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Organização
Vivian Aparecida Blaso S.S. Cesar
Sasquia Hizuru Obata
São Paulo
Vespa Comunicações
2013
C4902 Anais Anais do 1° Congresso Internancional de Inovação e Sustentabilidade
Ciência e Tecnologia como Vertores da Sustentabilidade / Originou-se no
Congresso Internacional de Inovação e Sustentabilidade, 1; Iniciativa da
Agência de Comunicação Conversa Sustentável; Revista Sustentabilidade;
apoio da FATEC Tatuapé Victor Civita. –
São Paulo: Vespa Comunicação, 2013. –
344 p.: il, grafs e tabs.
978-85-67085-02-9
Referências bibliográficas.
CDD 600
CDU 6
SUMÁRIO
Arquiteturas interativas inteligentes: como as redes digitais podem fazer parte das estratégias e
ações de sustentabilidade das organizações - Julliana Cutolo Torres e Fernanda Cristina Moreira
Design consciente para um futuro sustentável - Lety del Pilar Fajardo Cabrera de Lima
e Ruth Marlene Campomanes Santana
Sistema automático para beneficiamento de pólen apícola com estrutura em alumínio reciclado para
a cadeia produtiva da apicultura sustentável - Otávio Campos Pereira, Ederaldo Godoy Júnior,
Daniela Helena Pelegrine Guimarães, Lídia Maria Ruv Carelli Barreto, Gustavo Frederico Ribeiro
Peão, Paula Vasconcellos
A gestão de resíduos sólidos no Brasil - Dirlei Andrade Bonfim, Juliana Oliveira Santos2, Rubens
Jesus Sampaio3, Milton Ferreira da Silva Junior
Análise de ventilação natural em habitação popular - Mario Roberto Nantes Junior, Gabriel Borelli
Martins, Paulo José Saiz Jabardo, Gilder Nader
Bambu uma alternativa sustentável - Lety del Pilar Fajardo Cabrera de Lima e Ruth Marlene
Campomanes Santana
Túnel de Vento: uma importante ferramenta a serviço de tecnologias sustentáveis - Gabriel Borelli
Martins, Alessandro Alberto de Lima, Paulo José Saiz Jabardo,
Gilder Nader
A²E – Sistema De T-Commerce (COMÉRCIO Eletrônico Pela Tv) - Alex da Rocha Alves e Elievan
Freitas Paulino
A importância do descarte adequado do lixo eletrônico na Universidade de São Paulo - Henry Júlio
Kupty, Natalia Ramos De Carvalho, Suelen Bicciatto Garcia Ferreira
Capítulo 5: Ecopolítica
Política de resíduos sólidos do Japão: um modelo a ser seguido pelo Brasil? - Tiago Trentinella
Capitulo 6: Educação e Ensino a Distância
Projeto Layout de Casa Ecológica Auto Sustentável para fins didáticos - Fábio Rubio e Nilson
Yukihiro Tamashiro
Responsabilidade Social: a ISO 26.000 aplicada ao Ensino Superior - Helena Maria Gomes
Queiroz
Argamassa Polimérica Para Assentamento de Alvenaria - Michael Jackson Alves dos Santos
O uso do fosfogesso como material alternativo de construção- uma solução sustentável - João
Ailton Brondino e Almir Sales
Sustentabilidade comparativa dos modelos energéticos brasileiro e espanhol - Xavier Miro Fuentes
A importância da participação nas autarquias locais - José Fidalgo Gonçalves e José Elias Ferreira
Ramalho
Benefícios percebidos pela adoção dos sistemas de colaboração - Marcos Alexandre dos Reis
Cardillo, Márcia A. Vieira Silva e Luiz Daniel Matsumato
O Tráfico Internacional de Animais Silvestres Brasileiros uma análise dos prejuízos ambientais e
sociais desta atividade - Lucivânia Pereira Teixeira de Oliveira, Priscila Mara Ribeiro, Renata
Rodrigues Teixeira e Renata Giovanoni Di Mauro
̧ ̃
Avaliacao_da vulnerabilidade familiar dos moradores do bairro de Mangabeira na cidade de João
Pessoa (PB) - Mônica Maria Souto Maior e Gesinaldo Ataíde Cândido
Impact of the new national solid waste strategy on waste management in Palmas, Brazil - Olívia
Marques e Gareth Swift
̧
Responsabilidade Social Empresarial - estudo de caso do processo de reciclagem do Pão de Acúcar
- Camila Leite e Julia Affonso
Capítulo 1: Certificações e avaliações
Abrangências e limitações de processos de certificações em sustentabilidade.
INTRODUÇÃO DE RESUMO:
O presente artigo, faz uma análise e reflexão da abrangência das certificações empresariais
existentes, comentando a contribuição das normas ISO9001, ISO14001, OHSAS18001, ISO26001 e
NBR16001, os limites dos processos de certificações existentes.
O artigo apresenta uma análise sobre as deficiências dos processos de premiações, certificações
frente as exigências conceituais de Sustentabilidade empresarial.
O artigo não pretende ser definitivo, e sim somente uma reflexão sobre os caminhos até aqui
percorridos em busca da sustentabilidade.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos ao CIIS por esta importante iniciativa de fomentar a sociedade
técnica e científica do conhecimento em sustentabilidade, promovendo a análise crítica sobre a
evolução do tema no Brasil.
ÍNDICE
O ambiente de negócios vem sendo transformado radicalmente nas últimas décadas, onde o
lucro passa a não ser somente o objetivo final das organizações. O equilíbrio entre o lucro retirado
dos locais onde atuam, e a análise dos benefícios deixados pelas organizações a uma sociedade, é o
tema em andamento no mundo.
Uma infinidade de instrumentos e ferramentas foi desenvolvida, nos últimos anos, para dar
consistência e realidade ao que se propunha como gestão socialmente responsável, integrando-se os
aspectos econômicos, sociais e ambientais.
1.2.2. - NA EUROPA
Entre as décadas de 1960 e 1980, cientistas, movimentos sociais, ambientalistas e um punhado de
políticos e funcionários públicos denunciaram os problemas ecológicos e sociais das economias herdeiras da
Revolução Industrial.
Em resposta à crescente preocupação pública com os efeitos negativos do modelo industrial, a
Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou um ciclo de conferências, consultas e estudos para alinhar as
nações em torno de princípios e compromissos por um desenvolvimento mais inclusivo e harmônico com a
natureza.
Os primeiros registros de legislações européias sobre meio ambiente, foram datados de 1956, com a
criação da Lei do Ar Puro, pela Inglaterra, após inúmeros casos de contaminação do Ar, através do Enxofre,
provocando a Chuva ácida e outros transtornos ambientais, dando origem as primeiras legislações.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi debatido no Painel de
Founex, em 1971, estabelecendo as primeiras noções de desenvolvimento de
um país.
O Clube de Roma , no ano de 1972 publicou seu primeiro documento
intitulado Limites de crescimento (1972), onde amparado nos estudos do MIT, o
relatório já alertava para as questões sociais, ambientais e econômicas.
IARSE Argentina
COBORSE Bolívia
IBASE Brasil
AKATU Brasil
INDICADORES RI Chile
Alguns destacados:
MS do ECO 4WARD Áustria
São voluntários
EUA OHSAS18001
EUA SA8000
São voluntários
VISÕES DA INOVAÇÃO
Comentários Finais
Uma vez aplicada às linhas de visão da inovação em processos de
certificações, premiações e até elaboração de relatórios de sustentabilidade,
conseguiríamos tornar os processos mais próximos da realidade, incentivando
as organizações a promoverem modificações profundas em suas práticas de
gestão, e aproximaríamos estes processos da sociedade.
Melhorando sua credibilidade.
Ou então continuaremos da forma que está.
Submetida às interpretações subjetivas e circunstanciais, construídas por
campanhas mercadológicas.
Sem possível existir a oportunidade de demonstrar e provar a coerência
das campanhas realizadas.
Entraríamos então em uma fase de coerência, objetividade ,
transparência e integração completa entre os vário processos de
reconhecimento.
1) Roosevelt, Theodore An Autobiography, 1913, The MacMillan Company, "On October 27, 1858, I was
born at No. 28 East Twentieth Street, New York City..."
2) Thayer, William Roscoe (1919). Theodore Roosevelt: An Intimate Biography, Chapter I, p. 20.
Bartleby.com. (em inglês) Página visitada em 1 de setembro de 2012.
3) Roosevelt, Theodore (1913) – O Rio da Duvida , história sobre expedição de Roosevelt pela
Amazônia , juntamente com Marechal Candido Rondon .
11) 1973; Convenção Internacional das espécies da fauna e da flora silvestre ameaçadas de
extinção (CITIES): http://www.cites.org/eng/disc/text.php - visitado em 17.03.2013
17) 1976, Publicações Diretrizes OCDE para empresas multinacionais e estatais: Site OCDE:
http://www.oecd.org/daf/ca/corporategovernanceofstate-ownedenterprises/42524177.pdf
- visitado em 17.03.2013
20) 1977. Bibliografia, Premio Nobel da Paz, 2004, Wangari Muta Maathai:
http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/2004/maathai.html - visitado em
17.03.2013
25) Relatório Nicholas Stern, Relatório sobre mudanças climáticas (UK – 2001):
http://webarchive.nationalarchives.gov.uk/+/http://www.hm-
treasury.gov.uk/stern_review_report.htm - visitado em 15.04.2013
Resumo
A certificação em sustentabilidade vem sendo objeto de estudo de gestores não somente na
hotelaria, mas em diferentes áreas de conhecimento visto que ela é uma forma de contribuição
para a melhoria na relação das empresas com a sociedade. O objetivo do presente estudo é
analisar a certificação nos meios de hospedagens certificados na NBR 15401:2006 –
sustentabilidade para os meios de hospedagem. A metodologia deste estudo é resultado de
pesquisa documental, bibliográfica relativa à certificação em sustentabilidade. Para esse estudo
foi realizada pesquisa de campo com entrevista semiestruturada e amostra censitária junto aos
meios de hospedagem certificados pela NBR 15401:2006. Os resultados apresentados podem
contribuir para a compreensão da certificação em sustentabilidade nos meios de hospedagem do
Brasil, visto ser pioneiro no país, com uma norma tida como referência em nível internacional.
Uma vez que a necessidade de elaboração de formas de controle adequado para elaboração de
dados relativos aos processos operacionais e administrativos que afetam as dimensões da
sustentabilidade a fim de compreender efetivamente quais são os resultados internos e externos
que o processo de certificação em sustentabilidade promove.
Abstract:
The certification in sustainability has been studied by managers not only in hotels, but in
different areas of knowledge since it is a form of contribution to the improvement in the ratio of
companies with society. The aim of this study is to analyze the means of lodging certification
certified in NBR 15401:2006 - Sustainability for lodging facilities. The methodology of this
study is the result of desk research, literature on the certification of sustainability. For this study
was conducted field research with semi-structured interview and sample census along with
lodging facilities certified by NBR 15401:2006. These results can contribute to the
understanding of sustainability certification in the lodging facilities in Brazil, as a pioneer in the
country, with a standard reference regarded as internationally. Once the need for developing
ways to control suitable for preparation of data for operational and administrative processes that
affect the dimensions of sustainability in order to effectively understand what are the internal
and external results that sustainability certification process promotes.
Introdução
1
Doutorando em Geografia – UFPR; Mestre em Hospitalidade – UAM; Bacharel em Turismo em
Hotelaria – UNIVALI. Professor do Curso de Bacharelado em Hotelaria – UNIOESTE Campus de Foz
do Iguaçu. E-mail: cas_tur@yahoo.com.br.
2
Bacharel em Hotelaria - – UNIOESTE Campus de Foz do Iguaçu. E-mail:
rafaella_alvares@hotmail.com.
**Curso de Bacharelado em Hotelaria – UNIOESTE Campus de Foz do Iguaçu. Avenida Tarquínio
Joslin dos Santos, 1300 – Polo Universitário – CEP 85.870-650. Caixa postal, 961 – Foz do Iguaçu – PR.
1
melhorar os processos internos de operação a fim de atender a demanda de melhoria da
qualidade.
Contudo é fundamental entender o que acontece com as empresas nas quais
foram implementados esses programas de certificação, uma vez que apenas esses
programas não são fatores que implicam diretamente no surgimento de melhorias
internas e externas para as empresas.
O objetivo do presente estudo é analisar a percepção dos gestores dos meios de
hospedagens certificados na NBR 15401:2006 – sustentabilidade para os meios de
hospedagem sobre o processo e a certificação que obtiveram para os seus respectivos
meios de hospedagem.
Pesquisas como as realizadas por Chung e Parker (2010), Alvares (2011) e
Arenhart (2011) identificam uma necessidade de mais estudos sobre RSE,
sustentabilidade e certificação em meio de hospedagem, visando compreender o que se
dá nesse processo tomando como base o contexto nacional.
Os estudos realizados para esta pesquisa possibilitaram compreender a
complexidade que é o processo de certificação, sobretudo, quando relacionado à
temática de sustentabilidade. Essa complexidade se dá principalmente pelo fato das
empresas pesquisadas não terem para muitas ações um histórico de registro dos
processos operacionais e administrativos. Essa ausência de informação dificulta a
compreensão das ações realizadas em função das exigências necessárias para o processo
de certificação.
Este trabalho está dividido em quatro partes. São elas: a introdução, o
embasamento teórico, a metodologia que culmina com a análise dos dados e as
considerações finais.
Embasamento Teórico
2
Discute-se ainda que este tipo de prática de certificação ambiental em meio de
hospedagem contribui local e globalmente para a melhoria das condições ambientais do
planeta no tocante a um uso racional dos recursos naturais por parte das empresas
privadas (BOHDANOWICZ, 2007). E que atuar realizando ações de sustentáveis ou ter
uma certificação que ateste isto, demonstra uma iniciativa por parte do meio de
hospedagem em buscar diferencial como uma organização com uma gestão
comprometidas com estas questões (HOLCOMB; UPCHURCH; OKUMUS, 2007).
Estudos realizados sistematicamente em diferentes regiões do planeta
identificaram o altruísmo como efetivamente uma motivação concreta para que gestores
implementassem, nas suas respectivas empresas, ações de gestão ambiental (GARAY;
FONT, 2011). Em alguns casos, principalmente em função de pressões externas dos
stakeholders (EL DIEF; FONT, 2010a). Pesquisas como em Font e Garay (2012)
possibilitaram identificar inclusive que 40% de firmas que implementam ações desta
natureza são por razões baseadas nos recursos das organizações e por altruísmo, ou seja,
pela satisfação pessoal da performance sócio ambientalmente responsável que este tipo
de prática proporciona ao negócio.
Um programa de certificação para as empresas é visto há vários anos como uma
forma de ações para além das melhorias possíveis, mas também uma direta redução dos
custos (BOHDANOWICZ, 2007). Algumas pesquisas identificam a redução de custos
operacionais aliadas diretamente com a redução de consumo interno na organização
(DENG, 2003). Contudo, para atingir esse resultado faz-se necessário que o programa
de gestão ambiental esteja efetivamente instalado o que é uma exigência também de
uma norma técnica para implementação de um programa de certificação
(BOHDANOWICZ; SIMANIC; MARTINAC, 2005a). Esta prática exige um padrão de
treinamento sobre a certificação que o seu uso estratégico possibilita vantagem
competitiva para uma organização em longo prazo, em relação aos seus respectivos
stakeholders (GARAY; FONT, 2011).
Identificou-se também o fato de que uma certificação representa além de
benefícios financeiros, operacionais e ambientais, a possibilidade desta ser usada
também como uma ferramenta de marketing para divulgação da certificação ambiental
como um diferencial competitivo que uma empresa possui no setor de turismo em nível
mundial (HONEY; STWART, 2002). Esta pratica faz-se necessário ate pela necessidade
dos gestores de proporcionarem aos meios de hospedagem uma visibilidade que
contribua para o aumento da demanda da empresa.
3
Os processos internos dos meios de hospedagens passam por melhorias inerentes
às ações necessárias para a implementação de certificação. Fatores como a compreensão
das ações operacionais em relação às questões relacionadas à sustentabilidade que eram
desenvolvidas na organização (PIRES et al, 2010), (BEATO, 2010), (ARENHART,
2011). O processo de certificação necessita para a sua efetiva implementação de um
programa estruturado de gestão que envolva treinamentos em todos os níveis e que
resultem em impactos qualitativos para toda a organização (BOHDANOWICZ;
SIMANIC; MARTINAC, 2005a), (EL DIEF; FONT, 2010a). Uma adequada
implementação possibilita de forma efetiva que os meios de hospedagens possam
mensurar os aspectos operacionais e a compreensão dos processos (BONILLA
PRIEGO; AVILÉS PALACIOS, 2008).
Estudos sobre certificação em nível internacional identificam que os custos de
um programa de gestão são um impedimento para a disseminação deste tipo de ação
para micro e pequenas empresas (HONEY; STWART, 2002), isto que o processo é
similar para toda a organização e quanto maior a empresa, melhor diluído na
organização será o custo da implementação de um processo de certificação.
Por acreditar em um possível potencial para alavancar vendas e aumentar as
taxas de ocupação empresas têm buscado certificações (HONEY; STWART, 2002),
(AYUSO, 2006). Contudo, Font e Mihalic (2002) identificam que a demanda potencial
de meios de hospedagens não valorizam questões socioambientais ou culturais pontuais
do meio de hospedagem, mas da destinação como um tudo. Fato este corroborado por
Bohdanowicz (2005) quando identifica que há poucos clientes que demanda meios de
hospedagem com programas ambientais e da necessidade de haver demanda para este
foco para que haja pressão para aumentar a busca dos meios de hospedagem pelo
processo de certificação visto que os meios de hospedagem que estão se certificando
não tem identificado aumento da demanda (PRIEGO; NAJERAB; FONT, 2011).
Metodologia
4
data de realização da pesquisa os únicos meios de hospedagem certificados nesta norma
(ALVARES, 2011).
Este estudo é resultado de pesquisa de bibliográfica e documental (DENCKER,
1998), junto à temática de certificação em sustentabilidade e certificação em meios de
hospedagem em nível mundial, bem como sobre a norma brasileira de sustentabilidade
em meios de hospedagem, como a NBR 15401:2006.
A pesquisa teve inicialmente o levantamento junto aos órgãos oficiais e
especializados em certificação no Brasil uma busca pelos meios de hospedagem
classificados na norma NBR 15401:2006, com o objetivo de compreender o universo
das mesmas em função do objetivo de realizar uma pesquisa censitária.
Após a identificação do Hotel Canto das Águas e do Hotel Ville La Plage como
meios de hospedagem certificados foi realizado pesquisa documental nas páginas
eletrônicas das respectivas empresas com objetivo de conhecer as ações relacionadas à
certificação. Posteriormente, procedeu-se a solicitação de autorização para a realização
da pesquisa in loco.
Na sequencia foi realizado entrevista semiestruturada in loco com os gestores
dos meios de hospedagem pesquisados, foi realizada visita ao meio de hospedagem
como forma de validação visto que a pesquisa tinha o objetivo de buscar evidência dos
dados coletados na entrevista. Uma vez que as empresas pesquisadas eram meios de
hospedagens certificados há existência de evidências pode ser identificada como
requisito necessário, pela estrutura de um processo de certificação vindo ao encontro da
argumentação de estudos que identificam que empresas com uma quantidade de ações
sobre a temática sustentabilidade efetivamente tem mais documentações sobre as ações
(FONT et al, 2012a).
Os meios de hospedagem contatados que demonstraram interesse em participar
deste estudo, desde o primeiro momento, se colocaram à disposição para receber in loco
os pesquisadores e em apresentar evidências relacionadas aos dados questionados
durante o processo de coleta de dados, conforme previsto inclusive na norma
NBR15401:2006, em relação a manter-se aberta a comunicar aos stakeholders seu
comprometimento com a sustentabilidade (ASSOCIAÇÃO, 2006).
O estudo buscou realizar entrevista semiestruturada com os gestores dos meios
de hospedagem certificados, tendo em vista o fato de serem responsáveis legais pelas
empresas e pelo domínio que estes têm em relação às ações que são desenvolvidas em
5
suas respectivas empresas, conforme realizado em pesquisas desta natureza (AYUSO,
2006; 2007).
Apesar de se identificar que em pesquisas realizadas em meios de hospedagem
do Brasil sobre a sustentabilidade, verificou-se a falta de domínio dos mesmos sobre
questões de ordem conceitual, mesmo quando à empresa tinha efetivamente ações
realizadas nesta área (PIRES, 2008); (BEATO, 2010). Contudo eles são o foco da
pesquisa pela forte dependência de MPE, para com os seus respectivos gestores e pelo
poder de tomada de decisão que o mesmo tem na empresa (BOHDANOWICZ, 2006).
Os dados que foram coletados serão analisados no formato denominado de
emparelhamento (LAVILLE; DIONNE, 1999). Tal proposta vem em função do fato do
embasamento teórico se reportar a outros estudos já realizados sobre certificação em
sustentabilidade no setor de turismo e mais especifico em meio de hospedagem, sendo
muitos casos de estudos realizados no exterior.
As análises críticas realizadas neste estudo têm o objetivo de compreender as
ações realizadas no meio de hospedagem e contribuir não só para análise científica dos
dados bem como com as análises que objetivam orientar as ações de meios de
hospedagens que buscam a certificação da NBR 15401:2006 (FONT, 2008).
6
forma de promover melhorias organizacionais, apesar de ser o objetivo de várias é algo
inviável pelo custo para adequação de micros e pequenas empresas para implementação
de um processo de certificação ser considerado elevado para os padrões de empresas de
médio e pequeno porte (HONEY; STWART, 2002).
7
empreendimento (HOLCOMB; UPCHURCH; OKUMUS, 2007), obtendo a certificação
em 2010.
Quando questionados sobre a implementação e a manutenção da NBR
15401:2006, eles identificam a contribuição que a certificação possibilitou para a
sensibilização em relação aspectos ligados a sustentabilidade de todos os envolvidos
interna e externamente ao hotel. Visto que durante o processo de implementação o que a
NBR possibilitou através da orientação e treinamento que ocorreram suprir esta lacuna
que era a falta de compreensão sobre as questão ambientais de forma sistemática
(PIRES, 2008), (LEAL, 2011). Mesmo eles já tendo desenvolvidos em suas estruturas
atividades ambientais.
Aliadas aos programas que os gestores participaram para dar base para a
implementação da NBR 15401:2006, foi identificado que já eram realizadas
voluntariamente ações de boas práticas ambientais de forma altruísticas (FONT;
GARAY, 2012). No caso do Hotel Canto das Águas e no Hotel Ville La Plage, as
gestoras argumentaram que foi em função da observação da possibilidade de realizar
ações, consideradas simples, mas com resultados concretos para o entorno dos hotéis.
Pelas características do Programa Bem Receber (LAURINO, 2008) no que se
refere à forma de controle e gestão dos recursos hídricos e elétricos, os meios de
hospedagem identificaram o potencial efetivo para redução de custos (HONEY;
STWART, 2002), (BOHDANOWICZ, 2007). Principalmente em função da redução do
consumo, apesar da ainda reduzida quantidade de dados estatísticos sobre as diversas
ações realizadas na organização (DENG, 2003). Tais elementos podem ser
potencializados com treinamentos (EL DIEF; FONT, 2010a). O que geraria ou
reforçaria estrategicamente o diferencial competitivo para os hotéis em suas relações
com os stakeholders (PRIEGO; NAJERAB; FONT, 2011).
O Programa Bem Receber previa em sua concepção original a divulgação dos
diversos meios de hospedagem certificados na NBR 15401, como forma de dar suporte
as empresas que se engajaram no processo (LAURINO, 2008). Contudo como pode ser
observado na dificuldade em se obter dados relativos às empresas certificadas nesta
norma tal fato não se observou na prática. O que nos faz questionar o fato das empresas
não estarem sabendo obter a promoção e competitividade que tal certificação poderia
lhe proporcionar (HONEY; STWART, 2002).
Contudo cabe a ressalva que o Hotel Canto das Águas vem explorando uma
divulgação espontânea por ter sido o primeiro do país a ser certificado, tendo por um
8
tempo usado o título de “O hotel mais sustentável do Brasil” e após 2009 de “O
primeiro hotel sustentável do Brasil” (ALVARES, 2011). O hotel Ville la Plage por sua
vez tem uma divulgação acadêmica e mercadológica em função das participações em
prêmios nacionais e da atuação da gestora/proprietária como palestrante em eventos em
todo o Brasil (Idem). Não se observou nenhuma ação comercial vinculando o nome do
Hotel de Lençóis à certificação NBR 15401:2006.
Porém, apesar de se ter identificado projetos de eco-inovação que agregam valor
aos serviços prestados com potencial para geração de melhorias competitivas, foi
identificada a ausência de dados ambientais, sociais e econômicos referentes às
mudanças que estas ações de eco-inovação promoveram na e para a empresa e para e
com os stakeholders envolvidos (DENG, 2003), para que a partir destes dados possam
ser efetivamente avaliadas de forma mais críticas quanto a todas as mudanças que estes
novos processos operacionais promoveram nas relações e o quanto influenciam na
competitividade da empresa.
Entretanto, como citado anteriormente, há necessidade de ações efetivas quanto
a uma sistematização para controle e gestão efetiva de todos os processos que já
ocorrem em um meio de hospedagem bem como as ações de eco-inovação foram
implementadas em função da implementação de uma certificação NBR 15401:2006
(BOHDANOWICZ; SIMANIC; MARTINAC, 2005a), (EL DIEF; FONT, 2010a). É
necessário que todos os processos sejam controlados e geridos, para que possam ser
compreendidos, controlados, mensurados e implementados de forma a promover
melhorias para a sociedade e as partes que a compõem, os meios de hospedagens e os
seus stakeholders (BONILLA PRIEGO; AVILÉS PALACIOS, 2008).
Quanto aos obstáculos para implementar o processo de certificação nos hotéis
identificou-se mudanças quanto ao aumento do numero de funcionários ao Hotel Ville
La Plage e falta de compreensão em todos os hotéis pesquisados sobre os conceitos
discutidos nas normas em função da complexidade da norma (SOUZA; ABDALLA,
2010), (GANDARA; SOUZA; ABDALLA, 2011a, 2011b). Bem como a necessidade da
elaboração dos parâmetros para mensurar os parâmetros necessários para a
implementação da norma. Contudo cabe lembrar que em todos os meios de hospedagem
houve suporte para do Programa Bem Receber (SOUZA; LAURINO, 2009),
(LAURINO, 2008), mas mesmo assim identificam-se os obstáculos citados no processo
de implantação da norma, mas não para mantê-la visto que depois de implementada
houve consenso para a manutenção da certificação.
9
Os meios de hospedagem pesquisados não indicaram como foco de suas ações a
busca imediata pelo aumento da demanda o fator motivacional para implementação da
certificação como se verifica na literatura (HONEY; STWART, 2002), (AYUSO,
2006). Contudo os mesmos mensuram a demanda e não identificaram um aumento da
demanda em função da certificação e/ou no período pós-certificação como indicado nos
estudos realizados (PRIEGO; NAJERAB; FONT, 2011).
Considerações Finais
10
Verifica-se que a complexidade técnica da norma relativa às questões da
sustentabilidade a torna uma referência em nível internacional (ASSOCIAÇÃO, 2006),
(LAVOR, 2009). Contudo esse fato por sua vez faz com que a mesma tenha uma difícil
compreensão da parte dos gestores e funcionários dos meios de hospedagem
pesquisados (ALVARES, 2011). Esse fato deve ser considerado para a elaboração de
projetos para processos de implementação desta certificação em meios de hospedagem
do país.
Os estudos identificaram a ausência de sistemas aplicados de coletados nos
meios de hospedagem (DENG, 2003). Este ponto impossibilita análises mais precisas
em relação aos processos de gestão da certificação implementados nos meios de
hospedagem pesquisados de forma que tal fato impossibilita compreender efetivamente
os resultados das ações na gestão das organizações estudadas.
Outro ponto que cabe ser analisado, em função de ser uma norma com poucas
empresas certificadas, desenvolver uma forma sistemática de acompanhar a evolução
das mesmas de forma a serem usadas sistemáticas como ferramentas de benchmarking,
tanto em nível acadêmico quanto mercadológico para os atuais e futuros meios de
hospedagem interessados nesta norma.
Referências Bibliográficas
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15
Comparação do desempenho energético de edifícios comerciais de referência usando as certificações
LEED e - PROCEL-EDIFICA
RESUMO
O mercado imobiliário brasileiro, seguindo a tendência mundial de adoção de práticas sustentáveis
no setor da construção civil, tem passado por transformações frente à demanda crescente por
edifícios ambientalmente adequados e energeticamente eficientes. Os empreendimentos sustentáveis
já são uma realidade no país e as certificações são cada vez mais procuradas pelos empreendedores.
Do ponto de vista energético, a avaliação do desempenho de edifícios que almejam uma certificação
pode ser feita via cumprimento de medidas prescritivas e/ou via realização de simulação
computacional. Este último método prevê a comparação do desempenho dos modelos do edifício real
(proposto) e do edifício de referência, o qual representa um patamar superior de desempenho para
edifícios com características similares às do edifício real (tipo de utilização, zona climática, etc.).
Logo, ao escolher a metodologia para tal fim, é importante que ela seja adequada à realidade
climática, energética e legislativa do país em questão. Neste sentido, diante dos questionamentos
relacionados à aplicabilidade dos diferentes sistemas de certificação no contexto brasileiro, o
objetivo do trabalho é comparar, segundo dois destes sistemas, quais níveis de desempenho
caracteriza do ponto de vista energético, um edifício comercial de referência, em três cidades
brasileiras. Para a realização da análise comparativa, foram escolhidos os sistemas de certificação
LEED e PROCEL-Edifica, difundidos no mercado brasileiro e aplicáveis a edifícios comerciais. Os
resultados das simulações mostram que, em termos de consumo energético, o edifício de referência
do PROCEL-Edifica é mais exigente que o edifício de referência do LEED, situação verificada para
as três cidades analisadas.
ABSTRACT
The Brazilian real estate market, following the global trend of adopting sustainable practices in the
construction industry, has been going through changes due to the growing demand for
environmentally friendly and energy efficient buildings. The sustainable buildings are already a
reality in the country and certifications are increasingly sought after by entrepreneurs. From the
energetic point of view, performance assessment of buildings which aim for a certification can be
carried out by compliance with prescriptive measures and / or by conducting computer simulation.
This latter method provides the performance comparison of the actual building (proposed) and the
baseline building, which represents a higher level of performance for buildings with similar
characteristics to the actual building (type of use, climate zone, etc.). Thus, when choosing the
methodology for this purpose, it is important that it is suited to the climatic, energy, and legislative
reality of the concerned country. In this sense, considering the inquiries related to the applicability of
different certification systems in the Brazilian context, the aim of this study is to compare, according
to two of these systems, which performance levels characterize, in terms of energy, a commercial
baseline building, in three Brazilian cities. In order to perform the comparative analysis, the
certification systems which were chosen are LEED and PROCEL-Edifica, widespread in the
Brazilian market and applicable to commercial buildings. Simulation results show that, in terms of
energy consumption, PROCEL-Edifica baseline building is more stringent than LEED’s one. This
situation was verified for the three cities.
1. Introdução
A construção civil é uma das atividades econômicas que mais emprega recursos naturais, seja na
fase de construção, operação ou manutenção ao longo de sua extensa vida útil. Contudo, somente a
partir da década de 80, diante da crise do petróleo de 1973, intensificou-se a preocupação com o
desempenho energético e ambiental durante o processo de concepção do projeto de edifícios. No
Brasil, a preocupação com a conservação e uso racional de energia ocorreu posteriormente, visto que
na época em que se deu a crise, o país já possuía um parque gerador predominantemente
hidroelétrico (Mendes, 2005). Somente em 2002, diante da crise de abastecimento ocorrida no ano
anterior, em decorrência dos poucos investimentos na ampliação do parque gerador e da escassez de
chuvas, o Ministério de Minas e Energia publicou o Plano de Trabalho de Implementação da Lei de
Eficiência Energética (Lei n° 10.295 de 17 de outubro de 2001). Este plano destaca a necessidade de
desenvolvimento de mecanismos que promovam a eficiência energética dos edifícios construídos no
país (Hagel, 2005). Neste contexto, o mercado imobiliário brasileiro, seguindo a tendência mundial
de adoção de práticas sustentáveis no setor da construção civil, tem passado por transformações
frente à demanda crescente por edifícios ambientalmente adequados e energeticamente eficientes.
No Brasil, a regulamentação de desempenho energético e ambiental em edifícios ainda é
insipiente (Shalders, 2003). No entanto, os empreendimentos sustentáveis já são uma realidade no
país e as certificações são cada vez mais procuradas pelos empreendedores, visto que os benefícios
deste processo atingem, positivamente, o meio ambiente, o empreendedor e as pessoas que irão
usufruir da estrutura construída. Atualmente, os selos mais solicitados são o LEED (Leadership in
Energy and Environmental Design), o AQUA (Alta Qualidade Ambiental) e o PROCEL-Edifica.
2. Objetivo
Nesta seção, é feita uma breve descrição dos sistemas de certificação escolhidos para a
realização da análise comparativa: LEED e PROCEL-Edifica. A seguir, são apresentados seus
aspectos gerais e a contextualização dos mesmos no mercado imobiliário brasileiro. A justificativa da
escolha destes sistemas é apresentada na seção 4.
3.1.LEED
3.2.PROCEL-Edifica
A classificação do nível de desempenho energético do edifício pode ser obtida via método
prescritivo ou via simulação computacional. Ao utilizar este último método, o edifício proposto é
certificado ao apresentar consumo energético inferior ao apresentado pelo edifício de referência
correspondente à etiqueta pretendida.
Cabe ressaltar que, ao realizar a simulação para a comprovação do desempenho, o método
prescritivo não é dispensado, visto que é necessário para se determinar certos parâmetros utilizados
por esta ferramenta.
4. Metodologia
4.1. Escolha dos sistemas de certificação
A primeira etapa para a escolha das cidades foi a consulta ao apêndice normativo B da
ASHRAE 90.1-2007 (ASHRAE, 2007), a fim de extrair a classificação das cidades brasileiras
segundo as zonas bioclimáticas (ZB) apresentadas por esta norma. Posteriormente, recorreu-se à
NBR 15220 – 3 (ABNT, 2005) para verificar qual a classificação das mesmas cidades segundo a
norma brasileira de zoneamento bioclimático. Desta análise, conclui-se que qualquer cidade
classificada segundo a ASHRAE como ZB1 corresponde à ZB 8 da NBR 15220-3 (ABNT,2005). Já
as cidades classificadas como ZB2, segundo a ASHRAE, correspondem à ZB3 ou ZB4 da norma
brasileira. Assim, a fim de representar a ZB1 da ASHRAE e a ZB8 da NBR, foi escolhida,
arbitrariamente, a cidade de Belém. Já para a ZB2 da ASHRAE foram escolhidas Brasília e São
Paulo, visto que apresentam classificações distintas segundo a norma brasileira (ZB4 e ZB3
respectivamente).
Visto que alguns aspectos que definem os edifícios de referência estão relacionados aos
edifícios reais (edifícios propostos), serão estabelecidas algumas características em comum a ambos
os edifícios de referência, as quais corresponderiam a um edifício comercial típico.
4.3.1. Geometria
4.3.3. Renovação de ar
4.4.1. Orientação
4.4.2. Envoltória
4.4.2.1.Materiais
4.4.5. Simulação
O software utilizado para a realização das simulações foi o IES Virtual Environment (IES-
VE), utilizado por projetistas e consultores que atuam na área da construção civil, em sua maioria
envolvida no projeto, avaliação e certificação de edifícios verdes.
A simulação dos edifícios de referência foi feita considerando-se o período de um ano (8760
horas) e utilizando dados climáticos extraídos dos arquivos elaborados pelo International Weather for
Energy Calculation (IWEC).
Para as três cidades estudadas, o setpoint do sistema de condicionamento de ar foi definido
em 24°C e umidade relativa de 60%. A fim de garantir esta condição, o ar, em vazão adequada, é
insuflado a 12,8°C e 90% de umidade relativa. Vale ressaltar que no presente estudo, o sistema de
condicionamento de ar foi considerado operante apenas para cargas de resfriamento.
5. Resultados e análises
5.1.Simulações de dimensionamento
5.2.Cargas térmicas
2800,000
2300,000
Carga térmica anual [MWh]
1800,000
-200,000
-700,000
Da análise da Figura 1, conclui-se que, para as três cidades e para todos os edifícios, os
ganhos internos (pessoas, sistema de iluminação e equipamentos) representam a maior parcela de
contribuição à carga térmica dos ambientes condicionados. Além disso, nota-se que estes ganhos são
maiores para os edifícios LEED. Sabendo que os edifícios de ambas as certificações foram definidos
considerando-se mesma densidade de ocupação e de carga interna e mesmos perfis de ocupação e
operação de sistemas e equipamentos, a diferença dos ganhos internos é explicada pela densidade de
potência de iluminação (DPI) da área de escritório, definida em 12 W/m2 para o LEED (ASHRAE,
2007b) e em 10,5 W/m2 para o PROCEL-Edifica.
No que diz respeito aos ganhos solares, devidos apenas à radiação, os edifícios PROCEL-
Edifica apresentam maiores ganhos que os edifícios LEED, para as três cidades, ainda que os
percentuais de abertura na fachada dos primeiros sejam menores que os dos últimos. Assim, conclui-
se que a diferença dos ganhos se deve ao fator solar dos vidros, definidos em 0,87 para o PROCEL-
Edifica e em 0,25 para o LEED.
Com relação aos ganhos externos, nota-se que, no caso de Belém, estes ganhos apresentam
valores positivos para ambos os edifícios. Isto é, como na maior parte do ano a temperatura externa é
superior à temperatura de setpoint dos ambientes condicionados, a condução de calor se dá no
sentido do ambiente externo para o ambiente interno. Desta forma, visto que o edifício PROCEL-
Edifica apresenta elementos construtivos com maiores coeficientes de transmitância térmica, recebe
maior carga por condução que o edifício LEED.
Já no caso das cidades de Brasília e São Paulo, os ganhos externos apresentam valores
negativos, visto que em grande parte do ano a temperatura externa é inferior à temperatura de
setpoint dos ambientes condicionados. Assim, a condução de calor se dá no sentido do ambiente
interno para o ambiente externo. Desta forma, visto que o edifício PROCEL-Edifica apresenta
elementos construtivos com maiores coeficientes de transmitância térmica, perde mais calor por
condução que o edifício LEED.
5.3.Consumo energético
No gráfico da Figura 2, são apresentados os resultados obtidos para o consumo energético dos
edifícios de referência.
3500,000
3000,000
Consumo energético anual [MWh]
2500,000
2000,000
Equipamentos
Sistema iluminação
1500,000 Bombas
Torre de resfriamento
Ventiladores
1000,000
Chillers
500,000
,000
Figura 2: Consumo energético anual dos edifícios de referência.
A conclusão direta que pode se extrair da Figura 2 é que o sistema de AVAC, constituído
pelos resfriadores, ventiladores, torres de resfriamento e bombas, representa o uso final que mais
consome energia nos edifícios, seguido do sistema iluminação e dos equipamentos. Esta situação se
verifica nas três cidades. Ao comparar os perfis entre as cidades, nota-se que os edifícios que
apresentam maior consumo energético para o sistema de AVAC, em termos absolutos, localizam-se
na cidade de Belém. Este resultado já era esperado, pois ainda que os chillers de seus sistemas sejam
mais eficientes que os das outras cidades, diferentemente das cidades de Brasília e de São Paulo, as
condições climáticas de Belém refletem em ganhos externos positivos ao longo do ano e são estes
ganhos de carga térmica que, justamente, contribuem a um consumo energético anual mais elevado.
No caso da cidade de Belém, o consumo dos chillers é 2,4% maior no caso do edifício
PROCEL-Edifica. Este resultado é condizente, visto que este edifício possui carga térmica 5,8%
superior ao edifício LEED e sabendo que os níveis de eficiência dos chillers de ambos os edifícios
apresentam os mesmos valores. Considerando todos os equipamentos do sistema de AVAC, o
consumo do PROCEL-Edifica é 3,07% superior ao do LEED.
Já para a cidade de Brasília, os chillers do edifício LEED consomem 5,3% a mais de energia
que os do PROCEL-Edifica, apesar da carga térmica do primeiro ser apenas 1% superior à do último.
Isto pode ser explicado devido ao fato dos níveis de eficiência dos chillers destes edifícios
apresentarem valores diferentes entre si (4,90 para o LEED e 5,12 para o PROCEL-Edifica).
Considerando todos os equipamentos do sistema de AVAC, o consumo do LEED é 4,5% superior ao
do PROCEL-Edifica.
Finalmente, no caso da cidade de São Paulo, os chillers do edifício LEED consomem 2,6% a
mais de energia que os do PROCEL-Edifica, ainda que a carga térmica do último seja ligeiramente
superior à do primeiro (0,6%).
Analogamente à cidade de Brasília, esta diferença se deve ao fato dos chillers destes edifícios
apresentarem valores diferentes entre si (4,90 para o LEED e 5,12 para o PROCEL-Edifica).
Considerando todos os equipamentos do sistema de AVAC, pode-se dizer que os edifícios
apresentam níveis de consumo equivalente.
5.3.2. Sistemas de iluminação
5.3.3. Equipamentos
Conforme apresentado nas seções 5.3.1 a 5.3.3, a diferença mais relevante em termos de
consumo final entre os edifícios LEED e PROCEL-Edifica diz respeito ao sistema de iluminação,
calculado em 13,1% superior para os edifícios LEED das três cidades. No entanto, ao observar a
diferença percentual do consumo total dos edifícios, esta diferença se reduz consideravelmente. Isto
ocorre, pois o sistema mais representativo em termos de consumo energético é o de AVAC e a
diferença percentual deste consumo final entre os edifícios LEED e PROCEL-Edifica não ultrapassa
5%. Já o consumo de equipamentos é equivalente para todos os edifícios de todas as cidades.
Em termos absolutos, os edifícios LEED apresentam maior consumo energético anual. Já ao
analisar a distribuição de uso final de energia, nota-se que, em termos percentuais, os perfis dos
edifícios de uma mesma cidade são semelhantes. A Figura 3 ilustra o caso da cidade de Brasília,
porém a mesma situação pode ser observada nas cidades de Belém e de São Paulo.
Figura 3: Distribuição do consumo energético por uso final – Brasília.
5.4.Custo energético
Da análise dos resultados, conclui-se que a diferença percentual do custo energético entre os
edifícios LEED e PROCEL-Edifica apresenta mesma ordem de grandeza que a diferença percentual
apresentada em termos de consumo energético. Este resultado era esperado, visto que os edifícios
apresentam distribuição do consumo equivalente ao longo do ano e do dia.
6. Conclusões
7. Referências
Resumo:
Abstract:
This article establishes the proposition of a conceptual set of sustainability indicators to check
the performance of different practices of environmental education. Within a complex view of the
concept of sustainability, the purpose of the methodology here presented is to analyze, evaluate and
measure, among the social, economic, environmental and institutional aspects, the level of
sustainability that an initiative of environmental education is generating in a particular region.
Introdução
Nos últimos anos, ganharam relevância mundial tanto na esfera pública quanto na
sociedade civil questões ligadas à sustentabilidade, aumentando o número de políticas e
projetos desenvolvidos em comprometimento com este tema. Visando orientar as decisões dos
públicos envolvidos nestas atividades, diferentes metodologias e ferramentas de verificação
de seu desempenho vêm sendo elaboradas, permitindo às instituições organizadoras
assumirem uma postura ética e responsável ao melhorarem seu desempenho e alcançarem
resultados mais expressivos, em qualquer dimensão avaliada.
Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais (UFSC) e Mestre em Educação Ambiental
(USAL/UFPE), atualmente é doutoranda em Meio Ambiente pela Universidad de Salamanca
(Espanha). Possui publicações na área de Ética Ecológica na Revista de Direito (2010), sobre
Desenvolvimento Sustentável nos anais do I Congreso de Estudiosos de Brasil en Europa (2008),
além de um artigo de Sociologia Rural em um livro sobre Profissões Rurais, da UFSC (2004).
Contato: cajahnel@yahoo.com.br.
Caminhando neste sentido, pretendemos contribuir neste debate apresentando uma
metodologia para análise, acompanhamento e avaliação de diferentes projetos de educação
ambiental através do uso de indicadores de sustentabilidade. Os indicadores aqui propostos
visam verificar, principalmente, quais impactos uma ação de educação ambiental (seja ela
formal ou não) está provocando na vida cotidiana da comunidade onde esta atividade está
sendo praticada. Ou seja, se ela realmente está cumprindo com seu objetivo de educar
ambientalmente e, portanto, está levando ao estabelecimento da sustentabilidade na região.
No entanto, ressaltamos que esta é uma tarefa extremamente delicada já que, mesmo
existindo uma série de ferramentas ou sistemas que procuram avaliar o grau de
sustentabilidade em diferentes âmbitos de nossa sociedade, se conhecem muito poucas
ferramentas específicas para a avaliação da sustentabilidade dentro da prática da educação
ambiental. Sendo assim, a formulação desta metodologia adotou como principais referenciais
teóricos os pressupostos da Agenda 21 da Rio-92 (Unesco, 2004), o Regimento do World
Bussiness Council for Sustainable Development (World Bank, 2006), além dos indicadores
utilizados pelo Dow Jones Sustainability Index (Petrobras, 2010).
Quanto à metodologia aqui proposta, ela apresenta uma orientação prática e baseia-se
em um enfoque complexo do conceito de sustentabilidade. Por considerar que a pedagogia
por si só não é capaz de analisar um tema tão complexo como este, a presente pesquisa
buscou ir mais além de um olhar pedagógico propriamente dito e, por isso, está localizada no
campo interdisciplinar das ciências humanas e sociais (Carvalho, 2004). A opção por esta
metodologia científica se justifica por considerarmos que para a elaboração de um saber
teórico-prático no amplo campo da educação ambiental dificilmente podemos falar de um
método particular e único. Neste sentido, optamos por uma pesquisa na qual nos esforçamos
em utilizar a interação entre algumas disciplinas, tentando ir mais além da comunicação das
ideias para buscar uma integração de conceitos, terminologias, metodologia e organização do
estudo.
Propomos, portanto, um conjunto de indicadores primários, denominados em seu
conjunto “indicadores de sustentabilidade para a educação ambiental”, como ponto de
referência para avaliar se os recursos e meios que estão sendo investidos são os mais
eficientes em relação aos objetivos perseguidos pelo projeto em questão. A formulação desta
metodologia seguiu a lógica do Quadriple Bottom Line, organizando os indicadores segundo
os quatro pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental, social e político-institucional
(Bellen, 2005). Antes porém, desenvolvemos um primeiro grupo de indicadores
correspondentes a um conjunto de informações gerais sobre o projeto analisado, seguido de
alguns indicadores que avaliam a relação entre o custo e a efetividade do projeto em questão.
Apenas posteriormente detalhamos nossa proposta de indicadores específicos para se avaliar
projetos de educação ambiental, estabelecendo uma metodologia com critérios e ferramentas
que podem ser utilizados por qualquer grupo que organize uma atividade dessa natureza.
4. Quantas pessoas das que foram envolvidas nas ações de educação ambiental são
consideradas multiplicadores/disseminadores de informação ou de conhecimento: professores,
gestores ambientais, lideranças comunitárias, crianças/jovens, jornalistas, outros [meta do
projeto X atingido ao final do projeto].
5. Quantos cursos / palestras / oficinas foram ministrados outros [meta do projeto X atingido
ao final do projeto X não se aplica].
7. Relato qualitativo das atividades (espaço reservado para descrever as possíveis dificuldades
encontradas na execução das ações de educação ambiental, os resultados qualitativos, as
justificativas para os casos em que o previsto não tenha sido plenamente executado etc.).
1. Valor social:
Vs = Be + Ba + P.Q – C2
1 O custo do investimento (C) equivale ao valor empregado para a realização do projeto como um
tudo. Já os benefícios econômicos (Be) dizem respeito ao lucro gerado pela venda dos bens materiais
produzidos ao longo dessa atividade de educação ambiental. Os benefícios ambientais quantificáveis
monetariamente (Ba) podem corresponder tanto a um gasto que se deixou de ter devido às novas
práticas ambientalmente corretas, como a um lucro que se passou a ter também devido à essas novas
atitudes.
2 Exemplo: um projeto de educação ambiental junto a catadores de lixo com um custo (C) de
R$1.000,00, fez com que 10kg de lixo fossem vendidos para a reciclagem, gerando um benefício
2. Valor ambiental:
Va = C + Ba - Ca4
No caso de um projeto com múltiplos efeitos ambientais, para medição dos bens não
materiais, recomenda-se a construção de um índice que pondere os diferentes benefícios,
segundo prioridades estabelecidas por seus gestores. Estes conceitos podem ser utilizados
ambiental (Ba) de R$ 400,00. Além disso, os catadores construíram uma quantidade (Q) de 50
brinquedos com garrafas pet recicladas, sendo que cada um foi vendido a R$5,00 (P). Por fim, com o
lucro dessa nova atividade, os catadores tiveram uma renda líquida de R$800,00 (Be). O que faz com
que esse projeto tenha um valor social direto de R$ 450,00. Colocando na fórmula, temos a seguinte
equação: Vs (R$450,00) = 800 (Be) + 400 (Ba) + 5 (P) x 50 (Q) – 1.000 (C).
3 Novamente, o custo do investimento (C) equivale ao valor empregado para a realização do projeto
como um tudo, assim como os benefícios ambientais (Ba) podem corresponder tanto a um gasto que se
deixou de ter devido às novas práticas ambientalmente corretas, como a um lucro que se passou a ter
também devido à essas novas atitudes. Porém, neste caso há um custo ambiental quantificável
monetariamente (Ca) que pode corresponder tanto ao gasto em ações para redução dos impactos
ambientais provocados pelo projeto, como também pode corresponder ao custo incorrido em ações de
acompanhamento e avaliação de algum impacto ambiental.
4 Exemplo: um projeto de educação ambiental para o uso sustentável da água, junto aos alunos de
uma escola, teve um custo (C) de R$1.500,00. Ao longo do período de duração do projeto, as famílias
desses alunos reduziram seus gastos com água encanada e os alunos passaram a controlar, junto à
prefeitura, a eficácia do sistema municipal de tratamento de água. Somando a economia de todas as
famílias envolvidas em suas contas de água, chegou-se ao valor de R$1.000,00, considerado aqui
como um benefício ambiental (Ba). No entanto, os custos de medição periódica do teor de pureza na
água do reservatório foi de R$500,00 (Ca). O que faz com que esse projeto tenha um valor ambiental
de R$2.000,00. Colocando na fórmula, temos a seguinte equação: Va (R$2.000,00) = 2.000 (C) +
1.000 (Ba) – 500 (Ca).
tanto para projetos isoladamente, quanto para um conjunto de projeto, tanto na fase de
acompanhamento como na fase de avaliação dos resultados.
Este item tem por objetivo apresentar uma metodologia para análise, acompanhamento
e avaliação de projetos de educação ambiental. Estes indicadores, conforme dito
anteriormente, estão organizados segundo os quatro pilares de sustentabilidade, os quais são:
econômico, social, ambiental (ecológico) e político-institucional. A ideia principal dessa
seleção de indicadores é possibilitar uma avaliação comparativa da qualidade de vida e do
meio ambiente na região onde a prática da educação ambiental é realizada. Isso porque,
através de uma metodologia específica e de ferramentas padronizadas, é possível reduzir a
subjetividade relativa desses dados, formatando-os de modo a viabilizar comparabilidade
entre diferentes alternativas, além de se apontar tendências e destacar seus pontos fracos.
Desta forma, os indicadores podem desempenhar um significativo papel na identificação de
problema e tendências, contribuindo tanto para o planejamento de políticas em longo prazo,
quanto para a tomada de decisões imediatas no processo de estabelecimento de uma
sustentabilidade na área em questão. No entanto, por serem indicadores dinâmicos, serão
necessários ajustes e reavaliações a cada revisão de determinado projeto de educação
ambiental.
Indicadores Econômicos:
5 Chamamos aqui de produto industrializado aquele que é obtido pelo processamento de um ou mais tipos de
alimentos, tendo tido adicionado ou não outras substâncias permitidas, por meio de processos tecnológicos
adequados.
6 Produtos sustentáveis são aqueles fabricados com matérias-primas recicladas, recicláveis ou de fonte
renovável, ou são aqueles produtos que são recicláveis ou biodegradáveis.
Indicadores Ambientais:
4. Abastecimento de água:
Este indicador avalia se o projeto incentiva melhoras no sistema de abastecimento de
água na região onde suas atividades são desenvolvidas. Averiguando se o município já oferece
esse tipo de serviço à população, é analisado se o projeto ajudou a implementar esse tipo de
serviço, a expandir sua área de cobertura ou se fomentou melhoras no abastecimento
alternativo de água. As informações serão coletadas através de dados fornecidos pelos
próprios gestores do projeto.
5. Presença de esgoto domiciliar:
Este indicador avalia se o projeto incentiva melhoras no sistema de tratamento de
esgoto na região onde suas atividades são desenvolvidas. Averiguando se o município já
oferece esse tipo de serviço à população, é analisado se o projeto ajudou a implementar esse
tipo de serviço, a expandir sua área de cobertura ou se fomentou alternativas junto à
população. As informações serão coletadas através de dados fornecidos pelos próprios
gestores do projeto.
7. Coleta seletiva:
Este indicador avalia se a presença das atividades de educação ambiental reduziram,
dentre o total de resíduos gerados na localidade, a quantidade percentual que é recolhida
através de uma coleta seletiva, indo para um destino adequado de resíduos para
reciclagem/reutilização. Neste caso, há duas formas de se medir: através da relação volume
(m3) ou peso (Kg) de resíduos encaminhados para coleta seletiva X volume total ou peso total
de resíduos gerados; ou analisando se houve alguma alteração na frequência da prestação de
serviço na coleta seletiva de resíduos após o início do projeto.
Indicadores Sociais:
4. Comércio justo:
Este indicador procura saber o quanto o projeto está fomentando um comércio
socialmente justo na comunidade onde é praticado. Para tanto, mede-se o percentual dos
fornecedores dos recursos e materiais utilizados pelo projeto que são grupos organizados da
comunidade (tais como cooperativas de pequenos produtores, iniciativas solidárias ou
organizações com projetos de geração de renda para grupos usualmente excluídos) em relação
ao total de fornecedores.
5. Cumprimento à legislação:
Este indicador informa se o projeto está isento de multas por desobediência às leis
(trabalhistas, tributárias, ambiental, fiscal, entre outras), dando-se ênfase a existência ou não
de trabalho infantil. Para tanto, verifica-se a certidão negativa referente a processos
trabalhistas ou relação dos processos de desobediência à Legislação Trabalhista durante a
execução do projeto.
9. Transparência do projeto:
Este indicador avalia as iniciativas de comunicação clara e aberta dos
resultados/impactos sociais gerados pelo projeto junto aos seus públicos de interesse (por
exemplo, financiadores, colaboradores, participantes e fornecedores). Medem-se o número de
informes/relatórios elaborados e divulgados em mídia impressa e/ou eletrônica (por exemplo,
site, newsletters, e-mails) e porcentagem de colaboradores, participantes e financiadores
destinatários desta divulgação.
Indicadores Institucionais:
1. Agenda 21:
Este indicador mostra se o município onde o projeto realiza suas atividades possui
programas de implementação da Agenda 21 Brasileira, conforme definido pela Comissão de
Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS), em 2002. E, em
caso positivo, se essas iniciativas aumentaram após o início do programa de educação
ambiental. É medido pelo número de iniciativas/ações de implementação da Agenda 21
realizadas no município antes e depois do projeto.
Conclusão
A construção de indicadores de sustentabilidade para avaliarem iniciativas de
educação ambiental segue o discurso e as diretrizes dos principais órgãos e instituições
nacionais e internacionais que tratam desta questão (como UNESCO, PNUD, MMA e
REBEA). Em concreto, a formulação desses indicadores está embasada no capítulo 36 da
Agenda 21 que incentiva, tanto instituições públicas como privadas, a aplicarem este tipo de
ferramenta em diferentes iniciativas de estabelecimento da sustentabilidade (Unesco, 2004). O
forte incentivo ao desenvolvimento destes instrumentos vem especialmente do fato que eles
não apenas facilitam o monitoramento e a avaliação desse tipo de atividade, como também
norteiam futuras decisões políticas a serem tomadas visando a sustentabilidade.
A título de conclusão, ressaltamos que o embasamento conceitual na construção de um
conjunto de indicadores é crucial, pois é preciso ter clareza de onde se quer chegar e a
pertinência de cada item mensurado, pois as possibilidades são inúmeras. No que diz respeito
à formulação dessas ferramentas especificamente para a avaliação da sustentabilidade, por
este ser um conceito amplo e complexo, que envolve diferentes aspectos da nossa vida, torna-
se um trabalho que exige uma visão interdisciplinar do assunto. Além disso, esta é uma tarefa
especialmente complicada pois, como bem afirmou Riechmann (1995), este é um conceito
que todavia não tem um consenso em sua formulação, portanto, ainda dá espaço para
diferentes interpretações, algumas, inclusive, incompatíveis entre si.
Cabe explicitar também que esses indicadores descrevem um processo específico e são
portanto particulares a esse processo, por isso não há um conjunto de indicadores globais
adaptáveis a qualquer realidade. Neste sentido, percebemos que ao se formular uma proposta
de avaliação de educação ambiental, não devemos ignorar algum indicador por falta de dados,
mas sim ter em mente um conjunto ideal de indicadores. Cabendo assim, ao momento de sua
aplicação em determinado projeto, eliminar aqueles que se mostrarem impossíveis de levantar
naquela situação específica.
A partir da contribuição das inúmeras leituras sobre o tema que realizamos,
ressaltamos que os indicadores aqui formulados não só ajudam a compreender melhor os
avanços de uma iniciativa específica de educação ambiental, mas que também permitem
estabelecer comparações entre diferentes projetos, relacionando âmbitos muito distintos em
níveis educativos, territoriais, segundo a tipologia dos destinatários ou características das
instituições e organizações implicadas, conforme diferencia Veiga (2009). Para possibilitar
essa comparação futura entre diferentes iniciativas avaliadas foi necessário uniformizar certos
procedimentos de análise, possibilitando um monitoramento conjunto dentro de um sistema
de avaliação estruturado e padronizado. A partir desta padronização torna-se possível
comparar não apenas as regiões atingidas e o total de indivíduos alcançados pelos projetos de
educação ambiental, mas também os resultados destas práticas, evidenciando assim as
contribuições estimadas através de métricas, além de possibilitar uma avaliação destas
iniciativas segundo critérios pré-definidos.
Sendo assim, os indicadores de sustentabilidade aqui propostos, além de servirem de
parâmetro de comparação entre diferentes projetos de educação ambiental, podem ser
aplicados a escalas maiores: como municípios, estados e países, mesmo que para cada
situação sejam necessários ajustes e adaptações. Assim, evidenciamos que esta é uma
ferramenta eficaz para a mensuração do direcionamento da sustentabilidade, especialmente
devido a sua capacidade de agregar informações e de monitorar as mudanças ocorridas nos
diferentes aspectos avaliados ao longo de um período.
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RESUMO
Devido às exigências de mercado, as certificações florestais têm crescido muito no Brasil, destacando-
se o FSC e o Cerflor. Essas certificações visam uma produção sustentável de produtos de origem
florestal, sejam eles madeireiros ou não madeireiros, e as exigências incluem indicadores econômicos,
sociais e ambientais. Para os aspectos ambientais são considerados estudos de fauna e flora, mas,
geralmente, os estudos que são apresentados limitam-se a levantamentos qualitativos que são repetidos
de tempos em tempos, mas que podem não ser suficientes para trazer informações sobre os impactos
ambientais causados pela exploração. Sendo a fauna exímia indicadora de qualidade de meio
ambiente, informações quantitativas e o monitoramento podem ser grandes aliados para identificação,
não apenas do reconhecimento do valor de conservação da área, mas também para indicar possíveis
impactos causados pelo processo produtivo, como por exemplo, o uso de agrotóxicos, poluição de
corpos d’água e uso exaustivo dos recursos naturais. As aves são muito importantes para o equilíbrio
dos ecossistemas e, por serem muito sensíveis a alterações no ambiente, são consideradas um dos
melhores bioindicadores para a avaliação de impactos ambientais. Através de consultas bibliográficas,
o presente estudo tem como objetivo ressaltar a importância de monitorar a avifauna de áreas
certificadas visando assegurar a perpetuação das espécies, auxiliar a identificação e a mitigação de
possíveis impactos, garantindo assim a sustentabilidade do processo e a qualidade do meio ambiente.
ABSTRACT
Due to market demands, forest certification has grown considerably in Brazil, especially the FSC and
Cerflor. These certifications aimed at sustainable production of forest products, whether timber or
non-timber products, and the requirements include economic, social and environmental indicators. For
environmental aspects are considered studies of fauna and flora, but generally the studies that are
presented are limited to qualitative surveys that are repeated from time to time but that may not be
sufficient to bring about the environmental impacts caused by the operation. Being the fauna excels
indicator of environmental quality, quantitative information and monitoring can be great allies to
identify not only the recognition of the conservation value of the area, but also to indicate possible
impacts caused by the production process, for example, the use of pesticides, pollution of water bodies
and exhaustive use of natural resources. The birds are very important for the balance of ecosystems
and, because they are very sensitive to changes in the environment, are considered one of the best
biomarkers for the assessment of environmental impacts. Through bibliographical consultations, this
study aims to highlight the importance of monitoring the avifauna of certified areas to ensure the
perpetuation of the species, help identify and mitigate potential impacts, thereby ensuring the
sustainability of the process and the quality of the environment.
1
INTRODUÇÃO
As ações antrópicas no ambiente, fragmentando ou simplificando ecossistemas, têm
provocado alterações sensíveis nas comunidades bióticas, causando reduções populacionais,
mudanças nas razões dos sexos e isolamentos de metapopulações (populações confinadas e
fragmentos) (ALMEIDA, 1996). Florestas estão entre os ambientes mais suprimidos ou
substituídos pelo homem nas suas atividades de subsistência. A reconstituição de florestas
perdidas ou degradadas é hoje uma necessidade inquestionável e que se baseia em abordagens
multidisciplinares, sendo uma delas o importante papel da fauna como ferramenta e manejo
(SILVA et al., 2010).
A Convenção sobre Biodiversidade proposta na Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD, conhecida como Rio 92, inseriu o
tema “Proteção da Biodiversidade dos Ecossistemas Florestais” nas agendas oficiais dos
países. Entretanto, as medidas adotadas pelas autoridades florestais não conseguiram parar a
destruição das florestas, necessitando de medidas inovadoras para auxiliar a proteção dos
recursos florestais no mundo (REZENDE, 2006). A certificação florestal voluntária foi
desenvolvida como mais uma ferramenta para fortalecer o manejo florestal sustentado e
controlar a origem da matéria-prima dos produtos florestais (SAVCOR INDUFOR OY,
2005). Esta ferramenta foi a forma com a qual a sociedade estabeleceu critérios econômicos,
ambientais e sociais para caracterizar produtos sustentáveis (FARIA, 2009).
A certificação florestal é um mecanismo baseado na existência de um nicho de
mercado, que substitui ou complementa outras ferramentas e políticas que buscam promover o
manejo sustentável de florestas. Além desta, existem também os requisitos dos planos de
manejo, ou estudos de impacto ambiental que estão incluídos em quase todas as legislações
dos países (VAN DAM, C., 2003). A certificação florestal é um processo que implica na
avaliação por um certificador independente, que assegura que a floresta está sendo manejada
de acordo com critérios ecológicos, sociais e econômicos. Esse processo dá o direito de uso de
um rótulo com informações ao consumidor garantindo que a madeira ou outro produto
florestal adquirido, é oriundo de uma floresta certificada (VON KRUEDENER, 2000 apud
VAN DAM, C., 2003) e manejada de forma sustentável.
Dentre as vantagens decorrentes da certificação florestal pode-se destacar: o acesso a
mercados altamente competitivos de produtos florestais madeireiros e não-madeireiros;
melhoria da imagem da organização junto aos compradores, funcionários, comunidades
2
locais, organizações não-governamentais, governos, etc.; acesso a fontes de financiamento;
agregação de valor ao produto proporcionando preços diferenciados; melhoria da prática do
bom manejo florestal; uso potencial na definição de políticas públicas; incentivo ao
desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias florestais; dentre outras. Como principal
desvantagem, se não utilizada corretamente, a certificação florestal pode se tornar uma
barreira comercial para produtos florestais, principalmente de produtos oriundos de florestas
tropicais, de países em desenvolvimento (REZENDE, 2006).
No Brasil existem dois sistemas de certificação florestal em operação: o Cerflor
(Programa Brasileiro de Certificação Florestal), que faz parte do Sistema Brasileiro de
Avaliação de Conformidade – SBAC, gerenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro; e o sistema de certificação florestal
conduzido pelo Forest Stewardship Council. No Brasil, a fundação do “FSC Working Group”
aconteceu em 1997 com a tarefa de estabelecer critérios e indicadores adequados para o país,
mas com base nos princípios do FSC internacional (SPATHELF, 2004). O Cerflor, por sua
vez, foi lançado em 2002 e seus padrões são prescritos nas normas elaboradas pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), integradas ao Sistema Brasileiro de Avaliação
da Conformidade e ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial) (FARIA, 2009).
Apesar de terem alguns critérios e princípios distintos entre o FSC e o Cerflor, ambos
possuem o objetivo de promover a sustentabilidade na produção. Para Burger (2005) existem
alguns requisitos básicos que caracterizam o desenvolvimento sustentável, dentre eles a
consideração em relação a todos os recursos materiais e imateriais necessários para a vida
humana, ou seja, recursos sociais, econômicos e naturais, incluindo neste último a biosfera,
paisagens e biótopos que contem os elementos ar, água, solo, minerais, vegetação e fauna.
Em ambas as certificações, para os aspectos ambientais são considerados estudos de
fauna e flora, mas, geralmente, os estudos que são apresentados limitam-se a levantamentos
qualitativos que são repetidos de tempos em tempos e que são de suma importância para o
reconhecimento das espécies existentes nas áreas. Porém, sendo a fauna exímia indicadora de
qualidade de meio ambiente, informações quantitativas e o monitoramento podem ser grandes
aliados para identificação, não apenas do reconhecimento do valor de conservação da área,
mas também para indicar possíveis impactos causados pelo processo produtivo, como por
exemplo, o uso de agrotóxicos, poluição de corpos d’água e uso exaustivo dos recursos
naturais.
3
Neste aspecto, os estudos de fauna podem ser grandes aliados para avaliações
ambientais. As aves são muito importantes para o equilíbrio dos ecossistemas e, por serem
muito sensíveis a alterações no ambiente, são consideradas um dos melhores bioindicadores
para a avaliação de impactos ambientais. Além disso, atualmente, são muitas as técnicas
conhecidas para os estudos de avifauna e os próprios hábitos comportamentais deste grupo
facilitam a busca e a coleta de informações. Considerando que aves e mamíferos são bons
indicadores do estado de conservação em que um sistema biológico se encontra,
monitoramentos contínuos das populações destas espécies tornam-se necessários para avaliar
a diversidade e fornecer informações para um adequado manejo além de indicar as possíveis
consequências que as interferências possam vir a ocasionar (GOMES, 2002).
Contudo, deve-se mencionar a escassez de conhecimento científico quanto a
dinâmica de formação das florestas naturais, principalmente após intervenção, e a escassez de
conhecimento para alterar uma exploração predatória para uma sustentável (SCHNEIDER;
FINGER, 2000). Durante pesquisa descritiva feita com algumas empresas atuantes no
mercado de papel e celulose, Borges et al. (2009) constataram que, na maioria das instituições
analisadas, as políticas ambientais estão amplamente declaradas, mas que as informações
apresentam apenas caráter descritivo. Medeiros et al. (2009), também pesquisando empresas
florestais, diagnosticaram que estudos qualitativos da fauna silvestre são mais comuns quando
comparados com os quantitativos e que, de modo geral, há uma notória carência de
infraestrutura específica no manejo de fauna silvestre nas empresas pesquisadas. Para Spathelf
et al. (2004), um manejo florestal sustentável , que compreende a preservação da estrutura dos
povoamentos e da diversidade biológica de espécies ainda não foi comprovado na prática.
OBJETIVOS
Considerando que as certificações florestais têm como um dos princípios avaliar
impactos ambientais e garantir as partes interessadas a sustentabilidade do manejo florestal, o
trabalho tem como objetivo ressaltar a importância de monitorar a avifauna de áreas
certificadas visando assegurar a perpetuação das espécies, auxiliar a identificação e a
mitigação de possíveis impactos, garantindo assim a sustentabilidade do processo e a
qualidade do meio ambiente.
METODOLOGIA
4
Para obtenção de informações que auxiliassem no desenvolvimento da tese, além de
conhecimento próprio, foram feitas pesquisas de natureza bibliográfica em livros,
publicações, teses, artigos e buscas na internet.
DISCUSSÃO
De acordo com o Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF), o processo de
certificação florestal é voluntário e baseia-se nos três pilares da sustentabilidade:
ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável. Hoje, no Brasil,
predominam duas certificações. Uma delas, o FSC (Forest Stewardship Council), é muito
difundida mundialmente. A outra, o CERFLOR (Programa Brasileiro de Certificação
Florestal), é reconhecido internacionalmente pelo PEFC (Program for the Endorsement of
Forest Certification Schemes). Mesmo sendo comprovadas as melhorias sociais, econômicas e
ambientais que as certificações florestais trazem, até que ponto os critérios e indicadores
utilizados durante o processo de certificação garantem a sustentabilidade de ambientes
impactados/alterados por atividades antropogênicas?
Atualmente, apesar da expansão da consciência ambiental por parte dos
consumidores e do marketing verde que gira em torno das empresas, grande parte da
população e dos governantes não tem consciência do valor ecológico que as espécies da fauna
desempenham na estruturação e manutenção dos ecossistemas, e que depende delas o
equilíbrio biológico essencial para todas as formas de vida. Este quadro é ainda mais agravado
pelo desconhecimento técnico sobre muitos aspectos bio-ecológicos da maioria dos animais
da fauna nativa. São inúmeros os fatores que ocasionam prejuízos a fauna silvestre, sendo
muitos deles de caráter irreversível. A busca de desenvolvimento econômico, por meio
industrial, agrícola ou florestal está entre os principais fatores de pressão sobre as áreas
naturais, e consequentemente sobre as espécies da fauna (VIDOLIN et al., 2004).
Para preservar a funcionalidade total da floresta para o ambiente, a economia e para a
sociedade, sua capacidade de regeneração, uso e regeneração devem ser correspondentes em
quantidade, qualidade e ritmo (BURGER, 2005). Em adição, o autor ainda diz que, para que
essa regeneração seja garantida, o manejo florestal deve procurar manter o equilíbrio mais
próximo possível da natureza em termos de diversidade, distribuição, perfil, idade e ritmo de
crescimento e rejuvenescimento não só de árvores, mas também de outras plantas e da fauna.
5
O solo, a fauna e a flora evoluíram numa dependência mútua, sendo que cada um é
fator de formação do outro e a ausência de um destes componentes pode inviabilizar a
existência dos demais. Existe uma interação muito grande entre a vegetação e a fauna, sendo
que a maioria das espécies arbóreas tropicais é polinizada por insetos e aves e suas sementes
dispersas por uma diversidade grande de animais e intervenções na vegetação produzem
efeitos diretos na fauna, pela redução, aumento ou alteração de dois atributos chaves, que são
alimento e abrigo (PACCAGNELLA et al., 2003).
A conservação da fauna silvestre em áreas florestadas é reconhecida como de vital
importância na estabilidade biológica, na manutenção da biodiversidade, no controle
biológico de pragas, na manutenção dos valores estéticos da natureza e nos processo de
renovação da vegetação nas reservas naturais. A simples presença de uma espécie rara ou
ameaçada de extinção, ou então a ocorrência de um elevado índice de diversidade de espécies,
não indicam necessariamente que uma determinada reserva florestal seja de ótima qualidade e
que tenha condições de conservar suas populações animais (ALMEIDA, 1998).
Sabendo que a conservação da fauna silvestre é de vital importância para a
estabilidade biológica, manutenção da biodiversidade e nos processos de renovação da
vegetação (ALMEIDA; ALMEIDA, 1998), ambas as certificações (FSC e Cerflor) exigem
compromissos com a biodiversidade e a fauna local. Para o FSC, padrão 20-007 (2009),
documentos que podem ser usados para avaliar a conformidade com os indicadores do próprio
FSC incluem registros de avaliações da vida selvagem e registros de monitoramento dos
impactos ambientais. Estes registros podem fornecer informações da qualidade do ambiente
através do reconhecimento de espécies bioindicadoras.
Espécies bioindicadoras são aquelas que permitem identificar distúrbios no ambiente
sendo necessária a utilização de grupos de espécies que respondam rapidamente às mudanças
ambientais, sendo estas respostas claramente distintas daquelas geradas por flutuações
naturais (PIRATELLI et al., 2008). Indicadores ecológicos devem ser sensíveis o suficiente
para reagirem de forma detectável quando um sistema é afetado por ações antropogênicas e
também devem permanecer razoavelmente previsíveis em ecossistemas imperturbáveis
(NIEMY; MCDONALD, 2004).
Neste contexto, segundo Piratelli et al. (2008), citando Terborgh (1977); Bierregaard
(1990); Furness e Greenwood (1993); Turner (1996); e Bierregaard and Stouffer (1997), o uso
de aves como bioindicadores tem sido justificado devido a características específicas que esse
grupo faunístico apresenta, tais como: um amplo conhecimento quanto à taxonomia e
6
sistemática das espécies, o elevado nível na cadeia alimentar ocupado por várias espécies, e
pela sensibilidade das aves quanto a perdas e fragmentação de habitat.
A presença ou não de determinadas espécies fornecem informações importantes,
visto que algumas desaparecem ao menor sinal de perturbação (DÁRIO et al., 2002). Muitos
estudos de impacto ambiental utilizam aves como bioindicadores e muitos são os projetos que
visam proteger áreas com base na comunidade de aves (MATTSSON; COOPER, 2006). A
identificação de espécies de aves altamente prioritárias e que possam indicar alterações no
ambiente natural é o primeiro passo para o desenvolvimento de planos de sobrevivência de
espécies individuas e conservação de ecossistemas naturais (PRIMACK; RODRIGUES,
2001).
Na maioria das empresas certificadas, para cumprir os requisitos exigidos para
obtenção do selo verde, muitas vezes, as empresas acabam fazendo, sazonalmente, apenas o
levantamento e a caracterização descritiva das espécies da avifauna que ocorrem no local.
Além de estabelecer uma lista da diversidade avifaunística, tal estudo auxilia a identificar, por
exemplo, se na área ocorrem espécies sensíveis ou/e ameaçadas que devem ser preservadas e
o surgimento e/ou desaparecimento de espécies. O conhecimento dos recursos biológicos que
uma área contém, bem como sua relação com os fatores abióticos são de extrema importância
e, por isso, levantamentos são imprescindíveis para a elaboração do plano de manejo de uma
área e instrumento básico para a conservação dos recursos naturais (LYRA JORGE, 1999
apud PEIXOTO et al., 2007).
Contudo, considerando até mesmo a missão e visão do FSC de que o “manejo
florestal ambientalmente adequado garante que a exploração de produtos madeireiros e não
madeireiros mantém a biodiversidade, a produtividade e os processos ecológicos da floresta”,
limitar-se apenas a fazer uma caracterização descritiva pode não trazer todas as informações
necessárias para garantir a real qualidade do ambiente e os impactos que o manejo aplicado
causa a avifauna local.
Os monitoramentos, mais do que os levantamentos, permitem observar as tendências
populacionais (ACCORDI, 2010) e a acompanhar as características da avifauna de forma
quali-quantitativa em confronto com intervenções observadas ou previstas (STRAUBE et al.,
2010). Ainda, segundo Straube et al. (2010), a maior diferença entre levantamento e
monitoramento está no fato de que, o levantamento resultará na compilação de uma lista de
avifauna enquanto o monitoramento identificará alterações na composição e abundância da
comunidade de aves ao longo de uma ação repetida ou em evolução ao longo de um período
7
definido. Para Olmos (2005), todos os projetos de conservação e manejo sustentável devem
incluir dados das variações nas populações de espécies animais como indicadores de
desempenho.
Sabe-se que, para a análise de sustentabilidade ecológica na escala de paisagem, a
longo prazo, o monitoramento de indicadores biológicos torna-se o mais adequado (PIRES et
al., 2000). O monitoramento de espécies animais se justifica pois pode dar uma resposta mais
rápida que o monitoramento da vegetação, além de possibilitar um maior entendimento das
interações ecológicas existentes no ecossistema florestal (TERBORGH, 1992). A variação da
densidade/abundância dos bioindicadores e mudanças no uso que eles fazem do habitat após a
perturbação ambiental são os principais instrumentos de avaliação no monitoramento de fauna
(JOHNS, 1997).
Amostragens que desejam se aproximar do real devem abranger um espaço de tempo
mais longo, de forma a amostrar as diferentes estações do ano e permitir a realização de uma
avaliação migratória possibilitando assim o entendimento de fatores intrínsecos envolvidos na
dinâmica das populações. Levantamentos e monitoramentos de espécies de um habitat são
frequentemente solicitados com o propósito de embasar políticas de conservação ou manejo,
ou mesmo para estudos comparativos de comunidades entre diferentes localidades, faltando,
na maioria dos casos, a devida continuidade dos estudos com o propósito de entender o nível
de impacto ambiental sobre a fauna (SILVA JR. et al., 2007).
Para Young et al. (2003), levantamentos rápidos, por serem de curta duração,
produzem uma lista incompleta de espécies, pois qualquer lista de fauna requer anos de
amostragem e uma grande variedade de técnicas. Visando a manutenção da fauna e dos seus
habitats, as reservas naturais, a fauna silvestre deve ser monitorada através de estudos
populacionais que possam gerar dados que trarão resultados relativos bastante confiáveis e
seguros (ALMEIDA, 1996).
É muito útil e ecologicamente importante que a empresa florestal faça
monitoramentos que relacionem a superfície das áreas de produção (talhões florestais) com a
superfície das áreas de proteção (núcleos), sendo esta relação não apenas importante para
acompanhar passivamente a evolução dos ecossistemas, mas principalmente pra utilizá-los na
analise ambiental e nos programas de manejo (POGGIANI, 1998). Para Fernández et al.
(2003), uma das primeiras condições para que se possa manejar uma população é conhecer o
número de indivíduos que a compõe e como e por que ela varia no tempo. Informações como
essas possibilitam que os levantamentos realizados sejam de fato ferramentas que auxiliem
8
nas análises de impactos ambientais causados pela atividade florestal e para que a
sustentabilidade do plano de manejo seja assegurada,.
A proteção da fauna silvestre é vital para a existência das florestas nativas e, de
forma análoga, a contínua presença da fauna, nos ecossistemas florestais, é imprescindível
para possibilitar o efetivo alcance da sustentabilidade do manejo florestal. Por essa razão,
Ahrens (2004) recomenda que ocorra a incorporação de inventário contínuo e de
monitoramento da fauna silvestre aos diplomas legais que dispõem sobre o manejo de
florestas nativas aprimorando assim as práticas de manejo florestal na medida em que efetivo
cumprimento de sua sustentabilidade deva ser tecnicamente perseguido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Danos ambientais costumam ser de difícil reparação, sendo por vezes impossível,
como no caso da extinção de uma espécie da fauna e, mesmo quando a restauração de um
ambiente degradado é viável, dificilmente o mesmo voltara a existir nos exatos termos em que
existia na natureza. No Brasil, o princípio de proteção da biodiversidade assume fundamental
importância já que o país possui a maior biodiversidade do planeta e uma grande quantidade
de terras agriculturáveis, sendo necessário e premente o uso racional dessas terras, integrando
o agronegócio à proteção dos ecossistemas e da biodiversidade, não só por seu valor
ecológico, mas também por ser essencial à sadia qualidade de vida e à própria sobrevivência
da espécie humana no planeta (VALERI; SENÔ, 2004).
Em 2004, Ahrens inferiu que o manejo sustentável de um ecossistema florestal deve
considerar todas as suas partes componentes, o que obrigatoriamente inclui, não apenas a
flora, mas também a fauna silvestre que lhe seja peculiar e que, na medida em que na ausência
da fauna silvestre florestas nativas simplesmente não existiriam, recomendou o
aprimoramento das normas legais que tratam da elaboração de Planos de Manejo Florestal,
por meio da incorporação de medidas para o inventário e o monitoramento da fauna.
O conhecimento da abundância relativa de determinada espécie serve como
ferramenta para, ao menos, futuramente saber se houve ou não declínio desta espécie na área
estudada (STRAUBE et al., 2010). Anjos (2010) diz que, informações sobre o tamanho
populacional de espécies de aves pode ser buscada através de métodos de levantamento
qualitativo variados que devem estar estreitamente relacionados com os objetivos da pesquisa,
podendo ser estes os métodos de: mapeamento (contagem de números de territórios, gerando
dados precisos sobre a população real da espécie em uma determinada área); captura em redes
9
de neblina (contagem de número de capturas de uma espécie, gerando dados sobre a
estimativa populacional a partir de taxas de captura/recaptura de indivíduos), sendo esta uma
metodologia que exige licença do IBAMA; transecção (contagem do número de indivíduos de
uma espécie enquanto se percorre uma trilha padrão em um determinado tempo); e pontos
(contagem do número de indivíduos de uma espécie em determinados pontos durante um
tempo padrão). Porém, Straube et al. (2010), salienta que a aplicação desses índices ou de
análises estatísticas não faz sentido caso a comunidade de aves não tenha sido
satisfatoriamente conhecida e, infelizmente, a maioria dos estudos que apresentam tais
aplicações de índices de diversidade e outras análises estatísticas é representada por listagens
incompletas da comunidade de aves.
As certificações florestais tem como objetivo garantir a sustentabilidade do processo
produtivo e dentre seus princípios consta o monitoramento e a avaliação da biodiversidade.
Com base nas informações levantadas, o monitoramento de avifauna pode ser considerado
como uma ferramenta essencial para garantir o cumprimento de critérios ambientais exigidos
pelas certificações florestais. Ao contrario dos levantamentos geralmente apresentados, que
indicam apenas o surgimento e/ou desaparecimento de espécies, o monitoramento permite
avaliar flutuações nas populações, mobilidade e facilita a identificação da presença de
espécies migratórias, pois são estudos mais longos e que apresentam uma periodicidade. Para
Accordi (2010), como programas de monitoramento tem como objetivo analisar as tendências
populacionais, quanto mais longo e contínuo for o programa, mais precisas serão as
estimativas de tendência.
Ainda, por serem estudos mais longos e que geram informações mais detalhadas a
respeito das populações, permitem que, a qualquer percepção de alteração, sejam analisados
quais ações do plano de manejo podem ter causado modificações nas populações, sejam estas
alterações positivas ou negativas, permitindo assim a criação de medidas que visem a
perpetuação das espécies existentes e garantindo a sustentabilidade do plano de manejo.
Sendo assim, de acordo com as informações citadas e com as considerações já
levantadas por alguns autores, questiona-se a viabilidade da criação de um padrão ou de
exigências mais específicas para que os levantamentos e dados relacionados aos estudos de
fauna apresentados por empresas certificadas assegurem de fato a qualidade do ambiente
explorado e deixem de ser apenas parte de um protocolo a ser seguido.
10
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15
Programa de qualificação de fornecedores (PQF) e ISO 9001:2008: um estudo de caso em
uma pequena rede independente de hotéis
RESUMO
Este paper descreve dois processos de certificações de uma pequena rede independente de hotéis -
Hotel Tarik Fontes - na cidade de Itabuna Bahia, Brasil. Os procedimentos desenvolvidos na
organização investigada foram estruturados pelas normas do Sistema de Gestão da Qualidade baseado
na NBR ISO 9001:2008 e pelo Programa de Qualificação de Fornecedores – PQF- Bahia (Parceria
Público-Privado - PPP). As auditorias foram realizadas pela entidade BSI (British Standard
Institution). Os objetivos dessas preparações/certificações direcionaram para dois aspectos: a) cumprir
as normas técnicas especificadas pela ISO 9001 e b) qualificar potenciais empresas locais (Itabuna)
para tornarem-se supridoras de organizações do porte da BAHIA MINERAÇÃO - BAMIN. O
referencial teórico aborda os fundamentos da teoria francesa das convenções, os procedimentos de
certificações e os princípios da Gestão da Qualidade Total ("Total Quality Management" ou
simplesmente "TQM"). A metodologia do estudo de caso caracterizou esta investigação. Utilizaram-se
observações, análise documental das atas de reuniões, projeto de implantação do programa de
qualidade e relatórios das auditorias. Os resultados apontam que o hotel implantou uma gestão baseada
em normas e em especificações exigidas pela entidade certificadora. Nos momentos de
avaliações/auditorias, a empresa investigada apresentou os requisitos necessários para a obtenção dos
certificados. Considera-se, pois, que o Hotel Tarik Fontes atua em conformidade com as práticas de
qualidade e os princípios norteadores da ISO 9001. Por outro lado, muitos desafios são postos, como:
ser fornecedora de uma grande empresa (BAMIN), manter a certificação obtida e promover, sempre, a
filosofia japonesa da melhoria continua (kaizen), na oferta de serviços hoteleiros.
Palavras-chave: certificação, ISO 9001, gestão, programa de qualidade.
ABSTRACT
This paper describes two types of certification processes for an independent small chain of hotels –
Hotel Tarik Fontes -, situated in Itabuna Bahia, Brazil. The procedures developed in the investigated
organization were structured by rules of Quality Management System based on NBR ISO 9001:2008
and on Supplier Qualification Program – SQP - Bahia (Public-Private Partnership – PPP). The
auditing was performed by the company BSI (British Standard Institution). The objectives of these
preparations/certifications directed to two aspects: a) comply with the technical standards specified by
ISO 9001 and b) qualify potential local companies (Itabuna) to become suppliers of organizations as
BAHIA MINERAÇÃO – BAMIN. The theoretical reference covers the fundamentals of French theory
of conventions, certifications procedures and the principles of Total Quality Management (TQM). The
methodology of the case study was used in this investigation. It used observation, document analysis
of meeting reports, implementation project of quality program and audit reports. The results show that
the hotel has implemented a management based on standards and specifications required by the
certifying company. In moments of assessments / audits, the investigated organization presented the
requirements for obtaining the certificates. It is considered, therefore, that the Hotel Tarik Fontes acts
in accordance with the quality practices and guiding principles of ISO 9001. On the other hand, many
challenges are laid, as: being the supplier of a large company (BAMIN), the Hotel maintains the
certification obtained and it promotes, always, the Japanese philosophy of continuous improvement
(kaizen), in the supply of hotel services.
Key words: certification, ISO 9001, management, quality program.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Gestão pela Qualidade Total: uma breve consideração
Um bom gerenciamento, segundo Peter Drucker (1975, pp. 94), deve fazer parte do
cotidiano organizacional. Uma administração profissional utiliza-se de estratégias para a
continuidade dos negócios. As tarefas das empresas devem ser organizadas e estruturadas. O
proprietário de hotel tem a responsabilidade funcional de conduzir a empresa de maneira que
não haja desperdício de recursos, uma vez que eles são limitados. O controle gerencial deve
ser monitorado para que não aconteçam perdas de material. Questiona-se: como conseguir
uma gestão pelos procedimentos da Qualidade Total? Como uma empresa obtém uma
certificação?
Para responder essas indagações, as organizações devem utilizar as funções
administrativas (planejar, organizar, dirigir e controlar); estas, quando bem aplicadas, mesmo
com princípios elementares, servem para aumentar a produtividade e contribuem para a
competitividade empresarial.
Na verdade, observa-se que a maioria das empresas de médios portes não utiliza esses
procedimentos (Góes et. al., 2012). Há pouca utilização dos instrumentos básicos de gestão.
Qualidade Total para esse tipo de organização ainda é incipiente. Apenas os empresários
inovadores ousam utilizar a GQT, e, também, buscam a obtenção de “certificações”.
Segundo Toledo (1997), a qualidade do produto e ou serviço não se apresenta de
forma identificável e nem é observável diretamente, sendo percebida por meio de suas
características interpretativas, o que introduz uma dimensão subjetiva na sua análise. Neste
sentido, a percepção da qualidade no contexto da hotelaria se faz ainda mais necessária, por
tratar-se de uma indústria prestadora de serviços onde o elemento humano, centro de todo o
negócio, norteará a percepção do cliente para excelência do serviço.
A gestão da qualidade compreende a abordagem adotada e o conjunto de práticas
utilizadas para obter-se, de forma eficiente e eficaz, a qualidade pretendida para o produto. A
gestão da qualidade de uma empresa envolve seus processos e se estende aos fornecedores e
clientes, segundo Toledo (op. Cit.1997). No decorrer do século XX, a gestão da qualidade
evoluiu saindo da era de pura inspeção e controle estatístico da qualidade, para alcançar a
garantia da qualidade e avançar para uma gestão estratégica da qualidade.
A tabela 1, a seguir, identifica alguns autores da literatura especializada na Gestão da
Qualidade Total. Este recorte é exposto para assegurar as ideias centrais dos pensadores e as
definições/atributos da “Qualidade”.
Tabela 1. Cinco abordagens principais para a definição de qualidade.
Autores Abordagem Definições
Tuchman Transcendente (...) uma condição de excelência que implica ótima qualidade,
(1980) distinta de má qualidade... Qualidade é atingir ou buscar o padrão
mais alto em vez de se contentar com o malfeito ou fraudulento.
Abbott Baseada no Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade
(1955) produto de algum ingrediente ou atributo desejado.
Edwards Baseada no Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos.
(1968) usuário
Juran (1974) Baseada no Qualidade é adequação ao uso.
usuário
Crosby Baseada na Qualidade [quer dizer] conformidade com as exigências
(1979) produção
Broh (1982) Baseada no Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle
valor da variabilidade a um custo aceitável.
Feigenbaun Baseada no Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente.
(1961) valor Essas condições são: a) o verdadeiro uso; e b) o preço de venda do
produto.
Fonte: Adaptado de Marshall Junior et al., 2003, p.28-29.
Após uma breve exposição das definições de “qualidade”, considera-se que qualidade
é um conjunto de atributos que revelam a excelência, o valor, as especificações, as
conformidades, as regularidades e adequação ao uso quando da oferta e demanda de produtos
(bens e serviços). No caso de serviços, há uma agravante: a atividade processa-se no momento
do consumo, cliente e fornecedor conjuntamente, bem diferente de bens que são produtos em
locais distante do consumidor. Em sendo assim, os aspectos da qualidade dos serviços,
geralmente, são mais sensíveis a avaliações por parte dos demandantes.
Para além do referencial teórico da GQT, essas organizações precisam incorporar nas
suas atividades os propósitos da Teoria Francesa das Convenções.
2.2 Teoria Francesa das Convenções: um olhar da Sociologia Econômica
A sociologia econômica que surgiu como uma resposta à expulsão da vida social da
análise econômica, tanto na visão neoclássica quanto nas formulações da nova economia
institucional, bem como ao esforço de estender essas abordagens ao conjunto das ciências
sociais, apresentou-se como o melhor caminho conceitual e teórico para o entendimento da
construção e desenvolvimento de um programa de gestão de qualidade, no âmbito de uma
certificação para a efetividade de uma pequena rede independente de hotéis.
A contextualização deste enfoque teórico no entendimento da dinâmica de pequenos
hotéis independentes propiciou a geração de conhecimento para responder as demandas da
pesquisa, nas formas específicas de desenvolvimento do setor hoteleiro independente e suas
implicações de melhoria dos serviços e produtos comercializados. As novas demandas
mundiais por hospitalidade da era do pós-fordismo, criou ambiente acadêmico favorável à
formulação de inúmeras abordagens que levam a complementaridades e também divergências
entre as diversas teorias: desde as novas leituras Schumpeterianas, ao contexto da Nova
Sociologia Econômica, na expressão de Granovetter, também a teoria francesa das
convenções contribui decisivamente para a compreensão do universo de mercados
diferenciados, como é o caso de pequenos hotéis independentes, que se constituem objeto
deste estudo.
