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Língua Portuguesa

Aula 6 - Frase, oração e parágrafo


INTRODUÇÃO

Nesta aula, entenderemos, portanto, o que é coesão e qual é sua relação com a coerência. Além disso, identificaremos o papel dos operadores
argumentativos e a contribuição desses elementos para que possamos compreender os textos.

OBJETIVOS
Explicar a estrutura do texto escrito.

Distinguir os operadores argumentativos.

Relacionar os conceitos de coesão e coerência.

Reconhecer a função da pirâmide invertida no texto.


Vamos iniciar esta aula, assistindo à propaganda a seguir:

VÍDEO

Fonte da Imagem:

A intenção de um comercial publicitário é divulgar um produto, um serviço, uma ideia, certo? Para fazer isso, podemos utilizar diferentes recursos –
como na propaganda a que acabamos de assistir.

Você percebeu que o título da propaganda já é bem sugestivo?

Honda HR-V –

a revolução na sua garagem


Essa “revolução” que o novo Honda representa nos remete a cinco momentos distintos da história – simbolizados pelas imagens do comercial –,
que mudaram o comportamento da sociedade.

São eles:
Nessa campanha, portanto, é a linguagem não verbal que nos permite fazer tal associação – aquilo que dá sentido ao comercial e,
consequentemente, torna-o coerente!

Vamos entender melhor, a seguir, o conceito de coerência.

Atenção
,
Em gêneros textuais como a propaganda, podem coexistir tanto a linguagem verbal quanto a não verbal.

COERÊNCIA E SEMÂNTICA DO TEXTO

A noção de texto envolve o conceito de coerência: a possibilidade de estabelecermos ou não sentido a uma sequência textual.

Um simples “Oi” é um texto. Agora, imagine se disséssemos:“Bgvvdft bbhcnbt nnhb”.

Isso é apenas um amontoado de letras sem significado, certo?

Quando não seguimos a sintaxe da língua, não formamos um texto.

Analise os exemplos a seguir:

Casa comprei grande rua lado ao eu uma na.

Eu comprei uma casa grande na rua ao lado.

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Mas o que precisamos fazer para tornar nossos textos coerentes? Vejamos...
Fonte da Imagem:

Quando queremos comunicar nossas ideias, precisamos ser coerentes em todos os ambientes – sejam estes formais ou não.

Imagine que você recebeu a seguinte mensagem pelo celular:

Já sabemos que usar as abreviações do internetês pode facilitar o envio da mensagem.

Mas CUIDADO: em alguns casos, esse uso é capaz de prejudicar a comunicação.

Cabe a nós identificarmos em que momento é possível nos valermos dessa economia da linguagem. Afinal:

Haverá coerência se conseguirmos dar sentido ao texto – falado ou escrito.

Agora que você já entendeu a noção de coerência, vamos conversar, a


seguir, sobre coesão.
Atenção
,
Veja alguns casos de incoerência:,
,
Comprei um carro jovem. → “jovem” = adjetivo inadequado para o substantivo “carro”,
,
Ela é viúva, mas o marido dela ainda
não morreu. -> falta de conhecimento do significado da palavra “viúva”.

COESÃO
Antes de começarmos nossa discussão sobre a noção de coesão (um fenômeno que acontece dentro do texto, pois envolve processos que
relacionam seus elementos e organizam a sequência textual – como vimos nessa notícia.), leia a reportagem:

Príncipe William, Kate e filhos deixam palácio e seguem para casa de campo. (glossário)

Você percebeu, através dos destaques em negrito no texto da reportagem, as estratégias usadas pelo redator para evitar repetições no texto?

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Vejamos alguns termos que substituíram palavras e expressões:

“Príncipe William e sua mulher” → “seus”, “casal”;

“Princesa Charlotte” → “que”, “princesa”, “menina”, “sua”, “nova princesa”, “criança”;

“Rainha Elizabeth II” → “que”.

Esses são os chamados mecanismos coesivos.


Conheça, a seguir, os tipos de coesão.

Há dois tipos de coesão: a referencial e a sequencial.

Para entender o mecanismo de coesão referencial, assista ao vídeo a seguir:


VÍDEO

COESÃO REFERENCIAL

Fonte da Imagem:

Como vimos, a coesão referencial é utilizada quando retomamos aquilo de que falamos – o referente – através de mecanismos gramaticais
importantes.

Um deles é a omissão de palavras ou elipse. Veja o exemplo a seguir:

A menina saiu cedo de casa e (a menina) foi para o trabalho.

