fracasso do seu tratamento.
E sim, que a recaída é esperada, encorajando-o a dar continuidade ao tratamento.
A autora Araujo (2008) realiza uma revisão teórica a respeito do craving, termo
americano que refere-se a vontade que o sujeito sente de usar a droga quando tenta reduzi-la
ou cessá-la. E a autora relaciona este craving (grifo do autor) ou seja a fissura com a
dependência química. Investiga também a evolução da mesma, consultando os bancos de
dados PsycInfo, Medline, ProQuest e Science Direct. O termo é pesquisado dentro dos
modelos teóricos comportamental, psicossocial ou cognitivo e o neurobiológico, e explicitam
aspectos referentes a como evitar a estimulação da fissura (vontade de usar a droga)
elaborando estratégia de enfrentamento para lidar com as situações de conflito, as quais
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estimulariam a vontade de uso das drogas. Evitando está estimulação, previne-se uma possível
recaída afirma Araujo (2008). Porém a autora não se aprofunda na questão dos fatores que
levam ao processo de recaída.
Outros autores como Tavares, Béria e Lima (2004) discutem assuntos relativos a
drogas na adolescência. A pesquisa foi feita com estudantes do ensino médio, e está voltada
para fatores que levaram estes jovens a fazerem uso de drogas. Como instrumento de coleta
de dados foi utilizado um questionário anônimo auto-aplicado em sala de aula. O estudo
mostrou que diversas características familiares estão associadas ao uso de drogas pelos
adolescentes, fornecendo informações úteis para a compreensão integral desse problema.
Porém, os autores não se atêm às questões de recaída em si e nem sobre a visão do dependente
sobre o processo da mesma. Assim como os pesquisadores Marquez e Cruz (2010), que
também realizaram estudos com adolescentes sobre drogas. Estes autores falam sobre
diferentes tipos de abordagens para tratamento, Marquez e Cruz (2010), abordam ainda sobre
a diferença de condução de tratamento para adultos e para adolescentes. Aqui também a
relação do sujeito com dependência sobre o processo de recaída não é seu foco principal.
Kessler et al.(2010) fizeram uma revisão sobre os principais estudos existentes
acerca da adolescência e drogas. Os autores se ativeram aos fatores de risco e proteção para o
uso das mesmas, e pesquisaram a psicodinâmica de adolescentes envolvidos com drogas.
Falam também que os distúrbios emocionais e interpessoais, abordados nas terapias
psicodinâmicas, são importantes desencadeantes de ―fissuras‖ e recaídas. Orienta ainda sobre
a clássica neutralidade analítica e as interpretações que tendem a serem geradoras de
ansiedade, desencadeando recaídas. No entanto, os autores não abordam aspectos relativos ao
processo de recaída.
Outro estudo, este realizado por Alvares (2007), fala sobre a recaída, porém este
se atêm mais propriamente à recaída na abstinência com álcool. A pesquisa de Alvares mostra
que aproximadamente um terço dos dependentes conseguem a abstinência permanente com
sua primeira tentativa séria na recuperação. Outro terço tem episódios breves de recaída. O
trabalho de Álvares se diferencia do presente trabalho pelo fato de que este não se atentará
exclusivamente a pesquisar dependentes de álcool, e sim a uso de drogas lícitas e ilícitas de
modo geral, desde que haja uma dependência e uma tentativa de largar a mesma.
Todos os trabalhos referenciados até o momento tratam de um mesmo fenômeno,
dependência química, que é consequência do uso abusivo de drogas. Entretanto, o presente
trabalho se propõe a pesquisar a percepção de sujeitos com dependência química, que já não
fazem mais uso de drogas, sobre o processo de recaída, valorizando a visão deste sujeito,
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como ele vê este processo de recaída às drogas. Aspecto este não abordado pelos autores
referenciados acima, foi encontrado apenas um trabalho relacionado a dependência e que se
atenta a percepção do sujeito. Andrade (2010) fala sobre o processo de recaída na percepção
do sujeito, porem este se atem exclusivamente ao uso de crack e realiza sua pesquisa com
sujeitos internados em tratamento contra a dependência.
A relevância deste trabalho também se dá pelo fato de que a dependência química,
que é consequencia do uso abusivo de drogas, e também por ser um assunto muito presente no
mundo e na região da grande Florianópolis (SPOHR, LEITÃO, SCHNEIDER 2006), e sendo
a recaída uma das características da tentativa de abandono das drogas. De acordo com
Zeferino et al. (2006), para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de drogas é
considerado um problema de saúde pública, já que cerca de 10% das populações dos centros
urbanos fazem o uso da mesma. E isto tem muitas implicações sociais, psicológicas,
econômicas e políticas, pois o uso de drogas está associado à criminalidade e práticas anti-
sociais, além disso, é considerado responsável por cerca de 1.4% de todas as mortes no
mundo. Assim como 25% dos casos de AIDS estão ligados ao uso de drogas. A proposta do
referido trabalho é pesquisar dependentes químicos que já não fazem mais uso de drogas, na
Região da Grande Florianópolis. Pesquisar com os próprios sujeitos como eles perceberam
este processo de recaída, o que isso significou para eles, que contribuições negativas ou
positivas estas recaídas (ou recaída) tiveram para o estado abstinente em que ele se mantém
até os dias atuais.
O aumento do interesse público e governamental com relação ao uso e abuso de
substâncias psicoativas se dá devido à relação entre o consumo dessas substâncias e a
criminalidade, violência, morbimortalidades e, conseqüentemente, os elevados custos para os
serviços públicos de saúde e previdência social. Estudos realizados pelo Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas (CEBRID), no período de 1987 a 1997, estudos estes feitos com
estudantes do ensino fundamental e médio em 10 capitais brasileiras, mostra um aumento
alarmante no uso de drogas neste período de 10 anos. Numa categoria de uso de no mínimo 6
vezes por mês, observou-se um aumento de 100% no consumo de ansiolíticos; para as
anfetaminas este aumento foi de 150%; e em relação à maconha o aumento foi ainda maior
com 325%. Porém a grande recordista foi a cocaína, com 700%. Outra pesquisa foi feita pelo
mesmo órgão que foi o VI Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas
entre estudantes do ensino fundamental e médio na rede pública de ensino. Realizado no ano
de 2004, em 27 capitais brasileiras, mostrou que a cidade de Florianópolis se destacou por ter
o maior número de estudantes, na região sul, com uso de drogas na vida (exceto álcool e
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tabaco), total estimado de estudantes de Florianópolis foi de 18,4% sendo que Curitiba teve
índice que foi de 11.80%, e Porto Alegre foi o menor índice tendo 8.4% de seus estudantes já
fizeram uso de drogas na vida.
Podemos verificar que a questão das drogas é um tema muito presente em nossa
sociedade, e que de acordo com os dados mostrados pelo Centro Brasileiro de Informações
Sobre Drogas, este problema tem tomado proporções epidemiológicas. E vimos também que
muitos estudos têm sido desenvolvidos em torno da questão envolvendo drogas. Estudos
sobre abordagens para tratamento, como o dos autores, Marquez e Cruz (2010) e também o
dos autores Occhini e Teixeira (2006), fazem um paralelo entre psiquiatria e psicologia. No
que diz respeito a fatores que levam o sujeito a entrar no mundo das drogas, há o estudo de
Tavares, Béria e Lima (2004). Estudos sobre os caminhos percorridos para chegar até a
dependência. Assim como estudos que trataram especificamente sobre o processo de
abstinência, como a autora Araujo (2008), que realiza uma revisão teórica a respeito da
fissura, que é causada pela abstinência. Caminhos percorridos pelo sujeito até a abstinência
total e estudos ainda que falam sobre a recaída e fatores que levam a mesma como o
apresentado por Alvares (2007). E estudos que tratam sobre a prevenção a recaída como os
autores Kantorski, Lisboa e Souza (2005), e Knapp, Bertolote (1994), que elaboraram um
manual de prevenção à recaída.
A proposta é pesquisar o processo de recaída, não se atendo apenas a forma como
ocorre este processo. Mas sim pesquisar como esse processo é percebido pelo próprio sujeito
que passou pelo mesmo. É saber qual a percepção de sujeitos dependentes químicos, que
estão em abstinência total de drogas, sobre o processo de recaída, que importância estes
sujeitos dão a estas recaídas, relacionando-as ao seu tratamento.
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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Caracterizar a percepção de sujeitos com dependência química, que estão em


abstinência total de drogas, sobre o processo de recaída.

2.2 Objetivos Específicos

Conceituar recaída a partir da percepção dos sujeitos dependentes que estão em


abstinência total de drogas.

Identificar motivos que contribuíram para as ocorrências da recaída a partir da


percepção dos sujeitos que não fazem mais uso de drogas

Caracterizar o meio social onde os sujeitos encontravam-se inseridos quando


houve a recaída, na percepção desses sujeitos.

Identificar a quantidade de recaídas enfrentadas pelos sujeitos durante o processo


de recuperação.
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3 MARCO TEÓRICO

3.1 USO ABUSIVO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS, CAMINHO PARA


DEPENDÊNCIA.

