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Maio de 2014
Parceiro estratégico:
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Índice
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
AGO – Angola
BDI – Burundi
BM – Banco Mundial
BT – Barreiras Tarifárias
BWA – Botsuana
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
CMR – Camarões
COG – Congo
EM – Estados Membros
GAB – Gabão
LSO – Lesoto
MDG – Madagáscar
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
MMTZ – Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia
MOZ – Moçambique
MUS – Maurícias
MWI – Maláui
NAM – Namíbia
PE – Projetos Estruturantes
SWZ – Suazilândia
SYC – Seicheles
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TCD – Chade
TZA – Tanzânia
UE – União Europeia
ZMB – Zâmbia
ZWE – Zimbabué
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Nota prévia
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Nota prévia
O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho
e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa
(“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).
Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à
análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do
documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo
presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso
conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de
pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.
Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou
situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.
Projeto Co-Financiado:
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Sumário
Executivo
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Sumário Executivo
A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias
desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes.
Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que
integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes.
Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando
comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser
minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na
proximidade cultural e na complementaridade de competências.
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As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são
constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico
Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal
de adesão à ASEAN.
SADC
MERCOSUL
Estados Membros: Angola,
Botsuana, República
Estados Membros: Argentina,
Democrática do Congo, Lesoto,
Brasil, Paraguai, Uruguai e
Madagáscar, Maláui, Maurícias,
Venezuela.
Moçambique, Namíbia,
Seicheles, África do Sul,
Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e
Zimbabué.
CEEAC ASEAN
CEDEAO
*RP China e RAE Macau
Estados Membros: Benim, Burkina
Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim,
Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau,
Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,
Serra Leoa e Togo. * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa
comunidade económica regional foi analisada enquanto
plataforma para a China e RAE Hong-Kong.
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O presente guia procura, portanto, enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir
para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de
integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de
acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE
oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico
Europeu.
Para o efeito procurou-se caracterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades
económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e os países da CPLP. Foi
analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que
resultam no presente guia de investimento não só para os mercados alvo, neste caso Angola, como também
para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC).
Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências
de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução, que será sempre
reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica.
Angola e a SADC
No presente estudo procurou-se analisar em que medida a crescente integração regional de Angola na SADC,
apoiada no seu nível de recurso naturais e rendimento disponível, no desenvolvimento das ligações aos
países vizinhos (nomeadamente à República Democrática do Congo e Namíbia) e na vontade política em
substituir as importações por produção interna, poderão incrementar o potencial de crescimento deste país e
permitir o desenvolvimento de oportunidades de IDE em Angola e nos mercados adjacentes pelos agentes
económicos da CPLP (sendo o oposto, igualmente, um objetivo).
As relevantes potencialidades da SADC poderão ser exploradas pelos países da CPLP, nomeadamente
através dos seus 2 países membros que pertencem à comunidade, Angola e Moçambique.
Muito embora estes países apresentem diferenças endógenas que deverão ser consideradas, ambas as
nações apresentam caraterísticas comuns, enquanto grandes produtores ou potenciais produtores de oil&gas,
forte potencial agrícola, interesses económicos estratégicos com a Africa do Sul, a mesma língua oficial e
relevantes laços culturais com os demais países da CPLP. Acresce que Angola e Moçambique são das
economias mais dinâmicas da região.
De entre as características de Angola destacam-se: i) o português como uma das línguas oficiais, ii) bases
legais e regulatórias fortemente influenciadas pela legislação portuguesa, iii) fortes relações económicas entre
Angola e Portugal, iv) consciência do Estado, enquanto dinamizador da diversificação da economia,
consolidação dos agregados macroeconómicos e pilar da melhoria do bem-estar da população, e, v)
capacidade de atração de montantes significativos de IDE, em particular de Portugal.
Angola tem registado um forte crescimento económico, sendo um dos países com maior crescimento anual do
PIB. No entanto verificam-se constrangimentos ao crescimento económico que se centram na i) dependência
de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo; e, na ii) concentração da atividade do país no
setor petrolífero (o setor petrolífero representa 45% do PIB, 60% das receitas fiscais, e mais de 90% das
exportações). O Governo estabeleceu objetivos estratégicos de médio e longo prazo para o desenvolvimento
do país tendo em consideração os aspetos acima referidos. Para a sua concretização foi definido um plano de
apoio ao crescimento dos setores de i) serviços comerciais (logísticos, telecomunicações e tecnologia), ii)
agricultura, iii) energia, e iv) construção, perspetiva que se reforça através do previsível aumento do consumo
privado.
O investimento público e privado apresenta ainda níveis reduzidos. No entanto o Estado tem inscrito nos seus
orçamentos um aumento médio de 60% das despesas de investimento. A este facto acresce a constituição de
um Fundo Soberano, em outubro de 2012, no valor inicial de US$ 5 mil milhões, para gerir de modo eficaz e
sustentável as receitas petrolíferas angolanas, canalizando-as para projetos de investimento críticos para o
desenvolvimento do país.
No entanto o fator essencial de crescimento no médio prazo de Angola assenta novamente no setor do
petróleo e do gás natural. Encontram-se estimadas cerca de 297 mil milhões de metros cúbicos de reservas no
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território, para além de reservas de gás seco. Prevê-se que o efeito de exploração deste recurso possa
corresponder comparativamente, em termos de receitas, a um aumento de 6,5% do output de produção de
petróleo atual.
O Plano Nacional de Desenvolvimento para 2013-2017, o plano dos Projetos Estruturantes de Prioridade
Nacional e o modelo de desenvolvimento económico da “Estratégia Angola 2025” estabelecem parte das
orientações estratégicas de Angola a médio prazo, sendo de realçar os seguintes investimentos por setor:
Refira-se ainda que uma parcela significativa do investimento anual de Angola (cerca de US$ 4,3 mil milhões)
é canalizada para o setor dos transportes. A sua melhoria e modernização requerem i) a recapacitação da
estrutura portuária, e ii) recuperação da infraestrutura ferroviária do país, com uma potencial ligação
económica à SADC e CEEAC.
No entanto, o capital disponível é limitado para os objetivos, pelo que, o sucesso das metas globais
pretendidas depende, inquestionavelmente, da retoma dos níveis de investimento direto estrangeiro, que i)
potenciam laços comerciais e culturais, ii) trazem o conhecimento e a experiência necessária ao
desenvolvimento de setores de ponta, iii) criam ganhos económicos indiretos em setores diversos, iv) ajudam
a fixar a presença estrangeira no país, e v) constituem-se como elementos-chave do sucesso dos
megaprojetos do executivo angolano.
Conforme adiante melhor se desenvolve, as principais oportunidades em Angola encontram-se nos seguintes
setores:
Setor primário:
Setor secundário:
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Setor terciário:
As suas principais relações comerciais são com a China, EUA, África do Sul e Portugal, que representam, no
conjunto cerca de 55% das importações totais de Angola. O peso total e relativo da China tem vindo a
aumentar, contrastando com a redução da importância relativa do Brasil.
As importações de Angola ascendem a um total anual aproximado de US$ 24 mil milhões. A composição das
importações evidencia a dependência de Angola, relativamente aos países industrializados, em resultado de
uma base industrial reduzida.
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
De notar que o Governo de Angolano, com o objetivo de concretizar a sua estratégia de substituição de
importações e procurando estimular o desenvolvimento dos setores de atividade não petrolíferos, efetuou
alterações à pauta aduaneira (em vigor a partir de 2014), o que agravou as condições de exportação de alguns
dos principais produtos portugueses, pelo que será expetável a substituição de algumas exportações por
investimentos diretos e a respetiva procura de novos mercados.
Portugal, com a sua elevada penetração no mercado, e com a representatividade que tem ao nível dos
produtos exportados, deverá defender a sua quota de mercado e expandir o seu alacance geográfico,
continuando o esforço de posicionamento e melhorando a fidelização do consumidor angolano a produtos de
qualidade.
O setor de construção continua também a ser apetecível, já que representa uma oportunidade de comércio de
um muito amplo leque de produtos e serviços, desde chapas de alumínio a máquinas de construção (cerca de
35% do total de importações angolanas corresponde a maquinaria e equipamento de transporte).
A SADC tem vindo a reforçar o seu impacto na comunidade internacional e a incrementar a integração da sua
zona de comércio livre. Em termos de setores relevantes na região, são de destacar:
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
circulação de pessoas, bens e capital, bem como a realizar um conjunto de iniciativas com outras
comunidades regionais, com objetivos ambiciosos a médio prazo.
A SADC conta com um mercado potencial na ordem dos 286 milhões de consumidores, distribuídos pelos
seus EMs que apresentam características distintas, quer do ponto de vista das estruturas produtivas, como da
preferência dos consumidores.
Sendo o nível de complementaridade ainda reduzido na SADC, a intensificação das trocas comerciais é um
dos seus objetivos, pelo que se torna necessária a especialização da cadeia de valor dos EMs. A economia
moçambicana corresponde a 2,3% do PIB da SADC, a 6ª mais significativa ao nível da comunidade,
apresentando, contudo ainda um nível reduzido de relações comerciais com os restantes EMs com exceção
da África do Sul, sendo que 31% das suas importações são oriundas deste país.
Nas exportações da SADC o petróleo tem um peso significativo. Os mercados de maior relevância são a China
(em resultado da sua incremental presença em África, através de uma política de apoio ao desenvolvimento
obtendo como contrapartida recursos naturais).
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O principal destino das exportações Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de
portuguesas na SADC é Angola, absorvendo ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro,
painéis; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e
aproximadamente 87% destas. O Brasil seções; Maquinas para a construção civil; Medicamentos
exporta para a SADC, maioritariamente, (incluindo medicamentos veterinários); Carne, miudezas,
produtos agroalimentares, sendo também de comestíveis, preparados, conservados; Equipamento para
destacar a exportação de maquinaria e distribuição de energia elétrica; Artigos plásticos; Veículos a
equipamento de transporte. A África do Sul motor para transporte de mercadorias; Outras máquinas e
surge caso como o principal mercado de aparelhos para as indústrias particulares; Equipamentos de
aquecimento e refrigeração; Metais comuns; Bebidas não
destino das exportações brasileiras para a
alcoólicas; Óleos, petróleo bruto, refinado; Papel e cartão;
SADC (54%), seguido de Angola (35%). A Máquinas e aparelhos elétricos; Equipamento e componentes
experiência brasileira na região é um fator mecânicas; Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material
que deverá ser analisado com maior detalhe, para impressão; Materiais de construção; Componentes para
dado o nível de penetração alcançado fora máquinas de energia elétrica; Alumínio.
dos países da CPLP, por via das relações Fonte: UNCTADStat, dados 2012
com África do Sul.
Já no domínio das exportações da SADC para os países da CPLP, também Portugal e o Brasil se destacam,
denotando igualmente crescimentos globais relevantes entre 2008 e 2012, de respetivamente 3.876 milhões
de US$ para 6.800 milhões de US$, Tendo Portugal sido o principal importador com cerca de US$ 5.8 mil
milhões em 2012. Portugal importa quase exclusivamente petróleo (93%), as importações do Brasil são mais
diversificadas, incluindo-se i) produtos químicos e relacionados, ii) bens manufaturados, e iii) combustíveis
minerais (85%).
África do Sul
A África do Sul é a principal economia da SADC, responsável por 59% do PIB, e representando 34% do PIB
da África Subsariana (valor revisto em baixa após a atualização da metodologia de cálculo do PIB da Nigéria
para o ano de 2013). É um país com uma razoável rede de infraestruturas, das quais se destaca a sua
estrutura portuária.
Após a recessão ocorrida em 2009, ultrapassada, em parte, pela melhoria da conjuntura externa e por um
conjunto de políticas governamentais expansionistas (que fomentaram a recuperação da procura interna) a
economia Sul-africana retomou o crescimento embora a níveis inferiores. O dinamismo económico da África
do Sul deve-se, por um lado, à relevância do setor mineiro (o qual contribuiu para 10% do PIB), e por outro à
capacidade de gerar riqueza no setor agrícola e de serviços, nomeadamente turismo.
Aumento do PIB per capita de US$ 4.700 para US$ 10.500 (2010-2030);
Nível de formação bruta de capital fixo a crescer de 17% para 30%, com o investimento fixo do setor
público a aumentar cerca de 10% até 2030;
Comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030;
Aumento da capacidade portuária do porto de Durban (principal infraestrutura portuária do país) de 3
milhões de contentores/ano para 20 milhões em 2040; e
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Importa realçar oportunidades identificadas no setor energético, e ao nível de infraestruturas, dada a sua
significativa expansão se encontrar contemplado nos objetivos do Governo. Oportunidades a explorar foram
identificadas no i) desenvolvimento de tecnologia agroindustrial, ii) desenvolvimento de serviços e
equipamentos associados ao cluster da indústria extrativa, ou iii) exploração turística, tendo presente a
possibilidade do país se tornar um hub para a África Austral.
Conclusões Globais
O crescimento de Angola tem sido continuado e o rendimento disponível crescente (muito embora as
desigualdades na sua distribuição). Indentifica-se o início de um processo de industrialização da economia que
ainda não ganhou um “momentum”, ao qual não é alheio a elevada concentração da população em Luanda,
embora as regiões ditas de províncias estejam num processo de desenvolvimento contribuindo desta forma
para a expansão do mercado interno.
As infraestruturas são ainda insuficientes para o setor não petrolífero atingir todas as potencialidades.
Infraestruturas críticas do setor energético, como as barragens hidroelétricas de Matala, Gove, Cambambe e
Mabubas necessitam de melhorias de forma a assegurar a oferta de um input crítico.
No entanto Angola mantém e tem vindo a reforçar da sua condição de centro de negócios atrativo na África
Subsariana, tendo vindo a reforçar o seu peso nas respetivas comunidades económicas a que pertence
(CEEAC e SADC), eventualmente até se revelando como um eixo de consolidação política, social e económica
entre estes 2 blocos, cenário ao qual Portugal não deve ficar alheio.
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
É aqui que o papel dos países mais industrializados da CPLP, Portugal e Brasil, pode ser determinante para a
transformação de Angola: estes 2 países têm meios, know-how, experiência e capacidade de resposta às
necessidades angolanas – o seu posicionamento, e o seu reconhecimento, enquanto parceiros de negócio de
excelência para Angola pode mudar em muito o futuro deste país nos próximos anos.
Os EMs membros da SADC ainda têm um caminho a percorrer até que as metas que se propuseram atingir
estejam cumpridas, sendo que Angola pode em muito ajudar ao sucesso destas estratégias. Com efeito, a
recuperação, modernização e expansão das suas infraestruturas portuárias, rodoviárias e ferroviárias permitir-
lhe-á abrir canais para as nações limítrofes (RDC, Namíbia e Zâmbia). Estes serão fundamentais para Angola
escoar a sua produção, e para que estas nações possam ver a sua produção ser escoada para fora do
continente. Prevê-se que Angola venha a aderir à zona de comércio livre da SADC em 2017, o que poderá
implicar elevados fluxos de capital e recursos, representando oportunidades de negócio muito significativas,
nomeadamemte para quem possua capacidade industrial instalada.
No curto / médio prazo Portugal deverá estar presente nos setores da construção, sendo que reúne as
capacidades necessárias à execução dos megaprojetos previstos no PND 2013-2017. Crítico, também, pode
ser o contributo de Portugal para a componente de soluções tecnológicas incorporadas nestes megaprojetos –
Portugal têm-se vindo a destacar internacionalmente na criação e instalação de soluções desta natureza, pelo
que a definição de parcerias entre o setor da construção, setor tecnológico e setor manufatureiro (estruturas
metálicas, materiais de construção, etc.) pode ser determinante para que o nosso país se afirme como o
parceiro que Angola procura para desempenhar estas obras.
Apesar das alterações à pauta aduaneira em 2014, Portugal deve continuar a apostar no setor agroindustrial,
dado o crescimento das importações verificado em Angola no passado recente – 13% ao ano, para carnes,
bebidas e cereais e dada as expetativas futuras decorrentes do incremento do rendimento disponível das
populações. O investimento direto no setor agroindustrial torna-se um prioridade, tanto pelo que foi referido
acima, como pelas políticas expressas do governo Angolano no sentido de apoiar (considerado inadiável) a
expansão do setor interno agroalimentar. As alterações à pauta aduaneira demonstram ainda o
desagravamento das taxas aduaneiras sobre medicamentos, uma das principais exportações portuguesas
para Angola, a qual se cifrou em US$ 110 milhões em 2012.
Portugal deve ainda focalizar-se nas oportunidades geradas pela maior fatia das importações angolanas –
maquinaria e equipamentos de transporte, que representam 35% do total das importações angolanas
(aproximadamente US$ 8,4 mil milhões). Portugal não tem uma produção/oferta que possa responder à
totalidade da procura, mas deverá aplicação as competências desenvolvidas na área da distribuição e
manutenção, de forma a ser indentificado como parceiro chave dos produtores, quando for o caso.
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Forças Fraquezas
Português é a língua oficial de Angola Falta de mão-de-obra qualificada
Portugal é já um parceiro económico relevante Reduzida abertura da economia e forte estratégia
Previsões de continuação de crescimento protecionista (ex.: requisitos para o IDE no país)
Nível de rendimento per capita Setores de atividade e oportunidades relevantes de
investimento controlados pelo Estado
Nível de endividamento do país
Condicionalismos e limites impostos ao repatriamento
Perspetiva do início de exploração gás natural de lucros e de salários, e transferências de fundos
Integração na SADC, OPEP Várias infraestruturas em estado debilitado
Localização geostratégica para as Américas e Europa Grande dependência do setor petrolífero e restantes
– acesso aos portos do Atlântico por EMs da SADC setores pouco desenvolvidos
ZEE com extra territorialidade em matéria fiscal e Dificuldade na obtenção de vistos
financeira e, disponibilizando infraestruturas básicas
Recente aumento das taxas da pauta aduaneira
Benefícios e incentivos concedidos a projetos de
investimento (fiscais e aduaneiros) Pesada carga burocrática no relacionamento com o
exterior – procedimentos de licenciamento, etc.
Reforma fiscal em curso
Direito de propriedade sobre solos interdito a
Saldo crescente de reservas de moeda estrangeira estrangeiros
Nível de desenvolvimento do sistema financeiro Inexistência de qualquer ADT
Implementação de programas de microcrédito
Possibilidade de recurso a arbitragem judicial
Outros fatores como as praias, a paisagem, o clima e a
cultura local, que potenciam o turismo
S W
Oportunidades Ameaças
O T
Grande potencial de crescimento Atrasos na superação das dificuldades ao nível do
Desenvolvimento de infraestruturas (habitação, setor dos transportes e das condições infraestruturais,
educação, saúde, saneamento, transportes (portos e as quais podem travar os desenvolvimentos de setores
aeroportos), logística, e redes de telecomunicações de atividade não petrolíferas
Requalificação das infraestruturas de apoio à produção Nível de saneamento básico e a falta de acesso a
e à população cuidados básicos de saúde contribui para a
propagação de doenças
Grandes projetos de investimento previstos em
infraestruturas (elevada concentração no setor Concorrência dos países africanos mais desenvolvidos
energético) (África do Sul e Nigéria)
Desenvolvimento de 3 polos turísticos
Plano Nacional de Desenvolvimento (2013-2017)
Crescimento potencial do setor da construção civil,
financeiro e energético
A implementação, pela SADC, de programa que visa a
liberalização do comércio e livre circulação de
pessoas, bens e capital no médio prazo
Potencialidades para intensificação das trocas
comerciais com EM da SADC e da CPLP
Solidez e diversificação do sistema bancário,
Crescente presença de comunidades portuguesas em
Angola, que se constituem como uma nova classe
média no país (potencial segmento-alvo)
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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1.SADC
Enquadramento regional, político e
económico
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A Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral (“SADC”) é uma organização de âmbito regional,
criada a 17 de agosto de 1992, no âmbito da Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África
Austral (“SADCC”). A SADCC, criada a 1 de abril de 1980 – constituída por Angola, Botsuana, Lesoto, Maláui,
Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué – orientou-se sobre a cooperação em temas como a
independência política, a segurança, a solidariedade regional e a luta contra o apartheid.
O Tratado da SADC serve de base jurídica e de quadro regulatório para a realização da missão da SADC na
promoção de um crescimento económico sustentável e equitativo, visando atingir um desenvolvimento
socioeconómico sustentável e justo através de sistemas produtivos eficientes, e de uma boa governação,
cooperação e integração aprofundada, paz duradoura e segurança, permitindo que a região se assuma como
competitiva e eficaz nas suas relações económicas internacionais. Efetivamente os EMs da SADC
apresentam, regra geral, um risco por país comparativamente menor do que a generalidade dos demais
Estados do continente Africano.
1 www.sadc.int
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Atualmente a SADC conta com 15 EMs: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui,
Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia,
Zâmbia e Zimbabué.
SADC
Áreas de cooperação:
Segurança alimentar, terras e agricultura;
Serviços;
Indústria, comércio, infraestruturas e finanças;
Desenvolvimento de recursos humanos, ciência e tecnologia;
Recursos naturais e meio ambiente;
Bem-estar social, informação, cultura e desporto;
Política, diplomacia, relações internacionais, paz e segurança.
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Através do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (“RISDP”), foram definidos quatro
setores principais para impulsionar a integração regional e desta forma fomentar o crescimento e
desenvolvimento económico da região: Indústria, Comércio, Finanças e Infraestruturas.
Simultaneamente, e como forma de agilizar o processo de integração, a SADC introduziu medidas que visam:
1. A integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e
liberalização do comércio;
2. Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento;
3. Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiros e de capitais;
4. Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência
macroeconómica;
5. Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do investimento direto estrangeiro (“IDE”) e o reforço da
competitividade produtiva;
6. Participação eficaz e cumprimento dos acordos internacionais .
O Protocolo de Comércio é a base legal da ZCL - foi Ao abrigo do Protocolo do Comércio foram
assinado em 1996 e encontra-se em vigor desde 2000. O estabelecidas as seguintes instituições:
Protocolo vincula os EMs à eliminação das taxas existentes
aquando da troca de produtos e serviços, visando Comité de Ministros responsáveis pelo
harmonizar os procedimentos comerciais e burocráticos Comércio: Responsável pela
implementação do Protocolo.
existentes ao nível da SADC, como sucede, a título
Superintende o Comité de Funcionários
exemplificativo, com a harmonização dos títulos de Seniores e os subcomités.
transporte de mercadorias. Tem ainda como objetivo a
definição das regras de origem da SADC e a redução de Comité de Funcionários Seniores: Atua
outras barreiras ao comércio intrarregião, facilitando assim o como um órgão técnico de consulta, e é
composto por Secretários Permanentes
movimento de capitais, bens e serviços transfronteiriços. responsáveis pelo Comércio. Supervisiona
a implementação do Protocolo do
Implementação da Zona de Comércio Livre da SADC Comércio, bem como o Fórum de
Negociação de Comércio.
Ao abrigo da ZCL, os EM eliminaram taxas e outras Fórum de Negociação de Comércio: O
barreiras tarifárias e não tarifárias. Estão ainda incluídas na Fórum é responsável pelas negociações
ZCL medidas dirigidas à facilitação do comércio, reduzindo- do comércio da SADC, pela liberalização
se assim a burocracia nas fronteiras e estabelecendo-se um comercial, e pela cooperação regional
regime para dinamizar a circulação de mercadorias na noutros setores.
região.
2
Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Ao abrigo do protocolo de Comércio da SADC, a liberalização das tarifas na região foi efetuada
progressivamente. Em geral, os EMs mais desenvolvidos reduziram as tarifas para níveis mais baixos - a
África do Sul, em conjunto com outros países (Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia) eliminaram grande
parte das taxas no ano 2000. Os países de rendimento médio, nomeadamente as Maurícias, reduziram
gradualmente as suas taxas no período compreendido entre os anos de 2000 e 2008. No entanto, nos países
menos desenvolvidos, como Moçambique e Zâmbia, as reduções tarifárias foram introduzidas apenas entre
2007 e 2008.
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
No sentido de reduzir dificuldades de cariz burocrático nas barreiras aduaneiras, o Subcomité de Cooperação
3
Aduaneira desenvolveu e implementou um documento único - SADC-CD , consistindo num formulário de
declaração única que substituiu várias declarações aduaneiras concebidas para diferentes regimes.
Monitorização de implementação
3
Disponível em http://www.manica-africa.com/UserFiles/File/01a%20-%20TMS%20Traders%20Manual.pdf
4
Agência Angola Press, 2013; Portal do Governo Moçambicano.
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
No setor industrial, a SADC implementou uma nova política e estratégia de desenvolvimento industrial
regional, bem como um plano de reforço da competitividade e diversificação do setor industrial, tendo em vista
a concretização de vários objetivos, entre os quais se destacam:
Harmonização dos quadros reguladores no domínio da exploração mineira, tendo sido já desenvolvido
o respetivo plano de implementação;
Nesta área, quatro países – a República Democrática do Congo, o Maláui, a África do Sul e a Tanzânia –
mantêm mecanismos de câmbio liberalizados, tendo sido desenvolvido um quadro para cotações duplas e
cruzadas das bolsas de valores regionais, bem como um modelo de interligação das bolsas de valores com o
objetivo de assegurar a eficiência e estabilidade do mercado financeiro e de capitais.
30
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
De notar que o memorando de entendimento de convergência macroeconómica celebrado pelos EMs tem
como principal objetivo o estabelecimento de um conjunto de critérios orçamentais que contribuam para a
diminuição dos défices fiscais e das dívidas públicas dos EMs.
Em resultado desta implementação, em 2008, todos os EMs da SADC conseguiram alcançar um défice inferior
a 5% do PIB. Cumpre ainda notar que 13 EM atingiram uma dívida pública inferior a 60% do PIB (com exceção
da República Democrática do Congo e do Zimbabué); por outro lado, em 2010, a África do Sul, o Lesoto, as
Maurícias, a Namíbia, e o Zimbabué concretizaram as metas de inflação inseridas no programa de
convergência macroeconómica de 2012.
Em 2010, foi lançado um programa para promoção do investimento da região, através de Acordos
Preferenciais de Comércio (“PTA” – Preferential Trade Agreements), tendo sido também desenvolvido um
modelo de tratado bilateral de investimento na SADC, e criadas diretrizes para a concessão de isenções
fiscais. A necessidade de coordenação das políticas e das atividades de promoção do investimento é
necessária para facilitar o aumento de investimento na região.
Encontra-se atualmente a ser desenvolvido pelo Secretariado da SADC, um portal de investimento para a
região da SADC que tem uma informação prospetiva dos investimentos a realizar durante no âmbito do plano
de investimento regional. Este portal irá sensibilizar potenciais investidores quanto ao clima e às oportunidades
em aberto na SADC, bem como facilitar a interação com os PTAs dos vários EMs.
Foi ainda desenvolvido, através da colaboração com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento
Sustentável, um modelo Tratado Bilateral de Investimento (“BIT”) para a SADC. Assim, os EMs concordaram
em desenvolver diretrizes para implementação dos BITs, com o objetivo de regular, de forma eficaz, o
investimento estrangeiro nas suas economias.
Cumpre referir que em janeiro de 2011 foi inaugurado o fórum de PTA da SADC, que teve por objetivo
promover o diálogo e desenvolver estratégias com a vista a melhorar o clima de investimentos na região.
No âmbito de uma avaliação macro da competitividade regional, o relatório de 2013 do World Economic
Forum, ao ter procedido à análise da competitividade de 148 economias, com base em 12 pilares de
avaliação, dentre os quais fatores económicos, sociais, fiscais, populacionais, tecnológicos e infraestruturais,
entendeu que o mercado no qual a SADC se encontra inserido é pouco competitivo.
Aliás, entende o World Economic Forum que o continente Africano é, atendendo aos fatores em avaliação,
uma das regiões menos competitivas do mundo.
31
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Porém, uma análise circunscrita aos fatores económicos poderá determinar uma diferente conclusão. A
análise em conjunto de outros fatores que não económicos, não reflete o valor de investimentos que estes
países têm captado nos últimos anos, como adiante é demonstrado .
Atualmente, 14 dos EMs da SADC são também membros da Organização Mundial de Comércio (“OMC”) (com
a exceção das Seicheles, que se encontram em processo de adesão). Assim, os EMs da SADC pertencentes
à OMC estão adstritos ao regime jurídico estabelecido por esta organização.
Em junho de 2010, os responsáveis da SADC adotaram uma estratégia com vista a concluir um PTA que
abrange mercadorias. Apesar de ainda não estar em vigor, é intenção da SADC que as negociações sobre
serviços e investimentos estejam concluídas até 2014.
32
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O desempenho económico da região da SADC nos últimos 5 anos, fortemente dependente da procura de
matérias-primas, foi largamente influenciado pela desaceleração da economia global, mais precisamente das
economias avançadas e das economias emergentes. O fraco desempenho económico mundial provocou uma
diminuição na procura global, comprometendo o ritmo de crescimento da economia da região da SADC, que já
mostrava sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional.
Mesmo estando geograficamente ligados e tendo projetos comuns, as economias dos EM da SADC
apresentam características distintas em muitos aspetos, como geografia do país, população e níveis de
produção. Acresce que o nível de complementaridade das economias é limitado.
Índice de
Extensão PIB PIB
População Liberdade
Territorial 5 (milhões per 6
País População (% s/ total Nível de IDH Económica
(milhares de de US$) capita
2 região) (Ranking Mundial
km )
2013)
África do Sul 1.221,0 51.189.306 17,9% 384.313 7.508 Médio 74
7
Região SADC 9.854,5 285.626.313 100% 649.885 2.275
5
Dados de 2012
6
Dados de 2012. Dado que o PIB per capita não leva em conta níveis de educação e de saúde como dimensões mais
próximas do desenvolvimento social, considerou-se o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela
ONU/PNUD. Os resultados do IDH variam entre zero (na ausência completa de bem-estar social) e um (pleno
desenvolvimento humano).
7
PIB per capita da região = PIB / População Total
33
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
2 2
A extensão territorial dos países membros oscila entre 0,5 km das Seicheles e 2.344,9 km da República
Democrática do Congo, que, além de ser o país com maior extensão territorial, é também o que tem mais
habitantes (65,7 milhões), representando 23% do total da população da região.
Estima-se que a população da SADC ultrapasse os 285 milhões de habitantes (dados de 2012). Desse total,
35,5% vivem em centros urbanos. Importa salientar, no entanto, que o grau de urbanização difere entre os
diversos países que constituem a região. Na África do Sul, a população urbana representa 62,43% do total, no
Botsuana 62,25%, em Angola 59,91%, e nas Seicheles 54,01%. Os menores índices de urbanização
verificam-se no Maláui (15,85%) e na Suazilândia (21,25%).
Economicamente, a região é dominada pela África do Sul – que representa quase 60% do PIB da região –,
seguida de Angola, que representa quase 18%. A economia da África do Sul, abundante em recursos naturais
como o ouro, platina e diamantes, é a maior e mais sofisticada do continente Africano. Com um crescimento
de 2,5% em 2012, a economia Sul-Africana desacelerou face ao ano anterior (3,5%). No entanto, para 2013, o
FMI prevê uma expansão de 3,3%, e para 2014, de 3,4%. Angola, a segunda maior economia da SADC, é um
país rico em recursos naturais e o maior produtor de petróleo daquela região. As receitas deste recurso natural
representam quase ¾ do PIB do país.
Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos (2008-2012), foram a Namíbia, a Zâmbia e o Zimbabué,
com taxas de crescimento médias do PIB muito próximas dos 7%. No entanto, os principais impulsionadores
do PIB da SADC em 2012, foram Moçambique (7,40%), Zâmbia (7,32%) e República Democrática do Congo
(7,15%).
30.00%
25.10%
20.00%
Crescimento médio 08-12 (%)
11.23% 10.20%
10.69% 9.74%
8.91% 7.92% 8.06% 9.01%
10.00% 6.71% 5.54%
1.51% 2.14% 1.64%
0.00%
-0.08%
-10.00%
-20.00%
-30.00%
Os países que apresentam um PIB per capita em 2012 abaixo da média da região - $2.275 USD - (i.e, Lesoto,
Madagáscar, Moçambique, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué), têm revelado um
crescimento significativo, denotando alguma convergência regional.
No entanto, a grande maioria dos países da SADC viram a sua posição no ranking do Índice Global de
Competitividade do World Economic Forum cair entre 2008 e 2013, exceção para as Maurícias (que passou de
57º para 45º), resultado dos esforços da agência de promoção de investimento – Enterprise Mauritius – na
desburocratização do país, e na criação de condições de maior atratividade ao investidor externo; Zâmbia (de
112º para 93º; Zimbabué (de 133º para 131º) e Suazilândia (em 2009 era 128º e passou para 126º).
34
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
No entanto o desempenho no índice é particularmente relevante, como o demonstra a correlação deste com o
crescimento do PIB (confrontar gráfico seguinte).
25% Zimbabué
Taxa de crescimento média anual do PIB 2008-
20%
15%
Namíbia Moçambique
10% Lesoto
2012
A. do Sul Zâmbia
Tanzânia Angola
Botsuana
5% Suazilândia
Madagáscar
Seicheles Maurícias
Maláui 0%
(20) (15) (10) (5) - 5 10 15 20
-5%
Alteração ao Ranking GCI 08-09 e 13-14
Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do Fórum Económico Mundial
Os restantes EMs da SADC viram o seu posicionamento no ranking cair, como sucedeu com Angola, África do
Sul, Moçambique, Namíbia e Tanzânia, não obstante o crescimento registado ao nível do PIB no mesmo
período.
A manutenção dos índices de crescimento atuais pode estar em crise, caso não sejam adotadas medidas, a
curto e a médio prazo, que sejam valorizadas pelos investidores externos e que permitam trazer maior
competitividade à Economia.
35
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do
PIB 2008-21012 e do peso do PIB do País no total da SADC
14,000
Seicheles
12,000
10,000
África do Sul
8,000 Botswana
Maurícias
Δ PIB 2012 (US$)
Angola
Namíbia
6,000
4,000 Swazilândia
0.00% 1.00% 2.00% 3.00% 4.00% 5.00% 6.00% 7.00% 8.00% 9.00% 10.00%
A análise do gráfico supra compara o crescimento do PIB, a taxa de crescimento média dos últimos 5 anos e a
sua representatividade regional, medida pela dimensão do círculo.
Atendendo aos respetivos critérios de análise, verifica-se que o desempenho da região é influenciado
fundamentalmente por dois países - a África do Sul, com o PIB mais relevante da região (59,14%), seguido de
perto por Angola (17,57%).
A manter-se o ritmo de crescimento médio dos últimos anos associado ao valor do PIB anual, África do Sul
poderá aumentar a sua representatividade económica na SADC. Os países que acompanharam o crescimento
de África do Sul em 2012 e que apresentam um valor de crescimento médio elevado do PIB entre 2008 e
2012, Namíbia e Maurícias, têm uma representatividade de PIB reduzida na economia da Região que não
influenciará o seu desempenho económico.
Angola, apesar de um crescimento médio abaixo de África do Sul, Maurícias e Namíbia entre 2008 e 2012,
apresenta uma variação de PIB no ano de 2012 elevada, a qual terá como consequência uma aproximação
aos níveis de crescimento médio dos países atrás referidos e uma maior influência na economia da região.
A SADC tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas com outras comunidades regionais que poderão
potenciar a integração regional entre os países africanos, nomeadamente com a COMESA.
36
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Caraterização e objetivos
O Mercado Comum da África Austral e Oriental (COMESA) surge como resultado das recomendações feitas pela
Comissão Económica para África (órgão das Nações Unidas) no sentido de se formar uma comunidade económica da
áfrica austral e oriental, como meio para facilitar a integração regional.
Atualmente são 19 os Estados Membros que constituem o mercado comum de África Austral e Oriental nomeadamente;
República do Burundi, Cômoros, RDC, Djibuti, Egito, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia, Madagáscar, Maláui, Maurícias,
Ruanda, Seicheles, Sudão, Suazilândia, Uganda, Zâmbia, Zimbabué. Para além destes países existem 5 Estados que
figuram na lista de estados observadores desde Angola, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Lesoto.
Os objetivos da COMESA são amplos e de longo prazo, tendo, no entanto, sido definidas como prioridade de médio prazo
a “Promoção da Integração Regional através do Comércio e Investimento.”
A criação de uma área livre de comércio que garante a livre circulação de bens e serviços produzidos na região
que integra os países membros e a remoção de todas as tarifas e de barreiras não tarifárias;
A criação de uma união aduaneira, na qual bens e serviços importados de Países não Membros da COMESA
passem a estar sujeitos a uma tarifa única em todos os Estados da COMESA;
Livre circulação de capital e investimento suportada pela adoção de uma área comum de investimento bem como
pela criação de um clima mais favorável ao investimento na região da COMESA;
Criação gradual de uma união de pagamentos baseada na Casa de Compensação da COMESA e a eventual
criação de uma união monetária comum com uma moeda comum; e,
A adoção de regras comuns de acordos de visto, incluindo o direito de estabelecimento conduzindo
eventualmente à livre circulação de pessoas de boa-fé.
O Acordo Tripartido propõe abranger igualmente a harmonização e coordenação de normas industriais e de saúde, o
combate de práticas desleais de comércio e surtos de importação, a liberalização de certos setores de serviços prioritários,
a promoção da agregação do valor de transformação da região.
A futura criação de uma vasta área de comércio livre composta por 26 Estados das três regiões económicas resultaria na
criação do maior mercado Africano, com 26 dos 54 países africanos, integrando as principais economias africanas e com
uma maior capacidade de atrair IDE e produção em larga escala.
* EAC é uma organização intergovernamental regional, que engloba o Burundi, o Quénia, o Ruanda,a Tanzânia e o
Uganda. Os principais objetivos desta organização passam, entre outros, por ampliar e aprofundar a cooperação politica,
económica e social entre os seus EMs, tendo sido criada, em 2005 uma União Aduaneira, e em 2010, um Mercado
Comum.
37
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
100.00
0.10 Representando 17,57% do PIB da
7.30 SADC, Angola possui reservas de
90.00 6.50 petróleo que no ano de 2011 foram
8.40 Energia (*) estimadas em 10.470 milhões de barris,
80.00
tendo a produção nesse mesmo ano
70.00
10.50 Outros sido de 1.618 barris/dia. Contudo, a
elevada importância deste subsetor na
Indústria economia poderá acarretar um
60.00
21.70 enviesamento da estrutura produtiva do
Construção país (“dutch disease”).
50.00
Agricultura
40.00 Apesar de a produção de diamantes
corresponder apenas a 0,9% do PIB, o
Comércio
30.00 setor não deixa de ter um forte
Ind. Mineira potencial de crescimento. Aliás, e de
45.30
20.00 acordo com o Sumário Global de 2009
do Esquema de Certificação do
10.00 Processo de Kimberley, Angola é o
quarto maior produtor mundial deste
0.00 recurso natural.
Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de
várias iniciativas, incluindo:
Programas de incentivos;
Linhas de financiamento;
Forte investimento público;
Campanhas de marketing e de estímulo a comprar nacional.
O Governo pretende também fomentar pólos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as
produções agrícolas e pecuárias, o seu processo de transformação, de armazenamento e de logística.
O setor da construção (8,40%) tem vindo a crescer, como resultado de uma forte aposta do Governo na
reconstrução e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população.
8
Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC, Banco Nacional de Angola, setembro 2012;
Ministério das Finanças de Angola; BPI - Research Angola julho 2013; Análise BES, 2012; Indicadores de desenvolvimento
mundiais, Banco Mundial; BNA
38
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Quanto ao setor industrial (6,50%), este é caracterizado pelo elevado nível de importações, o que deverá
conduzir a uma aposta estratégica na produção nacional.
Representando 2,24% do PIB da SADC, Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 –
Moçambique encontra-se localizado numa Moçambique %
zona estratégica, sendo uma porta de
entrada na região, condicionando o acesso 100.00
2.70
ao mar a muitos dos países da SADC, 4.50
90.00 Agricultura
nomeadamente: Maláui, Zâmbia e 6.50
Zimbabué.
80.00 7.30 Outros
Moçambique apresenta forte potencial de 8.70
70.00
exploração de carvão, gás natural e Admin. pública,saúde
hidroeletricidade. No entanto, não tem 11.20 e educ.
60.00
capacidade para explorar eficazmente estes Construção
recursos e servir as necessidades em 50.00
eletricidade da sua população. Sabe-se que,
28.00 Indústria
atualmente, apenas 10% da população tem 40.00
acesso a eletricidade (2011). Estima-se que
o país exporte 35% da produção total de 30.00 Transp. e comum.
energia, maioritariamente para a África do
10
Sul e para o Zimbabué. 20.00 Serv. Financeiros (*)
30.60
Apenas 10% da área agrícola 10.00
Comércio
moçambicana (48 milhões de hectares) se
encontra explorada. O país dispõe de 0.00
muitas possibilidades em termos de
Fonte: African Economic Outlook
irrigação, possuindo grandes bacias
hidrográficas que continuam por explorar Serv. Financeiros (*) Financeiros, Imobiliário e Serviços de
(Zambeze, Save, Limpopo). O estado atual Negócio
das infraestruturas em nada tem ajudado o
desenvolvimento do setor agrícola do país,
apesar de já estarem perspetivados diversos
investimentos a este nível.
A agricultura foi definida, no Orçamento de Estado de 2012, como um setor prioritário, estando-lhe destinado
11,6% do orçamento de despesas totais. O Programa Estratégico para o Desenvolvimento Agrário (PEDSA
2010-2019) preconiza o crescimento acumulado da agricultura em pelo menos 7% ao ano, a duplicação da
produção, a intensificação do repovoamento pecuário, o aumento da capacidade de produção de aves e a boa
gestão dos recursos naturais.
Cumpre notar ainda que Moçambique é um país com grandes potencialidades pesqueiras, devido à sua
localização costeira, com uma extensão de litoral de 2.750 km e uma Zona Económica Exclusiva (“ZEE”) de
586 mil km2 de superfície oceânica, possuindo grande diversidade de recursos de pesca.
A relevância dada à indústria extrativa no Plano Económico e Social para 2013 dá enfoque aos objetivos de
desenvolvimento previstos para a área dos recursos minerais.
9
Análise BES, junho 2013; Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional
de Angola, setembro 2012; CPI Moçambique
10
Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, República de Moçambique: Country Strategy Paper, 2011-2015
39
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
De salientar que a dimensão e a qualidade do gás natural descoberto no país justificam o estudo sobre o
desenvolvimento, em larga escala de um projeto de GNL, tendo sido anunciado recentemente um projeto que
irá envolver duas das maiores empresas de prospeção deste recurso. Perspetiva-se a construção de 10
fábricas de processamento de gás natural avaliadas no valor de US$ 50.000 milhões. Assim, Moçambique
poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, ficando apenas atrás
da Nigéria.
A produção industrial tem crescido a uma taxa média anual acima dos 3% no decurso dos dois últimos anos,
prevendo-se que atinja os 5,8% em 2013. Os setores que manifestam maior potencial de crescimento são o
dos cimentos, o mobiliário e também das indústrias alimentares e bebidas. Um forte investimento no setor do
cimento vai triplicar a capacidade de produção até 2013, atualmente próximo de 1.3 milhões de toneladas
anuais.
Mapa 1 Corredores de desenvolvimento e potenciais Apesar do peso ainda diminuto no PIB do país,
polos de desenvolvimento cerca de 2% (5% se considerarmos os efeitos
indiretos), o setor do turismo tem vindo a recuperar
o seu potencial, tendo reforçado a capacidade de
alojamento e a qualidade do produto oferecido.
Destacam-se as áreas do país que têm vindo a ser
tidas como potenciais zonas turísticas:
40
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
100.00
2.40 Agricultura Representando a África do Sul 59,14% do
2.90 PIB da SADC, os serviços financeiros e o
4.50
90.00
Energia (*) imobiliário desempenham, como se
6.90
salienta através do gráfico, um papel de
80.00 8.20 relevo no desenvolvimento do país. O
Construção
crescimento do setor deveu-se, em
70.00 9.80 grande parte, a um aumento da atividade
Outros
nos bancos comerciais. De salientar que
60.00 a África do Sul dispõe de uma estrutura
13.40 Transp. e comum.
financeira sofisticada, sendo a Bolsa de
50.00
Valores de Joanesburgo (JSE Limited) a
Ind. mineira
14.50 maior de África.
40.00
Indústria
O Governo Sul-Africano está empenhado
30.00 16.30 em alcançar os resultados propostos pelo
Comércio 12
Plano de Desenvolvimento Nacional,
20.00
contando-se entre estes, melhores
Adm. pública, saúde e
resultados educacionais, a promoção da
10.00 21.20 educação
saúde da população, adequada
Serv. financeiros (*) localização e manutenção de
0.00
infraestruturas, uma forte rede de
segurança social, a criaçao de um Estado
Fonte: African Economic Outlook
competente e a aposta na redução dos
níveis de corrupção.
O turismo também se apresenta como um importante setor na sua economia. Também ao nível do emprego,
este setor apresenta uma importância relevante, tendo empregado, em 2011, cerca de 1.200 mil pessoas
(emprego direto e indireto). Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking mundial dos destinos
turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente africano (depois de Marrocos).
A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB Sul- Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu
10% para o PIB do país, estimando-se que, com os efeitos indiretos, esta contribuição ascenda a 20%. O setor
13
empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 2012 .
Em 2011, a África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem
vindo a reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor
14
(US$), apresentando uma quota mundial de 9,87%.
A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente africano, tem um peso diminuto no PIB do
país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter uma relevante base agrícola. Neste setor destaca-se o
vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção uma quota mundial de 3,5%.Para
além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança agrícola
positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a capacidade de
autoabastecimento agrícola15.
11
Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012
12
“Banco Nacional de Desenvolvimento 2030: “Our future - make it work”, Capítulo 3: “Economy and employment”
13
Factos sobre a Indústria Mineira da África do Sul – agosto de 2013, Câmara de Minas da África do Sul
14
África do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme disponível em: https://kimberleyprocessstatistics.org/
15
Conclusões com base nos dados da Análise Económica da Agricultura da África do Sul, 2011/2012
41
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto Lesoto, Madagáscar, Maláui, República
Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e
100
Energia (*) Zimbabué representam cerca de 13% do PIB
4.70
regional e apresentam forte peso da agricultura
90 6.50 Construção
na sua economia.
6.70
80
7.90 Transp. e comum.
Apesar da relação entre o Lesoto e a África
70 8.60 Ind. mineira do Sul ter por várias vezes beneficiado o
Lesoto, discute-se a necessidade de
60 9.10 diversificar a economia do país por forma a
Agricultura
11.50
reduzir a dependência deste face à África do
50
Comércio Sul.
40 12.50
Outros O país que contribui com apenas 0,38% para o
30 PIB da região, tem cerca de 85% da população
12.80 Admin. pública,saúde e residente em áreas rurais.
20 educ.
Indústria A economia do país cresceu aproximadamente
10 19.80
4,2% em 2011, impulsionada por uma
Serv. Financeiros (*)
- recuperação da atividade do setor mineiro (que,
por sua vez, cresceu a uma taxa de 14,5%).
Fonte: African Economic Outlook, 2011
Este setor foi estimulado, por um lado, pela
reabertura de algumas das minas e, por outro,
pela abertura de novas minas.
O setor com maior contribuição no PIB do Lesoto é o setor dos serviços financeiros (19,80%). Apesar deste
setor ser relativamente pequeno e subdesenvolvido, o acesso ao financiamento tem vindo a ser facilitado. A
17
banca comercial é responsável por 51,3% dos ativos do setor financeiro.
O setor da indústria é impulsionado, principalmente, pela indústria dos têxteis, motor de crescimento e de
18
criação de emprego durante a última década (2011). No entanto, a competitividade deste setor está
condicionada à elevada concorrência dos produtores asiáticos no mercado americano, após a interrupção das
quotas pelo Acordo Multi-Fibras (AMF).
Com um peso de 1,53% e 0,66% do PIB da SADC, respetivamente, Madagáscar e Maláui apresentam uma
estrutura produtiva semelhante, com forte peso agrícola.
No caso de Madagáscar, este setor apresenta um peso preponderante na sua estrutura produtiva, contribuindo
com 70% das receitas das exportações, e empregando cerca de 80% da população. Contudo, apenas 5% do
terreno é próprio para cultivo. As plantações mais relevantes são o arroz, mandioca, batata-doce, vegetais
19
frescos, bananas, milho e feijão.
O setor agrícola, responsável por 31,60% de valor acrescentado para a economia de Maláui, sustenta 85% da
população e contribui com 90% de receitas de exportação. A economia do Maláui depende, em grande
medida, das exportações do tabaco, tendo estas totalizado, em 2010, US$ 585 milhões, representando assim
49% do total das exportações do país.20
16
African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional
de Angola, setembro 2012
17
Relatório do País Nr. 12/102 – FMI
18
Reino do Lesoto, Country Strategy Paper 2013-2017, Banco Africano de Desenvolvimento
19
http://www.intracen.org/; http://faostat.fao.org/
20
Estratégia Nacional de Exportações do Maláui para 2013-2018
42
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) -
Madagáscar Maláui
100.00 100.00
Construção 2.80 Indústria
4.50
90.00 6.10 3.40
90.00
5.60
Construção
80.00 12.30 Admin. pública,saúde 80.00 7.00
e educ.
70.00 11.30 Outros
13.70 70.00
Comércio
60.00 60.00 11.80
Transp. e
15.00 comum.
50.00 Indústria 50.00
23.50 Ind. mineira
40.00 40.00
17.60
Serv. Financeiros (*)
30.00 30.00 Serv. Financeiros
(*)
20.00 Transp. e comum. 20.00
Comércio
28.70 31.60
10.00 10.00
Agricultura Agricultura
0.00 0.00
Fonte: African Economic Outlook, 2012 Fonte: African Economic Outlook, 2012
43
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
0.00
50.00 Indústria
28.00
40.00
Transp. e comum.
30.00
21
Reino da Suazilândia – Comunidade Europeia, Country Strategy Paper and National Indicative Programme 2008-2013.
22
Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento
23
Fonte: Áfrican Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco
Nacional de Angola, setembro 2012
44
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços.
45
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa. 24
Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana Atendendo à dimensão da economia do
Botsuana, Namíbia e Zâmbia, a análise
100.00
2.70 conjunta dos seus principais setores permitirá
4.70 uma visão mais abrangente e adequada do
90.00 Agricultura
5.20 seu impacto regional.
6.10 Outros
80.00
6.30 Destes países, verifica-se que a indústria
70.00 Transp. e comum. extrativa, em particular, a mineira assume-se
13.70 como o setor mais relevante representando
60.00 Indústria 7,5% do PIB da SADC.
24
Fontes: African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco
Nacional de Angola, setembro 2012
46
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Equivalendo a 1,97% do PIB da SADC, a Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia
Namíbia tem na base da sua economia a
extração e processamento de minerais, 100.00
3.10
representando o setor mineiro cerca de 20% 3.90 Energia (*)
do PIB do país. 90.00 5.50
Construção
80.00 7.90
Mais de metade da população da Namíbia
depende da agricultura para a sua 10.60 Outros
70.00
subsistência. Apesar do peso relativo do
60.00 11.30 Agricultura
setor dos serviços financeiros ser relevante
para a economia (28,70%), este apresenta Ind. mineira
50.00
um conjunto de fraquezas passíveis de se 13.50
transformar em oportunidades: mercado 40.00 Comércio
financeiro superficial, concorrência limitada, 14.80
sistema de proteção financeira limitado, 30.00 Indústria
mercado de capitais subdesenvolvido,
20.00 Transp. e comum.
ineficiente e inadequada regulação, acesso
limitado aos serviços financeiros, iliteracia e 28.70
10.00 Serv. Financeiros (*)
falta de proteção ao consumidor; falta de
competências de gestão financeira, e 0.00
domínio de capital estrangeiro na prestação
de serviços financeiros. Fonte: African Economic Outlook, 2011
Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia Representando 3,18% do PIB da SADC, a
Zâmbia, 4º maior produtor mundial de cobre,
100.00 é um país rico em vários minerais: cobalto,
2.30 Admin. pública,saúde
2.90 ouro e diversas pedras preciosas. A indústria
e educ.
90.00 3.70 extrativa representa uma grande parte das
3.80 Energia (*) exportações de mercadorias do país.
80.00 8.60
Transp. e comum. Outros setores relevantes na economia do
70.00
13.70 país são a agricultura (19,10%), o comércio
Outros (16,20%) e os serviços financeiros (13,70%).
60.00
47
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A intensificação das trocas exige a complementaridade industrial das economias, implicando níveis de
especialização diferenciados. O baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa
possibilidade, que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo esforço de
diversificação das economias - uma aspiração de muitos países da região.
25
Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC
País Exportador
AO26 BW27 CG28 LS29 MG30 MW31 MU32 MZ33 NA34 SC35 ZA36 SZ37 TZ38 ZM39 ZW40
AO - 2 0 0 0 0 1 0 0 1 53 0 50 50 50
BW 27 - 29 29 23 30 25 31 38 29 16 31 64 67 67
CG 15 20 - 9 10 13 14 19 16 16 14 10 59 63 58
LS 42 44 42 - 52 44 47 43 43 43 44 44 71 71 71
MG 23 32 26 28 - 33 23 30 31 25 22 32 65 61 64
MU 20 22 14 25 26 - 22 24 25 25 12 29 59 58 65
País importador
MUS 19 20 17 29 44 21 - 21 27 28 9 30 58 59 62
MZ 16 34 18 25 18 25 13 - 21 14 34 30 64 57 64
NA 39 34 27 40 29 35 39 36 - 40 10 37 64 66 67
SC 10 21 15 15 13 18 9 15 15 - 15 18 61 55 58
ZA 58 54 62 53 51 58 45 77 65 55 - 58 80 81 86
SZ 14 9 12 11 9 10 15 13 12 12 3 - 55 55 56
TZ 27 32 28 34 28 41 23 33 34 29 17 35 64 64 69
ZM 22 28 28 31 31 40 23 31 31 29 18 31 - - 70
ZW 24 30 20 30 23 33 24 28 28 25 19 30 62 60 -
Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat
25
O Trade Complementary Index (TCI – Indice de Complementaridade de Comércio) é um indicador utilizado para medir a
compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países.
Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de
exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.
26
Angola
27
Botsuana
28
República Democrática do Congo
29
Lesoto
30
Madagáscar
31
Maláui
32
Maurícias
33
Moçambique
34
Namíbia
35
Seicheles
36
África do Sul
37
Suazilândia
38
Tanzânia
39
Zâmbia
40
Zimbabué
48
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
As exportações intra-
SADC só representam
8,86% do total das
1.4.2. Comércio intrarregional exportações da região
A SADC regista o 3º maior valor mundial de trocas intrarregião, medido pelo rácio de exportações sobre o PIB,
dos espaços de integração económica analisados, cujo nível de integração é liderado pela União Europeia
(“UE”) e seguido pela ASEAN, o que indicia um nível de integração relevante, tendo em consideração o nível
de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem representar o dobro das
registadas.
Acresce que a dinâmica de crescimento é a mais acentuada das regiões analisadas. Importa no entanto,
referir que os produtos petrolíferos assumem especial relevo nas trocas comerciais, estimando-se que possam
representar 20% do total das exportações intrarregião.
49
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
472,620 469,077
500,000
20,000
400,000
15,000
25,882 27,153 300,000
20,980 22,344
10,000 19,444
200,000
5,000 100,000
0 0
2008 2009 2010 2011 2012
A dimensão, estrutura, localização das economias e acordos prévios determinam o fluxo atual de trocas
comerciais.
A análise do peso das exportações vs. importações intrarregião revela que 4 países representem cerca de
52% das importações intrarregionais: África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, conjuntamente, demonstram
um elevado nível de integração económica regional.
Angola, apesar de apresentar um elevado índice de exportações regionais, tem um valor reduzido de
importações. Este indicador é característico de uma economia protecionista ou de uma baixa
complementaridade entre as necessidades dos países e a capacidade de exportação dos demais países da
região da SADC.
No polo oposto, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, apesar de apresentarem índices de importações regionais mais
elevados que os demais países, têm valores de exportação reduzidos (quando comparando com as
exportações). Este indicador é característico de economias menos protecionistas ou de um maior grau de
complementaridade regional. Para mais informações sobre o grau de complementaridade verificar a análise
realizada adiante em ponto autónomo.
Botsuana
14% Zâmbia
12% Namíbia
10%
Zimbabué
8%
Rep. Dem. Congo
Moçambique
6% Angola
Lesoto
4% Maláui
Tanzânia
2%
Maurícias
0% Madagáscar
0% Seicheles5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Exportações intra-SADC (%no total das exportações da SADC)
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
50
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
De referir que apenas a África do Sul, Angola e Tanzânia (embora em menor grau) apresentam balanças
comerciais intra-regionais positivas, sendo a República Democrática do Congo e o Lesoto aquelas que
apresentam balanças comerciais proporcionalmente mais deficitárias.
Importa igualmente compreender, atendendo às características dos vários mercados, quais os produtos
transacionados intra-SADC e, consequentemente, aqueles que revelam menos obstáculos à exportação .
Bebidas e tabaco
1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região
A África do Sul, a economia mais desenvolvida da SADC, mantém vínculos comerciais com quase todos os
países-membros da SADC e possui uma grande diversidade de produtos exportados, sendo de destacar os
seguintes: petróleo refinado (6%), veículos de transporte de mercadorias (5%) e engenharia civil e
empreiteiros; fábrica e equipamento (3%).
Da análise dos mercados de destino dos produtos exportados verifica-se uma dispersão das exportações de
petróleo refinado pelos vários países da SADC, e uma concentração das exportações com um maior volume
para seis países: Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botswana (12%), Angola (10%) e Rep.
Dem. Congo (10%).
51
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
África do Sul
43% das
exportações
intra-SADC
As principais exportações para estes seis países totalizaram em 2012 um montante superior a 4 mil milhões de
USD, sendo as exportações de maquinarias e equipamentos de transportes responsáveis por cerca de 49%
das principais exportações, num total de 1.9 mil milhões de USD exportados.
Angola tem um peso substancial nas trocas intra-SADC (25%), mas concentrando-se apenas num produto – o
petróleo (99% do total das exportações de Angola para a SADC) com destino a África do Sul .
52
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Angola
25% das trocas intra-
SADC
O incremento e diversificação da base industrial, beneficiando de um mercado interno, poderão gerar uma
base de produção para as economias vizinhas, muito embora existam um conjunto de fatores críticos que,
entre outros, terão de ser ultrapassados:
53
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Importações
A SADC importa maioritariamente de países industrializados (China, países membros da EU, Japão e Índia).
Nota-se que a China foi o único país que conseguiu aumentar significativamente a sua importância relativa nas
importações do bloco, em parte pela sua crescente necessidade de recursos naturais, dos quais se destaca,
entre outros, o petróleo.
A importação de petróleo do bloco resulta em grande medida das necessidades de África do Sul que, além das
importações de Angola, importa petróleo dos Emirados Árabes Unidos e Nigéria. Aliás, Angola encontra-se no
terceiro lugar das importações de petróleo de África do Sul, apesar de ter capacidade de produzir petróleo
suficiente para suprir a totalidade das necessidades deste país.
Entre 2008 e 2012, assistiu-se a um crescimento do nível das importações para a região, a ritmo anual de
5,72%.
100%
205.792
90% 214.824 200,000
80% 171.955
Peso nas importações da SADC
Numa análise global, o aumento das importações demonstra um crescimento contínuo e consistente das
economias emergentes, como é o caso da China e da Índia, com forte presença na região e em todo o
continente Africano. Por outro lado, nos principais produtos importados pelo bloco, pode verificar-se uma certa
estagnação na importância dos países europeus, dos EUA e do Japão.
54
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Maquinaria e equipamentos de
3%2% transporte
8% Combustíveis minerais, lubrificantes e
materiais relacionados
33% Bens manufaturados
9%
Químicos e produtos relacionados
Do total dos produtos importados pela SADC no montante de US$ 216 mil milhões identificamos
de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 55% das
importações, no montante de cerca US$ 119.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão
representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais
betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de
telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Veículos a motor para transporte de
mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos
veterinários); Máquinas de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as
indústrias particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e aparelhos
elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas comestíveis; Aparelho para
circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico
manuseio; Aparelhos de medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e
equipamentos associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas
compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Bebidas
alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos da indústria química; Arroz; Trigo e centeio
em grão; Papel e cartão; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e
óleos; Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Gorduras
vegetais e óleos refinados; Automóveis; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios,
cubas; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos
domésticos elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão interna
e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Cobre; Elementos químicos
inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Materiais de construção.
55
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
3% 4%
8%
7%
59%
14%
23%
56
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
4% 5%
7%
9%
34%
13%
9%
52%
10%
18%
13% 23%
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos
Os Estados Unidos da América também apresentam Da Índia são importados veículos de transporte de
um peso significativo nas importações da SADC de passageiros, embora pesem mais os óleos de petróleo
veículos (para transporte de pessoas e de ou de minerais betuminosos (> 70%) e as importações
mercadorias), assim como de máquinas e de medicamentos (incluindo medicamentos
equipamentos de engenharia civil. veterinários).
57
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Bens manufaturados
Bebidas e tabaco
58
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Os principais destinos das exportações dos países da SADC são a China, os EUA, a Índia e o Reino Unido,
representando cerca de 54% do total das exportações da SADC em 2012.
90% 200,000
As exportações dos EM da SADC são maioritariamente matérias-primas, com especial relevo para o petróleo e
seus derivados, diamantes, minérios e cobre, denotando assim a elevada importância que as indústrias ligadas
à extração mineira ou petrolífera têm nos países da região.
Pela natureza das exportações (matérias-primas), os principais destinos analisados individualmente continuam
a ser os países com elevada produção industrial. Assim, boa parte do petróleo exportado pelos países da
SADC tem como destino a China, os EUA, a Índia e Taiwan.
59
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Gráfico 29 - Exportações SADC para a China Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA
2%
2% 3%
2% 2% 4%
10% 7%
11%
24% 58%
72%
Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido
2%2% 3%3%
4% 5%
5%
11%
8%
49%
25%
79%
Bens manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
relacionados
relacionados
Commodities e transações n.e. Alimentos e animais vivos
60
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Importações
Analisando a relação comercial na vertente das trocas comerciais da SADC com os países pertencentes à CPLP,
começando pelas importações, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Portugal
merece especial destaque pelo aumento do volume de exportações para a SADC (crescimento médio anual de 21%, entre
2008 e 2012).
14,000
5.82%
12,000
Importações (milhões US$)
10,000
4.52% 5.57% 3.80% 8,187
8,000
3.54%
6,000 3,883 4,527 4,468
4,000 3,135
Brasil Portugal
Angola é o principal
parceiro comercial
de Portugal dentro
da SADC,
absorvendo 87% das
exportações
portuguesas para
este mercado
61
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Bebidas e tabaco
62
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Exportações
A CPLP é responsável somente por cerca de 3,3% das exportações da SADC, sendo que apenas Portugal e
Brasil apresentam valores dignos de registo.
