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ANGOLA

Integração regional na SADC


e relacionamento com os países da CPLP

Maio de 2014

Parceiro estratégico:
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Índice

1. SADC. Enquadramento regional, político e económico ................................................................................. 24


1.1. Caracterização da comunidade .................................................................................................................... 24
1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC. ................................................................................... 24
1.1.2. Os Estados Membros da SADC...................................................................................................... 26
1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC ...................................... 27
1.2. A SADC enquanto comunidade económica .............................................................................................. 33
1.2.1. SADC e a COMESA ........................................................................................................................ 37
1.3. As economias da SADC ............................................................................................................................ 38
1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África. .............................. 38
1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural. ............................................................................... 39
1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano. ...................................................... 41
1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.
Regiões de forte orientação agrícola. ....................................................................................................... 42
1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial. ............................. 43
1.3.6. Seicheles. SIDS com economia orientada para o Turismo. ........................................................... 44
1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços. .......................................... 45
1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa. ................. 46
1.4. Trocas comerciais na SADC ..................................................................................................................... 48
1.4.1. Complementaridade das Economias .............................................................................................. 48
1.4.2. Comércio intrarregional ................................................................................................................... 49
1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região ............................ 51
1.5. Comércio extrarregional ............................................................................................................................ 54
1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC ...................................................................................... 54
1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC ................................................................................... 61
1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC ................................................................................................. 65
1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial............... 67
1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos ........................................................... 68
1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas ..
................................................................................................................................................................... 71
2. África do Sul. O país com maior peso na região ............................................................................................ 76
2.1. Macroeconomia ......................................................................................................................................... 76
2.1.1. PIB da economia Sul-Africana ........................................................................................................ 76
2.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................... 77
2.1.3. Dívida Pública externa e interna ..................................................................................................... 78
2.2. Estrutura produtiva .................................................................................................................................... 79

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2.2.1. PIB por Setor ................................................................................................................................... 79


2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado ................................................................................ 80
2.3. Política económica .................................................................................................................................... 81
2.3.1. Perspetivas futuras ......................................................................................................................... 81
2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul ....................................................................................... 81
2.4. Infraestruturas e energia ........................................................................................................................... 84
2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas ............................................................. 92
2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais ........................................................................................ 96
2.7. Principais setores de oportunidade ......................................................................................................... 108
2.8. Investimento direto estrangeiro de, e para a África do Sul ..................................................................... 110
2.9. Financiamento à Economia ..................................................................................................................... 111
2.9.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................... 111
2.9.1. Bancarização da população .......................................................................................................... 112
2.9.2. Microcrédito ................................................................................................................................... 113
2.9.3. Taxas de juro de financiamentos .................................................................................................. 113
2.9.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................ 114
3. Angola. A 2ª principal economia da SADC................................................................................................... 116
3.1. Macroeconomia ....................................................................................................................................... 116
3.1.1. PIB da economia angolana ........................................................................................................... 116
3.1.2. Orçamento Geral do Estado para 2013 ........................................................................................ 117
3.1.3. Dívida Pública ............................................................................................................................... 118
3.1.4. Reservas de moeda estrangeira ................................................................................................... 119
3.1.5. Nível de financiamento à economia .............................................................................................. 119
3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez ....................................................................... 120
3.2. Política Económica .................................................................................................................................. 122
3.3. Estrutura produtiva .................................................................................................................................. 130
3.3.1. PIB por setor ................................................................................................................................. 130
3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado ....................................................................................... 131
3.4. Petróleo e Gás Natural ............................................................................................................................ 133
3.5. Infraestruturas e energia ......................................................................................................................... 135
3.6. Polos industriais e agroindustriais ........................................................................................................... 150
3.7. Abertura da economia e relações comerciais ......................................................................................... 152
3.8. Investimento privado de e para Angola ................................................................................................... 160
3.8.1. Principais investimentos privados em Angola ............................................................................... 160
3.8.2. Investimento Direto Estrangeiro .................................................................................................... 161
3.9. Principais setores de oportunidades na economia ................................................................................. 166
3.10. Financiamento à economia ..................................................................................................................... 168
3.10.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................... 168

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3.10.2. Bancarização da população .......................................................................................................... 169


3.10.3. Taxas de juro de financiamentos .................................................................................................. 169
3.10.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................ 170
4. Investir em Angola ........................................................................................................................................ 172
4.1. Como investir em Angola? ...................................................................................................................... 172
4.2. Incentivos e benefícios ao investimento.................................................................................................. 173
4.2.1. Incentivos à captação de IDE ....................................................................................................... 176
4.3. Principais mecanismos de financiamento ............................................................................................... 180
4.4. Competitividade de Angola no contexto regional .................................................................................... 182
4.5. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação ................................................................................. 183
4.5.1. Exportações – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos ....... 183
4.5.2. Entrada e saída capitais ................................................................................................................ 185
4.5.3. Estabilidade legal e fiscal - Barreiras legais, fiscais e regulamentares ........................................ 187
4.5.4. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra ................................................................... 199
4.5.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade ..................................... 200
4.5.6. Sistema jurídico e judiciário .......................................................................................................... 202
4.5.7. Resolução extrajudicial de litígios ................................................................................................. 203
4.6. Principais caraterísticas dos Acordos de Angola no domínio do comércio e investimento .................... 205
4.6.1. Protocolos existentes na SADC e posicionamento de Angola face aos mesmos. ....................... 205
4.6.2. Acordos essenciais de Angola na área do comércio (ACI, APPRI, ADT) .................................... 205
4.6.3. Acordos entre EUA e Angola – AGOA .......................................................................................... 206
4.6.4. Acordos entre a UE e Angola........................................................................................................ 206
5. Atratividade de Angola no contexto CPLP ................................................................................................... 210

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Acrónimos e abreviaturas de termos utilizados

ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States

ACI - Acordos Comerciais de Investimento

ADT – Acordo para evitar a Dupla Tributação

AGO – Angola

AGOA – African Growth and Opportunity Act

ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado

APPRI – Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos

ASEAN – Association of Southeast Asian Nations

BAfD – Banco Africano de Desenvolvimento

BD – Barris (de petróleo) por dia

BDI – Burundi

BEI – Banco Europeu de Investimento

BIT – Bilateral Investment Treaty

BM – Banco Mundial

BNA – Banco Nacional de Angola

BNT – Barreiras Não Tarifárias

BTA – Bilateral Trade Agreements

BT – Barreiras Tarifárias

BWA – Botsuana

CAGR – Compound Annual Growth Rate - Taxa de crescimento anual composta

CAF – República Centro-Africana

CCI – Câmara de Comércio Internacional

CCIPA – Câmara de Comércio e Indústria Portugal - Angola

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CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

CEEAC – Comunidade Económica dos Estados de África Central

CGD – Caixa Geral de Depósitos

CMR – Camarões

COD – República Democrática do Congo

COG – Congo

CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

CRIP - Certificado de Registo de Investimento Privado (Angola)

DB – Ranking Doing Business

EIU - Economist Intelligence Unit

EM – Estados Membros

EUA – Estados Unidos da América

FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

FMI – Fundo Monetário Internacional

GAB – Gabão

GATT – General Agreement on Tariffs and Trade

GNL – Gás Natural Liquefeito

GNQ – Guiné Equatorial

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPA – Investment Promotion Agency

IRT - Imposto sobre o Rendimento do Trabalho

LSO – Lesoto

LUPP – Luanda Urban Poverty Programme

MDG – Madagáscar

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MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MIGA - Agência Multilateral de Garantia de Investimentos

MMTZ – Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia

MPME – micro, pequenas e médias empresas

MOZ – Moçambique

MUS – Maurícias

MWI – Maláui

NAM – Namíbia

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OEM – Original Equipment Manufacturer

OMC – Organização Mundial do Comércio

OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PE – Projetos Estruturantes

PIB – Produto Interno Bruto

PME – pequenas e médias empresas

PPPs – Parcerias Público-Privadas

PTAs – Preferential Trade Arrangements

RDC – República Democrática do Congo

SACU – Southern African Customs Union

SADC – Southern African Development Countries

SIDS – Small Islands Developing States

STP – São Tomé e Príncipe

SWZ – Suazilândia

SYC – Seicheles

TBI – Tratado Bilateral de Investimento

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TCD – Chade

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

TZA – Tanzânia

UE – União Europeia

UNCTAD – United Nations Conference for Trade and Development

USAID – United States Agency for International Development

WTTC – World Travel & Tourism Council

ZAF – África do Sul

ZCL – Zona de Comércio Livre

ZMB – Zâmbia

ZWE – Zimbabué

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Nota prévia

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Nota prévia

O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho
e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa
(“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).

Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à
análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do
documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo
presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso
conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de
pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.

Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou
situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.

As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em


todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como
adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que
não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário.

Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos


considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses
pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das
limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de
decisão tomada com base na informação aqui descrita.

Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que tenham


acesso ao presente documento.

Projeto Co-Financiado:

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Sumário
Executivo

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Sumário Executivo
A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias
desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes.

Entre estas, os países da


CPLP e a Região
Administrativa Especial
de Macau (RAE Macau)
assumem um papel
relevantíssimo, não só
pelo seu potencial
intrínseco, mas também
por se encontrarem
inseridas em
comunidades económicas
regionais em crescente
integração económica.
Constituem, assim, um
incontornável desafio e
uma oportunidade única
para os empresários
nacionais.

Com efeito, os países da


CPLP e a RAE de Macau
encontram-se integrados
em sete espaços regionais económicos distribuídos por quatro continentes.

Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que
integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes.

Os estados membros da CPLP e a RAE de Macau apresentam, no seu conjunto, potencialidades e


características próprias que podem permitir aumentar as exportações das empresas portuguesas, potenciar
novas parcerias para a sua internacionalização e atrair investimento direto estrangeiro.

CPLP Comércio CPLP


% % - Valor
Características (% Quota Mundial)
População CPLP 2012, % da população CPLP - Total do comércio 3,9% - US$ 706 mil
mundial 3,68% mundial milhões

2,1% - US$ 379 mil


PIB 2012, % do PIB mundial 3,67% Exportações totais CPLP
milhões

1,8% - US$ 327 mil


Água disponível na CPLP 2012, % mundo 13,53% Importações totais CPLP
milhões

Terra arável disponível na CPLP, % mundo 5,86%

Fonte: Banco Mundial, FAO e UNCTADstat

Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando
comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser
minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na
proximidade cultural e na complementaridade de competências.

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O reforço da integração no espaço comum lusófono


Taxa de crescimento estimada e o estabelecimento de players regionais e de redes
de empresas oriundas desse espaço facilitarão o
5% acesso a novos consumidores, com preferências
4.37% 4.46% 4.51% 4.49% tendencialmente convergentes, e a mercados com
4.04% elevadíssimo potencial de desenvolvimento e forte
4% 3.40% 3.54% necessidade de investimento.
3.31% 3.24% 3.38%

3% 2.60% Por outro lado, o desenvolvimento será


2.35% exponenciado com o desenvolvimento dos grandes
projetos de infraestruturas regionais, aumentando
2% ainda o grau de integração de cada uma das
2013 2014 2015 2016 2017 2018 comunidades económicas regionais.

CPLP Mundo Adicionalmente, grandes áreas dessas regiões não


apresentam, ainda, um nível de concorrência
particularmente elevado, podendo conferir uma
vantagem relevante (first mover) aos investidores
Fonte: FMI e análise PwC
que primeiro acedam ao mercado.

As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são
constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico
Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal
de adesão à ASEAN.

Comunidades económicas regionais*

SADC
MERCOSUL
Estados Membros: Angola,
Botsuana, República
Estados Membros: Argentina,
Democrática do Congo, Lesoto,
Brasil, Paraguai, Uruguai e
Madagáscar, Maláui, Maurícias,
Venezuela.
Moçambique, Namíbia,
Seicheles, África do Sul,
Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e
Zimbabué.

CEEAC ASEAN

Estados Membros: Indonésia,


Estados Membros: Angola, Malásia, Filipinas, Singapura,
Burundi, Camarões, República Tailândia, Brunei Darussalam,
Centro - Africana, Chade, Congo, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja.
República Democrática do
Congo, Guiné Equatorial, Gabão Membros observadores: Papua Nova
e São Tomé e Príncipe. Guiné e Timor-Leste.

CEDEAO
*RP China e RAE Macau
Estados Membros: Benim, Burkina
Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim,
Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau,
Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,
Serra Leoa e Togo. * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa
comunidade económica regional foi analisada enquanto
plataforma para a China e RAE Hong-Kong.

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O presente guia procura, portanto, enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir
para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de
integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de
acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE
oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico
Europeu.

Para o efeito procurou-se caracterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades
económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e os países da CPLP. Foi
analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que
resultam no presente guia de investimento não só para os mercados alvo, neste caso Angola, como também
para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC).

Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências
de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução, que será sempre
reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica.

Angola e a SADC

No presente estudo procurou-se analisar em que medida a crescente integração regional de Angola na SADC,
apoiada no seu nível de recurso naturais e rendimento disponível, no desenvolvimento das ligações aos
países vizinhos (nomeadamente à República Democrática do Congo e Namíbia) e na vontade política em
substituir as importações por produção interna, poderão incrementar o potencial de crescimento deste país e
permitir o desenvolvimento de oportunidades de IDE em Angola e nos mercados adjacentes pelos agentes
económicos da CPLP (sendo o oposto, igualmente, um objetivo).

As relevantes potencialidades da SADC poderão ser exploradas pelos países da CPLP, nomeadamente
através dos seus 2 países membros que pertencem à comunidade, Angola e Moçambique.

Muito embora estes países apresentem diferenças endógenas que deverão ser consideradas, ambas as
nações apresentam caraterísticas comuns, enquanto grandes produtores ou potenciais produtores de oil&gas,
forte potencial agrícola, interesses económicos estratégicos com a Africa do Sul, a mesma língua oficial e
relevantes laços culturais com os demais países da CPLP. Acresce que Angola e Moçambique são das
economias mais dinâmicas da região.

De entre as características de Angola destacam-se: i) o português como uma das línguas oficiais, ii) bases
legais e regulatórias fortemente influenciadas pela legislação portuguesa, iii) fortes relações económicas entre
Angola e Portugal, iv) consciência do Estado, enquanto dinamizador da diversificação da economia,
consolidação dos agregados macroeconómicos e pilar da melhoria do bem-estar da população, e, v)
capacidade de atração de montantes significativos de IDE, em particular de Portugal.

Angola tem registado um forte crescimento económico, sendo um dos países com maior crescimento anual do
PIB. No entanto verificam-se constrangimentos ao crescimento económico que se centram na i) dependência
de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo; e, na ii) concentração da atividade do país no
setor petrolífero (o setor petrolífero representa 45% do PIB, 60% das receitas fiscais, e mais de 90% das
exportações). O Governo estabeleceu objetivos estratégicos de médio e longo prazo para o desenvolvimento
do país tendo em consideração os aspetos acima referidos. Para a sua concretização foi definido um plano de
apoio ao crescimento dos setores de i) serviços comerciais (logísticos, telecomunicações e tecnologia), ii)
agricultura, iii) energia, e iv) construção, perspetiva que se reforça através do previsível aumento do consumo
privado.

O investimento público e privado apresenta ainda níveis reduzidos. No entanto o Estado tem inscrito nos seus
orçamentos um aumento médio de 60% das despesas de investimento. A este facto acresce a constituição de
um Fundo Soberano, em outubro de 2012, no valor inicial de US$ 5 mil milhões, para gerir de modo eficaz e
sustentável as receitas petrolíferas angolanas, canalizando-as para projetos de investimento críticos para o
desenvolvimento do país.

No entanto o fator essencial de crescimento no médio prazo de Angola assenta novamente no setor do
petróleo e do gás natural. Encontram-se estimadas cerca de 297 mil milhões de metros cúbicos de reservas no

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território, para além de reservas de gás seco. Prevê-se que o efeito de exploração deste recurso possa
corresponder comparativamente, em termos de receitas, a um aumento de 6,5% do output de produção de
petróleo atual.

O Plano Nacional de Desenvolvimento para 2013-2017, o plano dos Projetos Estruturantes de Prioridade
Nacional e o modelo de desenvolvimento económico da “Estratégia Angola 2025” estabelecem parte das
orientações estratégicas de Angola a médio prazo, sendo de realçar os seguintes investimentos por setor:

i) Energia – investimentos nas centrais hidroelétricas de Laúca e Caculo Cabaça, Jamba-ya-


Mina e Jamba-ya-oma, e investimento na central de ciclo combinado do Soyo;
ii) Transportes – programa de recuperação das vias secundárias e programa de recuperação e
conservação das vias terciárias, com investimento previsto superior a US$ 400 milhões; e
iii) Água e saneamento – programas de desenvolvimento de abastecimento de água para as
sedes de província, municípios mais populosos e meios rurais, com investimento previsto
superior a US$ 600 milhões.

Refira-se ainda que uma parcela significativa do investimento anual de Angola (cerca de US$ 4,3 mil milhões)
é canalizada para o setor dos transportes. A sua melhoria e modernização requerem i) a recapacitação da
estrutura portuária, e ii) recuperação da infraestrutura ferroviária do país, com uma potencial ligação
económica à SADC e CEEAC.

No entanto, o capital disponível é limitado para os objetivos, pelo que, o sucesso das metas globais
pretendidas depende, inquestionavelmente, da retoma dos níveis de investimento direto estrangeiro, que i)
potenciam laços comerciais e culturais, ii) trazem o conhecimento e a experiência necessária ao
desenvolvimento de setores de ponta, iii) criam ganhos económicos indiretos em setores diversos, iv) ajudam
a fixar a presença estrangeira no país, e v) constituem-se como elementos-chave do sucesso dos
megaprojetos do executivo angolano.

Setores relevantes no país:

Agricultura, Petróleo bruto e


Construção Comércio
pecuária, pescas gás natural

Conforme adiante melhor se desenvolve, as principais oportunidades em Angola encontram-se nos seguintes
setores:

Setor primário:

 terra arável com uma considerável aptidão agrária e elevada biodiversidade;


 perspetivas de desenvolvimento da indústria de processamento de pescado;
 zona económica exclusiva com abundantes recursos piscatórios; e,
 satisfação das necessidades alimentares de uma crescente população portuguesa expatriada e
emigrante, através do cultivo e da pecuária em Angola que responda às suas preferências.

Setor secundário:

 elevado potencial de produção de eletricidade através de energias renováveis;


 vastas reservas de gás natural por explorar;
 potencial significativo diamantífero que ainda não está a ser explorado, que poderá transformar Angola
num dos maiores produtores de diamantes a nível mundial;
 recursos petrolíferos estratégicos para o país, dentre os quais se destaca a descoberta de novos
campos de produção;
 condições adequadas para a implantação e desenvolvimento de complexos industriais;
 premente necessidade de reabilitação de infraestruturas, com destaque para rodovias, ferrovias,
pontes, redes de telecomunicações, redes de exploração e distribuição de água, e meios de produção
e distribuição de eletricidade; e,

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 requalificação e modernização do ensino nacional, com a construção de novas universidades,


institutos politécnicos, escolas profissionais, escolas do ensino superior e escolas do ensino médio.

Setor terciário:

 oportunidades de exploração turística associadas a novos polos de desenvolvimento (turismo de


negócios, social, lazer, etc.);
 expansão do setor do comércio grossista e retalhista com base no aumento do poder de compra, e
com a diversificação dos hábitos de consumo da população; e
 requisitos de obrigatoriedade de apresentação de estudos de impacto ambiental em projetos de
investimento.

Comércio Internacional de Angola com


os parceiros económicos: Do total dos produtos importados por Angola aos seus parceiros
comerciais, que totalizaram US$ 24 mil milhões, identificamos de
Como referido, Angola apresenta seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que
diversas oportunidades, desde o setor representam 49% das importações, no montante de US$ 11.811
primário ao setor terciário, estando este milhões, e a negrito os produtos que poderão apresentar
último ainda muito concentrado nos oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
grandes polos urbanos de Luanda, Lobito
e Huambo. Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas
para a construção civil; Carnes e miudezas comestíveis; Geradores;
Os maiores fatores dissuasores ao Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas;
investimento e comércio em Angola são: Veículos a motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e
um elevado capital para o investimento peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de
inicial, o tempo necessário para iniciar a ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Aparelhos para
atividade e os custos de contexto. canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Artigos de plástico;
Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e
A entrada no mercado angolano é um aparelhos para as indústrias particulares; Metais comuns;
processo gradual, embora aspetos Equipamento de telecomunicação; Aparelho para circuitos elétricos,
facilitadores como seja i) o elevado nível tabuleiro, painéis; Ferramentas mecânicas e outros; Motocicletas e
de bancarização da população, apenas velocípedes; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de
suplantado pela África do Sul e por construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica;
Moçambique, ii) sustentabilidade do Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Bombas,
setor-estado, iii) crescente população compressores a gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento
residente emigrante, parte significativa e refrigeração.
oriunda de países desenvolvidos, e iv)
rápida interligação com as redes de Fonte: UNCTADStat, dados de 2012
negócios locais.

As suas principais relações comerciais são com a China, EUA, África do Sul e Portugal, que representam, no
conjunto cerca de 55% das importações totais de Angola. O peso total e relativo da China tem vindo a
aumentar, contrastando com a redução da importância relativa do Brasil.

As importações de Angola ascendem a um total anual aproximado de US$ 24 mil milhões. A composição das
importações evidencia a dependência de Angola, relativamente aos países industrializados, em resultado de
uma base industrial reduzida.

16
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Portugal tem aumentado as exportações


para Angola, e acima de tudo a sua quota Do total dos produtos importados por Angola a Portugal,
de mercado (tendo atingido 20%, acima que totalizaram US$ 4,7 mil milhões, identificamos de
dos 6% registados pelo Brasil, com base seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos
em informação de 2012). que representam 55% das importações, no montante de US$
2,6 mil milhões:
Os produtos portugueses mais
exportados para Angola em 2012 foram As bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro,
as bebidas alcoólicas (US$ 384 milhões), aço, alumínio; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e
mobiliário e peças (US $ 204 milhões) e secções; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Carne,
estruturas e peças de ferro, aço, alumínio miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Medicamentos
(US$ 171 milhões). (incluindo medicamentos veterinários); Artigos de plástico; Máquinas
para a construção civil; Equipamento para distribuição de energia
Os investidores portugueses poderão elétrica; Fábrica de metais comuns; Bebidas não alcoólicas;
procurar antecipar a expansão dos Aquecimento e resfriamento de equipamentos e suas partes; Outras
setores económicos com maior potencial máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Veículos a motor
de crescimento e abertura como o setor para transporte de mercadorias, purpo especial; Gorduras vegetais fixas
agrícola, o setor das águas e do e óleos, refinado; Papel e cartão, cortados em forma ou tamanho;
saneamento básico, o setor da saúde, o Máquinas e aparelhos elétricos; Rodar planta elétrica e suas partes;
setor alimentar, o setor da distribuição, o Equipamento mecânico manuseio, e suas partes; Peças e acessórios de
setor da educação, o setor das veículos; Material impresso; Materiais de construção; Alumínio; e
telecomunicações, o setor da água, o Luminárias e acessórios
setor das obras públicas e da construção Fonte: UNCTADStat, dados de 2012
cívil, continuando a afirmar a sua
presença no setor financeiro e serviços especializados.

De notar que o Governo de Angolano, com o objetivo de concretizar a sua estratégia de substituição de
importações e procurando estimular o desenvolvimento dos setores de atividade não petrolíferos, efetuou
alterações à pauta aduaneira (em vigor a partir de 2014), o que agravou as condições de exportação de alguns
dos principais produtos portugueses, pelo que será expetável a substituição de algumas exportações por
investimentos diretos e a respetiva procura de novos mercados.

Portugal, com a sua elevada penetração no mercado, e com a representatividade que tem ao nível dos
produtos exportados, deverá defender a sua quota de mercado e expandir o seu alacance geográfico,
continuando o esforço de posicionamento e melhorando a fidelização do consumidor angolano a produtos de
qualidade.

O setor de construção continua também a ser apetecível, já que representa uma oportunidade de comércio de
um muito amplo leque de produtos e serviços, desde chapas de alumínio a máquinas de construção (cerca de
35% do total de importações angolanas corresponde a maquinaria e equipamento de transporte).

Southern Africa Development Countries (SADC)

A SADC tem vindo a reforçar o seu impacto na comunidade internacional e a incrementar a integração da sua
zona de comércio livre. Em termos de setores relevantes na região, são de destacar:

Com o objetivo de melhorar a comunidade económica regional e desenvolver as infraestruturas de transportes


e comunicações, foi implementado pela SADC um programa que visa a liberalização do comércio, a livre

17
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

circulação de pessoas, bens e capital, bem como a realizar um conjunto de iniciativas com outras
comunidades regionais, com objetivos ambiciosos a médio prazo.

A SADC conta com um mercado potencial na ordem dos 286 milhões de consumidores, distribuídos pelos
seus EMs que apresentam características distintas, quer do ponto de vista das estruturas produtivas, como da
preferência dos consumidores.

Sendo o nível de complementaridade ainda reduzido na SADC, a intensificação das trocas comerciais é um
dos seus objetivos, pelo que se torna necessária a especialização da cadeia de valor dos EMs. A economia
moçambicana corresponde a 2,3% do PIB da SADC, a 6ª mais significativa ao nível da comunidade,
apresentando, contudo ainda um nível reduzido de relações comerciais com os restantes EMs com exceção
da África do Sul, sendo que 31% das suas importações são oriundas deste país.

Nas exportações da SADC o petróleo tem um peso significativo. Os mercados de maior relevância são a China
(em resultado da sua incremental presença em África, através de uma política de apoio ao desenvolvimento
obtendo como contrapartida recursos naturais).

Os produtos mais importados


Do total dos produtos importados pela SADC, no total de US$ 216.171 milhões, pela SADC são os óleos
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos brutos, óleos de petróleo,
que representam 55% das importações, no montante de cerca de US$ 119.893 veículos automóveis para
milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de transporte de pessoas,
exportação para as empresas portuguesas: equipamentos de
telecomunicação e máquinas
Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou para a construção civil.
de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de
pessoas; Equipamento de telecomunicação; Maquinas para a construção civil; Refira-se que a China surge
Veículos a motor para transporte de mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e como concorrente de alguns
semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas produtos que formam a base
de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias industrial portuguesa, tendo
particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e como fator competitivo, o
aparelhos elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas baixo preço.
comestíveis; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de
borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico manuseio; Aparelhos de Quanto às importações da
medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e equipamentos SADC a Portugal, é de
associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas destacar o seu grau de
compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e diversificação que
refrigeração; Bebidas alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos compreende maquinaria e
da indústria química; Arroz; Trigo e centeio em grão; Papel e cartão; Barras de equipamentos de transporte,
ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e óleos, refinado; mas também bens e outros
Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; produtos manufaturados,
Gorduras vegetais e óleos e refinado; Automóveis; Aparelhos para produtos alimentares,
canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Equipamento para distribuição tabacos e produtos químicos.
de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos domésticos
elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão
interna e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento;
Cobre; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; e Materiais de
construção.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

18
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Nas trocas comerciais entre a SADC e os


países da CPLP, apenas Portugal e o Brasil Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal, no
têm representatividade significativa (que valor total de US$ 5.279 milhões, identificamos de seguida,
resulta, também, do facto de SADC incluir as por ordem decrescente, os 25 principais produtos que
duas maiores economias Africanas da representam 55% das importações do bloco, no montante de
CPLP). US$ 2.908 milhões:

O principal destino das exportações Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de
portuguesas na SADC é Angola, absorvendo ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro,
painéis; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e
aproximadamente 87% destas. O Brasil seções; Maquinas para a construção civil; Medicamentos
exporta para a SADC, maioritariamente, (incluindo medicamentos veterinários); Carne, miudezas,
produtos agroalimentares, sendo também de comestíveis, preparados, conservados; Equipamento para
destacar a exportação de maquinaria e distribuição de energia elétrica; Artigos plásticos; Veículos a
equipamento de transporte. A África do Sul motor para transporte de mercadorias; Outras máquinas e
surge caso como o principal mercado de aparelhos para as indústrias particulares; Equipamentos de
aquecimento e refrigeração; Metais comuns; Bebidas não
destino das exportações brasileiras para a
alcoólicas; Óleos, petróleo bruto, refinado; Papel e cartão;
SADC (54%), seguido de Angola (35%). A Máquinas e aparelhos elétricos; Equipamento e componentes
experiência brasileira na região é um fator mecânicas; Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material
que deverá ser analisado com maior detalhe, para impressão; Materiais de construção; Componentes para
dado o nível de penetração alcançado fora máquinas de energia elétrica; Alumínio.
dos países da CPLP, por via das relações Fonte: UNCTADStat, dados 2012
com África do Sul.

Já no domínio das exportações da SADC para os países da CPLP, também Portugal e o Brasil se destacam,
denotando igualmente crescimentos globais relevantes entre 2008 e 2012, de respetivamente 3.876 milhões
de US$ para 6.800 milhões de US$, Tendo Portugal sido o principal importador com cerca de US$ 5.8 mil
milhões em 2012. Portugal importa quase exclusivamente petróleo (93%), as importações do Brasil são mais
diversificadas, incluindo-se i) produtos químicos e relacionados, ii) bens manufaturados, e iii) combustíveis
minerais (85%).

África do Sul

A África do Sul é a principal economia da SADC, responsável por 59% do PIB, e representando 34% do PIB
da África Subsariana (valor revisto em baixa após a atualização da metodologia de cálculo do PIB da Nigéria
para o ano de 2013). É um país com uma razoável rede de infraestruturas, das quais se destaca a sua
estrutura portuária.

Após a recessão ocorrida em 2009, ultrapassada, em parte, pela melhoria da conjuntura externa e por um
conjunto de políticas governamentais expansionistas (que fomentaram a recuperação da procura interna) a
economia Sul-africana retomou o crescimento embora a níveis inferiores. O dinamismo económico da África
do Sul deve-se, por um lado, à relevância do setor mineiro (o qual contribuiu para 10% do PIB), e por outro à
capacidade de gerar riqueza no setor agrícola e de serviços, nomeadamente turismo.

O Governo assenta a sua estratégia global de crescimento e desenvolvimento em 4 pilares fundamentais: i) a


melhoria do bem-estar da população, ii) redução dos custos associados à realização de negócios, iii) aumento
das exportações, e iv) na criação de mais emprego.

Para o efeito, a África do Sul definiu, um conjunto de medidas e objetivos futuros:

 Aumento do PIB per capita de US$ 4.700 para US$ 10.500 (2010-2030);
 Nível de formação bruta de capital fixo a crescer de 17% para 30%, com o investimento fixo do setor
público a aumentar cerca de 10% até 2030;
 Comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030;
 Aumento da capacidade portuária do porto de Durban (principal infraestrutura portuária do país) de 3
milhões de contentores/ano para 20 milhões em 2040; e

19
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

 Eletricidade disponível deverá


Do total dos produtos importados pela África do Sul aos
aumentar mais de 29 000 megawatts até
seus parceiros comerciais, no valor de US$ 124.245 milhões,
2030.
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25
principais produtos que representam 43% das importações,
De notar que as principais importações
no montante de US$ 54.093 milhões, e a negrito os produtos
referem-se, maioritariamente, a maquinaria e
que poderão representar oportunidades de exportação para
equipamento de transporte, óleos brutos de
as empresas portuguesas:
petróleo, veículos para transporte de pessoas
e equipamentos de telecomunicações,
Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo representando 25% das importações.
ou de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos para
transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; As importações da África do Sul à CPLP não
Maquinas para a construção civil; Máquinas de são expressivas (4,81%), sendo estas
processamento de dados; Medicamentos (incluindo maioritariamente asseguradas por Angola, e
medicamentos veterinários); Veículos a motor para em segundo lugar pelo Brasil. Portugal tem
transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos; uma dimensão reduzida, representando em
Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e 2012, 0,13% das importações.
aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e
componentes; Aparelhos de medição, análise e controle; Quanto a exportações da África do Sul estas
Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento compreendem matérias-primas (excetuando
mecânico e componentes; Peças e acessórios para combustíveis – 26%), bens manufaturados
máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, (23%) e maquinaria e equipamentos de
painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e transporte (17%).
ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;
Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha Os principais destinatários são países
e câmaras-de-ar; Fertilizantes; e Arroz industrializados como a China, os EUA e o
Japão.
Fonte: UNCTADStat, dados 2012

Importa realçar oportunidades identificadas no setor energético, e ao nível de infraestruturas, dada a sua
significativa expansão se encontrar contemplado nos objetivos do Governo. Oportunidades a explorar foram
identificadas no i) desenvolvimento de tecnologia agroindustrial, ii) desenvolvimento de serviços e
equipamentos associados ao cluster da indústria extrativa, ou iii) exploração turística, tendo presente a
possibilidade do país se tornar um hub para a África Austral.

Conclusões Globais

O crescimento de Angola tem sido continuado e o rendimento disponível crescente (muito embora as
desigualdades na sua distribuição). Indentifica-se o início de um processo de industrialização da economia que
ainda não ganhou um “momentum”, ao qual não é alheio a elevada concentração da população em Luanda,
embora as regiões ditas de províncias estejam num processo de desenvolvimento contribuindo desta forma
para a expansão do mercado interno.

As infraestruturas são ainda insuficientes para o setor não petrolífero atingir todas as potencialidades.
Infraestruturas críticas do setor energético, como as barragens hidroelétricas de Matala, Gove, Cambambe e
Mabubas necessitam de melhorias de forma a assegurar a oferta de um input crítico.

No entanto Angola mantém e tem vindo a reforçar da sua condição de centro de negócios atrativo na África
Subsariana, tendo vindo a reforçar o seu peso nas respetivas comunidades económicas a que pertence
(CEEAC e SADC), eventualmente até se revelando como um eixo de consolidação política, social e económica
entre estes 2 blocos, cenário ao qual Portugal não deve ficar alheio.

As estratégias de fortalecimento de relações comerciais, económicas e financeiras entre Portugal, restantes


países da CPLP, e Angola, dependem do aumento da abertura da economia e relações internacionais deste
último com o exterior. Importa referir que o sucesso deste desejável cenário depende, inquestionavelmente, do
trabalho na esfera diplomática entre todas estas nações, o qual conduzirá à definição de metas de
desenvolvimento e sustentabilidade multilateral.

20
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

É aqui que o papel dos países mais industrializados da CPLP, Portugal e Brasil, pode ser determinante para a
transformação de Angola: estes 2 países têm meios, know-how, experiência e capacidade de resposta às
necessidades angolanas – o seu posicionamento, e o seu reconhecimento, enquanto parceiros de negócio de
excelência para Angola pode mudar em muito o futuro deste país nos próximos anos.

Construção, tecnologia, utilities, indústria agroalimentar, telecomunicações, entretenimento, ensino –


realidades que podem ser construídas com meios portugueses e brasileiros, cujos resultados levarão a ganhos
económicos e de desenvolvimento para todos os parceiros. Este pode ser um passo intermédio que conduz a
um passo mais largo – a interligação de Angola com a África do Sul.

Os EMs membros da SADC ainda têm um caminho a percorrer até que as metas que se propuseram atingir
estejam cumpridas, sendo que Angola pode em muito ajudar ao sucesso destas estratégias. Com efeito, a
recuperação, modernização e expansão das suas infraestruturas portuárias, rodoviárias e ferroviárias permitir-
lhe-á abrir canais para as nações limítrofes (RDC, Namíbia e Zâmbia). Estes serão fundamentais para Angola
escoar a sua produção, e para que estas nações possam ver a sua produção ser escoada para fora do
continente. Prevê-se que Angola venha a aderir à zona de comércio livre da SADC em 2017, o que poderá
implicar elevados fluxos de capital e recursos, representando oportunidades de negócio muito significativas,
nomeadamemte para quem possua capacidade industrial instalada.

No curto / médio prazo Portugal deverá estar presente nos setores da construção, sendo que reúne as
capacidades necessárias à execução dos megaprojetos previstos no PND 2013-2017. Crítico, também, pode
ser o contributo de Portugal para a componente de soluções tecnológicas incorporadas nestes megaprojetos –
Portugal têm-se vindo a destacar internacionalmente na criação e instalação de soluções desta natureza, pelo
que a definição de parcerias entre o setor da construção, setor tecnológico e setor manufatureiro (estruturas
metálicas, materiais de construção, etc.) pode ser determinante para que o nosso país se afirme como o
parceiro que Angola procura para desempenhar estas obras.

Apesar das alterações à pauta aduaneira em 2014, Portugal deve continuar a apostar no setor agroindustrial,
dado o crescimento das importações verificado em Angola no passado recente – 13% ao ano, para carnes,
bebidas e cereais e dada as expetativas futuras decorrentes do incremento do rendimento disponível das
populações. O investimento direto no setor agroindustrial torna-se um prioridade, tanto pelo que foi referido
acima, como pelas políticas expressas do governo Angolano no sentido de apoiar (considerado inadiável) a
expansão do setor interno agroalimentar. As alterações à pauta aduaneira demonstram ainda o
desagravamento das taxas aduaneiras sobre medicamentos, uma das principais exportações portuguesas
para Angola, a qual se cifrou em US$ 110 milhões em 2012.

Portugal deve ainda focalizar-se nas oportunidades geradas pela maior fatia das importações angolanas –
maquinaria e equipamentos de transporte, que representam 35% do total das importações angolanas
(aproximadamente US$ 8,4 mil milhões). Portugal não tem uma produção/oferta que possa responder à
totalidade da procura, mas deverá aplicação as competências desenvolvidas na área da distribuição e
manutenção, de forma a ser indentificado como parceiro chave dos produtores, quando for o caso.

Há um conjunto de elementos a ponderar na abordagem ao mercado que podemos sintetizar no seguinte


quadro:

21
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Forças Fraquezas
 Português é a língua oficial de Angola  Falta de mão-de-obra qualificada
 Portugal é já um parceiro económico relevante  Reduzida abertura da economia e forte estratégia
 Previsões de continuação de crescimento protecionista (ex.: requisitos para o IDE no país)
 Nível de rendimento per capita  Setores de atividade e oportunidades relevantes de
investimento controlados pelo Estado
 Nível de endividamento do país
 Condicionalismos e limites impostos ao repatriamento
 Perspetiva do início de exploração gás natural de lucros e de salários, e transferências de fundos
 Integração na SADC, OPEP  Várias infraestruturas em estado debilitado
 Localização geostratégica para as Américas e Europa  Grande dependência do setor petrolífero e restantes
– acesso aos portos do Atlântico por EMs da SADC setores pouco desenvolvidos
 ZEE com extra territorialidade em matéria fiscal e  Dificuldade na obtenção de vistos
financeira e, disponibilizando infraestruturas básicas
 Recente aumento das taxas da pauta aduaneira
 Benefícios e incentivos concedidos a projetos de
investimento (fiscais e aduaneiros)  Pesada carga burocrática no relacionamento com o
exterior – procedimentos de licenciamento, etc.
 Reforma fiscal em curso
 Direito de propriedade sobre solos interdito a
 Saldo crescente de reservas de moeda estrangeira estrangeiros
 Nível de desenvolvimento do sistema financeiro  Inexistência de qualquer ADT
 Implementação de programas de microcrédito
 Possibilidade de recurso a arbitragem judicial
 Outros fatores como as praias, a paisagem, o clima e a
cultura local, que potenciam o turismo

S W
Oportunidades Ameaças
O T
 Grande potencial de crescimento  Atrasos na superação das dificuldades ao nível do
 Desenvolvimento de infraestruturas (habitação, setor dos transportes e das condições infraestruturais,
educação, saúde, saneamento, transportes (portos e as quais podem travar os desenvolvimentos de setores
aeroportos), logística, e redes de telecomunicações de atividade não petrolíferas
 Requalificação das infraestruturas de apoio à produção  Nível de saneamento básico e a falta de acesso a
e à população cuidados básicos de saúde contribui para a
propagação de doenças
 Grandes projetos de investimento previstos em
infraestruturas (elevada concentração no setor  Concorrência dos países africanos mais desenvolvidos
energético) (África do Sul e Nigéria)
 Desenvolvimento de 3 polos turísticos
 Plano Nacional de Desenvolvimento (2013-2017)
 Crescimento potencial do setor da construção civil,
financeiro e energético
 A implementação, pela SADC, de programa que visa a
liberalização do comércio e livre circulação de
pessoas, bens e capital no médio prazo
 Potencialidades para intensificação das trocas
comerciais com EM da SADC e da CPLP
 Solidez e diversificação do sistema bancário,
 Crescente presença de comunidades portuguesas em
Angola, que se constituem como uma nova classe
média no país (potencial segmento-alvo)

22
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

01

1.SADC
Enquadramento regional, político e
económico

23
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1. SADC. Enquadramento regional, político e


económico

1.1. Caracterização da comunidade

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC.1

A Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral (“SADC”) é uma organização de âmbito regional,
criada a 17 de agosto de 1992, no âmbito da Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África
Austral (“SADCC”). A SADCC, criada a 1 de abril de 1980 – constituída por Angola, Botsuana, Lesoto, Maláui,
Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué – orientou-se sobre a cooperação em temas como a
independência política, a segurança, a solidariedade regional e a luta contra o apartheid.

A 17 de agosto de 1992, os Chefes de Estado e Governos da SADCC assinaram, durante a Cimeira de


Windhoek (Namíbia), o tratado que viria a transformar a “SADCC” em SADC – Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral. A fundação da SADC teve como objetivo principal a coordenação de
projetos estruturantes para a região, alvejando o desenvolvimento económico dos Estados Membros (“EMs”).

O Tratado da SADC serve de base jurídica e de quadro regulatório para a realização da missão da SADC na
promoção de um crescimento económico sustentável e equitativo, visando atingir um desenvolvimento
socioeconómico sustentável e justo através de sistemas produtivos eficientes, e de uma boa governação,
cooperação e integração aprofundada, paz duradoura e segurança, permitindo que a região se assuma como
competitiva e eficaz nas suas relações económicas internacionais. Efetivamente os EMs da SADC
apresentam, regra geral, um risco por país comparativamente menor do que a generalidade dos demais
Estados do continente Africano.

Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013

Dentro do contexto africano, os


países da SADC são os que
apresentam, em média, menor
risco, com exceção da República
Democrática do Congo e do
Botsuana

1 www.sadc.int

24
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Abaixo elencam-se as principais etapas históricas que se encontram na origem e desenvolvimento da


SADCC/SADC.

Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC

25
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.1.2. Os Estados Membros da SADC

Atualmente a SADC conta com 15 EMs: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui,
Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia,
Zâmbia e Zimbabué.

SADC

Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto,


Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia,
Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e
Zimbabué.

Áreas de cooperação:
 Segurança alimentar, terras e agricultura;
 Serviços;
 Indústria, comércio, infraestruturas e finanças;
 Desenvolvimento de recursos humanos, ciência e tecnologia;
 Recursos naturais e meio ambiente;
 Bem-estar social, informação, cultura e desporto;
 Política, diplomacia, relações internacionais, paz e segurança.

Missão e objetivos da SADC:


 Desenvolver valores políticos comuns, sistemas e instituições;
 Promover e defender a paz e segurança;
 Promover o desenvolvimento autossustentado na base da
autossuficiência coletiva, e da interdependência entre os EMs;
 Conseguir a complementaridade entre as estratégias e os programas
nacionais e regionais;
 Promover e otimizar o emprego produtivo e a utilização dos recursos
da região;
 Conseguir a utilização sustentável dos recursos naturais e a proteção
efetiva do meio ambiente;
 Reforçar e consolidar as afinidades e laços históricos, sociais e
culturais desde há muito existentes entre os povos da região;
 Promover o crescimento económico e o desenvolvimento
socioeconómico sustentáveis e equitativos, que garantam o alívio da
pobreza, com o objetivo final da sua erradicação;
 Melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral,
bem como apoiar os socialmente desfavorecidos, através da
integração regional.

26
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC2

Através do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (“RISDP”), foram definidos quatro
setores principais para impulsionar a integração regional e desta forma fomentar o crescimento e
desenvolvimento económico da região: Indústria, Comércio, Finanças e Infraestruturas.

Simultaneamente, e como forma de agilizar o processo de integração, a SADC introduziu medidas que visam:
1. A integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e
liberalização do comércio;
2. Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento;
3. Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiros e de capitais;
4. Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência
macroeconómica;
5. Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do investimento direto estrangeiro (“IDE”) e o reforço da
competitividade produtiva;
6. Participação eficaz e cumprimento dos acordos internacionais .

1 - Integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento


e liberalização do comércio
O grande objetivo nesta área está intimamente ligado à
implementação e à concretização da Zona de Comércio Livre
Angola poderá aderir, a breve (“ZCL”), que visa a liberalização das trocas comerciais entre os
prazo, à ZCL (que integra 12 EMs, EMs. O processo teve início em 2008, com adesão imediata de 12
fazendo já parte do Protocolo de dos 15 EMs: África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Maláui,
Comércio desde 1996) Maurícias, Madagáscar, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia,
Zâmbia, Zimbabué (estando em via de concretização a entrada dos
países que ainda não aderiram ao Protocolo de Comércio - Angola,
República Democrática do Congo e Seicheles).

Protocolo de Comércio SADC

O Protocolo de Comércio é a base legal da ZCL - foi Ao abrigo do Protocolo do Comércio foram
assinado em 1996 e encontra-se em vigor desde 2000. O estabelecidas as seguintes instituições:
Protocolo vincula os EMs à eliminação das taxas existentes
aquando da troca de produtos e serviços, visando  Comité de Ministros responsáveis pelo
harmonizar os procedimentos comerciais e burocráticos Comércio: Responsável pela
implementação do Protocolo.
existentes ao nível da SADC, como sucede, a título
Superintende o Comité de Funcionários
exemplificativo, com a harmonização dos títulos de Seniores e os subcomités.
transporte de mercadorias. Tem ainda como objetivo a
definição das regras de origem da SADC e a redução de  Comité de Funcionários Seniores: Atua
outras barreiras ao comércio intrarregião, facilitando assim o como um órgão técnico de consulta, e é
composto por Secretários Permanentes
movimento de capitais, bens e serviços transfronteiriços. responsáveis pelo Comércio. Supervisiona
a implementação do Protocolo do
Implementação da Zona de Comércio Livre da SADC Comércio, bem como o Fórum de
Negociação de Comércio.
Ao abrigo da ZCL, os EM eliminaram taxas e outras  Fórum de Negociação de Comércio: O
barreiras tarifárias e não tarifárias. Estão ainda incluídas na Fórum é responsável pelas negociações
ZCL medidas dirigidas à facilitação do comércio, reduzindo- do comércio da SADC, pela liberalização
se assim a burocracia nas fronteiras e estabelecendo-se um comercial, e pela cooperação regional
regime para dinamizar a circulação de mercadorias na noutros setores.
região.

2
Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional

27
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Eliminação das Tarifas no Comércio Regional

Ao abrigo do protocolo de Comércio da SADC, a liberalização das tarifas na região foi efetuada
progressivamente. Em geral, os EMs mais desenvolvidos reduziram as tarifas para níveis mais baixos - a
África do Sul, em conjunto com outros países (Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia) eliminaram grande
parte das taxas no ano 2000. Os países de rendimento médio, nomeadamente as Maurícias, reduziram
gradualmente as suas taxas no período compreendido entre os anos de 2000 e 2008. No entanto, nos países
menos desenvolvidos, como Moçambique e Zâmbia, as reduções tarifárias foram introduzidas apenas entre
2007 e 2008.

Todas as mercadorias são classificadas em quatro categorias tarifárias: A, B, C e E .

Categoria A Todas as tarifas são eliminadas, a partir da data de implementação, previsto


para o período após 25 de setembro de 2000, cumpridas as exigências de
Liberalização imediata ratificação do tratado.

Categoria B  Adiantamento (liberalização gradual) - as tarifas são reduzidas, de forma


igualitária, desde o 1.º até ao 8.º ano;
Liberalização gradual  Normalização (liberalização gradual pelas Maurícias e pelo Zimbabué) - as
tarifas são reduzidas, de forma igualitária, desde o 4º até ao 8º ano;
 Atraso (liberalização gradual por MMTZ) - as tarifas são reduzidas, de
forma igualitária, desde o 6º até ao 8º ano.
Categoria C Estão incluídas nesta categoria, as mercadorias de elevada importância
económica para os EMs:
Mercadorias sensíveis  A redução tarifária tem início apenas após o período de 8 anos;
 Representam 15 % (ou menos) das tarifas.
Categoria E
Esta categoria compreende um número reduzido de mercadorias (como,
Lista de exclusão nomeadamente, armas de fogo).