No trabalho de L. Boltanski e L. Thévenot (1991), “De La Justification”, ícone da
teoria Francesa das Convenções, tem-se o reconhecimento de que não apenas o trabalho, mas
qualquer mercadoria (entendendo mercadoria como produtos e ou serviços), é afetada por
deficiências de "contratos incompletos", precisando, por isso, de regras, normas e convenções
para sua produção e sua troca. Enquanto o "fordismo" se baseava na "qualificação" do
trabalho para a maior quantificação da produção, a atual dinâmica econômica baseia-se
precisamente na qualificação do produto e/ou serviços, capturada pela atual obsessão com a
"qualidade" (Wilkinson, 1999). Para os autores, toda ação, inclusive a ação supostamente
atomística do mercado competitivo, justifica-se por referência a princípios comuns ou "bens
comuns" de nível mais elevado, representados, por exemplo, no último caso, por uma
aceitação comum da equivalência de preço dos bens negociados.
No contexto da sociologia econômica a atividade econômica é socialmente construída
e mantida, e historicamente determinada por ação coletiva e individual expressa através de
organizações e instituições. A análise da ação econômica torna-se, por isso, um esforço
́
coletivo da Economia, da Sociologia, da Historia, da Teoria Organizacional e da Filosofia
́
Politica. A escola das convenções tem um compromisso mais radical com a
interdisciplinaridade baseada em abordagens complementares de problemas comuns.
̃ era
Segundo Wilkinson (1999) o foco de interesse inicial da teoria das convençoes
explorar as características aparentemente sui generis do trabalho. A atenção aos processos
através dos quais o trabalho era "qualificado" levou a uma elaboração das regras, normas e
convenções que dirigem a dinâmica de mercado das relações de trabalho. Essa visão foi então
generalizada para um exame do modo como toda a circulação de mercadorias pressupõe
processos prévios de qualificação. Com isso, regras, normas e convenções, ou organizações e
instituições, determinam o conteúdo e a forma da produção e da circulação de mercadorias.
Portanto, a contribuição da teoria das convenções reside em sua elaboração original da
noção de regras e das bases de coordenação dos atores, onde as regras não são anteriores à
ação e tampouco são elaboradas de fora da ação, surgindo no interior do processo de
coordenação dos atores. Mais especificamente, representam uma resposta a problemas que
aparecem no interior de tal coordenação e deveriam ser entendidas como mecanismos de
clarificação que também estão, eles mesmos, abertos a desafios futuros. São, por isso,
representações dinâmicas da negociação e, como tais, dependem da existência de pontos em
comum entre os atores envolvidos. Esse "conhecimento comum", ou essa "identificação
intersubjetiva das regras", não existe em abstrato, nem pode ser conhecido por um exercício
de mera racionalidade (Wilkinson, 1999). Em vez disso, tem que ser recorrentemente
interpretado em situações específicas, através do modo como os atores se relacionam com um
conjunto comum de objetos que são mobilizados por sua ação. A qualificação de objetos é por
isso, simultaneamente, a qualificação dos atores envolvidos. O alcance de tal ação coletiva é
dinamicamente determinado por um processo de justificação e testagem permanente
́
(THEVENOT, 1995).
Assevara, pois, que os procedimentos de certificações (ISO 9001:2008 e SELO
DIAMANTE), através da teoria francesa das convenções, são instrumentos de valorização e
clarificação dos contratos.
2.3. Normas ISO
A expressão ISO 9000 é um conjunto de normas técnicas que estabelecem
especificações de gestão da qualidade. A ISO é o nome derivado da palavra grega isos, que
significa igual. Em decorrência disso, as empresas que incorporam as padronizações
estabelecidas pelas ISO, em princípio, são norteadas por boas práticas de administração de
qualidade (Maximiano, 2002: 197). A sigla "ISO" refere-se à denominação de igualdade, pois
o sistema ISO prevê similaridades de diversos procedimentos das entidades que a adotam.
A IOS, International Organization for Standartization, é uma entidade não governamental
internacional que se propõe a promover o desenvolvimento da padronização e de atividades
correlacionadas, através de normatizações. Assim, Marshall Junior afirma:
“a normatização é uma atividade que estabelece, em relação a problemas existentes
ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva, com vistas á
obtenção do grau ótimo de ordem em um determinado contexto (Marshall Junior,
2003: 56)”.
Para efeito didático e de curiosidade, far-se-á a diferença entre as siglas ISO e IOS. A
primeira significa igualdade. As normas ISO representam, então, estandardizações,
padronizações utilizadas no ambiente organizacional. Já a IOS é a entidade que estabelece
“padrões” de qualidade para as atividades desenvolvidas pelas organizações (produção, troca,
distribuição, consumo e gerenciamento). Nesse momento, a tabela 2 expõe os principais
pontos do significado da ISO e seus procedimentos complementares.
Tabela 2 – ISO e os desdobramentos complementares.
IS0 International Organization for Standardization. É uma organização não
governamental internacional, que reúne mais de uma centena de organismos
nacionais de normatizações.
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas – entidade privada, sem fins
lucrativos, considerada o único fórum de normalização do Brasil
PNQ Prêmio Nacional da Qualidade
Certificação É um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente,
sem relação comercial, com o objetivo de atestar publicamente, por escrito,
que determinado produto ou processo está em conformidade com os
requisitos especificados.
Família ISO Normas que representam uma espécie de consenso internacional a respeito
9000 das boas práticas de administração da qualidade.
Auditoria da Serve para decidir se um fornecedor tem ou não condições de continuar como
qualidade tal e também para escolher novos fornecedores.
Ferramentas da PDCA (plan, do, check, action), brainstorming, cartas de controle, diagrama
qualidade de causa e efeito, diagrama de dispersão, estratificação, fluxograma, folha de
verificação, gráfico de pareto, histograma, matriz GUT, 5W2H (what, Who,
when, where, why, how, how much).
PQF- Bahia Programa de Qualificação de Fornecedores é uma iniciativa da Federação das
Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), executada pelo Instituto Euvaldo Lodi
da Bahia (IEL/BA), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (SEBRAE)
BSI (British Entidade que certifica sistemas de gestão, que certifica e testa produtos, que
Standard oferece treinamento e que fornece soluções de software de gestão.
Institution).
SELO É um certificado recebido por empresas que implantação procedimentos da
DIAMANTE qualidade e foram avaliadas pela BSI, através do PQF-BAHIA.
Norma ABNT A ISO 9001 é uma norma que define requisitos no âmbito da gestão
NBR ISO empresarial. O grande objetivo da norma é fazer com que as organizações
9001:2008 – atendam os requisitos do cliente. Os oito princípios da ISO 9001 - 1 - Foco
informações no Cliente; 2 - Liderança entre objetivos comuns; 3 - Envolvimento de todos;
básicas. 4 - Abordagem de processos; 5 - Considerar o impacto de decisões em outros
processos; 6 - Melhoria Contínua; 7 - Decisão baseada em dados; 8 -
Benefícios mútuos entre clientes e fornecedores.
Para a obtenção da certificação, as empresas precisam cumprir todos os
procedimentos exigidos pela ISO 9001:2008.
Fonte: Adaptado de Maximiano (2002, p. 175-226); Hamel (2007); Marshall Junior et al. (2003). (site:
http://www.totalqualidade.com.br/2009/12/norma-abnt-nbr-iso-90012008-saiba-mais.html).
Por fim, o objetivo principal das certificações visa profissionalizar os procedimentos
gerenciais das organizações, ao valorizar os requisitos exigidos pelos clientes, nos produtos e
serviços. Em síntese, a figura a seguir, mostra o ciclo que deve ser seguido pelas empresas
para o alcance da Gestão pela Qualidade Total, instrumentalizado por um certificado de
qualidade.
Figura 1 - Modelo ISO 9001:2008
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo abordou as questões ligadas ao gerenciamento pela qualidade total de uma
pequena rede de hotel independente, nomeadamente um estabelecimento hoteleiro na cidade
de Itabuna, Bahia – Brasil.
Em forma de síntese, responder-se-ão as perguntas elencadas no início da
investigação. As questões foram: a) expor as práticas desenvolvidas pelo hotel através dos
princípios da GQT, b) demonstrar que a GQT pode ser uma ferramenta estratégica para a
competitividade organizacional e, por fim, c) identificar os desafios enfrentados na
certificação da ISO 9001:2008 e do “SELO DIAMANTE”.
O sistema de gestão da qualidade já faz parte dos propósitos da empresa, pelo fato de
estar integrado às operações do dia a dia, confirmado nas práticas dos procedimentos
padronizados, tanto operacionais, quanto gerenciais. A segunda pergunta referiu-se à GQT
como ferramenta de competitividade; assevera, pois, que uma gestão comprometida com as
especificidades da qualidade total promove a profissionalização empresarial. Em sendo assim,
o Hotel Tarik Fontes ganhou a certificação com SELO DIAMANTE e a ISO 9001:2008. Por
último, os desafios são inúmeros, mas a empresa pesquisada, pelas análises verificadas, está
preparada para os obstáculos a serem ultrapassados, como: concorrência, ampliação da rede,
fortalecimento da gestão etc.
Por último, as perspectivas do Tarik Hotel são muitas. Esse achado na investigação
serve para que essa empresa seja um modelo guia para outros estabelecimentos. Espera-se que
o sistema de gestão da qualidade seja assimilado como um diferencial competitivo para as
empresas. A Gestão da Qualidade Total – GQT - possa fazer parte das diretrizes das
organizações, em especial, as do setor hoteleiro.
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Capítulo 2: Comunicação, Cultura e Sustentabilidade
Aplicações do bambu em construções sustentáveis
Resumo
A conservação do meio ambiente é uma preocupação de interesse global, por tanto a busca
de uma maior sustentabilidade tem fomentado o crescente desenvolvimento de novos
produtos e a utilização de materiais naturais e processos com tendência ecológica e
sustentável em diferentes setores industriais. Um desses materiais de fonte natural é o bambu,
que se apresenta como uma excelente opção na indústria da construção civil, considerando as
suas propriedades; oferece multiplicidade de utilizações, para além das tradicionais. Pode ser
utilizado como material estrutural na fabricação de pontes, edificações, com aplicações em
coberturas, paredes, pavimentos entre outras.
Abstract
Conservation of the environment is a concern global interest; therefore, the research for grater
sustainability has fostered the increasing development for new products and the use of natural
materials and process with a ecological and sustainable tendency. One of these materials is
the bamboo, that presents itself as excellent choice in the civil construction industry,
distinguished as well for its properties, offers multiplicity of bamboo´s applications, beyond
the traditional ones. It cam be used like structural material in the manufacture of bridges,
buildings, with applications to coverage, walls, floors and others
1. Introdução
O bambu é um dos materiais utilizados pelo homem no campo da construção, desde
tempos remotos, tem formado parte do conjunto de elementos construtivos que foram eixo do
desenvolvimento cultural na Ásia e em América; o homem do trópico tem utilizado diferentes
espécies de bambu como matéria prima para a construção das suas vivendas, embarcações,
pontes, e outras infraestruturas, além de ser um material amigo do meio ambiente, renovável,
é perene, leve, flexível, muito resistente, consegue substituir o aço e madeiras em varias
construções. O bambu se apresenta como uma alternativa de materiais a ser aplicado na
construção civil e na arquitetura, na produção de ambientes sustentáveis. Entre as vantagens
que oferece o bambu como material para à construção civil, estão: seu crescimento é
extremamente rápido, o que faz dele um produto natural econômico de fácil aquisição;
fixador de dióxido de carbono (CO2) inclusive nas obras onde é utilizado; possui uma baixa
energia de produção, se comparada com o aço, concreto ou madeiras; é um material leve,
forma estruturas de baixo peso e alta flexibilidade comparadas com as da madeira, estas
estruturas são importantes para soluções sismo resistentes; a capa externa da casca oferece
uma altíssima resistência à tração, igualável ao aço; não possui corteza que deva ser cortada.
Por ser um produto natural, suas caraterísticas e comportamento estrutural dependem muito
da espécie de bambu, do local onde é cultivado, idade, conteúdo de humidade e a parte do
colmo a utilizar. Para a construção civil, se recomenda usar bambu maduro e seco,
normalmente entre 4 e 6 anos de idade, não devem ser usados bambus com rachaduras que
vão de um nó ao outro nó, os colmos devem ser retos ou discretamente curvados, não é
recomendado usar talos que apresentem ataques por insetos ou fungos, devem ser limpados
antes do uso, para colunas deve ser usado o primeiro tercio do talo, onde os nós são mais
próximos e a casca é mais grossa, os talos não devem ter uma conicidade superior ao 1%, se
houver fissuras, estas devem estar localizadas na fibra externa superior ou na fibra externa
inferior; para evitar ataques de fungos, o conteúdo de humidade relativa não deve ser superior
ao 20%; precisa ser protegido da intempérie; deve ser tratado para evitar o ataque de fungos e
insetos.
O bambu é um material natural, heterogéneo, pois não existem talos de bambu exatamente
iguais, nem mesmo pedaços do mesmo bambu, isto gera algumas desvantagens como:
2.1.1 Resistência a sismos: pela alta resistência deste material contra forças em relação ao
seu peso, a capacidade de absorver energia e sua flexibilidade, o bambu é ideal para
construções sismo resistentes. Estúdios nas regiões dos andes, apresentam que em edificações
com um primeiro andar com muros sólidos de “tapial”1 e um segundo andar em bambu,
resistiram a terramotos de alta magnitude. Em Quepos, Costa Rica, em novembro de 2004
aconteceu um tremor de terra de magnitude 6,9 na escala Richter ,localizado na zona
epicentral, o projeto turístico de Timarai, com 2.500 m2 construídos em bambu, respondeu
sem danos na estrutura. Em abril de 1991 todas as vinte casas de bambu construídas com a
consultoria de Jules Janssen em Costa Rica, suportaram o terramoto de magnitude 7,5 da
escala Richter sem falhas. (Minke, 2010).
1
O tapial é uma técnica consistente em construir muros com terra compactada “tierra apisionada”
2.1.2 Espécies de bambu utilizadas na construção
Os géneros de bambu mais utilizados para este propósito são: Bambusa, Chusquea,
Dendrocalamus, Gigantochloa, e Guadua; dentro destes a conhecida cientificamente como
Guadua angustifolia, encontrasse selecionada como uma das espécies prioritárias de bambu
(Cruz, 2009) e devido a sua resistência físico-mecânica tem se convertido em um dos bambus
mais importantes a nível mundial e continua a ser o mais importante de América para a
utilização na construção. Esta espécie é nativa da Colômbia, Venezuela, Equador; o bambu
nativo existente na Colômbia é o que oferece melhores características e o preferido para a
construção (Cruz, 2009).
As seguintes são as espécies de bambu mais utilizadas na construção, aqui são mencionadas
algumas das suas caraterísticas, mais estes dados podem variar dependendo das condições e
localização do cultivo.2
• Bambusa
Altura / Origem Características
Diâmetro
Balcoa 12-20 m 8-15 Índia Casca grossa até de 3 cm
cm
Disimulator 12 m Sul da China Casca fina e dura
6 cm
Edilis 20 m China
16 cm
Polymorpha 27 m China, Bengala,
15 cm Burma
Stenostachya 22 m China
15 cm
Vulgaris 18 m Asia, Alto conteúdo de amido
10 cm América
Bambosa 30 m Sudeste da Asia Casca grossa
15-18 cm
Nepalensis 20 m
10 cm
Oldhami Munro (Bambu 6 - 12 m Taiwan Cor verde forte
verde) 3-12 cm
Vulgaris, Schrader 6 -15 m Sul da China
ex Wendalnd 5 -10 cm
Bambusa vulgaris, Sudeste da Asia Mutação do Bambusa vulgaris cor
Schrader ex Wendland, amarelo ouro e listras verdes
var striata
2
Informação mais detalhada sobre as espécies, pode ser conferida em Farrelly, (1938); Young e Haun,
(1961) e McClure, (1996)
• Chusquea
Altura/ Origem Características
Diâmetro
Culeou 6m Chile Cresce nas zonas mais austrais
4 cm do planeta, casca forte
Culeou Desvaux 4 -6 m América Central Talo sólido, cor amarelo
2-4 cm América do Sul
Quila Kunth Chile Talo sólido
• Dendrocalamus
É um grupo de Bambu com muitas variedades, alcançam grandes alturas e são de
grande importância na construção.
• Gigantochloa
Altura/ Origem Características
Diâmetro
Apus 16 m Malásia, Indonésia
10 cm
Atroviolacea 13 m Malásia, Indonésia Cor negro
8 cm
Levis 16 m Filipinas
10-15 cm
• Phyllostachys
Os Bambus deste grupo crescem em zonas temperadas e se caraterizam por
formar nós em zig zag ou outras formas irregulares
Altura/ Origem
Diâmetro
Aurea 5m China e Japão
2 cm
Bambusoides 22 m Japão
14 cm
Nigra, var. Henonis 21 m China
12 cm
Vivax 21 m China
12 cm
• Guadua
É um género endémico de América do Sul. Se destaca Guadua Angustifolia kunth
(Colômbia) como uma das mais importantes para a construção.
2.2 Seleção do bambu para a construção: o bambu a ser utilizado deve ser de boa
qualidade, se faz as seguintes recomendações:
• Usar Bambu maduro e seco, normalmente entre 4 e 6 anos de idade.
• Não devem ser usados Bambus com rachaduras que vão de um nó ao outro nó.
• Os colmos devem ser retos ou discretamente curvados, mais jamais com curvas
internas. Se usar como colunas que transferem grandes forças, a excentricidade da
força axial não deve der maior ao 0,33% de longitude do elemento (NSR-10).
• Não é recomendado usar talos que apresentem ataques por insetos ou fungos.
• Talos atacados por fungos e líquenes, devem ser limpados antes do uso.
• Para colunas deve ser usado o primeiro tercio do talo, onde os nós são mais próximos
e a casca é mais grossa.
• Os talos não devem ter uma conicidade superior ao 1%.
• Os talos usados como vigas não devem ter fissuras longitudinais ao longo do eixo
neutro do elemento, se houver fissuras, estas devem estar localizadas na fibra externa
superior ou na fibra externa inferior.
• Para evitar ataques de fungos, o conteúdo de humidade relativa não deve ser superior
ao 20% (NSR-10).
Com este tipo de construções se garantem as tradições na construção, mais com um certo
nível de conhecimento em conceitos básicos e também na elaboração confiável das uniões
parafusadas e reforçadas com cimento.
É indispensável utilizar bambu seco, pois com talos frescos se corre risco nas uniões3.
As casas tradicionais consomem muito material, mais com tolerância contra sismos.
Construções modernas
Este tipo de construções conciliam uniões tradicionais com uniões de engenharia
a b
Fig. 6a Pavilhão Projeto Arq. Simon Vélez Fig. 6b Catedral Projeto Arq. Simon Vélez
Fonte: Roger Martínez
3
Há limitações na utilização da união “boca de peixe” com talos frescos. Em obras onde se utilizaram
varias uniões deste tipo com bambu fresco, se observou deformações causadas pela diminuição do
diâmetro durante a secagem (até 15 %)
Fonte: depoimento arq. Roger Martínez
O arquiteto colombiano Simon Vélez desenvolveu um tipo de união e de sistema construtivo,
com o que consegue alturas de até vinte metros para cobertas em morteiro de cimento e telha
de barro espanhola, bastante pesadas. Com grandes estruturas para cobertas das mesmas
características, ele, descobriu que para as uniões dos grandes esforços de tração que
apareceram, era necessário encher os canudos (colmos) com cimento, onde aconteciam estas
uniões, assim estes suportaram os esforços das platinas e parafusos e os transferiam a todas as
fibras do bambu, evitando assim que se rasgara. (Villegas, 2001)
As fibras do bambu, surpreendentemente resistentes à tração, são semelhantes a um aço
vegetal. Nestas estruturas se deve prestar atenção à resistência dos parafusos e não à do
bambu . Com um sistema de construção de estruturas de bambu em que se consegue resolver
as uniões para as forças de tração e compressão, este material entra a competir e em muitos
casos a substituir a materiais como a madeira serrada, o ferro ou o concreto. “A relação peso-
resistência do bambu, só pode ser comparada com as obtidas pelas alheações de metais da era
espacial” (Villegas, 2001: 44)
Um exemplo deste tipo de estruturas com engenharia tem sido aplicados na fabricação de
pontes, onde é importante utilizar uniões de alta resistência, fazer cálculos estruturais, plano,
pré-fabricação e levantamento da estrutura com guincho.
Este sistema construtivo, onde se cruzam bambus em diferentes níveis, parafusados entre si,
são a base para a elaboração de estruturas complexas de vários andares, ou para pontes. Outra
vantagem deste sistema é a possibilidade de pré-fabricar as estruturas com grande precisão
para depois posicionar e fixar, uma vez finalizada a montagem as uniões são preenchidas com
morteiro de cimento.
Construções contemporâneas
em quanto as estruturas tradicionais e as estruturas de engenharia são fundamentadas em
sistemas construtivos bidimensionais, as estruturas “contemporâneas” apresentam estruturas
tridimensionais, que inclui membranas anticlásticas, conchas em dupla curvatura, e estruturas
espaciais . Nestas estruturas há novas exigências nas uniões, também aqui se procura a
economia, a estandardização e possível industrialização desta classe de uniões.
Se propõe compatibilidade do bambu com outros materiais da construção como o aço, o
vidro, a fibra e compósitos e outros.
As estruturas tridimensionais respondem muito bem a esforços com diferentes direções como
sismos e ventos. Os talos compridos e leves do bambu, resistem muito bem as forças de
flexão, se flexiona mais não se fragmenta, esta elasticidade é ainda maior quando o bambu
esta seco, e quase impossível de curvar com a força humana. (Stamm, 2007)
3. Conclusões
O bambu, é um material presente ao longo da história e do desenvolvimento sociocultural; no
hemisfério oriental, tem sido utilizado nas artes construtivas não simplesmente com fins
funcionais, mais simbólicos que refletem determinados valores ou necessidades sociais; e no
hemisfério ocidental, onde a flexibilidade deste material tem proporcionado diversos usos
desde os tempos aborígenes, como utensílios de cozinha, pontes, armas, embarcações etc.,
especificamente na Colômbia, este material tem estado relacionado a os processos evolutivos
da construção e da arquitetura.
Em geral na América Latina, o bambu é bastante utilizado, porem em menor intensidade que
no Oriente; na Colômbia, tem sido bastante aproveitado no ramo do design, arquitetura e da
construção, tem se investido muito em pesquisas e estudos que são referencia para o resto de
países, o Equador também tem apresentado projetos de grande importância e interesse ao
respeito, Costa Rica, México também tem apresentado interesse pelo uso deste material; o
Brasil, que alberga a maior diversidade de géneros de bambu em América e possui o maior
grau de endemismo no continente, tem a oportunidade de fazer desta espécie uma alternativa
no desenvolvimento económico e do ecossistema, pois existem áreas dentro do pais (estado
do Acre) ainda sem ser exploradas , por tanto existe aqui um grande potencial a ser
aproveitado no campo da construção.
4. Bibliografia
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www.versteegde.nl Acesso em 06 de dezembro de 2011
Arquiteturas interativas inteligentes: como as redes digitais podem fazer parte das
estratégias e ações de sustentabilidade das organizações
Resumo
Este artigo pretende identificar como o apoio de empresas a comunidades – tradicionais e
científicas – na criação de redes territoriais e de pesquisa pela sustentabilidade, pode inserir as
organizações em processos inteligentes de geração de valores e cultura sustentáveis. Para isso, o artigo se
apóia em dois casos exemplares: o “Mapa Cultural Suruí/Google Earth Solidário” e o “Redes de
Inovação/Natura Campus”, visando identificar, assim, a formação de "arquiteturas interativas
inteligentes" resultantes das interações entre indivíduos/comunidades, organizações, tecnologias
comunicativas digitais e territórios.
Abstract
This article intends to identify in which sense companies’ support to traditional and scientific
communities interested on the development of territorial and research networks for sustainability may
insert those organizations into intelligent processes to create sustainable values and culture. The article
relies on two exemplary cases: the “Cultural Map Suruí / Google Earth Outreach” and “Innovational
Networks/ Natura Campus”, targeting to identify the formation of "intelligent interactive architectures"
that result from the interactions between individuals/communities, organizations, digital communicative
technologies and territories.
Introdução
Nos últimos anos, no cenário mundial, com o advento da banda larga e com o avanço das
tecnologias interativas digitais, permitindo a todos os indivíduos conectados a produção, a
armazenagem, a modificação (uso de filtros, edição, remixagem) e o compartilhamento de
vídeos, áudio, imagens e textos através de softwares aplicativos e aparelhos portáteis, pudemos
observar um aumento não somente da quantidade de informações veiculadas sobre as questões
3 Entendemos por “arquiteturas interativas digitais” o resultado da interação entre indivíduos, territórios e
tecnologias comunicativas digitais.
4 A cultura das redes é aquela derivada do advento das novas tecnologias interativas digitais e sua
convergência com as tecnologias informativas precedentes, principalmente a partir da década de 70, e da interação
dessas novas tecnologias com a sociedade, resultando em um conjunto cada vez mais difundido de práticas sociais e
comunicativas baseadas na manipulação, remixagem e edição de informações – vídeos, imagens, áudios, textos –
pelos indivíduos conectados em redes, que passam a ser co-produtores de conteúdo e não apenas público.
tecnologias, os sujeitos e o espaço que se manifestam nas próprias estruturas da percepção do
território5, podemos referenciar sinteticamente duas grandes épocas midiáticas distintas e
concomitantes, que caracterizam a nossa contemporaneidade, e sua relação com a abordagem do
território: a primeira, representada pelo advento dos meios analógicos de comunicação (escrita,
fotografia, cinema, televisão etc.), caracterizada pelas relações hierárquicas de produção e
distribuição das informações e pela distinção clara entre emissores e receptores da mensagem,
definindo um período onde a relação entre homem e território mostra-se midiática, frontal e
externa; e a segunda, assinalada pela interatividade das tecnologias digitais de informação e
comunicação, pela digitalização das informações, do território e da sociedade, e pela produção
colaborativa de conteúdo e sua difusão compartilhada em rede, assinalando territórios
constituídos por fluxos informativos digitalizados trocados continuamente nas interações entre
todos os elementos – humanos e não-humanos – de redes interligadas e interdependentes.
Assim, as novas tecnologias comunicativas digitalizam o território, transformando-o em
informações acessíveis em toda parte e modificáveis colaborativamente, possibilitando novas
formas de elaboração conjunta das questões sociais, políticas e ambientais em constante
interação e debate com as instituições e organizações, considerando os interesses de todos os
diversos coletivos6, independentemente das geografias nacionais, e reformulando, assim, essas
mesmas instituições e organizações, as culturas e as sociedades, re-organizando-as em territórios
inteligentes reticulares e implicando em um re-pensamento de seus processos e atuações.
Temos, assim, a constituição de arquiteturas interativas inteligentes que, como
verdadeiros ecossistemas informativos, fomentam a ideação conjunta de novos projetos,
possibilitam a sua implantação e manutenção (sustento), e tendem a conduzir à reflexão, não
somente sobre o escopo desses mesmos projetos, mas também sobre os conceitos a eles
associados, as ações necessárias para realizá-los e os demais elementos a eles relacionados.
5 O vocábulo “território” neste artigo pode assumir três significados possíveis: 1. o sentido de “espaço”,
compreendido lato sensu em termos geográficos, arquitetônicos e ambientais; 2. pode ser associado à identidade
histórica e social de um lugar; 3. ou remeter a uma forma de interação entre o espaço, tecnologias comunicativas e
indivíduos, tendo, portanto, um caráter “psicotecnofísico”, variável segundo o tipo de tecnologia considerado.
6 Referimo-nos aqui ao conceito de “coletivo” elaborado pelo filósofo francês Bruno Latour. Segundo o
Glossário de Políticas da Natureza, coletivo distingue-se em primeiro lugar de sociedade, termo que nos remete a
uma má distribuição de poderes; acumula em seguida os antigos poderes da natureza e da sociedade num só lugar
antes de se diferenciar novamente em poderes vários. Embora empregado no singular, o termo não nos remete a uma
unidade já feita, mas a um procedimento para coligar as associações de humanos e não-humanos. (Latour, 2004:
372, 373). Em suma, o coletivo aponta para “conexões temporárias de atores heterogêneos que devem ser
reagregados”. (Latour, 2012: 113).
Território, redes e sustentabilidade: os Suruí e o Google Solidário
O Google Earth Solidário pode ser considerado expressão de uma nova cultura ecológica
ligada à conectividade na medida em que permite, a partir da digitalização de territórios e
comunidades locais, monitorar os impactos sociais e ambientais gerados por práticas cotidianas e
pelo modelo de desenvolvimento econômico predominante na contemporaneidade. O programa
oferece tecnologias de georreferenciamento/mapeamento como Google Earth Engine e Google
Maps Engine, as quais permitem expandir iniciativas políticas, econômicas e culturais
desenvolvidas localmente, possibilitando a constituição de novas alianças e parcerias com atores
globalmente dispersos.
A fim de analisar os processos de constituição e expansão de arquiteturas interativas
inteligentes, selecionamos o projeto brasileiro do povo indígena Suruí contemplado pelo
programa Google Earth Solidário, cujas ações estão focadas na proteção do território demarcado
contra invasões e explorações ilegais e na gestão sustentável dos recursos ambientais da região,
aspectos que se mostram fundamentais para a sobrevivência física e cultural dos coletivos
indígenas no Brasil.
A área de 248 mil hectares da Terra Indígena Sete de Setembro, localizada em Rondônia,
próxima ao município de Cacoal, onde vive o povo Paiter Suruí, é palco de conflitos, invasões,
exploração ilegal de madeira, de pesca e de terras desde a década de 60, quando o governo
começa a intensificar as políticas de atração populacional para Rondônia.
Com o objetivo de consolidar resistências e recuperar o protagonismo da gestão de suas
terras demarcadas, os Suruí desenvolveram, sob a liderança de Almir Suruí, o Plano Suruí 50
Anos. Os projetos e ações que, segundo o documento, serão desenvolvidos ao longo de 50 anos
para garantir a sobrevivência do povo Suruí e a preservação de suas terras e, com isso, contribuir
para o desenvolvimento econômico, ambiental e social do país. Entre as ações, destacam-se
práticas de reflorestamento, comercialização de créditos de carbono, ecoturismo e a criação de
uma universidade indígena na Terra Sete de Setembro.
Como parte da estratégia prevista no Plano, Almir Suruí, por intermédio da ONG ACT
(Equipe de Conservação Amazônica), visitou a sede do Google nos Estados Unidos, em 2007,
para propor uma parceria que conjugasse o conhecimento indígena sobre a floresta e as
tecnologias de mapeamento na busca por soluções que ajudassem a garantir a sustentabilidade da
cultura indígena Suruí e da floresta amazônica. O projeto apresenta, nesse sentido, contribui para
reativar o pensamento indígena como fundamental para as discussões que perpassam a nova
cultura ecológica difundida na contemporaneidade, especialmente com o advento das redes
digitais7.
Os saberes indígenas devem ser entendidos, entretanto, de forma mais ampla do que a
redução a “conhecimentos práticos sobre biodiversidade”, remetendo-nos aos fundamentos de
um pensamento diverso ao ocidental que ignora a categoria “Natureza”, como transcendente e
exterior ao homem. A ideia de combinar o que os Suruí chamam de “conhecimento sobre a
floresta” com as tecnologias, emerge, portanto, de uma epistemologia que considera o social
como constituído não apenas de relações entre humanos, mas entre elementos de diversas
naturezas.
Conforme descreve Viveiros de Castro (2002), nesse “social” não-ocidental estão imersos
deuses, espíritos, mortos, habitantes de outros níveis cósmicos, fenômenos meteorológicos,
vegetais, animais, às vezes mesmo objetos e artefatos, que recombinam e ressignificam as
categorias ocidentais cultura e natureza em uma lógica não-dialética de contextos relacionais e
perspectivas móveis. Essa ontologia amazônica se mostra extremamente transformacional,
descrevendo a infinita metamorfose do mundo em que “espíritos assumem formas animais,
bichos viram outros bichos” e superando a lógica cartesiana que separou humanos e não-
humanos, princípio fundamental para a percepção reticular a que começamos a nos inclinar.
Tais possibilidades de interconectividade realizadas pelos mundos indígenas passam a
circular no cenário global a partir de projetos como o dos Suruí que, com o apoio do Google,
colocam na rede (digital) o que sempre operou em redes (locais). Nesse sentido, o projeto
Suruí/Google Earth Solidário foi idealizado para funcionar de forma colaborativa, respeitando os
princípios de organização social e política tradicionais, com o envolvimento de indígenas Suruí
em duas frentes principais: as denúncias de ilegalidades que ameaçam o território Suruí e a
construção de um mapa digital que contempla informações históricas, culturais e ambientais da
região8.
7 Segundo Di Felice, Torres e Yanaze (2012: 12), “há uma relação estreita entre a cultura comunicativa que
se difundiu após o advento das redes digitais e a difusão contemporânea de uma nova sensibilidade ecológica
generalizada, visível nos conjuntos de práticas e presente nas preocupações nas políticas de governos e empresas,
conhecidas como sustentabilidade.” Essa nova cultura ecológica remeteria, portanto, à “percepção de uma sinergia
reticular que não contrapõe mais o indivíduo ao território e ao meio ambiente, mas que parece substituir essa
oposição pelas dimensões interativas de relações interdependentes e comunicantes”.
8 O Google teve um importante papel não apenas no fornecimento das tecnologias, mas em todo o processo
de “inclusão digital” do povo Suruí. A empresa realizou treinamentos diversos ao longo do primeiro ano do projeto
que possibilitaram aos indígenas realizarem suas próprias produções em vídeos, fotos, textos e gravação de áudio,
Entre as tecnologias integradas ao projeto, destacam-se o Open Data Kit e o Google
Earth. Open Data Kit, software que foi utilizado em smartphones com Android doados pela
Motorola aos Suruí, permite a coleta e o gerenciamento de dados por meio de formulários
eletrônicos que congregam textos, dados numéricos, fotos, vídeos, códigos de barra e áudio em
um servidor online que adiciona a essas informações sua localização geográfica. Os dados
relativos à biodiversidade, topografia, hidrografia, quantidade de CO2 capturado, que são
captados e armazenadas pelos próprios indígenas através deste software são, em seguida,
disponibilizadas para visualização e edição no Google Earth9.
Os Suruí realizaram o etnomapeamento da região, ou seja, indicaram os locais culturais e
espirituais – onde caçam, pescam, os locais onde viviam antes do contato e inseriram essas
informações no Google Earth. O deslocamento pelo mapa Suruí digital oferece a qualquer
usuário, entre outras funcionalidades, a oportunidades de interação com narrativas audiovisuais e
textuais históricas e cosmológicas10 – sobre Guerras entre povos indígenas da região, o contato
com os Brancos, origem dos seres e do Universo – e com paisagens reproduzidas em terceira
dimensão, a visualização de problemáticas ambientais geograficamente contextualizadas e de
fotos e vídeos de rituais, fauna e flora da região. As informações indexadas ao mapa digital são
atualizadas em tempo real, pelos diversos pontos dispersos da rede, fomentando dinâmicas
imprevisíveis de atuação, ligadas a ideia de um território informativo que assume novos planos e
dimensões manipuláveis e provisórios.
A ação social indígena resultante do projeto Suruí, portanto, assume uma forma híbrida,
nem somente tecnológica e nem somente ligada ao seu território. Essa arquitetura interativa
digital da qual fazem parte o Open Data Kit, Google Earth, comunidade, profissionais do
Google, árvores e animais e suas cosmologias, torna disponível ao mundo, em tempo real,
informações sobre as transformações do território Suruí. As imagens de satélite já ajudaram a
identificar lugares onde há madeireiros e garimpeiros atuando ilegalmente e permitem com que a
rede de indígenas conectados revele ao mundo a devastação de suas terras e a concepção de uma
outra natureza, visível nos fluxos informativos desses territórios digitalizados.
11 Segundo Massimo Di Felice, o “habitar atópico”, característico das arquiteturas interativas digitais, “(...) se
configura como a hibridação, transitória e fluida, de corpos, tecnologias e paisagens, e como o advento de uma nova
tipologia de ecossistema, nem orgânico, nem inorgânico, nem estático, nem delimitável, mas informativo e
imaterial.” (Di Felice, 2009: 291)
12 A figura do ator-rede surge a partir do pensamento de Bruno Latour (2012) que, em linhas gerais, defende
a composição do social como uma vasta série de “atores”, dentre os quais os seres humanos não detêm nenhuma
espécie de privilégio. Com tal definição, Latour abre a possibilidade de pensar uma multiplicidade de elementos, de
naturezas distintas, que continuamente agem e recebem interferências, ao compor a rede em que circulam fluxos e
interconexões.
Analisando o papel da Universidade hoje, ocorre-nos considerar que, à vista das
transformações da produção e disseminação do conhecimento e das numerosas rupturas
paradigmáticas atravessadas (Thomas Khun), um campo científico não pode mais ser um
território informativo à parte do restante do mundo, em que os centros de pesquisa localizam-se
em cátedras distintas e divorciadas dos demais coletivos. Hoje, mais do que nunca, parece
afirmar-se a necessidade de discussão da manutenção da distinção entre pesquisador e objeto e
da centralidade do humano face à concepção das arquiteturas interativas digitais.
As implicações de tal raciocínio remontam, primeiramente, a uma crise epistemológica,
relacionada à crise do paradigma do método científico, responsável por uma visão mecanicista e
determinista do mundo e uma frontalidade na abordagem do objeto pelo sujeito-pesquisador que
praticamente definiu toda a metodologia de pesquisa e de referência de resultados científicos
desde o século XIX até pouco mais da metade do século XX, ou até o desenvolvimento de
teorias matemáticas e científicas que denotassem o primado da indeterminação e do relativismo 13
e trouxessem profundas discussões em torno da teoria do conhecimento.
A abordagem expressa por tal paradigma endossava a linearidade e a externalidade da
análise, ou melhor, uma forma do pensamento não-complexa e a projeção de um ponto de vista
único e distanciado sobre um objeto de estudo e, mais precisamente, uma perspectiva
essencialmente humanista – o contrário do que preconizarão, anos depois, já no final do século
XX, Bruno Latour e tantos outros pensadores do cabedal de Gregory Bateson, Martin Heidegger,
Michel Serres e Gilles Deleuze, por exemplo – implicando também em uma crise filosófica que
levaria às argumentações contestatórias da centralidade do homem no mundo e às inquietações
quanto ao destino do Planeta.
Num segundo momento, tais implicações dizem respeito a uma crise comunicativa –
aquela que se revelou quando do advento das tecnologias digitais, deslocando o eixo das
indagações do fluxo comunicativo unidirecionado emissor-receptor para as dinâmicas reticulares,
de modo que o caráter interativo dessas novas tecnologias implica a impossibilidade de
delimitação e de observação externa, e coloca pesquisador e seus membros como partes ativas e
intervenientes de um mesmo ecossistema informativo, constituído por redes de redes
interconectadas, impondo ao processo de investigação científica um salto qualitativo,
principalmente nos modos de organização e produção do conhecimento.
13 Lembremos aqui das teorias de Nicolai Lobacevski, de Werner Heisenberg e de Albert Einstein, por
exemplo, todos pensadores daquele período.
A digitalização do campo científico, portanto, possibilita a expansão de suas fronteiras
permeáveis em todos os lugares e propõe-nos uma construção colaborativa de novos significados
para palavras novas, e novas indicações para problemas persistentes, antes enfrentados com
instrumentais teóricos e conceituais fragmentadores e redutores da complexidade (Morin, 2008),
permitindo que os elementos informantes dessas redes de saberes sejam os coletivos habitantes
das arquiteturas interativas inteligentes.
As Redes de Inovação do programa Natura Campus, lançado em 2006, apontam para uma
singularidade associada aos novos processos contemporâneos de incubação do saber científico,
frequentemente alocados nos centros de pesquisa e laboratórios universitários: observa-se o
avançar de um novo modo, reticular e interativo, de organização e elaboração do conhecimento
e, em alguns casos, a tecnologia assume papel não apenas de atestadora dos fatos científicos, mas
de co-participante dos próprios processos investigativos que assumem gradualmente um caráter
transdisciplinar e coletivo, constituindo, assim, verdadeiros grupos de trabalho capazes de
conectar saberes de diversas fontes..
Assim, no que diz respeito à associação da organização empresarial à comunidade
científica, a proposta elaborada pelo programa Natura Campus, fundamentada nas parcerias
colaborativas confirma, de acordo com a sua proposta expressa no site, “o aprendizado e a
construção do relacionamento valoroso entre uma empresa e as instituições de ciência e
tecnologia onde ambas têm em comum a prática científica" de forma que não se fecham portas,
nem na universidade, nem no ambiente empresarial, à elaboração conjunta e à aplicação desse
dinamismo inovador.
O programa Natura Campus surge, assim, como resposta a um cenário onde imperam as
incertezas e instabilidades do mercado, substituindo a lógica do planejamento estratégico – com
seus objetivos bem definidos e resultados esperados – por projetos que remontam à perspectiva
de uma nova economia baseada em redes, que enfatiza como valor essencial a capacidade de se
conectar para produzir inovações (Jeremy Rifkin), apoiados na noção de “cocriação interativa ou
em rede”, de Augusto de Franco, que contribuiu para fundamentar o programa. Segundo Franco
(2012), seria necessária a ressignificação do conceito de cocriação no contexto das redes, já que
o termo foi continuamente empregado para designar processos de colaboração participativa
administrada por estruturas centralizadas – tudo giraria ainda em torno do negócio e das
vantagens competitivas dessa colaboração (Franco, 2012: 14). Por sua vez, a cocriação (idem,
ibidem) interativa apontaria para uma prática social baseada no desejo de interação, mais do que
para uma prática mercadológica, excederia o compartilhamento de experiências individuais ao
propor a projeção interativa de trabalhos comuns, partindo da contaminação (Maffesoli) ou do
que chama de polinização mútua distribuída entre os criadores, ou seja, não centralizada. Desse
modo, ter-se-ia uma lógica diversa do crowdsoursing de participação, em que empresas fechadas
propõem um problema e selecionam as melhores sugestões pelos grupos coordenados (o que se
assemelha a um processo de terceirização de soluções).
A “wikinomics”, ou economia de colaboração em massa, desenvolvida por Tapscott e
Williams (2008), já apontava para a superação do modelo de negócio industrial, baseado na
propriedade e na materialidade, e a emergência de uma nova economia em rede, fundamentada
na colaboração, que torna indistinguíveis produtores e consumidores, afetando todas as esferas
da sociedade e inaugurando uma era da colaboração generalizada. Um dos fenômenos analisados
pelos autores como expressão dessas novas formas de colaboração diz respeito justamente à
temática da sustentabilidade, quando do advento da web 2.0:
“A mudança climática está se tornando rapidamente um assunto
apartidário, e todos os cidadãos obviamente tem uma participação no
resultado. Então pela primeira vez nós temos um sistema de comunicação
de todos-para-todos, global, multimídia, acessível, e um assunto em que
está aumentando o consenso. No mundo todo existem cem, provavelmente
mil formas de colaboração acontecendo em que cada um, de cientistas a
crianças de escola primária, estão se mobilizando para fazer alguma coisa
sobre emissões de carbono. A aplicação fatal da colaboração em massa
parece estar se direcionando ao salvamento do planeta, literalmente.”
(idem, 2008: X, tradução nossa)
Nesse sentido, é possível entender o projeto Natura Campus como o resultado desse
imperativo contemporâneo: a combinação entre a colaboração em redes e a atuação relacionada à
sustentabilidade. A empresa reconhece que tanto suas práticas e políticas empresariais quanto
seus produtos passam a ser reconfigurados pela lógica colaborativa ecossistêmica da rede e abre-
se à interação com uma comunidade científica disposta a romper as barreiras institucionais para
produzir inovação para a sustentabilidade, resultando em novos produtos, em geração de valor de
marca e em oportunidades de negócios. Nesse caso, o conhecimento inovador torna-se resultado
do envolvimento de institutos de pesquisa, parceiros empresariais, processos colaborativos,
valores e temáticas socialmente compartilhados e divulgados através de várias redes sociais.
Mas é justamente aí que se faz necessário apontar algumas limitações do conceito
proposto por Franco que se refletem também no Portal do Natura Campus. As redes a que ambos
se referem parecem compreender nos seus propósitos apenas os atores humanos envolvidos no
processo de inovação – leiam-se pesquisadores externos e equipe de inovação da empresa –
sendo a tecnologia digital considerada apenas como um suporte para promover a divulgação e o
repasse de informações entre ambos. Seria interessante, por exemplo, que o Portal do projeto
contasse com a existência de ambientes virtuais colaborativos em que uma rede ampla, composta
por pesquisadores envolvidos, pela sociedade e por colaboradores e fornecedores da empresa,
pudesse interagir, dando maior visibilidade às pesquisas em comum e gerando, de fato, um
ambiente cocriativo, ao invés de ser apenas um ambiente de repasse e atualização de
informações. Nesse território inteligente digitalizado, as tecnologias seriam tomadas como
actantes que impactam o próprio processo de criação de inovação, o território e os indivíduos, e o
conceito de inteligência coletiva, que ainda remete a uma concepção centrada no humano, se
definiria enquanto uma inteligência reticular, conectando todos os coletivos (Latour).
Conclusões
Na atualidade, assistimos o desenvolvimento de uma cultura e um pensamento reticular e
identificamos, nos diversos coletivos, atores de uma rede complexa de inteligências, territórios e
tecnologias. Nesse sentido, ao nos referirmos a conhecimento, comunicação, sustentabilidade e
responsabilidade social, parece-nos não ser mais possível pensar as instituições e organizações
como centros difusores de informações sobre sustentabilidade e responsáveis pela concepção de
práticas socioambientais a serem adotadas pela sociedade em geral e por comunidades locais,
nem suficiente apenas realizar ações de promoção e divulgação massiva dos selos e projetos
menos danosos ao meio ambiente e de interferência educativa e cultural nas comunidades do
entorno. Pelo contrário: faz-se imprescindível construir uma cultura ecossistêmica do
conhecimento que permita que comunidades, universidades e empresas, além do próprio
ambiente, participem ativamente de redes de inovação que conjuguem saberes e práticas diversas
para a sustentabilidade por meio das tecnologias digitais.
O resultado da consciência de habitar esses novos territórios reticulares e interagir em
arquiteturas interativas altera profundamente o papel das universidades e das empresas na
sociedade, ampliando sua atuação e expandindo seus projetos e negócios, como nos demonstram
os casos analisados.
Entendemos que, mais do que uma ação de responsabilidade social idealizada por uma
empresa, cada projeto atende a demandas sociais de comunidades como a Suruí e contribui
efetivamente para transformar os processos de criação do conhecimento e disseminação de
informações e problemáticas de interesse público e ambiental, como no caso do Natura Campus.
No caso do Google, uma empresa que nasceu nas e das redes digitais, a cultura
colaborativa é intrínseca aos seus processos “produtivos” ou informativos – especialmente no
que diz respeito a desenvolvimento de softwares, criação de arquiteturas informativas
geográficas como o Google Earth e alimentação de informações na rede. Por esta razão, sua
atuação pela sustentabilidade relaciona-se diretamente com as potencialidades de colaboração
entre saberes e interação com o território oferecidas pelas tecnologias comunicativas digitais.
Já na Natura, o posicionamento estratégico da empresa, desde o início, caracterizou-se
por um modelo de negócio que investe em pesquisa e estratégias de inovação sustentáveis,
envolvendo desde a extração de insumos até o desenvolvimento dos produtos e das embalagens,
a fim de enfrentar os desafios sociais e ambientais que constantemente se impõem e se renovam,
pensando a sustentabilidade como oportunidade para seu crescimento econômico e como valor
empresarial e social.
Os casos analisados apontam, portanto, para a emergência de uma cultura da
interdependência e conectividade no interior das organizações que passam a enxergar a
sustentabilidade não apenas como questões ambientais, sociais e econômicas relacionadas ao
negócio ou ao território, mas como resultado de um novo social reticular, que, em nossa
concepção, não é mais somente humano, mas também tecnológico e ambiental.
As arquiteturas interativas inteligentes, como parte fundamental desse processo,
fomentam transformações que não se circunscrevem às ações planejadas pelas empresas, mas
estendem-se por todo o território de suas conexões, seus setores e colaboradores, afirmando
relações interdependentes, propondo práticas inteligentes em rede, pressupostos para o
desenvolvimento de uma “sustentabilidade conectiva”, onde todas as práticas e intenções
contemplam o interesse de todos os coletivos, superando, portanto, o modo de inteligência
dissociada atual, que vem caracterizando as relações entre homem, tecnologia e território, e dá-se
a conhecer pelos seus efeitos.
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A sustentabilidade social, cultural e econômica de comunidades tradicionais
e empreendimentos econômicos solidários.
The social, cultural and economic sustainability of the traditional communities and
solidary economic ventures.
RESUMO
O conhecimento desenvolvido, ao longo das gerações, por comunidades tradicionais
incluídas em programas municipais de economia solidária é relevante fator de produção
em empreendimentos econômicos solidários que buscam inserção socioeconômica em
um sistema globalizante. Este artigo visa apresentar a importância da consciência das
dimensões social e cultural da sustentabilidade em relação às dimensões econômica e
ambiental, tanto para tais empreendimentos, como para profissionais que os
acompanham. Para tanto, foram desenvolvidas pesquisas bibliográficas e de campo,
utilizando a entrevistas semiestruturadas. O estudo apontou que os empreendimentos
acompanhados tiveram como fragilidades a identificação, a divulgação, a autogestão do
empreendimento e dos produtos por eles desenvolvidos, assim como o entendimento e
disseminação do que é a economia solidária na sociedade. Para tanto, foi desenvolvido
um quadro diagnóstico que demonstra qualitativamente tais fragilidades.
ABSTRACT
The knowledge developed over generations by traditional communities included in
municipal programs for Solidarity Economy is important factor of production in
solidary economic ventures seeking socioeconomic status in a globalizing system. This
paper aims to present the importance of awareness of the social and cultural
dimensions of sustainability in relation to economic and environmental dimensions,
both for ventures these like for professionals who assist them. To this end, were
developed bibliographical researches and field researches, utilizing the semi-structured
interviews. This study pointed out that the ventures have had accompanied by
weaknesses as the identification, the disclosure, the self-management of the venture and
related products that developed by them, as well as the understanding and
dissemination of what is the solidary economy in the society. Therefore, we developed a
diagnostic framework that demonstrates qualitatively such weaknesses.
1. Introdução
A respeito do tema sustentabilidade, verifica-se que no imaginário das pessoas
ocorre a dimensão ambiental em sua totalidade. Tal dimensão possui grande
conhecimento e disseminação, embora necessite ainda de ações concretas nas
sociedades. A sua importância no contexto do desenvolvimento sustentável deve ser tão
relevante quanto às dimensões social e econômica, pois em conjunto resultam no “tripé”
da sustentabilidade. Em alguns casos, para atingir a sustentabilidade nestas três
dimensões, é necessário identificar em qual cenário estamos atuando.
O cenário presente é das comunidades tradicionais e dos empreendimentos
econômicos solidários. Estes fazem parte de um programa social governamental de um
município do norte do Paraná, os quais são oportunizados para gerar trabalho e renda,
além de serem acompanhados por assessoras técnicas para o seu desenvolvimento e
atuação em atividades e inserção mercadológica.
As comunidades tradicionais possuem produção local e aplicam nos artefatos os
conhecimentos tradicionais que são da cultura herdada de geração a geração. Muitas não
possuem conhecimentos suficientes que contribuirão para a inserção mercadológica e
valorização de seus produtos. Já os empreendimentos econômicos solidários são
formados por pessoas que estão excluídas do mercado de trabalho ou em
vulnerabilidade social. Muitos fatores influenciam no comprometimento e desempenho
destes empreendimentos, dentre eles a baixa autoestima, problemas socioeconômicos,
doenças entre outros.
Estas comunidades e os empreendimentos econômicos solidários estão inseridos
em culturas distintas, entretanto com situações da realidade bem aproximadas, como: a
falta de autoestima em relação ao sua origem e cultura, a perda de identidade, além da
perda do saber tradicional, passado de geração a geração. Tais comunidades dependem
do desenvolvimento do produto artesanal para sua subsistência.
A sustentabilidade na dimensão econômica é fator crucial para a sobrevivência,
entretanto os aspectos culturais e sociais precisam ser valorizados pelos próprios
membros.
O trabalho artesanal em comunidades tradicionais desempenha um papel
importante de identidade cultural e tem como finalidade a produção de renda, além da
disseminação do conhecimento da identidade territorial com a aplicação de suas origens
e tradições em produtos. Estes carregam o conhecimento local e tradicional que deve ser
interpretado por meio da estética, funcionalidade e pela sua essência.
Diante desse contexto, este artigo visa apresentar a importância da consciência
das dimensões social e cultural da sustentabilidade em relação à dimensão econômica,
tanto para as comunidades e empreendimentos, como para os profissionais que
acompanham tais empreendimentos. O intuito é a sobrevivência e a inserção desses
empreendimentos de forma digna no mercado de trabalho.
Por meio de uma pesquisa bibliográfica, este estudo se fundamenta nas
dimensões da sustentabilidade e utiliza como técnica de pesquisa a entrevista
semiestruturada que é aplicada em empreendimentos econômicos solidários da região
do norte do Paraná. Neste sentido, para que as comunidades e os empreendimentos
sejam inseridos no mercado, além de terem consciência de seu valor para o crescimento
sustentável do próprio grupo, devem ter visão da importância do crescimento local e
regional e do programa de economia solidária que os envolvem.
Esta economia se torna solidária, devido a sua concepção. Possui princípios que
regem e a diferencia de outras economias, sendo estes: a cooperação, a autogestão, a
atividade e/ou dimensão econômica e a solidariedade.
- Cooperação: os participantes possuem “interesses e objetivos comuns, a união
dos esforços e capacidades, a propriedade coletiva de bens, a partilha dos resultados e a
responsabilidade solidária” (MTE, 2013).
- Autogestão em que os participantes devem exercer práticas de “autogestão dos
processos de trabalho, das definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, da
direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses” (MTE, 2013).
- Dimensão Econômica: Envolve o conjunto de elementos de viabilidade
econômica, permeados por critérios de eficácia e efetividade, ao lado dos aspectos
culturais, ambientais e sociais (MTE, 2013).
- Solidariedade em que é alcançada e expressada de acordo com a justa
distribuição dos resultados obtidos, pelo desenvolvimento das capacidades e condições
saudáveis de vida dos participantes, pelas relações com a comunidade local, com o
desenvolvimento sustentável, sendo este territorial, regional e nacional, entre outros
(MTE, 2013).
De acordo com as características descritas sobre a concepção da economia
solidária, esta deveria ser uma economia protegida, contudo seus empreendimentos
econômicos solidários são inseridos mercadologicamente em uma economia capitalista,
deixando-os inseguros em relação a competitividade deste sistema e estrutura das
organizações do mesmo segmento, que dominam o mercado, não deixando os
empreendimentos econômicos solidários (EES) ganharem seu espaço e mostrarem o seu
trabalho, disseminando a economia solidária.
Para avaliação de produtos de comunidades tradicionais e locais, no escopo do
desenvolvimento sustentável, existem seis dimensões de valor, defendidas por Krucken
(2009, p. 27-28):
1. Valor funcional ou utilitário – mensurado por atributos objetivos –
caracteriza-se pela “adequação ao uso”. [...] sua composição, origem e
propriedade de segurança de consumo [...];
2. Valor emocional – de caráter subjetivo – incorpora motivações
ligadas as percepções sensoriais [...] e ainda a dimensão “memorial”
relativa a lembranças positivas e negativas de acontecimentos
passados;
3. Valor ambiental – referente à prestação de serviços ambientais por
meio do uso sustentável dos recursos naturais;
4. Valor simbólico e cultural – relaciona-se com a importância do
produto nos sistemas de produção e de consumo, das tradições e dos
rituais, [...] significados espirituais e origem histórica [...] e a condição
de interpretação do produto em um referencial estético;
5. Valor social – relaciona-se com os aspectos sociais que permeiam
os processos de produção, comercialização e consumo dos produtos
[...] valores morais dos cidadãos e atuação e a reputação das
organizações na sociedade [...];
6. Valor econômico – de caráter objetivo – baseia-se na relação
custo/benefício em termos monetários.
O autor ainda diz que a sustentabilidade significa “operar a empresa, sem causar
danos aos seres vivos e sem destruir o meio ambiente, mas, ao contrário, restaurando-o e
enriquecendo-o”. Logo, a visão da sustentabilidade está relacionada aos resultados das
dimensões ambiental, social e econômica que são fatores decisivos em uma organização,
perante as atitudes e seus impactos operacionais, de acordo com Savitz (2007, p.3).
O crescimento econômico e o sucesso financeiro geram benefícios para as
pessoas e para a sociedade, no entanto valores humanos como o crescimento intelectual,
o desenvolvimento moral, entre outros são importantes. Nesse sentido, a
sustentabilidade pode ser definida como “a arte de fazer negócios num mundo
independente” promovendo o crescimento, gerando lucro para as empresas e pessoas
envolvidas ou não com as mesmas (SAVITZ, 2007, p.2).
A sustentabilidade, conforme Manzini (2008, p.19), requer uma descontinuidade
sistêmica em que a sociedade precisa se desenvolver a partir da redução de níveis de
produção e consumo material simultaneamente com a melhoria da qualidade do
ambiente social e físico. É necessário, para tanto, um processo de aprendizagem social
difuso de modo a atingir as dimensões sociotécnicas, a saber: “a física (fluxos materiais
e energéticos); a econômica e a institucional (a relação entre os atores sociais); e a ética,
estética e cultural (os valores e juízos de qualidade que lhe darão legitimidade social)”
(MANZINI, 2008, p.19; MANZINI e VEZZOLI, 2005, p.31).
A dimensão sociotécnica física tem relação com a dimensão ambiental que, de
acordo com Manzini e Vezzoli (2005, p. 27-31), refere-se às condições sistêmicas em
que as atividades humanas não devem interferir na resiliência dos ciclos naturais e nem
empobrecer o capital natural transmitido às gerações futuras. Isto coloca em discussão o
atual modelo de desenvolvimento em que o bem-estar e a economia passem para uma
dinâmica de redução de produção de produtos materiais.
Sobre a dimensão cultural da sustentabilidade, ressalta-se o conceito de cultura
de Werthein (2003, pp. 13-14), que cita um dos resultados da Conferência do México e
conceitua “cultura como o conjunto de características espirituais e materiais,
intelectuais e emocionais que definem um grupo social. (...) engloba modos de vida, os
direitos fundamentais da pessoa, sistemas de valores, tradições e crenças”.
A sustentabilidade cultural não está somente relacionada à origem do produto,
tradições de saberes, mas ao caráter de sustentabilidade de cultura organizacional de um
empreendimento. Para Neville e Drumond (2010, p.43), “cultura é o padrão de
desenvolvimento da organização que se reflete nos sistemas sociais de conhecimento,
ideologia, valores éticos, normas e rituais cotidianos”.
A sustentabilidade econômica para os empreendimentos econômicos solidários
quanto para as comunidades tradicionais demonstra sua importância frente à situação de
vulnerabilidade social presente que impede o desempenho do grupo como todo, não
valorizando seu trabalho e produção em aspectos, tais como: o social e o cultural.
Nesse sentido, a dimensão social e cultural da sustentabilidade está diretamente
relacionada à melhoria da qualidade de vida, à redução das desigualdades e às injustiças
sociais e à inclusão social, corrobora Cavalcanti et al (2009, p.71).
4. Procedimentos Metodológicos
Para a fundamentação teórica do presente artigo foi utilizada como estratégia a
pesquisa bibliográfica e no levantamento de campo realizada a técnica de pesquisa
denominada entrevista semiestruturada, com os integrantes dos empreendimentos
econômicos solidários. Foram abordados temas sobre a sustentabilidade dos
empreendimentos relacionada com as dimensões da sustentabilidade social, cultural e
econômica. Durante a entrevista foram identificadas as fragilidades dos EES, para
posteriormente, construir um quadro diagnóstico que demonstra este
interrelacionamento.
5. Resultados
Diante deste cenário, o presente estudo identificou fragilidades nos
empreendimentos econômicos solidários participantes da pesquisa de campo nas
dimensões social, cultural e econômica da sustentabilidade, sendo estas: a identificação,
a divulgação, a autogestão do empreendimento e dos produtos por eles desenvolvidos,
assim como o entendimento e disseminação do que é a economia solidária na sociedade.
Desta forma, foi desenvolvido o quadro diagnóstico abaixo que demonstra
qualitativamente tais fragilidades, relacionando-as com as dimensões social, cultural e
econômica da sustentabilidade.
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London: Intermediate Technology Publications. 1995.
Resumo
Escolher o tipo de material para a execução de um determinado design muitas vezes não é
uma tarefa fácil, devido à variedade de opções que podem ser encontradas: naturais, metais,
polímeros ou mesmo a combinação deles.
Embora a maior parte dos materiais disponíveis esteja no mercado há varias décadas, não
incluindo modificações substanciais em sua formulação básica ou sem manuseio, as vezes
nota-se que muitos não possuem um conhecimento completo e adequado ao uso de cada
material.
Abstract
Choose the type of material for the execution of a particular design is often not an
easy task due to the variety of options that can be found: natural, metals, polymers or
even a combination of them.
Although most of the materials are available in the market for decades, not including
substantial changes in its basic formulation or without handle, sometimes it is noted
that many trade professionals do not have a complete knowledge and appropriate use
of each material.
1. Ecodesign
Uma nova cultura ambiental tenta chegar a os diferentes sectores, de forma lenta mais
imparável. Profissionais como designers, engenheiros, ambientalistas, precisam tomar
decisões que incorporem critérios de sustentabilidade ambiental em seus produtos, processos
e serviços; com a mesma intensidade com que incorporam critérios funcionais, estéticos,
económicos, ergonómicos.
Assim o ecodesign, como metodologia de aplicação de melhoras ambientais ao longo do ciclo
de vida de um produto, desde a conceição, seleção de materiais, processo de fabricação,
embalagem, transporte, uso e tratamento final; surge adoptando um papel estratégico,
transformando-se em motor de inovação clave no caminho à sustentabilidade e o consumo
responsável.
1.1 Conceito: Tratasse de projetar produtos que utilizem materiais com menos impacto
ambiental, utilizando produções mais limpas, que incorporem melhoras ambientais na
distribuição e que minimizem impactos durante o uso e descarte. Há uma preocupação global
em implantar este tipo de conceitos, surgem assim normas e padrões, entre elas - norma
internacional de ecodesign - ISO 14006 “ Gestão ambiental do processo de design e
desenvolvimento. Ecodesign”. European Quality Assurance (2011);
Esta norma surge para estimular o reconhecimento das empresas que incorporem critérios
ambientais no design e desenvolvimento de produtos e serviços
Objetivos da norma
• Minimizar impactos ambientais gerados por produtos ou serviços desde seu design,
promovendo um enfoque preventivo
• Sensibilizar ao mercado sobre a importância do impacto ambiental gerado por
produtos e serviços, estimulando a informação ativa por parte de empresas produtoras
• Incentivar uma mudança de perspectiva, passando do enfoque fundamentado nos
aspectos ambientais associados à fabricação do produto, à uma identificação mais
abrangente na que se incorporam os gerados em outras etapas do ciclo de vida.
• Instituir uma sistemática que assegure a melhora ambiental continua no design de
produtos e serviços.
• Facilitar um distintivo às empresas, com certificações, que acrescente vantagem
competitiva no mercado.
Fonte: European Quality Assurance (2011); Rohrssen (2012)
Segundo Markus Lhni, (1999), Ecoeficiência em uma empresa é quando esta oferece produtos
e serviços a um preço competitivo, satisfaz as necessidades humanas, incrementando sua
qualidade de vida, e reduzindo progressivamente o impacto ao meio ambiente e a intensidade
de recursos ao longo do seu ciclo de vida, ao menos, até o nível da capacidade de carga do
planeta.
Na etapa de projeção se define entre 70 e 85% do custo total de uma produto, e também se
determina aproximadamente 70% do impacto ambiental ao longo do ciclo de vida. Rebitzer et
al (2004)
• Absorção acústica: se refere à absorção de som para ele não ser refletido;
num estúdio de gravação esta absorção deve ser controlada para ter um bom
conforto acústico e melhora da própria acústica do local, controlando o tempo
de reverberação (eco), isto é condicionamento acústico.
2.2.1 lã de vidro
Figura 1. Lã de vidro
Fonte: Tecnit, 2011
Material mineral fibroso, provem de uma substancia liquida inorgânica obtida através de um
composto básico de vários elementos: SiO2 (areia de sílica)- Na2CO3 (Carbonato de sódio)
Na2SO4 (Sulfato de Sódio) – K (Potássio) - CaCO3 (Carbonato de Cálcio) – Mg (Magnésio).
Estes elementos lhe conferem as suas características próprias, que em alto forno são elevados
uma temperatura de aproximadamente 1500⁰C, formam uma massa em estado plástico de
altíssima viscosidade, que aumenta a medida que arrefece, mantendo-se em estado de sobre
fusão sem cristalizar. Fonte: Ladevidro, 2011
• Propriedades acústicas:
Para considerar se um material é bom isolante acústico, se considera a rigidez e resistividade
ao fluxo de ar.
A lã de vidro mineral alcança valores de rigidez muito baixas devido a sua alta elasticidade.
Produtos rígidos não são eficazes. O recurso intrínseco do produto que avalia esta propriedade
é a rigidez dinâmica (s´=Edyn/d) expressada em MN/m3.
A outra propriedade acústica a ter em conta e sua resistividade ao fluxo do ar. Para este valor
ser óptimo deve estar entre 5 – 10 KPas/m2 , abaixo de 5 KPa s/m2 o material (isolante) não
proporciona amortecimento acústico suficiente, e por cima de 10 KPas/m2 A transmissão de
ruído seria preponderante mente por via solida por tratar-se de um material demasiado
compacto, por tanto a lã de vidro cumpre com todas estas propriedades.
• Performance:
Por ser um material fibroso, a lã de vidro é um dos melhores materiais para o tratamento
acústico, podendo ser usada na isolação acústica, que é a construção de barreiras para evitar a
transferência de uma onda sonora (ruído) de um ambiente para o outro ou na absorção
acústica, que é um tratamento aplicado para melhorar a qualidade acústica dos ambientes.
Quando uma onda sonora entra em contato com a lã de vidro, ela é facilmente absorvida,
devido à porosidade da lã. Além disso, ocorre uma fricção entre a onda e a superfície das
fibras. Essa fricção converte parte da energia sonora em calor, ou seja, a lã de vidro faz com
que a energia sonora perca intensidade, o que resulta em um aumento de absorção ou da
isolação sonora. Tal fenômeno de absorção e fricção em conjunto não ocorre com outros
materiais não-fibrosos.
• Vantagens:
• Desvantagens:
• Suberina (45%) - principal componente das paredes das células, responsável pela
elasticidade da cortiça;
• Lenhina (27%) - composto isolante;
• Polissacáridos (12%) - componentes das paredes das células que ajudam a definir a
textura da cortiça;
• Taninos (6%) - compostos polifenólicos responsáveis pela cor;
• Ceróides (5%) - compostos hidrofóbicos que asseguram a impermeabilidade da
cortiça.
O aglomerado puro expandido, conhecido como “aglomerado negro”, (devido à sua coloração
final) é formado essencialmente (70 a 80%) por Falca, proveniente dos processos de poda e
limpeza dos sobreiros. Esta matéria-prima é reduzida a grânulos por trituração e
posteriormente, colocados em autoclaves por efeito de vapor de água, alta temperatura
(350ºC) e apenas com a sua própria resina (suberina), acontece a aglutinação sem qualquer
tipo de aditivos, originando os aglomerados puros expandidos, que inicialmente são blocos
que passam por um processo de estabilização e retificação, e são cortados em placas de
diferentes espessuras. Resultando um produto 100% ecológico e reciclável. não há
desperdícios, pois até o pó é utilizado como biomassa na produção de vapor ou energia
elétrica.
Características:
• Matéria prima 100% natural, não utiliza aditivos no seu processamento, renovável,
reciclável, reutilizável (conceito dos 3R),
• Bom comportamento ao fogo, não emite gases tóxicos no caso de combustão
• Excelentes propriedades mecânicas e estabilidade dimensional
• Excelentes propriedades como isolante térmico e acústico
• Imputrescível
• Altíssima durabilidade sem perda das suas caraterísticas
Características técnicas:
Performance:
A cortiça é um excelente material com aplicações ao isolamento acústico, é utilizado como
absorvente acústico, destinado a corrigir a acústica dos locais, ou a fim de reduzir o seu nível
acústico, pela absorção de parte da energia sonora incidente na superfície do aglomerado ou
pela diminuição do tempo de reverberação (tempo que decorre entre o momento em que cessa
uma fonte sonora até a eliminação dos ecos múltiplos. Além disto a cortiça funciona também
como amortecedor de vibrações.
1
O “BuldingGreen Top- 10 Product for 2013”, da Bulding Green, o maior diretório norte americano
de produtos para a construção sustentável (EBN)
Em termos de isolamento, as possibilidades de emprego do aglomerado de cortiça são
inúmeras e aplicam-se sobretudo na construção civil, em diferentes áreas de trabalho e
segundo os seguintes objetivos:
• Açoteias e Terraços – isolamentos térmicos, de vibrações, de condensação de
humidade e impermeabilização.
• Muros e Telhados – isolamento acústico, térmico e prevenção de condensações.
• Tabiques e Portas – isolamento térmico e acústico.
• Paredes e Tetos – correção acústica, isolamento térmico, conforto ambiental e
decoração.
• Solos – isolamento vibrátil e térmico.
Vantagens
Isolamento Acústico
Isolamento Térmico
Isolamento antivibrático
Isolamento Natural e Ecológico
Não reage com agentes químicos
Bom comportamento ao fogo/não liberta gases tóxicos
Durabilidade Ilimitada sem
perda de características
Não atacado por roedores
Reciclável 100%
Produto 100 % natural
Produto 100% reaproveitável
Versatilidade muito própria, pode ser preparado em medidas e densidades standard.
3. Conclusões
O aglomerado de cortiça oferece um excelente material com propriedades de isolamento
acústico e uma acondicionamento acústico aplicados a um estúdio de gravação. Um
isolamento natural e ecológico, porém, é muito vulnerável à situação económica internacional
e depende muito da concorrência dos outros materiais, nomeadamente sintéticos que são
substancialmente mais baratos. Porém o fato de ser um produto ecológico e com propriedades
exemplares poderá abrir algumas perspectivas de futuro.
Carvalho, J.S., «A química da cortiça», Boletim da junta Nacional da Cortiça, 357, 3-11, 1968
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2007.
OLIVEIRA, M.; OLIVEIRA, L. The cork. Rio de Mouro: Corticeira Amorim, 2000
PORTUGAL GLOBAL. Cortiça global. Lisboa: aicep Portugal global, out. 2008. 52 p
Sites:
RESUMO
Nas últimas décadas, tem se tornado evidente algumas mudanças no planeta.
Transformações tanto nas esferas físico-químicas e biológicas como também no que diz respeito
à organização humana. Mesmo com o conhecimento científico se desenvolvendo rapidamente,
ele tem se mostrado insuficiente para resolver as dificuldades que ele mesmo criou, o que
mostra a necessidade de outra forma de pensamento que englobe todas as relações existentes no
planeta. As ciências naturais têm um papel fundamental na busca pela solução dos problemas e
transformação desse modo de pensar, uma vez que procuram compreender a estrutura da
matéria e os caminhos para transformá-la. Ao analisar os grandes danos causados pela
interferência humana nos diferentes ecossistemas, percebe-se o papel das ciências naturais como
devastadoras e poluidoras. Contudo, para que todas essas questões sejam solucionadas, elas se
tornam protagonistas como transformadoras e mediadoras entre as diferentes formas de
conhecimento. A partir de uma visão integrante vê-se que a educação é uma das poucas
maneiras de realizar essa abordagem relacional. Deste modo, a solução dos problemas
planetários pela mudança de visão de mundo pode ser alcançada tanto a partir de um professor
em uma sala de aula com a discussão multidisciplinar de um determinado assunto, quanto pela
abordagem das relações que envolvem uma problemática em qualquer conversa informal, já que
todos somos multiplicadores de conhecimento e, portanto educadores.
ABSTRACT
In recent decades, some changes on the planet have become evident. Transformations as
in physicochemical and biological spheres but also with regard to human organization. Even
with the scientific knowledge rapidly developing, it has proved to be insufficient to solve the
problems it has itself created, showing the necessity for another form of thinking that
encompasses all relationships on the planet. Natural sciences have a key role in the search for
the solution of problems and changing this way of thinking, since they seek to understand the
1 Igor Oliveira Rocha possui graduação em Bacharelado e Licenciatura em Química pela Universidade
Federal de Santa Catarina, tendo realizado intercâmbio acadêmico por um semestre na Technische Universiteit
Eindhoven nos Países Baixos com bolsa financiada pela Comissão Europeia pelo programa Erasmus Mundus de
janeiro a julho de 2010. Participou de residência artístico-científica na Finlândia e Estônia desenvolvendo o projeto
Mar Memorial Dinâmico em junho de 2011. Atualmente faz parte do programa de mestrado do Departamento de
Química na Universidade Federal do Paraná. igurocha@uol.com.br
structure of matter and the ways to transform it. By analyzing the major damage caused by
human interference in different ecosystems, we perceive the role of the natural sciences as
devastating and polluting. However, for these issues to be solved resolved, they become
protagonists as transformative and mediator between different forms of knowledge. From an
integral vision it is possible to see that education is one of the few ways to accomplish this
relational approach. Thus, the solution of global problems by changing worldview can be
achieved both from a teacher in a classroom with a multidisciplinary discussion of a particular
subject, as with the approach to relations involving an issue in any casual conversation since we
are all knowledge multipliers and therefore educators.
Os homens tentam entender e explicar os fenômenos que ocorrem na Terra
desde a Antiguidade, inicialmente de forma mítica, depois pela filosofia e então com a
ciência. Existem ainda outras formas de pensamento como a religião que também
podem ser racionalizadas e todos esses saberes não são excludentes. Entretanto,
geralmente não se concebe a conexão entre esses diversos saberes, o que leva a análises
pontuais e fragmentárias que são suficientes para explicar determinados fenômenos,
mas insuficientes para entender a complexidade do planeta.
Ao invés do modo de pensar cartesiano, por que não uma educação norteada por
discussões multidisciplinares? Não uma multidisciplinaridade procurada apenas em
tópicos específicos, mas aquela como condição sine qua nom para que qualquer assunto
possa ser apreendido.
A partir de uma visão integrante vê-se que a educação é uma das poucas
maneiras de realizar essa abordagem relacional. Deste modo, a solução dos problemas
planetários pela mudança de visão de mundo pode ser alcançada tanto a partir de um
professor em uma sala de aula, com a discussão multidisciplinar de um determinado
assunto, quanto pela abordagem das relações que envolvem uma problemática em
qualquer conversa informal, já que todos somos multiplicadores de conhecimento e,
portanto educadores.
Referências:
RESUMO
1 Introdução
2 Desenvolvimento
2.1 Sustentabilidade
As empresas buscam então definir padrões para identificar como a sua atividade
pode impactar o meio ambiente. (NICOLELLA, 2004).
Philip Kotler (2000) diz que o “conceito de marketing afirma que a chave
para atingir os objetivos da organização consiste em determinar as
necessidades e desejos dos mercados-alvo e satisfazê-lo mais eficaz e
eficientemente do que os concorrentes. Peter Drucker (1998) afirma que
“marketing é primeiramente uma dimensão central do negócio inteiro. É o
negócio como um todo visto do ponto de vista do cliente.
A American Marketing Association (AMA) define marketing como “o
processo de planejamento e execução de concepção, precificação, promoção
e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam
metas individuais e organizacionais”.
Philip Kotler (2000) diz que o “conceito de marketing afirma que a chave
para atingir os objetivos da organização consiste em determinar as
necessidades e desejos dos mercados-alvo e satisfazê-lo mais eficaz e
eficientemente do que os concorrentes. Peter Drucker (1998) afirma que
“marketing é primeiramente uma dimensão central do negócio inteiro. É o
negócio como um todo visto do ponto de vista do cliente.
A American Marketing Association (AMA) define marketing como “o
processo de planejamento e execução de concepção, precificação, promoção
e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam
metas individuais e organizacionais”.
Além dessas cinco razões apontadas é possível enxergar mais dois argumentos
para as empresas adotarem o marketing ambiental. (POLONSKY, 1995).
A mudança de comportamento dos consumidores, passando a enxergar a
necessidade da conscientização ambiental.
O alinhamento das empresas com fornecedores e clientes corporativos.
O grande desafio é perpetuar o objetivo de satisfazer necessidades e desejos, de
forma sustentável de modo que a variável ambiental também possa ser incorporada ao
produto sob a forma de valor percebido pelo cliente. (POLONSKY, 1995).
Toda empresa precisa se relacionar com seu público de interesse, seja ele
formado por fornecedores, colaboradores, poder público ou consumidores finais.
A comunicação, vista sob uma perspectiva ampla, tem um papel importante a
desempenhar no processo de conscientização e de mobilização para a sustentabilidade.
De imediato, podemos reconhecer que ela pode cumprir três funções básicas, todas elas
articuladas e complementares. (POLONSKY, 1995).
A comunicação competente pode contribuir para a consolidação do conceito de
sustentabilidade, buscando eliminar equívocos como os que a associam a ações
meramente pontuais ou que a reduzem à simples dimensão ambiental. (POLONSKY,
1995).
É fundamental que a empresa como um todo esteja suficientemente esclarecida
sobre o conceito autêntico de sustentabilidade, e que os colaboradores estejam
comprometidos com a qualidade da informação e que percebam os vínculos de
determinadas fontes com interesses políticos, comerciais ou mesmo pessoais.
(POLONSKY, 1995).
Nesse relacionamento a comunicação desempenha um papel muito importante.
Permite a troca de informações entre as partes envolvidas. O público alvo tem acesso a
conteúdos relevantes a cerca das atividades da empresa e ao mesmo tempo pode abrir
um canal e colocar diretamente para a administração suas observações sobre o produto,
serviços e práticas da empresa. (BUENO, 2002).
A abertura de canais de comunicação garante à empresa uma percepção mais
positiva dos públicos que atribui a essa postura valores como transparência. (BUENO,
2002).
3 Considerações finais
Abstract:
The objective of this paper is to present some forms communication focused on the
environmental management, the hardest challenge of the sustainability.
In the human existence there are many targets, among them are to optimize, at most, the
personal capacities and improve the conditions that can result in better and long life,
for everybody including the coming generations. This seems to be the most important
task: people´s role towards the nature.
However, more than words it is important to act. It doesn’t make sense to dream of a
pleasant world and do nothing to make it better.
In this sense, changing in the human attitudes and thoughts supported by
communication means such as advertising, press, public relations, merchandising and
promotions can bring to the society more knowledge and get clear social-environmental
matters.
REFERÊNCIAS
MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e Gestão Ambiental – 5ª Ed. – São
Paulo: Editora Juarex de Oliveira, 2008.
SAVITZ, A. W. (2006). The Tripple Bottom Line. San Francisco, CA: Jossey Bass.
Disponivel em: http://www.sustentabilidaderesultados.com.br/o-triple-bottom-line-e-a-
sustentabilidade-corporativa/, acesso em 12/12/2012.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Ténicas. ABNT NBR ISO 14001:2004 –
Sistema de gestão ambiental – requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro:
ABNT, 2004.
O papel da comunicação nos processos de relacionamento entre empresas e comunidades
RESUMO
O presente artigo propõe-se a discutir, a partir das diretrizes de responsabilidade social definidas pela ISO
26000 e pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social, o lugar da comunicação nos processos de
relacionamento entre empresas e comunidades.
No mundo contemporâneo, as empresas, cada vez mais, são compreendidas como parte da sociedade, e como
tal, tem o dever de se relacionar e interagir com os demais atores sociais.
ABSTRACT
This article proposes to discuss, from the social responsibility guidelines defined by ISO 26000 and the
Ethos Institute for Social Responsibility, the place of communication processes in relationships between
companies and communities.
In today's world, companies increasingly are understood as part of society, and as such has the duty to relate
to and interact with other social actors.
1. INTRODUÇÃO
a. TEMA E JUSTIFICATIVA
b. PROBLEMATIZAÇÃO
Um dos grandes desafios das organizações contemporâneas é agir de maneira ética, dialogando e
respeitando os interesses dos públicos de relacionamento. A partir de um recorte mais profundo,
trazendo a comunidade da área de influência (AI) para o centro da discussão, observa-se que os
desafios ganham dimensões diferenciadas, as quais as estratégias empresariais devem considerar no
processo de tomada de decisão. Para que se estabeleça, de fato, um relacionamento entre empresas e
comunidades, estruturado a partir das diretrizes de responsabilidade social, é necessário, entre
2 “Indivíduo ou grupo que tem interesse em quaisquer decisões ou atividades de uma organização” (ABNT-
ISO 26000, 2010, p.27).
outras ações, que a comunicação atue de maneira estratégica, estabelecendo pontes de diálogos
entre as partes. Nesse sentido, chega-se ao seguinte problema:
A sociedade contemporânea é marcada por novas formas de interação entre os sujeitos, que pode ser
atrelada, entre outros fatores, ao advento das tecnologias. Atualmente, os aparelhos eletrônicos têm
se configurado como importantes mediadores das relações sociais. Através de smartphones, Ipads e
computadores cada vez mais pessoas se conectam a partir de redes sociais como facebook, twitter,
Instagram, entre outras. Além de permear as relações sociais, o ambiente de rede rompe com as
fronteiras que nos separam de outros indivíduos e realidades sociais possibilitando a troca de
informações e a articulação de atores sociais em prol de causas específicas que afetam, de maneira
positiva ou negativa, a imagem das instituições.
De acordo com uma pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a reclamação de um cliente
insatisfeito pode afetar não só a imagem da empresa, mas também o desempenho financeiro e o
valor de mercado da organização. Dados da pesquisa realizada com empresas do setor de telefonia
apontam que quando as reclamações na Anatel superam o índice de 0,4 queixas por mil linhas
ativas, o resultado de uma operadora poderá ser comprometido. Em entrevista ao jornal Estado de
São Paulo, Fábio Fragoso, um dos autores da pesquisa, afirmou que: "Existe um nível de
insatisfação de clientes com o qual a empresa pode conviver. Acima disso, as reclamações podem
afetar o valor da companhia"3.
3 http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,boca-a-boca-negativo-tambem-doi-no-bolso,1026662,0.htm (consultado
em: 30/04/2013)
competitivos não pode mais se basear unicamente em fatores como qualidade e preço etc.
(BICALHO, SIMEONE, et. al, 2003: pág. 3)
Visando entre outras coisas, à busca por diferenciais competitivos, as organizações começam a
desenvolver suas atividades observando os pilares da sustentabilidade, baseadas num tripé que
envolve aspectos ambientais, sociais e econômicos. Em resposta, o consumidor e a sociedade de
maneira geral começam a demandar uma postura sustentável das empresas. Segundo Keeble et al
(2002), os principais questionamentos às atividades empresariais são:
• Clientes estão argüindo sobre a origem do produto, isto é, quem o fez e o que ele contém;
• Governos e sociedade civil estão aumentando a pressão para que empresas divulguem seu
desempenho social e ambiental.
Diante desses questionamentos Cantarino et al (2003) define uma nova visão de sustentabilidade
empresarial:
Nesse contexto surge um novo modelo de organização do mundo do trabalho, baseado no conceito
de rede, que envolve as partes interessadas da organização. Conforme defende Lucia Santa Cruz:
A presença maciça da tecnologia e sua utilização nos processos de trocas sociais denominam o que
alguns autores chamam de sociedade informacional (Castells, 2003). Segundo o autor, as novas
condições tecnológicas permitem o surgimento de novas técnicas organizacionais, nas quais, a
produtividade está estruturada na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento de
informação e de comunicação de símbolos.
A tecnologia é a mola propulsora da sociedade informacional, na qual, a inovação é um elemento
fundamental. Cruz defende que:
“Estamos na economia da inovação, mas que não está circunscrita aos departamentos de
pesquisa e desenvolvimento das empresas. A inovação é acelerada, constante, contínua e
depende fortemente do trabalho em rede, interdependente, circulante, para acontecer. A
inovação se estabelece pelos fluxos comunicacionais que formam a própria estrutura da
rede”. (Cruz, 2009: p. 4)
Neste novo modelo de gestão, a comunicação organizacional deve ser vista como uma ferramenta
estratégica, assumindo a centralidade da rede como elemento organizador dos fluxos de informação.
É papel da comunicação mapear os diversos públicos da instituição e, a partir daí, definir
estratégias, ações e ferramentas de comunicação efetivas para cada um deles. A fim de esclarecer o
conceito, Scroferneker diz que: “a comunicação organizacional abrange todas as formas de
comunicação utilizadas pela organização para relacionar-se e interagir com seus públicos”
(Scroferneker, 2003 apud Cruz, 2009: p. 5).
Sendo assim, a comunicação integrada possui uma abrangência mais ampla e estratégica, assumindo
papel de destaque nos processos de tomada de decisão das organizações. NASSAR afirma que “à
medida que a Comunicação se torna peça-chave, especialmente no ambiente dos relacionamentos
públicos das empresas e instituições, cada vez mais seus gestores têm como desafio administrar a
dimensão simbólica dos negócios, o imaginário de suas ações” (Nassar, 2004: p. 38).
Como reposta a novas demandas dos diversos atores sociais, as empresas começam a investir, de
maneira mais clara e precisa, no relacionamento com as partes interessadas. Nesse contexto, a
comunicação integrada deve ser alinhada com as diretrizes institucionais e realizada de maneira
intencional.
Nesse cenário a comunicação organizacional desempenha um papel de destaque, já que ela é capaz
de dialogar e estabelecer pontes e interesses em comum entre as empresas e os seus diversos
públicos (Cruz, 2009).
É importante ressaltar que gestão de relacionamento é, antes de qualquer outra ação, um processo
de observação das estruturas e relações sociais e de escuta. Essas são as maneiras de se conhecer as
demandas de informação, para, de forma alinhada com a estratégia global, serem definidas as ações
de relacionamento e as formas de conciliação de interesses e necessidades.
5 A ISO 2600 foi elaborada pelo Grupo de Trabalho de Responsabilidade Social da ISO (ISO/TMB
WG), e a versão ABNT NBR ISO 26000 foi aprovada em dezembro de 2010.
O mapeamento de stakeholders é fundamental para garantir que haja a identificação das partes
interessadas e que haja um bom fluxo de informações, o que reduz a quantidade de ruídos na
comunicação e favorece um relacionamento institucional e comunitário alinhado com a estratégia
global e pautado pela responsabilidade social.
Em suma, a análise dos stakeholders pode ajudar a compreender o ambiente e assim viabilizar uma
visão panorâmica de onde a instituição está inserida. Ainda é possível criar cenários a partir dos
stakeholders e identificar as variáveis chaves e tendências de futuro, a fim de criar subsídios para a
decisão estratégica.
O mapeamento de stakeholders é uma ação transversal que deve estar integrada com as demais
áreas temáticas, especialmente a socioeconomia. Compreender as estruturas socioeconômicas é o
primeiro passo para identificar tendências e padrões de relações. A avaliação de dados políticos,
históricos e de ações relacionadas ao meio ambiente também contribuem para essa percepção.
A partir dessa percepção geral, conhecer as partes interessadas é um detalhamento importante para a
compreensão e projeção do cenário. Embora façam parte de um mesmo cenário, cada stakeholder
tem uma diferente posição social e demanda de informação, e, ainda, cada um tem diferentes
características de legitimidade e interesses. Saber dessa variedade de interlocutores e demandas é
fundamental para definir os pilares principais.
Esteja integrada em toda organização e seja aplicada em suas relações” (ISO 26000, 2010,
p. 4).
Já o Instituto ETHOS6 de Responsabilidade Social traz a seguinte definição:
“Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e
transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona. Também se
caracteriza por estabelecer metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações
futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”.
Conforme as definições acima, a responsabilidade social prevê uma relação ética e transparente
entre empresas e suas partes interessadas. Desse modo, a comunicação é fundamental para a
construção e manutenção desses relacionamentos, pois além de otimizar a construção dos mesmos
ela surge como um elo, estabelecendo o diálogo entre as partes interessadas.
Grunig (citado por Bicalho, Simeone, et al, 2003), defende um modelo de comunicação “simétrico
de mão dupla”, no qual os interesses da organização e das partes interessadas sejam equilibrados.
Neste modelo, a empresa busca ouvir os públicos envolvidos antes de tomar uma decisão,
analisando e negociando os impactos das suas ações. Nesta concepção, a comunicação está
intrínseca desde o início do processo, cumprindo as diretrizes de responsabilidade social, e não
somente atuando na divulgação de informações ou em momentos de crise.
O papel da comunicação na gestão social é justamente articular e alimentar a rede entre a empresa e
a comunidade, através de ferramentas específicas. Primeiramente, faz-se necessário conhecer a
comunidade a qual se pretende estabelecer o relacionamento. Conforme dito acima, através da
análise in loco e do levantamento de dados secundários deve-se conhecer o modo de vida,
características culturais, potencialidades e fragilidades da região, entre outros aspectos
socioeconômicos. Após o diagnóstico socioeconômico faz-se necessário identificar os interlocutores
e as pessoas-chave da comunidade, quem são, grau de influência, nível de interesse e expectativas
em relação à organização são algumas das perguntas que devem ser respondidas. Analisar os
processos relacionais e tendências de relacionamento também é fundamental para compreensão de
cenários. Somente a partir daí torna-se viável traçar as estratégias de relacionamento, alinhando a
comunicação com as diretrizes institucionais, definindo o tom do discurso e as ferramentas de
comunicação que serão utilizadas. Após a implementação dos programas e ações entra-se numa
etapa peculiar: o monitoramento. É nesta fase que as ações serão alinhadas com a realidade e a
expectativa do público de interesse. É a partir do monitoramento que poderá analisar e medir a
eficácia das ações. Camargos defende que a comunicação deve ser pautada pelas diretrizes da ISO
26000 e atender a três eixos de atuação.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade contemporânea vem passando por transformações devido, entre outros fatores, ao
advento das tecnologias. Elementos como a globalização e a alta rotatividade de produtos
tecnológicos têm re-configurado as relações sociais e, também, o mundo corporativo.
Na sociedade informacional o ambiente das redes é cada vez mais evidente nas relações pessoais,
no ambiente de trabalho e também nas relações entre empresas e seus diversos stakeholders.
Nesse contexto, a comunicação assume um papel estratégico dentro e fora das organizações, pois é
ela a responsável por criar conexões entre o ambiente interno e externo das empresas, evolvendo a
organização e seus stakeholders em uma mesma rede, onde cada um desempenha um importante
papel. É função da comunicação articular essa rede e organizar os fluxos de informação de acordo
com a demanda e a expectativa da cada público. Num recorte mais profundo, pensando num público
peculiar e específico – a comunidade -, é fundamental que a comunicação desenvolva estratégias
baseadas nas diretrizes da responsabilidade social, considerando o contexto sociocultural que dada
comunidade está inserida, e estabelecendo diálogos (o que implica escuta) visando o
desenvolvimento local de forma sustentável.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACIOLI, Sonia. “Redes sociais e teoria social: revendo os fundamentos dos conceitos”. In: Info
Londrina v.12 n. esp 2007.
FREEMAN, C. “Innovation and the strategy of the firm”. In: FREEMAN, C. The
economics of industrial innovation. Harmondsworth: Penguin Books Ltda, 1988.
KEEBLE, J.J.; Topiol, S, and Berkley, S. Using indicators to measure sustainability performance at
a corporate and project level.
*Otávio Campos Pereira 1, Ederaldo Godoy Junior 1,2, Daniela Helena Pelegrine
Guimarães1, Lidia Maria Ruv Carelli Barreto1, Gustavo Frederico Ribeiro Peão1, Paula
Vasconcellos1.
