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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIAGES

BACHARELADO EM PSICOLOGIA
MARIANE OLIVEIRA DE ALMEIDA

Particularidades, indivíduo e Transtorno do Espectro Autista: Um


estudo de caso com base na Terapia Cognitivo Comportamental

Paripiranga
2022
MARIANE OLIVEIRA DE ALMEIDA

Particularidades, indivíduo e Transtorno do Espectro Autista: Um estudo de caso com


base na Terapia Cognitivo Comportamental

Este Trabalho de Conclusão de Curso – Projeto de


Pesquisa em Psicologia foi julgado adequado à
obtenção da aprovação na Unidade Curricular e v
aprovado em sua forma final pelo Curso de
Psicologia, no Centro Universitário Ages

Paripiranga, 01 de dezembro de 2022

_________________________________________________
Prof.ª Ma. e orientadora Catiele Reis
Centro Universitário Ages
MARIANE OLIVEIRA DE ALMEIDA

Particularidades, indivíduo e Transtorno do Espectro Autista: Um estudo de caso com


base na Terapia Cognitivo Comportamental

Monografia apresentada como exigência parcial


para obtenção do título de bacharel em Psicologia
à Comissão Julgadora designada pela
Coordenação de Trabalhos de Conclusão de
Curso do UniAGES.

Paripiranga, ____ de _____________ de _____ .

BANCA EXAMINADORA

Psicóloga Ma. Valéria M. A. Guimarães


UniAGES

Prof.ª Ma. Catiele Reis


UniAGES
AGRADECIMENTOS:

A princípio, muito obrigada meu Deus. A minha fé em ti me fez chegar aqui, acreditar na
sua bondade, preceitos e propósitos para a minha vida não me deixaram desistir mesmo
quando as lutas eram grandes a ponto de me fazerem duvidar de mim mesma, da minha
capacidade.

A minha mãe Juciana Reis, minha eterna guerreira, batalhadora, rainha e tantos adjetivos
mais que eu precisaria de muitas e muitas laudas para descrever cada um, sobre o quanto é
maravilhosa, obrigada por ser meu orgulho, um exemplo desde sempre, me ensinou boa parte
do que sei e do que sou hoje, sempre me incentivando, sempre comigo.

Ao meu filho Nathan Oliveira Carvalho, ah meu amor, por você eu faria tudo de novo,
cada pedacinho dessa conquista também se deve a você que esteve literalmente comigo desde
2019, e em mim também presenciou meu percurso, ser sua mãe também é o que me faz querer
sempre mais, te proporcionar o melhor como pessoa, para assim como a minha mãe foi para
mim, que eu seja exemplo e orgulho para você.

Aos meus avós, em especial Maria Ana Oliveira dos Reis, minha senhora sempre
confidente e paciente, sempre minha defensora, amiga, abrigo. E José Pinheiro dos Reis, que
hoje não está mais fisicamente aqui, mas foi minha figura paterna, sempre comigo nas
alegrias e tristezas, desde os momentos de brincadeiras aos de seriedade, minha eterna
saudade, sempre no meu coração, muito obrigada por tudo!

Ao meu irmão Paulo Miguel, que por vezes me tira do sério, mas acreditem, este garoto é
parte essencial na minha vida. É parceiro, amigo e dele vem grande parte do amor e carinho
que carrego sempre comigo.

Ao meu marido Ednando Carvalho, presente em boa parte do processo e principalmente


nesta reta final com muita paciência lidando com minhas ausências, estresses e medos,
obrigada por estar comigo e ser uma parte tão importante da minha vida.

Aos meus tios e tias, obrigada por também estarem comigo em cada passo da minha vida,
por não pouparem esforços para me ajudar quando preciso, por estarem aqui e serem um porto
seguro e confortável onde sempre vou querer estar.

Aos meus amigos, e aqui tem história viu. Rangel Fonseca, obrigada por me incentivar e
facilitar meu início nesse percurso, foi quem me disse: “Amiga eu vou te ajudar”, e com isso
eu comecei a jornada. Obrigada a Marcos Henrique que orientou a recém chegada e ofereceu
sua república, onde permaneci até meu 8º semestre, local em que conheci pessoas incríveis, e
tive momentos maravilhosos e intensos, cheios de sentimentos que sempre estarão guardados
na memória, Adriel Gama, Andressa Santos, Aloisio Cerqueira, Luzia Alves, Nívia Carvalho,
Tamires Maria e ele: Gabriel Oliveira, amigos desde o primeiro dia de aula, desde a fila de
espera no ônibus e quem diria? Amigos pra vida.

Com vocês tive aulas desde o meu primeiro período, vivi experiências que foram muito
importantes pra mim, nos aproximamos ainda mais e nos tornamos um grande e lindo grupo,
nossas vivências me arrancam sorrisos, suspiros profundos e um brilho no olhar a cada vez
que lembro, Aiadna Castro, Arminda Miranda, Hudson Alves, Jamili Santos. Muito obrigada
por tudo meus amores. O espaço de vocês no meu coração é garantido. Também à Nathacha
Nascimento e Jucimara Cabral por serem essas pessoas iluminadas, sempre presentes e
dispostas a estender a mão.

Aos meus amigos de Nova Soure e os que conheci em Paripiranga que sempre me
incentivaram e me encorajaram com mensagens a seguir com força e fé, não vou citar nomes
para não esquecer de ninguém.

Aos meus ilustres professores em especial Ariany Magalhães, Saulo Almeida, Elder,
Bruno Felipe, Catiele Reis, Calila Caldas, Beatriz Reis, Carolina Souza, Brenda Fernanda e
Denise Barbosa.

À Talita Ribeiro, suas supervisões em clínica durante meus estágios me tornaram ainda
melhor e me inspiraram sempre estar em evolução profissional.

À banca examinadora deste trabalho de conclusão de curso nas pessoas de Valéria


Guimarães, e Catiele Reis, orientadora deste

À todos que citei aqui, meu muito obrigado por suas participações e contribuições, que
foram essenciais para que eu chegasse nessa reta final como uma pessoa melhor e uma futura
profissional de excelência.

Tudo acontece no momento certo, um semestre antes ou depois poderiam significar outras
amizades, professores, outros lugares, vivências e vínculos. Entrei quando foi possível estar
aqui e saio agora para poder fechar um ciclo e iniciar outro. Beijo nos corações de todos!
RESUMO:

Sendo o TEA, gerador desde certa curiosidade para investigação ao desconforto de


algumas pessoas, é fato que dificilmente alguém nunca tenha ouvido falar sobre o termo,
discutido mais e mais a cada dia acerca de sua complexidade, do que significa, como
diagnosticar, quais os sintomas e como proceder diante de tal. Assim, o estudo de caso a
seguir se baseia em um método de pesquisa bibliográfica e estudo de caso para uma ampla
visão sobre este assunto específico, permitindo o aprofundamento do conhecimento sobre ele,
e assim, oferecer subsídios para novas investigações sobre a mesma temática. Um meio de
organizar os dados, preservando do indivíduo em questão o seu caráter único, bem como cada
caso traz sua singularidade aos estudos, tornando mais amplos os vieses de compreensão e
tratamento. O caso, trata-se de um paciente de 12 anos com diagnóstico de TEA (Transtorno
do Espectro Autista), em atendimento na Clínica Interdisciplinar Cliages, em Paripiranga –
Ba. A psicoterapia conduzida no processo terapêutico foi com base na TCC (Terapia
Cognitiva Comportamental), o estudo tem então como objetivo geral construir conhecimentos
científicos a respeito do caso trazido, a partir da realidade vista e desenvolvida em prática, e
como objetivos específicos descrever e registrar os acontecimentos, desenvolver teorias e
hipóteses de acordo com pesquisa bibliográfica para assim compreender os fenômenos
existentes com base na exploração.
Sumário
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................8
1. O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA...............................................................14
2. A TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL.......................................................23
3. CASO SESSÃO POR SESSÃO........................................................................................32
4. CONCLUSÕES:................................................................................................................44
5. REFERÊNCIAS:...............................................................................................................47
INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo de caso, tratando-se de uma abordagem em


método de apuração excepcionalmente adequada quando falamos na procura da compreensão,
exploração ou descrição de evidências, acontecimentos e contextos em complexidade, nos
quais estão juntamente implicados distintos princípios. (ARAÚJO, et.al. 2008). Ele apresenta
um acontecimento, traz a vivência ocorrida com detalhes juntamente com estudos
bibliográficos, técnicas utilizadas para que outras pessoas possam ter acesso e tenham a
perspectiva de estudar o fenômeno por puro interesse na particularidade do caso (FIA, 2020).

O estudo de caso fundamenta-se em uma forma de pesquisa ampla sobre um assunto


específico, permitindo aprofundar o aprendizado acerca dele, e assim, oferecer subsídios para
novas investigações sobre a mesma temática, um meio de organizar os dados, preservando do
objeto estudado o seu caráter único (FIA, 2020). Assim, cada caso traz sua singularidade aos
estudos, tornando mais amplos os vieses de compreensão e tratamento.

Sua importância advém da análise com particularidades individuais, pois reflete


propositalmente sobre uma circunstância característica que acredita-se ser sem igual ou
excepcional, em busca de encontrar o que há nela de mais essencial e singular, percebendo de
forma global em determinadas ocorrências ao qual aquele que se promove a investigar
atribuindo atenção e investigação, objetivando a exploração, descrição, explicação, avaliação
e/ou transformação (ARAÚJO, et.al. 2008). Gerando assim, hipóteses que poderão ser de
grande utilidade para aqueles que posteriormente tenham acesso ao estudo. Cada caso com
suas particularidades e singularidades descrevem uma vivência diferente, dando origem a
comportamentos diferentes que a depender de quem estiver no manejo clínico, também vai
lidar de forma particular e única.

O caso trata de um paciente de 12 anos com diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro


Autista), é um transtorno do desenvolvimento, que envolve atrasos e comprometimentos nas
áreas de interação social e linguagem, incluindo uma ampla gama de sintomas emocionais,
cognitivos, motores e sensoriais (GREENSPAN; WIEDER, 2006). Porém, cada paciente
diagnosticado com TEA detém de complexidades, ou seja, cada um demonstra diferentes
sinais e sintomas do transtorno, por isso a necessidade de um profissional qualificado para a
formação do diagnóstico.
A psicoterapia conduzida no processo terapêutico foi com base na TCC (Terapia
Cognitiva Comportamental), uma psicoterapia estruturada, voltada para o presente,
direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais (inadequados e/ou inúteis), baseado em formulações
cognitivas, crenças e estratégias comportamentais que caracterizam um transtorno específico.
(BECK, 2013). A atuação baseada na Terapia Cognitiva Comportamental, demonstrou-se
essencial para avaliação e intervenção no caso diante do que era apresentado sessão após
sessão, descrita com detalhes no capítulo III deste estudo.

“Autismo”, sempre foi uma palavra geradora desde certa curiosidade para investigação ao
desconforto de algumas pessoas, é fato que dificilmente alguém nunca ouviu falar sobre o
termo, discutido mais e mais a cada dia acerca de sua complexidade, do que significa, como
diagnosticar, como vive um autista, quais os sintomas e como proceder diante de tal.

O “autismo” e as condições relacionadas (agora amplamente conhecidos como transtornos


do espectro autista, ou TEAs), são transtornos que compartilham déficits significativos na
interação social como sua principal característica definidora, que esse déficit social é bastante
severo, e sua gravidade e seu início precoce levam a mais problemas gerais e disseminados
tanto na aprendizagem como na adaptação e que ao longo dos anos, ocorreram inúmeras
mudanças na classificação (VOLKMAR; WIESNER, 2019).

Ainda assim, o que se discute sobre o assunto ainda é pouco, os estudos feitos não são tão
atuais, e diante da complexidade do transtorno, o diagnóstico não é simples. Isso dá brechas
para muitos achismos acerca de tal, do desenvolvimento e etc. gera medo e insegurança, é
muito importante a ajuda profissional para uma melhor compreensão.

O Portal PEBMED, Recentemente, a American Academy of Pediatrics (AAP) atualizou


suas diretrizes de 2007 para identificação e manejo do transtorno do espectro autista (TEA)
em crianças, classificando o TEA somo sendo um distúrbio comum do desenvolvimento
neurológico, com prevalência relatada nos Estados Unidos de 1 em 59 crianças
(aproximadamente 1,7%). Afirma também que o TEA influencia significativamente a vida das
crianças afetadas e de suas famílias, pela necessidade de diversos serviços educacionais, de
saúde e outros. Dessa forma, os prestadores de cuidados primários desempenham um papel
crítico no diagnóstico e tratamento do TEA.
Diante disso, ressalta-se a necessidade de compreender a complexidade e atuar de forma
adaptável de acordo com cada caso. Neste as estratégias desenvolvidas foram adaptadas para
o manejo com o paciente, a partir das necessidades encontradas nos relatos do próprio e de
seu responsável.

As crianças, da mesma forma que os adultos, têm sentimentos e emoções, porém, por
serem ainda imaturos, por estarem ainda iniciando a jornada que é a vida, expressam cada um
de formas confusas, pois não entendem do que se tratam. Sentem raiva, alegria, medo, entre
outras questões, que se torna necessário às vezes, uma intervenção profissional para orientar e
psicoeducar para ajudá-los a compreender e a lidar com cada uma dessas emoções.