28
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Cooperação aduaneira e facilitação do comércio

No sentido de reduzir dificuldades de cariz burocrático nas barreiras aduaneiras, o Subcomité de Cooperação
3
Aduaneira desenvolveu e implementou um documento único - SADC-CD , consistindo num formulário de
declaração única que substituiu várias declarações aduaneiras concebidas para diferentes regimes.

Monitorização de implementação

A Direção de Comércio, da Indústria, das Finanças e do Investimento do Secretariado da SADC monitoriza as


operações da ZCL ao nível regional, embora a implementação
efetiva esteja dependente das estruturas desenvolvidas nos Desde o estabelecimento da ZCL, em
EMs. janeiro de 2008, que produtores e
consumidores não pagam taxas de
Encontra-se previsto o (potencial) estabelecimento de um importação em aproximadamente 85%
Mecanismo de Cumprimento e Monitorização do Comércio nos bens de primeira necessidade. As
(MCM), tendo como objetivo incrementar consideravelmente o restantes tarifas serão, na sua maioria,
comércio na região. eliminadas até 2015

Resolução de disputas na ZCL

A resolução de disputas entre os EM é regulada no Anexo VI do Protocolo de Comércio (baseado no


Entendimento da OMC sobre o assunto).
4
Zona Franca de Comércio (ZFC)
Acordos de Comércio Livre - Oportunidade ou
Ameaça ao desenvolvimento? No âmbito tarifário da SADC, cumpre ainda fazer
referência à Zona Franca de Comércio (“ZFC”), uma
São vários os argumentos a favor e contra a zona geográfica delimitada dentro de um país onde dão
adoção de práticas regionais de comércio livre. entrada mercadorias nacionais ou estrangeiras,
beneficiando as mesmas de tarifas alfandegárias
Por um lado, o livre comércio aumenta o nível reduzidas, ou nalguns casos mesmo de isenção.
global de produção, permitindo a especialização
entre os países que dedicam recursos e O principal objetivo da criação de uma ZFC é o de
esforços para a produção de bens e serviços estimular as trocas comerciais e de fomentar o
específicos, nos quais detêm vantagens desenvolvimento regional.
comparativas. Por outro lado, argumenta-se que
os países se fecham na produção e exportação Na SADC são de destacar as seguintes ZFCs (que
de um limitado número de produtos, não podem ter especial interesse para potenciais
promovendo a inovação e desenvolvimento de investidores):
outros setores e a diversificação económica
interna, ficando igualmente dependentes da  Na região do Sul de Angola no Lubango,
importação de um conjunto relevante de perspetiva-se a criação de uma zona franca de
produtos e serviços. No entanto, é sabido que a desenvolvimento da Lusofonia que integrará as
dependência económica contribui para reduzir a províncias de Huíla, Namibe e Cunene, onde se prevê
probabilidade de conflitos regionais entre que operem os empresários destas províncias e os da
países. Lusofonia com o objetivo de estreitar laços de
investimento;
Acresce ainda que a redução mútua de tarifas
potencia, igualmente, o comércio e o  Em Moçambique foi criada uma zona franca
desenvolvimento económico, “desonerando” os industrial denominada Parque Industrial de Beluluane,
produtos e tornando-os mais acessíveis às localizado na província de Maputo e, mais
populações, e, consequentemente, potenciando recentemente, as Zonas Francas de Locone e
as estratégias de redução da pobreza nos Minheuene, ambos localizados no distrito de Nacala.
países menos desenvolvidos.

3
Disponível em http://www.manica-africa.com/UserFiles/File/01a%20-%20TMS%20Traders%20Manual.pdf
4
Agência Angola Press, 2013; Portal do Governo Moçambicano.

29
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Regras de “origem” na SADC:

As regras de “origem” são instrumentos importantes no processo de integração regional.


Determinando a origem dos bens transacionados, estas regras servem para possibilitar o tratamento pautal preferencial
de mercadorias comercializadas entre os EMs da SADC (caso estas tenham origem nos EMs da região).
Para que um produto qualifique como originário de um EM, deve satisfazer um dos critérios das regras de origem da
SADC:
Regra "totalmente produzidos/obtidos": As mercadorias produzidas ou manufaturadas num EM utilizando materiais da
região, são consideradas como originárias da região da SADC;

"Regra suficientemente trabalhados ou processados": a transformação de um produto num produto diferente.


Por forma a aferir se um produto foi ou não suficientemente trabalhado ou processado, o mesmo deverá ser submetido
ao " teste de importação limitada" (critérios de conteúdo de importação ou de adição de valor) ou ao "teste de
classificação pautal do SH" (regra de mudança da posição pautal). Para que um produto beneficie da isenção num EM,
torna-se necessária a apresentação de evidência documental no posto aduaneiro fronteiriço.

2 - Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento

No setor industrial, a SADC implementou uma nova política e estratégia de desenvolvimento industrial
regional, bem como um plano de reforço da competitividade e diversificação do setor industrial, tendo em vista
a concretização de vários objetivos, entre os quais se destacam:

 Harmonização dos quadros reguladores no domínio da exploração mineira, tendo sido já desenvolvido
o respetivo plano de implementação;

 Adoção de um quadro regional de política mineira da SADC;

 Implementação de uma estratégia de cadeia de valores da indústria para os setores prioritários.

3- Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiro e de capitais

Nesta área, quatro países – a República Democrática do Congo, o Maláui, a África do Sul e a Tanzânia –
mantêm mecanismos de câmbio liberalizados, tendo sido desenvolvido um quadro para cotações duplas e
cruzadas das bolsas de valores regionais, bem como um modelo de interligação das bolsas de valores com o
objetivo de assegurar a eficiência e estabilidade do mercado financeiro e de capitais.

4 - Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da


convergência macroeconómica

No plano estratégico de desenvolvimento regional, a coordenação e a harmonização das políticas monetárias


foi reconhecida como essencial para o aumento dos índices de integração económica regional, tendo já os
EMs constituído um comité de governadores de bancos centrais da SADC.

No âmbito deste quadro de cooperação, foram fixados em 2013 os seguintes objetivos:

 Adoção de mecanismos que aumentem os níveis da cooperação monetária regional;

 Operacionalização do Sistema de Pagamento, Compensação e Liquidação Facilitada; e

 Desenvolvimento do Quadro Administrativo e Jurídico Institucional Facilitado.

30
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

De notar que o memorando de entendimento de convergência macroeconómica celebrado pelos EMs tem
como principal objetivo o estabelecimento de um conjunto de critérios orçamentais que contribuam para a
diminuição dos défices fiscais e das dívidas públicas dos EMs.

Em resultado desta implementação, em 2008, todos os EMs da SADC conseguiram alcançar um défice inferior
a 5% do PIB. Cumpre ainda notar que 13 EM atingiram uma dívida pública inferior a 60% do PIB (com exceção
da República Democrática do Congo e do Zimbabué); por outro lado, em 2010, a África do Sul, o Lesoto, as
Maurícias, a Namíbia, e o Zimbabué concretizaram as metas de inflação inseridas no programa de
convergência macroeconómica de 2012.

5 - Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do IDE, bem como o reforço da


competitividade produtiva

Em 2010, foi lançado um programa para promoção do investimento da região, através de Acordos
Preferenciais de Comércio (“PTA” – Preferential Trade Agreements), tendo sido também desenvolvido um
modelo de tratado bilateral de investimento na SADC, e criadas diretrizes para a concessão de isenções
fiscais. A necessidade de coordenação das políticas e das atividades de promoção do investimento é
necessária para facilitar o aumento de investimento na região.

Encontra-se atualmente a ser desenvolvido pelo Secretariado da SADC, um portal de investimento para a
região da SADC que tem uma informação prospetiva dos investimentos a realizar durante no âmbito do plano
de investimento regional. Este portal irá sensibilizar potenciais investidores quanto ao clima e às oportunidades
em aberto na SADC, bem como facilitar a interação com os PTAs dos vários EMs.

Foi ainda desenvolvido, através da colaboração com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento
Sustentável, um modelo Tratado Bilateral de Investimento (“BIT”) para a SADC. Assim, os EMs concordaram
em desenvolver diretrizes para implementação dos BITs, com o objetivo de regular, de forma eficaz, o
investimento estrangeiro nas suas economias.

Cumpre referir que em janeiro de 2011 foi inaugurado o fórum de PTA da SADC, que teve por objetivo
promover o diálogo e desenvolver estratégias com a vista a melhorar o clima de investimentos na região.

No âmbito de uma avaliação macro da competitividade regional, o relatório de 2013 do World Economic
Forum, ao ter procedido à análise da competitividade de 148 economias, com base em 12 pilares de
avaliação, dentre os quais fatores económicos, sociais, fiscais, populacionais, tecnológicos e infraestruturais,
entendeu que o mercado no qual a SADC se encontra inserido é pouco competitivo.

Aliás, entende o World Economic Forum que o continente Africano é, atendendo aos fatores em avaliação,
uma das regiões menos competitivas do mundo.

31
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013

Fonte: Fórum Económico Mundial

Porém, uma análise circunscrita aos fatores económicos poderá determinar uma diferente conclusão. A
análise em conjunto de outros fatores que não económicos, não reflete o valor de investimentos que estes
países têm captado nos últimos anos, como adiante é demonstrado .

6- Participação eficaz e cumprimento com os acordos internacionais

Atualmente, 14 dos EMs da SADC são também membros da Organização Mundial de Comércio (“OMC”) (com
a exceção das Seicheles, que se encontram em processo de adesão). Assim, os EMs da SADC pertencentes
à OMC estão adstritos ao regime jurídico estabelecido por esta organização.

Em junho de 2010, os responsáveis da SADC adotaram uma estratégia com vista a concluir um PTA que
abrange mercadorias. Apesar de ainda não estar em vigor, é intenção da SADC que as negociações sobre
serviços e investimentos estejam concluídas até 2014.

32
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.2. A SADC enquanto comunidade económica

O desempenho económico da região da SADC nos últimos 5 anos, fortemente dependente da procura de
matérias-primas, foi largamente influenciado pela desaceleração da economia global, mais precisamente das
economias avançadas e das economias emergentes. O fraco desempenho económico mundial provocou uma
diminuição na procura global, comprometendo o ritmo de crescimento da economia da região da SADC, que já
mostrava sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional.

Mesmo estando geograficamente ligados e tendo projetos comuns, as economias dos EM da SADC
apresentam características distintas em muitos aspetos, como geografia do país, população e níveis de
produção. Acresce que o nível de complementaridade das economias é limitado.

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC

Índice de
Extensão PIB PIB
População Liberdade
Territorial 5 (milhões per 6
País População (% s/ total Nível de IDH Económica
(milhares de de US$) capita
2 região) (Ranking Mundial
km )
2013)
África do Sul 1.221,0 51.189.306 17,9% 384.313 7.508 Médio 74

Angola 1.246,7 20.820.525 7,3% 114.197 5.485 Baixo 158

Botsuana 581,7 2.003.910 0,7% 14.411 7.191 Médio 30

Lesoto 30,4 2.051.545 0,7% 2.448 1.193 Baixo 155

Madagáscar 587,0 22.293.914 7,8% 9.975 447 Baixo 73

Maláui 108,5 15.906.483 5,6% 4.264 268 Baixo 118

Maurícias 2,0 1.291.456 0,5% 10.492 8.124 Elevado 8

Moçambique 801,6 25.203.395 8,8% 14.588 579 Baixo 123

Namíbia 824,3 2.259.393 0,8% 12.807 5.668 Médio 84

R.D. Congo 2.344,9 65.705.093 23,0% 17.870 272 Baixo 171

Seicheles 0,5 87.785 0,0% 1.032 11.758 Muito Elevado 124

Suazilândia 17,4 1.230.985 0,4% 3.747 3.044 Médio 104

Tanzânia 945,1 47.783.107 16,7% 28.249 609 Baixo 98

Zâmbia 752,6 14.075.099 4,9% 20.678 1.469 Baixo 93

Zimbabué 390,8 13.724.317 4,8% 10.814 788 Baixo 175

7
Região SADC 9.854,5 285.626.313 100% 649.885 2.275

5
Dados de 2012
6
Dados de 2012. Dado que o PIB per capita não leva em conta níveis de educação e de saúde como dimensões mais
próximas do desenvolvimento social, considerou-se o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela
ONU/PNUD. Os resultados do IDH variam entre zero (na ausência completa de bem-estar social) e um (pleno
desenvolvimento humano).
7
PIB per capita da região = PIB / População Total

33
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2 2
A extensão territorial dos países membros oscila entre 0,5 km das Seicheles e 2.344,9 km da República
Democrática do Congo, que, além de ser o país com maior extensão territorial, é também o que tem mais
habitantes (65,7 milhões), representando 23% do total da população da região.

Estima-se que a população da SADC ultrapasse os 285 milhões de habitantes (dados de 2012). Desse total,
35,5% vivem em centros urbanos. Importa salientar, no entanto, que o grau de urbanização difere entre os
diversos países que constituem a região. Na África do Sul, a população urbana representa 62,43% do total, no
Botsuana 62,25%, em Angola 59,91%, e nas Seicheles 54,01%. Os menores índices de urbanização
verificam-se no Maláui (15,85%) e na Suazilândia (21,25%).

Economicamente, a região é dominada pela África do Sul – que representa quase 60% do PIB da região –,
seguida de Angola, que representa quase 18%. A economia da África do Sul, abundante em recursos naturais
como o ouro, platina e diamantes, é a maior e mais sofisticada do continente Africano. Com um crescimento
de 2,5% em 2012, a economia Sul-Africana desacelerou face ao ano anterior (3,5%). No entanto, para 2013, o
FMI prevê uma expansão de 3,3%, e para 2014, de 3,4%. Angola, a segunda maior economia da SADC, é um
país rico em recursos naturais e o maior produtor de petróleo daquela região. As receitas deste recurso natural
representam quase ¾ do PIB do país.

Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos (2008-2012), foram a Namíbia, a Zâmbia e o Zimbabué,
com taxas de crescimento médias do PIB muito próximas dos 7%. No entanto, os principais impulsionadores
do PIB da SADC em 2012, foram Moçambique (7,40%), Zâmbia (7,32%) e República Democrática do Congo
(7,15%).

Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012

30.00%
25.10%

20.00%
Crescimento médio 08-12 (%)

11.23% 10.20%
10.69% 9.74%
8.91% 7.92% 8.06% 9.01%
10.00% 6.71% 5.54%
1.51% 2.14% 1.64%
0.00%
-0.08%

-10.00%

-20.00%

-30.00%

Crescimento médio 08-12 PIB (crescimento, % anual, 2012)

Fonte: Banco Mundial

Os países que apresentam um PIB per capita em 2012 abaixo da média da região - $2.275 USD - (i.e, Lesoto,
Madagáscar, Moçambique, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué), têm revelado um
crescimento significativo, denotando alguma convergência regional.

No entanto, a grande maioria dos países da SADC viram a sua posição no ranking do Índice Global de
Competitividade do World Economic Forum cair entre 2008 e 2013, exceção para as Maurícias (que passou de
57º para 45º), resultado dos esforços da agência de promoção de investimento – Enterprise Mauritius – na
desburocratização do país, e na criação de condições de maior atratividade ao investidor externo; Zâmbia (de
112º para 93º; Zimbabué (de 133º para 131º) e Suazilândia (em 2009 era 128º e passou para 126º).

34
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

No entanto o desempenho no índice é particularmente relevante, como o demonstra a correlação deste com o
crescimento do PIB (confrontar gráfico seguinte).

Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-


2013
30%

25% Zimbabué
Taxa de crescimento média anual do PIB 2008-

20%

15%

Namíbia Moçambique
10% Lesoto
2012

A. do Sul Zâmbia
Tanzânia Angola
Botsuana
5% Suazilândia
Madagáscar
Seicheles Maurícias
Maláui 0%
(20) (15) (10) (5) - 5 10 15 20

-5%
Alteração ao Ranking GCI 08-09 e 13-14

Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do Fórum Económico Mundial

O Lesoto manteve a sua posição no ranking global.

Os restantes EMs da SADC viram o seu posicionamento no ranking cair, como sucedeu com Angola, África do
Sul, Moçambique, Namíbia e Tanzânia, não obstante o crescimento registado ao nível do PIB no mesmo
período.

A manutenção dos índices de crescimento atuais pode estar em crise, caso não sejam adotadas medidas, a
curto e a médio prazo, que sejam valorizadas pelos investidores externos e que permitam trazer maior
competitividade à Economia.

Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em 2014

35
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do
PIB 2008-21012 e do peso do PIB do País no total da SADC
14,000

Seicheles
12,000

10,000
África do Sul

8,000 Botswana
Maurícias
Δ PIB 2012 (US$)

Angola
Namíbia
6,000

4,000 Swazilândia

2,000 Lesoto Zâmbia


Tanzânia
Madagáscar
Malawi
Moçambique R.D. Congo Zimbabwe

0.00% 1.00% 2.00% 3.00% 4.00% 5.00% 6.00% 7.00% 8.00% 9.00% 10.00%

Taxa de crescimento média do PIB 2008-2012

Fonte: Banco Mundial

A análise do gráfico supra compara o crescimento do PIB, a taxa de crescimento média dos últimos 5 anos e a
sua representatividade regional, medida pela dimensão do círculo.

Atendendo aos respetivos critérios de análise, verifica-se que o desempenho da região é influenciado
fundamentalmente por dois países - a África do Sul, com o PIB mais relevante da região (59,14%), seguido de
perto por Angola (17,57%).

A manter-se o ritmo de crescimento médio dos últimos anos associado ao valor do PIB anual, África do Sul
poderá aumentar a sua representatividade económica na SADC. Os países que acompanharam o crescimento
de África do Sul em 2012 e que apresentam um valor de crescimento médio elevado do PIB entre 2008 e
2012, Namíbia e Maurícias, têm uma representatividade de PIB reduzida na economia da Região que não
influenciará o seu desempenho económico.

Angola, apesar de um crescimento médio abaixo de África do Sul, Maurícias e Namíbia entre 2008 e 2012,
apresenta uma variação de PIB no ano de 2012 elevada, a qual terá como consequência uma aproximação
aos níveis de crescimento médio dos países atrás referidos e uma maior influência na economia da região.

A SADC tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas com outras comunidades regionais que poderão
potenciar a integração regional entre os países africanos, nomeadamente com a COMESA.

36
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.2.1. SADC e a COMESA

Caraterização e objetivos
O Mercado Comum da África Austral e Oriental (COMESA) surge como resultado das recomendações feitas pela
Comissão Económica para África (órgão das Nações Unidas) no sentido de se formar uma comunidade económica da
áfrica austral e oriental, como meio para facilitar a integração regional.

Atualmente são 19 os Estados Membros que constituem o mercado comum de África Austral e Oriental nomeadamente;
República do Burundi, Cômoros, RDC, Djibuti, Egito, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia, Madagáscar, Maláui, Maurícias,
Ruanda, Seicheles, Sudão, Suazilândia, Uganda, Zâmbia, Zimbabué. Para além destes países existem 5 Estados que
figuram na lista de estados observadores desde Angola, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Lesoto.

Os objetivos da COMESA são amplos e de longo prazo, tendo, no entanto, sido definidas como prioridade de médio prazo
a “Promoção da Integração Regional através do Comércio e Investimento.”

São objetivos da COMESA:

 A criação de uma área livre de comércio que garante a livre circulação de bens e serviços produzidos na região
que integra os países membros e a remoção de todas as tarifas e de barreiras não tarifárias;
 A criação de uma união aduaneira, na qual bens e serviços importados de Países não Membros da COMESA
passem a estar sujeitos a uma tarifa única em todos os Estados da COMESA;
 Livre circulação de capital e investimento suportada pela adoção de uma área comum de investimento bem como
pela criação de um clima mais favorável ao investimento na região da COMESA;
 Criação gradual de uma união de pagamentos baseada na Casa de Compensação da COMESA e a eventual
criação de uma união monetária comum com uma moeda comum; e,
 A adoção de regras comuns de acordos de visto, incluindo o direito de estabelecimento conduzindo
eventualmente à livre circulação de pessoas de boa-fé.

A SADC e COMESA – A proposta de “Acordo Tripartido entre a COMESA, SADC e EAC*”


Com o objetivo de aumentar a competitividade, os Estados membros das três Comunidades Económicas Regionais do
Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), a Comunidade do Leste Africano (EAC) e a Comunidade para o
Desenvolvimento Africano Austral (SADC), têm vindo a negociar um acordo tripartido, que de acordo com a última versão
proposta, tem como objetivos principais:

 Reduzir as tarifas impostas aos produtos originários e comercializados na região;


 Eliminar todas as barreiras tarifárias e não-tarifárias no comércio de bens;
 Liberalizar o comércio de serviços, facilitar o investimento transfronteiriço e a circulação de empresários;
 Harmonizar os procedimentos aduaneiros e adotar medidas de facilitação do comércio;
 Reforçar a cooperação no desenvolvimento de infraestruturas;
 Estabelecer e promover a cooperação em todas as áreas relacionadas ao comércio entre os Estados-Membros
do Acordo Tripartido;
 Estabelecer e manter uma estrutura institucional para a implementação e administração da Área de Livre
Comércio Tripartido e, eventualmente, uma união aduaneira.

O Acordo Tripartido propõe abranger igualmente a harmonização e coordenação de normas industriais e de saúde, o
combate de práticas desleais de comércio e surtos de importação, a liberalização de certos setores de serviços prioritários,
a promoção da agregação do valor de transformação da região.

A futura criação de uma vasta área de comércio livre composta por 26 Estados das três regiões económicas resultaria na
criação do maior mercado Africano, com 26 dos 54 países africanos, integrando as principais economias africanas e com
uma maior capacidade de atrair IDE e produção em larga escala.

* EAC é uma organização intergovernamental regional, que engloba o Burundi, o Quénia, o Ruanda,a Tanzânia e o
Uganda. Os principais objetivos desta organização passam, entre outros, por ampliar e aprofundar a cooperação politica,
económica e social entre os seus EMs, tendo sido criada, em 2005 uma União Aduaneira, e em 2010, um Mercado
Comum.

37
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.3. As economias da SADC

1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África.8

Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola %

100.00
0.10 Representando 17,57% do PIB da
7.30 SADC, Angola possui reservas de
90.00 6.50 petróleo que no ano de 2011 foram
8.40 Energia (*) estimadas em 10.470 milhões de barris,
80.00
tendo a produção nesse mesmo ano
70.00
10.50 Outros sido de 1.618 barris/dia. Contudo, a
elevada importância deste subsetor na
Indústria economia poderá acarretar um
60.00
21.70 enviesamento da estrutura produtiva do
Construção país (“dutch disease”).
50.00

Agricultura
40.00 Apesar de a produção de diamantes
corresponder apenas a 0,9% do PIB, o
Comércio
30.00 setor não deixa de ter um forte
Ind. Mineira potencial de crescimento. Aliás, e de
45.30
20.00 acordo com o Sumário Global de 2009
do Esquema de Certificação do
10.00 Processo de Kimberley, Angola é o
quarto maior produtor mundial deste
0.00 recurso natural.

Fonte: African Economic Outlook

Energia (*) – Eletricidade, água e gás

Constituindo 21,70% do PIB angolano, e em resultado do aumento do consumo interno e do investimento


privado nos últimos 4 anos, o comércio assume-se como setor essencial, sendo caracterizado por uma forte
preponderância das importações (enquanto a produção nacional não conseguir dar resposta às necessidades
do mercado nacional).

Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de
várias iniciativas, incluindo:
 Programas de incentivos;
 Linhas de financiamento;
 Forte investimento público;
 Campanhas de marketing e de estímulo a comprar nacional.

O Governo pretende também fomentar pólos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as
produções agrícolas e pecuárias, o seu processo de transformação, de armazenamento e de logística.

O setor da construção (8,40%) tem vindo a crescer, como resultado de uma forte aposta do Governo na
reconstrução e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população.

8
Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC, Banco Nacional de Angola, setembro 2012;
Ministério das Finanças de Angola; BPI - Research Angola julho 2013; Análise BES, 2012; Indicadores de desenvolvimento
mundiais, Banco Mundial; BNA

38
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Quanto ao setor industrial (6,50%), este é caracterizado pelo elevado nível de importações, o que deverá
conduzir a uma aposta estratégica na produção nacional.

1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural.9

Representando 2,24% do PIB da SADC, Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 –
Moçambique encontra-se localizado numa Moçambique %
zona estratégica, sendo uma porta de
entrada na região, condicionando o acesso 100.00
2.70
ao mar a muitos dos países da SADC, 4.50
90.00 Agricultura
nomeadamente: Maláui, Zâmbia e 6.50
Zimbabué.
80.00 7.30 Outros
Moçambique apresenta forte potencial de 8.70
70.00
exploração de carvão, gás natural e Admin. pública,saúde
hidroeletricidade. No entanto, não tem 11.20 e educ.
60.00
capacidade para explorar eficazmente estes Construção
recursos e servir as necessidades em 50.00
eletricidade da sua população. Sabe-se que,
28.00 Indústria
atualmente, apenas 10% da população tem 40.00
acesso a eletricidade (2011). Estima-se que
o país exporte 35% da produção total de 30.00 Transp. e comum.
energia, maioritariamente para a África do
10
Sul e para o Zimbabué. 20.00 Serv. Financeiros (*)
30.60
Apenas 10% da área agrícola 10.00
Comércio
moçambicana (48 milhões de hectares) se
encontra explorada. O país dispõe de 0.00
muitas possibilidades em termos de
Fonte: African Economic Outlook
irrigação, possuindo grandes bacias
hidrográficas que continuam por explorar Serv. Financeiros (*) Financeiros, Imobiliário e Serviços de
(Zambeze, Save, Limpopo). O estado atual Negócio
das infraestruturas em nada tem ajudado o
desenvolvimento do setor agrícola do país,
apesar de já estarem perspetivados diversos
investimentos a este nível.

A agricultura foi definida, no Orçamento de Estado de 2012, como um setor prioritário, estando-lhe destinado
11,6% do orçamento de despesas totais. O Programa Estratégico para o Desenvolvimento Agrário (PEDSA
2010-2019) preconiza o crescimento acumulado da agricultura em pelo menos 7% ao ano, a duplicação da
produção, a intensificação do repovoamento pecuário, o aumento da capacidade de produção de aves e a boa
gestão dos recursos naturais.

Cumpre notar ainda que Moçambique é um país com grandes potencialidades pesqueiras, devido à sua
localização costeira, com uma extensão de litoral de 2.750 km e uma Zona Económica Exclusiva (“ZEE”) de
586 mil km2 de superfície oceânica, possuindo grande diversidade de recursos de pesca.

Os recursos naturais, especialmente o gás natural, desempenham em Moçambique um papel determinante


para o crescimento da Economia.

A relevância dada à indústria extrativa no Plano Económico e Social para 2013 dá enfoque aos objetivos de
desenvolvimento previstos para a área dos recursos minerais.
9
Análise BES, junho 2013; Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional
de Angola, setembro 2012; CPI Moçambique
10
Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, República de Moçambique: Country Strategy Paper, 2011-2015

39
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

De salientar que a dimensão e a qualidade do gás natural descoberto no país justificam o estudo sobre o
desenvolvimento, em larga escala de um projeto de GNL, tendo sido anunciado recentemente um projeto que
irá envolver duas das maiores empresas de prospeção deste recurso. Perspetiva-se a construção de 10
fábricas de processamento de gás natural avaliadas no valor de US$ 50.000 milhões. Assim, Moçambique
poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, ficando apenas atrás
da Nigéria.

A produção industrial tem crescido a uma taxa média anual acima dos 3% no decurso dos dois últimos anos,
prevendo-se que atinja os 5,8% em 2013. Os setores que manifestam maior potencial de crescimento são o
dos cimentos, o mobiliário e também das indústrias alimentares e bebidas. Um forte investimento no setor do
cimento vai triplicar a capacidade de produção até 2013, atualmente próximo de 1.3 milhões de toneladas
anuais.

Tem-se acentuado o aumento da procura no mercado da construção em Moçambique, estando perspetivados


grandes projetos na indústria extrativa, energia, e transportes. O crescimento económico do país requer
investimentos nas respetivas infraestruturas, desenvolvidas em torno dos três principais corredores logísticos
de Maputo, Beira e Nacala (o corredor de Mtwara fica a norte de Moçambique) que servem, não apenas as
exportações de carvão, mas também o desenvolvimento dos outros setores da economia nacional e a ligação
às regiões do interior.

Mapa 1 Corredores de desenvolvimento e potenciais Apesar do peso ainda diminuto no PIB do país,
polos de desenvolvimento cerca de 2% (5% se considerarmos os efeitos
indiretos), o setor do turismo tem vindo a recuperar
o seu potencial, tendo reforçado a capacidade de
alojamento e a qualidade do produto oferecido.
Destacam-se as áreas do país que têm vindo a ser
tidas como potenciais zonas turísticas:

 Zona costeira de Matutuine – Maputo;


 Parque Nacional do Limpopo – Gaza;
 Corredor dos Parques Nacionais de
Banhine, Zinave e Bazaruto-
Inhambane/Gaza;
 Reserva de Pomene- Inhambane;
 Costa Morrungulo - Inhambane Vilanculos
– Inhambane;
 Praia do Tofo – Inhambane;
 Arquipélago de Bazaruto – Inhambane;
 Cidade de Inhambane;
 Parque Nacional de Gorongosa – Sofala;
 Reserva de Marromeu- Sofala;
 Ilha de Moçambique- Nampula;
 Chocas Mar – Nampula;
 Pemba - Cabo Delgado;
 Ibo - Cabo Delgado;
 Lago Niassa- Niassa; e
 Reserva do Niassa – Niassa.

Fonte: Perspetivas para os Polos de Crescimento em


Moçambique: Sumário do Relatório, FMI

40
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano.11

Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul

100.00
2.40 Agricultura Representando a África do Sul 59,14% do
2.90 PIB da SADC, os serviços financeiros e o
4.50
90.00
Energia (*) imobiliário desempenham, como se
6.90
salienta através do gráfico, um papel de
80.00 8.20 relevo no desenvolvimento do país. O
Construção
crescimento do setor deveu-se, em
70.00 9.80 grande parte, a um aumento da atividade
Outros
nos bancos comerciais. De salientar que
60.00 a África do Sul dispõe de uma estrutura
13.40 Transp. e comum.
financeira sofisticada, sendo a Bolsa de
50.00
Valores de Joanesburgo (JSE Limited) a
Ind. mineira
14.50 maior de África.
40.00
Indústria
O Governo Sul-Africano está empenhado
30.00 16.30 em alcançar os resultados propostos pelo
Comércio 12
Plano de Desenvolvimento Nacional,
20.00
contando-se entre estes, melhores
Adm. pública, saúde e
resultados educacionais, a promoção da
10.00 21.20 educação
saúde da população, adequada
Serv. financeiros (*) localização e manutenção de
0.00
infraestruturas, uma forte rede de
segurança social, a criaçao de um Estado
Fonte: African Economic Outlook
competente e a aposta na redução dos
níveis de corrupção.

O turismo também se apresenta como um importante setor na sua economia. Também ao nível do emprego,
este setor apresenta uma importância relevante, tendo empregado, em 2011, cerca de 1.200 mil pessoas
(emprego direto e indireto). Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking mundial dos destinos
turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente africano (depois de Marrocos).

A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB Sul- Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu
10% para o PIB do país, estimando-se que, com os efeitos indiretos, esta contribuição ascenda a 20%. O setor
13
empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 2012 .

Em 2011, a África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem
vindo a reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor
14
(US$), apresentando uma quota mundial de 9,87%.

A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente africano, tem um peso diminuto no PIB do
país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter uma relevante base agrícola. Neste setor destaca-se o
vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção uma quota mundial de 3,5%.Para
além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança agrícola
positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a capacidade de
autoabastecimento agrícola15.

11
Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012
12
“Banco Nacional de Desenvolvimento 2030: “Our future - make it work”, Capítulo 3: “Economy and employment”
13
Factos sobre a Indústria Mineira da África do Sul – agosto de 2013, Câmara de Minas da África do Sul
14
África do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme disponível em: https://kimberleyprocessstatistics.org/
15
Conclusões com base nos dados da Análise Económica da Agricultura da África do Sul, 2011/2012

41
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e


Zimbabué. Regiões de forte orientação agrícola.16

Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto Lesoto, Madagáscar, Maláui, República
Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e
100
Energia (*) Zimbabué representam cerca de 13% do PIB
4.70
regional e apresentam forte peso da agricultura
90 6.50 Construção
na sua economia.
6.70
80
7.90 Transp. e comum.
Apesar da relação entre o Lesoto e a África
70 8.60 Ind. mineira do Sul ter por várias vezes beneficiado o
Lesoto, discute-se a necessidade de
60 9.10 diversificar a economia do país por forma a
Agricultura
11.50
reduzir a dependência deste face à África do
50
Comércio Sul.
40 12.50
Outros O país que contribui com apenas 0,38% para o
30 PIB da região, tem cerca de 85% da população
12.80 Admin. pública,saúde e residente em áreas rurais.
20 educ.
Indústria A economia do país cresceu aproximadamente
10 19.80
4,2% em 2011, impulsionada por uma
Serv. Financeiros (*)
- recuperação da atividade do setor mineiro (que,
por sua vez, cresceu a uma taxa de 14,5%).
Fonte: African Economic Outlook, 2011
Este setor foi estimulado, por um lado, pela
reabertura de algumas das minas e, por outro,
pela abertura de novas minas.

O setor com maior contribuição no PIB do Lesoto é o setor dos serviços financeiros (19,80%). Apesar deste
setor ser relativamente pequeno e subdesenvolvido, o acesso ao financiamento tem vindo a ser facilitado. A
17
banca comercial é responsável por 51,3% dos ativos do setor financeiro.

O setor da indústria é impulsionado, principalmente, pela indústria dos têxteis, motor de crescimento e de
18
criação de emprego durante a última década (2011). No entanto, a competitividade deste setor está
condicionada à elevada concorrência dos produtores asiáticos no mercado americano, após a interrupção das
quotas pelo Acordo Multi-Fibras (AMF).

Com um peso de 1,53% e 0,66% do PIB da SADC, respetivamente, Madagáscar e Maláui apresentam uma
estrutura produtiva semelhante, com forte peso agrícola.

No caso de Madagáscar, este setor apresenta um peso preponderante na sua estrutura produtiva, contribuindo
com 70% das receitas das exportações, e empregando cerca de 80% da população. Contudo, apenas 5% do
terreno é próprio para cultivo. As plantações mais relevantes são o arroz, mandioca, batata-doce, vegetais
19
frescos, bananas, milho e feijão.

O setor agrícola, responsável por 31,60% de valor acrescentado para a economia de Maláui, sustenta 85% da
população e contribui com 90% de receitas de exportação. A economia do Maláui depende, em grande
medida, das exportações do tabaco, tendo estas totalizado, em 2010, US$ 585 milhões, representando assim
49% do total das exportações do país.20

16
African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional
de Angola, setembro 2012
17
Relatório do País Nr. 12/102 – FMI
18
Reino do Lesoto, Country Strategy Paper 2013-2017, Banco Africano de Desenvolvimento
19
http://www.intracen.org/; http://faostat.fao.org/
20
Estratégia Nacional de Exportações do Maláui para 2013-2018

42
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) -
Madagáscar Maláui

100.00 100.00
Construção 2.80 Indústria
4.50
90.00 6.10 3.40
90.00
5.60
Construção
80.00 12.30 Admin. pública,saúde 80.00 7.00
e educ.
70.00 11.30 Outros
13.70 70.00
Comércio
60.00 60.00 11.80
Transp. e
15.00 comum.
50.00 Indústria 50.00
23.50 Ind. mineira
40.00 40.00
17.60
Serv. Financeiros (*)
30.00 30.00 Serv. Financeiros
(*)
20.00 Transp. e comum. 20.00
Comércio
28.70 31.60
10.00 10.00
Agricultura Agricultura
0.00 0.00

Fonte: African Economic Outlook, 2012 Fonte: African Economic Outlook, 2012

Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) -


República Democrática do Congo
Representando 2,75% do PIB da SADC, a
100.00 República Democrática do Congo dispõe de
4.70 Construção inúmeros recursos naturais, destacando-se os
90.00 7.30 diamantes, cobalto, cobre, ouro, e nióbio. A
7.40 Serv. Financeiros (*) participação de produtos minerais nas exportações
80.00
do país atinge cerca de 70%.
8.40
70.00 Admin. pública,saúde e
12.20 O setor agrícola carece de ganhos de
educ.
60.00 competitividade e de escala, embora não deixe de
Ind. mineira ser um setor de grande importância para o país,
50.00 13.50
tendo contribuído para o seu crescimento nos
Transp. e comum. últimos anos. A agricultura ocupa a maior parte da
40.00
mão-de-obra local.
22.20
30.00 Comércio
Tradicionalmente, o país exporta tabaco, madeira,
20.00 café, algodão e óleo de palma.
Agricultura
10.00 23.20 No plano industrial, a República Democrática do
Indústria Congo produz têxteis, artigos de limpeza, calçados
0.00 e plástico.
Fonte: African Economic Outlook, 2011

1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial.


Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) –

43
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O setor agrícola é ainda a principal fonte de Suazilândia


rendimento para mais de 70% da população
da Suazilândia, sendo por isso a principal 100.00
21 2.20 Construção
fonte de subsistência da Economia. Entre os
90.00 7.20
principais produtos exportados encontram-se o
7.40
açúcar, o algodão, os produtos enlatados e o Serv. Financeiros (*)
80.00
milho. 7.40
70.00 9.90
O setor industrial tem-se tornado mais Transp. e comum.
diversificado desde meados da década de 60.00
1980, e representou cerca de 44% do PIB em 21.20 Agricultura
50.00
2011.
40.00
Comércio
Ao longo dos últimos anos, a estrutura
económica da Suazilândia tem vindo a alterar- 30.00
se, de uma base agrícola para uma base 43.50 Admin. pública,saúde e
20.00 educ.
industrial (43,50%).
10.00 Indústria

0.00

Fonte: African Economic Outlook, 2011

1.3.6. Seicheles. SIDS22 com economia orientada para o Turismo.23


Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) –
Representado menos de 1% do PIB da Seicheles
SADC, o turismo pesa fortemente no PIB
das Seicheles, sendo que dos quase 31% 100.00
Outros
do PIB relativos ao “Comércio”, 20,7% 4.50
90.00
respeitam à hotelaria e restauração (em 6.50
2011). 80.00 7.30 Admin. pública,saúde e
educ.
70.00 8.70
Construção
60.00 11.20

50.00 Indústria
28.00
40.00
Transp. e comum.
30.00

20.00 Serv. Financeiros (*)


30.60
10.00
Comércio
0.00

Fonte: African Economic Outlook, 2011

21
Reino da Suazilândia – Comunidade Europeia, Country Strategy Paper and National Indicative Programme 2008-2013.
22
Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento
23
Fonte: Áfrican Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco
Nacional de Angola, setembro 2012

44
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços.

Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias %


Representando menos de 1,61% do PIB
100.00 da SADC, um dos setores que mais
3.50
Agricultura impulsionou o crescimento económico
90.00 5.90
das Maurícias foi o setor dos serviços,
6.30
com destaque para o turismo,
80.00 Comércio
9.00 transportes, comunicação e serviços
financeiros.
70.00
13.50 Serv. Financeiros (*)
60.00 Não obstante, o setor industrial mantém
Admin. pública,saúde e educ. relevo económico no país, fruto da
50.00 17.60
estratégia de desenvolvimento de
Transp. e comum. clusters, zonas francas industriais e de
40.00
comércio e da atividade de captação de
18.90 IDE.
30.00 Construção

20.00 Acresce ainda a proatividade da agência


Indústria de investimento das Maurícias na
10.00 23.50 promoção das exportações e do país
enquanto destino de IDE, sendo ainda
Ind.mineira
0.00 uma plataforma de investimento em
África.

Fonte: African Economic Outlook, 2012

45
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa. 24

Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana Atendendo à dimensão da economia do
Botsuana, Namíbia e Zâmbia, a análise
100.00
2.70 conjunta dos seus principais setores permitirá
4.70 uma visão mais abrangente e adequada do
90.00 Agricultura
5.20 seu impacto regional.
6.10 Outros
80.00
6.30 Destes países, verifica-se que a indústria
70.00 Transp. e comum. extrativa, em particular, a mineira assume-se
13.70 como o setor mais relevante representando
60.00 Indústria 7,5% do PIB da SADC.

50.00 15.60 Construção Representando 2,22% do PIB da SADC, o


Botsuana tem como pilar da sua economia o
40.00 Serv. Financeiros (*) setor diamantífero, o qual responde por
18.70 uma parte significativa do PIB, e representa
30.00 Comércio cerca de 45% das receitas do Governo, e
aproximadamente 70% das receitas de
20.00 Admin. pública,saúde exportação. Em 2011, o Botsuana produziu
26.40 e educ.
10.00 28% do valor global de diamantes, com as
Ind. mineira
vendas perfazendo US$ 3.900 milhões.
0.00
A agricultura no Botsuana desempenha um
Fonte: African Economic Outlook, 2011 papel relevante do ponto de vista social pelo
número de pessoas que dependem deste
setor, apesar da sua reduzida expressão
económica no PIB. Ainda assim, as
condições do país para a prática agrícola não
são as melhores, devido às más condições
do solo e às chuvas irregulares, o que explica
a incapacidade de satisfazer a população a
nível alimentar. Um dos maiores sistemas de
águas insulares do mundo – o Delta do
Okavango – está localizado no Botsuana,
sendo um ponto de importante atração
turística.

Nos próximos anos o crescimento económico


deverá manter-se “robusto”, com os serviços
(hotelaria e serviços aéreos e financeiros) a
responderem por grande parte deste
crescimento.

24
Fontes: African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco
Nacional de Angola, setembro 2012

46
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Equivalendo a 1,97% do PIB da SADC, a Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia
Namíbia tem na base da sua economia a
extração e processamento de minerais, 100.00
3.10
representando o setor mineiro cerca de 20% 3.90 Energia (*)
do PIB do país. 90.00 5.50
Construção
80.00 7.90
Mais de metade da população da Namíbia
depende da agricultura para a sua 10.60 Outros
70.00
subsistência. Apesar do peso relativo do
60.00 11.30 Agricultura
setor dos serviços financeiros ser relevante
para a economia (28,70%), este apresenta Ind. mineira
50.00
um conjunto de fraquezas passíveis de se 13.50
transformar em oportunidades: mercado 40.00 Comércio
financeiro superficial, concorrência limitada, 14.80
sistema de proteção financeira limitado, 30.00 Indústria
mercado de capitais subdesenvolvido,
20.00 Transp. e comum.
ineficiente e inadequada regulação, acesso
limitado aos serviços financeiros, iliteracia e 28.70
10.00 Serv. Financeiros (*)
falta de proteção ao consumidor; falta de
competências de gestão financeira, e 0.00
domínio de capital estrangeiro na prestação
de serviços financeiros. Fonte: African Economic Outlook, 2011

Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia Representando 3,18% do PIB da SADC, a
Zâmbia, 4º maior produtor mundial de cobre,
100.00 é um país rico em vários minerais: cobalto,
2.30 Admin. pública,saúde
2.90 ouro e diversas pedras preciosas. A indústria
e educ.
90.00 3.70 extrativa representa uma grande parte das
3.80 Energia (*) exportações de mercadorias do país.
80.00 8.60
Transp. e comum. Outros setores relevantes na economia do
70.00
13.70 país são a agricultura (19,10%), o comércio
Outros (16,20%) e os serviços financeiros (13,70%).
60.00

16.20 Indústria Contam-se, entre os produtos exportados, os


50.00
têxteis, os materiais de construção, os
40.00 Serv. Financeiros (*) alimentos processados e os produtos
19.10 animais e de couro.
30.00 Comércio
Nos últimos anos, o país tem vindo a crescer
20.00 Agricultura economicamente, devido, em grande
27.50 medida, às políticas económicas ponderadas
10.00
Construção do Governo, visando melhorar e diversificar
0.00
a competitividade da Economia.

Fonte: African Economic Outlook, 2012

47
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.4. Trocas comerciais na SADC

1.4.1. Complementaridade das Economias

A intensificação das trocas exige a complementaridade industrial das economias, implicando níveis de
especialização diferenciados. O baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa
possibilidade, que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo esforço de
diversificação das economias - uma aspiração de muitos países da região.

25
Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC

País Exportador
AO26 BW27 CG28 LS29 MG30 MW31 MU32 MZ33 NA34 SC35 ZA36 SZ37 TZ38 ZM39 ZW40
AO - 2 0 0 0 0 1 0 0 1 53 0 50 50 50

BW 27 - 29 29 23 30 25 31 38 29 16 31 64 67 67

CG 15 20 - 9 10 13 14 19 16 16 14 10 59 63 58

LS 42 44 42 - 52 44 47 43 43 43 44 44 71 71 71

MG 23 32 26 28 - 33 23 30 31 25 22 32 65 61 64

MU 20 22 14 25 26 - 22 24 25 25 12 29 59 58 65
País importador

MUS 19 20 17 29 44 21 - 21 27 28 9 30 58 59 62

MZ 16 34 18 25 18 25 13 - 21 14 34 30 64 57 64

NA 39 34 27 40 29 35 39 36 - 40 10 37 64 66 67

SC 10 21 15 15 13 18 9 15 15 - 15 18 61 55 58

ZA 58 54 62 53 51 58 45 77 65 55 - 58 80 81 86

SZ 14 9 12 11 9 10 15 13 12 12 3 - 55 55 56

TZ 27 32 28 34 28 41 23 33 34 29 17 35 64 64 69

ZM 22 28 28 31 31 40 23 31 31 29 18 31 - - 70

ZW 24 30 20 30 23 33 24 28 28 25 19 30 62 60 -

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

25
O Trade Complementary Index (TCI – Indice de Complementaridade de Comércio) é um indicador utilizado para medir a
compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países.
Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de
exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.
26
Angola
27
Botsuana
28
República Democrática do Congo
29
Lesoto
30
Madagáscar
31
Maláui
32
Maurícias
33
Moçambique
34
Namíbia
35
Seicheles
36
África do Sul
37
Suazilândia
38
Tanzânia
39
Zâmbia
40
Zimbabué

48
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O nível de complementaridade na SADC é reduzido, havendo no entanto maior complementaridade entre a


África do Sul enquanto importador de um vasto conjunto de países, dos quais se destacam o Zimbabué (86
pts), a Zâmbia (81 pts), a Tanzânia (80 pts) e Moçambique (77 pts).

Em termos de complementaridade enquanto país exportador, o Zimbabué apresenta um maior nível de


complementaridade com 6 países do bloco, o Botsuana (67 pts), o Lesoto (71 pts), a Namíbia (67 pts), África
do Sul (86 pts), Tanzânia (69 pts) e Zâmbia (70 pts).

É notória a importância da África do Sul no bloco e a capacidade de absorção das exportações de um


alargado conjunto de países atendendo à sua estrutura de importações, e em concreto de Moçambique.

As exportações intra-
SADC só representam
8,86% do total das
1.4.2. Comércio intrarregional exportações da região

A SADC regista o 3º maior valor mundial de trocas intrarregião, medido pelo rácio de exportações sobre o PIB,
dos espaços de integração económica analisados, cujo nível de integração é liderado pela União Europeia
(“UE”) e seguido pela ASEAN, o que indicia um nível de integração relevante, tendo em consideração o nível
de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem representar o dobro das
registadas.

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012)

Indicador SADC União CPLP CEEAC Mercosul CEDEAO ASEAN


Europeia
Exportações
intrarregião 27.153 3.630.191 16.283 1.111 67.343 11.667 324.184
(milhões US$, 2012)
Exportações
intrarregião
4,09% 21,90% 0,62% 0,47% 2,10% 2,86% 13,90%
(% no PIB da região,
2012)
Exportações
intrarregião
0,15% 19,87% 0,09% 0,01% 0,37% 0,06% 1,77%
(% das exportações
mundiais, 2012)
Crescimento anual
médio das exportações
6,66% -2,17% 8,12% 3,43% 4,50% 4,27% 6,65%
intrarregião
(2008-2012)
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Acresce que a dinâmica de crescimento é a mais acentuada das regiões analisadas. Importa no entanto,
referir que os produtos petrolíferos assumem especial relevo nas trocas comerciais, estimando-se que possam
representar 20% do total das exportações intrarregião.