8,000
Exportações (milhões US$)
7,000 3.29%
6,000 992
5,000
2.27%
4,000 1.63%
3,000 1.35% 5,808
2,716 1,392
2,000 0.93% 1,209
1,000 528 1,980
1,160 692 1,094
-
2008 2009 2010 2011 2012
Portugal Brasil
Portugal tem vindo a aumentar a sua importância no seio da SADC, nomeadamente através da crescente
importação dos produtos da SADC. Entre 2008 e 2012, Portugal aumentou a sua quota nas exportações da
SADC de 0,68% para 2,81%.
63
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O Brasil surge como o 2º país da CPLP, não pertencente ao bloco, em termos de destino das exportações dos
países membros da SADC, representando cerca de 0,48% das exportações da zona .
Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil
4% 5%
8%
32%
25%
93% 27%
Enquanto Portugal importa quase exclusivamente combustíveis da SADC, o Brasil importa também químicos e
outros bens manufaturados, bem como alguma maquinaria.
64
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A SADC tem vindo a registar desde 2008 uma tendência de abrandamento na sua competitividade para
captação de investimento direto estrangeiro, nomeadamamente pela diminuição do capital investido na região
que em 2008 registava um volume de US$ 18 mil milhões e em 2012 somente de cerca de US$ 11 mil
milhões. Os países da SADC que mais captaram IDE em 2012 foram Moçambique, África do Sul e a Rep.
Democrática do Congo.
Relativamente ao aumento do investimento da região no exterior (Outward) este tem vindo a aumentar
exponencialmente desde 2008, tendo atingido em 2012 cerca de US$ 7.8 mil milhões.
20,000 18,714
5,000
2,591 2,080
1,509
(514)
-
(5,000)
2008 2009 2010 2011 2012
Inward Outward
Com exeção de Angola, Moçambique, África do Sul e a Rep. Democrática do Congo, os fluxos de IDE nos
demais países da região têm-se apresentado heterogéneos. Países como o Botsuana, o Lesoto, Madagáscar,
Maláui, Namíbia, Seicheles, Suazilândia e Zimbabué têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor
estrangeiro, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura produtiva.
Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$)
65
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Nos últimos 2 a 3 anos registou-se um forte aumento da atratividade de Moçambique como destino de IDE,
muito tendo contribuído os projetos associados ao potencial de desenvolvimento da exploração de LNG – Gás
Natural.
A Tanzânia e a República Democrática do Congo viram igualmente os fluxos de IDE serem reforçados em
2012.
Por outro lado, verificou-se também uma diminuição dos fluxos de IDE para a África do Sul com uma queda
de 24 por cento para US$ 4,6 milhões.
66
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A SADC constitui uma geografia de oportunidade de IDE, na contribuição para o seu desenvolvimento,
agregando cerca de US$ 650 mil milhões de PIB e mais de 285 milhões de habitantes.
Aliás, em termos de balança comercial, desde o final da década de 90, o desempenho económico e a balança
comercial dos países da SADC encontram-se altamente correlacionados com o crescimento da economia
chinesa. Por outro lado, verificou-se um declínio das relações comerciais relativas com os EUA, deixando
assim os países da SADC menos expostos ao desempenho da Economia norte-americana. Estas mudanças
são particularmente expressivas no caso da África do Sul, de Angola, de Madagáscar, da Namíbia e das
Seicheles.
A heterogeneidade económica dos EMs da SADC releva o peso da África do Sul e Angola, que representam
cerca de 60% e 18% do PIB da região, respetivamente, mas com estruturas produtivas substancialmente
diferentes, sendo que, as restantes 13 economias representam cerca de 22% do PIB (dados de 2012).
A África do Sul, quando comparada com as restantes economias da região, apresenta uma estrutura produtiva
bastante diversificada, sendo o parceiro dominante nas trocas comerciais intra-regionais, representando 43%
das exportações intra-SADC e com elevada diversidade de produtos exportados. As exportações com maior
volume destinam-se à Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botsuana (12%), Angola (10%) e
Rep. Dem. Congo (10%), sendo que este conjunto de nações importa, fundamentalmente, Maquinaria e
Equipamento de Transporte, Químicos e Combustíveis.
O petróleo é particularmente significativo na estrutura económica angolana. Fortalecida por uma Balança
Comercial positiva, Angola representa 25% das trocas comerciais da SADC, com elevada concentração de
exportações de petróleo para a África do Sul. No quadro da estratégia do Governo de Angola surge o fomento
à diversificação da economia. Esta opção governativa introduz um conjunto de oportunidades de investimento
no tecido empresarial local, desde o setor agrícola, passando pela indústria agroalimentar, até às atividades de
logística e serviços. O tecido industrial deverá ser igualmente alvo de crescimento a prazo como resultado da
política de fomento, bem como do incremento do rendimento da população e do consumo privado, constituindo
aqui também uma oportunidade de investimento.
Moçambique, a prazo, tem focos desenvolvimento no projeto de exploração de gás natural, estimando-se que
todas as atividades no cluster da prospeção, extração e exploração possam prosperar a médio / longo prazo, a
par das atividades subsidiárias e acessórias ao mencionado cluster. De igual modo, a aceleração esperada da
Economia colocará mais capital a circular nas ruas, fomentando o aumento do consumo de bens duradouros e
bens não - duradouros. A oportunidade que o gás natural poderá gerar tem levado a um intensificar dos níveis
de IDE para Moçambique, que desde 2010 têm crescido a um ritmo superior a 100% ao ano.
67
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A agricultura surge com principal relevo no Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, que no seu conjunto representam cerca de 16% do PIB da região. Principal
fonte de emprego, a agricultura apresenta, na maioria das explorações, oportunidades de mecanização e
incremento de produtividade. Acresce ainda que é um setor que em muitos países apresenta fortes índices de
exportação, apresentando um peso relevante na Balança Comercial desses países. São também estes países
que se têm apresentado menos atrativos à captação de IDE, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura
produtiva.
A indústria extrativa, em particular a mineira, é preponderante nas economias do Botsuana, Namíbia e Zâmbia,
concentrando-se as oportunidades de negócio neste cluster.
As oportunidades de investimento no Turismo têm sido, na sua maioria, concretizadas nas Seicheles e
Maurícias, sendo que o Botsuana (Bacia do Okavango), Moçambique e Namíbia vêm apostando no
desenvolvimento deste setor. Angola tem também como objetivo, a prazo, a criação de uma indústria de
Turismo, promovendo o desenvolvimento de 3 polos turísticos em Cabo Ledo, Kalandula e junto ao Okavango,
o qual impulsionará atividades de serviços profissionais nas áreas do ambiente, ordenamento do território e
construção e infraestruturas.
(produtos e serviços
associados aos setores)
Airport, Sir Seretse Khama
Francistown International
Indústria mineira, Saúde,
Pecuária, Sorgo, Milho,
International Airport,
Feijão, Girassol,
Kasane Airport
Maun Airport
Amendoim
Botsuana
N/A
SADC
Telecomunicações, Saúde,
Bangoka International
Produtos de madeira
Agricultura, Indústria
Banana, Amendoim,
Airport, Lubumbashi
International Airport
mineira, Energia,
Congo RD
alimentar
Banana
68
Seicheles Namíbia Maurícia Maláui Madagáscar Lesoto
Tabaco, cana-de-
Café, Baunilha,
açúcar, algodão, chá,
Cocos, Canela, Cana-de-açúcar,
Cana de açúcar, Chá, milho, batata,
Baunilha, Batata- Cravo, Cacau, Arroz, Milho, Trigo,
Sorgo, Amendoim, Uvas, Milho, Batata, Banana, mandioca, sorgo,
doce, Mandioca Mandioca, Feijão, Legumes, Sorgo,
Pecuária, Peixe Leguminosas, Gado, leguminosas,
Bananas, Aves, Banana, Amendoim, Cevada, Pecuária
Cabras, Peixe amendoim, nozes de
Atum Produtos de origem
macadâmia, gado,
animal
cabras
69
Indústria alimentar,
Coco (fibra de coco) Mineração, Indústria Indústria alimentar, têxtil, Indústria Artesanato,
Turismo
corda, Construção têxtil, Turismo Tecnologia, Turismo petrolífera Indústria Construção, Turismo
de barcos, Bebidas automóvel
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Chipoka
Antsiranana
Luderitz Monkey Bay
Mahajanga
N/A Port Louis Nkhata Bay N/A
Toamasina
Walvis Bay Nkhotakota
Toliara
Chilumba
Zimbabué Zâmbia Tanzânia Suazilândia
Agricultura,
Agricultura, Indústria Agricultura, Indústria
Agricultura, Energia, Mineração, Indústria
alimentar, Indústria de têxtil, Mineração,
70
Mineração, Indústria têxtil, petrolífera, Indústria
calçado, Mineração, Indústria automóvel,
Indústria alimentar, Turismo de calçado, Serviços
Indústria têxtil, Turismo Turismo
financeiros, Turismo
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Julius Nyerere
Joshua Mqabuko Nkomo
International Airport, Matsapha International
International Airport, Lusaka International Airport
Kilimanjaro Airport
Harare International Airport
International Airport
Dar es Salaam
Binga Kariba Mpulungu N/A
Zanzibar
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Do total dos produtos importados pelo Botsuana aos Do total dos produtos importados pela República
seus parceiros comerciais no, total US$ 8.025 mil Democrática do Congo aos seus parceiros comerciais
milhões, identificamos de seguida, por ordem no, total US$ 6.1 mil milhões, identificamos de seguida,
decrescente, os 25 principais produtos que por ordem decrescente, os 25 principais produtos que
representam 51% das importações, no montante de representam 50% das importações, no montante de
US$ 5.870 milhões, e a negrito os produtos que cerca de US$ 3 mil milhões, e a negrito os produtos
poderão representar oportunidades de exportação para que poderão representar oportunidades de exportação
as empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:
Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Óleos de Veículos a motor para transporte de mercadorias; Óleos
petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%;
Energia; Veículos a motor para transporte de Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários);
mercadorias; Veículos automóveis para transporte de Máquinas para a construção civil; Outras carnes e
pessoas; Máquinas para a construção civil; miudezas comestíveis; Estruturas e peças de ferro, aço,
Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); alumínio; Equipamento de telecomunicação; Outras
Equipamento de telecomunicação; Materiais de máquinas e aparelhos para as indústrias particulares;
construção; Geradores; Aeronaves e equipamentos Peixe fresco ou congelado; Produtos comestíveis e
associados; Madeira e aparas de madeira; Equipamento preparações; Tubos e perfis ocos, de ferro e aço;
para distribuição de energia elétrica; Máquinas de Tecidos de algodão; Aparelho para circuitos elétricos,
processamento de dados; Cereais em grão; Pneus de tabuleiro, painéis; Materiais de construção; Bombas
borracha e câmaras-de-ar; Peças e acessórios dos para água; Máquinas e aparelhos elétricos; Farinha de
veículos; Tabaco; Outras máquinas e aparelhos para as trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos automóveis
indústrias particulares; Estruturas e peças de ferro, para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão;
aço, alumínio; Metais comuns; Mobiliário e peças; Metais comuns; Máquinas de energia elétrica e
Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; componentes; Bombas, compressores a gás e
Calçado; Produtos comestíveis e preparações. ventiladores; geradores; Roupas e outros artigos
têxteis; Ferramentas mecânicas e outras.
71
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Do total dos produtos importados pelo Lesoto aos seus Do total dos produtos importados por Madagáscar aos
parceiros comerciais no, total US$ 2.6 mil milhões, seus parceiros comerciais no, total US$ 3.05 mil
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os milhões, identificamos de seguida, por ordem
25 principais produtos que representam 53% das decrescente, os 25 principais produtos que
importações, no montante de US$ 1.4 mil milhões, e a representam 54% das importações, no montante de
negrito os produtos que poderão representar cerca de US$ 1.7 mil milhões, e a negrito os produtos
oportunidades de exportação para as empresas que poderão representar oportunidades de exportação
portuguesas: para as empresas portuguesas:
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
70%; Tecidos de malha; Tecidos de algodão; Outras 70%; Fios têxteis; Arroz; Açúcar, melaço e mel;
refeições à base de cereais e farinha; Equipamento de Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de
telecomunicação; Outras carnes e miudezas comestíveis; halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos
Automóveis; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e veterinários); Veículos automóveis para transporte de
óleos, refinado; Preparações de cereais, farinha de pessoas; Veículos a motor para transporte de
frutas ou vegetais; Perfumaria e cosméticos; Recetores mercadorias; Tecidos de algodão; Tecidos artificiais;
de televisão; Produtos residuais de petróleo; Milho; Gorduras vegetais e óleos; Tecidos de malha; Farinha de
Calçado; Fios têxteis; Sabonetes, produtos de limpeza trigo e farinha de trigo com centeio; Outros tecidos; Peixe
e polimento; Pregos, parafusos, porcas, parafusos, fresco ou congelado; Equipamento de telecomunicação;
rebites e semelhantes; Aparelho para circuitos Carvão; Produtos laminados de ferro, aço não ligado,
elétricos, painéis; Gás natural; Papel e cartão; Trigo e revestidos, folheados; Artigos de plástico; Lã; Artigos
centeio em grão; Máquinas e aparelhos elétricos; de matérias têxteis; Preparações de cereais, farinha de
Artigos de plástico; Leite e produtos lácteos. frutas ou vegetais; Pneus de borracha e câmaras-de-ar;
Gorduras vegetais e óleos, refinado; Materiais de
construção.
Do total dos produtos importados pelo Maláui aos seus Do total dos produtos importados pela Maurícia aos
parceiros comerciais no, total US$ 2.7 mil milhões, seus parceiros comerciais no, total US$ 5.7 mil
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os milhões, identificamos de seguida, por ordem
25 principais produtos que representam 56% das decrescente, os 25 principais produtos que
importações, no montante de cerca de US$ 1.5 mil representam 54% das importações, no montante de
milhões, e a negrito os produtos que poderão cerca de US$ 5.7 mil milhões, e a negrito os produtos
representar oportunidades de exportação para as que poderão representar oportunidades de exportação
empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:
Fertilizantes; Óleos de petróleo ou de minerais Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo 70%; Peixe fresco ou congelado; Veículos automóveis
medicamentos veterinários); Tabaco; Materiais de para transporte de pessoas; Equipamento de
construção; Material para impressão; Trigo e centeio em telecomunicação; Medicamentos (incluindo
grão; Veículos a motor para transporte de mercadorias; medicamentos veterinários); Carvão; Materiais de
Equipamento de telecomunicação; Veículos automóveis construção; Tecidos de algodão; Pérolas, pedras
para transporte de pessoas; Produtos medicinais e preciosas e semipreciosas; Leite e produtos lácteos;
farmacêuticos; Sabonetes, produtos de limpeza e de Máquinas de processamento de dados; Fios têxteis;
polimento; Produtos laminados de ferro, aço não Propano e butano liquefeito; Tabaco; Barras de ferro e
ligado, revestidos, folheados; Máquinas para a aço, cantoneiras, perfis e seções; Motores de pistão de
construção civil; Mobiliário e peças; Aparelhos combustão interna e componentes; Veículos a motor
elétricos de diagnóstico para as ciências médicas; para transporte de mercadorias; Perfumaria e
Outras máquinas e aparelhos para as indústrias cosméticos; Produtos comestíveis e preparações;
particulares; Artigos de matérias têxteis; Pneus de Metais comuns; Arroz; Estruturas e peças de ferro, aço,
borracha e câmaras-de-ar; Papel e cartão; Polímeros de alumínio; Máquinas e aparelhos elétricos; Trigo e
etileno; Automóveis; Óleos essenciais e perfumes; centeio em grão; Artigos de plástico.
Máquinas e aparelhos elétricos; Minerais em bruto.
Do total dos produtos importados pela Namíbia aos Do total dos produtos importados pelas Seicheles aos
seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 6.4 seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 752
mil milhões, identificamos de seguida, por ordem milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 57% das importações, no montante de representam 68% das importações, no montante de
US$ 3.679 milhões, e a negrito os produtos que cerca de US$ 513 milhões, e a negrito os produtos que
poderão representar oportunidades de exportação para poderão representar oportunidades de exportação para
as empresas portuguesas: as empresas portuguesas:
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
70%; Minérios de cobre; Embarcações; Veículos 70%; Embarcações; Peixe fresco ou congelado;
automóveis para transporte de pessoas; Pérolas, pedras Mobiliário e peças; Veículos automóveis para
preciosas e semipreciosas; Veículos a motor para transporte de pessoas; Madeira e aparas; Gorduras
transporte de mercadorias; Equipamento de vegetais e óleos, refinado, do fracionamento; Metais
72
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
telecomunicação; Máquinas para a construção civil; comuns; Materiais de construção; Produtos laminados
Aparelhos e equipamentos fotográficos; Medicamentos de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados;
(incluindo medicamentos veterinários); Cobre; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte
Mobiliário e peças; Aeronaves e equipamentos de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras,
associados; Artigos de matérias têxteis; Elementos cantoneiras, perfis e seções; Papel e cartão;
químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Bebidas Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos lácteos;
alcoólicas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Metais Recipientes de metal para armazenamento ou
comuns; Máquinas e aparelhos para as indústrias transporte; Arroz; Artigos plásticos; Aeronaves e
particulares; Aparelhos de medição, análise e controle; equipamentos associados; Equipamentos de
Recipientes de metal para armazenamento ou aquecimento e refrigeração; Outras carnes e miudezas
transporte; Peças e acessórios de veículos; Trigo e comestíveis; Sabonetes, produtos de limpeza e de
centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas polimento; Material para impressão; Legumes.
ou vegetais; Artigos plásticos.
Do total dos produtos importados pela Suazilândia aos Do total dos produtos importados pela Tanzânia aos
seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 2 seus parceiros comerciais no total de cerca de US$
mil milhões, identificamos de seguida, por ordem 11.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 61% das importações, no montante de representam 59% das importações, no montante de
cerca de US$ 1.2 mil milhões, e a negrito os produtos cerca de US$ 6.9 mil milhões, e a negrito os produtos
que poderão representar oportunidades de exportação que poderão representar oportunidades de exportação
para as empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados pela Zâmbia aos Do total dos produtos importados pelo Zimbabué aos
seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 8.2 seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 4.4
mil milhões, identificamos de seguida, por ordem mil milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 61% das importações, no montante de representam 52% das importações, no montante de
cerca de US$ 5 mil milhões, e a negrito os produtos cerca de US$ 2.3 mil milhões, e a negrito os produtos
que poderão representar oportunidades de exportação que poderão representar oportunidades de exportação
para as empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:
Minérios de cobre e seus concentrados; Óleos brutos de Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
petróleo e outros; Máquinas para a construção civil; 70%; Fertilizantes; Veículos a motor para transporte de
Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Gorduras
halogéneo; Veículos a motor para transporte de vegetais e óleos, refinado; Máquinas para a construção
mercadorias; Cobre; Fertilizantes; Outras máquinas e civil; Milho; Veículos automóveis para transporte de
aparelhos para as indústrias particulares; Óleos de pessoas; Trigo e centeio em grão; Sabonetes, produtos
petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; de limpeza e de polimento; Medicamentos (incluindo
Minérios e concentrados de metais básicos; Equipamento medicamentos veterinários); Açúcar, melaço e mel;
de telecomunicação; Medicamentos (incluindo Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Tabaco;
medicamentos veterinários); Veículos automóveis para Níquel minérios e concentrados; Outras máquinas e
transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, aparelhos para as indústrias particulares; Energia;
cantoneiras, perfis e seções; Pneus de borracha e Produtos comestíveis e preparações; Automóveis;
câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço e Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Artigos de
alumínio; Bombas de água; Metais comuns; Produtos plástico; Papel e cartão; Preparações de cereais,
diversos das indústrias químicas; Tubos e perfis ocos, farinha de frutas ou vegetais; Sais metálicos e
73
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
acessórios, ferro e aço; Aparelho para circuitos peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tecidos artificiais.
elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos laminados
planos de ferro e aço, revestidos, folheados;
Automóveis; Ferramentas mecânicas, outras; Peças e
acessórios de veículos.
Do total dos produtos importados por Moçambique aos Do total dos produtos importados a África do Sul aos
seus parceiros comerciais no total de US$ 6 mil seus parceiros comerciais no total de US$ 124 mil
milhões, identificamos de seguida, por ordem milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 51% das importações, no montante de representam 43% das importações, no montante de
US$ 3.167 milhões, e a negrito os produtos que US$ 54 mil milhões, e a negrito os produtos que
poderão representar oportunidades de exportação para poderão representar oportunidades de exportação para
as empresas portuguesas: as empresas portuguesas:
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de
70%; Energia; Veículos a motor para transporte de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%;
mercadorias; Máquinas para a construção civil; Arroz; Veículos para transporte de pessoas; Equipamento de
Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e aparelhos telecomunicação; Máquinas para a construção civil;
para as indústrias particulares; Fertilizantes; Máquinas de processamento de dados; Medicamentos
Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; (incluindo medicamentos veterinários); Veículos a
Alumínio; Medicamentos (incluindo medicamentos motor para transporte de mercadorias; Peças e
veterinários); Produtos residuais de petróleo; Estruturas e acessórios dos veículos; Aeronaves e equipamentos
peças de ferro, aço, alumínio; Barras de ferro e aço, associados; Outras máquinas e aparelhos para as
cantoneiras, perfis e seções; Carvão; Gorduras vegetais indústrias; Turbinas a vapor e componentes; Aparelhos
e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; de medição, análise e controle; Máquinas e aparelhos
Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados elétricos; Calçado; Equipamento mecânico e
planos de ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e componentes; Peças e acessórios para máquinas;
refrigeração; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis;
aço; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e
Sabonetes, limpeza e de polimento; Mobiliário e peças. ventiladores; Equipamentos de aquecimento e
refrigeração; Produtos diversos da indústria química;
Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Fertilizantes; Arroz.
74
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
2.África do Sul
O país com maior peso na região
75
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
2.1. Macroeconomia
A África do Sul é o país com maior peso na região, representando mais de 59% do PIB da SADC.
41
Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC
África do Sul
59.14%
Angola
17.57%
42
A economia da África do Sul é a maior e mais sofisticada do continente Africano, representando cerca de
34% do PIB da África Subsaariana e 59% do PIB da SADC. É uma economia abundante em recursos naturais,
como platina, ouro, diamantes e carvão, dispõe de uma razoável rede de infraestruturas e transportes e
apresenta um sistema financeiro bastante desenvolvido. A sua importância no continente Africano foi
confirmada pela inclusão no acrónimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - South Africa).
41
World Bank
42
Fonte: FMI (Fundo Monetário Internacional), IFI (Instituto de Finanças Internacionais), Análise do Orçamento de Estado
de 2012 da República da África do Sul, e Análise BPI agosto 2013
76
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB
US$
3.6 3.5
3.1
7,951 7,507 2.5
7,265
5,591 5,766
Após o decréscimo do PIB registado em 2009 a trajetória de crescimento do PIB recuperou, em parte como
resultado do conjunto de políticas governamentais de estímulo fiscal e da recuperação da procura interna, por
via da realização do Mundial de Futebol. Em 2011 o crescimento do PIB de 3.5% (segundo o FMI e o IFI),
resulta da contribuição positiva das exportações (evolução dos preços das commodities), mas também da
procura interna.
O setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo
contribuído em 2010 com cerca de 8,6% para o PIB e em 2011 com cerca de 10% (Análise BES 2012). A
importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país bastante rico em recursos minerais. Em
2010, o país foi o maior produtor mundial de crómio, o maior produtor de platina (com uma quota mundial de
76%), o 5º maior produtor de ouro e o 4º maior produtor de diamantes (em volume e valor).
Para além deste setor, aqueles que têm maior peso no crescimento económico do país são as infraestruturas
(transportes, energia, comunicações e habitação social), a agricultura e o turismo .
A situação orçamental da África do Sul é sólida, muito embora se tenha registado uma ligeira quebra no
exercício de 2012. O défice do setor público administrativo aumentou ligeiramente de 4.1% do PIB em 2011,
para 4.2% do PIB em 2012.
Os maiores défices orçamentais recentes foram consequência de medidas anticíclicas do Governo, que
visaram apoiar o crescimento e o emprego. Assim, a despesa pública governamental aumentou, tendo subido
de 20% do PIB em 2011, para 29,9% em 2012.
O Governo previu para o ano de 2013 um aumento na despesa pública. No entanto, tudo indica que este
aumento está a decorrer a um ritmo inferior quando comparado com os resultados do exercício anterior, e com
as previsões orçamentais.
Apesar da economia Sul-Africana ter continuado a crescer desde a recessão de 2009, o ritmo moderado do
seu crescimento tem afetado negativamente as receitas, tendo a economia sido afetada pela instabilidade no
mercado laboral e pela diminuição dos preços nas matérias-primas. A degradação contínua do crescimento
económico verificada nos principais parceiros comerciais do país também não contribuiu para inverter esta
tendência.
43
Fontes: African Economic Outlook; Relatório Económico Anual – Banco Central da África do sul, 2013
77
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A dívida pública interna aumentou substancialmente, tendo passado de cerca US$ 87 mil milhões em 2011,
para cerca de US$ 105 mil milhões em 2012. A dívida nacional corresponde a 90% do endividamento total.
Devido à natureza da moeda nacional e dos mercados de capitais, a fonte de financiamento primária para o
défice orçamental continua a ser a contratação de empréstimos internos através de uma combinação de títulos
do Tesouro, de obrigações de taxa fixa, e de obrigações indexadas à inflação.
A dívida pública externa reduziu de 3,8% do PIB em 2011, para 3,7% em 2012, enquanto a dívida externa total
passou de 27% (US$ 50,9 mil milhões) do PIB em 2011, para 29,2% (US$ 53,3 mil milhões) em 2012. O rácio
do serviço da dívida (que avalia a proporção das receitas da exportação necessárias para pagar o serviço da
dívida), aumentou de 93.8% em 2011, para 96.4% em 2012..
O aumento da dívida externa deveu-se, em grande parte, ao aumento do financiamento junto dos mercados de
capitais internacionais pelo Governo, pelo setor bancário, e através de financiamento externo com vista a
financiar investimentos em infraestruturas.
A Moody’s desceu a notação do crédito soberano da África do Sul em um nível - de A3 para Baa1, bem como
as notações dos depósitos externos das principais instituições financeiras e dos bancos comerciais. Cumpre
informar que as notações revistas, emitidas pela Moody’s, estão alinhadas com as notações das outras
principais agências de notação de risco de crédito, sendo improvável que afetem o acesso do país aos
mercados de crédito internacionais.
A estratégia para a gestão da dívida faz parte integrante das amplas políticas de sustentabilidade do Governo,
sendo de destacar afixação dos objetivos líquidos de financiamento, que incluem projeções detalhadas de
componentes internos e externos, a longo e a curto prazo (para um período de três anos).
O total da dívida bruta aumentou de cerca US$ 97 mil milhões, a 31 de março de 2011, para US$ 119 mil
milhões em 2012.
44
Fonte: African Economic Outlook
78
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Serviços Pessoais
Serviços Públicos
2% 7%
10%
Serviços Financeiros e imobiliário
16%
Transportes e comunicação
13%
Turismo e Comércio
3%
Construção
5%
21% Eletricidade, gás e água
15% Indústria Transformadora
8%
Mineração
No setor dos serviços, o turismo vem-se apresentando como um importante setor na sua Economia,
contribuindo fortemente para os níveis de emprego. Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking
mundial dos destinos turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente Africano (depois de
Marrocos).
A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB sul-Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu 10%
para o PIB do país, estimando-se que com os efeitos indiretos destas contribuições ascendam a 20%. O setor
45
empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 2012 . Em 2011, a
África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem vindo a
reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor (apresentando
46
uma quota mundial de 9,87% ).
A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente Africano, tem um peso diminuto no PIB do
país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter relevantes fundações agrícolas. Neste setor destaca-se o
vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção, com uma quota mundial de
3,5%.Para além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança
45
Facts about South African Mining-August 2013, Câmara de Minas da África do Sul
46
BES Research Africa do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme available at:
https://kimberleyprocessstatistics.org/
79
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
agrícola positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a
capacidade de autoabastecimento agrícola 47.
Estas empresas têm um papel fundamental no crescimento económico do país, e um peso muito importante
em vários domínios da região da África Subsariana.
A Eskom é responsável por 95% da energia usada na África do Sul e por cerca de 45% da energia usada em
todo o continente Africano. Estas empresas são responsáveis pelo desenvolvimento de infraestruturas chave e
contribuem para o aumento da capacidade de produção do país – por exemplo, a principal filial da Safcol, a
Komatiland Forests, detém 80% da companhia de florestas moçambicana - Indústrias Florestais de Manica -,
tendo um papel vital no desenvolvimento rural e na redução do desemprego local.
47
Conclusões com base nos dados do Economic Review of the South African Agriculture 2011/2012
80
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Vários são os fatores limitativos do potencial crescimento da África do Sul: um mercado de trabalho ineficiente,
com grande falta de formação técnica e infraestruturas deficitárias e degradadas. Por outro lado, as elevadas
taxas de criminalidade, corrupção, ineficiência das entidades públicas e um crescimento mundial mais fraco,
continuarão a atrasar o crescimento do país.
No entanto, verificam-se alguns aspetos positivos como, designadamente, a expansão da classe média, que
deverá estimular o consumo privado de bens duradouros e serviços e a melhoria de redes de transporte e
estações elétricas que deverão permitir um reforço gradual da atratividade ao investimento externo.
Embora tenham ocorrido avanços significativos em determinadas áreas, a África do Sul continua a debater-se
com desafios significativos.
A maior economia Africana, e a 28º do mundo, enfrenta um alto nível de desemprego, sobretudo jovem, uma
população que vive com escassos rendimentos (contextos que explicam os elevados índices de criminalidade);
para além de questões de saúde pública, nomeadamente o ainda significativo flagelo da incidência de VIH.
A fraca qualidade do ensino e lacunas ao nível da educação contribuem também para o posicionamento mais
frágil em termos de desenvolvimento. A nível económico, pontua a dificuldade sentida nos últimos anos em
alcançar patamares de expansão mais robustos, que permitam sustentar a trajetória de desenvolvimento e
prosseguir na senda do crescimento. Neste ponto, entre os fatores que mais contribuem para esta situação,
destacam-se a deficiente oferta de energia elétrica, causando roturas nos transportes e na atividade
económica; o comportamento volátil do setor de extração e transformação de minério; o impacto desfasado
das políticas económicas restritivas antes da crise de 2008; e o recuo da procura externa e dos preços das
commodities nos mercados internacionais.
Mais recentemente, o Governo Sul-Africano anunciou as linhas gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento
(NDP) para 2030.