Uma das estratégias utilizadas no caso foi justamente para ajudar nesse sentido de que, o
paciente por não compreender como lidar com sua raiva acabava machucando a si mesmo e
aos outros, a psicoeducação e as técnicas serviram com a ideia de que a criança reconhecesse
seus sentimentos e que o foco para o alívio desta, não fosse nele próprio ou em outras pessoas
que pudessem estar por perto.

O medo, a raiva, culpa, angústia entre outras, todas essas emoções são naturais do ser
humano e existem como forma de proteção do nosso corpo, que os sentimentos negativos
servem como forma de proteção e amadurecimento da pessoa, especialmente em crianças que
estão aprendendo sobre o mundo e si mesmas, que o papel do terapeuta é justamente entender
a origem dessa raiva, culpa, medo ou quaisquer emoções negativas e encaminhar a criança
para o entendimento desses sentimentos e de como lidar com eles, assim como ajudar os pais
a lidarem com as instabilidades e ajudarem ao filho, que a terapia, promove o
autoconhecimento e oferece visões diferentes para os problemas e formas de lidar com ele
(KIUCHI; FERRARI, 2019).

Um fator imprescindível é a participação dos pais no processo com o paciente, com


crianças de mais idade e na adolescência, considera-se este trabalho como interessante, sendo
um agente para fortalecer e trazer êxito acerca do processo, que ao estarem em participação,
os familiares e responsáveis podem assim praticar e efetivar diversas ações no recurso
terapêutico das crianças e adolescentes, sendo um deles o de facilitadores, nesse caso, a forma
de interferir é preponderantemente com foco no paciente e os responsáveis são incluídos
apenas para terem conhecimento acerca das intervenções, afirma ainda que pais ou outras
pessoas próximas podem, ter a função de pacientes na TCC, quando e essência da terapia
agiria de forma direta na funcionalidade cognitiva e do comportamento deles, para auxiliar na
reavaliação das suas concepções sobre seus filhos e a alterarem os próprios modelos de
comportamento (LINS; NEUFELD, 2021).

Algo que também foi essencial para a criação do vínculo entre o paciente e o terapeuta,
para que o processo terapêutico fluísse com êxito, foi trazer a ludicidade para o contexto. O
valor do lúdico na educação infantil tem sido um dos principais instrumentos que fomentam
um aprendizado de qualidade e diferenciado para a criança, a partir das técnicas que
promovem o desenvolvimento das habilidades fundamentais nesse processo de forma
dinâmica e eficaz. Há tempos atrás, pesquisadores e teóricos como Vygotsky e Piaget
estudaram acerca do processo de desenvolvimento infantil, definindo a importância da
presença do jogo na vida humana e demonstrando o quanto favorecem a aprendizagem, como
também no desenvolvimento e a convivência social do indivíduo. A importância de adotar o
lúdico, como prática no processo ensino-aprendizagem, possibilitando o estudo da relação da
criança com o seu cotidiano, sua rotina diária e de socialização, integrado a estudos
específicos sobre a importância dessas atividades na formação da personalidade do aprendiz
(MODESTO; SILVA; FUKUI, 2020). O que foi trazido então para a psicoeducação nos
atendimentos.

As atividades lúdicas são fundamentalmente significativas justamente por que


desenvolvem as capacidades de percepção, atenção, aprendizagem, memória e sensação
daqueles que são o público alvo. É através do lúdico que um terapeuta, por exemplo, pode
desenvolver atividades que sejam diferenciadas e criativas e que busquem uma maior
interação com a criança (DIAS, 2013).

Nessa interação o vínculo terapêutico pode ser criado e fortalecido, pois sem ele, o
processo terapêutico não ocorre, tendo em vista também a importância de uma comunicação
efetiva e uma vinculação afetiva entre o psicólogo e o paciente em questão, tornando possível
o alcance dos conteúdos nem sempre verbais e organizados que ela desenvolve sobre a sua
vida social e afetiva, das emoções expressadas de formas singulares e dos conflitos com os
quais ela vive dia após dia, mas não sabe lidar. Assim, a prática profissional do psicólogo na
intervenção com o público infantil deve ter em foco, levar em conta as especificidades na
percepção e expressão de si mesmo e do mundo que circunda a criança, utilizando então os
recursos lúdicos, de forma a suscitar em um contexto de diversão, expressão, compreensão e
manejo das cognições, emoções e comportamentos, para além de um local adequado
estruturalmente e de um profissional qualificado para atender a esse público
(CAVALCANTE; AQUINO, 2019).

O estudo tem então como objetivo geral construir conhecimentos científicos a respeito do
caso trazido, a partir da realidade vista e desenvolvida em prática, e como objetivos
específicos descrever e registrar os acontecimentos, desenvolver teorias e hipóteses de acordo
com pesquisa bibliográfica para assim compreender os fenômenos existentes com base na
exploração.
MÉTODO:

O trabalho científico a seguir trata-se de uma pesquisa qualitativa bibliográfica, de


cunho narrativo. Um estudo de caso realizado na Cliages, Clínica do Centro Universitário
Ages, localizada em Paripiranga- Bahia, o caso foi atendido pela estagiária com supervisões
em sala da Professora Catiele Reis e em campo com a psicóloga Talita Ribeiro, o atendimento
ao paciente ocorreu com a utilização da abordagem Terapia Cognitiva Comportamental
(TCC). O paciente em questão é do sexo masculino, possui 12 anos de idade já fazia
acompanhamento na Cliages.
A demanda é acerca do Transtorno Espectro Autista (TEA), para a coleta de
informações foi feita a anamnese com o pai e com o próprio paciente nos atendimentos
psicoterápicos, feitos uma vez por semana durante o período de três meses, iniciados em abril,
finalizados em junho de 2022. Com a escuta qualificada do pai e do adolescente em questão,
foram planejadas e trabalhadas técnicas da TCC para o processo de evolução do caso.
1. O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem como definição uma condição