No DSM.-IV (2002), e na CID.10 (1993), fala-se em Abuso de Substância, de


modo geral, e partem de um principio de sintoma de cada substancia abusada. Dividindo
ainda em abuso de substancias e abuso da substancias que não produzem dependência. Porem
segundo os dois manuais a característica essencial do Abuso de Substância seria um padrão
mal-adaptativo do uso de determinada substância, revelando conseqüências expressivamente
danosas relacionadas ao uso repetido da substância. Em resultado do abuso da substância
pode haver um fracasso freqüente em exercer obrigações importantes como, trabalho, estudos,
família e outros compromissos significantes e ainda envolver o sujeito em situações de perigo
como dirigir, operar algum maquinário ou praticar algum esporte de risco quando o sujeito
estiver prejudicado pelo uso da substancia. A diferença entre Dependência de Substância e
Abuso de Substância diz respeito à tolerância (aumento na quantidade consumida),
abstinência (crise por falta da substância) ou um padrão de uso compulsivo.
A questão do uso abusivo de drogas corresponde a um problema proeminente e
abrangente em nível mundial, envolvendo diversas instâncias, uma vez que este problema não
diz respeito exclusivamente ao usuário de substâncias psicoativas, caracterizando-se, portanto,
como um grave problema social e de saúde pública. Neste sentido, segundo Laranjeira (2004),
poucos fenômenos sociais acarretam mais custos com justiça e saúde, dificuldades familiares,
e notícias na mídia do que o consumo abusivo de álcool e drogas.
De acordo com afirmações de Pratta e Santos (2006), as drogas atuam
diretamente no sistema nervoso central (SNC), podendo causar alterações comportamentais,
de humor, de cognição e de percepção e, segundo seu mecanismo de atuação no SNC.
Segundo o Manual de educação preventiva elaborado pelo governo estadual de Santa Catarina
para educadores, (SANTA CATARINA 2002), substâncias psicoativas atuam no SNC,
podendo modificar de uma forma acentuada o estado de consciência, o comportamento, as
emoções e algumas funções biológicas. Essas drogas podem ser na sua origem, substâncias
químicas vegetais, sintéticas ou semi-sintéticas, sendo classificadas de acordo com o efeito
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predominante sobre a atividade mental, dividindo-se em depressoras estimulantes e


alucinógenas ou perturbadoras. (SANTA CARATINA 2002, p. 57)
Segundo o mesmo manual, as substâncias depressoras atuam como inibidoras do
SNC, diminuindo a atividade cerebral causando depressão-respiratória, diminuição da
temperatura corporal, do metabolismo basal induzindo ao sono. As principais drogas com
essas características são: álcool, ansiolíticos, barbitúricos, opiáceos e solventes e ou inalantes.
Já as substâncias consideradas estimulantes aumentam a atividade cerebral, são
caracterizadas por produzirem um estado de alerta e agitação Pertencem a este grupo as
anfetaminas, nicotina, cafeína e cocaína e derivados. Por sua vez, as substâncias perturbadoras
ou alucinógenas alteram o funcionamento cerebral, ocasionando estados psíquicos complexos,
através de mudanças de percepção como delírios, ilusões e alucinações, e podem ser
enquadradas como naturais ou sintéticas, sendo as drogas mais conhecidas: LSD, ecstasy,
alguns cogumelos, maconha e anticolinérgicos entre outros. (SANTA CATARINA 2002, p.
57). Galduros et al (1997) completam falando sobre as drogas possuírem propriedades
reforçadoras, e isto que pode, portanto causar a dependência.
A Organização Mundial da Saúde (apud PALHANO, 2006) considera ainda que o
abuso de drogas não pode ser definido apenas em função da quantidade e freqüência de uso
das mesmas. Assim, uma pessoa somente será considerada dependente se o seu padrão de uso
resultar em pelo menos três dos seguintes sintomas ou sinais, ao longo dos últimos doze
meses:
Forte desejo ou compulsão de consumir drogas;
Dificuldades em controlar o uso, sejam em termos de início, término ou nível de
consumo;
Uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, com plena
consciência dessa prática;
Estado fisiológico de abstinência;
Evidência de tolerância, quando o indivíduo necessita de doses maiores da substância
para alcançar os efeitos obtidos anteriormente com doses menores;
Estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo passa, por
exemplo, a consumir drogas em ambientes inadequados, a qualquer hora, sem nenhum
motivo especial;
Falta de interesse progressivo de outros prazeres e interesses em favor do uso de
drogas;
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Insistência no uso da substância, apesar de manifestações danosas comprovadamente


decorrentes desse uso.
Segundo Borges (2010), médico geriatra, ao falar sobre dependência de um modo
geral, quando escreve sobre seu trabalho com idoso diz que dependência é um estado no qual
um indivíduo confia em outro (ou em outros), para ajudá-lo a alcançar necessidades
previamente reconhecidas. Ao nascer, o bebê mantém uma relação de dependência com a mãe
e as demais pessoas que o cercam, relação esta que vai diminuindo, gradativamente à medida
que cresce, dando lugar à competência. Na idade adulta, esse mesmo ser age por vontade
própria, de forma independente, porém na grande maioria de seus atos ou realizações,
apresenta um grau de dependência com relação aos outros adultos (BORGES 2010)
A dependência, ao contrário do que muitas vezes se possa pensar, não é um
atributo exclusivamente relacionado às drogas. Muitas vezes nos tornamos dependentes de
rituais supersticiosos ou outros hábitos sem nos darmos conta disso. A moda, por exemplo,
pode se tornar uma forma de dependência, em que para se sentirem inseridos, os membros de
grupos se diferenciam e se igualam para assim se reconhecerem entre si, sendo que para
pertencerem a tal grupo, devem se vestir de tais formas, ou seja, criam uma identidade. E
assim, como no caso da moda, as drogas podem tornar-se uma via de inclusão, nos vários
meios sociais.
Segundo Calligaris (2000), as drogas proporcionam uma boa forma gregária de
reconhecimento recíproco. Esse mesmo autor fala ainda que o uso da droga é uma forma de
constituição de grupos, porém não tão somente de grupos, mas de grupos coesos onde todos
falam a mesma língua.
A dependência pode ser constatada ao longo do processo evolutivo do ser
humano. Segundo Caldas (2003), a dependência não é unicamente uma busca por uma ajuda
indispensável na realização das tarefas elementares da vida. O autor afirma também que não é
tão somente a incapacidade que cria a dependência, mas sim a soma de todas as limitações
com suas necessidades. O mesmo autor fala ainda que a dependência é um processo dinâmico,
sendo que sua evolução ou agravamento podem ser modificadas ou até prevenidas, ou ainda,
reduzida se houver ambiente e assistência adequadas.
Mckim (2004 apud GARCIA-MIJARES, SILVA, 2006) explicita diferentes
teorias a fim de explicar a dependência química. Em seu primeiro argumento, segundo estás
autoras, antes do século XIX, a dependência química sempre foi vista como uma deficiência
de caráter: os usuários de drogas eram vistos como imorais. Os dependentes da época
costumavam consumir drogas simplesmente porque gostavam, escolhiam ser ―indecentes‖,
19

―pecaminosos‖, (de acordo com a ótica da sociedade da época) e, já que eram vistos como tal,
tinham o poder de decidir se usavam ou não drogas, optando por usá-las.
Outra teoria apontada pelas mesmas autoras sobre a dependência seria o modelo
de dependência física. Com base nesse modelo, em sua primeira elaboração, acreditava-se que
o uso repetido da droga produziria mudanças fisiológicas que seriam permanentes no
organismo. E assim, quando a mesma fosse retirada, ou seja, quando o sujeito estivesse em
abstinência, o organismo apresentaria uma série de sintomas opostos aos produzidos pela
droga, o que seria a síndrome de abstinência. E esses sintomas seriam tão fortes que levariam
o sujeito dependente a procurar novamente a droga, a fim de aliviá-los, ocorrendo assim uma
recaída. Porém, ainda segundo Garcia-Mijares e Silva (2006), essas explicações relacionadas
a sintomas físicos como única explicação para a dependência era ineficiente.
Pesquisas desenvolvidas com cocaína e anfetamina mostraram que estas não
produziam sintomas de abstinência graves. E a partir daí, segundo as autoras Garcia-Mijares e
Silva (2006), desenvolveu-se o conceito de dependência psicológica. E novamente a partir dos
estudos mais aprofundados em relação à mesma, explicou-se a forte relação de dependência
em relação às drogas, sendo que esses sintomas psicológicos é que levariam o dependente a
ter forte motivação para voltar a consumir a droga.
Vimos então que o uso abusivo de drogas contituiu-se como um problema de
ordem social, pois o uso abusivo leva à dependência, tanto fisiológica quanto psicológica,
sendo a psicológica o principal fator que levaria o sujeito com dependência a sentir a
―síndrome da abstinência‖ (de acordo com cada tipo de droga) como apontada por Garcia-
Mijares e Silva (2006). E esta abstinência seria um fator com forte influência a levar o sujeito
a consumir novamente a droga. E é este fenômeno que pretendemos pesquisar, o retorno do
sujeito as drogas, ou melhor, pretendemos pesquisar a percepção deste sujeito com
dependência química, mas que já não faz mais o uso da droga, sobre este processo de retorno
ao seu consumo.
Compreendemos então que poucos aspectos separam uso abusivo de drogas da
dependência das mesmas, pois a diferença (como já verificado), diz respeito a tolerância que
seria o aumento na quantidade consumida pelo sujeito com o passar do tempo, e a outra
diferença estaria na abstinência, ou seja, a crise por falta da substância, ou ainda um padrão de
uso compulsivo. Sintomas estes que não estariam presentes no uso abusivo das drogas.
20

3.2 ABSTINENCIA DE DROGAS E SUA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE


RECAÍDA.

