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Methane emissions mitigation through pasture management in an integrated crop-livestock system View project
All content following this page was uploaded by Fernanda Gomes Moojen on 27 February 2020.
O intuito desse manuscrito é resgatar a discussão dos métodos de pastoreio pelo seu
objetivo primal, qual seja, o controle do processo de pastejo2. Nosso argumento é que a
despeito das diferentes proposições de métodos, todas convergem para uma “simples”
distribuição de animais no tempo e no espaço. É sob essa perspectiva que concluiremos
haver pouco avanço conceitual nos últimos anos.
1
Para o leitor que se interessar por textos que comparam métodos de pastoreio, eis algumas sugestões:
di Virgilio et al. (2019); Ball et al. (1991); Maraschin (1986); t’Mannetje et al. (1976), Briske et al. 2008;
2
Focaremos no processo de aquisição de alimento. Distribuição de dejetos e impacto do casco não serão
tratados nesse manuscrito.
Migrações sazonais são a expressão do comportamento dos rebanhos frente a variações
climáticas. Não há cercas para impedir a movimentação dos animais, que pastejam
livremente expressando suas preferências, segundo estratégias de forrageamento que
minimizam a probabilidade de predação, enquanto permitam condição corporal para
reprodução.
Eis que surge o mais atinado de todos os seres vivos, o homem, que domestica alguns
herbívoros e passa a tomar frente, a gerenciar o processo de pastejo. Surge o pastoreio3,
a ação de guiar o processo de pastejo para oferecer alimento aos animais. É o que
discutiremos nesse manuscrito, seguindo a ótica comparativa com o savoir-faire natural
do herbívoro cunhado pela evolução natural.
O ser humano vem buscando controlar o processo de pastejo desde a domesticação dos
animais, no período Neolítico, há cerca de 9,5 mil anos. Ao trocar a condição de nômade
caçador-coletor para se estabelecer em sociedades de cultivadores (Mazoyer & Roudart,
2010), a alimentação dos animais domésticos passou a ser responsabilidade do homem.
No caso dos herbívoros, os caprinos foram os primeiros a serem domesticados. Foi
quando surgiu o primeiro dos métodos de pastoreio, a primeira ação humana no sentido
de controlar o processo de pastejo: o pastoralismo. O pastoralismo é considerado uma das
formas de agricultura neolítica, que se estendeu predominantemente a regiões com
vegetação herbácea da Eurásia Setentrional, Ásia Central, Oriente Médio, etc., e ainda
existe em várias regiões do mundo.
Fases da refeição
S
Abundância Relativa +
MA – Moderador de Apetite
EA – Estimulador de apetite
MA
PP – Primeiro Prato
PP I – Impulsionador
SP – Segundo Prato
SP EA
I2 S - Sobremesa
Área alvo
-
I1
- Palatabilidade Relativa +
Ações do pastor
Conduzir Conduzir Chamar Conduzir Conduzir Chamar
Fases da refeição
do modelo menu MA PP I1 SP
30
Taxa de ingestão (g MS/min)
25
20
15
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Tempo dispendido desde o início da refeição (min)
Figura 1. “Menu Model” de um pastor que conduz seu rebanho para uma área que tem
por objetivo utilizar. O pastor explora a diversidade do pasto para conceber sequências
de refeições que variam em abundância e interesse. Adaptado de Meuret (2014) e Meuret
& Provenza (2015).
O trajeto e o tempo do circuito são definidos entre opções de forragem que variam em
abundância e palatabilidade. As sequências que constroem as refeições propostas pelo
pastor são produto de um profundo conhecimento do meio natural, e do animal que nele
se alimenta. A Figura 1 ilustra as quatro fases da refeição de um rebanho de cabras
leiteiras. Dezenove plantas fazem parte da refeição apresentada, entre 62 forrageiras
disponíveis naquele ambiente. O resultado é uma velocidade de ingestão elevada, superior
a 10g de MS/min.
E eis que surgem as cercas (o fio de arame farpado foi considerado a maior invenção do
século XVII), mudando as relações do homem com o animal em pastejo. Uma
“descoberta” que distanciou o homem da necessidade de compreensão profunda das
necessidades, da manipulação de preferências, do entendimento das dinâmicas
comportamentais e variações de apetite do animal. Esse distanciamento não é um
fenômeno isolado, pois a desconexão da agricultura com a natureza é um processo global
(Gordon et al., 2017). Na agricultura, temos sofrido as consequências da perda de
biodiversidade e do desacoplamento dos ciclos biogeoquímicos por conta da
intensificação via uniformização. No que diz respeito aos ambientes pastoris, a mesma
natureza de processos se verifica: homogeneização (de plantas e animais) e super
utilização de recursos.