49
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região

30,000 658,562 663,724 700,000


Importações; Exportações (Milhões US$)

PIB a preços correntes (milhões US$)


572,817
25,000 600,000

472,620 469,077
500,000
20,000
400,000
15,000
25,882 27,153 300,000
20,980 22,344
10,000 19,444
200,000

5,000 100,000

0 0
2008 2009 2010 2011 2012

Exportações (milhões US$) PIB (milhões US$)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A dimensão, estrutura, localização das economias e acordos prévios determinam o fluxo atual de trocas
comerciais.

A análise do peso das exportações vs. importações intrarregião revela que 4 países representem cerca de
52% das importações intrarregionais: África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, conjuntamente, demonstram
um elevado nível de integração económica regional.

Angola, apesar de apresentar um elevado índice de exportações regionais, tem um valor reduzido de
importações. Este indicador é característico de uma economia protecionista ou de uma baixa
complementaridade entre as necessidades dos países e a capacidade de exportação dos demais países da
região da SADC.

No polo oposto, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, apesar de apresentarem índices de importações regionais mais
elevados que os demais países, têm valores de exportação reduzidos (quando comparando com as
exportações). Este indicador é característico de economias menos protecionistas ou de um maior grau de
complementaridade regional. Para mais informações sobre o grau de complementaridade verificar a análise
realizada adiante em ponto autónomo.

Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região


18%
Importações intra-SADC (%no total

16% África do Sul


das importações intra-SADC)

Botsuana
14% Zâmbia

12% Namíbia
10%
Zimbabué
8%
Rep. Dem. Congo
Moçambique
6% Angola
Lesoto
4% Maláui
Tanzânia
2%
Maurícias
0% Madagáscar
0% Seicheles5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Exportações intra-SADC (%no total das exportações da SADC)
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

50
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

De referir que apenas a África do Sul, Angola e Tanzânia (embora em menor grau) apresentam balanças
comerciais intra-regionais positivas, sendo a República Democrática do Congo e o Lesoto aquelas que
apresentam balanças comerciais proporcionalmente mais deficitárias.

Importa igualmente compreender, atendendo às características dos vários mercados, quais os produtos
transacionados intra-SADC e, consequentemente, aqueles que revelam menos obstáculos à exportação .

Produtos transacionados intra-SADC

Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012)


As principais trocas assentam
Combustíveis minerais, em matérias-primas, produtos
lubrificantes e materiais
petrolíferos, nos quais a região é
relacionados
Maquinaria e equipamentos de abundante, produtos
transporte agroalimentares para satisfazer
3%3% a procura decorrente do
4% Bens manufaturados
aumento populacional, assim
6% como do aumento do poder de
35% Alimentos e animais vivos compra, e em equipamento de
8% transporte.
Químicos e produtos relacionados
Os produtos manufaturados têm
9% ainda uma baixa
Outros artigos manufaturados representatividade, quando
comparado com as regiões
14% Matérias-primas (exceto económicas mais desenvolvidas,
17% o que representa uma
combustíveis)
oportunidade para os países que
Commodities e transações n.e.
acelerem a sua industrialização.

Bebidas e tabaco

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região

A África do Sul, a economia mais desenvolvida da SADC, mantém vínculos comerciais com quase todos os
países-membros da SADC e possui uma grande diversidade de produtos exportados, sendo de destacar os
seguintes: petróleo refinado (6%), veículos de transporte de mercadorias (5%) e engenharia civil e
empreiteiros; fábrica e equipamento (3%).

Da análise dos mercados de destino dos produtos exportados verifica-se uma dispersão das exportações de
petróleo refinado pelos vários países da SADC, e uma concentração das exportações com um maior volume
para seis países: Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botswana (12%), Angola (10%) e Rep.
Dem. Congo (10%).

51
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto

África do Sul
43% das
exportações
intra-SADC

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As principais exportações para estes seis países totalizaram em 2012 um montante superior a 4 mil milhões de
USD, sendo as exportações de maquinarias e equipamentos de transportes responsáveis por cerca de 49%
das principais exportações, num total de 1.9 mil milhões de USD exportados.

Angola tem um peso substancial nas trocas intra-SADC (25%), mas concentrando-se apenas num produto – o
petróleo (99% do total das exportações de Angola para a SADC) com destino a África do Sul .

52
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto

Angola
25% das trocas intra-
SADC

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2010 e 2012

O incremento e diversificação da base industrial, beneficiando de um mercado interno, poderão gerar uma
base de produção para as economias vizinhas, muito embora existam um conjunto de fatores críticos que,
entre outros, terão de ser ultrapassados:

 Concorrência da África do Sul;


 Crescimento da capacidade industrial;
 Capacitação de quadros técnicos;
 Adesão a instrumentos regionais de facilitação de transporte de mercadorias;
 Compatibilização e futura harmonização aduaneira;
 Adesão a instrumentos de harmonização fiscal;
 Adesão à estratégia de integração regional da SADC.

53
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.5. Comércio extrarregional

1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC


A SADC tem historicamente apresentado uma Balança Comercial negativa em cerca de USD 8 mil
milhões (cerca de 1,2% do PIB da região), excetuando em 2011, ano em que as exportações
superaram marginalmente as importações.

Importações

A SADC importa maioritariamente de países industrializados (China, países membros da EU, Japão e Índia).
Nota-se que a China foi o único país que conseguiu aumentar significativamente a sua importância relativa nas
importações do bloco, em parte pela sua crescente necessidade de recursos naturais, dos quais se destaca,
entre outros, o petróleo.

A importação de petróleo do bloco resulta em grande medida das necessidades de África do Sul que, além das
importações de Angola, importa petróleo dos Emirados Árabes Unidos e Nigéria. Aliás, Angola encontra-se no
terceiro lugar das importações de petróleo de África do Sul, apesar de ter capacidade de produzir petróleo
suficiente para suprir a totalidade das necessidades deste país.

Entre 2008 e 2012, assistiu-se a um crescimento do nível das importações para a região, a ritmo anual de
5,72%.

Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino

100%
205.792
90% 214.824 200,000
80% 171.955
Peso nas importações da SADC

Importações (milhões US$)


70% 162.756
150,000
60% 140.592
2%
2%
2%
50% 3% 3% 2% 2% 3%
2% 2% 2% 2% 3%
2%
2%
2%
3%
2%
2%
2%
2% 3% 100,000
40% 3% 3% 2% 2% 3%
2% 2%
1% 2% 3% 3% 3%
4% 4% 3% 5%
4%
30% 4% 3% 4%
4% 4% 4% 6%
4% 5% 6%
20%
5% 8% 50,000
9% 9% 8%
9%
10% 17%
11% 12% 13% 14%
0% -
2008 2009 2010 2011 2012
China Alemanha Índia Reino Unido Japão
França Gana Portugal Países Baixos Bélgica
Tailândia Brasil Importações

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro de Comércio Internacional, 2008-2012

Numa análise global, o aumento das importações demonstra um crescimento contínuo e consistente das
economias emergentes, como é o caso da China e da Índia, com forte presença na região e em todo o
continente Africano. Por outro lado, nos principais produtos importados pelo bloco, pode verificar-se uma certa
estagnação na importância dos países europeus, dos EUA e do Japão.

54
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Importações da SADC – Top produtos


Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012

Maquinaria e equipamentos de
3%2% transporte
8% Combustíveis minerais, lubrificantes e
materiais relacionados
33% Bens manufaturados
9%
Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos


11%
Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)


15% 18%
Óleos vegetais e animais, gorduras e
ceras

Relativamente aos produtos, destacam-se as importações de maquinaria e equipamentos de transporte,


representando cerca de 33% das importações totais da região. Em segundo lugar surgem as importações de
combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados com um peso de 18%, dada a inexistência de
capacidade instalada na refinação de petróleo na região.

Do total dos produtos importados pela SADC no montante de US$ 216 mil milhões identificamos
de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 55% das
importações, no montante de cerca US$ 119.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão
representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais
betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de
telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Veículos a motor para transporte de
mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos
veterinários); Máquinas de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as
indústrias particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e aparelhos
elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas comestíveis; Aparelho para
circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico
manuseio; Aparelhos de medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e
equipamentos associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas
compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Bebidas
alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos da indústria química; Arroz; Trigo e centeio
em grão; Papel e cartão; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e
óleos; Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Gorduras
vegetais e óleos refinados; Automóveis; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios,
cubas; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos
domésticos elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão interna
e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Cobre; Elementos químicos
inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Materiais de construção.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

55
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Importações da SADC à RP da China e à Alemanha

Gráfico 22 - Importações SADC à RP da China Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha

3% 4%
8%
7%

21% 45% 13%

59%
14%
23%

Maquinaria e equipamentos de transporte Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados


Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos


Alimentos e animais vivos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012


Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Nas importações de maquinaria e equipamento de Da Alemanha os grandes fluxos de importação


transporte vindas da China, são de destacar as referem-se a veículos de transporte de pessoas,
importações de máquinas automáticas para turbinas de vapor e partes e acessórios para veículos
processamento de dados, equipamentos de automóveis.
telecomunicações e calçado.

Este facto resulta da política explícita do Governo


chinês, que troca petróleo por bens e
infraestruturas.

Note-se que a China posiciona-se como um


concorrente de muitos produtos que formam a base
da estrutura industrial portuguesa.

56
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Importações da SADC aos EUA e à Índia

Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA Gráfico 25 - Importações SADC da Índia

4% 5%
7%
9%
34%
13%
9%
52%
10%
18%
13% 23%

Maquinaria e equipamentos de transporte Combustíveis minerais, lubrificantes e


materiais relacionados

Químicos e produtos relacionados Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos

Alimentos e animais vivos


Outros artigos manufaturados

Outros artigos manufaturados


Combustíveis minerais, lubrificantes e
materiais relacionados
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Os Estados Unidos da América também apresentam Da Índia são importados veículos de transporte de
um peso significativo nas importações da SADC de passageiros, embora pesem mais os óleos de petróleo
veículos (para transporte de pessoas e de ou de minerais betuminosos (> 70%) e as importações
mercadorias), assim como de máquinas e de medicamentos (incluindo medicamentos
equipamentos de engenharia civil. veterinários).

A Índia, apesar de não ser um importante produtor de


petróleo, aproveita a sua capacidade excedentária de
refinação para se posicionar como um fornecedor de
combustíveis beneficiando, deste modo, as suas
exportações para o bloco.

57
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Importações da SADC ao Reino Unido

Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido

Relativamente ao Reino Unido, são de


destacar as importações de óleos brutos
5% de petróleo, óleos de minerais
5% betuminosos, crude, artigos de cerâmica
e veículos de transporte de pessoas.
9%
44% Note-se que a proximidade cultural do
Reino Unido é explorada em produtos
10%
menos complexos, permitindo-lhe
posicionar-se como um sério concorrente
de muitos produtos que formam a base
23% da estrutura industrial portuguesa.

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e


materiais relacionados

Bebidas e tabaco

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

58
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Exportações da SADC – Top produtos As exportações da


SADC cresceram, em
média, 17% por ano,
Exportações desde 2009

Os principais destinos das exportações dos países da SADC são a China, os EUA, a Índia e o Reino Unido,
representando cerca de 54% do total das exportações da SADC em 2012.

Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012

100% 206,740 206,868


Peso nas exportações totais da SADC

90% 200,000

Exportações (milhões US$)


171,049 170,444
80%
70%
131,156 150,000
60% 4%
4% 4% 4%
50% 5% 5% 4% 4% 8%
5% 4% 5% 4% 100,000
40% 6% 5% 7% 7% 8%
4% 7% 11%
30% 13% 10%
16% 13%
20% 50,000

25% 27% 28%


10% 17% 20%
0% -
2008 2009 2010 2011 2012

China EUA Índia


Reino Unido Japão Alemanha
Taipé Chinesa Hong Kong, China Exportações

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro Internacional de Comércio, 2008-2012

Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais


relacionados
2%
4% 2% Bens manufaturados
4%
5% Matérias-primas (exceto combustíveis)

8% 40% Maquinaria e equipamentos de transporte

Alimentos e animais vivos

Commodities e transações n.e.


14%
Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados


21%
Bebidas e tabaco Angola representa 85%
das exportações de
Fonte: International Trade Centre combustíveis da SADC

As exportações dos EM da SADC são maioritariamente matérias-primas, com especial relevo para o petróleo e
seus derivados, diamantes, minérios e cobre, denotando assim a elevada importância que as indústrias ligadas
à extração mineira ou petrolífera têm nos países da região.
Pela natureza das exportações (matérias-primas), os principais destinos analisados individualmente continuam
a ser os países com elevada produção industrial. Assim, boa parte do petróleo exportado pelos países da
SADC tem como destino a China, os EUA, a Índia e Taiwan.

59
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 29 - Exportações SADC para a China Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA

2%
2% 3%
2% 2% 4%
10% 7%

11%

24% 58%

72%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais


Matérias-primas (exceto combustíveis)
relacionados
Bens manufaturados Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais Maquinaria e equipamentos de transporte


relacionados
Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco Matérias-primas (exceto combustíveis)

Maquinaria e equipamentos de transporte Químicos e produtos relacionados

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido

2%2% 3%3%
4% 5%
5%
11%
8%
49%

25%
79%

Bens manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
relacionados
relacionados
Commodities e transações n.e. Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)


Matérias-primas (exceto combustíveis)
Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados Outros artigos manufaturados

Commodities e transações n.e.


Alimentos e animais vivos
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

60
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC

Importações

Analisando a relação comercial na vertente das trocas comerciais da SADC com os países pertencentes à CPLP,
começando pelas importações, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Portugal
merece especial destaque pelo aumento do volume de exportações para a SADC (crescimento médio anual de 21%, entre
2008 e 2012).

Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio)

14,000
5.82%
12,000
Importações (milhões US$)

10,000
4.52% 5.57% 3.80% 8,187
8,000
3.54%
6,000 3,883 4,527 4,468
4,000 3,135

2,000 3,895 4,317


3,298 2,620 3,357
-
2008 2009 2010 2011 2012

Brasil Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC

Angola é o principal
parceiro comercial
de Portugal dentro
da SADC,
absorvendo 87% das
exportações
portuguesas para
este mercado

Fonte: Centro de Comércio Internacional, 2012

61
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal

Quando observados os principais grupos de produtos


exportados por Portugal para a SADC, os que
2%
8% apresentam maior peso são a maquinaria, o
30% equipamento de transporte e os bens manufaturados.
10%
Se analisarmos cada um dos países da CPLP que
integram a SADC são de destacar os seguintes
10%
produtos exportados por Portugal:

- Angola: bebidas alcoólicas; estruturas e partes de


15% estruturas de ferro, aço ou alumínio e móveis e suas
23%
partes, cujo principal destino é Angola.

Maquinaria e equipamentos de transporte - Moçambique: máquinas e aparelhos, metais comuns,


veículos e outros materiais de transporte, produtos
Bens manufaturados alimentares, pastas celulósicas e papel e químicos, para
Moçambique.
Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Bebidas e tabaco

Químicos e produtos relacionados

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Importações da SADC ao Brasil


Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC A África do Sul é
o país da SADC
que mais importa
produtos
oriundos do
Brasil, seguido
de Angola

62
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O Brasil apresenta uma forte exportação de Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil


alimentos para a SADC. São de destacar as “outras
carnes e miudezas comestíveis” com elevado envio
para Angola e para África do Sul, assim como os 4%
5%
açúcares, melaço e mel, com presença forte em
7%
Angola.
10% 49%
As exportações de móveis e peças de mobiliário
apresentam também um valor relevante, tendo como
principal destino, dentro da SADC, Angola.
21%
O Brasil apresenta uma base mais diversificada de
exportação, com competências para exportar para a
África do Sul (pese embora a base de produtos Alimentos e animais vivos
corresponder a bens do setor primário). Maquinaria e equipamentos de transporte

O peso de Moçambique nas importações do Brasil é Bens manufaturados


diminuto.
Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Exportações

A CPLP é responsável somente por cerca de 3,3% das exportações da SADC, sendo que apenas Portugal e
Brasil apresentam valores dignos de registo.

Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio)

8,000
Exportações (milhões US$)

7,000 3.29%

6,000 992
5,000
2.27%
4,000 1.63%
3,000 1.35% 5,808
2,716 1,392
2,000 0.93% 1,209
1,000 528 1,980
1,160 692 1,094
-
2008 2009 2010 2011 2012

Portugal Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

Portugal tem vindo a aumentar a sua importância no seio da SADC, nomeadamente através da crescente
importação dos produtos da SADC. Entre 2008 e 2012, Portugal aumentou a sua quota nas exportações da
SADC de 0,68% para 2,81%.

63
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O Brasil surge como o 2º país da CPLP, não pertencente ao bloco, em termos de destino das exportações dos
países membros da SADC, representando cerca de 0,48% das exportações da zona .

Exportações da SADC para Portugal e para o Brasil

Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil

4% 5%
8%
32%

25%

93% 27%

Químicos e produtos relacionados


Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
relacionados
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais


relacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Enquanto Portugal importa quase exclusivamente combustíveis da SADC, o Brasil importa também químicos e
outros bens manufaturados, bem como alguma maquinaria.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC

A SADC tem vindo a registar desde 2008 uma tendência de abrandamento na sua competitividade para
captação de investimento direto estrangeiro, nomeadamamente pela diminuição do capital investido na região
que em 2008 registava um volume de US$ 18 mil milhões e em 2012 somente de cerca de US$ 11 mil
milhões. Os países da SADC que mais captaram IDE em 2012 foram Moçambique, África do Sul e a Rep.
Democrática do Congo.

Relativamente ao aumento do investimento da região no exterior (Outward) este tem vindo a aumentar
exponencialmente desde 2008, tendo atingido em 2012 cerca de US$ 7.8 mil milhões.

Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012

20,000 18,714

15,000 13,177 12,865


11,788
Milhões US$

10,000 8,198 7,841

5,000
2,591 2,080
1,509
(514)
-

(5,000)
2008 2009 2010 2011 2012

Inward Outward

Com exeção de Angola, Moçambique, África do Sul e a Rep. Democrática do Congo, os fluxos de IDE nos
demais países da região têm-se apresentado heterogéneos. Países como o Botsuana, o Lesoto, Madagáscar,
Maláui, Namíbia, Seicheles, Suazilândia e Zimbabué têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor
estrangeiro, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura produtiva.

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$)

País 2008 2009 2010 2011 2012

Angola 1.679 2.205 (3.227) (3.024) (6.898)

Botsuana 521 129 (6) 414 293

Rep. Dem. Congo 1.727 664 2.939 1.687 3.312

Lesoto 112 100 114 132 172

Madagáscar 1.169 1.066 808 810 895

Maláui 195 49 97 129 129

65
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

País 2008 2009 2010 2011 2012

Maurícias 383 248 430 273 361

Moçambique 592 893 1.018 2.663 5.218

Namíbia 720 522 793 816 357

Seicheles 130 118 160 144 114

África do Sul 9.006 5.365 1.228 6.004 4.572

Suazilândia 106 66 136 93 90

Tanzânia 1.383 953 1.813 1.229 1.706

Zâmbia 939 695 1.729 1.108 1.066

Zimbabué 52 105 166 387 400

SADC 18.714 13.177 8.198 12.865 11.788

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Nos últimos 2 a 3 anos registou-se um forte aumento da atratividade de Moçambique como destino de IDE,
muito tendo contribuído os projetos associados ao potencial de desenvolvimento da exploração de LNG – Gás
Natural.

A Tanzânia e a República Democrática do Congo viram igualmente os fluxos de IDE serem reforçados em
2012.

Por outro lado, verificou-se também uma diminuição dos fluxos de IDE para a África do Sul com uma queda
de 24 por cento para US$ 4,6 milhões.

66
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização


da agricultura e do tecido industrial

A SADC constitui uma geografia de oportunidade de IDE, na contribuição para o seu desenvolvimento,
agregando cerca de US$ 650 mil milhões de PIB e mais de 285 milhões de habitantes.

Os planos de desenvolvimento e reforço de integração gerarão a prazo oportunidades de modernização


económica da região e intensificação de trocas comerciais, a par de um incremento do tecido industrial com
potencial exportador, os quais poderão ser impulsionados pela concretização das ZCL e dos instrumentos para
o desenvolvimento de setores industriais competitivos a nível global, a que não ficará alheia a modernização e
maior integração do mercado de capitais e do sistema financeiro.

De fato, presentemente as importações de maquinaria, combustíveis, bens manufaturados e químicos


constituem cerca de 75% das importações da SADC, como resultado da incapacidade de refinação dos países
produtores de petróleo (Angola em particular) e da menor industrialização das economias, em particular as de
menor dimensão. As importações de fora da SADC têm origem na sua maioria da China, EUA, Alemanha e
Reino Unido, excetuando o que respeita a combustíveis que são exportados a partir da Índia e também de
Angola (por refinar).

Aliás, em termos de balança comercial, desde o final da década de 90, o desempenho económico e a balança
comercial dos países da SADC encontram-se altamente correlacionados com o crescimento da economia
chinesa. Por outro lado, verificou-se um declínio das relações comerciais relativas com os EUA, deixando
assim os países da SADC menos expostos ao desempenho da Economia norte-americana. Estas mudanças
são particularmente expressivas no caso da África do Sul, de Angola, de Madagáscar, da Namíbia e das
Seicheles.

A heterogeneidade económica dos EMs da SADC releva o peso da África do Sul e Angola, que representam
cerca de 60% e 18% do PIB da região, respetivamente, mas com estruturas produtivas substancialmente
diferentes, sendo que, as restantes 13 economias representam cerca de 22% do PIB (dados de 2012).

A África do Sul, quando comparada com as restantes economias da região, apresenta uma estrutura produtiva
bastante diversificada, sendo o parceiro dominante nas trocas comerciais intra-regionais, representando 43%
das exportações intra-SADC e com elevada diversidade de produtos exportados. As exportações com maior
volume destinam-se à Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botsuana (12%), Angola (10%) e
Rep. Dem. Congo (10%), sendo que este conjunto de nações importa, fundamentalmente, Maquinaria e
Equipamento de Transporte, Químicos e Combustíveis.

O petróleo é particularmente significativo na estrutura económica angolana. Fortalecida por uma Balança
Comercial positiva, Angola representa 25% das trocas comerciais da SADC, com elevada concentração de
exportações de petróleo para a África do Sul. No quadro da estratégia do Governo de Angola surge o fomento
à diversificação da economia. Esta opção governativa introduz um conjunto de oportunidades de investimento
no tecido empresarial local, desde o setor agrícola, passando pela indústria agroalimentar, até às atividades de
logística e serviços. O tecido industrial deverá ser igualmente alvo de crescimento a prazo como resultado da
política de fomento, bem como do incremento do rendimento da população e do consumo privado, constituindo
aqui também uma oportunidade de investimento.

Moçambique, a prazo, tem focos desenvolvimento no projeto de exploração de gás natural, estimando-se que
todas as atividades no cluster da prospeção, extração e exploração possam prosperar a médio / longo prazo, a
par das atividades subsidiárias e acessórias ao mencionado cluster. De igual modo, a aceleração esperada da
Economia colocará mais capital a circular nas ruas, fomentando o aumento do consumo de bens duradouros e
bens não - duradouros. A oportunidade que o gás natural poderá gerar tem levado a um intensificar dos níveis
de IDE para Moçambique, que desde 2010 têm crescido a um ritmo superior a 100% ao ano.

67
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

A agricultura surge com principal relevo no Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, que no seu conjunto representam cerca de 16% do PIB da região. Principal
fonte de emprego, a agricultura apresenta, na maioria das explorações, oportunidades de mecanização e
incremento de produtividade. Acresce ainda que é um setor que em muitos países apresenta fortes índices de
exportação, apresentando um peso relevante na Balança Comercial desses países. São também estes países
que se têm apresentado menos atrativos à captação de IDE, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura
produtiva.

A indústria extrativa, em particular a mineira, é preponderante nas economias do Botsuana, Namíbia e Zâmbia,
concentrando-se as oportunidades de negócio neste cluster.

As oportunidades de investimento no Turismo têm sido, na sua maioria, concretizadas nas Seicheles e
Maurícias, sendo que o Botsuana (Bacia do Okavango), Moçambique e Namíbia vêm apostando no
desenvolvimento deste setor. Angola tem também como objetivo, a prazo, a criação de uma indústria de
Turismo, promovendo o desenvolvimento de 3 polos turísticos em Cabo Ledo, Kalandula e junto ao Okavango,
o qual impulsionará atividades de serviços profissionais nas áreas do ambiente, ordenamento do território e
construção e infraestruturas.

1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos


e portos

Região País Principais Oportunidades Principais Principais


produtos agrícolas aeroportos portos
para o bloco

(produtos e serviços
associados aos setores)
Airport, Sir Seretse Khama
Francistown International
Indústria mineira, Saúde,
Pecuária, Sorgo, Milho,

Turismo, Indústria têxtil

International Airport,
Feijão, Girassol,

Kasane Airport
Maun Airport
Amendoim
Botsuana

N/A
SADC

Algodão, Cacau, Mandioca,

Telecomunicações, Saúde,

Goma International Airport,


N'Djili International Airport,
Tubérculos, Milho, Frutas,

Educação, Indústria têxtil,


Indústria naval, Indústria
palma, Borracha, Chá,
Café, Açúcar, Óleo de

Bangoka International
Produtos de madeira

Agricultura, Indústria
Banana, Amendoim,

Airport, Lubumbashi
International Airport
mineira, Energia,
Congo RD

alimentar

Banana

68
Seicheles Namíbia Maurícia Maláui Madagáscar Lesoto

Tabaco, cana-de-
Café, Baunilha,
açúcar, algodão, chá,
Cocos, Canela, Cana-de-açúcar,
Cana de açúcar, Chá, milho, batata,
Baunilha, Batata- Cravo, Cacau, Arroz, Milho, Trigo,
Sorgo, Amendoim, Uvas, Milho, Batata, Banana, mandioca, sorgo,
doce, Mandioca Mandioca, Feijão, Legumes, Sorgo,
Pecuária, Peixe Leguminosas, Gado, leguminosas,
Bananas, Aves, Banana, Amendoim, Cevada, Pecuária
Cabras, Peixe amendoim, nozes de
Atum Produtos de origem
macadâmia, gado,
animal
cabras

Pesca, Turismo, Indústria mineira,


Processamento de Agronegócio, Saúde, Agricultura, Energia, Indústria alimentar, Alimentos, Bebidas,
Agricultura, Mineração,
coco e baunilha, Indústria alimentar, Indústria mineira, Turismo, Indústria Têxteis, Vestuário,

69
Indústria alimentar,
Coco (fibra de coco) Mineração, Indústria Indústria alimentar, têxtil, Indústria Artesanato,
Turismo
corda, Construção têxtil, Turismo Tecnologia, Turismo petrolífera Indústria Construção, Turismo
de barcos, Bebidas automóvel
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Sir Seewoosagur Chileka International


Seychelles Windhoek Hosea Kutako Ivato International Moshoeshoe
Ramgoolam Airport, Lilongwe
International Airport International Airport Airport International Airport
International Airport International Airport

Chipoka
Antsiranana
Luderitz Monkey Bay
Mahajanga
N/A Port Louis Nkhata Bay N/A
Toamasina
Walvis Bay Nkhotakota
Toliara
Chilumba
Zimbabué Zâmbia Tanzânia Suazilândia

Café, Sisal, Chá,


Milho, Sorgo, Arroz,
Algodão), Castanha Cana de açúcar,
Amendoim, Semente de
de Caju, Tabaco, Algodão, Milho, Tabaco,
Milho, Algodão, Tabaco, girassol, Legumes, Flores,
Milho, Trigo, Arroz, Laranjas,
Trigo, Café, Amendoim; Tabaco, Algodão, Cana-de-
Mandioca, Bananas, Abacaxi, Sorgo,
Ovinos, Caprinos, Suínos açúcar, Mandioca, Café,
Frutas, Legumes, Amendoim, Gado,
Bovinos, Caprinos, Suínos,
Bovinos, Ovinos, Cabras, Ovelhas
Aves, Leite, Ovos, Peles
Caprinos

Agricultura,
Agricultura, Indústria Agricultura, Indústria
Agricultura, Energia, Mineração, Indústria
alimentar, Indústria de têxtil, Mineração,

70
Mineração, Indústria têxtil, petrolífera, Indústria
calçado, Mineração, Indústria automóvel,
Indústria alimentar, Turismo de calçado, Serviços
Indústria têxtil, Turismo Turismo
financeiros, Turismo
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Julius Nyerere
Joshua Mqabuko Nkomo
International Airport, Matsapha International
International Airport, Lusaka International Airport
Kilimanjaro Airport
Harare International Airport
International Airport

Dar es Salaam
Binga Kariba Mpulungu N/A
Zanzibar
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e


oportunidades para as empresas Portuguesas

A SADC apresenta um conjunto alargado de oportunidades para as empresas portuguesas em termos de


exportações e que, em muitos casos, poderão ser potenciados por Angola.

Do total dos produtos importados por Angola aos seus


Do total dos produtos importados pela SADC a parceiros comerciais no, total US$ 24 mil milhões,
Portugal, no total US$ 5.3 mil milhões, identificamos de identificamos de seguida, por ordem decrescente, os
seguida, por ordem decrescente, os 25 principais 25 principais produtos que representam 49% das
produtos que representam 55% das importações, no importações, no montante de US$ 11.811 milhões, e a
montante de US$ 2.9 mil milhões: negrito os produtos que poderão representar
oportunidades de exportação para as empresas
portuguesas:
Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, 70%; Máquinas para a construção civil; Carnes e
miudezas comestíveis; Geradores; Tubos e perfis ocos,
tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras,
acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas; Veículos a
cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e
civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); peças; Veículos automóveis para transporte de
Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados; pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e
Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos seções; Aparelhos para canalizações, caldeiras,
plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; reservatórios, cubas; Artigos de plástico; Estruturas e
peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e
Outras máquinas e aparelhos para as indústrias
aparelhos para as indústrias particulares; Metais
particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; comuns; Equipamento de telecomunicação; Aparelho para
Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Gorduras vegetais circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Ferramentas
e óleos, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos mecânicas e outros; Motocicletas e velocípedes;
elétricos; Equipamento e componentes mecânicas; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de
Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para construção; Equipamento para distribuição de energia
impressão; Materiais de construção; Componentes para elétrica; Preparações de cereais, farinha de frutas ou
vegetais; Bombas, compressores a gás e ventiladores;
máquinas de energia elétrica; Alumínio.
Equipamentos de aquecimento e refrigeração.

Do total dos produtos importados pelo Botsuana aos Do total dos produtos importados pela República
seus parceiros comerciais no, total US$ 8.025 mil Democrática do Congo aos seus parceiros comerciais
milhões, identificamos de seguida, por ordem no, total US$ 6.1 mil milhões, identificamos de seguida,
decrescente, os 25 principais produtos que por ordem decrescente, os 25 principais produtos que
representam 51% das importações, no montante de representam 50% das importações, no montante de
US$ 5.870 milhões, e a negrito os produtos que cerca de US$ 3 mil milhões, e a negrito os produtos
poderão representar oportunidades de exportação para que poderão representar oportunidades de exportação
as empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:

Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Óleos de Veículos a motor para transporte de mercadorias; Óleos
petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%;
Energia; Veículos a motor para transporte de Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários);
mercadorias; Veículos automóveis para transporte de Máquinas para a construção civil; Outras carnes e
pessoas; Máquinas para a construção civil; miudezas comestíveis; Estruturas e peças de ferro, aço,
Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); alumínio; Equipamento de telecomunicação; Outras
Equipamento de telecomunicação; Materiais de máquinas e aparelhos para as indústrias particulares;
construção; Geradores; Aeronaves e equipamentos Peixe fresco ou congelado; Produtos comestíveis e
associados; Madeira e aparas de madeira; Equipamento preparações; Tubos e perfis ocos, de ferro e aço;
para distribuição de energia elétrica; Máquinas de Tecidos de algodão; Aparelho para circuitos elétricos,
processamento de dados; Cereais em grão; Pneus de tabuleiro, painéis; Materiais de construção; Bombas
borracha e câmaras-de-ar; Peças e acessórios dos para água; Máquinas e aparelhos elétricos; Farinha de
veículos; Tabaco; Outras máquinas e aparelhos para as trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos automóveis
indústrias particulares; Estruturas e peças de ferro, para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão;
aço, alumínio; Metais comuns; Mobiliário e peças; Metais comuns; Máquinas de energia elétrica e
Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; componentes; Bombas, compressores a gás e
Calçado; Produtos comestíveis e preparações. ventiladores; geradores; Roupas e outros artigos
têxteis; Ferramentas mecânicas e outras.

71
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Do total dos produtos importados pelo Lesoto aos seus Do total dos produtos importados por Madagáscar aos
parceiros comerciais no, total US$ 2.6 mil milhões, seus parceiros comerciais no, total US$ 3.05 mil
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os milhões, identificamos de seguida, por ordem
25 principais produtos que representam 53% das decrescente, os 25 principais produtos que
importações, no montante de US$ 1.4 mil milhões, e a representam 54% das importações, no montante de
negrito os produtos que poderão representar cerca de US$ 1.7 mil milhões, e a negrito os produtos
oportunidades de exportação para as empresas que poderão representar oportunidades de exportação
portuguesas: para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
70%; Tecidos de malha; Tecidos de algodão; Outras 70%; Fios têxteis; Arroz; Açúcar, melaço e mel;
refeições à base de cereais e farinha; Equipamento de Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de
telecomunicação; Outras carnes e miudezas comestíveis; halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos
Automóveis; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e veterinários); Veículos automóveis para transporte de
óleos, refinado; Preparações de cereais, farinha de pessoas; Veículos a motor para transporte de
frutas ou vegetais; Perfumaria e cosméticos; Recetores mercadorias; Tecidos de algodão; Tecidos artificiais;
de televisão; Produtos residuais de petróleo; Milho; Gorduras vegetais e óleos; Tecidos de malha; Farinha de
Calçado; Fios têxteis; Sabonetes, produtos de limpeza trigo e farinha de trigo com centeio; Outros tecidos; Peixe
e polimento; Pregos, parafusos, porcas, parafusos, fresco ou congelado; Equipamento de telecomunicação;
rebites e semelhantes; Aparelho para circuitos Carvão; Produtos laminados de ferro, aço não ligado,
elétricos, painéis; Gás natural; Papel e cartão; Trigo e revestidos, folheados; Artigos de plástico; Lã; Artigos
centeio em grão; Máquinas e aparelhos elétricos; de matérias têxteis; Preparações de cereais, farinha de
Artigos de plástico; Leite e produtos lácteos. frutas ou vegetais; Pneus de borracha e câmaras-de-ar;
Gorduras vegetais e óleos, refinado; Materiais de
construção.
Do total dos produtos importados pelo Maláui aos seus Do total dos produtos importados pela Maurícia aos
parceiros comerciais no, total US$ 2.7 mil milhões, seus parceiros comerciais no, total US$ 5.7 mil
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os milhões, identificamos de seguida, por ordem
25 principais produtos que representam 56% das decrescente, os 25 principais produtos que
importações, no montante de cerca de US$ 1.5 mil representam 54% das importações, no montante de
milhões, e a negrito os produtos que poderão cerca de US$ 5.7 mil milhões, e a negrito os produtos
representar oportunidades de exportação para as que poderão representar oportunidades de exportação
empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:
Fertilizantes; Óleos de petróleo ou de minerais Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo 70%; Peixe fresco ou congelado; Veículos automóveis
medicamentos veterinários); Tabaco; Materiais de para transporte de pessoas; Equipamento de
construção; Material para impressão; Trigo e centeio em telecomunicação; Medicamentos (incluindo
grão; Veículos a motor para transporte de mercadorias; medicamentos veterinários); Carvão; Materiais de
Equipamento de telecomunicação; Veículos automóveis construção; Tecidos de algodão; Pérolas, pedras
para transporte de pessoas; Produtos medicinais e preciosas e semipreciosas; Leite e produtos lácteos;
farmacêuticos; Sabonetes, produtos de limpeza e de Máquinas de processamento de dados; Fios têxteis;
polimento; Produtos laminados de ferro, aço não Propano e butano liquefeito; Tabaco; Barras de ferro e
ligado, revestidos, folheados; Máquinas para a aço, cantoneiras, perfis e seções; Motores de pistão de
construção civil; Mobiliário e peças; Aparelhos combustão interna e componentes; Veículos a motor
elétricos de diagnóstico para as ciências médicas; para transporte de mercadorias; Perfumaria e
Outras máquinas e aparelhos para as indústrias cosméticos; Produtos comestíveis e preparações;
particulares; Artigos de matérias têxteis; Pneus de Metais comuns; Arroz; Estruturas e peças de ferro, aço,
borracha e câmaras-de-ar; Papel e cartão; Polímeros de alumínio; Máquinas e aparelhos elétricos; Trigo e
etileno; Automóveis; Óleos essenciais e perfumes; centeio em grão; Artigos de plástico.
Máquinas e aparelhos elétricos; Minerais em bruto.
Do total dos produtos importados pela Namíbia aos Do total dos produtos importados pelas Seicheles aos
seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 6.4 seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 752
mil milhões, identificamos de seguida, por ordem milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 57% das importações, no montante de representam 68% das importações, no montante de
US$ 3.679 milhões, e a negrito os produtos que cerca de US$ 513 milhões, e a negrito os produtos que
poderão representar oportunidades de exportação para poderão representar oportunidades de exportação para
as empresas portuguesas: as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
70%; Minérios de cobre; Embarcações; Veículos 70%; Embarcações; Peixe fresco ou congelado;
automóveis para transporte de pessoas; Pérolas, pedras Mobiliário e peças; Veículos automóveis para
preciosas e semipreciosas; Veículos a motor para transporte de pessoas; Madeira e aparas; Gorduras
transporte de mercadorias; Equipamento de vegetais e óleos, refinado, do fracionamento; Metais

72
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telecomunicação; Máquinas para a construção civil; comuns; Materiais de construção; Produtos laminados
Aparelhos e equipamentos fotográficos; Medicamentos de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados;
(incluindo medicamentos veterinários); Cobre; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte
Mobiliário e peças; Aeronaves e equipamentos de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras,
associados; Artigos de matérias têxteis; Elementos cantoneiras, perfis e seções; Papel e cartão;
químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Bebidas Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos lácteos;
alcoólicas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Metais Recipientes de metal para armazenamento ou
comuns; Máquinas e aparelhos para as indústrias transporte; Arroz; Artigos plásticos; Aeronaves e
particulares; Aparelhos de medição, análise e controle; equipamentos associados; Equipamentos de
Recipientes de metal para armazenamento ou aquecimento e refrigeração; Outras carnes e miudezas
transporte; Peças e acessórios de veículos; Trigo e comestíveis; Sabonetes, produtos de limpeza e de
centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas polimento; Material para impressão; Legumes.
ou vegetais; Artigos plásticos.

Do total dos produtos importados pela Suazilândia aos Do total dos produtos importados pela Tanzânia aos
seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 2 seus parceiros comerciais no total de cerca de US$
mil milhões, identificamos de seguida, por ordem 11.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 61% das importações, no montante de representam 59% das importações, no montante de
cerca de US$ 1.2 mil milhões, e a negrito os produtos cerca de US$ 6.9 mil milhões, e a negrito os produtos
que poderão representar oportunidades de exportação que poderão representar oportunidades de exportação
para as empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:

Tecidos de malha; Medicamentos (incluindo Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de


medicamentos veterinários); Pérolas, pedras preciosas e 70%; Máquinas para a construção civil; Gorduras
semipreciosas; Tecidos de algodão; Sabonetes, produtos vegetais e óleos, refinado; Veículos a motor para
de limpeza e de polimento; Óleos essenciais e perfumes; transporte de mercadorias; Medicamentos (incluindo
Material para impressão; Veículos automóveis para medicamentos veterinários); Trigo e centeio em grão;
transporte de pessoas; Sumos de frutas e de vegetais; Equipamento de telecomunicação; Embarcações; Veículos
Artigos de plástico; Produtos comestíveis e automóveis para transporte de pessoas; Pneus de
preparações; Energia; Calçado; Refeições à base de borracha e câmaras-de-ar; Automóveis; Açúcar, melaço
cereais e farinha; Bebidas alcoólicas; Produtos e mel; Produtos laminados planos de ferro, aço não
diversos das indústrias químicas; Mobiliário e peças; ligado e não revestido; Outras máquinas e aparelhos
Veículos a motor para transporte de mercadorias; para as indústrias particulares; Motocicletas e
Tules, rendas, fitas e outras mercadorias pequenas; velocípedes; Outras matérias plásticas em formas
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de primárias; Fertilizantes; Barras de ferro e aço,
70%; Tecidos artificiais; Cobre; Equipamento de cantoneiras, perfis e seções; Máquinas e aparelhos
telecomunicação; Peças e acessórios dos veículos; elétricos; Artigos de plásticos; Geradores; Polímeros
Outros produtos químicos orgânicos. de etileno, em formas primárias; Metais comuns;
Máquinas de processamento de dados; Semirreboques.

Do total dos produtos importados pela Zâmbia aos Do total dos produtos importados pelo Zimbabué aos
seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 8.2 seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 4.4
mil milhões, identificamos de seguida, por ordem mil milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 61% das importações, no montante de representam 52% das importações, no montante de
cerca de US$ 5 mil milhões, e a negrito os produtos cerca de US$ 2.3 mil milhões, e a negrito os produtos
que poderão representar oportunidades de exportação que poderão representar oportunidades de exportação
para as empresas portuguesas: para as empresas portuguesas:

Minérios de cobre e seus concentrados; Óleos brutos de Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de
petróleo e outros; Máquinas para a construção civil; 70%; Fertilizantes; Veículos a motor para transporte de
Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Gorduras
halogéneo; Veículos a motor para transporte de vegetais e óleos, refinado; Máquinas para a construção
mercadorias; Cobre; Fertilizantes; Outras máquinas e civil; Milho; Veículos automóveis para transporte de
aparelhos para as indústrias particulares; Óleos de pessoas; Trigo e centeio em grão; Sabonetes, produtos
petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; de limpeza e de polimento; Medicamentos (incluindo
Minérios e concentrados de metais básicos; Equipamento medicamentos veterinários); Açúcar, melaço e mel;
de telecomunicação; Medicamentos (incluindo Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Tabaco;
medicamentos veterinários); Veículos automóveis para Níquel minérios e concentrados; Outras máquinas e
transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, aparelhos para as indústrias particulares; Energia;
cantoneiras, perfis e seções; Pneus de borracha e Produtos comestíveis e preparações; Automóveis;
câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço e Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Artigos de
alumínio; Bombas de água; Metais comuns; Produtos plástico; Papel e cartão; Preparações de cereais,
diversos das indústrias químicas; Tubos e perfis ocos, farinha de frutas ou vegetais; Sais metálicos e

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acessórios, ferro e aço; Aparelho para circuitos peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tecidos artificiais.
elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos laminados
planos de ferro e aço, revestidos, folheados;
Automóveis; Ferramentas mecânicas, outras; Peças e
acessórios de veículos.

Países analisados autonomamente

Do total dos produtos importados por Moçambique aos Do total dos produtos importados a África do Sul aos
seus parceiros comerciais no total de US$ 6 mil seus parceiros comerciais no total de US$ 124 mil
milhões, identificamos de seguida, por ordem milhões, identificamos de seguida, por ordem
decrescente, os 25 principais produtos que decrescente, os 25 principais produtos que
representam 51% das importações, no montante de representam 43% das importações, no montante de
US$ 3.167 milhões, e a negrito os produtos que US$ 54 mil milhões, e a negrito os produtos que
poderão representar oportunidades de exportação para poderão representar oportunidades de exportação para
as empresas portuguesas: as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de
70%; Energia; Veículos a motor para transporte de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%;
mercadorias; Máquinas para a construção civil; Arroz; Veículos para transporte de pessoas; Equipamento de
Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e aparelhos telecomunicação; Máquinas para a construção civil;
para as indústrias particulares; Fertilizantes; Máquinas de processamento de dados; Medicamentos
Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; (incluindo medicamentos veterinários); Veículos a
Alumínio; Medicamentos (incluindo medicamentos motor para transporte de mercadorias; Peças e
veterinários); Produtos residuais de petróleo; Estruturas e acessórios dos veículos; Aeronaves e equipamentos
peças de ferro, aço, alumínio; Barras de ferro e aço, associados; Outras máquinas e aparelhos para as
cantoneiras, perfis e seções; Carvão; Gorduras vegetais indústrias; Turbinas a vapor e componentes; Aparelhos
e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; de medição, análise e controle; Máquinas e aparelhos
Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados elétricos; Calçado; Equipamento mecânico e
planos de ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e componentes; Peças e acessórios para máquinas;
refrigeração; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis;
aço; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e
Sabonetes, limpeza e de polimento; Mobiliário e peças. ventiladores; Equipamentos de aquecimento e
refrigeração; Produtos diversos da indústria química;
Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Fertilizantes; Arroz.

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2.África do Sul
O país com maior peso na região

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2. África do Sul. O país com maior peso na região

2.1. Macroeconomia

2.1.1. PIB da economia Sul-Africana

A África do Sul é o país com maior peso na região, representando mais de 59% do PIB da SADC.
41
Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC

Suazilândia Tanzânia Zâmbia Zimbabué


0.58% 4.35% 3.18% 1.66%
Seicheles
0.16%
Namíbia
1.97% Moçambique
2.24%
Maurícia Malauí
1.61% 0.66% Madagáscar
1.53%
Lesoto
0.38%
Congo R.D
2.75%
Botsuana
2.22%

África do Sul
59.14%
Angola
17.57%

42
A economia da África do Sul é a maior e mais sofisticada do continente Africano, representando cerca de
34% do PIB da África Subsaariana e 59% do PIB da SADC. É uma economia abundante em recursos naturais,
como platina, ouro, diamantes e carvão, dispõe de uma razoável rede de infraestruturas e transportes e
apresenta um sistema financeiro bastante desenvolvido. A sua importância no continente Africano foi
confirmada pela inclusão no acrónimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - South Africa).

41
World Bank
42
Fonte: FMI (Fundo Monetário Internacional), IFI (Instituto de Finanças Internacionais), Análise do Orçamento de Estado
de 2012 da República da África do Sul, e Análise BPI agosto 2013

76
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Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB
US$

PIB per capita (USD) PIB (variação anual)

3.6 3.5
3.1
7,951 7,507 2.5
7,265
5,591 5,766

2008 2009 2010 2011 2012

2008 2009 2010 2011 2012 -1.5

Após o decréscimo do PIB registado em 2009 a trajetória de crescimento do PIB recuperou, em parte como
resultado do conjunto de políticas governamentais de estímulo fiscal e da recuperação da procura interna, por
via da realização do Mundial de Futebol. Em 2011 o crescimento do PIB de 3.5% (segundo o FMI e o IFI),
resulta da contribuição positiva das exportações (evolução dos preços das commodities), mas também da
procura interna.

O setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo
contribuído em 2010 com cerca de 8,6% para o PIB e em 2011 com cerca de 10% (Análise BES 2012). A
importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país bastante rico em recursos minerais. Em
2010, o país foi o maior produtor mundial de crómio, o maior produtor de platina (com uma quota mundial de
76%), o 5º maior produtor de ouro e o 4º maior produtor de diamantes (em volume e valor).

Para além deste setor, aqueles que têm maior peso no crescimento económico do país são as infraestruturas
(transportes, energia, comunicações e habitação social), a agricultura e o turismo .

2.1.2. Orçamento Geral do Estado43

A situação orçamental da África do Sul é sólida, muito embora se tenha registado uma ligeira quebra no
exercício de 2012. O défice do setor público administrativo aumentou ligeiramente de 4.1% do PIB em 2011,
para 4.2% do PIB em 2012.

Os maiores défices orçamentais recentes foram consequência de medidas anticíclicas do Governo, que
visaram apoiar o crescimento e o emprego. Assim, a despesa pública governamental aumentou, tendo subido
de 20% do PIB em 2011, para 29,9% em 2012.

O Governo previu para o ano de 2013 um aumento na despesa pública. No entanto, tudo indica que este
aumento está a decorrer a um ritmo inferior quando comparado com os resultados do exercício anterior, e com
as previsões orçamentais.