Os tratamentos da drogadição encontram várias limitações tais como diversidade


dos dependentes, variedade das substâncias consumidas assim com custos econômicos, ou
ainda dificuldades com recursos humanos, e dificuldades de material especializado. Os fatores
cruciais na abstinência das drogas não estão relacionados à maturidade, ao tratamento nem
mesmo ao ajustamento pessoal de quem é tratado, mas sim, à severidade da dependência e ao
tipo de experiência curativa que existe ou já existiu ao alcance deste sujeito com dependência
(VAILLANT, 1997).
De acordo com Soares (2010), palavra abstinência vem do ato de se abster de
algo. O termo abster significa conter-se, privar-se ou renunciar a algo, qualquer coisa, que
pode ser de comida, cigarro, um comportamento, uma dieta onde você reduz ou para de comer
determinados tipos de alimentos etc. A abstinência nem sempre está associada com
dependência de substância. Porém quem está em tratamento da dependência química, está
também renunciando ao consumo da substância, drogas. A maior parte dos indivíduos com
abstinência tem uma premência por readministrar à substância para a redução dos sintomas,
(SOARES 2010).
A abstinência desenvolve-se a partir do momento em que as doses de
determinadas substancias são reduzidas ou cessadas, e veremos que os sintomas variam de
acordo com cada droga especifica e o tempo em que o sujeito fez uso, (DSM-IV 2002).
Segundo o Manual Diagnostico dos Transtornos mentais DSM-IV (2002), a
característica essencial da abstinência de substancia é o desenvolvimento de uma alteração
comportamental mal-adaptativa e essa alteração é especifica a cada substancia, assim como
aspectos fisiológicos e cognitivos, devido a cessação ou redução do uso pesado e prolongado
de substancia (DSM-IV 2002). A síndrome é especifica à substancia, causa sofrimento ou
prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas
importantes. De acordo com o DSM-IV (2002), os sinais e sintomas da abstinência variam a
cada substancia usada, sendo a maior parte dos sintomas oposto ao proporcionado pelo uso da
droga. A quantidade e o tempo de uso e outros fatores tais como a presença ou ausência de
doenças adicionais também influenciam nos sintomas de abstinência.
21

Segundo Laranjeira et al. (2000), a síndrome de abstinência pode ser complicada


com o aparecimento de convulsões. Os sintomas mais freqüentes, segundo o autor, são:
hiperatividade autonômica, tremores, insônia, alucinações ou ilusões visuais, táteis ou
auditivas transitórias, agitação psicomotora, ansiedade e convulsões tipo grande mal. Embora
alguns pacientes possam vivenciar sintomas mais leves, existem outros que podem
desenvolver sintomas e complicações mais graves, levando-os até a morte (LARANJEIRA et
al. 2000).
Bucher (1996), em seu livro que trata sobre drogas e sociedade, definiu o ficar
"abstinente", na visão dos jovens, como uma regressão à situação antes do uso. É como um
retorno aos mesmos problemas, agora potencializados pela rotina centrada na droga. Portanto,
ficar sem a droga seria, na visão do sujeito abstinente, enfrentar um grande vazio existencial.
Significaria o mesmo que se deparar com o nada. Isso porque o sujeito passava grande parte
do seu tempo em função do seu vício. Kalina (1999) afirma também que o sujeito abstinente
de drogas, ao afastar-se daquilo que era seu mecanismo de apoio ou de fuga, tem que
enfrentar novamente os mesmos problemas dos quais estava tentando fugir, ou seja,
fragilidade, vivências de vazio, déficit crônico de estima e depressão.
De acordo com Rigotto e Gomes (2002), um dos grandes desafios do caminho
para a abstinência total, é substituir a rotina, que antes era apenas em torno da droga, por
novos hábitos, sempre evitando o retorno aos comportamentos destrutivos anteriores
relacionados à droga.. Abstinência total seria a total ausência de uso de drogas. Na aplicação
dessas mudanças, o ambiente social exerce uma poderosa influência na recuperação desses
sujeitos com dependência química. E essa influência mostra-se mais firmemente no
restabelecimento do convívio familiar, depois nos encontros com colegas recuperados e no
apoio de profissionais especializados.
É um processo de reaprendizagem para viver sem drogas e encontrar sentido em
atos corriqueiros e habituais (RIGOTTO; GOMES, 2002). E é nessa hora do retorno ao
convívio social que o sujeito passa por um momento crítico do tratamento, pois ainda não
sabe se portar no meio social sem as drogas, e é onde ele estará mais sujeito a ter uma recaída
às drogas. A recaída é caracterizada como o retorno deste sujeito ao uso de drogas. Quando o
sujeito já se encontra a alguns meses sem o uso de drogas e este volta a fazer uso das mesmas
podemos dizer que o sujeito teve uma recaída. Porem se o sujeito apenas fez o uso da droga
mas logo voltou a procurar ajuda isto não se configura como uma recaída e sim dizemos que
ocorreu um lapso
22

De acordo com Büchele, Marcatti e Rabelo (2004), recaída é definida como um


estado de crise. Após um determinado período de abstinência, (ou seja, período sem drogas) o
sujeito passaria a ter uma serie de sintomas, e estes sintomas seriam tão fortes que levariam
este sujeito novamente a consumir drogas. E este ato de retorno ao consumo de droga pode se
configurar uma recaída.
Segundo pesquisa de Rigotto e Gomes (2002), realizada com 12 sujeitos
dependentes sobre suas experiências em relação à abstinência e recaídas, o autor pode
verificar entre os entrevistados, que o menor período de abstinência foi de duas semanas e o
maior de dois anos. A pesquisa dos mesmos autores constatou ainda que a experiência de
recaída mostrou-se associada às seguintes situações: falta de apoio familiar, falta de
acompanhamento apropriado, envolvimento com antigos amigos usuários, uso de bebidas
alcoólicas, necessidade de aprovação social e frustrações diante de circunstâncias adversas
(RIGOTTO; GOMES, 2002).
A questão das drogas veio mudando seu conceito no decorrer dos tempos, pois o
que primeiro era visto como expressão da liberdade da época, como afirma Grund, Kaplan, e
Adriaans (1989), ou ainda como afirma Moreira (2003) que muitos intelectuais e artistas
propagaram o uso de drogas, associavam-nas as grandes idéias e pensamentos filosóficos.
Dando assim uma justificativa para o consumo de drogas, e este uso justificado tornou-se cada
vez mais frequente e acabou por se tornar um uso abusivo. De acordo com Itu (apud
KANTORSKI et al. 2005), com o uso abusivo de drogas, um grupo de pessoas acaba
desenvolvendo um quadro de dependência dessas substâncias durante a sua vida, e está
dependência é que aliena o sujeito às drogas. Assim, as drogas passaram a ser um problema
de ordem social. Por desenvolver uma dependência, o sujeito encontra muitas dificuldades
para manter-se afastado das drogas, e destas tentativas muitas são frustradas, e é sobre este
fator que pretendemos pesquisar, qual a percepção do sujeito com dependência química, que
não faz mais o uso de sobre o processo de recaída.
23

4 MÉTODO

De acordo com Gil (2000), método significa um caminho para se chegar a um fim.
O método científico pode ser entendido como o caminho para se chegar à verdade da ciência.
(GIL, 2000).

4.1 TIPO DE PESQUISA

Para alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, optou-se por realizar uma
pesquisa descritivo-exploratório, com abordagem quantitativa.
De acordo com Gil (2000), pesquisas exploratórias têm por finalidade esclarecer
e modificar conceito e idéias, com o objetivo de formular problemas mais precisos ou
hipóteses mais questionáveis para novos estudos. Já a pesquisa descritiva realiza a descrição
de características de determinadas populações, fenômenos ou estabelecimento de relação entre
variáveis, e também determinar a natureza destas relações. E ainda para o mesmo autor, as
referidas pesquisas têm como objetivo levantar opiniões e atitudes de uma população.
Para Minayo (1998), a pesquisa qualitativa aprofunda-se no mundo do significado
das ações e relações humanas, possibilitando uma compreensão maior da realidade do campo
a ser estudado.
Assim, com o referido método será possível pesquisar qual percepção de sujeitos
com dependência química que já não fazem mais o uso de drogas sobre o processo de recaída,
procurando, dessa forma somar subsídios contra a dependência química.
24

4.2 PARTICIPANTES

A pesquisa foi realizada com 20 sujeitos dependentes químicos ex-usuários de


droga, com idade entre 20 e 54 anos, com um período mínimo de abstinência de 12 meses. Os
sujeitos alvo da pesquisa foram constatados em 04 Comunidades Terapêuticas da Região da
Grande Florianópolis e 01 grupo de NA (narcóticos anônimos). Ressaltando que nem um dos
sujeitos encontra-se internado, apenas trabalham nas comunidades terapêuticas ou freqüentam
grupos de NA.
Foi organizada as seguintes tabelas para visualização e organização do perfil dos
sujeitos da pesquisa:

Quadro 01: Mostra o grau de instrução dos participantes.


Escolaridade Participantes
1º. Grau Inc. 01 Sujeito
1° Grau Comp. 03 Sujeitos
2º Grau Inc. 01 Sujeito
2° Grau Comp. 10 Sujeitos
Superior Incom. 03 Sujeitos
Superior Comp. 02 Sujeitos
25

Quadro 02: Aqui os sujeitos estão divididos por cidades onde moram e em ordem
decrescente de idade, de acordo com suas cidades.
Sujeitos Cidade Idade Est. Civil Profissão
S1
47 anos Casado Coordenador de laborterapia
S2
47 anos Separado Coordenador de Comu. Tertape
S3
40 anos Separado Auxiliar ADM
S4
Palhoça 38 anos Separado Coordenador de Comu.Terapeu
S5
37 anos Casado Cozinheiro
S6
33 anos Separado Aux. Cozinha
S7
28 anos Solteiro Montador de moveis
S8
28 anos Separado Pedreiro
S9
54 anos Separado Policial Civil
S10
49 anos Separado Contador
S11
37 anos Divorciado Bancário
S12 Florianópolis
37 anos Casado Publicitário
S13
32 anos Solteiro Designer gráfico
S14
31 anos Separado Cozinheiro
S15
40 anos Casado Administrador
S16
São José 37 anos Casado Tecnólogo
S17
27 anos Casado Representante Comercial
S18
20 anos Solteiro Coordenador de Com. Terapeu.
S19
42 anos Separado Carteiro
Santo Amaro
S20
31 anos Separado Monitor de Comu. Terapêutica

4.3 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

Para realização desta pesquisa serão utilizados: folhas de papel A4, canetas
esferográficas, questionário, um computador e uma impressora.
26

4.4 SITUAÇÃO E AMBIENTE

A coleta de dados desta pesquisa foi realizada nos locais de trabalho destes
sujeitos, ou seja, nas próprias Comunidades Terapêuticas, dispondo do espaço disponível no
local, e também no local de encontro do grupo de NA.

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O instrumento utilizado para realização desta pesquisa foi um questionário semi-


aberto, pois por haver um roteiro de perguntas pré-estábelecidas, tal instrumento, permite a
padronização das perguntas aos participantes da pesquisa e ainda auxilia na manutenção do
foco da pesquisa. Além disso, por se tratar de um questionário, com algumas perguntas
abertas, as possibilidades de respostas são maiores por não ter sempre respostas padronizadas
e possa permitir que a pesquisa atinja o maior número possível de participantes.