48
Fonte: FMI, IFI, Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul - BPI Research agosto 2012
81
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
49
Plano Nacional de Desenvolvimento: Uma estratégia para o crescimento e desenvolvimento
1. Criação de um pacto social (entre o Governo, setor privado, sindicatos e a sociedade civil) para reduzir a
pobreza e as desigualdades, com o objetivo de impulsionar o investimento e o crescimento económico;
2. Definição de uma estratégia para erradicar a pobreza e os seus efeitos que passe por reduzir o desemprego,
reforçar o salário mínimo nacional, desenvolver a rede de transportes públicos e aumentar o rendimento dos
trabalhadores em zonas rurais;
3. Melhoria da gestão e responsabilidade do serviço público, a coordenação do Governo com outras áreas e
eliminação da corrupção;
4. Impulso ao investimento em setores com maior intensidade de trabalho (com especial foco na criação de
emprego para os mais jovens), impulso da competitividade do país e das exportações;
5. Desenvolvimento do sistema educativo;
6. Desenvolvimento do sistema de saúde, através da modernização das infraestruturas de apoio à saúde pública,
de uma maior formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde e da redução do custo dos seguros
privados de saúde (em relação aos seguros públicos);
7. Impulso ao desenvolvimento em infraestruturas até 10% do PIB;
8. Assegurar a sustentabilidade ambiental e a capacidade de proteção contra choques externos;
9. Reforma do espaço geográfico, aumentando a densidade populacional das cidades, melhorando o sistema de
transportes, criando empregos mais próximos das zonas residenciais e desenvolvendo o mercado imobiliário; e
10. Redução da criminalidade através do reforço da justiça criminal e da melhoria do ambiente comunitário.
As ações prioritárias têm por base um conjunto de medidas e objetivos futuros definidos pelo Governo, até
2030 nas diversas dimensões.
Economia
O PIB deverá aumentar 2,7 vezes em termos reais, o que implica uma taxa de crescimento médio
anual do PIB de aproximadamente 5,4%. O PIB per capita deverá aumentar de R50 000 por pessoa,
em 2010, para R110 000 por pessoa em 2030 (preços constantes);
As poupanças nacionais deverão aumentar de 16% do PIB para 25% do PIB até 2030;
O nível da formação bruta de capital fixo deverá crescer de 17% para 30%, com o nível de
investimento fixo do setor público a aumentar cerca de 10%
até 2030.
Aumento estimado do
Comércio comércio intrarregional na
África Austral de 7% para
O comércio intrarregional da África Austral deverá aumentar, 25% em 2030
de 7% para cerca de 25% até 2030;
49
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul / BPI Research agosto 2013
82
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030.
Emprego
A taxa de desemprego deverá baixar de 24,9% em 2012 (junho 2012) para 14% em 2020 e 6% em
2030. Seguindo estas previsões, o “emprego total” deverá aumentar de 13 milhões para 24 milhões de
pessoas empregadas;
A percentagem da população adulta a trabalhar deverá aumentar de 41% para 61% até 2030;
A percentagem da população adulta a trabalhar, nas áreas rurais, deverá aumentar de 29% para 40%
até 2030;
Os programas do Governo para o apoio ao emprego deverão atingir 1 milhão de pessoas em 2015 e 2
milhões de pessoas até 2030.
Energia
A proporção de pessoas com acesso à rede elétrica deverá aumentar pelo menos 90% até 2030
(segundo dados da IEA, World Energy Outlook 2011, a taxa de eletrificação na África do Sul é de
cerca de 75% nas zonas urbanas / centrais, e o número de pessoas sem eletricidade é de cerca de
12.3 milhões).
Até 2030, a África do Sul precisará de mais 29 000 MW de eletricidade disponível, e será dada maior
importância ao setor das energias renováveis. Este deverá registar um desenvolvimento considerável
até 2030.
Água
Assegurar que toda a população tenha acesso a água limpa e potável, (estima-se que cerca de 94%
da população tenha acesso a água potável, de acordo com o Department water affairs – Rep of South
África) e que este recurso é suficiente para satisfazer as necessidades relativas à agricultura e
indústria.
Transportes
Portos
83
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
84
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
50
Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas
Apesar de em 2012 o investimento público ter aumentado em estradas, linhas ferroviárias, em portos e no
setor energético, continua a existir falta de dinamismo no setor, muito devido aos baixos níveis de investimento
privado.
Na tabela seguinte pode-se ver o investimento público previsto em infraestruturas, por setor, entre 2010 e
2015.
51
Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 2015 (US$M)
Setor Total
Energia 296.2
Saúde 36.0
Educação 40.7
50
Fonte: Census 2011
51
Fonte: Análise do Orçamento de Estado para 2012
85
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Energia
O setor elétrico na África do Sul é dominado pela Eskom, que detém e opera a maioria
das infraestruturas elétricas, fornecendo 95% da energia do país.
O índice Doing Business de 2013 do Banco Mundial, estabelece que um dos aspetos mais negativos no
investimento na África do Sul está relacionado com a obtenção de eletricidade, encontrando-se o país em
150.º lugar (de 185.º posições possíveis).
Como resultado de baixos investimentos no setor, o total de energia passível de distribuição é inferior aos
níveis de 2006.
O país não se encontra capaz de gerar a energia necessária para fazer face à procura, acrescendo ainda que,
reflexo do avançado estado de degradação das infraestruturas, a Eskom, empresa de distribuição elétrica Sul-
Africana, não tem conseguido responder às necessidades da população. A falta de manutenção adequada tem
resultado numa recorrência cada vez maior nos cortes energéticos imprevistos, reduzindo assim a capacidade
elétrica nacional. As reservas marginais de energia da Eskom têm vindo a descer abaixo de 1% nos passados
meses, o que, quando comparado com uma norma internacional de 15% não deixa de ser preocupante.
52
Fonte: Eskom (2011)
86
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Apesar de a Eskom deter o monopólio no setor, existem hoje expetativas claras relativas à alteração das
regras que vigoram presentemente, e à implementação de regulação económica neste âmbito, visando a
quebra do atual monopólio na energia Sul-Africana.
Transportes
Os transportes, a par da energia, são o setor que tem atraído maior atenção por parte
do Governo, por se estabelecer como uma área bastante deficitária.
Cumpre salientar as seguintes caraterísticas da rede ferroviária da África do Sul (figura abaixo):
A rede ferroviária Sul-Africana é constituída por quase 21 mil quilómetros de linha (num total de mais de 30 mil
quilómetros, quando consideramos as rotas ferroviárias principais que têm linhas duplas).
53
Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos
Durban;
Baía de Richards;
Cidade do Cabo;
Baía de Saldanha;
Nggura / Coega;
Porto de East London;
Baía de Mossel;
Porto Elizabeth.
Os portos sul-Africanos
encontram-se divididos em três
grupos: ocidentais, centrais, e
orientais. A divisão geográfica
decorre da respetiva área de
influência que cada porto serve.
Os vários portos encontram-se ligados, por corredores, aos centros industriais e mineiros de Gauteng e
Mpumalanga, sendo a operação dos portos efetuada na sua maioria pela Transnet (que detém uma posição
dominante nos portos Sul-Africanos).
53
Fonte: Transnet, Ltd (2010)
87
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Considerando que os portos são compostos por uma mistura complexa de infraestruturas físicas e serviços
operacionais, a sua eficácia é avaliada através da eficiência com que os portos conseguem servir quem os
utiliza, criando assim valor para a economia nacional.
De referir que os portos sul-Africanos abrangem várias funções – enquanto uns estão focados quase
exclusivamente em produtos a granel, outros dão apoio apenas a determinados setores (a Baía Mussel, por
exemplo, presta apoio à indústria off-shore petrolífera). Existem portos que, por outro lado, se especializam
num só tipo de carga.
54
Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país)
54
Fontes: Trasnet, Ltd, 2010
88
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Não tem a relevância do porto de Durban e da Baía de Richards em termos de comércio nacional,
servindo uma função mais regional.
Não obstante, e estando localizado na muito preenchida rota marítima oriental-ocidental,
desempenha um papel relevante enquanto centro de transbordo para mercadoria destinada à
Cidade do África Ocidental.
Cabo Mais do que uma infraestrutura facilitadora do comércio, o Porto da Cidade do Cabo dispõe de
atividade piscatória, reparação de navios e instalações de lazer.
Desempenha um importante papel na reparação de navios, especialmente nos setores da
indústria petrolífera, diamantífera e piscatória do Atlântico Sul.
É o porto com maior profundidade do país, estando apto a receber embarcações até 21,5 m de
Baía de
calado.
Saldanha Grande parte da carga que passa pelo porto é a granel.
Tem seis terminais, que servem diferentes funções (de contentores, de carga a granel, de carga a
granel fracionada, de veículos, de navios petroleiros, e de produtos alimentares frescos).
Os terminais do porto estão, na sua maioria, equipados com carros e guindastes pórticos de
Porto última geração.
Elizabeth Os principais bens a serem transacionados no porto são carga contentorizada (destinada tanto a
exportações como a importações), apoiando a indústria automóvel, bem como as exportações de
minério de manganês.
Está previsto um plano de expansão para o porto.
Nggura / É o porto mais recente do país, tendo começado a sua atividade em outubro de 2009.
Coega Fica apenas a 20 km nordeste do porto Elizabeth.
Relativamente à rede rodoviária Sul-Africana, esta compreende, aproximadamente, 154 mil quilómetros de
estradas pavimentadas, e 454 mil quilómetros de estradas de cascalho. As estradas são classificadas como
estradas nacionais, provinciais ou municipais.
89
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Apesar da condição das estradas Sul-Africanas se ter deteriorado devido à sobreutilização e parco
investimento há, contudo, estabilidade na condição dos eixos rodoviários principais (como resultado de
investimentos mais elevados ao longo dos últimos anos) .
55
Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas
A distância entre Maputo e Joanesburgo é de cerca de 460 kms. O principal eixo rodoviário que liga estas
duas cidades é a estrada N4/EN4 passando pelo eixo principal de Lebombo, conhecida em Moçambique como
Ressano Garcia. A estrada entre Maputo e Joanesburgo é alcatroada e dispõe de facilidades de acesso, como
postos de combustíveis. É um dos principais eixos viários do país e é muito utilizada por camiões de carga
provenientes da África do Sul.
Em termos ferroviários são necessárias melhorias na qualidade do serviço oferecido aos utilizadores da rede,
e na capacidade operacional da rede ferroviária.
55
Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
90
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Uma vez que é dada prioridade, na rede ferroviária Sul-Africana aos comboios de mercadorias, a maioria dos
comboios de passageiros estão limitados à velocidade máxima de 70 km/h. Assim, o período de viagem em
comboios tem-se revelado mais longo quando comparado a viagem por autocarro.
Mostram-se ainda prementes alterações institucionais que visam tornar a rede ferroviária mais eficiente, como
por exemplo a introdução de um regulador económico para o efeito, separando-se a gestão das infraestruturas
das operações, e publicitando-se o papel desempenhado pela rede ferroviária no comércio internacional sul-
Africano.
Mais, 78% da rede ferroviária do país já ultrapassou os vinte anos de vida útil inicialmente previstos, o que
indica necessidades urgentes de reabilitação.
Água e saneamento56
A África do Sul é um dos países onde a água mais escasseia, sendo que, dentro da
SADC, é o membro que utiliza, em maior grau, os seus recursos hídricos.
Os rios e as barragens sustentados pela água da chuva constituem a maior fonte de água, o que não tem
chegado para colmatar as necessidades do país (sendo que a água existente para consumo é mal repartida
entre a população).
A escassez da água representa um dos maiores obstáculos em termos de infraestruturas. As suas bacias
hidrográficas já estão totalmente utilizadas. Cerca de 77% da água da superfície (armazenada em barragens e
rios) está a ser usada.
O Governo definiu 2014 como meta para garantir o financiamento dos serviços básicos de abastecimento de
água e saneamento a todos os cidadãos sul-Africanos.
57
Em 2013, 74% da população Sul-Africana dispõe de acesso a saneamento básico no país.
TIC58
Estima-se que 17,4%59 da população tenha acesso à internet, sendo que existem dois
sistemas de acesso digital no país:
A internet;
Os sistemas móveis.
O setor encontra-se atualmente numa fase decisiva da evolução para a internet de banda larga, encontrando-
se os operadores de telecomunicações a investir em novas infraestruturas.
As redes móveis não estão a conseguir acompanhar a procura que tem havido pelos seus serviços.
Por outro lado, grande parte da população continua sem acesso à internet de banda larga, tendo vindo a ser
alocados recursos para a criação de uma infraestrutura digital nacional.
56
Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
57
Fonte: Organização Mundial de Saúde, Estatísticas Mundiais de Saúde, 2013
58
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
59
Estatísticas Mundiais da Internet, 2012
91
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
É pouca a população Sul-Africana que atualmente tem A África do Sul tem o objetivo claro de
acesso a computadores, ou a dispositivos de utilizadores
finais, havendo uma repartição inapropriada de recursos.
reforçar a sua centralidade em África,
Mas, e não obstante, o futuro não deixa de ser otimista – apoiando a cadeia de valor do setor da
estima-se que a maioria da população adulta estará a construção e promovendo a exportação
utilizar a internet no final da década. de serviços
A criação e a coordenação das políticas comerciais e industriais na África do Sul está a cargo do
Departamento de Comércio e Indústria (DTI).
Entre os cinco objetivos estratégicos do DTI, encontra-se o estabelecimento de um ambiente regulatório justo
que tenha em vista possibilitar o investimento, o comércio e o desenvolvimento empresarial de modo equitativo
e socialmente responsável.
Neste âmbito, são também de destacar outros departamentos e agências responsáveis por iniciativas
marcantes quanto às políticas de comércio e de investimento, entre as quais se contam o Departamento do
Tesouro Nacional, o da Agricultura, o de Saúde e o de Assuntos Minerais e Energéticos. O Banco Central
desempenha, naturalmente, um papel decisivo no desenvolvimento destas iniciativas.
Note-se que a África do Sul possui diversos acordos que complementam os tratados multilaterais, sendo de
destacar o Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (ACDC), assinado em 1999 com a União
Europeia (UE), configurando esta última não só a principal fonte de IDE do país, mas ainda o principal parceiro
comercial da África do Sul.
O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para 2030, elaborado em finais de 2011, contribuirá em larga
medida para o investimento e correspondente desenvolvimento em infraestruturas a curto prazo, prevendo-se
61
um investimento para os próximos três anos – o equivalente a 25,8% do PIB de 2012/2013 . Do valor global
do investimento estima-se que parte do investimento projetado (cerca de 4%) possa ocorrer por recurso a
PPPs.
60
Fonte: África do Sul – Perfil e Oportunidades Comerciais, 2011 (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos)
61
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
92
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
62
Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas)
Departamentos Provinciais
4% 5%
Empresas públicas não-financeiras
Este investimento deverá resolver, ainda que parcialmente, os problemas ao nível da produção e do
fornecimento de eletricidade, dos transportes, dos combustíveis, e da captação e distribuição de água e
alojamento.
Energia
Estas medidas integram-se no Plano de Desenvolvimento Nacional e em projetos específicos que permitirão
atingir os índices de capacidade e distribuição necessários ao país.
63
Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético
Projeto Montante
Funcionamento das estações de energia elétrica de Kesuli e de Medupi (que irão adicionar
US$ 1.4 mil milhões
4.800 MW à capacidade de distribuição da Eskom, cada uma)
62
Fonte: Análise Orçamental de 2012 do Tesouro Nacional
63
Fonte: E.E.F., Mercados Financeiros (África do Sul) agosto 2013, BPI; Financing of Kusile and Medupi Power Plants – a
research paper prepared for BankTrack and Pacific Environment, Profundo Economic Research, outubro 2010.
93
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Transportes
Estas medidas programáticas irão resultar num conjunto vasto de investimentos que se estima virem a totalizar
cerca de US$ 12.5 mil milhões.
64
Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes
Projeto Montante
Água e saneamento
64
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Trasnet, Ltd 2010.
94
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Para se atingirem estes objetivos o Governo encontra-se a elaborar um programa nacional de gestão de
recursos hídricos com medias a médio e longo prazo, ainda não tendo definido o montante global de
investimentos.
65
Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento
Projeto Montante
O PND visa ainda incentivar o investimento privado, de forma coordenada com o investimento público (de
forma a evitar duplicações) na área dos transportes públicos, no setor das TIC, na área das energias
renováveis e no desenvolvimento de mais infraestruturas, promovendo a facilitação para a entrada do
investimento privado no país, e o crescimento de parcerias público-privadas (especialmente em matéria de
instalação de redes de fibra ótica nacionais, regionais e municipais) .
65
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul.
95
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A África do Sul apresenta uma economia relativamente aberta, com valores de exportação elevado e
diversificado.
Relativamente à taxa de câmbio, importa referir que vigora um sistema de câmbio flutuante, sem intervenção
do Banco Central. O Rand desvalorizou face ao Dólar, comparando com 2009 e 2010, e é expetável que assim
permaneça.
Ao nível da taxa de inflação identifica-se uma tendência crescente, tendo atingido um pico em 2011 justificado
pelo aumento mundial dos preços dos alimentos e do petróleo.
A balança comercial apresenta-se continuamente deficitária entre 2008 e 2012, assim como a balança
corrente.
Importações
96
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012
100% 140,000
121,606 122,760
90%
Peso nas importações totais de África do Sul
120,000
80%
101,640
94,226 100,000
70%
74,054 Índia
60% Japão
80,000
50% EUA
5%
3% 3% 4% 4% 60,000 Arábia Saudita
40% 5%
6% 5% 5% 5%
7% Alemanha
8% 8% 7% 8%
30% 40,000
5% 4% 4% 8% China
6%
20% 12% 11% 11% 10% Importações
11%
20,000
10%
11% 13% 14% 14% 14%
0% -
2008 2009 2010 2011 2012
11%
Bens manufaturados
O país da CPLP com maior relevo nas importações de África do Sul é Angola, pelas exportações de petróleo,
tendo representado 2,25% do total das importações da África do Sul.
97
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Em segundo lugar surge o Brasil que apresentou uma maior variedade de produtos
exportados para a África do Sul, destacando-se as exportações de carne, açúcar, trigo A CPLP
e Minério de ferro e seus concentrados. representou,
em 2012,
Moçambique exportou essencialmente combustíveis minerais: petróleo (50%), gás apenas 4,81%
natural (19%) e eletricidade (15%), em 2012. das
importações
Portugal tem uma dimensão reduzida no global das trocas, principalmente em 2012,
representando apenas 0,13% do total das importações de África do Sul. Com maior
sul africanas
peso surgem as exportações portuguesas de veículos e outro material de transporte e
as exportações de cortiça.
6,500
4.81%
5,500
4.79%
3.65%
Importações (milhões US$)
4,500 2,805
4.25%
1,998
2,500 1,371
1,667 1,671
1,500
1,661 1,354
1,242
1,270
500 1,052
398 420 528
(500)
2008 2009 2010 2011 2012
As importações a partir de países da CPLP têm aumentado de forma relativamente consistente e expressiva
nos últimos 3 anos, com especial destaque para os parceiros da CPLP inseridos na SADC, Angola e
Moçambique, com crescimentos, respetivamente, de cerca de US$ 2.6 mil milhões em 2011 para cerca de
US$ 4 mil milhões em 2012.
98
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Angola
2,25% das
importações sul
africanas
Brasil
1,36% das importações
sul africanas
99
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Bens manufaturados
Moçambique
1,03% das
importações sul
africanas
100
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
87%
Bens manufaturados
Portugal
Representação
marginal nas
importações sul
africanas
101
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Exportações
Tal como ao nível das importações, os lugares cimeiros dos clientes Sul-Africanos são preenchidos pela China
e pelos Estados Unidos da América. O Japão surge em 3º lugar, seguido da Alemanha.
92,976
100%
86,712 90,000 Países Baixos
90% 80,892
Peso nas exportações totais de África do Sul
73,966 80,000
Reino Unido
80%
61,677 70,000
70% Índia
60,000
60%
Alemanha
50,000
50% 3%
5% 3%
4% 5%
7% 4% 4% 40,000 Japão
40% 6% 4%
3% 4% 4%
4% 8% 6% 4% 30,000
30% 8% 7% 5% EUA
9% 8%
11% 8% 6%
20% 20,000
10% 9% 9%
9% China
10% 11% 10,000
11% 11% 13% 12%
6%
0% - Exportações
2008 2009 2010 2011 2012
102
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Quanto à estrutura das exportações Sul-Africanas, o top 3 dos produtos mais exportados foi preenchido em
2012 pelas exportações de ferro (13%), carvão (8%) e platina (7%).
Bens manufaturados
2%
6%
Maquinaria e equipamentos de transporte
7% 26%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
relacionados
7%
Químicos e produtos relacionados
Relativamente à CPLP, a África do Sul exporta mais para Moçambique, o que se justifica em grande parte pela
proximidade geográfica dos dois países, como anteriormente referido. Em segundo lugar surge Angola,
seguido do Brasil e de Portugal. Destes 4 países, apenas Portugal apresenta uma tendência decrescente.
4,000 3.94%
3,500 4,65% das
3,000 3.78%
3.61%
2,077
exportações
4.08% sul africanas,
2,500 2,026
1,116 1,270 com destaque
2,000
1,324 para
1,500 1,142 Moçambique
747 773 777
1,000 629
500 593 709
368 744 728
338 193 163 107 85
-
2008 2009 2010 2011 2012
103
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Moçambique
2,39% das
exportações sul
africanas
6%
A África do Sul representa cerca de 31% na 9% 28%
quota de importações de Moçambique, sendo
fornecedor de inúmeros produtos, traduzindo
14%
uma forte relação comercial.
Bens manufaturados
104
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Angola
1,32% das
exportações sul
africanas
Bens manufaturados
Bebidas e tabaco
105
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Brasil
0,84% das
exportações sul
africanas
106
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Portugal
0,10% das
exportações sul
africanas, com
tendência
decrescente
Bens manufaturados
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
107
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A tabela seguinte visa sintetizar as prioridades governamentais nos vários setores de atividade e, portanto, os
setores mais favoráveis ao investimento oriundo da SADC em geral, e de Portugal em particular .
66
Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030)
66
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul
108
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Desta lista merecem destaque as potencialidades abertas pela necessidade de equipamentos e tecnologia
para a agroindústria e indústria regular, bem assim como pela promoção do Turismo. A aposta nas
infraestruturas a seguir mencionada, reitera, mais uma vez, a relevância dos equipamentos, a par
naturalmente da exportação do leque total de serviços ligados à construção e às obras públicas .
67
Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas
67
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul
109
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O período de 2010 a 2012 reflete um aumento exponencial do IDE Sul-Africano para o exterior, bem como
uma continuação da capacidade de captação da IDE para o país (inward), mantendo-se um saldo positivo
entre os fluxos de IDE de, e para a África do Sul.
África do Sul
Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012 Dados referentes aos últimos 24 meses
4,000
4,369
Principais cidades recetoras de IDE
2,000 1,228
Joanesburgo: 89 projetos
- 1,151
-76 Cidade do Cabo: 42 projetos
-257
(2,000)
Durban: 13 projetos
(4,000) -3,134 Pretória: 10 projetos
2008 2009 2010 2011 2012
Porto Elizabeth: 9 projetos
Inward Outward
Fonte: FDI markets
De facto o investimento sul-africano no exterior tem vindo a aumentar, em particular para o resto de África,
(cerca de 18 mil milhões de US$). Segundo o “World Investment Report 2013”, o aumento dos fluxos outward
de IDE africanos, deve-se sobretudo aos investimentos Sul-Africanos para o exterior, em particular no setor
mineiro, no setor grossista, e em produtos do setor da saúde.
Por outro lado, em termos de IDE a África do Sul é o país africano que mais investimento chinês recebeu em
2011 (cerca de US$ 16 mil milhões). Adicionalmente, segundo um estudo desenvolvido pelo UNCTAD, a África
do Sul surge em 15º lugar no “TNCs’ top prospective host economies for 2013–2015”.
110
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A indústria mineira
lidera a captação
Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$)
de IDE na África
Setor 2009 2010
do Sul
Indústria extrativa 39.115 58.569
Outros serviços 32.688 39.610 Estes dados, para pequenas economias
pouco expostas ao exterior, reiteram a
Atividades empresariais 31.708 36.427
relevância dos setores referidos na secção
Transporte, armazenagem, telecomunicações 8.764 12.646 anterior como setores apetecíveis para IDE
no País em função das apostas estratégicas
Comércio grosso e a retalho 4.204 5.199
do Governo.
Construção 275 308
Agricultura 126 140
Serviços de comunicação, sociais e pessoais 77 87
Eletricidade, gás e água 4 4
Fonte: Centro de Comércio Internacional
No contexto da SADC, a África do Sul é o país em que se verifica o maior nível de protecionismo do setor
financeiro, verificando-se uma predominância de bancos cuja estrutura acionista é fundamentalmente local .
111
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em O nível de bancarização da África do Sul é dos
África Contas bancárias (% +15anos) mais elevados da SADC e de toda a África.
O setor bancário tem-se empenhado em melhorar o nível de inclusão financeiro da população Sul-Africana. O
Financial Sector Charter (FSC) e o Black Economic Empowerment Act (BBBEE) têm sido os principais pilares
da transformação do setor. Assinado em 2003 e implementado em 2004, o FSC é um acordo de
transformação voluntária para o setor financeiro.
2010 63 5 9 23
Bancários
68
Fonte: www.bna.ao
69
Fontes: http://www.banking.org.za, Finscope Survey 2012, OCDE
112
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
2.9.2. Microcrédito
O setor do microcrédito na África do Sul surgiu em 1980 e tem sido impulsionado por várias Empresas,
Organizações Não Governamentais e Agências Governamentais, das quais se destacam:
Small Enterprise Foundation – é a mais antiga e mais conhecida organização de microcrédito na África
do Sul e tem como público-alvo os residentes das zonas rurais do Limpopo e Mpumalanga, onde os
níveis de pobreza são dos mais elevados do país;
Marang Financial Services – organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar o acesso dos mais
pobres aos serviços financeiros;
Women’s Development Businesses – é composta por três organizações: WDB Micro Finance, WDB
Trust e WDB Investment Holdings - todas trabalham em conjunto para ajudar as mulheres Sul-
Africanas a encontrar uma solução duradoura para a pobreza;
FINCA South Africa – tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população mais
desfavorecida através da prestação de serviços financeiros para empreendedores com pouca
capacidade financeira;
Paradigm Shift - organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar as igrejas dos países
em desenvolvimento para dar formação aos mais desfavorecidos sobre negócios, microcrédito,
orientação e disciplina.
Apesar de ter vindo a crescer ao longo dos anos, em 2000 o setor entrou na chamada “Fase de
Consolidação”, uma vez que o rápido crescimento das instituições de microcrédito se tornou insustentável.
Primeiro porque o número limitado de pessoas que necessitavam desses créditos levou a um aumento da
competitividade entre as instituições, o que levou a uma redução das margens de lucro. Segundo, o Governo
proibiu o crédito consignado e criou um Conselho Regulador das Micro Finanças (Micro Finance Regulatory
Council), com a finalidade de regular o microcrédito.
A África do Sul tem um sistema de câmbio flutuante. Por forma a minimizar o impacto negativo de excesso de
fluxos de capitais de curto prazo e de volatilidade cambial, o Banco Central Sul-Africano (South African Reserv
Bank) intervém no mercado cambial, aligeirando os controlos cambiais e acelerando a acumulação das
reservas cambiais externas. Estas reservas atingiram, em agosto de 2011, um máximo histórico de US$ 51.4
mil milhões, tendo-se mantido próximas deste nível (US$ 50 mil milhões) até agosto de 2012. O Banco Central
Sul-Africano tem vindo a utilizar a acumulação de reservas como um instrumento de gestão da sua liquidez
internacional, ao invés de aplicar esta acumulação numa política cambial ativa.
A política monetária assegurou a estabilidade dos preços, mantendo-se a inflação dentro das taxas previstas
(3-6%) na primeira metade de 2012. No entanto, a inflação de base aumentou significativamente em dezembro
de 2012 para 4,9%, bem acima da média a longo prazo de 4,9%. A taxa de inflação global anual homóloga
(year-on-year inflation), impulsionada pelos preços do petróleo, da eletricidade, da educação e da comida,
registou uma subida para os 5,7% em dezembro de 2012, depois de se ter mantido nos 5,6% em novembro.
No entanto e apesar de uma taxa de juro historicamente baixa, a procura de crédito pelo setor privado
permanece relativamente baixa. Por outro lado, entre julho e agosto de 2012 o crescimentoda massa
monetária desceu de 8,3% para 7,8%.
70
Fonte: African Economic Outlook
113
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Em junho de 2012, a bolsa de valores de Joanesburgo – JSE – tinha 401 empresas cotadas, tendo a
capitalização da bolsa atingido os US$ 734 milhões, o que representa um crescimento médio anual de 56%
desde 2000.
Segundo dados da World Federation Exchange disponibilizados pela JSE, a bolsa de valores Sul-Africana
ocupa o 19º lugar num conjunto de 54 membros, o 21º em volume de transações, e o 29º em liquidez de
mercado. As transações em bolsa estão totalmente automatizadas, realizando-se através de um sistema
eletrónico de compensação e liquidação.
71
Fonte: Research BPI – África do Sul 2012
114
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
3. Angola
A 2ª principal economia da SADC
115
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
3.1. Macroeconomia
A recuperar de um período de crescimento relativamente lento, o PIB de Angola, que representa 17,57% do
PIB da região da SADC e pouco mais de 3% da CPLP, cresceu, aproximadamente, 8,1% em 2012, estimando-
se que venha a crescer entre 7,2% em 2013 e 7,5% em 2014.
72
Gráfico 60 - Evolução anual do PIB Angolano (últimos 5 anos)
16 14 120,000
14
100,000
12
80,000
10 8.1
8 60,000
6 4 40,000
4 3
2
20,000
2
0 0
2008 2009 2010 2011 2012
Os seus baixos níveis de investimento – tanto público, como privado, são uma das caraterísticas mais
marcantes da economia angolana. A taxa de investimento no país representa cerca de 13% do PIB, bem
abaixo da média trianual para a África Subsariana de 24%. O investimento público corresponde
aproximadamente a 10% do PIB, enquanto o investimento privado representa apenas 3% deste.
No entanto, cumpre notar que as autoridades do país têm vindo a adotar medidas para aumentar o valor do
investimento, tendo o mesmo crescido 29 pontos percentuais só em 2012, sendo que o Orçamento de Estado
para 2013 perspetivou um aumento de 60% nas despesas de investimento.
Apesar das perspetivas a médio prazo serem favoráveis, a dependência petrolífera torna a sua economia
bastante vulnerável a choques externos, além de a exporem ao risco da denominada “dutch disease” (cuja
tradução literal é doença holandesa).
Esta “doença” é caracterizada pelo aumento da receita nacional decorrente da exportação de recursos
naturais abundantes (no caso petróleo) e o fenómeno de desindustrialização decorrente da valorização
cambial. Os recursos (capital e trabalho) tendem a deslocar-se para a produção de bens/serviços nacionais
"não transacionáveis ” para responder ao aumento da procura interna, diminuindo assim a produção dos
setores primário e secundário.
Obedecendo às leis de mercado, o aumento da procura interna originará uma escalada dos preços dos
produtos não transacionáveis. Por outro lado, os preços de produtos transacionáveis (como os produtos
alimentares) são definidos no palco internacional reduzindo a possibilidade de aumento das margens e
afastando os investidores. Resumindo, dar-se-á um aumento de preços internos e um aumento de fluxo de
72
Banco Mundial
116
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Como consequência, ter-se-á um aumento da taxa de câmbio real, e/ou pressões inflacionistas. Assim, o setor
transacionável (com especial ênfase nas exportações) perde competitividade e tende a contrair-se, agravando
ainda mais a dependência do petróleo.