comportamental em que a criança apresenta prejuízos ou alterações básicas em seu
comportamento, seja em interação social, problemas na comunicação, alterações na cognição
e presença de comportamentos repetitivos e estereotipados. Estas características surgem nos
primeiros anos de vida da criança (FREITAS; D’AVIS; BATISTA, 2022).
Considerada uma condição neurobiológica, de etiologia genética, o diagnóstico do
transtorno é clínico, com base em uma observação comportamental em detalhes da criança,
adolescente ou adulto juntamente a entrevista minuciosa com os pais ou responsáveis, ou com
o próprio autista, caso ele seja uma pessoa já adulta em busca de um diagnóstico tardio. É
muito importante que todos os profissionais que atendem pessoas com diagnóstico de TEA
sejam especialistas deste transtorno, pois esses devem conhecer especificamente as práticas
comportamentais baseadas em evidências científicas. Uma intervenção logo no início da vida,
ou seja, ainda quando criança e eficiente proporcionará ao autista um desenvolvimento
comportamental mais efetivo e consequentemente uma melhor qualidade de vida (FREITAS;
D’AVIS; BATISTA, 2022).
Utilizou-se o nome autismo pela primeira vez em 1911, por Eugene Bleuler para
designar a perda de contato com a realidade com dificuldade ou a não possibilidade de
comunicação relacionado à esquizofrenia. Em 1943 Leo Kanner teve a crença de ser uma
doença específica em 11 crianças, com quadro que caracterizou com isolamento extremo,
tendência à mesmice e estereotipias, determinando assim o transtorno que conhecemos hoje,
fazendo uso do termo de Bleuler considerando que essa junção de sinais tinha características
maiores de uma doença específica do que uma relativa a fenômenos da linha de esquizofrenia.
(SELLA; RIBEIRO, 2018).
A fama que o Dr. Kanner conseguiu, levou uma família à sua procura. A família de
Donald T, um garoto o qual, a partir dos dois anos de idade teve marcantes regressos em seu
desenvolvimento, como por exemplo uma falta de interesse em pessoas e objetos que
estivessem por perto, demonstrou agressividade quando sua rotina sofria alterações ou quando
alguma atividade era interrompida, bem como, a falta de respostas ao tentarem demonstrações
de afeto, também um isolamento maior a cada dia (EVÊNCIO; FERNANDES. 2019)..
Ao entrarem no consultório, Kanner identificou sinais peculiares na criança, como
isolamento social e interesse nele mesmo. Alguns testes foram feitos então, as observações e
registros do Dr. Kanner e de toda a sua equipe que mantinham o monitoramento do menino
afirmaram que Donald poderia de desenvolver potencialmente, ou seja, havia ali
possibilidades de avançar, mesmo frente a uma constatação da indiferença ao que lhe cercava,
mas que não seria possível encaixar o garoto em nenhum rótulo-padrão já conhecido, que seus
comportamentos eram a demonstração de algo misterioso que ele ainda não tinha sido capaz
de desvendar, dessa forma, permanecia a necessidade de continuar a investigação com mais
crianças com claro desenvolvimento comprometido da mesma forma que Donald (EVÊNCIO;
FERNANDES. 2019).
Assim, supervisionando ele examinou mais oito crianças o que permitiu a constatação
de que a principal diferença está na incapacidade dessas crianças, ainda na primeira infância,
no relacionamento com outras pessoas e com peculiaridade na linguagem. Os resultados das
investigações fizeram com que Kanner denominasse o quadro clínico como ‘Distúrbio Autista
de Cunho Afetivo’, com dois critérios para definir a síndrome autística: uma tendência a
manter-se solitário e uma necessidade de se haver e seguir uma rotina. (EVÊNCIO;
FERNANDES. 2019).
Entretanto, ainda prevalecia a questão para qual seria a causa do transtorno. Então, cheio
de um contexto histórico com várias formulações advindas da psicanálise que davam enfoque
em como se originou o mal-estar na forma equivocada de maternar, surge a teoria de se culpar
os pais, mas principalmente das mães, como possíveis causadoras do transtorno em seus
filhos. Tornou-se este então um dos contextos do TEA, que deixou efeito extremo não
somente na atualidade, mas que deixaram um impacto. Em reação a isso, logo após houveram
diversos protestos de familiares com intenso ressentimento por estarem sendo considerados os
motivos do transtorno por terem negligenciado algo, agindo com certa frieza ou não amando
seus filhos de forma suficiente ou adequadamente. (BIALER; VOLTOLINI. 2022).
Enquanto Kanner trabalhava de forma árdua para escrever seu famoso artigo de 1943,
outra descrição do TEA sem associação com a dele surgiu no mesmo lugar onde ele havia
nascido. Hans Asperger, outro austríaco, observou e avaliou crianças com o transtorno e usou
o termo “autismo” para descrevê-las (SEJAS, 2017). Asperger, responsável pela origem do
nome “distúrbio de Asperger”, um dos distúrbios do espectro do autismo, enxergou algo
nessas crianças que deu o nome de “psicopatia autista na infância”, ele chamava as mesmas
de “psicopatas autistas”, crianças que ainda sendo extremamente inteligentes e se de
expressarem bem com palavras, elas não costumavam fazer algum contato visual e eram
discriminadas e intimidadas no ambiente escolar, algumas demonstravam alguns distúrbios do
movimento, como por exemplo andando na ponta dos pés, as habilidades dos pacientes de
Asperger foram então descritas como de natureza puramente intelectual. (SEJAS, 2017).
No final dos anos 60, para o Grupo de Avanço da Psiquiatria (GAP, 1966). Incluía o TEA
no grupo das psicoses da primeira e segunda infância. Alterações do conceito de autismo se
desenvolveram a partir de Ritvo e Ornitz em 1976, que consideraram o transtorno como uma
síndrome relacionada a um déficit na cognição e não uma psicose, tornando justificável assim
pensá-lo como um transtorno do desenvolvimento. (SELLA; RIBEIRO, 2018).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é um livro editado
periodicamente pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), tendo sua utilização pelos
profissionais de saúde nos Estados Unidos - e em grande parte dos países do mundo - como
um fator norteador para se diagnosticar as condições neuropsiquiátricas. No DSM, estão
constados os critérios clínicos, sinais e sintomas que são necessários para o diagnosticar cada
transtorno mental, sendo um uniformizador de termos e conceitos para que os profissionais de
saúde ao redor do mundo possam utilizar. Além de sua aplicação na prática clínica no dia a
dia, o DSM também é importante para que pesquisadores possam compreender, de forma
mais precisa, os termos que são utilizados em pesquisas clínicas (LIBERALESSO;
LACERDA, 2020).
No DSM I o TEA surge como um sintoma da “Reação Esquizofrênica tipo Infantil”, nesta
categoria são classificados como reações psicóticas em crianças com manifestações autísticas.
Já no DSM II, a categoria segue classificada como “Esquizofrenia do tipo infantil”, para casos
nos quais os sintomas da esquizofrenia surgem antes da puberdade, manifestando por
comportamentos autista, atípico e retraído, imaturidade e forma inadequada de
desenvolvimento, seguindo assim o comportamento autístico como um sintoma da
esquizofrenia infantil (MAS, 2018).
Em 1980 surgiu o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Desorders III, o DSM III.
De grandiosa importância, este foi o DSM que mais teve destaque, definindo o TEA infantil
como uma desordem de desenvolvimento, assim deixando-o distante de estar associado a
esquizofrenia. O autismo, como chamado até então nessa época foi classificado como
abrangente em três domínios: falta de interação e resposta social, prejuízo em habilidades de
comunicar-se e repostas inadequadas a vários aspectos do ambiente, sendo tudo inicialmente
avaliado a partir dos 30 primeiros meses de vida (BAKER, 2013).
Em 1987 foi lançado o DSM III-R, este agregava uma definição com mais complexidade
da desordem autística, onde apresentou-se uma série de 16 critérios relacionados aos 3
domínios, dos quais 8 critérios são requeridos para a classificar o paciente com tal desordem.
Ainda no mesmo DSM III-R que foi apresentado um termo específico para indivíduos que
demonstravam alguns, mas não todos os sintomas da desordem, “Pervasive Developmental
Disorder, Not Otherwise Specified (PDD-NOS) ”. (BORGES; MOREIRA, 2018).
O DSM-IV (APA, 1994) apenas foi lançado em 1994, enquanto o DSM IV-TR foi feito
em 2000, os dois trouxeram um refinamento aos critérios para diagnosticar. Foram nestes
DSMs que o número de desordens de desenvolvimento aumentou para 5, incluindo Asperger,
Síndrome de Rett e Transtorno Desintegrativo da Infância. Embora a Síndrome de Rett e o
Transtorno Desintegrativo da Infância sejam inclusos na listagem do DSM-IV, eles não são de
fato considerados TEA, mas necessitam de avaliação no diagnóstico de cada criança por
compartilharem sinais na sintomatologia clínica. A Síndrome de Rett tem etiologia genética
conhecida – mutações no gene MeCP2, e o Transtorno Desintegrativo da Infância está
associado a transtornos metabólicos e neurológicos (BORGES; MOREIRA, 2018).
Em 2013 foi publicado o DSM-V (APA, 2013), com alterações drásticas nos critérios de
diagnóstico da TEA, trazendo uma alteração de 3 para 2 domínios afetados, sendo estes: 1 –
Inadequação em reciprocidade social e comunicativa e prejuízo na interação social; 2 –
Padrões comportamentais restritos e repetitivos. Neste DSM, Asperger foi removido das
desordens, bem como o PDD-NOS e o autismo clássico, gerando uma unificação de termos
onde a totalidade de quadros fenotípicos passa a ser referida como espectro autista, ou TEA
(Transtorno do Espectro Autista) (BORGES; MOREIRA, 2018).
Falamos de pacientes, crianças e não costuma-se observar a relação do TEA com os
gêneros. O diagnóstico de TEA é quatro vezes maior no sexo masculino do que no feminino.
As meninas correm um risco substancialmente maior de seu transtorno não ser diagnosticado,
e mesmo quando é identificado, elas recebem o diagnóstico ainda mais tarde do que homens.
Além disso, as mulheres requerem sintomas autistas mais graves e maiores problemas de
cognição e comportamento para atingir os critérios do transtorno (BARGIELA; STEWARD;
MANDY, 2016). Como os instrumentos de padrões diagnósticos são baseados nos critérios
previamente ditos, as avaliações em meninas podem levar a um resultado falso negativo,
dificultando ainda mais para identificar e tratar de forma eficaz tais pacientes (GUPTA;
CHAUDHARY, 2021).
Uma possibilidade proposta na busca da explicação dessa dificuldade para o diagnóstico
no sexo feminino é que existe uma manifestação feminina específica das dificuldades autistas
que acabam por não se encaixar perfeitamente nas conceptualizações masculinas. Há
evidências empíricas nas quais as mulheres com TEA demonstram maior motivação social,
maior capacidade para ter amigos como tradicionalmente acontece e menor propensão a
comportar-se com hiperatividade, impulsividade e problemas de conduta. Elas também são
mais vulneráveis a problemas de internalização, como ansiedade, depressão e transtornos
alimentares. E assim, pontuam consistentemente menos formas de comportamentos em
repetição e estereotipados nos questionários de diagnóstico. Acredita-se que uma
característica chave do fenótipo do autismo feminino é a capacidade de “camuflar” as
dificuldades em situações sociais (BARGIELA; STEWARD; MANDY, 2016).
O próprio nome, Transtorno do Espectro do Autismo já insere uma ideia de amplitude e
variedade, assim como o espectro da cor é uma decomposição da cor branca, o do TEA
também passa por uma variação de sintomas nas áreas de comunicação social e de interesses
com restrições e estereótipos. Pessoas diagnosticadas com TEA tendem a apresentar déficits
quando o assunto é interagir com seus familiares e amigos como, não se interessar no que
outras pessoas apresentam, dificuldade em relacionar-se socialmente, aproximar-se de forma
não natural, demonstrar pouco interesse em conversas e sentimentos dos outros, dificuldade
para entender uma comunicação feita de forma não verbalmente, dificuldade em adaptar-se a
diferentes situações, também demonstram interesses restritos e padrões com repetições como,
movimentos repetitivos, insistência em manter rotina, grande angústia com a mudança de tais,
hiper ou hiporreação a estímulos ambientais, estereotipias motoras, extremo apego a objetos,
sensibilidade a barulhos, alteração na sensibilidade a dores, entre outros. Mas levando em
conta a individualidade de cada pessoa de forma única, indivíduos com TEA tendem a
apresentar diferentes nuances acerca destas características descritas e não necessariamente
todas são demonstradas. (GAIATO, 2018).
Ainda que o termo “autismo” seja uma palavra única e com uma classificação diagnóstica,
ele não é uma condição de singularidade. Existe uma máxima no mundo do TEA que diz que,
se você conhece uma criança com o transtorno, você conhece um indivíduo com TEA. Posto
que os critérios de diagnósticos sejam suficientemente definitivos, uma imensa gama de
espectro de diferentes desafios e habilidades se englobam nesses critérios. Por exemplo, cada
criança com o transtorno do espectro autista (TEA) apresenta déficits sociais de alguma
forma, mas seu aspecto é muito diferente de criança para criança (BERNIER; DAWSON;
NIGG, 2021).
Na perspectiva escassa, emerge então uma recém adquirida descrição, com base no
conhecimento específico que se dedica a refletir interrogações acerca do cognitivo no
transtorno, sob uma concepção deficitária. Entretanto, o entendimento de que o TEA seria um
ponto de vista incompleto do que poderia ser algo normal, ampara uma descrição com base na
ciência do transtorno e que foi adequada em diversas direções do TEA enquanto
incapacidade. Iniciou-se a encontrar então uma visão oposta indiciada a princípio de pessoas
com o diagnóstico de TEA. A compreensão de que uma pessoa autista tem a possibilidade de
ter o que relatar acerca de si mesmo, de seu tratamento, e sobre o ambiente em que vive,
extravasou as divisas científicas, com impulso da internet, e com o enfoque voltado para de
filmes e blogs produzidos por pessoas autistas, estimulando assim a incluir os autistas em
questão nas discussões públicas sobre o transtorno, embora que ainda domine uma dificuldade
da sociedade com essa modificação. Por fim, o indivíduo com TEA, contrariando os objetivos
das bases científicas que quiseram delinear sua veracidade como deficiência, aparenta desejar
que sua verdade seja reconhecida como posição subjetiva. (BIALER; VOLTOLINI. 2022).
A prevalência do TEA é em torno de 1% a 2% de crianças e adolescentes em todo o
mundo, afetando mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de quatro meninos
para uma menina afetada. Tais dados são resultados de pesquisas feitas internacionalmente,
realizadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Segundo um vasto estudo publicado pelo CDC
- Center for Disease Control and Prevention (Centro de Controle e Prevenção de Doenças),
órgão do governo norte americano, dados alarmantes sobre a ocorrência do TEA tiveram
divulgação nos Estados Unidos. De acordo com uma pesquisa epidemiológica, na atualidade,
01 em cada 59 crianças encontram-se no espectro autista. Esses dados são resultado do estudo
de monitoração denominado Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network
(Rede de Monitoramento de Autismo e Transtornos do Desenvolvimento), realizado de dois
em dois anos, em que é estudada a prevalência do TEA em crianças com oito anos de idade
em onze estados em todo o país (GAIATO; TEIXEIRA, 2018).
Normalmente os familiares mais próximos são aqueles que notam inicialmente que há
algo diferente ocorrendo no sujeito com TEA. A partir disso, inicia-se uma busca por uma
assistência ou ajuda pelo fato de ser este um tempo de dúvidas que precede o
desenvolvimento para elaborar e formar o diagnóstico. Entretanto, vale destacar acerca da
relevância da maneira em que este diagnóstico é desenvolvido e comunicado aos pais das
crianças com TEA. No momento que o diagnóstico é comunicado, é importante dirigir aos
pais os recursos úteis, o que auxilia na sensação de que existe algo para fazer (SCHULMAN,
2002).
Entende-se que atualmente encontram-se poucas maneiras instrumentais para se realizar o
diagnóstico do indivíduo com suspeita de TEA e, ainda que com muitos estudos no âmbito,
não existe nenhum marcador biológico que possibilite um exame preciso para a confirmação
ou não desse diagnóstico. Outro fator considerável para se colocar em foco é a forma como
ocorrerá a comunicação do diagnóstico de TEA para a família e responsáveis. É um
processamento delicado, que traz a promoção de uma perspectiva única aos profissionais em
demonstrarem uma concordância de confiança com para com estes, e para que possam
elaborar o diagnóstico de forma mais coerente possível e menos estressante (BOSA;
SEMENSATO, 2013).
Aos pais fica a incumbência de buscar a compreensão, enfim, das reais carências do seu
filho e aceitar essencialmente suas diferenças, para que possam ignorar o medo de serem
inadequados, buscando ajuda e informações a respeito das suas circunstâncias. Dessa forma, o
quanto antes a criança tiver o diagnóstico e o tratamento necessários, mais altas serão as
chances de seu desenvolvimento ocorrer da melhor forma possível. Entretanto, existem
momentos em que na prática sabe-se que não ocorre de modo apropriado (ONZI; GOMES,
2015).
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), demanda uma reorganização
completa da família, a ser realizada de acordo com os recursos que a mesma tiver à
disposição, e com a rede de apoio em disponibilidade. Os pais também vivenciam a ruptura de
um considerado “filho ideal”, um processo que desencadeia diversos sentimentos. São várias
as intervenções destinadas a essas famílias que passam por tal situação, mas a maioria não
tem como preocupação ou foco o desenvolvimento dos pais, suas emoções, aceitação, saúde
mental e etc. (CRUZ; MINETTO; WEBER, 2019).
A dita idealização de uma criança como um “filho ideal” está relacionada a três
dimensões, são elas: a estética, competências e futuro. Dada a essa ruptura a partir de um
diagnóstico como o de TEA, é de extrema importância que a família possa reidealizar esta
criança com deficiência para que, ao olhar para ela, possa se relacionar com a criança que
existe verdadeiramente, possibilitando um melhor relacionamento familiar, e ajudando no
processo de desenvolvimento da criança (FRANCO, 2015).
Como não existe uma cura para o Transtorno do Espectro Autista, a procura pelo
tratamento característico carrega em si, no entanto, a relevância de aplacar os déficits
discorridos, pois, alguns tratamentos possivelmente tem mais eficácia para uns e menos para
outros, pelo motivo de que cada autista apresenta um grau de desenvolvimento distinto do
outro. Entretanto, no que se remete ao tratamento, a psicoterapia do comportamento é a mais
recomendada em conjunto com o processo de condicionamento que torna mais fácil as
precauções com o autista, deixando-o com uma melhor estrutura, emocionalmente e de forma
mais organizada (SANTOS, 2008).
A partir dessa abordagem, foram instauradas algumas políticas públicas, embora tardias,
feitas para garantir direitos básicos para esses indivíduos, uma delas foi a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo. E a Lei nº12.764,
que para fins legais de se ter acesso aos atendimentos em saúde pública, através do SUS
(Sistema Único de Saúde), equipararam as pessoas autistas à população com deficiência,
permitindo usufruir dos mesmos direitos. Além disso, destacam-se ainda dois enormes
avanços no inciso III, que garantem o acesso ao diagnóstico precoce e ao atendimento
multiprofissional, assim como o inciso IV, que viabiliza o acesso educacional, profissional, a
inserção no mercado de trabalho, o direito a previdência e assistência social (EVANGELHO;
et. al. 2021).
No Brasil, um dos programas pioneiros na área de práticas educativas com pais,
responsáveis e a família em si, é o Programa de Qualidade na Interação Familiar (PQIF). O
PQIF é um programa vivencial e com modelo chamado de “universal”, ou seja, utilizado para
todas as famílias. Este tem como objetivo ampliar o repertório de comportamentos dos pais no
que diz respeito à interação tida com filhos. Seu valor em eficácia foi comprovado a partir de
análise quantitativa e qualitativa de diferentes grupos de pais que fizeram parte do programa
(WEBER; SALVADOR; BRANDENBURG, 2006)
A seguir, estrutura da adaptação do Programa de Qualidade na Interação Familiar
(WEBER; SALVADOR; BRANDENBURG, 2019).