1
Programa de Mestrado em Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté
2
Bolsista de Produtividade e Extensão Inovadora CNPq
otavio_tk@yahho.com.br, godoyjr@unitau.br; dhguima@uol.com.br; gustpeao@gmail.com; barretolidia@yahoo.com.br;
Rua. Dr. Daniel Danelli, s/n, CEP 12.440-600 Taubaté SP. www.unitau.br,
RESUMO
Na apicultura por ser uma atividade sustentável, sua tecnologia para o beneficiamento e
melhoria da qualidade dos produtos vem evoluindo francamente, visando sempre a segurança
sanitária dos produtos e derivados no foco da exportação de produtos orgânicos. A apicultura
é sustentável, pois é um dos ramos mais favoráveis, porque se consegue obter lucros, manter o
homem no campo e o ciclo contínuo das espécies vegetais de interesse, sendo as abelhas o
agente polinizador. Porem existe dificuldades ainda encontradas nesse ramo, como por
exemplo, o beneficiamento de pólen apícola, exatamente na etapa de retirar as sujidades
contidas junto ao mesmo. Dessa forma o objetivo deste trabalho foi à construção e avaliação da
eficiência de um equipamento utilizando o principio da eletrostática para a remoção das
sujidades, buscando assim, criar um equipamento mais acessível e tão eficiente quanto aos já
existentes no mercado permitindo, dessa forma, facilitar o trabalho do produtor e extinção da
catação manual, além de garantir custo mais baixo e melhor qualidade ao produto final. Este
projeto abrange o tripé da sustentabilidade, o econômico porque gera renda para os agricultores,
o social porque é de fácil operação facilitando o trabalho e melhorando a vida do trabalhador
rural, e por ser essencialmente ecológico, já que é todo construído com material e alumínio
reciclável.
Mel é uma substância doce produzida pelas abelhas melíferas a partir do néctar das
flores, guardada nos favos das colmeias para depois ser fornecida como alimento às
larvas das abelhas (HORN et al, 1996; SODRÉ et al, 2007). O mel cristalizado ou
granulado trata-se daquele mel que por excesso de glicose e sacarose tende a se
cristalizar. A contaminação pela presença de cristais precipita o processo de
cristalização, que pode ser evitado com a pasteurização. Trata-se de um produto
biológico muito complexo, por sua composição variar com a flora e ser influenciado
pelas condições climáticas da região onde foi produzido.
O pólen apícola é definido como sendo o resultado da aglutinação do pólen das flores,
efetuada pelas abelhas operárias, mediante néctar e suas substâncias salivares, o qual é
recolhido no ingresso da colmeia.
O pólen que aparece no mel constitui importante indicador da sua origem botânica e,
principalmente, geográfica, e é coletado involuntariamente pelas abelhas no momento da
coleta do néctar (Barth, 1989). Por meio da análise quantitativa dos grãos de pólen, é
possível estabelecer a proporção com que cada planta contribui para a constituição do
mel. As características físico-químicas e polínicas do mel ainda são pouco conhecidas,
principalmente nas regiões tropicais onde existe grande diversidade de flora apícola
associada às taxas elevadas de temperatura e umidade SODRÉ et al, (2007).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Criação e desenvolvimento da parte estrutural do equipamento
• Dimensionamento e adequações necessárias à capacidade e forças sofridas, bem
como cálculos de tração e carga para os motores, estrutura (mesa) e para a
correia transportadora (esteira).
• Analise de capacidade, rendimento e verificação da eficiência utilizando-se de
controle estatístico.
• Levantamento do custo beneficio por quilo de pólen beneficiado.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Apicultura e seus aspectos econômicos
Na história da humanidade, o mel foi uma das primeiras fontes de açúcar para o
homem. Isso é demonstrado pelo uso do mel e pólen das abelhas nativas sem ferrão nos
períodos pré-hispânicos e o papel que desempenharam na dieta das comunidades
indígenas americanas. No Brasil até o século XIX, o mel e a cera utilizados na
alimentação pelos índios e brancos e a confecção de velas pelos jesuítas eram
provenientes das abelhas sem ferrão (NOGUEIRA, 1997; BERA & ALMEIDA-
MURANDIAN, 2007).
O mel puro deve apresentar aspecto líquido, denso, viscoso e translúcido, e cor
que poderá variar do amarelo ao amarelo-avermelhado, com cheiro próprio, sabor doce
e característico (CATALAN, 1981).
Segundo, Guimarães,1989. A Apicultura é considerada uma das poucas atividades
agropecuárias que preenche todos os requisitos do tripé da sustentabilidade: o
econômico porque gera renda para os agricultores, o social porque utiliza a mão-de-obra
familiar no campo, diminuindo o êxodo rural, e por ser essencialmente ecológica, já que
é uma atividade conservadora das espécies, através da polinização.
Produção nacional
O Brasil tem um grande potencial apícola, devido a sua flora ser bastante
diversificado, por sua extensão territorial e pela variabilidade climática existente,
possibilitando assim produzir mel o ano todo, o que o diferencia dos demais países que,
normalmente, colhem mel uma vez por ano (MARCHINI, 2001).
Segundo a Confederação Brasileira de Apicultura (2011), a produção apícola
nacional triplicou nos últimos anos e atualmente, com 50.000 toneladas anuais, o Brasil
é o 11º produtor no ranking mundial. A cadeia produtiva envolve mais de 350 mil
apicultores, além de gerar 450 mil ocupações no campo e 16 mil empregos diretos no
setor industrial, sendo os maiores exportadores mundiais a China, Argentina, México,
Estados Unidos e Canadá. Juntos, esses países comercializaram durante o ano de 2001
cerca de 240 mil toneladas, movimentando, aproximadamente, US$ 238 milhões. A
atividade não necessita de um alto investimento inicial e tem grandes vantagens
naturais, a exemplo da extensa flora brasileira com inúmeras plantas nectaríferas e
poliníferas (essenciais para as abelhas). Outra característica que ajuda no crescimento é
a condição favorável para criação desses insetos encontrada em todas as regiões. Além
disso, o apiário (habitat das abelhas) não necessita de cuidados diários, permitindo que
os apicultores tenham outra fonte de renda (SEBRAE, 2006).
A apicultura não se baseia apenas na produção de mel, existe uma gama de outros
produtos obtidos e cada qual tem seu próprio valor agregado, devido suas características
tanto físicas como químicas diferenciando-se do próprio mel, como por exemplo geleia
real, cera, pólen, entre outros (SEBRAE, 2006).
Mel: produzido a partir do néctar que as abelhas armazenam nos favos. É
composto de água, glicose, sacarose e alguns minerais. Como alimento tem alto valor
nutritivo e energético. Também tem emprego medicinal em doenças respiratórias e
como cicatrizante, laxante e digestivo.
Néctar: é um liquido doce e rico em açúcar, colhido pelas abelhas para fazer o
mel. Foi empregado pelos gregos para preparar a ambrosia, bebida feita a partir da
mistura de vinho água e mel. Usado como medicamento e suplemento alimentar.
Cera: subproduto do processamento do mel, utilizada em tratamentos cosméticos
e na indústria, polimento e impermeabilizações.
Geleia real: produto gerado pelas abelhas para alimentar as crias e a rainha.
Contêm hormônios, vitaminas, aminoácidos, enzimas, lipídeos e substancias que agem
sobre o processo de regeneração celular. A geleia real é oferecida como alimento para
todas as larvas jovens da colmeia, durante três dias, e, para a rainha, durante toda sua
vida. È considerado a fonte da juventude.
Própolis: produzido a partir de resinas e balsamos coletados das plantas e
modificados pelas abelhas operarias por meio de secreções próprias. É usado para fins
medicinais, como doenças respiratórias e, ainda, para mau hálito, aftas e gengivites,
bem como para fortificar o organismo. Também pode ser usado como cicatrizante em
feridas, corte, micoses, espinhas, verrugas e frieiras.
Pólen: composto coletado pelas abelhas ao visitar as flores, sendo alguns grãos
trazidos para o interior das colmeias e depositados nos alvéolos dos favos. Possui 22
aminoácidos essenciais, além de grande quantidade de proteínas e minerais. Na
indústria, é usado como suplemento alimentar e como medicamento (Brasil, 2001).
Apitoxina: Conhecida como “veneno da abelha”, a apitoxina é uma substância
contida no ferrão das abelhas que tem alto teor comercial no segmento de manipulação
de medicamentos. É uma substância química complexa, formada por água,
aminoácidos, açúcares, histamina e outros componentes.
COLHEITA
TRANSPORTE DA
CONGELAMEN
LIMPEZA GROSSEIRA
DESIDRATAÇÃ
PENEIRAMENT
AERAÇÃO
EMBALAGEM ENVASE
ROTULAGEM
ARMAZENAMENTO
EXPEDIÇÃO /
Fundamento da estática.
Segundo Silva (2007), os fenômenos eletrostáticos são conhecidos desde o tempo
dos gregos. Naquela época já se sabia que o âmbar (pedra amarelada gerada pela
fossilização de folhas e seiva de árvores ao longo do tempo), atritado com um pedaço de
lã, era capaz de atrair pequenos pedaços de fibra vegetal (palha, linho, etc.). E, durante
vários séculos o fenômeno foi considerado apenas como uma curiosidade natural. Mas,
em 1600, o médico inglês William Gilbert publicou o primeiro tratado a respeito da
eletricidade, no qual fazia referência às cargas elétricas geradas por atrito. Seu trabalho
deu origem as primeiras "máquinas eletrostáticas", que produziam eletricidade pelo
atrito de um disco de âmbar entre dois pedaços de pele de carneiro. Mais tarde, em
1752, Benjamin Franklin chegava à conclusão de seus trabalhos em eletricidade
atmosférica, nos quais provava a existência de cargas elétricas no ar. Estes conceitos
básicos sobre a natureza da eletricidade levaram à conclusão de que as máquinas
eletrostáticas produziam e armazenavam cargas elétricas, sem contudo poder
movimentá-las, devido às propriedades isolantes dos materiais usados em sua
construção. Só se conseguiu compreender as propriedades elétricas dos vários materiais
isolantes e condutores após o desenvolvimento das teorias a respeito do átomo.
Sabe-se, atualmente, que um determinado material é isolante porque os elétrons
de seus átomos não gozam de mobilidade, como acontece no caso dos átomos de
metais, que são bons condutores. Ao serem produzidas, as cargas permanecem na
superfície do material isolante, até que sejam retiradas por um corpo condutor Corradi
et al. (2010).
Fonte: http://br.geocities.com/saladefisica
No gerador de Van der Graf, um motor movimenta uma correia isolante que passa
por duas polias (extremidades), uma delas acionada por um motor elétrico que faz a
correia se movimentar. A segunda polia encontra-se dentro de uma esfera metálica oca.
Através do atrito entre pontas metálicas e a correia de borracha (não condutora) recebe
carga elétrica de um gerador de alta tensão. A correia eletrizada transporta as cargas
(positivas) até o interior da esfera metálica, onde elas são coletadas por outro terminal
metálico (tira trançadas de aterramento) e conduzidas para a superfície externa da esfera
com o auxilio de um cabo elétrico de cobre. Como as cargas são transportadas
continuamente pela correia, elas vão se acumulando na esfera. Por esse processo, a
esfera pode atingir um potencial de até 10 milhões de volts, no caso dos grandes
geradores utilizados para experiências de física atômica, ou milhares de volts nos
pequenos geradores utilizados para demonstrações nos laboratórios de ensino (SALA,
2010).
1
Figura utilizada a fim didático.
Segundo Evangelista, Silva e Ribeiro (2009), o fato de objetos com forma
geométricas iguais aos grãos de pólen não ser esféricas, como demonstrado na figura 4,
às cargas do pólen ficam distribuídas de maneira desuniforme ao longo do grão, e
acumulando-se mais intensamente nas partes pontiagudas de acordo com a teoria das
pontas, além de criar um campo elétrico maior em relação às partes menos pontiagudas.
Sendo assim, pode-se dizer que o pólen é neutro. Como o gerador tem a função
de gerar grandes quantidades de cargas elétricas (positivas), que irão se acumulando na
esfera oca do gerador, sendo assim, o que fará com que o pólen não seja atraído pelo
gerador devido a sua considerável carga neutra e também pela razão da massa das
partículas de pólen serem maior a ponto de não ser atraídas pelo gerador, sendo atraídas
apenas a partículas de sujeiras e poeiras.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esquema (desenho) e descrição do
equipamento.
O equipamento a ser construído, para beneficiamento do pólen, trata-se de uma
esteira transportadora, por onde o pólen é carregado até o compartimento fechado
(figura 5), com a função de remover totalmente as partículas estranhas como o auxilio
do gerador de Van de Graf pelo princípio da eletricidade estática.
Memoriais de cálculos.
Cálculo da carga a ser transportada pela esteira.
Para que a carga a ser transportada pela esteira possa ser calculada, o primeiro
passo é considerar a massa específica do pólen igual a 650 Kg/m³. Durante o transporte
a esteira transportara em uma faixa continua de produto, o seguinte raciocínio é
seguido:
2
Medidas da figura em metros.
3
Montagem do gerador.
O gerador fui construído com materiais recicláveis para garantir o baixo custo do
equipamento. Como ilustra a figura 11 a seguir, o gerador é composto por um motor (2),
que movimenta a correia até a cúpula (5), que foi feita com uma embalagem de cerveja
de 5 litros. A estrutura branca (4), é um tubo de PVC com diâmetro de 100 mm onde se
fixaram os roletes, um em cada extremidade do tubo onde um deles fica sobre uma
mesa de plástico (3) e também é movido pelo motor que por sua vez, gira a correia
transportando as cargas elétricas até a cúpula.
3
Medidas da figura em metros
Figura 11: Gerador de Van Der Graaf.
RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Esse sistema garante um total controle nos ajustes necessários que são
imprevistos ao longo do processamento.
4
Velocidade da Esteira (m/ s)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Escala (dimer)
80
70
Percentual
60
50
40
30
20
10
1
-10 -5 0 5 10 15 20 25
Escala (dimer)
Critérios Macroscópicos:
Segundo Instrução Normativa nº3 (2001), o produto não deve conter substâncias
estranhas, com exceção dos fragmentos, acidentalmente presentes, de: abelhas,
madeira, vegetais e outros, inerentes ao processo de obtenção do pólen pelas
abelhas.
Porém, essa definição se torna vago ao ser for considerado que o consumidor
quer e deseja um produto o mais puro possível e sem nenhuma partícula estranha
que não seja o próprio produto em si.
Mesmo assim, Barreto (2004), criou através de testes uma escala amostrada em 7
estados e Distrito Federal dos resultados relacionados a sujidades encontradas no
pólen apícola, onde se obteve de 0 a 25 % de sujidades em relação ao peso da
amostra, e grande parte desse resíduo encontrado foram os elementos
demonstrados nas figuras 14.
Figura 16: Limpeza manual do pólen apícola (Fonte: Joseth Cláucia de S. Rego)
Figura 17: Pólen Apicola após a remoção mecânica das sujidades.
CONCLUSÕES.
A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que:
- como o equipamento não utiliza ar para remoção das sujidades, não existe o
problema de o pólen já desidratado ganhar umidade;
REFERÊNCIAS.
ALVARENGA, B. MÁXIMO, A. Gerador de Van De Graaff. Disponível em:
<http://www.geocities.ws/saladefisica5/leituras/vandegraaff.html>. Acesso em: 10
jun. 2012.
BARRETO, L.M.R.C.(1); FUNARI, S.R.C.(2); ORSI, R.O. (2) Pólen apicola: perfil
da produção no Brasil. Universidade Estadual Paulista-Campus de Botucatu.
Tese de Doutorado, 2004.
CANTO, E. L. Ciências Naturais, aprendendo com o cotidiano: Por que o pólen adere
a abelha e por que ele salta para o estigma. 3º edição São Paulo: Editora
Moderna, 2010.
CATALAN, J.M.B. Relatório de atividades. Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Piauí. Teresina, 1981. 27p.
MORETI, A.C.C.C. (1995) Coleta e utilização do pólen pelas abelhas. In: Curso de
Produção de Pólen. Pindamonhangaba: IZ/CAT. 32p.
“A ideia de liberdade dos bens comuns gera a ruína da sociedade como um todo”
Garrett Hardin – Biólogo – 1968
Janaína Dourado*
Maria Teresa Stefani**
Cássia Maria Paula Lima***
Resumo
A proposta deste trabalho é realizar um ensaio teórico que se relacionam aos conceitos de
sustentabilidade e como são aplicados e vinculados à educação. Como suporte teórico foram
adotados alguns conceitos da teoria institucional, como campo, estrutura e habilidade social, que
permitem verificar a ação das pessoas em relação a estruturas sociais legitimadas. Partindo do
princípio que a sustentabilidade e a educação são dois campos que possuem suas estruturas e
atoressociais, os discursos e sua interseção foram analisados. É feito um breve histórico da
formação do campo da sustentabilidade na educação, que se inicia com a educação ambiental e
evolui para o desenvolvimento sustentável, levando a conflitos nas estruturas atuais, que não
conseguem atender às novas demandas. O empreendedor institucional surge como elemento
catalisador desta transformação. Em seguida é apresentado um argumento que reforça a
importância de modificar a educação, a tragédia dos comuns, que se baseia no fato de que a
ação individual sem levar em conta o coletivo arruína a sociedade como um todo. Por último,
foi mostrada a pedagogia defendida por Paulo Freire, baseada na promoção da cidadania, que
leva em conta o coletivo e a cooperação, contrapondo o individual e a competição da proposta
educacional vigente. Como consideração final, são sugeridos estudos empíricos que
demonstrem os benefícios da educação para o desenvolvimento sustentável, que levará a novas
estruturas sociais, mais adequadas à perenidade da sociedade.
The purpose of this work is to carry out a theoretical essay that relate concepts of sustainability
and how they are applied and linked to education. As theoretical support some concepts of
institutional theoryhave been adopted, such as field, structure and social skill, that allow
understandinghow peopleact in relation to already legitimizedsocial structures. Considering that
sustainability and education are two fields that have their structures and social actors, speeches
and their intersection were analyzed. It has been made a brief summary of the formation of the
sustainability in educationfield, beginning with environmental education and evolving to
sustainable development, generating conflicts in the current structures that fail to meet new
demands. Institutionalentrepreneursariseas catalystelementsofthistransformation. It is presented
an argument that reinforces the importance of modifying the education, the tragedy of the
Commons, which is based on the fact that the individual action without considering the
collective ruins the society as a whole. Finally, it is shown Paulo Freire’s pedagogy, based on
the promotion of citizenship, which takes into account the collective and cooperation, opposing
the individual and competitiveand proposed by current educational system. As final
consideration, some empirical studies are suggested in order to demonstrate the benefits of
education for sustainable development, which will lead to new social structures, more
appropriate to the perpetuation of society.
Teoria Institucional
As estratégias dos agentes ortodoxos (dominantes) tendem a criar uma série de instituições
e mecanismos que asseguram sua dominação (rituais, cerimônias, títulos, certificados etc.).
Os agentes heterodoxos (desafiantes) tendem a mostrar que estão descontentes com o status
quo, valendo-se de estratégias que subvertem a distribuição de poder dentro do campo (as
chamadas heresias), as quais implicam um contínuo confronto com a ortodoxia.
(MENDONÇA et al, 2010, p. 4)
Uma das críticas que recaem sobre o campo da educação formal atual é que ela
propaga e reforça um comportamento predatório e individualista, onde cada aluno se
prepara para poder competir melhor num mercado cheio de desafios e rivais (Gadotti,
2007). Portanto, modificar esta estrutura arraigada na educação é um dos desafios para a
sustentabilidade, uma vez que um mundo sustentável pressupõe novas formas de
abordar a sociedade em sua dimensão coletiva.
Para reforçar a importância de modificar a educação, e também a sociedade, para
orientá-la para o coletivo, um artigo de GarettHardin (1968), biólogo inglês, tornou-se
bastante emblemático, uma vez que chama a atenção para a forma como a sociedade
atual lida com seus problemas.
O autor ilustra sua ideia através do exemplo de uma pastagem de uso comum a
diversos pastores. Cada pastor pode utilizar-se do espaço e adicionar tantos animais
quantos sejam interessantes para si. Ao adicionar um animal, o pastor é o único
beneficiado com o lucro adicional da venda do animal. Ao mesmo tempo, a pastagem
como um todo sofre degradação marginal, proporcional a cada animal inserido nela,
sem que o pastor que o adicionou seja onerado por isso. A conclusão é que, o ganho
individual e a degradação coletiva levam a uma “tragédia dos comuns”, uma armadilha
social que condena o recurso comum à ruína no caso de exploração além de sua
capacidade de recuperação.
Hardin afirma que há dois tipos de problemas: os que podem ser resolvidos por
uma solução técnica e os que não podem. Defende que a superpopulação e a poluição
dos recursos naturais são do segundo tipo. A solução proposta, para que não haja
colapso dos recursos naturais, é uma mudança de comportamento dos integrantes do
todo.
Um caminho para realizar a mudança no comportamento da sociedade é trilhado
pela educação. É como tratar o indivíduo que é o aluno, de modo que passe a pensar e
agir coletivamente. FREIRE (1989) sugere umatransformação na educaçãopara
transformar a posição tradicional individualista, numa interação coletiva:
Considerações Finais
FREIRE, Paulo (1989). A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam.
São Paulo: Cortez.
HARDIN, Garett. (1968). The Tragedy of the Commons. In: Science, New Series, v.162,
n.3859, p. 1243-1248, dez.
RESUMO
O acelerado processo de urbanização e a transformação de cidades em metrópoles e de
metrópoles em megalópoles, juntamente com o atual modelo de produção capitalista têm
provocado inúmeros problemas para a destinação do grande volume de resíduos sólidos
gerados. As metodologias, as leis e as resoluções propostas não têm conseguido apresentar
uma solução que venha resolver, ou mesmo, minimizar tal problema. Este artigo analisa os
graves problemas causados pelos resíduos sólidos urbanos e propõe que os padrões
metodológicos que, somente levam em consideração aspectos técnicos e econômicos, sejam
substituídos por outros que coloquem os limites ambientais, as necessidades e os conflitos
humanos em primeiro lugar.
ABSTRACT
The accelerated process of urbanization and the transformation of cities into metropolises and
megalopolises metropolises, along with the current model of capitalist production have caused
numerous problems for the allocation of the large volume of solid waste generated. The
methodologies, laws and proposed resolutions have failed to present a solution that will solve,
or even minimize this problem. This article examines the serious problems caused by the
MSW and proposes methodological standards that only take into account technical and
economic aspects, to be replaced with others that environmental limits, needs and human
conflicts in the first place.
1 INTRODUÇÃO
1
Doutorando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pelo Prodema/UESC; Professor da Faculdade
Independente do Nordeste, 45.000-000 Vitória da Conquista, Bahia, Brasil; E-mail: dirleibonfim@gmail.com.
2
Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pelo Prodema/UESC; Enfermeira da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Docente da Faculdade Juvêncio Terra. 45.020-750 Vitória da
Conquista, Bahia, Brasil; E-mail: juli.os@ibest.com.br.
3
Doutorando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pelo Prodema/UESC; Professor da UESB
45.000-000 Vitória da Conquista, Bahia, Brasil, E-mail: rubens.sampaio@oi.net.br.
4
Doutor. Professor do DCAA e PRODEMA da UESC. Email notlimf@gmail.com.
1
econômico adotados pela grande maioria dos países, em decorrência da dificuldade do correto
gerenciamento e da disposição final de resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados.
A perspectiva na é animadora se tomarmos como base crescimento do número de
grandes cidades. Em 1950 havia apenas uma megalópole com mais de 10 milhões de
habitantes no mundo, Nova York. Em 2000 esse número já subira para 19, esperando-se para
2015 23 megalópoles, entre as quais algumas como Tóquio, Mumbai, Cidade do México,
Lagos e São Paulo com mais de 20 milhões de habitantes.
Percebe-se, claramente, que o ritmo acelerado de utilização de matérias primas para a
satisfação das necessidades do homem urbano, tem sido um problema na a natureza, pois não
tem dado, na maioria dos casos, oportunidade para a recomposição do planeta. Segundo
Deleuze (apud WILLIAMS, 2012, p. 98), “um problema é determinado pelas relações seriais
de estruturas, ou seja, pelo modo no qual diferentes estruturas se encontram e se chocam”.
Há evidências suficientemente comprovados de que a natureza e o modelo capitalista
de produção são estruturas que vêm se chocando por trabalharem em velocidade e tempo
diferentes.
Para Altvater (2010, p.24),
a sobrecarga das reduções das emissões causadas pela produção e pelo consumo
(gases nocivos ao clima, efluentes e resíduos) na coluna do output do metabolismo
com a natureza é ainda mais dramática do que a finitude do input de um modo de
produção capitalista de propulsão fóssil.
2
agrotóxicos; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes; lâmpadas fluorescentes, de vapor de
sódio e mercúrio e de luz mista; e produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Vale ressaltar que em agosto de 2014 acaba o prazo para o cumprimento da Lei
12305/2010 (PNRS) onde a meta estabelecida é acabar com os lixões em todo o país, além de
investir em cooperativas de catadores e em parcerias para aumentar a coleta seletiva e da
destinação adequada do lixo não reciclável.
A PNRS determina que os aterros devem receber apenas rejeitos, ou seja, aquilo que
não é possível reciclar ou reutilizar e serão estruturas que devem ter o preparo do solo para
evitar a contaminação de lençol freático e captarão o chorume que resulta da degradação do
lixo. Além destas determinações, como, mesmo com a disposição final adequada, os RSU
produzem emissões de gases causadores do efeito estufa, os aterros deverão gerar energia com
a captação dos gases gerados. Para estimar a composição e o quantitativo do biogás a ser
produzido no aterro, pode ser utilizado o modelo matemático do Intergovernmental Panel on
Climate Change (IPCC) (UNITED NATIONS, 2013).
Com a implementação das medidas determinadas pela PNRS, um dos objetivos é
alcançar um índice de reciclagem de resíduos da ordem de 20% em 2015.
A 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA) marcado para outubro de
2013 representa uma pré-avaliação das possibilidades de cumprimento das determinações da
PNRS. No referido evento, as contribuições de representantes da sociedade civil, de governos
e do setor privado para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no
país serão avaliadas, além disso, esses setores vão apresentar, de maneira conclusiva, as
estratégias que já foram incorporadas em suas atividades e as novas medidas que ainda
poderão ser adotadas.
Os dados indicativos de 2011 não sinalizam de que estamos indo na direção
requerida pelo dispositivo legal, a Lei 12305/2010 (BRASIL, 2010).
3
Do total de RSU coletado em 2011, 42% acabaram em locais inadequados, isto é,
lixões e aterros controlados. Levando em conta o ponto de vista ambiental, os aterros
controlados têm o mesmo impacto negativo que os lixões. Na prática, são lixões melhorados
por serem áreas que não recicla, reaproveita e reutiliza o RSU coletado e não fazem o
tratamento do chorume. Nos dois casos o meio ambiente não é protegido, como seria caso os
RSU fossem adequadamente depositados em um aterro sanitário como determina e supõe a lei
12305 (BRASIL, 2010), que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Tomando como base os dados do Panorama Brasil 2011 (ABRELPE, 2011) nota-se
que em 2011 a situação piorou. Em 2010 o volume de destinação inadequada foi de 22,9
milhões de toneladas contra 23,2 milhões de toneladas em 2011. Essa deposição inadequada
provoca vários danos ao meio ambiente. Em alguns casos os impactos são irreversíveis.
No ano de 2010 em comparação com 2009 os dados do IBGE (2010) sobre o tema já
não davam uma sinalização animadora. A geração de RSU novamente registrou um
crescimento expressivo de 2009 para 2010, conforme indica a Figura 1. A geração de RSU
superou a taxa de crescimento populacional urbano que foi de cerca de 1% no período.
Em 2010 61% dos municípios brasileiros ainda faziam uso de unidades de destinação
inadequada de resíduos, encaminhando-os para lixões e aterros controlados.
O Panorama Brasil 2011 indica ainda que dos 5.565 municípios brasileiros, 58,6% do
total, afirmam ter iniciativas de coleta seletiva, o que significa um aumento de 1% em
4
comparação ao ano anterior. Entretanto, apenas 27,7% das cidades dispõem de aterros
sanitários, segundo dados do Ministério das Cidades (BRASIL, 2011).
De todo o RSU coletado, a região Sudeste responde por 53% e a região Nordeste por
22%. Nessas duas regiões estão concentrados 75% de todo o RSU do território nacional. O
Brasil ainda tem 4 mil lixões. Deste total, 1,7 mil estão na Região Nordeste.
Em relação à coleta de lixo hospitalar, os municípios coletaram e destinaram 237,6
toneladas de resíduos sólidos de saúde (RSS) das quais 40% têm destino inadequado, indo
para lixões, sendo depositados sobre o solo sem tratamento prévio, não só contaminando o
meio ambiente, mas trazendo um risco muito grave para as pessoas que catam resíduos nesses
lixões.
Segundo Hawken, Lovins e Lovins (2004) somente a indústria da construção civil
consome um terço da energia total, dois terços da elétrica e um quarto de toda a madeira
colhida; no mundo, empregam-se anualmente três bilhões de toneladas de matéria-prima na
construção.
Estima-se que a construção civil consome algo entre 20 e 50% do total de recursos
naturais consumidos pela sociedade (SJOSTROM, 1996). O consumo de agregados, por
exemplo, é imenso. Em decorrência da alta utilização de recursos naturais, algumas reservas
de matérias-primas, como por exemplo o cobre, tem vida útil estimada de pouco mais de 60
anos (INDUSTRY ENVIROMENT, 1996). Em uma cidade como São Paulo o esgotamento
das reservas próximas a capital faz com que a areia natural já seja transportada de distâncias
superiores a 100 km, implicando em enormes consumos de energia e são grandes geradores de
poluição, dada sua dispersão espacial, transporte a grandes distâncias. Cerca de 80% da
energia utilizada na produção do edifício é consumida na produção e transporte de materiais
(INDUSTRY ENVIROMENT, 1996).
Neste ponto, vale ressaltar que ainda não conhecemos e não temos como avaliar os
custos da degradação.
5
realizada em 1992 no Rio de Janeiro, declarou o princípio da prevenção como fio de
prumo de toda e qualquer ação política (ALTVATER, 2010, p.224).
Todo o arcabouço legal: Lei 12305 BRASIL 2010 e Resolução 307/2002 CONAMA,
bem como, as metodologias propostas para a gestão dos RSU são dispositivos5
eminentemente técnicos que, em um primeiro momento, estão orientados com o objetivo de
estabelecer técnicas disciplinares6 e, num segundo momento, voltados para questões
econômicas e procedimentos técnicos que tratam o problema dos impactos ambientais dos
RSU sem levar em consideração, a priori, as questões humanas. Entende-se que os conceitos
de políticas públicas ambientais, propostos pelo aparato legal e metodológico são mecanismos
sociais do Estado que tem como objetivo maior a “Governamentalidade7”.
De acordo com Foucault (2012) não há na burguesia uma preocupação com o objeto
em si (gestão de resíduos sólidos para evitar os impactos ambientais e melhoria da vida dos
seres humanos) e sim com os lucros políticos e alguma utilidade econômica. Compreende-se,
então, que, dentro da natureza do sistema capitalista, as estratégias e os projetos elaborados
5
“[...] um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas,
decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais,
filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode
estabelecer entre estes elementos” (FOUCAULT, 2012, p. 244).
6
Tratam-se da vigilância hierárquica, pois o “exercício da disciplina supõe um dispositivo que obrigue pelo
jogo do olhar: um aparelho onde as técnicas que permitem ver induzam a efeitos de poder, e onde, em troca, os
meios de coerção tornem claramente visíveis aqueles sobre quem se aplicam”; da sanção normalizadora: as
disciplinas “estabelecem uma “infrapenalidade”, quadriculam um espaço deixado vazio pelas leis; qualificam e
reprimem um conjunto de comportamentos”; e do exame: “um controle normalizante, uma vigilância que
permite qualificar, classificar e punir” (FOUCAULT, 2011, p. 165-177).
7
“Conjunto constituído pelas instituições, procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem
exercer esta forma bastante específica e complexa de poder, que tem por alvo a população, por forma principal
de saber a economia política e por instrumentos técnicos essenciais os dispositivos de segurança”
(FOUCAULT, 2012, p. 409).
6
para a correta gestão dos RSU fazem parte de mais uma estratégia que tem com finalidade os
benefícios políticos e o retorno financeiro.
Williams (2012) concorda com Foucault e complementa, não há nenhum estado
prometido e de algum modo livre de todos os males do capitalismo.
Altvater (2010, p.323) amplia a compreensão de Williams e Foucault e afirma:
5 OS CONFLITOS DE INTERESSES
10
recursos. A iniciativa foi provocada pela ausência de acordo entre os países desenvolvidos
em relação aos financiamentos.
"Há uma ameaça concreta aos esforços internacionais na medida em que se percebe
uma retração muito forte dos países ricos quanto ao financiamento de ações na área de
desenvolvimento sustentável", disse à Agência Brasil o embaixador Luiz Alberto Figueiredo
Machado, subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do
Ministério das Relações Exteriores e coordenador-geral da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. "O caso do Brasil é emblemático. Tivemos as
mais baixas taxas de desmatamento desde que o país começou a medir por satélite", destacou
o embaixador Machado (2012).
O Brasil está fazendo muito sem ter o retorno que poderia ter. O Fundo da
Amazônia só tem doação, até hoje, da Noruega, da Alemanha e da Petrobras, uma
empresa brasileira que aloca recursos na Amazônia. Cadê os outros doadores? Nós
estamos reduzindo o desmatamento. A contribuição brasileira continua (TEIXEIRA,
2012).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
12
emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente” (BRASIL, 1988, art. 225, inciso V p.103).
Observa-se, desta maneira que se faz necessária à reestruturação dos setores públicos
e privados responsáveis pela legislação, geração e gerenciamento dos RSU, onde deverá,
portanto, refletir as mudanças de paradigma, ditadas pelas necessidades ambientais e humanas
atuais, formando um novo modelo econômico onde a sobrevivência no planeta e do planeta
estejam no ponto mais alto da cadeia de valor.
No plano global, o conflito entre os que preservam e os maiores poluidores está
posto. Na indecisão entre quem paga e quem recebe, todos perdem.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 39. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
KOVEL, J. The enemy of nature: The end of Capitalismo or the end of the world? Londres:
Zed Books, 2002.
13
MACHADO, L. A. F. Países em desenvolvimento buscam garantir financiamento para
ações de sustentabilidade. Entrevista [27 dez. 2012]. Brasília: Empresa Brasil de
Comunicações (Agência Brasil), 2012. Entrevista concedida ao núcleo de Meio Ambiente.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-12-27/paises-em-
desenvolvimento-buscam-garantir-financiamento-para-acoes-de-sustentabilidade>. Acesso
em: 8 mar. 2013.
TEIXEIRA, I. Ministra diz que pais reduz desmatamento, mas não recebe compensação
por avanços. Entrevista [07 nov. 2012]. Brasília: Empresa Brasil de Comunicações (Agência
Brasil), 2012. Entrevista concedida ao núcleo de Meio Ambiente. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-07/ministra-diz-que-pais-reduz-
desmatamento-mas-nao-recebe-compensacao-por-avancos>. Acesso em: 08 mar. 2013.
14
Análise de ventilação natural em habitação popular
Mario Roberto Nantes Junior*(a,b), Gabriel Borelli Martins(b), Paulo José Saiz
Jabardo(b), Gilder Nader(a,b)1
Resumo
Palavras chave: Ventilação natural, Habitações populares, Túnel de vento de camada limite
atmosférica, Conforto Térmico, Qualidade do ar interior
Abstract
The upgrading of slums and the need for new energy efficient and sustainable housing
makes it important that natural ventilation and lighting be considered accurately. Here, wind
induced natural ventilation is studied. One of the objectives is to develop a methodology for
wind tunnel testing of natural wind ventilation in apartments of affordable housing so that
comfort and air quality is optimized. The flow was visualized using smoke as a tracer and
measured inside the apartment using Particle Image Velocimetry. The internal pressure in the
rooms of the apartment was measured as well. The results were then used to understand how
different aspects of the layout improve or worsen natural ventilation. A single apartment was
analyzed and neighborhood effects, that can significantly alter the results, were not considered
for now. The results show that, in general, most rooms were well ventilated with the exception
of the bathroom where air renewal was not very efficient.
Keywords: Natural ventilation, Popular housing, Boundary Layer Wind Tunnel, Thermal
comfort, Indoor Air Quality
1(a) Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – Rua Prof. Almeida Prado, 532 – Butantã – São
Paulo – SP, CEP: 05508-901
(b) FATEC Tatuapé – Rua Antonio de Barros, 800 – Tatuapé – São Paulo – SP, CEP: 03401-000
1. Introdução
2. Metodologia
Os ensaios foram realizados no túnel de vento do IPT (ver Figura 3), que possui 40
m de comprimento, seção de testes com 28 m de comprimento por 2 m de altura e 3 m
de largura. Este túnel possui duas seções de testes com mesas giratórias, uma instalada
na entrada do túnel, logo após a contração (ver Figura 4), que é denominada seção
aerodinâmica, pois apresenta perfil de velocidades uniforme e intensidade de
turbulência menor que 1%; e a segunda seção de testes, denominada turbulenta, está
instalada próxima ao ventilador que opera na sucção. Nesta seção turbulenta se
modelam os ventos naturais e suas características, como camada limite, perfil de
velocidades, comprimento de rugosidade etc. (NBR 6123:1988).
Figura 3. Foto do Túnel de Vento do IPT
2.1. Visualização
Para este trabalho, não houve preocupação em se simular, no túnel de vento, uma
camada limite atmosférica correspondente a um terreno em específico, já que foi
modelado somente um apartamento isolado, e a preocupação era analisar as
características do escoamento e pressões no interior da residência.
Para o cálculo dos coeficientes de pressão, foi realizada medição de uma pressão de
referência na altura de 195 mm na escala do modelo, o que corresponde a 2,92 m na
escala do protótipo, ou seja, a altura do teto do modelo em relação ao seu próprio piso.
De posse das séries temporais de pressão, foram calculados os coeficientes de pressão
médios utilizando a equação abaixo:
T
1 1
Ć P= . .∫ [ p ( t )−P 0 ] dt
q ref T 0
P0
Sendo T o período de aquisição, t o tempo, p a pressão instantânea, a pressão
estática de referência (no caso dada pela média da pressão estática da seção de testes). A
q ref
pressão dinâmica é calculada por:
1 2
q ref = . ρ.U ref
2
U ref
Onde é velocidade correspondente à altura de referência, no caso 195 mm
na escala do modelo.
Esses ensaios também foram realizados para a velocidade do vento de 12,7 m/s na
altura 20,55 na escala do protótipo, como no caso do ensaio com o PIV.
Para análise inicial dos dados de pressão interna foi tirada a média aritmética dos
coeficientes de pressão médios por cômodo. Este procedimento foi adotado já que as
tomadas de cada cômodo não apresentaram grandes divergências nas pressões médias
medidas por ângulo de incidência do vento, como está ilustrado na Figura 7 para as
tomadas de pressão internas da sala.
Figura 7 – Coeficiente de pressão médio das tomadas localizadas no interior da sala.
n
C P ́,COM =∑ ĆP i
i=1
3. Resultados
Nesta seção são mostrados todos os resultados dos mapas de velocidades e dos
coeficientes de pressão em cada repartição do apartamento. Verificou-se que no geral há
uma condição de renovação do ar nos quartos, sala e cozinha. No entanto, no banheiro
verificou-se que a renovação do ar se dava de forma muito lenta, indicando que este é
um local mais quente, que há acúmulo de odores e pode haver também uma maior
umidade, pois, além do ambiente ser naturalmente mais úmido, também não ocorre boa
circulação de ar.
Para os demais cômodos o ensaio de PIV foi feito apenas para os ângulos de
incidência do vento de 0° e 180° e altura de medição de 1,35 m, conforme seção 2.2.
Para estes ângulos, observou-se comportamento semelhante do dormitório 2 e da sala.
Quando o vento incide diretamente sobre a fachada de um destes cômodos, há uma
região de jato de entrada na janela (no caso da sala são dois jatos; um correspondente à
janela e outro à porta de entrada) e jato de saída na porta interna do respectivo cômodo,
formando zonas de recirculação, como mostram as Figuras 15 e 16. No dormitório, tal
situação pode causar desconforto para o usuário se, por exemplo, a cama estiver
posicionada de tal forma que uma parte do corpo da pessoa fique em contato com o jato.
O desconforto local é causado pelo resfriamento ou aquecimento não desejado de uma
parte particular do corpo (ISO 7730:2005)
Conforme descrito no item 2.3, foram medidas as pressões nas paredes internas e
externas do modelo. As medições foram feitas para 24 ângulos de incidência, de 0° a
360° com passo de 15°. Nesta seção serão evidenciados os resultados para os ângulos de
incidência de 0° e 180°, com o objetivo de comparar tais resultados àqueles obtidos com
o PIV e na visualização.
O que pode ser verificado na Figura 21 é que os dormitórios, cujas fachadas estão
diretamente expostas ao vento incidente, apresentam os maiores coeficientes de pressão
médios. Sendo assim, a tendência é do fluxo de ar seguir do dormitório para os demais
cômodos, como esperado e verificado tanto na visualização quanto nos ensaios de PIV.
É interessante notar, por esse diagrama de coeficiente de pressões, que no banheiro o ar
não tende a sair pela janela, mas sim pela porta. Devido à diferença de pressão entre o
dormitório 1 e a cozinha, há a passagem de um jato pelo corredor, colaborando para a
tendência de fluxo de ar para fora do banheiro pela porta, o que pôde ser verificado,
principalmente, na visualização.
4. Conclusões
De modo geral, o apartamento popular analisado apresenta bom projeto
arquitetônico voltado às condições de ventilação natural e renovação do ar. Foi
observado que somente o banheiro apresentava problema, pois a renovação do ar não
ocorreu de forma eficiente. Nos demais cômodos, havia renovação do ar, porém também
foi detectado que nos quartos um jato de ar pode provocar desconforto térmico. No
entanto, isso é facilmente contornável fechando a janela ou parte dela.
Neste trabalho foi dada uma atenção especial ao banheiro, pois neste foram
observadas condições ruins de renovação do ar, principalmente para o ângulo de
incidência do vento em 0°, de acordo com a orientação do modelo adotada neste
trabalho. Uma possível melhoria para o arranjo físico estudado é a inserção de uma
janela na região indicada pela Figura 22, uma vez que, para a maioria dos ângulos de
incidência do vento (são exceções os ângulos de 60°, 225° e 345°), a diferença de
pressão entre a fachada externa e o banheiro pode auxiliar na ventilação natural
induzida pelo vento do mesmo.
Também deve ser observado que nesse trabalho não foram realizadas análise com
edificações ou relevos vizinhos ao apartamento. Esses fatores podem influenciar de
forma positiva (melhorando) ou negativa (piorando) a qualidade da ventilação natural e
renovação do ar no interior do apartamento. Na sequência desse trabalho serão
realizados estudos para avaliar a influência de vizinhança na qualidade da ventilação
natural dos apartamentos.
Os experimentos realizados mostraram que a utilização em conjunto das técnicas de
visualização de escoamento por fumaça, mapeamento de campo de velocidades com
PIV e medição de pressão interna demonstram não só grande coerência entre as
medições, como também é possível entender melhor os fenômenos que influenciam na
qualidade da ventilação natural no interior da residência.. Essa metodologia pode ser
utilizada, por exemplo, na avaliação de conforto térmico dos usuários e otimização de
projetos habitacionais que utilizam ventilação natural.
Referências
ASSIS, Eleonora Sad de, PEREIRA, Elizabeth Marques Duarte, SOUZA, Roberta
Vieira Gonçalvez de, DINIZ, Antônia Sônia Alves Cardoso, “Habitação social e
eficiência energética: um protótipo para o clima de Belo Horizonte”, II Congresso
Brasileiro de Eficiência Energética - IICBEE. Todos os direitos reservados ABEE.
Resumo
As indústrias secundárias de alumínio são responsáveis por colocar o Brasil como o maior reciclador de
latas de alumínio do mundo. A maior parte delas utiliza fornos rotativos horizontais (devido ao baixo
custo) e sal (NaCl) como fundente para essa recuperação. Nesse processo elas geram 30 a 40% de
resíduo do total de material reciclado, que em 2011 totalizou 1951 mil toneladas, sendo 511 mil t
provenientes de sucatas e 1440 mil t de escória branca produzida pela indústria primária.
Consequentemente, houve a geração de cerca de 585 mil t de escória preta e/ou salina. Esse resíduo foi
tratado na indústria terciária de reciclagem do alumínio, onde um processo de lixiviação com água
permite recuperar 5 a 15% do alumínio metálico contido na escória. Logo, 497 mil t de novos resíduos
são gerados e descartados em aterros por esta indústria. O presente trabalho tem como objetivo estudar
algumas características físicas, químicas e tecnológicas dos resíduos gerados pela indústria terciária de
alumínio, na expectativa de reaproveitá-los como material pozolânico. Pozolanas são materiais silicosos
ou silicoaluminosos que, isoladamente, possuem pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas quando
finamente divididos e, na presença de água, reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente,
formando compostos com propriedades aglomerantes. Entre as vantagens obtidas pelo uso de resíduos
como pozolanas podemos citar, aumento da vida útil das jazidas de matérias-primas do cimento,
diminuição da emissão de CO2 e maior durabilidade da resistência do concreto, entre outras. Para
verificar se o material pode ser classificado como pozolana - segundo os critérios estabelecidos pela
ABNT-NBR 12653/92 foram realizadas caracterizações química (fluorescência de raios X),
mineralógica (difração de raios X) e granulométrica (espalhamento de luz de baixo ângulo). Seguiram-
se os ensaios de atividade pozolânica desse material por meio de testes de Chapelle modificado e por
diferença de condutividade elétrica. Resultados analíticos preliminares do resíduo da indústria de
reciclagem do alumínio revelaram valores de 62,80% de Al 2O3; 6,13% de SiO2; e 1,66% de Fe2O3. A
análise do resíduo após a lavagem para retirada parcial do NaCl, mostrou uma concentração de 0,63%
de Na2O% equivalente. A análise granulométrica indicou que o material possui 90% de suas partículas
abaixo de 44µm. As análises mineralógicas por difração de raios X identificaram compostos com
estruturas de espinélio, coríndom, nordstrandita e óxidos de alumínio hidratado. Os primeiros testes de
pozolanicidade pelo método de condutividade elétrica e método Chapelle modificado mostraram
resultados que possibilitam pré-qualificar o resíduo como material pozolânico, bem como alguns
parâmetros químicos, se comparados com a ABNT-NBR 12653/92.
*
Inara Guglielmetti Braz
Aluna de mestrado do programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Sustentabilidade da
Universidade Federal de São Paulo – Campus Diadema. Rua São Nicolau, 210. CEP: 09913-030,
Diadema, SP.
11 Universidade Federal de São Paulo – Campus Diadema. Rua São Nicolau, 210. CEP: 09913-030, Diadema, SP.
2Instituto Geológico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Avenida Miguel Stéfano, 3900.
CEP: 04301-903, São Paulo, SP.
Endereço do curriculum lattes http://lattes.cnpq.br/7164394037681827
Abstract
The secondary aluminum industries are responsible for putting Brazil as the largest recycler of
aluminum cans in the world. Most of them use horizontal rotary furnace (due to low cost) and salt
(NaCl) as a flux to recover this metal. In this process they generate 30 to 40% of the total recycled
material waste. The amount of recycled material in Brazil in 2011 totalled 1,951,000 tons, 511, 000 tons
of scrap and 1,440,000 tons of white slag produced by the primary aluminum industry. Consequently, it
was generated about 585,000 tons of black saline slag. This residue was treated in the tertiary aluminum
industry where a process of leaching with water can recover about 5 to 15% of the aluminum metal
contained in the dross. So, 497,000 tons of waste are generated and disposed in landfills by this
industry. The present work aims to study some physical, chemical and technological properties of these
residues in the expectation of reuse them as a pozzolanic material. Pozzolans are-silica or siliceous
materials which they alone, have little or no activity binder, but when finely divided, and in the presence
of water react with calcium hydroxide at ambient temperature to form compounds with binders
properties. There are many advantages in using this waste as pozzolanic materials such as the increase
the life of the deposits of cement raw materials the redution CO 2 emissions and the increase in the
strength of concrete, long age etc. To verify if this material could be classified as pozzolanic material -
according to criteria established by ABNT-NBR 12653/92 chemical (XRF), mineralogical (XRD) and
particle size (light scattering of low angle) characterizations were performed . They were followed by
pozzolanic property tests of this material: modified Chapelle test and difference of electrical
conductivity test. Preliminary analytical results of the aluminum recycling industry waste show that this
residue is composed by 62.80% Al 2O3, 6.13% SiO2, and 1.66% Fe2O3. The analysis of the residue after
washing to remove part of NaCl showed a concentration of 0.63% equivalent of Na 2O. The particle size
analysis indicated that this material possesses 90% of particles below 44μm. The mineralogical analysis
by X-ray diffraction identified compounds with structures of spinel, corundum, nordstrandite and
hydrated aluminum oxides. The preliminary result of the pozzolanicity by electrical conductivity
method and modified Chapelle test pre-qualified the studied waste as pozzolanic material, as well as its
chemical parameters when compared to ABNT – NBR 12653/92.
Introdução
O aproveitamento de resíduos sólidos industriais como materiais alternativos para
produção de cimento tornou-se uma prática mundialmente importante, pois além de poupar as
jazidas minerais, devido à substituição de parte da matéria-prima do cimento, também contribui
com a diminuição da liberação de gases causadores do efeito estufa (Cordeiro et al., 2009).
Somente em 2010 foram produzidos no Brasil 59 milhões de toneladas de cimento e, para cada
tonelada produzida, emitiu-se 560kg de CO2 (SNIC, 2011). O volume de adições pozolânicas
nesse mesmo ano foi de 17,8 milhões de toneladas, sendo assim, houve um consumo menor de
combustível para queima em sua produção e, consequentemente, a redução na emissão de CO 2
para atmosfera.
Nesse sentido, um segmento que ultimamente tem merecido destaque é o dos materiais
pozolânicos. Pozolanas são materiais silicosos ou silicoaluminosos que possuem pouca ao
nenhuma atividade aglomerante, mas quando finamente divididos e na presença de água,
reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente para formar compostos com
propriedades aglomerantes (ABNT, 1992). As pozolanas podem ser classificadas como naturais
e artificiais. As naturais podem ser materiais de origem vulcânica ou sedimentar (exemplos:
tufo vulcânico, terra diatomácea e zeólitas) (Mielenz et al., 1951), e as artificiais são aquelas
provenientes de tratamento térmico (metacaulinita) ou de sub-produtos industriais (cinza
volante).
As pozolanas são utilizadas na produção do cimento Portland, em substituição parcial do
clínquer. Essa adição tem a vantagem de melhorar a impermeabilização, a resistência à
fissuração térmica devido ao baixo calor de hidratação e a durabilidade final do concreto
(Mehta & Monteiro, 2008). Alguns tipos de cimento obtidos pela adição de pozolana
apresentam nomenclatura e aplicações próprias, assim como normas específicas estabelecidas
pela ABNT (1992) (Tabela 1).
Tabela 1 – Tipos de cimentos Portland de acordo com ABNT e suas aplicações (modificado de
Kihara & Centurione, 2005).
Tipo de cimento Norma ABNT Adição Mat.Pozolânico Aplicação
CP I – S 5732 5% Construção em geral
CP II – Z 11578 6 a 14% Concretagem
CP II – E 11578 6 a 34% Baixo calor de hidratação
CP II-F 11578 6 a 10% Concreto armado
CP III 5735 35 a 70% Barragens
CP IV 5736 15 a 50% Concreto p/ ambientes agressivos
Estudos recentes mostram que alguns resíduos sólidos industriais possuem características
pozolânicas como, por exemplo, as cinzas volantes provenientes da queima de carvão em
usinas termoelétricas (Molin, 2005); a cinza do bagaço da cana-de-açúcar (Lima, 2010;
Chusilp, 2009; Cordeiro, 2009; Frias, 2007; Hernández, 1998) e a cinza da casca do arroz
(Nair, 2008; Feng, 2004). A principal vantagem de se utilizar esses materiais como subprodutos
na produção de cimento pozolânico está na área ambiental, uma vez que eles podem ser
reaproveitados antes do descarte em aterros.
Diante da grande quantidade de material que pode ser usado como pozolana, estudos de
caracterização de resíduos industriais são necessários para dar um novo destino a esses
materiais e, consequentemente, contribuir na diminuição de emissão de CO2 pela indústria do
cimento.
Rendimento
Tipo de Forno % Resíduos
Reverbero 90-95 3-7
Side – well 90-97 2-4
Rotativo horizontal 60-75 30-40
Rotativo basculante (pêra) 85-95 15-18
Forno indução 92-98 2-4
Forno cadinho 95-97 3-5
*Fundada em 15/5/1970 pela Alcan Alumínio do Brasil Ltda, Alcominas (Alcoa Alumínio S.A.) e Companhia
Brasileira de Alumínio (CBA), conta com 64 empresas associadas (produtores de alumínio primário e as
transformadoras de alumínio). Essa entidade atende a atividade de produção do alumínio, incluindo aspectos da
sustentabilidade, como governança, responsabilidade social, gestão de riscos, transparência e eficiência com
relação ao uso dos recursos naturais.
No seu circuito produtivo as indústrias de reciclagem agregam às sucatas de alumínio da
coleta seletiva, os resíduos provenientes da indústria primária do alumínio, ou seja, as
reconhecidas escórias branca (materiais com cerca de 80% de alumínio metálico). Em 2011
cerca de 1440 mil t de escória branca (que possui até 80% de alumínio metálico) foram gerados
pela indústria primária. Considerando que as indústrias de reciclagem utilizam sal (NaCl) em
seus processos produtivos, estima-se que foram gerados 585 mil t de escória preta/salina (que
contém até 10% de alumínio metálico). Esses resíduos, por sua vez, ainda são reaproveitados
por outras indústrias de reciclagem, aqui denominadas de indústrias terciárias de alumínio.
Nessa etapa, a escória é tratada por lixiviação com água para recuperar a parte metálica do
restante do material, que corresponde a um novo resíduo descartado no final do processo.
Somente em 2011 foram gerados cerca de 497 mil t desse resíduo por este último setor.
Considerando que esses resíduos sólidos não são dispostos corretamente em aterros
industriais e, simplesmente são descartados direto no meio ambiente, eles causam sérios
problemas, como assoreamento e eutrofização de corpos d’água.
Quanto ao seu aproveitamento, Shinzato & Hypolito (2005) estudaram o material em
questão, testando-o na mistura de areia e cimento para fabricação de blocos. Os autores
notaram que, apesar do resíduo atribuir propriedades favoráveis na confecção desses materiais,
como a diminuição do tempo de cura, a resistência à compressão pode ser comprometida
devido à presença de sais.
Diante do cenário prospectado, o presente trabalho tem por objetivo caracterizar e avaliar
o resíduo da indústria terciária de alumínio como pozolana e compará-lo com uma pozolana
natural (zeólita).
Materiais e Métodos
Os estudos fundamentaram-se em 08 amostras de resíduos sólidos da reciclagem de
alumínio (R) e em uma amostra de zeólita natural (Zeo), que será utilizada como referência. Os
resíduos sólidos de alumínio foram coletados em uma indústria de reciclagem localizada na
cidade Guarulhos (SP), enquanto que a zeólita natural é proveniente da jazida Tasajeras-
Piojiillo de Cuba. Depois de lavar o resíduo de alumínio (R) com água destilada, ambas as
amostras foram analisadas para se verificar se os principais parâmetros seguem o estabelecido
na norma ABNT-NBR 12653/92, que caracteriza materiais pozolânicos. Previamente procedeu-
se a sua caracterização química, física e mineralógica.
A análise química foi efetuada por meio de espectrometria de fluorescência de raios X
(Axios Advanced/PANalytical) no Laboratório de Caracterização Tecnológica da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (LCT/Poli/USP).
A granulometria foi determinada pela técnica de espalhamento de luz laser de baixo
ângulo (Mastersizer 2000/Malvern) no mesmo laboratório. Na identificação mineralógica
utilizou-se o método da difração de raios X (D5000/Siemens) no Laboratório de Difração de
Raios X do Instituto de Geociências da USP. Determinou-se também a área superficial
específica pelo método Brunauer-Emmet-Teller (Gemini III 2375) no Laboratório de Processos
Cerâmicos da Poli/USP.
Seguiram-se os testes de determinação de atividade pozolânica pelo método de
condutividade elétrica proposto por Luxán et al. (1989) e teste de Chapelle modificado (IPT,
1997) realizados no Laboratório de Geologia Ambiental e Ciência do Solo da UNIFESP. O
método de condutividade elétrica determina a diferença de condutividade elétrica de uma
solução referência de Ca(OH)2 e a mesma solução com a adição de 5g da amostra a ser
analisada. O teste de Chapelle modificado determina a quantidade de óxido de cálcio
consumido por 1g de pozolana ensaiada, após ser mantido em contato por cerca de16 horas à
90ºC.
Resultados e Discussão
O conhecimento da composição química do material pozolânico indica se o mesmo se
encontra dentro dos parâmetros exigidos pela NBR 12653/92 (ABNT, 1992). Os resultados da
análise química (Tabela 3) revelam que o resíduo da reciclagem de alumínio possui dentre seus
principais componentes 62,80% de Al2O3, 13,00% de MgO, 6,13% de SiO 2, 1,66% de Fe2O3 .
Portanto, a soma dos três óxidos considerados pela norma NBR 12653/92 (Tabela 4) estão
acima do mínimo de 50% exigido, atendendo as especificações. A concentração de equivalente
de Na2O% de 0,63% também está de acordo com a norma (menos de 1,50%).
A soma dos óxidos (68,50% de SiO2, 1,52% de Fe2O3 e 11,60 % de Al2O3) encontrados
na composição química da zeólita também estão de acordo com o valor estabelecido pela NBR
12653/92, que é de no mímino de 50%. O trióxido de enxofre não apresenta traços na zeólita, o
que é bom de acordo com a especificação
Tabela 3 – Componentes químicos das amostras representativas de resíduo da indústria terciária
de alumínio (R) e de zeólita natural (Zeo). Teor dos principais óxidos em % determinados pelo
método de fluorescência de raios X (LOI = perda ao fogo em 1050oC por 1h).
Ca
Na2O MgO Al2O3 SiO2 P2O5 SO3 K2O TiO2 MnO Fe2O3 LOI
O
R(%) 0,43 13,00 62,80 6,13 0,24 0,27 0,32 1,29 0,89 <0,10 1,66 11,70
Zeo(%) 1,34 0,76 11,60 68,50 <0,1 << 1,19 2,88 0,28 0,19 1,52 11,30
Tabela 4 - Dados de exigência química da NBR 12653/92 para as pozolanas naturais (N), cinza
volante (C) e materiais diferentes das demais (E) e das amostras R e Zeo.
Tabela 5 – Valores de área superficial específica das amostras R e Zeo obtidas por adsorção de
N2 pelo método BET.
Área superfical específica (m2/g)
R Zeo
84,5 60,38
O tamanho dos grãos é uma característica importante nas pozolanas, uma vez que
aumenta a resistência mecânica e a durabilidade das estruturas do concreto, devido ao efeito
atribuído à reação pozolânica que aumenta a sua superfície de contato no momento de
hidratação do cimento (Isaia et al., 2003). Esse comportamento causado pela adição da
pozolana melhora a distribuição dos poros no cimento tornando-a mais homogênea, uma vez
que os seus espaços capilares são preenchidos, promovendo o aumento na resistência e na
impermeabilização do material cimentício (Mehta & Monteiro, 2008).
A análise granulométrica revelou que 90% de R apresenta partículas menores que
44,068μm, enquanto que a zeólita natural já estava previamente moída na fração <365 mesh
(44,0μm). Considerando que a NBR 12653/92 estabelece que 66% das partículas sejam
menores que 45μm, o resíduo estudado encontra-se dentro da norma.
A análise por DRX de R revelou presença de compostos com estuturas de espinélio
(MgAl2O4), coríndon (Al2O3) e nordstrandita (β-Al(OH)3). A amostra de zeolita (Zeo) é formada
principalmente por clinoptilolita, mordenita e traços de quartzo. Apesar de todas as fases serem
cristalinas, a granulometria fina deve favorecer a reação pozolânica onde se forma o silicato de
cálcio hidratado e aluminato de cálcio hidratado.
Os resultados da atividade pozolânica determinada pelo método de condutividade elétrica
(Tabela 5) mostram valores que classificam tanto R e Zeo como boas pozzolanas (>1,2
mS/cm).
Os ensaios pelo método Chapelle modificado indicaram consumo acima de 330mg de CaO/g, o
que permite pré-classificar ambos materiais como pozolanas (Tabela 6).
Resumo: Este trabalho tem o intuito de problematizar o debate recente que envolve os temas
cooperativismo, sustentabilidade e tecnologia social. Foi realizado um levantamento teórico
desses assuntos para amparar o estudo prático do modelo de gestão da cooperativa de trabalho
de coleta e processamento de materiais reutilizáveis e recicláveis - Cooperlírios. Este estudo foi
desenvolvido sob o enfoque da tecnologia em gestão organizacional, no sentido de verificar
intervenções que podem permitir um fazer tecnológico social, contribuindo dessa maneira, na
sustentabilidade social, econômica e ambiental da cooperativa pesquisada e na região que a
mesma está inserida.
Palavras-chave: Cooperativismo. Tecnologia Social. Sustentabilidade.
Abstract: This work aims to raise questions the recent debate about cooperativism,
sustainability and social technology. These subjects were used as theoretical basis in order to
conduct a practical study of the management model of the Cooperlírios - cooperativa de
trabalho de coleta e processamento de materiais reutilizáveis e recicláveis (cooperative work of
collecting and processing of reusable and recyclable materials) company. This study was
developed focusing on the field of technology in organizational management, thus aiming to
research interventions that can enable social technology practices as well as promote
sustainability on the social, economical and enviroment aspects of the cooperative in question
and the region in which it is inserted.
Keywords: Cooperativism. Social Technology. Sustainability.
Tecnóloga em gestão empresarial com ênfase em marketing, pela FATEC-AM (Faculdade de Tecnologia
de Americana). E-mail para contato: jakelinepertilemendes@yahoo.com.br
através de possíveis intervenções de conhecimentos humanos, nesse caso os conceitos
de gestão organizacional, contribuírem para o aperfeiçoamento dessas iniciativas
sociais. Esses assuntos foram observados a luz de uma pesquisa empírica e uma breve
síntese, vista a extensão do assunto, foi realizada uma análise a complexidade e
diversidade desses temas, e utilizadas bibliografias que possibilitaram um embasamento
teórico adequado para o assunto.
Desde a antiguidade verifica-se várias maneiras nas quais as pessoas se
agrupavam com o intuito de melhorar o desempenho de tarefas e trabalhos ou para a
defesa de interesses em comum, “e isso ficou evidenciado a partir do momento em que
aprendeu a reunir forças, juntou pessoas, ideias e experiências e passou a trabalhar em
conjunto” (CHIAVENATO, 2007: p.02). Passados os séculos e aperfeiçoadas as técnicas
e os modelos de produção introduzidas pelo industrialismo, crises econômicas atingiram
a sociedade europeia pós revolução industrial, colocando em evidência o
cooperativismo como um modelo que, por conseguinte criou forças e se tornou uma
alternativa para a sobrevivência da população que fora atingida pela crise, diante de um
cenário oscilante, de crescente desemprego e desigualdade social.
Na opinião de Nascimento (2000, apud LIRA, 2010: p.4.),
Dessa maneira, podemos constatar que “uma empresa pode atuar como
causadora de danos na natureza ou também como redutora de impactos ambientais”
(CHAUVEL; COHEN, 2009, p. 23), dependendo do público consumidor, do porte da
empresa, do ambiente em que essas estão inseridas e outros fatores. Através disso pode-
se constatar que parcerias com empresas mercantis, principalmente as de pequeno porte
e cooperativas são atualmente de cunho fundamental, que pode trazer benefícios mútuos
vinculados a busca de um mundo com hábitos de produção e descarte mais adequados e
uma população mais consciente, já que podem unir-se em protocooperação e mitigar os
efeitos insustentáveis causados pela raça humana.
Assim,
quanto mais uma sociedade se funda sobre recursos renováveis e recicláveis,
mais sustentável se torna. Isso não significa que não possa usar de recursos
não renováveis, mas, ao fazê-lo, deve praticar grande racionalidade,
especialmente por amor à única Terra que temos e em solidariedade para com
gerações futuras (BOFF, 2012: p. 128).
Sendo assim, a tecnologia social entra nesse contexto com o intuito de tentar
mudar essa realidade e trazer novas tecnologias que representem menor impacto ao
“produzir novos sistemas, que também resultam de transformações efetuadas sobre as
unidades que desempenharão o papel de concorrentes de novo sistema” (LADRÈRE,
1979: p. 64).
Dessa maneira, esse novo fazer voltado para a sociedade é vista como “uma
iniciativa mais eficaz para a solução dos problemas sociais relacionados a essa
dimensão e como um vetor para a adoção de políticas públicas (...) num sentido mais
coerente com nossa realidade e com futuro que a sociedade deseja construir”
(DAGNINO, 2004: p. 60). Além disso, o Estado é o grande, se não o maior propulsor,
dessa nova forma de fazer tecnologia, como veremos em nosso estudo de caso.
De acordo com Dagnino (2004), a tecnologia social pode ser também uma
ferramenta para construção de uma sociedade mais justa, igualitária e ambientalmente
correta, pois é uma alternativa de gestão que pode ser utilizada para o desenvolvimento
social, tecnológico, ambiental e econômico, no sentido da “participação democrática no
processo de trabalho, o atendimento a requisitos relativos ao meio ambiente (mediante,
por exemplo, o aumento da vida útil das máquinas e equipamentos), à saúde dos
trabalhadores e dos consumidores e à sua capacitação” (DAGNINO, 2004, p. 52-53). A
tecnologia social pode ser considerada, portanto, um modelo, produto, técnica ou
procedimento desenvolvido para solucionar problemas econômicos, sociais e
ambientais, e que pode ser facilmente aplicado em qualquer região onde houver a
necessidade de inovações sociais. São inúmeros os exemplos de tecnologias sociais bem
sucedidas, salvaguardadas as possíveis críticas, entre elas estão: o soro caseiro (utilizado
para combater a desidratação), o Banco de Palmas (que oferece microcrédito a
população local), as hortas escolares (que proporcionam aprendizado e uma alimentação
mais saudável aos estudantes), e as cisternas de placa no Nordeste (que captam água da
chuva para consumo humano).
uma inovação social (...) concebido como conjunto de atividades que pode
englobar desde a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico até a introdução
de novos métodos de gestão da força de trabalho, e que tem como objetivo a
disponibilização por uma unidade produtiva de um novo bem ou serviço para
a sociedade (DAGNINO, 2004, p.34).
Portanto, a
Considerações finais
Bibliografia
BOFF, Leonardo (2012). Sustentabilidade: O que é – O que não é. Petrópolis, RJ: Ed.
Vozes.
DAGNINO, Renato Peixoto (Org.) (2009). GAPI Tecnologia social: ferramenta para
construir outra sociedade. Campinas: IG/UNICAMP.
DAGNINO, Renato; BRANDÃO, Flavio Cruvinel; NOVAES, Henrique Tahan (2004).
Sobre o marco analítico-conceitual da tecnologia social. In: Tecnologia social: uma
estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil.
DAGNINO, Renato (2004). “A Tecnologia Social e seus desafios”.
http://www.ige.unicamp.br/site/publicacoes/138/A%20tecnologia%20social%20e
%20seus%20desafios.pdf (consultado em 07/07/2013).
LADRÈRE, Jean (1979). Os desafios da racionalidade: O desafio da ciência e da
tecnologia às culturas. Petrópolis: Ed. Vozes.
Resumo
Há séculos, o bambu tem sido utilizado como uma matéria prima importante em países da Ásia,
África, América do Sul. Usado na construção civil, construções rurais, artesanato, alimentação,
para a obtenção de papel, celulose e outras aplicações industriais. Além de ser um material
economicamente rentável oferece grandes vantagens ambientais, pois tem características, tais
como ser uma espécie de rápido crescimento, existem espécies que alcançam suas dimensões
máximas em 6 meses, (Bambusa, Dendrocalamus, Guadua), protege o solo da erosão, grande
produtor de biomassa, captura CO2, por isto e outros motivos de ordem econômico, o bambu
tornasse como uma grande alternativa de material sustentável a ser utilizada em diferentes
aplicações.
Abstract
For centuries, the bamboo has been used as an important raw material in countries of Asia,
Africa, South America. Used as food, in the civil and rural construction, handicraft, to produce
pulp and paper and another industrials applications. Besides being a cost effective material, it
offers environmental advantages, so it has characteristics such as its grows quickly, there
species that reach their maximum development in 6 months, (Bambusa, Dendrocalamus,
Guadua), protects the soil from erosion, produces biomass, requesters CO2. Therefore, bamboo
becomes a sustainable alternative with different applications.
1. Introdução
Com o crescente desmatamento e pressão sobre as florestas tropicais, assim como sobre
as áreas de reflorestamento, considerasse cada vez mais necessária a busca e utilização de
materiais renováveis e soluções alternativas com a capacidade de amenizar este processo. Por
tanto, a busca por materiais e fontes energéticas ecologicamente corretas, tornasse prioridade. O
bambu, se apresenta uma alternativa entre os matérias sustentáveis; reconhecido e usado por
diversos povos desde o inicio da civilização, é uma planta que aporta múltiplos benefícios para
o homem e o meio ambiente. Suas propriedades físicas, químicas e mecânicas permitem que
seja aproveitado para diversas aplicações, tais como na construção civil, construções rurais,
artesanato, implantes ortopédicos, próteses, para a obtenção de papel, celulose, tecidos com
fibra de bambu entre outras.
O Bambu é um produto natural e amigo do meio ambiente com um enorme potencial de bens e
serviços ambientais, esta é a sua maior relevância. Os principais efeitos positivos são: produção
de biomassa, redução da erosão no solo, retenção de água, regulação de caudais hídricos,
fixação de dióxido de carbono (CO2), energia primaria, hospedeira de fauna e flora.
Pode ser utilizado na sua forma natural ou processado industrialmente: Aplicações em estado
natural: pode ser utilizado como alimento, em coberturas vegetais, tutoragens de cultivos,
construção rural, construção civil, artesanato, paisagismo.
Aplicações bambu processado: o processamento do bambu por meios industriais aumenta as
aplicações e utilidades e leva a uma multiplicação da sua potencialidade como matéria prima.
Existe uma variedade de produtos gerados a partir deste processamento, entre eles: Fabricação
de laminados; pisos; tabuas – vigas de bambu; painéis ou “plywood”; aglomerados; Produção
de celulose, papel e bio-etanol e Produção de carvão
2. Que é o bambu:
É uma planta gramínea, um pasto gigante, que depois de algum tempo se transforma em
estrutura dura como a madeira, mais flexível e leve. É um excelente recurso sustentável, auto-
renovável, de rápido crescimento, versátil, leve, flexível, e resistente. Graças as suas
propriedade físicas, químicas e mecânicas pode ser aproveitado em diversas aplicações.
As espécies de bambu tem tamanhos variáveis, desde pequenas plantas ornamentais que podem
ser mantidas em vasos, até os bambus gigantes que podem chegar a 30 m de altura e mais de 25
cm de diâmetro.
Segundo Jaramillo (1992), o bambu se caracteriza pela capacidade para ser renovado, não existe
nenhuma outra espécie florestal que possa competir em quanto à velocidade no crescimento. Em
quanto uma árvore tarda 60 anos para crescer 30 metros, o bambu alcança esta altura em 6
meses; em 3 ou 4 anos está pronta para o corte, a produção de colmos é rápida sem precisar de
replanto. Janssen (2000), afirma que as propriedades estruturais do bambu tomadas pelas
relações resistência/massa específica e rigidez/massa específica, superam as madeiras e o
concreto, podendo ser inclusive, comparadas ao aço.
3. Generalidades
De acordo com Minke (2010), existe bambu tropical e subtropical desde bosques de
com uma humidade maior ao 90% como o bambu “Guadua angustifolia” na região de Chocó -
Colômbia, até as zonas semiáridas na Índia o Bambu “Dendrocalamus strictus”.
Existe um total de 90 géneros, 1200 espécies. Dentro do continente Americano a maior
diversidade encontrasse no Brasil (Hidalgo, 2003); Brasil, alberga a maior diversidade de
géneros em América (48%) e possui o maior grau de endemismo no continente.
Castaño e Moreno (2004)
Divisão Espermatófita
Subdivisão Angiosperma
Classe Lilopsidas / Monocotiledóneas
Subclasse Commelinidae
Ordem Cyperales / Gluminoflorae
Família Gramínea ou Poaceae
Subfamília Bambusoidae
Supertribu Bambusodae
Tribo Bambuseae
Subtribo Guaduinae
Fonte: Cruz(2009:43)
• Humidade relativa: é o peso da água do talo em relação ao seu peso em estado totalmente
seco, expressado em percentagem. Tem sido mostrado (Minke, 2010) que no estado de
crescimento o conteúdo de humidade pode ser mais do 70% na primeira parte do talo e
depois, entre quatro e seis anos, pode abaixar até 20% .
• Contração durante o secado: se produz devido à perda de água. O trabalho de Liese (1985),
mostrou que o comprimento do bambu desde seu estado verde até seu estado lignificado
tem uma redução entre 4% e 14%; e em seu diâmetro a contração é entre 3 e 12%.
Ensaios realizados na “Universidade del Valle”, Cali - Colômbia em colaboração com CIBAM
em Palmira – Colômbia, com 65 testes de Guadua angustifolia, deram como resultado para o E-
módulo de compressão entre 1350 até 2770 kN/cm2 (media de 2150 kN/cm2). O módulo de
elasticidade do bambu é quase o dobro que a madeira. (NSR 10 cap. G 12.7)
Comportamento ao Fogo: por ser oco, o bambu pode queimasse rapidamente. A casca do talo
tem uma alta concentração de acido silico; por este motivo o Bambu é designado segundo a
norma Alemã DIN 4102 como inflamável que não produzem facilmente chamas
Resistência a Sismos: graças a sua flexibilidade, alta resistência contra forças em relação ao seu
peso e sua capacidade de absorver energia, o bambu é um material ideal para construções sismo
resistentes.
Graças à rapidez do seu crescimento o bambu capta mais CO2 que uma árvore2.
Londoño (2003), afirma, que esta condição representa uma enorme riqueza ambiental, pois o
bambu é um importante fixador de CO2, até o ponto que este não libera na atmosfera o gás
retido depois de ser transformada em produtos ou na construção, este fixasse nas obras
realizadas a partir dele. Esta particularidade é importante para os países industrializados, que
segundo o “Protocolo de Kyoto”, devem diminuir a emissão de gases do efeito estufa. O bambu
ajudaria a resolver este grande problema global de uma forma mais económica e menos
complexa.
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1
Segundo estudos realizados na fazenda Nápoles, Montenegro – Colômbia (Sabogal, 1983) e no “Centro
para el Estudio del Bambú – Guadua” (Giraldo, 1996) foi concluído que 1ha de bambu da espécie
“Guadua Angustifolia” é capaz de armazenar 30.375 litros de água, isto é, aproximadamente água
para150 pessoas por dia (200 litros/dia/pessoa)
2
O Bambu Guadua Angutifolia Kunth, capta em seus primeiros 6 anos de vida 54 toneladas de CO2 por
hectare. Londoño (2003)
As plantações favorecem a existência e sustentabilidade da flora, microflora, entomo-fauna,
mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
5. Aplicações e usos
Com poucos dias os brotos de bambu servem como alimento; do sexto ao primeiro ano
produz lâminas e lascas para a elaboração de cestas; esteiras e outros objetos artesanais; a partir
do segundo ano produz tiras para chapas; e a partir do terceiro ano pode ser aproveitado em
estruturas arquitectónicas, pisos e chapas. (Hidalgo, 1981)
O bambu é uma espécie com muitos propósitos e utilidades, há uma espécie de bambu para um
objetivo determinado. Porem um determinado bambu não pode servir para tudo. São muitas as
aplicações que contemplam o bambu, tanto na sua forma natural como processada
industrialmente, isolado ou combinado com outros materiais.
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3!“Lata” é uma seção longitudinal do bambu (a primeira) normalmente com comprimento entre três e seis
metros e largura entre cinco e oito centímetros, a espessura depende da parede da seção, se obtém ao
corar o colmo longitudinalmente em varias seções, não se utiliza maquinaria para este processo. (Cruz,
2009: 614)
Figura 2 – Pisos de bambu
Fonte: “Ecobambu” Colômbia
O processo industrial e similar ao utilizado para obtenção dos laminados, mais com
características e parâmetros especiais dentro do mercado mundial. O piso esta formado por
varias ripas finamente laminadas ou coladas. China é o maior produtor de pisos laminados de
bambu, também são produzidos na Colômbia e no Brasil.
Com o mesmo processo industrial para a produção de laminados podem ser obtidas tábuas de
bambu com diferentes dimensões, a união sucessiva destas tabuas originam os blocos de
madeira de bambu similares a os obtidos com a madeira serrada. Estes blocos de diferentes
espessuras e dimensões são a matéria prima para a fabricação de: vigas torneadas, camas,
escritórios, mesas, armários, gabinetes, mobiliário em geral, artefactos de cozinha, portas, tacos
de golfe, etc.
Nos processos industriais para a obtenção de pisos, painéis, elementos artesanais a nível
industrial, mobiliário e outros, se produz pó de bambu, serragem e sobram pequenos pedaços de
diferentes dimensões que são triturados finamente e misturados com colas especiais e levados a
prensas industriais para produzir aglomerados de alta resistência que podem ser utilizados para a
produção de diferentes produtos como mobiliário, utensilias para cozinha, elementos de
decoração e outros.
6. Conclusões
A cadeia produtiva do bambu, tem se transformado em uma oportunidade de grande
potencial em primeiro lugar com benefícios ambientais, sociais e de mercado que deve ser
aproveitada ao máximo, pois desta maneira o Brasil se tornara competitivo em relação a países
industrializados que não dispõem deste bem natural.
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4
No Brasil existem grandes plantações do bambu da espécie “ Bambusa vulgaris var vulgaris” , que é o
mais recomendável como matéria prima para a produção de celulosa, papel e em menor grau bioetanol.
(Pereira, 2007)
5
Em experiências realizadas em laboratório observou-se que o bambu é mais denso e tem maiores teores
de cinzas em relação ao carvão da madeira. (fonte: www.ipef.br)
Produtos obtidos a partir do processamento industrial do bambu, como o MDF, aglomerados,
painéis e tábuas de bambu oferecem a substituição da madeira, por tanto podem ser chamados
de madeiras ecológicas aportando assim na conservação das florestas tropicais.
O bambu, é um recurso natural com muitas qualidades e características únicas, sendo assim é
material com um grande potencial na produção de ambientes sustentáveis. Pois esta é a espécie
vegetal considerada como a maior taxa de renovabilidade, possui ainda características de
flexibilidade, resistência e durabilidade únicas frente a outras matérias primas deste género.
É interessante como um material existente há milhares de anos, e considerado por muito tempo
como “madeira dos pobres”, graças à preocupação pelo meio ambiente, atualmente recobra a
sua importância e chega a ser considerado como um material moderno e contemporâneo.
7. Referências bibliográficas
HIDALGO, O. Bamboo: the gift of the gods. Bogotá: d´vinni ltda. 2003
JANSSEN, J. Designing and building with bamboo. Inbar. Beijing: technical report nº 20, 2000
LIESE, W. The structure of bamboo in relation to its properties and utilization. In: international
symposium on industrial use of bamboo. Beijing: procedings, 1992.
LONDOÑO, X.; CAMAYO, G.; RIAÑO, N., LOPEZ Y. “Caracterización anatómica del
culmo de gaudua angustifolia kunth (poaceae: bambusoideae)”. In Bamboo science & culture:
the journal of the american bamboo society,2003
Sites consultados:
www.bambubrasileiro.com.br Acesso em 09 de abril de 2012
www.ipef.br Acesso em 14 de fevereiro de 2012
http//www.ebf.bamboo.org Acesso em 03 de novembro de 2011
http//www.sitiodamata.com.br Acesso em 09 de fevereiro de 2012
Gestão sustentável de condomínios em prol de cidades sustentáveis:
case do condomínio Edifício Residencial Porto di Nucci
Alcino Vilela1
Resumo
Para melhorar a situação das cidades brasileiras, o debate e a reflexão em busca de alternativas
econômicas, mitigação dos impactos ambientais, engajamento das partes interessadas, embates,
manifestações, experimentações e implementações de novas práticas na busca da sustentabilidade é cada
vez mais premente. Concomitantemente, a evolução da qualidade e da gestão da qualidade, mostrando os
pilares sobre os quais se assenta a gestão sustentável, apontam como esse modelo gerencial pode ser
aplicado em condomínios, como o case do Edifício Residencial Porto di Nucci, localizado em
Campinas/SP. Ademais, tornar a cidade melhor aos seus habitantes, em seus mais diversos aspectos
(ambiental, econômico, administrativo, governança e social), garante um futuro melhor para as atuais e
futuras gerações. Nesse contexto, verifica-se a possibilidade da aplicação dos princípios e fundamentos de
gestão sustentável em condomínios residenciais e comerciais, mediante um sistema de gestão
condominial fundamentado no MEG (Modelo de Excelência da Gestão), a fim de obter resultados
qualitativos e quantitativos como forma de construção coletiva da cidade sustentável.
Áreas temáticas afim: Construção sustentável, cidades sustentáveis; Consumo sustentável;
Empreendedorismo; Inovações e tecnologias sustentáveis; Práticas e processos organizacionais;
Responsabilidade social; Saúde e meio ambiente e desenvolvimento urbano.
Substract
To improve the situation of Brazilian cities, debate and reflection in search of economic alternatives,
mitigation of environmental impacts, stakeholder engagement, clashes, demonstrations, trials and
deployments of new practices in the pursuit of sustainability is increasingly pressing. Concurrently, the
development of quality and quality management, showing the pillars on which rests the sustainable
management, link management model like this can be applied to condominiums, as the case of Porto di
Nucci Residential Building, located in Campinas / SP. Also, make the city better to its inhabitants, in its
various aspects (environmental, economic, administrative, social and governance), ensures a better future
for present and future generations. In this context, there is the possibility of applying the principles and
fundamentals of sustainable management in commercial and residential condominiums through a
condominium management system based on the MEG (Model Management Excellence), in order to
obtain qualitative and quantitative results as a way of collective construction of the sustainable city.
Thematic areas: Sustainable construction, sustainable cities, sustainable consumption;
Entrepreneurship, Innovation and sustainable technologies, practices and organizational processes, social
responsibility, health and environment and urban development.
1Alcino Vilela é bacharel em Sociologia e licenciado em Ciências Sociais pela Unicamp. É pós-graduado em Gestão da
Sustentabilidade e Responsabilidade Social pela Faculdade de Economia da Unicamp. Possui especialização em Gestão de
Projetos pela Harvard Business School, é auditor de sistema de gestão integrado (ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001) pela
Bureau Veritas e auditor ambiental internacional pela Proenco. Já atuou como consultor de sustentabilidade de uma distribuidora
de energia elétrica e atualmente é gerente de consultoria e auditoria em sustentabilidade e mudanças climáticas, com experiência
profissional em responsabilidade social, meio ambiente, saúde e segurança e comunicação para a sustentabilidade,
implementação de processos de diálogo com stakeholders e indicadores de sustentabilidade GRI, Indicadores Ethos, Global
Compact, Objetivos do Milênio, inventário GHG Protocol, entre outros. E-mail de contato: alcino.vilela@gmail.com.
1
1.Apresentação
Uma cidade é composta pelo trabalho coletivo de sua população e concretiza-se pela sua
cultura, relações sociais, políticas, econômicas e religiosas e diversidade que a vida nestes locais
proporciona. Ao longo do tempo, as cidades se desenvolveram em regiões onde eram favoráveis
o clima, a geografia e outros atributos naturais eram mais favoráveis. As cidades prosperaram
quando resguardam os recursos naturais, que são os pilares centrais de suas economias e da sua
qualidade de vida. Por outro lado, cidades mal administradas contribuem cada vez mais para as
severas preocupações ambientais globais.
De acordo com VECCHIA (2011), no ano de 2010, o mundo tornou-se urbano, quando mais
de 50 % da população mundial passou a viver em cidades. Apesar de possuírem somente 2 % da
área do planeta, as cidades abrigam mais de 50 % da população mundial. Esse é mais um fator de
pressão contra os já escassos recursos naturais do planeta.
Neste contexto mundial, as cidades sustentáveis são entendidas como aquelas que adotam
uma série de práticas eficientes voltadas para o desenvolvimento econômico, preservação do
meio ambiente e melhoria da qualidade de vida da população – economicamente viáveis,
socialmente justas e ambientalmente corretas. Este conceito integra, portanto, os aspectos
ambiental, social, econômico que já são utilizados pelas empresas sustentáveis.
Atualmente, no Brasil e no mundo, já são reconhecidas muitas cidades que adotam práticas
sustentáveis: uso eficiente e sem desperdícios de água, energia, uso de materiais renováveis,
recicláveis e/ou reutilizáveis, criação de espaços multiuso para evitar desperdícios (colocar tudo
num mesmo bairro), incentivo ao transporte alternativo e público de qualidade, visando a mitigar
a poluição do planeta e melhorar o ecossistema mundial.
Na contramão desta proposta, hoje as metrópoles são geradoras de elevados consumos
energéticos, aumento de poluição atmosférica, liberação de gases com efeito de estufa, poluição
do ar, do ruído, a substituição do espaço verde e público, dentre outros desequilíbrios que não se
esgotam nas consequências ambientais. Isso tudo acaba por gerar graves implicações
econômicas, ambientais, sociais e sanitárias.
Entretanto, neste mesmo processo de pensar cidades sustentáveis, as organizações
corporativas estão pensando nos seus processos internos de gestão desde a década de 80, Gestão
da Qualidade Total ou Total Quality Management (TQM), amplamente suportada pelos autores
norte-americanos, como Deming, Juran e Feigenbaum. A qualidade em gestão, em todos os
níveis, tornou-se uma condição obrigatória para as organizações que buscam competitividade e a
garantia de perpetuidade das suas operações. Então, nesta época, o mundo voltava sua atenção
2
para o elevado grau de competitividade alcançado pelas principais indústrias japonesas, cujos
produtos chegavam com excelente qualidade e preços relativamente baixos nos principais
mercados consumidores do mundo ocidental, passando a constituir uma ameaça para as suas
economias.
Em 1987, a International Standard Organization (ISO) publicou a série de normas ISO 9000,
visando a estabelecer um padrão para a aplicação dos conteúdos de gestão da qualidade das
empresas. Neste mesmo período, ainda na década de 1980, foi criado nos Estados Unidos o
prêmio nacional da qualidade, Malcom Baldridge Award com o objetivo de premiar as empresas
que fossem mais bem-sucedidas na implantação de modelos de TQM e a partir daí elaborar um
modelo de avaliação que servisse como base para a implementação do programa.
Em seguida, vieram o Prêmio Europeu da Qualidade e até o Prêmio Nacional da Qualidade
(PNQ) no Brasil. Com a abertura da economia brasileira, no início da década de 90, os
empresários do Brasil identificaram a necessidade de adotar padrões internacionais para orientar,
avaliar e reconhecer a gestão, em busca de mais qualidade e competitividade. Foi nesse
movimento, que em 1991, um grupo formado por representantes de 39 organizações privadas e
públicas instituíram, em São Paulo, a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FNQ
2011).
Em São Paulo, estado da federação que concentra a maioria das empresas do Brasil, foi
fundado em 2001 o IPEG (Instituto Paulista de Excelência da Gestão), organização de direito
privado e sem finalidade de lucro, com o propósito de promover a melhoria da gestão das
organizações públicas e privadas do Estado de São Paulo (IPEG 2013). Na mesma linha do
Prêmio Nacional da Qualidade, o IPEG instituiu o PPQG – Prêmio Paulista de Qualidade da
Gestão, um reconhecimento anual às organizações paulistas que possuem os melhores sistemas
de gestão e resultados, avaliados por uma banca examinadora voluntária e independente,
utilizando critérios reconhecidos com o que há de mais avançado em gestão organizacional,
alinhados com a Fundação Nacional da Qualidade.
O modelo de gestão sustentável que pode ser aplicado a pequenas organizações, como o case
deste artigo, o Edifício Residencial Porto di Nucci (PdN), é baseado no MEG (Modelo de
Excelência da Gestão) da Fundação Nacional da Qualidade, que é inspirado no modelo e padrão
de gestão de organizações no mundo todo, segundo a FNQ (2011).
3
O termo condomínio significa "propriedade comum", ou seja, uma coletividade, uma
comunidade. Para viver num condomínio, as pessoas estão dispostas a partilhar áreas de domínio
comuns e privativas. O direito de uso da área comum e a obrigação de conservação de
equipamentos que pertence a todos são condições essenciais para se viver em harmonia num
condomínio. Para a compreensão, em termos de propriedade, a cada área privativa corresponderá
uma fração ideal da área comum.
As despesas são rateadas por todos, na forma prevista na Convenção, que os moradores
devem acatá-la, bem como o Regulamento Interno e as decisões das assembleias. Todos os
moradores de um condomínio utilizam espaços e equipamentos comuns, tais como "hall" social,
salão de festas, elevador, espaço fitness etc. Mesmo nas áreas privativas, a liberdade do morador,
embora muito maior, não é total, visto que a liberdade de um morador não pode comprometer a
liberdade de outro condômino, pois prevalece a máxima: o direito coletivo se sobrepõe ao
individual.
O PdN é um condomínio de natureza residencial, localizado em Campinas/SP, instituído sob o
regime especial estatuído pelo artigo 1.332 do Código Civil Brasileiro, e residualmente, pela Lei
Federal nº 4.591, de 16/dez/1964, regendo-se pelo seu instrumento particular de instituição,
especificação e convenção de condomínio, devidamente registrado em 26 de janeiro de 2006 no
1º Cartório de Registro de Imóveis de Campinas sob o nº 316.042. O objetivo desta organização
é a gestão da área comum do edifício, um prédio de sete andares com 28 unidades residenciais –
apartamentos ou áreas privativas – cujos condôminos contribuem mensalmente com a taxa
condominial para a manutenção das despesas e realização de investimentos, além de acatar as
diretrizes determinadas na Convenção, Regulamento Interno e decisões da Assembleia.
4
O PdN aplica na sua gestão os 11 fundamentos e oito critérios do MEG. Os fundamentos são
definidos como os pilares, a base teórica de uma boa gestão. Esses fundamentos são colocados
em prática por meio dos critérios, sendo eles:
• Fundamentos: pensamento sistêmico; aprendizado organizacional; cultura de
inovação; liderança e constância de propósitos; orientação por processos e
informações; visão de futuro; geração de valor; valorização de pessoas; conhecimento
sobre o cliente e o mercado; desenvolvimento de parcerias e responsabilidade social;
• Critérios: liderança; estratégias e planos; clientes; sociedade; informações e
conhecimento; pessoas; processos e resultados.
A figura representativa do MEG simboliza a organização, considerada como um sistema
orgânico e adaptável ao ambiente externo. O MEG é representado pelo diagrama abaixo, que
utiliza o conceito de aprendizado segundo o ciclo de PDCA (Plan, Do, Check, Action).
5
De acordo com a FNQ (2011), “o sucesso de uma organização está diretamente relacionado à
sua capacidade de atender às necessidades e expectativas de seus clientes. Elas devem ser
identificadas, entendidas e utilizadas para que se crie o valor necessário para conquistar e reter
esses clientes. Para que haja continuidade em suas operações, a empresa também deve
identificar, entender e satisfazer as necessidades e expectativas da sociedade e das comunidades
com as quais interage — sempre de forma ética, cumprindo as leis e preservando o ambiente.
De posse de todas essas informações, a liderança estabelece os princípios da organização,
pratica e vivencia os fundamentos da excelência, impulsionando, com seu exemplo, a cultura da
excelência na organização. Os líderes analisam o desempenho e executam, sempre que
necessário, as ações requeridas, consolidando o aprendizado organizacional. As estratégias são
formuladas pelos líderes para direcionar a organização e o seu desempenho, determinando sua
posição competitiva. Elas são desdobradas em todos os níveis da organização, com planos de
ação de curto e longo prazos. Recursos adequados são alocados para assegurar sua
implementação. A organização avalia permanentemente a implementação das estratégias e
monitora os respectivos planos e responde rapidamente às mudanças nos ambientes interno e
externo. Considerando os quatro critérios apresentados, tem-se a etapa de planejamento (P) do
ciclo PDCA.
As pessoas que compõem a força de trabalho devem estar capacitadas e satisfeitas, atuando
em um ambiente propício à consolidação da cultura da excelência. Com isso, é possível executar
e gerenciar adequadamente os processos, criando valor para os clientes e aperfeiçoando o
relacionamento com os fornecedores. A organização planeja e controla os seus custos e
investimentos. Os riscos financeiros são quantificados e monitorados. Conclui-se, neste
momento, a etapa referente à execução (D) no PDCA.