Apesar da economia Sul-Africana ter continuado a crescer desde a recessão de 2009, o ritmo moderado do
seu crescimento tem afetado negativamente as receitas, tendo a economia sido afetada pela instabilidade no
mercado laboral e pela diminuição dos preços nas matérias-primas. A degradação contínua do crescimento
económico verificada nos principais parceiros comerciais do país também não contribuiu para inverter esta
tendência.

43
Fontes: African Economic Outlook; Relatório Económico Anual – Banco Central da África do sul, 2013

77
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.1.3. Dívida Pública externa e interna44

A dívida pública interna aumentou substancialmente, tendo passado de cerca US$ 87 mil milhões em 2011,
para cerca de US$ 105 mil milhões em 2012. A dívida nacional corresponde a 90% do endividamento total.

Devido à natureza da moeda nacional e dos mercados de capitais, a fonte de financiamento primária para o
défice orçamental continua a ser a contratação de empréstimos internos através de uma combinação de títulos
do Tesouro, de obrigações de taxa fixa, e de obrigações indexadas à inflação.

A dívida pública externa reduziu de 3,8% do PIB em 2011, para 3,7% em 2012, enquanto a dívida externa total
passou de 27% (US$ 50,9 mil milhões) do PIB em 2011, para 29,2% (US$ 53,3 mil milhões) em 2012. O rácio
do serviço da dívida (que avalia a proporção das receitas da exportação necessárias para pagar o serviço da
dívida), aumentou de 93.8% em 2011, para 96.4% em 2012..

O aumento da dívida externa deveu-se, em grande parte, ao aumento do financiamento junto dos mercados de
capitais internacionais pelo Governo, pelo setor bancário, e através de financiamento externo com vista a
financiar investimentos em infraestruturas.

A Moody’s desceu a notação do crédito soberano da África do Sul em um nível - de A3 para Baa1, bem como
as notações dos depósitos externos das principais instituições financeiras e dos bancos comerciais. Cumpre
informar que as notações revistas, emitidas pela Moody’s, estão alinhadas com as notações das outras
principais agências de notação de risco de crédito, sendo improvável que afetem o acesso do país aos
mercados de crédito internacionais.

A estratégia para a gestão da dívida faz parte integrante das amplas políticas de sustentabilidade do Governo,
sendo de destacar afixação dos objetivos líquidos de financiamento, que incluem projeções detalhadas de
componentes internos e externos, a longo e a curto prazo (para um período de três anos).

O total da dívida bruta aumentou de cerca US$ 97 mil milhões, a 31 de março de 2011, para US$ 119 mil
milhões em 2012.

44
Fonte: African Economic Outlook

78
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2.2. Estrutura produtiva

2.2.1. PIB por Setor

O papel do Governo é relevante ao ponto de assegurar 40%, do investimento na Economia.

Conforme referido, os serviços financeiros e o imobiliário desempenham um papel de relevo no


desenvolvimento da África do Sul, sendo um dos setores determinantes na contribuição para o PIB. O
crescimento do setor deveu-se, em grande parte, a um aumento da atividade dos bancos comerciais. De
salientar que a África do Sul dispõe de uma estrutura financeira sofisticada, sendo a Bolsa de Valores de
Joanesburgo (JSE Limited) a maior de África.

Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011

Serviços Pessoais

Serviços Públicos
2% 7%
10%
Serviços Financeiros e imobiliário
16%
Transportes e comunicação
13%
Turismo e Comércio
3%
Construção
5%
21% Eletricidade, gás e água
15% Indústria Transformadora
8%
Mineração

Agricultura, pescas e florestas

No setor dos serviços, o turismo vem-se apresentando como um importante setor na sua Economia,
contribuindo fortemente para os níveis de emprego. Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking
mundial dos destinos turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente Africano (depois de
Marrocos).

A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB sul-Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu 10%
para o PIB do país, estimando-se que com os efeitos indiretos destas contribuições ascendam a 20%. O setor
45
empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 2012 . Em 2011, a
África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem vindo a
reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor (apresentando
46
uma quota mundial de 9,87% ).

A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente Africano, tem um peso diminuto no PIB do
país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter relevantes fundações agrícolas. Neste setor destaca-se o
vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção, com uma quota mundial de
3,5%.Para além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança

45
Facts about South African Mining-August 2013, Câmara de Minas da África do Sul
46
BES Research Africa do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme available at:
https://kimberleyprocessstatistics.org/

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

agrícola positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a
capacidade de autoabastecimento agrícola 47.

2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado

O Departamento de Empresas Públicas (Department of Public Enterprises – DPE) é o representante do


Governo com responsabilidade pelas seguintes empresas detidas pelo Estado (State Owned Companies -
SOC):

 Setor da Energia e Extração Mineira - Eskom e Alexkor;


 Setor da Produção - Denel, Safcol e Broadband Infraco;
 Setor dos Transportes - South Áfrican Airways, Transnet e South Áfrican Express Airways.

Estas empresas têm um papel fundamental no crescimento económico do país, e um peso muito importante
em vários domínios da região da África Subsariana.

A Eskom é responsável por 95% da energia usada na África do Sul e por cerca de 45% da energia usada em
todo o continente Africano. Estas empresas são responsáveis pelo desenvolvimento de infraestruturas chave e
contribuem para o aumento da capacidade de produção do país – por exemplo, a principal filial da Safcol, a
Komatiland Forests, detém 80% da companhia de florestas moçambicana - Indústrias Florestais de Manica -,
tendo um papel vital no desenvolvimento rural e na redução do desemprego local.

Os investimentos em infraestruturas são um elemento fulcral da estratégia de crescimento, e as empresas


detidas pelo Estado estão a implementar programas por forma a assegurar que são criadas oportunidades
sustentáveis para investir.

O objetivo deste departamento é o de impulsionar o investimento e a produtividade, e transformar o leque de


empresas do Estado, bem como os seus clientes e fornecedores, por forma a incentivar o crescimento,
industrialização, criação de novas empresas e o desenvolvimento de novas competências. Para que tal
aconteça, os objetivos e atividades do departamento deverão estar em linha com os do Governo.

47
Conclusões com base nos dados do Economic Review of the South African Agriculture 2011/2012

80
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.3. Política económica

2.3.1. Perspetivas futuras

Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), As perspetivas de crescimento futuro continuam a


48
África do Sul refletir uma incapacidade estrutural do país em
retomar o crescimento registado na última década.
Para 2014, a média das previsões de instituições
internacionais aponta para um crescimento de
3,5%, ainda que o cenário do FMI aponte para um
crescimento de 2,0%, e para 2015 as instituições
internacionais esperam um crescimento de 3,7%,
prevendo o FMI um crescimento de apenas 3,4%.

A desaceleração da Economia da África do Sul é


consistente com o abrandamento da taxa de
crescimento dos BRICS e da economia mundial. O
retomar das taxas de crescimento de 5%,
encontra-se pois dependente de alterações da
estrutura económica, e também da conjuntura
mundial.

Vários são os fatores limitativos do potencial crescimento da África do Sul: um mercado de trabalho ineficiente,
com grande falta de formação técnica e infraestruturas deficitárias e degradadas. Por outro lado, as elevadas
taxas de criminalidade, corrupção, ineficiência das entidades públicas e um crescimento mundial mais fraco,
continuarão a atrasar o crescimento do país.

No entanto, verificam-se alguns aspetos positivos como, designadamente, a expansão da classe média, que
deverá estimular o consumo privado de bens duradouros e serviços e a melhoria de redes de transporte e
estações elétricas que deverão permitir um reforço gradual da atratividade ao investimento externo.

2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul

Embora tenham ocorrido avanços significativos em determinadas áreas, a África do Sul continua a debater-se
com desafios significativos.

A maior economia Africana, e a 28º do mundo, enfrenta um alto nível de desemprego, sobretudo jovem, uma
população que vive com escassos rendimentos (contextos que explicam os elevados índices de criminalidade);
para além de questões de saúde pública, nomeadamente o ainda significativo flagelo da incidência de VIH.

A fraca qualidade do ensino e lacunas ao nível da educação contribuem também para o posicionamento mais
frágil em termos de desenvolvimento. A nível económico, pontua a dificuldade sentida nos últimos anos em
alcançar patamares de expansão mais robustos, que permitam sustentar a trajetória de desenvolvimento e
prosseguir na senda do crescimento. Neste ponto, entre os fatores que mais contribuem para esta situação,
destacam-se a deficiente oferta de energia elétrica, causando roturas nos transportes e na atividade
económica; o comportamento volátil do setor de extração e transformação de minério; o impacto desfasado
das políticas económicas restritivas antes da crise de 2008; e o recuo da procura externa e dos preços das
commodities nos mercados internacionais.

Mais recentemente, o Governo Sul-Africano anunciou as linhas gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento
(NDP) para 2030.

48
Fonte: FMI, IFI, Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul - BPI Research agosto 2012

81
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

49
Plano Nacional de Desenvolvimento: Uma estratégia para o crescimento e desenvolvimento

O Orçamento para 2013 consubstancia os objetivos estratégicos de crescimento e redução da pobreza


definidos no Plano Nacional de Desenvolvimento (“NDP”, na sigla original). O NDP, criado com o objetivo de
introduzir uma estratégia de longo prazo para um combate definitivo à pobreza e para reduzir as
desigualdades sociais até 2030, tem como principal foco (i) a melhoria do bem estar da população, (ii) a
redução dos custos associados à realização de negócios, (iii) o aumento das exportações e (iv) a criação de
mais emprego, com o objetivo último de tornar o crescimento económico mais inclusivo.

Plano Nacional de Desenvolvimento – África do Sul: 10 Ações Prioritárias

1. Criação de um pacto social (entre o Governo, setor privado, sindicatos e a sociedade civil) para reduzir a
pobreza e as desigualdades, com o objetivo de impulsionar o investimento e o crescimento económico;
2. Definição de uma estratégia para erradicar a pobreza e os seus efeitos que passe por reduzir o desemprego,
reforçar o salário mínimo nacional, desenvolver a rede de transportes públicos e aumentar o rendimento dos
trabalhadores em zonas rurais;
3. Melhoria da gestão e responsabilidade do serviço público, a coordenação do Governo com outras áreas e
eliminação da corrupção;
4. Impulso ao investimento em setores com maior intensidade de trabalho (com especial foco na criação de
emprego para os mais jovens), impulso da competitividade do país e das exportações;
5. Desenvolvimento do sistema educativo;
6. Desenvolvimento do sistema de saúde, através da modernização das infraestruturas de apoio à saúde pública,
de uma maior formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde e da redução do custo dos seguros
privados de saúde (em relação aos seguros públicos);
7. Impulso ao desenvolvimento em infraestruturas até 10% do PIB;
8. Assegurar a sustentabilidade ambiental e a capacidade de proteção contra choques externos;
9. Reforma do espaço geográfico, aumentando a densidade populacional das cidades, melhorando o sistema de
transportes, criando empregos mais próximos das zonas residenciais e desenvolvendo o mercado imobiliário; e
10. Redução da criminalidade através do reforço da justiça criminal e da melhoria do ambiente comunitário.

As ações prioritárias têm por base um conjunto de medidas e objetivos futuros definidos pelo Governo, até
2030 nas diversas dimensões.

Economia

 O PIB deverá aumentar 2,7 vezes em termos reais, o que implica uma taxa de crescimento médio
anual do PIB de aproximadamente 5,4%. O PIB per capita deverá aumentar de R50 000 por pessoa,
em 2010, para R110 000 por pessoa em 2030 (preços constantes);

 As exportações (medidas em volume) deverão registar uma taxa de crescimento de 6% ao ano em


2030, com a rubrica das exportações “não tradicionais” a crescerem cerca de 10% ao ano;

 As poupanças nacionais deverão aumentar de 16% do PIB para 25% do PIB até 2030;

 O nível da formação bruta de capital fixo deverá crescer de 17% para 30%, com o nível de
investimento fixo do setor público a aumentar cerca de 10%
até 2030.
Aumento estimado do
Comércio comércio intrarregional na
África Austral de 7% para
 O comércio intrarregional da África Austral deverá aumentar, 25% em 2030
de 7% para cerca de 25% até 2030;

49
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul / BPI Research agosto 2013

82
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

 O comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030.

Emprego

 A taxa de desemprego deverá baixar de 24,9% em 2012 (junho 2012) para 14% em 2020 e 6% em
2030. Seguindo estas previsões, o “emprego total” deverá aumentar de 13 milhões para 24 milhões de
pessoas empregadas;

 A percentagem da população adulta a trabalhar deverá aumentar de 41% para 61% até 2030;

 A percentagem da população adulta a trabalhar, nas áreas rurais, deverá aumentar de 29% para 40%
até 2030;

 Os programas do Governo para o apoio ao emprego deverão atingir 1 milhão de pessoas em 2015 e 2
milhões de pessoas até 2030.

Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030

Objetivos 2010 2015 2020 2030

Taxa de desemprego (%) 25% 20% 14% 6%

Emprego (milhões) 13 15,8 18,9 23,8

Energia

 A proporção de pessoas com acesso à rede elétrica deverá aumentar pelo menos 90% até 2030
(segundo dados da IEA, World Energy Outlook 2011, a taxa de eletrificação na África do Sul é de
cerca de 75% nas zonas urbanas / centrais, e o número de pessoas sem eletricidade é de cerca de
12.3 milhões).

 Até 2030, a África do Sul precisará de mais 29 000 MW de eletricidade disponível, e será dada maior
importância ao setor das energias renováveis. Este deverá registar um desenvolvimento considerável
até 2030.

Água

 Assegurar que toda a população tenha acesso a água limpa e potável, (estima-se que cerca de 94%
da população tenha acesso a água potável, de acordo com o Department water affairs – Rep of South
África) e que este recurso é suficiente para satisfazer as necessidades relativas à agricultura e
indústria.

Transportes

 Futuramente, a percentagem de utilizadores de transportes públicos no seu dia-a-dia deverá aumentar


substancialmente. Um dos objetivos do Governo para 2030 é tornar os transportes públicos mais
“amigos do utilizador e do ambiente” e mais económicos.

Portos

 É esperado um aumento da capacidade portuária de Durban, de aproximadamente 3 milhões de


contentores por ano para 20 milhões em 2040. O porto de Durban concorre diretamente com o Porto
de Maputo no qual foi anunciado em 2011 um investimento de US$ 750 milhões até 2030.

83
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.4. Infraestruturas e energia

Panorâmica das infraestruturas na África do Sul


Desde as eleições de 1994, que o
país se encontra dividido em nove
Situada no extremo sul do continente Africano, a África do Sul províncias distintas. A densidade
faz fronteira com a Namíbia, o Botsuana, o Zimbabué e
populacional, como se poderá
Moçambique, possuindo uma área de 1,1 milhões de
quilómetros quadrados. apreender da tabela ao lado, varia
bastante de província para província

Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013

84
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

50
Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas

Província População Área Densidade A atual degradação de infraestruturas


(2011) (km²) populacional é comumente apontada como um
(por km²) constrangimento ao crescimento
Gauteng 12.272.263 18.178 675.1 (destacando-se o défice na rede de
fornecimento elétrica, na rede de
KwaZulu-Natal 10.267.300 94.361 108.8 transportes e nas rodovias), o que é
Mpumalanga 4.039.939 76.495 52.8 ampliado pelo fraco investimento no
desenvolvimento das estruturas de
Western Cape 5.822.734 129.462 45.0 apoio à capacidade produtiva.

Limpopo 5.404.868 125.755 43.0 Note-se que de acordo com o índice


de Competitividade Global do World
Eastern Cape 6.562.053 168.966 38.8
Economic Fórum para 2012-2013, a
North West 3.509.953 104.882 33.5 África do Sul está, a nível de
infraestruturas, acima do nível padrão
Free State 2.745.590 129.825 21.1 da região. Mas, ainda assim, o país
encontra-se posicionado em 63.º
Northern Cape 1.145.861 372.889 3.1
lugar (de um total de 144 países). As
África do Sul 51.770.561 1.220.813 42.4
suas infraestruturas requerem
manutenção, e muitas delas
encontram-se obsoletas.

Apesar de em 2012 o investimento público ter aumentado em estradas, linhas ferroviárias, em portos e no
setor energético, continua a existir falta de dinamismo no setor, muito devido aos baixos níveis de investimento
privado.

Na tabela seguinte pode-se ver o investimento público previsto em infraestruturas, por setor, entre 2010 e
2015.
51
Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 2015 (US$M)

Setor Total

Serviços Económicos 677

Energia 296.2

Água e saneamento 75.2

Transporte e logística 262.0

Outros serviços económicos 43.6

Serviços sociais 140.2

Saúde 36.0

Educação 40.7

Serviços às comunidades 57.6

50
Fonte: Census 2011
51
Fonte: Análise do Orçamento de Estado para 2012

85
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Energia

O setor elétrico na África do Sul é dominado pela Eskom, que detém e opera a maioria
das infraestruturas elétricas, fornecendo 95% da energia do país.

O índice Doing Business de 2013 do Banco Mundial, estabelece que um dos aspetos mais negativos no
investimento na África do Sul está relacionado com a obtenção de eletricidade, encontrando-se o país em
150.º lugar (de 185.º posições possíveis).

As infraestruturas elétricas deficitárias constituem graves obstáculos à produção, especialmente quanto à


produção mineira.
52
Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul

Como resultado de baixos investimentos no setor, o total de energia passível de distribuição é inferior aos
níveis de 2006.

O país não se encontra capaz de gerar a energia necessária para fazer face à procura, acrescendo ainda que,
reflexo do avançado estado de degradação das infraestruturas, a Eskom, empresa de distribuição elétrica Sul-
Africana, não tem conseguido responder às necessidades da população. A falta de manutenção adequada tem
resultado numa recorrência cada vez maior nos cortes energéticos imprevistos, reduzindo assim a capacidade
elétrica nacional. As reservas marginais de energia da Eskom têm vindo a descer abaixo de 1% nos passados
meses, o que, quando comparado com uma norma internacional de 15% não deixa de ser preocupante.

52
Fonte: Eskom (2011)

86
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Apesar de a Eskom deter o monopólio no setor, existem hoje expetativas claras relativas à alteração das
regras que vigoram presentemente, e à implementação de regulação económica neste âmbito, visando a
quebra do atual monopólio na energia Sul-Africana.

Transportes

Os transportes, a par da energia, são o setor que tem atraído maior atenção por parte
do Governo, por se estabelecer como uma área bastante deficitária.

Cumpre salientar as seguintes caraterísticas da rede ferroviária da África do Sul (figura abaixo):

 Ligação dos oito principais portos marítimos ao interior do país;


 Os comboios de passageiros e de mercadorias utilizam as mesmas linhas ferroviárias (pelo menos em
serviços intercidades); e
 Ligação da África do Sul à Namíbia, ao Botsuana, a Moçambique e ao Zimbabué (e através do
Zimbabué, liga o país à Zâmbia). A linha ferroviária percorre ainda a Suazilândia.

A rede ferroviária Sul-Africana é constituída por quase 21 mil quilómetros de linha (num total de mais de 30 mil
quilómetros, quando consideramos as rotas ferroviárias principais que têm linhas duplas).
53
Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos

Na África do Sul existem oito


principais portos marítimos
comerciais (cuja localização pode
ser vista na figura ao lado):

 Durban;
 Baía de Richards;
 Cidade do Cabo;
 Baía de Saldanha;
 Nggura / Coega;
 Porto de East London;
 Baía de Mossel;
 Porto Elizabeth.

Os portos sul-Africanos
encontram-se divididos em três
grupos: ocidentais, centrais, e
orientais. A divisão geográfica
decorre da respetiva área de
influência que cada porto serve.

Os vários portos encontram-se ligados, por corredores, aos centros industriais e mineiros de Gauteng e
Mpumalanga, sendo a operação dos portos efetuada na sua maioria pela Transnet (que detém uma posição
dominante nos portos Sul-Africanos).

53
Fonte: Transnet, Ltd (2010)

87
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Considerando que os portos são compostos por uma mistura complexa de infraestruturas físicas e serviços
operacionais, a sua eficácia é avaliada através da eficiência com que os portos conseguem servir quem os
utiliza, criando assim valor para a economia nacional.

De referir que os portos sul-Africanos abrangem várias funções – enquanto uns estão focados quase
exclusivamente em produtos a granel, outros dão apoio apenas a determinados setores (a Baía Mussel, por
exemplo, presta apoio à indústria off-shore petrolífera). Existem portos que, por outro lado, se especializam
num só tipo de carga.

Porto Categoria de mercadorias por porto e suas especializações

Baía de Richards e Durban 65% de todo o fluxo de carga e passageiros

Baía de Richards e de Saldanha 80% de carga de granéis sólidos (principalmente minérios)

Durban e Baía de Saldanha 84% de granéis líquidos

Durban e Porto de East London 98% de todas as importações e exportações de veículos

Durban e Cidade do Cabo 82% do comércio de contentores

54
Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país)

54
Fontes: Trasnet, Ltd, 2010

88
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Porto Principais características

 É o porto que oferece o maior leque de infraestruturas e serviços em todo o país.


 Entre os principais produtos movimentados contam-se os contentores, veículos, grãos (arroz e
milho), produtos florestais (incluindo aparas de madeira), granéis líquidos (petróleo bruto, produtos
Durban petrolíferos e químicos), carvão, fertilizante, aço, fruta, açúcar e passageiros (incluindo navios de
cruzeiro).
 O porto pertence à Transnet, através da Associação Nacional dos Portos, ainda que alguns
terminais sejam operados por empresas privadas.

 Maior porto de granéis sólidos do país.


 A carga a ser movimentada neste porto tem crescido, uma vez que muitas empresas têm estado a
Baía de sair de Durban (devido ao ambiente menos congestionado à volta da zona de Richards).
Richards  O comércio do porto é dominado por exportações de carvão e de fluxos de granéis sólidos.

 Não tem a relevância do porto de Durban e da Baía de Richards em termos de comércio nacional,
servindo uma função mais regional.
 Não obstante, e estando localizado na muito preenchida rota marítima oriental-ocidental,
desempenha um papel relevante enquanto centro de transbordo para mercadoria destinada à
Cidade do África Ocidental.
Cabo  Mais do que uma infraestrutura facilitadora do comércio, o Porto da Cidade do Cabo dispõe de
atividade piscatória, reparação de navios e instalações de lazer.
 Desempenha um importante papel na reparação de navios, especialmente nos setores da
indústria petrolífera, diamantífera e piscatória do Atlântico Sul.

 É o porto com maior profundidade do país, estando apto a receber embarcações até 21,5 m de
Baía de
calado.
Saldanha  Grande parte da carga que passa pelo porto é a granel.

 Tem seis terminais, que servem diferentes funções (de contentores, de carga a granel, de carga a
granel fracionada, de veículos, de navios petroleiros, e de produtos alimentares frescos).
 Os terminais do porto estão, na sua maioria, equipados com carros e guindastes pórticos de
Porto última geração.
Elizabeth  Os principais bens a serem transacionados no porto são carga contentorizada (destinada tanto a
exportações como a importações), apoiando a indústria automóvel, bem como as exportações de
minério de manganês.
 Está previsto um plano de expansão para o porto.

Nggura /  É o porto mais recente do país, tendo começado a sua atividade em outubro de 2009.
Coega  Fica apenas a 20 km nordeste do porto Elizabeth.

 É, atualmente, o único porto fluvial do país.


Porto de  Dispõe de um terminal multiusos (incluindo um terminal de contentores), um terminal de granel, e
East London um terminal de veículos.
 As exportações e importações de veículos são hoje a principal atividade do porto.

Baía de  É quase totalmente dedicado a prestar apoio à indústria off-shore petrolífera.


Mossel

Relativamente à rede rodoviária Sul-Africana, esta compreende, aproximadamente, 154 mil quilómetros de
estradas pavimentadas, e 454 mil quilómetros de estradas de cascalho. As estradas são classificadas como
estradas nacionais, provinciais ou municipais.

89
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Existem, no entanto, estradas “não reclamadas” cuja


dimensão ascende aos 140.000 quilómetros e que se A deterioração das estradas sul-Africanas
encontram normalmente nas áreas rurais do país. Não acarreta três principais consequências:
são incluídas nas contagens oficiais, nem existe  Estima-se que o custo para reparar a
qualquer entidade responsável pela sua manutenção. deterioração sofrida é, á data, sete vezes
maior do que se a manutenção tivesse
A má condição da rede rodoviária Sul-Africana é geral, sido feita atempadamente;
mas afeta mais gravemente as estradas de cascalho  Os custos pelos utilizadores numa estrada
localizadas na província. Para além de melhorias na em más condições são o dobro quando
qualidade da rede rodoviária, mostra-se também comparados com uma estrada em boas
necessário um planeamento de acesso a estradas condições; e
rurais, que assegurem ligações a estradas provinciais  A acumulação do investimento subiu aos R
e distritais, possibilitando um acesso eficiente a 65 mil milhões em 1999.
localidades mais dispersas, e com baixa densidade
populacional.

Apesar da condição das estradas Sul-Africanas se ter deteriorado devido à sobreutilização e parco
investimento há, contudo, estabilidade na condição dos eixos rodoviários principais (como resultado de
investimentos mais elevados ao longo dos últimos anos) .
55
Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas

A distância entre Maputo e Joanesburgo é de cerca de 460 kms. O principal eixo rodoviário que liga estas
duas cidades é a estrada N4/EN4 passando pelo eixo principal de Lebombo, conhecida em Moçambique como
Ressano Garcia. A estrada entre Maputo e Joanesburgo é alcatroada e dispõe de facilidades de acesso, como
postos de combustíveis. É um dos principais eixos viários do país e é muito utilizada por camiões de carga
provenientes da África do Sul.

Em termos ferroviários são necessárias melhorias na qualidade do serviço oferecido aos utilizadores da rede,
e na capacidade operacional da rede ferroviária.

55
Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul

90
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Uma vez que é dada prioridade, na rede ferroviária Sul-Africana aos comboios de mercadorias, a maioria dos
comboios de passageiros estão limitados à velocidade máxima de 70 km/h. Assim, o período de viagem em
comboios tem-se revelado mais longo quando comparado a viagem por autocarro.

Mostram-se ainda prementes alterações institucionais que visam tornar a rede ferroviária mais eficiente, como
por exemplo a introdução de um regulador económico para o efeito, separando-se a gestão das infraestruturas
das operações, e publicitando-se o papel desempenhado pela rede ferroviária no comércio internacional sul-
Africano.

Mais, 78% da rede ferroviária do país já ultrapassou os vinte anos de vida útil inicialmente previstos, o que
indica necessidades urgentes de reabilitação.

Água e saneamento56

A África do Sul é um dos países onde a água mais escasseia, sendo que, dentro da
SADC, é o membro que utiliza, em maior grau, os seus recursos hídricos.

Os rios e as barragens sustentados pela água da chuva constituem a maior fonte de água, o que não tem
chegado para colmatar as necessidades do país (sendo que a água existente para consumo é mal repartida
entre a população).

A escassez da água representa um dos maiores obstáculos em termos de infraestruturas. As suas bacias
hidrográficas já estão totalmente utilizadas. Cerca de 77% da água da superfície (armazenada em barragens e
rios) está a ser usada.

O Governo definiu 2014 como meta para garantir o financiamento dos serviços básicos de abastecimento de
água e saneamento a todos os cidadãos sul-Africanos.
57
Em 2013, 74% da população Sul-Africana dispõe de acesso a saneamento básico no país.

TIC58

As telecomunicações são dominadas pelo setor privado, apesar de o Governo


exercer uma influência significativa através de políticas nacionais e regulamentação.

Estima-se que 17,4%59 da população tenha acesso à internet, sendo que existem dois
sistemas de acesso digital no país:

 A internet;
 Os sistemas móveis.

O setor encontra-se atualmente numa fase decisiva da evolução para a internet de banda larga, encontrando-
se os operadores de telecomunicações a investir em novas infraestruturas.

As redes móveis não estão a conseguir acompanhar a procura que tem havido pelos seus serviços.

Por outro lado, grande parte da população continua sem acesso à internet de banda larga, tendo vindo a ser
alocados recursos para a criação de uma infraestrutura digital nacional.

56
Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
57
Fonte: Organização Mundial de Saúde, Estatísticas Mundiais de Saúde, 2013
58
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
59
Estatísticas Mundiais da Internet, 2012

91
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

É pouca a população Sul-Africana que atualmente tem A África do Sul tem o objetivo claro de
acesso a computadores, ou a dispositivos de utilizadores
finais, havendo uma repartição inapropriada de recursos.
reforçar a sua centralidade em África,
Mas, e não obstante, o futuro não deixa de ser otimista – apoiando a cadeia de valor do setor da
estima-se que a maioria da população adulta estará a construção e promovendo a exportação
utilizar a internet no final da década. de serviços

2.5. Grandes projetos de investimento previstos com


infraestruturas60

A criação e a coordenação das políticas comerciais e industriais na África do Sul está a cargo do
Departamento de Comércio e Indústria (DTI).

Entre os cinco objetivos estratégicos do DTI, encontra-se o estabelecimento de um ambiente regulatório justo
que tenha em vista possibilitar o investimento, o comércio e o desenvolvimento empresarial de modo equitativo
e socialmente responsável.

Neste âmbito, são também de destacar outros departamentos e agências responsáveis por iniciativas
marcantes quanto às políticas de comércio e de investimento, entre as quais se contam o Departamento do
Tesouro Nacional, o da Agricultura, o de Saúde e o de Assuntos Minerais e Energéticos. O Banco Central
desempenha, naturalmente, um papel decisivo no desenvolvimento destas iniciativas.

Note-se que a África do Sul possui diversos acordos que complementam os tratados multilaterais, sendo de
destacar o Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (ACDC), assinado em 1999 com a União
Europeia (UE), configurando esta última não só a principal fonte de IDE do país, mas ainda o principal parceiro
comercial da África do Sul.

O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para 2030, elaborado em finais de 2011, contribuirá em larga
medida para o investimento e correspondente desenvolvimento em infraestruturas a curto prazo, prevendo-se
61
um investimento para os próximos três anos – o equivalente a 25,8% do PIB de 2012/2013 . Do valor global
do investimento estima-se que parte do investimento projetado (cerca de 4%) possa ocorrer por recurso a
PPPs.

60
Fonte: África do Sul – Perfil e Oportunidades Comerciais, 2011 (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos)
61
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul

92
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

62
Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas)

Departamentos Provinciais

22% Autoridades locais

48% Instituições fora do orçamento

18% Parcerias Público-Privadas

4% 5%
Empresas públicas não-financeiras

Este investimento deverá resolver, ainda que parcialmente, os problemas ao nível da produção e do
fornecimento de eletricidade, dos transportes, dos combustíveis, e da captação e distribuição de água e
alojamento.

Energia

Dado o crescimento económico da África do Sul, e dadas as necessidades energéticas


do país, há um conjunto de medidas que se encontram a ser adotadas de modo a
aumentar a capacidade de produção e distribuição de energia elétrica .

Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica

Objetivo Medidas Políticas

Pretende-se que a escassez  Aumentar a proporção da população com energia elétrica


 Redução da intensidade energética
de energia não constitua um
 Desenvolvimento das infraestruturas de transmissão
entrave ao potencial  Redução da utilização do carvão
crescimento da economia.  Maior recurso ao gás e às energias renováveis

Estas medidas integram-se no Plano de Desenvolvimento Nacional e em projetos específicos que permitirão
atingir os índices de capacidade e distribuição necessários ao país.
63
Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético

Projeto Montante

Plano de Desenvolvimento Nacional para 2030 Até 10% do PIB

Funcionamento das estações de energia elétrica de Kesuli e de Medupi (que irão adicionar
US$ 1.4 mil milhões
4.800 MW à capacidade de distribuição da Eskom, cada uma)

62
Fonte: Análise Orçamental de 2012 do Tesouro Nacional
63
Fonte: E.E.F., Mercados Financeiros (África do Sul) agosto 2013, BPI; Financing of Kusile and Medupi Power Plants – a
research paper prepared for BankTrack and Pacific Environment, Profundo Economic Research, outubro 2010.

93
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Transportes

Igualmente, o crescimento económico de África do Sul tem vindo a revelar uma


crescente necessidade de aumentar a eficiência dos transportes. Nesse sentido há um
conjunto de medidas programáticas que orientam os investimentos no setor dos
transportes.

Tabela 10 - Eficiência dos transportes

Objetivo Medidas Políticas

 Aumentar a capacidade ferroviária


 Recapitalização total da frota ferroviária
Melhorar a eficiência da  Expansão dos terminais dos portos, ampliação dos canais, e reconstrução de algumas
rede rodoviária, dos portos e estruturas dos portos
da rede ferroviária  Promover uma utilização maior dos transportes públicos
 Melhorias na qualidade da rede ferroviária (ao invés de se aumentar apenas o
comprimento das estradas)

Estas medidas programáticas irão resultar num conjunto vasto de investimentos que se estima virem a totalizar
cerca de US$ 12.5 mil milhões.

64
Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes

Projeto Montante

Projetos no setor dos transportes públicos US$ 9.2 mil milhões

Melhorias nos principais portos comerciais do país US$ 496 milhões

Projetos no setor rodoviário US$ 2.8 mil milhões

Água e saneamento

No setor da água e saneamento há um conjunto de medidas programáticas que visam


melhorar o acesso, bem como a própria rede das infraestruturas de saneamento básico .

Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico

Objetivo Medidas Políticas

Garantir o abastecimento de  Gestão dos escassos recursos hídricos do país


água e de saneamento  Assegurar que a população tem acesso a água e a saneamento básico
básico a todos os cidadãos  Alocação da água mais eficiente
sul-Africanos  Redução de perdas de água

64
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Trasnet, Ltd 2010.

94
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Para se atingirem estes objetivos o Governo encontra-se a elaborar um programa nacional de gestão de
recursos hídricos com medias a médio e longo prazo, ainda não tendo definido o montante global de
investimentos.
65
Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento

Projeto Montante

Programa de gestão dos recursos hídricos n.d.

O PND visa ainda incentivar o investimento privado, de forma coordenada com o investimento público (de
forma a evitar duplicações) na área dos transportes públicos, no setor das TIC, na área das energias
renováveis e no desenvolvimento de mais infraestruturas, promovendo a facilitação para a entrada do
investimento privado no país, e o crescimento de parcerias público-privadas (especialmente em matéria de
instalação de redes de fibra ótica nacionais, regionais e municipais) .

65
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da
República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul.

95
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais

A África do Sul apresenta uma economia relativamente aberta, com valores de exportação elevado e
diversificado.

Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana

África do Sul 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ /ZAR) 8,20 7,23 7,30 8,40 8,23

Inflação 3,40% 4,64% 7,10% 11,54% 7,13%

Balança Comercial (em % do PIB) (3,06%) (0,88%) (0,20%) (0,62%) (3,05%)

Balança Corrente (em % do PIB) (7,35%) (3,99%) (2,79%) (3,41%) n.d.

Fonte: Banco Mundial; OANDA

Relativamente à taxa de câmbio, importa referir que vigora um sistema de câmbio flutuante, sem intervenção
do Banco Central. O Rand desvalorizou face ao Dólar, comparando com 2009 e 2010, e é expetável que assim
permaneça.

Ao nível da taxa de inflação identifica-se uma tendência crescente, tendo atingido um pico em 2011 justificado
pelo aumento mundial dos preços dos alimentos e do petróleo.

A balança comercial apresenta-se continuamente deficitária entre 2008 e 2012, assim como a balança
corrente.

Importações

As importações têm apresentado um ritmo crescente desde 2009,


mantendo-se a China e a Alemanha como principais mercados de A África do Sul enquanto
origem. plataforma de acesso aos
mercados da região da
Tanto a China como a Alemanha exportam, na sua maioria, maquinaria
SADC tem um importante
e equipamentos de transporte, tendo representado no primeiro caso
61%, e no segundo caso 46%, em 2012, no total das importações da papel de destaque dentro da
África do Sul. comunidade perante o
mercado externo,
maximizado pela sua entrada
no grupo dos BRIC

96
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Importações Sul-Africanas – Top produtos

Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012

100% 140,000

121,606 122,760
90%
Peso nas importações totais de África do Sul

120,000
80%
101,640
94,226 100,000
70%
74,054 Índia

60% Japão
80,000
50% EUA
5%
3% 3% 4% 4% 60,000 Arábia Saudita
40% 5%
6% 5% 5% 5%
7% Alemanha
8% 8% 7% 8%
30% 40,000
5% 4% 4% 8% China
6%
20% 12% 11% 11% 10% Importações
11%
20,000
10%
11% 13% 14% 14% 14%
0% -
2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

As importações Sul-Africanas correspondem essencialmente a maquinaria e equipamentos de transporte e


combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados, representando este dois grupos de produtos
cerca de 60% do total das importações da África do Sul.

Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos

Maquinaria e equipamentos de transporte

5% 2% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais


9% relacionados

36% Químicos e produtos relacionados

11%
Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados


11%
Alimentos e animais vivos
24%
Matérias-primas (exceto combustíveis)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

O país da CPLP com maior relevo nas importações de África do Sul é Angola, pelas exportações de petróleo,
tendo representado 2,25% do total das importações da África do Sul.

97
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Em segundo lugar surge o Brasil que apresentou uma maior variedade de produtos
exportados para a África do Sul, destacando-se as exportações de carne, açúcar, trigo A CPLP
e Minério de ferro e seus concentrados. representou,
em 2012,
Moçambique exportou essencialmente combustíveis minerais: petróleo (50%), gás apenas 4,81%
natural (19%) e eletricidade (15%), em 2012. das
importações
Portugal tem uma dimensão reduzida no global das trocas, principalmente em 2012,
representando apenas 0,13% do total das importações de África do Sul. Com maior
sul africanas
peso surgem as exportações portuguesas de veículos e outro material de transporte e
as exportações de cortiça.

Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP

6,500

4.81%

5,500
4.79%
3.65%
Importações (milhões US$)

4,500 2,805
4.25%

2,686 4.23% 1,585


3,500

1,998
2,500 1,371

1,667 1,671

1,500
1,661 1,354
1,242
1,270
500 1,052
398 420 528

(500)
2008 2009 2010 2011 2012

Portugal Moçambique Brasil Angola

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

As importações a partir de países da CPLP têm aumentado de forma relativamente consistente e expressiva
nos últimos 3 anos, com especial destaque para os parceiros da CPLP inseridos na SADC, Angola e
Moçambique, com crescimentos, respetivamente, de cerca de US$ 2.6 mil milhões em 2011 para cerca de
US$ 4 mil milhões em 2012.

98
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Importações Sul-Africanas de Angola


Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola

Angola
2,25% das
importações sul
africanas

Angola e África do Sul


mantêm um acordo para
exploração, refinação e
distribuição de petróleo
entre as principais
empresas do ramo de
ambos os países - a Sul-
Africana PetroSA e a
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
angolana Sonangol
Angola apresenta um forte fluxo de exportação de petróleo para África do Sul, potenciado pelos diversos
acordos comerciais existentes que incluem a cooperação neste setor .

Importações Sul-Africanas do Brasil


Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil

Brasil
1,36% das importações
sul africanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

99
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil

Nos últimos anos o perfil de exportações do


Brasil para a África do Sul têm vindo a alterar- 7%
se, ocorrendo um aumento do peso dos 33%
9%
produtos relacionados com o setor alimentar.

De facto, em 2012, são os produtos


alimentares que ocupam o lugar cimeiro da 14%
pauta alfandegária brasileira para este país,
com especial destaque para o abate e a 27%
preparação de produtos de carne e de
pescado.

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Químicos e produtos relacionados


Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Importações Sul-Africanas de Moçambique


Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique

Moçambique
1,03% das
importações sul
africanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

100
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique

Moçambique tem um peso pouco expressivo


nas importações Sul-Africanas, as quais 3%3%
5%
correspondem essencialmente (87%) a
exportações de petróleo, gás natural e
eletricidade, não obstante a facilidade logística
de acesso ao mercado.

87%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Importações Sul-Africanas de Portugal


Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal

Portugal
Representação
marginal nas
importações sul
africanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

101
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal

As empresas nacionais não aproveitam o


mercado Moçambicano como ponte para o 2%
6%
mercado sul-africano, o que pode justificar a
fraca penetração no referido mercado. 11%
36%
Graças ao forte desenvolvimento do setor
automóvel da África do Sul (atualmente entre
os 20 primeiros a nível mundial em termos de 13%
produção automóvel), Portugal tem visto o seu
fluxo de exportações de veículos e outro
material de transporte aumentar.
29%

A cortiça também merece destaque,


representando 7,17% do total das exportações Maquinaria e equipamentos de transporte
portuguesas para África do Sul em 2012.
Bens manufaturados

As empresas portuguesas Químicos e produtos relacionados


gozam de um acordo
Outros artigos manufaturados
comercial celebrado entre a
África do Sul e a União Alimentos e animais vivos
Europeia que prevê a redução
Matérias-primas (exceto combustíveis)
ou mesmo isenção de tarifas
nos produtos importados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,2012

Exportações

Tal como ao nível das importações, os lugares cimeiros dos clientes Sul-Africanos são preenchidos pela China
e pelos Estados Unidos da América. O Japão surge em 3º lugar, seguido da Alemanha.

Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino

92,976
100%
86,712 90,000 Países Baixos
90% 80,892
Peso nas exportações totais de África do Sul

73,966 80,000
Reino Unido
80%
61,677 70,000
70% Índia
60,000
60%
Alemanha
50,000
50% 3%
5% 3%
4% 5%
7% 4% 4% 40,000 Japão
40% 6% 4%
3% 4% 4%
4% 8% 6% 4% 30,000
30% 8% 7% 5% EUA
9% 8%
11% 8% 6%
20% 20,000
10% 9% 9%
9% China
10% 11% 10,000
11% 11% 13% 12%
6%
0% - Exportações
2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

102
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Quanto à estrutura das exportações Sul-Africanas, o top 3 dos produtos mais exportados foi preenchido em
2012 pelas exportações de ferro (13%), carvão (8%) e platina (7%).

Exportações Sul-Africanas – Top produtos


Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados
2%
6%
Maquinaria e equipamentos de transporte
7% 26%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
relacionados
7%
Químicos e produtos relacionados

Commodities e transações n.e.


11%
Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados


23%
17% Bebidas e tabaco

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

Fonte: International Trade Centre, 2012

Relativamente à CPLP, a África do Sul exporta mais para Moçambique, o que se justifica em grande parte pela
proximidade geográfica dos dois países, como anteriormente referido. Em segundo lugar surge Angola,
seguido do Brasil e de Portugal. Destes 4 países, apenas Portugal apresenta uma tendência decrescente.

Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP


A CPLP
4,500 representou,
4.65% em 2012,
Exportações (milhões US$)

4,000 3.94%
3,500 4,65% das
3,000 3.78%
3.61%
2,077
exportações
4.08% sul africanas,
2,500 2,026
1,116 1,270 com destaque
2,000
1,324 para
1,500 1,142 Moçambique
747 773 777
1,000 629
500 593 709
368 744 728
338 193 163 107 85
-
2008 2009 2010 2011 2012

Portugal Brasil Angola Moçambique

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

103
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Exportações Sul-Africanas para Moçambique


A CPLP, na sua relação comercial com a África do Sul, apresenta um peso relativamente reduzido,
apresentando no entanto uma balança comercial superavitária, sustentada fundamentalmente pelas
exportações de petróleo de Angola.

Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique

Moçambique
2,39% das
exportações sul
africanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique

6%
A África do Sul representa cerca de 31% na 9% 28%
quota de importações de Moçambique, sendo
fornecedor de inúmeros produtos, traduzindo
14%
uma forte relação comercial.

São, no entanto, de destacar as exportações


Sul-Africanas de eletricidade e carvão e ainda 18% 23%
de maquinaria e equipamentos de transporte.

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados


Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Outros artigos manufaturados

104
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Exportações Sul-Africanas para Angola


Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola

Angola
1,32% das
exportações sul
africanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola

Com Angola o fluxo de exportações não é tão


intenso como em relação a Moçambique, mas 4%
5%
apresenta ainda assim uma grande diversidade
de produtos exportados. 8% 28%

Os maiores fluxos em 2012 foram as 11%


exportações de fertilizantes (13%), veículos de
transporte de mercadorias (8%) e bebidas
alcoólicas (6%).
18%
26%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Bebidas e tabaco

Outros artigos manufaturados


Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
relacionados

105
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Exportações Sul-Africanas para o Brasil


Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil

Brasil
0,84% das
exportações sul
africanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012


Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil

As exportações de África do Sul para o Brasil


têm muito pouca representatividade no total 5%
das importações brasileiras, cerca de 0,38% 8%
em 2012 e das exportações sul-africanas 33%
(0,84%). O seu crescimento médio anual foi de
2,36% entre 2008 e 2012.
18%
Ao nível dos combustíveis minerais exportados
para o Brasil, destaca-se o carvão, que liderou
em 2012 a pauta alfandegária quando
analisada em maior detalhe. Em segundo lugar
surgem as exportações de inseticidas e em 33%
terceiro materiais plásticos.
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais
relacionados
Maquinaria e equipamentos de transporte

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

106
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Exportações Sul-Africanas para Portugal


Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal

Portugal
0,10% das
exportações sul
africanas, com
tendência
decrescente

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal

No que se refere às importações Portuguesas


de produtos Sul-Africanos o grau de 5%
especialização é superior. 8%

Em 2012, a importação portuguesa de bens


alimentares liderou a tabela, sendo de 12%
destacar as compras de frutas e nozes e de 52%
peixe.

As compras de ouro não monetário também 20%


merecem destaque, representando 20% do
volume de importações de África do Sul, sendo
este país o principal fornecedor de ouro de
Portugal neste mesmo ano. Alimentos e animais vivos

No entanto a relevância proporcional nas Commodities e transações n.e.


importações nacionais e nas exportações sul-
africanas é diminuta. Químicos e produtos relacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

107
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.7. Principais setores de oportunidade


As oportunidades decorrentes das necessidades de investimento
“O pólo agroindustrial de
em infraestruturas e energia já apresentadas podem constituir
áreas de oportunidade de negócio para investidores Capanda tem uma área de 411
internacionais, em particular nos domínios das áreas de projeto, mil hectares. A meta é substituir
fiscalização e construção civil e obras públicas. 50% do que Angola gasta a
importar alimentos.”
Acresce que as prioridades do Governo, a nível setorial e a seguir
referidas originam um conjunto de oportunidades adicionais de Revista Exame. 2013
negócio, nas mais variadas áreas da Economia, sendo de
destacar:

 Desenvolvimento de tecnologias na área agroindustrial, promovendo o desenvolvimento agrícola de


pequenos e médios negócios agrários, para os países adjacentes e pertencentes à SADC, os quais
apresentam forte dependência do setor agrícola, nomeadamente o Lesoto, Maláui, Moçambique,
República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué;
 Desenvolvimento de serviços e equipamentos associados ao Cluster da indústria extrativa, que
representa cerca de 10% do PIB da África do Sul e cujo potencial de crescimento mantém-se positivo;
 Turismo (de lazer e de negócios), com alavancagem nos objetivos da África do Sul de se tornar um
hub da África Austral para ligações intra e intercontinentais.

A tabela seguinte visa sintetizar as prioridades governamentais nos vários setores de atividade e, portanto, os
setores mais favoráveis ao investimento oriundo da SADC em geral, e de Portugal em particular .
66
Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030)

Principais Apostas do Governo


Setores
Económicos
Agro - indústria  Investimentos substanciais em infraestruturas de irrigação, incluindo o armazenamento de água,
distribuição pelo país, assim como o investimento numa tecnologia de poupança de água, em
regiões com elevado número de recursos naturais;
 Apoio aos pequenos agricultores (tecnologia e acesso aos mercados);
 “Segurança de investimento”: os agricultores só devem investir em determinada área, quando a
garantia de retorno seja total. Esta medida irá garantir a disponibilidade de rendimento para os
agricultores existentes, para novos agricultores, e o retorno do investimento necessário;
 Desenvolvimento de tecnologia: O crescimento da produção agrícola foi sempre alimentado pelo
desenvolvimento de novas tecnologias, sendo que os retornos do investimento relacionados
com I&D neste campo são elevados;
 Medidas políticas para estimular o aumento do consumo de frutas e legumes por parte da
população;
 Exploração de medidas “inovadoras”, como por exemplo o estabelecimento de contratos com
pequenos agricultores com o objetivo de melhorar a gestão da produção.
Indústria extrativa  Diagnóstico dos principais constrangimentos que impedem o crescimento e desenvolvimento do
setor mineiro e implementação de um conjunto de medidas de combate aos mesmos;
 Aprofundamento dos vínculos deste setor com os outros setores da economia, como por
exemplo reforço das relações entre vários fabricantes ou fornecedores ligados ao setor da
mineração;
 Promover a I&D, permitindo a melhoria dos métodos de extração, maior eficiência energética e
redução do desperdício de água; Identificação de oportunidades que aumentem o envolvimento
regional do Cluster (o setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da
economia Sul-Africana, tendo contribuído, em 2011, com cerca de 10% para o PIB. A
importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país notoriamente rico em
recursos minerais).