PQIF (WABER;
SALVADOR;
PQIF ADAPTADO PARA FAMÍLIAS COM FILHOS COM TEA
BRANDENBURG,
2018).

Vida Familiar e Vida Familiar e


Aprendizagem de Aprendizagem de Características do Re-idealização
Comportamento. Comportamento TEA

Regras e Valores Regras e Valores Características do


TEA

Manejos de
Real Versus Ideal
Comportamentos
Desejados Re-idealização

Competências
Manejo de
Comportamentos
Indesejados
Manejo de
Características
Comportamentos
do TEA
Indesejados
Vínculo Afetivo e
Envolvimento
Vínculo Afetivo e
Envolvimento Características Re-idealização
Voltando no Tempo do TEA

Autoconhecimento e
Autoconhecimento e
Modelo
Modelo

Revisão e Voltando no Tempo


Encerramento

Revisão e
Re-idealização
Encerramento

O Programa PQIF foi pensado e construído baseado em pesquisas realizadas para a


elaboração do instrumento EQIF (Escalas de Qualidade de Interação Familiar), e
posteriormente foi sendo melhorado a partir de revisões teóricas de produção científica sobre
treinamento de pais. Também houveram confecções de materiais didáticos, como
transparências, cartilhas e/ou apostilas e fitas de vídeo. O contato com os pais e mães que
participariam do estudo para criação e aperfeiçoamento do método foi feito através de escolas
públicas e particulares, bem como através de propagandas na mídia como o rádio e a
televisão. Dessa forma, grupos foram realizados em diferentes épocas do ano. Houve coleta
de dados comportamentais e verbais durante a realização dos grupos e no último dia uma
ficha de avaliação final anônima para preservar as identidades de cada um (WEBER;
SALVADOR; BRANDENBURG, 2006).
É um programa que teve validação para ser utilizado em pais com crianças de até 12 anos,
e os resultados mostram que algumas inclusões de vivências específicas para pais de crianças
diagnosticadas com TEA foram de grande importância. Aqueles que participaram sinalizaram
que, estar em meio às atividades vivenciais que tinham como objetivo promover o
autoconhecimento de aprendizagem, de como manejar a vida familiar, teve bastante
significado para uma mudança pessoal. A possibilidade de estar compartilhando opiniões sem
preocupação com o fato de ser julgado, mas sim com situações de acolhimento, foi colocada
como uma característica essencial para se aderir e se envolver com o que estava sendo
proposto pelo programa. Elas também falaram sobre a importância de se haver ali um tempo
dedicado à individualidade para si mesmos, apesar da sobrecarga vivida, de funções e tarefas
diárias, ressaltando como é importante praticar o autocuidado (CRUZ, Et. al. 2022).
Estudos específicos feitos com famílias que possuem filhos com diagnóstico de TEA
mostram que, na reorganização familiar, a criança com TEA assume o centro da família, de
modo que as atividades de rotina e as demais, acontecem a partir das atividades e
necessidades dessa criança (MACHADO et al., 2018). Nota-se especialmente uma mudança
no papel materno, que é o membro familiar que com mais frequência deixa de trabalhar em
outros ambientes para destinar praticamente toda atenção à criança e se torna a principal
responsável pelos cuidados de vida dia após dia, pelo transtorno e por acompanhá-la nos
serviços de saúde e ambientes escolares (SIFUENTES; BOSA, 2010; MACHADO et al.,
2018; MAPELLI et al. 2018).
Nos últimos anos a preocupação existente com as famílias de crianças que possuem
deficiência tem diferenciado a forma como os serviços destinados a esse público em especial
funcionam e propõem as intervenções. A compreensão com a saúde mental dos pais e a
forma como estes compreendem suas funções parentais, a educação dos filhos e o próprio
filho em si, influenciam diretamente na forma como a relação parental acontece e interfere na
escolha por determinadas práticas educativas, de modo que cuidar do desenvolvimento e da
saúde mental dos pais é também cuidar do desenvolvimento e da saúde mental dos filhos
(BONATO; MINETTO; WEBER, 2019).

2. A TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

A Terapia Cognitivo-Comportamental apresenta conceitos provenientes de duas


abordagens, a comportamental e a cognitiva (BAHLS; NAVOLAR, 2004). A teoria
comportamental, como seu nome sugere, tem como campo de estudo o comportamento
humano que, de acordo com a teoria, está em função das circunstâncias ambientais; sua
desenvolução propiciou conhecimento sobre as regras gerais do comportamento humano
permitindo uma maior previsão do mesmo (DE SÁ BARBOSA; TERROSO; DE LIMA
ARGIMON, 2014; BAHLS; NAVOLAR, 2004).
Os estudos na área se desenvolveram a partir dos experimentos e afirmações da teoria
pavloviana, a qual apresenta o Comportamento Respondente, como aquele onde uma
Resposta específica é emitida através de um estímulo específico; e o Condicionamento
Clássico, que consiste em associar o pareamento de estímulos incondicionados com estímulos
neutros, e através deste mecanismo ocasiona uma Resposta condicionada específica (BAHLS;
NAVOLAR, 2004).
Nesta linha, a definição de estímulo (S) é algo que influencie de forma direta no
comportamento de um indivíduo e proporcione uma Resposta (R) específica; no
Condicionamento Clássico existem dois tipos S, que por sua vez, geram dois tipos de
Respostas diferentes (PAPALIA, 2007). O estímulo incondicionado é aquele que não
necessita de um aprendizado para produzir uma Reposta, que neste caso, é uma resposta
incondicionada, pois é inata; já o estímulo condicionado produz uma Resposta apenas após
ser pareado com um incondicionado e esta Resposta também é condicionada pelo mesmo
motivo (PAPALIA, 2007).
Ivan Pavlov (1849-1936), ao perceber que os cachorros salivavam toda vez que
ouviam os passos do seu assistente levando comida para eles, motivou-se a iniciar um estudo
acerca, desse modo, deu início a um experimento (PAPALIA, 2007). O estudo consistia em
tocar um sino toda vez em que o S, ou seja, a comida, fosse apresentado, com o objetivo de
associar a Resposta desejada, aqui no caso, salivar (PAPALIA, 2007). Com o passar do
tempo, após os cachorros associarem o som a comida, o pesquisador parou de apresentar o
estímulo incondicionado, mas os cachorros ainda salivavam ao ouvir o sino, ou seja, Pavlov
havia condicionado a Resposta salivar com o S neutro do sino, realizando assim o
Condicionamento Clássico (PAPALIA, 2007).
Tais constatações abriram caminho para que John B. Watson (1878-1958)
desenvolvesse o Behaviorismo Metodológico, onde afirma que as teorias psicológicas tinham
como dever explicar as relações S-R apenas nos campos observáveis, pois estas poderiam ser
comprovadas cientificamente e assim promover consenso entre os psicólogos (MOORE,
2018). Considera que tudo que envolvesse causas mentais deveria ser abordada em outros
campos, como a religião e a filosofia, pois estas não estão sujeitas a comprovação cientifica
através da observação (MOORE, 2018). Em resumo, acredita que as relações do indivíduo
não são originarias de aspectos internos, mas sim do mundo físico e que a experimentação
científica é a base da procura pela verdade, pelo real; suas ideias receberam muitos
defensores, mas começou a ser impopular após os anos 30 (MOORE, 2018; DE SÁ
BARBOSA; TERROSO; DE LIMA ARGIMON, 2014).
Burrhus F. Skinner (1904-1990) também desenvolve uma teoria a partir dos trabalhos
de Pavlov, denominada por ele como Behaviorismo Radical, onde a averiguação deve ser
pautada no entendimento do objeto analisado e não na busca pela verdade, faz pesquisas
relacionadas ao âmbito mental além de observar os comportamentos apresentados tanto por
humanos como por animais e como as Respostas podem ser alteradas com a presença do S e
suas consequências, utilizando Condicionamento Operante (CO) por meio do esquema
Estímulo-Comportamento-Consequência (S-R-C); (DE SÁ BARBOSA; TERROSO; DE
LIMA ARGIMON, 2014).
No Behaviorismo Radical reforça-se a ideia de que o sentimento e o pensamento
fazem parte dos comportamentos, por este motivo, uma categorização específica para os
eventos do âmbito mental seria desnecessária (DE SÁ BARBOSA; TERROSO; DE LIMA
ARGIMON, 2014). visto que, o criador considera que basta estudar tanto os comportamentos
privados e restritos a percepção do sujeito, assim como os comportamentos públicos de uma
forma conjunta, sendo suficiente para a compreensão acerca da análise comportamental (DE
SÁ BARBOSA; TERROSO; DE LIMA ARGIMON, 2014).
Nesta teoria, a concepção do termo “Condicionamento” transmite a noção de que o
comportamento é voltívolo, já que a ação tomada voluntariamente pelo indivíduo modifica o
ambiente, sujeitando o sujeito a enfrentar as consequências que estas ações acarretam
aversivas (BAHLS; NAVOLAR, 2004). Este processo recebe o nome de comportamento
operante, a possibilidade deste comportamento se repetir vai depender dos resultados das
ações produzidas, podendo ser reforçadoras e aumentar a sua frequência ou aversivas e
diminuir a chance de repetição (BAHLS; NAVOLAR, 2004).
Na presença de um resultado reforçador o comportamento tem uma maior chance de
repetir-se, sendo muito frequente no CO e pode se apresentar de forma contínua e
ininterrupta, ocorrendo toda vez que o estímulo é apresentado; assim como também pode
mostrar-se de maneira intermitente, ou seja, por vezes o reforço acontece e por vezes não,
para Skinner o comportamento tem maior probabilidade de repetição quando submetido a este
esquema de reforço (BAHLS; NAVOLAR, 2004). Dentro do CO pode-se usar a técnica de
modelagem, nesta o repertório comportamental do sujeito é alterado progressivamente por
meio dos sistemas de reforços que se aproximam do comportamento resultante desejado
(BAHLS; NAVOLAR, 2004).
No caso em que o S gera consequências aversivas também há a produção de
comportamentos, como no caso da Punição, na qual ou o estímulo reforçador é cortado
mediante uma Resposta específica, ou no surgimento de um estímulo aversivo de fato; para o
comportamentalista, esta prática não é a mais indicada se o objetivo é a extração do
comportamento, pois só diminui a probabilidade de o comportamento acontecer de novo de
forma provisória, já que na ausência do agente punitivo existe a possibilidade do
comportamento voltar a acontecer (BAHLS; NAVOLAR, 2004).
Desse modo, Beck através das suas descobertas, começou a desenvolver uma visão
diferenciada de alguns pontos em comparação ao Behaviorismo de Watson e Skinner, pois
concluiu que a análise do sujeito deve ser para além da comportamental, pois o cognitivo não
poderia ser descartado, já que os resultados dos seus experimentos demonstravam como o
cognitivo também influencia o sujeito (BECK, 1997). Logo, pela divergência de pensamento
neste, surgiu a necessidade do desenvolvimento de uma nova teoria que explicasse seu
entendimento acerca, assim foi criada a Terapia Cognitiva Comportamental, no início da
década (BECK, 1997).
A TCC é uma psicoterapia estruturada que se caracteriza por uma durabilidade breve e
inclinação no agora, por resolver os conflitos presencialmente notáveis e por alterar tantos os
comportamentos, como os pensamentos disfuncionais do sujeito (BECK, 2013). Em sua
teoria, Beck traz que a depressão consiste nos pensamentos disfuncionais que ocasionam uma
modificação nos comportamentos, ou seja, uma pessoa muito melancólica ao enfrentar algum
imprevisto, automaticamente manifesta-se a negatividade a respeito de si mesmo, gerando um
comportamento inútil que afasta toda positividade e expectativas de futuro (BECK, 1997).
Para o combate à depressão a TCC mostra-se muito satisfatória, visto que há uma
atenção no amparo aos pacientes na busca pela solução para os problemas, utilizando uma
psicoeducação no paciente a fim de permitir que eles próprios consigam se tornar
comportalmente ativos e que possam perceber quando estão tendo um pensamento
disfuncional, identificando e partindo para uma avaliação e resposta acerca esta ideia por
conta própria, possibilitando uma maior independência do sujeito (BECK, 2013).
Não demorou muito para que esta linha de raciocínio fosse passada também para o
quesito ansiedade e em 1970 Beck entre outros estudiosos, deram início aos estudos na área,
mas notaram que seria preciso uma outra dinâmica cognitiva para atingir o objetivo final, ou
seja, uma melhora no quadro clínico (BECK, 2013). Por serem quadros diferentes, a
ansiedade e a depressão ocasionam necessidades distintas, pois enquanto a depressão
apresenta queda no sentimento de capacidade e/ou suficiência, na ansiedade o indivíduo
demonstra o aumento do medo frente ao risco que determinadas ações oferecem (BECK,
1997).
Diante disto, as necessidades de um ansioso é avaliar de uma maneira mais racional
estes perigos que os eventos temidos oferecem para ele, incluindo e melhorando os fatores
tanto internos como externos; outra demanda é a diminuição do comportamento de fuga,
assim como o enfrentamento dos acontecimentos que geram o temor de forma gradativa,
preparando e acostumando-se com o estímulo aversivo até que ele deixe de causar repulsa
(BECK, 2013). Estudos científicos comprovaram a eficácia desta matriz na melhora dos
sintomas dos pacientes com transtornos de ansiedade, e o modelo de atendimento sobre a
teoria segue sendo constantemente aprimorado a fim de atender os diferentes tipos de
transtornos de ansiedade (CARK; BECK, 2010 apud BECK, 2013).
O Psicanalista Aaron T. Back, no início de 1950, buscava desenvolver estudos e
experimentos que validassem a psicanálise, porém ao final desta década e início da seguinte,
diante dos resultados obtidos em tais experimentos, ele foi levado a buscar algo que
explicasse o transtorno depressivo, identificando assim cognições negativas e distorcidas
especialmente em pensamentos e crenças como particularidades iniciais da depressão,
desenvolvendo assim um tratamento que ocorria em um curto período, com a finalidade de
testar a veracidade das ideias depressivas do paciente, sendo ela uma prática psicoterápica
com estrutura, voltada para o presente ela se direciona para a resolução de questões atuais e
trabalha modificando pensamentos e aspectos comportamentais em disfunção, ou seja, que
não são adequados ou úteis (BECK, 2013).
Aaron Beck em seus primeiros anos como médico psiquiatra notou em seus pacientes
ideias disfuncionais como incapacidade, insuficiência dentre outros, e os denominou
“pensamentos automáticos”, que geravam comportamentos depressivos, ao observar esse
fenômeno interessou-se pela psicanálise buscando desenvolver estudos e experimentos que
validassem a mesma, a fim de solucionar os comportamentos identificados por ele, porém
houve um descontentamento diante dos resultados obtidos (DOS SANTOS CARDOSO,
1995).
Diante disso buscou algo que explicasse o transtorno depressivo, identificando assim
cognições negativas e distorcidas, especialmente em pensamentos e crenças como
particularidades iniciais da depressão. De acordo com CID-10 (1993), F32, episódios
depressivos apresentam, energia diminuída, fadiga, ausência de interesse e questões de
autoestima que acarretam os pensamentos automáticos citados anteriormente.
Com essas características Beck notou que os pacientes depressivos e seus pensamentos
negativos eram mais recorrentes sobre a opinião de si mesmos e do mundo para eles,
refletindo nos comportamentos, e isso era ignorado, não tendo uma atenção relevante nas
outras teorias, tornando-se assim o foco principal da TCC (LÓSS; et al, 2019).
A fim de solucionar as problemáticas aprontadas por ele, Beck criou manejos do
procedimento cognitivo comportamental sustentados na compreensão mental feitos através
das táticas comportamentais, junto com os seus conceitos para identificar certo distúrbio; e da
conceptualização cognitiva, que tem como base as visões construídas dos mapeamentos com
as informações colhidas de cada indivíduo, assim possibilitando uma intervenção centralizada
nas demandas do sujeito (LÓSS; et al, 2019).
Iniciou-se então uma conjunção entre os estudantes e Beck, comprovando o êxito em
relação as técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), e esta nova forma abrangeu
vários transtornos e problemas, alterando não só o tempo de duração do tratamento, mas
também as técnicas utilizadas, com base em conceituar e compreender cada paciente e suas
especificidades, como as suas crenças, seus valores e comportamentos acerca das demandas
abordadas (LÓSS; et al, 2019).
A súbita melhora dos pacientes chamou a atenção e logo uma pesquisa científica foi
iniciada a fim de comprovar a eficácia da técnica, o ensaio clínico foi aplicado sobre pacientes
depressivos e em 1977 evidenciou como a Terapia Cognitiva tinha efeitos comparado ao uso
de um popular antidepressivo da época, sendo esta a primeira vez que em que a psicologia foi
equiparada a uma medicação (BECK, 2013).
Desenvolvendo assim um tratamento que ocorria em um curto período, com a finalidade
de testar a veracidade das ideias depressivas do paciente, sendo ela uma prática psicoterápica
com estrutura, voltada para o presente ela se direciona para a resolução de questões atuais e
trabalha modificando pensamentos e aspectos comportamentais em disfunção, ou seja, que
não são adequados ou úteis (BECK, 2013).
Esta nova forma abrangeu vários transtornos e problemas, alterando não só o tempo de
duração do tratamento mas também as técnicas utilizadas, com base em conceituar e
compreender cada paciente e suas especificidades, como a sua crença, seus valores e
comportamentos acerca das demandas abordadas.
A Terapia Cognitiva Comportamental hoje em dia é muita utilizada pelos psicólogos em
diversas áreas e seu desenvolvimento tem concepções empíricas, atravessou por vários
teóricos cada um dando suas contribuições ampliando-se em 3 ondas, a primeira onda tem
base nos estudos de Pavlov, percebeu um fato curioso que os cachorros salivavam toda vez
que viam o seu assistente levando comida a boca, assim ele iniciou o estudo relacionado o
estimulo da comida com o sino esses cachorros a toda vez que o sino fosse tocado o som faça-
os salivar com determinado tempo os cachorros já estavam condicionados a salivar só de
ouvir o som mesmo sem vê a comida, trocando o estimulo da comida para o sino e tendo
como resposta a salivação, assim foi criado o condicionamento clássico (PAPALIA, 2007).