Uma forma de combater esta tendência é a de calibração das tarifas, dentro do que é permitido pelo comércio
internacional, promovendo a opção por “campeões” nacionais. Contudo, estes raramente se tornam um
sucesso, em países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, devido à falta de concorrência. A segunda
opção é a utilização das receitas do petróleo de forma a controlar a taxa de câmbio e as reservas nacionais de
moeda estrangeira, o que tem sido uma das estratégias utilizadas por Angola.
Desde pelo menos 2004, os especialistas das organizações internacionais, como a OMC e o FMI, têm
salientado este risco para a economia angolana. O recente acordo celebrado entre o FMI e Angola, em parte,
esteve relacionado com uma ineficiente política de gestão de receitas de petróleo, alterando os termos de
troca no comércio internacional.
Por outro lado, a dependência de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo – especialmente
de bens alimentares – faz com que qualquer aumento substancial nos preços internacionais deste tipo de bens
se traduza num rápido aumento da inflação e numa redução do consumo (tendo assim um forte impacto na
população mais pobre).
Relativamente à inflação, de notar que a mesma desceu para 9% em 2012, o valor mais baixo das últimas
décadas (em grande medida devido à descida global dos preços dos produtos alimentares, e dos esforços do
Banco Nacional de Angola (BNA) em estabilizar a taxa de câmbio nominal).
Importa ainda notar que as flutuações dos preços das matérias-primas no mercado internacional e o combate
à inflação poderão alterar as condições conjunturais de mercado e alterar o risco macroeconómico do país.
No que respeita ao Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2013, vale a pena destacar que a composição da
despesa por natureza económica refletiu o apoio prioritário à ampliação das infraestruturas económicas e
sociais necessárias ao aumento da produção, do emprego e do bem-estar da população, com a
predominância dos gastos para o investimento (24,7%), pessoal (19,51%), amortização da dívida (18,24%), e
aquisição de bens e serviços (17,5%).
Investimento
8%
25% Subsídios
18%
Bens e serviços A composição da
despesa por natureza
Pessoal económica reflete o
12%
20%
apoio prioritário à
Amortizações da divida ampliação das
17%
infraestruturas
Juros económicas e sociais
73 Fonte: Relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado para 2013, Rep. de Angola
117
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A distribuição funcional e programática da despesa prioriza o setor social, com destaque para a educação,
saúde, proteção social, habitação e proteção ambiental.
Educação
8% Saúde
5%
31% Proteção Social
11%
Habitação e serviços comunitários A distribuição
funcional e
Defesa
programática da
7%
despesa prioriza
Segurança e ordem pública
o setor social
9%
18%
9% Assuntos económicos
No âmbito do programa Standby Agreement 2009-2012, com o apoio do FMI, o Governo fez esforços
significativos para disciplinar a política orçamental e reforçar a gestão financeira pública. A racionalização das
despesas correntes permitiu o registo de um superavit orçamental de 8,8% do PIB, em 2012, e possibilitou o
reembolso de dívida pública no montante de US$ 7,5 mil milhões.
A dívida de Angola aparenta estar a entrar num período de estabilização e o rácio da dívida pública externa
em percentagem do PIB caiu de 19.7% em 2011, para 19.5%, em 2012. No entanto, deverá subir ligeiramente
para 20.4% em 2013, devido à assinatura de novas linhas de crédito destinadas a financiar o programa
nacional de reabilitação de infraestruturas.
Já o rácio da dívida pública interna em percentagem do PIB caiu de 11.8% em 2011, para menos de 9% em
2012, devido à racionalização das fontes de financiamento das despesas. A regra orçamental implementada
pelo Governo, baseada na acumulação de elevadas reservas de moeda estrangeira, permite imunizar/cobrir o
risco de volatilidade dos preços do petróleo e dos choques externos, ao nível da economia do país.
A criação de um Fundo Soberano, em outubro de 2012, também é vista como um passo importante para
atenuar o impacto da volatilidade dos preços do petróleo sobre as despesas de investimento, e garantir a
sustentabilidade da gestão das receitas petrolíferas .
74
Fonte: African Economic Outlook
118
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
As reservas em moeda estrangeira existentes em Angola são essencialmente constituídas por reservas
monetárias, e ouro, incluindo Direitos de Saque Especial (“SDR”).
Estes valores expressos no gráfico abaixo permitem à autoridade monetária central do país cumprir com as
suas obrigações garantindo a emissão de moeda e reservas bancárias.
O gráfico abaixo representa a evolução ocorrida ao nível da reserva de moeda estrangeira e ouro para o
período em análise de 2007-2011 em Angola.
28,350
30,000
25,000
18,380
Milhões US$
20,000 16,890
13,640
15,000 11,200
10,000
5,000
0
2007 2008 2009 2010 2011
Angola
No final do ano de 2009, Angola foi sujeita a um processo de ajustamento macroeconómico envolvendo as
autoridades nacionais e o FMI. O financiamento de cerca de US$ 1,4 mil milhões foi reembolsado com
sucesso no final do ano 2012.
A ajuda financeira externa e a intervenção do FMI permitiram resolver alguns problemas existentes até então,
tais como o desequilíbrio orçamental externo existente devido à crise internacional, o qual terá dado início a
uma crise de liquidez.
O encerramento do programa de ajuda financeira foi concluído de forma bastante positiva, tendo sido
determinante, para o sucesso do mesmo, o crescimento do setor do petróleo.
A evolução do crédito à economia e o reforço dos ativos contribuiu para o crescimento da liquidez no ano de
2011. Em 2012, o peso dos depósitos em moeda nacional foi mais moderado não tendo ultrapassado os 50%.
119
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
No que diz respeito ao sistema monetário e cambial, destacam-se as seguintes taxas de juro: a taxa básica de
juro, que expressa a orientação da política levada a cabo pela autoridade monetária e a taxa LUIBOR (Luanda
Interbank Offered Rates), que têm por base as taxas interbancárias.
As taxas bancárias também sofreram uma descida, mais especificamente as taxas passivas, não tendo esta
descida abrangido as taxas ativas. É de notar que em conformidade ocorreu uma melhoria na procura do
crédito concretizada pelo crescimento do mesmo no ano de 2011 e no início do ano de 2012.
Apresenta-se de seguida um gráfico que representa as taxas de juro (taxas anuais) e taxas de câmbio efetiva
para o período 2004-2012.
75
Fonte: BNA, FMI
120
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A taxa de câmbio da moeda angolana face ao Euro tem vindo a sofrer depreciações nos últimos 4 anos, após
um período de ligeira valorização entre 2008 e 2009, variando entre um valor máximo de 1 kwanza valer
0,0105 euros em março de 2009 ao mínimo 0,0072 euros em maio de 2011. À data deste estudo, em outubro
de 2013, 1Kz valem cerca de 0,0075 euro.
121
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Angola tem-se assumido como uma potência regional no contexto da África Subsariana, convergindo para
uma economia de mercado com um rendimento anual per capita na ordem de US$ 5.500.
25
Gráfico 67 - PIB de Angola – taxa de variação real (%)
12
10
8
7.4
6
4 3.9 Setor Petrolífero
3.4
2 2.4 Setores Não Petrolíferos
- Crescimento PIB
(2) 2009 2010 2011 2012
(4)
(6)
(8)
76 77
Visão da OCDE , Banco Mundial e FMI
Gráfico 68 - Previsões de crescimento para Angola
As previsões do Banco Mundial e da OCDE
apontavam para um crescimento em 2013 de
7,2%, e 8,2% respetivamente. O FMI estimou 15.00% 14.00%
um crescimento na ordem os 6,2%. 14% 8.50% 8.25% 8.00%
10.00%
%
O Quadro Macroeconómico de Referência para 2013-2017 define as premissas e metas para os principais
agregados, tendo em atenção a evolução recente da economia internacional e nacional, bem como o quadro
macroeconómico estabelecido na Estratégia Nacional Angola 2025.
122
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Para 2013 o Governo prevê um crescimento real do PIB de 7,1%, onde o setor não petrolífero desempenhará
um papel preponderante.
78
Segundo o PND 2013 – 2017 , estima-se que a economia continue a evoluir positivamente.
15 11.2
9.1 9.7 9.2
10 7.3 10.4
8 8.8
7.4 7.1 7.5
5 4.3
6.6
4.3 4.5
- 4 3.8
(5)
(10)
PIB pm PIB petrolífero PIB não petrolífero -9.8
(15)
2012 prog 2013p 2014p 2015p 2016p 2017p
78
Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, Governo de Angola
123
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
79
Tabela 18 - Objetivo do PND 2013 – 2017: IDH
Nos últimos anos, o Governo tem vindo a promover a condução coordenada das políticas fiscal, monetária e
cambial, acentuando o papel da Programação Financeira como instrumento balizador da articulação entre o
Ministério das Finanças e o BNA e criando as condições ideais para o cumprimento dos objetivos estratégicos
do planeamento macroeconómico para o crescimento económico sustentado .
79
Fonte: Relatório IDH 2011, 2012
124
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
80
Objetivo do PND 2013 - 2017: Taxa de inflação
Inflação em Angola
20
15
Para os próximos
anos, o Governo
10
espera estabilizar a
15.3 11.4 taxa de inflação
9 9.2 7.60
5 anual ao nível de
um dígito percentual
-
2010 2011 2012 2013p Meta 2017
Apesar dos esforços que têm sido desenvolvidos, a estrutura económica de Angola mantém-se pouco
diversificada. Com efeito, o setor petrolífero representa ainda cerca de 45% da estrutura do PIB, 60% das
receitas fiscais, e ultrapassa 90% das exportações, revelando a natureza vulnerável da economia em relação
aos choques externos. A diversificação da estrutura económica que se espera alcançar no período de
execução do PND expressar-se-á na diminuição progressiva do peso do setor petrolífero, passando dos atuais
cerca de 45% para 27%, em 2017, no aumento das receitas fiscais e no crescimento das exportações não
petrolíferas.
80
Fonte: BNA (BPI Research julho 2013)
125
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Gráfico 73 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Crescimento: setor petrolífero vs. não petrolífero
12
9.7 9.1 9.5
10
7.8
Taxa de crescimento %
8
6 4.3 A diversificação da
4 estrutura
1.7
2 económica que se
- espera alcançar
(2) no período de
(4) -3 execução do PND
(6) expressar-se-á na
-5.6 diminuição
(8)
2010 (t.v.r) 2011 (t.v.r) 2012 (t.v.r) Metas 2017 progressiva do
peso do setor
Taxa Média anual de crescimento do setor não petrolífero (%)
petrolífero
Taxa média anual de crescimento do setor petrolífero (%)
Agricultura 6 11,4
A agricultura, indústria, energia, construção e
Pescas e derivados 1,3 3,5 comércio têm contribuído fortemente para a
diversificação da economia e redução da
dependência do setor petrolífero. No entanto,
Petróleo -3 -5,6
muito continua por fazer, já que Angola
demonstra ainda forte dependência na
Diamantes e indústria -10 -3,3 importação de um cabaz relativamente
extractiva alargado de produtos.
Fonte: BNA
126
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O crescimento económico e a sustentabilidade orçamental ainda são altamente dependentes das receitas
petrolíferas. No entanto, o setor petrolífero é de capital intensivo e emprega apenas uma pequena
percentagem da força de trabalho total. Tal facto restringe a diversificação económica, impede a tão
necessária criação de emprego e potencia a denominada “doença holandesa” acima caracterizada. É assim
fundamental acentuar a diversificação da economia.
Apoio às exportações
127
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Continuar a respeitar e a aplicar os princípios da carta da Organização das Nações Unidas e da Carta
da União Africana, e estabelecer relações de amizade e cooperação com todos os povos e Estados;
o Tomando iniciativas políticas para assegurar a segurança e a estabilidade política regional, ou;
Para tal, um dos indicadores chave que merecem a atenção do Governo Angolano, é a posição do país no
ranking DB.
128
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
81
Tabela 20 - Objetivo do PND 2013 – 2017: Doing Business
Posição de Angola no Ranking Doing Business (ano base 2012) 174 172 165
O Relatório sobre a Competitividade Global 2010-2011 do World Economic Forum descreve os três fatores
que justificam uma posição menos destacada para a realização de negócios em Angola:
É essencial realizar reformas que favoreçam o desenvolvimento de negócios, para que as empresas possam
competir mais eficazmente na economia global, especialmente quando outros países estão a melhorar
continuamente os seus climas de negócio.
81
Fonte: Banco Mundial
129
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Conforme referido, a economia angolana (ainda) depende em larga medida do setor petrolífero, sendo já
público o objetivo do executivo de reduzir essa dependência a prazo, fomentando a agricultura, indústria,
serviços de logística, telecomunicações e tecnologia.
Apesar da produção de diamantes corresponder apenas a 0,9% do PIB, o setor não deixa de ter um forte
potencial de crescimento, sendo, como anteriormente indicámos, o quarto maior produtor mundial deste
recurso natural.
82
Gráfico 75 – PIB por setor 2012 - Angola
22%
Energia Elétrica
Construção
8% 45%
Comércio
7%
Outros
Contribuindo com 21,70% para o PIB, e em resultado do “boom” no consumo interno e no investimento privado
nos últimos 4 anos, o comércio assume grande relevo.
Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de
várias iniciativas, incluindo:
Programas de incentivos;
Linhas de financiamento;
Forte investimento público;
Campanhas de marketing e de estímulo à aquisição de produtos e serviços angolanos.
O Governo pretende também fomentar polos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as
produções agrícolas e pecuárias e o seu processo de transformação, armazenamento e logística.
O setor da construção (8,40%) tem crescido como resultado de uma forte aposta do Governo na reconstrução
e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e população.
Já o setor industrial (6,50%) é caraterizado pelo elevado nível de importações, o que poderá conduzir a uma
forte aposta estratégica na produção nacional.
82
Banco Mundial
130
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O Estado assume as mais variadas formas (diretas e indiretas) de participação na economia do país. O
passado recente demonstrou que muitos setores da economia (estratégicos ou não) acabaram por se tornar
propriedade do Estado, em regime de monopólios ou quase-monopólios autorregulados.
O Estado assume uma forte presença no setor petrolífero. Para além deste, os setores onde o Estado está
mais representado é o setor dos transportes (18,3%), do urbanismo, da construção (14,6%) e da geologia,
minas e indústria (12,2%).
Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público 2009 – 2010, ISEP / Ministério da Economia
Conforme se indicou, importa salientar que em termos económicos a presença do Estado faz-se sentir com
mais relevância ao nível do setor petrolífero. Os serviços financeiros também mostram forte presença do
Estado, em particular ao nível de Banca e Seguros, este último alvo de elevada concentração nos últimos
anos.
5%
6% 18%
4% 27%
6%
8%
16%
79%
31%
Petróleo Banca Energia Transportes Outros Petróleo Banca Energia Transportes Outros
Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público 2009 – 2010, ISEP / Ministério da Economia
131
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A Sonangol é a maior empresa angolana, estando no centro da estratégia financeira do país. As receitas do
petróleo recebidas anualmente pela Sonangol são reinvestidas no setor público e na economia em geral.
Criada em 1976, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol E.P.), é a maior empresa do
país, sendo responsável pela gestão da indústria petrolífera no país, administrando concessões petrolíferas,
procedendo à exploração, produção, comercialização, transporte, refinação e distribuição do petróleo.
Além do petróleo, o portfólio diversificado da Sonangol, sobre a égide do Grupo Sonangol, inclui dezenas de
subsidiárias, operando em diversos setores de atividade, destacando-se:
Setor de habitação, por meio da Sonangol Imobiliária e Propriedades (Sonip), que atualmente
coordena o desenvolvimento da “Zona Económica Especial (ZEE) de Luanda/Bengo” e vários outros
projetos de habitação, em Lobito e outras localidades;
A Sonangol já foi aclamada no passado como a instituição nacional mais competente e, por meio de
investimentos globais estratégicos, é o veículo primário da imagem de Angola no estrangeiro.
Além destes setores, a Sonangol possui uma dezena de outras subsidiárias e projetos relacionados com o
petróleo, e também com o gás natural, através da Sonangol Gás Natural.
Na Lusofonia a Sonangol tem um conjunto de importantes investimentos, com especial foco em Portugal, com
participações na GALP energia e Millennium BCP. No Brasil a Sonangol Starfish identificou em 2012 os
primeiros indícios de petróleo no mar, na bacia de campos, em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde assegura o
transporte de crude e outros derivados através da empresa SonaShip e é acionista da petrolífera cabo-
verdiana Enacol, em conjunto com o estado de Cabo Verde e a Galp. Em São Tomé e Príncipe tem vindo a
investir nos aeroportos e na companhia aérea STPAirways, através da sua filial Sonair.
A Sonangol anunciou em Abril de 2014 que a Total irá investir no projeto do Kaombo, no
offshore ultra profundo angolano, um valor estimado em US$ de 16 mil milhões.
Com uma capacidade de produção diária de 230 mil barris, a iniciar em 2017, o Kaombo,
vai produzir reservas estimadas em 650 milhões de barris.
132
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Atualmente Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África Subsariana depois da Nigéria,
produzindo aproximadamente 1,7 milhões de barris por dia (bbl) durante 2011.
O estatuto de Angola enquanto exportador internacional de petróleo foi reconhecido pelo mundo quando o país
aderiu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em 2007. Angola assumiu ainda a
presidência rotativa desta organização em 2009. O país é também um importante fornecedor de petróleo à
China e aos Estados Unidos.
5%
9%
China e EUA são os
principais destinos
13% de exportação de
Angola
57%
17%
Fonte: UNCOMTRADE
No PND 2013 – 2017, o Governo Angolano define, para o setor petrolífero, o seguinte objetivo:
Tabela 21 - Evolução do setor petrolífero: produção, preço médio de exportações do barril de crude,
83
investimento e criação de emprego
83
Fonte: Governo de Angola in Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, segundo o Ministério do Planeamento,
no âmbito das “Políticas e prioridades para o desenvolvimento setorial”
84 Barril (unidade)
133
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Com base nos investimentos realizados nos últimos anos (e consequentes descobertas concretizadas),estima-
se que o potencial de produção do país poderá aumentar de 20 para 50 anos, com o ritmo da produção média
diária de petróleo bruto e recuperar para 1,88 milhões de barris diários.
O aumento substancial confirmado das reservas de gás natural e o seu caráter atrativo do ponto de vista
económico são os catalisadores para o desenvolvimento deste setor.
As reservas de gás natural de Angola estão estimadas em aproximadamente 297 mil milhões de metros
cúbicos. Foram encontradas ainda reservas de gás seco no país, embora, em 2012, ainda não estivessem a
ser exploradas.
A Sonagás— Sonangol Gás Natural — é o titular registado da totalidade do gás angolano. A empresa é a
representante legal do Governo em todas as matérias relacionadas com gás natural.
A produção de gás natural em Angola está a funcionar a apenas a um quinto da sua capacidade estimando-se
que no final de 2014 haja uma considerável melhoria da sua exploração.
A capacidade projetada de produção de GNL em Angola é de 5,2 milhões de toneladas ao ano. Tal seria
equivalente a 45 milhões de barris de petróleo ou a um aumento de 6,5% na atual produção de petróleo, em
termos de receitas.
134
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
135
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Energia
Angola tem efetuado investimentos substanciais no setor energético, desde 2002, para
restabelecer e reconstruir as suas infraestruturas.
Angola tem três sistemas e redes de energia domésticos autónomos – Norte, Centro e Sul (CMI – CHR
Michelsen Institute). Os planos para as linhas de transmissão e interconectores encontram-se em diferentes
fases de planeamento e preparação (encontram-se em fase de pré instalação). Pretende-se que esta possa
estar ligada à República Democrática do Congo (RDC) e à Namíbia, de modo a facilitar as transferências de
energia dentro do quadro do grupo de energia regional.
Sistema Sul - -
Fonte: Ministério de Energia e Águas de Angola in “Programa de Desenvolvimento do setor da Energia 2008 – 2013”
A falta de eletricidade e / ou o seu abastecimento irregular constituem uma perda significativa de receitas
fiscais para o Estado, e uma sobrecarga financeira para as empresas, que se vêm obrigadas a dispor de
85
sistemas alternativos de fornecimento de energia, condicionando desta forma o seu rendimento .
Por outro lado, os custos de produção energética são relativamente elevados, tendo em conta os padrões dos
países vizinhos da África Austral (figura seguinte). Os elevados custos em Angola, particularmente quando
comparados com outros países, são parcialmente explicados pela dependência do país em relação à
produção com base em petróleo.
85
Fonte: CCIPA, através dos dados fornecidos pelo Ministério de Energia e Águas de Angola
136
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
86
Gráfico 79 - Os custos de produção de energia elétrica em Angola são relativamente elevados
Transportes
No entanto, desde 2002 Angola tem vindo a receber elevados empréstimos chineses para reconstruir as suas
infraestruturas.
Com efeito, desde 2004, têm sido feitos investimentos intensivos na reabilitação das infraestruturas
rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias, na sua maioria financiados por empréstimos e linhas de
crédito chineses (nos últimos anos, Angola foi um dos países africanos que recebeu mais crédito bancário da
China).
O investimento de Angola em infraestruturas (aproximadamente de US$ 4,3 mil milhões por ano) é equivalente
a 14% do PIB (Pushak & Foster, 2011), sendo fortemente canalizado para o setor dos transportes.
Transportes Aéreos:
Totalmente renovado (projeto concluído em 2010 em preparação para o Campeonato Africano das Nações), o
2
aeroporto ocupa atualmente uma área de mais de 37.543 m . Dispõe de duas pistas com pavimento asfáltico
de 3.700 metros e 2.600 metros cada, e 8 espaços para estacionamento de aeronaves.
Com a recente renovação os balcões de check-in passaram de 12 para 26. O aeroporto renovado conta ainda
com 3 novos parques de estacionamento para automóveis, táxis e autocarros, com capacidade para 856
veículos.
86
Fonte: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março
2011
Baseado em Briceño-Garmendia e Shkaratan (2010-); baseado em dados de 2005 –06. Os custos de Angola são
baseados em estimativas feitas pela SFI e relativos a 2010.
kWh = kilowatt-hora
137
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Atualmente, o aeroporto acolhe cerca de 7 de voos internacionais por dia (destino Luanda), estando previsto o
aumento do seu tráfego. A Egypt Air, a Royal Air Maroc e a Delta Airlines tencionam dar início às suas
operações em Luanda num futuro próximo.
Transportes Ferroviários:
Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL): liga a capital angolana Luanda à província interior de Malange.
A linha está totalmente operacional, mas não tem ainda acesso ao Porto de Luanda;
Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB): liga o Porto do Lobito no Atlântico à cidade do Luau, na
fronteira leste do país, e às redes ferroviárias no sudeste da RDC e na Zâmbia. O CFB opera
atualmente entre o Lobito e o Huambo;
Caminhos-de-Ferro de Moçamedes (CFM): liga a cidade do Namibe à província leste do Kuando
Kubango.
87
Figura 26 - Redes ferroviárias em Angola, 2010
87
Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)
138
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
88
Tabela 23 - Caraterísticas das redes ferroviárias em Angola, 2010
As linhas ferroviárias serão de importância vital para desenvolver o interior do país. As cidades do interior de
Angola têm sido excluídas dos grandes desenvolvimentos das regiões costeiras há vários anos. O setor
agrícola deverá ser o principal beneficiário.
A indústria dos diamantes – centralizada no interior do país - irá também ela beneficiar de uma rede ferroviária
operacional.
Transportes Rodoviários
Desde 2002, Angola tem levado a cabo progressos impressionantes na reabilitação das
suas infraestruturas, no processo de reconstrução de estradas e pontes.
Em virtude disso, a rede de estradas aumentou para 62.560 km em 2010 (ibid). Este
esforço tem sido financiado por fundos públicos e créditos externos. Empresas de construção estrangeiras,
nomeadamente chinesas e brasileiras, têm sido responsáveis por grande parte da reconstrução das
infraestruturas do país.
A reabilitação das estradas tem sido concentrada nas vias que ligam os principais centros urbanos e nas
estradas em redor de Luanda.
88
Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)
139
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Transportes Marítimos
Porto de Luanda
É o principal centro para as operações atuais de importação de produtos alimentares, produtos relacionados
com a indústria energética, e para as operações atualmente em franco crescimento de carga geral e de
contentores. Situa-se a 8º47' S de latitude e 13º14' E de longitude, na baía de Luanda, com excelentes
condições naturais, ondulação fraca e ventos calmos.
Movimentação de contentores:
Em 2011 a movimentação de contentores no Porto de Luanda registou um aumento de cerca de 28%, num
total de 482.365 contentores.
Caraterísticas
O porto tem 2.738 metros de cais de acostagem, divididos em 7 terminais + 1 plataforma logística de apoio à
89
indústria petrolífera, trabalha 24 horas diárias, e é gerido pela Empresa Portuária de Luanda E.P. . Dispõe de
3 rebocadores com potências entre os 750 e os 2.500HP (unidade de medida horsepower).
Produtos
As mercadorias de entrada são as mais variadas e vão desde a farinha, arroz ou cereais para moagem até aos
materiais de construção, produtos manufaturados, viaturas e equipamentos de transporte. As tonelagens de
saída e de exportação são sobretudo café, tráfego local de cabotagem e contentores vazios.
Terminal de Carga Geral (TCG): este terminal foi concessionado à Multiterminais em 2005 por um
período de 20 anos. A Multiterminais é um consórcio formado pela Copinol SARL (51%), Nile Dutch
África Line (35%) e pela NDS Lda (14%);
140
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Terminal Polivalente (TP): este terminal foi concessionado à Unicargas em 2005 por um período de
20 anos. A Unicargas é uma empresa de transportes detida pelo Estado angolano;
Terminal de Contentores (TC): este terminal foi concessionado à Sogester em 2007 por um período
de 20 anos. A Sogester é detida pela APM Terminals (40%) com a Maersk Line (11%) e a Gestão de
Fundos (49%). A APM Terminals faz parte do Grupo Moller-Maersk, que inclui também a companhia
de navegação Maersk.
Porto de Lobito
O Porto de Lobito, o segundo maior porto de Angola depois de Luanda, fica a 12º20' S de latitude e a 13º34' E
de longitude, na baía do Lobito.
Movimentação de contentores
A movimentação de contentores tem vindo a aumentar tendo movimentado 2.7 milhões de toneladas em 2011,
91
cerca de 400 toneladas a mais que em 2010 . Em 2011, o referido porto movimentou cerca de 87.538
contentores.
Caraterísticas
O porto tem 1.122 m de cais de acostagem, divididos em 2 zonas. A autoridade portuária "Porto do Lobito"
dispõe de dois rebocadores, 15 gruas em terra com capacidades entre as 5 e as 22 toneladas e ainda de uma
92
grua flutuante com capacidade de elevação de 120 toneladas .
Produtos
Os principais produtos movimentados no Porto de Lobito são sobretudo cereais para moagem e matérias-
primas para a vizinha zona industrial da Catumbela bem como farinha, açúcar, arroz, materiais diversos para
93
construção e equipamentos para as cidades do Lobito e Benguela .
141
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O setor dos transportes poderá representar um estrangulamento para a economia angolana nos próximos
anos, se os principais desafios não forem ultrapassados. De facto, as fracas condições das infraestruturas
rodoviárias e da logística dos transportes atrasam o desenvolvimento económico global do país.
A maior parte do tráfego está concentrada na área em redor de Luanda, mas os níveis de tráfego globais são
comparativamente baixos. A condição inadequada das estradas e a falta de manutenção das mesmas é um
dos fatores que contribuem para os baixos níveis de tráfego.
94
Figura 27 - Tipo e condições de estrada, linhas ferroviárias, portos, e população
Água e saneamento
Angola tem feito importantes progressos neste setor tanto em áreas urbanas, como em
áreas rurais. Em áreas urbanas, cerca de 4,8% da população tem vindo a obter acesso
a fossas sépticas, todos os anos, a uma taxa de crescimento excecionalmente alta, que
reflete o rápido processo de urbanização do país.
Angola apresenta ainda uma elevada taxa de incidência de doenças, relacionada com a falta de saneamento e
água potável, e outros problemas do setor hídrico.
Em 2006 uma epidemia de cólera atingiu Luanda, afetando 23.000 pessoas e causando quase 300 mortes
(LUPP, 2007). A água contaminada, o escoamento inadequado das águas de escorrimento e o funcionamento
deficiente do sistema de esgotos, têm resultado em altas taxas de doenças (USAID, 2009).
94
Fonte: AICD - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março 2011/ Atlas Interativo de Infraestruturas do DIAOP para
Angola
142
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
95
Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC)
Angola tem hoje um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África Subsariana com cerca de
13 milhões de clientes de telemóveis.
O setor das telecomunicações opera através de duas operadoras móveis em Angola: a Movicel, uma empresa
angolana, e a Unitel, parcialmente detida pela Portugal Telecom. Para além das operadoras referidas, foram
licenciadas quatro operadoras de linhas telefónicas (Mercury, Nexus, Mundo Startel e Wezacom).
Com cerca de 8 milhões de clientes a Unitel é a operadora líder de telecomunicações móveis em Angola. A
empresa foi criada em 2001 e tem, desde então, registado um crescimento considerável. Atualmente a Unitel
tem, grosso modo, o dobro da dimensão da Movicel, o seu único concorrente no mercado. A Unitel ostenta
ainda a mais elevada receita média por utilizador (ARPU – average revenue per user) em África, de cerca de
US$ 21/mês.
96 97
A empresa oferece um pacote completo de serviços de comunicação móvel, incluindo: GPRS , EDGE ,
98
UMTS e serviços de chamadas no estrangeiro. Além disso, em 2009 a Unitel lançou serviços 3G. A empresa
é detida pela Mercury (uma subsidiária da Sonangol), Grupo GENI, Vidatel e Portugal Telecom, cada um
detendo uma participação de 25%. Em particular, a sua parceria com a Portugal Telecom, um operador
internacional de telecomunicações móveis, tem facilitado a importação de tecnologia e a transferência de
competências.
A Unitel anunciou, em 2012, um programa
A Movicel foi criada em 2003 como o “braço” de intensivo de expansão e modernização da
telecomunicações móveis da empresa nacional de sua rede ao longo dos próximos quatro anos,
telecomunicações, Angola Telecom, tendo uma base de avaliado em US$ 1.7 mil milhões. Tal significa
clientes de 5 milhões. A Movicel especializou-se no o alargamento da sua rede a áreas ainda não
segmento mais baixo do mercado, oferecendo com a cobertas, bem como a implementação de uma
adesão, equipamentos móveis com preço de revenda de rede de fibra ótica ao longo de todo o país
cerca de US$ 30. O ARPU da Movicel está acima dos para melhorar a largura de banda. A empresa
US$ 20. estará ainda envolvida num projeto para a
construção do primeiro satélite do país.
95
Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)
96 GPRS - General Packet Radio Services (Serviços Gerais de Pacote por Rádio)
97 EDGE - Enhanced Data rates for GSM Evolution – tecnologia digital para telemóveis
98 UMTS - Universal Mobile Telecommunications System – é uma das tecnologias de 3ª geração dos telemóveis.
143
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Nos próximos anos, as duas operadoras planeiam desenvolver ambiciosos projetos de expansão para
satisfazer a procura e para melhorar e expandir a sua cobertura no país. A Movicel deverá introduzir a
tecnologia 4G no país, para permitir um acesso rápido à internet.
Cerca de 10% da população angolana tem acesso à internet, menos do que a média da SADC, que é de 12%
(segundo dados da União Nacional das Telecomunicações). Os meios mais usados pelos angolanos para
acederem à internet são os computadores e os telemóveis.