66
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul

108
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Principais Apostas do Governo


Setores
Económicos
Manufatura  Dar prioridade aos produtos que são mais “dinâmicos” e apresentam maior grau de ligação ao
uso doméstico;
 Aproveitamento de contratos públicos e privados para promover a localização e a diversificação
industrial;
 Intensificação e apoio à I&D, com o objetivo de promover o desenvolvimento de novos produtos,
inovação e comercialização. No ranking de competitividade 2013 - 2014 “Global
Competitiveness Report”, que analisa a competitividade de vários países com base numa serie
de critérios, a África do Sul classificou-se em 33º lugar (em 148 países) no critério “capacidade
de inovação” e em 43º no critério “gastos das empresas em I&D”.
Turismo e Cultura  Promoção do país enquanto destino de conferências e eventos;
 Melhoria do nível de infraestruturas, nomeadamente rede de transportes, alojamento e ofertas
turísticas;
 Posicionar o país como um Centro de Negócios;
 Promoção do país enquanto destino internacional, pela sua biodiversidade, beleza e recursos
naturais. Facilidade de deslocação para os turistas que viajam entre países da região (o setor do
turismo apresenta-se como um importante setor da economia do país, tendo representado, em
2011, 14,5% do PIB).
Setor financeiro  Desenvolvimento do setor e garantia de acesso à população Sul-Africana (em 2030, é esperado
um aumento de cerca de 63% das pessoas com acesso a serviços financeiros). O setor
bancário da África do Sul encontra-se bastante desenvolvido, podendo ser visto como estando
entre iguais, ao nível da banca europeia.

Desta lista merecem destaque as potencialidades abertas pela necessidade de equipamentos e tecnologia
para a agroindústria e indústria regular, bem assim como pela promoção do Turismo. A aposta nas
infraestruturas a seguir mencionada, reitera, mais uma vez, a relevância dos equipamentos, a par
naturalmente da exportação do leque total de serviços ligados à construção e às obras públicas .
67
Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas

Principais Setores de Potencialidades / Apostas do Governo


Infraestruturas
Construção /  Aumento da capacidade do Governo relativa à gestão do Orçamento destinado a
Infraestruturas infraestruturas, assim como outras questões relevantes para o setor, especialmente no que
respeita à gestão de projetos, planeamento a longo prazo e monotorização e avaliação das
despesas de construção e outros trabalhos;
 Promoção das exportações dos setores da construção civil e indústrias fornecedoras,
através da criação de um centro Financeiro para a África e mais apoio nas relações
diplomáticas comerciais;
 Intensificação do apoio às indústrias fornecedoras, como por exemplo materiais de
construção, aço, vidro ou cimento;
 Criação de condições para uma indústria cíclica menos volátil, dando prioridade a pequenos
projetos regionais, que são mais facilmente acessíveis para as pequenas empresas ou
pequenos operadores.

67
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul

109
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.8. Investimento direto estrangeiro na África do Sul

O período de 2010 a 2012 reflete um aumento exponencial do IDE Sul-Africano para o exterior, bem como
uma continuação da capacidade de captação da IDE para o país (inward), mantendo-se um saldo positivo
entre os fluxos de IDE de, e para a África do Sul.

África do Sul
Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012 Dados referentes aos últimos 24 meses

Número de projetos: 277


10,000 9,006
CAPEX: US$ 13.037 milhões
8,000
Fluxos de IDE (milhões US$)

Postos de trabalho criados: 28.393


6,004
6,000
5,365 Empresas/investidores: 245
4,572

4,000
4,369
Principais cidades recetoras de IDE
2,000 1,228
Joanesburgo: 89 projetos
- 1,151
-76 Cidade do Cabo: 42 projetos
-257
(2,000)
Durban: 13 projetos
(4,000) -3,134 Pretória: 10 projetos
2008 2009 2010 2011 2012
Porto Elizabeth: 9 projetos
Inward Outward
Fonte: FDI markets

De facto o investimento sul-africano no exterior tem vindo a aumentar, em particular para o resto de África,
(cerca de 18 mil milhões de US$). Segundo o “World Investment Report 2013”, o aumento dos fluxos outward
de IDE africanos, deve-se sobretudo aos investimentos Sul-Africanos para o exterior, em particular no setor
mineiro, no setor grossista, e em produtos do setor da saúde.

Por outro lado, em termos de IDE a África do Sul é o país africano que mais investimento chinês recebeu em
2011 (cerca de US$ 16 mil milhões). Adicionalmente, segundo um estudo desenvolvido pelo UNCTAD, a África
do Sul surge em 15º lugar no “TNCs’ top prospective host economies for 2013–2015”.

110
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

A indústria mineira
lidera a captação
Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$)
de IDE na África
Setor 2009 2010
do Sul
Indústria extrativa 39.115 58.569
Outros serviços 32.688 39.610 Estes dados, para pequenas economias
pouco expostas ao exterior, reiteram a
Atividades empresariais 31.708 36.427
relevância dos setores referidos na secção
Transporte, armazenagem, telecomunicações 8.764 12.646 anterior como setores apetecíveis para IDE
no País em função das apostas estratégicas
Comércio grosso e a retalho 4.204 5.199
do Governo.
Construção 275 308
Agricultura 126 140
Serviços de comunicação, sociais e pessoais 77 87
Eletricidade, gás e água 4 4
Fonte: Centro de Comércio Internacional

2.9. Financiamento à Economia

2.9.1. Principais bancos presentes

Tendo um sistema regulamentar eficiente, FiguraEstrutura acionista


22 - Estrutura bancária
acionista bancária em África
mercados financeiros bem desenvolvidos e
instituições financeiras sólidas, o sistema
financeiro da África do Sul é bastante estável. De
acordo com o Relatório sobre a Competitividade
Global para 2012-2013 do Fórum Económico
Mundial, o país ficou classificado em terceiro lugar
num total de 144 países, quanto ao
desenvolvimento do mercado financeiro, e em
primeiro lugar no quadro jurídico do setor
financeiro e da regulamentação dos mercados dos
valores mobiliários.

O setor bancário da África do Sul é composto por


19 bancos e 12 sucursais de bancos estrangeiros.
No entanto, o setor é ainda bastante concentrado,
com 4 bancos a representarem 86% do total de
Predominantemente local
ativos. Destaca-se o “The Standard Bank of South
África”, com uma quota de 24.6% em termos de Equilibrada

depósitos, e de 26% em termos do crédito Estrangeira e Governo


concedido (no final de 2011), banco que se Predominantemente estrangeira
posiciona no ranking mundial na posição 112. Os Predominantemente Governo
rácios de capitalização dos bancos encontram-se,
Excluído
claramente, acima dos níveis regulatórios exigidos,
(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)
com uma média de 14.1% para o rácio de RWC
(risk weighted capital) e de 11.8% no Tier 1.

No contexto da SADC, a África do Sul é o país em que se verifica o maior nível de protecionismo do setor
financeiro, verificando-se uma predominância de bancos cuja estrutura acionista é fundamentalmente local .

111
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.9.1. Bancarização da população68

Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em O nível de bancarização da África do Sul é dos
África Contas bancárias (% +15anos) mais elevados da SADC e de toda a África.

O Finscope Survey 2012, refere que 67% da


população adulta da África do Sul tem conta
bancária, e desses, cerca de 72%, além de terem
conta bancária, utilizam também produtos
bancários, tendo-se verificado um aumento da
utilização de contas poupança (30% para 39%) e
de máquinas eletrónicas e cartões de débito (52%
para 61%). Já a utilização de produtos bancários
manteve-se nos 25%.

A maioria dos adultos (70%) usa


produtos/serviços não bancários formais e 51%
dos adultos usa mecanismos informais. No
entanto, cerca de 19% da população não usa
< 10%
produtos nem serviços bancários.
Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30% Existem diferenças significativas entre os níveis


Entre 30% and 40% de inclusão financeira nas zonas rurais e urbanas:
> 40% enquanto cerca de três quartos dos adultos (74%)
Não disponível das áreas urbanas têm conta bancária, apenas
(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)
54% dos adultos usam produtos bancários nas
zonas rurais. O setor informal, mais acentuado
nas zonas rurais, desempenha um papel
importante em quebrar as barreiras da inclusão
financeira.

O setor bancário tem-se empenhado em melhorar o nível de inclusão financeiro da população Sul-Africana. O
Financial Sector Charter (FSC) e o Black Economic Empowerment Act (BBBEE) têm sido os principais pilares
da transformação do setor. Assinado em 2003 e implementado em 2004, o FSC é um acordo de
transformação voluntária para o setor financeiro.

O setor financeiro em geral e as instituições financeiras, em particular, assumiram o compromisso de


"promover ativamente um setor financeiro globalmente competitivo, que reflita a demografia do país, e que
contribua para o estabelecimento de uma sociedade justa através de uma eficaz prestação de serviços
financeiros acessíveis direcionando investimentos para setores-alvo da economia". O Governo criou ainda
canais alternativos para o financiamento das pequenas e médias empresas (PME).
69
Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 2012

2010 63 5 9 23
Bancários

2011 63 5 5 27 Formais (não bancários)


Informais
2012 67 6 8 19 Não servido

0% 20% 40% 60% 80% %


100%

68
Fonte: www.bna.ao
69
Fontes: http://www.banking.org.za, Finscope Survey 2012, OCDE

112
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.9.2. Microcrédito

O setor do microcrédito na África do Sul surgiu em 1980 e tem sido impulsionado por várias Empresas,
Organizações Não Governamentais e Agências Governamentais, das quais se destacam:

 Small Enterprise Foundation – é a mais antiga e mais conhecida organização de microcrédito na África
do Sul e tem como público-alvo os residentes das zonas rurais do Limpopo e Mpumalanga, onde os
níveis de pobreza são dos mais elevados do país;
 Marang Financial Services – organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar o acesso dos mais
pobres aos serviços financeiros;
 Women’s Development Businesses – é composta por três organizações: WDB Micro Finance, WDB
Trust e WDB Investment Holdings - todas trabalham em conjunto para ajudar as mulheres Sul-
Africanas a encontrar uma solução duradoura para a pobreza;
 FINCA South Africa – tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população mais
desfavorecida através da prestação de serviços financeiros para empreendedores com pouca
capacidade financeira;
 Paradigm Shift - organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar as igrejas dos países
em desenvolvimento para dar formação aos mais desfavorecidos sobre negócios, microcrédito,
orientação e disciplina.

Apesar de ter vindo a crescer ao longo dos anos, em 2000 o setor entrou na chamada “Fase de
Consolidação”, uma vez que o rápido crescimento das instituições de microcrédito se tornou insustentável.
Primeiro porque o número limitado de pessoas que necessitavam desses créditos levou a um aumento da
competitividade entre as instituições, o que levou a uma redução das margens de lucro. Segundo, o Governo
proibiu o crédito consignado e criou um Conselho Regulador das Micro Finanças (Micro Finance Regulatory
Council), com a finalidade de regular o microcrédito.

A diminuição dos lucros, a eliminação de um mecanismo de cobrança estável e os elevados custos de


cumprimento da legislação fizeram com que muitos credores saíssem do mercado. Considerando que existiam
cerca de 3.500 instituições de microcrédito registadas em 1997, apenas 1.334 permaneciam em 2000 .

2.9.3. Taxas de juro de financiamentos70

A África do Sul tem um sistema de câmbio flutuante. Por forma a minimizar o impacto negativo de excesso de
fluxos de capitais de curto prazo e de volatilidade cambial, o Banco Central Sul-Africano (South African Reserv
Bank) intervém no mercado cambial, aligeirando os controlos cambiais e acelerando a acumulação das
reservas cambiais externas. Estas reservas atingiram, em agosto de 2011, um máximo histórico de US$ 51.4
mil milhões, tendo-se mantido próximas deste nível (US$ 50 mil milhões) até agosto de 2012. O Banco Central
Sul-Africano tem vindo a utilizar a acumulação de reservas como um instrumento de gestão da sua liquidez
internacional, ao invés de aplicar esta acumulação numa política cambial ativa.

A política monetária assegurou a estabilidade dos preços, mantendo-se a inflação dentro das taxas previstas
(3-6%) na primeira metade de 2012. No entanto, a inflação de base aumentou significativamente em dezembro
de 2012 para 4,9%, bem acima da média a longo prazo de 4,9%. A taxa de inflação global anual homóloga
(year-on-year inflation), impulsionada pelos preços do petróleo, da eletricidade, da educação e da comida,
registou uma subida para os 5,7% em dezembro de 2012, depois de se ter mantido nos 5,6% em novembro.

No entanto e apesar de uma taxa de juro historicamente baixa, a procura de crédito pelo setor privado
permanece relativamente baixa. Por outro lado, entre julho e agosto de 2012 o crescimentoda massa
monetária desceu de 8,3% para 7,8%.

70
Fonte: African Economic Outlook

113
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2.9.4. Bolsa de valores71

Em junho de 2012, a bolsa de valores de Joanesburgo – JSE – tinha 401 empresas cotadas, tendo a
capitalização da bolsa atingido os US$ 734 milhões, o que representa um crescimento médio anual de 56%
desde 2000.

Segundo dados da World Federation Exchange disponibilizados pela JSE, a bolsa de valores Sul-Africana
ocupa o 19º lugar num conjunto de 54 membros, o 21º em volume de transações, e o 29º em liquidez de
mercado. As transações em bolsa estão totalmente automatizadas, realizando-se através de um sistema
eletrónico de compensação e liquidação.

O investimento na África do Sul


deverá igualmente ter em
consideração o cumprimento das
regras para combater a
desigualdade previstas pelo
programa “Broad-Based Black
Economic Empowerment (B-
BBEE)”

71
Fonte: Research BPI – África do Sul 2012

114
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3. Angola
A 2ª principal economia da SADC

115
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3. Angola. A 2ª principal economia da SADC

3.1. Macroeconomia

3.1.1. PIB da economia angolana

A recuperar de um período de crescimento relativamente lento, o PIB de Angola, que representa 17,57% do
PIB da região da SADC e pouco mais de 3% da CPLP, cresceu, aproximadamente, 8,1% em 2012, estimando-
se que venha a crescer entre 7,2% em 2013 e 7,5% em 2014.
72
Gráfico 60 - Evolução anual do PIB Angolano (últimos 5 anos)

16 14 120,000
14
100,000
12
80,000
10 8.1
8 60,000
6 4 40,000
4 3
2
20,000
2
0 0
2008 2009 2010 2011 2012

PIB (M USD) Crescimento anual PIB (em %)

Os seus baixos níveis de investimento – tanto público, como privado, são uma das caraterísticas mais
marcantes da economia angolana. A taxa de investimento no país representa cerca de 13% do PIB, bem
abaixo da média trianual para a África Subsariana de 24%. O investimento público corresponde
aproximadamente a 10% do PIB, enquanto o investimento privado representa apenas 3% deste.

No entanto, cumpre notar que as autoridades do país têm vindo a adotar medidas para aumentar o valor do
investimento, tendo o mesmo crescido 29 pontos percentuais só em 2012, sendo que o Orçamento de Estado
para 2013 perspetivou um aumento de 60% nas despesas de investimento.

Apesar das perspetivas a médio prazo serem favoráveis, a dependência petrolífera torna a sua economia
bastante vulnerável a choques externos, além de a exporem ao risco da denominada “dutch disease” (cuja
tradução literal é doença holandesa).

Esta “doença” é caracterizada pelo aumento da receita nacional decorrente da exportação de recursos
naturais abundantes (no caso petróleo) e o fenómeno de desindustrialização decorrente da valorização
cambial. Os recursos (capital e trabalho) tendem a deslocar-se para a produção de bens/serviços nacionais
"não transacionáveis ” para responder ao aumento da procura interna, diminuindo assim a produção dos
setores primário e secundário.

Obedecendo às leis de mercado, o aumento da procura interna originará uma escalada dos preços dos
produtos não transacionáveis. Por outro lado, os preços de produtos transacionáveis (como os produtos
alimentares) são definidos no palco internacional reduzindo a possibilidade de aumento das margens e
afastando os investidores. Resumindo, dar-se-á um aumento de preços internos e um aumento de fluxo de

72
Banco Mundial

116
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

divisas estrangeiras decorrentes da venda de petróleo.

Como consequência, ter-se-á um aumento da taxa de câmbio real, e/ou pressões inflacionistas. Assim, o setor
transacionável (com especial ênfase nas exportações) perde competitividade e tende a contrair-se, agravando
ainda mais a dependência do petróleo.

Uma forma de combater esta tendência é a de calibração das tarifas, dentro do que é permitido pelo comércio
internacional, promovendo a opção por “campeões” nacionais. Contudo, estes raramente se tornam um
sucesso, em países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, devido à falta de concorrência. A segunda
opção é a utilização das receitas do petróleo de forma a controlar a taxa de câmbio e as reservas nacionais de
moeda estrangeira, o que tem sido uma das estratégias utilizadas por Angola.

Desde pelo menos 2004, os especialistas das organizações internacionais, como a OMC e o FMI, têm
salientado este risco para a economia angolana. O recente acordo celebrado entre o FMI e Angola, em parte,
esteve relacionado com uma ineficiente política de gestão de receitas de petróleo, alterando os termos de
troca no comércio internacional.

Por outro lado, a dependência de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo – especialmente
de bens alimentares – faz com que qualquer aumento substancial nos preços internacionais deste tipo de bens
se traduza num rápido aumento da inflação e numa redução do consumo (tendo assim um forte impacto na
população mais pobre).

Relativamente à inflação, de notar que a mesma desceu para 9% em 2012, o valor mais baixo das últimas
décadas (em grande medida devido à descida global dos preços dos produtos alimentares, e dos esforços do
Banco Nacional de Angola (BNA) em estabilizar a taxa de câmbio nominal).

Importa ainda notar que as flutuações dos preços das matérias-primas no mercado internacional e o combate
à inflação poderão alterar as condições conjunturais de mercado e alterar o risco macroeconómico do país.

3.1.2. Orçamento Geral do Estado para 201373

No que respeita ao Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2013, vale a pena destacar que a composição da
despesa por natureza económica refletiu o apoio prioritário à ampliação das infraestruturas económicas e
sociais necessárias ao aumento da produção, do emprego e do bem-estar da população, com a
predominância dos gastos para o investimento (24,7%), pessoal (19,51%), amortização da dívida (18,24%), e
aquisição de bens e serviços (17,5%).

Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%)

Investimento
8%
25% Subsídios
18%
Bens e serviços A composição da
despesa por natureza
Pessoal económica reflete o
12%
20%
apoio prioritário à
Amortizações da divida ampliação das
17%
infraestruturas
Juros económicas e sociais

73 Fonte: Relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado para 2013, Rep. de Angola

117
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

A distribuição funcional e programática da despesa prioriza o setor social, com destaque para a educação,
saúde, proteção social, habitação e proteção ambiental.

Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%)

Educação

8% Saúde
5%
31% Proteção Social
11%
Habitação e serviços comunitários A distribuição
funcional e
Defesa
programática da
7%
despesa prioriza
Segurança e ordem pública
o setor social
9%
18%
9% Assuntos económicos

Serviços públicos gerais

3.1.3. Dívida Pública74

No âmbito do programa Standby Agreement 2009-2012, com o apoio do FMI, o Governo fez esforços
significativos para disciplinar a política orçamental e reforçar a gestão financeira pública. A racionalização das
despesas correntes permitiu o registo de um superavit orçamental de 8,8% do PIB, em 2012, e possibilitou o
reembolso de dívida pública no montante de US$ 7,5 mil milhões.

A dívida de Angola aparenta estar a entrar num período de estabilização e o rácio da dívida pública externa
em percentagem do PIB caiu de 19.7% em 2011, para 19.5%, em 2012. No entanto, deverá subir ligeiramente
para 20.4% em 2013, devido à assinatura de novas linhas de crédito destinadas a financiar o programa
nacional de reabilitação de infraestruturas.

Já o rácio da dívida pública interna em percentagem do PIB caiu de 11.8% em 2011, para menos de 9% em
2012, devido à racionalização das fontes de financiamento das despesas. A regra orçamental implementada
pelo Governo, baseada na acumulação de elevadas reservas de moeda estrangeira, permite imunizar/cobrir o
risco de volatilidade dos preços do petróleo e dos choques externos, ao nível da economia do país.

A criação de um Fundo Soberano, em outubro de 2012, também é vista como um passo importante para
atenuar o impacto da volatilidade dos preços do petróleo sobre as despesas de investimento, e garantir a
sustentabilidade da gestão das receitas petrolíferas .

74
Fonte: African Economic Outlook

118
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.1.4. Reservas de moeda estrangeira

As reservas em moeda estrangeira existentes em Angola são essencialmente constituídas por reservas
monetárias, e ouro, incluindo Direitos de Saque Especial (“SDR”).

Estes valores expressos no gráfico abaixo permitem à autoridade monetária central do país cumprir com as
suas obrigações garantindo a emissão de moeda e reservas bancárias.

O gráfico abaixo representa a evolução ocorrida ao nível da reserva de moeda estrangeira e ouro para o
período em análise de 2007-2011 em Angola.

Gráfico 63 - Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$ milhões)

28,350
30,000
25,000
18,380
Milhões US$

20,000 16,890
13,640
15,000 11,200
10,000
5,000
0
2007 2008 2009 2010 2011

Angola

Fonte: Factbook, CIA

3.1.5. Nível de financiamento à economia

No final do ano de 2009, Angola foi sujeita a um processo de ajustamento macroeconómico envolvendo as
autoridades nacionais e o FMI. O financiamento de cerca de US$ 1,4 mil milhões foi reembolsado com
sucesso no final do ano 2012.

A ajuda financeira externa e a intervenção do FMI permitiram resolver alguns problemas existentes até então,
tais como o desequilíbrio orçamental externo existente devido à crise internacional, o qual terá dado início a
uma crise de liquidez.

O encerramento do programa de ajuda financeira foi concluído de forma bastante positiva, tendo sido
determinante, para o sucesso do mesmo, o crescimento do setor do petróleo.

A evolução do crédito à economia e o reforço dos ativos contribuiu para o crescimento da liquidez no ano de
2011. Em 2012, o peso dos depósitos em moeda nacional foi mais moderado não tendo ultrapassado os 50%.

119
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 64 - Fatores de variação da liquidez - variação em % do valor inicial da massa monetária

Fonte: Banco de Portugal /BNA /FMI

3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez75

No que diz respeito ao sistema monetário e cambial, destacam-se as seguintes taxas de juro: a taxa básica de
juro, que expressa a orientação da política levada a cabo pela autoridade monetária e a taxa LUIBOR (Luanda
Interbank Offered Rates), que têm por base as taxas interbancárias.

No ano de 2011, verificou-se um abrandamento da descida da inflação, o que levou consequentemente à


descida do nível das taxas de intervenção (desde a taxa de redesconto às taxas das Facilidades
Permanentes) assim como das taxas praticadas para os títulos do Banco Central e das relativas aos Bilhetes
do Tesouro.

As taxas bancárias também sofreram uma descida, mais especificamente as taxas passivas, não tendo esta
descida abrangido as taxas ativas. É de notar que em conformidade ocorreu uma melhoria na procura do
crédito concretizada pelo crescimento do mesmo no ano de 2011 e no início do ano de 2012.

Apresenta-se de seguida um gráfico que representa as taxas de juro (taxas anuais) e taxas de câmbio efetiva
para o período 2004-2012.

75
Fonte: BNA, FMI

120
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 65 - Taxas de juro (taxas anuais) e taxa de câmbio efetiva

Fonte: BNA e FMI

A taxa de câmbio da moeda angolana face ao Euro tem vindo a sofrer depreciações nos últimos 4 anos, após
um período de ligeira valorização entre 2008 e 2009, variando entre um valor máximo de 1 kwanza valer
0,0105 euros em março de 2009 ao mínimo 0,0072 euros em maio de 2011. À data deste estudo, em outubro
de 2013, 1Kz valem cerca de 0,0075 euro.

Gráfico 66 – Variação da taxa de câmbio Kwanza/Euro

Fonte: BNA e Banco de Portugal

121
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.2. Política Económica

Angola tem-se assumido como uma potência regional no contexto da África Subsariana, convergindo para
uma economia de mercado com um rendimento anual per capita na ordem de US$ 5.500.

25
Gráfico 67 - PIB de Angola – taxa de variação real (%)

12
10
8
7.4
6
4 3.9 Setor Petrolífero
3.4
2 2.4 Setores Não Petrolíferos
- Crescimento PIB
(2) 2009 2010 2011 2012

(4)
(6)
(8)

76 77
Visão da OCDE , Banco Mundial e FMI
Gráfico 68 - Previsões de crescimento para Angola
As previsões do Banco Mundial e da OCDE
apontavam para um crescimento em 2013 de
7,2%, e 8,2% respetivamente. O FMI estimou 15.00% 14.00%
um crescimento na ordem os 6,2%. 14% 8.50% 8.25% 8.00%
10.00%
%

Estas previsões basearam-se em expetativas 3.50% 4.00% 9%


3.00%
de uma expansão mais robusta do setor 5.00% 8%
6%
petrolífero e da produção de gás, no aumento
do consumo privado e na implementação do 0.00% 3% 4% 4%
programa de investimento público em 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
infraestruturas. Em consequência, os setores
privilegiados serão a atividade da construção, a
produção de energia e o setor dos transportes.
Crescimento PIB Real Angola FMI
Crescimento PIB real Angola OCDE

Visão do Governo de Angola, Plano Nacional de Desenvolvimento (“PND”) 2013 – 2017

O Quadro Macroeconómico de Referência para 2013-2017 define as premissas e metas para os principais
agregados, tendo em atenção a evolução recente da economia internacional e nacional, bem como o quadro
macroeconómico estabelecido na Estratégia Nacional Angola 2025.

76 OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico


77
Fonte: BPI Research julho 2013

122
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Para 2013 o Governo prevê um crescimento real do PIB de 7,1%, onde o setor não petrolífero desempenhará
um papel preponderante.
78
Segundo o PND 2013 – 2017 , estima-se que a economia continue a evoluir positivamente.

Gráfico 69 - Taxa de variação (%) do PIB no período 2013-2017

15 11.2
9.1 9.7 9.2
10 7.3 10.4
8 8.8
7.4 7.1 7.5
5 4.3
6.6
4.3 4.5
- 4 3.8

(5)

(10)
PIB pm PIB petrolífero PIB não petrolífero -9.8
(15)
2012 prog 2013p 2014p 2015p 2016p 2017p

Prioridades Estratégicas para o país


1. População e desenvolvimento social
O PND (2013-2017) contém o enquadramento
estratégico de longo prazo estabelecido através O desempenho económico recente gerou disparidades
Estratégia Nacional “Angola 2025”, que fixa as económicas e sociais que o Governo pretende ver
Grandes Orientações para o Desenvolvimento ajustadas, nomeadamente em termos de condições de
de Angola, destacando-se: saúde e educação que oferece à população, que têm um
impacto direto no Índice de Desenvolvimento Humano
1. Garantir a Unidade e a Coesão Nacional; (“IDH”) publicado pelas Nações Unidas, razão pela qual
2. Construir uma Sociedade Democrática e este índice foi eleito para monitorizar este vetor.
Participativa, garantindo as liberdades e
direitos fundamentais e o desenvolvimento
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de
da sociedade civil;
3. Promover o Desenvolvimento Humano e o 2012, Angola é o 148.º país mais desenvolvido do mundo,
Bem-Estar dos Angolanos, assegurando a com um Índice de Desenvolvimento Humano de 0.508
Melhoria da Qualidade de Vida, (baixo), num universo de 187 países. Conserva a posição
Combatendo a Fome e a Pobreza Extrema; que tinha em 2011, sendo que entre 2007 e 2012, o país
4. Promover o Desenvolvimento Sustentável, conseguiu subir um lugar no IDH.
Competitivo e Equitativo, garantindo o
Futuro às Gerações Vindouras;
5. Promover o Desenvolvimento da Ciência, As economias que registam um “IDH médio” – meta do
Tecnologia e Inovação; Governo para 2017 – apresentam uma medida
6. Apoiar o Desenvolvimento do comparativa nas condições económicas, sociais, culturais
Empreendedorismo e do Setor Privado; e políticas da sociedade, com indicadores de bem-estar da
7. Desenvolver de Forma Harmoniosa o população, entre 0,536 e 0,710. Dentro do contexto da
Território Nacional; SADC, a África do Sul, o Botswana, a Namíbia ou a
8. Promover a Inserção Competitiva da
Economia Angolana no Contexto Mundial e
Swazilândia são exemplos de países que já registam um
Regional. IDH médio.

78
Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, Governo de Angola

123
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 70 - IDH – Evolução desde 2000

0.8 “As ambições e objetivos do nosso


0.7 Programa de Governação têm uma
0.6 forte motivação de justiça social e de
0.5 desenvolvimento humano. A sua
0.4 concretização assenta numa estratégia
0.3 de crescimento económico em que o
0.2 investimento público e o investimento
0.1 privado em projetos estruturantes do
0 setor público se constituem na
1995 2000 2005 2010 2015 plataforma para o desenvolvimento da
Paises com baixo IDG economia nacional.”
Angola Eng.º José Eduardo dos Santos, Presidente da
República, 26 de setembro de 2011
Mundo

79
Tabela 18 - Objetivo do PND 2013 – 2017: IDH

Indicador 2011 2012 Meta 2017

IDH (PNUD – Programa das Nações Unidas para o


0,486 (baixo) 0,508 (baixo) 0,54 (médio)
Desenvolvimento)

2. Estabilidade e Regulação Macroeconómica

Nos últimos anos, o Governo tem vindo a promover a condução coordenada das políticas fiscal, monetária e
cambial, acentuando o papel da Programação Financeira como instrumento balizador da articulação entre o
Ministério das Finanças e o BNA e criando as condições ideais para o cumprimento dos objetivos estratégicos
do planeamento macroeconómico para o crescimento económico sustentado .

79
Fonte: Relatório IDH 2011, 2012

124
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

80
Objetivo do PND 2013 - 2017: Taxa de inflação

Gráfico 71 - Inflação média anual – histórico e


últimas previsões do FMI
Um dos objetivos estratégicos do executivo é a
25.00% manutenção da taxa de inflação na ordem dos 9%.
20.00%23.00% As expetativas do Governo são consistentes com
15.00% as estimativas do FMI. Angola poderá alcançar
15.30% uma inflação média anual de 9,4% (inflação
10.00%
12.00% homóloga de 9,2%) no final de 2013. Nos anos
5.00% 8.50% seguintes, o FMI projeta uma descida moderada
7.00%
dos preços, até estes se fixarem numa variação de
0.00%
7% em 2016, valor que revela algum alinhamento
com o objetivo do Governo, para 2017.

Inflação em Angola

Gráfico 72 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas (%)

20

15
Para os próximos
anos, o Governo
10
espera estabilizar a
15.3 11.4 taxa de inflação
9 9.2 7.60
5 anual ao nível de
um dígito percentual
-
2010 2011 2012 2013p Meta 2017

3. Promoção do Crescimento Económico, do Aumento do Emprego e de Diversificação


Económica

Diversificação da Estrutura Económica Nacional

Apesar dos esforços que têm sido desenvolvidos, a estrutura económica de Angola mantém-se pouco
diversificada. Com efeito, o setor petrolífero representa ainda cerca de 45% da estrutura do PIB, 60% das
receitas fiscais, e ultrapassa 90% das exportações, revelando a natureza vulnerável da economia em relação
aos choques externos. A diversificação da estrutura económica que se espera alcançar no período de
execução do PND expressar-se-á na diminuição progressiva do peso do setor petrolífero, passando dos atuais
cerca de 45% para 27%, em 2017, no aumento das receitas fiscais e no crescimento das exportações não
petrolíferas.

80
Fonte: BNA (BPI Research julho 2013)

125
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 73 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Crescimento: setor petrolífero vs. não petrolífero

12
9.7 9.1 9.5
10
7.8
Taxa de crescimento %

8
6 4.3 A diversificação da
4 estrutura
1.7
2 económica que se
- espera alcançar
(2) no período de
(4) -3 execução do PND
(6) expressar-se-á na
-5.6 diminuição
(8)
2010 (t.v.r) 2011 (t.v.r) 2012 (t.v.r) Metas 2017 progressiva do
peso do setor
Taxa Média anual de crescimento do setor não petrolífero (%)
petrolífero
Taxa média anual de crescimento do setor petrolífero (%)

Fonte: BPI Research julho 2013

Taxa crescimento real por 2010 2011(P)


setores (%)

Agricultura 6 11,4
A agricultura, indústria, energia, construção e
Pescas e derivados 1,3 3,5 comércio têm contribuído fortemente para a
diversificação da economia e redução da
dependência do setor petrolífero. No entanto,
Petróleo -3 -5,6
muito continua por fazer, já que Angola
demonstra ainda forte dependência na
Diamantes e indústria -10 -3,3 importação de um cabaz relativamente
extractiva alargado de produtos.

Indústria transformadora 10,7 3,8 A energia e a construção, impulsionada pelos


programas de reconstrução e
Energia 16,1 15
infraestruturação do Governo, têm sido os
setores que mais têm crescido, esperando-se
um novo aceleramento tendo presente os
Construção 16.1 6,8 programas previstos até 2016.

Serviços mercantis 10,9 12,3 É expectável que, a prazo, se venha a


verificar um intensificar do crescimento dos
Outros 8,7 8,2 setores agroalimentar, industrial e logístico,
acompanhando, mas também servindo como
duplo catalisador, do aumento do consumo
PIB 3,4 3,5
privado.

PIB não petrolífero 7,7 9

PIB petrolífero -3 -5,6

Fonte: BNA

126
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 74 - Crescimento de cada setor e respetivo peso no PIB de Angola

Promoção do emprego e capacitação e valorização dos recursos humanos nacionais

O crescimento económico e a sustentabilidade orçamental ainda são altamente dependentes das receitas
petrolíferas. No entanto, o setor petrolífero é de capital intensivo e emprega apenas uma pequena
percentagem da força de trabalho total. Tal facto restringe a diversificação económica, impede a tão
necessária criação de emprego e potencia a denominada “doença holandesa” acima caracterizada. É assim
fundamental acentuar a diversificação da economia.

Apoio às exportações

Um elemento importante para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento de Angola reside no seu


relacionamento com o exterior e na inserção competitiva da economia no contexto internacional. Para além de
continuar a afirmar-se como centro produtor e exportador de energia, será necessário apostar na
diversificação e no aproveitamento de nichos de mercado no comércio mundial.

127
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Tabela 19 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações

Indicador Metas 2017

Volume Médio Anual de Exportação de Petróleo (Milhões de barris) 669,1

Crescimento das Exportações não Petrolíferas 23%

4. Reforço do Posicionamento de Angola no Contexto Internacional e Regional, em


particular na União Africana e na SADC

As opções estratégicas relativas ao posicionamento de Angola no contexto internacional e regional encontram-


se expressas na Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo, dando ênfase à sua aspiração de ter um
papel crítico na SADC e CEEAC:

 Continuar a respeitar e a aplicar os princípios da carta da Organização das Nações Unidas e da Carta
da União Africana, e estabelecer relações de amizade e cooperação com todos os povos e Estados;

 Apoiar a inserção competitiva na economia global, através:

o Da diversificação das relações bilaterais para ampliar acordos comerciais e cooperação


científica e tecnológica com os países emergentes;

o Da participação nas negociações e acordos de cooperação Sul-Sul e das nações tropicais;

o Do estreitamento das relações comerciais e de cooperação cultural e tecnológica com os


países lusófonos no âmbito da CPLP;

o Do estabelecimento de entendimentos comerciais com os EUA quanto à economia do Golfo


da Guiné, de modo a consolidar a presença angolana na região e negociar parcerias
comerciais com a UE, no âmbito da SADC.

 Promover a integração regional com liderança:

o No quadro do estabelecimento do mercado comum regional;

o Tomando iniciativas políticas para assegurar a segurança e a estabilidade política regional, ou;

o Afirmando-se como plataforma de articulação entre a SADC, a CEEAC e a região do Golfo da


Guiné.

 Aumentar o peso e a importância relativa de Angola no mercado mundial de energia.

A prossecução dos objetivos da Política de Reforço do Posicionamento de Angola no contexto internacional e


regional, apresentados na tabela que se segue, será baseada, em particular, nas seguintes prioridades
políticas:

a) Consolidar as relações com as instituições financeiras internacionais;

b) Reforçar a posição geoestratégica de Angola na região e no mundo.

Para tal, um dos indicadores chave que merecem a atenção do Governo Angolano, é a posição do país no
ranking DB.

128
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

81
Tabela 20 - Objetivo do PND 2013 – 2017: Doing Business

Indicador DB 2012 DB 2013 Meta 2017

Posição de Angola no Ranking Doing Business (ano base 2012) 174 172 165

O Relatório sobre a Competitividade Global 2010-2011 do World Economic Forum descreve os três fatores
que justificam uma posição menos destacada para a realização de negócios em Angola:

 Uma complexa e exigente carga burocrática e administrativa;

 Mão-de-obra pouco qualificada; e,

 Pouca capacidade das suas infraestruturas.

É essencial realizar reformas que favoreçam o desenvolvimento de negócios, para que as empresas possam
competir mais eficazmente na economia global, especialmente quando outros países estão a melhorar
continuamente os seus climas de negócio.

81
Fonte: Banco Mundial

129
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.3. Estrutura produtiva

3.3.1. PIB por setor

Conforme referido, a economia angolana (ainda) depende em larga medida do setor petrolífero, sendo já
público o objetivo do executivo de reduzir essa dependência a prazo, fomentando a agricultura, indústria,
serviços de logística, telecomunicações e tecnologia.

Apesar da produção de diamantes corresponder apenas a 0,9% do PIB, o setor não deixa de ter um forte
potencial de crescimento, sendo, como anteriormente indicámos, o quarto maior produtor mundial deste
recurso natural.
82
Gráfico 75 – PIB por setor 2012 - Angola

Agricultura, pecuária, pescas


7% 11%
Petróleo Bruto e Gás

22%
Energia Elétrica

Construção
8% 45%
Comércio
7%

Outros

Contribuindo com 21,70% para o PIB, e em resultado do “boom” no consumo interno e no investimento privado
nos últimos 4 anos, o comércio assume grande relevo.

Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de
várias iniciativas, incluindo:
 Programas de incentivos;
 Linhas de financiamento;
 Forte investimento público;
 Campanhas de marketing e de estímulo à aquisição de produtos e serviços angolanos.

O Governo pretende também fomentar polos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as
produções agrícolas e pecuárias e o seu processo de transformação, armazenamento e logística.

O setor da construção (8,40%) tem crescido como resultado de uma forte aposta do Governo na reconstrução
e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e população.

Já o setor industrial (6,50%) é caraterizado pelo elevado nível de importações, o que poderá conduzir a uma
forte aposta estratégica na produção nacional.

82
Banco Mundial

130
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O Estado assume as mais variadas formas (diretas e indiretas) de participação na economia do país. O
passado recente demonstrou que muitos setores da economia (estratégicos ou não) acabaram por se tornar
propriedade do Estado, em regime de monopólios ou quase-monopólios autorregulados.

3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado

O Estado assume uma forte presença no setor petrolífero. Para além deste, os setores onde o Estado está
mais representado é o setor dos transportes (18,3%), do urbanismo, da construção (14,6%) e da geologia,
minas e indústria (12,2%).

15 (18,3%) 12 (14,6%) 10 (12,2%) 9 (11%) 8 (9,8%)

Transportes Urbanismo e Geologia, minas, Agricultura e Energia e


construção indústria pescas águas

Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público 2009 – 2010, ISEP / Ministério da Economia

Conforme se indicou, importa salientar que em termos económicos a presença do Estado faz-se sentir com
mais relevância ao nível do setor petrolífero. Os serviços financeiros também mostram forte presença do
Estado, em particular ao nível de Banca e Seguros, este último alvo de elevada concentração nos últimos
anos.

Gráfico 76 - Empresas do Setor Público - Volume Gráfico 77 - Empresas do Setor Público -


de negócios (%) Empregados (%)

5%
6% 18%
4% 27%
6%
8%

16%
79%
31%

Petróleo Banca Energia Transportes Outros Petróleo Banca Energia Transportes Outros

Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público 2009 – 2010, ISEP / Ministério da Economia

Nota: valores relativos apenas a empresas que prestaram contas

131
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

A Sonangol na economia Angolana

A Sonangol é a maior empresa angolana, estando no centro da estratégia financeira do país. As receitas do
petróleo recebidas anualmente pela Sonangol são reinvestidas no setor público e na economia em geral.

Criada em 1976, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol E.P.), é a maior empresa do
país, sendo responsável pela gestão da indústria petrolífera no país, administrando concessões petrolíferas,
procedendo à exploração, produção, comercialização, transporte, refinação e distribuição do petróleo.

Além do petróleo, o portfólio diversificado da Sonangol, sobre a égide do Grupo Sonangol, inclui dezenas de
subsidiárias, operando em diversos setores de atividade, destacando-se:

 Setor de habitação, por meio da Sonangol Imobiliária e Propriedades (Sonip), que atualmente
coordena o desenvolvimento da “Zona Económica Especial (ZEE) de Luanda/Bengo” e vários outros
projetos de habitação, em Lobito e outras localidades;

 Indústria manufatureira, através da recém-criada Sonangol Investimentos Industriais (SIIND),


especificamente na “ZEE de Luanda/Bengo”;

 Telecomunicações, por meio da MSTelcom; “Sonangol investe mais US$


78 milhões em seis novas

65
Transportes aéreos, via SonAir ; fábricas na ZEE Luanda-
 Setor da saúde, através da Clínica Girassol; Bengo.”
 Setor financeiro, alguns bancos angolanos foram abertos In O PAÍSonline, maio 2012
tendo como principal acionista a própria Sonangol, como
por exemplo o Banco Angolano de Investimentos (BAI).

A Sonangol já foi aclamada no passado como a instituição nacional mais competente e, por meio de
investimentos globais estratégicos, é o veículo primário da imagem de Angola no estrangeiro.

Além destes setores, a Sonangol possui uma dezena de outras subsidiárias e projetos relacionados com o
petróleo, e também com o gás natural, através da Sonangol Gás Natural.

Na Lusofonia a Sonangol tem um conjunto de importantes investimentos, com especial foco em Portugal, com
participações na GALP energia e Millennium BCP. No Brasil a Sonangol Starfish identificou em 2012 os
primeiros indícios de petróleo no mar, na bacia de campos, em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde assegura o
transporte de crude e outros derivados através da empresa SonaShip e é acionista da petrolífera cabo-
verdiana Enacol, em conjunto com o estado de Cabo Verde e a Galp. Em São Tomé e Príncipe tem vindo a
investir nos aeroportos e na companhia aérea STPAirways, através da sua filial Sonair.

A Sonangol anunciou em Abril de 2014 que a Total irá investir no projeto do Kaombo, no
offshore ultra profundo angolano, um valor estimado em US$ de 16 mil milhões.

Com uma capacidade de produção diária de 230 mil barris, a iniciar em 2017, o Kaombo,
vai produzir reservas estimadas em 650 milhões de barris.

A Total é operadora do Bloco 32 no qual detém uma participação de 30%, em conjunto


com a Sonangol Pesquisa e Produção com iguais 30%, a Sonangol Sinopec
Internacional com 20%, a ExxonMobil com 15% e a Galp com 5%.

132
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.4. Petróleo e Gás Natural

Atualmente Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África Subsariana depois da Nigéria,
produzindo aproximadamente 1,7 milhões de barris por dia (bbl) durante 2011.

O estatuto de Angola enquanto exportador internacional de petróleo foi reconhecido pelo mundo quando o país
aderiu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em 2007. Angola assumiu ainda a
presidência rotativa desta organização em 2009. O país é também um importante fornecedor de petróleo à
China e aos Estados Unidos.

Gráfico 78 - Principais destinos de exportação do setor petrolífero (%)

5%
9%
China e EUA são os
principais destinos
13% de exportação de
Angola
57%

17%

China EUA Índia Taiwan África do Sul

Fonte: UNCOMTRADE

No PND 2013 – 2017, o Governo Angolano define, para o setor petrolífero, o seguinte objetivo:

“Assegurar a inserção estratégica de Angola no conjunto dos países produtores de energia e


desenvolver o Cluster do petróleo e gás natural, contribuindo para financiar o desenvolvimento da
economia e sua diversificação”.

Tabela 21 - Evolução do setor petrolífero: produção, preço médio de exportações do barril de crude,
83
investimento e criação de emprego

Indicadores dos Objetivos 2017


Ano base Metas
Indicadores
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Total de Produção Petróleo Bruto
84 634 674 704 733 760 686
Angola (Milhões de bbls )
Produção Média Diária de
1,73 1,85 1,93 2,01 2,08 1,88
Petróleo Bruto (Milhões de bbls)

83
Fonte: Governo de Angola in Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, segundo o Ministério do Planeamento,
no âmbito das “Políticas e prioridades para o desenvolvimento setorial”
84 Barril (unidade)

133
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Indicadores dos Objetivos 2017


Ano base Metas
Indicadores
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Exportações de Petróleo Bruto
633,6 673,6 704 732,5 760,4 686
(Milhões de bbls)
Preço Estimado de Exportação de
103,8 96,0 93,4 92,0 89,9 89,4
Petróleo Bruto (US$/bbl)
Capacidades e Armazenagem em
3 660 942 1.290 1.526 1.650 1.670
Terra (Mil m )
Postos de Abastecimento 173 130 58 29 66 51
Vendas Produtos Refinados
4.738 5.004 5.291 5.591 5.909 6.248
(Mil TM)
Investimentos (Milhões US$) 19.932 17.473 16.474 14.121 10.255 7.401

Força de Trabalho 72.673 79.914 87.880 96.668 106.306 116.898

Com base nos investimentos realizados nos últimos anos (e consequentes descobertas concretizadas),estima-
se que o potencial de produção do país poderá aumentar de 20 para 50 anos, com o ritmo da produção média
diária de petróleo bruto e recuperar para 1,88 milhões de barris diários.

Estratégia para o Gás Natural

O aumento substancial confirmado das reservas de gás natural e o seu caráter atrativo do ponto de vista
económico são os catalisadores para o desenvolvimento deste setor.

As reservas de gás natural de Angola estão estimadas em aproximadamente 297 mil milhões de metros
cúbicos. Foram encontradas ainda reservas de gás seco no país, embora, em 2012, ainda não estivessem a
ser exploradas.

A Sonagás— Sonangol Gás Natural — é o titular registado da totalidade do gás angolano. A empresa é a
representante legal do Governo em todas as matérias relacionadas com gás natural.

O Governo de Angola e a Sonangol consideram a oportunidade de produzir GNL de grande importância


nacional.

A produção de gás natural em Angola está a funcionar a apenas a um quinto da sua capacidade estimando-se
que no final de 2014 haja uma considerável melhoria da sua exploração.

A capacidade projetada de produção de GNL em Angola é de 5,2 milhões de toneladas ao ano. Tal seria
equivalente a 45 milhões de barris de petróleo ou a um aumento de 6,5% na atual produção de petróleo, em
termos de receitas.

134
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.5. Infraestruturas e energia


O estado atual das infraestruturas em Angola No âmbito da nova Estratégia
Energética, encontram-se planeados,
A população angolana, de 20,7 milhões de habitantes (prev. ou em execução, os seguintes
2013 EIU - Economist Intelligence Unit), encontra-se projetos:
desigualmente distribuída pelo país. As áreas mais
densamente povoadas situam-se em redor da capital,  Aumento da capacidade de produção
Luanda, e de outras cidades principais como Huambo e em 7000 MW (seis vezes a
Lobito. No geral, o litoral e as zonas sul e leste do país são capacidade atual);
menos povoadas do que as terras altas do interior.  Construção de 46 pequenas
barragens hídricas, totalizando cerca
Não obstante, Angola tem demonstrado um compromisso de 180 MW;
determinado em financiar a reconstrução e a expansão das  Construção de 2.350 Km de rede de
suas infraestruturas, um gesto fundamental para dar um
distribuição e 37 novas subestações;
primeiro impulso à sua economia não-petrolífera.
 Construção de 1.300 estações
transformadoras (maior concentração
em Luanda).
Figura 25 - O estado das infraestruturas em África - Angola

Fonte: Africa gearing up, PwC 2013

135
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Energia

Angola tem efetuado investimentos substanciais no setor energético, desde 2002, para
restabelecer e reconstruir as suas infraestruturas.