Nesse caso, o sujeito “a menina” pode ser omitido na segunda oração.

Outro mecanismo de coesão referencial é a substituição de palavras, que pode ser feita através do uso de:

SINÔNIMOS

Os sinônimos são aquelas palavras que possuem significado semelhante ao de outros vocábulos e que podem
substituí-los sem prejuízo de sentido..

Exemplos

1. O automóvel estacionado na rampa para deficientes deverá ser retirado. Caso contrário, o carro será rebocado.

Nesse caso, o termo “automóvel” pode ser substituído por “carro” ou “veículo”.

2. Este é um caso curioso em que um vocábulo se tornou sinônimo de outro por seu uso em determinado contexto.
Em função do slogan de uma campanha publicitária, que ficou famoso no Brasil inteiro, a marca “Brastemp”
transformou-se em sinônimo de qualidade e de eficiência para muitas pessoas.

3. A testemunha faltou com a verdade diante do juiz. (= mentiu)

O Brasil sofre com a falta de água. (= crise hídrica)

Nesse caso, o uso do eufemismo (figura de linguagem que se caracteriza por suavizar algumas expressões)
em destaque é uma forma de sinonímia que nos remete aos termos e às expressões entre parênteses.

Atenção

O fato de uma palavra ser sinônimo de outra não significa que possa substituí-la em qualquer contexto. Veja um
exemplo:

O menino é alto. ≠ O menino é elevado.


Nesse caso, os adjetivos “alto” e “elevado” não se equivalem, certo?

Veja alguns significados da palavra alto:

(latim altus, -a, -um) Adjetivo

1. 1. Que tem maior altura que a ordinária. ≠ BAIXO

2. 2. Elevado.

3. 3. Excessivo.

4. 4. Erguido.

5. 5. Adiantado, tardio (ex.: altas horas).

6. 6. Mais antigo. = REMOTO

7. 7. Situado mais ao norte (ex.: Beira Alta).

8. 8. Situado mais para o nascente (ex.: Alto Douro).

9. 9. [...]

Fonte: ALTO. In: DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa. (2008-2013). Disponível em: <//www.priberam.pt/dlpo/alto
(//www.priberam.pt/dlpo/alto)>. Acesso em: 1 jul. 2015.
EXPRESSÕES EQUIVALENTES

Como vimos no texto anterior sobre o príncipe William e sua família, para evitar a repetição de palavras, podemos
substituí-las por vocábulos ou expressões equivalentes. Veja o exemplo a seguir:

“O rei Roberto Carlos comemorou a chegada dos seus 74 anos


na noite deste sábado com um show em São Paulo. O cantor,
que faz aniversário neste domingo, fez um concerto no Allianz
Parque, o estádio do Palmeiras, com direito a bolo no palco e a
queima de fogos. [...]”.
Fonte: O DIA Online. Publicação: 19 abr. 2015. Disponível em: <//odia.ig.com.br/diversao/celebridades/2015-04-19/roberto-carlos-
comemora-aniversario-de-74-anos-com-show.html (//odia.ig.com.br/diversao/celebridades/2015-04-19/roberto-carlos-comemora-
aniversario-de-74-anos-com-show.html)> Acesso em: 1 jul. 2015.

HIPÔNIMOS E HIPERÔNIMOS

Os hipônimos e hiperônimos estão relacionados aos significados das palavras.

HIPÔNIMOS: Do grego hyponymon: hypo = debaixo, inferior + onymon = nome.

HIPERÔNIMOS: Do grego hyperonymon: hyper = acima, sobre + onymon = nome.

Veja o exemplo a seguir:

Aquele Chevette está estacionado na rampa para deficientes.

O carro será rebocado.

Nesse caso, “O carro” é hiperônimo de “Aquele Chevette”, porque a marca está dentro do grupo maior de automóveis.
“Aquele Chevette”, por sua vez, é hipônimo de “O carro”.

Sendo assim, temos:

Hiperônimos Hipônimos

ANIMAL gato, cachorro, boi, urso

FRUTA maçã, laranja, banana, uva

DOENÇA gripe, pneumonia, dengue,


sarampo

PRONOMES
Também podemos substituir as palavras por pronomes, como no exemplo a seguir:

O aluno ficou com dúvidas sobre o conceito.

Ele pediu uma nova explicação ao professor.