De acordo com o Relatório da Economia da Informação, 2007-2008, publicado pela UNCTAD, as Tecnologias
de Informação e Comunicação são um setor em que a concorrência tende a aumentar e que, nessa medida,
os países que quiserem atrair investimentos estrangeiros, terão que investir na força de trabalho doméstica,
nas infraestruturas de telecomunicações e em fortalecer o ambiente de investimentos.
Rede de energia elétrica: Angola debate-se com algumas dificuldades no fornecimento de energia
elétrica, colmatando as falhas com o uso de geradores. Desta forma, urge melhorar as infraestruturas,
uma vez que estas se revelam essenciais para a utilização eficiente das tecnologias de informação;
Infraestruturas de telecomunicações: deverá existir uma maior disseminação, a nível nacional, e a uma
velocidade muito maior de infraestruturas que suportem as comunicações;
O país enfrenta ainda algumas dificuldades, que têm constituído um entrave a um desenvolvimento mais
rápido do setor das TIC. A dinamização do setor tem dependido, em grande medida, de parcerias
estabelecidas a nível internacional.
144
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Contudo, o país tem todas as condições para, aos poucos, se tornar cada vez menos dependente das
relações económicas internacionais no que respeita à aquisição de produtos tecnológicos, e de se tornar um
produtor e exportador destas novas tecnologias, identificando com clareza quais as suas necessidades neste
domínio e procurando as vias adequadas para responder, por si próprio, aos seus interesses nacionais.
Apesar de existir ainda alguma fragilidade nas infraestruturas do país, Angola é um dos poucos países
africanos que não enfrenta uma grande lacuna de financiamento neste setor. Em grande parte devido às suas
reservas de petróleo, Angola tem os recursos financeiros suficientes para construir ou reconstruir as
infraestruturas, expandir a economia e modernizar as ligações das suas cidades .
99
Tabela 26 - Potencialidades ao nível de infraestruturas (PND 2013-2017)
Setor Potencialidades
Construção e Melhoria substancial das infraestruturas rodoviárias na maior parte do território nacional,
Urbanismo permitindo o restabelecimento da circulação entre todas as capitais de província;
Necessidade de completar a rede nacional de estradas, em particular as vias de ligação
municipal e comunal;
Cluster da habitação considerado prioritário e disponibilidade de reservas fundiárias.
Telecomunicações Rápida expansão da procura de TIC quer a nível individual quer empresarial e institucional;
e Tecnologias de Implementação do Programa de Governo Eletrónico;
informação
Operacionalização dos conceitos de “Correio de Proximidade” e de “Estações
Multifuncionais”, que poderão funcionar como importantes ferramentas para a fixação das
populações nas suas áreas de origem.
Transportes Cluster considerado prioritário com importantes projetos estruturantes, quer ao nível das
infraestruturas, quer dos sistemas de transportes e das suas articulações com as plataformas
logísticas;
Incremento da procura de infraestruturas derivada do aumento das atividades empresariais,
resultantes das políticas nacionais de expansão e cooperação regional (SADC, CEEAC);
Relançamento do setor marítimo nacional, para o transporte marítimo internacional e nacional
(cabotagem e fluvial).
Os PEs são investimentos de dimensão significativa, de natureza pública ou privada que concorrem para a
concretização do modelo de desenvolvimento económico da Estratégia Nacional Angola 2025.
99
Fonte: PND – 2017, Governo de Angola
145
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Energia
Até 2016, o Ministério da Energia e Águas pretende executar alguns PEs, nomeadamente:
Das centrais hidroelétricas de Laúca e Caculo Cabaça, no rio Kwanza: o projeto
deverá consumir cerca de US$ 763 milhões, desenvolvendo um aproveitamento
hidroelétrico da barragem de Cambambe (600 MW), do Nhangue (450 MW), Laúca
e Caculo Cabaça. A conclusão está prevista para 2015;
A central do ciclo combinado do Soyo, que se prevê que esteja concluído até dezembro de 2014, e
cujo principal objetivo é a queima de gás natural;
Os PEs relativos ao setor energético têm por base três vetores, e para cada um destes estão previstos vários
projetos e investimentos.
PND 2013-2017
100
Tabela 27 - Projetos previstos em Angola para o setor do transporte da energia elétrica
Projeto Montante
(US$ milhões)
Central ciclo combinado do Soyo – fase 1 e sistema associado 3,1
100
Fonte: PND 2013 – 2017
146
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Projeto Montante
(US$ milhões)
Sistema associado ao A.H. da 2ª central de Cambambe 67
101
Tabela 28 - Projetos previstos em Angola para o setor da distribuição da energia elétrica
*Valores estimados à taxa de câmbio atual AKZ vs US$, aplicável à data da elaboração do presente guia.
102
Tabela 29 - Projetos previstos em Angola para o setor eletrificação rural e mini-hídricas
Projeto Montante
(US$ milhões)
Programa nacional de eletrificação rural 1.253
*projetos em PPPs
Com a implementação do Decreto
Presidencial nº 256, o Governo
prevê que o setor energético ocupe
cerca de 10% ou 15% no PIB
Angolano, até 2025
101
Fonte: PND 2013 – 2017
102
Fonte: PND 2013 – 2017
147
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Transportes
O setor dos transportes engloba, entre outros PE, a reconstrução de novas estradas
secundárias e terciárias.
103
Tabela 30 - Projetos previstos em Angola para o setor dos transportes
Projeto Montante
(US$ milhões)
Programa de recuperação das vias secundárias 347,3
Água e saneamento
Os PEs do setor da água e saneamento abrangem, tal como nos restantes setores,
alguns vetores considerados essenciais ao seu desenvolvimento, nomeadamente:
Tabela 31 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água às sedes de província
104
e municípios mais populosos
Projeto Montante
(US$ milhões)
Construção do sistema IV do Bita 51
103
Fonte: PND 2013 – 2017
104
Fonte: PND 2013 – 2017
148
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
105
Tabela 32 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água em meios rurais
Projeto Montante
(US$ milhões)
Projeto para melhoria do abastecimento de água dos meios rurais – Programa “Água para
58
todos”
O valor dos restantes 8 projetos de iniciativa privada (dos quais 6 do cluster geologia e minas e 2 do cluster
petróleo e gás natural) ainda não está determinado.
Exceto os projetos do cluster petróleo e gás natural, cujos investimentos se encontram maioritariamente
associados aos locais de proveniência daqueles recursos, os restantes PE de iniciativa privada apresentam-se
dispersos por várias províncias do território.
105
Fonte: PND 2013 – 2017
149
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
150
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Espera-se que o desenvolvimento dos polos industriais seja efetuado no quadro da lei das parcerias público-
privadas.
A par destes programas, o Governo tem igualmente lançado várias iniciativas para o fomento industrial, desde
o processamento de sucatas metálicas, ao cimento e materiais de construção, ao têxtil, recorrendo ao OGE ou
a financiamento internacional, tal como se verifica no setor têxtil.
151
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A economia angolana é relativamente fechada não obstante o elevado valor de exportações que, no entanto
apresentam forte concentração no petróleo.
106
Tabela 33 - Abertura da economia angolana
Importações
Angola importa maioritariamente da China, dos EUA e da África do Sul. Tal como se verifica relativamente ao
bloco comercial em que Angola se encontra inserida, o peso total e relativo da China tem vindo a aumentar, o
que contrasta com o declínio da importância relativa do Brasil.
20,982
20,190
80% 20,000
70% 16,667
Brasil
60% 15,000 África do Sul
6%
6%
50% 10% 6% EUA
8% 5%
4% 6% 8% Portugal
40% 4% 4% 9% 10,000
10% 8% China
8%
30% 20% Importações
19%
16% 18% 16%
20% 5,000
106
Fontes: Banco Mundial, Bloomberg, BNA
152
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Portugal tem conseguido aumentar as suas exportações para Angola, aumentando igualmente o seu peso
relativo no total das importações angolanas – representou em 2012 cerca de 20% das importações do país. O
Brasil consegue ter algum relevo, representando 6% das importações, em 2012, embora apresente uma
tendência decrescente.
A CPLP representou, em 2012, 40,62%
das importações angolanas
Gráfico 82 - Importações angolanas da CPLP
12,000
10,000 40.62%
Importações (milhões US$)
8,000 2,191
26.42%
6,000 26.66% 26.26%
12
10 5
1,737 1,299
2,005 22.68%
4,000 7,558
3
1,007
2,000 3,578 4,238 3,998
2,769
-
2008 2009 2010 2011 2012
Portugal Brasil Moçambique
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
Relativamente aos produtos importados verifica-se que Angola, para conseguir desenvolver a sua indústria,
ainda se encontra dependente, em grande medida, dos países industrializados. Angola importa
maioritariamente máquinas, aparelhos, instrumentos mecânicose materiais elétricos, automóveis e obras de
ferro fundido, ferro ou aço para construção.
A indústria portuguesa poderá beneficiar do forte relacionamento entre os dois países para melhorar a
compatibilidade dos produtos exportados, vs. importações de Angola, nomeadamente, em setores
competitivos e que têm vindo a sofrer reduções no consumo interno, como sucede com a maquinaria e
alimentos.
153
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Maquinaria e equipamentos de
2% transporte
5%
Alimentos e animais vivos
5%
Bens manufaturados
9% 35%
Bebidas e tabaco
Não obstante o peso dos produtos importados, em particular máquinas e equipamentos, importa realçar o
crescimento médio anual que as importações de combustíveis e bens agroalimentares (em especial, carnes,
bebidas e cereais) tiveram no período 2008-2011 (56% e 13%) e que revelam por um lado as fortes lacunas
que o setor primário apresenta no abastecimento alimentar das populações, a par do elevado ritmo de
crescimento populacional que o país vem registando desde o fim da guerra civil, e por outro indiciam um
crescimento do consumo privado.
Portugal merece destaque na análise dos principais mercados nas importações angolanas nos 4 produtos
mais importados, fazendo parte do top 5 dos parceiros comerciais. Quanto às exportações portuguesas para
Angola são de destacar as máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, sendo Portugal o maior exportador
destes produtos para Angola, o que reflete as fortes relações comerciais entre os dois países.
154
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Portugal
20% das importações
angolanas
Agregadamente, a maquinaria e
equipamentos de transporte são a fatia
com maior peso nas importações de 8%
Angola com proveniência de Portugal. 30%
10%
Analisando em maior detalhe, importa
destacar as bebidas alcoólicas,
representando cerca de 8,2% das 11%
exportações portuguesas para Angola.
Bens manufaturados
Bebidas e tabaco
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
155
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Brasil
6% das importações angolanas
5%
Relativamente aos produtos vindos do Brasil, 8%
em 2012, o que tem maior peso é a categoria
carne, com uma importância relativa de
27,86%. 11%
Bens manufaturados
A importação de serviços por parte de Angola centra-se nos serviços associados ao setor da construção e dos
transportes, o que é compreensível considerando o atual estado de desenvolvimento da economia angolana,
156
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
que tem investido na construção de infraestruturas e de projetos industriais relevantes e que depende da rede
de transportes internacionais para a escoação dos seus produtos, verificando-se mesmo uma forte ligação
entre o aumento das exportações de petróleo e as importações de serviços de transporte.
100%
80%
9,378 8,296 10,853
11,723
60%
40% 3.629
4.156 3.089
3.721
20% 7.932
5.007 4.676 4.643
0%
2008 2009 2010 2011
Exportações
Os principais mercados para os quais Angola exporta os seus produtos são a China, os EUA, a Índia, Taipé
Chinesa e a África do Sul, sendo responsáveis pela absorção mais de 82% das exportações. A China tem
vindo a ganhar importância relativa nas exportações angolanas, sendo o destino de quase 50% das
exportações do país, por contrapartida do declínio da importância relativa dos EUA nas relações comerciais
angolanas.
100% 73,000
80,000
66,996
90% 70,000
63,914
Peso nas exportações totais de
80%
60,000 India
70% 9%
2% 9% 9% 11%
60% 50,595 50,000
Angola
0% -
2008 2009 2010 2011 2012
157
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
As exportações angolanas para a CPLP representam pouco mais de 50% do que Angola importa dos países
membros, sendo que na sua grande maioria aquelas correspondem a produtos petrolíferos destinados a
Portugal. O quadro de relações de exportação para a CPLP é residual para os restantes países .
6,000
7.58%
Importações (milhões US$)
5,000 111
4,000
3,000 4.20%
3.07% 5,423
2,000
450
2,106 2.33%
1,000 477
0.91% 1,602
142
550 683
- 215
2008 2009 2010 2011 2012
Portugal Brasil
Portugal
7% das exportações
angolanas
158
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Brasil
0,15% das exportações
angolanas
As exportações para o Brasil têm um menor peso na economia de Angola e 99% delas são propano e butano.
159
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Em 2012 as propostas de investimento aprovadas totalizaram US$ 2.436 milhões, sendo que Portugal foi o
país estrangeiro com o maior valor de investimentos aprovados, com um total de US$ 489 milhões investidos
no país, tendo sido inclusive o único país da CPLP que obteve aprovação às suas propostas de investimento
(além do investimento de fonte angolana).
Montante
Ranking Países N.º propostas
(US$ milhões)
1 Angola 29 1.616
2 Portugal 24 489
4 África do Sul 3 55
5 China 16 42
6 Bélgica 2 15
7 Espanha 7 14
8 Maurícias 3 13
9 Nigéria 2 11
10 Inglaterra 4 8
A grande maioria dos investimentos aprovados destinaram-se à província de Luanda, sendo que os projetos
foram dispersos por diversas áreas, desde atividades auxiliares de seguros e fundos de investimento sendo
esta a principal atividade económica na qual as empresas portuguesas investiram, passando por projetos de
construção de edifícios (no todo ou em parte) por projetos de investimento no comércio a retalho, comércio por
grosso e pela fabricação de diversos produtos, tal como cimento, cerveja e malte, artigos de plástico, entre
outros.
Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões, tendo-se a China assumido como
principal fonte de investimento em Angola, com um total de US$ 30 milhões.
Portugal viu aprovadas propostas de investimento no total de US$ 11 milhões, sendo assim o segundo país
com maior valor de investimento em Angola. De notar também que, em 2013, o Brasil também viu duas
propostas suas de investimento privado serem aprovadas, num total de US$ 4 milhões.
160
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Soyo: 3 projetos
Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões,
tendo a China levado a dianteira como principal fonte de investimento Viana: 2 projetos
em Angola, com um total de US$ 30 milhões US$. Portugal viu
aprovados propostas de investimento no total de 11 milhões US$, Cabinda: 2 projetos
sendo assim o segundo país em valor de investimento em Angola.
Huambo: 1 projeto
107
Adicionalmente, em 2013 o Brasil também viu duas propostas de Fonte: fDI Markets
investimento privado aprovadas, num total de 4 milhões US$.
O IDE tem vindo a desempenhar um papel relevante na atividade económica de Angola. A atração dos
investidores por Angola deve-se, maioritariamente, às riquezas existentes em petróleo e outros recursos
naturais. Nas atividades não-petrolíferas, o principal interesse recai sobre a indústria transformadora e sobre a
reabilitação das infraestruturas e a agricultura.
161
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
greenfield cresceu de 9,3% em 2003 para 13,4% em 2012, e foi o setor que mais projetos atraiu neste período.
No setor dos serviços financeiros, entre 2003 e 2012, Angola atraiu 135 projetos na área da Banca, dos quais
76% oriundos de Portugal, tendo o número de projetos aumentado o seu peso no IDE recebido de 6,8% em
2003 para 9% em 2012.
No que respeita a investimento no exterior (Outward) com origem em Angola, entre 2010 e 2012 registou-se
um aumento progressivo do investimento, tendo Portugal como principal destino.
4,000.0
2,570 2,741
2,205 2,093
2,000.0 1,340
Fluxos de IDE (milhões US$)
1,679 7
-
2008 2009 2010 2011 2012
-2,000.0 Inward
-3,024
Outward
-4,000.0 -3,227
-6,000.0
-8,000.0 -6,898
Tabela 35 – IDE em Angola: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010
Criação
Investimento
estimada
estimado País de Área chave
Empresa de postos Ano Setor
(US$ origem de negócio
de
milhões)
trabalho
Total 9.000 2.013 2009 França Carvão, petróleo e Indústria manufatureira
gás natural
Chevron 8.300 1.967 2004 EUA Carvão, petróleo e Extração
Corporation gás natural
Chevron 3.800 0 2008 EUA Carvão, petróleo e Extração
Corporation gás natural
ITIC Group 3.535 3.000 2008 China Imobiliário Construção
Total 3.400 806 2003 França Carvão, petróleo e Extração
gás natural
ExxonMobil 3.400 806 2004 EUA Carvão, petróleo e Extração
gás natural
ExxonMobil 3.000 839 2003 EUA Carvão, petróleo e Extração
gás natural
Chevron 2.500 289 2009 EUA Carvão, petróleo e Extração
Corporation gás natural
Roc Oil 2.338 289 2003 Austrália Carvão, petróleo e Extração
162
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Criação
Investimento
estimada
estimado País de Área chave
Empresa de postos Ano Setor
(US$ origem de negócio
de
milhões)
trabalho
gás natural
ExxonMobil 2.338 215 2006 EUA Carvão, petróleo e Extração
gás natural
British Petroleum 2.338 215 2003 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
British Petroleum 2.338 215 2008 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
Petrobras 2.338 289 2003 Brasil Carvão, petróleo e Extração
gás natural
British Petroleum 2.338 215 2007 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
China Petroleum 2.338 215 2007 China Carvão, petróleo e Extração
and Chemical gás natural
Eni 2.338 215 2007 Itália Carvão, petróleo e Extração
gás natural
Total 1.587 171 2004 França Carvão, petróleo e Indústria manufatureira
gás natural
ExxonMobil 745 167 2003 EUA Carvão, petróleo e Indústria manufatureira
gás natural
Camargo Corrêa 683 894 2010 Brasil Construção Indústria manufatureira
Mota Engil 603 3.000 2008 Portugal Imobiliário Construção
British Petroleum 600 142 2009 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
Portugal Telecom 400 123 2004 Portugal Comunicação TIC e infraestruturas de
internet
AXE Group 329 155 2009 Bélgica Transportadora Formação
Imocom 329 612 2009 Portugal Construção Indústria manufatureira
ZTE 300 474 2005 China Comunicação TIC e infraestruturas de
internet
Odebrecht 250 66 2007 Brasil Energias renováveis Eletricidade
Technip-Coflexip 223 448 2003 França Metais Indústria manufatureira
Banco Espirito 218 632 2008 Portugal Construção Indústria manufatureira
Santo
Daimler 200 1.977 2010 Alemanha OEM automóvel Indústria manufatureira
Rangel 196 159 2009 Portugal Transportadora Logística, distribuição e
transporte
Coca-Cola 184 366 2009 EUA Bebidas Indústria manufatureira
H & C Maritime 172 1.544 2009 Países Transportes não- Indústria manufatureira
Construction Baixos automóveis
Zimsun Leisure 168 324 2003 Zimbabué Hotelaria Construção
Lonrho 164 306 2008 Reino Construção Indústria manufatureira
Unido
Technip-Coflexip 154 228 2008 França Equipamento Indústria manufatureira
industrial
163
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Criação
Investimento
estimada
estimado País de Área chave
Empresa de postos Ano Setor
(US$ origem de negócio
de
milhões)
trabalho
Rezidor Hotel 128 211 2009 Bélgica Hotelaria Construção
InterContinental 128 209 2009 Reino Hotelaria Construção
Hotels Unido
SABMiller 125 1.029 2009 Reino Bebidas Indústria manufatureira
Unido
Unicer 120 1.000 2004 Portugal Bebidas Indústria manufatureira
SBM Offshore 100 923 2010 Países Transportes não- Indústria manufatureira
Baixos automóveis
AP Moller – Maersk 95 397 2009 Dinamarca Logística Logística, distribuição e
transporte
Lonrho 95 798 2009 Reino Alimentação e tabaco Indústria manufatureira
Unido
Secil 91 314 2007 Portugal Materiais de Indústria manufatureira
construção
Alrosa 90 300 2005 Rússia Minerais Indústria manufatureira
Nampak 87 690 2007 África do Metais Indústria manufatureira
Sul
TOTAL 64.199 29.247
Fonte: UNCTAD, “Foreign Direct Investment in LCDs: Lessons Learned from the decade 2001-2010 and the way forward
Em toda a África começam-se a verificar novos modelos de IDE. A China tem vindo a desenvolver várias
iniciativas, alterando a configuração do investimento neste continente, entre as quais o desenvolvimento e
implantação territorial de zonas económicas, reforçando a sua presença a atuando como plataforma
multiplicadora de novo investimento chinês.
Na África do Sul e no Botswana, as empresas chinesas têm vindo a construir hotéis e outras infraestruturas
turísticas.
O gigante das telecomunicações chinesas, a Huawei, ganhou contratos no valor de US$ 400 milhões para o
fornecimento de serviços de comunicação móvel no Quénia, Zimbábue e Nigéria.
Para além destes exemplos, as empresas chinesas estão a ganhar contratos internacionais e estão a construir
estradas, pontes, sistemas de saneamento e edifícios para o aparelho de estado em todo o continente.
De acordo com o “China’s National Bureau of Statistics”, os cinco países africanos com maior stock de IDE
chinês em 2011 foram a África do Sul, Nigéria, Madagáscar, Guiné e Sudão.
Em países como o Gana, a Etiópia, Angola, Quénia e Tanzânia, multinacionais chinesas adotaram uma
abordagem de agregação de um pacote de produtos e serviços.
164
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Estes podem incluir portos, sistemas de água, redes de comunicação móveis, infraestruturas ferroviárias e
escolas - tudo o que pode ser trazido simultaneamente para o mercado por empresas chinesas altamente
110
diversificadas .
O investimento Chinês, inclui igualmente o setor industrial, como podemos verificar de seguida.
Case study:
Zonas 7 Zonas chinesas
económicas económicas chinesas em África
em África País/ Investimento
Projeto total Descrição
Argélia
Jiangling Economic and Zambia • US$410m • China Nonferrous Mining Co. investiu 95%
Chambishi e • Projeto centrado no cobre e cobalto
Trade Cooperation Zone
Lusaka • 700 Chineses + 3,300 Locais
Há um vasto conjunto de exemplos que refletem o investimento chinês na África Subsariana. Enquanto o
petróleo e a mineração continuam a ser um importante foco do IDE chinês, nos últimos anos verificou-se uma
diversificação do investimento em diversos setores, desde o setor do calçado ao processamento de alimentos.
Estas empresas, apesar de não serem as mais eficientes, apresentam como vantagem competitiva a
possibilidade de recorrerem a crédito subsidiado, permitindo-lhes margens competitivas superiores para
poderem ganhar contratos face a outros investidores estrangeiros e empresas africanas.
110
Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC, 2013
111
Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC, 2013.
165
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
De uma forma mais detalhada, destacam-se aquelas que se consideram ser as potencialidades dos principais
setores de Angola:
112
Tabela 36 - Potencialidades a nível setorial (PND 2013-2017)
Setor Potencialidades
Agricultura Cluster agroalimentar considerado prioritário, solos de elevada aptidão agrária e elevada biodiversidade;
Abundância de recursos hídricos e extensão do território.
Pescas Orla marítima extensa com um considerável nível de biomassa – o litoral angolano é, de um modo geral,
a imagem tradicional das costas do Continente Africano: pouco acidentado com poucas reentrâncias ou
saliências. O país possui 20 milhas náuticas de águas territoriais e 200 milhas náuticas de área
113
pesqueira
Desenvolvimento da aquicultura para aumentar a disponibilidade de pescado;
Perspetiva de desenvolvimento da indústria de processamento de pescado e dinamização das salineiras.
Petróleo Grandes reservas de recursos petrolíferos por explorar e descoberta de novos campos de produção,
incluindo no pré-sal;
Elevado potencial para a produção de formas alternativas de energias renováveis bem como de Gás
Natural Liquefeito);
Aumento da capacidade de refinação com a construção e operação da Refinaria do Lobito (localizada no
morro de Quileva, ao longo da linha costeira, a 10 quilómetros da cidade do Lobito, a construção da
refinaria começou em 2012. Até à conclusão do projeto irão decorrer duas fases, isto é, a da construção
com a duração de dois anos e meio, sob responsabilidade das empresas Odebrecht, Mota Engil e
Zagope e a segunda fase, destinada à montagem das diversas linhas de refinação de petróleo durante
três anos).
Geologia Diversas ocorrências minerais devidamente identificadas;
Grande potencial diamantífero;
Possibilidade de escoamento de minérios pelas vias marítima e ferroviária.
Indústria O setor industrial tem registado fortes taxas de crescimento (57,30% em 2011; 97% em 2012 e 56,7% em
2013, de acordo com a CCIPA – Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Angola
Condições adequadas para a implantação de polos de desenvolvimento e complexos industriais (por
exemplo nas províncias de Cabinda e Zaire);
Reabilitação de infraestruturas, com destaque para estradas, caminhos-de-ferro, pontes e fontes de
112
Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, Governo de Angola
113 Embaixada da República de Angola
166
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Setor Potencialidades
Ambiente Aumento das áreas de conservação ambiental e florestal, bem como a valorização do património natural
e das comunidades;
Novas metodologias de análise da viabilidade económica e ambiental, assim como a obrigatoriedade de
apresentação de estudos de impacto ambiental em projetos de investimento.
Setor Potencialidades
Em conclusão, o crescimento nos setores não petrolíferos será impulsionado pelo acréscimo do consumo e
114
por um aumento do investimento público em infraestruturas :
O setor comercial deverá registar um crescimento nos próximos anos, impulsionado pela subida dos
rendimentos per capita e pela urbanização em curso;
O setor agrícola continuará a beneficiar da expansão das infraestruturas nas zonas rurais;
A construção deverá continuar a sua tendência de crescimento acentuado, suportada pelos planos do
Governo de construir projetos de habitação em larga escala e de requalificar estradas, pontes, silos e
o sistema ferroviário.
114
Fonte: Banco Mundial, 2012
167
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
À medida que o plano de substituição de importações por produção nacional for sendo executado é expectável
que surjam novas medidas protecionistas dos respetivos setores.
115
Banco Angolano de Investimentos, S.A. (BAI), Banco Angolano de Negócios e Comércio, S.A. (BANC), Banco BAI
Micro Finanças, S.A. (BMF), Banco BIC, S.A. (BIC), Banco Caixa Geral Totta de Angola, S.A. (BCGTA), Banco Comercial
Angolano, S.A. (BCA), Banco Comercial do Huambo, S.A. (BCH), Banco de Comércio e Indústria, S.A. (BCI), Banco de
Desenvolvimento de Angola, S.A. (BDA), Banco de Fomento Angola, S.A. (BFA), Banco de Negócios Internacional, S.A.
(BNI), Banco de Poupança e Crédito, S.A. (BPC), Banco de Poupança e Promoção Habitacional, S.A. (BPPH), Banco
Espírito Santo Angola, S.A (BESA), Banco Keve, S.A. (KEVE), Banco Kwanza, S.A (BKI), Banco Millennium Angola, S.A
(BMA), Banco Privado Atlântico, S.A. (BPA), Banco Sol, S.A. (BSOL), Banco Valor, S.A. (BVB), Banco VTB África, S.A.
(VTB), Finibanco Angola, S.A. (FNB), Standard Bank de Angola (SBA).
168
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A curto e médio prazo o setor dos serviços financeiros deverá continuar a crescer transversalmente em
África, impulsionado pelo crescimento da economia africana, a atração de IDE e a crescente urbanização
dos países. Os níveis de competitividade e barreiras à entrada necessariamente aumentarão, criando, no
entanto, oportunidades para as instituições financeiras de países desenvolvidos que introduzam uma oferta
diferenciadora na região, respondendo igualmente aos desafios de inovação tecnológica, mobilidade e maior
bancarização e sofisticação da população.
Ao nível da regulação do setor financeiro, é também expetável que se continuem a verificar progressos, em
particular ao nível do controlo e gestão de risco e compliance, numa aproximação aos standards
internacionais.
Estas duas tendências impõem grandes desafios aos países africanos, nomeadamente ao nível da
disponibilidade de pessoal qualificado e com as competências adequadas. Os países enquadrados em
acordos regionais e com laços geopolíticos e de comércio sólidos, sem dúvida, poderão constituir-se
parceiros na resolução desta lacuna, que a prazo será sentida com maior intensidade.
Figura Contas
33 - Contas bancárias
bancárias em África com
(% +15anos)
antiguidade superior a 15 anos
O nível de bancarização de Angola no seio da SADC é
apenas suplantado pela África do Sul e Moçambique,
onde mais de 40% da população dispõe de conta
bancária, (à data de realização do presente estudo, é
provável que Angola também já tenha ultrapassado
esta barreira, atendendo ao crescimento exponencial
do seu nível de bancarização).
No que toca aos empréstimos concedidos, tem havido uma crescente preocupação por parte do Governo de
Angola no sentido de melhorar o setor de regulação do crédito nomeadamente no que diz respeito ao direito à
informação tendo, neste âmbito, sido criada, em 2010, a Central de Informação de Risco de Crédito (CIRC)
com o principal objetivo de incrementar a eficiência na avaliação e gestão do risco de crédito.
116
BES Research 2012; www.bna.ao
169
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O BNA, relativamente a empréstimos concedidos, procedeu à introdução de uma taxa de juro de referência no
ano de 2011, sendo que a taxa de juro de referência aplicada no final do mês de julho de 2012 era de 10,25%.
Importa referir que a taxa de juro de referência é revista mensalmente por forma a refletir a média das taxas de
juro das operações bancárias.
Atualmente, Angola ainda não possui mercado bolsista, embora se preveja que o arranque da bolsa de valores
de Angola tenha início no ano de 2016.
117
Fontes: BAfD; BNA
170
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
4.Investir em
Angola
171
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
4. Investir em Angola
A lei que regula o investimento privado em Angola, em vigor desde 2011, define que apenas se considera
como investimento privado aquele cujo montante global corresponda ao valor igual ou superior a 1 milhão de
US$.
É importante referir que, para os investimentos estrangeiros, toda a documentação referente ao processo de
candidatura deverá ser traduzida para português e autenticada pelos serviços consulares da Embaixada de
Angola no país de origem ou de residência do investidor.
Os projetos de investimento até 10 milhões de US$ são aprovados pela ANIP e pelo Ministério das Finanças,
sendo que os projetos de investimento superiores a este montante serão aprovados pelo Presidente e pelo
Conselho de Ministros.
Uma vez obtida a aprovação do investimento, a ANIP emite o CRIP (Certificado de Registo de Investimento
Privado) e envia-o para:
Após a obter a aprovação da sua proposta de investimento, o investidor deve, de entre outras obrigações:
Constituir e registar a sociedade ou sucursal;
Publicar os Estatutos no Diário da República;
Obter a licença de atividade;
Registar-se junto das autoridades fiscais.
Um dos grandes objetivos desta lei é a criação de um sistema de incentivos, benefícios e facilidades que
atente, em concreto, ao impacto económico e social dos projetos na economia.