Angola tem três sistemas e redes de energia domésticos autónomos – Norte, Centro e Sul (CMI – CHR
Michelsen Institute). Os planos para as linhas de transmissão e interconectores encontram-se em diferentes
fases de planeamento e preparação (encontram-se em fase de pré instalação). Pretende-se que esta possa
estar ligada à República Democrática do Congo (RDC) e à Namíbia, de modo a facilitar as transferências de
energia dentro do quadro do grupo de energia regional.

Tabela 22 - Investimento por sistema e previsão do consumo de eletricidade (US$ milhões)

Investimento por sistema e previsão do


2012 2013
consumo de eletricidade

Sistema Norte 1.648,00 1.150,00

Sistema Centro 92,62 -

Sistema Sul - -

Sistemas Isolados 23,92 1,70

Energias Renováveis 31,91 -

Total 1.796,45 1.151,70

Fonte: Ministério de Energia e Águas de Angola in “Programa de Desenvolvimento do setor da Energia 2008 – 2013”

De entre os principais desafios do setor, destacam-se:

 A carência de investimentos em infraestruturas;

 A requalificação das barragens de Matala, Gove, Cambambe, Mabubas;

 Os principais sistemas ainda não se encontram interligados;

 Existem impedimentos diretos à medição e contabilização do consumo;

 Existem algumas ligações clandestinas à rede.

A falta de eletricidade e / ou o seu abastecimento irregular constituem uma perda significativa de receitas
fiscais para o Estado, e uma sobrecarga financeira para as empresas, que se vêm obrigadas a dispor de
85
sistemas alternativos de fornecimento de energia, condicionando desta forma o seu rendimento .

Por outro lado, os custos de produção energética são relativamente elevados, tendo em conta os padrões dos
países vizinhos da África Austral (figura seguinte). Os elevados custos em Angola, particularmente quando
comparados com outros países, são parcialmente explicados pela dependência do país em relação à
produção com base em petróleo.

85
Fonte: CCIPA, através dos dados fornecidos pelo Ministério de Energia e Águas de Angola

136
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

86
Gráfico 79 - Os custos de produção de energia elétrica em Angola são relativamente elevados

Transportes

Em resultado da guerra civil, as infraestruturas de transportes de Angola sofreram um


processo de deterioração significativo, levando ao encerramento da maior parte da
rede rodoviária e ferroviária

No entanto, desde 2002 Angola tem vindo a receber elevados empréstimos chineses para reconstruir as suas
infraestruturas.

Com efeito, desde 2004, têm sido feitos investimentos intensivos na reabilitação das infraestruturas
rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias, na sua maioria financiados por empréstimos e linhas de
crédito chineses (nos últimos anos, Angola foi um dos países africanos que recebeu mais crédito bancário da
China).

O investimento de Angola em infraestruturas (aproximadamente de US$ 4,3 mil milhões por ano) é equivalente
a 14% do PIB (Pushak & Foster, 2011), sendo fortemente canalizado para o setor dos transportes.

Transportes Aéreos:

O principal aeroporto internacional de Angola está localizado em Luanda e é servido por


diversas companhias aéreas internacionais e regionais, incluindo a TAAG (a companhia
aérea de bandeira nacional), TAP, British Airways, South African Airways, Air France,
Lufthansa, Ethiopian Airlines, Kenya Airways, KLM, Air Namíbia, Linhas Aéreas de
Moçambique, Brussels Airlines, Iberia e Emirates Airlines.

Totalmente renovado (projeto concluído em 2010 em preparação para o Campeonato Africano das Nações), o
2
aeroporto ocupa atualmente uma área de mais de 37.543 m . Dispõe de duas pistas com pavimento asfáltico
de 3.700 metros e 2.600 metros cada, e 8 espaços para estacionamento de aeronaves.

Com a recente renovação os balcões de check-in passaram de 12 para 26. O aeroporto renovado conta ainda
com 3 novos parques de estacionamento para automóveis, táxis e autocarros, com capacidade para 856
veículos.

86
Fonte: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março
2011
Baseado em Briceño-Garmendia e Shkaratan (2010-); baseado em dados de 2005 –06. Os custos de Angola são
baseados em estimativas feitas pela SFI e relativos a 2010.
kWh = kilowatt-hora

137
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Atualmente, o aeroporto acolhe cerca de 7 de voos internacionais por dia (destino Luanda), estando previsto o
aumento do seu tráfego. A Egypt Air, a Royal Air Maroc e a Delta Airlines tencionam dar início às suas
operações em Luanda num futuro próximo.

Transportes Ferroviários:

Foram construídas três linhas ferroviárias de referência a partir da costa em direção a


leste na época colonial, ligando os principais portos de Angola no Atlântico ao interior
do país. No seu auge em 1973, estas linhas transportavam 9,3 milhões de toneladas
de carga, estimulando o crescimento de muitas das principais cidades angolanas no interior (Pushak & Foster,
2011).

As três linhas ferroviárias que atravessam Angola são:

 Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL): liga a capital angolana Luanda à província interior de Malange.
A linha está totalmente operacional, mas não tem ainda acesso ao Porto de Luanda;
 Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB): liga o Porto do Lobito no Atlântico à cidade do Luau, na
fronteira leste do país, e às redes ferroviárias no sudeste da RDC e na Zâmbia. O CFB opera
atualmente entre o Lobito e o Huambo;
 Caminhos-de-Ferro de Moçamedes (CFM): liga a cidade do Namibe à província leste do Kuando
Kubango.

87
Figura 26 - Redes ferroviárias em Angola, 2010

87
Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

138
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

88
Tabela 23 - Caraterísticas das redes ferroviárias em Angola, 2010

Linhas Operacionais Operacionais


Empresas Porto Região
(kms) (kms) (%)

CFL Luanda Norte 425 425 100

CFB Lobito Centro 1.347 246 18

CFM Namibe Sul 987 0 0

As linhas ferroviárias serão de importância vital para desenvolver o interior do país. As cidades do interior de
Angola têm sido excluídas dos grandes desenvolvimentos das regiões costeiras há vários anos. O setor
agrícola deverá ser o principal beneficiário.

A indústria dos diamantes – centralizada no interior do país - irá também ela beneficiar de uma rede ferroviária
operacional.

Transportes Rodoviários

Desde 2002, Angola tem levado a cabo progressos impressionantes na reabilitação das
suas infraestruturas, no processo de reconstrução de estradas e pontes.

Em virtude disso, a rede de estradas aumentou para 62.560 km em 2010 (ibid). Este
esforço tem sido financiado por fundos públicos e créditos externos. Empresas de construção estrangeiras,
nomeadamente chinesas e brasileiras, têm sido responsáveis por grande parte da reconstrução das
infraestruturas do país.

A reabilitação das estradas tem sido concentrada nas vias que ligam os principais centros urbanos e nas
estradas em redor de Luanda.

Fonte: Angola Roadmap, Bing, Microsoft

88
Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

139
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Transportes Marítimos

Luanda, Lobito, Namibe e Cabinda são os principais portos de carga em Angola.

Porto de Luanda

O Porto de Luanda é a principal rota do comércio internacional em Angola,


movimentando mais de 70% das importações do país.

É o principal centro para as operações atuais de importação de produtos alimentares, produtos relacionados
com a indústria energética, e para as operações atualmente em franco crescimento de carga geral e de
contentores. Situa-se a 8º47' S de latitude e 13º14' E de longitude, na baía de Luanda, com excelentes
condições naturais, ondulação fraca e ventos calmos.

Movimentação de contentores:

Em 2011 a movimentação de contentores no Porto de Luanda registou um aumento de cerca de 28%, num
total de 482.365 contentores.

Gráfico 80 - Movimentação de contentores no Porto de


Luanda em 2011 Em 2011, foram
movimentados 482.365
contentores. A variação
desse movimento foi
250000 superior a 28%, o que
200000 representa um
150000 Embarque crescimento de 106.064
100000 contentores em relação a
Desembarque
2010
50000
0
Cheios Vazios Total

Caraterísticas

O porto tem 2.738 metros de cais de acostagem, divididos em 7 terminais + 1 plataforma logística de apoio à
89
indústria petrolífera, trabalha 24 horas diárias, e é gerido pela Empresa Portuária de Luanda E.P. . Dispõe de
3 rebocadores com potências entre os 750 e os 2.500HP (unidade de medida horsepower).

Produtos

As mercadorias de entrada são as mais variadas e vão desde a farinha, arroz ou cereais para moagem até aos
materiais de construção, produtos manufaturados, viaturas e equipamentos de transporte. As tonelagens de
saída e de exportação são sobretudo café, tráfego local de cabotagem e contentores vazios.

As operações de movimentação de carga no porto foram concessionadas a quatro operadores


90
independentes :

 Terminal Petrolífero: concessionado à SONILS em 1997 por um período de 25 anos. O terminal


serve as indústrias do petróleo e gás;

 Terminal de Carga Geral (TCG): este terminal foi concessionado à Multiterminais em 2005 por um
período de 20 anos. A Multiterminais é um consórcio formado pela Copinol SARL (51%), Nile Dutch
África Line (35%) e pela NDS Lda (14%);

89 Fonte: Orey Angola


90 Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 - Banco Africano de Desenvolvimento - BAfD

140
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

 Terminal Polivalente (TP): este terminal foi concessionado à Unicargas em 2005 por um período de
20 anos. A Unicargas é uma empresa de transportes detida pelo Estado angolano;

 Terminal de Contentores (TC): este terminal foi concessionado à Sogester em 2007 por um período
de 20 anos. A Sogester é detida pela APM Terminals (40%) com a Maersk Line (11%) e a Gestão de
Fundos (49%). A APM Terminals faz parte do Grupo Moller-Maersk, que inclui também a companhia
de navegação Maersk.

Mapa 2 - Mapa do Porto de Luanda

Fonte: OREY Angola

Porto de Lobito

O Porto de Lobito, o segundo maior porto de Angola depois de Luanda, fica a 12º20' S de latitude e a 13º34' E
de longitude, na baía do Lobito.

Movimentação de contentores

A movimentação de contentores tem vindo a aumentar tendo movimentado 2.7 milhões de toneladas em 2011,
91
cerca de 400 toneladas a mais que em 2010 . Em 2011, o referido porto movimentou cerca de 87.538
contentores.

Caraterísticas

O porto tem 1.122 m de cais de acostagem, divididos em 2 zonas. A autoridade portuária "Porto do Lobito"
dispõe de dois rebocadores, 15 gruas em terra com capacidades entre as 5 e as 22 toneladas e ainda de uma
92
grua flutuante com capacidade de elevação de 120 toneladas .

Produtos

Os principais produtos movimentados no Porto de Lobito são sobretudo cereais para moagem e matérias-
primas para a vizinha zona industrial da Catumbela bem como farinha, açúcar, arroz, materiais diversos para
93
construção e equipamentos para as cidades do Lobito e Benguela .

91 Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 - BAfD


92 Orey Angola
93 Orey Angola.

141
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O setor dos transportes poderá representar um estrangulamento para a economia angolana nos próximos
anos, se os principais desafios não forem ultrapassados. De facto, as fracas condições das infraestruturas
rodoviárias e da logística dos transportes atrasam o desenvolvimento económico global do país.

A maior parte do tráfego está concentrada na área em redor de Luanda, mas os níveis de tráfego globais são
comparativamente baixos. A condição inadequada das estradas e a falta de manutenção das mesmas é um
dos fatores que contribuem para os baixos níveis de tráfego.
94
Figura 27 - Tipo e condições de estrada, linhas ferroviárias, portos, e população

Água e saneamento

Angola tem feito importantes progressos neste setor tanto em áreas urbanas, como em
áreas rurais. Em áreas urbanas, cerca de 4,8% da população tem vindo a obter acesso
a fossas sépticas, todos os anos, a uma taxa de crescimento excecionalmente alta, que
reflete o rápido processo de urbanização do país.

Angola apresenta ainda uma elevada taxa de incidência de doenças, relacionada com a falta de saneamento e
água potável, e outros problemas do setor hídrico.

Em 2006 uma epidemia de cólera atingiu Luanda, afetando 23.000 pessoas e causando quase 300 mortes
(LUPP, 2007). A água contaminada, o escoamento inadequado das águas de escorrimento e o funcionamento
deficiente do sistema de esgotos, têm resultado em altas taxas de doenças (USAID, 2009).

A situação é particularmente grave em ambientes periférico-urbanos informais e em campos de refugiados. No


contexto rural, o abastecimento de água faz-se por poços e furos, o que não garante o fornecimento de água
potável.

94
Fonte: AICD - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março 2011/ Atlas Interativo de Infraestruturas do DIAOP para
Angola

142
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

95
Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC)

O setor das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um setor emergente em


Angola. Graças ao empenho demonstrado pelo Governo na implementação e
desenvolvimento deste setor, o país conheceu um crescimento notável que obteve
inclusivamente reconhecimento internacional.

O Ministério das Telecomunicações e Tecnologias da Informação é responsável pela supervisão do setor. O


Instituto Angolano das Comunicações (INA-COM), criado em 1999, define os
preços dos serviços de telecomunicações e atua como autoridade reguladora Angola alcançou uma subida
independente para o setor. de 4 posições na
classificação do Índice de
A Angola Telecom é a empresa estatal de serviços de telecomunicação e Desenvolvimento das TIC
internet, e as suas subsidiárias incluem a TV Cabo, uma empresa de (IDT) de 2011, que compara
programação de televisão que oferece serviços de banda larga de cabo para os avanços das tecnologias
transmissão televisiva e radiofónica; a Multitel, um portal que oferece um de informação e
vasto leque de serviços de internet; e a Elta, um diretório online de listas comunicação em 154 países
telefónicas e contactos web.

Angola tem hoje um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África Subsariana com cerca de
13 milhões de clientes de telemóveis.

O setor das telecomunicações opera através de duas operadoras móveis em Angola: a Movicel, uma empresa
angolana, e a Unitel, parcialmente detida pela Portugal Telecom. Para além das operadoras referidas, foram
licenciadas quatro operadoras de linhas telefónicas (Mercury, Nexus, Mundo Startel e Wezacom).

Com cerca de 8 milhões de clientes a Unitel é a operadora líder de telecomunicações móveis em Angola. A
empresa foi criada em 2001 e tem, desde então, registado um crescimento considerável. Atualmente a Unitel
tem, grosso modo, o dobro da dimensão da Movicel, o seu único concorrente no mercado. A Unitel ostenta
ainda a mais elevada receita média por utilizador (ARPU – average revenue per user) em África, de cerca de
US$ 21/mês.
96 97
A empresa oferece um pacote completo de serviços de comunicação móvel, incluindo: GPRS , EDGE ,
98
UMTS e serviços de chamadas no estrangeiro. Além disso, em 2009 a Unitel lançou serviços 3G. A empresa
é detida pela Mercury (uma subsidiária da Sonangol), Grupo GENI, Vidatel e Portugal Telecom, cada um
detendo uma participação de 25%. Em particular, a sua parceria com a Portugal Telecom, um operador
internacional de telecomunicações móveis, tem facilitado a importação de tecnologia e a transferência de
competências.
A Unitel anunciou, em 2012, um programa
A Movicel foi criada em 2003 como o “braço” de intensivo de expansão e modernização da
telecomunicações móveis da empresa nacional de sua rede ao longo dos próximos quatro anos,
telecomunicações, Angola Telecom, tendo uma base de avaliado em US$ 1.7 mil milhões. Tal significa
clientes de 5 milhões. A Movicel especializou-se no o alargamento da sua rede a áreas ainda não
segmento mais baixo do mercado, oferecendo com a cobertas, bem como a implementação de uma
adesão, equipamentos móveis com preço de revenda de rede de fibra ótica ao longo de todo o país
cerca de US$ 30. O ARPU da Movicel está acima dos para melhorar a largura de banda. A empresa
US$ 20. estará ainda envolvida num projeto para a
construção do primeiro satélite do país.

95
Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)
96 GPRS - General Packet Radio Services (Serviços Gerais de Pacote por Rádio)
97 EDGE - Enhanced Data rates for GSM Evolution – tecnologia digital para telemóveis
98 UMTS - Universal Mobile Telecommunications System – é uma das tecnologias de 3ª geração dos telemóveis.

143
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Tabela 24 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – telefones

Indicador Angola Moçambique Namíbia África do Sul

Telefones fixos por 100 habitantes 1,6 0,4 6,7 8,4

Telemóveis por 100 habitantes 46,7 30,9 67,2 100,5

Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

Nos próximos anos, as duas operadoras planeiam desenvolver ambiciosos projetos de expansão para
satisfazer a procura e para melhorar e expandir a sua cobertura no país. A Movicel deverá introduzir a
tecnologia 4G no país, para permitir um acesso rápido à internet.

As áreas de crescimento do setor incluem os serviços 3G e os serviços Angola tem todas as


de videoconferência e dados. condições para se tornar um
país produtor e exportador das
A internet chega à população angolana de forma deficitária, apesar dos novas tecnologias,
esforços do Governo de Angola na criação de infraestruturas de identificando com clareza
telecomunicações, como é o exemplo da criação, a nível nacional, de quais as suas necessidades
uma rede de fibra ótica. neste domínio

Cerca de 10% da população angolana tem acesso à internet, menos do que a média da SADC, que é de 12%
(segundo dados da União Nacional das Telecomunicações). Os meios mais usados pelos angolanos para
acederem à internet são os computadores e os telemóveis.

Tabela 25 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – internet

Indicadores Angola Moçambique Namíbia África do Sul


Utilizadores de internet por 100 hab. 10 4,2 6,5 12,3
Percentagem de agregados
7,1 7,5 15,4 18,3
familiares com computador
Assinantes de internet de banda
0,1 0,1 0,4 1,5
larga fixa, por 100 hab
Subscrições ativas de banda larga
5,6 1,i5 7,5 16,6
móvel por 100 habitantes

Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

De acordo com o Relatório da Economia da Informação, 2007-2008, publicado pela UNCTAD, as Tecnologias
de Informação e Comunicação são um setor em que a concorrência tende a aumentar e que, nessa medida,
os países que quiserem atrair investimentos estrangeiros, terão que investir na força de trabalho doméstica,
nas infraestruturas de telecomunicações e em fortalecer o ambiente de investimentos.

Assim, é importante melhorar as infraestruturas já existentes, a diversos níveis:

 Rede de energia elétrica: Angola debate-se com algumas dificuldades no fornecimento de energia
elétrica, colmatando as falhas com o uso de geradores. Desta forma, urge melhorar as infraestruturas,
uma vez que estas se revelam essenciais para a utilização eficiente das tecnologias de informação;

 Infraestruturas de telecomunicações: deverá existir uma maior disseminação, a nível nacional, e a uma
velocidade muito maior de infraestruturas que suportem as comunicações;

O país enfrenta ainda algumas dificuldades, que têm constituído um entrave a um desenvolvimento mais
rápido do setor das TIC. A dinamização do setor tem dependido, em grande medida, de parcerias
estabelecidas a nível internacional.

144
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Contudo, o país tem todas as condições para, aos poucos, se tornar cada vez menos dependente das
relações económicas internacionais no que respeita à aquisição de produtos tecnológicos, e de se tornar um
produtor e exportador destas novas tecnologias, identificando com clareza quais as suas necessidades neste
domínio e procurando as vias adequadas para responder, por si próprio, aos seus interesses nacionais.

Principais investimentos previstos em infraestruturas e energia

Apesar de existir ainda alguma fragilidade nas infraestruturas do país, Angola é um dos poucos países
africanos que não enfrenta uma grande lacuna de financiamento neste setor. Em grande parte devido às suas
reservas de petróleo, Angola tem os recursos financeiros suficientes para construir ou reconstruir as
infraestruturas, expandir a economia e modernizar as ligações das suas cidades .
99
Tabela 26 - Potencialidades ao nível de infraestruturas (PND 2013-2017)

Setor Potencialidades

Energia  Elevado potencial hídrico, eólico, solar e biomassa;


 Capacidade institucional consolidada (ministério e empresas públicas do setor);
 Aprovação do Decreto Presidencial nº 256 – Política e Estratégia de Segurança Energética
Nacional, com o objetivo principal de quadruplicar a oferta de energia atualmente existente,
promovendo a utilização mais eficiente dos recursos endógenos e de tecnologias.

Água  Existência de 47 bacias hidrográficas principais;


 Perspetiva de expansão do fornecimento de água potável a toda a população;
 Programa “Água para Todos”.

Construção e  Melhoria substancial das infraestruturas rodoviárias na maior parte do território nacional,
Urbanismo permitindo o restabelecimento da circulação entre todas as capitais de província;
 Necessidade de completar a rede nacional de estradas, em particular as vias de ligação
municipal e comunal;
 Cluster da habitação considerado prioritário e disponibilidade de reservas fundiárias.

Telecomunicações  Rápida expansão da procura de TIC quer a nível individual quer empresarial e institucional;
e Tecnologias de  Implementação do Programa de Governo Eletrónico;
informação
 Operacionalização dos conceitos de “Correio de Proximidade” e de “Estações
Multifuncionais”, que poderão funcionar como importantes ferramentas para a fixação das
populações nas suas áreas de origem.

Transportes  Cluster considerado prioritário com importantes projetos estruturantes, quer ao nível das
infraestruturas, quer dos sistemas de transportes e das suas articulações com as plataformas
logísticas;
 Incremento da procura de infraestruturas derivada do aumento das atividades empresariais,
resultantes das políticas nacionais de expansão e cooperação regional (SADC, CEEAC);
 Relançamento do setor marítimo nacional, para o transporte marítimo internacional e nacional
(cabotagem e fluvial).

Projetos Estruturantes de Prioridade Nacional (PE)

Os PEs são investimentos de dimensão significativa, de natureza pública ou privada que concorrem para a
concretização do modelo de desenvolvimento económico da Estratégia Nacional Angola 2025.

99
Fonte: PND – 2017, Governo de Angola

145
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Energia

Até 2016, o Ministério da Energia e Águas pretende executar alguns PEs, nomeadamente:
 Das centrais hidroelétricas de Laúca e Caculo Cabaça, no rio Kwanza: o projeto
deverá consumir cerca de US$ 763 milhões, desenvolvendo um aproveitamento
hidroelétrico da barragem de Cambambe (600 MW), do Nhangue (450 MW), Laúca
e Caculo Cabaça. A conclusão está prevista para 2015;

 A central do ciclo combinado do Soyo, que se prevê que esteja concluído até dezembro de 2014, e
cujo principal objetivo é a queima de gás natural;

 Centrais hidroelétricas de Jamba-ya-Mina e Jamba-ya-oma no Rio Cunene: o projeto prevê a


regularização do caudal do Jamba-ya-mina, do Jamba-ya-oma e do projeto binacional do Baynes,
devendo a sua construção ficar concluída em 2016.

Ao nível da distribuição de energia, as autoridades pretendem promover a construção dos sistemas de


transmissão associados às novas centrais, e a interligação dos sistemas Norte, Centro e Sul. Estão também
previstos investimentos ao nível da energia hídrica, solar, eólica, gás natural e biocombustíveis.

Os PEs relativos ao setor energético têm por base três vetores, e para cada um destes estão previstos vários
projetos e investimentos.

1. Transporte de energia elétrica;


O Governo Angolano tem previsto um
2. Distribuição da energia elétrica; investimento de cerca de US$ 1,412 mil
milhões no setor do transporte da
3. Eletrificação rural e mini hídricas. energia elétrica entre 2013-2017

PND 2013-2017

100
Tabela 27 - Projetos previstos em Angola para o setor do transporte da energia elétrica

Projeto Montante
(US$ milhões)
Central ciclo combinado do Soyo – fase 1 e sistema associado 3,1

Central ciclo combinado do Soyo – fase 2 51

Construção da segunda central do aproveitamento hidroeléctrico de Cambambe e


114
Alteamento

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Laúca 384

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Caculo Cabaça 379

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Jamba ya Oma 60

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Jamba ya Mina 89

Reabilitação reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de Luachimo 23

Construção da mini – hídrica de Chiumbe-Dala (12 MW) 10

100
Fonte: PND 2013 – 2017

146
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Projeto Montante
(US$ milhões)
Sistema associado ao A.H. da 2ª central de Cambambe 67

Sistemas associados aos A.H.´s de Laúca e Caculo Cabaça 91

Interligação Centro e Sul 93,8

Sistema Regional Leste 48

101
Tabela 28 - Projetos previstos em Angola para o setor da distribuição da energia elétrica

Projeto Montante Estão previstos investimentos de


(US$ milhões) cerca de 650 milhões de US$ no
Programa de eletrificação das setor da distribuição da energia
31
cidades de Luanda e Caxito elétrica

Programa de eletrificação das sedes In PND 2013-2017


619
municipais e comunais

*Valores estimados à taxa de câmbio atual AKZ vs US$, aplicável à data da elaboração do presente guia.

102
Tabela 29 - Projetos previstos em Angola para o setor eletrificação rural e mini-hídricas

Projeto Montante
(US$ milhões)
Programa nacional de eletrificação rural 1.253

Construção da mini-hídrica do Cunje (4MW) 2

Construção da mini-hídrica do Cutato (4 MW) 6

Construção do parque eólico do Tômbwa *

Projeto de indústria eletro-intensiva (alumínio) *

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Cacombo *

Construção da 2ª central de Hidrochicapa *

*projetos em PPPs
Com a implementação do Decreto
Presidencial nº 256, o Governo
prevê que o setor energético ocupe
cerca de 10% ou 15% no PIB
Angolano, até 2025

101
Fonte: PND 2013 – 2017
102
Fonte: PND 2013 – 2017

147
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Transportes

O setor dos transportes engloba, entre outros PE, a reconstrução de novas estradas
secundárias e terciárias.

103
Tabela 30 - Projetos previstos em Angola para o setor dos transportes

Projeto Montante
(US$ milhões)
Programa de recuperação das vias secundárias 347,3

Programa de recuperação e conservação da rede terciária de estradas 67,3

Água e saneamento

Os PEs do setor da água e saneamento abrangem, tal como nos restantes setores,
alguns vetores considerados essenciais ao seu desenvolvimento, nomeadamente:

1. Abastecimento de água às sedes de província e municípios mais populosos;

2. Abastecimento de água em meios rurais.

Tabela 31 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água às sedes de província
104
e municípios mais populosos

Projeto Montante
(US$ milhões)
Construção do sistema IV do Bita 51

Construção do sistema 5 Quilonga Grande 74

Reforço dos sistemas de abastecimento de água e saneamento de 17 cidades capitais de


276
Província

Construção de novos sistemas de abastecimento de água em 130 sedes municipais do


144
território nacional

Fonte: PND 2013 – 2017

O Decreto Presidencial nº 256 aprovado a 29 de setembro de 2011, cujo objetivo principal é o de


quadruplicar a oferta de energia atualmente existente, prevê um investimento global de cerca de US$ 13 mil
milhões, e deverá ser realizado até 2025. Este programa irá permitir ao setor energético crescer de 3% para
10% ou 15% do PIB, no final da sua implementação.

103
Fonte: PND 2013 – 2017
104
Fonte: PND 2013 – 2017

148
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

105
Tabela 32 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água em meios rurais

Projeto Montante
(US$ milhões)
Projeto para melhoria do abastecimento de água dos meios rurais – Programa “Água para
58
todos”

Fonte: PND 2013 – 2017

Projetos estruturantes de iniciativa privada

Presentemente, encontram-se identificados 47 Projetos Estruturantes (PE) de


iniciativa privada nos clusters da alimentação e agroindústria (25), Geologia, Minas e Presentemente,
Indústria (15) e Petróleo e Gás Natural (7). Estima-se que 39 destes projetos encontram-se
envolvam um investimento total de AKZ 970.906 milhões, dos quais identificados 47
aproximadamente 17% se inserem no cluster geologia, minas e indústria, cerca de PE de iniciativa
16% destinam-se ao cluster alimentação e agroindústria e 67% ao cluster petróleo e privada
gás natural.

O valor dos restantes 8 projetos de iniciativa privada (dos quais 6 do cluster geologia e minas e 2 do cluster
petróleo e gás natural) ainda não está determinado.

Exceto os projetos do cluster petróleo e gás natural, cujos investimentos se encontram maioritariamente
associados aos locais de proveniência daqueles recursos, os restantes PE de iniciativa privada apresentam-se
dispersos por várias províncias do território.

105
Fonte: PND 2013 – 2017

149
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.6. Polos industriais e agroindustriais

O executivo angolano tem nas suas linhas de


orientação programáticas o objetivo de construir e
desenvolver polos agroindustriais, procurando sinergias
pela integração de atividades agropecuárias e os seus
processos de transformação, armazenagem e logística.

Os investimentos previstos são elevados, estando


identificados como grandes projetos:

• Polo agroindustrial de Capanda em Malange –


US$ 375 milhões;

• Polo agroindustrial da Camabatela em Kwanza


Norte – US$ 243 milhões.

É intenção do Governo que uma parte significativa dos


projetos de investimento de médio e longo prazo,
estimados em cerca de US$ 2.478 milhões, se
desenvolvam através de PPP.

As principais produções deverão ser o milho, arroz,


feijão, óleo de soja, soja, hortícolas, farinhas, rações e
carne bovina, suína, de aves, leite e ovos (sendo estes
dois últimos produtos “projetos bandeira” do Governo).

A aposta do Governo angolano na produção nacional traduz-se em:


• Programas de incentivos;
• Linhas de financiamento;
• Forte investimento público;
• Campanhas de marketing para incentivar a compra de produtos e serviços comercializados em
Angola.

Fonte: Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas

A nível do fomento industrial, têm sido várias as


iniciativas de desenvolvimento de polos industriais, em
parceria com outras entidades públicas. A título de
referência, a Sonangol tem estabelecido parcerias com
empresas privadas para o desenvolvimento de 73 Novas unidades industriais na ZEE
unidades industriais na ZEE (de Viana),
compreendendo atividades como a metalomecânica,
galvanização, produção de casas pré-fabricadas,
reciclagem de resíduos, produção de vidro e produção Polos de desenvolvimento industrial
avícola. nas 18 províncias
As políticas de aceleração do programa de
industrialização do país passam pela construção de
polos de desenvolvimento industrial nas 18 províncias.
Os polos industriais concentram-se principalmente no
litoral, existindo perspetivas de alargar o projeto a todas
as províncias.

150
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

No orçamento de estado de 2012 encontravam-se previstos planos de desenvolvimento industriais para os


polos industriais de Viana, Lucala e Futila na ordem dos US$ 12 milhões no total, quantia semelhante a 2011 e
quase o dobro do valor que constava no OGE de 2010.

Espera-se que o desenvolvimento dos polos industriais seja efetuado no quadro da lei das parcerias público-
privadas.

A par destes programas, o Governo tem igualmente lançado várias iniciativas para o fomento industrial, desde
o processamento de sucatas metálicas, ao cimento e materiais de construção, ao têxtil, recorrendo ao OGE ou
a financiamento internacional, tal como se verifica no setor têxtil.

“O polo agroindustrial de Capanda tem


uma área de 411 mil hectares. A meta é
substituir 50% do que Angola gasta a
importar alimentos.”

Revista Exame, 2013

151
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.7. Abertura da economia e relações comerciais

A economia angolana é relativamente fechada não obstante o elevado valor de exportações que, no entanto
apresentam forte concentração no petróleo.

106
Tabela 33 - Abertura da economia angolana

Angola 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ /AKZ) 110,38 111,08 121,53 131,01 123,17

Inflação 12,47% 13,73% 14,47% 13,47% 10,29%

Balança Comercial (em % do PIB) 51,00% 27,10% 41.20% 45,30% 49,23%

Balança Corrente (em % do PIB) 8,50% (11,30%) 9,10% 12,60% 17,69%

Importações

Angola importa maioritariamente da China, dos EUA e da África do Sul. Tal como se verifica relativamente ao
bloco comercial em que Angola se encontra inserida, o peso total e relativo da China tem vindo a aumentar, o
que contrasta com o declínio da importância relativa do Brasil.

Gráfico 81 - Evolução das importações de Angola e principais países de origem, 2008-2012

100% 24,000 25,000


22,660
90%
Peso nas importações totais de Angola

20,982
20,190
80% 20,000

70% 16,667
Brasil
60% 15,000 África do Sul
6%
6%
50% 10% 6% EUA
8% 5%
4% 6% 8% Portugal
40% 4% 4% 9% 10,000
10% 8% China
8%
30% 20% Importações
19%
16% 18% 16%
20% 5,000

10% 17% 21%


14% 14% 13%
0% -
2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

106
Fontes: Banco Mundial, Bloomberg, BNA

152
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Portugal tem conseguido aumentar as suas exportações para Angola, aumentando igualmente o seu peso
relativo no total das importações angolanas – representou em 2012 cerca de 20% das importações do país. O
Brasil consegue ter algum relevo, representando 6% das importações, em 2012, embora apresente uma
tendência decrescente.
A CPLP representou, em 2012, 40,62%
das importações angolanas
Gráfico 82 - Importações angolanas da CPLP

12,000

10,000 40.62%
Importações (milhões US$)

8,000 2,191

26.42%
6,000 26.66% 26.26%
12
10 5
1,737 1,299
2,005 22.68%
4,000 7,558
3
1,007
2,000 3,578 4,238 3,998
2,769

-
2008 2009 2010 2011 2012
Portugal Brasil Moçambique
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Relativamente aos produtos importados verifica-se que Angola, para conseguir desenvolver a sua indústria,
ainda se encontra dependente, em grande medida, dos países industrializados. Angola importa
maioritariamente máquinas, aparelhos, instrumentos mecânicose materiais elétricos, automóveis e obras de
ferro fundido, ferro ou aço para construção.

A indústria portuguesa poderá beneficiar do forte relacionamento entre os dois países para melhorar a
compatibilidade dos produtos exportados, vs. importações de Angola, nomeadamente, em setores
competitivos e que têm vindo a sofrer reduções no consumo interno, como sucede com a maquinaria e
alimentos.

153
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 83 - Importações angolanas - Top produtos

Maquinaria e equipamentos de
2% transporte
5%
Alimentos e animais vivos
5%

Bens manufaturados
9% 35%

Outros artigos manufaturados

9% Químicos e produtos relacionados

Bebidas e tabaco

Combustíveis minerais, lubrificantes e


16%
materiais relacionados
18%
Óleos vegetais e animais, gorduras e
ceras

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Não obstante o peso dos produtos importados, em particular máquinas e equipamentos, importa realçar o
crescimento médio anual que as importações de combustíveis e bens agroalimentares (em especial, carnes,
bebidas e cereais) tiveram no período 2008-2011 (56% e 13%) e que revelam por um lado as fortes lacunas
que o setor primário apresenta no abastecimento alimentar das populações, a par do elevado ritmo de
crescimento populacional que o país vem registando desde o fim da guerra civil, e por outro indiciam um
crescimento do consumo privado.

Gráfico 84 - Importações angolanas – evolução por tipo de produtos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Portugal merece destaque na análise dos principais mercados nas importações angolanas nos 4 produtos
mais importados, fazendo parte do top 5 dos parceiros comerciais. Quanto às exportações portuguesas para
Angola são de destacar as máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, sendo Portugal o maior exportador
destes produtos para Angola, o que reflete as fortes relações comerciais entre os dois países.

154
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Figura 28 - Principais importações angolanas de Portugal

Portugal
20% das importações
angolanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012


Gráfico 85 - Importações angolanas a Portugal

Agregadamente, a maquinaria e
equipamentos de transporte são a fatia
com maior peso nas importações de 8%
Angola com proveniência de Portugal. 30%
10%
Analisando em maior detalhe, importa
destacar as bebidas alcoólicas,
representando cerca de 8,2% das 11%
exportações portuguesas para Angola.

Destacam-se igualmente as 15% 23%


exportações de mobiliário, estruturas e
partes de estruturas de ferro, aço ou
alumínio e de barras de ferro e aço
para construção. Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Bebidas e tabaco
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Químicos e produtos relacionados

155
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Figura 29 - Principais importações angolanas do Brasil

Brasil
6% das importações angolanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012


Gráfico 86 - Importações angolanas ao Brasil

5%
Relativamente aos produtos vindos do Brasil, 8%
em 2012, o que tem maior peso é a categoria
carne, com uma importância relativa de
27,86%. 11%

Em segundo lugar surgem as importações de 57%


açúcar com um peso de 10,56% e, de seguida,
mobiliário com 4,77%. 17%

Identificam-se possibilidades de concorrência


entre as economias que possam apresentar os
mesmos produtos ou fileiras de produtos
usando como base o produto importado por Alimentos e animais vivos
referência.
Maquinaria e equipamentos de transporte

Outros artigos manufaturados

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

A importação de serviços por parte de Angola centra-se nos serviços associados ao setor da construção e dos
transportes, o que é compreensível considerando o atual estado de desenvolvimento da economia angolana,

156
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

que tem investido na construção de infraestruturas e de projetos industriais relevantes e que depende da rede
de transportes internacionais para a escoação dos seus produtos, verificando-se mesmo uma forte ligação
entre o aumento das exportações de petróleo e as importações de serviços de transporte.

Gráfico 87 - Importações angolanas de serviços

100%

80%
9,378 8,296 10,853
11,723
60%

40% 3.629
4.156 3.089
3.721
20% 7.932
5.007 4.676 4.643
0%
2008 2009 2010 2011

Serviços de Construção Transportes Outros Serviços

Fonte: International Trade Centre

Exportações

Os principais mercados para os quais Angola exporta os seus produtos são a China, os EUA, a Índia, Taipé
Chinesa e a África do Sul, sendo responsáveis pela absorção mais de 82% das exportações. A China tem
vindo a ganhar importância relativa nas exportações angolanas, sendo o destino de quase 50% das
exportações do país, por contrapartida do declínio da importância relativa dos EUA nas relações comerciais
angolanas.

Gráfico 88 - Evolução das exportações de Angola e principais países de destino

100% 73,000
80,000
66,996
90% 70,000
63,914
Peso nas exportações totais de

80%
60,000 India
70% 9%
2% 9% 9% 11%
60% 50,595 50,000
Angola

23% 14% EUA


50% 24% 40,828 21% 40,000
29%
40% 30,000 China
30%
46% 20,000
20% 43% 38%
33% 37% Exportações
10% 10,000

0% -
2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

157
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

As exportações angolanas para a CPLP representam pouco mais de 50% do que Angola importa dos países
membros, sendo que na sua grande maioria aquelas correspondem a produtos petrolíferos destinados a
Portugal. O quadro de relações de exportação para a CPLP é residual para os restantes países .

Gráfico 89 - Exportações angolanas para a CPLP

6,000
7.58%
Importações (milhões US$)

5,000 111

4,000

3,000 4.20%
3.07% 5,423
2,000
450
2,106 2.33%
1,000 477
0.91% 1,602
142
550 683
- 215
2008 2009 2010 2011 2012

Portugal Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Portugal é o principal destino das exportações A CPLP representou, em 2012, cerca de


angolanas dentro da CPLP, absorvendo cerca de 7,58% do destino das exportações
7,13% das exportações totais do país (2012), seguido angolanas. 99% destas exportações
novamente pelo Brasil cujas relações comerciais com
correspondem a petróleo
Angola não são expressivas para as exportações do
país.

Figura 30 - Principais exportações angolanas para Portugal

Portugal
7% das exportações
angolanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2021

158
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Figura 31 - Principais exportações angolanas para o Brasil

Brasil
0,15% das exportações
angolanas

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As exportações para o Brasil têm um menor peso na economia de Angola e 99% delas são propano e butano.

159
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.8. Investimento privado de e para Angola

3.8.1. Principais investimentos privados em Angola

Em 2012 as propostas de investimento aprovadas totalizaram US$ 2.436 milhões, sendo que Portugal foi o
país estrangeiro com o maior valor de investimentos aprovados, com um total de US$ 489 milhões investidos
no país, tendo sido inclusive o único país da CPLP que obteve aprovação às suas propostas de investimento
(além do investimento de fonte angolana).

Tabela 34 - TOP 10 dos países de origem do investimento privado em Angola

Montante
Ranking Países N.º propostas
(US$ milhões)

1 Angola 29 1.616

2 Portugal 24 489

3 Países Baixos 2 106

4 África do Sul 3 55

5 China 16 42

6 Bélgica 2 15

7 Espanha 7 14

8 Maurícias 3 13

9 Nigéria 2 11

10 Inglaterra 4 8

Fonte: ANIP (Agência Nacional de Investimento Privado - de Angola), 2012

A grande maioria dos investimentos aprovados destinaram-se à província de Luanda, sendo que os projetos
foram dispersos por diversas áreas, desde atividades auxiliares de seguros e fundos de investimento sendo
esta a principal atividade económica na qual as empresas portuguesas investiram, passando por projetos de
construção de edifícios (no todo ou em parte) por projetos de investimento no comércio a retalho, comércio por
grosso e pela fabricação de diversos produtos, tal como cimento, cerveja e malte, artigos de plástico, entre
outros.

Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões, tendo-se a China assumido como
principal fonte de investimento em Angola, com um total de US$ 30 milhões.

Portugal viu aprovadas propostas de investimento no total de US$ 11 milhões, sendo assim o segundo país
com maior valor de investimento em Angola. De notar também que, em 2013, o Brasil também viu duas
propostas suas de investimento privado serem aprovadas, num total de US$ 4 milhões.

160
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.8.2. Investimento Direto Estrangeiro


Angola
Em 2012, as propostas de investimento aprovadas totalizaram Dados referentes aos últimos 24 meses
108
US$2.436 milhões . Portugal foi o país estrangeiro com o maior valor
de investimentos aprovados, com um total de 489 milhões US$ Número de projetos: 47
investidos no país.
CAPEX: US$ 3.380 milhões
A grande maioria dos investimentos aprovados tiveram como destino a Postos de trabalho criados: 5.422
província de Luanda, compreendendo atividades auxiliares de seguros
e fundos de investimento (sendo esta a principal atividade económica Empresas/investidores: 26
na qual as empresas portuguesas investiram), projetos de construção
de edifícios (no todo ou em parte), projetos de investimento no comércio Top cidades recetoras de IDE
a retalho e no comércio por grosso e a fabricação de diversos produtos,
tal como cimento, cerveja e malte, artigos de plástico, de entre outros. Luanda: 18 projetos

Soyo: 3 projetos
Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões,
tendo a China levado a dianteira como principal fonte de investimento Viana: 2 projetos
em Angola, com um total de US$ 30 milhões US$. Portugal viu
aprovados propostas de investimento no total de 11 milhões US$, Cabinda: 2 projetos
sendo assim o segundo país em valor de investimento em Angola.
Huambo: 1 projeto
107
Adicionalmente, em 2013 o Brasil também viu duas propostas de Fonte: fDI Markets
investimento privado aprovadas, num total de 4 milhões US$.

O IDE tem vindo a desempenhar um papel relevante na atividade económica de Angola. A atração dos
investidores por Angola deve-se, maioritariamente, às riquezas existentes em petróleo e outros recursos
naturais. Nas atividades não-petrolíferas, o principal interesse recai sobre a indústria transformadora e sobre a
reabilitação das infraestruturas e a agricultura.

Não obstante, o período entre 2010 e 2012, foi um período de retração


“O investimento privado, a do IDE em Angola, tendo-se verificado inclusivamente um forte fluxo
par do investimento público, de desinvestimento. Esse facto provocou um saldo líquido negativo
continua a ser uma aposta nesse período, devido a uma multiplicidade de fatores, como a
estratégica do Estado para recuperação do investimento anteriormente realizado por empresas
a mobilização de recursos petrolíferas estrangeiras, a falta de liquidez de alguns investidores
humanos, financeiros, internacionais e a necessidade de obtenção de liquidez através da
materiais e tecnológicos, venda das respetivas participações no investimento realizado e sua
visando o desenvolvimento aquisição por investidores nacionais.
económico e social do País,
o aumento da Angola apresenta uma economia fortemente especializada na extração
competitividade, crescimento petrolífera, o que também se reflete no IDE recebido. Entre 2003 e
da oferta de emprego e a 2012, este setor atraiu 3.609 projetos, representando 2.8% de todos os
melhoria das condições de projetos greenfield do período. Segundo a plataforma fDI Markets
vida das populações” (Financial Times Ltd.), Angola liderou o ranking dos projetos
109
greenfield dos países subdesenvolvidos, com o projeto americano
Lei Base de Investimento no setor do petróleo da empresa Esso Exploration Angola (Block 15),
Privado – Lei nº 20/11 com o valor de 2.500 milhões US$, o qual criou 219 postos de
trabalho.

O setor das tecnologias de comunicação e informação apresentou um


crescimento de IDE relevante – a sua quota do total de projetos

107 fDI Markets (Financial Times Ltd.)


108
De acordo com informação oficial da ANIP.
109
Projetos novos construídos de raiz.

161
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

greenfield cresceu de 9,3% em 2003 para 13,4% em 2012, e foi o setor que mais projetos atraiu neste período.

No setor dos serviços financeiros, entre 2003 e 2012, Angola atraiu 135 projetos na área da Banca, dos quais
76% oriundos de Portugal, tendo o número de projetos aumentado o seu peso no IDE recebido de 6,8% em
2003 para 9% em 2012.

No que respeita a investimento no exterior (Outward) com origem em Angola, entre 2010 e 2012 registou-se
um aumento progressivo do investimento, tendo Portugal como principal destino.