4.6 PROCEDIMENTO

4.6.1 De seleção dos participantes.

Primeiramente foram pré-selecionados 50 sujeitos, todos ex-usuários de drogas


abstinentes a pelo menos 12 meses que foram contatados em 05 comunidades terapêuticas da
grande Florianópolis e um grupo de NA (narcóticos anônimos) de Florianópolis.
Porem entre o contato inicial e a coleta de dados se passaram dois semestres e os
combinados realizados naquela ocasião sofreram algumas modificações. Em duas
Comunidades Terapêuticas, contatadas anteriormente, os responsáveis que haviam assinado a
autorização já não se encontravam mais trabalhando nas mesmas e com isso houve a
necessidade de solicitar junto ao Comitê de Ética uma cópia das autorizações assinadas pelos
antigos coordenadores, copias estas que foram exigidas pelos novos coordenadores a fim de
27

comprovar a veracidade da permissão para coleta de dados. Das 05 (cinco) Comunidades


Terapêuticas selecionadas 01 (uma) havia sido fechada, segundo os responsáveis, por falta de
convênio, outra se encontrava em retiro espiritual não permitindo assim a entrada de pessoas
externas por um determinado período. Então das 05 (cinco) ficaram 03 (três) Comunidades
Terapêuticas, mas em uma destas, mesmo com a autorização reconhecida com assinatura e
carimbo, não houve permissão para a entrada do aluno pesquisador. Porem as Psicólogas da
mesma se prontificaram a aplicar o questionário e assim aplicaram o mesmo com (08) oito
sujeitos. Por estes motivos a pesquisa restringiu-se a 20 (vinte) participantes com media de
idade entre 20 a 54 anos.

4.6.2 De contato com os participantes.

Primeiramente foi realizado contato telefônico com os coordenadores ou


responsáveis pelas instituições que trabalham com dependência química. Esse contato teve o
objetivo de explicar do que se trata a pesquisa e quais são os objetivos da mesma. Neste
contato foi verificado se tais instituições ou grupos contam com ex-usuários de drogas.
Após o contato com os responsáveis pelas instituições, foi realizado contato com
os sujeitos da pesquisa, a fim de verificar a disponibilidade de participarem da pesquisa e
averiguar se possuíam o perfil delimitado por está pesquisa.

4.6.3 De coleta e registro de dados.

Para a realização da pesquisa e aplicação do questionário foi elaborado um Termo


de Consentimento Livre e Esclarecido, neste termo foi informada a finalidade da pesquisa
assim como todo o processo e procedimentos da mesma, inclusive sigilo e ainda ressaltando
que estavam livres para desistir a qualquer momento, de maneira que os participantes
28

puderam decidir se desejavam ou não prosseguir com a pesquisa, após a assinatura do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido os questionários foram aplicados.
A aplicação dos questionários foi realizada nas comunidades terapêuticas onde os
sujeitos trabalhavam em uma sala apropriada, onde os sujeitos entravam e o pesquisador
aguardava do lado de fora da sala, com exceção de 02 sujeitos que levaram o material para
casa e trouxeram respondido no outro dia e em uma das comunidades terapêuticas os
questionários foram entregues nas mãos das psicólogas da organização que fizeram a
aplicação dos mesmos e ficou combinado que assim que os questionários já estivessem todos
respondidos as mesmas entrariam em contato com o pesquisador. E também foi aplicado
coletivamente em uma das reuniões do grupo de NA, com o auxilio de pranchetas.

4.6.4 De organização, tratamento e análise de dados.

A organização do material coletado foi feito em planilhas onde foi dividido por
categorias como ―Perfil dos participantes‖ em que agrupados os dados que colaboram para a
construção do perfil de cada sujeito como idade, local de moradia, grau de instrução, entre
outras informações. Outra classe de perguntas é acerca da ―Situação social‖ que busca
contextualizar o sujeito antes durante e depois do tratamento e recaídas. ―Relação familiar‖ é
onde estão agrupadas as perguntas sobre como eram as relações com a família antes das
drogas e se a mesma acompanhou o processo de tratamento. ―Padrão de uso‖ é a classe de
perguntas que busca saber como eram os hábitos do sujeito em relação ao uso de drogas.
―Tratamento‖ é onde estão agrupadas as perguntas que falam sobre o processo de
recuperação. ―Sintomas‖ é a classe de questões elaborada para saber quais sintomas o sujeito
percebe tratando-se da vontade de usar drogas ou seja abstinência. ―Perdas‖ é uma pergunta
aberta onde o sujeito fala do que perdeu por se envolver com as drogas e por fim o objetivo
foco da pesquisa que é a classe de perguntas que fala sobre ―Recaídas‖ esta classe de
perguntas divide-se em perguntas abertas e fechadas onde o sujeito da pesquisa vai falar se
houve recaída no seu processo de recuperação, quantas foram e o que significou para o
mesmo estas recaídas, para assim iniciarmos a análise de dados
Análise de dados tem como objetivo sintetizar os dados coletados de maneira que
29

permitam responder às perguntas da pesquisa. Para Barros e Lehfeld (2000), a análise dos
dados se forma a partir de um conjunto de instrumentos metodológicos que afirmam a
objetividade, sistematização e influência aplicada aos diversos discursos. Sendo ainda
utilizada para estudar e analisar material qualitativo, buscando melhor compreensão dos dados
obtidos.
Em relação à abordagem na coleta de dados esta será quantitativa, pois segundo
Fachin (2003), a pesquisa quantitativa é caracterizada pelos seus atributos e relaciona aspectos
não somente mensuráveis, mas também definidos descritivamente.
A análise quantitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados
coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que
norteiam a investigação. Pode-se, no entanto, definir este processo como uma seqüência de
atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação
e a redação do relatório (GIL 2002).
Desta forma num primeiro momento foi feita uma redução dos dados, pois
segundo Gil (2002), isto consiste em um processo de seleção, simplificação, abstração e
transformação dos dados originais provenientes da coleta de informações. E em relação as
questões fechadas estas foram organizadas por tabelas e em seguida foram articuladas como
referencial teórico.
Em seguida foi feita uma categorização dos dados que consiste na organização
dos dados obtidos na pesquisa. Para tal foi construído um conjunto de categorias definidas a
partir do referencial teórico da pesquisa e dos objetivos do presente estudo. De acordo com
Gil (2002), a categorização é uma forma de organização dos dados obtidos de forma que o
pesquisador consiga tomar decisões para assim tirar conclusões a partir deles.
Foi feita uma interpretação dos resultados, que remeterá à análise e interpretação
dos dados que foram organizados previamente, para isto foi realizada uma leitura do conteúdo
dos questionários e em seguida um apanhado das temáticas emergentes analisando-as e
articulando-as com o referencial teórico.
Por último, foi feito um relatório que ―busca descrever com certa profundidade
populações e fenômenos e mesmo explanar acerca de fatores que influenciam na ocorrência
dessas características [...]‖ (GIL, 2002, p.135).
30

5. Análise e discussão dos dados.


5.1 Contextualizando o processo.

Esta pesquisa tem por objetivo geral caracterizar a percepção de sujeitos com
dependência química, que estão em abstinência total de drogas, sobre o processo de recaída.
Considerando a natureza do problema, compreende-se a necessidade de se contextualizar o
processo dos sujeitos pesquisados. O estudo sobre recaídas se insere na identificação das
formas de uso das substâncias assim como padrão de comportamento, padrão de uso,
contextos sociais e familiares e também caminhos percorridos pelo sujeito ate a busca de
algum tipo de tratamento. Diante disso, nessa pesquisa iniciamos a discussão dos dados a
partir dessas condições articulando os dados com referencial teórico. Por isso antes de
alcançar o foco da pesquisa que é a percepção do sujeito que já não faz mais o uso de drogas,
sobre a recaída, apresentaremos o contexto do sujeito que inclui suas experiências com
drogas, as relações sociais estabelecidas e a busca por tratamento. Entendemos que essa
discussão antecede o debate e a análise sobre a compreensão que esses sujeitos têm sobre
recaída.

Quadro 03
Categoria Subcategoria Ocorrência

Casos de droga na família


15 sim, 04 não, 01 não respond.

04 suj. entre 10 e 15 anos,


12 suj. entre 15 e 20 anos,
Idade em que usou pela 1° vez
02 entre 20 e 30 anos
02 suj. mais de 30

11 suj. influencia de amigos


Razoes que o levaram a 07 suj. problemas familiares
Padrão de consumir drogas 01 curiosidade
uso 01 separação
01 suj. cocaína
01 suj. maconha, cocaína, LSD
05 suj. maconha, álcool, cocaína
Tipo de droga que usava 01 suj. maconha, crack, cocaína
02 suj. maconha, álcool
02 suj. álcool, cocaína
09 suj. todas
31

18 suj. usavam todos os dias


Qual a frequencia
02 suj. usavam final de semana

13 suj. indicaram que todas as ocasiões


Padrão de Principais hábitos de uso (baladas, quando vê drogas, fim do dia etc).
uso 07 suj. variaram de respostas