Esses métodos têm sido essencialmente definidos pela ótica do controle físico (cercas) e
temporal (permanência ou descanso) do pastejo (di Virgilio et al., 2019). A Figura 2 traz
um exemplo de como se agrupam os métodos de pastoreio sob essa perspectiva.
Múltiplos
Piquete único
piquetes
Grandes Pequenos
períodos de períodos de Merrill
pastejo pastejo
3
Para fins deste manuscrito consideraremos apenas vegetações herbáceas e herbívoros pastejadores.
distribuição espacial dos animais (cerca) e do tempo, seja de ocupação, seja de descanso.
A definição do período de ocupação normalmente está relacionada com a rebrota das
plantas, limitado na perspectiva de que os animais não venham a pastejar a rebrota durante
o período de ocupação. A título de exemplo, este objetivo está explicitamente apresentado
na segunda lei universal do PRV: Le temps global d’occupation d’une parcelle doit être
suffisamment court pour qu’une herbe cisaillée le premier jour (ou au début) du temps
d’occupation ne soit pas de nouveau cisaillée par le dente des animaux avant que ceux-
ci quittent la parcelle (Voisin, 1957). Segundo a interpretação dos seus seguidores
(Machado, 2004), a lei diz que “se o pasto é cortado duas vezes pelo dente do animal
durante o mesmo período de ocupação da parcela, este pasto não teve um período de
repouso suficiente para atender o que determina a primeira lei (sic)”. No caso, primeira
lei refere-se a “Lei do Repouso”.
125
3
Taxa média de crescimento
2
1
kg MO ha-1 dia -1
0
Índice de área foliar médio
Figura 3. Relação entre a taxa de crescimento e o índice de área foliar em pastos sob
pastoreio rotativo (linhas tracejadas de 1 a 6) e pastoreio contínuo (linha contínua)
(adaptado de Parsons et al., 1988).
Consumo
Seleção de Eficiência de Consumo
por unidade
dietas colheita por indivíduo
de área
Sem controle Sim Não Sim Não
Pastoralismo Sim Não Sim Não
Pastoreio Contínuo Sim Não Sim Não
Pastoreio Rotativo Não Sim Não Sim
Pastoreio Sazonal Sim Não Não Sim
Pastoreio Alternado Sim Não Sim Não
Pastoreio Horário Sim Não Não Não
Sistema Merril Não Sim Não Sim
Rest Rotation Não Sim Não Sim
Santa Rita Sim Não Sim Não
Diferimento Não Sim Não Sim
HILF Não Sim Não Sim
Mob Grazing Não Sim Não Sim
Manejo Holístico Não Sim Não Sim
Pastoreio em faixas Não Sim Não Sim
Primeiro-último Sim/Não Sim Sim/Não Sim
Pastoreio Frontal Não Sim Não Sim
Pastoreio Voisin Não Sim Não Sim
MiG Não Sim Não Sim
Pastoreio PUP Sim Não Sim Não
Interceptação Luminosa Sim Não Sim Não
Pastoreio Rotatínuo Sim Não Sim Não
Se considerarmos que a unidade básica do processo de pastejo seja o bocado (Laca &
Ortega, 1995), isso significa que, em última análise, o pastoreio signifique a ação humana
em controlar o bocado. A conexão do pastejo com a vegetação é o resultado da ação do
bocado, ou seja, a desfolha, no que reside a essência da interface planta-animal. Mas então
o que seriam os métodos de controle do bocado?
Isto é feito pelos pastores, ao definir o trajeto do circuito de pastejo, ou pela distribuição
de cercas, sejam elas fixas, móveis ou virtuais. São formas de influenciar a probabilidade
de ocorrência de bocados numa determinada área. Já a intervenção sobre a seleção de
dietas e a intensidade de pastejo é feita de forma indireta, pela manipulação da densidade
animal e do tempo de permanência na área. Com isso, é possível aumentar a probabilidade
com que o animal venha a desfolhar várias vezes uma mesma área, alterando a preferência
por plantas ou partes das plantas, na medida em que os recursos forrageiros daquela área
vão sendo depletados. A seleção de dietas, fenômeno tipicamente evolutivo, é tratado
como algo negativo pela maioria das proposições de manejo, como vimos anteriormente.