Gráfico 90 - Fluxos de IDE em Angola 2008-2012

4,000.0
2,570 2,741
2,205 2,093
2,000.0 1,340
Fluxos de IDE (milhões US$)

1,679 7
-
2008 2009 2010 2011 2012

-2,000.0 Inward
-3,024
Outward
-4,000.0 -3,227

-6,000.0

-8,000.0 -6,898

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Tabela 35 – IDE em Angola: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010

Criação
Investimento
estimada
estimado País de Área chave
Empresa de postos Ano Setor
(US$ origem de negócio
de
milhões)
trabalho
Total 9.000 2.013 2009 França Carvão, petróleo e Indústria manufatureira
gás natural
Chevron 8.300 1.967 2004 EUA Carvão, petróleo e Extração
Corporation gás natural
Chevron 3.800 0 2008 EUA Carvão, petróleo e Extração
Corporation gás natural
ITIC Group 3.535 3.000 2008 China Imobiliário Construção
Total 3.400 806 2003 França Carvão, petróleo e Extração
gás natural
ExxonMobil 3.400 806 2004 EUA Carvão, petróleo e Extração
gás natural
ExxonMobil 3.000 839 2003 EUA Carvão, petróleo e Extração
gás natural
Chevron 2.500 289 2009 EUA Carvão, petróleo e Extração
Corporation gás natural
Roc Oil 2.338 289 2003 Austrália Carvão, petróleo e Extração

162
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Criação
Investimento
estimada
estimado País de Área chave
Empresa de postos Ano Setor
(US$ origem de negócio
de
milhões)
trabalho
gás natural
ExxonMobil 2.338 215 2006 EUA Carvão, petróleo e Extração
gás natural
British Petroleum 2.338 215 2003 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
British Petroleum 2.338 215 2008 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
Petrobras 2.338 289 2003 Brasil Carvão, petróleo e Extração
gás natural
British Petroleum 2.338 215 2007 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
China Petroleum 2.338 215 2007 China Carvão, petróleo e Extração
and Chemical gás natural
Eni 2.338 215 2007 Itália Carvão, petróleo e Extração
gás natural
Total 1.587 171 2004 França Carvão, petróleo e Indústria manufatureira
gás natural
ExxonMobil 745 167 2003 EUA Carvão, petróleo e Indústria manufatureira
gás natural
Camargo Corrêa 683 894 2010 Brasil Construção Indústria manufatureira
Mota Engil 603 3.000 2008 Portugal Imobiliário Construção
British Petroleum 600 142 2009 Reino Carvão, petróleo e Extração
Unido gás natural
Portugal Telecom 400 123 2004 Portugal Comunicação TIC e infraestruturas de
internet
AXE Group 329 155 2009 Bélgica Transportadora Formação
Imocom 329 612 2009 Portugal Construção Indústria manufatureira
ZTE 300 474 2005 China Comunicação TIC e infraestruturas de
internet
Odebrecht 250 66 2007 Brasil Energias renováveis Eletricidade
Technip-Coflexip 223 448 2003 França Metais Indústria manufatureira
Banco Espirito 218 632 2008 Portugal Construção Indústria manufatureira
Santo
Daimler 200 1.977 2010 Alemanha OEM automóvel Indústria manufatureira
Rangel 196 159 2009 Portugal Transportadora Logística, distribuição e
transporte
Coca-Cola 184 366 2009 EUA Bebidas Indústria manufatureira
H & C Maritime 172 1.544 2009 Países Transportes não- Indústria manufatureira
Construction Baixos automóveis
Zimsun Leisure 168 324 2003 Zimbabué Hotelaria Construção
Lonrho 164 306 2008 Reino Construção Indústria manufatureira
Unido
Technip-Coflexip 154 228 2008 França Equipamento Indústria manufatureira
industrial

163
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Criação
Investimento
estimada
estimado País de Área chave
Empresa de postos Ano Setor
(US$ origem de negócio
de
milhões)
trabalho
Rezidor Hotel 128 211 2009 Bélgica Hotelaria Construção
InterContinental 128 209 2009 Reino Hotelaria Construção
Hotels Unido
SABMiller 125 1.029 2009 Reino Bebidas Indústria manufatureira
Unido
Unicer 120 1.000 2004 Portugal Bebidas Indústria manufatureira
SBM Offshore 100 923 2010 Países Transportes não- Indústria manufatureira
Baixos automóveis
AP Moller – Maersk 95 397 2009 Dinamarca Logística Logística, distribuição e
transporte
Lonrho 95 798 2009 Reino Alimentação e tabaco Indústria manufatureira
Unido
Secil 91 314 2007 Portugal Materiais de Indústria manufatureira
construção
Alrosa 90 300 2005 Rússia Minerais Indústria manufatureira
Nampak 87 690 2007 África do Metais Indústria manufatureira
Sul
TOTAL 64.199 29.247
Fonte: UNCTAD, “Foreign Direct Investment in LCDs: Lessons Learned from the decade 2001-2010 and the way forward

Em toda a África começam-se a verificar novos modelos de IDE. A China tem vindo a desenvolver várias
iniciativas, alterando a configuração do investimento neste continente, entre as quais o desenvolvimento e
implantação territorial de zonas económicas, reforçando a sua presença a atuando como plataforma
multiplicadora de novo investimento chinês.

Há muitos exemplos do crescente interesse do investimento chinês em infraestruturas africanas. Na Zâmbia,


investidores chineses ganharam um contrato para a construção de uma central elétrica no montante US$ 600
milhões.

Na África do Sul e no Botswana, as empresas chinesas têm vindo a construir hotéis e outras infraestruturas
turísticas.

O gigante das telecomunicações chinesas, a Huawei, ganhou contratos no valor de US$ 400 milhões para o
fornecimento de serviços de comunicação móvel no Quénia, Zimbábue e Nigéria.

Para além destes exemplos, as empresas chinesas estão a ganhar contratos internacionais e estão a construir
estradas, pontes, sistemas de saneamento e edifícios para o aparelho de estado em todo o continente.

De acordo com o “China’s National Bureau of Statistics”, os cinco países africanos com maior stock de IDE
chinês em 2011 foram a África do Sul, Nigéria, Madagáscar, Guiné e Sudão.

Em países como o Gana, a Etiópia, Angola, Quénia e Tanzânia, multinacionais chinesas adotaram uma
abordagem de agregação de um pacote de produtos e serviços.

164
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Estes podem incluir portos, sistemas de água, redes de comunicação móveis, infraestruturas ferroviárias e
escolas - tudo o que pode ser trazido simultaneamente para o mercado por empresas chinesas altamente
110
diversificadas .

O investimento Chinês, inclui igualmente o setor industrial, como podemos verificar de seguida.

Case study:
Zonas 7 Zonas chinesas
económicas económicas chinesas em África
em África País/ Investimento
Projeto total Descrição
Argélia
Jiangling Economic and Zambia • US$410m • China Nonferrous Mining Co. investiu 95%
Chambishi e • Projeto centrado no cobre e cobalto
Trade Cooperation Zone
Lusaka • 700 Chineses + 3,300 Locais

Egito • US$80m • Foco no textil, equipamento para a


Nigéria Egito
Suez indústria do petróleo e montagem de
Ogun State Economic and Tianjin TEDA Suez automóveis e equipamento elétrico
Trade Cooperation Zone Economic and Trade
Zone Nigéria • US$264m em • 60% investimento chinês
Lekki 2–3 anos, • Foco no automóvel, texteis e iluminação e
• US$369m eletrodomésticos
total

Nigéria • US$220m • 82% do investimento efetuado por um


Ogun start-up, consórcio chinês
Nigéria Etiópia • US$500m 1ª • Foco na indústria ligeira
Lekki Free Trade Zone, Jiangsu Oriental fase
Lagos State Industrial Park
Maurícias • US$220m 1ª • 100% investimento chinês
Jinfei fase • Base industrial e de serviços para negócios
• US$729m sino-africanos
total
Zambia
Nonferrous Metal Mining Etiópia • US$101m • Investidores 100% Chineses
Group Industrial Zones: Maurícias Oriental • Foco em produtos de ferro e materiais de
Chambishi and Lusaka Jinfei Economic and construção
Trade Cooperation Zone
Argélia • £556m • Foco em materiais para as indústrias
Jiangling automóvel e de construção

Fonte: China's Investment in African Industrial Zones, World Bank, 2011

Há um vasto conjunto de exemplos que refletem o investimento chinês na África Subsariana. Enquanto o
petróleo e a mineração continuam a ser um importante foco do IDE chinês, nos últimos anos verificou-se uma
diversificação do investimento em diversos setores, desde o setor do calçado ao processamento de alimentos.

As empresas chinesas também têm feito grandes investimentos no desenvolvimento de infraestruturas


africanas, tendo como alvo os setores-chave, como telecomunicações, transportes, construção civil, centrais
111
elétricas e empresas de tratamento de resíduos .

Os investidores chineses estão particularmente bem posicionados para capitalizarem o crescimento


económico previsto para África. Tipicamente as empresas chinesas que investem em África são grandes
empresas estatais.

Estas empresas, apesar de não serem as mais eficientes, apresentam como vantagem competitiva a
possibilidade de recorrerem a crédito subsidiado, permitindo-lhes margens competitivas superiores para
poderem ganhar contratos face a outros investidores estrangeiros e empresas africanas.

110
Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC, 2013
111
Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC, 2013.

165
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

3.9. Principais setores de oportunidades na economia

“As maiores oportunidades estão no relançamento dos setores fora do âmbito


da Indústria Petrolífera e Diamantífera.”

O PND antevê que com o objetivo de promover a produção


Angola aposta na
nacional, a melhoria das condições sociais da população e o
incremento da autonomia da economia angolana, o Governo diversificação da sua
continuará a implementar um conjunto diversificado de economia, o que poderá
investimentos nos diversos setores estratégicos para o país. originar a relevantes
oportunidades de IDE
No plano das infraestruturas de transporte, o Governo angolano
pretende promover a reparação de estradas. No setor elétrico, há
o objetivo de promover a construção, a reparação das estruturas inativas, o reforço da capacidade de
transporte e transformação e a interligação dos três principais sistemas elétricos (Norte, Centro e Sul).

De uma forma mais detalhada, destacam-se aquelas que se consideram ser as potencialidades dos principais
setores de Angola:
112
Tabela 36 - Potencialidades a nível setorial (PND 2013-2017)

Setor Potencialidades

Agricultura  Cluster agroalimentar considerado prioritário, solos de elevada aptidão agrária e elevada biodiversidade;
 Abundância de recursos hídricos e extensão do território.
Pescas  Orla marítima extensa com um considerável nível de biomassa – o litoral angolano é, de um modo geral,
a imagem tradicional das costas do Continente Africano: pouco acidentado com poucas reentrâncias ou
saliências. O país possui 20 milhas náuticas de águas territoriais e 200 milhas náuticas de área
113
pesqueira
 Desenvolvimento da aquicultura para aumentar a disponibilidade de pescado;
 Perspetiva de desenvolvimento da indústria de processamento de pescado e dinamização das salineiras.
Petróleo  Grandes reservas de recursos petrolíferos por explorar e descoberta de novos campos de produção,
incluindo no pré-sal;
 Elevado potencial para a produção de formas alternativas de energias renováveis bem como de Gás
Natural Liquefeito);
 Aumento da capacidade de refinação com a construção e operação da Refinaria do Lobito (localizada no
morro de Quileva, ao longo da linha costeira, a 10 quilómetros da cidade do Lobito, a construção da
refinaria começou em 2012. Até à conclusão do projeto irão decorrer duas fases, isto é, a da construção
com a duração de dois anos e meio, sob responsabilidade das empresas Odebrecht, Mota Engil e
Zagope e a segunda fase, destinada à montagem das diversas linhas de refinação de petróleo durante
três anos).
Geologia  Diversas ocorrências minerais devidamente identificadas;
 Grande potencial diamantífero;
 Possibilidade de escoamento de minérios pelas vias marítima e ferroviária.

Indústria  O setor industrial tem registado fortes taxas de crescimento (57,30% em 2011; 97% em 2012 e 56,7% em
2013, de acordo com a CCIPA – Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Angola
 Condições adequadas para a implantação de polos de desenvolvimento e complexos industriais (por
exemplo nas províncias de Cabinda e Zaire);
 Reabilitação de infraestruturas, com destaque para estradas, caminhos-de-ferro, pontes e fontes de

112
Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, Governo de Angola
113 Embaixada da República de Angola
166
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Setor Potencialidades

fornecimento de energia elétrica e água;


 Lançamento de novos programas de financiamento às micro, pequenas e médias empresas (MPME);
 Aumento significativo do número de estabelecimentos de ensino superior e ensino médio e de outros
centros de estudos técnicos e tecnológicos (a literacia da população adulta angolana, é de cerca de 70%.
Em 2012 existiam 16 colégios e universidades públicas, além das universidades privadas – cerca de 22 –
que têm vindo a aumentar);
 Desenvolvimento tecnológico.

Comércio  Lançamento do Programa Nacional de Plataformas Logísticas;


 Organização do Comércio Rural;
 Programa “Train For Trade”, para desenvolvimento da capacidade de fazer negócios.

Hotelaria e  Oportunidades de exploração turística associadas a novos polos de desenvolvimento (turismo de


Turismo negócios, social, lazer, desportivo e ecoturismo);
 Construção de novos hotéis, recuperação das vias de comunicação e de acesso;
 Existência de património etnológico e cultural diversificado e de rica variedade de realidades climáticas
(belezas paisagísticas do país)

Ambiente  Aumento das áreas de conservação ambiental e florestal, bem como a valorização do património natural
e das comunidades;
 Novas metodologias de análise da viabilidade económica e ambiental, assim como a obrigatoriedade de
apresentação de estudos de impacto ambiental em projetos de investimento.

Tabela 37 - Potencialidades a nível do setor empresarial (PND 2013-2017)

Setor Potencialidades

Setor empresarial  Implementação da reforma do setor público empresarial;


público, PPPs e  Oportunidades de PPPs com potencial de “Value for Money”;
setor empresarial  Operacionalização do programa “Angola Investe” para facilitar acesso ao crédito,
privado desburocratização e apoios fiscais às MPME angolanas;
 Operacionalização do “Programa de Apoio ao Pequeno Negócio” para a redução da economia
informal;
 Redução dos custos da burocracia através dos Guichés Únicos;
 Concentração das cadeias produtivas através da implantação da ZEE Luanda-Bengo (localizada
em Viana, numa área total de 8.300 hectares, onde foram projetadas 73 fábricas orçamentadas em
US$ 50 milhões).

Em conclusão, o crescimento nos setores não petrolíferos será impulsionado pelo acréscimo do consumo e
114
por um aumento do investimento público em infraestruturas :

 O setor comercial deverá registar um crescimento nos próximos anos, impulsionado pela subida dos
rendimentos per capita e pela urbanização em curso;

 O setor agrícola continuará a beneficiar da expansão das infraestruturas nas zonas rurais;

 A construção deverá continuar a sua tendência de crescimento acentuado, suportada pelos planos do
Governo de construir projetos de habitação em larga escala e de requalificar estradas, pontes, silos e
o sistema ferroviário.

114
Fonte: Banco Mundial, 2012
167
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

À medida que o plano de substituição de importações por produção nacional for sendo executado é expectável
que surjam novas medidas protecionistas dos respetivos setores.

3.10. Financiamento à economia

3.10.1. Principais bancos presentes

Do ponto de vista financeiro, Angola tem tido um Estrutura


Figura acionista
32 - Estrutura bancária
acionista bancária em África
crescimento notável, constituindo atualmente o
terceiro maior setor bancário da África Subsariana,
atrás da África do Sul e da Nigéria. Angola possui
115
cerca de 23 instituições bancárias autorizadas
pelo BNA, das quais 3 são detidas pelo Estado
Angolano.

De facto, no contexto da SADC, Angola é dos


poucos países que goza de um sistema financeiro
concorrencial plural, com vários bancos a operar
no mercado, com estruturas acionistas
diversificadas, entre os quais investidores
internacionais, privados e Governo, ao contrário do
que se verifica na África do Sul em que o sistema
financeiro é dominado fundamentalmente por
entidades/grupos locais.
Predominantemente local

De referir ainda que o sistema financeiro angolano Equilibrada


possui fortes ligações (comerciais e/ou acionistas) Estrangeira e Governo
com os grupos bancários portugueses, Predominantemente estrangeira
nomeadamente com o Banco BPI, Caixa Geral de
Predominantemente Governo
Depósitos (CGD), BES e Millennium BCP e, mais
Excluído
recentemente, mas de forma reversa, o BIC em
Portugal. (Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

No mercado bancário angolano, destacam-se


como os cinco maiores bancos, o Banco Angolano
de Investimento (BAI), o Banco Espírito Santo
Angola (BESA), o Banco de Fomento Angola
(BFA), o Banco de Investimento Comercial (BIC) e
o Banco de Poupança e Crédito (BPC) que no seu
conjunto controlam mais de 80% do total dos
ativos bancários, depósitos e empréstimos.

115
Banco Angolano de Investimentos, S.A. (BAI), Banco Angolano de Negócios e Comércio, S.A. (BANC), Banco BAI
Micro Finanças, S.A. (BMF), Banco BIC, S.A. (BIC), Banco Caixa Geral Totta de Angola, S.A. (BCGTA), Banco Comercial
Angolano, S.A. (BCA), Banco Comercial do Huambo, S.A. (BCH), Banco de Comércio e Indústria, S.A. (BCI), Banco de
Desenvolvimento de Angola, S.A. (BDA), Banco de Fomento Angola, S.A. (BFA), Banco de Negócios Internacional, S.A.
(BNI), Banco de Poupança e Crédito, S.A. (BPC), Banco de Poupança e Promoção Habitacional, S.A. (BPPH), Banco
Espírito Santo Angola, S.A (BESA), Banco Keve, S.A. (KEVE), Banco Kwanza, S.A (BKI), Banco Millennium Angola, S.A
(BMA), Banco Privado Atlântico, S.A. (BPA), Banco Sol, S.A. (BSOL), Banco Valor, S.A. (BVB), Banco VTB África, S.A.
(VTB), Finibanco Angola, S.A. (FNB), Standard Bank de Angola (SBA).

168
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

A curto e médio prazo o setor dos serviços financeiros deverá continuar a crescer transversalmente em
África, impulsionado pelo crescimento da economia africana, a atração de IDE e a crescente urbanização
dos países. Os níveis de competitividade e barreiras à entrada necessariamente aumentarão, criando, no
entanto, oportunidades para as instituições financeiras de países desenvolvidos que introduzam uma oferta
diferenciadora na região, respondendo igualmente aos desafios de inovação tecnológica, mobilidade e maior
bancarização e sofisticação da população.

Ao nível da regulação do setor financeiro, é também expetável que se continuem a verificar progressos, em
particular ao nível do controlo e gestão de risco e compliance, numa aproximação aos standards
internacionais.

Estas duas tendências impõem grandes desafios aos países africanos, nomeadamente ao nível da
disponibilidade de pessoal qualificado e com as competências adequadas. Os países enquadrados em
acordos regionais e com laços geopolíticos e de comércio sólidos, sem dúvida, poderão constituir-se
parceiros na resolução desta lacuna, que a prazo será sentida com maior intensidade.

3.10.2. Bancarização da população116

Figura Contas
33 - Contas bancárias
bancárias em África com
(% +15anos)
antiguidade superior a 15 anos
O nível de bancarização de Angola no seio da SADC é
apenas suplantado pela África do Sul e Moçambique,
onde mais de 40% da população dispõe de conta
bancária, (à data de realização do presente estudo, é
provável que Angola também já tenha ultrapassado
esta barreira, atendendo ao crescimento exponencial
do seu nível de bancarização).

As principais instituições bancárias angolanas


encontram-se presentes nas 18 províncias nacionais,
o que tem permitido uma crescente bancarização ao
nível do país. O banco de maior dimensão em Angola
é o BAI.

Em face das desigualdades existentes em Angola e da


necessidade de combate à pobreza, foi implementado
< 10% um instrumento, o microcrédito, cuja concessão tem
Entre 10% e 20%
como principais destinatários desempregados,
microempresas, imigrantes, recém-licenciados e
Entre 20% e 30%
pequenas comunidades agrícolas e piscatórias.
Entre 30% and 40%
Atualmente, existem três instituições de microcrédito
> 40% autorizadas pelo BNA com sede em Luanda que são a
Não disponível KIXICRÉDITO (Angola), S.A., a FACILCRED, S.A. e a
(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011) SOMICRE, S.A.

3.10.3. Taxas de juro de financiamentos

No que toca aos empréstimos concedidos, tem havido uma crescente preocupação por parte do Governo de
Angola no sentido de melhorar o setor de regulação do crédito nomeadamente no que diz respeito ao direito à
informação tendo, neste âmbito, sido criada, em 2010, a Central de Informação de Risco de Crédito (CIRC)
com o principal objetivo de incrementar a eficiência na avaliação e gestão do risco de crédito.
116
BES Research 2012; www.bna.ao
169
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O BNA, relativamente a empréstimos concedidos, procedeu à introdução de uma taxa de juro de referência no
ano de 2011, sendo que a taxa de juro de referência aplicada no final do mês de julho de 2012 era de 10,25%.
Importa referir que a taxa de juro de referência é revista mensalmente por forma a refletir a média das taxas de
juro das operações bancárias.

3.10.4. Bolsa de valores117

Atualmente, Angola ainda não possui mercado bolsista, embora se preveja que o arranque da bolsa de valores
de Angola tenha início no ano de 2016.

117
Fontes: BAfD; BNA
170
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

4.Investir em
Angola

171
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

4. Investir em Angola

4.1. Como investir em Angola?


O investimento privado em Angola decorre de um processo negocial entre investidores e autoridades
angolanas, nomeadamente a Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP), o BNA, a Administração
Fiscal e o Governo.

A lei que regula o investimento privado em Angola, em vigor desde 2011, define que apenas se considera
como investimento privado aquele cujo montante global corresponda ao valor igual ou superior a 1 milhão de
US$.

De forma a possibilitar a aprovação de uma proposta de investimento, o investidor deverá entregar os


seguintes documentos:

 Carta de submissão da proposta;


 Procuração mandatando o subscritor da proposta (caso não seja promotor da proposta de
investimento);
 Modelo de apresentação de proposta, devidamente preenchido;
 Modelo de candidatura aos incentivos, devidamente preenchido (caso reúna as condições
estabelecidas por lei);
 Cópias da documentação legal dos proponentes estatutos, registo comercial em caso de
pessoa(s) coletiva(s);
 Cópias da documentação legal dos proponentes (bilhete de identidade, passaporte e registo criminal,
devidamente autenticados pelos serviços consulares da República de Angola no país de origem do
proponente) em caso de pessoa(s) singular(es);
Pessoas singulares - Apresentação de declaração bancária confirmando serem titulares de bom
crédito, isto é, pagam as suas dívidas com regularidade, sem ser necessário constar o montante da
conta;
 Deliberação da Assembleia-Geral da sociedade, devidamente autenticada pelos Serviços Consulares
da República de Angola no país de origem do proponente (caso de transmissão de quotas/ações);
 Certificado de denominação social (em caso de sociedade a constituir para efeito de implementação
do projeto de investimento);
 Estudo de viabilidade técnica, económica e financeira do projeto de investimento;
 Estudo de impacto ambiental, se aplicável;
 Proposta de contrato de investimento entre os “investidores” e o Estado;
 Cópia da documentação comprovativa da existência de terreno para o projeto, caso este tenha forte
dependência em termos de localização (terreno apropriado para o seu objetivo);
 Relatórios e contas dos últimos três anos;
 Cópia(s) dos estatutos da(s) empresa(s) que opera(m) no exterior.

É importante referir que, para os investimentos estrangeiros, toda a documentação referente ao processo de
candidatura deverá ser traduzida para português e autenticada pelos serviços consulares da Embaixada de
Angola no país de origem ou de residência do investidor.

Os projetos de investimento até 10 milhões de US$ são aprovados pela ANIP e pelo Ministério das Finanças,
sendo que os projetos de investimento superiores a este montante serão aprovados pelo Presidente e pelo
Conselho de Ministros.

Uma vez obtida a aprovação do investimento, a ANIP emite o CRIP (Certificado de Registo de Investimento
Privado) e envia-o para:

 BNA que autoriza a importação de capitais do estrangeiro;


 Direção Nacional da Alfândegas que autoriza a redução ou isenção de taxas aduaneiras;
 Direção Nacional dos Impostos que monitoriza os impostos e os benefícios fiscais.
172
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Após a obter a aprovação da sua proposta de investimento, o investidor deve, de entre outras obrigações:
 Constituir e registar a sociedade ou sucursal;
 Publicar os Estatutos no Diário da República;
 Obter a licença de atividade;
 Registar-se junto das autoridades fiscais.

4.2. Incentivos e benefícios ao investimento


O investimento privado em Angola é regulado pela Lei Base de Investimento Privado – Lei nº 20/11, de 20 de
maio, que visa, essencialmente, introduzir os ajustamentos que a aplicação dos principais instrumentos legais
reguladores do investimento privado, na última Lei Base de Investimento Privado, revelou serem necessários.

Um dos grandes objetivos desta lei é a criação de um sistema de incentivos, benefícios e facilidades que
atente, em concreto, ao impacto económico e social dos projetos na economia.

A lei aplica-se ao investimento privado a realizar em De acordo com o artigo 27º da Lei nº 20 / 11, a
Angola, mas apenas a uma parte – o objetivo é regular concessão dos incentivos e facilidades ao
o investimento mais relevante / estruturante. Assim, na investimento é feita tendo em conta os
delimitação do campo de aplicação, recorre-se a um seguintes objetivos económicos e sociais:
critério monetário/financeiro: apenas os investimentos
(externos e internos) de valor igual ou superior a US$ a) Incentivar o crescimento da economia;
1.000.000,00 estão abrangidos. b) Promover o bem-estar económico, social e
cultural das populações, em especial da
Os projetos de montante abaixo do referido, embora juventude, dos idosos, das mulheres e das
viáveis, não estão sujeitos à Lei n.º 20/11, não podendo crianças;
aceder aos benefícios previstos na lei, nem sendo
garantido o repatriamento do investimento e c) Promover as regiões mais desfavorecidas,
correspondentes acréscimos. sobretudo no interior do país;
d) Aumentar a capacidade produtiva nacional,
Os regimes de investimento privado nas atividades de com base na incorporação de matérias-primas
exploração petrolífera, diamantífera, das instituições locais e elevar o valor acrescentado dos bens
financeiras e, ainda, de outros setores que a lei produzidos no país;
determine, estão sujeitos a legislação específica.
e) Proporcionar parcerias entre entidades
118
Benefícios e incentivos nacionais e estrangeiras;
f) Fomentar a criação de novos postos de trabalho
Para o acesso a incentivos, as operações de
para trabalhadores nacionais e elevar a
investimento devem preencher determinados requisitos
qualificação da mão-de-obra angolana;
de interesse económico, nomeadamente:
g) Obter a transferência de tecnologia e aumentar
a eficiência produtiva;
1. Realizar o investimento nos seguintes setores
de atividade: agricultura e pecuária; indústria h)Aumentar as exportações e reduzir as
transformadora; infraestruturas ferroviárias, importações;
rodoviárias, portuárias e aeroportuárias;
i) Aumentar as disponibilidades cambiais e o
telecomunicações e tecnologias de informação;
equilíbrio da balança de pagamentos;
indústria de pesca e derivados; energia e
águas; habitação social; saúde e educação; e j) Propiciar o abastecimento eficaz do mercado
hotelaria e turismo; interno;
2. Realizar investimentos nos polos de k)Promover o desenvolvimento tecnológico, a
desenvolvimento e nas demais ZEE de eficiência empresarial e a qualidade dos
investimento; produtos;
3. Realizar investimentos nas zonas francas a l)Reabilitar, expandir ou modernizar as
criar. infraestruturas destinadas à atividade
económica.
118
Lei Base de Investimento Privado – Lei nº 20/11
173
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Os incentivos fiscais são concedidos dependendo da zona em que o investimento é realizado, tendo o
Governo estabelecido zonas de desenvolvimento específicas, agregando assim determinadas províncias de
acordo com o seu grau de desenvolvimento.

a) Zona A - Província de Luanda, os municípios-sede das Províncias de Benguela, Cabinda, Huíla e o


Município do Lobito;
b) Zona B - Restantes municípios das Províncias de Benguela, Cabinda e Huíla e Províncias do
Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malange, Namibe e Uíge;
c) Zona C - Províncias do Bié, Cunene, Huambo, Cuando-Cubango, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico
e Zaire.

Tabela 38 - Incentivos fiscais por zona

Zona A

Imposto Industrial Imposto sobre Aplicação Imposto de Sisa Critérios para aplicação
de Capitais dos limites máximos
(art.º 38) (art.º 41)
(art.º 40) (art.º 42)

Isenção ou redução do Isenção ou redução do Isenção ou redução do O limite máximo de


Imposto Industrial sobre os Imposto sobre Aplicação de Imposto de Sisa pela isenção só pode ser
lucros resultantes de Capitais sobre os lucros aquisição de terrenos e atribuído ao investimento
investimento privado por um distribuídos aos sócios por imóveis adjacentes ao (i) avaliado num valor
período entre 1 a 5 anos. um período até 3 anos. projeto. superior a US$ 50
milhões ou (ii) que crie,
no mínimo, 500 novos
postos de trabalho
diretos para cidadãos
nacionais.

Zona B

Imposto Industrial Imposto sobre Aplicação Imposto de Sisa Critérios para aplicação
de Capitais dos limites máximos
(art.º 38) (art.º 41)
(art.º 40) (art.º 42)

Isenção ou redução do Isenção ou redução do Isenção ou redução do O limite máximo de


Imposto Industrial sobre os Imposto sobre Aplicação de Imposto de Sisa pela isenção só pode ser
lucros resultantes de Capitais sobre os lucros aquisição de terrenos e atribuído ao investimento
investimento privado por um distribuídos aos sócios por imóveis adjacentes ao (i) avaliado num valor
período entre 1 a 8 anos. um período até 6 anos. projeto. superior a US$ 20
milhões ou (ii) que crie,
no mínimo, 500 novos
postos de trabalho
diretos para cidadãos
nacionais.

174
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Zona C

Imposto Industrial Imposto sobre Aplicação Imposto de Sisa Critérios para aplicação
de Capitais dos limites máximos
(art.º 38) (art.º 41)
(art.º 40) (art.º 42)

Isenção ou redução do Isenção ou redução do Isenção ou redução do O limite máximo de


Imposto Industrial sobre os Imposto sobre Aplicação de Imposto de Sisa pela isenção só pode ser
lucros resultantes de Capitais sobre os lucros aquisição de terrenos e atribuído ao investimento
investimento privado por um distribuídos aos sócios por imóveis adjacentes ao (i) avaliado num valor
período entre 1 a 10 anos. um período até 9 anos. projeto. superior a US$ 20
milhões ou (ii) que crie,
no mínimo, 500 novos
postos de trabalho
diretos para cidadãos
nacionais.

Na concessão dos benefícios, a lei é mais benéfica se o projeto for localizado nas Zonas B ou C, (menos
desenvolvidas) e, em último lugar, na Zona A. Na Zona C, a isenção e redução tributária podem ser
concedidas a fornecedores secundários (subcontratados).

Para todas as zonas, quando não seja aprovada a isenção de Os incentivos fiscais ao IDE têm vindo
Imposto Industrial a possibilidade de redução da taxa de Imposto a tornar-se crescentemente seletivos
Industrial está limitada a um máximo de 50% da taxa geral em vigor.

Os incentivos ou reduções fiscais são negociados individualmente.

Poderão ser ainda concedidos benefícios fiscais extraordinários a investimentos desde que estes sejam
considerados muito relevantes para o desenvolvimento estratégico da economia nacional e verifiquem uma
das seguintes condições:
 Que criem pelo menos 500 postos de trabalho;
 Que contribuam para o desenvolvimento tecnológico inovador e maior investigação científica;
 Que resultem numa exportação anual que exceda os 50 milhões de US$;
 Avaliados em mais de 50 milhões de US$.

Há ainda projetos que pela sua particular relevância para a economia angolana podem beneficiar de incentivos
fiscais extraordinários.

 Regimes especiais – Lei que estabelece incentivos e facilidades para as Micro, Pequenas e
Médias empresas (MPME), Lei 30/11, de 13 de setembro

Há ainda um conjunto de benefícios fiscais transversais que, apesar de não estarem condicionados pela
existência de um fluxo financeiro externo para Angola, concedem vantagens para todos os empresários que
invistam no país.

Estes benefícios consistem na redução da taxa de Imposto Industrial e são especificamente orientados para
MPME, sendo esta classificação determinada pelo número de trabalhadores e montante de faturação, nos
seguintes termos:
 Microempresas: até 10 trabalhadores e/ou faturação anual bruta até US$ 250.000;
 Pequenas empresas: entre 11 e 100 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ 250.000 e
US$ 3.000.000;
 Médias empresas: de 101 até 200 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ 3.000.000 e
US$ 10.000.000.
175
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Os valores dos benefícios são:


 Microempresas: taxa de 2% sobre as vendas brutas;

PME:
 Zona A: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 50% - prazo: 5 anos
Províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Cuanza-Norte, Malanje, Cuando Cubango,
Cunene e Namibe
 Zona B: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 35% - prazo: 3 anos
Províncias de Cuanza-Sul, Huambo e Bié
 Zona C: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 20% - prazo: 2 anos
Província de Benguela, excetuando os Municípios do Lobito e de Benguela e a Província de
Huíla, excetuando o Município do Lubango
 Zona D: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 10% - prazo: 2 anos
Província de Luanda e Municípios de Benguela, do Lobito e do Lubango

4.2.1. Incentivos à captação de IDE

A captação de IDE tem sido promovida pelo Governo e, em concreto, pela ANIP que tem como meta para o
ano de 2013, atrair cerca de US$ 4 mil milhões para Angola em novos projetos.

O valor de IDE em projetos aprovados pela ANIP atingiu em 2012 o montante de 2.3 mil milhões de euros,
tendo o valor global de IDE em 2012 atingido o montante de 9,9 mil milhões de dólares, de acordo com a
African Economic Outlook (perspetivas económicas em África) do Banco Mundial.

A estratégia futura da ANIP passa pelo reforço da cooperação com os maiores investidores em Angola, nos
quais se inclui Portugal, e pela diversificação das fontes de investimento através da captação de investidores
de novos mercados do Extremo Oriente e da Europa Central e de Leste, nomeadamente em, Singapura,
Malásia, Tailândia, Polónia, Alemanha, República Checa e Hungria.

Apesar de ser expectável que os fluxos de IDE sejam orientados para setores de exploração de matérias-
primas, especialmente o petróleo e minério, a estratégia de captação de IDE passa também pela diversificação
do investimento para outros setores como o agrícola, águas, energia, infraestruturas, transportes,
telecomunicações, TI, construção/urbanismo e para o reforço da indústria nacional.

Para o índice de desenvolvimento esperado em termos de IDE em muito contribuirão o PND e os projetos
estruturantes de Prioridade Nacional incluídos no plano Estratégia Nacional Angola 2025.

A dinamização desta captação de IDE passa por um conjunto de incentivos e benefícios fiscais caraterizados
no ponto anterior, bem como por um conjunto de mecanismos recentes de proteção ao investidor constantes
da Lei de Bases do Investimento Privado, dos Acordos de Proteção Recíproca de Investimento e de alguns
acordos internacionais a que Angola aderiu e ratificou e que se encontram devidamente identificados adiante.

Há também um vasto conjunto de reformas que o Governo tem vindo a implementar por forma a melhorar o
ambiente de negócios através da simplificação administrativa, e a regular a atividade económica, como sucede
com a Lei das MPME, a Lei das PPPs e o quadro legal que regula a situação dos estrangeiros.

176
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O investimento privado externo – Mecanismos de captação de IDE

A Lei do Investimento Privado em Angola é um elemento essencial para se compreender como investir em
Angola uma vez que estabelece as bases gerais do investimento e define os princípios e o regime de acesso
aos incentivos, bem como outras facilidades a conceder pelo Estado a este tipo de investimento.

Algumas das principais caraterísticas e mecanismos de atração de IDE previstos na Lei de Investimento
Privado são:

Fatores a ponderar Regras para o investimento privado externo em Angola


É obrigatório um sócio Há legislação especial para determinados setores de atividade que obrigam a
Angolano? participação maioritária de sócios de nacionalidade angolana, como adiante se indica.
Nos restantes setores de atividade, apesar de não ser obrigatório poderá revelar-se
uma mais-valia para a integração e conhecimento das especificidades do mercado
angolano.

Quais as operações de Há um vasto conjunto de operações consideradas como sendo de investimento


investimento em Angola externo em Angola, como sejam, a introdução de tecnologia e know-how, desde que
consideradas investimento representem uma mais-valia ao empreendimento e sejam suscetíveis de avaliação
externo? pecuniária; a introdução de máquinas, equipamentos e outros meios fixos corpóreos;
a participação em sociedades e empresas de direito angolano domiciliadas em
território nacional, a criação e ampliação de sucursais ou de outra forma de
representação social de empresas estrangeiras; a criação de novas empresas
exclusivamente pertencentes ao investidor externo; a aquisição da totalidade ou parte
de empresas ou de agrupamentos de empresas já existentes e participação ou
aquisição de participação no capital de empresas ou de agrupamentos de empresas,
novos ou já existentes, qualquer que seja a sua forma; a celebração e alteração de
contratos de consórcios, associações em participação, joint ventures, associações de
terceiros a partes ou a quotas de capital e qualquer outra forma de contrato de
associação permitida no comércio internacional, ainda que não prevista na legislação
comercial em vigor; a tomada total ou parcial de estabelecimentos comerciais ou
industriais, por aquisição de ativos ou através de contratos de cessão de exploração,
a tomada total ou parcial de empresas agrícolas, mediante contratos de
arrendamento ou de quaisquer acordos que impliquem o exercício de posse e
exploração por parte do investidor; a exploração de complexos imobiliários, turísticos
ou não, independentemente da natureza jurídica que assumam; a realização de
prestações suplementares de capital, adiantamentos aos sócios e, em geral,
empréstimos ligados à participação nos lucros; a aquisição de bem imóveis situados
em território nacional, quando essa aquisição se integre em projetos de investimento
privado.
Todas as operações de Não. Os domínios das atividades de exploração petrolífera, diamantífera, das
investimento externo são instituições financeiras estão sujeitos a legislação específica, bem como outras que
abrangidas pela Lei do estejam reguladas em diploma próprio.
Investimento Privado?
É considerado investimento externo o ato ou atos que revistam a transferência de
Quais as formas de fundos próprios do exterior; a aplicação de disponibilidades em moeda externa, em
investimento consideradas contas bancárias constituídas em Angola por não residentes cambiais, suscetíveis de
como sendo de investimento reexportação, nos termos da legislação cambial aplicável; a aplicação, em território
externo? nacional, de fundos no âmbito de investimento externo; a importação de máquinas,
equipamentos, acessórios e outros meios fixos corpóreos; e, a incorporação de
tecnologias e know-how.
É possível ao investidor Não. Após a implementação do projeto de investimento e cumpridos os requisitos
externo proceder à mínimos do investimento (US$ 1 milhão) e os critérios para a graduação do direito de
transferência integral para o repatriamento dos lucros e dividendos é, regra geral, garantido o direito de transferir
exterior dos lucros e para o exterior os lucros e dividendos, o produto da liquidação do investimento
dividendos num único (incluindo mais valias) e royalties.

177
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Fatores a ponderar Regras para o investimento privado externo em Angola


momento? No entanto, há um conjunto de condicionalismos, alguns de âmbito subjetivo, que
condicionam a transferência de lucros e dividendos para o exterior, identificados nas
respostas seguintes.
Para além dos Sim. As transferências para o exterior podem ser suspensas pelo Governo sempre
condicionalismos resultantes que o seu montante seja suscetível de causar perturbações graves à balança de
do próprio investimento e pagamentos, caso em que o Governador do BNA, pode determinar, excecionalmente,
acordados com a ANIP há o seu escalonamento ao longo de um período negociado de comum acordo.
algum outro mecanismo que
inviabilize a transferência de
capitais para o exterior?
Há um limite mínimo de Sim, o limite mínimo do investimento é de US$ 1 milhão.
investimento para poder Nem todos os sócios de uma sociedade que investiu 1 milhão US$ têm direito ao
repatriar capitais? estatuto individual de investidor privado, somente sócios ou acionistas que, na
proporção da sua participação social, comprovem ter investido no projeto de
investimento o montante mínimo de US$ 1 milhão.
Se não tiver um milhão de Nesse caso o investimento está fora do âmbito específico da Lei do Investimento
US$ para investir qual o Privado aplicando-se as disposições gerais referentes ao comércio e às empresas,
regime aplicável? não conferindo o direito a repatriar lucros, dividendos ou outras mais-valias e não
conferindo o direito de acesso ao seu regime específico de benefícios fiscais.
Há incentivos fiscais para o Os incentivos ou reduções fiscais são negociados individualmente. Para mais
investidor externo? detalhes ver ponto 4.2 acima.

Os incentivos fiscais são Não. Os incentivos fiscais disponíveis poderão consistir na redução ou isenção de
iguais e parametrizados? Imposto Industrial, Imposto sobre a Aplicação de Capitais, Imposto de Sisa e Imposto
do Selo, variando de acordo com a zona de desenvolvimento e o número de postos
de trabalhos angolanos criados. Há ainda a possibilidade, em projetos de
investimento privado de particular relevância para a economia angolana, de poderem
ser concedidos benefícios fiscais extraordinários.
No âmbito de um projeto de Sim, o registo das operações depende da apresentação do CRIP e é da competência
investimento externo a do Serviço Nacional das Alfândegas, em coordenação com o Ministério do Comércio.
importação de máquinas,
materiais e acessórios podem
beneficiar de isenções e
facilidades?
Há um processo específico Sim. Apenas os titulares do CRIP gozam de isenções. Esta isenção só é concedida
para beneficiar de isenção de após a entrega do CRIP e os processos de Investimento Privado devem conter uma
importação de máquinas, lista dos equipamentos aprovados pela ANIP.
materiais e acessórios ao Ainda assim é importante ter em consideração que a Pauta Aduaneira em vigor,
abrigo de um projeto de estabelece as mercadorias que podem ser importadas livres de direitos aduaneiros,
investimento? para efeito de promoção dos investimentos privados.
Os benefícios fiscais incluem Não. Os incentivos fiscais e aduaneiros não dispensam o investidor privado da sua
a dispensa das obrigações inscrição no registo geral de contribuintes, do cumprimento das demais obrigações
fiscais? legais e formalidades prescritas pela Administração Fiscal e da comprovação
casuística do incentivo que lhe tenha sido concedido.
Que garantias são conferidas É conferido um conjunto alargado de garantias ao investidor externo, salientando-se
ao investidor externo? aquelas que têm impacto económico, como sendo, os direitos de propriedade
intelectual sobre criações intelectuais, o não cancelamento de licenças sem a
instrução de um processo judicial ou administrativo, o pagamento de uma
indemnização justa, pronta e efetiva em caso expropriação que só poderá ocorrer por
fundadas razões de interesse público.
É importante ter em consideração que estrangeiros não podem ser titulares do direito
de propriedade sobre solos.
O investidor externo é Sim. Deverão ter contas em bancos angolanos onde depositam os respetivos meios
obrigado a ter conta bancária monetários, e através das quais fazem todas as operações de pagamento, internas e
em Angola? externas, relacionadas com o investimento aprovado.
178
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Fatores a ponderar Regras para o investimento privado externo em Angola


A conta bancária pode estar Sim. O investidor privado pode manter na sua conta bancária valores monetários em
em moeda estrangeira? moeda estrangeira, convertendo-os, parcelarmente, em moeda nacional, para realizar
gradualmente as operações previstas no número anterior e realizar o capital da
sociedade ou empreendimento privado a constituir.
Há alguma obrigação de Sim. O projeto deve permitir a criação de novos postos de trabalho para
criação de postos de trabalhadores nacionais e elevar a qualificação da mão-de-obra angolana. Deve ter-
trabalhos angolanos e de se em atenção que o período de duração dos incentivos depende também do número
formação nos projetos de de postos de trabalho a criar e tipo de formação a ministrar, para os trabalhadores
investimento? angolanos.
Há obrigações acessórias Sim. Os investidores deverão efetuar e manter atualizados os necessários seguros
quanto aos trabalhadores que contra acidentes e doenças profissionais dos trabalhadores, bem como os seguros de
deverão ser asseguradas na responsabilidade civil por danos a terceiros ou ao meio ambiente.
execução do projeto?
Os trabalhadores estrangeiros Sim, desde que reunidos alguns pressupostos e dentro dos limites dos valores
que estejam a trabalhar num estabelecidos na legislação cambial, os trabalhadores não residentes contratados no
projeto de investimento quadro de projetos de investimento privado gozam do direito de transferir os seus
externo poderão repatriar os salários para o exterior, devendo a entidade patronal respeitar o estabelecido na
montantes dos seus salários? legislação tributária.
Qual o prazo de decisão de O prazo indicativo é, no mínimo, de 100 a 120 dias, considerando:
um processo de investimento? - 45 dias para a ANIP apreciar, negociar e remeter para aprovação os termos do
investimento proposto;
- 30 dias para a Comissão de Negociação de Facilidades e Incentivos (CNFI) para
proceder à análise e à avaliação da proposta de investimento;
- 10 dias para a CNFI emitir parecer final.
Posteriormente o prazo de decisão é de:
- 15 dias para decisão após receção parecer vinculativo do Ministro das Finanças
para projetos de valor abaixo de 10 milhões US$;
- 30 dias após apreciação em Conselho de Ministros, de projetos acima de US$ 10
milhões.
Quem é a entidade que tem Acima de US$ 10 milhões é da exclusiva competência do Titular do Poder Executivo;
competência para a decisão quando o investimento for inferior é da competência do Conselho de Administração
final do regime de incentivos? da ANIP, após parecer vinculativo do Ministro das Finanças.
Há setores de investimento Sim. Nomeadamente, a produção, distribuição e venda de material de guerra, o
exclusivamente reservados ao Banco Central e questões relacionadas com a moeda, a propriedade de portos e
Governo Angolano? aeroportos e da rede da infraestrutura básica de telecomunicações.
Existem áreas ou zonas Sim. Existem um conjunto de áreas designadas por Zonas Económicas Especiais
específicas com regimes (ZEE) que dispõem de estatuto de extra territorialidade em matéria fiscal e financeira,
fiscais competitivos para a para além de disponibilizarem infraestruturas básicas às empresas que aí se
instalação de empresas? instalarem.

Fonte: Lei de Investimento Privado

Dado que as disposições são gerais, como anteriormente já foi referido, a sua consulta não exclui a
necessidade de confirmação de regras que constem de legislação específica setorial sendo também
recomendável a obtenção prévia de aconselhamento técnico especializado.

179
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

4.3. Principais mecanismos de financiamento

A banca comercial, tanto do país de origem como de Angola, têm atuado como meio privilegiado para o
investimento em Angola.

Muitos países, nomeadamente o Brasil, Portugal, a Alemanha e os EUA têm disponibilizado linhas de crédito
para facilitar e promover as suas próprias exportações para Angola e, nalguns casos, para investimentos.

Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação,
sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da CGD e
outros mecanismos de apoio às empresas exportadoras.

Por outro lado, a banca angolana poderá beneficiar a muito curto


“Banco Mundial 'dá' 400 milhões
prazo de um aumento de liquidez e crédito por via da nova Lei a Angola para ampliar central
Cambial para o Setor Petrolífero, aprovada em 2012 que exigia às hidroelétrica de Cambambe”
empresas internacionais de petróleo transferissem uma parte
substancial das suas transações dos bancos offshore para os Revista Visão, 15 de julho de 2013
bancos nacionais, até outubro de 2013. Este potencial aumento de
liquidez deverá ser associado a novas medidas de supervisão pelo Banco Central.

Existem vários mecanismos alternativos para investir em Angola, sendo que alguns dos bancos comerciais
que operam em Angola recorrem a financiamento junto de instituições multilaterais financeiras, como por
exemplo, o BAfD, o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Mundial, que lhes concedem
financiamento para concederem crédito à economia e às empresas.

Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento, e cujo plano
de investimento permita desenvolver a economia, existem instrumentos financeiros em algumas destas
instituições multilaterais financeiras para apoiar o investimento diretamente às empresas.

Para além destas entidades, na Europa existem as Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD) que,
desde que verificado um conjunto de requisitos, podem financiar projetos de investimento em países em
desenvolvimento, contribuindo desta forma para o desenvolvimento económico do país do investimento.

Estas instituições poderão constituir um importante mecanismo de financiamento aos investimentos das
empresas nos países em desenvolvimento. As IFD beneficiam de apoios do Estado europeu da sua origem e
podem aceder a fundos comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento, permitindo-lhes financiar
projetos de internacionalização de PME a condições de mercado mais competitivas, por prazos mais longos, e
com outros instrumentos alternativos para diminuição dos
riscos da operação.
FMO - Netherlands Development
Finance Company é uma das maiores As IFD europeias constituíram uma associação designada
Instituições Financeiras de apoio ao por European Development Finance Institutions (EDFI),
desenvolvimento com um portfolio de que no final do ano de 2012, no seu conjunto, detinham
um portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de EUR
projetos de 6.280 milhões de euros, 26 mil milhões, sendo que só no ano de 2012 foram
sendo que deste montante cerca de aprovados EUR 4,7 mil milhões em 714 novos projetos .
119

67% são empréstimos concedidos


para investimentos em países em
desenvolvimento. Mas nem todas as áreas ou setores de atividade são
elegíveis para efeitos de atribuição de financiamento.
Em Portugal a Instituição Financeira
de Apoio ao Desenvolvimento é a
SOFID

119
De acordo com o Relatório Anual EDFI 2012, acessível: http://www.edfi.be/component/downloads/downloads/92.html
180
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

120
A IFD portuguesa é a Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (SOFID ) que disponibiliza:

 Empréstimos;
 Participações de Capital;
 Garantias Bancárias;
 Acesso EU/Africa Infrastructure Trust Fund (ITF);
o O ITF tem por objetivo captar e mobilizar recursos financeiros e competências técnicas para
apoiar o investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países
da África Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP;
 Acesso Neighbourhood Investment Facility (NIF).

A SOFID apresenta condições de financiamento específicas de apoio a projetos de internacionalização de


empresas portuguesas orientadas para os PALOP, nomeadamente:

 Montante mínimo por promotor do projeto de investimento de 250 mil Euro; máximo de 2,5 milhões de
Euro (com possibilidade de vir a ser alargado no futuro caso haja aumento de capital da SOFID);
 Prazo: até 10 anos;
 Carência: até 3 anos;
 Reembolso: em prestações trimestrais, semestrais ou anuais;
 Taxa de Juro: variável indexada à Euribor, de acordo com o preçário da SOFID no momento, podendo
ocorrer eventuais bonificações associadas à mobilização de fundos nacionais ou internacionais
disponíveis para ajuda ao desenvolvimento, como sejam o ITF e o NIF;
 Moeda: Euro, com possibilidade de outras divisas com curso internacional;
 Garantias dos promotores: garantia internacional ou local, receitas do projeto, hipoteca ou penhor
sobre ativos do projeto, garantias pessoais ou outras cauções;
 Utilização: total ou por tranches (em função da natureza do projeto e sua evolução);
 Comissões de acordo com o preçário em vigor.