O estimulo é o que quer que seja capaz de persuadir diretamente para modificar um
comportamento e proporcionar uma resposta especifica, no condicionamento clássico há dois
tipos de estímulos, o incondicionado não atribui nenhum aprendizado só há resposta como foi
para os cachorros a comida antes da experiência a resposta incondicionado é um reflexo inato
ao estimulo, ou seja, a saliva quando viu a comida indo para a boca; já o estimulo
condicionado obtém a capacidade de fornecer uma resposta que foi o som depois da
associação e a resposta condicionada é a resposta do estimulo condicionado, ou seja, a
salivação após ter tocado o sino (PAPALIA, 2007).
Skinner, criador do behaviorismo através das experiências de Pavlov, objeta as
pesquisas referentes a mente, em seus estudos está na observação dos comportamentos seja
animal ou humano e suas ações podem ser modificada com estímulos, além de ter usado o
condicionamento clássico, Skinner se aprofundou na teoria de Thorndike o condicionamento
operante seu aspecto diz que o aprendizado está conectado com as consequências das suas
ações
A forma com que os indivíduos compreendem e organizam os fatos que ocorrem tem
grande influência nos seus sentimentos e comportamentos. Dessa forma, o principal alvo da
Terapia Cognitiva Comportamental tem sido o de reestruturação e correção de pensamentos
considerados disfuncionais e, em conjunto com o paciente, buscar o desenvolvimento de
estratégias para alterar e melhorar de transtornos de ordem emocional (KNAPP; BECK,
2008). Os pensamentos automáticos que ocorrem na mente das pessoas em forma de palavras
ou imagens, acabam por representar um nível superficial do campo cognitivo (BECK, 2013).
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma das abordagens que demonstrou ter
forma mais efetiva ao tratar de diferentes psicopatologias, como por exemplo o Transtorno
Depressivo Maior (TDM). Por destacar-se em um foco psicoeducacional, a TCC oferta aos
pacientes a prerrogativa de aprender a identificação de padrões cognitivos e do
comportamento, possibilitando alterações de forma gradativa e duradoura, fazendo com que
estes se tornem pessoas com maior autonomia e proporcionando assim uma melhor qualidade
de vida.
Para que se haja um avanço gradativo e efetivo do processo terapêutico pela TCC é
imprescindível estabelecer o repport, um sentimento de que se pode confiar no terapeuta,
estabelecido desde a primeira sessão com o paciente. A confiabilidade e a reciprocidade
assertiva entre terapeuta e paciente estão ligadas de forma direta ao que se resultada
favoravelmente no tratamento de seja qual for o transtorno (BECK, 2013). A TCC tem como
um dos objetivos iniciais o planejamento do tratamento, em vista que grande parte dos
pacientes sentem-se de forma mais confortavelmente em saber como se dará o
desenvolvimento dos atendimentos no decorrer do processo terapêutico. Necessita-se então
que o paciente tenha este entendimento de forma evidente acerca de como irá ocorrer seu
tratamento (BECK, 2013).
A terapia cognitiva tem como subsídio o preceito de que o desenvolvimento das pessoas
em si, estão ligados ao modo de se relacionar o cognitivo, as emoções e o comportamento. Ela
defende a teoria de que não considera-se o acontecimento gerador de emoção e por
consequência o comportamento, mas no modo como se faz a interpretação do ocorrido, sendo
essa uma singularidade individual (KNAPP, 2004).
Para se tratar o TEA, além das intervenções feitas com medicamentos, a Terapia
Cognitiva Comportamental é considerada padrão ouro por estabelecer um planejamento
individual, onde são utilizados como os principais instrumentos os sistemas de reforçamento,
condicionamento e levantamento cauteloso dos critérios que tenham relação aos
comportamentos desejáveis ou não do paciente (BRITO; et. al., 2021). Considera-se a
introdução da TCC como uma forma de tratamento mais integralizada, já que tal método
possibilita um avanço no âmbito das doenças mentais, tanto aquelas com aspectos cognitivos
quanto comportamentais. Sendo a primeira enfatizando e compreendendo o pensamento, as
atitudes, os sentimentos, as relações com a família e o modo de interpretação do mundo,
quando a segunda ocupa-se em trabalhar uma modificação com maior eficácia no
comportamento (CONSOLINI; LOPES; LOPES, 2019).
A TCC traz formas com que, a criança e seus responsáveis, familiares durante a terapia,
tenham como fazer o uso em seu próprio benefício. Nela utilizam-se estratégias com o
objetivo de resguardar os resultados atingidos no processo terapêutico, assim como também
de aplicá-las em obstáculos futuros que possam ocorrer (PIRES; SOUZA, 2013). Ela é uma
junção de atribuições que cooperam para tratar das doenças mentais, dessa forma, suas
metodologias e conceitos procedem principalmente de duas abordagens: a comportamental e a
cognitiva, as quais serão avaliadas a partir do movimento integrador na psicologia que
resultou nas chamadas terapias cognitivo-comportamentais (GOMES; COELHO;
MICCIONE, 2016). As técnicas com grande utilização para intervir na terapia com pacientes
diagnosticados com TEA são: Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com
Distúrbios Correlatados da Comunicação (TEACCH); Análise Aplicada do Comportamento
(ABA); Sistema de Comunicação Através da Troca de Figuras (PECS); Integração Auditiva
(AIT); Integração Sensorial (SI) e por fim, Relation Play (PIRES; SOUZA, 2013).
O TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios
Correlatados da Comunicação), é comumente utilizado na atualidade por ser um método com
base em organizar o ambiente físico por meio de conjuntos de trabalho e rotinas, com a
adaptação desse ambiente, para trazer uma facilidade maior de se compreender para o
paciente, bem como para que ele possa perceber o que se espera dele. Através das atividades
da criança e da organização do ambiente, essa técnica tem como objetivo trazer um modo
independente de a criança desenvolver habilidades de convivência social da criança, de forma
que ainda que se necessite de alguém para orientar acerca da aprendizagem, também seja
possível para ela, de maneira autônoma, possa estar empregando em parte relevante do seu
tempo nas atividades organizadas em painéis, quadros ou agendas. (PIRES; SOUZA, 2013)
O PECS (Sistema de Comunicação Através da Troca de Figuras), foi planejado com o
intuito de auxiliar pacientes com distúrbios no desenvolvimento, abrangendo autistas, para
que estes possam adquirir habilidades em se comunicar. A prioridade é dada para os pacientes
com diagnóstico de TEA que não atingem a comunicação ou se comunicam com pouca
eficácia. A técnica constitui-se em aplicar um seguimento de seis passos, onde existe a
utilização de um material composto por cartões e figurinhas que representam objetos e
circunstâncias que a criança pode utilizar como forma de demonstrar aquilo que quer. Isso
expande o conjunto de comportamentos da criança e auxilia como forma de instrumento para
comunicação, logo ela não possua o desempenho verbal aguardado para se haver uma
interação social. Tem o objetivo de auxiliar o paciente a compreender que, estabelecendo
comunicação, ou algum tipo de contato, que ele pode alcançar aquilo que almeja mais
rapidamente e de forma efetiva, estimulando assim, a busca para se comunicar com uma
maior regularidade (PIRES; SOUZA, 2013).
Na AIT (Integração Auditiva), é coloca-se para a criança ouvir uma música em um fone
de ouvido, com alta frequência de som emitido através de filtros, em dois intervalos por meia
hora a cada noite, durante o período de dez dias. O intuito é que a ação ajude com o costume
para ouvir barulhos de intensidade em meio a sociedade (PIRES; SOUZA, 2013).
A SI (Integração Sensorial), é um método que tem por objetivo incluir os conhecimentos
que apresentam-se ao físico da criança, por meio de brincadeiras que envolvem o equilíbrio,
sensações de tato e as movimentações, visando a organizar e compreender certas sensações.
O “Relation Play” é uma técnica que visa desenvolver o autoconhecimento da criança por
meio da conscientização acerca de seu corpo e do espaço à sua volta, com a utilização de
movimentos conscientes. (PIRES; SOUZA, 2013)
E a ABA (Análise Aplicada do Comportamento), a técnica mais reconhecida e aplicada na
atualidade, constitui-se em um tratamento de comportamento. Objetiva instruir à criança,
aptidões que ela não detém, por meio de introduzir em passos novas capacidades.
Normalmente, cada uma é instruída, de modo particular, articulando-a a uma indicação ou
orientação. No momento oportuno, pode-se ofertar algum tipo de auxílio para a criança, mas
este logo que possível deve ser retirado, de modo que a criança não se torne dependente. O
retorno propício do paciente tem como consequência o acontecimento de alguma coisa que
seja prazerosa para ele, isso quer dizer que, considera-se como uma recompensa. Dessa forma,
quando isto acontece de modo constante, o paciente tem a tendência de permanecer
reproduzindo tal retorno, até que este comportamento se torna parte do seu repertório. É
necessário fazer desta aprendizagem uma coisa que flua agradavelmente para a criança,
ensinando-a a perceber diferentes incentivos (CARAMICOLI, 2013).
Além disso, outra coisa importante para um bom pressuposto acerca destes pacientes é
que sua família, pais ou cuidadores se dediquem ao auxílio do tratamento. Pois as dificuldades
que transpassam a criança diagnosticada com TEA, não devem ser desvinculados a estes. Esta
é uma parte que integra a conduta, uma vez que são estas pessoas que detém da maior parte do
tempo e da rotina diária com eles. Nota-se ainda que o comportamento destas distinguem de
quando são tratadas em consultório e no ambiente do lar. Alguns comportamentos só
poderiam ser observados no ambiente doméstico. Assim, a participação dos pais para
corroborar com o processo tornou-se essencial para melhorar a continuidade terapêutica
destas crianças. (CARAMICOLI, 2013)
Para mais, de todas estas técnicas, estão disponíveis atualmente várias outras que a cada
dia procuram constantemente ter um impacto positivo quando se refere a trazer mais bem-
estar para a vida das pessoas diagnosticadas com TEA. Onde a TCC se mostra eficaz e
diversificada no que se refere às técnicas, métodos, estratégias e intervenções, deixando a
escolha para cada profissional da saúde qual a atuação e o proceder mais satisfatório (BRITO
et al., 2021).