Para efetivar a etapa do controle (C), são mensurados os resultados em relação a: situação
econômico-financeira, clientes e mercado, pessoas, sociedade, processos principais do negócio e
processos de apoio e fornecedores. Os efeitos gerados pela implementação sinérgica das práticas
de gestão e pela dinâmica externa à organização podem ser comparados às metas estabelecidas
para eventuais correções de rumo ou reforços das ações implementadas.
Esses resultados, apresentados sob a forma de informações reconhecimento, retornam a toda a
organização, complementando o ciclo PDCA com a etapa referente à ação (A).
Essas informações representam a inteligência da organização, viabilizando a análise do
desempenho e a execução das ações necessárias em todos os níveis. A gestão das informações e
dos ativos intangíveis é um elemento essencial à jornada em busca da excelência”.
6
Assim sendo, as práticas de gestão sustentável aplicadas desde 2008 no condomínio do
Edifício Residencial Porto di Nucci estão abaixo apresentadas de forma resumida, segmentadas
de acordo com os 8 critérios do MEG descritos anteriormente. Estas práticas estão
sistematicamente detalhadas em VILELA (2012).
Estas práticas estão alinhadas com os princípios de cidades sustentáveis, como: ações efetivas
voltadas para a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, visando o combate ao
aquecimento global; promoção de justiça social; destino adequado para os resíduos; aplicação de
iniciativas educacionais voltados para o desenvolvimento sustentável; planejamento condominial
eficiente, principalmente levando em consideração o longo prazo; favorecimento de uma
economia local dinâmica e sustentável; adoção de práticas voltadas para o consumo consciente
dos moradores; ações que visem o uso consciente da água, energia elétrica e gás; práticas de
programas que visem à melhoria da segurança, saúde ocupacional e qualidade de vida dos
moradores e colaboradores; valorização de espaços verdes voltados para o lazer, dentre outros.
2.1.LIDERANÇA
• Missão, Visão e Valores: os valores e os princípios organizacionais do PdN (figura
abaixo) para a promoção da excelência e criação de valor para as partes interessadas foram
proativamente definidos em 2008 pela Direção da organização, de acordo com as
expectativas e necessidades das partes interessadas. Anualmente, os valores, as expectativas
e necessidades são validadas pelos moradores presentes nas assembleias ordinárias para
aprovação da prestação de contas, eleição de síndico, subsíndico e membros do conselho
fiscal, conforme determinado na Convenção do PdN;
Visão
Ser reconhecido pela excelência em gestão condominial até 2015.
Missão
Promover a gestão condominial com o engajamento dos moradores e
colaboradores, zelando pela portaria, limpeza, manutenção e segurança do
edifício, promovendo a sustentabilidade e responsabilidade na aplicação dos
recursos financeiros.
Valores
_Ética;
_Transparência;
_Responsabilidade;
_Comunicação;
_Sustentabilidade.
7
• Análise crítica dos processos: é a verificação do cumprimento dos padrões de trabalho
para os processos gerenciais que ocorre mensalmente por meio da análise crítica feita pelo
síndico sobre os procedimentos, plano de ação, indicadores e demais controles estabelecidos
no Sistema de Gestão Condominial do Edifício Residencial Porto di Nucci (SGC | PdN), que
é o principal mecanismo de verificação do cumprimento das práticas de gestão do PdN. A
cada mês, quando do fechamento contábil, os principais resultados do SGG | PdN são
atualizados e comunicados no quadro “Gestão à vista” para todas as partes interessadas. As
ações corretivas são implementadas de acordo com as necessidades identificadas de
melhoria no padrão de trabalho;
• Levantamento de Aspectos e Impactos de Sustentabilidade: os riscos empresariais mais
significativos que podem afetar a gestão condominial do PdN são identificados,
classificados e tratados por meio da ferramenta de “Levantamento de Aspectos e Impactos
de Sustentabilidade” (conceito de sustentabilidade aplicado pelo PdN que converge os
aspectos e impactos ambientais, sociais e econômicos). De acordo com os 6 processos do
PdN, a metodologia consiste na identificação das atividades, aspectos e impactos
(ambientais, sociais e econômicos) que são classificados e quantificados de acordo com a
frequência / probabilidade, severidade e abrangência, determinando o nível de importância
de cada aspecto / impacto de sustentabilidade. Se o nível de importância for superior ou
igual a 15, o aspecto / impacto de sustentabilidade é classificado como de risco significativo.
Dos 14 aspectos e impactos de sustentabilidade, os principais riscos empresariais
identificados para o PdN, correlacionados com os macroprocessos, bem como seus aspectos
e impactos de sustentabilidade, e como são tratados estes riscos, estão apresentados abaixo:
8
_Manutenção anual dos
Perda patrimonial para os equipamentos de
e visitantes no prédio.
moradores. segurança (extintores e
hidrantes).
_O alarme tem controle
de tempo de disparo (15
Alarme (ativação /
segundos), até a
SEGURANÇA(5) desativação pelos Emissão de ruído. Incômodo à vizinhança.
comunicação com a
moradores).
Central de Alarmes
localizado na Serpol.
_Mapa de riscos | F14
Ameaça à integridade
Atividades cotidianas dos Perigos relacionados à para inventariar, priorizar
física ou psicológica dos
SEGURANÇA(5) moradores, colaboradores saúde ocupacional, e viabilizar o tratamento
colaboradores e
e visitantes no prédio. segurança e ergonomia. preventivo dos fatores de
moradores.
risco.
_Promoção de ações de
responsabilidade
GOVERNANÇA Ações e responsabilidade Questões socioambientais Ameaças socioambientais
socioambiental voltadas
CONDOMINIAL (1) socioambiental. na comunidade. para a comunidade
para a comunidade,
relacionadas no F15.
Dimensão da sustentabilidade: ECONÔMICA.
_Carta de notificação via
Administradora Zelo aos
moradores (até 2 meses);
GESTÃO ECONÔMICA- Cobrança de taxas _Carta de notificação via
Inadimplência. Contração de dívidas.
FINANCEIRA(6) condominiais. Cartório aos moradores
(acima de 2 meses);
_Abertura de processo
judicial.
_Seguro predial contra
incêndio;
Atividades cotidianas dos
Perda patrimonial da área _Manutenção anual dos
SEGURANÇA(5) moradores, colaboradores Incêndio.
comum do condomínio. equipamentos de
e visitantes no prédio.
segurança (extintores e
hidrantes).
_Controle de pagamento
Processo judicial de todos os benefícios /
GESTÃO ECONÔMICA- Remuneração de
Passivo trabalhista. Pagamento de multas e direitos trabalhistas
FINANCEIRA(6) colaboradores.
juros. previstos pela legislação
vigente.
9
moradores, sobre os desafios e as oportunidades identificadas no dia-a-dia da organização e
de deliberar sobre a melhor forma de encaminhar as ações, corretivas e/ou preventivas;
• Regulamento Interno / Convenção: tratam-se de dois documentos estabelecidos para
condomínios de acordo com o artigo 1.332 do Código Civil Brasileiro, e residualmente, pela
Lei Federal nº 4.591, de 16/dez/1964. Estes documentos estabelecem os direitos, deveres do
síndico, conselho fiscal e moradores.
2.2.ESTRATÉGIAS e PLANOS
• Mapa de macro processos: os principais macro processos do PdN são:
Limpeza: limpeza e conservação da área comum – hall de entrada, hall dos andares,
estacionamentos, salão de festas / brinquedoteca, espaço fitness e elevador;
10
• Análise SWOT: a análise de macroambiente foi aplicada a metodologia da análise
SWOT tanto para os ambientes internos quanto externos. SWOT é uma sigla inglesa para
forças ou pontos fortes (strengths), fraquezas ou pontos fracos (weaknesses), oportunidades
(opportunities) e ameaças (threats). Essa análise é atualizada anualmente, quando
necessária, durante a revisão e validação dos processos do PdN na assembleia ordinária,
levando em consideração os riscos empresariais, requisitos das partes interessadas e
desenvolvimento sustentável. Segue abaixo a análise SWOT do PdN:
AMBIENTE INTERNO
FORÇAS FRAQUEZAS
1.força de trabalho própria sem terceirização dos serviços de 1. quantidade relativamente pequena de moradores que diminui a
portaria, zeladoria e limpeza; razão do rateio e, consequentemente, eleva a taxa condominial;
2. prédio com infraestrutura nova e em excelente estado de 2. a garantia do prédio pela Construtora Barros Pimentel é de 5
conservação; anos, com vencimento em setembro de 2010;
3. quantidade relativamente pequena de apartamentos / 3.inadimplência dos moradores.
moradores que facilita a gestão condominial.
AMBIENTE EXTERNO
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
1. edifício está localizado ao lado de uma empresa de segurança 1.invasão do prédio, assalto e violência com moradores e roubo
terceirizada; do patrimônio;
2. disponibilização do espaço do telhado para alugar para 2.dívida externa com governo, fornecedores e outras partes
empresas de telefonia instalarem antenas de transmissão e interessadas da gestão anterior (antes de junho de 2007).
recepção.
11
resultados financeiros, é necessário ter responsabilidade social e ambiental nas ações
voltadas para as partes interessadas do PdN como colaboradores, moradores, proprietários,
fornecedores, comunidade do entorno e o meio ambiente.
(3) Garantir a
Zelar pelo Zelar pela LIMPEZA e (5)
funcionamento e (4) SEGURANÇA dos
MANUTENÇÃO do moradores, dos
organização da espaço de convivência
(2) colaboradores e do
PORTARIA . comum.
EXCELÊNCIA OPERACIONAL patrimônio.
PESSOAS
• Plano Plurianual da Ação: após a posse da atual Direção do PdN em 2008, estabelecido
um planejamento para se preparar para o futuro: o “Plano Plurianual de Ação”. Trata-se da
implementação das decisões decorrentes da análise do desempenho da organização que é
feita por meio do acompanhamento deste plano, que é atualizado de acordo com as novas
diretrizes determinadas pelos moradores nas Assembleias para serem realizadas no PdN.
Uma inovação implementada em 2010 nesta ferramenta foi a atualização do status dos
projetos por meio do “semáforo”: ação finalizada na cor VERDE, ação em andamento na
cor AMARELA e ação pendente na cor VERMELHA.
2.3.CLIENTES
• Perfil das partes interessadas, identificação de necessidades e expectativas,
requisitos e canais de comunicação e relacionamento: trata-se de uma metodologia e que
registra o perfil das partes interessadas, identificação de necessidades e expectativas,
12
requisitos e canais de comunicação e relacionamento. As partes interessadas mapeadas e que
estão envolvidas nos processos de gestão do condomínio são: moradores (proprietários /
locatários), colaboradores / força de trabalho, fornecedores e comunidade do entorno;
• Pesquisa de satisfação dos moradores: a satisfação dos moradores é feita anualmente
por meio da “Pesquisa de satisfação dos moradores”. O resultado da pesquisa é registrada e
acompanhada por meio do indicador estratégico “Índice de satisfação dos moradores com a
gestão do condomínio - percentual de resultados "ótimo" + "bom" (%)”. Esta pesquisa de
satisfação avalia a imagem, a excelência em gestão, engajamento dos funcionários e
moradores, sustentabilidade e gestão financeira;
• Livro para registro formal de reclamações e/ou sugestões de moradores: as
solicitações, reclamações formais ou sugestões dos moradores são registradas por escrito no
livro de reclamações que fica localizado na portaria. As solicitações, reclamações e/ou
sugestões também são formalmente registradas durante as assembleias ordinárias e reuniões
extraordinárias. Informalmente, os moradores realizam as reclamações e/ou sugestões
diretamente para o síndico por meio de conversas diretas, pelo interfone, telefone ou por
email. As reclamações e/ou sugestões podem ser estratificadas em duas formas: a) relativas a
desvio de comportamento de outros moradores que infringem a Convenção e/ou
Regulamento do PdN; b) relativas a ações de melhoria na infraestrutura do PdN ou
mudanças nos processos de portaria, limpeza, manutenção ou segurança. Como aprendizado
do processo na gestão de conflitos entre moradores, em relação às primeiras reclamações,
como boa prática, o síndico orienta o(s) reclamante(s) a tratar diretamente com o(s)
reclamado(s) para resolver o problema e manterem a convivência harmoniosa entre os
mesmos. Persistindo o impasse, o síndico atua como mediador para resolver a questão e, em
casos extremos, os reclamado(s) são advertidos formalmente por escrito e, de acordo com a
gravidade da reclamação, são multados de acordo com os artigos previsto na Convenção do
PdN. Já em relação ao segundo tipo, as reclamações e/ou sugestões são inseridas no “Plano
Plurianual de Ação” e são classificadas como melhorias sugeridas por “moradores”. Todas as
manifestações dos clientes são prontamente e eficazmente resolvidas, como estão registradas
nos meios descritos de avaliação dos clientes;
• Assembleia kids & teens (ciranças e adolescentes): trata-se de uma assembleia voltada
para as crianças e adolescentes residentes no edifício, com a colaboração de mães e pais e
uma pedagoga, para tratar de temas e questões específicas para este público, como por
exemplo, estabelecer padrões de organização e uso da brinquedoteca;
13
• Implementação de metodologia para avaliação da imagem institucional: inovação
implementada para avaliar a imagem da organização perante o mercado: acompanhar e
registrar a quantidade de matérias positivas sobre o PdN publicadas na mídia – televisão,
rádio, internet e jornal. O resultado deste clipping é registrado e acompanhado por meio do
indicador de resultado “Imagem institucional do PdN na mídia”.
2.4.SOCIEDADE
• Inventário de gases de efeito estufa: especificamente sobre o tema Mudanças
Climáticas, proativamente, o PdN quantifica desde 2008 (ano base) as emissões de gases de
efeito estufa e publicou em o 1º inventário de gases de efeito estufa (GHG) de acordo com o
GHG Protocol. A elaboração do inventário e o acompanhamento das emissões de CO 2
equivalentes por meio de indicador específico no SGC | PdN contribuem para conscientizar
os moradores sobre este tema, principalmente no que tange ao papel de cada indivíduo,
independente da idade, como agente de mudança em prol de um mundo melhor. Esta é uma
inovação implementada para ampliar as ações do PdN em consonância com a agenda global
de sustentabilidade. Em 2012, foi implementada outra inovação nessa área: asseguração do
inventário de gases de efeito estufa (GHG) por terceira parte e o publica na base de
inventários do Programa Brasileiro GHG Protocol (FGV) –
www.registropublicodeemissoes.com.br. Alinhada a esta iniciativa, foi implementada em
2012 outra inovação com impacto positivo na sustentabilidade do PdN: substituição do
abastecimento de gás tipo GLP (gás liquefeito de petróleo) por GN (gás natural) que
propiciou uma redução de 1,250 ton. de CO2 equivalente nas suas emissões, equivalente a
18,2% de todas as emissões do ano passado;
• Coleta seletiva - relação de resíduos recicláveis e não recicláveis: a destinação dos
resíduos domésticos gerados pelos moradores é separada entre resíduos não recicláveis -
saco de lixo PRETO (coletados de segunda a sábado e destinados para a coleta de resíduos
da Prefeitura de Campinas) e resíduos recicláveis – saco de lixo AZUL (coletados às terças e
sextas-feiras e destinados para a coleta seletiva realizada por organizações locais). Para
orientar os moradores nesse processo, atrás de cada porta que dá acesso às escadas de
emergência está fixado o painel educativo “Coleta seletiva” para esclarecer aos moradores
quais resíduos são recicláveis e os que não são recicláveis;
• Mapa de riscos: em relação à saúde e segurança dos moradores, existe o “Mapa de riscos”
em cada pavimento do PdN: hall de entrada, hall social nos andares, portaria, espaço fitness,
salão de festas / brinquedoteca, estacionamento no térreo e estacionamento no subsolo. Estes
14
mapas seguem as diretrizes de acordo com a Portaria n° 05 do Ministério do Trabalho em
17/08/92 tratando da obrigatoriedade, por parte de todas as empresas, da "representação
gráfica dos riscos existentes nos diversos locais do edifício". O mapa, que é uma inovação
que representa graficamente os riscos de acordo com a classificação estabelecida na tabela
4.a: o grau (leve, médio e grave) e tipo de risco (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos
e acidentes). Os riscos são descritos quanto ao tipo (por exemplo, como ruídos, gases,
protozoários, esforço físico intenso e/ou inadequado) ou quanto aos agentes causadores (por
exemplo, som muito alto, má postura do corpo em relação ao local de trabalho,
equipamentos inadequados etc.). Para cada tipo de risco, é estabelecido um ou mais
controle(s) para reduzir e/ou mitigar as suas consequências;
Graudo risco Tipo de risco
LEVE FÍSICOS
QUÍMICOS
MÉDIO BIOLÓGICOS
ERGONÔMICOS
GRAVE ACIDENTES
2.5.INFORMAÇÕES e CONHECIMENTO
• Porto di Nucci NEWS: publicação que informa as principais realizações do Plano
Plurianual de Ação | F03, convocação de reuniões, ações de responsabilidade socioambiental
etc., visando estreitar a comunicação com os moradores;
• Quadro “Gestão à vista” para comunicação das informações, indicadores
estratégicos e de resultado: quadro localizado no hall de entrada do condomínio com as
15
principais informações do SGC | PdN para o engajamento dos moradores e colaboradores
para alcançar a Missão e estratégia do PdN, dentre outras informações;
• Sistema de monitoramento e gravação de imagens / alarme: sistema de informática
utilizado para os colaboradores na portaria monitorar 10 locais críticos para a segurança do
PdN no controle de acessos de pessoas, incluindo a gravação das imagens e o
acompanhamento em tempo real pelos moradores em seus apartamentos. O monitoramento e
registro do alarme são efetuados pela empresa de segurança vizinha ao condomínio.
2.6.PESSOAS
• Pesquisa de satisfação dos colaboradores: como melhoria no processo de a avaliação de
satisfação dos colaboradores, foi criada “Pesquisa de satisfação dos colaboradores” que é
feita anualmente e o resultado da pesquisa é acompanhado pelo síndico no “Painel de
Controle”. Esta prática tem como objetivo eliminar falhas nos processos para aumentar a
satisfação dos moradores. Dos resultados da pesquisa de satisfação, foi identificado que os
colaboradores, apesar de receberem regularmente o pagamento de horas extras, não tinham
folga em feriados e aos sábados emendados com os domingos. Desta forma, como
aprendizado na gestão de colaboradores e na melhoria da sua satisfação, após a aprovação
em assembleia ordinária em 2010, a escala de trabalho foi alterada para os colaboradores
gozarem os feriados e os sábados de forma intercalada: enquanto um colaborador folga num
sábado e/ou feriado prolongado, o outro colaborador trabalha durante horário comercial, das
8h às 17h. Esta inovação no processo, além de melhorar o grau de satisfação dos
colaboradores no ambiente de trabalho, também gerou um formulário para registrar e
controlar a programação de trabalho: “Escala de trabalho aos sábados e feriados”. Em suma,
a partir desta prática, o PdN também avalia o clima organizacional e implanta melhorias nos
processos relacionados a pessoas, como descrito acima. E, por fim, esta medida contribui
também para melhorar outro objetivo estratégico, o de reduzir a taxa condominial, já que
esta ação permitiu reduzir em 50% o pagamento de horas extras aos sábados e feriados;
• Descrição de cargo e atividades: a organização do trabalho no PdN é definida de acordo
com esta ferramenta que estabelece as competências necessárias para exercer a função para
os cargos de zelador e porteiro: formação, habilidade, experiência profissional anterior,
horário de trabalho, horário para refeição, atividades de trabalho durante a semana e as
diretrizes de relacionamento com os moradores / síndico. A descrição de cargo e atividades
contribui para promover a sinergia de trabalho entre os colaboradores e a produtividade do
sistema de trabalho. Além disso, os colaboradores contribuem para a melhoria dos processos
16
e na busca pela inovação por meio de sugestões e/ou críticas que são registradas e
acompanhadas por meio da ferramenta “Gestão de não conformidades: registro, tratamento,
avaliação e encerramento | F26”. As práticas deste critério estão correlacionadas com o
objetivo “Aumentar a SATISFAÇÃO dos colaboradores”;
• Frequência na academia / qualidade de vida: visando a promover a qualidade de vida
entre os colaboradores do condomínio, eles possuem flexibilidade no horário de expediente
com a destinação de 30 minutos para a prática de exercícios físicos no espaço fitness, além
do horário de almoço. Este tempo de 30 minutos diários é doado aos colaboradores para a
prática de ginástica;
• Plano de Emergência: visa a esclarecer os procedimentos e o uso dos acessórios na
ocorrência de incidentes no PdN, como falta de energia elétrica, pane no elevador, defeito
no portão eletrônico etc. Todos os acessórios descritos abaixo estão na “Caixa de
Emergência” que está localizada na saída do elevador do subsolo;
2.7.PROCESSOS
• Sistema de Gestão Condominial Porto di Nucci | SGC PdN: trata-se de um conjunto
de processos, procedimentos, formulários, documentos e manual de gestão criado pelo
síndico para garantir o controle dos processos, a excelência da gestão, o atendimento dos
requisitos das partes interessadas e a promoção da melhoria contínua dos procedimentos. O
SGC | PdN tem como base tecnológica os programas da Microsoft Office Excel e Word e os
documentos eletrônicos são de acesso exclusivo do síndico. A versão impressa dos principais
documentos do SGC | PdN estão fixadas no quadro “Gestão à Vista” localizado no andar
17
térreo do edifício (verificar os detalhes no critério 3.c), bem como no “Manual de Gestão”
localizado na portaria;
• Prospecto informativo com os princípios organizacionais e de segurança: os
fornecedores que atuam no processo de manutenção do PdN, ao cadastrarem-se na portaria,
recebem um prospecto informativo com os seus princípios organizacionais e com as
diretrizes de saúde e segurança que devem ser seguidas dentro das instalações do edifício
durante a execução dos serviços. Para garantir o cumprimento destas diretrizes, que ressalta
sobre a obrigatoriedade do uso de EPIs/EPCs, o zelador /ou a porteira, dependendo do turno
de execução do serviço, acompanha o fornecedor para verificar a observância das diretrizes
de saúde e segurança do PdN;
• Avaliação de fornecedores: esta ferramenta avalia os fornecedores de materiais ou
prestação de serviços, de acordo com os seguintes critérios: qualidade na prestação do
serviço / do produto; atendimento ao prazo na prestação do serviço / na entrega do produto;
preço justo da prestação do serviço / do produto; preocupação com responsabilidade
ambiental e segurança na prestação do serviço / elaboração do produto;
• Controle de requisitos legais: ferramenta específica para identificar e avaliar os
requisitos legais, normativos e voluntários aplicáveis ao condomínio, como por exemplo:
Lei 10.406/02, Lei 8.245/91, Convenção do PdN, Regulamento interno do PdN, ABNT NR
7 – PCMSO, ABNT NR 9 – PPRA, ABNT NBR 10.898, ABNT NBR 12.779, ABNT NBR
12.962, dentre outros.
2.8.RESULTADOS
• Painel de controle: os indicadores para a avaliação da implementação das estratégias e
suas respectivas metas são definidos de acordo com os objetivos estratégicos no “Mapa
estratégico” e registrados no “Painel de Controle”. Nesta tabela, os indicadores são
apresentados para evidenciar a integração entre os temas estratégicos, objetivos estratégicos,
macro processos, indicador estratégico e indicador de resultado, referenciais comparativos e
os requisitos das partes interessadas identificadas. Neste sistema de medição do
desempenho, a Direção do PdN controla 10 indicadores estratégicos e seus respectivos 30
indicadores operacionais, que inclui o acompanhamento dos resultados do mensais dos
indicadores no ano corrente em relação à meta do ano, o histórico dos resultados
quantitativos dos últimos três anos, análise de tendência e comparação com empresas de
referência (benchmark – referencial comparativo). A evolução nos últimos 5 anos dos
principais indicadores estão apresentados no capítulo 3 deste artigo.
18
Tema estratégico ECONÔMICO-FINANCEIRO
Objetivos estratégicos Indicadores estratégicos Meta Indicadores operacionais Meta Principais ações | F03
_Redução das despesas operacionais que
1.1.Valor total das despesas
≤ 136 mil incluiu a eliminação do 3º turno da portaria,
1.Valor médio da taxa ≤ 250,0 acumuladas no ano (R$) iluminação automática nas garagens com
condominial (R$) 1.2.Diferença entre receita e sensor de presença, instalação de lâmpadas
≥ 0,0 econômicas, instalação de gás encanado,
despesa (R$)
Manter a taxa revezamento na escala de trabalho reduzindo
condominial em um 2.1.Valor total investido em em 50% o pagamento de horas extras aos
VALOR JUSTO e, melhorias no prédio – despesas ≥ 35 mil sábados e feriados;
quando possível, reduzi- não rateadas (R$)
2.Percentual da redução média _Investimento em melhorais estruturais no
la(6).
≤ 0,0 2.2.Índice de avaliação sobre a prédio cujas despesas não são rateadas entre os
da taxa condominial (%)
gestão econômico-financeira – moradores na taxa condominial, que contribui
≥ 93,4 para reduzir o valor mensal da taxa de
percentual de resultados “ótimo”
condomínio.
+ “bom” (%)
_Pagamento da dívida externa relativa a
3.1.Percentual do acumulado no
impostos atrasados (INSS, IPRJ, PIS/COFINS
ano da inadimplência INTERNA e ISSQN);
da taxa condominial (< 2 meses ≤ 6,7
3.Dívida EXTERNA total – de débito) em relação ao total de _Locação do espaço do telhado para empresa
colaboradores, fornecedores, = 0,0 arrecadação (%) de telefonia celular Oi instalar suas antenas de
governo (R$) transmissão / recepção;
Não contrair DÍVIDAS e 3.2.Percentual de inadimplência
aumentar o FUNDO de INTERNA (acima de 2 meses de = 100
_Formação de fundo de reserva com o
RESERVA(6). débito) com ação judicial (%) investimento em renda fixa;
19
6.1.Quantidade de assembleias
ordinárias, reuniões
≥3 _Realização proativa de reuniões e votações
extraordinárias e plebiscitos para a tomada de decisões na gestão
realizadas (qtde.) condominial, além das assembleias ordinárias
previstas no Código Civil;
Promover a governança 6.2.Quantidade de comunicados
condominial por meio da do "Porto di Nucci NEWS | F11"
≥ 30 _Transparência das ações por meio de
GESTÃO 6.Participação média dos disponibilizados no elevador informativos como o Porto di Nucci NEWS,
PARTICIPATIVA(1) dos moradores nas assembleias (qtde.) quadro “Gestão à Vista”, boleto da taxa
≥ 51,0 condominial etc.;
moradores com ordinárias, extraordinárias 6.3.Percentual de ações
engajamento, e/ou outras reuniões (%) implementadas originadas de
≥ 72,6 _Inserção de sugestões dos moradores no
comunicação, sugestões de moradores + “Plano Plurianual de Ação”;
transparência e ética. assembleia / plano plurianual de
ação | F03 (%) _Envio de releases para a imprensa afim de
melhorar a imagem institucional do PdN.
6.4.Qtde. de matérias positivas ≥7
sobre o PdN publicadas na mídia.
7.1.Quantidade de reclamações
relativas ao funcionamento e ≤1
_Ampliação de 3 para 8 câmeras de
7.Percentual de melhorias organização da portaria (qtde.) monitoramento do edifício que facilita o
Zelar pelo funcionamento
implementadas na portaria / ≥ 70,6 controle do acesso de moradores, visitantes e
e organização da fornecedores em todos locais de entrada e saída
acumulado no plano plurianual 7.2.Índice de satisfação sobre o
PORTARIA(2). do edifício;
de ação | F03 (%) funcionamento e organização da
≥ 86,7 _Organização do espaço da portaria.
portaria - percentual de resultados
"ótimo" + "bom" (%)
20
Tema estratégico PESSOAS
Objetivo estratégico Indicador estratégico Meta Indicadores operacionais Meta Principais ações | F03
10.1.Quantidade de dias ausentes
≤ 12
(qtde.)
10.2.Quantidade de acidentes de _Pagamento em dia de salários e benefícios;
trabalho - lesões leves / graves =0 _Definição de escala de trabalho aos sábados e
feriados, permitindo o revezamento de trabalho
(qtde.)
10.Índice de satisfação dos e ampliando a folga dos colaboradores;
Aumentar a colaboradores no ambiente de 10.3.Percentual de melhorias _Flexibilidade no horário de trabalho em casos
SATISFAÇÃO dos trabalho - percentual de = 100,0 implementadas no local / de urgência;
colaboradores(1). resultados "ótimo" + "bom" processo de trabalho / acumulado ≥ 77,8 _Mapa de riscos em todos ambientes;
(%) no plano plurianual de ação | F03 _Uniforme para os colaboradores;
(%) _Reforma da cozinha dos colaboradores;
_Promoção de ações de desenvolvimento e
10.4.Quantidade de homem / capacitação dos colaboradores.
mulher horas de treinamento ≥ 8,0
(HMHT).
3.Resultados alcançados
21
• 100% de inadimplência sob controle: a inadimplência dos moradores do PdN superior a 2
meses de atraso no pagamento da taxa condominial está com ação judicial para cobrança. Este
resultado deve-se a uma gestão pautada em ações de controle que inibem a inadimplência dos
moradores com taxas condominiais com mais de 2 meses de atraso;
• 58,9% de redução na taxa de condomínio: no período histórico dos últimos 5 anos, de
dez/2008 a dez/2012, a taxa condominial reduziu em 30,5%, enquanto que a inflação no
mesmo período foi de 28,44%2. Ou seja, incluindo a inflação, é possível afirmar que o valor
da taxa condominial reduziu em 58,9%. Além disso, comparado com o condomínio que é
considerado referencial comparativo (benchmark) do PdN, a sua taxa condominial (R$
834,00) é 3,6 vezes superior que a taxa condominial média do PdN em dez/12 (R$ 234,70);
• R$ 0,0 de dívida com governo, fornecedores e / ou terceiros: em junho/09 a dívida com os
impostos do PdN, que era superior a R$ 10 mil, foi completamente quitada e hoje em dia o
condomínio não possui dívidas com governo, fornecedores e / ou terceiros;
• 100% de satisfação entre os colaboradores: a pesquisa anual de satisfação entre os
colaboradores revelou que os colaboradores do condomínio estão 100% satisfeitos em
trabalhar no PdN. A pesquisa abrange questões como ambiente de trabalho, relacionamento
com os moradores, disponibilidade de equipamentos e materiais para você executar o seu
trabalho, relacionamento com o colega de trabalho, saúde e segurança, relacionamento com o
síndico, remuneração, pagamento de horas extras e flexibilidade do horário de trabalho;
• 0 de absenteísmo e 0 acidentes no trabalho: com certeza, um número invejado por muitas
organizações – em 5 anos, nunca ocorreu um acidente de trabalho no condomínio e nenhum
dos colaboradores faltou durante o expediente de trabalho. Isso devido às práticas de
preocupação com a saúde e segurança do colaborador e às ações de melhoria do clima
organizacional;
• 93,3% de satisfação entre os moradores: a pesquisa anual de satisfação dos moradores
revelou que os moradores estão 93,3% satisfeitos com a governança condominial, a gestão
econômica financeira, manutenção, limpeza, portaria e segurança;
• 53,6% de engajamento dos moradores: em 2012, a média de participação dos moradores
nos mecanismos decisórios do PdN foi de 53,6%. Em contrapartida à média de 10% de
participação nas assembleias, de acordo com uma pesquisa do portal Sindiconet 3 - portal
especializado voltado para síndicos e condomínios;
2 Fonte: http://www.portalbrasil.net/ipca.htm (acessado em 7 de março de 2013).
22
• 52,3% de redução no consumo per capta de água: o consumo de água per capta reduziu em
18,0% devido às ações de conscientização e acompanhamento mensal do consumo;
• 43,6% de redução no consumo per capta de energia elétrica: como aprendizado no
processo de controle do uso de recursos naturais, foi implementada uma melhoria no processo
para reduzir o consumo de energia elétrica do edifício, com a instalação de lâmpadas tipo
LED e sensores fotovoltaicos para a iluminação das garagens nos andares térreo e subsolo;
• 17,9% de redução no consumo per capta de gás: o consumo de gás per capta reduziu em
17,9% devido às ações de conscientização e acompanhamento mensal do consumo;
• 12,1% de redução nas emissões de gases de efeito estufa (CO 2): o PdN obteve uma
redução de 12,1% em relação ao ano base (2008). Para efeito de inventário de gases de efeito
estufa, de acordo com a metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol (FGV), adotada
pelo PdN para a elaboração do seu inventário, a comparação deve ser feita sempre em relação
ao ano base do inventário, que em 2008, contabilizou 8,740 ton. de CO2 equivalente. Esta
redução também se deve à substituição do abastecimento de gás tipo GLP por GN no meio do
ano, uma diferença de 1,250 ton. de CO2 equivalente (escopo 1), redução equivalente a 18,2%
de todas as emissões do PdN em 2012. Uma comparação consistente das emissões de GEE ao
longo do tempo requer o estabelecimento de conjunto de dados de desempenho que possam
ser medidos e acompanhados. Os dados de desempenho são as emissões que compõem o ano
base. De acordo com a metodologia, o ano base pode ser o atual ano de elaboração do
relatório ou qualquer ano anterior para o qual estejam disponíveis dados de emissões que
possam ser verificados de acordo com as especificações do Programa Brasileiro GHG
Protocol. O PdN escolheu 2008 como ano base do seu inventário GEE devido à consistência
das informações consolidadas no Sistema de Gestão Condominial Porto di Nucci | SGC PdN;
• Homebook Condomínios: visando a disseminar as práticas de gestão do PdN, trata-se de um
portal desenvolvido especificamente para ser uma rede social voltada para o relacionamento
entre síndico, subsíndico, condôminos e a empresa administradora e que oferece soluções de
gestão condominial inovadoras e totalmente gratuitas para estes públicos, além de engajá-los
no processo de gestão;
• Ações de responsabilidade socioambiental: o PdN promove mensalmente diversas ações de
responsabilidade social voltadas para a mobilização dos moradores. As ações incluem
campanhas como: dicas de segurança nas estradas e cuidado com o veículo; campanha de
incentivo à doação de sangue para o Hemocentro da Unicamp; mudanças climáticas; redução
do consumo de recursos naturais; mobilização dos moradores para arrecadação de donativos
para os desabrigados; mobilização e dicas para o combate à dengue; dia mundial da água;
23
campanha de arrecadação de agasalhos; dia Mundial de preservação do meio ambiente; dia
mundial de prevenção à AIDS, dentre outros.
4.Considerações finais
De acordo com o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, estima-se que, até 2030, mais de
6 bilhões de pessoas estejam morando em centros urbanos. Só na América Latina, 81% da
população vive em cidades. O tamanho da população e o rápido crescimento impactam em
questões como problemas de trânsito, infraestrutura, exclusão social, explosão demográfica,
impactos ambientais, dentre outros ETHOS (2012).
Por essas e outras, incluir a sustentabilidade nas cidades é algo indispensável e fortalecê-la
significa criar ambientes com condições de um desenvolvimento social justo, gerar empregos de
qualidade e catalisar o acesso à qualidade de vida. No Brasil, atualmente, de acordo com o IBGE
(Instituo Brasileiros de Geografia e Estatística), Hoje, 1 em cada 10 brasileiros mora em prédios
IBGE (2013). Entre as explicações, estão o aumento da renda, do emprego e do crédito, além de
que , morar em prédios também se transformou em status, símbolo de prosperidade. E a falta de
terrenos nas grandes metrópoles levou o mercado imobiliário a novos endereços.
Alinhada com esta proposta de cidades sustentáveis, a busca pela excelência da gestão
sustentável condominial no Edifício Residencial Porto di Nucci rendeu ao condomínio três
reconhecimentos:
• Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão no nível I | 250 pontos | categoria pequenas e
médias empresas: conferido em 2011 pelo Ipeg (Instituto Paulista de Excelência Gestão), o
PdN foi o primeiro condomínio do Brasil a receber um prêmio pela qualidade da gestão;
• Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão no nível II | 500 pontos | categoria pequenas e
médias empresas: conferido em 2012 Ipeg (Instituto Paulista de Excelência Gestão), o PdN
foi o primeiro condomínio do Brasil a receber um prêmio pela qualidade da gestão nesta
categoria – medalha de PRATA;
• GHG PROTOCOL | GHG: publicação do inventário de gases de efeito estufa (GHG) no
site do Programa Brasileiro GHG Protocol (FGV) – Selo PRATA, que é a publicação do
inventário completo – escopos 1 (emissões diretas), 2 (provenientes do consumo de energia
elétrica) e 3 (emissões indiretas). Também de forma pioneira, é o único condomínio
residencial do Brasil a utilizar essa metodologia desenvolvida pela ONU e publicar o seu
inventário nesta plataforma com corporações de todo o Brasil.
Concomitantemente, como aprendizado desde 2008 da implementação do Sistema de Gestão
Condominial do Edifício Residencial Porto di Nucci, em 2012, teve início o desenvolvimento de
24
uma inovação, um portal na internet denominado Homebook Condomínios. Este portal é uma
rede social voltada para o relacionamento entre síndico, subsíndico, condôminos e a empresa
administradora parceira Zelo Imóveis e que oferece soluções de gestão condominial inovadoras e
totalmente gratuitas para estes públicos.
Com este portal, a organização pretende, além de aperfeiçoar a gestão dos seus processos e
engajar as suas partes interessadas por meio do ambiente virtual, disseminar estas e outras
melhores práticas de gestão para os síndicos, condôminos, administradoras de condomínios,
fornecedores de materiais e prestadores de serviços condominiais de todo o país.
E, por fim, desta forma, contribuir para aperfeiçoar a gestão de condomínios das cidades
brasileiras para serem mais sustentáveis e, consequentemente, contribuir para construção de
cidades mais sustentáveis.
5.Referência bibliográfica
25
Habitações populares: como os moradores convivem com a ausência de conceitos
sustentáveis
(a) FATEC Tatuapé – Rua Antonio de Barros, 800 – Tatuapé – São Paulo – SP, CEP:
03401-000
(b) Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. – Rua Prof.
Almeida Prado, 532 – Butantã – São Paulo – SP – CEP: 05508-901
Resumo
Abstract
Governments often invest in affordable housing to improve living conditions for poorer citizens.
In Brazil however, it is common for people living in these housing projects to complain about
poor lighting and ventilation and its hazardous effects such as mold. To confirm and evaluate
these conditions, a field survey was conducted in the Monteiro housing project, located in
Cidade Tiradentes neighborhood in São Paulo-SP. This housing project is composed of 12
separate buildings with a total of 576 apartments. Six apartments in each of four buildings were
surveyed, comprising 8 apartments in the first floor, 4 in the second, 4 in the third and 8
apartments in the fourth floor. The buildings surveyed were chosen to include buildings poorly
and well positioned with respect to natural lighting (the sun usually faces north) and preferential
wind in São Paulo (south and southeast winds). Apartments in upper floors were considered to
be well lit with good natural ventilation. On first floor apartments, on the other hand, the
opposite was observed and forced ventilation and artificial lighting are necessary even during
the day, which implies unnecessary waste of energy. While the design of the buildings did use
sustainability guidelines, the first floor residents do not enjoy its advantages.
1. Introdução
2. Metodologia
Figura 1. Orientações Norte (N), Sul (S),Leste (L) e Oeste (O) e prédios 1, 2, 3 e 4 da
COHAB onde os moradores foram entrevistados – Bairro Cidade Tirandentes – São
Paulo – SP (foto de satélite obtida por meio do Google Earth em 10 de maior de 2013)
O local onde esses edifícios foram construídos possui um relevo íngreme com
altitude variando de 810 m até 838 m (ver Figura 2). A região é dominada por casas e
sobrados, tal que, esse terreno é classificado na categoria III de acordo com a norma
NBR 6123:1988.
Figura 2. Altitudes de alguns pontos do terreno onde estão construídos os edifícios com
moradores entrevistados. A quina frontal da figura está localizada na face sudeste, por
onde o vento preferencial incide (fotos obtidas e tratada por meio do Google Sketchup)
• Prédio 3 – é o edifício mais desobstruído para receber o vento sul e sudeste. Sua
também possui uma face voltada para nordeste e devido à elevação do terreno,
esse prédio recebe a luz do sol desde o seu nascer até aproximadamente às 16
horas; e
Cada prédio é constituído de quatro andares e seis blocos (ver Figura 3),
totalizando 48 apartamentos por prédio. As entrevistas foram realizadas com moradores
de 24 apartamentos de acordo com a seguinte distribuição:
3. Resultados
Figura 7. Percepção dos moradores quanto aos horários em que há iluminação natural
Ventilação Natural
Quando perguntados sobre a ventilação natural do apartamento, no geral, 19
moradores responderam que era boa e 5 responderam que era ruim, como mostrado na
Figura 8. Chama a atenção que os 5 moradores que afirmaram ter condições ruins de
ventilação natural, moram no primeiro andar.
Quanto à irradiação térmica solar, nota-se que, pela resposta dos moradores do
primeiro andar, que ela ocorre predominantemente entre as 7 e 11 horas. O que, de certa
forma, é favorável à questão de melhor conforto térmico nos apartamentos, pois no final
da tarde, por não haver irradiação, o apartamento tente e estar com temperatura mais
baixa do que os outros que foram irradiados durante o dia inteiro. No entanto, essa
resposta dos moradores parece contraditória quando comparada com a resposta à
iluminação, pois os moradores afirmaram que o apartamento é iluminado durante a
manhã (das 7 às 11h) e no final do dia (das 16 às 18h). Porém, essa resposta não pode
ser descartada por essa comparação com a iluminação, pois, ao verificar os outros
pontos, comparando irradiação solar (baixa e somente pela manhã), com umidade (6 de
8 apartamentos possuem mofo) e ausência de ventilação natural (5 de 8 apartamentos
reclamaram), percebe-se que as respostas estão correlacionadas (ver Figuras 8 e 11).
Figura 11. Resultados das sensações e constatações de umidade, iluminação e irradiação
térmica nos apartamentos dos primeiros andares de cada bloco
Sensação térmica
O terceiro e último item do questionário, a ser abordado nesse trabalho, é com
relação à sensação térmica. É comum moradores de habitações populares reclamarem
que a casa, ou apartamento, em dias quentes é muito quente, e em dias frios é muito
frio. Por meio dessa pesquisa, foi verificado que nos dias quentes, 7 de 24 apartamentos
(29%) possuem clima ameno no interior do apartamento (ver Figura 12), e que nos dias
frios, 13 de 24 apartamentos (53%) possuem o clima ameno. Esse resultado mostra que,
pelo menos no frio, mais da metade dos moradores não têm sensação de frio extremo,
ou seja, para eles a sensação térmica do apartamento é confortável.
Figura 13. Resultado da sensação térmica, no primeiro andar, nos dias quentes e frios
4. Conclusões
Referências
ASSIS, Eleonora Sad de, PEREIRA, Elizabeth Marques Duarte, SOUZA, Roberta
Vieira Gonçalvez de, DINIZ, Antônia Sônia Alves Cardoso, “Habitação social e
eficiência energética: um protótipo para o clima de Belo Horizonte”, II Congresso
Brasileiro de Eficiência Energética - IICBEE. Todos os direitos reservados ABEE.
Prédio 1
No primeiro andar, houve mais divergências entre os resultados da entrevista dos dois
apartamentos escolhidos do que no resultado das entrevistas do quarto andar. E um dos
apartamentos foi dito que a ventilação predominante é do sudeste, no outro do oeste, em
um o morador utiliza iluminação artificial durante o dia por 8 horas e o outro não
utiliza. Um utiliza ventilador o dia todo, o outro não. Um apartamento foi considerado
muito quente no verão e ameno no inverno, e o outro ameno no verão e muito frio no
inverno, em um há pontos de umidade no banheiro (no teto), no outro nem um ponto de
umidade excessiva foi detectado, em um foi dito que não há percepção de clima e
ventilação anormais, no outro foi dito que provavelmente pelo fato de o apartamento
estar no térreo e haver paredes ao redor há o impedimento de ventilação.
Prédio 2
No primeiro andar, o resultado das entrevistas aos moradores de dois apartamentos foi
contrastante em alguns aspectos, um considerou o ambiente bem ventilado, o outro não.
Um considera o clima ameno tanto nos dias frios como nos dias quentes, o outro
considera calor excessivo nos dias quentes e frio excessivo nos dias frios. Um informou
a ocorrência de umidade elevada nas paredes dos quartos, o outro informou não haver
este problema. Um informou que a direção de maior incidência de vento é do leste, já o
outro não soube passar esta informação. Uma informação que coincidiu entre os dois
moradores é que ambos fazem uso de ventilador em torno de duas horas por dia.
Prédio 3
No primeiro andar, as respostas dos moradores dos dois apartamentos escolhidos não
foram muito uniformes, um teve a percepção de que a direção de maior incidência de
vento é do leste, o outro do sudeste. Ambos os moradores consideram a ventilação do
ambiente ruim e quanto à cozinha, um informou que não há ventilação e o outro
classificou como média. Um utiliza o ventilador durante o dia todo e o outro somente
vinte minutos por dia. Ambos afirmaram haver pontos de umidade elevada e formação
de mofo e que nos dias quentes o clima interno fica muito quente, já nos dias frios, um
considerou o clima ameno e o outro, muito frio, um informou que o apartamento recebe
iluminação natural no final da tarde, o outro afirmou não receber iluminação natural em
nenhum momento do dia.
Prédio 4
No quarto andar houve bastante semelhança entre as respostas dos moradores dos dois
apartamentos escolhidos para as entrevistas. Ambos os moradores afirmaram que a
direção do vento predominante é o sudoeste, consideraram a ventilação do ambiente
como um todo e inclusive da cozinha como boa, não utilizam ventilador, não utilizam
iluminação artificial durante o dia, informaram que os apartamentos recebem
iluminação natural no final da tarde, afirmaram não haver pontos de umidade excessiva
e nem de mofo no ambiente, consideram que nos dias quentes o clima interno torna-se
muito quente, mas nos dias frios um considera o clima muito frio já o outro, ameno.
No primeiro andar algumas das respostas mais relevantes dos moradores dos dois
apartamentos escolhidos foram bastante distintas, um informou que a direção de maior
incidência de vento é do sudoeste e afirmou que a cozinha e o ambiente como um todo
são bem ventilados, já o outro afirmou não perceber ventilação no apartamento de
nenhuma direção. Ambos classificaram o clima interno nos dias frios como ameno, já
nos dias quentes, um classificou como muito quente e o outro como ameno, ambos
afirmaram ocorrência de pontos de umidade excessiva e mofo nos apartamentos. De
modo geral um se mostrou mais desconfortável que o outro morador.
Mini-currículo dos autores:
Sasquia Hizuru Obata – Possui graduação em Engenharia Civil pela Fundação Armando
Álvares Penteado, graduação em nível Superior de Formação de Professores de
Disciplinas pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, mestrado em Engenharia
Civil pela Universidade de São Paulo e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Mackenzie. Atualmente é professora da Fundação Armando Álvares
Penteado- FAAP, e da Fatec Tatuapé. Atua academicamente na área de Engenharia Civil
e Arquitetura, com ênfase em Estruturas de Concreto, Materiais e Tecnologias
Construtivas e Sustentabilidades. Coordena o curso de Lato-Sensu em Construções
Sustentáveis. Desenvolve e coordena projetos em sustentabilidades das construções,
estando na direção de sustentabilidades da RTKSP. E-mail: sasquia.obata@gmail.com
Daniel de Andrade Moura – Possui graduação em Física (2006) pelo IFSP, é especialista
em Engenharia de Sistemas (2008) e Mestre em Energia (2009) pela Universidade
Federal do ABC. Atualmente é professor da FATEC Tatuapé coordenando o grupo de
Energia. E-mail: ascencao@hotmail.com
Gilder Nader - É físico e mestre em ciências pelo Instituto de Física da UFF e doutor em
engenharia mecânica pela Escola Politécnica da USP. Atualmente trabalha no IPT na
Área de Aerodinâmica Industrial e Engenharia do Vento e é professor na FATEC
Tatuapé. Suas principais publicações são artigos técnicos & científicos e relatórios
técnicos de ensaios em túnel de vento para determinação de dispersão de contaminantes,
projetos seguros de plataformas de petróleo off-shore, ensaios de aerogeradores para
determinação de curvas de desempenho, características de conforto térmico e
carregamento do vento. E-mail: gnader@ipt.
Política urbana e sustentabilidade: subsídios ao processo de revisão do plano
diretor de Franca
Mauro Ferreira*1
Resumo
Urban policy and sustainability: the grants of master plan review process of Franca
The paper discusses the results of the implementation of the Master Plan Franca - PD, mean
inner city SP, already approved in 2003 under the auspices of the City Statute, from proposals
and practices developed by the Municipality in urban space. The paper presents two main lines
of research and analysis: the urban development policy actually adopted by the municipality
and the proposals set out in the law for the implementation of the Master Plan, taking into
account the criticisms in the literature on the ineffectiveness of PD as a tool for real
transformation of Brazilian cities.
1Professor e pesquisador do LabDES – UNESP – Franca, bolsista pós-doc FAPESP. Formado em Arquitetura e
Urbanismo, cursou mestrado e doutorado no IAU-SC da USP, foi secretário de Planejamento do Município de
Franca (1997-2004), autor dos livros “Franca, itinerário urbano” (1983) e “Arquitetura e Urbanismo Modernos em
Franca” (2007).
e-mail mauroferreira52@yahoo.com.br
It was found that the diagnosis given, far from being unrealistic, took into account the local
urban conditions, establishing commitments municipal government for the expansion and
control of urban space and democratic planning of the city, having as background the idea that
PD Franca could be a counterpoint to the recurring criticism of authors like Villaça (1999) and
Maricato (2011) on the PD be a "plan-speech", but little used as a real instrument for obtaining
urban significant changes and improvements.
The surveys, however, indicate a lack of commitment from local government to the continuity
of a democratic planning process linked to urban sustainability, evidenced by the low rate of
implementation of concrete actions aimed at giving effect to the proposed PD able to meet the
challenges of expansion urban low density characteristic of Franca and non-application of the
main urban instruments and tax law present in the PD.
Com uma taxa de urbanização que já atingiu 98,23 % e uma população de 318.369
habitantes, segundo o censo do IBGE realizado em 2010, a cidade de Franca está
situada no extremo nordeste paulista e se inclui no universo de cidades de porte médio
ou intermediário que não passaram por um processo de metropolização. Seu
surgimento está vinculado ao movimento de “torna-viagem” dos mineiros no final do
século XVIII, quando fugindo dos impostos da Coroa Portuguesa, foram ocupando o
oeste de Minas até a rota do Anhanguera, o chamado “Caminho dos Goyazes”, a velha
estrada entre o porto de Santos e as províncias de Goiás e Mato Grosso.
Franca pode ser considerada uma cidade média em condições bastante diferenciadas
em termos ambientais diante da realidade da América Latina, pois dispõe em toda a
malha urbana de redes de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgotos,
bem como serviços de coleta, tratamento e disposição final de resíduos domésticos e
industriais em aterros licenciados, além de serviços de coleta seletiva de resíduos
sólidos recicláveis em toda zona urbana. No entanto, o território urbano do município,
por sua forma de ocupação espacial, resultou num processo de ocupação predatório,
extensivo e de baixas densidades, fenômeno conhecido como “sprawling” pelos
urbanistas norte-americanos e presente em dezenas de cidades brasileiras e latino-
americanas, como afirmam Polidoro, Lollo e Pereira Neto (2011:4),
“No Brasil, é habitual a utilização da expansão das zonas urbanas
para direcionar habitações de interesse social e conjuntos
habitacionais de média e baixa renda para localidades distantes do
centro consolidado. Dessa forma, a infraestrutura já instalada em
determinadas regiões servem como subsídio de valorização da terra
enquanto as periferias sofrem com a falta desta ou a má qualidade,
além da dificuldade de se locomoverem pelo precário transporte
público até as regiões que concentram a empregabilidade. Todas
estas características, fundamentadas principalmente na forma de
ocupação urbana, caracterizam o que muitos pesquisadores norte-
americanos (especialmente os urbanistas) denominam de sprawling
urbano, ou pode-se dizer, um espraiamento (entendido como uma
diluição física do espaço urbano) urbano, que ocorre de forma
descontínua sobre o espaço acirrando a segregação social e gerando
inúmeros impactos ao meio ambiente.”
Este modelo insustentável de espraiamento urbano foi o modelo urbanístico com
que a cidade de Franca se expandiu, notadamente nas décadas de 1960 e 1970. Como
parte do processo de transformações em sua economia, ocorreu outro fenômeno sem
precedentes, o de urbanização e de abertura de novos espaços para loteamentos: entre
1965 e 1975, surgiram 41 novos loteamentos privados (Chiquito, 2006:153), com uma
área loteada de aproximadamente 707 hectares, quase duplicando a área da cidade
então existente. A partir da década de 1970, sua urbanização continuou acelerada,
inserindo-a no universo das cidades médias do país, cujo processo de urbanização
sempre crescente coloca a temática das cidades como uma das prioridades das políticas
públicas do país. Ainda segundo Chiquito (2006:87),
“considerando não apenas o porte, mas também o papel que as
cidades desempenham na rede urbana, as chamadas cidades médias
têm características bastante diferenciadas entre si, mesmo se
tratando do universo circunscrito ao Estado de São Paulo. A
pesquisa “Caracterização e tendências da rede urbana do Brasil”,
coordenada pelo IPEA e desenvolvida pelo IBGE e pelo NESUR –
IE/UNICAMP, mostra que as cidades que nos anos 1970 foram
denominadas cidades médias passam a ser qualificadas como
centros urbanos regionais, sub-regionais ou isolados, dependendo
do nível de centralidade, podendo integrar aglomerações
metropolitanas ou não.(...) Das 54 cidades paulistas de porte médio
identificadas em 2000, 23 integram as aglomerações urbanas
metropolitanas de Campinas e São Paulo, e 31 municípios se
caracterizam como não-metropolitanos”.
O município possui área total de 605,68 km2 e a zona urbana legalmente instituída
pela Lei do Plano Diretor está em torno de 83 km2 em 2012, conforme levantamento do
autor a partir da descrição perimétrica inserida como Anexos I-A e I-B da referida lei
(Franca, 2013). Atualmente, esta mesma zona urbana definida pelo Plano Diretor
possui, segundo dados preliminares levantados pelo autor, cerca de 1800 hectares de
glebas não parceladas, em sua maioria situadas nas franjas oeste e sul da região
urbanizada. Além deste estoque de terras ainda não urbanizadas e de uma área de
expansão urbana de 2600 hectares, existem 34.293 mil lotes vazios dotados de
infraestrutura (água, esgoto, pavimentação, energia elétrica, iluminação e drenagem)
resultantes de parcelamentos legalizados dentro da zona urbana e de expansão urbana
definida legalmente pelo Plano Diretor, que representam 22,64% dos imóveis
cadastrados na Prefeitura (num universo total de 151.502 mil imóveis cadastrados em
2012, segundo o Cadastro Físico da Prefeitura), onerando a infraestrutura urbana e os
serviços públicos em geral com sua baixa utilização.
Outro aspecto preocupante da atual ocupação urbana é o número de domicílios
vagos constatados pelo Censo do IBGE em 2010: do total de domicílios recenseados
(112.673 unidades), havia 14.742 domicílios particulares não ocupados,
correspondentes a 13,08% do universo pesquisado. Neste sentido, dar concretude ao
cumprimento da função social da propriedade urbana, nos termos constitucionais,
requer alterações importantes na política urbana, que propicie uma ocupação e uso do
solo que supere os desafios necessários a um desenvolvimento sustentável.
Considerando que a população urbana de Franca, segundo o Censo do IBGE de
2010 é de 313.046 habitantes para uma área urbana de 83 km2, resulta que a densidade
demográfica bruta da atual zona urbana é bastante baixa, da ordem de apenas 37,62
habitantes/hectare, enquanto há cidades brasileiras onde as densidades estão entre 250 e
450 habitantes/hectare (Holanda, 2006).
O relatório da ONU-Habitat (2012:34) afirma que
“Las ciudades de America Latina y del Caribe son actualmente
medianamente densas comparadas a las de otras areas urbanas del
mundo. Datos del ano 2000 indicaban que la densidad urbana
promedio en la region – calculada sobre una base de 25
aglomeraciones elegidas al azar– era de 70 personas por hectarea.
Las ciudades de la region presentaban una densidad similar a la
observada en Europa y en Africa; eran mucho mas densas que las
principales ciudades norteamericanas (menos de 25 hab/ha) y
mucho menos que las grandes ciudades asiáticas (200 a 400
hab/ha).”
A concepção de que uma cidade, para ser sustentável, deve ser mais compacta, está
cada vez mais presente na literatura. Para Mascaró e Yoshinaga (2005), os custos das
redes de infraestrutura serão menores na medida em que for maior a densidade de uma
área, pois os custos de pavimentação e drenagem de águas pluviais significam em torno
de 55% do custo total das redes de infraestrutura, corroborando a ideia geral de que o
espraiamento da cidade gera desperdício e despesas excessivas para a manutenção ou
melhoria do atual padrão de qualidade e sustentabilidade da vida urbana. Para Rogers
(2001:166), “comunidades compactas de uso misto devem ser agrupadas em torno de
núcleos de transporte público, com a comunidade planejada em torno de distâncias
capazes de serem vencidas a pé ou de bicicleta”, portanto, no caminho oposto ao
contínuo processo de espraiamento que ocorre na cidade de Franca.
Com um orçamento previsto para 2013 de R$ 592 milhões, a Prefeitura enfrenta
dificuldades para manter e ampliar os serviços públicos essenciais e realizar os
investimentos necessários orientados pelo Plano Diretor vigente para ampliar os
padrões de qualidade de vida em patamares superiores aos do Índice de
Desenvolvimento Humano - IDH, da ordem de 0,820 (IDH-M de 2000), considerado de
alto desenvolvimento humano segundo a classificação adotada pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD. Levantamentos preliminares do autor
sobre a execução orçamentária do município mostram que a média de investimentos da
Prefeitura não ultrapassou a média de 4% do orçamento anual nos últimos dez anos, ou
seja, os gastos para manter a máquina pública em funcionamento consomem quase
todos os recursos disponíveis, tornando o município cada vez mais refém de recursos
dos governos federal e estadual para realizar novas obras e investimentos em sua
infraestrutura urbana.
Passados dez anos da aprovação do Plano atual, a previsão legal de revisão do Plano
Diretor a cada dez anos no máximo, determinada pelo Estatuto da Cidade, exige do
poder público e da sociedade civil em 2013, a adoção das medidas legais e
administrativas obrigatoriamente necessárias à discussão e revisão de um novo Plano
Diretor, sintonizado com as condições atuais e com as novas necessidades e realidade
da vida e estruturas urbanas.
O novo Plano Diretor de Franca foi elaborado entre 1997 e 1998. Havia, no entanto,
forte oposição de grupos do setor imobiliário à proposta (discutida em dezenas de
audiências públicas), sob a alegação que o novo Plano iria reduzir investimentos em
novos loteamentos, abrindo brechas à formação de favelas na cidade e que alguns
dispositivos previstos no projeto de lei não estavam ainda regulamentados pelo
Congresso Nacional (o Estatuto da Cidade somente foi promulgado em 2001). Por este
motivo, o Plano terminou sendo rechaçado pela Câmara em duas tentativas do Poder
Executivo (Ferreira, 2007).
4. Conclusões
A partir de 2005, o novo governo municipal assumiu com perfil bastante diferente
do anterior, decidindo pelo não prosseguimento do conjunto de programas e projetos
previstos pelo Plano Diretor. Os planos de gestão integrada previstos pelo PD como
instrumentos de ação do poder público, embora previstos no orçamento municipal por
força de lei, apenas registravam rubricas, mas as ações efetivadas de acordo com a
execução orçamentária não se traduziram coordenadamente nos projetos previstos no
Plano Diretor.
Figura 1: Mapa das áreas urbana e de expansão urbana previstas pelo Plano Diretor de Franca em
2003 e alterações promovidas em 2009. Fonte: Prefeitura de Franca e Mauro Ferreira.
Grosso modo, a considerar levantamento preliminar do autor sobre o
aproveitamento médio comercial obtido pelos parcelamentos do solo na cidade, situado
em torno de 55% da área total das glebas parceladas (considerando as exigências
mínimas da legislação municipal vigente em termos de previsão de percentuais de
reserva de áreas públicas obrigatoriamente destinadas a praças, parques, áreas verdes,
áreas institucionais e circulação), a área de expansão poderá abrigar mais 86.200 lotes
comercializáveis em torno de 250 m2 cada um.
Considerando que na área urbana ainda persistem vazios envolvidos pela malha
urbanizada e dotada de toda a infraestrutura, que a área de expansão urbana da lei de
2003 ainda não foi totalmente ocupada, que há milhares de edificações inseridas na
malha urbana não aproveitadas, o espraiamento da cidade como uma política deliberada
do poder público é evidenciado, dificultando a adoção de medidas que tornem a cidade
mais sustentável, em função da continuidade da rarefação de sua densidade
demográfica.
Embora o artigo 79 do PD exigisse a elaboração de uma nova legislação sobre uso,
ocupação, parcelamento do solo e edificações em até cento e oitenta dias após a
promulgação do PD, isso não ocorreu. A lei de parcelamento do solo elaborada pela
administração 1997-2004 foi rejeitada pela Câmara e a nova administração somente
reencaminhou o projeto de lei à Câmara, como alterações pontuais, em 2009, após
receber cobranças do Ministério Público. O Código de Edificações, embora com a
minuta elaborada pela administração 1997-2004, não foi objeto de providências pela
nova administração e segue sem ser modernizado desde 1968.
A revisão do plano existente e criação do Plano Local de Habitação de Interesse
Social – PLHIS, exigência da legislação federal que criou o Fundo Nacional de
Habitação de Interesse Social - FNHIS, não foi adiante. Até o momento o PLHIS não
foi elaborado, impedindo o município de ter acesso aos recursos federais disponíveis
para novos empreendimentos habitacionais financiados pelo FNHIS, desarticulando a
política pública de habitação de baixa renda.
Ou seja, pode-se inferir, portanto, que a não implementação das diretrizes do PD de
Franca é mais um elemento que dá motivos concretos para a crítica concebida por
Villaça (2005), que considera os Planos Diretores como “planos-discurso” que não
encontram respaldo nas práticas efetivas de sua implementação no espaço urbano real,
fazendo com que a disciplina do planejamento urbano siga desprestigiada e também
persista a forte desigualdade social no território e falta de controle de uso e ocupação
do solo, piorando as condições gerais, sociais, ambientais e de vida nas cidades, como
afirma Maricato (2011).
5. Agradecimentos
Referências
STIVALI, G. Prefeitos descumprem lei da informação. Folha de São Paulo, São Paulo,
4 mar. 2013. Caderno Ribeirão, p.C1.
VEIGA, José Eli da. (2005). Do Global ao Local. Campinas: Armazém do Ipê.
Gabriel Borelli Martins, Alessandro Alberto de Lima, Paulo José Saiz Jabardo,
Gilder Nader (*)
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – Rua Prof. Almeida Prado,
532 – Butantã – São Paulo – SP, CEP: 05508-901
Resumo
Tecnologias sustentáveis envolvendo questões sociais, energéticas e ambientais, como,
edificações verdes, energia eólica, poluição e agricultura podem fazer uso de túnel de vento, que
simula as principais características do vento natural em ambientes urbanos e rurais,
possibilitando melhorar análise de projetos sustentáveis, tornando-os ainda mais eficientes.
Neste artigo são apresentadas algumas das aplicações que do túnel de vento do (IPT), como por
exemplo, seu uso para avaliação do potencial eólico de um terreno ou de trechos urbanos, e para
determinação da configuração mais otimizada para instalação dos aerogeradores, evitando
interferência das esteiras a montante e a jusante destes. Ensaios em túnel de vento também são
realizados para otimização de edificações sustentáveis, onde buscam-se condições mais
eficientes de ventilação natural para reduzir o uso de ventilação forçada. No túnel de vento são
simuladas dispersão de contaminantes urbanos, ou odores, emitidos por instalações industriais
ou por emissões veiculares. Nesses estudos de poluição ambiental, são verificadas alterações de
rotas de veículos urbanos, ou uso de barreiras naturais ou artificiais, que melhorem a dispersão
de contaminantes, e assim sejam evitadas patologias respiratórias, entre outras doenças, nos
habitantes. Dispositivos passivos podem mudar a turbulência do vento na agricultura,
melhorando a qualidade dos frutos e produtividade. Portanto, como se pode notar, as aplicações
de um túnel de vento como elemento de análise de tecnologia sustentável possui inúmeras
aplicações, e todas visam trazer um melhor benefício para a sociedade e maior eficiência dos
empreendimentos sustentáveis.
Abstract
Sustainable technologies involving social and environmental issues such as green buildings,
wind energy, pollution and agriculture profit from tools that improve design. The wind tunnel is
one such tool that makes it possible to simulate the most significant characteristics of natural
wind in urban or rural environments and how these characteristics improve or worsens the
performance of sustainable systems. This article presents some applications of the IPT’s wind
tunnel who can be used to improve estimates of wind potential of a terrain or even urban areas.
It can also be used to study the effect of interference between wind turbines and their wakes so
that the number and layout of wind turbines is optimal. Wind tunnel testing is also used to
analyze and improve sustainable buildings where natural ventilation is optimized to reduce the
need of forced ventilation to a minimum. The dispersion of urban contaminants or odors emitted
by industrial plants and vehicles are modeled in the wind tunnel so that better alternative
vehicular routes can be proposed and natural or artificial barriers used to improve air quality and
avoid respiratory pathologies and other related diseases common in large urban centers. Wind
can induce erosion and blow dust and other impurities to urban centers. Wind fences can reduce
such problems and its aerodynamic characteristics can be studied in the wind tunnel. Passive
aerodynamic devices can changes wind turbulence on agriculture and improve quality and
productivity. Wind affects most natural and human processes and its accurate modeling is an
important part of any efficient design of sustainable technology. Wind tunnel testing is, still
today, the most accurate tool when modeling complex phenomena involving natural wind.
1. Introdução
Os túneis de vento são projetados de acordo com sua aplicação, mas, no geral,
podem ser classificados em dois tipos: túneis de vento de circuito aberto e túneis de
vento de circuito fechado.
Dentre as vantagens de um túnel de vento de circuito aberto, em comparação a um
túnel de vento de circuito fechado, pode-se citar o menor custo de construção e a
inexistência do problema de purga de fumaça oriunda de ensaios de visualização ou
ensaios com motores a combustão, uma vez que as duas extremidades do túnel são
ligadas à atmosfera. Já em um túnel de vento de circuito fechado a energia requerida
para funcionamento é menor. Ademais, túneis de vento de circuito fechado produzem
menos ruído que túneis de vento de circuito aberto (Barlow, 1999).
O Laboratório de Aerodinâmica Industrial e Engenharia do Vento do IPT possui dois
túneis de vento, sendo um aerodinâmico (figura 1) e outro de camada limite atmosférica
(figura 2). O túnel aerodinâmico é de circuito aberto e possui seção de testes de 500 mm
x 500 mm, podendo atingir velocidade máxima de 45 m/s. Este túnel de vento é bastante
utilizado na calibração de sensores de velocidade do ar. O túnel de vento de camada
limite atmosférica também é de circuito aberto, com seção de testes de 3 m de largura
por 2 m de altura, e demais dimensões apresentadas na planta e elevação da figura 3. A
velocidade máxima de projeto é de 25 m/s.
Este túnel de vento possui duas seções de testes: uma aerodinâmica e outra de
modelagem do vento natural. A primeira seção de testes está alocada logo após a
contração é aerodinâmica (figura 4), pois apresenta perfil de velocidades uniforme e
intensidade de turbulência menor que 1%. Nela podem ser realizados, por exemplo,
ensaios de aerogeradores, aeromodelos e modelos reduzidos de automóveis. A segunda
é a seção turbulenta onde se simula o vento natural, pois nela são posicionados modelos
de construções sujeitas à camada limite atmosférica, como edifícios, instalações
industriais, plataformas de petróleo, plantações e pontes. O comprimento de 28 metros
entre o início da primeira seção de testes e o final da segunda seção de testes advém da
necessidade do desenvolvimento da camada limite até a seção atmosférica, o que, de
acordo com vento natural que se deseja simular, é auxiliado pela instalação, no interior
do túnel de vento, de uma barreira castelada, geradores de vórtices e elementos rugosos
distribuídos ao longo do piso do túnel (ver figura 5).
Figura 4 – Identificação das duas seções do túnel de vento
σ
I = ́U , (2)
U
sendo ́
U a velocidade média na altura z de medição e σU o desvio padrão da
velocidade para esta altura.
A figura 7 mostra um perfil de velocidades e de intensidade de turbulência, para
terreno da categoria V, medidos em túnel de vento, com velocidades e alturas
adimensionalizadas.
4. Instrumentação
• Acelerômetros Kystler;
• Torquímetros.
Além dos equipamentos citados acima, o túnel de vento contará, em breve, com
uma mesa de testes automatizada que permite variar o ângulo de incidência do vento em
edificações; e variar calado, adernamento, trim e aproamento de embarcações.
5. Capacitação do túnel de vento
Uma plataforma de petróleo é uma planta industrial que gera sua própria energia.
Para isso, ela possui turbinas que queimam combustível fóssil e emitem gases quentes
para a atmosfera. O estudo da disposição das chaminés das turbinas, cujas plumas
atingem temperaturas superiores de 400°C, é fundamental para verificar se esses gases
quentes estarão acima da altura segura de pouso e decolagem de helicópteros. Essas
medições são realizadas com o FID e os resultados mostrados na figura 9.
Figura 9 – Ensaio de elevação de plumas em modelo de plataforma utilizando FID –
escala 1:200.
Para a agricultura também são estudadas barreiras naturais e artificiais que têm
como objetivo alterar a característica do vento atmosférico, como por exemplo,
elevando a turbulência e dessa forma melhorando a qualidade do fruto e sua
produtividade (Cataldo, 2012).
Figura 11 – Indicação do posicionamento da wind fence. Imagem obtida do Google
Earth em agosto de 2012
Dos resultados obtidos no túnel de vento, foi verificado que os esforços causados
pelo vento eram cerca de 4 vezes menores que os calculados pelos projetistas, baseado
em normas. Porém, nesse caso, a fundação da torre foi construída com os valores
maiores, calculados previamente, pois, segundo Mario Terra, projetista estrutural (Pini
Web, artigo211608-1):
6. Conclusão
Neste artigo foram mostrados vários tipos de ensaios realizados nos túneis de vento
do IPT que estão relacionados com eficiência energética, conforto ambiental, dispersão
de contaminantes, melhor qualidade da produção agrícola etc. Os ensaios demonstram
que túnel de vento é uma importante tecnologia à disposição de uma economia
sustentável.
Agradecimentos
Os autores agradecem à todos que contribuíram com o desenvolvimento desses
trabalhos, que foram a equipe técnica anterior e atual do CMF/IPT, CNaval/IPT, CT-
Obras/IPT, alunos e professores da POLI/USP, FAU/USP, UNICAMP, FEI e MAUÁ,
IMFIA/Uruguai, LACLYFA/Argentina, aos fomentos de PETROBRAS, FAPESP e
CNPq, e às parcerias com equipes técnicas da PETROBRAS e diversos outros
engenheiros civis, navais e construtoras.
Referências
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(http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-09-11/indice-de-perda-de-agua-tratada-no-
brasil-e-elevado), acessado em 04 de maio de 2013.
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2013
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JABARDO, Paulo José Saiz, NADER, Gilder, PACIFICO, Antonio Luiz, PEREIRA,
Marcos Tadeu, MARTINS, Gabriel Borelli, DE CARVALHO, Daniel Fonseca, PAGOT,
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carregamentos do vento, qualidade do escoamento e elevação de temperatura de plumas
no helideck”, 2º Congreso Latinoamericano de Ingenieria del Viento – CLIV2 –
Dezembro de 2012 – La Plata – Argentina
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avaliação e projeto de espaços abertos” 378p. Tese de Doutorado. Faculdade de
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UOL Notícias, “Sabesp quer índice de perdas de água em 13%”,
(http://jovempan.uol.com.br/noticias/sabesp-quer-indice-de-perda-de-agua-em-13-
201875,,0), acessado em 04 de maio de 2013
Mini-currículo dos autores:
Gabriel Borelli Martins – É engenheiro mecânico formado pela FEI. Atualmente
trabalha no IPT na Área de Aerodinâmica Industrial e Engenharia do Vento. Suas
principais publicações são relatórios técnicos de ensaios em túnel de vento para
determinação de características de conforto térmico e carregamento do vento, como por
exemplo, ensaio do Estádio Castelão, do Estádio Arena Cuiabá, do Estádio do
Morumbi, entre outras edificações. E-mail: gborelli@ipt.br
Alessandro Alberto de Lima - Possui graduação e doutorado em Engenharia
Mecatrônica pela Escola Politécnica da USP. É especialista em modelagem numérica
computacional do escoamento ao redor de estruturas. Atualmente atua na área de
pesquisa e desenvolvimento em engenharia do vento, realizando modelagens numéricas
da interação fluido-estrutura e ensaios experimentais em túnel de vento no Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). E-mail: aalima@ipt.br
Paulo José Saiz Jabardo – É engenheiro mecânico, mestre em ciências e doutor em
engenharia pela Escola Politécnica da USP. Atualmente trabalha no IPT na Área de
Aerodinâmica Industrial e Engenharia do Vento. Suas principais publicações são artigos
técnicos & científicos e relatórios técnicos de ensaios em túnel de vento para
determinação de dispersão de contaminantes, projetos seguros de plataformas de
petróleo off-shore, ensaios de aerogeradores para determinação de curvas de
desempenho, características de conforto térmico e carregamento do vento. E-mail:
pjabardo@ipt.br
(*) Gilder Nader – Autor principal – É físico e mestre em ciências pelo Instututo de
Física da UFF e doutor em engenharia mecânica pela Escola Politécnica da USP.
Atualmente trabalha no IPT na Área de Aerodinâmica Industrial e Engenharia do Vento
e é professor na FATEC Tatuapé. Suas principais publicações são artigos técnicos &
científicos e relatórios técnicos de ensaios em túnel de vento para determinação de
dispersão de contaminantes, projetos seguros de plataformas de petróleo off-shore,
ensaios de aerogeradores para determinação de curvas de desempenho, características
de conforto térmico e carregamento do vento. E-mail: gnader@ipt.br
Viabilidade para implantação de edifícios de balanço energético zero no Brasil
Roberto Oranje *
This paper analyzes the feasibility to build net zero energy buildings in Brazil. These are
highly energy efficient buildings, capable of producing at least as much energy as they use on a yearly
basis. They combine strategies to reduce consumption with increase of energy efficiency, and use of
renewable energy sources. We analyzed definitions, assumptions and examples of net zero energy
buildings to evaluate the technical feasibility and economical viability of this concept in Brazil. This
concept puts a clear and pure efficiency goal, which can be achieved through an integrated design,
build an operation process. It is important, though, that energy embedded in materials, as well as
energy used for transportation of materials and building users, which use mainly fossil fuels, be
accounted for.
Chegamos, no entanto, num ponto na nossa história, em que a exploração cada vez
maior destes recursos coloca em risco seu suprimento futuro, além de colocar em risco nosso
desenvolvimento e das gerações vindouras, devido aos impactos ambientais causados por sua
transformação e utilização como energia. Há limites para este modelo de crescimento. Mesmo
superando o desafio tecnológico de viabilizar novas fontes de energia renováveis em
condições de escala e economia adequadas, não podemos deixar de lado o aspecto da
conservação de energia, da redução do seu consumo. Se queremos continuar nos
desenvolvendo, temos de utilizar recursos e energia com mais eficiência.
Há quem argumente que as leis de mercado são suficientes para incentivar a economia
de um recurso quando se torna escasso. Assim, as variações entre procura e oferta se traduzem
em alterações de preço, que regularizam o mercado. Uma linha de economistas ambientais
acredita que é possível internalizar o valor destes recursos naturais dentro dos cálculos de
custo de produção, e que é possível substituir um recurso natural por um produzido.
Num sentido amplo, para um edifício atingir um balanço energético zero, ou nulo, é
preciso que ele seja projetado, construído ou reformado, e operado para funcionar com uma
necessidade reduzida de consumo de energia, suprindo a demanda que ainda houver com
energia de fontes renováveis. Ou seja, é um edifício altamente eficiente do ponto de vista
energético, e capaz de produzir, numa base anual, pelo menos a mesma quantidade de energia
que consumiu.
Um estudo sobre segurança energética no Brasil indica que haverá queda na oferta de
energia devido ao cenário de mudanças climáticas; a vulnerabilidade será maior exatamente
nas energias de fontes renováveis, principalmente a hidreletricidade (Schaeffer, 2008).
A diferença de abordagem, na conceituação de um edifício de balanço zero em relação
a outras ações de eficiência energética em edifícios, consiste em:
Premissas
• Delimitação do escopo
• Abordagem escalonada
• Monitoração e medição
• Abordagem multidisciplinar.
Em seu livro “The Architecture of the Well Tempered Environment”, Reyner Banham
relata o impacto do desenvolvimento das instalações mecânicas e elétricas na arquitetura
moderna. Ele foi um dos primeiros a notar que com o advento de novas tecnologias, como o
ar condicionado, a forma e a construção do edifício deixaram de exercer a função de
moderadores do clima externo em relação ao ambiente interno. Em muitas situações passaram
até a acentuar as características climáticas locais, como edifícios com fachadas de vidro em
climas muito quentes ou muito frios. Essa dicotomia entre arte e técnica levou a uma
arquitetura extremamente dependente do aporte de energia para seu conforto e habitabilidade,
aplicada de forma igual nos 4 cantos do mundo (Banham, 1984).
Hoje em dia, com o cenário de mudanças climáticas, esta abordagem entrou em xeque.
Cada vez mais projetos voltam a enfocar a forma e a construção do edifício como uma
estratégia primordial para o conforto e bem estar dos usuários, e para a eficiência energética
do edifício. Isto não implica necessariamente no retorno a técnicas e modos tradicionais de
construção, mas sim na reinterpretação deste conhecimento com base em tecnologias atuais.
Como a forma e a construção do edifício têm um grande potencial para reduzir a
demanda de energia, sem grandes impactos no custo da obra (muitas vezes nenhum),
recomenda-se começar a análise das estratégias de eficiência energética por este aspecto. São
os ganhos fáceis, ou “low hanging fruit” em inglês. A partir daí seguir para análise em outros
níveis, daí o termo abordagem escalonada. Essa abordagem visa o aproveitamento máximo
dos recursos de menor custo (ou menor custo incremental), antes de buscar recursos de custo
médio ou alto em relação ao benefício.
Em BEDZED houve uma preocupação maior com o inventário de impactos devido aos
materiais, em termos de distâncias percorridas até o canteiro, utilização de conteúdo reciclado,
reutilização, etc...
Foi o único exemplo que adotou geração de energia eólica. A geração fotovoltaica está
presente nos 3 casos.
Por isso, o tema de edifícios de balanço zero é relevante para o contexto brasileiro,
contanto que abordado de forma holística, englobando não só a operação do edifício, mas
também a energia incorporada nos materias, bem como seu transporte e o perfil de consumo
de seus usuários, que é onde a utilização de energia de fontes fósseis é maior.
A energia solar fotovoltaica se encaixa neste caso. Apesar do Brasil ter um potencial
solar grande, superior ao de países que exploram mais intensamente este recurso, a geração
fotovoltaica ainda é muito pequena. Sequer é mencionada no Balanço Energético Nacional.
Segundo um estudo sobre a inserção da geração solar na Matriz Energética Brasileira da EPE
(Empresa de Pesquisa Energética), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), o
Brasil tem hoje uma capacidade instalada de 20 MW, destinada na sua quase totalidade ao
atendimento de sistemas isolados e remotos, onde não há rede elétrica (EPE, 2012).
Em relação à etapa de obra, três aspectos são preocupantes para a viabilidade técnica
da execução de um edifício de balanço zero no Brasil:
• Desperdício e resíduos
• Regionalismo e transporte
Não só o material ou produto deve ser levado em conta, mas também o processo em
que ele se insere. Por exemplo, a preparação de concreto na obra, a partir de cimento ensacado
e agregados a granel, apresenta um desperdício em torno de 50% para todos os materiais. O
concreto usinado um despercício de 10% (Souza, 1998). Quer dizer, se foi definido no escopo
computar os impactos da fase de construção de um edifício de balanço zero, a compensação
deste impacto será 5 vezes maior para um concreto preparado na obra.
O sistema fotovoltaico,no entanto, não faz parte deste custo. Preocupados com o alto
custo inicial de aquisição, e agravado pelo fato do proprietário não poder se beneficiar de
incentivos fiscais por ser uma agência ligada ao governo, buscou-se uma outra solução para
implantação. Foi feito então um contrato entre o proprietário, uma empresa de
desenvolvimento de sistemas fotovoltaicos (Sun Edison), e uma concessionária de energia
(Xcel Energy). O proprietário evita o custo inicial e paga pelo serviço, ou o “aluguel” das
placas. A empresa instala e mantem as placas, podendo usufruir dos incentivos fiscais
correntes nos EUA para este tipo de instalação. A concessionária também se beneficia, pois o
arranjo contribui para sua meta legal de atingir 30% de geração de energia a partir de fontes
renováveis até 2020. É um arranjo que pode ser interessante também do ponto de vista
tecnológico, viabilizando a troca de placas fotovoltaicas por modelos de maior eficiência
(hoje está em torno de 15%, o que é baixo).
No caso do Pearl River Tower, calculou-se um pay back para o projeto de 4,8 anos,
baseado nas seguintes premissas:
• Incremento na renda pelo aluguel dos andares, devido ao aumento de área útil
obtido com a redução dos espaços técnicos
Fica claro aqui que não só a redução na despesa de operação, mas também o
incremento na renda obtida com aluguel são imprescindíveis para o retorno financeiro.
Mesmo em outros países, onde o preço das placas fotovoltaicas vem caindo
continuamente faz anos, o subsídio em suas diversas formas é o ingrediente que permite este
mercado crescer. Na Alemanha, a participação da energia fotovoltaica já atingiu 6% da matriz
energética em 2012, e vem crescendo. No Brasil, esta tecnologia não tem valor estratégico,
porque nossa matriz já é majoritariamente renovável. Sem este tipo de apoio, fica
comprometida a viabilidade financeira de edifícios de balanço zero no Brasil em relação ao
uso de energia fotovoltaica.
Conclusões
• O edifício de balanço zero deve ser urbano. A densidade contribui para hábitos
mais sustentáveis de transporte, e otimiza a infra estrutura das cidades. Neste sentido, os
indicadores devem ser expressos per capita, e não mais por área
Ao colocarmos um objetivo absoluto e não relativo, temos a chance de fazer algo bom,
e não simplesmente menos ruim. A eficiência incremental tem sua importância, mas pode ser
insuficiente para fazer frente às mudanças climáticas. Um edifício não deveria ser menos ruim
do que outro, deveria ser bom: não causar impactos negativos que não possa remediar, mas
apresentar impactos positivos, tanto energéticos como ambientais.
O objetivo deve ser um horizonte, para não acharmos que só o primeiro passo já é
suficiente. Muitas vezes é onde paramos: uma intervenção mais simples, com rápido retorno
do investimento. O zero é um objetivo puro que coloca claramente onde queremos chegar.
Concluímos que o tema é relevante para nossa realidade, e que é viável a implantação
de edifícios de balanço zero no Brasil. É desejável inclusive: o Brasil tem como meta para a
próxima década tornar obrigatória a etiquetagem energética de edifícios, e precisamos definir
que níveis de desempenho queremos atingir, com olhos no crescimento da demanda de
energia e na vulnerabilidade das fontes de que dispomos. Precisamos ainda desenvolver para
isso uma visão holística de custos, que permita que este conceito saia da esfera experimental
para uma nova realidade de mercado.
Referências
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River Tower, Guangzhou, China, in CTBUH 8th World Congress, Dubai, Conference
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Maceió
2013
1Co – Autor: Alex da Rocha Alves Profissão: Técnico em Informática na empresa CRM - CASA DAS
REGISTRADORAS. Endereço: Rua são Luiz, nº 40. Bairro: Ponta Grossa CEP: 57014-12 Cidade:
Maceió. Estado: AL Contato: alexrochaalves@gmail.com Facebook:
http://www.facebook.com/alex.maceio10?fref=ts
Autor: Elievan Freitas Paulino Profissões: Analista de Suporte na empresa CRM - CASA DAS
REGISTRADORAS. Endereço: Rua das Flores, nº. 710 A. Bairro: Ponta Grossa CEP: 570146-00
Cidade: Maceió. Estado: AL Contato: contato.elievan@gmail.com Facebook:
http://www.facebook.com/elie van.freitaspaulino Ambos graduando em Análise e Desenvolvimento
na FAT- AL 2013. Site da Faculdade: http://www.fat-al.edu.br
Problemática
1. Presencial - Onde o Cliente se desloca até o ponto de venda e ele pode comprar a dinheiro,
cartão de credito , cheque pré-datado ou crediário.
2. Pelo telefone – O Cliente ao ver uma oferta por meio de um canal de informação ele pode
adquirir o produto com um simples telefonema. Onde o produto irá chegar a sua residência e
lá ele define a forma de pagamento.
3. Pela Web – A web proporcionou um grande avanço na área de vendas, surgindo então o E-
Commerce (Comercio pela Internet), onde proporcionou aos clientes (Usuários) uma extensa
área de produtos e ofertas, agilizando o processo de busca por produtos de acordo com a sua
necessidade no momento .
Todas estas formas de compras são bem aplicadas na TV, através de canais como shopping
time, polishop, mega TV, TV shop, entre outros.
Tela de Interatividade
Ao clicar com o botão verde de seu controle remoto você aciona o nosso sistema A²E TV
Digital que é um Sistema de T-Commerce.
Tela Menu
Nosso Sistema é bem simples de utilizar, basta apenas cadastra-se uma única vez onde irá
fornecer seus dados, como nome completo, CPF, endereço, telefones, E-mail, e forma de
pagamento semelhante ao de um site de E-Commerce.
Mas como cadastrar com um controle remoto?
Tela 02 Cadastro
Aparecerá em seu monitor de TV uma imagem como essa, onde Você disponibilizará de
um TECLADO DIGITAL, assim pode manusear seu controle remoto, comando de voz ou por
meios de movimentos. Assim será possível cadastrar através das letras do alfabeto Brasileiro.
Já com seu cadastro é possível participar de qualquer promoção relâmpago, que venha
acontecer durante sua programação de TV.
O A²E, tem como um dos objetivos alcançar diversos públicos, entre eles os que não têm
comodidade com os meios de vendas tradicionais. Exemplo: Deficientes Motores e Idosos.
Tela 04 produto
Atualmente ainda é um pouco limitado o uso do T-Commerce, pois são poucos os provedores
de TV a cabo e por satélite que configuraram suas redes para permitir a utilização destes
novos recursos de comércio. O T-Commerce também permite exibir anúncios segmentados,
através do uso de um software intuitivo que avalia quais são os produtos que provavelmente
interessem ao telespectador, com base em seus programas assistidos, o que torna este
comércio altamente promissor.
Quem hoje compra em casa através da internet são os futuros consumidores do T-
Commerce. As empresas só estão esperando a base de clientes aumentarem para investir mais
pesado nessa tecnologia.
Concluído a funcionalidade do A²E, qualquer duvidas ou problemas relacionado ao
sistema é possível encontra ou resolve-lo pela sua TV, através de nosso CONTATO que pode
ser encontrado no menu inicial do próprio sistema.
REFERÊNCIAS
AFUAH, Allan; TUCCI, Christopher. Internet business models and strategies. New
York: McGrawHill, 2001.
GUIA COMO SE FAZ ESPECIAL. TV Digital sem segredos – Editora Escala, 2008.
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HEDMAN, Jonas; KALLING, Thomas. The business model concept: theoretical
underpinnings and
empirical illustrations. European Journal of Information Systems, n.12, p. 49-59, apr
2003.
ABSTRACT
This research is focused on the identification of one of the greatest challenges of Brazilian
modern’s society: How to make proper electronic equipment’s disposal in order to avoid
environmental impacts caused by a misguided process. Therefore, this paper will present the
initiative practiced by the Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (CEDIR),
Universidade de São Paulo (USP), with regarding to sustainable treatment and disposal of
electronic waste.
The topic to be addressed by this research has achieved increasing attention in the media, which
addresses relevant issues related sustainability. For efficient management in IT area, activities
related to proper electronic waste disposal and obsolete equipment’s reuse are in alignment with
best practises in environmental conservation and sustainable development.
1 Henry Julio Kupty – Mestre – Faculdade de Informática e Administração Paulista – Av. Lins de Vasconcelos, 1222 São
Paulo – SP – henry@fiap.com.br
Natalia Ramos de Carvalho – Especialista – Faculdade de Informática e Administração Paulista – Av. Lins de
Vasconcelos, 1222 São Paulo – SP natycarvalho@gmail.com
Suelen Bicciatto Garcia Ferreira – Especialista – Faculdade de Informática e Administração Paulista – Av. Lins de
Vasconcelos, 1222 São Paulo – SP suelenbgarcia@gmail.com
Introdução
A constante busca por informações em tempo real vem motivando avanços em tecnologias
que proporcionem mais recursos e benefícios, dado o dinamismo em que o mundo globalizado se
encontra (OGUNSEITAN; OLADELE, 2009, p. 671-679).
Estudos divulgados pelo Comitê Econômico e Social Europeu revelam que a União Europeia
comercializa anualmente 10,3 milhões de toneladas de novos equipamentos eletroeletrônicos. A
previsão é que até o final de 2020, a quantidade de resíduos eletrônicos lançados ao meio ambiente
cresça anualmente entre 2,5% e 2,7%, atingindo aproximadamente 13 (treze) toneladas.
O Brasil também contribui com o excessivo volume de lixo eletrônico, se destacando pelo
consumo compulsivo de eletroeletrônicos, o país produz cerca de 150 mil toneladas de lixo por
ano. Com base nessas estatísticas, essa pesquisa tem por objetivo revelar a importância do descarte
adequado do lixo eletrônico e diferentes iniciativas de tratamento de resíduos eletroeletrônicos,
com ênfase para a que é conduzida pela Universidade de São Paulo.
Os procedimentos metodológicos adotados para desenvolver este artigo se baseiam em
estudo de casos, analisados de forma dedutiva e comparativa, a partir do caso que relata a criação
do Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (CEDIR) pela Universidade de São
Paulo e práticas adotadas por outros países no tratamento do lixo eletrônico, utilizando como
instrumento a análise sistemática dos dados. Para analisar a importância do descarte adequado do
lixo eletrônico, circunscrito à área de Tecnologia da Informação, a presente pesquisa se organizou
em torno de quatro tópicos. O primeiro item apresenta a ameaça que o lixo eletrônico representa
ao mundo, por meio de uma avaliação do processo de produção de equipamentos eletroeletrônicos
e apresentação das iniciativas adotadas pelo Japão para o tratamento desta ameaça, assim como a
campanha desenvolvida pelo Greenpeace para mobilizar as grandes organizações sobre a
responsabilidade pelos produtos desde a fabricação de eletrônicos mais sustentáveis até o seu
descarte. O segundo tópico tem por objetivo relatar a realidade do lixo eletrônico no Brasil, as
legislações específicas voltadas à gestão de resíduos eletrônicos e o que vem sendo feito para
conscientizar a população sobre a relevância do tema na sociedade. Em seguida, é apresentado o
caso do projeto CEDIR, regido pela Universidade de São Paulo no tratamento adequado do lixo
eletrônico e a importância do estabelecimento de um processo de logística reversa na sociedade
brasileira. Por fim, é apresentado o resultado obtido com a análise dos dados, comprovando a
importância do descarte adequado do lixo eletrônico através da iniciativa conduzida pela
Universidade de São Paulo, visto que se permite a disseminação de uma cultura sustentável junto à
população, procurando evitar prejuízos ao meio ambiente, e podendo servir como exemplo para
uma mudança comportamental da sociedade brasileira.
O lixo eletrônico vem se demonstrando uma ameaça mundial que cresce a cada dia,
principalmente pela velocidade com a qual equipamentos como computadores e celulares se
tornam obsoletos antes mesmo de serem vendidos. Isto acontece porque a sociedade atual faz parte
de um sistema de produção linear baseado na extração de recursos naturais, na produção e
distribuição demasiada de equipamentos de baixo custo que são criados para ser descartados,
estimulando a continuidade da cadeia produtiva (THE STORY OF STUFF PROJECT, 2008).