NUMERAIS

Outro recurso utilizado para as substituições de vocábulos são os numerais. Veja o exemplo a seguir:

O mural indica dois avisos:

o primeiro refere-se à matrícula

O segundo, (refere-se) à formatura

Nesse caso, há, inclusive, coesão referencial por elipse da forma verbal “refere-se”. Você notou?

ATIVIDADE
1 - Leia o parágrafo a seguir:

“Tenho uma grande amiga chamada Ana. Ela gosta muito de banana, maçã, laranja etc. Para comer banana, maçã e laranja sempre fresquinhas,
caminha duas vezes por semana até o mercado mais próximo. Quando vai lá, minha amiga aproveita e compra beterraba, cenoura e chuchu, porque
gosta muito de beterraba, cenoura e chuchu”.

Agora:

a) Destaque e identifique os mecanismos de coesão referencial.

Resposta Correta

b) Reescreva o trecho utilizando hiperônimos.

Resposta Correta

2. Leia o parágrafo a seguir e reescreva-o utilizando mecanismos de coesão referencial por substituição:

“Hoje em dia, o número de crianças que usa computadores, tablets e celulares é enorme.
Computadores, tablets e celulares ficam mais baratos a cada dia, o que amplia o acesso
a computadores, tablets e celulares”.

Resposta Correta
COESÃO SEQUENCIAL
Como vimos, enquanto na coesão referencial, fazemos menção a termos dentro do texto, na sequencial, usamos mecanismos que possibilitam o
desenvolvimento da sequência textual.

Alguns desses mecanismos que auxiliam a continuidade do texto são as expressões temporais – aquelas que permitem a progressão da
informação.

Veja os exemplos a seguir:

Antes, ele acreditava que não tinha jeito.

Agora, ele está mais esperançoso.

Pela organização do tempo, “antes” acontece primeiro e “agora”, depois.

O aluno sentou na cadeira, pegou a caneta e começou a prova.

Nesta sequência, há uma ordem de ações.


Antes de ganhar o campeonato, o time havia se preparado por duas semanas.

Se o termo “antes” – que indica período passado – foi utilizado, o tempo verbal
subsequente precisa estar no pretérito.

Saiba mais
,
Para saber mais sobre o assunto, leia o texto Sobre a coesão sequencial (galeria/aula6/docs/aula6_tela15.pdf).

Caso queira ver a tradução para Libras, clique aqui.

Operadores argumentativos e discursivos

Além das expressões temporais, na coesão sequencial, também utilizamos os operadores argumentativos e discursivos: elementos responsáveis
pela coesão entre as orações. Vamos explicá-los através dos exemplos abaixo. Analise as frases e observe o significado que veiculam.

Exemplo 1 (glossário)

Exemplo 2 (glossário)

Exemplo 3 (glossário)

Exemplo 4 (glossário)

Exemplo 5 (glossário)

Exemplo 6 (glossário)

Exemplo 7 (glossário)

Exemplo 8 (glossário)

Saiba mais
,
Para saber mais sobre o assunto, conheça os Operadores argumentativos e discursivos (galeria/aula6/docs/aula6_tela16.pdf).

ATIVIDADES
3 - Leia o trecho a seguir:

“Existem dialetos que evidenciam o nível social ao qual  pertence um indivíduo. Os dialetos mais prestigiados são das classes mais elevadas, e o da
elite é tomado não mais como dialeto, e sim como a própria ‘língua’. A discriminação do dialeto das classes populares é geralmente baseada no
conceito de que essa classe, por não dominar a norma-padrão de prestígio e usar seus próprios métodos para a realização da linguagem, ‘corrompe’
a língua com esses ‘erros’. No entanto, as transformações que vão acontecendo na língua se devem, também, à elite que absorve alguns termos de
dialetos de classes mais baixas, provocando uma mudança linguística, e, aí, o ‘erro’ já não é mais erro... e, nesse caso, não se diz que a elite
‘corrompe’ a língua”.

Fonte: FERREIRA, A. C. F. As variações da língua. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1999. Disponível em:
<//www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/v00003.htm (glossário)>. Acesso em: 1 jul. 2015.
Neste parágrafo, os operadores argumentativos destacados introduzem:

a) Um conclusão.
b) Uma finalidade.
c) Uma redefinição.
d) Uma soma de argumentos.
e) Um argumento que leva a uma conclusão contrária.