Meio social que vivia quando 15 suj. moravam com os pais


iniciou u uso de drogas 05 suj. moravam sozinhos

Podemos verificar na tabela 03 (três) onde foi perguntado sobre algum caso na
família envolvendo drogas vemos que uma grande maioria responde que sim. De um total de
20 participantes, 15 sujeitos responderam positivamente a uma questão. Um estudo realizado
por Moreira (1994) revelou que o primeiro contato dos adolescentes com as drogas ilícitas
ocorreu em locais variados como escolas, ambiente de trabalho e até mesmo na própria casa,
na família (MOREIRA, 1994). Quatro sujeitos afirmam não ter nenhum caso de uso de droga
na família e 01 sujeito não respondeu. E sobre o meio social em que viviam quando iniciaram
o uso de drogas 15 sujeitos afirmaram que moravam com os pais e 05 moravam sozinhos
quando começaram a usar drogas No que diz respeito ao inicio do uso, ou seja, quando usou
droga pela primeira vez 12 dos 20 sujeitos responderam ter iniciado o uso de drogas entre 15 e
20 anos de idade, 04 sujeitos iniciaram o uso entre 10 a 15 anos. Vimos que de acordo com a
tabela 03 o uso de drogas não tem padrão de idade onde observamos que o sujeito mais novo
que foi entrevistado possui 20 anos de idade e o mais velho 54 anos. Porem em relação ao
início do uso como já afirmado por outros autores como Carlini, Galduróz, Noto & Nappo,
(2003); Micheli & Formigoni, (2001); Kessler e cols. (2003) e Sanchez, Oliveira & Nappo,
(2004) as primeiras experiências com drogas acontecem frequentemente na adolescência por
volta dos 10 aos 19 anos de idade e também de acordo com dados da OMS (Organização
Mundial de Saúde). Dois sujeitos afirmaram usar drogas pela primeira vez entre 20 e 30 anos
e 02 fizeram uso de drogas com mais de 30 anos. Em relação às influências que levaram os
sujeitos a entrar no mundo das drogas 07 sujeitos afirmaram ter se envolvido com drogas por
problemas familiares, 11 afirmam ter feito o uso de drogas por influencia dos amigos, 01
sujeito usou pela primeira vês por curiosidade e 01 por motivo de separação. ―Os adolescentes
32

experimentam cocaína por muitos motivos, eles tem curiosidade,querem fazer o que seus
amigos fazem, querem ser como os adultos‖ (CAMPOS, 1995. p77). Quanto a pergunta sobre
que tipo de droga usava, todos responderam que faziam o uso de cocaína. Porém o que
variava era o acompanhamento, já que apenas 01 sujeito fazia uso exclusivo de Cocaína os
outros 19 sujeitos a usavam com outras drogas como Álcool, Crak, LSD, Maconha. Destes 19
sujeitos, 06 afirmaram que usavam todo tipo de droga. Já sobre a freqüência do uso, 18
sujeitos afirmaram que usavam todos os dias e 02 usavam nos finais de semana. Sobre os
principais hábitos de uso, 13 sujeitos afirmaram que faziam uso de drogas em todas as
situações e 07 sujeitos variaram entre respostas como ―na presença de amigos‖ ou ―em
baladas,‖ ou ainda, ―quando vê droga por perto‖. De acordo com Knapp, Berttolote,(1994)
Laranjeira (1996) e a OMS, o uso frequente e em todas as situações como aponta a maioria
dos sujeitos da pesquisa, na pergunta anterior já caracteriza um uso abusivo e uma possível
dependência.

Quadro 04
15 suj. Bom
Como era o relacionamento do familiar antes
02 suj. normal
das drogas
03 suj. ruim
Relações
familiares 15 suj. responderam que
Sim
A família acompanhou o tratamento
05 suj. responderam que
Não

Quantos às relações familiares 15 sujeitos afirmaram ter um bom relacionamento


antes de se envolverem com drogas, 03 afirmaram ter um relacionamento ruim e 02 disseram
ter um relacionamento normal antes de iniciarem o uso de drogas, (ressalto aqui que não foi
usado nenhum critério de normalidade). Sobre se a família acompanhou o tratamento 15
sujeitos afirmaram que sim a família acompanhou seu tratamento e 05 sujeitos afirmaram que
a família não o acompanhou. Zimerman (2000) relata que a família é o primeiro grupo do qual
o indivíduo tem conhecimento, por isso o acompanhamento da mesma no tratamento do
sujeito se faz importante tendo em vista que dos 20 sujeitos, 15 afirmaram acompanhamento
familiar.
33

Quadro 05
07 suj. 01 vez
04 suj. 05 vezes
03 suj. 02 vezes
01 suj. 04 vezes
01 suj. 08 vezes
Quantas vezes foi internado
01 suj. 09 vezes
01 suj. 06 vezes
01 suj. 00 vez
01 suj. 03 vezes

04 suj. 04 anos
03 suj. 03 anos
03 suj. 02 anos
03 suj. 1 ano
01 suj. 18 meses
01 suj. 2 anos e meio
Quanto tempo esta abstinente
01 suj. 05 anos
01 suj. 04 anos e meio
01 suj. 08 anos
01 suj. 09 anos
01 suj. 11 anos
03 suj. 10 anos
03 suj. 04 anos
Tratamento 02 suj. 06 anos
02 suj. 05 anos
01 suj. 02 meses
01 suj. 02 anos
01 suj. 07 anos
Quanto tempo levou para pedir
01 suj. 08 anos
ajuda
01 suj. 11 anos
01 suj. 13 anos
01 suj. 15 anos
01 suj. 21 anos
01 suj. 22 anos
01 suj. 28 anos

13 suj. vontade própria


Porque você procurou tratamento
07 suj. por influencia da família

06 suj. 01 internação
06 suj. 02 internação
02 suj. 05 internações
Quantas internações passou ate
02 suj. 04 internações
ficar abstinente
01 suj. 06 internações
01 suj. 03 internações
02 suj. 00 internações
34

14 suj. não sentem vontade


Você sente vontade de usar drogas
06 suj. sentem vontade

08 suj. mora sozinho


06 suj. mora com esposa e filhos
03 suj. mora com os pais
Meio social em que vive hoje
02 suj. mora com parentes
01 suj. mora com amigo

Tratamento 13 suj. procuram um amigo


02 suj. proc. Um amigo e um profissional
da saúde
01 suj. proc. Ajuda da família
O que faz quando percebe que esta
01 suj. faz uma reflexão sobre suas perdas
prestes a recair
por causa das drogas
02 suj. não conseguem perceber
01 suj. procura drogas

Integrou algum grupo de auto- 09 suj. integram grupos


ajuda 11 suj. não integram grupo algum

Na classe de perguntas que fala sobre tratamento houve mais variação de


respostas. Vemos na pergunta sobre a quantidade de internações, onde o sujeito que mais
vezes foi internado foi um total de 07 internações, em contra partida teve sujeito que
conseguiu ficar abstinente sem passar por nem uma internação. Estas internações são
entendidas como qualquer tipo de internação, por exemplo, hospitais, comunidades
terapêuticas, clinicas psiquiátricas para desintoxicação etc. Vemos que a internação não se
torna uma regra geral tendo em vista o relato de 01 sujeito que se encontra abstinente sem ter
sido internado. Pois sobre o tempo de abstinência a diversidade prossegue onde o que menos
tempo esta abstinente esta sem uso de drogas a pelo menos 12 meses, já o sujeito que esta a
mais tempo abstinente é de 11 anos. Assim, percebe-se que cada sujeito necessita de
intervenções diferenciadas isso devido também a diversidade de drogas e de sujeitos como já
comentado (SENAD, 2010)
Os tratamentos para sujeitos com dependência enfrentam varias limitações como
heterogeneidade dos dependentes, diversidade de drogas consumidas, severidade da
dependência etc. (VAILLANT, 1997). Em outras perguntas a diversidade de respostas foi
ainda maior, no que consiste ao tempo que o sujeito levou até reconhecer que precisava de
ajuda o sujeito que menos tempo levou para reconhecer foi 02 meses, porém o que mais
35

tempo levou para pedir ajuda foi de 28 anos, onde 07 sujeitos procuraram ajuda por vontade
própria e 13 procuraram ajuda por influencia da família. Confirmando os estudos de
Zirmermam (2000) e Kalina (1999) sobre a importância da família no acompanhamento do
sujeito em tratamento, sendo que dos 20 sujeitos pesquisados 13 sofreram influencia da
família.
Já em relação a quantidade de internações enfrentadas pelo sujeito até atingir a
abstinência a pesquisa confirmou estudos de Gorski et al (1993) apud Alvarez, (2007), aonde
o mesmo afirma que aproximadamente um terço dos dependentes atingem a abstinência
permanente com sua primeira tentativa séria de tratamento (GORSkI et al; 1993). E de acordo
com os sujeitos entrevistados, exatamente um terço confirmou ter conseguido ficar abstinente
com sua primeira tentativa. Dos 20 sujeitos da pesquisa, 14 ainda afirmam sentir vontade de
usar drogas, mesmo já estando abstinentes por pelo menos 12 meses, porém 06 afirmam não
sentir mais vontade de usar drogas.
Mesmo depois de abstinentes, dos 20 sujeitos, 08 afirmam morar sozinhos
enquanto 06 moram com esposa e filhos, outros com pais, parentes ou amigos. E quando
perguntado sobre o que fazem quando sentem que estão prestes a recair, a maioria dos sujeitos
procura um amigo, 13 no total entre os 20 questionados. De acordo com Rigoto e Gomes
(2002) grupo de amigos recuperados são suportes positivos na reabilitação, assim como
também a família, religião e grupos de auto-ajuda foram reconhecidos como grupos de apoio
para a recuperação (RIGOTO, GOMES 2002). Nove dos sujeitos pesquisados fazem parte de
algum tipo de grupo de apoio, 11 não fazem parte de nenhum grupo no momento porem todos
já fizeram parte de algum grupo de apoio. Neste sentido, percebe-se que a família pode servir
como um elemento que oferece subsídios para que o sujeito dependente possa restabelecer seu
estado de saúde.
36

Quadro 06: esta tabela refere-se as perdas que os sujeitos tiveram durante seu
processo de recuperação.
CATEGORIA SUBCATEGORIA OCORRENCIA UCE

Família 07
Confiança 06 ―A principal perda é
Tempo 06 saber que serei eternamente um
Perdas Emprego 05 dependente químico, mesmo que
Amizade 02 eu nunca mais use drogas‖ S 3
Oportunidade 02
Respeito 01

A família é considerada como um elemento fundamental para o desenvolvimento


de seus membros, sendo necessário que ela tenha condições básicas de sobrevivência para
garantir o desenvolvimento integral de seus membros, tornando possível os fatores de
proteção ao uso das drogas (PRATTA e SANTOS, 2009). Ainda que esta condição não lhe
possa garantir um pleno afastamento de seus membros em relação as drogas. Porem de acordo
com a maioria das respostas dos sujeitos pesquisados na pergunta relacionada a ―perdas‖ onde
eles apontam como a maior perda que tiveram por entrar no mundo das drogas foi a família.
Neste sentido, percebe-se a falta que o sujeito sente em relação a família, caracterizando
assim a importância da família como um elemento que ofereça subsídios para que o sujeito
dependente possa restabelecer seu estado de saúde (PRATTA e SANTOS, 2009).
Os sujeitos pesquisados falam também sobre a perda a da confiança das pessoas e
também da perda de tempo e emprego, como prejuízos por entrar no mundo das drogas.

