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Microinclusões

Escopo
 1 – Introdução

 2 – Origem das Inclusões

 3 – Características das Inclusões

 4 – Efeito das Inclusões nas Propriedades dos


Aços

 5 – Métodos para Quantificação das Inclusões


Introdução
 O que são inclusões não metálicas?

 São partículas de compostos com diferentes composições


químicas (óxidos, sulfetos, silicatos, nitretos e outros tipos)
que surgem em meio à matriz dos diferentes tipos de aços,
como decorrência dos processos de fabricação dessas ligas
ferrosas, geralmente ainda no estado líquido, que muitas
vezes não permitem a eliminação completa dessas
impurezas, provenientes de diversas fontes (matéria-prima,
condições ambientais durante a fabricação e outras), que
assim ficam retidas no material após todos os processos de
fabricação, no alto forno, aciaria, lingotamento contínuo e
processos de conformação mecânica (laminação, trefilação
e outros).
Imagem inclusões MO

40 μm

 Imagens de inclusões em microscópio


ótico: silicatos, óxidos e alumina.
Origem das Inclusões
 Em geral as inclusões se originam das seguintes
fontes:
 Compostos que são dissolvidos por reações químicas no aço
líquido e então resultam em mudança de solubilidade dos
elementos de liga no aço.

 Compostos que se originam dos processos de trabalho


mecânico e tratamentos térmicos.

 Impurezas remanescentes que não são removidas durante o


processo de fusão, como matérias-primas não consumidas,
material particulado e escória fundida.

 Compostos compósitos que se originam da reação entre


diferentes compostos.
Origem das Inclusões
 Podem ser classificadas como:
 Endógenas
 são resultantes do processo de desoxidação do aço ou
são partículas que se precipitam durante o resfriamento
e a solidificação do aço.

 Exógenas
 surgem principalmente como conseqüência de reações
químicas incidentais (reoxidação) e de interação
mecânica do aço líquido com o que está em volta:
aprisionamento da escória flutuante e erosão do
revestimento refratário.
Inclusões endógenas
 Exemplos:
 inclusão por desoxidação são as inclusões de alumina
(Al2O3) nos aços baixo carbono acalmados ao alumínio e
inclusões de sílica em aços acalmados ao silício, geradas
pela reação entre o oxigênio dissolvido e os desoxidantes
(alumínio e silício).

 As inclusões de alumina são dendríticas quando formadas


em ambientes ricos em oxigênio, mas também podem
surgir sob a forma de aglomerados de partículas agregadas.

 Já as inclusões de sílica em geral são esféricas devido ao


fato de serem líquidas ou vítreas no aço líquido. As
inclusões de sílica também podem surgir sob a forma de
aglomerados de partículas agregadas.
Inclusão de Óxido de Cálcio

 Imagem MEV: esquerda. Espectro de EDS:


picos de cálcio: direita.
Inclusões exógenas
 Características comuns:
 1 – Tamanho grande: inclusões resultantes da erosão do
refratário em geral são maiores do que as que resultam
do aprisionamento da escória.

 2 – Composição química variada/multifásica, causada


pelos seguintes fenômenos: devido à reação entre o aço
líquido e a sílica (SiO2), FeO, MnO presentes na escória e
o revestimento refratário, as inclusões de alumina
(Al2O3) geradas podem permanecer na superfície.

 3 – Formato irregular, caso não sejam esféricas


resultantes do aprisionamento da escória ou da sílica
resultante da desoxidação.
Inclusão de silicato

 Imagem MEV: esquerda. Espectro de EDS:


picos de silício e alumínio: direita.
Inclusões exógenas
 Características comuns:
 4 – Estão presentes em menor número, quando
comparadas com as inclusões pequenas.

 5 – Distribuição esporádica no aço e não dispersas como


as inclusões pequenas.