3. CASO SESSÃO POR SESSÃO

O paciente em questão que será citado aqui foi atendido na Clínica Interdisciplinar da
Faculdade Ages (CliAges), em Paripiranga – BA, por uma acadêmica do 9º período do curso
de Psicologia com base na abordagem TCC (Terapia Cognitiva Comportamental),
considerada padrão ouro para o tratamento do transtorno que será apresentado, além das
intervenções medicamentosas (BRITO, et al. 2021)
Identificado no estudo como “paciente H” e seu pai como “senhor B” para que seus nomes
sejam preservados com base na ética profissional do psicólogo, que envolvem o sigilo e a
confidencialidade com base no artigo 9º do código de ética que traz sobre o dever que
o psicólogo tem de respeitar o sigilo profissional para proteger, por meio da
confidencialidade, a intimidade dos clientes/ pacientes, grupos ou organizações, as quais se
tenha acesso exercendo a profissão (CFP, 2015). Em ressalva a este local, por tratar-se de uma
Clínica escola, os responsáveis e pacientes autorizam legalmente a utilização de seus casos e
relatos para supervisões com orientadores, relatórios e estudos, mantendo o sigilo de seus
dados pessoais como nome, telefone, endereço, documentos e etc.
O paciente H tem 12 anos, com diagnóstico de TEA em grau 1, foi encaminhado para a
Clínica Interdisciplinar da Faculdade Ages (CliAges), pela sua professora da escola, para
acompanhamento e psicoterapia feita com os estagiários em formação da própria faculdade,
esta não era a sua primeira vez no local, em decorrência de seu diagnóstico e de seu
comportamento, ele já havia feito alguns atendimentos na clínica, segundo a supervisora
responsável pelo local que também fez algumas afirmações acerca do que já conhecia sobre
seu comportamento e contexto familiar.
Em vista que seus pais são separados, e a mãe, diagnosticada com esclerose múltipla, não
possui condições de ter os cuidados especiais necessários à criança, esta fica então aos
cuidados de seu pai, senhor B. Sua irmã, que até então não demonstra necessidades especiais,
fica aos cuidados da mãe.
A primeira sessão que deveria ser feita com o pai, foi feita com o próprio H, pois, o senhor
B não foi informado de que primeiramente, a estagiária necessitava ouvir dele as demandas
sobre H, já que para crianças e adolescentes, o primeiro atendimento deve ser com seus
responsáveis, e o encaminhamento feito pela professora não foi formal, assim, não havia
documento que explicasse o motivo pelo qual se tornou necessária à terapia e com qual
objetivo ela agiria.
Sendo assim, a sessão girou em torno da estagiária apresentar-se, conhecer seu paciente,
observar seu comportamento e buscar criar um vínculo terapêutico com ele para que esta e as
próximas sessões pudessem fluir agradavelmente. O atendimento de crianças com o
Transtorno do Espectro Autista ocorre a partir de se construir de uma relação fundamental
com o terapeuta. É de grande importância que a criança possa fazer-se ouvir, fazer-se ver,
para que, dessa forma possam ser realizadas as construções que deveriam ter acontecido nos
primeiros anos de vida (SIELSKI; CARDOSO, 2004).
H demonstrava inquietação, não sendo esta sua primeira vez na clínica, a supervisora que
já tinha contato com a criança, indicou à estagiária o uso de materiais de pintura, afirmando
que o mesmo gostava, H por sua vez, demonstrou interesse por tais materiais e logo que
entregue já iniciou sua arte, seus traços eram fortes e repetitivos de um lado para outro, fortes
o bastante a ponto de quebrar o giz de cera, a empolgação era grande e viu-se ali então, a
oportunidade para um diálogo sobre a pintura que estava sendo feita, sobre as cores que foram
utilizadas, quais e se haviam significados e representações para ele com relação a sentimentos
e emoções, onde o mesmo, sem dificuldade alguma manteve uma boa comunicação.
Estagiária: - Você gosta de pintar?
H: - Sim, gosto bastante.
Estagiária: - Quais cores você gosta mais?
H: - De vermelho, de preto...
Estagiária: - Sabia que as cores podem ter significados e representar alguns sentimentos? O
que essas cores representam pra você?
H: - O Vermelho pra mim é ódio, o preto raiva, verde escuro rancor.