5.2. Recaída
Entraremos agora no processo de categorização que refere-se ao foco da pesquisa,
ou seja, a parte que se refere às recaídas sofridas ou não pelos sujeitos da pesquisa. A recaída
é considerada como parte do processo de recuperação, e não como um final de um tratamento
frustrado Alvarez (2007), porém como já demonstrado nesta pesquisa, a recaída não
necessariamente tem que ocorrer, e quando esta ocorre isto não quer dizer que o sujeito com
dependência que sofreu recaída não mais conseguirá chegar à abstinência total das drogas.
(ALVAREZ, 2007; LARANJEIRA, 2003).
37

Quadro 07: Classe de perguntas que se refere ao foco da pesquisa a recaída.

17 suj. Sim reconhecem


Reconhece suas situações de risco
03 suj. Não reconhecem

06 suj. não tiveram recaída


05 suj. 01 recaída
02 suj. 02 recaídas
01 suj. 04 recaídas
Qual a quantidade de recaídas que teve
02 suj. 05 recaídas
01 suj. 10 recaídas
02 suj. não sabem quantas

17 suj. responderam que Sim


Você percebe quando esta prestes a recair
03 suj. responderam que Não
Recaídas
04 suj. prob. Familiares
03 suj. influ. Amigos
02 suj. prob. Trabalho
Que motivos você considera ter
02 suj. inf. Amigo, trabalho
contribuído para suas recaídas
01 suj. inf. Amigo, traba, famil.
06 suj. não recaíram
02 suj. outros
10 suj. contribuíram para sua
recuperação
02 suj. prejudicaram sua recuperação
O que significou pra você suas recaídas 02 suj. dizem ter sido indiferentes
06 suj. não recaíram

08 suj. moravam com pais


Em que meio vivia quando houve suas
06 suj. moravam sozinho
recaídas
06 suj. não tiveram recaídas

5.2.1. Identificar motivos que contribuíram para as ocorrências da recaída a partir


da percepção dos sujeitos que não fazem mais uso de drogas
Relacionado aos motivos que os sujeitos da pesquisa consideram ter contribuído
para sua recaída, as respostas foram variadas, porém todas atreladas ao cotidiano social como
problemas com trabalho, problemas com a família, influência de amigos, dentre outros.
Estudo realizados por Knapp et al. (2003) apontam que existem diversas situações de risco
que podem levar a uma possível recaída como ansiedade, culpa, depressão, ou seja, emoções
38

negativas sendo estas possíveis emoções que antecederam ao uso primário. Ainda segundo o
mesmo autor, pressões sociais como amigos que oferecem drogas ou pressionam a consumir,
ocorridos no cotidiano do sujeito como em encontros ocasionais em casa na rua em festas etc.
Knapp et al. (2003), ressalta ainda sobre situações difíceis como término de relacionamento
discussões familiares e inclusive problemas físicos ou cormobirdades psicológicas advindas
do consumo prolongado das drogas como insônia, depressão, problemas sexuais, dentre
outros (KNAPP, 2003).
Situações estas que já seriam obstáculos para qualquer sujeito com ou sem
dependência ficam com dificuldades potencializadas para um sujeito com dependência que
esta em tratamento. Marlatt e Gordon (1980, 1985) também partem do ponto que a recaída é
influenciada pela inter-relação das situações ambientais condicionadas ao alto risco, as
habilidades para enfrentar estas situações de risco, o nível de controle pessoal e
principalmente a antecipação dos efeitos positivos de alívio que a droga proporciona
potencializam o risco de recaída.

5.2.2. Caracterizar o meio social onde os sujeitos encontravam-se inseridos


quando houve a recaída, na percepção desses sujeitos.

Na questão relacionada ao meio social em que os sujeitos estavam inseridos


quando houve suas recaídas, 08 dos 14 sujeitos que tiveram episódio de recaída afirmaram
que moravam com os pais e 06 disseram que moravam sozinhos. Sabe-se que a dependência
química é multideterminada (MARQUES e CRUZ, 2000), ou seja, devem ser considerados
seus inúmeros aspectos preditores como família, ambientes sociais, fatores psicológicos
genéticos etc, que agem de modo associado.
Na percepção acerca do reconhecimento das situações de risco e das situações em
que estão prestes a recair, 17 sujeitos afirmaram reconhecer as situações onde correm o risco
de uso de droga, e 03 sujeitos afirmaram que não conhecem as situações que envolvem os
riscos com o uso de drogas. De acordo com Gorski e Miller (1993), na recaída não acontece
no vácuo. Existem sinais de advertências de que um paciente está correndo risco de um
retorno às drogas. E 17 dos sujeitos pesquisados afirmam conhecer estas situações. Ainda
segundo os mesmos autores, a recaída não pode ser entendida unicamente como o retorno real
ao padrão do abuso da substancia, mas também como um processo que sempre demonstra
sinais quando esta possivelmente ocorrerá (GOSKI ; MILLER. 1993).
39

As dimensões farmacológicas, psicológicas e sociais do uso e abuso de drogas estão


indissociavelmente mescladas e perfazem juntas o problema da drogadição, resultando
num encontro estruturalmente semelhante nos mais diversos contextos onde ocorrer,
mas marcado pela singularidade de um determinado usuário e do seu contato subjetivo
com a droga, dentro de seu percurso de vida estritamente pessoal. (BUCHER, 1992),

5.2.3. Identificar a quantidade de recaídas enfrentadas pelos sujeitos durante o


processo de recuperação.

Tratando-se da quantidade de recaídas sofridas pelos sujeitos da pesquisa, foi


verificado que 06 sujeitos afirmaram que não tiveram recaída pois conseguiram ficar
abstinentes já na primeira tentativa. E o sujeito que relatou que mais teve episódio de recaídas
teve 10 ao todo. Tratando-se da recaída este é um momento muito delicado para o dependente,
pois, de acordo com Occhini e Teixera (2006), dependendo de como esta condição é
percebida e tratada pelos profissionais, antes e depois do episódio, a resposta do sujeito com
dependência pode ser de abandono do tratamento ou de um fortalecimento de vínculo com a
equipe e de uma retomada mais consistente ao processo de tratamento.
O primeiro objetivo deste trabalho é pesquisar a recaída na visão dos sujeitos
dependentes que estão em abstinência total de drogas. Observamos que todos vêem a recaída
primeiramente como a volta ao uso de drogas. De acordo com Marlatt e Donovan, (2009),
recaída pode ser compreendida como doença sendo que tal perspectiva está ligada a um
modelo médico na qual a recaída significa o retorno a um estado de doença após um período
de remissão (MARLATT; DONOVAN, 2009). Pudemos observar ao analisarmos as respostas
dos sujeitos em relação ao que significou para os mesmos estas recaídas, e estes afirmaram
que foi algo benéfico ao processo de recuperação, pois dos 14 sujeitos da pesquisa que
sofreram episódios de recaída, 10 afirmaram que as recaídas contribuíram para seu processo
de tratamento, 02 disseram que foi algo indiferente e 02 sujeitos disseram que a recaída
prejudicou seu tratamento, porém um ainda afirmou ―foi algo que prometi nunca mais sentir
aquilo‖ foi sua primeira e última, ou seja, a sensação de derrota sentida pela recaída fez com
que este sujeito jamais se permitisse recair, podemos concluiu então que foi algo que
contribuiu (ainda que o sujeito não perceba), pois serviu como um impulso para fora do uso
40

de drogas. Segundo Barreto (2002), as recaídas não devem ser compreendidas e muito menos
aceitas como uma falha no tratamento, mas sim como um alerta. Pois a forma de tratar o
sofrimento do paciente, ou seja, o fracasso pessoal sentido pela recaída, de acordo com
Occhini e Teixera (2006), reside na capacidade dos profissionais em demonstrarem ao
paciente que este episódio de recaída ja era de se esperar, encorajando-o assim a continuar
com o tratamento E estes dados sobre a significação da recaída contrapõe pesquisa de
Andrade, (2010), onde o mesmo observou em sua pesquisa com 05 sujeitos dependentes em
tratamento de crak, qual a recaída é encarada por todos os sujeitos pesquisados como negativa
e não fazendo parte do processo de recuperação. Ressaltando que os sujeitos pesquisados por
Andrade (2010), referem-se a sujeitos que ainda se encontram internados em comunidades
terapêuticas e estão buscando a abstinência total.
No processo de recaída, via de regra, o sujeito identifica alguns sintomas que lhe
indicam que está nessa condição. Os sujeitos pesquisados apontaram alguns sintomas
corporais que sentiam quando corriam risco de ter uma recaída. Os principais sintomas
apontados foram: ansiedade, nervosismo, irritabilidade, agitação, procrastinação O sofrimento
pode ser avaliado na fala de S11 ―Não posso deixar de vigiar-me, me auto-avalio todos os
dias‖ S6.
Sabe-se que o dependente tem uma incapacidade de tolerar frustrações e, neste
enfoque, a recaída pode ser entendida como uma resposta ao não enfrentamento destas
situações (Silva; Ferri; Formigoni, 1995). Por este motivo, sempre que os sujeitos com
dependência enfrentam uma situação e acham que não vão dar conta, tendem a ocorrer estes
sintomas como ansiedade, nervosismo, irritabilidade, entre outros, e estes são sintomas
avessos ao sintoma de alívio experimentado pelo uso das drogas. Na tentativa de baixar a
tensão, o sujeito logo pensa em sua maior fonte de prazer ou seja, a droga. Ao optar pelo não
uso das substancias químicas, é necessário enfrentar os mesmos problemas dos quais estava
tentando fugir (KALINA, 1999).
Também é parte do processo de percepção da recaída o reconhecimento de
situações sociais de risco. Os participantes da pesquisa afirmam buscam estar atentos para
tomar as devidas precauções. As principais situações identificadas foram: Festas; Lugares
onde fazia uso; Companhia de pessoas que usavam, na rua, no futebol, nos churrascos. A fala
de S6 indica essa preocupação ―quando me sinto ansioso com baixa auto-estima evito alguns
lugares e pessoas‖.
Um dos maiores desafios dos sujeitos com dependência é voltar as vivencias
sociais, pois os mesmos têm que aprender a viver novamente em sociedade, como apontado
41

pelos pesquisados, participando de festas, indo a rua, a lugares onde fazia uso, enfim
praticamente toda a sua rotina antiga remete aos tempos de uso inclusive os companheiros de
uso da época. Segundo Kalina (1999), todo dependente químico, até que se prove o contrário,
é um indutor ao consumo. De acordo com a mesma autora, o modo de agir tem como
significado de um ataque de inveja. Este fato se torna mais visível quando o outro é um
dependente químico que já não faz mais o uso de drogas (KALINA, 1999).
42