Justificativa

4 - Leia o fragmento de texto a seguir:

“Essa admoestação, com poucas variações de estilo, infesta nossos edifícios. Se chamassem um redator qualificado, as frases não destoariam
tanto da clareza, da concisão, da coesão, enfim, do modo mais bonito que o brasileiro tem para se expressar. Não foi chamado porque, no Brasil, em
se tratando de inscrições e avisos públicos, a Língua Portuguesa é sempre a primeira vítima”.

Fonte: SILVA, D. da. Antes de entrar no elevador. In: ______. A língua nossa de cada dia. São Paulo: Novo Século, 2007. p. 46.

Neste parágrafo, o operador argumentativo destacado introduz:

a) Uma finalidade.
b) O desenvolvimento de uma ideia.
c) Uma condição para que algo aconteça.
d) Uma confirmação do que foi dito antes.
e) Um argumento que leva a uma conclusão contrária.

Justificativa

5 - Leia o fragmento de texto a seguir:

“Ouro, incenso e mirra, esses foram os três presentes que os MAGOS levaram ao Menino Jesus. Os magos não eram três e não eram reis. E
provavelmente jamais existiram, mas têm nomes: Baltasar, Gaspar, Melquior. Suas fisionomias lembram as três etnias da Humanidade conhecidas
na época em que a lenda se formou. Trazidos de Constantinopla para Milão no século V, seus restos mortais ali ficaram até 1.164, quando foram
levados para a Alemanha. Hoje, repousam em um dos altares da catedral de Colônia. Mas de quem são aqueles ossos, se eles nunca existiram?”.

Fonte: SILVA, D. da. A lenda dos três reis magos. In: ______. A língua nossa de cada dia. Osasco: Novo Século, 2007.

Neste parágrafo, o operador argumentativo destacado introduz:

a) Uma finalidade.
b) O desenvolvimento de uma ideia.
c) Uma condição para que algo aconteça.
d) Uma confirmação do que foi dito antes.
e) Um argumento que leva a uma conclusão contrária.

Justificativa
Saiba mais
,
Para saber mais sobre o emprego de conjunções adversativas, leia o texto: Os opostos do “mas” (galeria/aula6/docs/aula6_tela18b.pdf).

6 - Leia o fragmento de texto a seguir:


“Não é novidade que o assunto ‘meio ambiente’ veio para ficar em todas as esferas da nossa vida. [Expressões] como ‘responsabilidade ambiental’,
‘desenvolvimento sustentável’, ‘ecologicamente correto’, na verdade, já nos soam familiares há algum tempo, mas, com tanta informação circulando
por aí, fica difícil entender precisamente o que significa cada um deles, ainda mais porque, vira e mexe, surge um novo conceito que passa a ficar em
evidência”.

Fonte: RODRIGUES, T. Editorial Faça parte. Aquecimento Global, ano 1, n. 7, nov. 2008.

Neste parágrafo, o operador argumentativo destacado introduz:

Explica a ordem dos fatos.


Expressa uma generalização.
Atua na continuidade do texto.
Introduz o desenvolvimento de uma ideia.
Liga termos que representam a soma de argumentos.

Justificativa
COESÃO E COERÊNCIA
Como vimos, quando escrevemos um texto, procuramos conduzir nossas ideias de forma coerente, de modo que quem as leia entenda nossa
escrita.

Mas será que isso sempre acontece?

Para descobrir, analise a propaganda a seguir:

Como você percebeu, o texto publicitário inicia-se com a conjunção explicativa “porque”.

Em sua opinião, essa escolha tornou o anúncio incoerente?

A resposta é: NÃO! Sabe por quê?

Porque esse conectivo se relaciona com todas as imagens apresentadas na propaganda, que foi veiculada na mídia através de um comercial.

Aqui, a união das linguagens verbal e não verbal e nosso conhecimento de mundo permitem que estabeleçamos sentido para esse texto – ainda que
ele seja introduzido por uma conjunção.

Disponível em: <//consumidormoderno.uol.com.br/index.php/cm201/itemlist/tag/hist%C3%B3ria (glossário)>. Acesso em: 21 jul. 2015.

Veja, a seguir, outros exemplos da relação entre coesão e coerência no texto.

Se já aprendemos diversos mecanismos coesivos, escrever com coerência é tarefa fácil, certo? Bem, nem sempre.
Vejamos o motivo através do seguinte exemplo:

Embora ele tenha estudado muito, foi aprovado no concurso.

Nesta sentença, foi usado o articulador concessivo “Embora” – aquele que expressa ideias contraditórias. Mas será que, nesse caso, era esse tipo
de ideia que se queria exprimir? Se o indivíduo estudou muito, é natural que seja aprovado, não é mesmo?