De acordo com Ana Lucia Bonassina (2006, p. 5), a confecção de um único computador
exige a disponibilização de 240 quilos de combustível, 22 quilos de produtos químicos e 1,5
toneladas de água. Do ponto de vista ambiental, esses dados demonstram as duas importantes
vertentes a serem consideradas: a grande quantidade de resíduos utilizados na fabricação dos
produtos e a destinação final dos equipamentos eletroeletrônicos após o término de sua vida útil.
Com base nesse ciclo de consumo, é notória a necessidade de adoção de práticas
sustentáveis que reduzam o impacto de resíduos eletrônicos no meio ambiente. Os tópicos
apresentados a seguir relatam algumas práticas que se demonstram mundialmente eficazes na
gestão desses resíduos. Conforme Baroni (1992), a definição de desenvolvimento sustentável é
muito ampla e genérica. Nesse contexto apresentado no estudo a seguir, o conceito de
desenvolvimento sustentável alinha-se mais à estratégia de conservação mundial, através da
conservação de recursos.
Grande parte dos metais preciosos extraídos do lixo eletrônico é utilizada na fabricação de
joias de prata e ouro, que podem ser facilmente encontrados nas lojas de Tóquio. Em Fukui,
província localizada na região oeste do Japão, cerca de 24% da produção de ouro é proveniente do
lixo eletrônico, que, após transformação, é disponibilizado à venda para consumidores finais e
empresas de equipamentos eletroeletrônicos, que voltam a utilizá-lo na fabricação de seus
produtos. É importante ressaltar que os japoneses não recebem reembolso pela devolução dos
equipamentos e nem desconto na aquisição de novos modelos, apenas contribuem com o descarte
adequado de eletrônicos porque eles são conscientizados tanto na infância, através de campanhas
nas escolas, como no ato da compra sobre a importância da reciclagem.
2 Química Verde é um novo conceito que engloba a utilização de produtos químicos para redução ou
eliminação de substâncias perigosas em equipamentos eletroeletrônicos (IUPAC, 2012).
trimestre de 2011, o Brasil comercializou um número superior a 3,6 milhões de computadores,
sendo que destes 50,5% eram notebooks e 49,5% eram desktops.
Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontou o Brasil como o
maior produtor per capita de resíduos eletrônicos entre os países emergentes (0.5 kg/cap. ano).
Outro ponto destacado foi a falta de informações e estudos sobre a produção e o destino dado aos
eletroeletrônicos no país. Ainda há poucos trabalhos científicos publicados que tratam sobre essa
questão de sustentabilidade, que é o descarte adequado do lixo eletrônico.
No que tange à legislação, a Lei 12305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos) tem
como principal alvo as empresas responsáveis pela produção, importação, distribuição e venda de
resíduos sólidos, cujo acúmulo no meio ambiente possa prejudicá-lo. Em seu artigo 47, proíbe a
destinação inadequada dos resíduos em recursos hídricos e a céu aberto.
1.
2.
4. Resultados da pesquisa
Com base nos prejuízos causados ao meio-ambiente provocados pelo destino impróprio de
aparelhos eletroeletrônicos e a necessidade de mudança comportamental da sociedade quanto a
esta questão, o objetivo geral da pesquisa foi o de demonstrar a importância do descarte adequado
do lixo eletrônico através de iniciativas como a do CEDIR, projeto este conduzido pela USP, o
qual trata com relevância não apenas à reciclagem dos materiais envolvidos, mas também a
conscientização da população. A pesquisa permitiu identificar que a velocidade com a qual os
equipamentos se tornam obsoletos e o estímulo da indústria para o consumismo demasiado são
fatores impulsionadores dessa ameaça representada pelo lixo eletrônico. Os custos reduzidos dos
equipamentos e o lançamento constante de novas versões dos aparelhos contribuem com o volume
excessivo de materiais descartados sem qualquer tipo de reaproveitamento.
Constatou-se durante a pesquisa uma grande dificuldade na identificação de fontes
atualizadas e o número reduzido de trabalhos científicos publicados que aborde a produção e
destino dado aos eletroeletrônicos no país, dificuldade esta também apontada em estudo divulgado
pela ONU. É importante ressaltar que a reciclagem de equipamentos não é suficiente enquanto a
população não se sensibilizar quanto ao consumo consciente de seus equipamentos. Novos
conceitos de conscientização estão surgindo, tanto por estímulo da indústria, quanto por
instituições não governamentais como Greenpeace, que estimula a fabricação de equipamentos
livres de elementos químicos nocivos à saúde humana através de campanhas ambientais.
Semelhantemente ao CEDIR, a iniciativa dos japoneses de Akihabara, que consiste na
orientação dos consumidores desde a infância sobre a importância do descarte e coleta do lixo
eletrônico, esta também objetiva o destino adequado de aparelhos eletroeletrônicos e contribui
para essa nova tendência voltada à conscientização ambiental.
Os resultados da pesquisa estão em concordância com os trabalhos publicados e
apresentados no referencial teórico, visto que abordam a necessidade de mudança comportamental
da sociedade no que tange ao consumismo demasiado de aparelhos eletroeletrônicos e a
necessidade de iniciativas que promovam a conscientização e descarte adequado dos
equipamentos. O projeto do CEDIR é tratado por todo o material como uma prática sustentável de
sucesso.
Entende-se que o desenvolvimento sustentável é aquele que harmoniza o desenvolvimento
econômico e a conservação ambiental. Sendo assim, é possível introduzir a TI num contexto em
que se busca a continuidade dos recursos disponíveis, por meio de ações voltadas ao tratamento do
lixo eletrônico, ao reaproveitamento de desktops e notebooks em desuso, e por fim, a
responsabilidade dos fabricantes pelo ciclo de vida dos produtos, desde o processo de fabricação
até seu descarte adequado. Práticas estas que estão em alinhamento ao conceito de
desenvolvimento que não esgota os recursos.
Referências
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Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/teclado/2570-lixo-eletronico-o-que-fazer-apos-o-
termino-da-vida-util-dos-seus-aparelhos-.htm>. Consultado em 01/03/2012.
RESUMO
A crescente perspectiva das possibilidades de exaustão dos Recursos Naturais do planeta têm
levado indivíduos e a sociedade responsável a repensar, de forma objetiva, seus estilos, níveis e
tipos de consumo. O abandono de práticas de determinação do status do indivíduo a partir da
avaliação de como este adquire os produtos desejados, a ética, o quê e em quais quantidades este se
apropria dos recursos, levando de forma individual ou coletivamente, a recriar novos padrões e
níveis de consumo. A partir da conscientização do indivíduo, de sua interação com o meio social,
da sua absorção de novos saberes, oriundos da educação ambiental, a prática de mudanças de
hábitos, da forma como os bens são utilizados e são devolvidos à natureza, causando impactos de
menor ou maior dimensão, fez nascer o consumidor consciente de práticas voltadas para o consumo
verde, na pós-modernidade, a utopia do consumo sustentável. Um ideal a ser construído, não tão-
somente pela vontade de um só, mas, do desejo coletivo, egresso de uma conscientização
ambiental. Proporcionadora do ciclo aprender, praticar, analisar, aprender e, voltar a praticar,
incessantemente. De forma, reguladora, disciplinadora e coercitiva o poder público, que por
intermédio de suas leis e normas, invocou para a construção do consumo sustentável, o setor
privado, a sociedade em geral, chamados a participar da construção deste novo futuro, nascido da
união do desenvolvimento com o meio ambiente sustentável, locus de equilíbrio, justiça e acesso
equânime aos recursos naturais para todos. O presente estudo analisa as vertentes evolutivas do
Consumo Sustentável. Visando estabelecer como caminho único de um futuro próximo,
equilibrado da relação homem-natureza. Tomando como base a Educação Ambiental, formadora de
uma espiral ascendente nascida da percepção do desastre ecológico, ascendendo para uma
conscientização da necessidade de promoção de novas práticas de produção e consumo; do mitigar
ações consumistas em favor do suficiente e necessário; da preocupação com o economicamente
equilibrado e o socialmente justo. Assim, o presente trabalho reafirma a necessidade de se
promover ações com contornos de autogestão das ações dos cidadãos, que objetivem a prática
comum do Consumo Sustentável.
INTRODUÇÃO
No Brasil, nasce-se com a ideia que este é um país de recursos naturais infinitos, e
para alguns, inesgotáveis. Tamanhas são suas potencialidades que em suas terras
“plantando tudo dá”, conforme os escritos de Pero Vaz de Caminha em carta ao rei dom
Manuel de Portugal em 1º de maio de 1500, expressão que nos leva a entender a qualidade
*
Roberto José Almeida de Pontes, doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente –
PRODEMA Universidade Federal do Ceará (UFC), bolsista CAPES/DS. E-mail: roberto-
pontes@hotmail.com.
exuberante de sua natureza, de sua diversidade, e assim, tem sido a máxima de geração a
geração.
Para os brasileiros desinformados, a temática de esgotamento, exaustão e limites
dos recursos naturais, soam como algo sem maiores significâncias ou, no máximo, uma
ideia estranha, difusa ou irreal. Notadamente, quando se considera os dados apresentados
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sobre a produção de
grãos no período de 1960 a 2010, aponta que no ano base produzíamos 17,2t e no final do
período 150,8t representando um aumento de aproximadamente 774%. (MAPA, 2011).
Para outros países, a utilização dos Recursos Naturais do planeta apresenta uma
diversidade em termos de concepções, p. ex., na agricultura orgânica - sistema holístico de
gestão da produção que fomenta e melhora a qualidade do agroecossistema, a
biodiversidade, ciclos biológicos e atividade biológica do solo. (FAO e OMS, 1999).
Os produtos oriundos da agricultura orgânica proporcionam um consumo
biodegradável. Segundo SÖL - Survey (2001) em vários continentes: Oceania, Europa e
América Latina a opção por esta agricultura é reflexo do “aumento dos custos da
agricultura convencional, à degradação do meio ambiente e à crescente exigência dos
consumidores por produtos isentos de agrotóxicos”.
Segundo (WILLER; YUSSEFI, 2001) a lista decrescente de países com áreas de
produção orgânica/ha (PO/ha) e área total de terras agricultáveis nos anos de 1998 a 2000
por continente eram: Oceania: Austrália 1,62%, 7,6 milhões de área de (PO/ha); Europa:
Áustria 8,43%, 287.900 (PO/ha); e, América Latina: Argentina 1,77%, 3.000.000 (PO/ha).
Entretanto, países como os Estados Unidos possuíam a época referida, apenas 0,22% de
área agrícola destinada à produção orgânica.
De resto, boa parte da humanidade, de uma forma ou de outra, a questão do uso, do
descarte, e em linha direta, aspectos de limites e responsabilidades dos Recursos Naturais
do planeta representam questões distantes ou para serem tratadas em outro momento.
Embora, de forma insipiente, o mundo representado por países desenvolvidos e em
desenvolvimento e parcela da comunidade científica, percebia a questão ambiental de
forma discreta nos anos de 1950s. Porém, com o advento da crise ambiental, o problema
começou a adquirir contornos mais fortes com os acontecimentos provindos de
desequilíbrios ambientais, noticiados pelos desastres ocorridos durante a década de 1960 e
início da seguinte.
Araújo (2008) aponta que, os anos 1960s deram o inicio efetivo a abordagem de
assuntos ligados ao meio ambiente como materiais tóxicos, proteção à camada de ozônio,
biodiversidade, reparos de danos ambientais etc.
A “Primavera Silenciosa”, 1962, de autoria da ecologista Rachel Louise Carson,
marco inicial para a conscientização da necessidade de proteção ao meio ambiente, fez
surgir leis direcionadas para o enfrentamento, e contraponto ao desenvolvimento industrial
inconsequente tido como agente causador de agressões ao meio ambiente.
Avançou a conscientização, com a Conferência da ONU para o Meio Ambiente
Humano, intitulada Conferência de Estocolmo-Suécia, 1972, configurando-se na primeira
reunião de envergadura mundial, dirigida às questões Ambientais, reconhecida como
marco histórico, geradora de diversas Políticas de Gerenciamento Ambiental no mundo
todo.
A Conferência de Estocolmo trouxe à luz, de forma definitiva, questões relativas à
sobrevivência do planeta, como: o incentivo às políticas de desenvolvimento não
agressivas ao meio ambiente; conscientização de mandatários sobre a responsabilidade de
preservação das riquezas naturais de seus países; o dever do homem de proteger o meio
ambiente para a sua geração e as vindouras; declaração de que a fauna e a flora devem ser
preservadas para a sobrevivência da vida no planeta elegendo-as como patrimônio da
humanidade, dentre outras.
Naqueles tempos, a crise ambiental tinha como principal ator e causador, o
crescimento demográfico dos países em desenvolvimento, a partir das grandes demandas
sobre os recursos naturais do planeta. Entretanto, os maiores poluidores e degradadores do
planeta, dado os seus modelos de produção, eram os capitalistas do Norte, os grandes
consumidores de energias e recursos da natureza sendo, ainda, os mais poluidores.
A junção entre, o consumo e a produção, e do outro, o governo e políticas
ambientais no âmbito interno ou externo, trouxe uma chamada de atenção para os padrões
de produção, notadamente, para os países do grupo norte-ocidental. O cenário passou a ser
delineado pelas nações ditas industrializadas. Frise-se que diversos países com este status,
a exemplo dos E.U.A. e Austrália não contemplam em suas agendas governamentais
políticas claras de desenvolvimento ambientalmente sustentável, prevalecendo à margem
de responsabilidades registradas pelo protocolo de Kyoto, 1997, p. ex.
Em 1992, o Rio de Janeiro palco da II Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Humano, maior fórum mundial ocorrido, teve como principal tema: O
Desenvolvimento Sustentável e como reverter o processo de degradação ambiental, além
dos eventos, a reunião de chefes de Estado, Cúpula da Terra e o Fórum Global.
A RIO92 produziu documentos importantes - a Declaração do Rio, o Tratado das
ONGs, em especial, a Agenda 21 que comprometia as nações signatárias a adotar métodos
de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Em termos práticos, criou-se
o Fundo para o Meio Ambiente, Global Global Environmental Facility (GEF) objetivando
ser o suporte financeiro das metas fixadas e principal recebedor de aportes do Banco
Mundial, das nações desenvolvidas, liberando recursos para fundos e programas
ambientais.
Porém, após quase dez anos, out/2001, em atividade o GEF não tinha aplicado
sequer um terço de sua meta mínima de US$ 15 bilhões estabelecidos na RIO92 em
projetos de preservação e combate à degradação do planeta.
REFERENCIAL TEÓRICO
Mas, afinal o que vem a ser Consumo Sustentável? São as iniciativas visando o
atendimento das demandas originadas, tidas como: conscientes, responsáveis e éticas que
ensejam em novas relações com o Meio Ambiente, quer de uso, descarte e eventuais
impactos.
A gênesis do Consumo Sustentável surgiu a partir do que se chamava nos anos de
1970s de “consumo verde” nascido no berço do ambientalismo público, antecessora da
ambientalização do setor privado nos anos 80 e, finalmente, com as preocupações
emergentes originadas a partir dos impactos ambientais provocados pelos estilos de vida e
padrões de consumo das sociedades da década de 1990.
O Consumidor Verde
Participar es ser parte, tener parte, tomar parte, y esto implica três condiciones
básicas: involucramiento, compromiso y sentido de identidad. La participación
tiene como fin influir, pero influir en los procesos de toma de decisiones que de
alguna manera se vinculan con los intereses de los participantes y los recursos
que la sociedad dispone para ello (RID, 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ABSTRACT
The prospect of increasing possibilities of exhaustion of the planet's natural resources have led
individuals and society responsible to rethink, objectively, their styles, levels and types of
consumption. The abandonment of practices for determining the status of the individual from the
evaluation of how it acquires the desired products, ethics, what and in what quantities this
appropriates resources, leading individually or collectively, to recreate new standards and levels of
consumption. From the individual's awareness of their interaction with the social environment, the
absorption of new knowledge, coming from environmental education, the practice of changing
habits, the way the goods are used and are returned to nature, causing impacts smaller or larger,
birthed the conscious consumer practices for green consumption in postmodernity, the utopia of
sustainable consumption. An ideal to be built, not merely by the will of one, but the collective
desire, an egress environmental awareness. Imparting cycle learn, practice, analyze, learn, and get
back to practicing incessantly. So, regulatory, disciplinary and coercive public power, which
through its laws and regulations, invoked to build sustainable consumption, the private sector,
society in general, called to participate in the construction of this new future, born of the union
development with sustainable environment, locus of balance, fairness and equal access to natural
resources for everyone. This study analyzes the evolutionary aspects of sustainable consumption,
namely the environmental, the economic and the social. To establish as a single path near future,
balanced relationship between man and nature. Based on Environmental Education, forming an
upward spiral of perception born of ecological disaster, amounting to an awareness of the need to
promote new means of production and consumption, the mitigating actions in favor of consumerist
sufficient and necessary; concern for the economically balanced and socially just. Thus, this study
reaffirms the need to promote actions contoured self-management of citizens' actions, aimed at the
common practice of sustainable consumption.
KEYWORDS: Consumption, sustainable development, environmental education, ethics,
responsibility.
REFERÊNCIAS
José M. Furtado 1
Resumo
Os resíduos sólidos urbanos são reconhecidamente causa de grande impacto ambiental, econômico e social.
A realização de eventos traz novos negócios e investimentos para a cidade mas ao mesmo tempo gera um
impacto de curta duração, significativo e localizado. O desperdício na indústria de eventos é grande, desde o
material usado na montagem de stands aos resíduos gerados pelo consumo dos visitantes. O modelo Lixo
Zero propõe o uso de conceitos já bem conhecidos como o consumo consciente e a economia solidária,
além do estrito atendimento à legislação dos resíduos sólidos. Este artigo comenta esta legislação,
apresenta os conceitos Lixo Zero e Evento Lixo Zero, concluindo com um estudo de caso.
Abstract
Urban solid waste is known by the environmental, economic and social impact it causes. Public events bring
new business and capital to the venue but at the same time generate a significant concentrated impact. The
event industry is a wasting one, from the infrastructure assembly and dis-assembly to the garbage visitors
throw away. Zero Waste purposes the use of known concepts like responsible consumption, social business
and strict adhere to the legislation. This article comments the recent Brazilian solid waste legislation and
presents the Zero Waste, Zero Waste Event concepts, closing with a case study.
Introdução
“A gente tem que romper esse paradigma de que reciclar é coisa de pobre.
Reciclar é coisa de gente inteligente” (Santos, 2012)
O adequado gerenciamento dos resíduos sólidos tem cada vez mais se tornado um importante
instrumento de preservação do meio ambiente e da qualidade de vida do meio urbano, sendo que a
recente aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), define a
responsabilidade de cada cidadão gerador dos resíduos, pela sua correta destinação.
Encontrar um destino sustentável para o lixo tem se mostrado um desafio. Separar os
recicláveis é uma das formas mais divulgadas de participação, mas é preciso fazer mais. Os resíduos
orgânicos também podem ser reciclados e reaproveitados como adubo ou para geração de energia.
Eventos públicos são grandes geradores de resíduos. Desde seus preparativos, passando pela
instalação física, durante o evento propriamente dito, até o desmonte e trabalhos pós-evento, por
todas estas etapas há geração de resíduos cujo perfil varia conforme a etapa, indo desde os
perigosos, Classe I (ABNT, 2004), até um simples papel de bala.
1 José Mendonça Furtado – Engenheiro, especialista em Sustentabilidade e Responsabilidade Social pela UNICAMP, 2009, é
consultor em destinação de resíduos e compostagem. Gerencia projetos socioambientais. Prêmio RAC-SANASA de
Responsabilidade Ambiental, 2010, é sócio fundador da Novaterra Ambiental. josefurtado@novaterraambiental.com.br
A preocupação com os resíduos não é, entretanto, a única que devemos ter quando visamos
tornar um evento sustentável. A intervenção do evento no meio social deve ser considerada e
avaliada de forma que os benefícios sejam maximizados.
Este trabalho apresenta um breve comentário sobre a legislação brasileira para os resíduos
sólidos, seguem-se as definições dos conceitos Lixo Zero, e de Evento Lixo Zero, concluindo com a
apresentação de um relato sobre um Evento Lixo Zero realizado em fevereiro de 2013.
A Legislação Brasileira
O modelo capitalista de produção que adotamos é linear (extração-produção-consumo-
descarte) e se sustenta a partir da exploração sem limites dos recursos naturais, para fabricação em
massa de bens muitas vezes desnecessários, cujo consumo é induzido por maciças doses de
propaganda. O estágio final deste sistema é a geração de um volume incontrolável de uma enorme
diversidade de tipos de resíduos, que tornam a correta destinação de cada um deles numa tarefa
próxima ao impossível. Embora este modelo linear esteja em xeque, a mudança para um modelo
circular no qual resíduos sejam continuamente reusados como insumos, não tem sido de fácil
implantação.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010), Lei 12.305/2010, é um instrumento
que entre outras finalidades, visa induzir os agentes econômicos a adotar práticas que privilegiem o
reaproveitamento dos resíduos. Ela estabelece metas e diretrizes para estados, municípios, empresas
e cidadãos definindo uma hierarquia de responsabilidades. Trata-se de um instrumento legal
inovador e desafiador com grande potencial de alterar, para melhor, o atual cenário dos resíduos no
País. Além da PNRS, o arcabouço legal da área começa pela Política Nacional de Saneamento
Básico (Lei 11.445/2007), e se completa com as Políticas Estaduais de Resíduos Sólidos, e as
legislações e os planos municipais.
A PNRS é inovadora em alguns importantes aspectos: pelo reconhecimento dos resíduos
como “bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania”; pela
introdução do conceito de “responsabilidade compartilhada”, que define o gerador do resíduo como
co-responsável pela sua correta destinação final; e pela definição da “logística reversa”.
A Logística Reversa é um instrumento criado para viabilizar “a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos...”
(PNRS, 2010). Trata-se de uma excelente ferramenta de incentivo ao mercado da reciclagem, e
indutora do reaproveitamento de matérias-primas que ainda hoje são descartadas em aterros. Até o
momento foram criadas algumas Câmaras Setoriais (pneus, lâmpadas, embalagens de agrotóxicos,
etc) para definir os meios e as responsabilidades de cada ator no processo de coleta, transporte e
aproveitamento dos materiais, outras deverão ser criadas.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos em momento nenhum se refere a “lixo”, e define
dois termos para tratar dos materiais descartados: “resíduo sólido” e “rejeito”. Resumidamente,
resíduos são os materiais descartados resultantes de atividades humanas, e os rejeitos são resíduos
que “depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação … não apresentem
outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.” (PNRS, 2010).
A natureza não gera lixo. O lixo é uma criação do homem. O sistema linear de extração,
produção, consumo e descarte levado a extremos numa sociedade consumista e acumuladora,
provoca efeitos danosos ao ambiente e à qualidade de vida da própria sociedade. A adoção do
modelo Lixo Zero é uma entre muitas medidas que podem potencialmente alterar esta lógica,
estabelecendo um modelo que mimetize o comportamento circular da natureza, onde não há rejeito
e o resíduo de um determinado processo é insumo para outros.
Lixo Zero é a prevenção da geração de rejeitos através de ações que possibilitem o reuso,
sempre que possível, dos produtos e materiais, e o reaproveitamento ou reciclagem daquilo que
chegue ao fim de vida. Do ponto de vista estritamente econômico, trata-se de reduzir (no limite,
zerar) despesas com envio de resíduos para aterros, aplicando, de outra forma, recursos no
reaproveitamento de produtos e materiais. Transformando problemas e riscos, em soluções cujo
impacto positivo se reflita não apenas no orçamento do Evento como também na Sociedade como
um todo.
A denominação “Lixo Zero” é muitas vezes questionada, por dois motivos: “lixo” é palavra
banida de toda a legislação brasileira que define os resíduos e os rejeitos; e “zero”, por que seria
uma utopia, uma vez que qualquer atividade humana gera resíduos. Sem discordar deste
argumentos, fazemos uso do termo “lixo” porque estamos nos referindo à somatória dos resíduos e
rejeitos gerados em um evento, além do que, este é um termo de uso comum e causa maior impacto
ao leitor. O termo “zero” é usado por estabelecer uma meta que sempre estará desafiando a
Sociedade em busca de melhores resultados.
Adotar o conceito Lixo Zero exige efetiva mudança de comportamento dos envolvidos, sendo
que a principal alteração é abandonar o hábito de “jogar lixo fora” conscientizando-se de que, na
melhor das hipóteses, o material termina por ser depositado em um aterro. Sua adoção exige um
trabalho coordenado de revisão de conceitos e processos que venha propiciar o máximo
reaproveitamento de todos produtos e materiais não mais servíveis. Lixo Zero tem um forte
fundamento ético, no respeito à natureza, no compromisso com a qualidade de vida da Sociedade, e
na criação de trabalho e renda dignos, sendo ainda um contraponto à cultura do “descartável”.
Estabelecer a meta lixo zero é como definir zero acidentes em um ambiente de trabalho, ou
zero falhas numa linha de produção. Tratam-se de metas de longo prazo que dependem de
criatividade, inovação e persistência para serem alcançadas. Além dos esperados benefícios
ambientais é de se esperar que importantes ganhos econômicos tangíveis sejam alcançados através
da redução do consumo, do reuso e reciclagem de materiais, assim como ganhos intangíveis pela
divulgação na mídia, reconhecimento de consumidores, etc. Melhorias sociais são igualmente
alcançaveis, como o envolvimento e a sensibilização de pessoas, e a geração de trabalho digno e de
renda.
É importante que sejam conhecidas as implicações que a adoção do conceito Lixo Zero trará
ao Negócio, ao posicioná-lo numa cadeia de valor na qual consumir material usado proveniente de
outros processos e fornecedores, torna-se tão importante quanto cuidar dos seus próprios resíduos.
O incentivo ao reuso e reaproveitamento deve se dar nas duas pontas do processo, fomentando um
mercado para o material reusado/reciclado.
O conceito Lixo Zero não necessariamente faz uso da norma ABNT ISO 20121 (ABNT,
2012), não devendo com ela ser confundido. Este conceito, embora o nome possa sugerir, não se
limita a dar correta destinação final a todos os resíduos e rejeitos gerados pelo evento, visa também
implantar práticas sociais voltadas ao conceito de sustentabilidade, como por exemplo, o consumo
consciente, a redução do desperdício de materiais, e a geração de trabalho e renda, pelo uso de uma
visão holística do contexto que considera toda a complexidade social, econômica, ambiental e
cultural.
Do ponto de vista ambiental, um Evento Lixo Zero tem por meta o reaproveitamento total dos
produtos e materiais não usados (resíduos) com a consequente drástica redução de rejeitos,
garantindo que tanto resíduos como rejeitos tenham destinação correta. Do ponto de vista social,
devem ser buscadas alternativas que produzam os melhores impactos possíveis. Envolver catadores
de baixa renda no trabalho de coleta e destinação e/ou doar produtos e materiais para entidades
assistenciais, são algumas opções. Como exemplo específico podemos citar a indução da
participação do público em evitar que o material seja jogado no chão, o envolvimento de
cooperativa de catadores na separação e destinação dos resíduos, incentivando a geração de renda e
emprego digno a cidadãos de baixa renda. Já os rejeitos devem ser encaminhados para parceiros que
uma vez executados os serviços emitam certificado.
Um efeito colateral positivo de programas lixo zero é a redução do desperdício de materiais,
graças ao fato de as pessoas uma vez conscientizadas ficarem atentas aos excessos, propiciando
desta forma a redução de novas aquisições, uma vez que a sobra do material não usado fica patente.
O impacto econômico positivo do conceito Lixo Zero, começa pela redução dos gastos com a
aquisição de produtos e materiais, e passa pelo seu uso consciente. A reutilização ou reciclagem
leva a mais economia pela redução do gasto com o envio de resíduos para aterros. Estes resultados
podem ser alcançados por melhor gestão de recursos, auditorias e pela implantação na gestão do
evento, de programa de sensibilização de todos os envolvidos ou intervenientes no evento
(stakeholders2).
Embora não estritamente necessário, eventos Lixo Zero podem se diferenciar no mercado e
obter melhores resultados pela utilização em sua gestão, da norma ABNT ISO 20121. Por ser de
aceita internacionalmente seu uso acresce ao evento a possibilidade de reconhecimento pela adoção
de melhores práticas que não se limitam à gestão dos resíduos. O Anexo I, apresenta um sucinto
relato da norma ABNT ISO 20121:2012.
Com respeito especificamente à gestão dos resíduos e rejeitos gerados, é conveniente que as
etapas que listamos a seguir, sejam executadas:
Definição do escopo – é fundamental definir qual o escopo do trabalho a ser executado. Se
será dedicado aos dias da realização do evento propriamente dito, ou se serão também considerados
os resíduos gerados nas fases de planejamento, preparação e pós-evento;
Diagnóstico inicial – conhecer o perfil dos resíduos e estimar o volume e tipologia a ser
gerada. Caso já tenha havido uma versão anterior do evento, deve-se consultar sua documentação
para obter dados comparativos;
Definição de metas e indicadores – estabelecer o que se pretende alcançar com o projeto Lixo
Zero e como o trabalho será mensurado e avaliado. Manter um histórico que possibilite avaliar
gastos atuais contra os de anos anteriores é fundamental para o processo de melhoria contínua;
Envolvimento das pessoas – criar uma atmosfera positiva na qual todos entendam as metas
estabelecidas e se sintam participantes do esforço comum;
Treinamento e comunicação – são importantes para aprofundar a dedicação dos envolvidos
(stakeholders) e mantê-los a par do que ainda está pela frente e do que já foi alcançado;
Desenvolvimento do Projeto – definir o que será feito e como será a execução durante o
evento. Deverão ser tomadas decisões sobre, mas não limitadas a: redução de compras; reuso de
materiais de eventos anteriores; destinação de embalagens de fornecedores (logística reversa);
definição de quantidade, tipo e localização dos recipientes no evento; destinação a ser dada a cada
tipo de reciclável e aos rejeitos;
2 O termo é comumente usado para designar todos aqueles que de alguma forma interagem ou participam direta ou
indiretamente do evento, sejam empregados, terceirizados, fornecedores, público-alvo, vizinhos, orgãos públicos,
etc.
Divulgação e comunicação – fazer os frequentadores, expositores, patrocinadores conhecerem
e entenderem o que irá ocorrer e como devem proceder durante o evento. Identificar claramente os
locais de disposição dos resíduos, demonstrar o que será feito com o material recolhido;
Mensurar e documentar – medir indicadores, anotar suas observações e as sugestões de
outros, os elogios e as críticas. Documentar e comunicar os resultados finais.
A participação e envolvimento de todos os stakeholders é fundamental para o sucesso de um
Evento Lixo Zero. Para isso, é conveniente desenvolver comunicação e divulgação específicas para
cada grupo informando claramente as ações esperadas e os objetivos finais a serem alcançados. Os
frequentadores são um grupo ao qual deve-se dedicar um trabalho de sensibilização específico. Sem
seu envolvimento todo o trabalho anterior e posterior serão prejudicados. Programas de
sensibilização realizados durante o evento podem produzir bons resultados. Ao fim do evento,
patrocinadores devem ter acesso aos números para que percebam o valor agregado à sua própria
imagem por terem se associado ao evento.
Eventos Lixo Zero são agentes transformadores do meio social, agregam valor à imagem de
organizadores, patrocinadores e da localidade onde é realizado. O processo de sensibilização que
lhe é inerente, tem o poder de induzir alterações no comportamento daqueles diretamente
envolvidos na sua realização e, principalmente, do público-alvo frequentador. A solução dada à
destinação dos resíduos pode transformar vidas ao dar suporte a entidades ou gerar renda para
cooperativados, por exemplo.
Este Projeto, foi levado a efeito em fevereiro de 2013, no distrito de Barão Geraldo, em
Campinas, SP. O distrito tem cerca de 60.000 moradores e uma significativa população flutuante
composta por estudantes, funcionários e professores da UNICAMP (Universidade Estadual de
Campinas). Nos 05 dias de carnaval há desfiles de blocos e bandas pelas ruas do bairro central, o
que tradicionalmente deixa as ruas sujas incomodando moradores e o comércio local, uma vez que a
limpeza só é feita na manhã seguinte pela empresa responsável pela coleta urbana.
Foi constituído um Grupo Gestor composto pelo Autor, um representante dos Blocos e dois
voluntários. Um estudo para o diagnóstico inicial mostrou que o perfil do material irregularmente
jogado nas ruas é quase totalmente composto por latas de alumínio e garrafas de PET, além de
filmes plásticos e papelão de embalagens. Há uma quantidade marginal de garrafas de vidro cuja
comercialização é proibida nestes dias. Todo este material, embora seja 100% reciclável, caso
Na fase de preparação do evento foram realizadas reuniões com os cooperados nas quais
dialogamos sobre uma nova postura profissional, diferenciada daquela do catador que anda por
entre as pessoas se abaixando para limpar os dejetos alheios jogados no chão. Argumentamos que
esta relação socialmente anacrônica precisa ser alterada, e trará avanços tanto nas relações sociais
quanto para o meio ambiente.
Ao negociar com a Prefeitura, ficou claro que a questão do falta de recipientes coletores não
se resolveria a tempo para este evento. Foram comprados big bags, sacos de 1 metro cúbico, para os
pontos de coleta da CooperBarão. Os cooperativados receberam camisetas de fácil identificação e
os pontos de coleta também foram claramente identificados.
O Grupo Gestor fez o trabalho de divulgação do Projeto junto a comerciantes da região,
solicitando colaboração para o evento ao mesmo tempo em que explicava a situação da
CooperBarão, com o intuito de obter comprometimento futuro destes grandes geradores de resíduos
com sua destinação para a Cooperativa.
Considerando o estilo do evento, as intervenções junto ao frequentador foram planejadas para
trabalhar de forma lúdica a questão da disposição correta dos resíduos nos locais designados. Foi
criado o Barão Limpão, um “boneco de Olinda” que interagiu com o público infantil e adulto nos
diversos desfiles, incentivando todos a depositar os resíduos nos locais corretos. Os blocos foram
desafiados a criar músicas ou paródias que incentivassem o folião.
Desta forma, durante os desfiles foram realizadas intervenções junto aos frequentadores por
um voluntário trajando o Barão Limpão; Nos intervalos as bandas faziam chamadas convidando
todos a colaborar levando o material para os pontos de coleta, e nos pontos de coleta os cooperados
conversavam com os foliões que se aproximavam para depositar as latas ou garrafas.
Nas manhãs seguintes aos desfiles um voluntário documentava o material varrido nas ruas
antes que fosse recolhido pela empresa de limpeza (Fig 4). A medição destes foi por estimativa de
volume uma vez que não havia como pesar. O material acumulado nos pontos de coleta foi
recolhido e documentado pelos próprios cooperados (Fig 5).
Os resultados relativos ao indicadores estabelecidos inicialmente, foram:
Indicador Total
Alumínio, plástico e papelão para reciclagem 520 Kg ou 13 m3
Quantidade de material recolhido por varrição Em torno de 25 m3
Melhoria da qualidade de vida dos cooperados Boa*
*avaliação subjetiva feita pelos cooperados entre 5 opções: nada, pouca, média, boa e excelente
Os resultados para um Evento Lixo Zero poderiam ser taxados de pífios, já que em termos de
volume apenas 1/3 foi coletado e encaminhado para reciclagem, sendo o restante ainda destinado
para aterro. Entretanto, considerando-se o curtíssimo prazo para seu planejamento e a consequente
falta de suporte mais efetivo por parte da Prefeitura, deve-se inverter a ótica e considerar que 13m 3
de resíduos não foram para aterro, como em edições anteriores do Evento. A medida da qualidade
de vida dos cooperados ficou polarizada pelo resultado financeiro da venda do material, que gerou
em 5 dias o equivalente a 1/3 da retirada mensal de cada um dos 6 participantes. Infelizmente, trata-
se de uma melhora pontual uma vez que passados 3 meses do evento a cooperativa permanece à
espera da definição de um local de trabalho.
Conclusão
Este trabalho comentou a atual legislação brasileira para os resíduos sólidos, apresentou o
conceito Lixo Zero e como este se relaciona com a norma ABNT ISO 20121. Detalhou a aplicação
do conceito Evento Lixo Zero no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas, São Paulo, durante as
festividades de carnaval em 2013. Os resultados foram positivos, embora haja muito a melhorar, e
incluem geração de renda para a Cooperativa Barão Geraldo pela coleta e venda do material
recolhido, a consequente redução dos resíduos destinados ao aterro da cidade, e o envolvimento de
comerciantes, de frequentadores dos desfiles, dos blocos carnavalescos e da prefeitura, unidos pela
causa comum do Lixo Zero.
A aplicação do conceito Lixo Zero e/ou da norma ABNT-ISO 20121 na gestão do evento,
pode potencialmente trazer ganhos financeiros e benefícios para os stakeholders, sendo uma ação
tipicamente ganha-ganha. O conceito Lixo Zero pode ser aplicado em eventos de qualquer escala,
sendo inclusive aplicável ao contexto de comunidades, bairros e cidades através de planejamento
adequado e envolvimento da cadeia de interessados.
Referências
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm (consultado em 16/11/2012)
Rutiele Harlos1
RESUMO
A indústria e o comércio do vestuário geram graves impactos ambientais, procurar meios de produção
mais sustentáveis, diminuição da utilização dos recursos naturais, do descarte e reaproveitamento dos
resíduos gerados, tornou-se uma necessidade. Esse estudo procurou identificar os danos causados pela
indústria da moda e apresentar uma nova visão sobre o reaproveitamento de resíduos e gestão
sustentável, buscando contribuir na conscientização ambiental da sociedade como um todo.
ABSTRACT
Industry and trade clothing generate serious environmental impacts, seek more sustainable
means of production, reducing the use of natural resources and disposal and reuse of waste generated,
it became a necessity. This study sought to identify the damage caused by the fashion industry and
provide new insight into the reuse of waste management and sustainable development, seeking to
contribute to the environmental consciousness of society as a whole.
1
Designer de Moda, graduada pela Instituição União Dinâmica das Cataratas (UDC), pós graduanda em Gestão e
Desenvolvimento Sustentável pela Cesumar. rutiharlos@hotmail.com
SUMÁRIO
SUMÁRIO..................................................................................................................................3
1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................4
1.REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................................5
1.1SURGIMENTO CONCEITO SUSTENTÁVEL...............................................................5
1.2SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA ECO MODA..........................................................7
1.3IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO..8
1.3.1Poluição do Ar............................................................................................................8
1.3.2Poluição da Água e Solo.............................................................................................9
1.3.3Resíduos Sólidos.......................................................................................................10
1.4RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS...............................10
1.4.1Gestão Ambiental: Novo Cenário.............................................................................11
1.5CONCEITO UPCYCLE..................................................................................................12
1.6CONSUMIDORES CONSCIENTES..............................................................................13
2.CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................15
1. INTRODUÇÃO
A Goóc é outro exemplo de marca que investiu desde o seu início em 1986 em
produtos de reaproveitamento, levando o conceito sustentável para cada produto seu, na
grande maioria feitos a partir de pneus velhos. Fora do “mundo da moda” temos a Ford, a
primeira indústria brasileira a cumprir as metas do Protocolo de Kyoto e a cumprir as regras
do ISO 14000 (que explicaremos mais a frente), utilizando práticas sustentáveis no interior da
indústria e estudando materiais mais leves e diminuição da utilização de recursos naturais.
Atualmente seja por modismo ou por real preocupação com o meio-ambiente, o
assunto encontra-se presente nas mais variadas mídias e eventos, muitas marcas sustentáveis
surgiram e já existem meios de produção mais limpos, porém ainda muito caros e pouco
conhecidos.
Além de sustentabilidade na produção do produto e nos materiais de sua composição,
existem empresas que procuram criar projetos sustentáveis, o que auxilia no marketing verde
da empresa. Nesse caso tem-se o exemplo da marca Ypê, que desde 2007 em conjunto com a
ONG SOS Mata Atlântica, planta mais de 350 mil mudas por ano de plantas nativas em áreas
degradadas, apresentando relatórios anuais em seu site, como podemos ver na imagem a
seguir.
Figura 2: Projeto Florestas Ipê
1.3.1 Poluição do Ar
As casas de caldeira onde se queima óleo e lenha, para o funcionamento das fábricas,
depositam no ar grandes quantidades de dióxido de enxofre e CO 2, colaboradores na formação
de chuva ácida e do efeito estufa. Na Grã-Bretanha, por exemplo, que coloca a venda 900 mil
toneladas de roupas por ano, cerca de oito milhões de toneladas de CO2 são gerados.
No Brasil, segundo dados da FBDS 2007 (Fundação Brasileira para o
Desenvolvimento Sustentável) a indústria têxtil é responsável por 0,9% das emissões anuais
de carbono. Além da geração de CO2, existem os aerodispersóides, nome dado às partículas
de gases, vapores ou sólidos presentes no ar, no qual a fuligem de tecidos e algodão gerados
pela indústria têxtil no momento da fiação do algodão, produção de tecidos e corte das peças
são incluídas, responsáveis por diferentes doenças respiratórias e alergias.
MESQUITA, C.; 2006, Moda Contemporânea: Quatro ou Cinco Conexões Possíveis. São
Paulo, Editora Anhembi Morumbi.
OLIVEIRA, A. P.; “Ecocentrico. Folha de São Paulo, 2010”, Disponível em: http://ecocen-
trico.com.br. Consultado em: 15 jul. 2012. 18h
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conclusão de curso - UFSC - Engenharia de Produção e Sistemas – Florianópolis, SC,
TWARDOKUS, Rolf; 2004, Reuso de Água no Processo de Tingimento da Indústria Têxtil;
Dissertação de Mestrado – UFSC – Engenharia Química - Florianópolis, SC.
Tiago Trentinella∗
Abstract: Japan has been evolving its public policies on waste management for more than one
century. Firstly focused on sanitary issues and pollution control, Japan nowadays targets on
fostering recycling. The results have been proving positive since the amount of waste has been
diminishing and the recycling rates are increasing. Brazil could take some aspects of the
Japanese experience as a model as to elaborate or evaluate its own public policies on such
matter. Among them, the long run planning and management, the central government support
for the municipalities aiming at implementing such planning, and the development of a broad
national database on residues.
Keywords: Waste Management. Public Policy. Statistics. Legislation. Japan. Brazil.
Introdução
atenção para o tratamento que damos aos resíduos sólidos no Brasil. Para avaliarmos em
que ponto estamos e aonde queremos chegar é útil levarmos em consideração o exemplo
de outros países.
Mestre e doutorando em direito pela Universidade de Osaka (Japão). Especialista em Direito Ambiental pela Universidade de São Paulo. Autor de
“Constitution and Perspectives of the Brazilian Waste Policy Law: the Japanese Home Electrical Appliances Recycling Law as a reference” (Osaka Law
Review, No. 282 (Março, 2013) pp. 205 - 233).
No Japão, a dimensão territorial e o adensamento populacional dificultam a
instalação de aterros, que demandam muito espaço. Esses fatores, aliados à carência de
o reuso e a reciclagem dos resíduos. Esse quadro não se constituiu da noite para o dia.
que medida o Brasil poderá se espelhar no modelo japonês para formular suas próprias
combater a poluição. O terceiro período começa em 1991 e vai até os dias de hoje. É
Com a abertura dos portos japoneses em 1854 (Sautter, 1978:43), o país passou
doenças infecciosas como cólera e peste bubônica no fim do século XIX (Ministério do
Meio Ambiente do Japão, 2001). Estas calamidades alertaram o país para a importância
de modernizar a gestão dos resíduos.
mesmo ano.
direto era o principal tratamento dado aos resíduos (Mizoiri, 2012:128). Em 1930, a
incineração passou a ser obrigatória. No entanto, antes mesmo dessa nova regra, a
incineração, que já era feita em campo aberto, passou a ser realizada em locais próprios.
incineradores da época não eram suficientes para atender à demanda, descartes no mar
como moscas e mosquitos, que ameaçavam a saúde dos japoneses (Ministério da Saúde
objetivo primordial da nova lei era promover a saúde pública. Embora os municípios 2,
1 No Japão, o conceito de “município” engloba, via de regra, três entidades administrativas diferentes: cidade ( 市), distrito (町) e vila (村). A lei de
1900 outorgou apenas às cidades como Tóquio e a alguns distritos especiais a responsabilidade pela gestão de resíduos. Ou seja, inicialmente, seu
alcance era limitado (Ministério do Meio Ambiente do Japão, 2006: documento de referência 1).
2 Com a lei de 1954, todos os municípios (cidades, distritos e vilas) do país passaram a ser responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos. Esta lei
dispôs, inclusive, sobre a formação de zonas intermunicipais para racionalizar a coleta e o tratamento de lixo. (Ministério do Meio Ambiente do Japão,
2006: documento de referência 1).
continuassem responsáveis pela gestão dos resíduos, naquele momento eles passaram a
foi a primeira vez que se diferenciou o resíduo industrial do resíduo domiciliar comum3.
Foi nesse contexto que o governo central passou a atuar mais diretamente na
Meio Ambiente do Japão, 2001). Fundos dos governos central e provinciais foram
do Japão, 1963).
3 Em 1970, o Japão estabelece os conceitos legais de resíduo industrial e resíduo comum. Em linhas gerais, o resíduo industrial é aquele tipicamente
oriundo de atividades econômicas, como óleos, plásticos e cinzas. Já o resíduo comum é todo aquele que não seja considerado resíduo industrial, tal
como o lixo domiciliar (Lei de Gestão de Resíduos de 1970, art. 2°). É este o conceito adotado neste artigo quando os termos resíduo industrial e resíduo
comum forem utilizados.
4 Outras leis emergenciais e planos quinquenais para adequação da infraestrutura de gerenciamento de resíduos foram editados posteriormente até, pelo
menos, a década de 90 (Ministério do Meio Ambiente do Japão, 2006: documento de referência 1).
1.2 Combate à poluição
Borra ácida, plástico, material contaminado com mercúrio e cádmio, por exemplo,
Japão, 1971).
Raros eram os municípios que tinham know-how para lidar com essa nova
adequado aos seus dejetos, admite-se que não se sabe como um milhão de toneladas/dia
Japão, 1971).
A nova realidade industrial do Japão deu à questão dos resíduos uma nova
substâncias tóxicas não apenas à humanidade, mas a todas as formas de vida. Se antes a
claro objetivo de combater a poluição6. O tema dos resíduos sólidos também foi objeto
da revisão legislativa.
5 A partir da segunda metade do século XX, a humanidade passou a produzir e utilizar substâncias químicas artificiais em grande quantidade. Estima-se
que de um total de 20 milhões, apenas 100 mil dessas substâncias têm aplicação prática para a fabricação de itens de nosso dia a dia, como
medicamentos e embalagens plásticas. Essa diversidade de compostos não assimiláveis pela natureza figuraria dentre uma das principais causas dos
problemas ambientais modernos (Hata, 2004:508).
6 Ao todo, 14 leis foram promulgadas ou alteradas com vistas a combater a poluição (Minami et al., 2006:7). Dentre elas, estão a Lei Geral de Combate
à Poluição, a Lei de Prevenção de Contaminação das Águas e do Solo, a Lei de Controle de Poluentes Atmosféricos, a Lei de Crimes de Poluição, além
da Lei de Gestão de Resíduos (Otsuka, 2007:11).
dezembro de 1970. Esta lei não deixou de visar à promoção da saúde pública, mas, ao
resíduos sólidos.
dispositivos. A disposição ilegal de resíduos, por exemplo, passou a ser crime apenado
com cinco anos de reclusão e trabalhos forçados, além de multa de até 10 milhões de
ienes (cerca de US$ 100 mil). Sendo o infrator pessoa jurídica, essa multa chega a até
Com relação aos resíduos comuns, cujos geradores não são diretamente
responsáveis pela sua disposição final, não houve, de fato, qualquer movimento para sua
de gestão de resíduos deveria incentivar o setor produtivo a reduzir seus rejeitos. Não
7 Com relação aos resíduos industriais, em 1980, foi registrado um total de 292 milhões t/ano (Ministério da Saúde do Japão, 1985). Em 1985, esse
número subiu para 312 milhões t/ano (Ministério da Saúde do Japão, 1996). A partir da década de 90, o índice se manteve relativamente estável por
volta de 400 milhões t/ano, com pico de 426 milhões em 1996 e mínima de 386 milhões em 2010 (Ministério do Meio Ambiente do Japão, 2010).
1.3 A era da reciclagem
Por mais eficiente que seja a infraestrutura de disposição final de resíduos, sua
capacidade será sempre limitada. Caso a quantidade de resíduos não diminua, haverá
uma constante busca por locais adequados para a instalação de incineradores e aterros,
passo. Mais que priorizar uma disposição final adequada, o foco passou a ser evitar que
sistema legal de reciclagem opera com base em leis gerais orientadoras do sistema, além
planos para o uso eficiente dos recursos naturais. Em 16 de junho de 1995, a “Lei de
produtores e do poder público para tal. Em 5 de junho de 1998, o Japão aprovou a “Lei
nova fase da gestão de resíduos. Foram ainda publicadas em 31 de maio do mesmo ano
8 Profundamente alterada no ano 2000, essa lei passou a se denominar “Lei do Uso Racional de Recursos Naturais”.
editada.
Japão.
pelo consumidor final, considerados resíduos comuns. Nestes casos, exceto para os
produtor (“EPR”)9.
Segundo este princípio, os produtores são responsáveis pelos seus produtos até
a destinação final. Com isso, espera-se que, desde a fase de escolha da matéria prima,
haja um incentivo para que sejam desenvolvidos produtos cada vez mais fáceis de serem
reciclados. Ademais, alivia-se o encargo dos municípios, já que deles fica afastada a
capacitação técnica adequada dos quais os municípios muitas vezes não dispõem
(OCDE, 2001:18).
bem como aqueles que utilizam embalagens, são obrigados a promover a reciclagem
desses itens, pode-se dizer que a lei japonesa se utilizou de uma abordagem EPR.
9 O termo “responsabilidade estendida do produtor” foi usado e definido pela primeira vez por Thomas Lindhqvist em 1990 (Lindhqvist et al.,
2006:1). Advogado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE como estratégia de política pública ambiental,
tornou-se conhecido pela sua terminologia em inglês Extended Producer Responsability –EPR. Neste artigo, a abreviatura em inglês foi adotada para
se referir a este princípio.
Entretanto, a Lei de Reciclagem de Equipamentos Eletroeletrônicos de
Pequeno Porte não seguiu essa tendência. Ou seja, os fabricantes não são obrigados nem
No entanto, não descartaria considerar novas alternativas no futuro caso o sistema atual
não funcionasse bem (Amaike, 2012:55). O que se infere é que o governo não teve força
o crescimento do país.
crescendo já a partir da década de 60. A tendência de alta constante foi alterada a partir
reciclagem de eletrodomésticos.
1991. Durante toda a década de 90, o índice continuou avançando, mas em ritmo menos
intenso. O pico ocorreu no ano 2000, com 54,8 milhões t/ano. A partir daí, a geração de
resíduos comuns apresentou uma queda acentuada até 2010. Em 2011, foi registrada
uma geração de 45,3 t/ano, índice similar ao verificado em 1987 (45,5 t/ano).
pico no ano 2000 (1.185g/habitante/dia), o índice veio caindo durante a primeira década
do século XXI. Em 2011, foi registrada uma geração 975 g/habitante/dia, número esse
comuns seguia sua tendência de queda, a reciclagem aumentou. Em 2002, foi registrado
essa realidade. Em 2002, estimava-se que a vida útil dos aterros japoneses fosse de 13,8
anos. Em 2011, esse número subiu para 19,4 anos. Note-se que a capacidade dos aterros
não aumentou no mesmo período. Pelo contrário, diminuiu. Assim, os 153 milhões m 3
década de 90. Afinal, foi a partir dessa época que o ritmo de geração de resíduos começa
2.2 Eletrodomésticos
varejista que lide com tais produtos. Este, por sua vez, repassa ao fabricante, que é
tendência de alta moderada até 2008. Nesse período, houve um aumento global de
50,8%. No entanto, entre 2008 e 2010, foi verificada uma forte alta de 114,8%.
O que teria provocado essa variação brusca? A Association for Electric Home
para trocar seus aparelhos. De fato, do total de 27 milhões de unidades entregues para a
reciclagem nesse ano, 17 milhões eram de televisores de tubos de raios catódicos (“Tv
produtivo certa porção das unidades que lhes são entregues. Por exemplo, pelo menos
– 50%.
No entanto, essa lei parece ter um efeito colateral. Desde que entrou em vigor
ano de 2000 como base, os casos registrados em 2001 tiveram alta de 13%. O pico se
deu em 2003, chegando a 44%. Desde então, o descartes ilegais vinham caindo ano após
10 Os números desta sessão se referem apenas às quatro categorias de eletrodomésticos objeto da lei.
ano até 2008. Entre 2009 e 2011, o índice volta a subir. Em 2011, o número de casos
ainda era 32% maior que em 2000 (Ministério do Meio Ambiente do Japão (b), 2011:2).
(Aizawa et al., 2008:1406). Assim, para evitar dessa despesa adicional, o consumidor
positivos, o modelo japonês pode servir como um paradigma segundo o qual o Brasil
poderá elaborar, alterar e avaliar as suas próprias políticas públicas sobre o tema.
Muitos temas poderiam ser objeto de análise comparativa entre ambos modelos
japonês e brasileiro. Como primeiro passo, três aspectos basilares merecem ser
destacados.
locais adequados para a disposição final adequada de resíduos tanto comuns quanto
11 A gestão deficiente dos resíduos sólidos no Brasil também se reflete na prolongada ausência de uma legislação federal específica. Apesar do
Verificados esses dados e comparando com o que ocorreu no Japão, parece
pouco provável que o Brasil possa eliminar os lixões em apenas 4 anos, ou seja, até
No Brasil, a União poderia ter a mesma atuação. Isso porque, até o momento, a
gestão estritamente municipal dos resíduos comuns não vem apresentando resultados
Não são raras as críticas feitas ao Brasil pela falta de dados sobre a gestão de
resíduos13. Um caso emblemático foi protagonizado pelo Programa das Nações Unidas
problema dos resíduos sólidos ter sido agravado com a urbanização brasileira dos anos 40 a 70 (Philippi Jr. et al., 2005), as normas federais existentes à
época “não passaram de declaração de princípios” (Machado, 1976: 31). Tratava-se da Lei 2.312, de 3 de setembro de 1954, sobre a defesa e proteção da
saúde. Em seu artigo 12 prescrevia que “a coleta, o transporte e o destino final do lixo deverão processar-se em condições que não tragam inconveniente
à saúde e ao bem estar público, nos têrmos da regulamentação a ser baixada”. Machado (1976) já ressaltava que a legislação federal deveria ser mais
incisiva, proibindo, por exemplo, a disposição de lixo a céu aberto. Apenas em 2010, uma lei específica sobre resíduos sólidos foi editada: a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010).
12 A Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010 prescreve: “Art. 54. A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, observado o disposto
no § 1° do art. 9°, deverá ser implantada em até 4 (quatro) anos após a data de publicação desta Lei”.
13 Com referência à falta de informações acerca da gestão de resíduos sólidos em geral, Guimarães de Araújo et al. (2006:116) afirma que os “dados
existentes sobre o assunto são escassos, falhos e conflitantes”. Especificamente sobre a reciclagem de resíduos eletrônicos, Araújo et al. (2012:272)
frizou que “in general, reliable information is scarce and based on assumptions”. Assim, indicando que 70% das cidades brasileiras despejam seus
resíduos em locais inadequados, Fiorillo (2010:178) assume que o “lixo tecnológico” também é descartado de maneira inapropriada. Machado (1976:30)
para o Meio Ambiente - PNUMA. Em relatório de 2009 sobre a questão dos resíduos
Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos - SINIR 14 venha a cumprir o papel de
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destaca que os “resíduos sólidos tem sido negligenciados tanto pelo público como pelos legisladores e administradores”. Freitas (2006:35) acrescenta
que o tema é pouco estudado pelo Direito Ambiental no Brasil.
14 Um dos instrumentos da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Sinir deve ser organizado e mantido conjuntamente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios (Lei 12.305/2010, art. 8°, inciso XI e art. 12 ). Uma de suas finalidades é disponibilizar estatísticas que auxiliem no
gerenciamento dos resíduos sólidos (Decreto 7.404/2010, art. 71, inciso IV).
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MIZOIRI, Shigeru (2012). “The Garbage War between Shibuya and Meguro Wards in
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TAKATSUKI, Hiroshi (2006). A Questão dos Resíduos e o Nosso Estilo de Vida (ゴミ
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TANAKA, Masaru (1999). “Recent trends in recycling activities and waste management
in Japan”. In: Journal of the Japan Society of Material Cycles and Waste Management,
RESUMO
O presente artigo aborda a relação entre Arquitetura Escolar e Sustentabilidade, tanto na concepção do
projeto como na construção da edificação, considerando dois pólos pedagógicos: o Autoritarismo
Educacional e uma “Educação Libertária”. Verifica-se que a Arquitetura Disciplinar destinada a atender
o Autoritarismo Educacional, corrobora os indícios do Panoptismo, como a vigilância hierárquica e o
disciplinamento do corpo no contexto (neo) liberal. A rigidez estrutural inviabiliza práticas de ensino e
aprendizagem que se baseiem na construção do conhecimento conjunto (professor + aluno). Em
contrapartida, observa-se a fluidez e plasticidade das edificações projetadas para escolas que se propõem
a práticas de ensino e aprendizagem mais “libertárias”, em contraposição ao ensino tradicional. Aliada
ao conceito de sustentabilidade, as edificações projetadas para as Escolas Libertárias explicitamente
postulam uma concepção completamente diversificada e interada não só com o ambiente natural, mas
também com a cultura e história do local onde estão inseridas.
ABSTRACT
This paper discusses the relationship between Architecture and Sustainability School, both in the design
and the construction of the building, considering two poles teaching: Authoritarianism Education and
“Educational Libertarian”. It appears that Architecture Discipline designed to meet the educational
Authoritarianism, corroborates the evidence of panopticism as hierarchical surveillance and disciplining
of the body in the context of (neo) liberalism. The structural rigidity prevents learning and teaching
practices that are based on knowledge construction set (teacher + student). In contrast, there are fluidity
and plasticity buildings designed for schools that intend to practice in teaching and learning more
“libertarian” as opposed to traditional teaching. Allied to the concept of sustainability, buildings
designed for the Libertarian Schools explicitly have a completely diverse and interactive concept not
only with the natural environment, but also with the culture and history of the place they were built.
*
Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UESC, BA) - Bolsista FAPESB; Mestre em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (UESC, BA); graduada em Arquitetura e Urbanismo (UFV, MG).
Professora do Instituto Federal da Bahia (IFBA). E-mail: skcosta@hotmail.com
Publicações: REIS, R. N.; COSTA, Silvia Kimo.; REGO, N. A. C.; SILVA JUNIOR, M. F. Avaliação das
potencialidades geoturísticas da serra geral, Bahia, Brasil. Revista Nordestina de Ecoturismo, Aquidabã, v.5, n.2,
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COSTA, L. E. B.; COSTA, Silvia Kimo; REGO, N. A. C; SILVA JUNIOR, M. F. Gravimétrica dos resíduos
sólidos urbanos, domiciliares e perfil socioeconômico no município de Salinas, MG. Revista Ibero-Americana de
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COSTA, Silvia Kimo; SILVA JUNIOR, M. F.; RANGEL, M. C. O processo de intervenção em espaços públicos
urbanos dos usuários: praças públicas. Rede: Revista Eletrônica do Prodema, v. 4, p. 25-35, 2010.
MATHIAS, A. G. C; COSTA, Silvia Kimo; REGO, N. A. C; SANTOS FILHO, H. A; SANTOS, J. W. B. dos.
Análise da disposição final de resíduos sólidos urbanos no município de Vitória da Conquista - BA utilizando a
Soft System Methodology. Diálogos & Ciência (Online), v. 8, p. 77-90, 2010
**
Doutor em Educação (UFBA); Mestre em Sociologia Rural (UFRGS); especializado em Desenvolvimento e
Gestão Ambiental pela Gesellschaft Fur Technische Zusammenarbeit, GTZ, Alemanha; graduado em Engenharia
Agronômica (UFPE). Professor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais e do Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (UESC, BA). E-mail: notlimf@gmail.com
Publicações: SILVA, N. B.; SILVA JUNIOR, M. F. Educação ambiental e práticas pedagógicas comunicativas
no ensino fundamental do caic em vitória da conquista - BA. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação
Ambiental, v. 29, p. 1-14, 2012.
BONFIM, D. A.; SANTOS, J. O.; SAMPAIO, R. J.; SILVA JUNIOR, M. F. Considerações sobre as mudanças
climáticas e os impactos na sub-bacia do rio catolé para o município de Vitória da Conquista-BA. Revista
Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 29, p. 1-16, 2012.
SANTOS, G. P.; REGO, N. A. C.; SANTOS, J. W. B.; DELANO JÚNIOR, F.; SILVA JUNIOR, M. F. Avaliação
espaço-temporal dos parâmetros de qualidade da água do rio Santa Rita (BA) em função do lançamento de
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REIS, R. N.; COSTA, S. K.; REGO, N. A. C.; SILVA JÚNIOR, M. F. Avaliação das potencialidades
geoturísticas da serra geral, Bahia, Brasil. Revista Nordestina de Ecoturismo, v. 05, p. 28-45, 2012.
COSTA, L. E. B.; COSTA, Silvia Kimo; REGO, N. A. C; SILVA JUNIOR, M. F. Gravimétrica dos resíduos
sólidos urbanos, domiciliares e perfil socioeconômico no município de Salinas, MG. Revista Ibero-Americana de
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SILVA JUNIOR, M. F.; MENDES, S. A. F. Percepção de risco no uso de agrotóxicos na produção de tomate do
distrito de nova matrona, Salinas, Minas Gerais. Caminhos de Geografia (UFU), v. 12, p. 226-244, 2011.
COSTA, Silvia Kimo; SILVA JUNIOR, M. F.; RANGEL, M. C. O processo de intervenção em espaços públicos
urbanos dos usuários: praças públicas. Rede: Revista Eletrônica do Prodema, v. 4, p. 25-35, 2010.
SILVA, A. J.; SILVA JUNIOR, M. F. Representações sociais e agricultura familiar: indícios de práticas
agrícolas sustentáveis no vale do bananal - Salinas, Minas Gerais. Sociedade & Natureza (UFU. Impresso), v. 22,
p. 524-538, 2010.
Introdução
1
(...) um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas,
decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais,
filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode
estabelecer entre estes elementos (FOUCAULT, 2012, p. 244).
Sendo assim, bastava colocar apenas um vigia na torre central e trancar individualmente,
em cada cela do anel periférico: loucos, pessoas doentes, criminosos e até mesmo trabalhadores
ou estudantes.
O dispositivo Panóptico organiza unidades espaciais que permitem ver sem parar e
reconhecer imediatamente. Em suma, o princípio da masmorra é invertido; ou antes,
de suas três funções – trancar, privar da luz e esconder – só se conserva a primeira e se
suprimem as outras duas. A plena luz e o olhar de um vigia captam melhor que a
sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é uma armadilha (FOUCAULT, 2011,
p. 190).
Um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que comporta todo um conjunto de
instrumentos, de técnicas, de procedimentos, de níveis de aplicação, de alvos; ela é
uma “física” ou uma “anatomia” do poder, uma tecnologia. E pode ficar a cargo seja
de instituições “especializadas” (as penitenciárias, ou as casas de correção do século
XIX), seja de instituições que dela se servem como instrumento essencial para um fim
determinado (as casas de educação, os hospitais), seja de instâncias preexistentes que
nela encontram maneira de reforçar ou de reorganizar seus mecanismos internos de
poder; seja de aparelhos que fizeram da disciplina seu princípio de funcionamento
interior; seja enfim de aparelhos estatais que têm por função não exclusiva, mas
principalmente, fazer reinar a disciplina na escala de uma sociedade (a polícia)
(FOUCAULT, 2011, p. 203-204).
Figura 4: Carteiras dispostas em fileira de frente para o Figura 5: Distribuição das salas de aula ao longo de
professor (década atual). um extenso corredor de circulação.
Fonte:http://folhasdecampomaior.blogspot.com.br/201 Fonte:http://www.escola.sed.sc.gov.br/eebastrogildood
1/04/o-professor.html on/estrutura/
2
“Conjunto constituído pelas instituições, procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem
exercer esta forma bastante específica e complexa de poder, que tem por alvo a população, por forma principal de
saber a economia política e por instrumentos técnicos essenciais os dispositivos de segurança” (FOUCAULT,
2012, p. 409).
3
Tratam-se: da vigilância hierárquica, pois o “exercício da disciplina supõe um dispositivo que obrigue pelo jogo
do olhar: um aparelho onde as técnicas que permitem ver induzam a efeitos de poder, e onde, em troca, os meios
de coerção tornem claramente visíveis aqueles sobre quem se aplicam”; da sanção normalizadora: as disciplinas
“estabelecem uma “infrapenalidade”, quadriculam um espaço deixado vazio pelas leis; qualificam e reprimem um
conjunto de comportamentos”; e do exame: “um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar,
classificar e punir” (FOUCAULT, 2011, p. 165-177).
Figura 6: Carteiras dispostas em fileira de frente para Figura 7: Câmeras de vigilância.
o professor (meados do século XX). Fonte:http://dispositivodevisibilidade.blogspot.com.
Fonte:http://educador.brasilescola.com/estrategias- br/2008_08_01_archive.html
ensino/uso-filmes-na-aula-historia.htm
Segundo Tragtenberg (1985, p. 262), a disposição das carteiras dentro da sala de aula
reproduz as relações de poder; “o estrado que o professor utiliza acima dos ouvintes, estes
sentados em cadeiras linearmente definidas próximas a uma linha de montagem industrial,
configura a relação “saber/ poder” e “dominante/ dominado”.
Assim como a disposição modular das salas de aula à direita ou à esquerda de um extenso
corredor, que desemboca em uma das extremidades em alguma secretaria ou coordenação e na
outra ou na mesma em banheiros (feminino e masculino).
Dentro dos banheiros a disposição dos boxes para vasos sanitários possuem meias-portas,
para que seja possível ver os pés dos usuários. As portas das salas de aulas apresentam visor,
para que o coordenador ou diretor possa observar o professor e os alunos sem que estes
percebam que estão sendo observados. As janelas, na maioria das vezes, possuem um sistema
de esquadrias basculantes subdividas, com vidros pouco translúcidos, de maneira que ao abri-la
o aluno não se distraia com o exterior, mas que permita que possam ser observados pelo lado de
fora.
Configurados para o disciplinamento, os ambientes escolares viabilizam uma abordagem
em que o ensino é centrado no professor e em disciplinas previamente estabelecidas, sendo o
estudante um receptor passivo que deve armazenar o maior número de informações possível
(ELALI, 2002). A utilização de práticas pedagógicas que seguem abordagens em que o ensino
deixa de estar centralizado no professor e o aluno deixa de ser um receptor passivo, passando a
ser um colaborador, que deve buscar/ criar conhecimento junto ao professor, tornam-se
restringidas ou inviabilizadas diante da rigidez da arquitetura disciplinar.
2 A arquitetura das escolas que contrapõem o Ensino Tradicional (Disciplinar)
As escolas que contrapõem o Ensino Tradicional são aquelas em que há o discurso 4 ou
práticas discursivas5 educacionais libertárias; uma “Pedagogia Libertária”, que segundo
Machado (2004), objetiva preparar indivíduos para superar as condições de exploração e
dominação que sustentam a sociedade, através do desenvolvimento da responsabilidade,
autonomia, respeito, solidariedade, cooperação e criatividade.
De acordo com Mafra da Silva (2008, p. 2),
A escola que contrapõe o Ensino Tradicional segue princípios pedagógicos cujas bases
residem principalmente em teóricos tais como: Dewey e Kilpatrick (Escola Nova –
Instrumentalismo); Decroly (a sala de aula não deve ser limitada por paredes); Montessori
(substituição do ensino verbal pela manipulação de materiais na escrita, na aritmética e nas
ciências; livre escolha das atividades; auto-silêncio para maior controle da mente e do corpo;
exercícios de vida prática; valorização da ginástica; educação dos sentidos e pelos sentidos);
Rudolf Steiner (baseou-se no fundamento Antroposófico – valoriza o aluno como um todo
preparando-o para o trabalho, atividades domésticas, cultivo de hortas, vida social; exige
intensa participação dos pais tanto na escola como em casa); Vigotsky (alertou que o controle
consciente do comportamento e a ação voluntária são fruto da carga genética e historicamente
definidos à partir da relação homem-mundo); Freinet (Método Natural, onde a aprendizagem
se dá pela vida, pela intuição, afetividade e pela troca que o sujeito faz na sua vida social e
meio escolar, progredindo de acordo com suas condições individuais); Jean Piaget (definiu os
quatro estágios do percurso evolutivo do desenvolvimento humano, e preocupou-se com a
estrutura da cognição e desenvolvimento moral do homem); Paulo Freire (defendeu o
engajamento social e político como base para a sua educação; além disso, criou e difundiu um
4
“Um conjunto de enunciados, na medida em que se apóie na mesma formação discursiva; ele não forma uma
unidade retórica ou formal, indefinidamente repetível e cujo aparecimento ou utilização poderíamos assinalar (e
explicar, se for o caso) na história; é constituído de um número limitado de enunciados para os quais podemos
definir um conjunto de condições de existência” (FOUCAULT, 2012, p.143).
5
“Um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em
uma dada época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou lingüística, as condições de
exercício da função enunciativa” (FOUCAULT, 2012, p. 144).
método para alfabetização de adultos que emprega recursos áudios-visuais); Bruner (retomou
as ideias de Vigotsky e Piaget); Gardner (a educação não deve privilegiar apenas as
habilidades mais evidentes no indivíduo, mas estimular suas outras capacidades através da
realização de atividades que tenham enfoques múltiplos); Feuerstein (partiu de conhecimentos
montessorianos e desenvolveu uma seqüência de experiências cujo objetivo é ensinar a pensar)
(ELALI, 2002, p. 75-82).
A Arquitetura da Escola Libertária está além da padronização da forma, da modulação da
estrutura, do layout interno dos ambientes, do tipo de mobiliário, materiais e cores (figuras 8, 9,
10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17).
Figura 16: Escola Anaba, Florianópolis, SC. Pedagogia Figura 17: Escola Anaba, Florianópolis, SC. Pedagogia
Waldorf – Maquete eletrônica Waldorf – Maquete eletrônica
Fonte:http://www.kantarq.com.br/projetos_servicos_educacio Fonte:http://www.kantarq.com.br/projetos_servicos_educacio
nal_anaba.html nal_anaba.html
Figura 18: C E. Erich Walter Heine, em Santa Cruz, Figura 19: C E. Erich Walter Heine, em Santa Cruz, RJ
RJ – Maquete eletrônica – 1ª escola Ecológica do – Telhado verde – 1ª escola Ecológica do Brasil
Brasil Fonte:http://www.araujosam.net/2011/05/rio-de-janeiro-
Fonte:http://www.araujosam.net/2011/05/rio-de- inaugura-primeira-escola-ecologica-do-pais/
janeiro-inaugura-primeira-escola-ecologica-do-pais/
6
A escola foi desenha pelos Ambientalistas e designers John e Cynthia Hardy.
Figura 20: The Green School, Bali, Indonésia. Construída em Bambu
Fonte:http://inhabitat.com/the-green-school-showcases-bamboo-construction-in-
indonesia/
Figura 21: The Green School, Bali, Indonésia. Construída Figura 22: The Green School, Bali, Indonésia. Construída em
em Bambu Bambu - arena
Fonte:http://inhabitat.com/the-green-school-showcases- Fonte:http://inhabitat.com/the-green-school-showcases-
bamboo-construction-in-indonesia/ bamboo-construction-in-indonesia/
A escola possui uma estrutura curricular que enfatiza a educação verde e a Ecologia.
Trabalha práticas da agricultura sustentável, irrigação tradicional, análise da pegada de
carbono, estudos da água, agricultura biológica e jardinagem. O conhecimento é construído
juntamente com o professor e segue os processos pedagógicos desenvolvidos por Rudolf
Steiner, também conhecidos como Pedagogia Waldorf.
No cotidiano da escola, a cada aluno é atribuída uma horta e cada classe tem seu jardim
de flores cujo design é elaborado pelos próprios estudantes. Os estudantes colhem, preparam e
se alimentam do que plantam. As práticas e estudos com enfoque em sustentabilidade são
associados às matérias acadêmicas tradicionais como: matemática, Inglês, ciências, juntamente
com as artes criativas.
Figura 23: The Green School, Bali, Indonésia. Construída Figura 24: The Green School, Bali, Indonésia.
em Bambu – sala de aula Construída em Bambu – Planta de implantação
Fonte:http://inhabitat.com/the-green-school-showcases- Fonte:http://inhabitat.com/the-green-school-showcases-
bamboo-construction-in-indonesia/ bamboo-construction-in-indonesia/
Em Bangladesh, no vilarejo rural de Rudrapur, foi construída uma escola (figuras 25, 26,
27 e 28) pela própria comunidade local formada por artesãos, professores, pais e alunos.
A METI School (Modern Education as Training Institute) 7 foi projetada numa abordagem
sustentável tanto no partido arquitetônico e construtivo da edificação quanto nos objetivos
pedagógicos (práticas interativas; de construção do conhecimento e desenvolvimento da
criatividade). A edificação foi construída utilizando em torno de 400 toneladas de barro e
bambu, que são recursos abundantes na região e representam menor impacto ao ambiente local.
7
A escola foi projetada pelos arquitetos Anna Heringer e Eike Roswa.
Figura 27: Escola construída pela comunidade utilizando Figura 28: Escola construída pela comunidade utilizando
terra e bambu, Rudrapur, Bangladesh – sala de aula no 1º terra e bambu, Rudrapur, Bangladesh – espaço para
pavimento. brincadeiras e leitura.
Fonte:http://style.greenvana.com/2012/escola-sustentavel- Fonte:http://style.greenvana.com/2012/escola-sustentavel-
feita-totalmente-a-mao/ feita-totalmente-a-mao/
Considerações Finais
O disciplinamento está presente na sociedade desde o final do século XVIII objetivando
preparar sujeitos altamente produtivos, especializados e dóceis, imprescindíveis para atender à
demanda do sistema econômico vigente. As práticas pedagógicas que vão de encontro ao
disciplinamento, defendem que o sujeito deve desenvolver autonomia, capacidade
empreendedora, criatividade e um pensamento livre, (in) dependente das forças econômicas e
imposições do Estado (governo) para que dessa forma ele se torne não só produtivo
economicamente, mas consciente ambientalmente e politicamente ativo.
O pólo pedagógico seja o Autoritarismo Educacional (Disciplinar) seja a Educação
Libertária se refletem na Arquitetura das escolas. No primeiro, os partidos arquitetônicos,
mesmo aqueles mais elaborados, apresentam resquícios do Panoptismo (FOUCAULT, 2011),
como a vigilância hierárquica, a fragmentação dos ambientes internos em “celas”, baseados
num programa de necessidades e fluxogramas setorizados. As salas de aula são projetadas para
que o professor seja o transmissor absoluto do conhecimento e os alunos os receptores
passivos. Algumas edificações apresentam estruturas tão rígidas que o docente fica
impossibilitado de realizar atividades que não demandem o layout tradicional.
Nessas edificações, a sustentabilidade pode ser constatada através de: processos
construtivos e uso de materiais alternativos objetivando redução do impacto ambiental; gestão
dos resíduos sólidos originados da construção; uso racional da água e da energia elétrica;
adoção de sistemas alternativos como captação e reaproveitamento da água das chuvas;
captação de energia através da instalação de painéis fotovoltaicos; concepção do partido
arquitetônico considerando o estudo bioclimático do local onde serão inseridas.
Já no segundo pólo pedagógico, os partidos arquitetônicos exploram a máxima
flexibilidade dos ambientes e em alguns casos não há qualquer elemento de vedação (paredes).
Os espaços são projetados para a descoberta e atividades que induzam à criatividade,
autonomia e construção do conhecimento junto ao professor.
Aliada ao conceito de Sustentabilidade, a Arquitetura da Escola Libertária “desmonta/
desestabiliza” a rigidez da Arquitetura Disciplinar e o tradicionalismo construtivo; aplica não
só estratégias bioclimáticas em suas concepções, mas resgata a cultura, história, e utiliza
materiais abundantes, renováveis do local onde será inserida. Seu partido arquitetônico parece
nascer daquela terra e moldar-se ao material e ao entorno natural imediato. E em alguns casos,
convida literalmente a comunidade a (re)construí-la contínuamente. Afinal se todo processo de
ensino-aprendizagem é um fluxo, cabe praticá-lo como algo definido, mas jamais definitivo.
Bibliografia
BRUNER, J. Uma nova teoria da aprendizagem. Rio de Janeiro: Bloch, 1969.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 39ª Ed. Petrópolis: Editora Vozes,
2011.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 50ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
“Transformando Cidadãos”
“O MUNDO CONTEMPORÂNEO - Tecnologia, Comunicação e
VAL SÁTIRO
www.seumundosustentavel.com.br
“Transformando Cidadãos”
“O MUNDO CONTEMPORÂNEO - Tecnologia, Comunicação e
Marketing 3.0, como Educação na Sustentabilidade”.
*Val Sátiro
Diretora executiva e fundadora do Seu Mundo Sustentável,
www.seumundosustentavel.com.br onde nossa proposta é comunicar, dialogar, incentivar e
fomentar atitudes, conscientização, educação em prol do desenvolvimento sustentável,
econômico e sociocultural. Ministro Cursos e Palestras em Marketing Estratégico,
Marketing de Relacionamento/ CRM e Serviços, Técnicas de Vendas, Planejamento
Estratégico, Marketing Digital, Redes Sociais, Marketing 3.0, Gestão e Liderança
Sustentável e Empreendedorismo Social. Voluntária em ONG`s Comunicação,
Eventos, Inclusão Social e Digital e Marketing Digital.
Apresentação
“Diante do mundo globalizado em que vivemos onde a tecnologia a cada dia se transforma, a
inclusão digital é fundamental.” (Autor desconhecido)
O objetivo é zelar, capacitar e transformar cada educando, de forma que eles venham
a desenvolver seus talentos adequadamente e tenham a noção dos seus direitos,
valores e deveres dentro do contexto social, desenvolvendo corpo, mente e alma,
tornando-os seres integrados ao planeta.
Sumário Executivo
Através dessa ONG, criei este projeto específico, que foi elaborado com o intuito de
capacitar e estimular jovens, utilizando entre outros os Conceitos de
SUSTENTABILIDADE para aperfeiçoar suas técnicas, criar visão crítica, entre
outras habilidades e direcioná-los para a Inclusão Digital, Social e Geração de
Renda, mudando o cenário social de vulnerabilidade do qual se encontram, através
de metodologias bem embasadas que permitem estruturar as atividades de modo que
haja um grande aproveitamento e que tenham-se alunos capacitados para já atuarem
no mercado de trabalho, logo após o termino da capacitação, para atender a ONG
Mensageiros e outras que tenham esta iniciativa.
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Público-Alvo
Justificativa
A exclusão digital e social tira de milhões de brasileiros a oportunidade de
romper fronteiras e sonhar com o futuro, já que a informação e conhecimento são as
moedas de troca mais valorizadas atualmente em todo o mundo. A exclusão digital
também ofusca a democracia, a economia, o desenvolvimento e o bem-estar público,
traduzindo-se em questões de natureza global, tais como a indústria das drogas e a
crescente violência. Devido a essa situação de vulnerabilidade, crianças e jovens se
perdem diante das ofertas do tráfico de drogas, ficando a mercê da marginalidade e do
crime. A região estudada da ONG, que realizo o apoio no bairro da Brasilândia, zona
norte de São Paulo, é muito alarmante, pois se concentra um alto índice de criminalidade
e pobreza, falta de infraestrutura e saneamento básico, falta de educação, cultura, valores
sociais e morais. Tornando assim os jovens dessa região os maiores prejudicados, por
não terem perspectivas de um futuro melhor. Segundo dados do Seade, a taxa de
mortalidade por homicídio da população masculina dessa região é de 65%, entre os
jovens de 15 a 19 anos em uma escala de 0 à 100, fazendo que muitos jovens não
cheguem aos 25 anos de idade.
Metodologia
Nota: A exigência para que os adolescentes possam participar das aulas é que
estejam estudando na rede publica, sendo comprovado com uma declaração da
própria escola, que apresentem boas notas e que tenham uma renda máxima de até
3 salários mínimos.
Metas
Capacitar jovens (de ambos os sexos) moradores das comunidades carentes do
entorno das empresas ou ONG´s, por EAD (ensino a distância).
Sustentabilidade
Somos uma empresa com foco em Educação, Cultura e Soluções na
Sustentabilidade, envolvendo toda a parte de ações para Impactos socioambientais e
econômico, e nosso objetivo além da educação e cultura, para através dos cursos e
aprendizados e de outros projetos das ONG´s, trarão a sustentabilidade necessária
para a continuidade e ampliação no número de beneficiários das instituições e para
proporcionar a busca para auto-sustentação dos atendidos, melhorando sua
autoestima, visão crítica e habilidades.
Avaliação
Indicadores
Atividades Indicadores qualitativos
quantitativos
Parceiro Apoiador
CLICKSUSTENTABILIDADE
*Graduando em engenharia de produção do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca do Rio de Janeiro,
arthurvaz05@gmail.com – Publicações recentes: ESTUDO SOBRE GÊNERO NA PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DO BRASIL EM ÁREAS
SELECIONADAS, orientadora: Cristina Gomes de Souza
SUMÁRIO
LOGÍSTICA DE PÓS-VENDA........................................................................................... 9
LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGEM.........................................................................9
IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA.........................................................................10
LOGÍSTICA REVERSA NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA.......................................................11
3
RESUMO
A logística sempre foi um tema que possuiu inúmeros trabalhos publicados no decorrer do tempo por
ser um tema bastante flexível para diversas áreas. Com isso, a área de logística obteve um grande avanço
tecnológico com o fim de trazer melhores resultados financeiros no final do ano ou mês paras as empresas.
Neste contexto, vamos abordar um segmento da logística com fim de mostrar qual o seu papel no
atual cenário e como ele atua. Tendo em vista que o planeta Terra vem passando por mudanças climáticas,
levando o ser humano realizar um estudo mais aprofundado em alternativas para combater o aquecimento
global. Logo, podemos afirmar que a sustentabilidade vem se tornando um tema de grande importância para
todas as empresas e país.
HISTÓRIA DA LOGÍSTICA
A logística que conhecemos hoje é uma das praticas mais antigas realizadas pelo ser
humano. No começo da existência da vida humana a logística era utilizada por tribos nômades que
tinham que se locomover em busca de abrigo e alimentos ou por motivos de fatores climáticos, tipo
de predador ou outra ameaça. Posteriormente vieram a utilizar a logística em estratégia de guerras,
como exemplo do “Alexandre O Grande”. Segundo José Augusto Cerqueira (2009, p.2) “O grande
incentivador do uso da Logística para fins militares foi Alexandre O Grande, seu império alcançou
diversos países, incluindo Grécia, Pérsia e Índia.”. Não apenas logística no campo de batalha, mas
também uma logística de suprimento que o Alexandre o Grande utilizou com isso, conseguiu o
título do portador da tropa que percorreu mais quilômetros na história.
4
LOGÍSTICA REVERSA
Para definir o que é logística reversa precisamos entender primeiramente o que é logística de
um modo geral, segundo o dicionário a definição do termo logística é: O ramo da ciência militar
que lida com a obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e instalações. Mas essa
definição que é encontrada em dicionários é num contexto militar e a logística tem inúmeras
definições, desde primeiro livro-texto a sugerir os benefícios da gestão coordenada da logística em
1961 (SMYKAY et al, 1961), surgiram várias definições e posteriormente vertentes. Com isso,
conceituamos logística adotando uma definição mais atual sugerida por Council of Supply Chain
Management Professionals apud Novaes (2001) “Logística é o processo de planejar, implementar e
controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e
informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo
de atender aos requisitos do consumidor” (2001, p.36). O gráfico abaixo consegue ilustrar como é
um exemplo de um fluxograma do processo logístico do processamento do produto até o pedido.
5
Fonte: http://www.ilos.com.br/web/index.php?option=com_content&task=view&id=1068&Itemid=74
Agora iremos abortar uma vertente da logística, que se chama, nela analisamos o processo
do ponto final ao retorno de origem. O seu surgimento se deu pela preocupação com meio ambiente
devido ao acelerado crescimento populacional e da economia mundial (ou economia autodestrutiva,
segundo Lester Brown). Com esses empasses, veio uma nova economia chamada eco-economia,
que segundo Lester Brown:
“A economia global atual foi formada por forças de mercado e não por
princípios de ecologia. Infelizmente, ao deixar de refletir os custos totais dos
bens e serviços, o mercado presta informações enganosas aos tomadores de
decisões econômicas, em todos os níveis. Isso criou uma economia
distorcida, fora de sincronia com os ecossistemas da Terra - uma economia
que está destruindo seus sistemas naturais de suporte.” (Lester R. Brown,
2003, p.84)
Uma das formas de praticar essa nova economia é a utilização da logística reversa, que é
uma área/função bastante ampla que envolve todas as operações relacionadas com a reutilização de
produtos e materiais como as atividades logísticas de coletar, desmonte e processo de produtos e/ou
materiais e peças usadas a fim de assegurar uma recuperação sustentável dos mesmos e que não
6
Fonte: LACERDA, Leonardo. Logística Reversa Uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais, p. A4
LOGÍSTICA DE PÓS-CONSUMO
A produção de lixo anual no mundo inteiro está em crescimento acelerado por diversos
fatores: crescimento populacional, avanço tecnológico (que ajuda na diminuição da vida útil dos
produtos e assim tornando-os obsoletos). E no Brasil não é diferente, em São Paulo produzia-se em
1985, 4.450 toneladas de lixo por dia, este número subiu para 16.000 toneladas por dia em 2000.
A figura 3 retrata o descaso dos governos brasileiros em relação ao lixo, pois mais do que a metade
do lixo produzido, cerca de 76%, se destina ao lixões onde não recebem o tratamento adequado.
7
Pode-se observar do gráfico acima que a população brasileira e os governos não estão
adeptos ainda a práticas de reciclagem, compostagem e incineração, que seriam as mais adequadas.
A figura 4 mostra a média Nacional de reciclagem dividido por tipos de materiais e podemos
concluir que o material que se mais recicla no Brasil é o alumínio. E segundo o gráfico abaixo
somos líderes desse tipo de reciclagem.
8
A visão e a preocupação com a reciclagem estão mudando não só no Brasil, mas em todo
mundo, e segundo Carla Fernanda Mueller (2005, p.2) “O perfil do novo consumidor é de
preocupação com o meio-ambiente, pois ele tem consciência dos danos que dejetos podem causar
em um futuro próximo. A falta de aterros sanitários e o constante aumento de emissões de
poluentes, inclusive nos países mais desenvolvidos, geram polemicas discussões em âmbito
mundial. Esta preocupação se reflete nas empresas e indústrias, que são responsabilizadas pelo
aumento destes resíduos. E é pensando nestes fatores que surgem políticas de processos que
contribuam para um desenvolvimento sustentável. A Logística Reversa de pós-consumo vem
trazendo o conceito de se administrar não somente a entrega do produto ao cliente, mas também o
seu retorno, direcionando-o para ser descartado ou reutilizado”.
Portanto, a logística de pós-consumo basicamente é a utilização de um produto após o seu
estágio final com ou sem funcionamento.
“Um bem é chamado de pós-consumo quando é descartado pela sociedade.
O momento do descarte pode variar de alguns dias a vários anos. As
diferentes formas de processamento e comercialização, desde sua coleta até
a integração ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária, são
chamados canais de distribuição reversos de pós-consumo." (RESENDE,
2004, p. 23)
9
Este canal de distribuição reversa tem sido utilizado há bastante tempo por fabricantes de
bebidas, que precisam retornar suas embalagens, a fim de reutilizá-las. Siderúrgicas já usam parte
da sucata produzida por seus clientes com insumo de produção. O retorno de latas de alumínio se
torna cada vez mais um negócio rentável, e as indústrias procuram inovar os métodos de proceder
com o retorno destas embalagens.
Outro canal de logística reversa de pós-consumo tem se tornado necessário: o retorno de
produtos altamente nocivos ao meio ambiente. Embalagens de agrotóxicos, pilhas, baterias assim
como produtos utilizados em pesquisas laboratoriais. Estes produtos contêm compostos químicos
tóxicos e compostos químicos radioativos, e nestes casos o perigo, na falta de uma cadeia reversa de
recolhimento, é iminente. O retorno de equipamentos tecnológicos tem se mostrado um novo e
lucrativo setor. Peças e equipamentos podem ser reutilizados, dentre outras coisas se encontram
minérios de alto valor agregado, como cobre, prata e ouro.
Existem duas vertentes de logística reversa pós-consumo:
• Ciclo aberto: consiste no retorno do material usado e não do produto em si para
fabricação da matéria-prima. Podem-se citar como exemplo os eletrodomésticos
descartados, de onde são extraídos diversos componentes, sendo um deles material
10
ferroso que será reintegrado como matéria prima secundaria na fabricação de chapa
de aços, vigas entre outros;
• Ciclo fechado: consiste no aproveitamento do material de um determinado produto
escolhido seletivamente para a fabricação de um produto similar o de origem. Como
exemplo, temos a baterias de carro, que dela pode-se extrair a liga de chumbo e a
carcaça de plástico para a reutilização em uma nova bateria.
LOGÍSTICA DE PÓS-VENDA
Leite (2003) denomina “Logística Reversa de pós-venda” a área específica da logística que
se ocupa do equacionamento e da operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas
correspondentes aos bens de pós-venda sem uso ou com pouco, isso, que por diferentes motivos,
retornam aos diversos elos da cadeia de distribuição direta.
O fim do ciclo de vida não termina mais ao chegar ao consumidor final. Parte dos produtos
necessita retornar aos fornecedores por razões comerciais, garantias dadas pelos fabricantes, erros
no processamento de pedidos e falhas de funcionamento. Tem-se um Código do Consumidor
bastante rigoroso que permite ao consumidor desistir e retornar sua compra num prazo de sete dias.
Várias empresas, por razões competitivas, estão adotando políticas mais liberais de devolução de
produtos.
Empresas que não possuem um fluxo logístico reverso perdem clientes por não possuírem
uma solução eficiente para lidar com pedidos de devolução e substituição de produtos. A ação de
preparar a empresa para atender estas exigências minimiza futuros desgastes com clientes ou
parceiros. A logística reversa de pós-venda segue o propósito da criação deste determinado setor,
agregando valor ao produto e garantindo um diferencial competitivo. A confiança entre os dois
extremos da cadeia de distribuição pode se tornar o ponto chave para a próxima venda.
Podemos citar como exemplo empresas automobilísticas que pedem para fazer o “recall” de
algum determinado veiculo por causa de um defeito de alguma peça na fabricação, também
11
encontramos essa atividade em sites como “eBay” e “Mercado Livre”, que tem como função servir
de meio para compradores e vendedores de mercadorias novas ou usadas.
CONCLUSÃO
Apesar de muitas empresas saberem da importância que o fluxo reverso tem, a maioria delas
tem dificuldades ou desinteresse em implementar o gerenciamento da Logística Reversa. A falta de
sistemas informatizados que se integrem ao sistema existente de logística tradicional (Caldwell,
1999), a dificuldade em medir o impacto dos retornos de produtos e materiais, com o consequente
desconhecimento da necessidade de controlá-lo (Rogers & Tibben-Lembke, 1999), o fato de que o
fluxo reverso não representa receitas, mas custos e como tal recebem pouca ou nenhuma prioridade
nas empresas (Quinn, 2001), são algumas das razões apontadas para a não implementação da
Logística Reversa nas empresas.
Lambert (1998) aponta à logística desempenhando importante papel no Planejamento
Estratégico e como arma de Marketing nas organizações. Empresas com um bom sistema logístico
conseguiram uma grande vantagem competitiva sobre aquelas que não o possuem. Sua grande
15
BIBLIOGRAFIA
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CERQUEIRA, José Augusto. A história da logística, Passado, presente e futuro, São Paulo, p.2, 23-
06-2009.
ERTHAL, Jacir A.. Indicadores para Avaliação Física do Produto. Florianópolis, 2003
FLEURY, Paulo Fernando. Logística e transportes. Jornal Valor Econômico. São Paulo, ano 7,
nº1673, p. A8, 9 jan. 2007.
LAMBERT, D. M. - Administraçao Estratégica da Logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998.