Os animais preferem certas plantas e partes das plantas, não aproveitando tudo o que está
disponível. Forçar o consumo das partes menos preferidas, e com isso aumentar o uso do
pasto como um todo, é o conceito de eficiência de colheita, aquele que está por trás da
maioria das ações de manejo.
10 Intervalo entre
desfolhas
5 8
Taxa de lotação (vacas.hectare-1)
(Pastoreio Contínuo)
TA TB
Tempo no patch Ti
O segundo artigo, de Bergman et al. (2001), tem sua originalidade ao dissociar os efeitos
quantitativos da biomassa disponível de sua qualidade, fazendo-os variar de forma
independente. Eles concluíram que os animais (o modelo animal utilizado foi o bisão) são
minimizadores de tempo, mais do que maximizadores de ingestão de energia. O tempo
de pastejo seria competidor com o tempo necessário a outras atividades, como aquele
envolvido nos processos reprodutivos e de vigilância, daí o processo evolutivo ter
selecionado a estratégia de minimização de tempo.
Os exemplos acima foram escolhidos para ilustrar um dos pilares do pastoreio Rotatínuo,
o de prover aquisição de forragem na menor unidade de tempo em pastejo. O parâmetro
escolhido para medir essa característica é o que denominamos velocidade de ingestão (ou
taxa de ingestão), cuja unidade normalmente é expressa em g de MS/min de alimentação.
Essa escolha leva à interpretação de que o Rotatínuo seja um conceito de manejo que
objetiva máximas taxas de ingestão em pastejo, o que não deixa de ser, muito embora o
princípio seja seu inverso, a minimização do tempo.
A otimização da velocidade de ingestão coincide com estruturas do pasto onde se
maximiza a massa do bocado (Carvalho, 2013). Assim sendo, novamente retornamos à
unidade básica do pastejo para ilustrar o conceito. Considerando que a profundidade do
bocado seja uma fração constante da altura da planta, o pasto nada mais seria do que uma
sucessão de bocados potenciais para o animal (Figura 6).
Bocados
potenciais
B1 B1 B1
Faixa B2 B2 B2
B3 B3 B3
Pré-pastejo Pós-pastejo
Na Figura 6 isto está ilustrado por 3 camadas potenciais de bocados (nesta demonstração
assumiremos que esses animais não pastejam em alturas menores a 2,5 cm). A B1
representa os bocados da melhor camada, onde predominam folhas e onde as massas de
bocado são as maiores, pois a profundidade de bocado nesta camada é de ~10 cm. Numa
hipotética sequência de bocados até a colheita do último bocado, os animais teriam a
segunda camada B2, com profundidade de 5 cm e de qualidade intermediária, e a última
camada B3, com bocados de profundidade de 2,5 cm, com baixa qualidade e massa. Em
teoria, entre o primeiro bocado B1 colhido no início do período de ocupação e o último
bocado B3 estariam todos os bocados potencialmente colhíveis naquela faixa. A definição
da movimentação dos animais para uma nova faixa, numa perspectiva de eficiência de
colheita, seria passar os animais assim que o último B3 fosse colhido.
Porém, esse não é o conceito do Rotatínuo. Logo, se o objetivo for minimizar o tempo
via maximização da taxa de ingestão, qual seria o momento de movimentar os animais?
Esse é o momento onde se aplicaria o Teorema do Valor Marginal, entendendo o período
de ocupação de forma análoga ao tempo de residência no patch. Na medida em que a
tangente da curva de ingestão de energia sinalize a desaceleração da ingestão por unidade
de tempo na proposição de Charnov (1976), a analogia se aplicaria com o momento onde
se iniciasse o decréscimo da velocidade de ingestão dos animais na faixa. Este momento
foi sugerido por Carvalho (2013) como sendo o equivalente a 40% na redução da altura
de entrada (Figura 7).
0,20
0,18
Taxa de ingestão instantânea
0,16
0,14
-1
gMS.min.kg.PV
0,12
0,10
0,08 Sorgo
Festuca
0,06
0,04
0,02 Tifton
0,00
10 20 30 40 50 60 70 80 90
N ível de rebaixamento (%)
4
No caso de a categoria animal utilizada não necessitar maximizar a ingestão, o controle do pastejo nada
mais é que o tempo de acesso ao pasto, devendo-se interromper a trajetória de rebaixamento (100-60)
no momento (quantidade diária ingerida) equivalente às necessidades nutricionais da categoria em
questão. Portanto, isto não muda as metas de manejo, pois o resíduo permanece tendo que ser 60% da
altura de entrada, pois assim definida a estrutura de saída dos animais há promoção da produção de MS
(não abordado nesse texto).
mais obrigados a pastejarem os bocados B2. Quando eles atingem proporção significativa
na dieta dos animais, a velocidade de ingestão inicia sua trajetória de decréscimo, cujo
final está no pastejo de bocados B3 no caso de que o período de ocupação avance para o
equivalente a 70-80% de redução da altura inicial.