 6 – São mais nocivas às propriedades do aço devido ao


seu maior tamanho.
Características das
Inclusões
 As inclusões não metálicas mais comumente encontradas nos aços
são partículas de óxidos, incluindo principalmente alumina (Al 2O3),
FeO e CaO, sulfetos (basicamente de ferro: FeS e manganês: MnS),
silicatos (compostos à base de sílica: SiO 2) e nitretos (AlN, TiN e
outros).

 As inclusões apresentam uma ampla variedade de morfologias,


mas estes formatos dependem muito de sua composição. Assim,
óxidos são mais escuros e tendem a apresentar forma esférica, ou
aproximadamente esférica, enquanto sulfetos são mais alongados
e apresentam coloração cinza clara em microscopia ótica, de
acordo com a norma ASTM.

 Os parâmetros mais importantes são a forma, o tamanho (diâmetro


médio), a distribuição e a fração volumétrica de inclusões. São
essas características que determinam se as inclusões encontradas
são mais, ou menos, nocivas às propriedades dos aços.
Características das
Inclusões
 Quando as inclusões estão alinhadas geralmente seu efeito
nas propriedades dos aços é mais nocivo do que quando
estão aleatoriamente dispersas.

 O tamanho crítico das inclusões é geralmente definido


como aquele acima do qual essas inclusões podem causar a
falha dos produtos de aço. Este tamanho crítico é diferente
de acordo com o tipo de propriedade analisada, podendo
variar quando se analisa resistência á fadiga, soldabilidade,
tenacidade à fratura, conformabilidade e resistência à
corrosão. Também pode variar com a localização no
material.

 O tamanho das inclusões nos aços geralmente varia entre


0,1 e 100 micrometros.
Efeito das Inclusões nas
Propriedades dos Aços

a) Resistência à Fadiga

 b) Fratura

 c) Corrosão
Resistência à Fadiga
 De um modo geral as inclusões não metálicas reduzem a
resistência à fadiga dos aços. As inclusões duras e frágeis
de óxidos são as mais nocivas neste aspecto, sendo as
inclusões de sulfeto de manganês (MnS) as menos
prejudiciais.

 A concentração e localização de tensões na interface entre


a inclusão e a matriz dão origem à iniciação da fratura por
fadiga.

 O efeito das inclusões na iniciação das trincas de fadiga


depende da composição química, do tamanho, da
densidade, da localização em relação à superfície e da
morfologia das inclusões.
Resistência à Fadiga
 As inclusões frágeis de óxidos são mais nocivas à
resistência à fadiga dos aços do que as inclusões
deformáveis de sulfetos. As inclusões de silicatos
apresentam comportamento intermediário entre os óxidos e
sulfetos. As grandes inclusões exógenas provenientes da
escória ou do refratário são muito nocivas à resistência à
fadiga dos aços, devido ao seu tamanho e formato irregular.

 Se as inclusões apresentarem baixo coeficiente de


expansão térmica, as tensões residuais trativas geradas
durante o resfriamento podem se aproximar do limite de
escoamento da matriz.
Fratura
 A fratura dúctil em aços é causada pela nucleação,
crescimento e coalescimento de vazios que são nucleados
em partículas duras como inclusões, nódulos de perlita e
carbetos. Em geral as inclusões são mais duras do que a
matriz adjacente à temperatura ambiente, o que leva à
concentração de tensões durante a deformação da matriz,
podendo produzir vazios pela decoesão na interface matriz-
inclusão ou fratura das partículas de inclusões.

 A nucleação de vazios (microcavidades) é mais fácil quando


a partícula de inclusão é rígida, apresenta baixa coesão
com a matriz ou possui baixa resistência à fratura. Para as
inclusões duras e frágeis, como os óxidos, a formação de
vazios ocorre por decoesão na interface inclusão-matriz
mesmo para tensões muito baixas.
Corrosão
 Sabe-se que a presença de inclusões não metálicas em aços
os torna mais suscetíveis à ação corrosiva de qualquer meio,
até mesmo ao ar.