Então, onde está o erro?

Simples: deixamos de considerar que as expressões com as quais ligamos as ideias estabelecem significados, conduzem o sentido das
mensagens. Logo, o correto seria:

Embora ele tenha estudado muito, NÃO foi aprovado no concurso.

Atenção
,
Não podemos utilizar um elemento qualquer para conectar as informações.
Como vimos, a coerência é responsável pela construção do significado do texto. Por isso, quando falta algo, não conseguimos perceber a sequência
linguística como um texto, certo?

Vamos analisar um exemplo proposto por Koch e Travaglia (2001, p. 15):

“João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Os mísseis também são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço.
De acordo com a teoria da relatividade, o espaço é curvo. A geometria rimaniana dá conta desse fenômeno”.

Fonte: REVISTA Língua Portuguesa, n. 16, 2009

Você sentiu alguma dificuldade de entender esse texto? Provavelmente, sim. Apesar de conter recursos coesivos, esse fragmento é incoerente, pois
não conseguimos estabelecer sentido para ele.

Isso significa que:

Um texto pode apresentar mecanismos de coesão e, ainda assim, não possuir coerência.

Mas será que o contrário é possível? Um texto sem mecanismos coesivos pode ser coerente?

Vejamos...

Analise o diálogo apresentado por Koch e Travaglia (2001, p. 24):

Fonte da Imagem:

O texto é formado apenas por um grupo de palavras e não possui relações sintáticas. Nesse caso, ele pode fazer sentido e ser coerente?

Se você conhece o contexto da situação, sim. Aqui, Camila entendeu que houve um pedido para que ela atendesse ao telefone e informou que
estava no banho.

Logo, é possível que um texto sem mecanismos coesivos seja coerente.


COERÊNCIA = sentido do texto;

COESÃO = organização das ideias no texto através de mecanismos.

ATIVIDADE
7 - Leia o período a seguir:

Ela comprou muitos vestidos na nova loja, mas não comprou nenhuma roupa.

Este enunciado apresenta problemas de:

a) Coesão, porque não há elos coesivos suficientes.


b) Coerência, porque há uma contradição entre as orações.
c) Coesão, porque a palavra “roupa” substituiu a palavra “vestidos”.
d) Coerência, porque a conjunção “mas” deveria ser substituída por “no entanto”.

Justificativa

8 - Em um texto coerente, é INCORRETO afirmar que:

a) Os fatos devem estar relacionados diretamente e explicitamente.


b) Não devem surgir elementos que contradigam aquilo que já foi apresentado.
c) É preciso acrescentar novas informações ao que já foi produzido, mostrando a progressão do conteúdo.
d) As informações não precisam, necessariamente, estar relacionadas, porque o que vale é o conhecimento de mundo.

Justificativa

9 - Leia um trecho da letra de uma canção:

Amor e sexo

Composição: Rita Lee e Roberto de Carvalho

Amor é um livro

Sexo é esporte

Sexo é escolha

Amor é sorte

Amor é pensamento

Teorema

Amor é novela

Sexo é cinema

Sexo é imaginação

Fantasia

Amor é prosa

Sexo é poesia [...]

Como a coerência é construída por meio do texto, ou seja, não é algo dado no próprio texto, assinale a opção que MELHOR analisa este trecho:

a) O título da canção nada acrescenta à questão da coerência textual.


b) A coerência do texto baseia-se na lista de frases que definem “sexo” e “amor”.
c) A coesão do texto justifica-se pela relação entre o título da canção e as frases afirmativas.
d) O texto não possui coerência, porque apresenta apenas uma sequência de frases afirmativas.

Justificativa
CUIDADOS COM O EMPREGO DA LÍNGUA
Agora, conheça algumas estruturas que podem afetar a coesão e a coerência de seu texto:

AO INVÉS DE x EM VEZ DE

“Ao invés de” = ao contrário

“Em vez de” = em lugar de

Exemplos:

Ao invés de sair do lugar, a pessoa entrou no recinto.

Em vez de sair do lugar, a pessoa entrou no recinto.

(CORRETO - ideias opostas)

Em vez de ir ao cinema, fui à festa.

(CORRETO - ideia de substituição)

Ao invés de ir ao cinema, fui à festa.

(INCORRETO - ideias opostas)

MUITAS VEZES x MUITAS DAS VEZES

A expressão correta é “muitas vezes”.

Exemplos:

Muitas vezes, somos obrigados a aceitar meias verdades.