LEITE, P.R. Logística reversa e a distribuição: um novo diferencial competitivo. Revista
Distribuição. São Paulo: fev. 2002.
MUELLER, Logística Reversa Meio Ambiente e Produtividade, Santa Cantarina, 2005, p.2.
NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição: Estratégia,
Operação e Avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
QUINN, P. DON TGET REAR ENDED BY YOUR OWN SUPPLY CHAIN,
<http://www.idsystems.com/reader/2001/2001_01/comm0101/index.htm>
R. BROWN, Lester. Eco-Economia, Construindo uma Economia para Terra. 2003, p.84.
RESENDE, E. L. Canal de distribuição reverso na reciclagem de pneus: estudo de caso. Rio de
Janeiro, 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Resumo
Este trabalho foi desenvolvido por alunos da FTT – Faculdade de Tecnologia
Termomecanica sob supervisão do Prof. Nilson, e teve como objetivo inicial a criação de um
projeto de layout de uma casa popular ecológica autossustentável no que diz respeito a
aquecimento, iluminação, reaproveitamento da água e materiais que seriam utilizados na
construção da mesma.
Um segundo passo seria a construção de uma maquete em madeira balsa para fins
ilustrativos e didáticos dos princípios de funcionamento dos sistemas de captação, coleta e
transformação de energia a serem utilizadas na casa.
O terceiro passo seria a construção, propriamente dita, utilizando o layout e o material
de pesquisa desenvolvido pelos alunos que servirá de referencia para a escolha e construção dos
sistemas ecológicos da casa. Após a construção esta casa servirá de sala de aula para que os
alunos observem e aprendam formas alternativas de geração de energia e a importância da
ecologia na sobrevivência do planeta.
Abstract
This work was developed by students from the FTT - Faculdade de Tecnologia
Termomecanica under the supervision of Prof. Nilson, and aimed to start creating a layout
design of a self-sustaining ecological house popular with regard to heating, lighting, water and
reuse of materials that would be used in the construction of this house.
A second step would be to build a model balsa wood for illustrative purposes and
teaching the principles of operation of systems for capturing, collecting and processing energy
to be used in the house.
The third step would be the construction itself, using the layout and research material
developed by students who will serve as reference for the selection and construction of the
ecological systems of the house. After building this house will serve as a classroom for students
to observe and learn alternative forms of energy generation and the importance of ecology in the
survival of the planet.
**Fábio Rubio - Professor na área de Mecatrônica Industrial da FTT – Faculdade de Tecnologia Termomecanica; -
Mestre em Engenharia Biomédica-UMC; - Pós-Graduado em Processos de Conformação de Mecânica de Materiais
Metálicos – USP;
2. OBJETIVO
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta estrutura dipolar faz com que o cristal gere eletricidade durante uma
compressão mecânica (efeito direto) e se deforme na presença de um campo elétrico
(efeito inverso).
3.4.3. APLICAÇÕES
Após a sua descoberta, a piezoeletricidade vem sendo utilizada em diversas
aplicações comerciais como, por exemplo, máquinas de ultra-som, relógios de quartzo,
sensores e isqueiros. Além das aplicações citadas, os materiais piezoelétricos estão
sendo utilizados em pisos onde há um grande movimento de pessoas e carros com o
objetivo de gerar eletricidade limpa.
Figura 6. O Efeito
Fonte: revista da UNESP
3.4.5. PROTÓTIPO
O mecanismo de geração elétrica é composto por um sistema de oscilação
vertical controlado que é composto por cilindro, haste e mola. Este conjunto garante um
movimento vertical uniforme, limitando o grau de oscilação e suportando o peso de
quem caminha sobre a superfície sem lhes gerar incômodo.
Figura 7. Mecanismo
Fonte: SOUNDPOWER
4. MATERIAIS ECOLÓGICOS
5. ILUMINAÇÃO NATURAL
5.2.1. FUNCIONAMENTO
Ao ser instalado em uma casa, em dias de Sol, os raios solares quando incidirem
sobre a água das garrafas sofreu um efeito conhecido por reflexão, e esse efeito
multiplica seu efeito luminoso no interior do cômodo. (Hartmann, 2011).
A grande vantagem dessa lâmpada é o fato de não consumir energia elétrica, não
há necessidade de apagá-la. Porém não é capaz de usá-la em dias sem Sol, ou de noite.
Figura 8– Esquema de funcionamento da lâmpada.
fonte: FAU_MACKENZIE, 2008
6. VENTILAÇÃO NATURAL
7. AQUECIMENTO NATURAL
Fig.9 – Aquecimento
Fonte : www.sema.org.br
7.1.1. A CIRCULAÇÃO POR TERMO-SIFÃO
Termo-sifão pode ser explicado com as correntes de convecção naturais dos
fluidos. Um fluído, como a água, quando está em temperatura mais elevada tende a
diminuir a sua densidade e diminuindo sua densidade logo tenderá a subir para o topo
do sistema. Já que no sistema do aquecedor solar de garrafas PET o topo é a caixa
d’água, a água mais quente circulará até lá e a mais fria circulará a posição mais baixa,
pois sua densidade é menor. Termo-sifão também é conhecido por sistema de circulação
natural. (SEMA - Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do
Paraná)
8. APROVEITAMENTO DA ÁGUA
8.2.2. CISTERNAS
Cisternas são reservatórios de água da chuva, que podem ser instaladas nos
fundos de uma casa. São uma ótima alternativa para melhor aproveitamento da água. As
cisternas são muito utilizadas no Nordeste brasileiro.
9. APROVEITAMENTO DO LIXO
O lixo pode ser reaproveitado de várias formas, como por exemplo, as latas de
alumínio podem ser recicladas a fim de gerar novas latas.
A coleta seletiva é essencial para organização e aproveitamento do lixo. Existe
uma padronização mundial das cores das latas de lixo para organizá-lo, que encontra-se
na figura abaixo:
De acordo com a figura pode-se ver que para vidros a cor da lata é verde; metal-
amarelo; plástico-vermelho; papel-azul; e para não recicláveis utiliza-se a lata branca.
11.1. MAQUETE
A maquete foi projetada para uma casa de dimensões populares (60 a 100 m²) e
conterá algumas das propostas escritas nessa revisão. Foi projetada e dimensionada
através de um software de CAD. Como uma proposta futura pode-se fabricar uma
maquete física com o uso da madeira balsa, utilizando os próprios alunos. Esta maquete
irá ser instalada no foye da futura casa ecológica com fins didáticos e ilustrativos em
área da FTT a ser definida pela alta direção.
12. CONCLUSÃO
RESUMO: Este artigo é fruto da tese de doutorado em educação da pesquisadora e tem como objetivo
apresentar uma proposta de diretrizes de responsabilidade social para as Instituições de Ensino
Superior (IES), que contemplem não somente as ações que elas praticam com sua comunidade, via
extensão ou não, mas como também, todas as atividades que praticam com os outros públicos que se
relaciona, como os alunos, os fornecedores, os funcionários administrativos e técnicos, os professores
e o governo. É fundamental destacar que as universidades devem permanecer na busca do
cumprimento de seu papel enquanto promotoras do desenvolvimento de competências técnicas e
humanas, despertando nos alunos a consciência da cidadania.
ABSTRACT: This article is the result of the doctoral thesis in education researcher and aims to
present a proposal for social responsibility guidelines for College Education Institutions (CEIs), which
encompass not only the actions they engage with their community, via extension or not, but also, all
activities that they practice with other audiences that they relate, such as students, suppliers,
administrative and technical staff, teachers and the government. It is important to emphasize that
universities must remain in search of fulfilling their role as promoters of the development of technical
skills and human awakening in students an awareness of citizenship.
1. INTRODUÇÃO
Muitas organizações têm optado pela responsabilidade social como um dos possíveis
caminhos de resposta para alguns dos vários desafios políticos, econômicos, sociais e
ambientais que cruzam o cenário de nosso país. A evolução da responsabilidade social no
Brasil não deixa dúvida de que é uma filosofia que está penetrando nos modelos de gestão, o
que não depende do tamanho ou tipo de organização.
Neste contexto, a responsabilidade social assume relevância estratégica na lacuna da
formação de profissionais que vão projetar o futuro de nosso país. As Instituições de Ensino
Superior (IES) devem permanecer na busca do cumprimento de seu papel de promotoras do
desenvolvimento de competências técnicas e humanas, despertando nos alunos a consciência
da cidadania. As IES são, assim, potencialmente capazes de articular ensino, pesquisa e
1
2. DESENVOLVIMENTO
O maior desafio do ensino superior é caminhar para uma educação de qualidade que
segundo Moran (2000) “integre todas as dimensões do ser humano”. Para isso, faz-se
necessário, pessoas que façam “integração em si mesmas do sensorial, o intelectual, o
emocional, o ético e o tecnológico e que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social”.
Considerando a homogenização de todas as Instituições de Ensino Superior privadas
na categoria de empresas educacionais, independentemente da finalidade de seus lucros, deve-
se destacar que pautar as estratégias de marketing em torno da questão da responsabilidade
social, é também a tendência do momento no mercado de ensino superior. Nesse sentido,
Calderón (2005) constata que, em relação à atuação das IES no mercado: cada vez mais
adotam em suas estratégias de marketing o discurso da responsabilidade social, não sendo
reflexo necessariamente de uma prática institucional real.
Assim, as instituições de Ensino Superior apresentam um espaço fundamental para que
a Responsabilidade Social possa consolidar-se como área de conhecimento, além de
subvencionar a formação de profissionais mais conscientes de seus papéis de cidadãos e
agentes da transformação social que buscam escrever um final diferente para a historia dos
dilemas sociais de nosso país.
O conceito de educação superior, de acordo com Carvalho (2005), aproxima-se de
uma relação de dignidade com seus aliados, à medida que prioriza estratégias pedagógicas
que valorizem atributos durante a formação de seus alunos, tais como: autonomia,
participação, solidariedade, produção, empreendedorismo, responsabilidade com a vida
comunitária, sensibilidade a demandas e necessidades de grupos específicos, capacidade de
criação e adaptação a novas situações, desenvolvimento de habilidades de auto-aprendizagem,
utilização ética de novas tecnologias e possibilidade de colaboração na melhoria da qualidade
de vida global da comunidade.
Rosler e Ortigara (2005), contribuem dizendo que a responsabilidade pela educação de
qualidade é de todos, ou seja, família, sociedade e Estado. Na opinião de Rocha Neto (2005),
há distinção entre ensino, como transmissão do saber, ou treinamento de práticas
profissionais, e educação, como formação e libertação dos indivíduos – como transformação
pessoal e coletiva, pela apropriação de conhecimentos.
Predominantemente público até a década de 60, o ensino superior teve sua política
modificada e deu espaço ao crescimento do setor privado (CASTRO; TIEZZI, 2005). De
acordo com o Censo do Ensino Superior, faz-se necessário a diversificação e flexibilização do
ensino, tanto público quanto privado, para receber um grande número de alunos, que formam
no ensino médio e pleiteam um ensino superior.
Santos (2004) diz que a legitimidade da universidade só será cumprida quando as
atividades, hoje ditas de extensão, se aprofundem tanto que desapareçam enquanto tais e
passem a ser parte integrante das atividades de investigação e de ensino.
Calderón (2005) complementa dizendo que os projetos de extensão não podem ser
implantados em estruturas afastadas do ensino e da pesquisa, como por exemplo em ONG’s,
dentro da própria universidade. Somente terão sentido, enquanto prática acadêmica, quando
forem apropriadas e executadas pelos próprios cursos de graduação e pós-graduação.
O trabalho de extensão só se justifica à medida que o aluno atenda à população carente
como parte de seu aprendizado prático e no exercício profissional. A responsabilidade social
das instituições de ensino superior está em tudo o que cerca a formação dos alunos e a
produção de conhecimento. (TODOROV, 2005)
A produção de conhecimentos é uma das tarefas fulcrais da universidade, fato que não
deve ser ignorado. Entretanto, a destinação social desse conhecimento merece uma reflexão.
“Para quem e para que se produz o saber?” Acredita-se que a contribuição da universidade
não deve limitar-se somente a prover a sociedade de recursos humanos adequadamente
qualificados para o desenvolvimento sócio econômico. (VOLPI, 1996, p. 17)
Dessa maneira, para melhor cumprir sua função social, é imprescindível que a
universidade não se descuide da formação integral dos acadêmicos, uma formação que, como
destaca Mosquera (1990), vá mais além da competência técnica, resgatando o compromisso
com o humano, na busca da síntese do profissional com o ser humano que há nele, numa
perspectiva de educação de valores, capaz de propiciar-lhe um posicionamento ético para
assumir seu papel numa sociedade em constante mudança.
“A falta de fraternidade, de solidariedade (...) é uma prova de que ainda estamos em
uma escala atrasada do desenvolvimento do homem, do desenvolvimento social e
econômico.” Este desenvolvimento, de acordo com Escotet (1990, p. 212), deve ocorrer por
“via da liberdade, da democracia, da participação e da equidade”.
A universidade, para Macedo (2005), deve proporcionar uma educação que prepare
para o pleno exercício da cidadania e que sua atividade de pesquisa esteja voltada para a
resolução de problemas e de demandas da comunidade na qual está inserida. Privada ou
pública, somente a universidade de qualidade, com autonomia e compromisso social, será
capaz de promover: a produção do conhecimento, a inovação tecnológica, associação do
universal às peculiaridades regionais e a formação do profissional cidadão.
Alguns poderão assegurar que os alunos aprendem responsabilidade social quando se
envolvem em atividades de extensão promovidas pela Instituição. O autor contesta essa visão,
pois considera que a responsabilidade social permeia todo o processo educacional que vai
além da extensão. Formar com responsabilidade social é condição indispensável para
provocar o despertar da consciência dos estudantes para esse tema. (SORDI, 2005)
O Projeto Pedagógico Institucional deve estar comprometido com a responsabilidade
social, exigindo respeito aos princípios do coletivo, da liberdade comunicativa, do exercício
co-responsável e da vivência em comum. Sordi (2005), enfatiza que ensinar com
responsabilidade social implica viver e praticar responsavelmente o ofício de educador,
assumindo nossa cidadania na instituição educativa em que atuamos sem “dicotomizar nossa
porção profissional da porção pessoal”.
É possível afirmar que a grande responsabilidade social de uma IES seja formar
cidadãos socialmente responsáveis. Outro elemento importante no processo de afirmação da
identidade socialmente responsável das IES é a criação de espaços de diálogo entre os
diversos segmentos de aliados. A IES, como todo lugar onde se faz educação, é um espaço de
encontro de vivências presentes, de formulação e expressão de expectativas e de construção
coletiva de um futuro necessariamente melhor e mais justo (CARVALHO, 2005). Durham
(2005) faz uma crítica neste sentido quando diz que a educação superior, pública ou privada,
“parece ter assumido a função de salvar o país”.
Além do trabalho criterioso, sério e comprometido com seu estudante, faz parte da
vocação das Instituições de Ensino Superior, buscar soluções para o bem comum da
sociedade, em seu trabalho cotidiano. Essas organizações não só transmitem conhecimento e
investigam a realidade como também devem formar profissionais sensíveis às demandas
sociais. (FURLANI, 2005)
O aperfeiçoamento docente, conforme Hernández (1989, p. 307) é uma das formas que
a universidade cumpre, efetivamente, com sua responsabilidade social. A valorização do
aperfeiçoamento psicopedagógico do corpo docente da universidade implica, “maior nível de
organização, de motivação, de comunicação humana e de reflexão sobre os objetivos
educativos”, podendo vir a constituir-se em um caminho para potenciar a renovação educativa
da universidade.
Volpi (1996) ressalta a necessidade que os gestores das instituições de ensino superior
sentem de referenciais teóricos e práticos para o exercício da gestão no que se refere aos
desafios colocados pelo SINAES. Pelo fato de não existirem, no âmbito da gestão
universitária, fórmulas prontas e acabadas, usam a criatividade para tentar atingir as metas
institucionais de forma eficiente e inteligente.
Nesse sentido, de acordo com Vallaeys (2006), ganha importância a contínua
observância do chamado “currículo oculto”. De que adianta ensinar defesa do meio ambiente
se a IES não possui estratégia de reciclagem do lixo produzido? De que adianta ensinar
democracia e participação se muitas vezes não há espaços de participação, não somente para
alunos, mas também para professores? Ou ensinar a importância da luta contra o racismo, se
há resistências veladas para a contratação de docentes negros? Ou ainda pregar o respeito aos
idosos, se a IES não possui uma política institucional de respeito e valorização de seus
professores e funcionários idosos?
A questão da responsabilidade social das Instituições de Ensino Superior, ganha
grande relevância, com a operacionalização do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior, instituído pela Lei nº 10.861 de 14.04.2004 e regulamentado pela Portaria nº 2.051
de 09.07.2004. (MEC, 2004)
2.2 Metodologia
Este estudo, quanto ao tipo, apresenta uma pesquisa exploratória e descritiva, com
abordagem qualitativa e quantitativa. A técnica de pesquisa utilizada foi o estudo de casos
múltiplos. Foram pesquisadas três Instituições de Ensino Superior, localizadas em Belo
Horizonte, Minas Gerais, doravante denominadas Instituição “A” (Universidade Filantrópica),
Instituição “B” (Centro Universitário Privado) e Instituição “C” (Universidade Pública).
Nas três Instituições pesquisadas, escolheu-se o curso de Administração como recorte
na pesquisa. Os instrumentos de coleta de dados para o estudo em questão foram: entrevista
em profundidade semi-estruturada, questionário fechado tratado com ferramenta estatística e
análise documental. Foram realizadas três entrevistas semi-estruturadas com os coordenadores
do curso de Administração das três instituições de ensino.
A população total do Curso de Administração das três Instituições é de 2.364 (dois
mil, trezentos e sessenta e quatro) alunos. Destes, conseguimos uma amostra de 63,87%,
totalizando 1.510 (hum mil, quinhentos e dez) alunos. A população de professores do Curso
de Administração das três instituições pesquisadas somam 151 (cento e cinquenta e um).
Destes, obteve-se uma amostra de 39,07%, totalizando 59 (cinquenta e nove) professores.
Nesse estudo, foram analisados documentos como: Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI), projeto pedagógico do Curso de Administração, matriz curricular do curso
de Administração, ementas das disciplinas do Curso de Administração, websites das
institucionais com históricos, jornais, boletins e outros tipos de publicações internas das
instituições pesquisadas.
Foi realizada uma análise de conteúdo para os dados coletados nas entrevistas com os
coordenadores e análise estatística, utilizando o Programa SPSS, para os dados coletados nos
questionários com os alunos e professores.
Este estudo apresenta o conceito de responsabilidade social adotado pela ISO 26.000,
como sendo a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e
atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e
transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e bem-estar
da sociedade, leve em consideração a expectativa das partes interessadas, esteja em
conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com as normas internacionais de
comportamento, esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações.
No caso das Instituições de Ensino Superior, as partes interessadas ou públicos de
relacionamento são: governo, comunidade, funcionários (docentes e administrativos), alunos,
fornecedores, concorrentes e outros, que, de forma direta ou indiretamente, impactam a gestão
da instituição.
Para que a Instituição de Ensino Superior tenha uma gestão responsável, integrada
com todos os públicos de relacionamento, esta proposta baseia-se nas diretrizes para a
responsabilidade social, apresentadas pela ISO 26.000, norma internacional de
responsabilidade social, lançada em 2010, que visa ser útil para todos os tipos de organizações
nos setores privado, público e sem fins lucrativos, independente do seu porte. Embora nem
todas as partes desta norma tenha a mesma utilidade para todos os tipos de organizações,
todos os temas centrais são relevantes para as Instituições do Ensino Superior.
Como a norma internacional não tem caráter de certificação, outros países no mundo
estão desenvolvendo suas próprias normas nacionais com propósito de certificação à luz da
ISO 26.000. No Brasil, a NBR 16.001, foi lançada em agosto de 2012 e, num futuro breve,
certificará as organizações que pretendem ser socialmente responsáveis.
Para melhor entendimento, este capítulo apresenta, por meio de quadros, algumas das
possibilidades de aplicação das questões e temas estipulados pela ISO 26.000, na realidade
das Instituições de Ensino Superior. As diretrizes para a gestão responsável das Instituições de
Ensino Superior, apresentam-se agrupadas conforme Figura 1, abaixo:
Figura 1 – Gestão Responsável
Para cada tema central, a ISO 26.000 apresenta várias questões, ações e expectativas
para auxiliar as organizações na aplicabilidade da norma. A Figura 2, a seguir dá uma
dimensão global sobre os temas e questões aqui abordados.
Figura 2 – Matriz da Gestão Responsável
Gestão
Responsável
Mitigação e
Diálogo Concorrência Proteção a saúde e Educação e
Evitar adaptação às
segurançado
cumplicidade Social mudanças Leal Cultura
consumidor
climáticas
Proteção e
privacidadedos Geração de riqueza
dados do e renda
consumidor
Acesso a serviços
Saúde
essenciais
Educação e Investimento
conscientização Social
Dentre os diversos aspectos centrais, este tema aborda práticas que a Instituição de
Ensino Superior deve adotar ao se relacionar com seus fornecedores ou com órgãos públicos.
A melhor proposta não deve ser selecionada pelo menor preço. Outros fatores devem impactar
a decisão de compra de materiais de consumo ou bens patrimoniais, como por exemplo,
iniciativas sócio ambientais adotadas pelas empresas fornecedoras.
O Quadro 6, a seguir, apresenta as questões relativas à temática das Práticas Leais de
Operação, bem como exemplos de como a Instituição de Ensino pode atuar.
Quadro 6 – Práticas Leais de Operação
A segunda parte deste tópico apresenta as duas dimensões do ensino superior - ensino
responsável e pesquisa responsável. As dimensões do ensino responsável e da pesquisa
responsável, estão agrupadas dentro do tema “Questões Relativas do Consumidor”, por
estarem diretamente relacionadas com os alunos, e a dimensão da extensão responsável está
colocada dentro do tema “Envolvimento e Desenvolvimento da Comunidade”, por estar
diretamente relacionada com a comunidade.
O Quadro 8, abaixo, apresenta as contribuições da pesquisadora para que as
Instituições de Ensino Superior tenham um ensino e uma pesquisa responsável.
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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EDIPUCRS.
TEORIA DA RESPEITABILIDADE
RESUMO
Não há dúvida de que nos dias atuais, a Dignidade da Pessoa Humana é considerada
atributo intrínseco de todo ser humano, e que dele não pode ser separado, por isso a
importância do respeito pelo outro. O presente estudo tem como escopo estudar o fenômeno
denominado violência psicológica em suas especificidades nas relações trabalhistas, nas
escolas e na vida doméstica. Concluiu-se que é extremamente pertinente uma pesquisa de
acompanhamento dos envolvidos – vítima, agressores e expectadores na sua vida,
identificando quais são as suas dificuldades, medos, se há alguma conseqüência no seu
trabalho e/ou vida atual. Isso serviria como alerta para que tanto nas escolas, no trabalho, na
vida doméstica, as dê maior atenção e prioridade ao combate e prevenção da violência onde
atua.
ABSTRACT
1 Maria Aparecida Munin de Sá – Mestre – Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU – Rua Iguatemi, 306 Itaim, Bibi
São Paulo – SP – profbia@uol.com.br
2) Henry Julio Kupty – Mestre – Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU – Rua Iguatemi, 306 Itaim, Bibi São Paulo –
SP – henry.kupty@fmu.br
Introdução
Para que tais objetivos possam ser atingidos, a metodologia aplicada foi a revisão de
literatura onde, após seleção de textos, passou-se à elaboração. Essa pesquisa é definida como
uma pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva. A segunda parte da pesquisa é de caráter
exploratório e descritivo.
2 http://www.educador.brasilescola.com/politica-educacional/problema-social.html
Segundo Barros (2002, p. 44) “é desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos
seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir fontes bibliográficas”.
Conforme descreve Martins (2001, p. 44):
Trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros,
revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito sobre determinado assunto,
com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas
pesquisas ou manipulação de suas informações.
Barros (2002, p.65) dispõe em sua obra conforme descrito, “Procura explicar um
problema a partir de referencias teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada
independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental para favorecer ao
pesquisador conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado,
existentes sobre determinado assunto, tema ou problema”.
Conforme Andrade (2003, p. 124), a pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo
trabalho científico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando
bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a
delimitação do estudo e a definição de objetivos ou formulação de hipóteses. Portanto,
“através da pesquisa exploratória avaliou-se a possibilidade de desenvolver uma boa pesquisa
sobre determinado assunto”.
Podemos caracterizar a pesquisa como exploratória, pois esta será desenvolvida
baseada nas informações coletadas dentro do ambiente da própria empresa.
A respeito da pesquisa exploratória Barros (2002, p. 41) descreve, “estas pesquisas
têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo
mais explicito ou a constituir hipóteses”. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo
principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.
Conforme Martins (2001, p. 66) a pesquisa descritiva, “observa registra, analisa e
correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a
precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com
outros, sua natureza e características.
Quanto à natureza da pesquisa pode-se classificá-la como trabalho científico,
fundamentado em trabalhos mais avançados, interpretação dos fatos e idéias. Quanto à
natureza dos dados, a pesquisa terá a finalidade de contribuir com novas análises sobre o
tema, a partir de análise e pressupostos de autores.
1. Bullying
Bullying é um fenômeno bem antigo, embora tal palavra não seja encontrada nos
dicionários da língua portuguesa, pois se tornou muito falado em todo cenário brasileiro,
principalmente no contexto educacional no final da década de 90.
A construção da palavra Bullying segue-se da seguinte forma: "Bull", que significa
touro em inglês, a mesma dinamizou-se criando um sentido corrompido, estilo jargão, ou seja,
"Bully" ou "Bullie", que ganhou conotação agressiva. Poderíamos chamar de Bullying,
qualquer ato de agressão em repetição a uma ou mais pessoas dentro de um mesmo cenário,
ou não; insultar, zoar, apelidar de forma pejorativa, bater, empurrar, chutar, tomar sempre da
vítima, irritar, humilhar, excluir, ignorar, desprezar, discriminar, chantagear, perseguir, abusar,
assediar, e etc., mas a industrialização nacionalista adotou da Inglaterra o termo verbalizado
Bullying, talvez por ser linguisticamente mais estético. (MICHAELIS, 1998)
De acordo com Rebelo Jr. (2007), o Bullying começou a ser pesquisado cerca de vinte
anos atrás na Europa, quando se descobriu o que estava por trás de muitas tentativas de
suicídio entre adolescentes. Sem receber a atenção da escola ou dos pais, que geralmente
achavam as ofensas bobas demais para terem maiores conseqüências, o jovem recorria a uma
medida desesperada. Porém, descobriu-se que Bullying é um fenômeno mundial tão antigo
quanto a própria escola. Apesar dos educadores terem consciência da problemática existente
entre agressor e vítima, poucos esforços foram despendidos para o seu estudo sistemático até
princípios da década de 80. Um dado alarmante, é que este mal vem se disseminando
largamente nos últimos anos, atingindo faixas etárias cada vez mais baixas, como crianças dos
primeiros anos de escolarização.
Para ilustrarmos melhor o fenômeno em discussão citar-se-á Carneiro (2010, P. 153),
em seu livro LDB Fácil, que explica:
Os primeiros estudos do fenômeno surgiram na década de 70, em países nórdicos,
especialmente na Suécia e Noruega. Daí, as pesquisas se estenderam a toda a
Europa. No fim da década de 90, o Brasil se deu conta de que o problema da
violência psicológica e da brutalidade física entre alunos assumia aspectos
dramáticos. A escola tinha mais um grave problema a enfrentar cuja configuração se
encorpava". (CARNEIRO, 2010, p.153).
Vendo por esta ótica, a violência pode ser compreendida como uma forma de restringir
a liberdade de uma pessoa, reprimindo e ofendendo física ou moralmente. "Violência
interpessoal é o termo empregado para indicar a pratica da violência entre pessoas que se
conhecem". (TELES e MELO, 2002, p.22).
A violência é uma das responsáveis pelo Bullying, pois este fenômeno esta
relacionado com as dificuldades emocionais de cada agressor. No quadro familiar dos
agressores há sempre uma história de violência associada, ou seja, a criança com
comportamentos agressivos convive com a violência de perto. (DIOGO e VILA, 2009, p.3).
Pelo constante quadro de violência em casa, ela é a única forma que os agressores
conhecem como dialogo. Estes indivíduos não têm acompanhamento familiar necessário que
agreguem valores para conseguirem lidar com adversidades e outros tipos de problemas.
Geralmente existem três tipos de pessoas envolvidas nessa situação: O espectador, a vítima e
o agressor. As vítimas do Bullying podem desenvolver duas formas as perseguições:
resiliência e baixa auto-estima. Tratar-se-á aqui somente a questão da resiliência, que significa
"a capacidade concreta de retornar ao estado natural de excelência, superando uma situação
critica". (GRAPEIA, 2011). Silva (2010, p. 91) chama esse processo de "Efeito Elástico", que
seria o indivíduo a comprimir-se pelo efeito de todas as babáreis bulistas até se soltar, com
toda a força, toda energia, como um elástico.
A autora cita personagens famosos como, por exemplo, Michael Phelps, nadador
norte-americano, Kate Winslet, atriz britânica, Tom Cruise, ator norte-americano, Madonna,
cantora norte-americana, David Beckham, Jogador de futebol, Steven Spielberg, produtor e
diretor de cinema norte-americano e Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos da
América. Todos esses grandes personagens passaram pelas torturas bulistas, mas conseguiram
vencer todas as adversidades que lhes foram impostas e, se tornaram pessoas de grande
destaque internacional. (SILVA, 2010, p.91). Percebe-se através dos relatos acima que o ser
humano tem condições de superação estupendas, mas deve-se observar também o contexto
social em que, por exemplo, essas personalidades encontravam-se; a Família, Escola,
Governo, os níveis: Econômico, Político e Social.
2. Violência doméstica
A violência doméstica é um problema social que atinge grande parte das mulheres, e
em razão disso as famílias no todo. Além de um desrespeito aos direitos humanos, princípio
constitucional, trata-se de um problema de saúde pública, pois as vitimas dessa violência
sofrem com problemas psicológicos graves, causados pelo medo e ansiedade, sem se falar nas
feridas do corpo.
Entende-se a violência como sendo o uso da força física, psicológica ou intelectual
para obrigar outra pessoa a fazer algo que não está com vontade; é constranger; é
impedir a liberdade e a outra pessoa de manifestar sua vontade, sob pena de viver
ameaçado, espancado ou até mesmo morto. (MELO; TELES 2003, p. 15).
O assédio moral, uma das formas mais poderosas de violência sutil, caracteriza- se
pela exposição a situações humilhantes, de forma repetida e com longa duração, que atenta
contra a dignidade e integridade psíquica ou física do ser humano. Rufino (2006) apresenta o
assédio moral como um fato social que ocorre em diversas áreas, expressando-se na maneira
de importunar ou efetuar propostas, geralmente de forma indireta, cercando a vítima a ponto
de deixá-la seduzida e conduzi-la a agir de forma diversa daquela que adotaria
espontaneamente.
O assédio moral do trabalho pode ser considerado tão antigo quanto a própria
existência do trabalho, a mudança está na intensificação, gravidade, amplitude e banalização
do fenômeno existente antes e agora.
Leymann (2002, p.180), conceitua o assédio moral no trabalho como:
A deliberada degradação das condições de trabalho através do estabelecimento de
comunicações não éticas (abusivas), que se caracterizam pela repetição, por longo
tempo, de um comportamento hostil de um superior ou colega (s) contra um
indivíduo que apresenta como reação um quadro de miséria física, psicológica e
social duradoura.
Considerações Finais
Referencias Bibliográficas
Resumo
1. INTRODUÇÃO
3.1. Curauá
1. comunicação;
2. cuidado pessoal;
3. habilidades sociais;
4. utilização dos recursos da comunidade;
5. saúde e segurança;
6. habilidades acadêmicas;
7. lazer; e
8. trabalho;
e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências; e
II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito
de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de
movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da
mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.
5. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
5.1. Materiais
Fig. 1 – (a) demonstra a influência do preparo das fibras e seu (b) comprimento no
resultado do ensaios de resistência à tração. Fonte: Silva,2010
Cases de sucesso, como o caso do carro urbano para cadeirantes Kenguru, foram
analisados. Usando conceitos de sustentabilidade e acessibilidade, os projetistas fizeram
um carro “verde”, ou seja, livre de emissões, utilizando um motor elétrico. Na verdade,
não trata-se, segundo as leis britânicas, de um carro. Trata-se de uma scooter (como
mostra a Figuras 4), pois não tem características de um carro, por exemplo, tem um
guidão no lugar de um volante. Com isso, os usuários não precisarão de habilitação para
carros mas, apenas, para scooters (8).
Fig. 4 – (a) frente do Kenguru e (b) usuário entrando no automóvel. Fonte: site da
fabricante
6. DISCUSSÕES
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo revelou que é possível, hoje, projetar um transporte pensando em
materiais inovadores. Materiais compósitos utilizando fibras vegetais podem ser o
futuro da indústria automobilística como uma alternativa no quesito sustentabilidade.
Outro ponto revelado foi a falta de preparo nos parques públicos na questão da
acessibilidade. Observou-se a falta de cadeiras de rodas disponíveis, como consta na lei.
Constatou-se também a falta de rampas de acesso a locais dentro dos parques. É
necessário e urgente que o Estado se equipe para que as pessoas com deficiencia ou com
dificuldade de mobilidade possam acessar locais públicos como qualquer outro cidadão
e se façam incluídos ativamente na sociedade.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Resumo
Abstract
"Mirassol Women" emerge from the economic need in the context of creative communities that
after working as selective collectors of recyclable material use waste textiles for making tow.
This fact certainly demonstrates the potential for the organization-community to develop as a
producer. Design management understands the possibilities of the recognition of innovation in
an organization and, in the case of communities such as "Mirassol Women" can highlight
innovation as its link to sustainability. This study aims to identify strengths and weaknesses
through inductive approach in order to prospect new measures that contribute to strengthening
the enterprise such as integration with other areas so that they can empower the community to
produce products linked to the concepts of social innovation.
Mulheres do Mirassol
Design e a sustentabilidade
2 Produto elaborado através da costura de resíduos têxteis usado para limpezas de graxos e resíduos
químicos em geral, tendo como principal clientela oficinas de automóveis.
necessário promover e facilitar novas configurações por meio de interações e parcerias
entre os diversos atores, buscando a convergência de interesses ambientais e
econômicos. No caso da comunidade “Mulheres do Mirassol” esse caráter destaca-se,
levando em conta a socialização de pessoas que se encontravam a marginalizadas
literalmente, considerando a localidade como distante do centro urbano e ainda a falta
de capacitação profissional, consequência da condição de pobreza e dificuldade de
acesso ao ensino.
Metodologia
Descrição da entrevista
Procedimentos Metodológicos
Após as transcrições realizou-se a análise dos dados e assim foi possível elaborar
um mapeamento conforme figura (fig.2) abaixo:
Resultados
Considerações Finais
Levando em conta o que propõe Krucken (2009, p.101) “Os designers tem a
habilidade de projetar um conjunto de soluções capaz de aperfeiçoá-lo e de reproduzi-lo
em diversos contextos”. Assim a partir da identificação do problema o design e a gestão
do design por meio da metodologia projetual são capazes de propor inovações e nesse
caso como um núcleo produtivo vinculado a sustentabilidade, é importante reconhecer
as habilidades e potencialidades da comunidade, considerando não somente a inovação
no produto, mas o que fez com que a comunidade fosse reconhecida como um caso de
inovação social. Um deles certamente é marcado pelo produto estopa que apesar de não
ser representativo esteticamente foi o produto que marcou a história da comunidade não
pelo valor em produto, mas como valor em processo.
Considerando as dificuldades ainda existentes e as muitas ações ainda
necessárias para fortalecer o empreendimento, o design e a gestão do design tornam-se
fundamentais em todo o sistema, a gestão do design por meio de uma abordagem
sistêmica aqui representada pelo mapeamento da cadeia produtiva, e o design
participando do processo produtivo na capacitação e aplicação de melhorias desde a
entrada dos recursos, como também no processo e fundamentalmente na
comercialização como comunicação do valor social do empreendimento. Embora
algumas ações já tenham sido implantadas como a comunicação visual das etiquetas,
muito ainda pode ser feito para o reconhecimento da comunidade como um caso de
inovação social.
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The way to produce masonry has been changes recently through rationalization
of inputs and processes in construction and increasing of levels of innovation,
stimulating the creation of new methodologies. Another factor which contributes to
technological innovations is related to the better use of environmental resources and
reducing waste. The production of masonry is one of the main bottlenecks in the system
of the building industry and has been the target of several optimizations.
Thus, new mortars on the market, with different properties and performance
characteristics, in order to improve productivity, contribute to make better use of natural
resources. Among them is the polymeric mortar. These mortars are known as "non-
cement mortar" and have the great advantage of being supplied in packs "ready to use",
without adding water or any mixture prior to application.
The aim of the study was to examine and compare the compressive strength of
various types of prisms and walls built with mortar and horizontal joint polymer ranging
from 1 mm to 3 mm mortar with cement and lime traditional 10 mm thick. The blocks
included in the study were structural ceramic blocks, concrete block structural, solid
bricks in soil-cement and non-structural bricks. The study evaluated the characteristic
compressive strength, modulus of rupture and type of each prism or masonry wall. The
studies also include tests of tensile strength in bending tests, tightness, suspended load,
pullout and durability, made in several prisms, including block seal without structural
function.
Statistical analysis was performed to compare the differences between the
polymeric mortar and the traditional cement mortar.
The gasket thin non-cement mortar had compressive strength higher than the
conventional mortar joint with a thickness of 10 mm. The results for the pullout tests
also showed superior performance compared to mortars with cement. Regarding the
sustainability requirements and rationalization, that was shown mortar polymer studied
is 20 times the use of traditional mix cement + lime + sand.
Furthermore, the mineralogical analysis shows that the polymer mortar there is
added to the sand and cement formulation. Once the cement production process
generates the same for each kilogram, between 600 and 800 grams of CO ² emitted into
the atmosphere and most of conventional cement mortars are composed of sand from
rivers, water sources and groundwater. Another fact of great importance is the fact that
the studied polymeric mortar generates 0% VOC (Volatile Organic Compound).
Studies should be continued in order to analyze the differences in real samples of
walls, which can present different results to what was observed in the analyzes made in
the laboratory.
Figura 1 – (a) aplicação do produto direto da própria embalagem; (b) obra com tijolos.
cerâmicos com furos horizontais; (c) obra com blocos de cimento.
Argamassas de assentamento
O desenvolvimento da inovação
A motivação deste desenvolvimento teve origem na constatação de alguns
problemas existentes nos métodos construtivos atuais que utilizam argamassas
convencionais. O principal destes problemas diz respeito à baixa produtividade e
relativa escassez da mão-de-obra qualificada. Objetivou-se buscar alguma solução que
aumentasse a produtividade da mão-de-obra, permitindo a execução de um mesmo
trabalho em menos tempo ou com menos trabalhadores. Outro objetivo do
desenvolvimento foi a criação de um produto não-cimentício que reduzisse a utilização
de cimento Portland e de areia na construção civil devido aos seus altos passivos
ambientais.
A Edição 1025 da revista Exame do mês outubro de 2012 publicou matéria sobre
a produtividade no Brasil. Um estudo da Consultoria BCG aponta que um único
trabalhador americano produz o mesmo que 5 brasileiros. A mesma reportagem mostra
que uma dupla de funcionários da construção civil constrói 17 m2 por dia no sistema de
alvenaria. Com a Massa DunDu, uma dupla executa em média 45 m² de parede por dia,
além de eliminar aproximadamente 30% da mão de obra que estaria envolvida na
logística, dosagem e mistura dos insumos necessários no método convencional de
preparação da argamassa.
De acordo com dados do CDIAC (Carbon Dioxide Information Analysis Center),
a fabricação de cada 1 kg de cimento emite entre 600 e 800 gramas de CO2 na atmosfera
(JOHN, 2000). Estas emissões se dão devido ao processo de descarbonificação das
matérias primas, assim como ao consumo de energia necessário para atingir
temperaturas de até 1450ºC necessárias ao processo de fabricação (ISAIA et al., 2007).
O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento aponta que a mesma em todo o mundo
responde por aproximadamente 5% do total de CO 2 emitido pelo homem, representando
um dos 5 maiores poluidores da atmosfera.
A retirada de areia dos leitos de rios para a mistura das argamassas
convencionais também resulta em sérios problemas ambientais por prejudicar estes
frágeis ecossistemas. A argamassa polimérica é produzida com agregados minerais
provenientes de rochas calcárias e reduz entre 90 e 95% a quantidade deste insumo se
comparado às argamassas industrializadas com matriz cimentícia.
O conceito de assentamento de alvenaria com junta fina (entre 0,5 e 3 mm)
iniciou-se na Alemanha através de produtos à base de PU (Poliuretanos). Entre eles
citamos o Mason Bond da multinacional ITW e Dryfix da Wienerberger. Entretanto
essas soluções tecnológicas mostraram-se comercialmente inviáveis.
Outra solução alternativa ao cimento para assentamento de alvenaria é a cola
PVA, a qual pode ser usada para produção de paredes em tijolos de solo-cimento. Neste
caso, as dificuldades se deram devido à falta de credibilidade junto aos consumidores,
uma vez que a cola PVA não apresenta características mecânicas comparáveis às
apresentadas pelas argamassas cimentícias.
O Desenvolvimento da inovação se deu através da evolução de um adesivo para
revestimentos cerâmicos desenvolvido na década de 80 com o apoio tecnológico de
parceiros na Alemanha. Com o aquecimento da construção civil nos últimos 10 anos a
empresa identificou que o principal gargalo na produtividade das edificações era a
produção de alvenaria, responsável pela maior parcela de tempo necessário para
execução de uma obra predial. Somando-se a isso verificou uma escassez crescente na
mão de obra necessária para a execução desse tipo de tarefa.
Processo de aplicação
Os tijolos/blocos devem estar limpos, livres de areia, graxa, óleos ou pó para não
comprometer a aderência. A aplicação do produto em peças levemente úmidas
aumentará o tempo de cura necessário, mas não afetará negativamente a adesão do
produto após sua cura. Não é recomendada aplicação do produto em peças
completamente molhadas (saturadas), pois isso poderá prejudicar a adesão final. É
necessário que a base esteja bem nivelada e no prumo antes da utilização do produto.
Por esta razão, é recomendável que a primeira fiada seja sempre assentada com
argamassa convencional, já que está permite que se faça uma junta com espessura
superior a 3 mm facilitando, assim a correção de quaisquer desníveis existentes no piso.
A argamassa polimérica já vem pronta para o uso, não necessitando nem mesmo
de água. Não se deve adicionar cimento, cal ou qualquer outra substância ao produto. A
aplicação deverá ser realizada depositando-se dois filetes de argamassa com
aproximadamente 1cm de diâmetro cada, os quais devem ser aplicados sobre uma das
superfícies a ser unida a outro bloco/tijolo. Para melhor aplicação e desempenho é
recomendada a utilização de um dos aplicadores fornecidos pelo próprio fabricante da
massa.
O rendimento desse tipo de argamassa é de 1,5kg de massa por m² em tijolos ou
blocos com altura de 19 cm. Dependendo da altura do tijolo o rendimento pode vir a ser
maior ou menor. O rendimento também varia significativamente conforme a prática e
atenção do pedreiro, bem como conforme o tipo de ferramenta usada na aplicação. O
tempo de cura total da Massa Dun Dun é de 72hrs em clima seco e quente, podendo
variar conforme as condições climáticas (mais lento em climas frios ou úmidos). Em
casos de umidade intensa, a cura do produto apenas iniciará após os blocos assentados
secarem completamente. Após aberta a embalagem plástica, se bem vedada, o produto
pode ser utilizado por um período de até 30 dias.
Resultados quantitativos
Tabela 1
Fonte: ABNT NBR 15961 (2011)
Determinação da resistência à flexão de prismas de 5 blocos cerâmicos:
Figura 4 – Tração na flexão - visualização da carga suportada (a) - pela Massa DunDun e (b) – pela
argamassa convencional
Prismas ADD – Prismas ocos moldados com argamassa DunDun ; Prismas AT – Prismas ocos moldados
com argamassa tradicional.
Figura 7: gráfico comparativo de módulos de elasticidade prismas com argamassa tradicional x Massa
DunDun
Observa-se que o tipo de bloco utilizado tem um impacto muito maior no módulo
de elasticidade dos prismas ensaiados do que o tipo de argamassa (tradicional ou
DunDun). Desta forma, os resultados não mostram indício de que a diferença em
módulo de elasticidade da argamassa DunDun em relação à argamassa tradicional venha
a ter um impacto significativo no desempenho da alvenaria.
Figura 8 – Desempenho da amostra LMCC 924/12 sobre blocos cerâmicos para as quatro condições de
cura.
Figura 9 – Desempenho da amostra LMCC 924/12 sobre bloco de concreto para as quatro condições de
cura.
Conclusões
Referências Bibliográficas
RESUMO
Geoinformação
Bibliografia
1
Mestre Maria Luísa Silva e Prof.ª Doutora Fátima Jorge
RESUMO
1. Introdução
O processo de globalização que tem vindo a exigir por parte das organizações
elevados níveis de competitividade, em muito tem potenciado a implementação de actividades
que nem sempre são compatíveis com as necessidades das comunidades locais e regionais e
com o próprio ambiente, assistindo-se por vezes à secundarização de interesses sociais e
ambientais em prol de interesses exclusivamente económicos. Quando isto acontece é porque
1
Mestre Maria Luísa Silva (mlfcsilva@gmail.com) e Prof.ª Doutora Fátima Jorge (mfj@uevora.pt) –
Universidade de Évora; Artigo escrito tendo como base a Dissertação intitulada “Do Desenvolvimento
Sustentável à Sustentabilidade Empresarial: Um estudo regional multi-casos” para obtenção do grau de Mestre
em Gestão – Recursos Humanos, da autoria de Maria Luísa F. de C. e Silva, em Fevereiro de 2012.
algo não está contemplado, isto é, há pelo menos um princípio que não é verdadeiramente
considerado.
Numa altura em que a pobreza e a exclusão social teimam em persistir, embora as
empresas se sintam incapazes de resolver por si só tais problemas, têm, no entanto, mais
consciência de que o seu empenho pode revelar-se muito positivo no quadro de influências
que também podem exercer, se falarmos na criação de emprego, e da elevação do nível de
bem-estar, satisfação social e conhecimento, pela educação e formação.
A relação directa entre empreendedorismo e sustentabilidade empresarial tem sido
estudada, apresentando-se como uma evidência, sendo já inúmeros os investigadores que
concluem que na base da sustentabilidade das organizações estão inovações promovidas por
empreendedores que contribuem também para o desenvolvimento sustentável das
comunidades em que se inserem.
Com o intuito de analisar a prática de RS que constitui a criação do Museu do
Marceneiro, propriedade da empresa Galerias de Móveis São Francisco, Ld.ª, verificamos de
que forma é que esta iniciativa pode ser considerada empreendedora.
2.1 Empreendedorismo
“O empreendedorismo é um fenómeno que assume diversas formas e aparece em
pequenas e grandes empresas, nas empresas estabelecidas e na criação de novas empresas, na
economia formal e na informal, em actividades legais e ilegais, nas ocupações inovadoras e
tradicionais, nas empresas de alto risco e nas de baixo risco, e em todos os sectores
económicos (OCDE, 1998 apud Nijkamp, 2009, 2009, p. 854)”.
Não há uma única definição para empreendedorismo. Ao que parece a palavra
empreendedorismo deriva do francês e deve-se a Richard Cantillon economista francês do
século XVIII, o aparecimento desta noção.
O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) descreve o Empreendedorismo como
“uma forma de pensar e agir, obcecada pelas oportunidades, com uma abordagem holística e
equilibrada em termos de liderança, com o objectivo de criar riqueza”. Mas “qualquer
tentativa de criação de um novo negócio ou uma nova iniciativa, tal como o emprego próprio,
uma nova organização empresarial ou a expansão de um negócio existente, por um indivíduo,
equipa de indivíduos, ou negócios estabelecidos” é, no entender do GEM também
empreendedorismo (apud Sarkar, p. 31)
A OCDE (1998, p. 42-44, apud Nijkamp, 2009, p.855) identifica três importantes
características do empreendedorismo. “Em primeiro lugar, o empreendedorismo envolve um
processo dinâmico com empresas em várias situações: as novas empresas que se estão a
iniciar, as empresas já existentes que estão a crescer e as empresas que não tiveram sucesso e
que estão a ser reestruturadas ou a fechar. Uma segunda característica do empreendedorismo é
que – na medida em que implica o controlo do processo pelo empresário-proprietário – ele
tende a ser identificado com a pequena empresa onde o proprietário(s) e gerente(s) são os
mesmos. Finalmente, o espírito empresarial implica inovação”. Para Joseph Schumpeter
(1936) (apud Sarkar, p. 53), o empreendedoriso aparece ligado à inovação, defendendo que
empreendedor é aquele que aplica uma inovação no contexto dos negócios, que por sua vez
pode tomar várias formas: introdução de um novo produto; introdução de um novo método de
produção; abertura de um novo mercado; a aquisição de uma nova fonte de oferta de materiais
e a criação de uma nova empresa.
“O desenvolvimento do sector das PME desempenha um papel crucial na dinâmica
espacial, pois muitas formas criativas de empreendedorismo encontram-se neste sector”
(Nijkamp, 2009, p. 857). E, “o ambiente local (incluindo a cultura, os conhecimentos e as
atitudes das empresas) parece funcionar como um factor de sucesso crucial para novas formas
de empreendedorismo (Camagni, 1991, apud Nijkamp, 2009, p. 865).
Para Sarkar (p.32), empreendedorismo “é o processo de criação e/ou expansão de
negócios que são inovadores ou que nascem a partir de oportunidades identificadas”.
As opiniões não são unanimes, portanto. E principalmente se pensarmos nas
inúmeras formas de empreendedorismo (por necessidade, por oportunidade, electrónico,
familiar, comunitário, municipal, social, etc, etc.), não perdendo de vista também o intra-
empreendedorismo, em que os intra-empreendedores são vistos como empreendedores com
acções bem-sucedidas dentro de uma organização estabelecida ou em parceria com outros
indivíduos, também eles empreendedores, que têm características diferentes,
complementando-se portanto, entre si.
“Os empreendedores são pessoas que reagem às alterações das economias,
funcionando como agentes económicos que transformam a procura em oferta” (Adam Smith,
1776, apud Sarkar, p. 27). Para John Stuart Mill (1848, apud Sarkar, p. 27), o
empreendedorismo “é a base da empresa privada; o empreendedor é aquele que corre riscos e
toma decisões, que gere recursos limitados para o lançamento de novos negócios”. “O
empreendedor é aquele que transforma recursos em produtos e serviços úteis, criando
oportunidades para fomentar o crescimento industrial” (Carl Menger, 1871, apud Sarkar, p.
27).
“O empreendedor é agente que transfere recursos económicos de um sector de
produtividade mais baixa para um sector de produtividade mais elevada e de maior
rendimento” dizia Jean Baptiste Say (1803, apud Sarkar, p. 27)).
Ainda que não se nasça empreendedor, “ser-se empreendedor não é nem inato nem
hereditário, embora existam diferentes combinações de características pessoais, de liderança,
de motivação e comportamentais que podem indicar a vocação empreendedora, há alguns
traços de personalidade e algumas características que os empreendedores bem-sucedidos
tipicamente partilham” (Ferreira, M.P. et al, p. 55).
Apontamos um conjunto de características aos empreendedores, detalhando assim o
seu perfil comportamental: são normalmente considerados indivíduos com iniciativa, visão,
coragem, firmeza, decisão, resilientes, com atitude de respeito humano e com grande
capacidade de liderança e organização.
4. Metodologia
A metodologia utilizada para a elaboração deste artigo, assentou na pesquisa
bibliográfica como ponto de partida, seguindo-se a pesquisa descritiva, assumindo-se depois
uma abordagem exploratória, a que se seguiu o estudo de caso, privilegiando-se a natureza
qualitativa dos dados.
Para obtenção de dados referentes às Galerias de Móveis São Francisco, Ld.ª, e
muito concretamente, ao Museu do Marceneiro, procurou-se aplicar um questionário e
complementar os dados assim conseguidos com a realização de uma entrevista semi-
estruturada. Refira-se ainda que foi utilizado o modelo conceptual desenhado para o estudo
RS nas PME – Casos em Portugal (Santos et al., 2006) (Quadro 2).
Para complementar os dados obtidos através do questionário foi realizada uma
entrevista semi-estruturada com questões abertas ao dirigente indicado pela empresa, que
incidiram sobre questões relacionadas com Empreendedorismo e a criação do Museu.
A documentação sobre a empresa, recolhida antes da entrevista, bem como aquela
que foi fornecida aquando da visita para a realização da mesma, possibilitou uma análise mais
rigorosa da informação.
6. Discussão de resultados
A empresa GMSF afirma seguir, nos últimos três anos, uma estratégia de inovação,
assente na introdução de novos produtos e serviços. Predomina ali uma estratégia de RS
voluntária, considerando o seu posicionamento em termos de estratégia de negócio (inovação
– introdução no mercado de novos produtos e serviços), relação com stakeholders
(universidades, associações e empresas), motivações (com base na criação de valor),
benefícios (organizacional), tipos de apoio (conhecimento) e periodicidade das práticas
(regulares e integradas na estratégia). É comum verificar-se, principalmente nas grandes
empresas, que o carácter regular das práticas de RS está ligado à sua estratégia. Já no que
concerne às pequenas e médias empresas, os estudos de referência mencionam o facto de estas
integrarem informalmente a RS. No entanto, nas GMSF as suas actividades regulares nesta
área estão ligadas à estratégia de negócios. Há muito que para esta entidade o exercício da
prática de RS deixou de se ligar apenas a patrocínios ou doações, integrando a sua estratégia
de sustentabilidade empresarial.
As GMSF têm preocupações ao nível das três dimensões: económica, social e
ambiental. A “articulação da comunidade onde a empresa se insere” é uma das áreas da RS
considerada mais importante, agora ainda mais notória a partir da criação do Museu do
Marceneiro. Ao mesmo nível a preocupação com o ambiente é realçada. Como pode observar-
se, as práticas de RS desta organização vão muito além do seu carácter interno, sendo em
grande número as práticas relacionadas com a dimensão social externa e com a ambiental.
Numa boa parte das vezes vai ao encontro da comunidade, com quem se articula, mas também
de clientes, fornecedores, parceiros comerciais, produtos e serviços e da valorização do
ambiente, excedendo o cumprimento da legislação.
Ao analisar a satisfação indicada pelos dirigentes no que se refere à avaliação dos
resultados das práticas de RS que a empresa desenvolve, poderemos deduzir que há ainda um
longo caminho a percorrer. Vejamos: foram apenas referidos resultados bastante satisfatórios
ao nível de “Clientes”, “Produtos e Serviços”, “Informação e Comunicação” e “Comunidade”.
Poder-se-á dizer que esta empresa está ainda assim satisfeita com o resultado das práticas de
RS ao nível de dimensão económica, social interna e externa. Embora com grande número de
práticas ambientais, ao analisar em pormenor as respostas ao inquérito, é a esse nível que os
dirigentes estão pouco satisfeitos ao reflectirem sobre os resultados das suas práticas de RS,
havendo aí mais espaço para melhoria de resultados a par da dimensão social interna (gestão
de recursos humanos, serviços sociais e formação).
No domínio económico, a empresa analisada apresenta práticas que interagem com
três tipos de parceiros estratégicos: os clientes, os fornecedores ou parceiros comerciais e os
seus sócios. Partindo da síntese de Carroll (1979) através da sua pirâmide, acrescente-se ainda
que notamos preocupações desta empresa ao nível das várias etapas apresentadas, destacando-
se, na base, as responsabilidades económicas, pois esta empresa tem de gerar riqueza, pelo
que terá que responder às necessidades de consumo da sociedade. Considerando as práticas de
RS orientadas para os trabalhadores das empresas ao nível da dimensão social interna,
estamos perante uma unidade empresarial com práticas integradas em diversas áreas: gestão
de recursos humanos, informação e comunicação, serviços sociais, gestão da mudança
organizacional, empregabilidade, bem como saúde, segurança e higiene no trabalho. Quanto à
participação, sistemas de apoio, adaptação à mudança, formação e desenvolvimento, serviços
de saúde e segurança as GMSF fazem alusão a várias práticas.
Indo ao encontro da teoria dos stakeholders, proposta por Freeman (1984), deduz-se
sobre a importância que as GMSF dão, não só aos interesses dos proprietários, mas também
aos interesses de outras partes interessadas, nomeadamente os empregados, os gestores, a
comunidade local, os clientes e os fornecedores. Se para Keith Davis (1973), se pode deduzir
que a RS das empresas começa quando a lei acaba, nesta empresa estamos efectivamente
perante práticas de RS. Entendendo por motivações, tudo o que impulsiona o
desenvolvimento de práticas de RS, surge como mais frequente nesta empresa a criação de
valor e a questão ético social, a que corresponde, respectivamente, a “fidelização de
consumidores e de clientes”, a “melhoria da imagem institucional” e os “princípios éticos e
cívicos”, para além do “aumento da satisfação dos trabalhadores/as”. Para as GMSF, a
pressão da comunidade e dos poderes públicos não exercem influência sobre as práticas de
RS.
Curioso é perceber quais são as principais dificuldades associadas à dinamização de
práticas de RS nesta empresa, isto é, os principais obstáculos. São apenas referidos os
aspectos “financeiros” (insuficiência de recursos financeiros, falta de apoio público). Como
aspectos relevantes para promover a RS, as GMSF referem a “partilha de experiências/
formas de implementar com empresas semelhantes”, para além de “partilhar experiências/
formas de implementar com empresas semelhantes”, “conhecimento de boas práticas”,
“programas de formação”, fazendo também alusão à necessidade de outros: apoios financeiros
(apoios públicos e incentivos fiscais). Existe portanto um balanceamento entre a necessidade
de informação/ formação e de intervenção do Estado.
Ao verificar a tipologia de estratégias de RS apresentada na metodologia, depois de
analisada a estratégia de negócio, a periodicidade das práticas, a relação com os stakeholders,
as motivações, os benefícios, os obstáculos e os tipos de apoio, podemos aferir o padrão de
comportamento desta entidade. Constata-se a não aplicação do modelo no seu estado puro, ou
seja, as GMSF não apresenta para todas as dimensões uma estratégia tal qual a proposta no
modelo de análise dos tipos de estratégias de RS, existindo no entanto características
dominantes. No que respeita aos obstáculos, as GMSF apresenta uma estratégia de obrigação
(traduzida na insuficiência de recursos financeiros e na falta de apoio público).
Aproveitando um conjunto de ferramentas armazenadas, sem qualquer utilidade do
ponto de vista da sua utilização actual na fabricação de produtos, as GMSF procuram
valorizá-las, integrando-as num único espaço museológico, devidamente organizado para
mostrar à juventude e gerações vindouras formas de trabalho por estes desconhecidos. Ao
valorizar este espólio, o próprio estabelecimento comercial ganha também novas vidas. Para
além dos jovens, são os amantes destas artes e antigos marceneiros e carpinteiros que ali se
cruzam e partilham as suas experiências. Muito próximo de uma das atracções turísticas mais
importantes da cidade Património da Humanidade, o espaço comercial onde, diariamente
poucos clientes entravam para apreciar ou comprar mobiliário e peças decorativas (devido a
uma elevada quebra do poder de compra, ao aparecimento de bens substituíveis - alguns quase
descartáveis, mas a preços muito baixos, e à reduzida dimensão do espaço, comparativamente
a outros que o consumidor se habituou a frequentar), viu-se transformado. Com a inauguração
do Museu do Marceneiro, o mesmo espaço é hoje visitado diariamente por dezenas de turistas
que conhecem um pouco da história da carpintaria e da marcenaria da região e aproveitam
para levar consigo pequenas lembranças que ali se comercializam agora, para além da
memória das imagens de mobiliário antigo e tradicional do Alentejo ali expostos. A estratégia
de sustentabilidade empresarial, de que faz parte integrante o Museu do Marceneiro das
GMSF, ao enquadrar acções de RS, cruza-se com a estratégia definida para a região, ao
integrar principalmente os sectores tradicionais, explorando recursos endógenos disponíveis,
(naturais, ambientais, patrimoniais, e culturais).
Por outro lado, num mundo cada vez mais competitivo, os proprietários das GMSF,
ao criarem o Museu do Marceneiro foram eles próprios agentes de mudança, procurando
elevar o seu desempenho, ao enfrentar externalidades, com pró actividade, criando iniciativas,
procurando inovar, sendo por isso empreendedores. Na entrevista realizada foi visível o
elevado nível de motivação pessoal, o gosto pela assunção do risco, a criatividade, para além
da recompensa desejada, que vai muito além da financeira, e que em muito passa pela
realização pessoal e profissional da criação de algo que também lhe pertence. Estamos sem
dúvida perante um caso de intra-empreendedorismo, como estratégia de ganhar flexibilidade e
capacidade de adaptação e inovação. Não será também por acaso que na liderança do Museu
do Marceneiro está um indivíduo empreendedor, pertencente ao quadro desta empresa.
7. Considerações finais
Poder-se-á afirmar que, de acordo com o modelo utilizado, predomina a estratégia de
RS voluntária nas GMSF. “A partir de uma perspectiva espacial [o empresário] tem que atingir a
excelência em termos do enraizamento local e global, na orientação, na exploração das vantagens da
proximidade, na utilização de princípios de clusters e de redes, e no acesso a circuitos avançados de
conhecimento” (Nijkamp, 2009, p. 868). É isto que está a acontecer com o Museu do Marceneiro, uma
iniciativa das GMSF. É disso exemplo o espírito empreendedor do seu líder, que também é
proprietário da empresa.
Referências bibliográficas
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Baleiras, R., 2010. “Que mudanças na política de coesão para o horizonte, 2020?” in Desafios
Emergentes para o Desenvolvimento Regional. Princípia, Cascais.
Convenção Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas (UNFCC). 2007. Fact sheet:
Investement and financial flows for a strengthened response to climate change. Disponível
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http://uweb.txstate.edu/~ek10/socialresponsibility.pdf. Acesso em: 11 de Dezembro 2010.
Ferreira, M.P., Santos, J.P., Serra, F.R., 2008. Ser Empreendedor – Pensar, Criar e Modar a
Nova Empresa. Edições Sílabo. Lisboa.
Freeman, R.E. Stakeholder Teheory of the modern corporation. General Issues in Business
Ethics. Disponível em: http://academic.udayton.edu/lawrenceulrich/Stakeholder
%20Theory.pdf. Acesso em 11 de Dezembro 2010.
Santos, M.J.N., Silva, J.L.A., Henriques, P.L., Eusébio, C.. 2005. Desenvolvimento
Sustentável e Responsabilidade Empresarial. Celta Editora, Oeiras.
Santos, M.J.N., Santos, A. M., Pereira, E.N., Silva, J.L.A.. 2006. RS nas PME – Casos em
Portugal. RH Editora, Lisboa.
Abstract:
Science has enabled progress and technological innovation in manufacturing processes. The
wide industrial production and the unlimited use of the natural resources may lead to the human
being extinction, considering the environment impact of its production activities. Social and
political aspects have significantly influenced the business sector. New ideas allow joining what
is good for society, in general, to elements traditionally important for industrial production, such
as capital, raw material, human resources, social aspects, including the use of natural resources
such as air and water, the labor composition and the evaluation of the pollution produced. The
huge demand for electronic products and their quick obsolescence contribute for the pollution
increase. This paper shows the improvements that happened in the industry of electronic
products, it describes the evolution in materials and processes adopted worldwide, and also
discuss concepts of reverse logistics as one of the solutions to reduce the residues in production
and the disposal of electronic waste in Brazil.
Resumo:
A ciência tem permitido o progresso e a inovação tecnológica em processos fabris. A grande
produção industrial e o uso sem limites dos recursos naturais podem levar provavelmente à
extinção do ser humano, considerando o impacto ambiental de suas atividades produtivas. Os
aspectos sociais e políticos têm influenciado significantemente o ambiente dos negócios. Novas
ideias estão permitindo a união do que é bom para a sociedade de forma geral, a fatores
tradicionalmente importantes para a produção industrial como o capital, a matéria-prima, os
recursos humanos, os aspectos sociais, incluindo o uso dos recursos naturais como ar e água, a
composição da mão-de-obra e a avaliação da poluição produzida. A grande demanda de
produtos eletroeletrônicos e a sua rápida obsolescência contribuem para o aumento da poluição.
Este trabalho apresenta as melhorias realizadas na indústria produtora de eletroeletrônicos,
descreve os avanços em materiais e processos adotados mundialmente, e discute conceitos da
logística reversa como uma das soluções para a diminuição dos resíduos da produção e o
descarte de lixo eletrônico no Brasil.
Palavras chave: produtos eletrônicos, impacto ambiental, resíduo eletrônico, logística reversa.
1. Introdução
(HWANG, 2004).
4. Logística reversa
b) assegurar que os REEE sejam entregues sem encargos pelo consumidor, instalando
sistemas de coleta individuais ou coletivos;
c) criar sistemas para tratar os REEEs utilizando as melhores técnicas de tratamento,
valorização e reciclagem;
6. Conclusão
DONAIRE D., Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo, Atlas, 2ª Ed., 2010.
GRIGOLETTO, E.M., MACHADO, I.P., Bizzo, W.A. & PERCORA, A.A.B., Lead-
Containing Wastes Disposal from Electronics Industries in Brazil. Inginiería Y Gestion
Ambiental, Medelin, v.1, n.1, p.19-27, 2003.
HWANG, J.S. Implementing Lead Free Electronics. N.Y., McGraw Hill, Cap. 1 e 9,
2004, p.1-12, 373-410.
Industrial Pollution Control Handbook, Ed. Herbert F. Lund, Mc Graw-Hill, Inc, 1971,
cap 14.1, 14.19, 25.39
LEITE, P.R. Logística reversa – meio ambiente e competitividade. São Paulo, Prentice
Hall, 2003.
1
Autor do projeto de inovação e Tecnologia dos maquinários: Luiz Alberto Motta Osório – Diretor Industrial Café
Bom Dia Ltda
Autora do artigo: Rachel Machado de Sousa – Engenheira Química, Pós Graduada em Gerenciamento de Micro e
Pequenas Empresas, MBA em Gestão Executivo Empresarial e Pós Graduanda em Gestão Ambiental. Cursando
Direito
Rachel Machado de Sousa Trabalha na Empresa Café Bom Dia Ltda
Revisores: Alex D. Rosário e Sarah Aparecida da Silva
A empresa utiliza 100% de energia renovável e opera de acordo com a norma da
ABNT ISO14001: 2004. Durante seu processo de torração, utiliza eucalipto proveniente
de florestas cultivadas especialmente para esta finalidade e credenciadas pelo Instituto
Estadual de Floresta (IEF). As cinzas, cascas e outros subprodutos obtidos desse
processo são destinados para compostagem de adubo orgânico e revertidos para a
lavoura cafeeira.
Em relação ao Custo-Benefício (RCB) da implantação desse projeto, a Café Bom Dia
passou a ter uma economia de R$ 71,02 (setenta e um reais e dois centavos) por
tonelada de café torrado. Nesse ritmo a empresa obteve o retorno do capital investido
em dois anos e meio conforme fig1.
MEDIDA
IMPLEMENTADA
Esta inovação trouxe consigo vários benefícios ambientais tais como: Suspensão da
utilização de recursos não-renováveis (petróleo), redução do volume de emissão de
material particulado (MP) e de dióxido de enxofre (SO2), eliminação do risco de
contaminação do solo.
Um dos grandes objetivos foi inovar de modo sustentável, e como toda inovação
requer investimento, este projeto de melhoria continua do processo foi de R$,
2.021.600,00. Um pequeno valor perto da manutenção e da preservação da qualidade
de vida das gerações presentes e futuras.
Desta forma, a empresa em seu processo, conclui-se uma parte do ciclo da
sustentabilidade.
Fonte: Teconologia da Informação Verde. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
REFERÊNCIAS
TECNOLOGIA da Informação verde. Sustentabilidade.2010. Disponível em
http://greentechbr.blogspot.com.br/2010/03/sustentabilidade.html, acesso em
11/03/2013.
RESUMO
ABSTRACT
1 João Ailton Brondino -Programa de Pós-Graduação em Eng. Civil – Universidade Federal de São
1. INTRODUÇÃO
O Fósforo (P), um dos principais macronutrientes utilizados na agricultura, é
encontrado nos fertilizantes fosfatados, onde o ácido fosfórico é a principal matéria-
prima para a composição destes fertilizantes. Entretanto, para cada tonelada de ácido
fosfórico produzido são gerados de 4 a 6 toneladas de fosfogesso, dependendo da
composição da rocha fosfática (BECKER, 1983) e (BARTL e ALBUQUERQUE,1992),
hoje um grande passivo ambiental.
Anualmente são geradas mais de 150 milhões de toneladas de fosfogesso no
Planeta, sendo aproximadamente 12 milhões de toneladas geradas no Brasil
(MAZZILLI et al, 2000). Estima-se que no Brasil haja mais de 160 milhões de
toneladas de fosfogesso dispostas em aterros a céu aberto, não possuindo uma
destinação adequada e compatível ao volume gerado.
Os procedimentos utilizados para o descarte do fosfogesso têm sido a disposição
em pilhas, em áreas próximas às empresas geradoras (Figura 1), ou através do
bombeamento para lagos, rios e oceanos (FREITAS, 1992).
As rochas fosfáticas predominantes no Brasil são de origens magmáticas
(ígneas), e o fosfogesso gerado não apresenta riscos de contaminação por radioatividade
para os construtores e seus usuários (CANUT, 2006 e COSTA, 2011).
O fosfogesso quando gerado é composto basicamente por sulfato de cálcio di-
hidratado (CaSO₄.2H₂O), contendo também outros componentes tais como: fluoretos,
fosfatos, matéria orgânica e minerais como Alumínio e Ferro, que o diferencia do gesso
mineral (RABELO et al, 2001).
O objetivo dessa pesquisa foi desenvolver procedimentos para a produção de
elementos construtivos utilizando como matéria-prima o fosfogesso, e para isso foi
necessário desidratá-lo, convertendo sua forma original di-hidrato (CaSO₄.2H₂O), com
duas moléculas de água, para a forma hemidrato (CaSO₄.½H₂O), para depois, através
da estequiometria, utilizar a quantidade de água necessária para reidratá-lo na produção
de componentes construtivos com alta resistência mecânica, tanto à compressão quanto
à flexão.
Encontrar uma aplicação para o fosfogesso é de extrema importância,
principalmente porque a produção de ácido fosfórico é proporcional ao aumento da
população mundial, e, segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a
população do Planeta em 2050 será de aproximadamente 9,3 bilhões e ultrapassará 15
bilhões em 2100, sendo necessário um aumento significativo na produção de alimentos
e também de fertilizantes fosfatados, e, consequentemente, numa geração progressiva de
fosfogesso, portanto é fundamental buscarmos aplicações para esse grande passivo
ambiental.
(c)
(a)
(b)
2. MATERIAIS E MÉTODOS
As amostras analisadas nessa pesquisa foram fornecidas pela empresa Vale
Fertilizantes S.A. de Uberaba, MG, e coletadas em aterro próximo à empresa (Figura 1).
2.1. Análises Químicas da composição do fosfogesso
2.1.1. Composição química do fosfogesso
Nesta pesquisa foi adotada como referência a composição química do fosfogesso
determinada por (CANUT, 2006), descrita na Tabela 1.
Figura 2: (a) amostras preparadas para análise; (b) análise das amostras.
(a)
(b)
Figura 5: (a) Equipamento utilizado; (b) Ensaio de Flexão; (c) Ensaio de Compressão.
(c)
(a)
(b)
Figura 6: (a) inicio do teste; (b) após 24 horas submersos; (c) prontos para análise.
(c)
(a)
(b)
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
t ABSORÇ
CP T (°C) (min) ÃO (%)
1 0 0 5,93
2 37 0 13,91
3 120 60 12,24
4 130 60 11,25
5 135 60 11,49
6 140 60 11,35
7 145 60 10,87
8 150 60 11,85
9 170 60 12,42
10 180 60 12,99
11 160 120 9,47
12 150 150 12,17
4. CONCLUSÕES
A temperatura e o tempo de calcinação interferiram apenas na resistência
mecânica à flexão, enquanto que o processo de adicionar ao fosfogesso hemidratado a
quantidade de água, determinada estequiometricamente, para a reidratação do
fosfogesso, e em seguida submeter à pressão de 40 Kgf/cm², impactou na elevada
resistência mecânica à compressão, além de ser ecologicamente correto por utilizar a
água de forma racional, sem desperdício.
Quanto à absorção de água, o processo para beneficiar o fosfogesso e preparar os
corpos de prova atenderam as normas brasileiras para os materiais cerâmicos e de
concreto.
A contribuição científica deste trabalho é importante, não só para a construção civil,
mas também para a sustentabilidade do planeta, pois um resíduo industrial que é gerado
em grande quantidade, poderá se tornar matéria-prima para a construção de edificações,
além de evitar a necessidade de novos aterros controlados para a sua disposição.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Lucas José Pereira da. Estudo da exalação de radônio em placas e tijolos de
fosfogesso de diferentes procedências. Dissertação de Mestrado, Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (IPEN), Autarquia associada à Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2011, 65 p.
RABELO, Ana Paula Brescancini; SOLER, José Gabriel Maluf; SILVA, Nivaldo
Carlos. Utilização do subproduto fosfogesso na construção civil. In: IV SEMINÁRIO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RECICLAGEM NA CONSTRUÇÃO
CIVIL - MATERIAIS RECICLADOS E SUAS APLICAÇÕES, IBRACON/CT- 206
MEIO AMBIENTE. Brasil, São Paulo, junho, 2001. p. 195-202.
Processo Eletrônico da Justiça Federal da 4ª Região: Inovação Tecnológica,
Eficiência e Sustentabilidade
Abstract: From the procedural reforms introduced in the Brazilian legal system, it
was created the Electronic Process of the Federal Court of the 4th Region, called e-
Proc, aiming to give more rapid processing of litigation, in order to give greater
efficiency in lawsuits, that will be discussed in Chapters 2 and 3. It will be
demonstrated that technological innovation has brought in its wake other changes,
such as new models of administration of justice in consequence of the current
reality, and changes in relationships with agents who operate and use the system in
relation to accessibility, and especially a great economy of inputs, which ushered in
a new era of sustainable practice court, and committed to the economic
environment, theme analysis of Chapters 4, 5 and 6.
Key words: electronic process, the Federal Court of the 4th Region, lawsuits,
technological innovation, celerity, efficiency, environment.
1 Introdução
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma breve incursão sobre a
criação do Processo Eletrônico da Justiça Federal da 4ª Região, o e-Proc, que
implantou uma nova forma de realização dos atos processuais judiciais, uma
reforma que se estendeu para todo o Poder Judiciário Brasileiro.
Serão examinados alguns dispositivos da Lei do Processo Judicial
Eletrônico (Lei n.º 11.419/06), bem como da Resolução n.º 17/10, que regulamenta
o processo judicial eletrônico – e-ProcV2 (nova versão) no âmbito da Justiça
Federal da 4ª Região, abordando-se o alcance da inovação tecnológica
relativamente à racionalidade e à celeridade dos atos processuais, eliminando as
chamadas “etapas mortas do processo”. Igualmente será abordada a questão da
maior eficiência e efetividade na prestação jurisdicional, advinda da facilidade de
acesso, como também as consequências geradas no meio ambiente de trabalho e
nas relações com os usuários do sistema.
Por fim, será analisada a questão dos benefícios trazidos ao meio ambiente
natural, com a eliminação dos autos de papel, inaugurando uma nova era de uma
prática jurisdicional sustentável, econômica e comprometida com o meio ambiente.
Art. 3º. O e-Proc será acessado pela Internet, nos endereços eletrônicos
indicados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Parágrafo único. Os documentos e atos praticados pelos usuários serão
assinados e certificados nos termos da Lei n.º 11.419, de 19 de
dezembro de 2006.
Art. 4º. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região e todas as Subseções
Judiciárias, diretamente ou mediante convênio, manterão em suas
dependências equipamentos de digitalização (escaneamento) de
documentos e acessos à Internet para distribuição, consulta e
movimentação processual, à disposição dos interessados.
Art. 5º. Em cada unidade judiciária haverá servidores especializados para
dar orientação e sanar dúvidas de usuários internos e externos do e-
Proc.
Art. 6º. O acesso ao e-Proc pra consulta ou movimentação processual
será disponibilizado ininterruptamente.
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
Inc. XXII: redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas
de saúde, higiene e segurança.
7 Conclusões
ALMEIDA Filho, José Carlos de. Processo eletrônico e teoria geral do processo
eletrônico: a informatização judicial no Brasil. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. Tutela da Saúde dos trabalhadores sob a
perspectiva do direito ambiental. Jus Navigandi, Teresina, v. 5, n. 48, dez.2000.
Disponível em: <http//jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1203>. Acesso em:
2013.
WAMBIER, Luiz Rodrigues. WAMBIER ,Teresa Arruda Alvim. MEDINA, José Miguel
Garcia. Breves comentários à nova sistemática processual civil 3. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007.
Produção de biodiesel no ensino de química: uma proposta sustentável
Anderson de Oliveira Lima, Arthur Ruola Coiado, Melina Kayoko Itokazu Hara*
Faculdade de Tecnologia Victor Civita - Tatuapé
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo propor um experimento de Química envolvendo a produção do
biodiesel a partir do óleo de soja e álcool na presença de um catalisador. Esta abordagem
procura motivar a discussão em sala de aula sobre a utilização de novas fontes renováveis de
energia, uma vez que o biodiesel é obtido de fontes limpas e renováveis e não emite compostos
sulfurados, responsáveis pelas chuvas ácidas, além de ser biodegradável. Essa temática é
fundamental para que os alunos compreendam os aspectos tecnológicos da produção do
biodiesel, além de conteúdos de química, como por exemplo, termoquímica, cinética e química
orgânica.
1. INTRODUÇÃO
2.1.1. Materiais
Erlenmeyer, funil de separação (250 mL), pipeta volumétrica (10 mL), proveta,
centrífuga (Centribio, mod. 80-2B).
2.1.2. Reagentes
Óleo de soja (óleo de cozinha); Álcool etílico absoluto P.A. (CAAL – Casa Americana)
99,9°; Álcool metílico (CAAL – Casa Americana); Hidróxido de sódio (CAAL – Casa
Americana); Cloreto de sódio (SYNTH).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na síntese do biodiesel por via metanólica, o aparecimento das duas fases se deu
logo após o término da reação, Figura 3. No funil de separação observamos na fase
superior, a fase menos densa, o biodiesel e na fase inferior: o glicerol, sabões, excesso de base e
metanol. Já na síntese por via etanólica, após 2 horas, não houve a separação de fases.
Assim, ao final da síntese, utilizou-se a centrífuga a fim de promover a separação dos
componentes via sedimentação dos líquidos imiscíveis de diferentes densidades,
provocando assim, a formação de duas fases.
Figura 3. Processo de separação do biodiesel em duas fases.
Biodiesel via rota etanólica (99,3° INPM) 1,2 Santos et al., 2009
Biodiesel via rota metanólica (1,0% KOH) 1,2 Rinaldi et al., 2007
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
MENDES, D. B.; VALDÉS SERRA, J.C. Glicerina: uma abordagem sobre a produção e
o tratamento Revista Liberato, v. 13, n. 20, p. 59-67, 2012.
Introdução:
Estas variáveis fazem que o consumo da energia cresceu muito mais do que
a oferta, dai a constante subida dos preços da energia. Se bem e fato as
crescidas do petróleo, como energia dominante, a energia elétrica tem
também acompanhando este crescimento no Brasil, seguem o preço da
energia (2).
Este fator econômico que tem feito que cobre maior imagem o conceito de
‘Sustentabilidade’, tanto para procurar um equilíbrio em geração como
também para ter maior proteção no meio ambiente. Este e um conceito que
esta cobrando importância no mundo inteiro, porem curiosamente
impulsionado pelo fator econômico.
Dai que se criaram no Brasil a legislação que permitiu isso, como também o
Ministério de Energia iniciou no ano 2004 a traves do Decreto nº 5.025, o
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, o também
chamado PROINFA (3).
O modelo Espanhol não foi diferente, porem ao ser iniciado este modelo
com maior antecipação, a energia sustentável na Espanha tem de média um
25,9% em energia eólica, e dependendo das épocas de seca ou vento, a
energia sustentável e não poluente pode chegar ao 95% na Espanha (5).
A sociedade viu como ainda existindo tecnologia para descer preços, estes
não caíram. Dai que empresas privadas iniciaram o processo de
autogerarão, com objetivo de investir em uma tecnologia que a médio e
largo prazo renderia muito mais que colocar o dinheiro no banco.
Nesse ponto, e visto que este fator econômico para as empresas se foi
espalhado, foram acompanhando o crescimento tanto fabricantes de
componentes como empresas fornecedoras de serviços, como de
engenharias.
Conclusões
Lembremos que hoje em dia existe uma causa/efeito muito claro: energia =
tecnologia = desenvolvimento.
Referencias
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asil.asp
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http://www.mme.gov.br/programas/proinfa/
http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBr
asil.asp
http://www.minetur.gob.es/es-
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http://www.boe.es/boe/dias/2007/01/31/pdfs/A04499-04507.pdf
http://www.minetur.gob.es/energia/electricidad/regimenespecial/instalacione
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http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
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%2028%20de%20maio%20de%202010.pdf
Tecnologia e sistemas de processamento de resíduos: um estudo de empresas de
Mato Grosso do Sul
Resumo
A pesquisa em questão tem como objetivo analisar sistemas de logística reversa de óleos
vegetais residuais e lubrificantes de forma a contribuir com a criação de modelos de negócio,
práticas de coleta e criação de novos produtos no processo de destinação de resíduos. Resíduos
de óleos usados descartados inadequadamente acarretam danos ambientais e encarecimento nos
processos de processamento de água nas unidades de tratamento. Neste contexto surge a coleta
seletiva que possui como propósito a reintegração de materiais junto a cadeia produtiva,
contribuindo com a melhor destinação dos resíduos. O trabalho de coleta inclui diversas ações
paralelas entre realização de parcerias com empresas, prefeituras e a mobilização e
conscientização da sociedade, para engajamento do cidadão no processo, através de educação
ambiental e logística reversa. Ainda que em fase inicial de execução, já é possível encontrar
casos e resultados de empresas em alguns municípios em Mato Grosso do Sul (MS). Para
realização desta pesquisa será aplicado um estudo multi caso, utilizando como unidade de
análise os sistemas criados pelas empresas Biocar, Eucalyptus Agroflorestal e Girux Ambiental
para coleta, processamento, mobilização e conscientização, por meio de dados qualitativos e
quantitativos coletados junto aos seus dirigentes (entrevista e análise de relatórios e
documentos). Foram analisadas estratégias utilizadas, formas de implementação, atores
envolvidos e resultados gerados de forma a comparar os diferentes ambientes e implicações para
as regiões atendidas e influenciadas pelos empreendimentos. Essas empresas possuem uma rede
de relacionamentos que conta com agentes de mobilização para educação e conscientização
ambiental, prefeituras, empresas e entidades do terceiro setor. Embora tenham algumas
distinções entre si, devido a escala e públicos diferenciados, suas iniciativas contribuem para
formação de cidadãos preocupados com o meio em que vivem, promovem a inclusão social por
meio da geração de empregos, renda e abertura de novos mercados para exploração em suas
regiões de atuação. As empresas Biocar e Girux Ambiental possuem uma planta para
processamento dos resíduos: a primeira trabalha especificamente com biodiesel e conta
diretamente com a parceria da Eucalyptus Agroflorestal e indiretamente com seus agentes
mobilizadores para manter constante o fluxo de matéria-prima para produção de biodiesel; e a
segunda, Girux Ambiental, trabalha com a coleta dos resíduos de óleo vegetal, óleo lubrificante,
**Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Mestre pela
Universidade de São Paulo (USP), Diretora Executiva da Empresa Verde Azul - Sustentabilidade e
Inovação e Bolsista de Extensão pelo CNPq BORGES, Claudia Moreira ; MARTINELLI, Dante,
Pinheiro. Análise do Programa dos Minidistritos: novos enfoques na avaliação de políticas públicas.
Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 14, p. 129-148, 2009. MANTOVANI, Daniele Lucena da Silva ;
BORGES, Claudia Moreira . Comportamento Empreendedor e Práticas de Orientação para o Mercado no
Contexto das Pequenas e Médias Empresas. RPA Brasil (Maringá), v. 3, p. 59/70, 2006. E-mail:
orientadora.claudia.borges@gmail.com
embalagens plásticas, venda de lubrificantes e graxas nas linhas industrial, automotiva e
agrícola. Como empresa pioneira no ramo, utiliza como estratégia certificado para comprovar
que o resíduo está recebendo o destino adequado. Nota-se que a atuação das empresas Biocar e
Girux são pioneiras na coleta de óleo residual em MS. Ambas possuem atuação nacional
produzindo com níveis de qualidade aceitável em diversos mercados, além de apresentarem
estratégias e resultados envolvendo mobilização, educação ambiental e diminuição do impacto
ambiental.
Abstract
This research project aims to analyze reverse logistics systems for waste vegetable oils and
lubricants, in order to contribute to the creation of business models, collection practices and the
creation of new products in the process of waste disposal. Waste oils improperly discarded cause
environmental damage and increased costs in the processes of water treatment. In this context,
there is the selective collection, which has as its purpose the reintegration of materials along the
supply chain, contributing to a better waste disposal. The collection work includes several
parallel actions, such as partnerships with businesses, municipalities and mobilization and
awareness of society for citizen engagement in the process, through environmental education,
and reverse logistics. Although in the initial stage of implementation, it is possible to find results
in companies at some municipalities of Mato Grosso do Sul (MS). For this research it will be
applied a multi case study, using as unit of analysis the systems created by the companies
Biocar, Eucalyptus Agroflorestal and Girux Ambiental for collecting, processing, mobilization
and awareness, through qualitative and quantitative data collected from their leaders (interview
and analysis of reports and documents). Strategies used, ways of implementation, stakeholders
and results generated were analyzed in order to compare the different environments and
implications for the regions served and influenced by these enterprises. These companies have a
network of relationships that includes mobilization agents for environmental education and
awareness, municipalities, businesses and third sector entities. Although there are some
distinctions between them, due to different scale and audiences, their efforts contribute to the
formation of citizens concerned about the environment they live in, and promote social
inclusion through the creation of jobs, income and the opening of new markets for exploitation
in their areas of expertise. The companies Biocar and Girux Ambiental have a plant for
processing waste: the first works specifically with biodiesel and counts on the direct partnership
of Eucalyptus Agroflorestal and indirectly on their mobilizing agents to maintain a constant
flow of raw material for biodiesel production; and the second works with the collection of waste
vegetable oil, lubricating oil, plastic packaging and in the sale of lubricants and greases in
industrial, automotive and agricultural lines. As a pioneer in the business, it uses as a strategy a
certificate to prove that the residue is receiving the appropriate destination. Note that the
performance of companies Biocar and Girux is a pioneer in the collection of waste oil in MS.
Both have national reach, producing with acceptable levels of quality in various markets, and
offer strategies and results involving mobilization, environmental education and reduction of
environmental impact.
Introdução
O século XX foi marcado pela industrialização e migração da população da área
rural para os centros urbanos, que possibilitou o desenvolvimento tecnológico e o
aumento de renda baseado no consumo além do necessário à satisfação das necessidades
humanas.
Dados apontados por Neto e Moreira (2010) mostram que são gerados
aproximadamente 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos diariamente no planeta,
alcançando uma marca de 720 milhões anuais. Diante deste panorama, houve a
necessidade de repensar o descarte dos resíduos sólidos em áreas urbanas, uma vez que
a qualidade de vida está diretamente ligada ao meio em que se vive (SILVA;
GONÇALVES, 2012).
Após 61 anos do primeiro alerta público 1 do risco deste modelo de
desenvolvimento baseado na Revolução Industrial, foi possível concluir que ele era
inviável, sob aspectos ambientais e posteriormente econômicos, uma vez que a
utilização exagerada de determinado recurso finito tende a torná-lo mais caro (GROSSI,
2012).
Abramovay (2012) revela que na recuperação da economia mundial frente à crise
de 2007/2008 foi observado um aumento da intensidade da utilização do carbono. Em
2011, foi constatado um aumento de 41% na extração de materiais da superfície
terrestre, seguido por um aumento de 39% nas emissões de gases do efeito estufa.
Este mesmo autor apresentou ainda um cálculo realizado por uma empresa de
consultoria conhecida mundialmente no qual foi atribuído um valor econômico ao
impacto do uso predatório destes recursos, que, se fosse levado em consideração no
lucro das três mil maiores empresas globais de capital aberto, este cairia pela metade.
Desde a década de 90 a Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou medidas
para atenuar a interferência antrópica na atmosfera terrestre visando promover a
estabilização da concentração de gases causadores do efeito estufa.O objetivo maior
era fazer com que os 38 países mais industrializados do mundo reduzissem sua emissão
em 5,2% entre os anos de 2008 a 20122.
Na esteira destes acontecimentos, no Brasil foi concebido um novo marco
regulatório para o problema da destinação adequada dos resíduos sólidos, que,
idealizado no início dos anos 90, foi aprovado 20 anos depois, sob o nome de Política
11 Primavera Silenciosa, ou Silent Spring, de Rachel Louise Carson, de 1962, deu origem ao movimento
ambientalista que ecoa até os dias atuais. A última movimentação deste grupo culminou com a realização
da Conferência de Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro, em 2012.
22 Conferência das Nações Unidas realizada em 1997 na cidade de Kyoto onde seu resultado foi a
criação do Protocolo de Kyoto.
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei n. 12.305/2010, aprovada em dezembro
daquele ano.
Em Mato Grosso do Sul é possível observar algumas iniciativas que contribuem
para a execução da PNRS, através de projetos de pesquisa que testam a presença de
resíduos de borracha em produtos da construção civil, produção de biodiesel através de
óleos residuais e criação de novos produtos a partir de resíduos de rochas ornamentais.
Todavia, três empresas que dão destino a óleos residuais merecem destaque por sua
atuação, devido ao empreendedorismo socioambiental e a iniciativas em rede que
fomentam a criação de um novo modelo de negócio convergindo para a geração de
valor sustentável.
Diante do exposto, pretende-se analisar os sistemas de processamento de óleos
residuais e suas tecnologias bem como a geração de valor sustentável de seus modelos
de negócios. Para isso será realizado um estudo multicaso de empresas do estado de
Mato Grosso do Sul visualizando o potencial de negócio utilizando como insumo óleos
residuais.
Referencial Teórico
Com o intuito de identificar benefícios da logística reversa para a cadeia de valor
de uma empresa, entende-se que a adoção desta prática pode representar redução de
custo e geração de novo valor aos clientes e que embora nem todos resíduos sejam
passíveis de reaproveitamento, devido sua viabilidade econômica e a características
intrínsecas, em algum momento podem tornar as empresas mais competitivas (Souza e
Fonseca, 2008).
Siqueira (2013), examinando os dispositivos legais do Plano Nacional dos
Resíduos Sólidos (PNRS), ressalta que a responsabilidade dos resíduos gerados deve ser
compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores , comerciantes, dos
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos
resíduos sólidos. Nesta mesma linha de pensamento Santos et. al, (2011) evidencia que
a PNRS formalizou um novo mercado, contribuindo para inclusão social, uma vez que
as empresas necessitarão incluir em seus negócios a destinação adequada de resíduos
sólidos.
No ambiente empresarial, ainda há muitas ressalvas em conciliar o
desenvolvimento sustentável com a geração de valor para as partes interessadas. Neste
sentido, Figueiredo (2011) analisando a correlação entre resultado operacional e
programas ambientais de 52 firmas entre os anos de 1999 e 2007, encontrou resultados
positivos, porém com o adendo de que este não foi alcançado no curto prazo. Talvez a
pressão por resultados de curto prazo interfira na tomada de decisão dos gestores a
investimento dessa natureza.
Embora muitos demorem a perceber que a sustentabilidade pode representar
oportunidades estratégicas de negócios, observa-se alguns avanços; grandes empresas
como Chevron, Dow e 3M reduziram suas emissões de carbono e consequentemente sua
utilização de matéria-prima, através de programas de combate à poluição (HART e
MILSTEIN, 2003).
Em uma perspectiva crítica, Donaire (1994) afirma que a presença da questão
ambiental na estrutura organizacional das empresas será cada vez mais exigida dos
empresários, e, com isso, um posicionamento responsável, ético e especializado.