 As inclusões, com composição química totalmente distinta da


matriz do aço, possuem características físico-químicas
completamente diferentes, proporcionando a possibilidade de
ataque corrosivo localizado (causado por pites e frestas, por
exemplo), principalmente na interface inclusão-matriz, que é
uma região de alta energia, onde os átomos estão mais
desordenados e as ligações químicas não são tão fortes. Por
esse motivo para determinadas aplicações nas quais se exige
elevada resistência à corrosão, como no caso do aço
inoxidável AISI 316 L usado em implantes cirúrgicos
ortopédicos, o nível de inclusões não metálicas deve ser
controlado em valores muito baixos.
Métodos para Quantificação
das Inclusões
 As inclusões não metálicas podem ser quantificadas por diferentes
métodos: análise automática de imagens baseada em microscopia
ótica, ensaios não destrutivos (inspeção por ultrassom, magnetismo
e raios X), métodos de concentração de inclusões por refusão da
amostra de aço, análise química, métodos baseados em fratura
(análise fractográfica), determinação de oxigênio e emissão de
centelhas.

 Os parâmetros geralmente quantificados nessas análises são:


quantidade (fração volumétrica/em área = razão entre a área total
das partículas somadas e a área do campo visual; e densidade, que
é o número de partículas por área unitária), tamanho (diâmetro
médio aproximado), forma (razão de aspecto = razão entre o maior
e o menor diâmetro), distribuição (espaçamento médio entre
partículas, localização em relação a um determinado referencial,
centróides X (horizontal) e Y (vertical), composição química (óxidos,
sulfetos e etc) e propriedades físicas específicas (elétricas e outras).
Normas ASTM e ISO
 Outra maneira de quantificar é medir os
níveis de presença de inclusões de
acordo com os parâmetros das normas
específicas para contagem de inclusões.
Estas normas são emitidas por entidades
especializadas em normalização, como a
norte-americana ASTM (American Society
for Testing Materials) e a internacional
ISO (International Standards
Organization).
ASTM E 45

Séries Finas e Grossa (esquerda) e Oversized (direita). A


= Sulfetos, B = Alumina; C = Silicatos, D = Óxidos.
ASTM E 45

Em cima à esquerda: inclusão contínua; à direita:


inclusões desconectadas. Embaixo à esquerda: inclusões
muito desconectadas; à direita: inclusões agrupadas
ASTM E 45
 Tabela 1: Inclusões Finas, Grossas e Oversized em função
das dimensões mínimas e máximas para cada tipo.
ASTM E 45
 Tabela 2 - Níveis
de severidade das
inclusões (0,5;
1,0; 1,5...) em
função das
dimensões das
inclusões
encontradas, de
acordo com os
diferentes tipos.
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 A = Sulfeto:
 Níveis 0,5 e
1,0, séries fina
(esquerda) e
grossa (direita).
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 A = Sulfeto:
 Níveis 1,5 e
2,0, séries
fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO
4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 A = Sulfeto:
 Níveis 2,5 e
3,0, séries
fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO
4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 B = Alumina:
 Níveis 0,5 e 1,0,
séries fina
(esquerda) e
grossa (direita).
ISO 4967

 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 B = Alumina:
 Níveis 1,5 e
2,0, séries fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 B = Alumina:
 Níveis 2,5 e
3,0, séries
fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 C = Silicato:
 Níveis 0,5 e
1,0, séries
fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 C = Silicato:
 Níveis 1,5 e
2,0, séries fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 C = Silicato:
 Níveis 2,5 e
3,0, séries
fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 D = Óxidos:
 Níveis 0,5 e 1,0,
séries fina
(esquerda) e
grossa (direita).
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 D = Óxidos:
 Níveis 1,5 e
2,0, séries fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO
4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 D = Óxidos:
 Níveis 2,5 e
3,0, séries
fina
(esquerda) e
grossa
(direita).
ISO
4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 DS = Óxidos
Oversized:
 Níveis 0,5 e
1,0.
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 DS = Óxidos
Oversized:
 Níveis 1,5 e
2,0.
ISO 4967
 Padrões =
Plates para
comparação
visual.
 DS = Óxidos
Oversized:
 Níveis 2,5 e
3,0.

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