A PRINCÍPIO x EM PRINCÍPIO

“A princípio” = inicialmente, em um primeiro momento

“Em princípio” = em tese, teoricamente”.

Exemplos:

A princípio, vamos aguardar o retorno dos professores para, depois, retomar as aulas.

Em princípio, todos os alunos terão direito a uma chance de melhorar seu desempenho na prova.

MESMO x IGUAL

“Mesmo” = um só

“Igual” = outro

Exemplos:

Estou com o mesmo problema do ano passado.

(= um só problema que se repete)

Estou com um problema igual ao do ano passado.

(= outro problema com as mesmas características)


TER x HAVER

“Ter” = indica posse

“Haver” = com sentido de “existir” - verbo impessoal, aquele que não admite sujeito e que não sofre flexão de plural.

Exemplos:

Eu tenho dois cachorros.

(= os cachorros têm um dono)

Há dois cachorros na sala.

(= os cachorros estão em determinado ambiente)

Para saber mais sobre o assunto, leia o texto Ter e haver: emprego (galeria/aula6/docs/aula6_tela26a.pdf).

TODO x TODO O

“Todo” = qualquer

“Todo o” = inteiro

Exemplos:

Ele é capaz de fazer todo trabalho.

(= qualquer trabalho)

Ele é capaz de fazer todo o trabalho.

(= o trabalho inteiro)

AO CONTRÁRIO DE x DIFERENTEMENTE

“Ao contrário” = ideias opostas

“Diferentemente” = ideias distintas

Exemplos:

Ao contrário de entrar à esquerda, o motorista resolveu entrar à direita.

Diferentemente do que eu disse, sairei cedo hoje.


Glossário
EXEMPLO 1

A prova foi tão fácil que até o Joãozinho tirou nota boa.
Neste caso, provavelmente, você concluiu que Joãozinho não é bom aluno e que se beneficiou porque a prova foi fácil.
Qual foi o elemento da sentença responsável por esse raciocínio?
O operador argumentativo “até”.

EXEMPLO 2

Os pais dele investiram tanto na educação do filho que esperavam, no mínimo, que ele cursasse uma universidade.
Neste caso, entendemos que, em uma escala – “no mínimo” –, o filho estudaria em uma universidade.
No entanto, os pais esperam mais dele, não é mesmo?

EXEMPLO 3

Ele é o melhor médico que conheço. Não somente tem boa formação mas também gosta dos pacientes, é gentil e muito bem-humorado.
Neste caso, a união das expressões “não somente” e “mas também” ajudou a somar as qualidades do médico, certo?
Aqui, os operadores argumentativos têm por objetivo juntar argumentos em favor de uma mesma conclusão.

EXEMPLO 4

Não temos mais tempo para falar sobre esse assunto. Além disso, Ana prometeu inserir o tema na apresentação dela.
Neste caso, a expressão “Além disso” introduz a ideia de acréscimo à argumentação. Esse operador argumentativo é, na verdade, decisivo e ajuda a encerrar o
assunto.

EXEMPLO 5

Não se preocupe: o táxi chega daqui a 15 minutos. Portanto, você chegará ao aeroporto a tempo.
Neste caso, o operador argumentativo “Portanto” insere uma justificativa ao que foi dito.

EXEMPLO 6

Neste caso, o operador discursivo “mas” tem a função de introduzir um argumento contrário à ideia que lhe é anterior, para enfatizar que a empresa SINAF é uma
garantia de segurança de vida.

Disponível em: < //portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/13225/imagens/velho3.jpg


(//portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/13225/imagens/velho3.jpg) >. Acesso em: 17 jul. 2015.

EXEMPLO 7

Neste caso, o operador discursivo “e ainda” (= e também) acrescenta uma ideia à outra: “assistir a um jogo do Brasil no camarote do mascote” e “ganhar milhares
de mascotinhos”.

Disponível em: < //www.mobilizado.com.br/wp-content/uploads/2012/10/coca_copa.png (//www.mobilizado.com.br/wp-


content/uploads/2012/10/coca_copa.png) >. Acesso em: 04 Ago. 2015.

EXEMPLO 8

Neste caso, o operador discursivo “quando” indica tempo para compor o sentido da propaganda.
Disponível em: < //vivalinda.boticario.com.br/estilo-de-vida/beleza-gera-beleza (//vivalinda.boticario.com.br/estilo-de-vida/beleza-gera-beleza) >. Acesso em: 21
jul. 2015.

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