A lei aplica-se ao investimento privado a realizar em De acordo com o artigo 27º da Lei nº 20 / 11, a
Angola, mas apenas a uma parte – o objetivo é regular concessão dos incentivos e facilidades ao
o investimento mais relevante / estruturante. Assim, na investimento é feita tendo em conta os
delimitação do campo de aplicação, recorre-se a um seguintes objetivos económicos e sociais:
critério monetário/financeiro: apenas os investimentos
(externos e internos) de valor igual ou superior a US$ a) Incentivar o crescimento da economia;
1.000.000,00 estão abrangidos. b) Promover o bem-estar económico, social e
cultural das populações, em especial da
Os projetos de montante abaixo do referido, embora juventude, dos idosos, das mulheres e das
viáveis, não estão sujeitos à Lei n.º 20/11, não podendo crianças;
aceder aos benefícios previstos na lei, nem sendo
garantido o repatriamento do investimento e c) Promover as regiões mais desfavorecidas,
correspondentes acréscimos. sobretudo no interior do país;
d) Aumentar a capacidade produtiva nacional,
Os regimes de investimento privado nas atividades de com base na incorporação de matérias-primas
exploração petrolífera, diamantífera, das instituições locais e elevar o valor acrescentado dos bens
financeiras e, ainda, de outros setores que a lei produzidos no país;
determine, estão sujeitos a legislação específica.
e) Proporcionar parcerias entre entidades
118
Benefícios e incentivos nacionais e estrangeiras;
f) Fomentar a criação de novos postos de trabalho
Para o acesso a incentivos, as operações de
para trabalhadores nacionais e elevar a
investimento devem preencher determinados requisitos
qualificação da mão-de-obra angolana;
de interesse económico, nomeadamente:
g) Obter a transferência de tecnologia e aumentar
a eficiência produtiva;
1. Realizar o investimento nos seguintes setores
de atividade: agricultura e pecuária; indústria h)Aumentar as exportações e reduzir as
transformadora; infraestruturas ferroviárias, importações;
rodoviárias, portuárias e aeroportuárias;
i) Aumentar as disponibilidades cambiais e o
telecomunicações e tecnologias de informação;
equilíbrio da balança de pagamentos;
indústria de pesca e derivados; energia e
águas; habitação social; saúde e educação; e j) Propiciar o abastecimento eficaz do mercado
hotelaria e turismo; interno;
2. Realizar investimentos nos polos de k)Promover o desenvolvimento tecnológico, a
desenvolvimento e nas demais ZEE de eficiência empresarial e a qualidade dos
investimento; produtos;
3. Realizar investimentos nas zonas francas a l)Reabilitar, expandir ou modernizar as
criar. infraestruturas destinadas à atividade
económica.
118
Lei Base de Investimento Privado – Lei nº 20/11
173
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Os incentivos fiscais são concedidos dependendo da zona em que o investimento é realizado, tendo o
Governo estabelecido zonas de desenvolvimento específicas, agregando assim determinadas províncias de
acordo com o seu grau de desenvolvimento.
Zona A
Imposto Industrial Imposto sobre Aplicação Imposto de Sisa Critérios para aplicação
de Capitais dos limites máximos
(art.º 38) (art.º 41)
(art.º 40) (art.º 42)
Zona B
Imposto Industrial Imposto sobre Aplicação Imposto de Sisa Critérios para aplicação
de Capitais dos limites máximos
(art.º 38) (art.º 41)
(art.º 40) (art.º 42)
174
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Zona C
Imposto Industrial Imposto sobre Aplicação Imposto de Sisa Critérios para aplicação
de Capitais dos limites máximos
(art.º 38) (art.º 41)
(art.º 40) (art.º 42)
Na concessão dos benefícios, a lei é mais benéfica se o projeto for localizado nas Zonas B ou C, (menos
desenvolvidas) e, em último lugar, na Zona A. Na Zona C, a isenção e redução tributária podem ser
concedidas a fornecedores secundários (subcontratados).
Para todas as zonas, quando não seja aprovada a isenção de Os incentivos fiscais ao IDE têm vindo
Imposto Industrial a possibilidade de redução da taxa de Imposto a tornar-se crescentemente seletivos
Industrial está limitada a um máximo de 50% da taxa geral em vigor.
Poderão ser ainda concedidos benefícios fiscais extraordinários a investimentos desde que estes sejam
considerados muito relevantes para o desenvolvimento estratégico da economia nacional e verifiquem uma
das seguintes condições:
Que criem pelo menos 500 postos de trabalho;
Que contribuam para o desenvolvimento tecnológico inovador e maior investigação científica;
Que resultem numa exportação anual que exceda os 50 milhões de US$;
Avaliados em mais de 50 milhões de US$.
Há ainda projetos que pela sua particular relevância para a economia angolana podem beneficiar de incentivos
fiscais extraordinários.
Regimes especiais – Lei que estabelece incentivos e facilidades para as Micro, Pequenas e
Médias empresas (MPME), Lei 30/11, de 13 de setembro
Há ainda um conjunto de benefícios fiscais transversais que, apesar de não estarem condicionados pela
existência de um fluxo financeiro externo para Angola, concedem vantagens para todos os empresários que
invistam no país.
Estes benefícios consistem na redução da taxa de Imposto Industrial e são especificamente orientados para
MPME, sendo esta classificação determinada pelo número de trabalhadores e montante de faturação, nos
seguintes termos:
Microempresas: até 10 trabalhadores e/ou faturação anual bruta até US$ 250.000;
Pequenas empresas: entre 11 e 100 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ 250.000 e
US$ 3.000.000;
Médias empresas: de 101 até 200 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ 3.000.000 e
US$ 10.000.000.
175
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
PME:
Zona A: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 50% - prazo: 5 anos
Províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Cuanza-Norte, Malanje, Cuando Cubango,
Cunene e Namibe
Zona B: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 35% - prazo: 3 anos
Províncias de Cuanza-Sul, Huambo e Bié
Zona C: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 20% - prazo: 2 anos
Província de Benguela, excetuando os Municípios do Lobito e de Benguela e a Província de
Huíla, excetuando o Município do Lubango
Zona D: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 10% - prazo: 2 anos
Província de Luanda e Municípios de Benguela, do Lobito e do Lubango
A captação de IDE tem sido promovida pelo Governo e, em concreto, pela ANIP que tem como meta para o
ano de 2013, atrair cerca de US$ 4 mil milhões para Angola em novos projetos.
O valor de IDE em projetos aprovados pela ANIP atingiu em 2012 o montante de 2.3 mil milhões de euros,
tendo o valor global de IDE em 2012 atingido o montante de 9,9 mil milhões de dólares, de acordo com a
African Economic Outlook (perspetivas económicas em África) do Banco Mundial.
A estratégia futura da ANIP passa pelo reforço da cooperação com os maiores investidores em Angola, nos
quais se inclui Portugal, e pela diversificação das fontes de investimento através da captação de investidores
de novos mercados do Extremo Oriente e da Europa Central e de Leste, nomeadamente em, Singapura,
Malásia, Tailândia, Polónia, Alemanha, República Checa e Hungria.
Apesar de ser expectável que os fluxos de IDE sejam orientados para setores de exploração de matérias-
primas, especialmente o petróleo e minério, a estratégia de captação de IDE passa também pela diversificação
do investimento para outros setores como o agrícola, águas, energia, infraestruturas, transportes,
telecomunicações, TI, construção/urbanismo e para o reforço da indústria nacional.
Para o índice de desenvolvimento esperado em termos de IDE em muito contribuirão o PND e os projetos
estruturantes de Prioridade Nacional incluídos no plano Estratégia Nacional Angola 2025.
A dinamização desta captação de IDE passa por um conjunto de incentivos e benefícios fiscais caraterizados
no ponto anterior, bem como por um conjunto de mecanismos recentes de proteção ao investidor constantes
da Lei de Bases do Investimento Privado, dos Acordos de Proteção Recíproca de Investimento e de alguns
acordos internacionais a que Angola aderiu e ratificou e que se encontram devidamente identificados adiante.
Há também um vasto conjunto de reformas que o Governo tem vindo a implementar por forma a melhorar o
ambiente de negócios através da simplificação administrativa, e a regular a atividade económica, como sucede
com a Lei das MPME, a Lei das PPPs e o quadro legal que regula a situação dos estrangeiros.
176
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A Lei do Investimento Privado em Angola é um elemento essencial para se compreender como investir em
Angola uma vez que estabelece as bases gerais do investimento e define os princípios e o regime de acesso
aos incentivos, bem como outras facilidades a conceder pelo Estado a este tipo de investimento.
Algumas das principais caraterísticas e mecanismos de atração de IDE previstos na Lei de Investimento
Privado são:
177
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Os incentivos fiscais são Não. Os incentivos fiscais disponíveis poderão consistir na redução ou isenção de
iguais e parametrizados? Imposto Industrial, Imposto sobre a Aplicação de Capitais, Imposto de Sisa e Imposto
do Selo, variando de acordo com a zona de desenvolvimento e o número de postos
de trabalhos angolanos criados. Há ainda a possibilidade, em projetos de
investimento privado de particular relevância para a economia angolana, de poderem
ser concedidos benefícios fiscais extraordinários.
No âmbito de um projeto de Sim, o registo das operações depende da apresentação do CRIP e é da competência
investimento externo a do Serviço Nacional das Alfândegas, em coordenação com o Ministério do Comércio.
importação de máquinas,
materiais e acessórios podem
beneficiar de isenções e
facilidades?
Há um processo específico Sim. Apenas os titulares do CRIP gozam de isenções. Esta isenção só é concedida
para beneficiar de isenção de após a entrega do CRIP e os processos de Investimento Privado devem conter uma
importação de máquinas, lista dos equipamentos aprovados pela ANIP.
materiais e acessórios ao Ainda assim é importante ter em consideração que a Pauta Aduaneira em vigor,
abrigo de um projeto de estabelece as mercadorias que podem ser importadas livres de direitos aduaneiros,
investimento? para efeito de promoção dos investimentos privados.
Os benefícios fiscais incluem Não. Os incentivos fiscais e aduaneiros não dispensam o investidor privado da sua
a dispensa das obrigações inscrição no registo geral de contribuintes, do cumprimento das demais obrigações
fiscais? legais e formalidades prescritas pela Administração Fiscal e da comprovação
casuística do incentivo que lhe tenha sido concedido.
Que garantias são conferidas É conferido um conjunto alargado de garantias ao investidor externo, salientando-se
ao investidor externo? aquelas que têm impacto económico, como sendo, os direitos de propriedade
intelectual sobre criações intelectuais, o não cancelamento de licenças sem a
instrução de um processo judicial ou administrativo, o pagamento de uma
indemnização justa, pronta e efetiva em caso expropriação que só poderá ocorrer por
fundadas razões de interesse público.
É importante ter em consideração que estrangeiros não podem ser titulares do direito
de propriedade sobre solos.
O investidor externo é Sim. Deverão ter contas em bancos angolanos onde depositam os respetivos meios
obrigado a ter conta bancária monetários, e através das quais fazem todas as operações de pagamento, internas e
em Angola? externas, relacionadas com o investimento aprovado.
178
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Dado que as disposições são gerais, como anteriormente já foi referido, a sua consulta não exclui a
necessidade de confirmação de regras que constem de legislação específica setorial sendo também
recomendável a obtenção prévia de aconselhamento técnico especializado.
179
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A banca comercial, tanto do país de origem como de Angola, têm atuado como meio privilegiado para o
investimento em Angola.
Muitos países, nomeadamente o Brasil, Portugal, a Alemanha e os EUA têm disponibilizado linhas de crédito
para facilitar e promover as suas próprias exportações para Angola e, nalguns casos, para investimentos.
Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação,
sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da CGD e
outros mecanismos de apoio às empresas exportadoras.
Existem vários mecanismos alternativos para investir em Angola, sendo que alguns dos bancos comerciais
que operam em Angola recorrem a financiamento junto de instituições multilaterais financeiras, como por
exemplo, o BAfD, o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Mundial, que lhes concedem
financiamento para concederem crédito à economia e às empresas.
Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento, e cujo plano
de investimento permita desenvolver a economia, existem instrumentos financeiros em algumas destas
instituições multilaterais financeiras para apoiar o investimento diretamente às empresas.
Para além destas entidades, na Europa existem as Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD) que,
desde que verificado um conjunto de requisitos, podem financiar projetos de investimento em países em
desenvolvimento, contribuindo desta forma para o desenvolvimento económico do país do investimento.
Estas instituições poderão constituir um importante mecanismo de financiamento aos investimentos das
empresas nos países em desenvolvimento. As IFD beneficiam de apoios do Estado europeu da sua origem e
podem aceder a fundos comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento, permitindo-lhes financiar
projetos de internacionalização de PME a condições de mercado mais competitivas, por prazos mais longos, e
com outros instrumentos alternativos para diminuição dos
riscos da operação.
FMO - Netherlands Development
Finance Company é uma das maiores As IFD europeias constituíram uma associação designada
Instituições Financeiras de apoio ao por European Development Finance Institutions (EDFI),
desenvolvimento com um portfolio de que no final do ano de 2012, no seu conjunto, detinham
um portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de EUR
projetos de 6.280 milhões de euros, 26 mil milhões, sendo que só no ano de 2012 foram
sendo que deste montante cerca de aprovados EUR 4,7 mil milhões em 714 novos projetos .
119
119
De acordo com o Relatório Anual EDFI 2012, acessível: http://www.edfi.be/component/downloads/downloads/92.html
180
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
120
A IFD portuguesa é a Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (SOFID ) que disponibiliza:
Empréstimos;
Participações de Capital;
Garantias Bancárias;
Acesso EU/Africa Infrastructure Trust Fund (ITF);
o O ITF tem por objetivo captar e mobilizar recursos financeiros e competências técnicas para
apoiar o investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países
da África Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP;
Acesso Neighbourhood Investment Facility (NIF).
Montante mínimo por promotor do projeto de investimento de 250 mil Euro; máximo de 2,5 milhões de
Euro (com possibilidade de vir a ser alargado no futuro caso haja aumento de capital da SOFID);
Prazo: até 10 anos;
Carência: até 3 anos;
Reembolso: em prestações trimestrais, semestrais ou anuais;
Taxa de Juro: variável indexada à Euribor, de acordo com o preçário da SOFID no momento, podendo
ocorrer eventuais bonificações associadas à mobilização de fundos nacionais ou internacionais
disponíveis para ajuda ao desenvolvimento, como sejam o ITF e o NIF;
Moeda: Euro, com possibilidade de outras divisas com curso internacional;
Garantias dos promotores: garantia internacional ou local, receitas do projeto, hipoteca ou penhor
sobre ativos do projeto, garantias pessoais ou outras cauções;
Utilização: total ou por tranches (em função da natureza do projeto e sua evolução);
Comissões de acordo com o preçário em vigor.
120 Notamos que as referências a esta entidade devem lidas como SOFID ou futuro banco de fomento.
181
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
6%
46% 51%
22%
Há um conjunto de relatórios e indicadores que procuram caracterizar os mercados dos vários países mundiais
sendo recorrente que Angola seja classificada numa das posições mais baixas da tabela. A título
exemplificativo o relatório do Banco Mundial sobre a facilidade de fazer negócio indica que Angola se encontra
na posição 172 só ficando à frente do Zimbabué e do Congo.
Obtenção de
Facilidade de se Abertura de Obtenção Registo de Obtenção de
Países alvarás de
fazer negócios empresas eletricidade propriedade crédito
construção
Maurícias 19 14 62 44 60 53
Botsuana 59 99 132 90 51 53
182
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Obtenção de
Facilidade de se Abertura de Obtenção Registo de Obtenção de
Países alvarás de
fazer negócios empresas eletricidade propriedade crédito
construção
Face aos dados anteriormente indicados, as previsões estimavam um crescimento do IDE de Angola a partir
de 2013, atendendo aos investimentos previstos em campos de pré-sal (sob a camada salina) e a um conjunto
de novos indicadores que sustentam o crescimento dos valores de IDE, nomeadamente:
A concessão de novos blocos de petróleos que têm atraído investidores estrangeiros – em 2012
foram negociados oito novos projetos com Chevron, Total, British Petroleum e ExxonMobil;
O investimento e o início de produção em 2013 de Gás Natural Liquefeito, do Soyo;
A descoberta pela De Beers de novos depósitos de diamantes rentáveis na província da Lunda Norte
e a descoberta de enormes reservas de diamantes no Lulo;
A possibilidade de desenvolvimento do setor minério, além da extração de diamantes;
A existência de 58 milhões de hectares de terras potencialmente aráveis e recursos hídricos
abundantes;
O setor de turismo, hotelaria e restauração que, apesar de limitados pelas restrições nas concessões
de vistos de entrada e pelos preços elevados, têm exibido um forte crescimento ao longo dos anos,
acolhendo sobretudo viajantes de negócios.
A entidade responsável pela fiscalização das atividades alfandegárias é a Direção Nacional das Alfândegas.
Para uma empresa poder exportar para Angola terá, numa primeira fase, de compreender que existem três
tipos de regimes de licenciamento de importações previstos nos termos do Decreto Presidencial 264/10, de 26
de Novembro, que regula os procedimentos administrativos que devem ser observados para o licenciamento
de importações, exportações e reexportações:
183
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Dispensa de licenciamento;
Licenciamento automático;
Os procedimentos que dispensam licenciamento incluem a importação de peças e acessórios abrangidos por
contrato de garantia, importação e exportação de amostras, importação, exportação e reexportação de
mercadorias destinadas à realização de testes, exames e/ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica.
No regime de licenciamento não automático enquadram-se todas as mercadorias fora do âmbito de aplicação
dos regimes anteriores e que estão sujeitas ao sistema de contingentação ou qualquer outro tipo de restrição.
Há assim em Angola um conjunto de bens que estão sujeitos a um regime de contingentação que deverá ser
previamente avaliado.
O Decreto Presidencial n.º 273/11 estabeleceu os termos e condições a que deve obedecer a Contratação de
Prestação de Serviços de Assistência Técnica Estrangeira ou de Gestão, a serem celebrados por empresas
privadas ou mistas, com entidades não residentes.
O referido Decreto visa regular a prestação de serviços por entidades estrangeiras e a racionalização dos
recursos cambiais em angola.
Do novo regime decorre um dever de comunicação da existência de tais serviços ao Ministério da Economia,
quando o seu valor global anual não ultrapasse os seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz
300.000.000 (trezentos milhões de kwanzas), no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de
serviço ao setor petrolífero, registadas e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos
Petróleos, ou Kz 100.000.000 (cem milhões de kwanzas) para as demais empresas. Se ultrapassados os
limites será necessária aprovação prévia por Comissão de Avaliação.
1. Contratos de prestação de serviços de assistência técnica ou de gestão com valores acima dos
seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz 300.000.000 (trezentos milhões de kwanzas),
no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero, registadas
e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos Petróleos, ou Kz 100.000.000 (cem
milhões de kwanzas) para as demais empresas; e/ou
184
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O Decreto também estabelece que as sociedades angolanas, constituídas por via de um projeto de
investimento privado, que pretendam contratar estes serviços a associados estrangeiros, têm que obter uma
autorização especial por parte da ANIP mediante parecer prévio favorável do Ministério da Economia.
O Decreto impõe um conjunto de requisitos que este tipo de contratos deve cumprir, bem como as
formalidades do processo de aprovação, sendo que o incumprimento desses requisitos ou dessas
formalidades implica a respetiva nulidade.
As transferências de fundos de contas bancárias domiciliadas fora de Angola para contas bancárias
domiciliadas em Angola, e vice-versa, estão sujeitas a licenciamento cambial, o qual varia dependendo
do tipo de operação cambial em causa.
Os pagamentos feitos por não residentes a residentes e entre residentes devem ser efetuados em
contas de instituições bancárias domiciliadas em Angola.
Os residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, estão autorizados a
abrir e movimentar contas em moeda estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas em
Angola.
Os não residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, podem abrir e
movimentar contas em moeda nacional ou estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas
em território nacional.
As pessoas singulares residentes cambiais podem abrir e movimentar contas em moeda estrangeira
junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola.
As pessoas coletivas residentes cambiais não podem abrir e movimentar contas em moeda
estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola, salvo com autorização
especial do BNA.
Os pagamentos ao abrigo de contratos a residentes não cambiais efetuados por um residente cambial,
bem como o próprio contrato que formalize tais pagamentos, estão sujeitos a licenciamento cambial
prévio junto do BNA apenas quando o respetivo montante seja igual ou superior aos seguintes limites:
(i) Kz 100.000.000 (cem milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda ou (ii) Kz
300.000.000,00 (trezentos milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda cujos ordenantes
sejam empresas prestadoras de serviços ao setor petrolífero, devidamente registadas e/ou com
contrato programa celebrado com o Ministério dos Petróleos. O repatriamento de lucros está sujeito a
licenciamento prévio do BNA.
185
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Há um conjunto de restrições à entrada e saída de capitais de Angola conforme anteriormente já foi indicado.
A transferência de capitais para o exterior é objeto de regulação e controlo pelo BNA e o repatriamento está
sujeito ao cumprimento do acordo constante do projeto de investimento realizado com a ANIP ou com Estado
Angolano.
Este repatriamento é estabelecido de acordo com um quadro de prazos mínimos que varia de acordo com o
montante investido e a zona do investimento.
A percentagem de dividendos transferíveis é negociada caso a caso e deve ser incluída no contrato de
investimento da empresa.
O controlo cambial é igualmente efetuado nas entradas e saídas dos viajantes existindo mesmo restrições aos
montantes passíveis de entrarem e saírem do país em moeda estrangeira.
Os viajantes residentes cambiais, onde se incluem os estrangeiros com residência em Angola, podem
entrar ou sair do território angolano com até US$ 15.000 ou o seu equivalente em moeda estrangeira;
Os viajantes não residentes cambiais, incluindo nacionais com residência no estrangeiro, podem
entrar ou sair do território angolano com até US$ 10.000 ou o seu equivalente em outra moeda
estrangeira.
Quando os valores transportados forem superiores aos indicados deverão ser declarados às Alfândegas.
Todos os valores superiores aos limites estabelecidos que não sejam autorizados pelo BNA são apreendidos.
A Lei Angolana regula com especial cuidado as operações de importação estabelecendo que a liquidação do
valor das importações só poderá ser efetuada pelas instituições bancárias angolanas. Nesse sentido, o Aviso
n.º 19/2012, de 19 de abril do BNA, estabelece o novo regime para as operações cambiais referentes ao
pagamento de importação, exportação e reexportação de mercadorias em Angola.
186
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Em todas as operações cambiais (de importação e de exportação) passam a ser admitidas as modalidades de
liquidação a seguir discriminadas:
b) Pagamento Antecipado;
c) Pagamento Postecipado.
Para realização da operação cambial e variando consoante a modalidade de liquidação escolhida, deverão ser
apresentados à instituição bancária um conjunto de documentos, entre os quais, carta do cliente, (na qual
conste o número de registo como importador e contribuinte) solicitando a realização da operação, fatura pró-
forma, original da fatura comercial (cumprindo certos requisitos), documento de transporte, a licença de
importação, o contrato de fornecimento e a garantia bancária.
O Governo de Angola tem vindo a realizar esforços significativos para melhorar a eficiência fiscal,
encontrando-se em curso uma reforma fiscal.
No âmbito da reforma fiscal, foram publicados, em outubro de 2013, o “Regime jurídico das faturas e
documentos equivalentes”, o “Estatuto dos Grandes Contribuintes” e o “Regulamento do Imposto de Consumo
para o setor petrolífero”, sendo que: (i) o primeiro regula as condições técnicas para a emissão, conservação,
e arquivo das faturas e documentos equivalentes, (ii) o segundo define, entre outras matérias, os requisitos
para integração no Regime de Tributação de Grupos de Sociedades e a aplicação do Regime Fiscal dos
Preços de Transferência; e, (iii) o terceiro define as regras de liquidação e pagamento de Imposto de Consumo
nos casos de serviços adquiridos por empresas do setor petrolífero.
Para se compreender melhor o sistema fiscal Angolano importa ter em consideração os diferentes impostos
existentes e as respetivas taxas.
1. Imposto Industrial
Em Angola os lucros das atividades comerciais e industriais desenvolvidas por pessoas coletivas estão
sujeitos a Imposto Industrial à taxa de 35%. As atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias estão, porém,
sujeitas à taxa de 20%.
O valor do Imposto Industrial é calculado tomando como base o lucro apurado na demonstração de resultados
do exercício, ajustado em conformidade com as regras fiscais.
As entidades fiscalmente residentes são tributadas pela totalidade dos lucros obtidos no país e no estrangeiro,
enquanto os estabelecimentos estáveis de entidades não residentes estão sujeitos a tributação pelos lucros
atribuíveis ao mesmo.
Grupo A – Constituído pela generalidade dos contribuintes cuja matéria coletável seja constituída pelos lucros
apurados no exercício com base na contabilidade, corrigidos nos termos da legislação fiscal. Aplica-se
designadamente a: empresas estatais, sociedades anónimas e em comandita por ações, sociedades
comerciais, instituições de crédito, entre outras entidades;
187
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Grupo B – Constituído por contribuintes aos quais não seja obrigatoriamente aplicável o regime do grupo A ou
do grupo C, ou a contribuintes que pratiquem atos isolados, sendo a matéria coletável apurada mediante
aplicação de uma percentagem ao volume de negócios ou faturação ou, em caso de impossibilidade de tal
determinação, por aplicação de uma percentagem ao valor das compras ou dos custos dos serviços
prestados;
Grupo C - Reservado a contribuintes ou pessoas singulares, cuja matéria coletável é fixada em função da
categoria do estabelecimento, da sua localização e do ramo de atividade, designadamente os sujeitos que
exerçam atividade por conta própria, ou não disponham de escrita, de entre outros casos.
Estima-se que em breve seja alterado o Código do Imposto Industrial com diversas modificações significativas
nomeadamente, da taxa geral de imposto, das regras de formação dos grupos de tributação e introdução de
tributações autónomas.
Consideram-se custos dedutíveis os que sejam considerados razoáveis e indispensáveis para a realização dos
proveitos e ganhos sujeitos a imposto e para a manutenção da fonte produtora, designadamente:
Encargos relativos à produção ou aquisição de bens ou serviços como mão-de-obra, energia, gastos
gerais de fabrico, conservação e reparação;
Encargos de distribuição e venda, abrangendo os transportes, publicidade e colocação de mercadorias;
Encargos de natureza financeira, de entre os quais juros de capitais alheios, descontos, ágios,
transferências, oscilações cambiais, emissões de ações;
Encargos de natureza administrativa, nomeadamente remunerações, quotas, abonos de família, rendas,
subsídios, transporte e comunicações, previdência social e seguros.
188
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A tributação do rendimento gerado por empreitadas e outras prestações de serviços (não abrangidas pelo
Imposto sobre o Rendimento do Trabalho - IRT) é efetuada por retenção na fonte à taxa geral de 35% prevista
no Imposto Industrial, sobre uma matéria coletável correspondente a 10% ou 15% do valor do contrato.
3,5% no caso de serviços de construção, beneficiação, reparação e conservação sobre bens imóveis;
5,25% no caso de outros serviços, quando não tributados nos termos o Código do IRT (de notar que caso
o serviço seja prestado por um trabalhador independente cuja atividade conste da lista prevista no Código
do IRT, a taxa de retenção na fonte será de 10,5%).
Nos termos da Lei 7/97, que estabelece as regras de retenção de Imposto Industrial, importa referir que os
serviços sujeitos a retenção na fonte são:
Empreitadas e subempreitadas;
Prestações de serviços decorrentes de contratos de assistência técnica, de gestão e outros serviços de
idêntica natureza.
No entanto, verifica-se que a Administração Tributária tem vindo a considerar como sujeitas a retenção na
fonte um conjunto alargado de prestações de serviços. Prevê-se a publicação de nova legislação que altere o
regime das retenções na fonte no sentido de passar a abranger diversos tipos de prestações de serviços.
O imposto deverá ser retido no momento do pagamento dos serviços e entregue à administração tributária no
prazo de 15 dias contados do pagamento. Na prática tem sido aceite a entrega do imposto no final do mês
seguinte ao pagamento dos serviços.
Este imposto tem a natureza de imposto por conta no caso de sociedades residentes em Angola ou
estabelecimentos estáveis em Angola de empresas não residentes, e tem a natureza de imposto final no caso
do beneficiário dos rendimentos ser entidade não residente.
Para efeitos da dedução na declaração de rendimento anual das retenções na fonte sofridas, as sociedades
que operam em Angola deverão efetuar um controlo dos clientes a quem prestaram serviços sujeitos a
retenção na fonte, no sentido de lhes solicitarem anualmente o comprovativo da entrega desse imposto nos
cofres do Estado. Este comprovativo deverá ser obtido pelas entidades que retiveram o Imposto Industrial, nas
respetivas repartições de finanças. Não sendo obtido dos clientes o comprovativo de que as retenções na
fonte foram efetivamente entregues, a dedução à coleta efetuada poderá ser questionada pela Administração
Tributária.
O Estatuto dos Grandes Contribuintes, recentemente publicado (outubro de 2013), consagra um regime
especial de tributação para os considerados Grandes Contribuintes.
O Grande Contribuinte que integre um grupo de sociedades, passou a ter a possibilidade de ser tributado pela
soma algébrica dos resultados, positivos ou negativos, dos contribuintes que integram esse grupo.
189
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
A sociedade dominante, deverá deter, de forma direta ou indireta, uma participação de, pelo menos, 90%
do capital das demais e a essa participação corresponderem pelo menos metade dos direitos de voto;
A sociedade dominante e as sociedades dominadas devem ter sede e direção efetiva em Angola;
A participação deve ter uma antiguidade superior a dois anos, com exceção das sociedades constituídas
pela própria sociedade dominante;
A sociedade dominante não pode ser considerada dependente de nenhuma outra sociedade com sede ou
direção efetiva em Angola;
As sociedades do grupo não podem estar inativas há mais de um ano ou terem pendente contra si ações
ou processos de insolvência, liquidação, dissolução, ou execução fiscal;
Não podem integrar o perímetro sociedades que tenham registado prejuízos fiscais nos últimos dois
exercícios fiscais anteriores à data do pedido de inclusão no perímetro;
Não podem ser incluídas sociedades que beneficiem de incentivos fiscais atribuídos ao abrigo da Lei de
Bases do Investimento Privado, quer seja através da modalidade de isenção, quer de redução da taxa
nominal do Imposto Industrial.
Espera-se que, no âmbito da reforma fiscal em curso, diversas operações de reestruturação de empresas
passem a beneficiar de um regime de neutralidade fiscal.
Preços de transferência
De acordo com o disposto no Código do Imposto Industrial, a Administração Tributária poderá efetuar as
correções necessárias à determinação da matéria coletável sempre que, em virtude das relações especiais
entre o contribuinte e outra pessoa, sujeita ou não a Imposto Industrial, tenham sido estabelecidas condições
diferentes das que seriam normalmente acordadas entre entidades independentes, conduzindo a que o lucro
apurado com base na contabilidade seja diverso daquele que se apuraria na ausência dessas relações.
Foi recentemente alterada a legislação em sede de Preços de Transferência (outubro de 2013), nos termos da
qual, algumas entidades passam a ter obrigação de preparar dossier de Preços de Transferência.
O conceito de relações especiais, o qual abrange participações no capital ou dos direitos de voto de uma
entidade por administradores ou gerentes de outra sociedade ou seus cônjuges, ascendentes e
descendentes; identidade da maioria dos órgãos de direção, administração ou gerência, ou seus
cônjuges, unidos de facto, ascendentes ou descendentes; relações de domínio, vínculo de subordinação
ou de grupo paritário; existência de relações comerciais representativas de mais de 80% do volume total
de operações, ou de financiamentos de uma entidade em mais de 80% da sua carteira de crédito;
O conceito de operações vinculadas, designadamente transações de bens, direitos e serviços, bem como
operações financeiras;
O valor mínimo de proveitos anuais que obriga à elaboração do dossier (quando a soma algébrica das
vendas e prestações de serviços exceda sete mil milhões de Kwanzas – cerca de EUR 53 milhões ou
US$ 72 milhões);
A estrutura de um documento de preços de transferência, muito embora possa vir a ser alterada pelo
Diretor Nacional de Impostos;
A data de entrega do dossier (até 6 meses após o fecho do exercício);
Os métodos para determinação das condições que seriam acordadas nas operações entre entidades
independentes (apenas contemplando métodos transacionais) .