A sustentabilidade não pode ser identificada como custo e sim como um marco
para toda a inovação. Empresas que pautam suas ações e estratégias nesta vertente,
inovação e sustentabilidade, estão garantindo sua vantagem competitiva. Isso significa
repensar modelos de negócio, bem como produtos, tecnologias e processos. Tornar-se
“sustentável” envolve estágios e processos de evolução; e cada um possui o seu próprio
desafio em termos de gestão.
Nidumolu, Prahalad e Rangaswami (2005) afirmam que uma empresa para
inovar com o foco na sustentabilidade, precisa passar por algumas etapas que
caracterizam o seu modelo de negócio e sua forma de identificar oportunidades de se
organizar. Entre as etapas estão: a) normas regulatórias como oportunidades; b) criação
de cadeias de valor; c) produção de produtos sustentáveis; d) desenvolver novos
modelos e captação de receita, de forma a desafiar o mercado; e) inovação que
questione o modelo de negócio atual. Todas estas fases incluem uma evolução gradual
do envolvimento e do comprometimento das empresas com a sustentabilidade.
Os primeiros passos para trilhar os caminhos da sustentabilidade surgem a partir
da lei. Os regulamentos servem como base para as organizações, mas o nível de
complexidade varia dependendo do local onde se está atuando. Além disso, existem
normas ou códigos que as empresas se sentem pressionadas a cumprir voluntariamente.
Após o cumprimento das normas, as empresas tornam-se mais proativas e passam
a concentrar-se na redução do consumo de recursos renováveis e não renováveis. A
eficiência nas operações acontece desde suas instalações até o processo de fabricação de
seus produtos. O objetivo é criar uma imagem e ao mesmo tempo reduzir custos e gerar
novos negócios.
No terceiro estágio, a preocupação maior é desenvolver produtos com baixo
impacto social e ambiental. Substituição de componentes sintéticos por componentes
naturais, ou de recursos não renováveis por recursos renováveis, assim por diante. Neste
contexto, realizar parcerias com outras empresas, organizações e institutos de pesquisa
pode ser uma estratégia adotada para o desenvolvimento de novos produtos.
No penúltimo estágio, algumas empresas têm desenvolvido novos modelos
simplesmente perguntando, em momentos diferentes, o que seu negócio deve ser.
A maioria dos executivos assumem que a criação de um modelo de negócio
sustentável implica simplesmente repensar a proposição de valor para o cliente e
descobrir como entregar um novo modelo. No entanto, modelos de sucesso incluem
novas formas de captura de receitas e prestação de serviços em conjunto com outras
empresas.
Etapas e processos bem geridos auxiliam na geração de receitas adicionais a partir
de melhores produtos ou permitem que as empresas criem novos negócios. Empresas
preparadas e com preocupação em investir nestas duas áreas tratam a sustentabilidade
como fronteira para outra inovação (Nidumolu, Prahalad e Rangaswami, 2005).
No último estágio, as práticas empresariais mudam os paradigmas existentes,
questionando os métodos e premissas atuais.
No II Simpósio de Gestão Empresarial e Sustentabilidade realizado pela
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no ano de 2012, constatou-se a
manifestação de esforços pioneiros de empresas e pesquisadores em dar destinação
adequada de resíduos dos segmentos automobilístico, da construção civil e dos óleos
residuais, conforme apresentado a seguir:
Pereira, Borges e Garcez (2012) discorreram a respeito da reutilização de resíduos
de rochas ornamentais utilizadas na construção civil e verificaram que estes possuem
potencial de aproveitamento total para tintas e revestimentos imobiliários, garantindo
que parte dos resíduos de construção civil não sejam diariamente despejados nos aterros
sanitários de Campo Grande (MS).
Ferreira e Borges, (2012) discorreram a respeito da formulação de estratégias
inovadoras para uma empresa que utiliza chips de borracha, oriundos de pneus
inservíveis, na alimentação de caldeiras industriais. Os autores concluem que esta
iniciativa diminui o impacto ambiental na sociedade e ainda possui potencial de
aproveitamento não explorado, sendo necessário o fomento de projetos de pesquisa
com este intuito.
Levando em consideração o descrito anteriormente, Bertocini e Carneiro (2012)
avaliaram as propriedades físicas de blocos de concreto vazados simples para alvenaria
estrutural com adição de borracha triturada, comparando-os com as exigências da
Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os autores verificaram que o bloco
resultante atende as exigências da norma brasileira 6136 3.
Luizaga e Borges (2012) relataram o caso da empresa Eucalyptus Agroflorestal
que iniciou um trabalho no município de Amambai e região para evitar o descarte de
óleo vegetal na rede de esgoto através de parcerias para conscientização ambiental da
população e da região.
No tocante à destinação adequada dos óleos residuais, no âmbito de Mato Grosso
do Sul, foi possível perceber um modelo de negócio socioambiental inovador, em que
três empresas iniciavam um processo de logística reversa deste resíduo, valendo-se do
surgimento de políticas públicas como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
e o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPUB).
Esta iniciativa avança em um processo de captação de novos valores e
desenvolvimento de coprodutos que culmina com uma nova cadeia produtiva dentro da
visão de Hart e Milstein (2003) quanto ao modelo de desenvolvimento baseado no three
bottom line, o qual tem de ser socialmente justo, sustentável do ponto de vista ambiental
e economicamente viável.
Procedimentos metodológicos
A abordagem utilizada para a pesquisa foi a exploratória, a qual é utilizada quando
se pretende conhecer mais sobre algum assunto (HAIR et al., 2005). Utilizou-se essa
abordagem devido ao fato de o presente artigo descrever o surgimento e o impacto dos
novos modelos de negócios socioambientais no estado de Mato Grosso do Sul. Foram
utilizadas recomendações conforme Yin (2000) que incluíram: clareamento do problema
a ser investigado; estrutura de coleta de dados; analises e comparações com teorias e
modelos; conclusões e limitações.
O intuito deste artigo é descrever a prática de logística reversa de óleos vegetais
residuais e lubrificantes usados pelas empresas Eucalyptus Agroflorestal, Biocar e Girux
3 NBR 6136 Dispõe de parâmetros desejados para Blocos Vazados Simples para Alvenaria Estrutural.
Ambiental, localizadas no estado de Mato Grosso do Sul. Para isso será realizada
análise de estratégias utilizadas, formas de implementação, atores envolvidos e
resultados gerados de forma a comparar os diferentes ambientes e implicações para as
regiões atendidas e influenciadas pelos empreendimentos.
Na Seção 1 deste artigo, buscou-se contextualizar o leitor a respeito da
problemática e apresentar os objetivos da pesquisa; na Seção 2, foi apresentado o
arcabouço teórico que sustenta este estudo, bem como as iniciativas que estão em
andamento no estado de Mato Grosso do Sul; na Seção 3, foi demonstrado o método
utilizado para realização do presente estudo; na Seção 4, apresentou-se análise dos casos
e algumas comparações com outros trabalhos, na Seção 5 as conclusões e considerações
a respeito deste estudo.
Conclusão
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
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Sustentáveis. In: SANTOS, Carlos Alberto dos et al.,(2012). Pequenos Negócios,
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GROSSI, Marina(2012). Rota Segura até 2050. In: SANTOS, Carlos Alberto dos et al.,
(2012). Pequenos Negócios, Desafios e Perspectivas: Desenvolvimento Sustentável.
Brasília-DF: SEBRAE
SOUZA, Sueli Ferreira ; FONSECA, Sérgio Ulisses Lages de(2008). Logística Reversa:
Oportunidades para redução de custo em decorrência do fator ecológico.
www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/an_resumo.asp?cod_trabalho=87
(Consultado em 01/04/2013)
YIN, Robert, K (1990). Case study research: design and methods. Eua: Sage
Publications.
Capítulo 8: Práticas e Processos Organizacionais
A importância da participação nas
autarquias locais.1
José Fidalgo Gonçalves
josefidalgo54@gmail.com
CEIA – Centro de Estudos e Investigação Aplicada
ISEC (Instituto Superior de Educação e Ciências – Lisboa, Portugal) “A evolução recente tem mostrado que, mais do que
José Elias Ferreira Ramalho uma discussão em torno da ideia de
Site: http://www.joseramalho.eu/ desenvolvimento sustentável, neste momento, é a
Email: ramalho1@gmail.com
consultor@joseramalho.eu questão prática de fazer acontecer a transição para
Twitter: @joseRamalho.PT a sustentabilidade que está na ordem do dia” (Costa
Instituto de Desenvolvimento e Inovação Social (I.D.I.S MAIS) –
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em Portugal. 2012a:5).
1
Este trabalho é parte integrante da tese de mestrado em Gestão Autárquica defendida pelo primeiro
autor, em Janeiro deste ano, no ISEC (Instituto Superior de Educação e Ciências).
Introdução:
Nesta nova era em que a administração local ganha renovada relevância, ouvir e
interpretar as pretensões dos cidadãos e criar mecanismos de cidadania participativa,
formais e informais, numa administração pública mais transparente, facilitadora do
acesso dos cidadãos e do tecido económico aos serviços públicos é uma via
indispensável ao cumprimento de estratégias, planos e políticas de desenvolvimento
sustentável definidos, de-cima-para-baixo, nomeadamente pela União Europeia e pelos
seus estados membros. (Abreu 2002, Costa 2012).
Metodologia:
A EDS (Estratégia para o Desenvolvimentos Sustentável) institui, por um lado, o
funcionamento em rede e, por outro, sugere uma linguagem de comunicação adequada à
promoção e envolvimento de cidadãos e de agentes de desenvolvimento local, numa
lógica de economia solidária e de democracia global, considerados comummente como
essenciais para a satisfação das necessidades públicas e de promoção da liberdade de
escolha dos cidadãos.
De forma a tornar percetível uma leitura do global para o local e, ao mesmo tempo,
permitir uma leitura sobre o estado de ‘Sustentabilidade’ do território político-
administrativo, no conspecto de uma autarquia local, sugere-se a interpretação a seguir
descrita (quadro 1), como forma de relacionar as medidas propostas na ENDS com a sua
aplicação na instituição que rege a sua ação, com base na satisfação dos interesses da
comunidade que representa.
Quadro 1 – as cinco dimensões inspiradas na ENDS
Governança Monitorizar a consistência entre políticas e o desempenho da autarquia.
Economia Monitorizar a Execução Orçamental.
Social Monitorizar as dinâmicas de concretização para a coesão social.
Ambiente Monitorizar a pegada ecológica da comunidade
Cidadania Monitorizar a dinâmica organizada dos cidadãos
(Gonçalves 2013)
Resultados:
De seguida apresentam-se os resultados relativos a cada uma das componentes
referenciadas na metodologia.
(Gonçalves 2013)
Do seu resumo concluiu-se que participam em média anual 17 pessoas. De onde se pode
extrair que, tendo em conta as dezasseis Sessões públicas anuais obrigatórias, apenas
está presente, em média, uma pessoa por sessão.
Não foi validado o ano de 2008, embora constasse no questionário, porque o número de
respostas referentes a este ano foi de apenas cinco, do total de 29 inquiridos.
A maioria das freguesias não sabe ou não responde, apenas 28% das inquiridas
respondeu e, ao mesmo tempo, registou o número de presenças de cidadãos em cada dos
três últimos anos (2009-2011). No Gráfico a seguir regista-se a média anual, de
presenças correspondentes às freguesias respondentes (28%).
(Gonçalves 2013)
Conforme Gráfico 3, acima, a média anual, de presença de pessoas em sessões
informais é de 108 pessoas por ano. Apesar do número reduzido de respondentes face
ao universo, entendeu-se explanar os dados recolhidos, pelo significativo número de
presenças de cidadãos registados nestas iniciativas. Embora não permita chegar a
conclusões seguras, mostram a linha de tendência favorável para a presença de pessoas
em sessões informais. Trabalho que, no futuro, poderá merecer um estudo mais
aprofundado.
(Gonçalves 2013)
A maioria das freguesias (83%) tem página internet própria, 62% edita boletins ou
jornais informativos e 21% das freguesias inquiridas utilizam a rede social facebook
para comunicar com a população.
Nenhum dos inquiridos respondeu a esta questão. Nenhuma das autarquias definiu
indicadores e não realiza qualquer controlo sobre medidas de transição para a
sustentabilidade de implementação no terreno.
(Gonçalves 2013)
A recolha seletiva (69%) e consumos de água (52%) são indicados, como merecendo a
maior atenção por parte das autarquias. Na generalidade, as freguesias, têm
implementado medidas de transição para a sustentabilidade, sobretudo em ações
direcionadas para a poupança de água, eficiência energética e recolha seletiva de
resíduos. Do resultado, salienta-se, ainda, os 10% das freguesias inquiridas que já
implementaram o ‘Orçamento Participativo’ (Gráfico 4).
Para além dos encontros formais, a manter ou incrementar regras diferentes que
proporcionassem uma maior participação nas reuniões de Junta e Assembleias dos
cidadãos, de acordo com as opiniões inscritas nos questionários respondidos pelas
freguesias do distrito de Lisboa, deveria, também, existir outro tipo de encontros não
formais, envolvendo a sociedade civil local.
É comumente aceite que os contributos dos cidadãos são importantes para a definição
das necessidades verdadeiramente importantes para as comunidades da eficiente
implementação das suas próprias decisões. Neste sentido, o aproveitamento desses
contributos permite às autarquias trabalhar de forma mais eficiente e objetiva, poupando
recursos ao estado. Constata-se, porém, que a pouca participação das pessoas na gestão
da ‘coisa pública’ se transforma numa limitação com custos elevados para todos pois, ao
não participarem, as pessoas permitem que a ‘máquina do estado’ seja adulterada em
favor de certos grupos de interesse. Com efeito, o que se verifica é que a participação
mais comum por parte dos cidadãos é centrada no indivíduo e nos seus próprios
problemas e não nos problemas comuns a toda a comunidade, o que se traduz na
transformação da participação orientada para o bem comum numa prática de
reclamação, o vulgo ‘queixa’. Este tipo de comportamentos é resultante não só das
pessoas, mas também da forma como as instituições funcionam ou suportam esses
mesmos comportamentos no dia-a-dia.
Os grandes desafios do século XXI pedem novas estruturas de participação que sejam
mais ‘user friendly’, mais diversas e cosmopolitas que facilitem o envolvimento de
todos os segmentos da sociedade (Gonçalves e Costa, 2013). A criação de condições de
facilitação dos processos participativos é da maior importância pois só com a
participação dos próprios destinatários das políticas públicas é possível ter um estado
mais capaz de responder aos desafios da transição para a sustentabilidade.
2
http://www.wbcsd.org/pages/adm/download.aspx?id=5895&objecttypeid=7 (acedido em 23.07.2012)
3
http://www.abae.pt/ECOXXI/index.php?p=municipios&s=participantes&u=2012. Acedido em 05.maio.2013.
decidiu a Comissão Nacional atribuir 28 bandeiras verdes (a todos os municípios com
pontuação superior a 50%). Destacaram-se como os municípios mais pontuados em
2012: Loulé, Vila Nova de Gaia e Águeda.
Na mesma linha de raciocínio, pode-se concluir que as organizações não podem ficar
apenas remetidas para uma comunicação unívoca, ou seja, num só sentido, da autarquia
para o cidadão. A avaliação dos compromissos assumidos será a forma de aferir a
estabilidade e desempenho da autarquia, não apenas com recurso a mecanismos de
participação virtuais, mas incluindo outras dinâmicas formais e informais de
comunicação (e.g. fóruns de deliberação para a construção de consensos), num exercício
prático de democracia participativa.
É comumente aceite que os contributos dos cidadãos são importantes para a definição
das necessidades sentidas e das prioridades a implementar. O aproveitamento desses
contributos permitiria à autarquia trabalhar de forma mais objetiva e em consonância
com o espírito e missão de uma autarquia local.
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http://www.abae.pt/ECOXXI/index.php?p=programaecoxxi&s=testemunhos. Acedido
em 05.maio.2013.
Curriculum Vitae:
− José Fidalgo Gonçalves, Mestre em Gestão Autárquica pelo ISEC – Instituto Superior de
Educação e Ciências, Lisboa, presidiu à Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira de 2000
até 2011, foi Coordenador da Delegação Distrital da ANAFRE de 2005 até 2011 e presidiu
à Associação das Vilas Francas da Europa de 2004 até 2011. Atualmente é docente no
ISEC, onde leciona a cadeira de Sistemas de Informação Municipal.
− José Elias Ferreira Ramalho, mestrando em Gestão ISG (Instituto Superior de Gestão), pós-
graduado em Gestão Pública pelo ISG e é licenciado em Gestão pela Universidade
Internacional. Quadro superior do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Representante do Instituto de Emprego e Formação Profissional na Comissão técnica 164:
Responsabilidade Social e na Comissão Técnica 165: Ética. Membro da Comissão Nacional
do Projeto ECOXXI. Certificado em Neuro Marketing com Neuro Map pela Sales Brain.
Consultor nas temáticas da Sustentabilidade, Responsabilidade Social, Comunicação, Redes
Sociais, Administração Publica e Qualidade. Enquanto eleito, com o pelouro da
Responsabilidade Social, integra o Executivo da Junta de Freguesia de Bobadela. Presidente
da Associação Agentes Activos da Mudança.
Benefícios Percebidos Pela Adoção Dos Sistemas De Colaboração
Marcos Alexandre dos Reis Cardillo, Márcia A. Vieira Silva , Luiz Daniel Matsumato
RESUMO
ABSTRACT
This study sought to identify the results from the adoption of collaborative systems such
as VMI, ECR and CPFR in the supply chain and understand how these tools are useful
to obtain strategic advantages. The article makes a rescue of the concepts of
collaboration, information technology, collaboration systems, strategy and competitive
advantage. The research was exploratory qualitative, involving interviews with
managers of companies large and distinct segments in the technology sector, retail, and
finally industry that have adopted electronic collaborative model. For the analysis of
data collected in these interviews, we applied the content analysis, following the
procedures recommended by Bardin (2007). Among others, research has indicated that
the collaboration systems provide process improvements, inventory management
improvement, it reduces costs and provides better access and sharing information.
A ininterrupta busca pela competitividade faz com que toda organização trace
estratégias para sobreviver e se desenvolver no mercado em que atua. Para ser pioneiro
no mercado, segundo Porter (1997), faz-se necessária a adoção de estratégias das quais
a empresa consiga diferenciar-se da concorrência e possa ser identificada como única,
de modo que possibilite a conquista de vantagens competitivas em relação aos
concorrentes.
O valor que uma empresa consegue gerar para seus clientes pode ser obtido por
atividades exercidas pela própria empresa, desde o desenvolvimento de um novo
produto ou serviço, como um novo processo tecnológico em produção, ou até a entrega
do mesmo ao consumidor. Porter (2004) propõe ainda mais duas estratégias que podem
gerar vantagem competitiva: (a) diferenciação de produto e (b) liderança em custo,
ressaltando que o enfoque e a decisão de quais estratégias a serem adotadas cabem a
cada empresa.
Outro aspecto a ser considerado é observado por Gonçalves (2009), que defende
uma nova conceituação de logística, com base em inovações estratégicas mais
colaborativas, que pode ser pressuposta com base na avaliação do arquétipo de quatro
níveis hierarquizados, os quais ajudam a entender a complexidade e interdependência
estrutural na construção de diferenciais competitivos. Estes níveis compreendem (1)
recursos de infraestrutura, (2) fluxos de informação e decisão, (3) organizações e
mecanismos de regulação, contratos, acordos e regras operacionais de arbitragem de
conflitos de interesse, além de (4) princípios e modelos de negócios universalmente
aceitos (GONÇALVES, 2009).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta visão, a cooperação aparece como uma parte do que é chamado de aliança
estratégica. Assim, Das e Teng (1998) definem, especificamente, a cooperação de
parceria como a vontade de uma empresa parceira em buscar interesses mutuamente
compatíveis em uma aliança, ao invés de agir de forma oportunista. Sendo o
oportunismo exemplificado como trapacear, distorcer informações, esquivar-se de
atividades, enganar parceiros, suprir com produtos/serviços abaixo do padrão, e
apropriar-se de recursos críticos do parceiro. Já a cooperação de parceria é caracterizada
por negociações honestas, comprometimento, fair play, e agir de acordo com os
contratos.
Os autores citados também destacam a característica paradoxal da cooperação,
pois através desta espera-se que as empresas busquem seus próprios interesses, mas
simultaneamente elas precisam restringir esta busca natural, de modo que a aliança
funcione. Assim, é proposto que sucesso da aliança seja encontrado através de equilíbrio
entre competição e cooperação.
Porter (2004), tendo como objetivo o desempenho acima da média, destaca três
tipos básicos de estratégias genéricas:
(a) liderança em custo: vantagem por liderança no custo, ocorre quando uma
empresa parte para ser o produtor de baixo custo de sua indústria, atuando em um
escopo amplo, onde as fontes de vantagem de custo variam e dependem da indústria, a
qual trabalha com preços equivalentes ou mais baixos do que seus rivais e mantém a
posição de baixo custo, traduzindo-se em retornos mais altos.
(c) enfoque: já no enfoque, esta estratégia é bem diferente das outras, porque
está baseada na escolha de um ambiente competitivo estreito dentro de uma indústria. O
elemento em foco seleciona um segmento, ou um grupo de segmentos, na indústria e
adapta sua estratégia para atendê-los, excluindo os outros. Assim, procura obter
vantagem competitiva em seus segmentos-alvo, embora não possua uma vantagem
competitiva geral.
ESCOLAS PRESCRITIVAS
Escola Descrição
Escola do design Formulação de estratégia como um
processo de concepção
Escola do planejamento Formulação de estratégia como um
processo formal
Escola do posicionamento Formulação de estratégia como um
processo analítico
ESCOLAS INTEGRATIVAS
Escola Descrição
Escola de configuração Formulação de estratégia como um
processo de transformação
Ou seja, interagir por informações significa dizer que uma organização pode
identificar e solucionar suas preocupações de forma proativa entre as partes
interessadas. Neste entendimento, desde que ocorra colaboração, haverá maior acurácia
dos riscos envolvidos com ou sem recursos tecnológicos, bem como os riscos
resultantes de puro mal-entendidos, que são oriundos de ações não tecnológicas.
Isto pode significar maior transparência das metas por meio dos gestores, que
devem considerar o tipo de relacionamento das partes interessadas, bem como o nível de
envolvimento dos stakeholders nos resultados do negócio.
Segundo Chen e Paulraj (2004) o termo Supply Chain Management (SCM) tem
sido utilizado para explicar o planejamento e controle de materiais e o fluxo de
informações, bem como as atividades logísticas, não somente internas a empresa, mas
também externas. O SCM descreve assuntos estratégicos, interorganizacionais e
também é utilizado para discutir alternativas para integração vertical, identificar e
descrever relacionamentos desenvolvidos por uma empresa com seus fornecedores e
lidar com a perspectiva de suprimentos e compras.
Com relação aos objetivos do VMI, Marques, Thierry, Lamothe e Gourc (2010)
acrescentam que, para o cliente, o objetivo é de assegurar alto nível de serviço ao
consumidor com baixos custos de inventário. Já para o fornecedor, o objetivo é a
redução nos custos de produção, estoques e transportes. É possível observar objetivos
compartilhados, o que permite a criação de uma melhor colaboração entre parceiros e
desta forma, conquistar os principais objetivos, fortalecendo os principais fluxos,
agilizando a cadeia de suprimentos e reduzindo o efeito chicote. Estes autores afirmam
que existe um consenso entre todos os autores sobre a essência do VMI, a qual é a
transferência da responsabilidade do gerenciamento do estoque do cliente para o
fornecedor.
QR, ECR, JIT e CPFR são referenciados por Fiorito, Gable e Conseur (2010)
como estratégias de gerenciamento do reabastecimento do inventário. Estes autores
destacam o aspecto semelhante entre estas estratégias, em que eles afirmam que todas
elas requerem integração adequada e colaboração entre compradores e vendedores com
o objetivo de assegurar o sucesso da estratégia.
De forma semelhante, o setor de varejo também passou por diversas fases nas
últimas décadas. Conforme Freitas (2011), o setor do mercado de varejo, sobretudo na
última década, vem assumindo uma importância crescente no panorama empresarial do
Brasil e do mundo. Os varejistas têm ampliado sua participação no mercado brasileiro
através de novas técnicas de gestão, assim, a competição tem se acirrado e estão sendo
selecionados aqueles que conseguirão se permanecer no mercado.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O método de pesquisa qualitativo pode ser definido como uma técnica que não
utiliza meios estatísticos como base do processo de análise do problema estudado. Na
pesquisa qualitativa, a preocupação não está em numerar ou medir variáveis, mas sim,
em identificar tais variáveis (RICHARDSON, 1999).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta etapa, a análise deu-se pelo confronto entre os elementos formados pelas
categorias apresentadas no quadro 4(quatro) e a presença ou ausência dos elementos
identificados no referencial teórico estudado. Segue-se, então, a apresentação e análise
das 4 (quatro) categorias formadas na 3ª etapa da análise de conteúdo.
Empresa 2: O processo antes do sistema era todo físico, como por exemplo, o
vendedor tinha visitas semanais nos clientes e tirava pedidos, o que consumia muito
tempo com deslocamento e reuniões... Com a implantação, o vendedor passou a ser um
consultor de negócios, gerenciando a conta para que não falte produtos no estoque de
nossos clientes... Atualmente, a satisfação dos clientes aumentou consideravelmente.
6 Conclusão
Esta pesquisa foi realizada com apenas três instituições de segmentos diferentes;
por conseguinte, a mesma representa a realidade destas instituições, não permitindo
generalizações. Fica, então, a recomendação para futuras pesquisas, com um número
maior de instituições; com instituições localizadas em outras regiões do país, bem como
pesquisas de natureza quantitativa, que permitam maiores possibilidades de
generalizações, ou validação da sistematização de categorias apresentado na Figura 3.
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Manufacturing Capabilities on Buyer Responsiveness.The role of collaboration.
USA:International Journal of Operations & Production Management, v. 29, n. 8, p 766 -
788, 2009.
Resumo
A regulação pode ser um caminho para as empresas adequarem suas práticas de gestão. No
entanto, empresas com processos mais maduros tendem a adotar uma postura proativa e
preferir antecipar as regulamentações. Tais medidas podem ocorrer por meio das práticas de
gestão socioambientais que contribuam para obtenção de desempenho superior em seus
processos, produtos e na melhoria dos relacionamentos com seus stakeholders direcionados
para a sustentabilidade nos negócios. Sob este enfoque, o presente estudo buscou no
referencial teórico as bases conceituais para a elaboração de modelo aplicado em três
indústrias. Os resultados indicaram que as empresas estão compromissadas com as práticas de
responsabilidade social, mas ainda demandam esforços para avançar em direção a
sustentabilidade empresarial.
Palavras-chaves: Responsabilidade Social Empresarial; Gestão Socioambiental; Estratégia;
Triple Bottom Line; Aprendizagem.
Abstract
The setting can be a way for companies adapt their management practices. However,
companies with more mature processes tend to adopt a proactive stance and prefer to
anticipate the regulations. Such measures may occur through environmental management
practices that contribute to superior performance in its products, processes and improving
relationships with its stakeholders targeted to business sustainability. Under this approach, the
present study aimed at the theoretical bases for the elaboration of conceptual model applied in
three industries. The results indicated that companies are committed to the practice of social
responsibility but still require efforts to move toward sustainability.
Keywords: Corporate Social Responsibility, Environmental Management, Strategy, Triple
Bottom Line; Learning.
1. INTRODUÇÃO
1hengal@ig.com.br / hmgalvao@usp.br
Bacharel em Administração e Mestre em Administração (PUC-SP), doutorando em Administração pela FEA-USP, professor
e coordenador de Administração da FATEA – Salesianas.
2
ambientais e a fiscalização dos órgãos governamentais podem ocasionar pesado ônus sobre as
organizações.
Nota-se que a pressão ocorre nos dois lados, de um lado tem a pressão social e de
outro o processo de regulamentação ambiental do governo. Apesar disso, as empresas não são
responsáveis por todos os problemas (PORTER e KRAMER, 2006) e nem têm todos os
recursos necessários para resolvê-los. Porém, qualquer empresa pode identificar algum
problema social e ambiental para melhor se preparar e propor solução, para o qual pode ser
uma oportunidade para obter vantagem competitiva. Moura (2008) sugere que a empresa
deve, antes de tudo, analisar como atender seus clientes e assegurar que a melhoria do seu
desempenho, principalmente, ambiental manterá seu negócio no longo prazo. A questão é
saber como uma organização pode criar diferenciais socioambientais competitivos por meio
das práticas de gestão para a sustentabilidade?
Diante disso, este estudo aborda as bases de diferenciação competitiva, considerando
relevantes as práticas de gestão para a sustentabilidade que contribuam para as empresas
alcançarem resultados econômicos, sociais e ambientais. Como limitação de estudo, destaca-
se que não existem soluções fáceis, o ambiente organizacional é complexo, dinâmico e as
mudanças são rápidas, os quais implicam em práticas de gestão não menos complexa com
inúmeras interfaces internas e externas.
2.REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Responsabilidade Socioambiental como Estratégica Competitiva
somente o valor econômico, bem como esteja centrada no valor ambiental e social. Conforme
Elkington (2004), as empresas necessitam de uma agenda que conduza a sustentabilidade
como, por exemplo, análises das condições do mercado e os fatores de instabilidade e o
gerenciamento do ciclo de vida dos produtos e tecnologias, interligando sua cadeia de
suprimentos e distribuição.
O fato é que as estratégias de responsabilidade social não devem ser vista separadas da
organização e da sua cadeia de valor. Os resultados afetam toda a cadeia e os objetivos
econômicos, sociais e ambientais devem ser partilhados conjuntamente, visando maximizar os
resultados para as organizações e a sociedade (ETHOS, 2007). A ligação da responsabilidade
social com a cadeia de valor permite que as organizações obtenham vantagem competitiva e o
engajamento dos parceiros para práticas socioambientais possibilitam melhoria do
desempenho financeiro. Entretanto, isso não ocorre somente por boas práticas, conduta ética
ou porque reduz os custos de transação.
Husted e Allen (2001) adotam abordagem integrada partindo de uma estratégia de
negócio para uma estratégia social, considerando os relacionamentos com estrutura da
indústria, com os recursos internos da organização, com os seus valores e ideologias e com os
stakeholders. Nesta direção, a relação entre a Responsabilidade Social Empresarial com a
estratégia e vantagem competitiva é apresentada por Porter e Kramer (2006). A partir do
modelo tradicional da cadeia de valor e do diamante, os autores desenvolveram o
“mapeamento do impacto social da cadeia de valor” e a “influencia social sobre a
competitividade”.
A abordagem de Porter e Kramer (2006) consiste, principalmente, em contribuir com o
avanço da responsabilidade social empresarial visando entender amplamente a inter-relação
entre a organização e a sociedade e simultaneamente atrair estratégias e atividades das
empresas, ou seja, as influências que ocorrem de “dentro para fora” e de “fora para dentro”.
Além disso, os autores destacam a importância do engajamento dos gerentes, elo entre o nível
estratégico e o operacional. A liderança exercida pelos gerentes é crucial para criar sinergia
entre as atividades da cadeia de valor, bem como conectando com as das outras organizações.
Mirvis e Googins (2006), afirmam que a liderança (CEO) da organização é um fator
crucial para o desenvolvimento de uma empresa cidadã, os líderes estão cada vez mais
envolvidos. Os executivos do topo se tornam visionário e de transformação do processo de
tornar as organizações modelos de práticas sustentáveis. Além disso, os executivos dos
departamentos de assuntos ligados à comunidade, de gestão ambiental e de comunicação
4
empresarial se uniram para conectar a gerência sênior e os comitês funcionais cruzados, além
das chefias que estabeleceram conexões com a comunidade.
Conforme Barbieri et al (2010), a sustentabilidade econômica pode ser alcançada pela
inovação em produtos, processos e modificações no modelo de negócio, que proporcionem
maior produtividade. O alcance da sustentabilidade social pode resultar dos programas que
proporcionem melhorias da qualidade de vida dos funcionários, da comunidade do entorno da
empresa. Em relação a sustentabilidade ambiental, as inovações estão relacionadas, por
exemplo, com a redução ou eliminação dos gases de efeitos estufa e uso dos combustíveis
fósseis.
Embora, a promoção da sustentabilidade nos negócios seja desafiante, a intersecção
entre negócios e ambiente é cada vez mais crítica. Aspectos da estratégia empresarial, os
planos de ação e políticas que valorizem os princípios da sustentabilidade são necessários para
nortear as ações em todos os níveis organizacionais. Entretanto, a organização deve ser dotada
de competências e capacidades que propiciem práticas de gestão socioambientais eficientes.
relatório permite que a empresa assinale um dos quatros estágios: (1) básico, (2) intermediário,
(3) avançado e (4) proativa.
A Global Reporting Initiative – GRI é uma organização internacional com sede em
Amsterdã, na Holanda, criada em 1997, como iniciativa do Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente – PNUMA e da Coalizão por Economias Ambientalmente Responsáveis -
CERES. O GRI tem como objetivo estabelecer um padrão mundial de relatório econômico,
social e ambiental. O relatório da GRI compõe os seguintes princípios: materialidade, inclusão
dos stakeholders, contexto da sustentabilidade, abrangência, equilíbrio, comparabilidade,
exatidão, periodicidade, clareza e confiabilidade (DIAS, 2012).
As várias metodologias e critérios adotados são decorrentes da finalidade da
mensuração da sustentabilidade, do campo de estudo e da organização ou instituição, cada
qual utiliza a mais conveniente ou faz adaptação de algo existente para os moldes necessários
a cada situação. É provável que as variedades de metodologias encontradas sejam decorrentes
do conceito de sustentabilidade não ser único e ter abordagens diversas em diferentes setores
produtivos e em diferentes países. Encontramos na literatura várias tipologias empregadas
para avaliação das práticas para a sustentabilidade. Os modelos visam avaliar o grau de
maturidade em que as empresas se encontram em diferentes estágios da prática da
responsabilidade socioambiental. Alguns modelos são instrumentos de medição do
desempenho econômico social e ambiental. Sendo assim, os modelos são iniciativas que
possibilitam quantificar, medir e comparar resultados para a tomada de decisões.
O modelo do nível de maturidade da sustentabilidade proposto por Nidumolu, Prahalad
e Rangaswami (2009) associam as práticas empresariais com inovações para a
sustentabilidade. A competitividade das empresas está, portanto, relacionada com as
competências organizacionais capazes de promover inovações sustentáveis. O modelo propõe
cinco estágios de maturidade.
• estágio 1: observa-se o compromisso da empresa com as questões socioambientais, adesão
dos códigos de conduta voluntários e normas de conformidade socioambientais;
• estágio 2: a empresa adota práticas que incluem as atividades da cadeia de valor,
envolvendo os colaboradores internos e parceiros da cadeia de suprimentos, para assegurar
compromisso para tornar operações sustentáveis;
• estágio 3: as práticas são orientadas para o redesenho de produtos e serviços
ambientalmente amigáveis, explorando e priorizando o uso de competências e ferramentas
para inovações nos produtos em conjunto com os parceiros da cadeia;
6
• estágio 4: a empresa tende a explorar novas alternativas no modo como os negócios são
realizados através do desenvolvimento de um novo modelo de negócio que proporcionem a
entrega de valor superior com critérios de sustentabilidade;
• estágio 5: neste estágio, as práticas para a sustentabilidade expandem de um novo produto
ou processos, seja na forma de novos métodos de fabricação ou de distribuição para
capturar as oportunidades do mercado por meio da integração de soluções inovadoras.
avaliem seu desempenho econômico, social e ambiental, além de contribuir para identificar as
novas maneiras e práticas gerenciais que estimulem as empresas na melhoria e inovação dos
seus processos, operações e produtos, bem como estabelecer estratégias para o
posicionamento futuro.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
O modelo conceitual utilizado neste estudo tem como base o referencial teórico para
avaliar como as práticas de gestão para a sustentabilidade contribuem para o desempenho
superior nas dimensões econômicas, sociais e ambientais. O processo parte da formulação da
estratégia, cuja implementação também depende dos recursos e capacidades organizacionais
para promover mudanças e construção de relacionamentos internos e externos. Nesta
perspectiva, o modelo considera a capacidade de aprendizagem organizacional e sua
influência para realizar inovações e melhorias socioambientais em seus processos e produtos
de acordo com as expectativas dos stakeholders e em atendimento às leis e regulamentações
governamentais. Segue abaixo a representação gráfica do modelo:
8
As empresas foram classificação em “A”, “B” e “C”, sendo duas (“A” e “B”) de médio
porte, das quais uma tem estrutura de capital 100% nacional. A empresa “C” é de grande
porte e de capital estrangeiro. Todas as empresas declararam possuir em sua estrutura
organizacional um departamento de Meio Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho -
MASST. Além disso, os resultados permitiram verificar que as empresas “A” e “B” têm em
sua estrutura organizacional um departamento de P&D ou Laboratório de Pesquisa. Em
relação à adoção das normas de certificação, as empresas “A” e “B” declararam ter
implantado as Normas ISO 9001 e ISO 14001 e somente a empresa “B” possui a norma SA
8000 e nenhuma possui certificação OHSAS 18001. Segue abaixo quadro demonstrativo:
Dimensões A B C
Empresa B: Metalúrgico
Na dimensão “estratégia”, a empresa prioriza estratégias em termos de programas,
normas e planos de curto e médio prazo visando práticas para a sustentabilidade. Nos seus
objetivos e metas, a empresa declara incluir todos os stakeholders. Além disso, tem como
prática avaliar implicações econômicas e financeiras devido aos impactos ambientais das suas
atividades. Contudo, a visão, a missão, códigos de conduta e princípios internos para o
desempenho sustentável foram declaramos como parcialmente relevantes e as estratégias para
inovação não são expressas de maneira clara.
Em relação à dimensão “ambiental”, a empresa adota postura proativa, declarando a
existência de programas estruturados para redução do consumo de recursos naturais não
renováveis em todas as suas atividades, bem como tem por prática monitorar a geração de
resíduos sólidos e líquidos. A empresa não possui certificação ISO 14001 e não afirmou a
prática do monitoramento da geração dos gases de efeito estufa. No entanto, foi declarado que
atendem plenamente a legislação e regulamentação ambiental, buscando prevenção e redução
dos impactos ambientais.
Os dados permitiram analisar que na dimensão “social”, as práticas são declaradas
como parcialmente realizadas tais como, projeto sociais com a comunidade, ações em
conjunto com governos e terceiro setor, limitando a formação de parcerias e outros tipos de
apoio. Apesar disso, adota práticas de prevenção da segurança e saúde dos colaboradores.
Na dimensão “fornecedores”, o aspecto mais relevante está relacionado com o trabalho
em conjunto com fornecedores, visando o desenvolvimento de materiais que causem menor
impacto ambiental. A empresa apresenta limitações quanto às práticas de acompanhamento
dos indicadores socioambientais e ações conjuntas de mitigação. Mas, tem por prática
políticas de compras que priorizam certificações socioambientais dos seus parceiros.
Em relação a dimensão “processos e produtos”, foi declarado que o envolvimento das
áreas internas para o desenvolvimento de novos produtos e processos são parcialmente
assegurados, bem como o uso dos indicadores para avaliação do desempenho econômico,
social e ambiental. Tais aspectos estão relacionados a não confirmação da existência de
processos apropriados para o gerenciamento de um novo produto quanto aos quesitos
13
Empresa C: Metalúrgico
Em relação à dimensão “estratégia”, foi constatado que a empresa adota estratégias
que expressam a visão, missão, valores e princípios, bem como prioriza objetivos e metas para
a sustentabilidade. Na dimensão “ambiental”, a empresa tem por prática a adoção de
programas que visam reduzir o consumo de recursos naturais não renováveis em todas as
atividades, incluindo o monitoramento da geração de resíduos sólidos e líquidos, visando sua
redução. A empresa também atua em sintonia com a legislação e regulamentação ambientais,
mas não vai além das determinações legais.
Para a dimensão “social”, foi verificado desempenho significativo da empresa no
tocante à conduta ética. Quanto às formas de comunicação, relacionamentos e práticas
socioambiental responsáveis com os stakeholders a empresa demonstra desempenho parcial.
Na dimensão “fornecedor”, foi verificado que a empresa não tem como prática
acompanhar indicadores socioambientais dos seus parceiros, bem como baixo incentivo em
compartilhar riscos dos impactos socioambientais compartilhados. Também foi constatando
baixa integração com fornecedores das práticas de cooperação objetivando melhorias e/ou
inovações que atendam os quesitos para a sustentabilidade.
Em relação a dimensão “processos e produtos”, constatou que a empresa tem
processos apropriados para gerenciar o desenvolvimento de um novo produto que atendam
quesitos ambientais. No entanto, foi declarado práticas parciais nos investimentos continuados
14
Estratégia:
Com base nos resultados, verifica-se que as três empresas alcançaram excelente desempenho,
fixam estratégias direcionadas para a sustentabilidade, estabelecendo direcionamento para
princípios e objetivos socioambientais.
Fornecedores: As práticas inovadoras a partir da relação com os stakeholders se mostrou
limitada nas três empresas analisadas.
Ambiental: A pressão das políticas regulatórias contribui para que as empresas inovem nas
tecnologias de tratamento dos resíduos industriais, bem como pelos fatores de pressão da
demanda. Exceto para as empresas “A” e “B”, constatou que a empresa “C” tem limitações na
gestão ambiental restringe práticas ambientais.
Sociais: As práticas empresariais relacionadas com os aspectos sociais foram mais percebidas
na empresa “B” e menos da empresa “C”. A empresa “A” declarou possuir a certificação SA
8000, evidenciando o relacionamento que a empresa mantém com a comunidade no seu
entorno.
Mercado: Na relação com o mercado, ficou evidenciado práticas empresariais direcionadas
para o atendimento das reclamações dos clientes e menos com o engajamento para as questões
socioambientais.
Processos: O uso das tecnologias ambientais de “fim-de-tubo” são evidenciadas,
corroborando para o cumprimento da legislação. Na empresa “A” existe maior preocupação
para a adoção das tecnologias ambientais de prevenção, denotando que a empresa reduz uso
das emissões diretamente na fonte, bem como adota prática de melhorias ou inovações
significativas nos processos e produtos.
Organização: Constatou-se que o bom desempenho das empresas na dimensão
“organizacional” reflete a flexibilidade da comunicação entre os departamentos, com
potencial para estimular e engajar os colaboradores a compartilhar ações de melhorias e
inovação para a sustentabilidade.
Aprendizagem Organizacional: Na análise da aprendizagem organizacional, constatou-se,
exceto a empresa “C”, que as empresas “A” e “B” desenvolvem práticas que podem assegurar
mudanças e adequar a empresa efetivamente às inovações para a sustentabilidade.
Considerações Finais
Este estudo procurou analisar as práticas de gestão no contexto da sustentabilidade
empresarial. O modelo proposto de análise evidenciou a abordagem integradora das práticas
organizacionais para a análise das práticas de gestão.
16
Referências:
ALIGLERI, L.; ALIGLERI, L. A.; KRUGLIANSKAS, I. Gestão Socioambiental:
responsabilidade e sustentabilidade do negócio. São Paulo: Atlas, 2009.
BARBIERI, J.C. et alii. Inovação e sustentabilidade: novos modelos e proposições. Rev.
adm. empresa. vol.50 no.2 São Paulo Abr./Jun 2010. Acesso em: 09/02/12. Disponível em:
http://www.scielo.br
BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e Meio Ambiente: as estratégias de mudanças da agenda
21. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
DIAS, Reinaldo. Responsabilidade Social: fundamentos e gestão. São Paulo: Atlas, 2012.
ELKINGTON, J. Enter the Triple Bottom Line. 2004. Acesso em: 22 de maio de 2011.
Disponível em: http://www.johnelkington.com/TBL-elkington-chapter.pdf
17
1. Introdução
Embora este não seja o modelo ideal a ser seguido pelas organizações, devido a
falta de clareza aos aspectos metodológicos e opções técnicas, o mesmo representa uma
alternativa de perspectivar a construção e utilização de matrizes de desempenho a partir
do Balanced Scorecard.
Por fim, a última metodologia conhecida até então: o Benchmarking. Esta
procura vantagem competitiva a partir de boas práticas ou pontos de referência passíveis
de serem adotados ou adaptados, acrescentando-lhes valor – prática à estratégica
organizacional. Segundo Camp (1995) apud Coloauto, Beuren & Sant’ana (2005:23) o
Benchmarking é
Uma metodologia de pesquisa contínua e sistemática para realizar
comparações de processos e práticas de uma empresa com outras
portadoras das melhores práticas administrativas e para avaliar bens,
serviços e métodos de trabalho no sentido do aprimoramento
organizacional e da superioridade competitiva.
5. Considerações finais:
Referências
BORBA, Andréa Carla Oliveira. (2007). Avaliação do Sistema de Gestão Ambiental nas
Indústria Beneficiadoras de Cacau no Sul da Bahia. Dissertação de Mestrado em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. UESC: Ilhéus.
CHIAVENATO, Idalberto. (1987). Teoria Geral da Administração. São Paulo:
McGraw-Hill.
FERREIRA, Flávia Turino. (2008). “Rizoma: um método para as redes?” In: Liinc.
Revista vol. 4 nº1. Rio de janeiro, Disponível em http://www.ibict.br/liinc. Acesso em
09/08/2010.
Andrea Goldschmidt*1
Resumo
Muitas empresas vêm desenvolvendo programas de voluntariado empresarial, como forma de estimular
seus funcionários a participar da solução de problemas socioambientais existentes nas comunidades onde
vivem e trabalham. O que a maioria delas ainda não está conseguindo fazer é avaliar adequadamente a
contribuição de tais programas para o desenvolvimento de importantes competências humanas para as
pessoas que participam destas ações. Desta forma, as empresas perdem uma grande oportunidade de casar
duas necessidades internas: de desenvolvimento humano e de participação social.
O objetivo deste artigo é mostrar que o programa de voluntariado pode ser uma interessante ferramenta de
desenvolvimento de competências, além, é claro, de ser uma excelente ferramenta de engajamento e
criação de senso de cidadania.
Para que o programa de fato traga estes benefícios, no entanto, ele precisa ser estruturado de maneira
estratégica, com a criação de oportunidades de atuação em consonância com as áreas de conhecimento da
empresa e das pessoas envolvidas, ao mesmo tempo que enderece uma necessidade real da comunidade.
Neste sentido, faz-se necessária a avaliação completa da estratégia do programa, com um olhar sobre
questões como seu foco, sua relação com outras atividades de investimento social da empresa, a estrutura
oferecida pela empresa para sua gestão, as formas de mobilização e motivação de pessoas para
participação, bem como as estratégias para envolvimento das lideranças internas da empresa.
O olhar para o voluntariado empresarial como uma ferramenta de capacitação pessoal e profissional ainda
é muito novo no Brasil, mas já está mais evoluído em outros países.
Acreditando que as empresas brasileiras podem aumentar o retorno deste tipo de ação tanto para os
negócios quanto para as pessoas envolvidas (sejam elas os próprios funcionários/voluntários ou os
beneficiários nas comunidades escolhidas para desenvolvimento das ações), o presente artigo visa mostrar
que este mesmo objetivo pode ser alcançado de diferentes maneira e, por meio de dois exemplos atuais,
ilustra opções de estrutura de programas de voluntariado que se adaptam a 2 realidades diferentes, mas
levam ao mesmo tipo de resultado esperado, que é o desenvolvimento de competências humanas
desejadas pela empresa nos funcionários participantes do programa de voluntariado empresarial.
O artigo visa ressaltar a importância da etapa de planejamento do programa, quando serão definidas a
forma de atuação dos voluntários e as maneiras como a empresa poderá evidenciar o desenvolvimento das
competências humanas entre os participantes e os ganhos socioambientais para a sociedade.
1 Andrea Goldschmidt – Administradora de empresas, com especialização em Marketing, ambos pela Fundação Getúlio Vargas
de São Paulo. Professora de Responsabilidade Socioambiental nos cursos de graduação e pós graduação da ESPM – Escola
Superior de Propaganda e Marketing e de Branding e Marketing na Economia Sustentável no MBA da FGV – Fundação Getúlio
Vargas. Organizadora e co-autora do livro “Gestão dos Stakeholders – como gerenciar o relacionamento e a comunicação entre a
empresa e seus públicos de interesse” publicado pela Editora Saraiva. Tem 20 anos de experiência em gestão de Marketing,
Responsabilidade Social e Sustentabilidade, atuando desde 2003 como Consultora da APOENA Sustentável na implantação de
programas para empresas de diversas áreas e portes – andrea@apoenasustentavel.com.br
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
Corporate volunteering as a tool for developing human skills
Abstract
Many companies have been developing volunteering programs as a means to encourage their employees
to participate in the solution of socio-environmental problems in the communities where they live and
work. What most of them have been unable to do yet is evaluate adequately the contribution of these
volunteering programs to the development of human skills for the participants. So companies are missing
on the opportunity to match two internal needs: corporate citizenship and human development.
The objective of this article is to show that a company’s volunteering program can be an interesting tool
for developing employee skills in addition to being an excellent tool for creating engagement and a sense
of citizenship.
In order for the program to effectively produce these benefits, however, it needs to be structured in a
strategic manner that creates opportunities for actions that are aligned to the areas of knowledge of the
company and the people involved while, at the same time, addressing a real need of the community.
Accordingly, it is necessary to make a thorough evaluation of the program strategy, with an eye to issues
such as its focus, its relation to other social investment activities of the company, the structure provided
by the company for the program management, ways to mobilize and motivate employee participation, as
well as strategies for involvement of company leaders.
Viewing corporate volunteerism as a tool for human skills development is still very new in Brasil, but it is
more evolved in other countries.
Believing that brazilian companies can increase the return on this type of action for both the business and
the people involved (whether their own employees / volunteers or beneficiaries in the communities
chosen for the development of the actions), this article aims to show that this same goal can be achieved
in different ways and through two recent examples, illustrates options for the volunteer programs
structure that adapt to two different realities, but lead to the same kind of expected result, which is the
development of human skills desired by the company from its employees participating in the corporate
volunteer program.
The article aims to highlight the importance of the planning of the program, when the actions of the
volunteers will be defined and when the company will determine how she will demonstrate the
development of human skills among participants and the environmental gains to society.
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
1. Voluntariado
A pesquisa Projeto Voluntariado Brasil 2011, realizada pela Rede Brasil Voluntário e
pelo Ibope Inteligência, concluiu que 25% da população brasileira fazem ou já fizeram algum
tipo de serviço voluntário. Há, neste grupo, uma leve predominância de mulheres (53% do
total dos voluntários versus 47% de homens), de pessoas que trabalham (67% dos voluntários
trabalham fora de casa, sendo 51% em período integral e 16% em período parcial) e que têm
filhos (62%, sendo a média de 2,5 filhos). Em média, estas pessoas dedicam pouco mais de 4
horas mensais a trabalhos voluntários, realizados principalmente em instituições religiosas
(49%) e organizações de assistência social (25%).
“Ser solidário e ajudar” é a motivação mais comumente mencionada pelas pessoas que
atuam como voluntárias (67% dos respondentes), seguida de “fazer a diferença e melhorar o
mundo” (resposta dada por 32% dos voluntários). Apesar de que os voluntários possuem
habilidades e competências que agregam valor ao serviço voluntário (38% têm ensino médio
completo / superior incompleto e 20% têm nível superior completo), as motivações de
“Adquirir experiência / praticar o que aprendeu” e “desenvolver novas habilidades”
aparecem com índice pequeno de respostas (6% e 3% respectivamente).
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
2. Voluntariado empresarial
2 Cidadania (do latim, civitas, "cidade") - segundo a Wikipedia é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está
sujeito em relação à sociedade em que vive. O conceito de cidadania sempre esteve fortemente "ligado" à noção de direitos,
especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando
de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar (indireto), seja ao concorrer a um cargo
público (direto). No entanto, dentro de uma democracia, a própria definição de Direito, pressupõe a contrapartida de deveres,
uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são garantidos a partir do cumprimento dos deveres dos demais
componentes da sociedade
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
40% dos programas). A maior concentração de programas (82,7%) estão na região sudeste e
na região sul (17,3%) e 69,6% deles existem há mais de 5 anos.
A pesquisa concluiu que “as ações voluntárias empresariais ainda têm um longo
caminho a percorrer até que se tornem de fato relevantes para as empresas que as praticam”.
No entanto, os investimentos (de dinheiro e tempo) realizados pelas empresas são bastante
significativos - 21,8% das empresas pesquisadas têm orçamento superior a R$ 200.000
anuais para o programa, sendo 17,4% superior a R$ 500.000 e com uma tendência de
ascensão. Além disso, “71% dos entrevistados disseram que têm permissão para encaixar as
ações de voluntariado dentro do horário de trabalho” (apesar de que a maioria dos
funcionários não utilizem essas horas!).
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
Em 2009, uma pesquisa realizada pelo Carroll School of Management do Boston
College, com a participação de 203 das 500 maiores empresas dos Estados Unidos, listadas
pela Revista Fortune, mostrou que 19% das empresas incentivavam diretamente a
participação dos funcionários em atividades voluntárias em função de planos e metas de RH.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa do CBVE é que apenas 32% das
empresas valorizam a experiência voluntária dos candidatos em processos de seleção e, em
2010, 59% disseram não levar em consideração esta experiência para promoções e aumentos
salariais. Conclui-se, com isso, que a área de Recursos Humanos das companhias, em geral,
pode não estar percebendo os benefícios potenciais das ações de voluntariado para as pessoas
e para os negócios e, pode até ser que os programa atuais, com ações mais assistencialistas do
que transformadoras, de fato não gerem grande contribuição para o desenvolvimento de
competências. Mesmo neste caso, a área de Recursos Humanos poderia ter participação
importante na reformulação dos programas, de forma que se tornem capazes de gerar este
benefício para os negócios e para as pessoas envolvidas.
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
Para ZANGISKI (2009) APUD FERNANDES (1998), “há um conjunto de premissas
que precisam ser consideradas para a compreensão da aprendizagem organizacional, que
inclui:
Pela definição do senso comum, competência é a qualificação para realizar algo, mas
no mundo dos negócios este conceito é bem mais abrangente e profundo e aborda
características pessoais, como conhecimento, habilidades e atitudes (CHA) e também a
capacidade de ter um bom desempenho associado às atividades realizadas.
Entre os profissionais de RH, a definição mais comumente utilizada é o conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes que afetam a maior parte do trabalho e que se
relacionam com o desempenho no trabalho; a competência pode ser mensurada, quando
comparada com padrões estabelecidos e desenvolvida por meio de treinamentos (FLEURY;
FLEURY, 2001).
Segundo Fleury e Fleury (2004), no contexto organizacional, a competência é vista da
perspectiva individual como uma característica pessoal que possibilita desempenho superior
na realização das tarefas, ou frente a situações adversas. Mas, ao mesmo tempo, a somatória
das competências individuais, formam as competências organizacionais que são percebidas
pelos seus públicos de interesse.
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
Figura 1: Comportamentos ligados a competências
Fonte: FLEURY, FLEURY, 2004 p. 30
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Fonte: QUEIROZ (2008)
O que o presente artigo visa mostrar, é que o voluntariado empresarial pode ser uma
destas possíveis trilhas a serem seguidas e que tem potencial para gerar resultados bastante
significativos em diversas situações.
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
Da mesma maneira, a pequisa demonstra ganhos diferentes de competências em
grupos de diferentes faixas etárias. Por exemplo, os voluntários com idades entre 15 e 24
anos eram mais propensos do que os voluntários mais velhos a relatar ganhos nas
competências de comunicação (82%) e relacionamento interpessoais (77%) decorrentes das
suas atividades de voluntariado.
Se estas são importantes competências a serem desenvolvidas em um grupo de
funcionários, é natural que a empresa procure criar oportunidades que de fato ajudem a trazer
intencionalidade para esta prática, ou seja, que criem oportunidades de trabalho voluntário
que sejam de fato uma opção de desenvolvimento de competências específicas para seus
funcionários.
Segundo Kenn Allen, “há alguns anos, a lógica clássica de que o voluntariado
corporativo ‘é bom para a comunidade, é bom para os funcionários e bom para a empresa’
mostrava-se como uma vantagem não intencional, mas hoje, estes benefícios não são mais
colaterais, mas sim buscados ativamente pelas empresas”.
Mas, conforme alerta Kenn Allen, “As empresas devem tomar um cuidado especial
com os possíveis conflitos entre os benfícios de desenvolver competências e habilidades que
a própria empresa e seus funcionários procuram e a realidade das ONGs parceiras. Por
exemplo, as empresas não podem esperar que as ONGs desviem outros recursos para realizar
suas expectativas”, ao contrário, devem ter em mente que é um trabalho dos gestores do
programa construir parcerias que sejam realmente vantajosas para as ONGs parceiras e, neste
sentido, o desafio está em conseguir propor a realização de ações que ajudem a desenvolver
competências, a partir da premissa de que o objetivo principal deve ser ajudar a resolver
problemas reais que as organizações parceiras e as comunidades beneficiadas têm.
Segundo o artigo The Promise Employee Skill-Based Volunteering Holds for Employee
Skills and Nonprofit Partner Effectiveness: A Review of Current Knowledge produzido pela
POINTS OF LIGHT FOUNDATION, em 2007, as empresas americanas estão abraçando o
chamado voluntariado baseado em competências de forma acelerada. Elas acreditam que este
tipo de voluntariado é uma forma mais efetiva do que outras existentes, justamente porque
contribui com causas sociais ao mesmo tempo que ajuda a desenvolver pessoas para o
mercado de trabalho. Esta situação ganha-ganha torna este tipo de ação de voluntariado
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
especialmente interessante para as empresas e, ainda mais, para aquelas que têm ações de
investimento social privado e sofrem pressões para torná-los mais efetivos interna e
externamente. Desta forma, o voluntariado poderia ser uma ferramenta de desenvolvimento
pessoal e, ao mesmo tempo, contribuir para a solução de problemas reais.
4. Casos reais
A metodologia sugerida pelos Correios do Reino Unido (1995) recomenda que a área
de Recursos Humanos da empresa identifique quais são as principais competências que se
deseja desenvolver nos funcionários e, a partir delas, identifique opções de atividades que
tenham o poder de desenvolvê-las ou, ao contrário, que se listem as atividades disponíveis e
as competências desejáveis para verificar as sinergias entre elas, conforme demonstra a figura
3 abaixo:
Atividades
Participação Desafio Voluntariado
Mentoria Tutoria individuais
Oportunidades em Conselho Voluntário genérico
direcionadas
Competências
Empreendedorismo x x
Habilidade de inovar x x
Resolução de problemas x x x x x x
Habilidade de negociação x x x
Trabalho em equipe x x x
Relacionamento interpessoal x x x x x x
Tomada de decisões x x
Orientação para a ação x x x x
Habilidade de análise x x x
Figura 3: Matriz de desenvolvimento
Fonte: Adaptado pela autora a partir de quadro apresentados em Employees and the
community (1995)
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
A partir desta premissa, dois casos brasileiros vêm sendo conduzidos pela Apoena
Sustentável (consultoria especializada em voluntariado). Como os projetos ainda não foram
finalizados, optou-se por manter em sigilo os nomes das empresas que os estão conduzindo.
Ambas são empresas de grande porte, com atuação em todo o território nacional e com
programas de voluntariado já estruturados há alguns anos.
Sendo assim, no início do ano seguinte, as características de cada uma das opções de
ações voluntárias disponibilizadas foram avaliadas e estas informações foram cruzadas com
as competências desejadas pela área de Recursos Humanos para verificar sua
compatibilidade com o formato atual do programa.
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
Ao realizar este cruzamento, ficou claro que as competências desejadas estavam mais
relacionadas à forma de conduzir as atividades do que às atividades realizadas (foram
identificadas fortes sinergias com 5 das 10 competências desejáveis) e, por este motivo,
sugeriu-se manter as opções de atividades voluntárias disponíveis para os funcionários, mas
modificar a maneira como estas ações são avaliadas ao final de um ano de programa. O
objetivo, portanto, será modificar os critérios para reconhecimento das ações, de forma que
se possa dar mais destaque (nas ações de reconhecimento, por exemplo) às pessoas que
tiverem, notadamente, desenvolvido as ações voluntárias utilizando as competências que o
RH deseja desenvolver.
Foram criados então novos formulários de avaliação das ações, em que os voluntários
são solicitados a dar informações sobre a maneira como as atividades foram desenvolvidas e,
por meio da análise destas respostas, será possível verificar quais das competências listadas
foram mais trabalhadas pelo conjunto dos voluntários.
Com isso, será possível mapear mais detalhadamente que contribuições o programa de
fato traz para os objetivos da área de Recursos Humanos e Educação Corporativa.
O próximo desafio será ampliar esta avaliação para gestores e colegas de trabalho
(dentro do conceito de avaliação 360º), de maneira que se possa começar a evidenciar de
forma mais abrangente os benefícios existentes. Atualmente, por meio da auto avaliação, já é
possível fazer com que o funcionário-voluntário compreenda seus aprendizados, mas o
desafio mais interessante será, no futuro, conseguir mostrar para os gestores a existência
desta correlação, já que isso provavelmente os motivará a incentivar a participação de outros
funcionários no programa.
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O que ficou evidente neste caso, é que é possível estimular o desenvolvimento das
competências desejadas, mantendo as ações de voluntariado atuais e dando breves
orientações sobre maneiras ligeiramente diferentes de conduzi-las (em relação ao que foi
feito anteriormente pelos funcionários). Consegue-se, com isso, manter a identidade e o
alinhamento do programa com o investimento social e adicionar um componente de
avaliação que pode trazer uma relevância estratégica bastante importante para o programa
internamente.
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Neste segundo caso, a partir da lista de 12 competências de treinamento identificadas
pela empresa, foram selecionadas as 6 que foram consideradas mais pertinentes para a
criação de oportunidades de ações para os voluntários.
Cada grupo de voluntários deverá escolher uma única ação para implantação ao longo
do ano. As ações implantadas serão avaliadas comparando-as com aquelas que pretendem
desenvolver a mesma competência, formando, portanto, 6 categorias diferentes para as
atividades de reconhecimento. No final do ano, desta maneira, serão selecionadas para
divulgação e reconhecimento as ações mais interessantes e que tiverem demonstrado maior
desenvolvimento comunitário e de competências dos integrantes do grupo de voluntários.
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Quesitos comparados caso 1 caso 2
Ações estruturadas Ações não estruturadas
Voluntários atuam em grupos ou Voluntários atuam em grupos ou
Formato do programa individualmente individualmente
Escolha de uma ação dentro de uma
Escolha de uma ação entre 9 alternativas lista de sugestões dadas ou a partir de
possíveis suas próprias ideias e motivações
Novas ações, propostas aos voluntários
As mesmas que já existiam dentro de uma lista de possibilidades
anteriormente, propostas aos voluntários alinhadas às competências estratégicas
Tipos de ações possíveis dentro de uma lista de possibilidades para a empresa
Competências Até 5 competências em cada ação Uma única competência para cada ação
desenvolvidas realizada realizada
Definição da competência a Conforme a maneira como a ação for Conforme a ação escolhida pelos
ser desenvolvida implantada pelos voluntários voluntários
No processo de planejamento e
No processo de implantação da ação implantação da ação (relacionada aos
Desenvolvimento da (relacionado à forma de realização de resultados obtidos por meio da ação
competência qualquer atividade escolhida) escolhida)
Auto avaliação do voluntário
Avaliação (pela área gestora do Avaliação (pela área gestora do
Formas de avaliação (por programa) do processo de implantação programa) dos resultados alcançados
meio de relatórios) das ações, com base nas evidências de para cada ação / competência
desenvolvimento das 5 competências
desejadas
Mapeamento de evidências de Mapeamento de evidências de
desenvolvimento das competências pelo desenvolvimento da competência
Contribuições do programa conjunto das ações realizadas pelos associada a cada uma das ações
para os objetivos de RH voluntários propostas
Figura 4: Quadro comparativo de atributos dos dois casos apresentados
Fonte: Desenvolvido pela autora
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
5. Conclusões
Além disso, a maior vinculação das ações de voluntariado empresarial propostas aos
funcionários de uma empresa à sua estratégia de negócios, ou à sua estratégia de
desenvolvimento de recursos humanos, ou ainda, à sua estratégia de investimento social (ou
às 3, se possível), ajuda a garantir uma motivação de longo prazo para a empresa e,
consequentemente, xxxx
Ao mesmo tempo, ainda há muito trabalho a ser feito na pesquisa da relação entre o
trabalho voluntário e o desenvolvimento de habilidades e competências humanas e, em
especial, como estas experiências podem trazer benefícios para a empresa e para o
voluntário. As experiências citadas acima ainda são muito recentes e, certamente, passarão
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por modificações e melhorias à medida que as empresas que as aplicam forem evoluindo
nesta prática. Sua contribuição, neste momento, reside na reflexão da importancia de planejar
adequadamente como esta vinculação será proposta aos voluntários e como os resultados
alcançados serão mensurados antes que o programa de fato se inicie.
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Referências Bibliográficas
⋅ CBVE (2012). Perfil do Voluntariado Empresarial no Brasil III. Rio de Janeiro: CBVE
⋅ TUFFREY, Michael (1995). Employees and The Community – How Successful companies meet
human resource needs through community involvement. London: Prima Europe (sem tradução
para o português).
Voluntariado empresarial como ferramenta de desenvolvimento de competências humanas - Andrea Goldschmidt – maio 2013
⋅ Rede Brasil Voluntário Projeto Voluntariado Brasil. Ibope Inteligência, 2011
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Capítulo 9: RSE e Sustentabilidade: Desafio Local, Desafio Global
Assimetrias, Oportunidades E Cooperação No Contexto Da
Responsabilidade Social Globalizada
José Quintal e José Ramalho1
1. Introdução
4 http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx
não o ser em relação aos objectivos, é seguramente racional em relação às
oportunidades e, através das oportunidades, racionaliza o contexto em que se insere.
No âmbito desta racionalidade há a considerar os comportamento ofensivos e
defensivos adoptados pelo actor social através dos quais este tende a manter,
respectivamente, a margem de liberdade e a iludir o constrangimento que lhe é imposto.
Nesta óptica, propõe-se três princípios fundamentais, o princípio da simplicidade, o
princípio da autonomia e o princípio do governo pela cultura, (Crozier, 1994:38).
O princípio da simplicidade, propõe que a simplicidade da estrutura organizacional
deve ser inversamente proporcional à complexidade do meio. Trata-se de uma
abordagem complexa, racional, inteligente e integradora no seio de uma organização
simplificada em que os procedimentos complexos e rígidos, bem como a falta de
autonomia, dão lugar à “liberdade e responsabilidade de agir (Crozier, 1994: 38).
Ora a responsabilidade e liberdade de acção exige que a organização assuma o
princípio da autonomia de modo a assegurar uma maior eficácia em contextos mais
complexos promotores de um ambiente económico, social e ambiental potencialmente
instável.
Finalmente as organizações simples que integram actores autónomos incorporam
cada vez menos procedimentos padronizados, com estruturas hierárquicas pouco
expressivas, e valorizam a cultura dos actores sociais na disciplina gestionária e
comportamental, adoptando, desta forma, uma atitude socialmente responsável.
3. Cooperação e descentralização
4. Modelos de integração
5 NP4469-2: 2010: Sistema de gestão de responsabilidade social Parte 2: guia de orientação para a implementação.Disponíveis
no site do Instituto Português da Qualidade
são indispensáveis ao desenvolvimento pacífico e fluente da dinâmica empresarial,
constituindo, por isso, um requisito incontornável para que uma empresa se enquadre no
universo da cidadania empresarial.
No entanto, para merecer o rótulo de empresa socialmente responsável, espera-se
que o topo estratégico da organização empresarial sustente preocupações de carácter
ético que vão além das responsabilidades requeridas no domínio estritamente legal,
considerando que essas preocupações influenciam as condutas de todos os
intervenientes, tanto os que estão vinculados à organização como os que apenas
interagem sem vínculo formal, (stakeholders internos e externos).
Finalmente, segundo este autor, seria desejável que as organizações, na senda da
cidadania empresarial, assumissem, voluntariamente, responsabilidades filantrópicas de
carácter discricionário.
Segundo Porter e Kramer (2002), a maioria das acções que encerram,
supostamente, a ideia de filantropia estratégica6, na maioria dos casos não são
efectivamente estratégicas. Na realidade, a filantropia é cada vez mais utilizada ao
serviço das relações públicas ou do marketing, sendo que a maioria das acções
filantrópicas tem muito mais o objectivo de aumentar a visibilidade da empresa do que
produzir impacto social.
Por outro lado, as doações só são realmente estratégicas se forem concretizadas na
senda de objectivos simultaneamente sociais e económicos. Para isso é necessário que a
empresa opte por fazer doações em contexto competitivo, considerando que detém
activos e competências únicos que podem servir ambos os interesses. De facto, não se
espera que todas as despesas da empresa produzam benefícios sociais nem se espera,
tampouco, que o incremento de todos os benefícios sociais seja susceptível de aumentar
a competitividade.
Apostar na filantropia só tem interesse quando as despesas correspondentes
produzem ganhos sociais e económicos, considerando sempre os interesses dos
respectivos stakeholders.
6 É interessante observar, a este propósito da filantropia estratégica, a informação que a Delta Cafés, em
Portugal, destina aos visitantes do respectivo site: A Delta Cafés ambiciona fomentar a capacitação dos
trabalhadores locais, incentivar práticas ambientalmente responsáveis, nomeadamente, a conservação
dos solos, a gestão sustentada da plantação, a poupança de água e o recurso às energias renováveis, de
modo a não condicionar o futuro das gerações vindouras. Para tal, tem desenvolvido várias acções junto
das comunidades produtoras - http://www.delta-cafes.pt/#/pt/sustentabilidade/cadeia-de-valor/origens
É no contexto competitivo que a estratégia empresarial se realiza, considerando-
se, nesta lógica, um conjunto variáveis contextuais que influenciam a capacidade
competitiva das empresas:
Trabalhadores dotados e motivados
Infra-estruturas locais eficientes, incluindo estradas e telecomunicações;
Dimensão e sofisticação do mercado local;
Regulamentos governamentais adequados ao contexto empresarial,
5. Abordagem Ética
Sem prejuízo de uma perspective organizacional e sociológica que devolva o
indivíduo ao centro da análise, é indispensável que nos coloquemos as seguintes
questões: (1) Que princípios éticos as empresas devem seguir? (2) O que é correcto que
façam para o bem da sociedade?
Tal como as restantes teorias, também as teorias éticas encerram abordagens
diferentes que passaremos a discutir pela seguinte ordem: teoria normativa dos
stakeholders, direitos universais, desenvolvimento sustentável e, finalmente, o bem
comum.
No âmbito da teoria normativa dos stakeholders, parte-se do princípio que todas as
partes interessadas na dinâmica empresarial sustentam interesses legítimos aos quais a
empresa deve dar resposta na medida do possível, mesmo que essa resposta não
implique ou não concorra para melhorar a dimensão económica da organização e não
favoreça, por conseguinte, os respectivos proprietários ou accionistas (Evan &
Freeman, 1993).
Para esse efeito, é necessário que se observem alguns princípios a estabelecer na
forma como o topo estratégico se relaciona com os stakeholders, designadamente nos
domínios da justiça, cooperação, benefício mútuo e sacrifício (Philips, 1997).
Considerando a segunda abordagem das teorias éticas designada por Direitos
Universais, a Declaração Universal dos Direitos do Homem adoptada pelas Nações
Unidas em 1948, bem como outras declarações internacionais nos domínios dos
recursos humanos, direitos laborais e protecção ambiental, devem constituir-se como
guias a seguir pela empresa que pretende ser socialmente responsável. A norma SA
8000 (Responsabilidade Social) é o resultado mais visível e exemplar desta abordagem
e surgiu em 1997 por intermédio da Social Accountability International (SAI), em
colaboração com outras organizações internacionais.
Esta norma baseia-se em 12 convenções da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Convenção das Nações
Unidas dos Direitos das Crianças. A correspondente certificação remete para o
cumprimento da legislação laboral em vigor, através do cumprimento de requisitos a
observar em vários domínios.
O princípio do desenvolvimento sustentável neste domínio das teorias éticas,
reflecte a preocupação com a escassez de recursos que remete para a ideia de que as
gerações actuais devem procurar satisfazer as respectivas necessidades sem
comprometer os recursos das gerações futuras (World Commission on Environment and
Development, 1987).
Embora se observe alguma ambiguidade na definição deste conceito (Fergus &
Rowney, 2005), parece evidente que a satisfação das gerações actuais é,
fundamentalmente, da responsabilidade dos diferentes agentes económicos que operam,
actualmente, nas múltiplas áreas de negócio em desenvolvimento.
O relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como "Relatório
Brundtland", já referido neste trabalho, veio sublinhar a necessidade de um novo tipo de
desenvolvimento capaz de manter o progresso a nível mundial e a longo prazo. Este
novo conceito de desenvolvimento destina-se aos países em desenvolvimento e aos
desenvolvidos.
Foi nos termos do World Business Council Sustainable Development, (WHCSD,
2000:2) que o conceito de desenvolvimento sustentável passou a integrar considerações
sociais, ambientais e culturais (Rego, 2007: 169,170).
Nesta perspectiva, a pobreza está, por um lado, na origem dos problemas
ambientais mas também potencia, por outro lado, esses mesmos problemas. Assim,
critica-se o modelo de desenvolvimento adoptado pelos países desenvolvidos, não só
por ser insustentável, dado que tende a esgotar rapidamente os recursos naturais, mas,
também, por não estar ao alcance dos países em desenvolvimento.
A perspectiva de que as gerações actuais devem procurar satisfazer as respectivas
necessidades sem comprometer os recursos das gerações futuras passa a introduzir,
desta forma, duas noções: (1) a noção de necessidade que encerra os conceitos de
equidade e de carências fundamentais no universo da pobreza e a (2) noção de limitação
associada aos condicionalismos que o desenvolvimento tecnológico e a dinâmica social
impõem ao meio ambiente.
Considerando esta segunda noção, as necessidades humanas são determinadas
social e culturalmente (Fergus & Rowney, 2005), pelo que é necessária a promoção de
novos valores para que o consumo humano não ultrapasse os limites de regeneração que
a natureza suporta em termos ecológicos.
Resumindo, o desenvolvimento sustentável exige equilíbrio entre o crescimento
económico, as estruturas sociais e a qualidade ambiental. No entanto, permanece a
polémica em torno da responsabilidade que cabe aos diferentes intervenientes neste
processo. Com efeito existe alguma controvérsia que opõe o sector público ao sector
privado, quanto à assunção da responsabilidade social indispensável ao
desenvolvimento sustentável. (Rego, 2007: 170)..
Não obstante a ideia de Responsabilidade Social Empresarial, associada ao
conceito de Desenvolvimento Sustentável, há quem defenda a perspectiva de que a
responsabilidade pelos desequilíbrios gerados pelo mercado é dos governos, a quem
compete a correcção dos desvios que comprometem o equilíbrio ambiental, social e
económico (The Economist, 2005:15).
6. O Bem Comum
Neste modelo de análise em que nos propomos valorizar a dinâmica individual,
devemos sublinhar que o Bem Comum persiste como conceito indissociável. De facto, a
empresa empenhada em assumir-se como socialmente responsável deve reconhecer-se,
de modo inequívoco como membro da sociedade em que está inserida, investindo, não
só nos objectivos que conduzem ao lucro mas também no bem comum e na melhoria da
componente social, (Kok et al. 2001: 287).
Com efeito, a ideia consiste na criação de riqueza de modo justo e eficiente, no
respeito pelos direitos e dignidade dos cidadãos em prol de quem as empresas devem
promover o bem-estar e garantir, em última análise, a harmonia social, (Argandoña,
1997). Podemos observar alguma analogia entre esta perspectiva e a as abordagens
propostas no âmbito da teoria normativa dos stakeholders e do Desenvolvimento
Sustentável.
Mas, segundo Arménio Rego, esta abordagem do Bem Comum tem a vantagem de
não enveredar pelo relativismo moral/cultural característico da abordagem dos
stakeholders e do desenvolvimento sustentável, não obstante algumas similitudes que
ligam estas diferentes linhas de pensamento.(Rego, 2007: 174).
Por outro lado, integra também a perspectiva japonesa Kyosei (Goodpaster, 1999)
que consiste, justamente, em actuar estrategicamente, vivendo e trabalhando em
conjunto com vista ao bem comum. Trata-se de uma perspectiva que esteve na origem
de The Caux Roundtable Principles for Business e que foi adoptada por um grupo de
líderes, constituído por executivos dos EUA, do Japão e da Europa, preocupados com as
ameaças que já se faziam sentir no anos 80 à paz e à estabilidade do mundo em geral .
(Rego, 2007: 174).
Este grupo reuniu-se pela primeira vez em 1986 na Suíça, em Caux, e desenvolveu
um conjunto de iniciativas cujos esforços culminaram em 1994 com a promulgação dos
princípios de Caux (“Comportamento empresarial para um mundo melhor”) .(Rego,
2007: 175).7
Os princípios de Caux, (Caux Round Table, 2009) integram sete conceitos centrais
que consistem, muito resumidamente, na (1) responsabilidade e no (2) impacto
económico e social das empresas, na (3) transparência, no (4) respeito pelas regras, no
(5) apoio ao Comércio Multilateral, no (6) respeito pelo meio ambiente e na (7)
condenação de operações Ilícitas.
Tal como se referiu na introdução a esta abordagem do bem comum, uma das
perspectivas em que se baseiam os sete princípios de Caux, consiste na lógica Kyosei
que em japonês significa “espírito de cooperação” e que, resumidamente, sugere a
necessidade das empresas se assumirem em prol do bem comum.
A outra perspectiva basilar remete para o conceito de dignidade humana. De
acordo com este conceito, o ser humano não é simplesmente um meio para que alguns
atinjam determinados fins nem sequer, considerando os direitos humanos básicos, por
preceito maioritário. A pessoa humana deve ser respeitada e dignificada, quaisquer que
sejam os objectivos empresariais e a dimensão das organizações em causa.
Quanto ao conceito Kyosei, é de referir que foi introduzido pela primeira vez no
mundo empresarial em 1987, pelo então presidente da Canon, Ryuzaburo Kaku, que
identificou três grandes questões que impunham a necessidade de adoptar uma nova
atitude empresarial.(Rego, 2007: 176).
Em primeiro lugar, o grande desequilíbrio nas relações comerciais entre países –
oposição de enormes deficits comerciais dos países mais pobres ao superavit dos mais
ricos. Em segundo lugar o grande desnível de rendimentos entre os países mais ricos e
os mais pobres o que explica as migrações ilegais, as guerras civis e étnicas, os fluxos
de refugiados políticos e económicos; sendo que todos estes cenários têm como pano de
fundo a pobreza extrema.
Finalmente, o consumo excessivo e alarmante de recursos naturais que
comprometerá os recursos disponíveis de forma dramática, num futuro muito próximo,
7 Há cinco ideias centrais em que se baseiam os sete princípios que constituem este documento; (1) o
facto dos negócios serem progressivamente mais globais devido à mobilidade do emprego, do capital, dos
produtos e da tecnologia, (2) a falta de regulação que discipline a lei e as forças de mercado, (3) a
necessidade de responsabilizar as políticas e acções das empresas, (4) a necessidade de partilhar valores e
prosperidade e, finalmente, (5) o facto das empresas encerrarem em si mesmas um potencial de mudança
social positiva.
sendo altamente provável que, a este ritmo, as próximas gerações herdem o planeta em
estado de “ruína ambiental”. (Kaku, 1997).
Partindo deste princípio, Ryuzaburo Kaku defende cinco ideias centrais; (1) As
grandes multinacionais e transnacionais têm poder para resolver parte substantiva dos
problemas relacionados com a pobreza e com o ambiente; (2) Se não o fizerem não têm
futuro; (3) O conceito-chave para o desenvolvimento destas acções de melhoria consiste
na prática Kyosei; (4) O Kyosei significa “espírito de cooperação” com vista ao bem
comum e implica a promoção de harmonia entre a empresa, as partes interessadas, os
governos e o ambiente. (5) Se a prática Kyosei for adoptada por um conjunto alargado
de empresas, o potencial de resolução dos problemas identificados nos domínios social,
político e económico é enorme.
Face a estes pressupostos, e embora este conceito possa ser considerado
impraticável em termos ideais, a verdade é que, a Canon procurou percorrer os cinco
estádios propostos por Ryazaburo Kaku para incorporar a dinâmica Kyosei, (Rego,
2007: 178)
7. Nota conclusiva
ABSTRACT
This article aims to develop an analysis of the working conditions of people with
special needs and the consequent adaptation and adjustment of organizational processes, due
to the implementation of the Lei de Cotas. For the theoretical background will be discussed
topics related to disability and the labor market, as well as social inclusion in the context of
the Social Responsibility. It can be inferred that companies should not only promote spaces
1 Henry Julio Kupty – Mestre – Faculdade de Informática e Administração Paulista – Av. Lins de Vasconcelos, 1222
São Paulo – SP – henry@fiap.com.br
2) Marta Hiromi Mendes – Especialista – Faculdade de Informática e Administração Paulista – Av. Lins de
Vasconcelos, 1222 São Paulo – SP – martahiromi@gmail.com.br
2
for the people with special needs only because of the law, but also generate social inclusion
within the organizational environment, improving the working environment, minimizing
prejudice and fostering a sense of social responsibility to this public.
In addition, this study causes the reflection if companies adopt legal measures, in other
words, the Law enforcement, just as a way to avoid legal punishment through fines, or if
managers can be sensitive to social causes to accept and cooperate for a more equitable world,
and social inclusion is practiced only in companies where managers and decision makers of
companies experiencing similar situations in their family context or if indeed sensitize
themselves to social causes.
Objetivos
Este estudo procura identificar soluções para que as empresas consigam adequar
seus processos organizacionais de forma ética, tranquila e satisfatória a fim de receber
os portadores de necessidades especiais. Analisar o ambiente empresarial como um todo
e propor modelos de adaptação às empresas que necessitam adequar seu ambiente para
receber os portadores de necessidades especiais; verificar o processo de contratação dos
PNE, a fim de buscar melhorias; e a consequência do alcance dos objetivos citados
acima é a promoção da Inclusão Social e a percepção natural de Responsabilidade
Empresarial.
5
Justificativa e Contribuições
“Não se trata apenas de integrar essas pessoas à sociedade, requer-se da sociedade uma adaptação para
incluir minorias, entre elas, as pessoas com deficiência.”
Romeu Kazumi Sassaki, 2003.
Para integrar a lei é preciso de um Laudo Médico. Esse laudo pode ser emitido
pelo médico da empresa a qual o PNE pertencer, ou por outro médico que possua os
exames comprobatórios em mãos. Outro meio de conseguir a comprovação é por meio
do laudo emitido pelo INSS, que certifica a reabilitação profissional. O médico
responsável pelo laudo deve atestar que a pessoa se enquadre em algumas das condições
supracitadas para integrar a cota, como definida pela Convenção nº. 159 da OIT, Parte I,
art.1; Decreto nº. 5.296/04. O Laudo deve especificar a espécie, o grau ou nível da
deficiência e para ter validade deve ser autorizada a sua utilização na empresa por parte
do empregado, o que torna sua condição pública.
O MTE tem fiscalizado as empresas para verificar se o cumprimento da lei está
sendo aplicado corretamente. As empresas que não cumprirem as determinações legais
estão sujeitas a multas que variam de R$ 1.254,89 a R$ 125.487,95. A penalidade está
prevista no artigo 133 da citada Lei 8.213/91. O Decreto 3.258/99 também definiu em
5% a reserva legal de cargos e empregos públicos. De acordo com dados da Secretaria
de Inspeção do Trabalho em 2004, quatro estados obtiveram resultado zero em relação à
inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Em 2006 apenas um
estado não obteve resultado positivo. Em 2007 todos os estados alcançaram resultados
positivos. E finalmente, de 2005 até hoje 61,9 mil pessoas com deficiência foram
incluídas no mercado de trabalho sob a ação fiscal do MTE.
Após anos de luta por igualdade, esse conceito tem sido discutido e incorporado
em diversos segmentos e sua utilização correta ainda é passível de discussões. No
decorrer deste artigo será utilizada a sigla PNE, mais atualizada, para indicar os
Portadores de Necessidades Especiais. Poderão aparecer siglas como PPD (pessoa
7
Ainda segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas) e de acordo com a Lei
n° 2.542/75:
“termo pessoa portadora de deficiências, identifica aquele indivíduo que,
devido a seus “déficits” físicos ou mentais, não está em pleno gozo da
capacidade de satisfazer, por si mesmo, de forma total ou parcial, suas
necessidades vitais sociais, como faria um ser humano normal”.
2 O último Censo realizado com os dados referentes aos portadores de necessidades especiais foi no ano
de 2000, que mostrava um total de 24,6 milhões de brasileiros com alguma deficiência – 14,5% da
população. O Censo 2010 obteve esses dados por amostragem.
8
se declararam deficientes no Censo de 2010, 38,4 milhões estavam nas zonas urbanas,
enquanto 7,1 milhões estavam nas zonas rurais (IBGE, 20103).
No Brasil a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência define por meio do Decreto Federal nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999,
regulamentando a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989.
“toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de
atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; sendo
permanente aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de
tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se
altere, apesar de novos tratamentos; e é considerada incapacidade - uma
redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com
necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para
que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir
informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função
ou atividade a ser exercida”.
4 Declaração de Salamanca: elaborada em 1994 defende os princípios, políticas e práticas na área das
necessidades educativas especiais. Em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
5 Convenção dos Direitos das Crianças: elaborada em 1988 com a finalidade de consagrar o princípio do
reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos
inalienáveis, de igualdade e liberdade, proclamados na Carta das Nações Unidas (1945). Em:
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/direitos/tratado11.htm
Tipos de deficiência
A reserva de cotas para deficiente está presente na maioria dos países. Na França
as empresas com mais de 20 empregados reservam 6% de suas vagas e nos EUA e
Reino Unido o judiciário pode fixar cotas quando a empresa não tem mão de obra
disponível (DEFICIENTE EFICIENTE, [200..]).
7 Os dados são disponibilizados pelo Observatório do Mercado de Trabalho Nacional, que é um órgão de
assessoramento do MTE (Ministério do trabalho e Emprego).
11
Inclusão Social
"Ratificar a inclusão das pessoas com deficiência numa sociedade com menos pobreza e com mais
igualdade na diversidade, onde os instrumentos de coesão sejam também ferramentas para a conquista
da cidadania, da autonomia e da inserção social”.
Naziberto Lopes e Lilian Treff, 2008.
Nossa cultura ainda nos mostra uma história muito recente com relação à
Inclusão Social. Pessoas ainda criticam a igualdade de direitos e não é sempre que se
encontram pessoas e empresas dispostas a cooperar com aqueles considerados fora dos
padrões de normalidade estabelecidos por um grupo considerado como maioria.
Entretanto, quando essas pessoas são aceitas, essas diferenças raramente se destacam ou
as impedem de realizar alguma tarefa (dentro de cada possibilidade), e podem
acrescentar muito nos valores morais, éticos e de respeito ao próximo, como todos
recebendo os mesmos direitos e oportunidades. (Adaptado de: BARROS, Jussara.
BRASILESCOLA, 2012.).
Em 1981 a ONU decretou “O Ano Internacional das Pessoas Portadoras de
Deficiência (AIPPD)”. Nessa época percebeu-se que os PNE mereciam os mesmos
direitos que qualquer pessoa. Começam a ser vistas as necessidades de adaptação,
criando-se rampas para promover a “liberdade” de locomoção. O mundo foi se
adaptando para dar as pessoas PNE oportunidades (BRASILESCOLA, 2002).
Conforme pesquisas realizadas em diversas empresas do ramo como o Portal da
Empresa, Instituto do Emprego e Formação Profissional, ONGs e Associações e
principalmente no MTE, que disponibiliza uma cartilha para sanar as dúvidas com
relação à contratação de profissionais PNE.
A ASSIDEF (1998), em contrapartida do que muitas pessoas pensam em relação
a um profissional portador de necessidades especiais, defende que este pode ser alocado
em diversos setores de uma empresa.
Experiências comprovam que em alguns casos, o profissional PNE é capaz de
produzir mais do que um profissional sem deficiência. Isso ocorre pela necessidade que
eles têm de superação, tornando-os assíduos, pontuais e fazendo-os vestir a camisa.
Anualmente ocorre em São Paulo uma feira de tecnologia voltada ao público
portador de necessidades especiais. Nessa feira, chamada REATECH, vários expositores
demonstram as novidades no mercado em relação a produtos e serviços que atendem
12
Mercado
8 Convenção 159 da OIT em 1983: contém artigos referentes à necessidade de assegurar a igualdade de
oportunidade e tratamento a todas as categorias de pessoas deficientes no que se refere a emprego e
integração na comunidade. Em: www.vereadoramaragabrilli.com.br/files/leis/convencao_oit.pdf
14
Conclusão
existente no mundo corporativo atual e as dificuldades citadas acima fazem com que a
maioria das vagas disponíveis seja para os cargos mais baixos e com menores salários.
Outro fator importante a ser ressaltado é que as empresas precisam observar se as
pessoas contratadas estão exercendo atividades compatíveis com sua qualificação e que
a deficiência não as impeça de realizar suas funções.
Como foi constatado, hoje já existem no mercado soluções de adaptação na
infraestrutura e tecnologia suficiente para que a empresa possa modernizar suas
instalações, tendo assim maior custo benefício. Foram identificados como oportunidade
no mercado para empresas que desejam atuar na área de consultoria nesse segmento,
alguns fatores como: a falta de preparo das empresas no recebimento e adequação às
novas situações, e também a falta de preparo dos candidatos, a falta de qualificação e a
inexistência de cursos de aperfeiçoamento, a escassez de vagas para PNE e os custos
que as empresas têm para realizar tais adaptações.
O desafio está em adequar a Responsabilidade Social aos princípios que regem a
organização, sem deixar de cumprir a Lei e realizando a Inclusão Social daqueles que
também estão à procura de oportunidades. Também, para superar as dificuldades e
desenvolver o sentido de inclusão é necessário o envolvimento da sociedade, pois
existem barreiras a serem quebradas, tanto nas empresas como entre os próprios
portadores de necessidades especiais e seus familiares. É necessário que haja uma
sociedade justa e uma educação de qualidade na qual as pessoas, independente de suas
limitações ou diferenças, possam ter as mesmas oportunidades de estudo, educação e
trabalho.
Referências
CLEMENTE, A. C.; SILVA, A. C. Agir pela inclusão: ação social pelo acesso de
pessoas com deficiência ao mercado de trabalho. Osasco, Ed. do Autor, 2006.
DEFICIENTEONLINE: Mais de 40% das empresas não cumprem lei de cota para
deficientes em SP. 2010. Disponível em: http://www.deficienteonline.com.br/mais-de-
40-das-empresas-nao-cumprem-lei-de-cota-para-deficientes-em-sp_news_153.html
Acesso em: 08/08/2010.
GIL, Marta. O que as empresas podem fazer pela Inclusão das Pessoas com
deficiência. São Paulo: Instituto Ethos, 2002.
VIRADA PAULISTA: Lei criada para inclusão de pessoas com deficiência completa
18 anos. E daí? 2009. Disponível em:
<http://www.viradapaulista.com.br/facul/2009/12/11/lei-criada-para-inclusao-de-
pessoas-com-deficiencia-completa-18-anos-e-dai/> Acesso em: 03/03/2010.
O Tráfico Internacional de Animais Silvestres Brasileiros: uma análise
dos prejuízos ambientais e sociais desta atividade
Resumo. O presente artigo trata do tráfico internacional de animais silvestres e suas respectivas
rotas e prejuízos. Analisa a legislação vigente ao direito da fauna e o proceder dos órgãos
responsáveis pela fiscalização, controle das fronteiras e proteção da fauna brasileira. Por meio
deste estudo pretende-se revelar esta atividade, uma vez que existem pouco estudos publicados
pertinentes ao assunto, afim de criar uma consciência social das questões éticas, morais,
sustentáveis e ambientais envolvidas.
Palavras-chaves: tráfico internacional de animais, rotas e prejuízos ambientais.
Abstract. This article deals with international traffic of wild animals and their respective routes
and losses. It analyzes the current legislation related to fauna rights and the procedures of the
organizations responsible for surveillance, control of the border and protection of the Brazilian
fauna. This article aims at showing such an activity, whereas there are just a few published
studies related to this subject, to create social awareness of ethical, moral, sustainable and
environmental issues involved.