Como se pode intuir, o conceito do Rotatínuo está em oferecer estruturas de pasto que
facilitem o processo de pastejo naturalmente “otimizador” dos animais. A aplicação desse
conceito em pastoreio contínuo é facilitada pela natureza do controle do momento de
entrada e de saída dos animais. Já sob pastoreio contínuo, a aplicação do mesmo conceito
atinge novo patamar de desafio. A despeito do menor controle dos animais, o conceito
não muda e o animal em livre pastejo deve encontrar as estruturas ideais por sua própria
conta. O controle da lotação buscando a manutenção de uma altura média ótima de
manejo deve prover a heterogeneidade de distribuição de diferentes alturas necessária
para o animal, dentro da altura média, encontrar as alturas ideais de maximização da
velocidade de ingestão. Neste contexto teórico, as maiores alturas existentes deveriam ser
as alturas maximizadoras da velocidade de ingestão, e as menores alturas de pasto
deveriam ser aquelas correspondentes à metade da altura ideal (pois representariam a
melhor altura desfolhada a 50%). Um contínuo de alturas existentes entre esses extremos
indicaria patches em distintos momentos da rebrota, e média de todos esses patches de
altura corresponderia à altura média ótima de manejo em pastoreio contínuo.
Ainda que não tenhamos explorado, por força da dinâmica redacional deste texto, os
impactos do conceito Rotatínuo no desempenho animal e na produção do pasto, nosso
objetivo é ilustrar que o método de pastoreio seja consequência do conceito de manejo, e
não o objetivo de manejo.
Considerações finais
Van Dasselaar et al. (2012), que coordenam o grupo de trabalho sobre pastejo da
Federação Europeia de Pastagens, concluíram sobre inovações no tema pastejo que o
pastoreio contínuo reemergiu como novidade na Europa. Eis um sintoma de que haja
pouco avanço conceitual, ainda que numa região que concentra enormes esforços de
pesquisa.
O questionamento de um técnico que utiliza o método rotativo ilustra muito bem a questão
de fundo trazida por esse texto. Diz ele em seu Instagram: “Na sua fazenda é você quem
manda no gado ou o gado manda na fazenda e escolhe onde e o que comer?”. Esta
ilustração serve não somente para fomentar o uso de cercas elétricas, como é o caso acima.
O uso de drones, de imagens de satélite, enfim, de inúmeras ferramentas de pecuária de
precisão... nada mais são que meios a serviço do homem, cuja utilidade depende do
conceito com que são utilizados. Temos nos maravilhado com o incrível avanço do
mundo digital e das novidades da pecuária 4.0, deixando de refletir que o mais importante
é o conceito do processo, e não a ferramenta de controle. Um conceito incorreto levará a
que essas ferramentas sejam extremamente eficientes em... produzir equívocos. Pastoreio
de precisão nada mais será que novas ferramentas para fazer o errado por novas formas.
Agradecimentos
Agradecemos ao Prof. André Sbrissia, da UDESC, pelos frutíferos momentos de
discussão sobre as ideias que este texto contém, ao que o leitor não deve interpretar como
concordância, mas tão somente raro modus operandi científico.
Referências bibliográficas
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and grazing method. Ph.D. Thesis– Université de Rennes, Rennes, France. 1991.
Pastoralismo
Com amplo conhecimento sobre a zona, as plantas e os animais, os pastores conduzem
diariamente os animais em área não cercada, oferecendo uma sequência de patches de
vegetação com diferentes características que proporcionam aumento de apetite e dieta
diversificada (Meuret e Provenza, 2015)
Pastoreio contínuo
Método de pastoreio onde os animais permanecem em uma área definida durante meses
ou anos. Em geral considerado um manejo extensivo, pois há pouco ou nenhum controle
sobre a seleção de dieta dos animais. Pode ter carga fixa ou variável de acordo com a
produção de forragem (Holeckech,1983; Allen et al., 2011).
Pastoreio sazonal
Pastoreio contínuo em somente alguma época do ano, determinada pelas características
climáticas, evitando eventos que impediriam o pastejo (e.g. neve ou chuva) ou
características vegetais (e.g. estação de crescimento e fenologia do pasto) (di Virgilio et
al., 2019).