Os dividendos e os royalties são tributados por retenção na fonte à taxa de 10%, sendo a responsabilidade
pela retenção do imposto da entidade que procede ao pagamento. O imposto retido nos termos referidos
deverá ser entregue até ao final do mês seguinte ao da ocorrência dos factos tributáveis.
190
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Os juros de empréstimos – de terceiros ou de sócios – estão sujeitos a taxas de IAC de 15% e 10%,
respetivamente.
Nos contratos de financiamento por terceiros presume-se o vencimento de juros à taxa de 6% se não for
estipulada taxa mais elevada. Já no caso dos suprimentos a presunção corresponde à taxa de juro praticada
pelo mercado.
De referir que o valor do empréstimo é sujeito a Imposto do Selo, sendo que existem isenções que poderão
ser aplicáveis.
As declarações mensais deverão ser arquivadas, sendo o imposto devido até ao final do mês seguinte ao da
ocorrência do facto tributário.
3. Imposto do Selo
O Imposto do Selo incide sobre diversos escritos e atos e corresponde a um montante fixo, a uma
percentagem ou a uma permilagem, nos termos previstos na Tabela Geral do Código do Imposto de Selo. Este
imposto incide sobre, por exemplo, alvarás, licenças, atos notariais, contratos, requerimentos, operações
bancárias, letras e documentos de despacho aduaneiro.
A responsabilidade pela liquidação do imposto varia também e poderá recair, nomeadamente, sobre a
sociedade comercial, os bancos ou os notários.
Uma das principais bases de incidência deste imposto é o valor dos recibos de quitação. Deverá ser liquidado
Imposto do Selo sobre todos os recibos de quitação emitidos pelos contribuintes (pelo fornecimento de bens,
materiais, equipamento, prestação de serviços, etc.), à taxa de 1% sobre o respetivo valor.
O imposto liquidado nestes termos deverá ser pago no último dia de cada mês, por referência aos recibos do
mês anterior.
O IPU incide sobre o valor patrimonial dos imóveis urbanos à taxa de 0,5% sobre o valor que exceda o limite
de Kz 5.000.000 (cerca de EUR 34.000 ou US$ 53.500). O valor patrimonial dos imóveis corresponde ao valor
mais elevado de entre o valor de aquisição e o valor que resulte da avaliação de acordo com tabelas de
cálculo aprovadas pelo Decreto Presidencial nº 81/11, de 25 de abril, cujos ponderadores abrangem a área
coberta do imóvel e um valor fixado por metro quadrado, corrigido consoante algumas caraterísticas do imóvel.
No que respeita aos rendimentos provenientes de contratos de arrendamento o IPU corresponde a uma taxa
efetiva de 15%. Este imposto incide sobre os rendimentos de imóveis urbanos à taxa de 25% sobre 60% do
valor anual das rendas, presumindo-se que 40% do rendimento será destinado à manutenção e conservação
do imóvel.
O IPU deverá ser objeto de retenção na fonte obrigatória sempre que os inquilinos possuam ou devam possuir
contabilidade organizada.
Os rendimentos de rendas de imóveis não são sujeitos a Imposto Industrial e o IPU não é dedutível à coleta de
Imposto Industrial.
Qualificam como prédios urbanos os edifícios ou construções com carácter de permanência aptos a produzir
rendimentos decorrentes de atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias .
191
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
5. Imposto de SISA
O Imposto de SISA incide sobre as transmissões onerosas de propriedade ou de qualquer direito parcelar
sobre bens imóveis, as promessas de compra e venda logo que verificada a tradição, arrendamentos de longo
prazo, entradas em espécie para o capital social de sociedades e em alguns casos, aquisição de capital social
em sociedades.
A aquisição de 50% do capital social de uma sociedade (que inclui sociedades por quotas ou sociedades
anónimas) está sujeita a SISA quando o objetivo dessa aquisição seja o da aquisição dos imóveis detidos pela
mesma.
São em geral sujeitos passivos do imposto os adquirentes dos imóveis ou dos direitos sobre os mesmos, cada
permutante em caso de contrato de troca, o arrematante ou adjudicatário em caso de arrematações e
adjudicações judiciais e administrativas.
A promessa de compra e venda do imóvel com tradição despoleta tributação em sede de Imposto de Sisa .
6. Imposto de Consumo
De facto, ao contrário do que se verifica em muitos outros países, não existe em Angola um Imposto sobre o
Valor Acrescentado. O Imposto de Consumo não concede ao sujeito passivo a possibilidade de dedução do
imposto suportado nas operações realizadas a montante, não alcançando a neutralidade económica,
característica fundamental do sistema de tributação sobre o valor acrescentado.
Deste modo, importa referir alguns dos aspetos fundamentais do sistema de tributação do consumo em Angola
em sede de Imposto de Consumo.
Incidência de imposto
Quanto às exceções ao âmbito de sujeição de imposto, importa referir que a produção de produtos agrícolas e
pecuários, de silvicultura, de pesca e minerais, não estão sujeitas a Imposto de Consumo quando não sofram
qualquer transformação.
Não obstante a sujeição a imposto das operações supra referidas, a legislação prevê a isenção de imposto em
determinadas circunstâncias, nomeadamente nas exportações quando a exportação seja feita pelo próprio
produtor, assim como as importações e aquisições locais de matérias-primas e bens de equipamento para a
indústria nacional (desde que certificados pelos Ministérios da tutela).
192
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Cálculo do imposto
O valor tributável, para a produção de mercadorias, corresponde ao preço de custo à porta de armazém,
sendo bastante relevante o cálculo correto do mesmo, de modo a corresponder às imposições legislativas,
tendo em conta que o Imposto de Consumo não funciona com base num sistema de reembolso a favor do
sujeito passivo quando a liquidação é superior à devida. Na produção das mercadorias, o imposto é liquidado
no momento do processamento das faturas pelos produtores.
Quanto à importação de mercadorias, o valor tributável é o valor aduaneiro, calculado nos termos a que nos
referiremos adiante, liquidado no momento do desalfandegamento pelos Serviços Aduaneiros competentes.
Para as outras operações, o valor tributável corresponde ao valor da fatura, sendo o imposto liquidado no
momento do processamento das faturas, pelos sujeitos ativos das relações que se estabelecem .
Taxas aplicáveis
Sobre o valor tributável, calculado nos termos supra referidos, incide uma taxa de 10%, exceto para os bens e
serviços enunciados nas listas anexas ao Regulamento, que podem variar entre 2% e 30%, consoante o bem
ou serviço transacionado.
Bens sujeitos a taxa reduzida (de 2%), caraterizados por serem bens essenciais para a população
angolana (incluindo alguns produtos alimentares como carnes, leite, trigo, milho, arroz e óleos, assim
como medicamentos e livros);
Mercadorias importadas e de produção nacional (por exemplo a água e outras bebidas não alcoólicas,
exceto sumos de frutas, que inclui cervejas de malte, vinhos, tabacos, produtos de beleza, vestuário,
entre outros) podendo ser-lhes aplicável uma taxa de 20% ou 30%;
Consumo de serviços com taxas de 5% e 10%.
Por fim, importa referir que não existem impostos especiais sobre o consumo, nomeadamente sobre o tabaco
ou álcool no ordenamento jurídico angolano. Não obstante estes produtos são tributados em sede de Imposto
de Consumo, aplicando-se taxas agravadas.
7. Os Direitos Aduaneiros
Os direitos aduaneiros consistem em impostos indiretos que incidem sobre o valor da mercadoria importada ou
exportada no território aduaneiro.
Os direitos e demais imposições aduaneiras, devidos no regime aduaneiro a que as mercadorias em causa
tenham sido sujeitas são:
Direitos aduaneiros;
Direitos anti dumping (aplicados a certas mercadorias importadas com o objetivo de dirimir a margem
de dumping);
Imposto de Consumo;
Imposto do Selo;
Emolumentos gerais aduaneiros;
Sobretaxas;
Outras imposições legalmente aprovadas.
193
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
As taxas de serviços aduaneiros referidas no Texto da Pauta Aduaneira são prestações coativas pecuniárias,
cobradas pelas alfândegas aos utentes dos seus serviços, compreendendo nomeadamente os emolumentos
gerais aduaneiros. São cobradas em todos os regimes aduaneiros, incluindo os regimes aduaneiros isentos do
pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras.
Quanto aos emolumentos gerais aduaneiros, consistem na contraprestação dos serviços prestados pelas
alfândegas, sendo devidos em todos os regimes aduaneiros e em outros serviços realizados pela alfândega.
São calculados e cobrados pelas Alfândegas.
O Imposto de Consumo, é cobrado no acto de desalfandegamento das mercadorias. As taxas deste imposto
repartem-se pelo regime geral de tributação e pela tributação no âmbito da promoção do investimento, que é
aplicável igualmente aos direitos de importação, isto é, a mercadorias importadas ao abrigo de projetos de
investimento público aprovados pelas entidades competentes ou com comprovados efeitos estruturantes para
a economia nacional.
Tal como anteriormente referido, as alterações à pauta aduaneira que entraram em vigor em 2014 visam a
proteção da produção nacional em diversos setores, pelo que os produtos que se enquadrem nesses setores
agravadas as respetivas taxas de importação.
Os bens que sejam objeto de importação ou exportação definitiva ou sujeitas a qualquer outro regime
aduaneiro podem usufruir dos seguintes benefícios fiscais aduaneiros:
Quanto ao direito aos benefícios fiscais, é apenas reconhecido às entidades e bens expressamente indicados
por lei e aprovados no âmbito dos projetos de investimento.
Trabalhadores independentes
As pessoas coletivas a exercer atividade em Angola deverão reter imposto sobre pagamentos efetuados
a profissionais independentes a uma taxa efetiva de 10,5% (correspondendo a uma taxa de 15% aplicada
a 70% dos seus rendimentos).
Trabalhadores dependentes
Estão sujeitos a IRT indivíduos angolanos e estrangeiros, residentes ou não, que aufiram rendimentos
pagos em moeda nacional ou estrangeira, provenientes de trabalho prestado a Angola. Por esta razão,
são tributados em Angola em sede de IRT todos os rendimentos cujo custo seja:
194
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Diretamente assumido por entidade angolana (i.e. quando os pagamentos sejam efetuados pela
entidade local) ou;
Indiretamente assumido por entidade angolana (i.e. custos de pessoal pagos no estrangeiro que
sejam debitados a entidade angolana).
São considerados rendimentos de trabalho, os pagamentos em dinheiro e em espécie (como por exemplo
alimentação ou alojamento), excluindo, no entanto, subsídios diários (até aos limites fixados por lei), subsídio
de férias, décimo terceiro mês e as contribuições para a Segurança Social.
O IRT deverá ser liquidado pelo empregador angolano, retido na fonte aquando do pagamento das
remunerações e entregue ao Estado até ao final do mês seguinte. As taxas de IRT, que progridem até 17%
(sobre o excesso de Kz230 mil, correspondente a, aproximadamente, € 1.750 ou US$ 2,700), incidem sobre os
rendimentos ilíquidos, deduzidos apenas do valor das contribuições devidas pelo colaborador para o regime de
Segurança Social angolana. A taxa de IRT aplicada não depende nem da situação familiar, nem da residência
fiscal do beneficiário dos rendimentos.
A substituição tributária em sede de IRT é total, pelo que, sendo retido o imposto na fonte, não há lugar à
entrega de qualquer declaração fiscal por parte do colaborador.
Nos termos da legislação angolana, o colaborador apenas poderá ser considerado como colaborador da
empresa em Angola enquanto tiver o seu visto de trabalho. A partir do momento em que este visto seja obtido,
o colaborador poderá passar a constar do processamento de salários da empresa em Angola, sendo as suas
remunerações sujeitas a retenção na fonte, em sede de IRT.
Retenção na Fonte
9. Segurança Social
Em regra, as contribuições para a Segurança Social são devidas no país onde a respetiva atividade é
exercida, independentemente do local onde é paga a respetiva remuneração.
Os expatriados que exerçam a sua atividade em Angola deverão fazer as contribuições para a Segurança
Social nesse país. No entanto, conforme seguidamente se explicita, o regime de exceção existente no país
permite o afastamento desta regra geral.
195
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Contribuições
As contribuições para a Segurança Social são calculadas sobre o salário mensal e sobre qualquer
remuneração adicional dos trabalhadores, excluindo alguns subsídios.
Os empregadores angolanos são responsáveis pela inscrição dos trabalhadores na Segurança Social, assim
como pela retenção e pagamento das contribuições que sejam por si devidas e pelos colaboradores às taxas
de 8% e 3%, respetivamente.
O pagamento mensal das contribuições para a Segurança Social deve ser feito até ao 10º dia do mês seguinte
ao que a contribuição se refere.
Existe um regime de exceção para trabalhadores estrangeiros não residentes, i.e. titulares de visto de
trabalho, que provem estar cobertos por regime de Segurança Social de outro país, não os sujeitando ao
pagamento das contribuições em Angola, desde que estes efetuem prova de que se encontram registados e a
efetuar contribuições para um sistema de Segurança Social equivalente noutro país .
Tabela 41 - Quadro resumo com os principais impostos de Angola e alguns exemplos de bases
tributáveis
196
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Angola ocupa uma posição baixa na tabela da competitividade do Relatório Paying Taxes da PwC, devido a
um conjunto alargado de fatores, dos quais se destacam o elevado tempo necessário a cumprir com as
obrigações fiscais e a percentagem total de imposto sobre os lucros cujo valor é influenciado pelos regimes
especiais de tributação que incidem sobre as empresas petrolíferas.
Numa análise comparativa de competitividade fiscal entre os vários países da CPLP verifica-se igualmente que
Angola se encontra numa das últimas posições.
Contribuições
Imposto
Tempo e impostos Outros Total
Pagamentos sobre os
Países Rank (horas sobre o impostos (%
(número) lucros (%
por ano) trabalho (% (% lucros) lucros)
lucros)
lucros)
197
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Imposto Contribuições e
Tempo Outros Total
Pagamentos sobre os impostos sobre o
Países Rank (horas por impostos (%
(número) lucros trabalho
ano) (% lucros) lucros)
(% lucros) (% lucros)
São Tomé e
156 42 424 22,1 6,8 3,6 32,5
Príncipe
Brasil 159 9 2600 24,9 39,6 3,8 68,3
198
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Vistos
Existem diversos tipos de vistos para Angola, nomeadamente (i) o visto diplomático, (ii) o visto ordinário, (iii) o
visto de cortesia, (iv) o visto de turismo, (v) o visto de estudo; (vi) o visto para fixação de residência, (vii) o visto
de permanência temporária, (viii) o visto privilegiado, (ix) o visto de trabalho, (x) o visto de tratamento médico,
(xi) o visto de curta duração e (xii) o visto de trânsito.
O visto de curta duração, é concedido por razões de urgência (ex: reunião, conferência, óbito) e
permite a permanência em território angolano até 7 dias, prorrogável uma única vez por igual período.
O visto ordinário ao abrigo do protocolo celebrado com Portugal é concedido para: (i) desenvolver
contactos exploratórios de domínio comercial ou análogo, (ii) conduzir negociações de projetos de
investimento, (iii) empresários e investidores, (iv) quadros dirigentes de empresas, (v) proceder à
montagem de equipamentos ou prestar assistência técnica pós-venda; (vi) ministrar conferências ou
ações formativas. Este tipo de visto é válido para entradas múltiplas num período de 36 meses,
permitindo ao seu titular uma permanência continua ou interpolada em território angolano por um
período máximo de 90 dias por semestre.
O visto de trabalho, destinado a cidadãos estrangeiros não residentes que pretendam desempenhar
uma atividade remunerada no interesse do Estado ou por conta de outrem. Este visto permite várias
entradas no país até ao termo do contrato de trabalho, sendo atribuído por um período mínimo de três
meses e um período máximo de 36 meses, de acordo com a duração do contrato de trabalho. Permite
ao seu titular exercer apenas a atividade profissional que justificou a sua concessão e em dedicação
exclusiva à entidade empregadora que o requereu. Os vistos de trabalho são divididos em várias
199
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
O visto para fixação de residência, concedido aos cidadãos que pretendam fixar residência em
Angola permite a permanência em território nacional pelo período de 120 dias, prorrogáveis por
idênticos períodos de tempo até decisão do pedido de autorização de residência, e o exercício de
atividade remunerada.
São vários os acordos celebrados entre Angola e outros Estados para a supressão ou facilitação de vistos. De
entre eles, destacam-se os celebrados com os países-membros da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste),
com países africanos (África do Sul, Guiné Equatorial, Namíbia), com países asiáticos (Coreia, Vietname) e
com outros países como a Rússia, Argentina e Espanha.
O acordo entre Angola e Portugal permite um regime privilegiado de vistos para cidadãos angolanos e
portugueses de curta e longa duração.
De notar que as demoras na emissão dos vistos são comuns. Se for aceite, o visto pode demorar entre duas a
doze semanas.
Apesar de não ser obrigatório é recomendável estabelecer um contrato de seguro sobre as mercadorias e
bens com destino a Angola, que poderá ser realizado por empresas seguradoras privadas.
Os seguros de crédito à exportação são importantes instrumentos críticos na promoção e sucesso das
exportações.
A concessão, ou não, dos seguros e o seu preço são, por vezes, entraves à atividade exportadora e à
concretização de oportunidades de negócio.
Os seguros de crédito possibilitam aumentar a confiança nos negócios com os agentes compradores,
incentivando assim as transações, diminuindo o risco de incumprimento em matéria de pagamento das
mercadorias exportadas.
Risco comercial: Como por exemplo o risco de falência ou insolvência do devedor; atraso de
pagamento (mora); insuficiência de meios; concordata ou moratória;
Risco Político: Como por exemplo o risco da ocorrência de atos como nacionalizações, guerras,
revoluções, motins, anexações e riscos derivados (confisco de bens, dificuldades de
transferência/conversão, etc.).
Estado tem procurado reduzir os custos dos seguros de crédito através da minimização do risco das entidades
seguradoras, ou seja, substituindo-se em parte ao devedor.
200
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Este objetivo é conseguido através da criação de linhas de seguro de crédito com garantia do Estado. Esta
garantia pode ser concedida diretamente ou indiretamente através do financiamento público de sociedades de
garantia mútua. Atualmente a segunda opção é a mais utilizada
No caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado
Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à
exportação, dispõe de um mecanismo específico designado por Convenção Portugal-Angola (Seguro), no
valor de 1.000 milhões de Euro.
De acordo com informação disponibilizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) de
Portugal, são enquadráveis operações de exportação de bens de equipamento e serviços portugueses de
médio e longo prazo, com cobertura da COSEC, a qual, pode assumir a forma de: seguro dos créditos dos
exportadores sobre os importadores angolanos (crédito fornecedor) ou garantia dos financiamentos
concedidos por instituições de crédito ao BNA, a outras instituições de crédito angolanas ou a importadores
angolanos (crédito comprador).
Os créditos cobertos são avalizados pelo Estado Angolano que se compromete a garantir, através do seu
Ministério das Finanças, o bom pagamento e a transferência dos montantes relativos às exportações
efetuadas ao abrigo da Convenção.
Existe igualmente uma linha de seguro de créditos à exportação para países fora da OCDE, Turquia e México
com Garantia do Estado.
Além destas soluções, existe um conjunto de outros instrumentos financeiros que estão disponíveis não só na
banca comercial, como em fundos de investimento que visam mitigar o risco do investimento estrangeiro.
Nessa situação há instrumentos que visam assegurar o risco cambial e outros riscos associados ao
investimento que poderão ser devidamente avaliados em fase de decisão de internacionalização ou
exportação.
201
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
No sistema jurídico angolano, os tipos de sociedades mais comuns são as Sociedades por Quotas
(Limitada/Lda.) e as Sociedades Anónimas (SA).
As Sociedades por Quotas apresentam menor complexidade organizativa, com estrutura mais leve ao nível
dos órgãos sociais, estando normalmente associadas a negócios de pequena ou média dimensão. As
Sociedades Anónimas são, em geral, o veículo escolhido pelos investidores para projetos de investimento de
maior dimensão.
Para além destas, existem ainda as sociedades em nome coletivo, as sociedades em comandita e as
sociedades unipessoais. Estas últimas passaram a ser permitidas com a publicação da Lei nº 19/12, de 11 de
junho, que veio permitir a constituição de sociedades unipessoais, isto é, sociedades com um único sócio,
pessoa singular ou coletiva.
Nas sociedades em nome coletivo, o sócio responde ilimitadamente pelas obrigações sociais,
subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios, para além de responder pela
sua entrada.
Por outro lado, este não responde pelas obrigações da sociedade, contraídas após a data da sua saída, mas
responde pelas contraídas anteriormente à data da sua entrada.
Nas sociedades em comandita, o sócio ou os sócios comanditários respondem apenas pela sua entrada e os
sócios comanditados têm responsabilidade ilimitada, ou seja, respondem pelas dívidas da sociedade, ilimitada
e solidariamente entre si, nos mesmos termos que os sócios das sociedades em nome coletivo. Existem dois
tipos diferentes de sociedades em comandita: as sociedades em comandita simples e as sociedades em
comandita por ações.
As sociedades em comandita são pouco comuns em Angola, bem como as sociedades em nome coletivo que,
neste último caso, apesar de terem estrutura simples e flexível se tornam pouco atraentes, dado o risco
associado, pois o património dos sócios responde subsidiariamente pelas dívidas da sociedade.
121
A exceção a esta regra está ligada aos setores que são da reserva exclusiva do Estado (ex: materiais de guerra, Banco Central,
direitos de propriedade sobre os portos, caminhos de ferro, serviços postais), e aos setores que só podem ser exercidos por entidades
privadas através de concessão do Estado (ex: produção, distribuição e comercialização de energia, exploração de portos e aeroportos,
tratamento e distribuição de água). Além dos aspetos já referidos, existem também limitações impostas às empresas que prestem serviços
ao setor petrolífero, pelo que, em alguns casos, é exigido que o capital seja detido maioritariamente por nacionais de Angola.
202
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Neste contexto, os tipos societários dominantes correspondem às sociedades por quotas e às sociedades
anónimas, sendo estas as principais escolhas dos investidores angolanos e estrangeiros.
O Sistema judiciário
O sistema judiciário em Angola está organizado em 3 categorias: Tribunal Supremo, os Tribunais Provinciais e
os Tribunais Municipais, que se distinguem por diferentes competências e pela sua organização .
122
Tabela 44 - Sistema Judiciário de Angola
Tipos de Tribunais
Competência Organização Nº de Tribunais
Judiciários
Exerce jurisdição em todo o
território nacional e é por Constituído pelo Plenário e
Tribunal Supremo 1
princípio o tribunal de último Câmaras de competência
recurso.
Decidir os conflitos de
Organizado por salas:
competência entre os
Tribunais Provinciais Tribunais Municipais da
Cível e Administrativo,
respetiva Província. 19
Família, Trabalho, Crimes
Comuns e Crimes contra a
Exerce jurisdição no
Segurança do Estado
território da Província.
Competência genérica em
- 35
matéria cível e criminal,
Tribunais Municipais
exercendo jurisdição no
(instalados 12)
território do Município
O sistema judiciário angolano ainda não permite uma capacidade de resposta célere aos complexos
problemas que advêm de relações comerciais internacionais sendo comum aos investidores internacionais
optarem por meios alternativos de resolução de litígios por forma a assegurar os seus direitos.
A possibilidade das entidades poderem recorrer à arbitragem constitui um dos fatores de atenuação dos
efeitos negativos da morosidade da justiça dos estados, do risco das decisões judiciais arbitrárias, da falta de
garantias e da incerteza quanto à eficácia dos contratos. Estima-se que mais do que 95% dos contratos
internacionais têm cláusulas arbitrais.
122
Fonte: http://www.tribunalsupremo.ao
123
Lei n.º 16/2003 de 25 de Julho
203
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Apesar da República de Angola não ter ratificado as duas mais importantes Convenções Internacionais em
matéria de arbitragem, nomeadamente, a Convenção das Nações Unidas sobre o Reconhecimento e
Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras, a Convenção de Nova Iorque de 1958, a Convenção para a
Resolução de Diferendos relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de outros Estados, a Convenção
124
CIRDI de 1965, dispõem de leis que permitem a proteção de investimentos estrangeiros através da
Arbitragem.
Há diferentes mecanismos de resolução arbitral que resultam dos Contratos de Investimento e dos Tratados
Bilaterais de Investimento (TBI).
Assim, a análise desta temática deverá ser analisada in casu para que o investidor possa optar pela solução
que melhor atenda aos seus interesses.
Todavia, não poderá deixar de ter em consideração as regras da Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de
20 de maio, bem como as regras que determinem o regime de arbitragem aplicável que resultem dos TBI.
O investidor deverá ter algum cuidado nesta opção atendendo a que a Lei será determinante no regime e nas
regras legais que lhe serão aplicáveis.
Poder-se-á ter, por um lado, um contrato de investimento que preveja uma arbitragem ad hoc, a realizar-se em
Angola, com aplicação da lei angolana ao mérito da causa e ao processo arbitral, e por outro, um TBI que
indica, em princípio, uma arbitragem internacional institucionalizada, que poderá decorrer fora do território
angolano, com recurso a procedimentos fixados no respetivo centro de arbitragem escolhido pelo investidor.
A título exemplificativo, apesar de Angola não ter ratificado as convenções mais relevantes em matéria de
arbitragem, há um conjunto de TBI no qual está incluído Portugal que remete a resolução arbitral dos litígios
para o Centro Internacional de Resolução de Litígios relativos a investimentos (CIRDI) e para o Mecanismo
Complementar para a Administração de Procedimentos de Conciliação, Arbitragem e Averiguação, bem como
para o Tribunal de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI) ou ainda para um árbitro
internacional ou Tribunal ad hoc designado por acordo especial ou estabelecido nos termos das Normas de
125
Arbitragem da CNUDCI .
Por último, deve igualmente ter-se em consideração que a Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de 20 de
maio, contém regras imperativas, nomeadamente quando dispõe que “a arbitragem deve ser realizada em
Angola e a lei aplicável ao contrato e ao processo deve ser a lei angolana”.
Atendendo à complexidade da matéria e das possíveis soluções alternativas existentes esta matéria deverá
ser acompanhada pelo respetivo profissional competente.
A SADC possui mais de 26 instrumentos de cooperação entre os EM, dos quais 23 se encontram atualmente
em vigor. A República de Angola assinou, mas não ratificou, 4 dos 23 tratados em vigor, tendo assinado e
ratificado apenas 19.
Tabela 45 - Situação de Angola face aos Acordos e Protocolos existentes na Zona da SADC
Existe um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão
facilitar o acesso dos investidores portugueses aos mercados, contando-se entre eles os Acordos Comerciais
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Angola ratificou poucos acordos, tendo vindo a ser de prática comum a assinatura de acordos pelo país, sem
que, no entanto, exista uma posterior ratificação.
Acordos de Promoção e Proteção Portugal, África do Sul, Espanha, Cabo Verde, Alemanha, Itália, Rússia
Recíproca de Investimentos Reino Unido
Angola faz parte da OMC desde 23 de novembro de 1996. A sua regulação alfandegária segue a
Pauta Aduaneira aprovada pelo Decreto-Lei n.º 2/08, de 4 de agosto;
Angola assinou acordos de cooperação aduaneira com Portugal e São Tomé e Príncipe .
A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir a
exportação de bens e produtos para os EUA sem que os mesmos se encontrem sujeitos a taxas alfandegárias.
Para beneficiarem deste regime é necessário que os produtos sejam de origem africana, e que os países em
causa estejam a adotar medidas para a implementação duma economia de mercado livre, através de políticas
democráticas.
Acordo Cotonu
O Acordo de Cotonu assinado em 2000, por 79 países, é o principal instrumento para a prestação de
assistência da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas
e do Pacífico, e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos.
O Acordo Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos
países ACP, tendo como principal desígnio a redução da pobreza nos Estados ACP, do qual faz parte Angola.
No entanto, cumpre referir que o Acordo de Cotono veio, em muito, facilitar o investimento de EM da UE nos
países africanos que subscreveram o Acordo.
De notar que o Acordo previu ainda a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus
objetivos, o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).
No âmbito do FED, o montante global disponibilizado pela UE a Angola entre 2008 a 2013, através do
“Documento de Estratégia para Angola”, foi aproximadamente de 228 milhões de euros. Deste montante,
cerca de 214 milhões foram destinados ao financiamento para o apoio macroeconómico, às políticas setoriais,
aos programas e projetos previstos nos setores focais e não focais de Assistência Comunitária, e cerca de 14
milhões de Euros para necessidades imprevistas.
O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP,
nomeadamente:
Promoção do investimento
Apoio e financiamento dos investimentos nos países da ACP através de subsídios para
assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para
participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos
privados, nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a
partir dos recursos próprios do BEI;
Seguros de risco, com vista aumentar a confiança dos investidores nos Estados ACP;
Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas IFD.
Além do Acordo de Cotonu, existem um conjunto de outras convenções e compromissos políticos assinados
entre a UE e Angola. No entanto, cumpre neste âmbito sublinhar a ausência de acordos de interesse
comercial, fiscal e aduaneiro entre Portugal e Angola.
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5.CPLP
Atratividade de Angola no contexto da
CPLP
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No contexto da CPLP Angola é um dos países com maior potencial de crescimento atendendo à forte riqueza
em matérias-primas.
Angola tem, no entanto, adotado uma forte estratégia protecionista que a tem colocado em posições inferiores
nos relatórios de realização de negócios do Banco Mundial, reveladores da dificuldade do investimento
estrangeiros.
Obtenção de
Facilidade de se Abertura de Obtenção de Registo de Obtenção
Países alvarás de
fazer negócios empresas eletricidade propriedade de crédito
construção
Portugal 30 31 78 35 30 104
São Tomé e
160 100 91 72 161 180
Príncipe
A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis
de especialização diferenciada entre parceiros .
127
Tabela 48 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)
País exportador
São Tomé e
Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique Timor Leste Portugal Macau
Príncipe
Angola 5 1 2 4 2 1 80 0
Brasil 40 32 19 31 24 23 47 13
Cabo Verde 6 5 3 8 4 3 2 7
País importador
Guiné-Bissau 2 5 3 4 1 1 1 0
Moçambique 15 12 13 10 11 10 9 9
São Tomé e Príncipe 18 13 18 19 19 6 3 8
Timor Leste 5 1 5 3 7 4 1 4
Portugal 83 48 72 38 66 51 37 35
Macau 11 8 9 5 12 6 5 1
Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat
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O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação
das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e
maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.
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O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, excetuando no
relacionamento entre Portugal e Angola.
De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP destinam-se a outros países da CPLP, peso
relativo que tem vindo a reduzir-se desde 2008. Apesar das exportações intrarregião evidenciarem um
decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intrarregião
de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de 2010.
O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial
biunívoca.
A estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts),
Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu
lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as
estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade
entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de
complementaridade de 72 pts.
De facto, é notório que a alavancagem comercial intra-CPLP poderá ser potenciada fundamentalmente por 2
motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intrarregião e por Portugal – país CPLP que
mais destaca nas importações intrarregião.
Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental
de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE.
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Índice de Tabelas
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Índice de Gráficos
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Índice de Figuras
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