Mas a estagiária observou que estas citadas por ele não eram as únicas cores utilizadas,
então, apontando para as outras cores estampadas nas folhas dos papeis, começou a perguntar
sobre a representação e o significado delas para ele, que respondia na mesma hora, sem
nenhuma dificuldade:
H: - O amarelo é alegria, azul escuro agonia, azul claro paz e laranja amor.
Visto que a comunicação com o paciente fluía tranquilamente, diante dos sentimentos e
emoções que já haviam sido citadas pelo mesmo, a estagiária pediu para que H ligasse estes às
pessoas do seu âmbito de convívio, ele então respondeu que o amor refletia em coisas boas,
que sentia as vezes na escola e em casa um pouco, disse também que a mãe o fazia sentir paz,
o pai, um pouco.
H afirmou morar com a mãe, relatou também gostar de ficar com ela e de brincar com sua
irmã. Então para sessão seguinte, ficou combinado do senhor B comparecer para esclarecer
alguns pontos como, o fato de H contar que mora com a mãe e não com ele, além de dizer o
que o levou a procurar a terapia para seu filho.
As sessões ocorriam nas quartas feiras às 14:00, pontualmente o senhor B chegou e foi
encaminhado para o consultório. Ele informou que apesar de H não ficar aos cuidados da mãe,
ele a visita quase todas as semanas, geralmente aos finais de semana, onde passa boa parte do
dia e brinca com sua irmã, quando o pai está trabalhando o paciente fica aos cuidados da avó
paterna que mora ao lado, uma senhora que por conta da idade também não consegue dar
tanta assistência para as necessidades da criança, além de não ter muita paciência com a
mesma. O senhor B relatou que a professora indicou o atendimento na Clínica para H devido
ao seu diagnóstico de autismo e alguns comportamentos tidos em sala de aula que foram
observados por ela como a agitação e irritação que acabavam interferindo nas aulas, afetando
também os colegas por exemplo.
Sobre o comportamento de H em casa, o pai traz que sente dificuldades quanto a alguns
comandos do tipo, arrumar a cama, jogar lixo dentro da lixeira e não no meio da casa, entre
outros que por mais que se repita e ensine H não obedece. Afirma também que quando o filho
se irrita com algo, quando sente raiva, fica muito nervoso, chega ao ponto de agredir a si
mesmo e ao pai, mas que no mais a relação entre eles é boa.
Sendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA), um conjunto de sintomas relacionados à
atividade cognitiva e de comunicação. No conjunto de sintomas característicos do TEA,
destacam-se perturbações na linguagem, dificuldade para comunicação e comportamentos
estereotipados e repetitivos (PIRES; SOUZA, 2013). Diante disso, foi trazido para o pai a
dificuldade que o paciente possivelmente tem para aprendizagem das atividades de rotina que
são desejadas e pedidas ao mesmo. Foi explicado que o processo de aprendizagem é
complexo naturalmente para crianças e adolescentes em si, que cada um tem particularmente
seu desenvolvimento individual, tratando-se de uma criança ou adolescente com TEA, esse
processo de aprendizagem demanda ainda de uma dificuldade maior, tornando necessárias
técnicas diferenciadas para trazer uma melhor aderência ao aprendizado.
Até porque, caracterizado pelas dificuldades nas interações sociais e na comunicação,
além de apresentar um repertório restrito de atividades e interesses, as manifestações do TEA
variam de acordo com a idade e a fase de desenvolvimento da criança. Os prejuízos nas
interações sociais envolvem o comportamento não verbal, especialmente aqueles relacionados
ao contato visual direto, as expressões faciais e corporais. Na comunicação, poderá afetar
tanto as habilidades verbais quanto as não verbais, podendo comprometer o desenvolvimento
da linguagem falada e quando falam, podem apresentar dificuldades para manter uma
conversação (BRASIL, 2010).
As crianças com TEA apresentam ainda prejuízos acentuados na capacidade imaginativa
e, com frequência, interessam-se por rotinas ou rituais não funcionais. Assim, poderão
apresentar movimentos corporais (todo o corpo) ou envolvendo as mãos de forma
estereotipada, além de posturas inadequadas. Podem apresentar, ainda, um interesse
persistente em determinados objetos ou em parte de deles, especialmente, aqueles com
movimentos giratórios (BRASIL, 2010).
A estagiária utilizou de um exemplo para tornar mais fácil o entendimento do pai.
Mostrando uma caneta esferográfica ela disse:
- Pai, digamos que seu filho ao fazer as atividades escolares costuma deixar as canetas sem a
tampa, se você pedir ao seu filho que não deixe essa caneta sem a tampa para que a tinta não
seque e a caneta pare de funcionar, ele pode não compreender e permanecer com o mesmo
comportamento, assim seria necessário utilizar de alguma técnica ou recurso lúdico para
facilitar esse entendimento que alteraria esse comportamento, como por exemplo, trazer
algumas canetas que já não estivessem funcionando e mostrar de fato a consequência de não
se colocar as tampas nas mesmas. A partir disso o pai afirmou ter compreendido essa
dificuldade e que com a ajuda da estagiária poderia ter sempre essa visão diferenciada para
melhorar o entendimento de seu filho.
O senhor B informou, que existe muita demanda para ele dar conta como, o filho e seus
aspectos individuais, suas particularidades que demandam de muita atenção e paciência, o
trabalho na fazenda cuidando da plantação e animais, entre outras coisas, para descontrair
então, às vezes faz uso de álcool. Afirma que quando isso acontece ele costuma perder o
controle sobre si mesmo, suas ações, sentimentos, emoções e comportamentos, que também
vê o quanto isso reflete em H, que seu comportamento influencia totalmente em como seu
filho reage, e que essas situações geram bastante conflito entre eles como brigas e discussões.
Na sessão seguinte H chegou nitidamente mais agitado do que na sessão anterior,
demonstrava estar com raiva, o que foi confirmado posteriormente por ele mesmo quando
adentrou a sessão relatando. O pai pediu para falar primeiro com a estagiária, que o
acompanhou enquanto o paciente aguardou na recepção com a supervisora não muito
conformado. O senhor B contou que ao chegar na escola para busca-lo, foi informado de que
H havia agredido fisicamente uma colega da escola e pediu para que o ajudasse diante de tal
situação.
No consultório, o paciente relatou o ocorrido na escola, afirmou que no momento
começou a sentir muita raiva do pai e contou que este havia lhe agredido fisicamente, que por
este motivo estava com pensamentos ruins que invadiram sua cabeça e ele acabou por agredir
a colega de turma, que não se controlou assim que levantou o olhar e a viu. O mesmo disse
ainda saber que sua ação não foi correta e que se arrependeu logo que cometeu, mas que ainda
sentia ódio de seu pai, imaginando coisas ruins que poderia fazer com ele se fosse um pouco
mais forte. Afirmava que queria praticar musculação para se tornar forte e conseguir lutar com
seu pai. Dizia isso enquanto caminhava pela sala de um lado para o outro, por alguns
momentos, batia na mesa e na parede do consultório enquanto falava acerca do ocorrido e do
que sentiu quando questionado, por algumas vezes ao falar com a estagiária, chegava bem
próximo a ela, olhando fixamente em seus olhos.
As crianças, da mesma forma que os adultos, têm sentimentos e emoções, porém, por
serem ainda imaturos, por estarem ainda iniciando a jornada que é a vida, expressam cada um
de formas confusas, pois não entendem do que se tratam. Sentem raiva, alegria, medo, entre
outras questões, que se torna necessário às vezes, uma intervenção profissional para orientar e
psicoeducar para ajuda-los a compreender e a lidar com cada uma dessas emoções. Esta
técnica da Terapia Cognitiva Comportamental, consiste em uma forma de intervenção
psicossocial que se caracteriza por “educar”, ou manter informado o paciente acerca de seus
dados, sobre seu diagnóstico, abrangendo a etiologia, o funcionamento, o tratamento mais
indicado e o prognóstico, entre outras informações de acordo com o que está sendo feito na
terapia e com qual objetivo, para que o paciente se torne um colaborador ativo em seu próprio
processo, ajudando-o assim a lidar com seus sentimentos, emoções, pensamentos e
promovendo o autoconhecimento e o autocuidado (SEHNEM, 2016).
Desde a primeira sessão com H, percebeu-se a necessidade de fazer então uma
psicoeducação sobre sentimentos e emoções, sobre as formas de agir diante de cada um deles,
do que se tratam e o que ocorre quando se sente. Lidar com sentimentos e emoções nem
sempre é fácil, dentro das complexidades e ainda mais quando se é uma criança, ainda mais
quando se é autista.
Dessa forma, com estratégias lúdicas, em vista da infantilidade, foram feitas plaquinhas
com os desenhos dos personagens do filme “Divertidamente”, alegria, tristeza, raiva, medo e
nojinho, conversando com o paciente sobre cada um deles, questionando momentos em que o
mesmo viveu essas emoções, como se sentiu, como agiu e quais pessoas estavam com ele,
orientando sobre ser natural sentir tais coisas, desde que se tenha cuidado com as ações feitas
a partir disso, que é preciso saber lidar, e que a própria estagiária estaria ali para ajudar.
Sugeriu-se também que o paciente procurasse ou pedisse ao pai para assistir ao filme, visto
que o mesmo afirmou ainda não conhecer.
Divertida Mente (2015) apresenta como se dão das emoções na vida de uma menina de 11
anos, esta vive feliz com seus pais e amigos, até que para a sua surpresa necessita enfrentar
uma mudança para uma nova cidade, enfrentando assim dificuldades para se adaptar. Dentro
de seu cérebro, as emoções alegria, tristeza, medo, raiva e nojo, que a orientam desde que
nasceu, permanecem diante dessa nova novidade. Após uma confusão na sala de controle, a
alegria e a tristeza, são retiradas do local, o que deixou as outras totalmente desordenadas,
afetando sua vida radicalmente. A menina fica então sem muitas expressões ou sentimentos
bons, mudando assim suas memórias e personalidade. O filme além de mostrar a respeito de
sentimentos, também exibe sobre as memórias, que definem a personalidade, linguagem de
pensamento, indução de raciocínio, Déjà Vu, processo de esquecimento e imaginativo,
pensamento crítico, subconsciente, inconsciente e produção de sonhos, trazendo assim a
importância de se haver um espaço para cada emoção existente nos indivíduos ser vivenciada,
sendo fundamental para manter a saúde mental (AMARAL; et al., 2020).
A clínica voltada para a atuação infantil é revestida por intervenções consideradas lúdicas,
motivacionais e divertidas, estas formas de interação possibilitam que a criança fale sobre
temas desconfortáveis de forma imaginativa e criativa (FRIEDBERG; MCCLURE, 2019). O
brinquedo e o brincar na psicoterapia também se tornam um estímulo para a criança, que será
ainda mais motivada se estiverem em contato com a diversão (KNELL, 1993 apud
FRIEDBERG; MCCLURE, 2019). A psicoterapia lúdica de crianças com diagnóstico do
Transtorno do Espectro Autista infantil ou com fenômenos autísticos costuma ser voltada,
inicialmente, para a construção de um vínculo entre a criança e o psicoterapeuta (ALVAREZ,
2003). As brincadeiras, podem até parecer comuns e habituais mas elas geram incentivo para
o desenvolvimento e aprendizagem em inúmeras áreas. Elas estimulam a evolução da relação
da criança socialmente, também colabora com o desenvolvimento da cognição e da
afetividade, colaborando no conhecimento do que está ao seu redor de forma autêntica
(MAFRA; KEMPLA, s.d).
Diante dos relatos tanto de H, quanto de seu pai sobre os episódios com a raiva, pensou-se
em uma estratégia para desfocar essa raiva e as ações advindas dela de si mesmo e das
pessoas ao redor, para que assim, ele não machucasse a ele mesmo e nem as outras pessoas
próximas. Entrou em ação a “bolinha da raiva”, que consiste em uma bolinha de borracha um
pouco menor que a palma da mão, bastante utilizada para fins fisioterápicos. Esta foi entregue
para H, com a orientação de que sempre que ele se sentisse com raiva, ou ódio de algo ou de
alguém, que ele se concentraria nessa bolinha, e que poderia apertá-la à vontade para passar a
angústia e a aflição na mesma, que assim ele poderia evitar bater em alguém ou de apertar seu
próprio corpo, não se machucaria e também não o faria com os outros. Também foi orientado
que ele poderia levar a bolinha para onde quer que ele fosse, não só em casa, mas também
para a escola, para a casa da avó, para a casa de sua mãe entre outros locais onde ele fosse
estar. O pai foi informado sobre a técnica utilizada, seu objetivo, e ficou de informar também
a professora de H para que a mesma não pensasse que ao utilizar a bolinha em sala ele estaria
brincando e compreendesse a situação.
A estratégia da “bolinha da raiva” foi trazida para ajudar nesse sentido de que o paciente
por não compreender como lidar com sua raiva acabava machucando a si mesmo e aos outros,
com a técnica, a ideia é que o foco da sua raiva torne-se e seja aliviado de certa forma pela
utilização da bolinha, para que esta não se volte para ele e às pessoas próximas.
O medo, a raiva, culpa, angústia entre outras, todas essas emoções são naturais do ser
humano e existem como forma de proteção do nosso corpo, que os sentimentos negativos
servem como forma de proteção e amadurecimento da pessoa, especialmente em crianças que
estão aprendendo sobre o mundo e sobre si mesmas, que o papel do terapeuta é buscar
compreender, entender a origem da raiva, culpa, medo ou qualquer que seja a emoção
negativa e ajudar a criança a entender esses sentimentos e lidar com eles, assim como ajudar
os pais a lidarem com as instabilidades e ajudarem ao filho, que a terapia, promove o
autoconhecimento e oferece visões diferentes para os problemas e formas de lidar com ele
(KIUCHI; FERRARI, 2019).
De acordo com os relatos de cada um, tanto de H quanto do senhor B, viu-se a
necessidade também de conversar com o pai objetivando orientá-lo sobre como lidar com seu
filho, com relação à sua aprendizagem e comportamentos. Pessoas em si aprendem de acordo
com seu próprio ritmo de desenvolvimento, alguns com menos dificuldade, outros com uma
dificuldade maior. O mesmo se dá no caso de H, sendo ele autista, e que diante disso,
estratégias poderiam ser formuladas para ajudar na sua aprendizagem e desenvolvimento,
atuando em conjunto, terapia e vivências fora da clínica, objetivando a melhora de suas
atividades.
Outro fator imprescindível é a participação dos pais no processo com o paciente, com
crianças mais velhas e adolescentes, esse trabalho é considerado desejável, sendo um fator de
fortalecimento e sucesso do tratamento, que o participarem, os cuidadores podem
desempenhar diferentes papéis no tratamento das crianças e adolescentes, sendo um deles o de
facilitadores, nesse caso, a intervenção é predominantemente focada no paciente e os adultos
são envolvidos apenas para tomarem consciência das intervenções, afirma ainda que pais ou
outros responsáveis podem, ainda, ter o papel de pacientes na TCC, quando o foco do
tratamento é direto no funcionamento cognitivo e comportamental deles, para ajudá-los a
reavaliarem suas crenças sobre os filhos e a mudar seus próprios padrões comportamentais.
Como é necessário que ocorra no caso com o pai de H (LINS; NEUFELD, 2021).
Também em conversa com o senhor B, a estagiária perguntou sobre ter existido algum
episódio de agressão física ao paciente, o mesmo negou que tivesse chegado a tal ponto.
Afirmou estresse e brigas com o filho, mas que não havia o agredido fisicamente, que
geralmente isso acontece quando ele faz uso de álcool antes de voltar para casa depois de seu
trabalho diário.
A experiência de violência vivenciada dentro do âmbito familiar tem grande impacto na
vida da criança, não só no que diz respeito às suas relações de afeto, como molde de
relacionamento amoroso, mas também em diversos outros contextos, tornando a violência
como uma estratégia de resolução de conflitos nas mais diversas situações. Nos últimos anos,
estudos evidenciaram a importância de olhar para o sujeito a partir do que recebeu das
gerações anteriores e compreender a repercussão das questões atreladas à
transgeracionalidade (REIS; PRATA, 2018).
Falando em um contexto amplo como este da violência intrafamiliar, mostra como a
experiência costuma ter uma série de repercussões, pois nessas situações, não é só o indivíduo
agredido que sofre, mas todos os membros da família que convivem direta ou indiretamente
com a violência. As consequências sofridas pela convivência em contextos familiares
violentos podem ser diversas e podem apresentar-se de diferentes formas, incluindo
psicopatologias, dificuldades em relacionamentos sociais, transtornos de comportamento,
cometimento de atos infracionais e envolvimento em relacionamentos íntimos violentos na
vida adulta (REIS; PRATA, 2018).
De forma empática, a estagiária afirmou compreender o fato de que o ele (senhor B) tem
muitas responsabilidades para dar conta, onde o mesmo afirma ser julgado por muitos e
ajudado por poucos, mas que ao utilizar o álcool como válvula de escape e perder o controle,
ele afeta diretamente no filho e em seu comportamento diante não só dele, mas de outras
pessoas também. Diante da grande quantidade de demanda própria acerca de si mesmo
trazidos para a sessão que deveria tratar de H, também foi recomendado ao senhor B procurar
um apoio psicológico, objetivando ser esta a sua nova válvula de escape, por meio da fala e da
terapia para autoconhecimento, visando seu bem estar e do seu filho, apoio este, oferecido
também pela mesma clínica. Foi observada aqui diante de seu comportamento e falas que este
apoio psicológico não seria procurado pelo mesmo. Ao fim da sessão ele realmente não
buscou atendimento.
Uma sessão apenas para tratar com H sobre sentimentos e emoções não garante uma
aprendizagem efetiva acerca do assunto, então se torna necessário que o tema seja abordado
novamente em outras sessões de formas diferentes, posteriormente na sessão seguinte com o
paciente, utilizou-se um jogo da memória ainda com os personagens do filme
“Divertidamente”, alegria, nojinho, tristeza, medo e raiva, dessa vez pedindo que para cada
emoção encontrada ele contasse uma história. O mesmo demonstrou-se animado com a
atividade. Para alegria, trouxe histórias de brincadeiras na casa da mãe com ela e com a irmã,
em que o próprio desenhou a casa antiga e a nova delas, onde ele afirmou que na casa anterior
ele podia fazer mais visitas e a casa em que as mesmas moram atualmente, ele tem mais
dificuldade de ir por conta da distância. Pediu à estagiária emprestar seu celular, e com este
em mãos fez uso do aplicativo Google Maps para mostrar a antiga e a nova casa onde a mãe e
sua irmã residem.
Retornando para o jogo encontrando a tristeza, o paciente trouxe como relato os dias que
não pode visitar sua mãe, que sente sua falta, posteriormente achou as cartas de nojinho,
falando então de algumas comidas que não gosta, para o medo foram trazidos alguns
momentos em que está só, mas que de vez em quando também se sente bem assim, e
finalizando, para as cartinhas que continham o desenho da raiva, contou sobre alguns dias
com seu pai, vezes em que tem pensamentos muito ruins e agressivos, e que pratica
masturbação devido a isso, afirmando ser esta uma fraqueza sua. Diante deste último relato na
sessão de H, a estagiária orientou sobre a masturbação ser algo natural e fisicamente saudável,
desde que praticada sem muita frequência e apenas em locais onde ele está só.
Além de ser um período cronológico, a fase adolescente pode ser entendida como uma
etapa onde se notam diversas modificações tanto biológica quanto psicologicamente e
socialmente falando, e também destacam-se alterações nas relacionações do adolescente
quanto a seus propósitos e intenções para a vida futuramente (OLIVEIRA; MACHADO,
2018). Assim, a segunda década de vida estabelece-se como um tempo crítico de
desenvolvimento psicossocial, pois estes indivíduos estão em busca de uma identidade para si
mesmos, conhecendo os artifícios para suas relações pessoais e entendendo como manejar
comportamentos problemáticos para, enfim, assumir uma personalidade estável (MEEUS,
2016). A imaturidade que se percebe primordialmente por seus familiares, torna mais grave e
dificulta a compreensão e o entendimento acerca de questões sobre sexualidade, causando
dificuldade em aceitação de que o autista tem direitos com relação aos seus desejos e
manifestações sexuais.
Adolescentes com TEA possuem necessidades sexuais, visto que a puberdade desses
indivíduos segue estágios normais de desenvolvimento. Entretanto, eles podem não possuir
um correto entendimento do seu corpo e um inadequado desenvolvimento emocional,
resultando em comportamento sexual impróprio (BEDDOWS; BROOKS, 2015).
Adolescentes com TEA correm vários riscos em seu desenvolvimento psicossexual e podem
ter acesso limitado a informações confiáveis sobre puberdade e sexualidade, enfatizando a
necessidade de orientação especificarem seu desenvolvimento psicossexual (VISSER; et al.,
2017). Esses comportamentos inadequados, como masturbação em público, tirar a roupa e
tocar outras pessoas de maneira sexual indesejada são deveras problemáticos dada a natureza
dos tabus comportamentais e o potencial para consequências negativas significativas, como
acesso restrito à comunidade, lesões e ramificações legais (DAVIS; et al., 2016). Além disso,
na presença de depressão, o adolescente com TEA pode ser menos capaz de controlar seus
impulsos sexuais e o tratamento de seus sintomas pode ajudar a diminuir a masturbação
excessiva. A melhoria nas habilidades de auto-organização devido ao antidepressivo pode
levar ao alívio deste sintoma (ÇELIKKOLE BILGIC, 2018).
Com início na infância, a construção das primeiras noções do autista sobre sua
sexualidade é formada pela família e ampliada pelas matrizes de sentidos: escola, mídia,
ciência, religião e política (NASCIMENTO; BRUNS, 2020). Assim, devido às dificuldades
das famílias com relação à sexualidade dos filhos com TEA, um programa abrangente de
educação sexual poderia acolher suas demandas específicas e orientar os membros
familiares, discutindo possibilidades de ações educativas em casa (OTTONI; MAIA,
2019), visto que a educação sexual recebida na família, na escola e nas matrizes
cartografam tabus, mitos, estigmas, valores e normas de como expressar o desejo sexual
(NASCIMENTO; BRUNS, 2020).
Na penúltima sessão com H, o mesmo se mostrou muito alegre e feliz, contou que não
queria mais estudar à tarde e que falou isso para seu pai, este por sua vez falou sobre as
dificuldades de alguém na zona rural vir para a escola pela manhã. Que seria necessária uma
rotina bem diferente da atual vivida por eles, que precisariam dormir cedo e acordar cedo
também para não se atrasar, ter tempo suficiente para se arrumar e alimentar para aí então
poder sair contando também com o tempo de distância de casa no povoado para a escola na
cidade. Dito isto, H aceitou o desafio afirmando que conseguiria sim manter o combinado,
então quando previsto para iniciar a nova rotina, H foi dormir às 07:00 da noite anterior e no
dia seguinte às 05:30 da manhã estava acordando, seu pai confirmou que realmente aconteceu
posteriormente quando voltou para buscar seu filho na sessão, contou que que H demonstrou
entusiasmo e determinação ao aderir a nova rotina para atingir seu objetivo e que enquanto o
mesmo se mantivesse assim, esta nova rotina continuaria.
Pensando nisso, para auxiliar o senhor B nas questões domiciliares de rotina para H como,
arrumar sua própria cama, jogar respectivamente o lixo produzido no recipiente correto como
trazido pelo pai na primeira sessão com o mesmo, entre outras coisas, foi planejado um
quadro de incentivos com as seguintes tarefas a serem executadas por H:
Escovar os dentes;
Arrumar a cama;
Tomar banho;
Fazer as lições da escola;
Ajudar o papai;
Ser obediente;
Se alimentar corretamente;
Sorrir e brincar.
Tudo isso para cada dia da semana, pontuando os requisitos que foram atendidos.
Completando o quadro com bom desempenho em todas as tarefas o senhor B o recompensaria
com algo que fosse de gosto e interesse de H. Como sugestões:
Uma comida que gostasse;
Um passeio que quisesse;
Um objeto ou brinquedo que desejasse.
Tudo isso dentro das condições possíveis ao senhor B.
Este quadro de incentivos planejado para ser utilizado com H, traz de forma mais lúdica,
descontraída e estimulante, regras e responsabilidades a serem cumpridas por ele. Podendo
colocar nele todas as atividades que envolvem a rotina da criança que quando recompensada,
adere de forma mais efetiva ao que se deve cumprir, tornando mais fácil o aprendizado acerca
das funções sugeridas.
Na sessão seguinte à entrega da “bolinha da raiva”, o pai já relatou que o comportamento
de H havia melhorado bastante diante de situações desconfortáveis relatadas entre eles
durante as semanas de atendimento, afirmou também que o paciente estava fazendo uso da
técnica em casa e na casa de sua avó, e que também estava levando para a escola e para a casa
de sua mãe. Não confirmou se iria procurar ou iniciar o processo terapêutico para ele mesmo
como sugerido pela estagiária, mas que passou a se controlar em relação às bebidas alcóolicas
por compreender que tal atitude e as ações posteriores ao uso das mesmas afetavam
diretamente no comportamento e nas ações de seu filho.
H demonstrou ter dias e dias, dias de agitação, dias de estar mais calmo, de estar feliz e de
estar com raiva ou triste e com qualquer ser humano acontece dessa forma. A ideia aqui é que
para cada dia desses, ele saiba como lidar com as situações e com suas emoções. Tudo bem
sentir raiva, é natural. Se machucar não, agredir alguém não.
O processo de aprendizagem e desenvolvimento é relativo de pessoa para pessoa, alguns
levam mais tempo, outros menos, ainda mais em casos de TEA. É necessário um trabalho
conjunto e de dedicação entre a terapeuta (em formação), H e seus cuidadores, para que o
processo terapêutico tenha progresso e que se possa colher os frutos dele.
A criança com TEA não mostra desenvolvimento inferior às demais crianças que não
possuem alguma deficiência ou algum tipo de transtorno do desenvolvimento, porém este
desenvolvimento se dá de forma diferenciada. A partir desta perspectiva pode-se entender que
o desenvolvimento da criança diagnosticada com TEA irá suceder-se através da convivência
no meio social e das experiências de vivências próprias. E para que isto ocorra é essencial que
aconteçam mediações através de atividades significativas que possam estimular o
desenvolvimento das capacidades e habilidades da criança de forma geral (PIECZKOWSKI;
MACIEL; RECH, 2019).
Sugeriu-se ao senhor B que no semestre seguinte, após as férias dos estudantes, com o
retorno dos atendimentos em clínica (CliAges), se possa dar segmento aos trabalhos já
iniciados, tendo como resposta a confirmação por parte dele ao afirmar que tudo o que for
melhor para H, ele fará.
Já que ainda havia muito que ser desenvolvido e trabalhado neste caso, o paciente não
teve alta, sendo aguardado no semestre seguinte.