Keys-words: international traffic, routes and environmental damage.
1 Introdução
Este artigo tem como objetivo evidenciar o tráfico internacional de animais silvestres
brasileiros bem como seus respectivos prejuízos ambientais a fim de fornecer essas
informações para conhecimento e conscientização da sociedade. Esta pesquisa foi
elaborada com base em levantamento bibliográfico, pesquisa exploratória de abordagem
qualitativa, com o uso de questionário com perguntas fechadas ao órgão competente
pela proteção da fauna brasileira e entrevistas com perguntas abertas, roteiro baseado no
questionário anterior, com IBAMA.
1
comercializados são destinado ao mercado doméstico e 40% ao mercado internacional
( DUARTE, 2010) , tendo como principais destinos a Europa, Ásia e a América do Norte. Em
sua maioria, é utilizado o transporte terrestre, mas também podendo acontecer por meio de
transporte aéreo para cruzar as fronteiras brasileiras. Sendo que, de cada dez animais traficados
apenas um sobrevive.
Existem leis que dispõem sobre a proteção à fauna e prevê as punições para esta
atividade. No entanto, as penas aplicadas não são rigorosas, atingindo, no máximo, dois anos de
prisão ao traficante.
Esta atividade resulta em prejuízos ambientais que abrangem desde a crueldade aos
animais (na captura e manejo), biodiversidade, perda com patentes (biopirataria), bem como os
prejuízos financeiros.
2
voltadas para o tráfico de animais silvestres e as chamadas “mulas” que fazem o
transporte de drogas, agora estão migrando para esta área, pois o lucro obtido é o
mesmo e os riscos apresentados são menores ( FOLHA DE SÃO PAULO, 2005).
Além do lucro obtido pelo tráfico, outro fator que contribui com o crescimento
desta atividade, é a facilidade com que estas operações ilegais ocorrem, muitas vezes
por falha na fiscalização, falta de punição rigorosa ou até mesmo por traficantes que
estão infiltrados nos próprios órgãos públicos com a intenção de aliciar as autoridades
responsáveis. Os traficantes utilizam de subornos, fraudes, falsificam documentos e a
prática de sonegação fiscal, todos estes fatores contribuem com a dificuldade que as
autoridades tem em administrar e punir tais redes criminosas (IBAMA, 2012)
Outros fatores que contribuem com o tráfico, são os avanços nos meios de
transporte que permitem com que áreas antes inacessíveis, agora sejam alcançadas
rapidamente e também a facilidade de comunicação promovida pela tecnologia, através
de celulares e via internet, os traficantes podem realizar cotação, compras, vendas e
obter informações referentes as rotas mais seguras, bem como saber quais são os
animais mais procurados (RENCTAS, 2001).
De acordo com Calheiros (2011) um plano estratégico poderia reforçar o
trabalho do reduzido quadro de fiscais e policiais que são especializados nesta área de
combate ao tráfico que se intensifica cada vez mais e esta afirmação é ratificada pelo
próprio presidente da ONG SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha ( ECO
REPORTAGENS, 2011), quando diz que “falta inteligência policial na repressão ao
tráfico de animais”, pois ele alega que a fiscalização e a polícia, poderiam levar em
conta as épocas e locais onde a captura dos animais ocorre com maior intensidade e
frequência, para que desta maneira realizem plantões nestas aéreas evitando assim, a
chegada dos traficantes até as conhecidas “feiras do rolo” onde os animais são
comercializados. Segundo o 1º Relatório da RENCTAS (2001), a existência das feiras
livres ou “feira do rolo”, é outro fator que encoraja os traficantes a continuarem a
praticar o comércio ilegal, pois elas permanecem mesmo que as autoridades tenham
conhecimento de sua existência, desta maneira, sem intervenção, os traficantes gozam
de impunidade.
3 Legislação Aplicável
3
LEI Nº 5.197/67 que em seu Art. 1º estabelece que os animais que vivem na natureza ,
quaisquer que seja a sua espécie , pertence ao Estado, e proibe a caça, distribuição e
apanha destas espécies, devido aos maus tratos e prejuízos ambientais causados
(ROCHA, 1995). Posteriormente alguns artigos desta Lei sofreram alteração pela LEI
Nº 7.653, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1988.
As espécies que produzem substâncias químicas, que podem ser utilizadas para o
desenvolvimento de remédios, fazem parte desta atividade ilícita, pois há grande
interesse por parte de pesquisadores em buscar novos animais para remover substâncias
valiozas, que podem valer até US$ 5 mil, como é o caso da surucucu-pico-de-jaca viva,
sendo que o valor de uma grama da substância deste animal extraída, vale por volta de
US$ 3,200 mil ( MAGALHÃES, 2002; RENCTAS, 2001).
Os produtos retirados dos animais: como peles, dentes, couros, penas, entre
outros, são utilizados na produção de sapatos, bolsas, joias, artesanatos para turistas
4
(RENCTAS, 2001).
5 Prejuízos Ambientais
Outro prejuízo que é causado por esta atividade é o econômico, pois ele
movimenta uma quantia ilícita em dinheiro muito alta, o que não gera tributos para os
governos arrecadarem, ocasinando prejuízos para os cofres públicos. A fauna também é
importante para o turismo ecológico do país, devido a sua biodiversidade que é
responsável por atrair turistas do mundo inteiro, o que gera receita para o Estado
(RENCTAS, 2001).
Uma vez que um produto é utilizado numa pesquisa e sofre uma pequena
alteração genética, é considerado uma inovação. Assim, faz com que a biodiversidade
brasileira aumente a cobiça, principalmente, de pesquisadores de países desenvolvidos,
alimentando o tráfico de animais, por meio da biopirataria onde retiram do país
substâncias ricas e as patenteiam. (NASCIMENTO, 2010).
5
Outro prejuízo que a atividade pode causar são as doenças. Em muitos casos, as
pessoas que compram ilegalmente estes animais, não sabem sobre a sua saúde ou até
mesmo sobre as doenças que a espécie pode transmitir. Isto pode ocasionar problemas
sanitários graves ao país. Como por exemplo, os primatas que podem transmitir raiva,
febre amarela, hepatite A, toxoplasmose; os quelônios: salmonelose e doença
enterobacteriana e os psitácideos : toxoplasmose e psitacose. São conhecidas mais de
180 doenças que são transmitidas dos animais aos seres humanos , muitas delas podem
causar o óbito se não forem tradadas da maneira devida (RENCTAS, 2001).
O Brasil não é o único país responsável por abastecer este mercado, esta é uma
realidade comum à países subdesenvolvidos. Segundo RENCTAS ( 2001 apud Henley e
Fuller, 1994) são responsáveis por abastecer este mercado países como: Peru,
Argentina, Guiana, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Colômbia, África do Sul, Zaire,
Tanzânia, Kenya, Senegal, Camarões, Madagascar, Índia, Vietnã, Malásia, Indonésia,
China e Rússia os quais são responsáveis por abastecer países desenvolvidos, tais
como: EUA, Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Suíça, Grécia, Bulgária,
Arábia Saudita e Japão (RENCTAS, 2001).
6
nesta região que os animais serão vendidos em feiras livres ou exportados para os países
consumidores, podendo esses países serem ou não signatários da Convenção sobre o
Comércio Internacional da Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção
– CITES.
Embora os números de morte dos animais sejam absurdamente alto tal prática é
compensada pelo lucro obtido e falta de aplicabilidade da lei e penalizações resultantes
da mesma, desta forma, evidencia-se o desrespeito claro a vida e dignidade dos animais
assegurados pela Declaração Universal do Direitos dos Animais de 1978 (da qual o
Brasil é país signatário) e que dispõe sobre os princípios a serem estabelecidos em
relação ao direitos dos animais, a vida e o proceder dos homens e, visa criar parâmetros
jurídicos para os países membros da Organização das Nações Unidas. O escoamento
dos animais acontece quase que em totalidade através do modal rodoviário (carros e
caminhões), correspondendo a cerca de 90% , 5% aéreo e 5% embarcações
( RENCTAS, 2001) .
Esta prática está estruturada em uma cadeia social que corresponde a três etapas:
fornecimento primário, intermediário e consumidores. O fornecimento primário consiste
na captura do animal na natureza nas regiões de maior incidência por parte de
populações carente e de baixa renda, como por exemplo, populações ribeirinhas e índios
(que são impulsionados pela falta de opções econômicas, desconhecimento da
esgotabilidade destes recursos faunísticos bem como o desejo de lucro rápido). Já o
fornecimento intermediário consiste na venda dos animais por parte de traficante
intermediário para a população local que tenha interesse em adquirir um destes animais,
além do transporte e movimentação em território nacional para a venda dos animais
7
nos grandes centros comerciais da região Sudeste, bem como negociação e
fornecimento para os grandes traficantes que serão responsáveis por abastecer o
mercado internacional (RENCTAS, 2001). Por fim, os consumidores, que poderão ser
classificados como domésticos ou internacionais, estes por sua vez localizados nos mais
diferentes países.
8
8 Conclusão
REFERÊNCIAS
9
BRASIL. Lei n° 7.653, de 12 de fevereiro de 1988. “ Altera a redação dos arts. 18, 27,
33 e 34 da Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna, e
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10
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0605200514.htm (consultado em 07/07/
2013),
11
Responsabilidade Social Corporativa e Responsabilidade Socioambiental:
um estudo de caso da COEPAD.
RESUMO
Neste trabalho relata-se o processo de criação e funcionamento da Cooperativa Social de Pais, Amigos
e Portadores de Deficiência (COEPAD), com sede na cidade de Florianópolis em Santa Catarina.
Trata-se de uma organização originada pela iniciativa de um grupo de pais, ao se deparar com a
necessidade de dar continuidade à educação e formação de seus filhos com deficiência intelectual. Ao
processo de criação e funcionamento da entidade, atribuem-se características inerentes às práticas de
responsabilidade social corporativa, responsabilidade socioambiental e inclusão social. À luz da
literatura, a fundamentação teórica destes conceitos foi elucidada. A análise desses conceitos versus a
caracterização do processo de criação e funcionamento da Cooperativa remete a conclusões a cerca,
especialmente, da responsabilidade social como prática diária nas ações de sustentabilidade ambiental,
por meio do trabalho da reciclagem de papel para a confecção de seus produtos, e na inclusão de
pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho. As ações práticas desenvolvidas pela
COEPAD demonstram o quão importante é a iniciativa e a atitude de cidadãos frente aos desafios que
se apresentam, sem aguardar ou reclamar por ações do governo, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável da sociedade brasileira. Os dados de referência para a realização deste estudo foram
coletados por meio da entrevista semi-estruturada e da pesquisa documental. O método utilizado foi o
estudo de caso, de caráter qualitativo e orientação descritiva. Como resultado deste trabalho verificou-
se que as atividades desenvolvidas pela Cooperativa contribuem de forma direta para a consolidação
da responsabilidade socioambiental, através do seu papel estratégico e construtivo para a sociedade
brasileira.
Palavras-chave: Responsabilidade Social Corporativa. Responsabilidade Socioambiental. Inclusão
Social.
ABSTRACT
In this work reports the process of the creation and operation of Cooperativa Social de Pais, Amigos e
Portadores de Deficiências (COEPAD) established in Florianópolis/ SC. It treats about an
organization, originated by a group of parents, It started when they realized about the need of giving a
1
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Administração Universitária (PPGAU)/ Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Especialista em Gestão de Pessoas nas Organizações/UFSC. Graduada em Engenharia
Sanitária Ambiental/UFSC. E-mail: centroanandi@gmail.com.
2
Mestranda em Mestrado Profissional Administração Universitária – PPGAU/Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC, Especialista em Gestão de Projetos Financeiros – MBA – CESUSC. Publicação no XXII
ENBRA/ VIII Congresso Mundial de Administração. E-mail: rosanejacques@gmail.com
3
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Administração Universitária (PPGAU) da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Controle da Gestão Pública Municipal (UFSC). Graduada em
Administração pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Publicação no XXII ENBRA/ VIII Congresso
Mundial de Administração. E-mail: susany.perardt@ufsc.br
1
continue education and formation of their children with intellectual disabilities. The process of
establishing and operating the entity, attribute to the inherent characteristics of the practices of
corporate social responsibility, environmental responsibility and social inclusion. In light of the
literature, the theoretical foundation of these concepts has been elucidated. The analysis of these
concepts versus the characterization of the process of creation and functioning of the Cooperative
refers to conclusions about, especially the social responsibility as daily practice in environmental
sustainability actions, through the work of recycling paper for making their products, and inclusion of
people with intellectual disabilities in the labor market. Practical actions undertaken by COEPAD
demonstrate how important is the attitude of citizens initiative and the challenges that present
themselves, without waiting or claim by government actions, contributing to the sustainable
development of Brazilian society. The reference data for this study were collected through semi-
structured interviews and documentary research. The method used was the case study, qualitative and
descriptive orientation. As a result of this work it was found that the activities of the Cooperative
directly contribute to the consolidation of environmental responsibility through its strategic role and
constructive for Brazilian society.
Keywords: Corporate Social Responsibility. Environmental Responsibility. Social Inclusion.
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4
Nesse contexto de mudanças de comportamento, com o objetivo de se implementar
uma nova visão de mundo para um desenvolvimento sustentável, o meio ambiente e outros
temas que o cercam em sido alvo de discussão (GIESTA, 2012). Para a autora,
5
liberdade solitária, ou seja, o estar em grupo é fundamental para o desenvolvimento de
qualidades e potencialidades.
Dessa forma, ao se construir um novo olhar para o desenvolvimento sustentável deve-
se considerar propriamente o desenvolvimento do ser humano. Neste sentido é mister o pensar
e a prática de formas de inclusão de indivíduos à margem da sociedade.
A inclusão social de acordo com Amaral Jr. e Burity (2006) é uma questão de abertura
e de gestão. A abertura entende-se como a sensibilidade para identificar e coletar
manifestações de insatisfação e dissenso sociais para distinguir a diversidade social e cultural.
Pela gestão percebe-se como crença no caráter quantificável, operacionalizável, de tais
demandas e indagações administráveis através de técnicas gerenciais e da alocação de
recursos em projetos e programas (políticas públicas).
A construção da inclusão social implica diversas formas, de um lado tornou-se parte
do que se propôs alcançar por meio de reformas políticas e econômicas ou com oposição a
tais reformas. De outro lado, os aspectos culturais e identitários tornam-se emblemáticos da
multi-dimensionalidade da dinâmica social, que deriva da importância e da crise dos padrões
tradicionais da ação estatal, ação coletiva anti-status quo, de classificação das relações
sociais, de regulação da economia e de análise sócio-política desses diversos processos
(AMARAL JR.; BURITY, 2006).
Segundo Amaral Jr. e Burity (2006) no caso do Brasil a preleção da inclusão social
quer ser uma expressão de mudança de paradigma – na direção do reconhecimento da
pluralidade das diferenças como elemento das circunstâncias de eliminação vigentes e das
soluções para elas – mas aspira a inscrever tal alteração na conjuntura da generosidade da
cultura brasileira com o outro indivíduo, fazendo acreditar que o problema é essencialmente
econômico e seu enfrentamento será apenas facilitado pelo recrutamento político da cultura.
No contexto da inclusão social cabe salientar as disposições sociais oriundas do
terceiro setor que vem crescendo no Brasil. Esses organismos em sua concepção organizam e
representam a sociedade e substituem o Estado em diversas funções, ao desempenhar
inúmeras atividades, oferecem amplitude à participação social e capacitam os indivíduos para
estarem inclusos como agentes ativos desse processo (DELLA GIUSTINA, 2008).
6
Na medida em que as organizações do terceiro setor não estiverem permeadas pela
lógica instrumental e baseadas em modelos gerenciais, parece possível trabalhar a partir de
outro olhar e com um novo modo de pensar, no qual estas organizações são concebidas e
orientadas na perspectiva social. Outro modelo de organização que também pode atuar nesse
sentido são as cooperativas, que nos remete a apologia da inclusão social em casos como o da
COEPAD.
Segundo Benato (1994, p. 21) “o cooperativismo é uma economia que se baseia na
cooperação e que opera como um sistema reformista da sociedade que quer obter o justo
preço através do trabalho a da ajuda mútua”. É definido pela Lei 5.764/1971, Política
Nacional do Cooperativismo. É uma sociedade de pessoas, com formato e natureza jurídica
própria, e de direito privado. Como tal, devem obedecer a procedimentos legais, normas e
legislação específica (BENATO, 1994).
Cabe ressaltar que entre os ramos que compõem o cooperativismo, destaca-se o ramo
especial fundamentado por meio da Lei 9.867/99. Tal ramo é constituído de cooperativas
formadas por indivíduos menos favorecidos na sociedade, contribuindo para sua inserção no
mercado de trabalho, geração de renda e a conquista da sua cidadania (OCB, 2013).
Dessa forma, o cooperativismo funciona como um instrumento de inclusão social e de
busca de melhorias na vida das pessoas, além de ter a capacidade impar de integrá-las ao
mercado de trabalho e à própria sociedade, operado através de processo de deliberação
coletiva.
3 METODOLOGIA
7
Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica, documental e estudo de caso.
Bibliográfica, uma vez que a fundamentação teórica e metodológica foram delineadas e
exemplificadas com base na literatura existente, e documental porque foram consultados
documentos institucionais e internos à Cooperativa estudada, como por exemplo o Estatuto
Social, site, documentos, entre outros. Caracterizou-se também como um estudo de caso, pois
se concentrou no exame profundo de uma unidade de pesquisa, no caso específico, a
COEPAD.
Os dados obtidos para atingir o objetivo desta pesquisa foram classificados em
primários e secundários. Os dados secundários são aqueles que já foram coletados, ordenados
e tabulados e, neste caso foram obtidos em documentos institucionais e internos da própria
Cooperativa. Os dados primários são aqueles coletados com o propósito de atender as
necessidades desta pesquisa, e segundo Mattar (1999, p. 188), o método da comunicação
“consiste no questionamento verbal ou escrito, dos respondentes, para obtenção dos dados
desejados”. Assim, o instrumento utilizado para viabilizar a coleta dos dados primários foi à
entrevista semi-estruturada, de caráter não disfarçado e com questões abertas, aplicada junto
aos responsáveis pela gestão e produção de materiais em março de 2013, além da observação
em campo das pesquisadoras na visita à organização durante o expediente de trabalho da
cooperativa.
A análise dos dados primários e secundários levantados na pesquisa serviu de base
para a compreensão deste estudo e para o alcance do objetivo geral proposto pelo artigo. Para
Richardson (1999, p. 79), a abordagem qualitativa é uma “[...] forma adequada para entender
a natureza de um fenômeno social”. Assim quanto à abordagem, esta pesquisa é qualitativa,
na medida em que os dados coletados foram interpretados e compreendidos pelas
pesquisadoras.
4 RESULTADOS DA PESQUISA
8
esta lei, a COEPAD também rege-se pela lei n° 5.764/71 que dispõe sobre a criação e
funcionamento das cooperativas sociais (COEPAD, 2012b).
A ideia de criação da Cooperativa surgiu no final do ano de 1998 com o término de
um projeto do Colégio Coração de Jesus (CCJ) que abrigava um grupo de jovens com
deficiência nas salas de educação especial. Ao se deparar com esta situação, um grupo de pais
e amigos de portadores de deficiência intelectual reuniu-se com o intuito de buscar soluções
para proporcionar ocupação aos jovens que frequentavam aquelas salas. Após algumas
reuniões na qual foram discutidas algumas alternativas, decidiu-se então pela cooperativa
devido à facilidade de se iniciar um trabalho com poucos recursos e mantido pelos pais
(COEPAD, 2012c).
As atividades se iniciaram com a instalação de duas oficinas: a de papel artesanal que
reciclava papel recebido em doação da comunidade, e a de fralda descartável, sendo esta
última desativada devido ao seu alto custo (COEPAD, 2012c). Na sequência, devido ao
crescimento, passou a utilizar o papel artesanal para confecção de outros produtos como
blocos, caixas, cartões, envelopes, entre outros produtos (COEPAD, 2012a). Além da oficina
de papel artesanal foram criadas outras oficinas: a da cartonagem, de acabamento gráfico, de
serigrafia e a de corte e costura (COEPAD, 2012c).
Atualmente, a COEPAD possui 43 cooperados (não incluindo pais, amigos e
voluntários), está sediada em um novo espaço, localizado no bairro Estreito em
Florianópolis/SC e possui uma nova identidade visual. O trabalho da Cooperativa continua no
“atendimento a novos cooperados e familiares, no aumento de sua produção e na conquista de
sua sustentabilidade como organização”. (COEPAD, 2012a).
O alvo principal da COEPAD são as pessoas com deficiência intelectual, sendo que
os seus cooperados são classificados em três grupos de associados (COEPAD, 2012c).Para ser
um cooperado da categoria de deficientes, é necessário que a pessoa tenha uma deficiência
intelectual, tenha mais de 18 anos, ou seja, a idade mínima para pertencer à entidade, quanto à
idade máxima não se trata de um critério exigido. O candidato a ser um cooperado
primeiramente é entrevistado junto com seus pais pelos profissionais da COEPAD, mediante
o aceite do mesmo, este deve passar por um período de adaptação, em torno de três meses,
onde é avaliado as reais condições de executar as tarefas solicitadas. Também e por parte da
família desse deficiente, a indicação de uma pessoa para trabalhar como voluntária. O tempo
de permanência no quadro de cooperados não é limitado, isto é designado pela adequação e
motivação dos mesmos.
9
O objetivo maior da COEPAD consiste no direito de ser e estar feliz, aprender,
trabalhar e fazer parte da sociedade. É um espaço para proporcionar capacitação e trabalho às
pessoas com deficiência intelectual, resgatando a sua autoestima, o exercício da cidadania e a
conscientização da sustentabilidade. (COEPAD, 2012c).
A COEPAD é uma entidade social que não visa o lucro. Os recursos provenientes da
venda dos seus produtos são revertidos para a manutenção da Cooperativa, aquisição de
matérias-primas e para o pagamento de um salário simbólico aos cooperados pertencentes à
primeira categoria, ou seja, os deficientes intelectuais. Cabe destacar que esta entidade recebe
anualmente encomendas de aproximadamente trinta empresas em sua maioria catarinense,
entre elas: Attitude Promo Eventos, Badesc, Bela Calha, Colégio Catarinense, Escola do
Legislativo, Fecomércio, Floripamanha, Guga Kuerten Participações, Hippo Supermercados,
ICOM – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis, IGK – Instituto Guga Kuerten,
Natubrás, OCESC – Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina,
Grupo ORCALI, PROSUL – Projetos, Supervisão e Planejamento Ltda., entre outras.
De acordo com os entrevistados, a COEPAD utiliza resíduos sólidos em duas frentes
de trabalho. A primeira é definida como a linha de produção do papel artesanal (Oficina do
Papel Artesanal), recebe papel A4, listas telefônicas, revistas, rolinhos de papel higiênico e de
papel-toalha da comunidade em geral e de empresas como, por exemplo, Prosul, Previsc,
Instituto Guga Kuerten. A reciclagem de papel é realizada na Cooperativa é um processo
contínuo na medida em que a Oficina de Papel Artesanal produz o papel diariamente, são
produzidos em média 100 folhas de papel reciclado por dia.
Os resíduos são selecionados na Oficina de Papel Artesanal (são retirados clips,
grampos, plásticos, entre outros) e levados para o depósito. O processo de reciclagem nesta
Oficina inclui a trituração do material, a obtenção da massa, a tintura, até chegar à tela e à
secagem do papel reciclado artesanalmente. Após esse processo o material é enviado a
Oficina de Cartonagem que produz produtos como blocos, cadernos, agendas, porta-
rascunhos, cardápios, pastas de eventos, embalagens, etc.
Quanto segunda a linha é a de produção de sacolas ecológicas (Oficina de Corte e
Costura), recebe retalhos e lonas de propaganda, doados pela Dudalina, Imobiliária Brognolli
e Busch & Cia., dentre outros, e também os tecidos e demais assessórios são comprados pela
10
COEPAD com os recursos oriundos das vendas de seus produtos. Nessa oficina são
produzidas sacolas, bolsas e embalagens ecológicas por meio de materiais: tecido não tecido
(TNT) ou em lona de algodão, desenvolvem produtos personalizados e sob encomenda. A
personalização desses produtos é finalizada na Oficina de Serigrafia.
Convém enfatizar que os resíduos sólidos são doados à Cooperativa pelas famílias e
amigos dos cooperados, por algumas empresas, por pessoas que tomam conhecimento da
COEPAD e procuram contribuir e pela comunidade em geral. O recebimento deste material é
praticamente de modo diário. A instituição ainda não possui condições físicas e humanas para
a coleta dos resíduos sólidos, então, eles são levados diretamente pelas pessoas.
Mediante a explanação do modo de produção da COEPAD, relata-se que tal
Cooperativa possui um portfólio diverso de produtos, além dos já citados, também
confecciona canudos de formatura para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
instituição que apóia e divulga o trabalho da COEPAD, haja vista, o principal ponto de venda
é uma loja no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Além disso, os produtos da COEPAD
podem ser adquiridos na sua própria sede, em feiras e exposições, o qual a Cooperativa
participa, como por exemplo, a Feira da Esperança, evento anual em Florianópolis.
De acordo com a entrevista, as práticas de sustentabilidade são inerentes no processo
de reciclagem de papel, principal ação da COEPAD, pois tem influenciado, de acordo com os
entrevistados, outras efetivas ações para a preservação de recursos naturais. As ações de
conscientização e educação realizadas pela diretoria aos cooperados no uso racional de água e
energia elétrica são diárias e, além disso, conforme relatou os entrevistados, estas ações
influenciam na adoção de novos hábitos no ambiente familiar dos cooperados e
consequentemente é disseminado para outras pessoas. Cabe destacar que a conscientização
sobre práticas de reciclagem levam a minimização da poluição do meio ambiente e a
diminuição da quantidade de lixo que é encaminhada aos aterros sanitários, ocasionando a
prática da sustentabilidade. Inserido nesse compromisso de conscientização do meio
ambiente, têm-se o resultado de ações que visam à conservação ambiental, como é o caso da
confecção do papel-semente. Durante a fabricação do papel são colocadas sementes, como
por exemplo, de rúcula, salsa, cravo e da flor boca-de-leão. O papel-semente é inserido em
artigos de papelaria e o adquirente do produto pode destacar esta folha e plantar as sementes.
A reciclagem do papel tem chamado atenção, não apenas pela racionalização desse
recurso, mas pela criatividade e otimização dos produtos que são ofertados a uma crescente
clientela que preza pela qualidade, e reconhece o trabalho social realizado.
11
Em sua forma de operacionalizar o fluxo de atividades produtivas e comercialização
de seus produtos, a COEPAD demonstra a real possibilidade de manter o foco em indicadores
qualitativos e quantitativos, sustentando, portanto, não somente o aspecto estratégico, mas
acima de tudo o aspecto social e ambiental de modo sustentável.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
12
leva a mudanças de comportamento e valores, e a instrumental, corrobora para
sustentabilidade de recursos naturais.
De forma mais ampla, é disseminada a conscientização e a transformação de hábitos,
como a separação de resíduos, a racionalização da água e de energia elétrica nas residências
de familiares dos integrantes da cooperativa, e no próprio ambiente interno de trabalho. A
partir de comportamentos diferenciados a sensibilização pode ocorrer em rede, beneficiando
amplamente a sociedade.
A COEPAD é um exemplo vivo da união de pessoas “diferentes” para o alcance de
um objetivo em comum, que sozinhas certamente não alcançariam. Práticas como esta
evidenciam a importância da participação efetiva dos diversos atores sociais e apresentam
como resultado a emancipação do deficiente intelectual, integrando-o à sociedade.
Como conclusão final, constata-se que a iniciativa do grupo de pais, ao implementar a
COEPAD se apresenta como uma prática da consolidação dos conceitos de responsabilidade
social, sustentabilidade e inclusão social. Demonstra o desenrolar de um processo criativo de
busca de soluções inerente ao potencial humano.
REFERÊNCIAS
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diferença: perspectivas pós-estruturalistas de análise social. São Paulo: Annablume.
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612d8d622c0397.pdf (Consultado em 04/042013)
15
Responsabilidade Social E Sustentabilidade Empresarial Para O
Desenvolvimento Regional – O Caso Da Edia, S.A.
RESUMO
1. Introdução
O processo de globalização que tem vindo a exigir por parte das organizações
elevados níveis de competitividade, em muito tem potenciado a implementação de
actividades que nem sempre são compatíveis com as necessidades das comunidades
locais e regionais e com o próprio ambiente, assistindo-se por vezes à secundarização de
1
Mestre Maria Luísa Silva (mlfcsilva@gmail.com) e Prof.ª Doutora Fátima Jorge (mfj@uevora.pt) –
Universidade de Évora; Artigo escrito tendo como base a Dissertação intitulada “Do Desenvolvimento
Sustentável à Sustentabilidade Empresarial: Um estudo regional multi-casos” para obtenção do grau de
Mestre em Gestão – Recursos Humanos, da autoria de Maria Luísa F. de C. e Silva, em Fevereiro de
2012.
interesses sociais e ambientais em prol de interesses exclusivamente económicos.
Quando isto acontece é porque algo não está contemplado, isto é, há pelo menos um
princípio que não é verdadeiramente considerado.
Numa altura em que a pobreza e a exclusão social teimam em persistir, embora
as empresas se sintam incapazes de resolver por si só tais problemas, têm, no entanto,
mais consciência de que o seu empenho pode revelar-se muito positivo no quadro de
influências que também podem exercer, se falarmos na criação de emprego, e da
elevação do nível de bem-estar, satisfação social e conhecimento, pela educação e
formação. Parece, pois, óbvio, que uma empresa assuma o compromisso do
desenvolvimento sustentável, numa abordagem que considere todas as partes
interessadas, desviando-se, assim, do objectivo único da obtenção do lucro.
Com o intuito de analisar práticas de responsabilidade social em organizações
do Alentejo, ao verificar de que forma é que estas podem constituir ferramentas de
desenvolvimento sustentável, impõe-se também a sua abordagem, ainda que muito
breve, à luz da estratégia Alentejo 2015, já que se acredita ser essencial uma atitude de
cooperação interinstitucional entre Estado, empresas e organizações da sociedade civil,
para uma efectiva promoção da responsabilidade social empresarial.
4. Metodologia
A metodologia utilizada para a elaboração da dissertação que deu lugar a este
artigo assentou na pesquisa bibliográfica como ponto de partida, pretendendo-se
identificar os principais autores sobre o tema em análise. Depois veio a pesquisa
descritiva, assumindo-se uma abordagem exploratória, a que se seguiu o estudo de casos
múltiplos, privilegiando-se a natureza qualitativa dos dados referentes às quatro
organizações empresariais seleccionadas.
Para obtenção de dados referentes àquelas entidades procurou-se aplicar um
questionário e complementar os dados assim conseguidos com a realização de uma
entrevista semi-estruturada. Refira-se ainda que foi utilizado o modelo conceptual
desenhado para o estudo Responsabilidade Social nas PME – Casos em Portugal
(Santos et al., 2006).
Como fonte de dados privilegiada teve-se o próprio campo de análise, o mesmo
é dizer, a própria empresa. Inicialmente procurou-se aplicar um questionário com um
conjunto de questões maioritariamente fechadas, dicotómicas, de opção múltipla ou com
resposta através de uma escala. As respostas de cada indivíduo foram analisadas com
vista a análises posteriores mais aprofundadas. Para complementar os dados obtidos
através do questionário, previu-se a realização de uma entrevista semi-estruturada com
questões abertas ao dirigente indicado pela empresa.
Para além do questionário e da entrevista semi-estruturada, a documentação
sobre a empresa, recolhida antes da entrevista, bem como aquela que foi fornecida
aquando da visita para a realização da mesma, possibilitou uma análise mais rigorosa
das informações das empresas, viabilizando, com maior rigor, trabalhar para os
objectivos do trabalho.
Utilizou-se o modelo conceptual desenhado pelos autores do estudo
Responsabilidade Social nas PME – Casos em Portugal (Santos et al., 2006). “A
necessidade de se compreender os factores que influenciam as práticas de
responsabilidade social em PME esteve na origem deste modelo (Quadro 2)” (Santos et
al., 2006, p. 57), que entendemos poder alargar o seu âmbito de aplicação a outro tipo
de organizações, como a que aqui é estudada.
6. Discussão de resultados
As actividades de responsabilidade social da EDIA são descritas pela
própria empresa como regulares, mas não ligadas à sua estratégia de negócios.
Esta empresa apresenta preocupações ao nível das três dimensões:
económica, social e ambiental, reconhecendo-as muito importantes em matéria de
sustentabilidade empresarial ou de desenvolvimento sustentável. Para a EDIA a
“articulação da comunidade onde a empresa se insere” é a área da
responsabilidade social considerada mais importante. Como pode observar-se, as
2
Fonte: Adaptado de http://www.edia.pt/portal/page?_pageid=53,1&_dad=portal&_schema=PORTAL.
práticas de responsabilidade social desta organização vai muito além do seu
carácter interno. Numa boa parte das vezes vai ao encontro da comunidade, com quem
se articula, mas também de clientes, fornecedores, parceiros comerciais e produtos e
serviços e da enorme valorização do ambiente, excedendo o cumprimento da legislação.
A EDIA desenvolve ações em todas as áreas da Responsabilidade Social, sendo em
grande número as práticas relacionadas com a dimensão social externa e com a
ambiental.
Atendendo à tipologia de estratégia de responsabilidade social apresentada
na metodologia, constata-se a não aplicação do modelo no seu estado puro. Na
EDIA prevalece uma estratégia de reacção em termos de responsabilidade social,
excepto ao nível da estratégia de negócio (inovação), motivações (criação de valor)
e benefícios (organizacionais) em que se verifica uma estratégia voluntária. A
estratégia de reacção da EDIA caracteriza-se pelos obstáculos temporais, a informação
nos tipos de apoio, a periodicidade das práticas (regulares, não integradas na estratégia)
e pela preponderância da relação com os stakeholders trabalhadores e fornecedores.
7. Considerações finais
Poder-se-á afirmar que, de acordo com o modelo utilizado, predomina a
estratégia de responsabilidade social de reação na EDIA. Pela dinâmica da sua
actividade, a organização empresarial analisada é criadora de riqueza e emprego.
Abordar as suas práticas de responsabilidade social, à luz da estratégia de
desenvolvimento regional – Alentejo 2015, consistiu em compreender o seu
enquadramento nos eixos estratégicos de intervenção desenhados para este período
temporal. Identificamos práticas de responsabilidade social que vão ao encontro das
ideias estruturantes enquadradas no Eixo 1 - Desenvolvimento empresarial, criação de
riqueza e emprego e Eixo 3 - Melhoria global da qualidade urbana, rural e ambiental.
Será então compreensível como as práticas de sustentabilidade empresarial desta
organização, vai ao encontro da visão estratégica desenhada para o Alentejo,
concorrendo para o desenvolvimento sustentável de uma região.
Conclui-se que a sustentabilidade empresarial é um desafio para esta unidade
empresarial, uma vez que esta depende da sua competitividade, da relação com o meio
ambiente, bem como de acções, ao nível interno e externo, enquadráveis socialmente. A
sustentabilidade empresarial é também entendida e operada como um compromisso para
o desenvolvimento sustentável.
Referências bibliográficas
Almeida, F.. 2010. Ética, Valores Humanos e Responsabilidade Social das Empresas. 1.ª
edição. Principia, Cascais.
Comissão das Comunidades Europeias. 2001. Uma Europa Sustentável para um Mundo
Melhor: Estratégia da União Europeia para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/site/en/com/2001/com2001_0264en01.pdf. Acesso em:
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Freeman, R.E. Stakeholder Teheory of the modern corporation. General Issues in Business
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Sustentável e Responsabilidade Empresarial. Celta Editora, Oeiras.
Santos, M.J.N., Santos, A. M., Pereira, E.N., Silva, J.L.A.. 2006. Responsabilidade Social nas
PME – Casos em Portugal. RH Editora, Lisboa.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar algumas organizações sociais focadas
na redução do desperdício de alimentos e na transformação dos resíduos orgânicos e secos.
Gerando economia para os cofres públicos, aumento da renda familiar para as pessoas que
trabalham com este reaproveitamento, combate à fome e geração de empregos em vários
setores da economia, o que desperta a sociedade para uma transformação socioambiental em
rede onde a iniciativa privada ligada as ONG’s e órgãos governamentais podem usar uma
estratégia brilhante de união de forças e integração dos três setores para juntos alcançarem os
melhores resultados para o país. Porém para uma integração perfeita entre os setores existem
vários obstáculos, como a falta de informação da população, falta interesse público em vários
municípios, poucas empresas tem tecnologia para utilização de matéria prima retornável e
ainda o desafio da erradicação da incineração dos resíduos que além de poluir a atmosfera
destroem milhares de toneladas de resíduos que poderiam ser reaproveitados. Assim o desafio
é mobilizar o maior número de pessoas possível para fortalecer os movimentos já existentes e
criar novos movimentos socioambientais publico-privados reduzindo assim a pobreza e
melhorando a qualidade de vida das pessoas no planeta.
11Letícia Vilela de Aquino, Administradora com Habilitação em Marketing, Mediadora do PEI – Programa de
Enriquecimento Instrumental, Palestrante e Consultora de Empresas. Leticiaaquino10@yahoo.com.br
1 Introdução
Este texto aborda a integração dos setores para transformar o lixo numa solução
socioambiental, onde o recolhimento e reaproveitamento de resíduos feitos de uma forma
mais inteligente podem gerar maiores resultados para toda economia, além de resolver muitos
problemas ambientais que preocupam toda população.
2 Desenvolvimento
Quando falamos de sustentabilidade envolvemos uma infinidade de temas que podem ser
vistos como uma forma de solidariedade com as pessoas ou apenas como uma ferramenta de
Marketing, para conquistar mais e mais clientes.
Mas ainda existem várias organizações que pensam apenas nos seus próprios interesses,
ignorando o fato de que com um mínimo de esforço poderiam trazer melhor qualidade de vida
para a população de hoje e para a que ainda está por vir.
Campanhas no mundo todo têm despertado a atenção da população para os problemas que o
lixo acarreta para toda cadeia socioambiental e cada vez mais os municípios vêm encontrando
dificuldades para conseguir locais onde possam instalar aterros sanitários, que por sua vez
também não é a solução ideal para os resíduos, pois, como é sabido, o lixo que vai para os
aterros sanitários é depositado na terra em camadas (uma camada de lixo, uma de terra) até
completar o aterramento e no fundo deste aterro é feita uma selação com manta de PVC e
argila impermeabilizando o solo e impedindo que o chorume entre em contato com o lençol
freático, evitando, assim, que polua milhões de litros de água. Apesar de reduzir de forma
significativa os impactos ambientais, não resolve o problema de forma sistêmica, visto que os
resíduos ficam depositados no solo, sem serventia alguma para a sociedade, com alto custo de
manutenção, enquanto a indústria continua utilizando matéria prima virgem para produzir os
mesmos produtos que poderiam ser fabricados com a reutilização de materiais oriundos o
lixo.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a maior parte do lixo produzido no país tem
destinos inadequados, conforme se verifica na figura 2. Ou seja, além dos resíduos não serem
reciclados ainda atraem insetos como o mosquito transmissor da dengue, possibilita a
formação de criadouros de animais peçonhentos, o chorume polui o lençol freático e mais
uma série de consequências nocivas à comunidade local e ao meio ambiente.
Figura 2
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um ser humano no Brasil é
capaz de produzir em média cinco quilos de lixo semanalmente e em cidades acima de 200mil
habitantes os números são ainda mais assustadores chegando a 1,5 quilos diariamente e em
todo território produzir-se em média de 240 mil toneladas de lixo por dia das quais 76% são
descartadas sem nenhum controle e 60% destes resíduos é representado por lixo orgânico, a
quantidade de lixo orgânico produzida é muito elevada devido ao grande desperdício de
alimentos que acontece no Brasil.
Muitos alimentos são desperdiçados em restaurantes, onde as porções são servidas com
quantidade superior a necessária para alimentação. Residências de pessoas com maior poder
aquisitivo dificilmente reaproveitam alimentos ou cozinham apenas o necessário para
alimentação da família. Mercados municipais descartam uma quantidade significativa de
alimentos diariamente. Transporte inadequado de alimentos causa avarias nas cargas.
Supermercados que não promovem ações para venda rápida de produtos perecíveis. Com
essas e outras formas de desperdícios soma-se um terço dos alimentos do país que é jogado no
lixo, e, em contra partida, 870 milhões de pessoas passam fome no mundo.
Na figura 3 podemos observar o desperdício de alimentos e a mistura de resíduos orgânicos
com resíduo seco.
Figura 3
Mas diante de um cenário onde já existem pessoas se mobilizando para resolver as questões
socioambientais, por que não unir um número ainda maior de pessoas para outras iniciativas
onde a própria população tenha oportunidade de assumir uma maior responsabilidade pelo
planeta através de causas justas?
Porém, a maioria da população ainda não foi treinada para separar e tratar corretamente o lixo,
como, por exemplo, fazer a tríplice lavagem antes do descarte, e as pessoas que têm este
conhecimento não o praticam porque sabem que será um trabalho inútil, visto que não há a
coleta seletiva em todos os lugares.
Nas escolas, muito se fala sobre coleta seletiva e os alunos são orientados a separarem o lixo
em suas residências e são passados conceitos como os de reduzir, reutilizar e reciclar,
desenvolvendo assim a consciência nas crianças e jovens. Algumas regiões brasileiras já
praticam conscientemente a reciclagem.
Estima-se que de cada 1000 brasileiros um é catador de lixo 30% desses gostariam de
continuar a cadeia produtiva da reciclagem, mesmo se tivessem alternativa de trabalho.
O trabalho dos catadores reduz em parte o impacto socioambiental, haja vista este meio
paliativo permite que milhares de pessoas tirem seu sustento dos recicláveis, as companhias
de limpeza urbana deixam de pagar pela coleta e ainda reduz a utilização de matéria prima
virgem.
Se olhar todo movimento de catadores no Brasil, depara-se com várias categorias, sendo:
Trecheiros: aqueles que andam de uma cidade à outra, catando lata para comprar comida e
suprir outras necessidades básicas.
Catadores organizados: São grupos onde todos são donos do empreendimento, legalizados
ou em fase de legalização como cooperativas e associações, ONGs, ou OSCPs.
Dentre os catadores organizados existem vários subgrupo dentre os quais podem descartar:
E mesmo com este serviço prestado à sociedade, muitos catadores são tratados como se
fossem consequência do lixo, não como uma solução, o que atrapalha e muito a otimização e
o desenvolvimento tecnológico do setor.
No Brasil existem muitas pessoas que estão interessadas em promover uma destinação
adequada, mas esses encontram muitas dificuldades para a realização do trabalho, tais como a
exposição do corpo à doenças transmitidas por animais peçonhentos que são atraídos pela
decomposição do lixo, mau cheiro, descarte irregulares do lixo hospitalar, resíduos perfuro -
cortantes, resíduos químicos com alta periculosidade dentre outros riscos a integridade física
dos catadores.
Analisando-se com cuidado a maioria dos problemas, observa-se que são consequências da
não separação do lixo orgânico com o lixo seco que além de trazer riscos à saúde dos
trabalhadores, aumentam o custo para o processamento e limpeza do lixo, tornando, na
maioria das vezes, mais viável a utilização de matéria- prima virgem.
Como exemplo de lixo orgânico pode-se citar: restos de alimentos, vegetais, frutas, carnes,
ossos, sementes, que durante o processo de decomposição, é uma fonte poderosa de gás
metano e também atrai animais peçonhentos, favorece o aparecimento de fungos e bactérias, o
chorume (liquido escuro produzido principalmente por carnes em processo de putrefação)
contamina as águas, produz mau cheiro e, quando misturado ao lixo seco, atrapalha o
aproveitamento dos materiais e o trabalho dos catadores.
Uma alternativa para a utilização dos resíduos orgânicos que se faz presente no mundo todo,
porem em baixa escala, é a compostagem. Essa técnica além de tecnologicamente viável,
ainda pode ajudar outros projetos sociais com a utilização do adubo orgânico. Entre 2007 e
2010 mais de meio milhão de toneladas de resíduos orgânicos industriais foram enviados para
usinas de compostagem, onde os processos biológicos aeróbicos naturais em condições
controladas são utilizados para transforma-lo em fertilizante, conforme ilustrado na figura 4.
Figura 4.
Fonte da figura: http://marcosbadra.com/2012/04/03/um-modelo-de-compostagem-
para-uma-industria-sustentavel/ Acesso 10/04/2013
Figura 5:
Atualmente muitas residências já fazem a compostagem caseira e utilizam o adubo orgânico
para nutrição de plantas e jardins, o que evita que a matéria orgânica seja misturada ao lixo
seco, gerando ainda economia domestica por não haver a necessidade da compra de
fertilizantes químicos e dos próprios alimentos. Na figura 5 podemos observar um tomateiro
plantado no quintal de uma residência do qual utilizou o processo de compostagem para a
posterior adubação orgânica da planta, o que resultou em uma planta saudável e bem nutrida,
sem uma gota de defensivos e fertilizantes químicos.
Figura 6
Figura 6 Tomateiro orgânico, foto tirada 04/2013 por Aquino, Letícia Vilela de
Como já vimos, o lixo orgânico só tem serventia para a sociedade se for separado
corretamente, tendo destinos distintos, o lixo seco vai para o tratamento em recicladores e o
lixo orgânico para usinas de compostagem. Observe na Figura 6 a simplicidade do processo
de separação domiciliar ou industrial dos resíduos.
Figura 7
3 Considerações finais
São bilhões de reais perdidos diariamente em forma de lixo seco e orgânico, bilhões gastos
com a coleta do lixo e milhões de catadores passando dificuldades para sobreviver com o que
a sociedade descarta, muita falta de organização, muitos projetos sem visão sistêmica são
aprovados, gerando investimentos altíssimos, para resolver um problema que poderia ser visto
como parte da solução ambiental que se busca mundialmente.
Sendo assim é hora da sociedade olhar de forma mais sistêmica para o lixo, integrando um
pouco mais o 1º, 2º e 3º setores e trazendo soluções em rede para o lixo. Com esse olhar
poderíamos evitar se que o governo investisse anualmente na pseudo-gestão do lixo, ajudaria
as cooperativas que têm muita mão de obra disposta a trabalhar com o lixo, empresas privadas
que já utilizam estes resíduos como matéria prima em seus produtos, tratar os solos que se
desertificaram e a ampliação de uma agricultura orgânica que utiliza o adubo oriundo da
compostagem como nutriente para as plantas.
Essas soluções podem ser vistas facilmente quando se fala de divisão de responsabilidades,
através de uma proposta de terceirização com quem sabe o que fazer para destinar
corretamente o lixo.
Talvez a solução esteja realmente na integração dos setores exemplificada acima, onde o
governo reduziria seus gastos em milhões e parte do dinheiro gasto seria devolvido aos cofres
públicos com a utilização do biogás, as redes sociais formadas pelas pessoas através das
cooperativas, associações e ONG’s aumentariam suas rendas e melhorariam a qualidade de
vida e sua respeitabilidade social e surgiria uma infinidade de empresas privadas interessadas
no aproveitamento dos resíduos recicláveis, gerando riquezas e mais empregos a polução
crescente começaria entrar em declínio e o aproveitamento do adubo orgânico ampliaria a
agricultura orgânica e redução da pobreza.
Abstract:
This paper aims to present some social organizations focused on reducing food waste and
processing of organic waste and dry.
Generating savings to the public purse, increased family income for people who work with
this reuse, combating hunger and creating jobs in various sectors of the economy, which
awakens the society to social and environmental transformation in the private network where
the connected NGOs and government agencies can use a brilliant strategy of joining forces
and integration of the three sectors together to achieve the best results for the country.
But for a seamless integration between the sectors there are several obstacles, such as lack
of information of the population, lack public interest in various munícios, few companies have
the technology to raw material use returnable and still the challenge of eradicating waste
incineration that besides pollute the atmosphere destroy thousands of tons of waste that could
be reused. So the challenge is to mobilize as many people as possible to strengthen existing
movements and environmental movements create new public-private reducing poverty and
improving the quality of life on the planet.
Key words: Reuse of Waste. Integration of Sectors. Social and Environmental Sustainability.
Cut Hunger. Poverty Reduction. Income Generation. Quality of Life. Technology.
Transforming Waste. Government. Private Initiative. Recycling.
REFERENCIAS
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Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000.
Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb/lixo_coletado/lixo_c
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Disponível em: (2011, 11). A Importância Da Adubação Orgânica Para o Solo.
TrabalhosFeitos.com, acesso em 05/05/2013.
SACHS, Ignacy: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. In: STROH, Paula Yone
(Org.). Rio de Janeiro: Garamond, 2000. 96 p.
Avaliação da qualidade da água residuária tratada por membrana cerâmica de
microfiltração
1
Universidade Federal de Campina Grande - Unidade Acadêmica de Engenharia Química - Campus
Campina Grande - Av. Aprígio Veloso, 882; Bodocongó, Campina Grande – PB.
*julyanna_pessoa18@yahoo.com.br
RESUMO – A água é uma forma de energia essencial à vida e à manutenção dos ecossistemas.
Em decorrência da crescente preocupação com microrganismos específicos, a utilização do
processo de separação por membrana passa a ser a opção de tratamento para a produção de água
potável. A unidade de filtração compreende de um reator piloto com capacidade de 10 litros e
uma membrana de material cerâmico, monotubular com 1 canal e diâmetro de poro de 0,20μm.
Este trabalho teve por objetivo estender a tecnologia de filtração com membranas para águas de
qualidade inferior, avaliando os principais parâmetros de potabilidade da água antes e após um
tratamento de filtração com membranas cerâmicas de microfiltração recheadas por resinas
trocadoras iônicas. Foram testadas quatro pressões, de 1 a 3 bar. O sistema será avaliado em
função do fluxo de permeado, turbidez, extração de bactérias, cor (real e aparente), coliformes
totais, sólidos suspensos totais e sólidos dissolvidos totais sendo que. Os resultados alcançados
mostraram que a microfiltração tangencial, apresenta-se como uma alternativa eficaz para o
tratamento final de esgotos sanitários. A qualidade do efluente final torna possível a reutilização
desse tipo de efluente, seja no meio agrícola, seja no meio industrial.
Palavras-Chave: membrana cerâmica, tratamento de água, resina trocadora iônica
ABSTRACT - Water is a form of energy essential to life and the maintenance of ecosystems.
Due to the growing concern with specific microorganisms, the use of membrane separation
process becomes the treatment of choice for the production of drinking water. The filtration unit
comprises a pilot reactor with a capacity of 10 liters and a ceramic membrane, and monotubular
1 channel pore diameter of 0.20 micrometers. This study aimed to extend the technology
filtration membranes for water of inferior quality, evaluating the main parameters of drinking
water before and after treatment filtration with ceramic membrane microfiltration stuffed by ion
exchange resins. We tested four pressures from 1 to 3 bar. The system will be evaluated as a
function of permeate flow, turbidity, bacteria extract, color (actual and apparent), total coliform,
total suspended solids and total dissolved solids of which. The results obtained showed that the
crossflow microfiltration, presents itself as an effective alternative for the final treatment of
sewage. The quality of the final effluent makes it possible to reuse this type of wastewater, be it
in the agricultural, industrial or in the middle.
Keywords: ceramic membrane, water treatment, ion exchange resin
* Estudo da dissolução in vitro de fenóis totais a partir de grânulos do extrato de quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.) recobertos em
leito de jorro; Estudo do efeito do recobrimento de grânulos do extrato de quebra-pedra em leito de jorro sobre a eficiência da
dissolução in vitro de flavonóides; Estudo da dissolução in vitro de extratos fitoterápicos; Estudos de recobrimento em leito de jorro
e dissolução in vitro de extratos fitoterápicos; Análise estatística dos efeitos das condições de granulação do extrato fitoterápico de
quebra-pedra (Phyllanthus niruni) sobre sua resistência mecânica em leito de jorro; Estudo da granulação por via úmida do extrato
fitoterápico de quebra-pedra (phyllanthus niruni); Evaluating the quality of treated wastewater for reuse by ceramic membrane
microfiltration with tangential flow.
1 Introdução
2 Fundamentação Teórica
2.1 Água
2.6 Colmatação
O declínio no fluxo do permeado, o qual acontece devido à perda de
permeabilidade da membrana, tem sido foco de vários estudos.
O declino do fluxo do permeado é a maior limitação da microfiltração tangencial
nos sistemas de tratamento de águas residuais. Este fenômeno é atribuído à colmatação,
que é o fenômeno de deposição de solutos nos poros da membrana que causam uma
obstrução progressiva que reduz sua capacidade de filtração. Isto ocorre também na
filtração tangencial, porém, a uma menor escala do que na filtração convencional. A
intensidade da colmatação depende de diversos fatores como as características do
liquido filtrado, assim como das propriedades da membrana utilizada.
2.7 Permeabilidade
O material que atravessa a membrana pode ser medido pela sua permeabilidade.
O mecanismo de transporte é o do fluxo capilar convectivo, em que cada poro é
assimilado a um capilar e a soma de todos os escoamentos fornece o fluxo total
(DUCLERT, 1989).
A permeabilidade à água permite avaliar a porosidade superficial e da
subestrutura da membrana, fornecendo informações sobre as propriedades hidrofílicas-
hidrofóbicas, portanto, sendo fundamental para sua caracterização.
Não se encontra membranas com diâmetros de poros único, e sim, com uma
certa distribuição em torno de um diâmetro médio. O material que atravessa a
membrana é quantificado pela sua permeabilidade. O mecanismo de transporte é o do
fluxo capilar convectivo, em que cada poro é assimilado a um capilar e a soma de todos
os escoamentos fornece o fluxo total (DUCLERT, 1989). Para o caso de soluções que
apresentam diferentes tipos de macromoléculas e de massas moleculares variadas e
partículas em suspensão, devem-se levar em consideração as diversas resistências ao
fluxo do permeado. Dessa forma, tem-se:
J = P - / .(Rm+Rp+Rg+Rc) (1)
Em que:
J = fluxo do permeado (L/m2.s)
P = pressão aplicada (Pa)
= pressão osmótica (Pa)
= viscosidade da solução (Pa.s)
Rm = resistência da membrana (m-1)
Rp = resistência da zona de polarização (m-1)
Rg = resistência da camada de gel (m-1)
Rc = resistência devido à colmatação (m-1)
O fluxo do permeado, normalmente, no início da operação diminui rapidamente
até um valor determinado, ocasionado pela formação da camada crítica nas
proximidades da parede da membrana. Observa-se, ainda, mesmo com a circulação
tangencial, uma continuidade na redução do fluxo do permeado. Sua intensidade
depende das características da suspensão à filtrar, e também, das propriedades físicas
(tamanho dos poros, distribuição do tamanho dos poros, etc), e químicas (natureza) da
membrana porosa utilizada.
Diferentes hipóteses foram estabelecidas para justificar o fenômeno da
colmatação em membranas, cuja origem, de acordo com VISVANATHAN et al in
WISNIEWSKI (1996) é devido : a) acumulação de partículas sobre a membrana
formando uma camada de polarização por concentração e/ou uma camada de gel, cujas
propriedades podem evoluir ao longo da operação ; b) uma colmatagem por
bloqueamento dos poros ou adsorção de partículas na superfície externa ou no interior
dos poros da membrana, dificultando a passagem do permeado.
2.8 Vazão do Filtrado
3 Material e Método
4 Resultados e Discussão
Análises iniciais foram realizadas com água deionizada nas pressões de 1 a 3 bar
sob a temperatura de (27 ± 1) °C, sendo a densidade da água a essa temperatura, ρH2O
27ºC = 0,99654 kg/L e área do filtrante de 0,006 m2.
As bateladas foram realizadas em um intervalo de tempo de 2 horas e as coletas
realizadas a cada 5 minutos.
Na Tabela 2 encontram-se os dados de vazão e fluxo do permeado em pontos
alternados de 25 em 25 minutos para uma pressão de entrada de 1 bar.
Tabela 2. Vazão e Fluxo médios do permeado para uma pressão de entrada 1 bar.
t (minutos) Q (L/h) Fluxo (L/h.m²)
5 6,9 1194,9
30 6,2 1074,5
55 5,3 914,3
80 5,1 886,5
105 4,4 766,3
120 4,0 701,9
Média 5,4 939,5
5 Conclusões
6 Referências
GUIGUI, C., ROUCH, J.C., DURAND-BOURLIER, L., BONNELYE, V., APTEL, P.,
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LACOSTE, B. (1992). “Étude d´un procédé de traitement des eaux usées sur
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systèmes biologiques en aérobiose”. Montpellier. 227p. Thése (Doctorat). Université de
Montpellier II – France.
LAPOLLI, F. R. (1998). “Biofiltração e Microfiltração Tangencial para Tratamento de
Esgotos”. 186p. Tese de Doutorado. Escola de Engenharia de São Carlos –
Universidade de São Paulo – SP.
Resumo
Este artigo trata de um estudo sobre a vulnerabilidade familiar, buscando estabelecer o índice de
risco que as famílias estão expostas em decorrência de sua situação socioeconômica, adaptando o
modelo IVF – Índice de Vulnerabilidade Familiar - que foi utilizado por Frei (2007) no município
de Assis no Estado de São Paulo, para o bairro de mangabeira na cidade de João Pessoa. Para seu
desenvolvimento foi utilizada uma pesquisa bibliográfica sobre vulnerabilidade social e familiar,
seguido de um levantamento de dados para compor os indicadores no censo do IBGE (2010), nos
estudos feitos por Sposati (2010) - Topografia social da cidade de João Pessoa -, no Fórum do
Bairro de Mangabeira e dados originados da Secretaria de Desenvolvimento Humano de João
Pessoa. Obtendo como resultado que o bairro de mangabeira apresenta um índice baixo de
vulnerabilidade familiar (0,23), mas estar numa situação considerada crítica nas dimensões de
desenvolvimento infantil, educação e risco familiar, porque apresenta alguns indicadores com uma
percentagem acima de 25% e outros mais preocupantes acima de 50%, indicando a possibilidade de
um alto risco de desagregação familiar.
Abstract
This article deals with a study on household vulnerability, seeking to establish the risk index that families are
exposed due to their socioeconomic status, adapting the model IVF - Vulnerability Index Family - which was
used by Frei (2007) in the municipality of Assis in São Paulo, for the mangabeira neighborhood in the city of
João Pessoa. For development we used a literature search on social vulnerability and family, followed by a
survey of data for the indicators composing the IBGE census (2010), in studies by Sposati (2010) - social
topography of the city of João Pessoa - Forum Neighborhood Mangabeira and data originating from the
Department of Human Development João Pessoa. The result being that the mangabeira neighborhood has a
low rate of household vulnerability (0.23), but being in a situation deemed critical dimensions of child
development, education and family risk, because it presents some indicators with a percentage above 25%
and more concern over 50%, indicating the possibility of a high risk of breakdown family.
1 Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (1989), mestrado em Engenharia de Produção
pela Universidade Federal da Paraíba (2002), atualmente está fazendo doutorado no Programa de Pós-graduação em Recursos
Naturais na Universidade Federal de Campina Grande. Em 1995 ingressou no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da
Paraíba, onde permanece até o momento. Na área acadêmica tem lecionado e desenvolvido pesquisas em Arquitetura e urbanismo,
Engenharia de Produção e Recursos Naturais. Possui diversos artigos publicados em eventos nacionais e internacionais. E-mail:
mmsmaior@hotmail.com
* Professor Titular em Administração Geral da UFCG, Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa
Catarina (2001), Mestrado em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (1995. Professor permanente junto ao Programa
de Pós-graduação em Recursos Naturais da UFCG e professor permanente junto ao programa de pós-graduação em Engenharia de
Produção da UFPB. Líder do GEGIT (Grupo de Estudos em Gestão, Inovação e Tecnologia), cadastrado no diretório de grupos de
pesquisa do CNPq. É autor de vários artigos publicados em periódicos e apresentados em eventos. E-mail: gacandido@uol.com.br
1. INTRODUÇÃO
A exclusão social urbana estabelece uma relação de causa e efeito na estruturação das
famílias devido à instabilidade gerada pela negação dos direitos básicos que fornecem a qualidade
de vida humana, tais como: renda, educação, saúde, alimentação, água e moradia.
A estruturação familiar está associada a estes fatores porque, a negação desses direitos
muitas vezes gera em seu seio uma dinâmica de conflito que pode levar a desagregação familiar.
Assim observa-se que como todo organismo dinâmico, a família, sofre, ao longo do tempo,
influências dos fatores ambientais, socioeconômicos e culturais na qual se insere, acarretando
algumas vezes alterações no seu padrão tradicional de organização – pai, mãe e filhos –
modificando as ligações consangüíneas, cedendo lugar a novas articulações, tornando a família uma
construção mutável, permanecendo apenas aquilo, que segundo Amaral (2001), se chama
“sentimento familiar”.
Segundo Petrini (2003) A família encontra novas formas de estruturação que, de alguma
maneira, as reconstituem, sendo reconhecida como estrutura básica permanente da experiência
humana. No entanto, a articulação familiar, seja ela qual for, se caracteriza como grupo básico da
sociedade e tem como finalidade a proteção e a propagação da cultura, propiciando aportes afetivos
e materiais, necessários ao desenvolvimento e bem estar dos seus integrantes.
A família se caracteriza pela convivência entre seus membros implicando compartilhamento
do modo de vida no meio físico chamado de casa ou lar, no entanto, para a família pobre, segundo
Gomes (2005), marcada pela privação, a casa representa um espaço de instabilidade, de
esgarçamento de laços afetivos e da solidariedade, gerando conflitos que podem ter como
conseqüências sua desestruturação. A perda ou rompimento dos vínculos produz sofrimento e leva o
individuo a descrença de si mesmo, tornando-o frágil e com baixa auto-estima.
A família pobre brasileira, de um modo geral, está segregada em bairros periféricos, longe
dos centros urbanos, ou em favelas e invasões próximas a esses centros, no entanto, em ambos os
casos, sem um mínimo de condições mínimas de vida digna, pois além da falta da estrutura urbana
– escolas, trabalho, hospitais, transporte e lazer- ainda lhes faltam renda básica para sua manutenção
diária. Apesar do desenvolvimento econômico brasileiro, as desigualdades na distribuição de renda
e de direitos fundamentais ainda são gritantes, excluindo parte significativa da população ao acesso
as condições mínimas de vida, propiciando a uma vulnerabilidade familiar.
Segundo Masten & Garmezy (1985), a vulnerabilidade refere-se a uma predisposição a
apresentar resultados negativos ao desenvolvimento. Desta forma, o estudo de vulnerabilidade
familiar vem sendo desenvolvido ao longo destas duas últimas décadas para aprofundar as
consequências dos riscos para as famílias e para a sociedade.
As metodologias criadas partiram de estudos do desenvolvimento humano e social – IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano), ICV (Índice de Condições de Vida) e IDHM (Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal) – estes estudos geraram necessidades de aprimoramento,
fazendo surgir outros métodos de cunho mais significativos, concebidos não só como mecanismo de
conhecimento da vida, mas como ferramenta de transformação social, baseado nos direitos
constitucionais brasileiros. Podendo ser citados os seguintes autores: Barros et all (2003)-
desenvolveu o Índice de Desenvolvimento Familiar (IDF) -, Frei (2007) – que adaptou o Índice de
Vulnerabilidade Familiar (IVF) a partir do IDF, e Martins et all (2010) - que desenvolveu o Sistema
de Indicadores de Vulnerabilidade Familiar (SIVF).
As metodologias que estudam a vulnerabilidade familiar precisam estar atreladas a outros
tipos de vulnerabilidades que de uma forma indireta afeta a estrutura harmônica da família, tais
como: a econômica e a ambiental. Porque na contextualização familiar, a falta de percepção aos
riscos envolve uma incapacidade de se precaver aos danos. Assim a busca por indicadores devem
vir de fontes seguras e confiáveis, para que se possa construir um índice da vulnerabilidade familiar
correlacionado com essas outras dimensões.
A pesquisa de campo muitas vezes não consegue resultados satisfatórios, devido à limitação
temporal e espacial a qual está submetida, não conseguindo abarcar uma amostra populacional
representativa. Assim deve-se recorrer a dados secundários provindos de órgãos conceituados e
confiáveis.
A mensuração da vulnerabilidade familiar é de grande importância para a construção de
políticas públicas, porque trabalha com variáveis sociais que espelham a associação das condições
de vida com as doenças sociais, ocasionadas pelas inadequações de vida digna familiar. As
metodologias estão em fase de desenvolvimento e teste devido a sua recente criação, e precisam
ainda de muitas adaptações para ter um resultado representativo da vulnerabilidade familiar
brasileira, até agora os estudos desenvolvidos abarcam pontualmente alguns focos, que devem ser
expandidos para se ter um quadro mais abrangente de indicadores. Outro ponto critico, é que as
variáveis são de difícil tratamento, porque envolvem mensurações diferentes que não se encontram
padronizadas numa mesma medida, porém o estudo da vulnerabilidade familiar é de grande
importância e deve considerar as especificidades do local estudado, incluindo não só os fatores
sociais, mas outras dimensões, que para o contexto estudado, tem influência na desagregação das
famílias. Apresentar um índice de vulnerabilidade é de grande importância, porque identifica e
localiza as pessoas com maiores necessidades a fim de criar programas para incluí-las novamente na
sociedade.
Decorrendo desta visão, o bairro de mangabeira foi escolhido por apresentar alguns fatores
que o diferencia dos outros bairros pobres da cidade de João Pessoa. Este bairro apesar de ser
considerado o maior bairro do município, com proporções de cidades – tanto em população quanto
em dimensão – apresenta especificidades de bairro periférico que ainda atrapalham o
desenvolvimento das famílias – grande concentração de pobreza, violência elevada e falta de
equipamentos urbanos que atendam a totalidade da população residente. Alguns serviços urbanos
oferecidos ao bairro não considera o volume populacional que o utiliza. No entanto, sinaliza para
melhoria das condições sociais, numa perspectiva de geração de emprego, devido ao afloramento e
expansão do comércio, para atender não só a sua população, mas também as dos bairros vizinhos,
inclusive condomínios horizontais fechados voltados para a classe social média alta.
Assim este estudo busca responder quais os fatores que mais influenciam a vulnerabilidade
familiar em nível de microlocalização urbana, buscando identificar o risco de desagregação familiar
do bairro de mangabeira na cidade de João Pessoa-PB, partindo do índice de vulnerabilidade
familiar, através de indicadores da exclusão socioambientais estudados por Sposati (2010), IBGE
(2010) e Instituições públicas estabelecendo correlações entre a exclusão social e vulnerabilidade
familiar, a partir das quantificações de violência contra a mulher, gravidez de jovens, homicídios de
jovens e divórcios litigiosos.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
3. METODOLOGIA
7. Indicadores de Recursos
a. Porcentagem de Beneficiários do Programa Bolsa-Família
b. Porcentagem de Família que recebe Auxílio PETI - Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil
c. Porcentagem de Beneficiários do Benefício de Prestação Continuada
3.4 Ponderação
A ponderação do IVF se deu seguindo os estudos feitos por Frei (2007), o qual trabalhou de
forma inversa para cada grande área, desta forma, quanto menor o número de indicadores, maior foi
o peso desta mesma área. Neste estudo a ponderação segue que para todas as grandes áreas os pesos
são ponderados em relação ao total de indicadores, assim, nas áreas onde há menor número de
indicadores, maior é o peso desta mesma área .
3.5 Análise Estatística
A análise dos indicadores foi feita utilizando técnicas estatísticas descritivas utilizando o
intervalo de confiança de 95% com margem de erro de 3%.
4. RESULTADOS
[ (∑ ) ]
m n
1
V
f=
1 ∑n Bik
K k=1 k i=1
[ (∑ )]
2. Acesso ao analfabetas m
1
n
[ (∑ )]
Porcentagem de 0,055 m
1
n
[ (∑ )]
Porcentagem de crianças de 0,800 m
1
n
[ (∑ )]
5. Carência Porcentagem de domicílios 0,001 m
1
n
V df =0,024
Porcentagem de 0,156
Beneficiários do Programa
[ (∑ )]
7. Recursos Bolsa-Família m
1
n
Porcentagem de 0,085 V
f=
1 ∑3 Bik
k =1 i=1
Beneficiários do Benefício 7
de Prestação Continuada
Porcentagem de Família 0,005 V r=0,014
que recebe Auxílio PETI -
Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil
Fonte: Sposatti (2010),** Secretaria do Desenvolvimento Humano (2010) e *** Fórum Civil do
bairro de Mangabeira (2010).
O IVF para o bairro de mangabeira é de 0,23. O que pode ser considerado baixo, no entanto,
pode-se verificar que as dimensões acesso ao conhecimento e desenvolvimento infantil são as que
apresentam valores mais altos, necessitando de maior atenção nas políticas públicas. Sobre outro
prisma, mostram que existe um relaxamento da atuação do governo nessas dimensões. Ver gráfico
1.
5. CONCLUSÕES
Esta pesquisa não encerra um diagnóstico preciso da vulnerabilidade familiar do bairro de
mangabeira, porque as informações trabalhadas enfocam apenas um lado objetivo de análise.
Sugere-se que a pesquisa possa continuar para a obtenção de dados que possam abarcar o lado
subjetivo da vulnerabilidade familiar como sentimentos e comportamentos dos grupos, ou seja, o
lado individual de análise dos membros constituintes da família na situação de risco social para
avaliar a resiliência familiar
No caso do bairro de Mangabeira, pode ser observado que os grupos familiares que
apresentam risco social são aqueles que estão mais vulneráveis a desestruturação. Para
complementação e maior segurança no diagnóstico carece uma pesquisa sobre os comportamentos
repetitivos dentro da família, que muitas vezes, remete a uma situação de vulnerabilidade, como uso
da bebida por algum membro, drogas, que são dados que só podem ser conseguidos na abordagem
direta, de casa em casa, e mesmo assim são escondidos, porque sua admissão resulta em vergonha.
Numa estrutura familiar onde o risco econômico é mínimo, observa-se que os conflitos estão
mais ligados aos fatores de incompatibilidade de sentimentos entre seus membros – marido e
mulher, filhos e padrastos ou madrastas, entre irmãos, dentre outros -, esse lado psicológico deve ser
levantado para se obter um diagnóstico mais preciso considerando as relações humanas no seio
familiar, que é tão importante quanto às relações econômicas, porque traz a harmonização e a busca
por objetivos comuns dentro da estrutura familiar. Segundo Vicente (1994), o fato de a família ser
um espaço privilegiado de convivência não significa que não haja conflitos nesta esfera. No entanto,
a forma como estes conflitos são trabalhados por seus componentes é que são determinantes para a
estruturação da família.
Apesar da não abordagem da subjetividade das famílias, o modelo usado nesta pesquisa o
IVF, trouxe um diagnóstico urbano-familiar do bairro indicando os aspectos onde a atuação das
políticas públicas se faz urgente. Assim este estudo cumpre com seu objetivo, apesar da limitação
de espaço e tempo para sua execução.
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Resumo
Neste artigo os autores apresentam um estudo de caso sobre a gestão de resíduos em Palmas –
TO, uma cidade de médio porte localizada na região Norte do Brasil. Características do
município e da atual logística de gestão de resíduos foram analisados e levados em
consideração para proposição de um modelo de gestão baseado na nova politica nacional de
resíduos sólidos. Os autores enfatizam a falta de profissionais qualificados que possam operar
sistemas complexos de tratamentos, o que levou à proposição de um modelo de gestão a partir
de tecnologias baseadas na mão de obra intensiva, já que a ausência de profissionais
especializados representa uma barreira para a aplicação de tecnologias mais eficientes e
complexas. Como conclusão do trabalho, os autores apresentam um modelo de tratamento
baseado em sistemas mecânicos e biológicos com inclusão social de catadores de recicláveis,
que é compatível com a recém aprovada Politica Nacional de Resíduos Sólidos.
Abstract
This paper presents a case study of a medium sized city located in northern Brazil, Palmas,
which is representative of the current Brazilian demographic trend. Through this case study,
factors influencing the successful implementation of the new national solid waste strategy are
considered and analysed. The authors emphasise the importance of an abundant, non-skilled
labour force that led to the proposal of management model based on labour intensive waste
treatment technologies, since the lack of a highly skilled workforce represents a significant
barrier to the development of more efficient, but significantly more complex treatment
options. At a conclusion it is presented a model of MBT with social inclusion that is
compatible with the new National Solid Wastes Policy – NSWP.
2.0 CASE STUDY: Palmas as a model for medium size cities in Northern
Brazil
2.1 Geographical setting
Palmas is a planned city created in 1989 as the capital of the newest state of
the Brazilian Federation, Tocantins. The city comprises four divisions of the urban
centre and five expansions to the southern area. Because of geographic obstacles, the
city growth occurs to the southern and northern directions only. This creates a
problem to the administration of Palmas, since the extensive north-south dimension of
circa 36km makes it expensive to provide sanitation infrastructure such as waste and
water collection and treatment (Bazolli, 2007). Despite the fact that the central region
is completely urbanized it has a low population density, which for Carvalho & Braga
(2001), raises the per capita cost of infrastructure.
The population in 2007 was 178,386 with a density of 80.99 inhab/km2
distributed in urban areas (around 97.69%) and 2.31% in rural areas (IBGE, 2007;
IBGE 2000). Data from SEPLAN (Secretariat of Planning) shows that the city had the
highest growth rate among Brazilian municipalities with a growth rate of 28.7%
between 1991 and 1996 (Finco et al., 2006) and around 5.81%, between 2000/2007,
which is higher than the state population growth rate of 1.5% and the national growth
rate of 2.1%, but lower than in the previous decade (Rodrigues, 2008).
The Gross Domestic Product (GDP) per capita was US$22.10 in 2010. The
capital has low industrial development and most of its GDP arises from the
government sector of services which differs from Tocantins GDP in which industry,
agriculture and livestock have a similar share (IBGE, 2010). Since, the public services
are the main economic drivers of Palmas economy. A proposal for management of the
town services based on public-private partnerships such as recyclables collectors
associations and the municipality could introduce new sources of income and through
this diversify and strengthen the economy of Palmas.
a)
b)
c)
This proposal would most probably occur as two separate services: the dry
fraction or the recyclables would be managed by recyclables collectors associations
with the support of the public sector; and the composting or treatment of the wet
fraction would be done via the owner of the public cleaning and waste management
services. Since Palmas is organized in small geographical areas, or neighbourhoods –
squares with about 500 to 1000 households - this could facilitate the action of
recyclables collectors associations, by organizing and dividing the collection areas
among these associations and hence preventing conflicts. In Brazil, in general,
recyclables collectors associations are responsible for diverting 560 tons of residues,
the majority being paper and cardboard, followed by metals from landfills. This
amount is minimum regarding the amount of domestic and public residues: in 2007,
around 163.473 tons of residues were landfilled, comprising 67.067 tons of
construction and demolition waste, 57.971 tons of domestic and public residues,
36,960 tons of green waste and 1.475 tons of hospital waste (National Information
System of Sanitation, 2007). In Palmas, around 5.797 tons could be potentially
recycled since Naval and Gondim (2001) accounts 10% of the residues as paper as
shown above.
The proposed recyclables collection would start with the selection of the
materials separated in door-to-door or dropped-in recycling points and further
compression for storage. The co-operation of the public is highly important since in
this process the willingness of the public is necessary to correctly separate the
residues or to move and drop it in the collection points. The materials collected are
glass, metal, plastic, some electronic products and predominantly paper. The products
are then sold to companies in industrialized regions such as Goiania-GO (around
900km away) and São Paulo-SP (around 1,800km away). These long distances have a
high influence on the cost of the recyclables and consequently in their attraction as a
tradable commodity (PR-TO, 2008).
Among the main obstacles, we would point that the recycling market in
Palmas is incipient for a range of reasons such as the population habits to deal with its
own waste, transport difficulties and cost-benefit of the recyclables. Monteiro et al.
(2001) states that the support of the municipal manager for the extraction of the
residues by the associations is important because of the public information which is
essential in a recycling programme. Door-to-door collection demands a degree of
waste segregation at household level which in turn demands environmental education
campaigns such as that in which, in the US, Captain Planet, an animated television
series, introduced kids to the phrase, “Reduce, reuse and recycle”. As we said above
the private company that runs the waste collection probably would not invest in such
campaigns because they are less profitable than the current collection based on waste
weight.
For Monteiro et al. (2001), the municipality should also provide administrative
and financial support which is connected with the ability of elaborating and co-
ordinating recycling programmes by the associations. The Palmas Secretariat of the
Environment declared its intention to support a recycling programme implemented by
the associations, although it has no intention to elaborate and co-ordinate such a
programme. This would provide an additional difficulty because there are few
associations in the municipality, but it could be circumvented by cooperation with
universities and research centres.
Of all these problems, the cost benefit of the recyclable product is offset by the
cost of transportation (Parry & Bento, 2001, Knemeyer et al., 2002) of the product
that in Brazil is mostly done by road. The storage of the recyclables helps to decrease
the cost of transportation although the diversification of transport would be beneficial.
The National Transport Logistics Plan aims to increase to up to 29% the share of
waterways which is the lowest cost of transportation in Brazil. The National Plan also
includes the North-South Railway and the Tocantins-Araguaia waterway as part of the
Central-Northern Multi-modal Transport Corridor that will benefit the city of Palmas
lowering the cost of transport of goods to other Brazilian regions.
On the other hand, the NSRP brings new rules to the waste management such
as the inclusion of the private sector initiating reverse logistics, and the prioritization
of the formalized recyclables collectors association to work in the loop cycle of the
waste management chain. Through this prioritization of recyclables collectors
association and the obligation of composting by the municipality or the owner of the
service, the NSRP clearly states its preference being a mechanical and biological
treatment without energy recovery. Since, Palmas would be in advantage when
applying for financial support for the investments needed.
The dry and wet segregation at household level represents the ideal share of
responsibilities among the various stakeholders according to Gage (1998) and
Monteiro et al. (2001), since it is better for the municipal manager to support a
recyclables collection programme instead of be responsible for its actions. Currently,
the recyclables collection is performed by scavengers or recyclables associations with
or without support of the public sector. The dry residues would be collected and go to
units similar to an MRF to be processed, the whole process being the responsibility of
the recyclables associations. The wet residues would be composted by the municipal
manager or the owner of the service in an MBT plant. Although the ‘mechanical
treatment’ is expected to have some mechanical equipment, most of the segregation is
likely to be done manually.
A dry and wet collection would encourage an aerobic composting that would
provide better quality compost product to be used in the agricultural industry within
the region. The viability of a composting practice in Palmas was pointed by Silva et
al. (2012) that showed that the composting process is faster than in other regions
because of the weather which is a point in favour to the aerobic process, according to
Silva et al. (2012). The climate in the Tocantins state comprises two definite seasons:
the wet season from October to April when almost 90% of the precipitation occurs
and the dry season from May to September with rare rain and low air humidity (ANA,
2006). The annual climate regime influences the composition of the waste
management both in humidity and total carbon content. The humidity of wastes is
slightly higher in the wet season and the total carbon doubles in the dry season
according to data from Naval and Gondim (2001). Generally, the higher the humidity
the faster is the digestion of compostable materials and generation of leachate. The
carbon content indicates the digestible part of the residue and potential for composting
or biogas production. As the distribution of rain is unpredictable, and possibly it is
influenced by global warming due to greenhouse effects, the management of
composting or biogas plants would be increasingly variable during the year. The
temperature varies from 24˚C to 35.4˚C, (SEAGRO, 2005 in Marques, 2006). The
standard evaporation is around 1,100mm to 1,700mm. The high environmental
temperatures increase the velocity of biological reactions and the digestion of
compostable materials.
It is worth commenting that the NSWP is not the only driver to push the
municipal manager to supervise directly or indirectly the solid residues management.
In fact, some municipalities have directed efforts for the correct management of
wastes before the NSWP was placed, and this should be a spontaneous action of a
government that aims towards the sustainability of its city, but this is not a rule in
Brazilian administration. For example, the Resolution CONAMA 307 from 2002,
regarding the management of construction residues, establishes that all construction
and demolition activities should prepare an Integrated Management Plan of
Construction Residues monitored by the Municipal Environmental Secretariat which
is required since 2004. These activities must follow the guidance of the municipal
integrated management plan which should had been done since 2004 and does not
exist in 2013 according to the Municipal Secretariat of the Environment and the
Municipal Secretariat of Infra-Structure of Palmas. Similarly, the National Solid
Residues Policy requires the elaboration of a municipal management plan of solid
residues which raises a question on the capability of the municipal managers to
produce this document since the Municipality was not able to follow the prescription
of Resolution CONAMA 307. Now there is high expectation regarding the new
municipal, state and national plans which can be the next step for an integrated waste
management of solid residues to be implemented in most of municipalities including
Palmas. These plans, together with other actions required by the NSWP will support
the strategy proposed for Palmas that is similar to strategies already in place in other
Brazilian municipalities. Nevertheless, while many Brazilians appreciate the
environmental benefits of recycling, this is not a major driver in Brazil. Instead, the
economics is the main driver of the policies and actions of governments and
organizations (Barlaz & Loughlin, 2003).
4.0 CONCLUSIONS
For the reasons stated above, especially the lack of skilled work for complex
treatment options, the lack of funds for expensive options and the abundance of low-
skilled workers, mechanical and biological treatment is recommended in Palmas,
utilising the human resources as collectors of the dry waste – in associations to
strengthen the social gains and to reduce poverty, and providing composting
techniques for the wet residue through public-private partnerships.
The Brazilian NSRP encourages composting and recycling by recyclables
collectors association and this is consonant with the concept of mechanical and
biological treatment. It is possible, therefore, to conclude that MBT is compatible with
the new National Solid Residues Policy – NSWP. However the procedures would
have to be considerably different to those treatment technologies applied in Europe.
Changes should be made throughout the waste management chain regarding
environmental education and the introduction of social and environmental
responsibility in the production sector, among others. The market, public willingness
and costs are disadvantageous in Palmas, even though they were managed by other
municipalities with recycling schemes in Brazil and hence this cannot be used as an
excuse.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors acknowledge the assistance and suggestions offered by Dr Paula
B. Morais.
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Responsabilidade Social Empresarial: estudo de caso do processo de
reciclagem do Pão de Açúcar
Camila Leite*
Julia Affonso**
Orientador: Marcos Bernardino de Carvalho
RESUMO
Com o advento da noção de Responsabilidade Social Empresarial frente as questões ambientais,
verifica-se que diversos segmentos empresariais se apropriam do termo como forma estratégica para
se promover e elevar-se no mercado, aumentando sua competitividade e atraindo stakeholders. Dessa
forma o presente trabalho busca averiguar o real comprometimento da rede de supermercados Pão de
Açúcar com a sociedade através da investigação e avaliação da efetividade do processo de reciclagem,
assim como averiguar a política de transparência e de Responsabilidade da mesma.
INTRODUÇÃO
A gravidade das questões ambientais mostra a necessidade de estudos que vise ao
estabelecimento de verdades a respeito do tema. A problemática relacionada à produção de
lixo é unânime no mundo e a existência de uma solução prática também. Entretanto,
especificamente no Brasil, é notável a falta de uma política pública eficaz para a reciclagem
de resíduos. Ao mesmo tempo observa-se um crescente movimento de empresas privadas
autodenominadas responsáveis que se apropriam dessa abstenção do Estado alegando resolver
o problema.
Uma das empresas que atuam nesse sentido é o Grupo Pão de Açúcar (GPA),
importante rede varejista que se coloca como empresa responsável social e ambientalmente.
Tendo a gestão ambiental como um dos pilares mais divulgado e conhecido, o GPA integrou a
sustentabilidade à gestão de negócio como eixo estratégico.
Dentre suas diversas ações está a coleta seletiva de lixo em algumas unidades das
redes de supermercados. Porém, poucas informações são disponibilizadas ao consumidor, que
confia na empresa e deposita ali seus resíduos acreditando ter solucionado o problema. Mas
até que ponto este problema tem sido de fato solucionado?
DESENVOLVIMENTO
Responsabilidade Empresarial
Frente o quadro de intensa degradação ambiental deu início ao surgimento de um
conjunto coordenado de atividades e responsabilidades pelo governo, indústria e
consumidores, amplamente pressionados por setores da sociedade, no sentido de reduzir os
impactos gerados pelas atividades humanas. Com o passar do tempo, a questão ambiental foi
sendo cada vez mais inserida na gestão empresarial, como demonstra a evolução da postura
empresarial sobre a questão ambiental na Figura 1.
Fig.1: Evolução da postura empresarial sobre a questão ambiental. Nagan et al (2009).
Fig.2: Gráfico com a classificação do tipo de material recebido pelas lojas Pão de
Açúcar. Fonte: BR+10
O item 6 não foi respondido enquanto o item 1 foi parcialmente respondido, apenas
com informações referentes aos nomes das cooperativas e seus respectivos responsáveis.
Quanto ao item 2 a resposta dada não acorda com o verificado posteriormente na pesquisa de
campo investigativa. De acordo com a BR+10 seria feito um rodízio contínuo de cooperativas
e lojas para evitar roubos e vícios de coleta, mas isso não ocorre nas lojas Cerro Corá e
Panamericana, onde a coleta é feita sempre e apenas pela Cooperativa Viva Bem. Esta por sua
vez só coleta lixo dessas duas lojas e de mais nenhuma. Portanto não foi verificado rodízio em
duas das três lojas estudadas, sendo que na terceira não foi identificada a cooperativa atuante.
Diante a discussão anterior fica evidente a falta de coerência do Grupo naquilo que
dizem e fazem. Ao restringir o acesso à informação o Grupo falhou em sua política de
transparência, o que nos leva a supor que possui coisas a esconder, as quais provavelmente
não condizem com sua auto-imagem de empresa sustentável, responsável social e
ambientalmente.
Perseguições e reflexão
No dia 4 de novembro chegou-se na loja Cerro Corá do Supermercado Pão de Açúcar,
na Rua Bairi, 435, Zona Oeste de São Paulo, por volta das 15 horas. No local havia três
funcionários da Cooperativa Viva Bem, identificáveis pelo uniforme, e dois deles terminavam
de fazer o carregamento em um caminhão do Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura
de São Paulo (Limpurb). Conversando com um dos funcionários descobriu-se que o lixo
seguiria direto para a cooperativa localizada na Marginal Tietê, onde todo o lixo seria de fato
reciclado, fato justificado pela grande quantidade de trabalhadores dedicados a essa função no
local. Terminado o carregamento, o caminhão seguiu caminho à Marginal Tietê e durante o
percurso perdeu-se o caminhão de vista. Isso ocorreu na Rua Botocudos localizada a 2 km da
cooperativa na Rua Embaixador Macedo Soares (Marginal Tietê) de acordo com o Google
Maps, o que leva a crer que o material estava tendo destinação correta.
No dia 5 de novembro foi-se ao Supermercado Brigadeiro Luis Antônio, localizado em
rua de mesmo nome e número 3172, também na Zona Oeste de São Paulo, às 11 horas,
horário em que o caminhão da Limburb deixava a loja, junto com dois funcionários também
da Limpurb identificados pelo uniforme. O caminhão seguiu para o Pão de Açúcar da Av.
Conselheiro Rodrigo Alvez onde permaneceu por uma hora fazendo o carregamento. Saindo
de lá, o caminhão seguiu para Avenida do Estado, 300 onde entrou em um grande
estabelecimento. Não se sabia o que era, mas viam-se diversos caminhões de lixo, tanto da
Limpurb quanto da Loga em fila para entrar e uma montanha de lixo no lado de dentro. Dois
funcionários na entrada do local forneceram a informação de que o local consistia em um
aterro e que o material reciclado passava por lá apenas para ser pesado e seguia para a
cooperativa. Mais tarde pesquisando na internet descobriu-se que o local tratava-se de uma
Estação de Transbordo chamada Ponte Pequena, “pontos de destinação intermediária dos
resíduos coletados na cidade, criados em função da considerável distância entre a área de
coleta e o aterro sanitário”, de acordo com site da Prefeitura de São Paulo.
No domingo dia 13 de novembro de 2011 chegou-se no Supermercado Pão de Açúcar
na Avenida Professor Alfonso Bovero, 1425 – Perdizes, Zona Oeste de São Paulo às 12h30
aproximadamente. Ao aproximar-se do ponto de coleta seletiva instalado no estacionamento
deste, havia um caminhão da empresa Limpurb sendo abastecido com os resíduos por três
funcionários, sendo um deles do próprio Pão de Açúcar e os outros dois da Limpurb,
identificáveis também através de seus uniformes.
Em conversa com estes três funcionários foi possível saber que realizavam este serviço
de terça e sábado e que este domingo era uma exceção e, antes desta parada neste mesmo dia
pela manhã haviam feito o mesmo trabalho (recolhimento de resíduos para reciclagem) no
Supermercado Pão de Açúcar da Praça Panamericana, 217 – Alto de Pinheiros, Zona Oeste de
São Paulo e ainda que levariam todo o resíduo recolhido para a Avenida do Estado.
Por volta das 13h00 já haviam carregado tudo para dentro do caminhão e os dois
funcionários da Limpurb seguiram com o seu caminho até a Avenida do Estado, como dito.
Em 40 minutos chegaram ao Transbordo Ponte Pequena.
Diante disso, ligou-se no Transbordo Ponte Pequena, cujo telefone é disponibilizado
no site da Prefeitura, para averiguar os fatos. Em primeira ligação perguntou-se somente se
todo o lixo que chegava ali ia para o aterro e a pessoa que atendeu o telefonema afirmou que
sim. Já em outra ligação buscou-se informações sobre o lixo reciclado que chegava ao local e
a pessoa disse que esse tipo de material só era pesado no local e seguia para as cooperativas
que faziam o trabalho de reciclagem.
Cabe aqui ressaltar que dentro do Transbordo Ponte Pequena também atua uma
Cooperativa chamada Coopere. No entanto de acordo com dados fornecidos tanto pela
empresa BR+10 (Anexo 2) quanto pela Cooperativa Coopere, essa empresa não recolhe lixo
das lojas da rede Pão de Açúcar.
Analisando as informações fornecidas pela BR+10 a respeito do processo de
reciclagem, o lixo deixa o ponto de coleta voluntária das lojas e, via logística de coleta, segue
para um ponto de triagem e, em seguida, para as indústrias recicladoras que correspondem ao
destino final (Figura 3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos fatos ficam evidentes contradições e divergências entre as informações
fornecidas e aquilo que se observou. A trajetória do trabalho foi marcada por grandes
inconsistências que não podem ser ignoradas, uma vez que a empresa Pão de Açúcar é um
supermercado de grande atuação em todo o Brasil e, portanto contribui e é influenciador do
comportamento e do consumo da sociedade atual.
Nesse contexto cabe um questionamento e reflexão sobre a atuação do Grupo Pão de
Açúcar (GPA) quanto à sua política de transparência e de responsabilidade sócio ambiental,
visto que a empresa busca se elevar no mercado a partir dessa autodenominação de empresa
responsável, o que traz aspectos positivos para sua imagem e na captação de clientes.
É de extrema importância que o GPA detenha todas as informações sobre o processo
de coleta seletiva mesmo que o serviço seja transferido às empresas terceirizadas (BR+10 e
cooperativas), afinal isso faz parte da responsabilidade do grupo para com seus clientes e a
sociedade na medida em que ele se apropria do processo, tendo como obrigação acompanhá-
lo até o fim. É preciso se apropriar do processo de forma efetiva e buscar pela concretização
deste, indo de encontro com o prometido e esperado pelos envolvidos.
Ressalta-se também a importância dos clientes e da sociedade envolvidos nesse
processo. Estes não devem simplesmente depositar lá os seus resíduos acreditando terem
solucionado o problema, e sim buscar informações sobre o caminho percorrido para
efetivação da reciclagem, acompanhando o processo até o fim, de forma a exercer
verdadeiramente sua postura de consumidor consciente.
REFERÊNCIAS
BUENO, Wilson da Costa. “A Transparência na Comunicação Empresarial”.
http://www.comunicacaoempresarial.com.br/comunicacaoempresarial/artigos/comunicacao_c
orporativa/artigo7.php (consultado em 07/11/11)
CHAPARRO, Manuel Carlos (2000). “Idéias sobre Comunicação Empresarial”. In: Revista
Comunicação Empresarial n. 16.
NAGAN, M.S., MERLO, E.M., JUNIOR, S.S.B (2009). “Um estudo comparativo das
práticas de logística reversa no varejo de médio porte”. Revista da Micro e Pequena Empresa,
v.3, n.1.
Anexo 2: Cooperativas beneficiadas com a gestão do lixo dos Supermercados Pão de Açúcar