5
Os critérios para escolha dos métodos e conceitos envolvem a existência de publicações críveis e
abrangência de sua difusão e uso. Sendo resultado de nossa interpretação, não pretendemos que esta
lista seja considerada completa ou definitiva.
ocupação (e.g. 4 horas por dia), aumentando a taxa de ingestão para compensar pouco
tempo de pastejo (Gunter et al. 2001)
Sistema Merrill
Sistema que utiliza alternadamente 4 potreiros com 3 rebanhos. Cada rebanho permanece
continuamente por um ano na área e em seguida este permanece por um período de 4
meses sem utilização. Após um ciclo de quatro anos o período de descanso deve ter
ocorrido em todas estações do ano. É comum que cada um dos três rebanhos seja de uma
espécie (e.g. bovinos, ovinos, equinos) configurando um pastoreio misto (Holecheck
1983).
Rest-rotation system
Neste sistema, uma pastagem tem um ano completo de descanso, enquanto os outros
potreiros estão sendo pastejados. Geralmente, o sistema é composto por 4 potreiros que
são explorados sob diferentes esquemas de rotação onde somente 3 potreiros podem estar
sob pastejo simultaneamente. A principal dificuldade é quando a forragem acumulada
durante o período de descanso não é suficiente para suportar a alta pressão de pastejo
promovida durante o período de ocupação. Similar ao Sistema Merril. (Holecheck 1983;
di Virgilio et al., 2019).).
Santa Rita
Similar ao Rest-rotation system, mas com carga moderada e consequentemente
intensidade de pastejo moderada. Consiste em um sistema de rotação de um rebanho entre
3 potreiros ao longo de 3 anos, modificado pelo regime de chuvas de verão e a produção
de forragem em regiões áridas (Martin e Reynolds, 1973; Martin e Severson, 1988).
Diferimento
Análogo ao Pastoreio Sazonal. É restringido o acesso dos animais a um determinado
potreiro, permitindo acúmulo de forragem na área, para ser utilizada posteriormente.
Geralmente realizado na fase de maior potencial de crescimento da espécie (i.e., época
das chuvas na região Centro Oeste ou primavera na região Sul). Também promovido
como uma estratégia de produção de sementes (Sampson, 1951).
Primeiro-último ou Ponta-rapador:
Manejo em pastoreio Rotativo que utiliza dois rebanhos com requerimentos distintos
pastejando em sequência. Primeiramente o rebanho de maior exigência (e.g. vacas em
lactação) pasteja o horizonte superior, composto principalmente de folhas, seguido de um
rebanho de menor exigência (e.g. vacas secas) que pasteja o restante (Allen et al., 2011).
Pastoreio Frontal
Similar ao pastoreio em faixas, no entanto nesta estratégia a cerca se move
constantemente permitindo acesso a áreas ainda não pastejadas. Os animais têm acesso
livre a novas áreas, bem como a áreas já pastejadas. Diminui o pisoteio e a contaminação
com esterco nas áreas ainda não pastejadas (Volesky, 1990).
Mob Grazing
Estratégia de manejo sob pastoreio rotativo que propõe alta densidade animal, alta pressão
de pastejo, curto período de ocupação e longo período de descanso (Allen et al., 2011).
Similar ao Manejo Holístico (veja abaixo).
Interceptação Luminosa
Conceito de manejo em pastoreio rotativo que utiliza como critério de entrada 95% de
interceptação luminosa, momento no qual há maior acúmulo de folhas, sem alongamento
de colmos ou material senescente (Da Silva et al., 2015; Congio et al., 2018). O final do
período de ocupação é determinado pelo rebaixamento de 50% da altura inicial, visando
não penalizar a taxa ingestão dos animais (Fonseca et al., 2012; Carvalho, 2013).
Pastoreio Rotatínuo
Desenvolvido a partir de estudos sobre comportamento ingestivo dos animais, este
conceito de manejo visa maximização da taxa de ingestão (Carvalho, 2013). Esta
estratégia pode ser utilizada tanto em pastoreio rotativo como em contínuo. Em pastoreio
rotativo, utiliza-se como critério de entrada a altura do pasto que maximiza a taxa de
ingestão, e como critério de saída, 40% de rebaixamento da altura inicial, visando não
reduzir a taxa de ingestão. Em pastoreio contínuo, recomenda-se uma altura média entre
a altura de entrada e de saída, de modo que a heterogeneidade do pasto permita aos
animais selecionarem estações alimentares que maximizem a taxa de ingestão.