6. Considerações finais

A proposta deste trabalho de conclusão de curso foi caracterizar a percepção de


sujeitos com dependência química que já não fazem mais o uso de drogas sobre o processo de
recaída. Partiu de experiências do pesquisador ao trabalhar com sujeitos com dependência
química em uma comunidade terapêutica, percebendo que as reincidências de recaídas eram
freqüentes e que ocorriam, mesmo depois que os sujeitos em tratamento encontravam-se a
alguns meses sem o uso de drogas. E quando o pesquisador tentou aprofundar-se em
pesquisas sobre processo de recaída, na visão do sujeito com dependência, pode constatar que
pouca coisa havia sido publicada. Após várias discussões e análises sobre diferentes trabalhos
já desenvolvidos na área da dependência química, e mais precisamente sobre a recaída,
percebeu-se que as literaturas examinadas apresentavam aspectos relevantes, mas que o
principal personagem desta história, o sujeito com dependência, não aparecia. Os prejuízos
acarretados pelo uso de drogas que são desde ordens pessoais, familiares, sociais e inclusive
de saúde pública, são incalculáveis tanto para o sujeito com dependência e seus familiares
quanto para a sociedade. O presente trabalho foi realizado com sujeitos com dependência, mas
que já não fazem mais o uso das drogas. Porém, encontram-se em tratamento até os dias de
hoje, segundo relatos dos mesmos, pois tratamento na percepção destes sujeitos não quer dizer
no sentido de estar interno em uma organização como comunidade terapêutica ou alguma
clinica de desintoxicação. Mas sim falam de tratamento como algo permanente e sendo a
dependência química uma doença considerada crônica, (de acordo com que foi colocado para
estes sujeitos quando os mesmos procuraram tratamento) o tratamento se torna algo para a
vida toda. Ressaltando que nem um dos sujeitos da pesquisa encontra-se internado em alguma
organização.
O primeiro objetivo, deste trabalho foi pesquisar a recaída na visão dos sujeitos
dependentes que estão em abstinência total de drogas. Observamos que todos vêem a recaída
primeiramente como a volta ao uso de drogas. De acordo com Marlatt e Donovan, (2009),
recaída pode ser compreendida como doença, sendo que tal perspectiva está ligada a um
modelo médico no qual a recaída significa o retorno a um estado de doença após um período
de remissão (MARLATT; DONOVAN, 2009). Ampliando a compreensão, pudemos observar
ao analisarmos as respostas dos sujeitos em relação ao que significou para os mesmos estas
recaídas, e estes afirmaram que foi algo benéfico ao processo de recuperação, pois apenas 02
sujeitos disseram que a recaída prejudicou seu tratamento, porem um ainda afirmou ―foi algo
43

que prometi nunca mais sentir aquilo‖ foi sua primeira e ultima, ou seja, a sensação de derrota
sentida a partir da recaída fez com que este sujeito jamais se permitisse recair. Podemos
concluir então que foi algo que contribuiu (ainda que o sujeito não perceba), pois serviu como
uma alavanca para fora do uso de drogas. De acordo com os dados apresentados pelos sujeitos
podemos concluir que o objetivo foi alcançado.
Sobre o segundo objetivo, identificar os motivos que contribuíram para a
ocorrência das recaídas na visão do sujeito em recuperação, foi possível observar na análise
dos relatos que o grande obstáculo consiste na dificuldade do sujeito com situações sócias que
exijam enfrentamento. Segundo relato da maioria é nessa hora que começam a sentir mais
vontade de fazer uso de drogas. A experiência de recaída mostrou-se associada as seguintes
situações: falta de apoio da família, falta de acompanhamento apropriado, envolvimento com
antigos amigos usuários de drogas e frustrações diante de circunstancias adversas. Rigotto e
Gomes (2002) afirmam que é fundamental a existência de redes interpessoais de apoio
constituída pela família, por amigos e por profissionais da saúde para que o sujeito com
dependência se mantenha longe das drogas. Os dados obtidos respondem a pergunta do
segundo objetivo, e assim sendo o mesmo foi alcançado.
Em relação o terceiro objetivo, caracterizar o meio social onde os sujeitos
encontravam-se inseridos quando houve a recaída. A pesquisa apontou que 08 dos 14 sujeitos
que tiveram episódio de recaída afirmaram que moravam com os pais e 06 disseram que
moravam sozinhos. Vemos aqui que a maior parte dos sujeitos morava com os pais e mesmo
assim houve a recaída, pois morar com a família não quer dizer necessariamente que a mesma
esteja apoiando o sujeito muitas vezes a família proporciona o abrigo mas não se envolve no
tratamento agindo com indiferença sobre o situação do sujeito com dependência ―a família só
porque deixa morar em casa já acha que ta fazendo a parte dela...‖ Sujeito 08. Sabe-se que a
dependência química é multideterminada (MARQUES e CRUZ, 2000), ou seja, devem ser
considerados seus inúmeros aspectos preditores como família, ambientes sociais, fatores
psicológicos genéticos etc, que agem de modo associado.
O ambiente social exerce uma poderosa influencia na recuperação (ou recaída)
destes sujeitos com dependência. Esta influencia mostra-se no restabelecimento do convívio
familiar, nos encontros com colegas recuperados e no apoio de profissionais especializados,
ou seja, o sujeito necessita de uma reaprendizagem para viver sem drogas e encontrar sentido
nos atos corriqueiros sociais habituais.
44

O quarto objetivo da pesquisa era quantificar as recaídas enfrentadas pelo sujeito


durante o processo de recuperação, os dados obtidos nos oferecem um novo entendimento,
pois os referenciais teóricos pesquisados indicavam não era possível tratamento e recuperação
em dependência química sem recaída, no entanto, este estudo identificou que dos 20 sujeitos
pesquisados 06 conseguiram ficar abstinente já na sua primeira tentativa, ou seja, não tiveram
nem um episódio de recaída. Para Kalina (1999) os critérios de cura são ideológicos. Curar no
seu entendimento é oferecer um modelo de vida em troca de outro, a partir da aplicação de
uma escala de valores (KALINA, 1999). O sujeito pesquisado que mais teve episódios do
recaída, contabilizou seis recaídas. Consideramos que o objetivo foi atingido e contribuiu para
ampliar a discussão nesse campo.
O grande desafio da recuperação é substituir a rotina centrada na droga por novos
hábitos evitando o retorno ao comportamento destrutivo anterior, as dificuldades inerentes ao
processo de recuperação fragilizam os esforços para mudanças. As atividades advindas da
vida cotidiana são percebidas como um exagero pelo sujeito em recuperação principalmente
quando envolvem relações interpessoais, pois de acordo com Bucher (1996) o ficar abstinente
para estes sujeitos com dependência seria um retorno a situação anterior ao uso, ou seja, um
retorno aos mesmos problemas, que agora estariam intensificados pela rotina centrada na
droga. Observamos na pesquisa que o sujeito dependente tem uma dificuldade em tolerar
frustrações e neste sentido a recaída pode ser entendida como uma resposta ao não
enfrentamento destas situações (SILVA, FERRI e FORMIGONE, 1995). Formando-se assim
um circulo vicioso, já que a tendência do indivíduo após a recaída é sentir-se fracassado, o
que contribui ainda mais para a manutenção da vontade de retorno ao consumo de drogas. Ao
suprir-se a incorporação do tóxico é necessário enfrentar os mesmos problemas dos quais
estava tentando fugir: fragilidades, vivências de vazio, déficit crônico de estima, e depressão
(KALINA, 1999). O mais difícil para estes sujeitos com dependência é lidar com a função que
a droga exerce em relação as suas dificuldades. É ai que os profissionais da saúde mental
teriam que se atentar para então iniciar um planejamento de intervenção.
Por todo o material apresentado considero todos os objetivos desta pesquisa
alcançados de acordo com os dados obtidos e articulados com a teoria. Vemos que na
percepção dos sujeitos a recaída pode vir a fazer parte do tratamento e de acordo com os
dados os sujeitos percebem a recaída como algo que contribuiu para seu processo de
recuperação.
Para a realização desta pesquisa, algumas dificuldades foram encontradas.
Primeiro em relação as instituições pesquisadas, houve uma certa resistência por parte de
45