4. CONCLUSÕES:

Ao final do presente trabalho científico, pôde-se perceber o quanto evoluíram os saberes,


teorias e descrições acerca do que foi estudado e trazido, desde o início, as teorias primárias,
pesquisas e experimentos até chegar ao que existe hoje como verdades e fatos e que
possibilitam novos estudos. A pesquisa bibliográfica trouxe uma visão ampla e explicativa
sobre o TEA, suas particularidades e as particularidades daqueles que são diagnosticados com
o transtorno, assim como cada indivíduo é possuinte de suas subjetividades e
individualidades, da mesma forma cada pessoa com o transtorno é uma pessoa com o
transtorno. Tornando necessária a observação, investigação e análise de cada paciente para
assim poder planejar a intervenção, as técnicas que serão utilizadas a depender da demanda
trazida pelo paciente.
Também pôde-se conhecer e evidenciar a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), suas
técnicas e conceitos tanto para a utilização em clínica, quanto na pesquisa bibliográfica para
dar embasamento ao caso trazido, para compreender sua forma de atuação bem como esta
pode ser essencial na psicoterapia com pacientes autistas devido aos seus métodos específicos,
considerada padrão ouro neste contexto em evidência.
A partir disso, teorias trouxeram a possibilidade da utilização de hipóteses e estratégias
que tiveram enfoque no objetivo de complementar o que se iniciou e se desenvolveu no caso.
Diante do conhecimento sobre os transtornos em si, dos comportamentos advindos acerca do
mesmo, em conjunção ao entendimento da abordagem utilizada, entram em evidência as
formas e técnicas que trariam um melhor resultado e efeito ao paciente, no intuito de
promover o desenvolvimento e avanço diante da sua situação inicial ao começar o tratamento,
que seria a modificação dos comportamentos agressivos e a aprendizagem de atividades de
rotina doméstica.
O estudo de caso permitiu que houvesse um acompanhamento em detalhes do percurso em
ênfase, com a ideia de fazer uma investigação a partir disso, na busca de responder à questões
e perguntas de como, porque, quando, onde, entre outras, trazidas pela pesquisa aprofundada.
Conhecer estes detalhes acerca do estudo de caso, possibilitam o aprofundamento para
desenvolver outros estudos, promovem abundância de conhecimentos com base na exploração
minuciosa, aperfeiçoamento de experiências, entre outros.
Não existe uma concordância total acerca de que modelo de intervenção é mais adequado
para crianças com TEA, mas existe o reconhecimento de algumas consideradas as melhores
formas de se tratar os indivíduos com o diagnóstico do transtorno sejam aqueles com foco em
técnicas psicoeducativas, ou seja, aquelas que mantém a visão no desenvolvimento das
habilidades através de planejamentos de ensino e com auxílio comunitário, de modo que se
acolha e instrumentalize a família e comunidade para possibilitar uma melhor forma de se
interagir com o indivíduo com TEA. A partir disso, existem significativos acordos em relação
às especificações metodológicas globais que necessitam conduzir quaisquer programas e
atuações em terapia e educação de pessoas com TEA. Os principais propósitos dos
tratamentos para crianças com TEA que são aqueles em que ocorrem a estimulação do
desenvolvimento social e de comunicação, o aprimoramento da aprendizagem e a habilidade
de solucionar questões, bem como a redução de comportamentos disfuncionais, que possam
interferir no aprendizado e no ingresso às possibilidades de práticas do dia a dia, também
auxiliar as famílias para que lidem com o transtorno.
Os familiares, ao depararem-se com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista,
tendem a investigar e reunir mais conhecimentos acerca de tal. Compreende-se que, quanto
mais cedo a criança tiver o diagnóstico e começar o tratamento, maiores são as chances de ela
se desenvolver internamente no que se refere às suas habilidades físicas e mentais. Escolher o
tratamento devido é de grande importância, já que o TEA está intrínseco no indivíduo por
toda a sua vida. Da mesma forma que qualquer pessoa, o autista é único dentro de suas
particularidades e singularidades.
Diante do tratamento a ser feito, das técnicas a serem utilizadas dependerá também de
cada um dos níveis de comprometimento e da interatividade depositada. Assim, não encontra-
se formas únicas que formulem um desenvolvimento definitivo por completo em todos os
autistas, independentemente de serem homens, mulheres, com mais ou menos idade. Percebe-
se que desde o início com a identificação do transtorno, seu diagnóstico vem em conjunto
com desconfortos na família, principalmente aqueles mais próximos aos indivíduos
diagnosticados. Também é de grande relevância sugestionar que a família ou responsáveis da
pessoa com o transtorno participem do tratamento, para possibilitar o aumento de estímulos
ao desenvolvimento, bem como de propiciar a desconstrução de rótulos e enganos acerca do
transtorno.
Diante dessa importância que se atribui à família, em especial aqueles que estão de forma
mais próxima com os pacientes, tanto no caso quanto na pesquisa bibliográfica, evidenciou-se
como se faz necessária a participação ativa destes familiares para a consolidação do processo
terapêutico, para que possa ser algo mais efetivo para além das paredes das clínicas ou de
outros locais onde o atendimento seja feito, a rotina diária com estas pessoas é o que mais se
faz presente na vida dos indivíduos com TEA, tornando-se essencial a continuação da
utilização das estratégias para além do ambiente psicoterápico.
Outra pontuação importante é a necessidade da psicoterapia não apenas para aqueles com
o diagnóstico do transtorno, mas também para os pais e responsáveis por eles, principalmente
por perceber no caso o quanto o pai do paciente continha e mantinha consigo demandas
próprias acerca de si mesmo, sofrimentos psíquicos que acabavam por gerar comportamentos
que afetavam diretamente em seu filho, e tudo isso foi trazido para a psicoterapia pelo senhor
B, acerca do quanto sentia-se cansado por tudo que necessitava de sua atenção e cuidado.
Contudo, espera-se que o caso trazido e as discussões e pesquisas feitas a partir dele
possam ter validação para aqueles que se interessem pelo assunto, sejam profissionais,
acadêmicos e etc. Que os fatos em questão possam ser utilizados para desenvolver outras
pesquisas pertinentes diante do que foi desenvolvido, para refletir na evolução do tema em
questão. Assim, contribuindo para agregar aos saberes científicos.
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