algumas, pois entre o contato inicial e a coleta de dados, ocorreu um intervalo de 2 semestres
e muita coisa já havia mudado nas administrações das mesmas e um novo trabalho de contato
teve que ser realizado. Uma das ongs não permitiu a entrada do pesquisador, pois esta
encontrava-se em retiro espiritual e por isso pessoas de fora não poderiam entrar. Em relação
os sujeitos da pesquisa alguns negaram-se a responder o questionário por causa do termo de
livre esclarecimento, mas de modo geral todos se prontificaram em responder as perguntas e
contribuírem para a pesquisa. Já em relação ao tema muitas foram as dificuldades já que há
poucos materiais que descrevam sobre o assunto. As áreas da ciência que tratam sobre o
assunto são as mais diversificadas. O presente trabalho reúne referências da medicina,
psicologia, enfermagem, educação física, mas com um grande destaque para a farmacologia
que foi onde mais se encontrou material publicado sobre drogas. Apontamos também
algumas dificuldades em relação a temática, que aumentam principalmente com foco no
sujeito, diferenças de drogas , os sintomas de cada droga em cada sujeito, diferença de
regiões, entre outras.
Porém a maior dificuldade para a realização deste trabalho estava no conceito de
cura sobre a dependência química enquanto doença. O de acordo com todo o referencial, não
há cura. Ao procurarem um tratamento, a primeira coisa que os sujeitos aprendem (segundo
os próprios sujeitos) é que ―a dependência química é incurável‖, ―o tratamento é pra vida
toda‖. Partindo de um pondo de vista da saúde mental, não seria o melhor modo de iniciar um
tratamento, saber que este nunca irá acabar. O conceito de cura tem que ser revisto com
relação a esse tipo de fenômeno, pois provavelmente logo no início pode ser onde perdemos
boa parte dos sujeitos para as drogas. Pois o que seria a cura? Se for o não uso da droga foi
encontrado nesta pesquisa sujeitos que já estão a mais de 10 anos sem uso. Se for sobre
vontade de se fazer uso? Também foram encontrados sujeitos que afirmam não sentir vontade
alguma de fazer uso. E a pesquisa foi alem em relação a isto foi encontrado um sujeito que
afirma não fazer nem idéia de qual gosto tem a droga ou qual sensação ela provoca. Se isto
ainda não é o suficiente para o sujeito ser considerado curado de sua ―dependência química‖ o
que estaria faltando? É uma sugestão de pesquisa conceituar a cura de dependência química.
Também compreendemos como importante a realização de estudos com estas características
com participantes mulheres, pois as diferenças de gênero podem conduzir a diferentes
resultados.
Esta pesquisa mostra sua relevância em relação a escassez de material publicado
principalmente com relação ao sujeito com dependência como foco e, sendo assim, ela pode
46

auxiliar em novos estudos sobre a dependência pois lança um olhar sobre o sujeito com
dependência química que está em abstinência total de drogas sobre o processo de recaída.
47

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8. APENDICE -I

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS – ENTREVISTA

01- Dados de identificação: (Baseado no Questionário de Knapp & Bertolote (1994),)

Sexo: _______________________________
Idade: ______________________________
Profissão: ____________________________
Escolaridade: _________________________
Estado civil: __________________________
Bairro onde mora: ______________________

Trabalha? ( ) Sim ( ) Não

02- Renda Familiar:


( ) Menos de 1 salário mínimo
( ) 1 a 3 salários mínimos
( ) 4 a 6 salários mínimos
( ) 7 a 11 salários mínimos
( ) Mais de 11 salários mínimos

03- Tem algum caso de uso de drogas na sua família?


Sim ( ) Não ( )

04- Quantos anos você tinha quando usou drogas pela primeira vez?
Entre 10 e 15 anos ( ) Entre 15 e 20 anos ( ) Entre 20 e 25 ( ) Outros____________

05- Qual (ou quais) a razão você considera ter o levado a consumir drogas?
Influencia de amigos ( ) Problemas de família ( ) Problemas com trabalho ( )
Outros motivos (especifique)_________________________________________________________

06- Que tipo de drogas você usava?


R:______________________________________________________________________________

07- Qual era a freqüência do uso?


Uma vês por mês ( ) Finais de semana ( ) Todos os dias ( ) Outros _______________

08- Quantas vezes você já foi internado?


Uma ( ) Cinco ( ) Dez ( ) Outros (especifique)_________________

09- Há quanto tempo você está abstinente?


12 meses ( ) 24 meses ( ) Outros (especifique)_________
58

10- Quanto tempo você usou drogas até reconhecer que precisava de ajuda?
Um ano ( ) Dois anos ( ) Outros (especifique)_________

11- Como eram seus hábitos de usar drogas. Marque com um X numerando nas 3 (três) principais
ocasiões:
Ao término do trabalho. ( )
Quando chega em casa no fim do dia. ( )
Quando vê drogas por perto. ( )
Quando vê outras pessoas se drogando. ( )
Quando os amigos oferecem ou pressionam. ( )
Quando visita ou recebe a visita de certas pessoas. ( )
Quando vai a shows ou a partidas de futebol. ( )
Em todas estas situações. ( )
Em outras situações como:______________________________________________________________

12- Por que você procurou tratamento?


Vontade própria ( ) Influencia da família ( )
Ordem judicial ( ) Outros______________________________________

13- Por quantas internações você passou até conseguir ficar abstinente?
Uma ( ) cinco ( ) Dez ( ) Outros (especifique)_________________

14- Como era seu relacionamento familiar antes das drogas?


Bom ( ) Normal ( ) Ruin ( )

15- Sua familia acompanhou seu tratamento?


Sim ( ) Não ( )

16- Você sente vontade de usar a droga?


Sim ( ) Não ( )

17- Em que meio social (ambiente) você vivia quando iniciou o uso de drogas?
Morava com os pais ( ) Com amigos ( ) Sozinho ( ) Morava com parentes ( )

18- Em que meio social você vive hoje?


Mora com os pais ( ) Com amigos ( ) Sozinho ( ) Mora com parentes ( )
Mora com esposa e (ou) filhos ( )

19- Qual a quantidade de recaídas você enfrentou durante o processo de recuperação?


Uma ( ) Cinco ( ) Dez ( ) Outras:______________

20- Você é capaz de perceber quando está prestes a ―recair"?


Sim ( ) Não ( )

21- Se SIM, quais os sintomas corporais você reconhece quando esta prestes a recair?.
R:_________________________________________________________________________________

22- Se consegue o que faz. Marque com um X:


Procura um amigo. ( )
Procura um profissional da Saúde. ( )
59

Procura álcool e/ou outras drogas. ( )


Outras alternativas. Descreva-as__________________________________________________________
23- Você consegue reconhecer suas situações sociais de risco?
Sim ( ) Não ( )

24- Caso sua resposta anterior tenha sido afirmativa cite algumas situações: Ex: lugares, eventos etc.
R:_________________________________________________________________________________

25- Você frequenta ou já frequentou grupos de auto-ajuda? Exemplo: Narcóticos anônimos, Grupo de
terapia etc.
Sim ( ) Não ( )

26- Se sim, diga: Quais? E com que frequencia? (Ex: 1 ou 2 vezes por semana, por quinzena ou por
mês)
R:_________________________________________________________________________________

27- Se freqüentou, o que de mais importante você considera ter aprendido?


R:_________________________________________________________________________________

28- Em que meio social onde você se encontrava inserido quando houve sua(s) recaída(s)?
Morava com os pais ( ) Com amigos ( ) Sozinho ( ) Morava com parentes ( )
Outros:__________________________________________________________________________

29- Que motivos você considera ter contribuído para a(s) ocorrência(s) da(s) recaída(s)?
Influencia de amigos ( ) Problemas de família ( ) Problemas com trabalho ( )
Outros motivos (especifique)_________________________________________________________

30- Qual maior (ou maiores) perda você considera ter tido por entra no mundo das drogas?
R:______________________________________________________________________________

31- O que significou pra você sua(s) recaída(s)?


Algo que foi importante que contribuiu para seu processo de recuperação ( )
Algo prejudicou seu processo de recuperação ( )
Algo que não fez diferença alguma para seu processo de recuperação. ( )

32- Fale um pouco sobre o que significou pra você sua (ou suas) recaída:
60

APENDICE-II

Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL


Comissão de Ética em Pesquisa – CEP UNISUL
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu ________________________________________, estou sendo convidado(a) a


participar de uma pesquisa intitulada: ―Percepção de sujeitos com dependência química que
estão em abstinência total das drogas, sobre o processo de recaída‖ pesquisa esta realizada
pelo acadêmico Andre Silva Lohn, orientado pela professora Deise Nascimento. O objetivo
desta pesquisa é Caracterizar a percepção de sujeitos com dependência química, que já não
fazem mais o uso de drogas, sobre o processo de recaída. Ao participar desta pesquisa estarei
contribuindo para o desenvolvimento de conhecimento científico sobre o mundo da
drogadição e as diferentes visões de cada sujeito em relação as mesmas. Esse conhecimento
poderá ser utilizado posteriormente como fonte de informação para elaboração de novas
estratégias de tratamento contra a dependência química, como novas técnicas de conduções
destes tratamentos, podendo vir a contribuir com muitas outras pessoas que se encontram
nesta situação.
Como técnica de coleta de dados será aplicado um questionário, em que responderei
questões a respeito do assunto. Nesse questionário constam questões referentes ao perfil do
participante; quantidade de recaídas; tipos de situações que envolveram as recaídas; tipos de
estratégias de enfrentamento utilizadas para se manter longe das drogas; tipos de
conseqüências obtidas a partir do envolvimento com as mesmas.
As respostas dos questionários ficarão sob a propriedade do pesquisador. Tenho clareza
de que os dados pessoais que possam me identificar não serão citados a fim de garantir o meu
anonimato; que as informações referentes à pesquisa, serão divulgadas por meio de trabalho
científico e; que a pesquisa pode ser apresentada em aulas, congressos, eventos científicos,
palestras ou periódicos científicos, sempre preservando a minha identidade. Além disso, estou
ciente de que os riscos que podem ocorrer nesse tipo de pesquisa são mínimos. Caso sinta
algum desconforto, por responder questões que se referem a um momento difícil da minha
vida ocasionado pelas minhas recaídas em relação às drogas, estou ciente de que a qualquer
momento posso desistir do estudo sem sofrer qualquer tipo de prejuízo por isso. Sei também
que não preciso responder a todas as questões e que poderei ter acesso às informações da
pesquisa a qualquer momento. A devolução dos dados será realizada por meio do envio de um
relatório resumido, com as principais descobertas realizadas com a pesquisa por e-mail aos
participantes. Declaro que fui informado(a) que posso me retirar do estudo a qualquer
momento, que minha participação é voluntária e não terei nenhum tipo de remuneração
financeira para tanto.

____________________________ _______________________________
Assinatura RG

____________________________
Data e Local

Pessoas para contato:


Aluno responsável:
Andre Silva Lohn (andrelohn@yahoo.com.br )
61

Professora responsável:
Deise Nascimento (deisemarianascimento@bol.com.br)

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