Regra geral, os produtos financeiros disponibilizados pelas IFD são:


 Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado;
 Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados;
 Participações de capital;
 Financiamento “mezzanine” (exemplo, swaps de câmbio);
 Garantias;
 Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor rendimento;
 Produtos de gestão de risco;
 Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto.

120 Notamos que as referências a esta entidade devem lidas como SOFID ou futuro banco de fomento.
181
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 91 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de


atividade

Modalidades de financiamento EDFI - 2012 Setores de atividade


3%
13%
33%

6%
46% 51%

22%

Participações de capital e equiparáveis 26%


Empréstimos
Financeiro Infraestruturas Indústria
Subvenções
Agroindústria Outros

Fonte: Relatório Anual EDFI 2012

4.4. Competitividade de Angola no contexto regional

Há um conjunto de relatórios e indicadores que procuram caracterizar os mercados dos vários países mundiais
sendo recorrente que Angola seja classificada numa das posições mais baixas da tabela. A título
exemplificativo o relatório do Banco Mundial sobre a facilidade de fazer negócio indica que Angola se encontra
na posição 172 só ficando à frente do Zimbabué e do Congo.

Tabela 39 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC

Obtenção de
Facilidade de se Abertura de Obtenção Registo de Obtenção de
Países alvarás de
fazer negócios empresas eletricidade propriedade crédito
construção

Maurícias 19 14 62 44 60 53

África do Sul 39 53 39 150 79 1

Botsuana 59 99 132 90 51 53

Seicheles 74 117 57 144 66 167

Namíbia 87 133 56 87 169 40

Zâmbia 94 74 151 151 96 12

Suazilândia 123 165 41 156 129 53

182
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Obtenção de
Facilidade de se Abertura de Obtenção Registo de Obtenção de
Países alvarás de
fazer negócios empresas eletricidade propriedade crédito
construção

Tanzânia 134 113 174 96 137 N/D

Lesotho 136 79 140 133 157 154

Madagáscar 142 17 148 183 147 180

Moçambique 146 96 135 174 155 129

Maláui 157 141 175 179 97 129

Angola 172 171 124 113 131 129

Zimbabué 172 143 170 157 85 129

Congo 181 149 81 140 106 176

Face aos dados anteriormente indicados, as previsões estimavam um crescimento do IDE de Angola a partir
de 2013, atendendo aos investimentos previstos em campos de pré-sal (sob a camada salina) e a um conjunto
de novos indicadores que sustentam o crescimento dos valores de IDE, nomeadamente:

 A concessão de novos blocos de petróleos que têm atraído investidores estrangeiros – em 2012
foram negociados oito novos projetos com Chevron, Total, British Petroleum e ExxonMobil;
 O investimento e o início de produção em 2013 de Gás Natural Liquefeito, do Soyo;
 A descoberta pela De Beers de novos depósitos de diamantes rentáveis na província da Lunda Norte
e a descoberta de enormes reservas de diamantes no Lulo;
 A possibilidade de desenvolvimento do setor minério, além da extração de diamantes;
 A existência de 58 milhões de hectares de terras potencialmente aráveis e recursos hídricos
abundantes;
 O setor de turismo, hotelaria e restauração que, apesar de limitados pelas restrições nas concessões
de vistos de entrada e pelos preços elevados, têm exibido um forte crescimento ao longo dos anos,
acolhendo sobretudo viajantes de negócios.

4.5. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação

4.5.1. Exportações – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros


impedimentos

Licenciamento das importações para Angola

A entidade responsável pela fiscalização das atividades alfandegárias é a Direção Nacional das Alfândegas.

Para uma empresa poder exportar para Angola terá, numa primeira fase, de compreender que existem três
tipos de regimes de licenciamento de importações previstos nos termos do Decreto Presidencial 264/10, de 26
de Novembro, que regula os procedimentos administrativos que devem ser observados para o licenciamento
de importações, exportações e reexportações:

183
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

 Dispensa de licenciamento;

 Licenciamento automático;

 Licenciamento não automático.

Os procedimentos que dispensam licenciamento incluem a importação de peças e acessórios abrangidos por
contrato de garantia, importação e exportação de amostras, importação, exportação e reexportação de
mercadorias destinadas à realização de testes, exames e/ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica.

No regime de licenciamento automático enquadram-se as mercadorias cuja importação, exportação ou


reexportação de mercadorias não está sujeita a qualquer restrição de entrada ou saída do país. Estão
submetidas a este regime, em especial, as importações, exportações e reexportações de mercadorias sujeitas
ao regime do setor petrolífero e as mercadorias destinadas a projetos de investimento privado, aprovados pela
ANIP.

No regime de licenciamento não automático enquadram-se todas as mercadorias fora do âmbito de aplicação
dos regimes anteriores e que estão sujeitas ao sistema de contingentação ou qualquer outro tipo de restrição.

Há assim em Angola um conjunto de bens que estão sujeitos a um regime de contingentação que deverá ser
previamente avaliado.

Adicionalmente, importa salientar que as alterações à pauta aduaneira


de Angola, visam proteger os empresários e a produção nacional A obtenção de eletricidade pode
especialmente nos setores agrícola e industrial. Os produtos cujas demorar em média 113 dias
taxas aumentam são aqueles que concorrem com a produção nacional,
visando-se dessa forma proteger e incentivar a produção em território
angolano. Um produto concreto que sofre agravamento é a cerveja, que tem um aumento significativo das
taxas aduaneiras por se entender que esta bebida entra no mercado angolano a preços inferiores aos da
produção nacional concorrendo com as empresas angolanas do setor.

 Regulamento sobre a Contratação de Prestação de Serviço de Assistência Técnica Estrangeira


ou de Gestão

O Decreto Presidencial n.º 273/11 estabeleceu os termos e condições a que deve obedecer a Contratação de
Prestação de Serviços de Assistência Técnica Estrangeira ou de Gestão, a serem celebrados por empresas
privadas ou mistas, com entidades não residentes.

O referido Decreto visa regular a prestação de serviços por entidades estrangeiras e a racionalização dos
recursos cambiais em angola.

Do novo regime decorre um dever de comunicação da existência de tais serviços ao Ministério da Economia,
quando o seu valor global anual não ultrapasse os seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz
300.000.000 (trezentos milhões de kwanzas), no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de
serviço ao setor petrolífero, registadas e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos
Petróleos, ou Kz 100.000.000 (cem milhões de kwanzas) para as demais empresas. Se ultrapassados os
limites será necessária aprovação prévia por Comissão de Avaliação.

Estão sujeitos a aprovação:

1. Contratos de prestação de serviços de assistência técnica ou de gestão com valores acima dos
seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz 300.000.000 (trezentos milhões de kwanzas),
no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero, registadas
e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos Petróleos, ou Kz 100.000.000 (cem
milhões de kwanzas) para as demais empresas; e/ou

184
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

2. Contratos de prestação de serviços de assistência técnica ou de gestão cuja duração exceda 12


meses.

O Decreto também estabelece que as sociedades angolanas, constituídas por via de um projeto de
investimento privado, que pretendam contratar estes serviços a associados estrangeiros, têm que obter uma
autorização especial por parte da ANIP mediante parecer prévio favorável do Ministério da Economia.

O Decreto impõe um conjunto de requisitos que este tipo de contratos deve cumprir, bem como as
formalidades do processo de aprovação, sendo que o incumprimento desses requisitos ou dessas
formalidades implica a respetiva nulidade.

4.5.2. Entrada e saída capitais

Regras gerais do regime cambial

 As transferências de fundos de contas bancárias domiciliadas fora de Angola para contas bancárias
domiciliadas em Angola, e vice-versa, estão sujeitas a licenciamento cambial, o qual varia dependendo
do tipo de operação cambial em causa.

 A realização de operações cambiais depende de intermediação obrigatória de uma instituição


financeira autorizada a exercer o comércio de câmbios limitados aos valores e regras da respetiva
entidade supervisora.

 Os pagamentos feitos por não residentes a residentes e entre residentes devem ser efetuados em
contas de instituições bancárias domiciliadas em Angola.

 Os residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, estão autorizados a
abrir e movimentar contas em moeda estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas em
Angola.

 Os não residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, podem abrir e
movimentar contas em moeda nacional ou estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas
em território nacional.

 As pessoas singulares residentes cambiais podem abrir e movimentar contas em moeda estrangeira
junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola.

 As pessoas coletivas residentes cambiais não podem abrir e movimentar contas em moeda
estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola, salvo com autorização
especial do BNA.

 Os pagamentos ao abrigo de contratos a residentes não cambiais efetuados por um residente cambial,
bem como o próprio contrato que formalize tais pagamentos, estão sujeitos a licenciamento cambial
prévio junto do BNA apenas quando o respetivo montante seja igual ou superior aos seguintes limites:
(i) Kz 100.000.000 (cem milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda ou (ii) Kz
300.000.000,00 (trezentos milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda cujos ordenantes
sejam empresas prestadoras de serviços ao setor petrolífero, devidamente registadas e/ou com
contrato programa celebrado com o Ministério dos Petróleos. O repatriamento de lucros está sujeito a
licenciamento prévio do BNA.

185
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Regras no âmbito de um projeto de investimento

Há um conjunto de restrições à entrada e saída de capitais de Angola conforme anteriormente já foi indicado.
A transferência de capitais para o exterior é objeto de regulação e controlo pelo BNA e o repatriamento está
sujeito ao cumprimento do acordo constante do projeto de investimento realizado com a ANIP ou com Estado
Angolano.

Assim, após a implementação do projeto de investimento e cumpridos os requisitos mínimos do investimento


(US$ 1 milhão) e os critérios para a graduação do direito de repatriamento dos lucros e dividendos é, regra
geral, garantido o direito de transferir para o exterior os lucros e dividendos, o produto da liquidação do
investimento (incluindo mais-valias) e royalties.

Este repatriamento é estabelecido de acordo com um quadro de prazos mínimos que varia de acordo com o
montante investido e a zona do investimento.

Tabela 40 - Prazo mínimo para repatriamento de dividendos e lucros

Prazo mínimo Zona A Zona B Zona C

1º Ano A partir de US$ 50 milhões A partir de US$ 5 milhões


Entre US$ 10 milhões e US$ 50 Entre US$ 1 milhão e US$
2º Ano A ser negociado
milhões 10 milhões
Entre US$ 1 milhão e US$ 10
3.º Ano
milhões

A percentagem de dividendos transferíveis é negociada caso a caso e deve ser incluída no contrato de
investimento da empresa.

No entanto, há um conjunto de condicionalismos, alguns de âmbito subjetivo, que limitam a transferência de


lucros e dividendos para o exterior.

O controlo cambial é igualmente efetuado nas entradas e saídas dos viajantes existindo mesmo restrições aos
montantes passíveis de entrarem e saírem do país em moeda estrangeira.

Assim, de acordo com a Lei Cambial:

 Os viajantes residentes cambiais, onde se incluem os estrangeiros com residência em Angola, podem
entrar ou sair do território angolano com até US$ 15.000 ou o seu equivalente em moeda estrangeira;

 Os viajantes não residentes cambiais, incluindo nacionais com residência no estrangeiro, podem
entrar ou sair do território angolano com até US$ 10.000 ou o seu equivalente em outra moeda
estrangeira.

Quando os valores transportados forem superiores aos indicados deverão ser declarados às Alfândegas.
Todos os valores superiores aos limites estabelecidos que não sejam autorizados pelo BNA são apreendidos.

Regime cambial nas operações de importação

A Lei Angolana regula com especial cuidado as operações de importação estabelecendo que a liquidação do
valor das importações só poderá ser efetuada pelas instituições bancárias angolanas. Nesse sentido, o Aviso
n.º 19/2012, de 19 de abril do BNA, estabelece o novo regime para as operações cambiais referentes ao
pagamento de importação, exportação e reexportação de mercadorias em Angola.

186
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Em todas as operações cambiais (de importação e de exportação) passam a ser admitidas as modalidades de
liquidação a seguir discriminadas:

a) Crédito Documentário ou Carta de Crédito;

b) Pagamento Antecipado;

c) Pagamento Postecipado.

Para realização da operação cambial e variando consoante a modalidade de liquidação escolhida, deverão ser
apresentados à instituição bancária um conjunto de documentos, entre os quais, carta do cliente, (na qual
conste o número de registo como importador e contribuinte) solicitando a realização da operação, fatura pró-
forma, original da fatura comercial (cumprindo certos requisitos), documento de transporte, a licença de
importação, o contrato de fornecimento e a garantia bancária.

4.5.3. Estabilidade legal e fiscal - Barreiras legais, fiscais e regulamentares

O Governo de Angola tem vindo a realizar esforços significativos para melhorar a eficiência fiscal,
encontrando-se em curso uma reforma fiscal.

Esperam-se alterações expressivas em diversos diplomas fiscais, nomeadamente ao Código do Imposto


Industrial e do Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho.

No âmbito da reforma fiscal, foram publicados, em outubro de 2013, o “Regime jurídico das faturas e
documentos equivalentes”, o “Estatuto dos Grandes Contribuintes” e o “Regulamento do Imposto de Consumo
para o setor petrolífero”, sendo que: (i) o primeiro regula as condições técnicas para a emissão, conservação,
e arquivo das faturas e documentos equivalentes, (ii) o segundo define, entre outras matérias, os requisitos
para integração no Regime de Tributação de Grupos de Sociedades e a aplicação do Regime Fiscal dos
Preços de Transferência; e, (iii) o terceiro define as regras de liquidação e pagamento de Imposto de Consumo
nos casos de serviços adquiridos por empresas do setor petrolífero.

Para se compreender melhor o sistema fiscal Angolano importa ter em consideração os diferentes impostos
existentes e as respetivas taxas.

1. Imposto Industrial

Em Angola os lucros das atividades comerciais e industriais desenvolvidas por pessoas coletivas estão
sujeitos a Imposto Industrial à taxa de 35%. As atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias estão, porém,
sujeitas à taxa de 20%.

O valor do Imposto Industrial é calculado tomando como base o lucro apurado na demonstração de resultados
do exercício, ajustado em conformidade com as regras fiscais.

As entidades fiscalmente residentes são tributadas pela totalidade dos lucros obtidos no país e no estrangeiro,
enquanto os estabelecimentos estáveis de entidades não residentes estão sujeitos a tributação pelos lucros
atribuíveis ao mesmo.

O Imposto Industrial compreende três grupos ou regimes de tributação:

Grupo A – Constituído pela generalidade dos contribuintes cuja matéria coletável seja constituída pelos lucros
apurados no exercício com base na contabilidade, corrigidos nos termos da legislação fiscal. Aplica-se
designadamente a: empresas estatais, sociedades anónimas e em comandita por ações, sociedades
comerciais, instituições de crédito, entre outras entidades;
187
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Grupo B – Constituído por contribuintes aos quais não seja obrigatoriamente aplicável o regime do grupo A ou
do grupo C, ou a contribuintes que pratiquem atos isolados, sendo a matéria coletável apurada mediante
aplicação de uma percentagem ao volume de negócios ou faturação ou, em caso de impossibilidade de tal
determinação, por aplicação de uma percentagem ao valor das compras ou dos custos dos serviços
prestados;

Grupo C - Reservado a contribuintes ou pessoas singulares, cuja matéria coletável é fixada em função da
categoria do estabelecimento, da sua localização e do ramo de atividade, designadamente os sujeitos que
exerçam atividade por conta própria, ou não disponham de escrita, de entre outros casos.

Estima-se que em breve seja alterado o Código do Imposto Industrial com diversas modificações significativas
nomeadamente, da taxa geral de imposto, das regras de formação dos grupos de tributação e introdução de
tributações autónomas.

Determinação da matéria coletável

Consideram-se custos dedutíveis os que sejam considerados razoáveis e indispensáveis para a realização dos
proveitos e ganhos sujeitos a imposto e para a manutenção da fonte produtora, designadamente:

 Encargos relativos à produção ou aquisição de bens ou serviços como mão-de-obra, energia, gastos
gerais de fabrico, conservação e reparação;
 Encargos de distribuição e venda, abrangendo os transportes, publicidade e colocação de mercadorias;
 Encargos de natureza financeira, de entre os quais juros de capitais alheios, descontos, ágios,
transferências, oscilações cambiais, emissões de ações;
 Encargos de natureza administrativa, nomeadamente remunerações, quotas, abonos de família, rendas,
subsídios, transporte e comunicações, previdência social e seguros.

Não se consideram custos ou perdas do exercício, nomeadamente:

 As reintegrações e amortizações não contabilizadas;


 As reintegrações e amortizações na parte em que excedam os valores que decorrem da aplicação das
taxas fixadas pela Administração Fiscal;
 Créditos incobráveis;
 Donativos não abrangidos pela Lei do Mecenato;
 Multas fiscais;
 Despesas não documentadas.

Deverão ser fiscalmente dedutíveis as provisões:

 Relativas a processos judiciais em curso;


 Associadas à cobertura de créditos de cobrança duvidosa;
 Destinadas a cobrir as perdas de valor das existências;
 Constituídas de acordo com instruções da inspeção provincial de créditos e seguros no âmbito de
processos de fiscalização.

Reporte de prejuízos fiscais

O prazo geral de reporte de prejuízos fiscais é de 3 anos .

Noção de Estabelecimento Estável

O conceito de Estabelecimento Estável consagrado na lei Angolana é inspirado na Convenção Modelo da


ONU. De acordo com este normativo, uma entidade não residente criará um estabelecimento estável em
Angola se reunir um dos requisitos abaixo indicados:

a) Tenha uma sucursal, um escritório ou um local de direção em Angola;

188
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

b) Tenha um estabelecimento de construção ou de montagem ou exerça aí atividades de fiscalização,


quando o estaleiro ou as atividades excedam um período de 90 dias em cada período de 12 meses;

c) Preste serviços em Angola, incluindo consultoria, atuando através de trabalhadores ou colaboradores


contratados para esse fim, quando os referidos serviços sejam prestados por um período superior a 90 dias
em cada período de 12 meses.

Retenção na fonte sobre pagamentos de serviços

A tributação do rendimento gerado por empreitadas e outras prestações de serviços (não abrangidas pelo
Imposto sobre o Rendimento do Trabalho - IRT) é efetuada por retenção na fonte à taxa geral de 35% prevista
no Imposto Industrial, sobre uma matéria coletável correspondente a 10% ou 15% do valor do contrato.

Esta tributação equivale a taxas efetivas de retenção na fonte de:

 3,5% no caso de serviços de construção, beneficiação, reparação e conservação sobre bens imóveis;
 5,25% no caso de outros serviços, quando não tributados nos termos o Código do IRT (de notar que caso
o serviço seja prestado por um trabalhador independente cuja atividade conste da lista prevista no Código
do IRT, a taxa de retenção na fonte será de 10,5%).

Nos termos da Lei 7/97, que estabelece as regras de retenção de Imposto Industrial, importa referir que os
serviços sujeitos a retenção na fonte são:

 Empreitadas e subempreitadas;
 Prestações de serviços decorrentes de contratos de assistência técnica, de gestão e outros serviços de
idêntica natureza.

No entanto, verifica-se que a Administração Tributária tem vindo a considerar como sujeitas a retenção na
fonte um conjunto alargado de prestações de serviços. Prevê-se a publicação de nova legislação que altere o
regime das retenções na fonte no sentido de passar a abranger diversos tipos de prestações de serviços.

O imposto deverá ser retido no momento do pagamento dos serviços e entregue à administração tributária no
prazo de 15 dias contados do pagamento. Na prática tem sido aceite a entrega do imposto no final do mês
seguinte ao pagamento dos serviços.

Este imposto tem a natureza de imposto por conta no caso de sociedades residentes em Angola ou
estabelecimentos estáveis em Angola de empresas não residentes, e tem a natureza de imposto final no caso
do beneficiário dos rendimentos ser entidade não residente.

Para efeitos da dedução na declaração de rendimento anual das retenções na fonte sofridas, as sociedades
que operam em Angola deverão efetuar um controlo dos clientes a quem prestaram serviços sujeitos a
retenção na fonte, no sentido de lhes solicitarem anualmente o comprovativo da entrega desse imposto nos
cofres do Estado. Este comprovativo deverá ser obtido pelas entidades que retiveram o Imposto Industrial, nas
respetivas repartições de finanças. Não sendo obtido dos clientes o comprovativo de que as retenções na
fonte foram efetivamente entregues, a dedução à coleta efetuada poderá ser questionada pela Administração
Tributária.

Regime de tributação de Grupos de Sociedades

O Estatuto dos Grandes Contribuintes, recentemente publicado (outubro de 2013), consagra um regime
especial de tributação para os considerados Grandes Contribuintes.
O Grande Contribuinte que integre um grupo de sociedades, passou a ter a possibilidade de ser tributado pela
soma algébrica dos resultados, positivos ou negativos, dos contribuintes que integram esse grupo.

Genericamente devem ser cumpridas as seguintes condições:

189
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

 A sociedade dominante, deverá deter, de forma direta ou indireta, uma participação de, pelo menos, 90%
do capital das demais e a essa participação corresponderem pelo menos metade dos direitos de voto;
 A sociedade dominante e as sociedades dominadas devem ter sede e direção efetiva em Angola;
 A participação deve ter uma antiguidade superior a dois anos, com exceção das sociedades constituídas
pela própria sociedade dominante;
 A sociedade dominante não pode ser considerada dependente de nenhuma outra sociedade com sede ou
direção efetiva em Angola;
 As sociedades do grupo não podem estar inativas há mais de um ano ou terem pendente contra si ações
ou processos de insolvência, liquidação, dissolução, ou execução fiscal;
 Não podem integrar o perímetro sociedades que tenham registado prejuízos fiscais nos últimos dois
exercícios fiscais anteriores à data do pedido de inclusão no perímetro;
 Não podem ser incluídas sociedades que beneficiem de incentivos fiscais atribuídos ao abrigo da Lei de
Bases do Investimento Privado, quer seja através da modalidade de isenção, quer de redução da taxa
nominal do Imposto Industrial.

Regime de neutralidade fiscal aplicável a processos de reestruturação

Espera-se que, no âmbito da reforma fiscal em curso, diversas operações de reestruturação de empresas
passem a beneficiar de um regime de neutralidade fiscal.

Preços de transferência

De acordo com o disposto no Código do Imposto Industrial, a Administração Tributária poderá efetuar as
correções necessárias à determinação da matéria coletável sempre que, em virtude das relações especiais
entre o contribuinte e outra pessoa, sujeita ou não a Imposto Industrial, tenham sido estabelecidas condições
diferentes das que seriam normalmente acordadas entre entidades independentes, conduzindo a que o lucro
apurado com base na contabilidade seja diverso daquele que se apuraria na ausência dessas relações.

Foi recentemente alterada a legislação em sede de Preços de Transferência (outubro de 2013), nos termos da
qual, algumas entidades passam a ter obrigação de preparar dossier de Preços de Transferência.

A nova legislação define:

 O conceito de relações especiais, o qual abrange participações no capital ou dos direitos de voto de uma
entidade por administradores ou gerentes de outra sociedade ou seus cônjuges, ascendentes e
descendentes; identidade da maioria dos órgãos de direção, administração ou gerência, ou seus
cônjuges, unidos de facto, ascendentes ou descendentes; relações de domínio, vínculo de subordinação
ou de grupo paritário; existência de relações comerciais representativas de mais de 80% do volume total
de operações, ou de financiamentos de uma entidade em mais de 80% da sua carteira de crédito;
 O conceito de operações vinculadas, designadamente transações de bens, direitos e serviços, bem como
operações financeiras;
 O valor mínimo de proveitos anuais que obriga à elaboração do dossier (quando a soma algébrica das
vendas e prestações de serviços exceda sete mil milhões de Kwanzas – cerca de EUR 53 milhões ou
US$ 72 milhões);
 A estrutura de um documento de preços de transferência, muito embora possa vir a ser alterada pelo
Diretor Nacional de Impostos;
 A data de entrega do dossier (até 6 meses após o fecho do exercício);
 Os métodos para determinação das condições que seriam acordadas nas operações entre entidades
independentes (apenas contemplando métodos transacionais) .

2. Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC)

Os dividendos e os royalties são tributados por retenção na fonte à taxa de 10%, sendo a responsabilidade
pela retenção do imposto da entidade que procede ao pagamento. O imposto retido nos termos referidos
deverá ser entregue até ao final do mês seguinte ao da ocorrência dos factos tributáveis.

190
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Os juros de empréstimos – de terceiros ou de sócios – estão sujeitos a taxas de IAC de 15% e 10%,
respetivamente.

Nos contratos de financiamento por terceiros presume-se o vencimento de juros à taxa de 6% se não for
estipulada taxa mais elevada. Já no caso dos suprimentos a presunção corresponde à taxa de juro praticada
pelo mercado.

De referir que o valor do empréstimo é sujeito a Imposto do Selo, sendo que existem isenções que poderão
ser aplicáveis.

As declarações mensais deverão ser arquivadas, sendo o imposto devido até ao final do mês seguinte ao da
ocorrência do facto tributário.

3. Imposto do Selo

O Imposto do Selo incide sobre diversos escritos e atos e corresponde a um montante fixo, a uma
percentagem ou a uma permilagem, nos termos previstos na Tabela Geral do Código do Imposto de Selo. Este
imposto incide sobre, por exemplo, alvarás, licenças, atos notariais, contratos, requerimentos, operações
bancárias, letras e documentos de despacho aduaneiro.

A responsabilidade pela liquidação do imposto varia também e poderá recair, nomeadamente, sobre a
sociedade comercial, os bancos ou os notários.

Uma das principais bases de incidência deste imposto é o valor dos recibos de quitação. Deverá ser liquidado
Imposto do Selo sobre todos os recibos de quitação emitidos pelos contribuintes (pelo fornecimento de bens,
materiais, equipamento, prestação de serviços, etc.), à taxa de 1% sobre o respetivo valor.

O imposto liquidado nestes termos deverá ser pago no último dia de cada mês, por referência aos recibos do
mês anterior.

4. Imposto Predial Urbano (IPU)

O IPU incide sobre o valor patrimonial dos imóveis urbanos à taxa de 0,5% sobre o valor que exceda o limite
de Kz 5.000.000 (cerca de EUR 34.000 ou US$ 53.500). O valor patrimonial dos imóveis corresponde ao valor
mais elevado de entre o valor de aquisição e o valor que resulte da avaliação de acordo com tabelas de
cálculo aprovadas pelo Decreto Presidencial nº 81/11, de 25 de abril, cujos ponderadores abrangem a área
coberta do imóvel e um valor fixado por metro quadrado, corrigido consoante algumas caraterísticas do imóvel.

No que respeita aos rendimentos provenientes de contratos de arrendamento o IPU corresponde a uma taxa
efetiva de 15%. Este imposto incide sobre os rendimentos de imóveis urbanos à taxa de 25% sobre 60% do
valor anual das rendas, presumindo-se que 40% do rendimento será destinado à manutenção e conservação
do imóvel.

O IPU deverá ser objeto de retenção na fonte obrigatória sempre que os inquilinos possuam ou devam possuir
contabilidade organizada.

Os rendimentos de rendas de imóveis não são sujeitos a Imposto Industrial e o IPU não é dedutível à coleta de
Imposto Industrial.

Qualificam como prédios urbanos os edifícios ou construções com carácter de permanência aptos a produzir
rendimentos decorrentes de atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias .

191
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5. Imposto de SISA

O Imposto de SISA incide sobre as transmissões onerosas de propriedade ou de qualquer direito parcelar
sobre bens imóveis, as promessas de compra e venda logo que verificada a tradição, arrendamentos de longo
prazo, entradas em espécie para o capital social de sociedades e em alguns casos, aquisição de capital social
em sociedades.

A aquisição de 50% do capital social de uma sociedade (que inclui sociedades por quotas ou sociedades
anónimas) está sujeita a SISA quando o objetivo dessa aquisição seja o da aquisição dos imóveis detidos pela
mesma.

A taxa de SISA aplicável à transmissão onerosa de imóveis é de 2% do valor do contrato.

São em geral sujeitos passivos do imposto os adquirentes dos imóveis ou dos direitos sobre os mesmos, cada
permutante em caso de contrato de troca, o arrematante ou adjudicatário em caso de arrematações e
adjudicações judiciais e administrativas.

A promessa de compra e venda do imóvel com tradição despoleta tributação em sede de Imposto de Sisa .

6. Imposto de Consumo

O Imposto de Consumo em Angola caracteriza-se por ser um imposto tendencialmente monofásico, ad


valorem, incidindo a tributação sobre a produção e algumas prestações de serviços.

De facto, ao contrário do que se verifica em muitos outros países, não existe em Angola um Imposto sobre o
Valor Acrescentado. O Imposto de Consumo não concede ao sujeito passivo a possibilidade de dedução do
imposto suportado nas operações realizadas a montante, não alcançando a neutralidade económica,
característica fundamental do sistema de tributação sobre o valor acrescentado.

Deste modo, importa referir alguns dos aspetos fundamentais do sistema de tributação do consumo em Angola
em sede de Imposto de Consumo.

Incidência de imposto

O IC incide nas operações de:

 Produção e importação de mercadorias, seja qual for a sua origem;


 Arrematação ou venda realizados pelos serviços aduaneiros ou outros quaisquer serviços públicos;
 Utilização dos bens ou matérias-primas fora do processo produtivo e que beneficiaram da desoneração
de imposto;
 Consumo de água e energia;
 Diversos tipos de prestações de serviços, alguns deles identificados na tabela em baixo o resumo dos
diversos impostos conforme se demonstra na tabela seguinte.

Quanto às exceções ao âmbito de sujeição de imposto, importa referir que a produção de produtos agrícolas e
pecuários, de silvicultura, de pesca e minerais, não estão sujeitas a Imposto de Consumo quando não sofram
qualquer transformação.

Não obstante a sujeição a imposto das operações supra referidas, a legislação prevê a isenção de imposto em
determinadas circunstâncias, nomeadamente nas exportações quando a exportação seja feita pelo próprio
produtor, assim como as importações e aquisições locais de matérias-primas e bens de equipamento para a
indústria nacional (desde que certificados pelos Ministérios da tutela).

192
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Cálculo do imposto

O valor tributável, para a produção de mercadorias, corresponde ao preço de custo à porta de armazém,
sendo bastante relevante o cálculo correto do mesmo, de modo a corresponder às imposições legislativas,
tendo em conta que o Imposto de Consumo não funciona com base num sistema de reembolso a favor do
sujeito passivo quando a liquidação é superior à devida. Na produção das mercadorias, o imposto é liquidado
no momento do processamento das faturas pelos produtores.

Quanto à importação de mercadorias, o valor tributável é o valor aduaneiro, calculado nos termos a que nos
referiremos adiante, liquidado no momento do desalfandegamento pelos Serviços Aduaneiros competentes.

Para as outras operações, o valor tributável corresponde ao valor da fatura, sendo o imposto liquidado no
momento do processamento das faturas, pelos sujeitos ativos das relações que se estabelecem .

Taxas aplicáveis

Sobre o valor tributável, calculado nos termos supra referidos, incide uma taxa de 10%, exceto para os bens e
serviços enunciados nas listas anexas ao Regulamento, que podem variar entre 2% e 30%, consoante o bem
ou serviço transacionado.

As taxas fixadas nas listas em anexo ao regulamento, subdividem-se em 3 listas:

 Bens sujeitos a taxa reduzida (de 2%), caraterizados por serem bens essenciais para a população
angolana (incluindo alguns produtos alimentares como carnes, leite, trigo, milho, arroz e óleos, assim
como medicamentos e livros);
 Mercadorias importadas e de produção nacional (por exemplo a água e outras bebidas não alcoólicas,
exceto sumos de frutas, que inclui cervejas de malte, vinhos, tabacos, produtos de beleza, vestuário,
entre outros) podendo ser-lhes aplicável uma taxa de 20% ou 30%;
 Consumo de serviços com taxas de 5% e 10%.

Por fim, importa referir que não existem impostos especiais sobre o consumo, nomeadamente sobre o tabaco
ou álcool no ordenamento jurídico angolano. Não obstante estes produtos são tributados em sede de Imposto
de Consumo, aplicando-se taxas agravadas.

7. Os Direitos Aduaneiros

Os direitos aduaneiros consistem em impostos indiretos que incidem sobre o valor da mercadoria importada ou
exportada no território aduaneiro.

A Pauta Aduaneira, que se baseia no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, da


OMA (Organização Mundial das Alfândega), fixa as taxas de direitos aduaneiros que recaem sobre as
mercadorias, variando de acordo com o tipo de mercadorias.

Os direitos e demais imposições aduaneiras, devidos no regime aduaneiro a que as mercadorias em causa
tenham sido sujeitas são:

 Direitos aduaneiros;
 Direitos anti dumping (aplicados a certas mercadorias importadas com o objetivo de dirimir a margem
de dumping);
 Imposto de Consumo;
 Imposto do Selo;
 Emolumentos gerais aduaneiros;
 Sobretaxas;
 Outras imposições legalmente aprovadas.

193
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

As taxas de serviços aduaneiros referidas no Texto da Pauta Aduaneira são prestações coativas pecuniárias,
cobradas pelas alfândegas aos utentes dos seus serviços, compreendendo nomeadamente os emolumentos
gerais aduaneiros. São cobradas em todos os regimes aduaneiros, incluindo os regimes aduaneiros isentos do
pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras.

Quanto aos emolumentos gerais aduaneiros, consistem na contraprestação dos serviços prestados pelas
alfândegas, sendo devidos em todos os regimes aduaneiros e em outros serviços realizados pela alfândega.
São calculados e cobrados pelas Alfândegas.

O Imposto de Consumo, é cobrado no acto de desalfandegamento das mercadorias. As taxas deste imposto
repartem-se pelo regime geral de tributação e pela tributação no âmbito da promoção do investimento, que é
aplicável igualmente aos direitos de importação, isto é, a mercadorias importadas ao abrigo de projetos de
investimento público aprovados pelas entidades competentes ou com comprovados efeitos estruturantes para
a economia nacional.

Tal como anteriormente referido, as alterações à pauta aduaneira que entraram em vigor em 2014 visam a
proteção da produção nacional em diversos setores, pelo que os produtos que se enquadrem nesses setores
agravadas as respetivas taxas de importação.

Benefícios fiscais de natureza aduaneira

Os benefícios fiscais previstos no texto da Pauta Aduaneira ou em legislação complementar abrangem os


direitos aduaneiros e o Imposto de Consumo.

Os bens que sejam objeto de importação ou exportação definitiva ou sujeitas a qualquer outro regime
aduaneiro podem usufruir dos seguintes benefícios fiscais aduaneiros:

 Isenção de direitos e demais imposições aduaneiras,


 Isenção parcial de direitos e demais imposições aduaneiras,
 Isenção de direitos aduaneiros, com exceção das demais imposições aduaneiras.

A concessão de benefícios, ao abrigo da legislação vigentea projetos de investimento devidamente aprovados


por entidades competentes reveste caráter automático e imediato.

Quanto ao direito aos benefícios fiscais, é apenas reconhecido às entidades e bens expressamente indicados
por lei e aprovados no âmbito dos projetos de investimento.

8. Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT)

Trabalhadores independentes

As pessoas coletivas a exercer atividade em Angola deverão reter imposto sobre pagamentos efetuados
a profissionais independentes a uma taxa efetiva de 10,5% (correspondendo a uma taxa de 15% aplicada
a 70% dos seus rendimentos).

Os profissionais liberais estão obrigados à entrega de declarações periódicas de rendimentos .

Trabalhadores dependentes

Estão sujeitos a IRT indivíduos angolanos e estrangeiros, residentes ou não, que aufiram rendimentos
pagos em moeda nacional ou estrangeira, provenientes de trabalho prestado a Angola. Por esta razão,
são tributados em Angola em sede de IRT todos os rendimentos cujo custo seja:

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

 Diretamente assumido por entidade angolana (i.e. quando os pagamentos sejam efetuados pela
entidade local) ou;
 Indiretamente assumido por entidade angolana (i.e. custos de pessoal pagos no estrangeiro que
sejam debitados a entidade angolana).

São considerados rendimentos de trabalho, os pagamentos em dinheiro e em espécie (como por exemplo
alimentação ou alojamento), excluindo, no entanto, subsídios diários (até aos limites fixados por lei), subsídio
de férias, décimo terceiro mês e as contribuições para a Segurança Social.

O IRT deverá ser liquidado pelo empregador angolano, retido na fonte aquando do pagamento das
remunerações e entregue ao Estado até ao final do mês seguinte. As taxas de IRT, que progridem até 17%
(sobre o excesso de Kz230 mil, correspondente a, aproximadamente, € 1.750 ou US$ 2,700), incidem sobre os
rendimentos ilíquidos, deduzidos apenas do valor das contribuições devidas pelo colaborador para o regime de
Segurança Social angolana. A taxa de IRT aplicada não depende nem da situação familiar, nem da residência
fiscal do beneficiário dos rendimentos.

A substituição tributária em sede de IRT é total, pelo que, sendo retido o imposto na fonte, não há lugar à
entrega de qualquer declaração fiscal por parte do colaborador.

Nos termos da legislação angolana, o colaborador apenas poderá ser considerado como colaborador da
empresa em Angola enquanto tiver o seu visto de trabalho. A partir do momento em que este visto seja obtido,
o colaborador poderá passar a constar do processamento de salários da empresa em Angola, sendo as suas
remunerações sujeitas a retenção na fonte, em sede de IRT.

Retenção na Fonte

Taxas Progressivas aplicáveis aos trabalhadores por conta de outrem:

Rendimentos em Kwanzas Imposto


Até 25.000,00 Isento
De 25.001,00 até 30.000,00 5% sobre o excesso de 25.000,00
De 30.001,00 até 35.000,00 Kz 250,00 + 6% sobre o excesso de 30.000,00
De 35.001,00 até 40.000,00 Kz 550,00 + 7% sobre o excesso de 35.000,00
De 40.001,00 até 45.000,00 Kz 900,00 + 8% sobre o excesso de 40.000,00
De 45.001,00 até 50.000,00 Kz 1.300,00 + 9% sobre o excesso de 45.000,00
De 50.001,00 até 70.000,00 Kz 1.750,00 + 10% sobre o excesso de 50.000,00
De 70.001,00 até 90.000,00 Kz 3.750,00 + 11% sobre o excesso de 70.000,00
De 90.001,00 até 110.000,00 Kz 5.950,00 + 12% sobre o excesso de 90.000,00
De 110.001,00 até 140.000,00 Kz 8.350,00 + 13% sobre o excesso de 110.000,00
De 140.001,00 até 170.000,00 Kz 12.250,00 + 14% sobre o excesso de 140.000,00
De 170.001,00 até 200.000,00 Kz 16.450,00 + 15% sobre o excesso de 170.000,00
De 200.001,00 até 230.000,00 Kz 20.950,00 + 16% sobre o excesso de 200.000,00
Mais de 230.001,00 Kz 25.750,00 + 17% sobre o excesso de 230.000,00

Taxa aplicável a empresários: 20%

9. Segurança Social

Em regra, as contribuições para a Segurança Social são devidas no país onde a respetiva atividade é
exercida, independentemente do local onde é paga a respetiva remuneração.

Os expatriados que exerçam a sua atividade em Angola deverão fazer as contribuições para a Segurança
Social nesse país. No entanto, conforme seguidamente se explicita, o regime de exceção existente no país
permite o afastamento desta regra geral.
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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Contribuições

As contribuições para a Segurança Social são calculadas sobre o salário mensal e sobre qualquer
remuneração adicional dos trabalhadores, excluindo alguns subsídios.

Os empregadores angolanos são responsáveis pela inscrição dos trabalhadores na Segurança Social, assim
como pela retenção e pagamento das contribuições que sejam por si devidas e pelos colaboradores às taxas
de 8% e 3%, respetivamente.

O pagamento mensal das contribuições para a Segurança Social deve ser feito até ao 10º dia do mês seguinte
ao que a contribuição se refere.

Existe um regime de exceção para trabalhadores estrangeiros não residentes, i.e. titulares de visto de
trabalho, que provem estar cobertos por regime de Segurança Social de outro país, não os sujeitando ao
pagamento das contribuições em Angola, desde que estes efetuem prova de que se encontram registados e a
efetuar contribuições para um sistema de Segurança Social equivalente noutro país .

Tabela 41 - Quadro resumo com os principais impostos de Angola e alguns exemplos de bases
tributáveis

Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável


 Empresas com sede ou direção efetiva em Angola: rendimentos obtidos
no exercício da sua atividade no país e no estrangeiro – tributação pelo
lucro universal;
 Empresas com estabelecimento estável em Angola: lucros imputáveis a
35%
esse estabelecimento estável;
 Empresas não residentes e sem estabelecimento estável em Angola –
não sujeitas a tributação salvo ao abrigo do regime especial de
tributação das empreitadas e da prestação de serviços;
Imposto Industrial Regime especial de tributação de empreitadas e prestações de serviços –
aplicável a pessoas coletivas quer tenham ou não sede, direção efetiva e
3,5%* estabelecimento estável em Angola:
 Contratos de empreitada, subempreitada;
 Prestação de serviços de gestão, assistência técnica ou similares não
abrangidos pelo Código do IRT;
5,25%  Atividades que concorram para completar obras ou serviços;
 Tais serviços podem vir a ser considerados custos, contabilizados ou
não em Angola, pelo outro contratante.
10% Lucros/dividendos/mais-valias (quando não sujeitas a Imposto Industrial ou IRT)
10% Juros das obrigações
Imposto sobre a 10% Emissão de ações em que tenha havido reserva de preferência na subscrição
Aplicação de 10% Royalties
Capitais Juros de suprimentos
10%
(IAC)
15% Juros de capitais mutuados

15% Rendimentos de contratos de abertura de crédito

10% Serviços de hotelaria e similares


5% Serviços de telecomunicações, água e energia

10% Locação de máquinas


Imposto sobre o Serviços de consultoria
5%
Consumo
5% Serviços de gestão de cantinas, refeitórios e condomínios
5% Serviços de transporte

5% Serviços de segurança privada

196
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável


2% a 30% Produção e importação de diversos bens
Atos notariais, contratos, licenças, operações de financiamento, operações
Imposto do Selo Variável
aduaneiras, operações societárias, entre outras.
Sujeitos passivos: Indivíduos angolanos e estrangeiros, residentes ou não, que
Trab. conta de
aufiram rendimentos pagos em moeda nacional ou estrangeira, provenientes de
outrém taxa
trabalho prestado a Angola
máxima 17%
Imposto sobre os
Rendimentos do
Trab. conta
Trabalho
própria taxa
(IRT)
máxima 15%
(sobre 70%)

 A taxa de 25% incide sobre rendimentos de imóveis arrendados, na


proporção de 60% do rendimento auferido, o que corresponde a uma taxa
efetiva de 15%. O montante de imposto não poderá ser inferior a 1% do
valor patrimonial do imóvel.
Imposto Predial 25%
Urbano
 No caso de imóveis não arrendados a taxa de IPU é calculada sobre o valor
(IPU) 0%-0,5% patrimonial do imóvel à taxa de 0% do valor até Kz 5.000.000 e de 0,5%
sobre o valor que excede Kz 5.000.000.

 Transmissões de propriedade imobiliária e assemelhadas (e.g.


arrendamento por prazo superior a 20 anos);

 Entradas de bens imóveis para o capital social das sociedades;


Imposto de SISA 2%

Algumas situações de aquisição de partes sociais.

*Taxa aplicada a contratos para construção ou beneficiação do ativo fixo imobilizado

Angola ocupa uma posição baixa na tabela da competitividade do Relatório Paying Taxes da PwC, devido a
um conjunto alargado de fatores, dos quais se destacam o elevado tempo necessário a cumprir com as
obrigações fiscais e a percentagem total de imposto sobre os lucros cujo valor é influenciado pelos regimes
especiais de tributação que incidem sobre as empresas petrolíferas.

Numa análise comparativa de competitividade fiscal entre os vários países da CPLP verifica-se igualmente que
Angola se encontra numa das últimas posições.

Tabela 42 - Paying Taxes, PwC, 2014 - SADC

Contribuições
Imposto
Tempo e impostos Outros Total
Pagamentos sobre os
Países Rank (horas sobre o impostos (%
(número) lucros (%
por ano) trabalho (% (% lucros) lucros)
lucros)
lucros)

Maurícias 13 8 152 10,6 10,3 7,3 28,2

Seicheles 19 27 76 23,3 1,7 0,7 25,7

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

África do Sul 24 7 200 21,9 4,1 4,1 30,1

Botsuana 47 34 152 21,7 0,0 3,7 25,4

Zâmbia 68 38 183 1,2 10,4 3,5 15,1

Maláui 81 35 175 20,7 9,6 4,6 34,9

Suazilândia 59 33 110 28,2 4,0 4,3 36,5

Madagáscar 61 23 183 14,0 20,3 1,5 35,8

Lesoto 101 33 324 13,1 0,0 2,9 16,0

Moçambique 129 37 230 30,9 4,5 2,1 37,5

Namíbia 114 37 314 17,7 1,0 3,1 21,8

Tanzânia 141 48 176 20,4 18,0 6,5 44,9

Zimbabué 142 49 242 20,8 5,1 9,4 35,3

Angola 155 30 282 25,2 9,0 17,9 52,1

Congo 176 32 348 58,9 7,9 51,3 118,1

Tabela 43 - Paying Taxes, PwC, 2014 – CPLP

Imposto Contribuições e
Tempo Outros Total
Pagamentos sobre os impostos sobre o
Países Rank (horas por impostos (%
(número) lucros trabalho
ano) (% lucros) lucros)
(% lucros) (% lucros)

Timor-Leste 55 18 276 11,0 0,0 0,0 11,0

Cabo Verde 80 30 186 18,0 18,5 0,7 37,2

Portugal 81 8 275 15,1 26,7 0,5 42,3

Moçambique 129 37 230 30,9 4,5 2,1 37,5

Guiné-Bissau 153 46 208 14,9 24,8 6,2 45,9

Angola 155 30 282 25,2 9,0 17,9 52,1

São Tomé e
156 42 424 22,1 6,8 3,6 32,5
Príncipe
Brasil 159 9 2600 24,9 39,6 3,8 68,3

198
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

4.5.4. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra

 Vistos

Visto de curta duração e múltiplas entradas

Existem diversos tipos de vistos para Angola, nomeadamente (i) o visto diplomático, (ii) o visto ordinário, (iii) o
visto de cortesia, (iv) o visto de turismo, (v) o visto de estudo; (vi) o visto para fixação de residência, (vii) o visto
de permanência temporária, (viii) o visto privilegiado, (ix) o visto de trabalho, (x) o visto de tratamento médico,
(xi) o visto de curta duração e (xii) o visto de trânsito.

Para os empresários importa ter em consideração que:

 O visto de curta duração, é concedido por razões de urgência (ex: reunião, conferência, óbito) e
permite a permanência em território angolano até 7 dias, prorrogável uma única vez por igual período.

 O visto ordinário, é concedido para prospeção de negócios e permite a permanência em território


nacional até 30 dias, prorrogáveis duas vezes por igual período de tempo;

O visto ordinário ao abrigo do protocolo celebrado com Portugal é concedido para: (i) desenvolver
contactos exploratórios de domínio comercial ou análogo, (ii) conduzir negociações de projetos de
investimento, (iii) empresários e investidores, (iv) quadros dirigentes de empresas, (v) proceder à
montagem de equipamentos ou prestar assistência técnica pós-venda; (vi) ministrar conferências ou
ações formativas. Este tipo de visto é válido para entradas múltiplas num período de 36 meses,
permitindo ao seu titular uma permanência continua ou interpolada em território angolano por um
período máximo de 90 dias por semestre.

 O visto privilegiado, concedido ao cidadão estrangeiro investidor, representante ou procurador de


empresa investidora, pelas missões diplomáticas e consulares angolanas e que permite a entrada em
território nacional para fins de implementação e execução da proposta de investimento aprovada nos
termos da Lei do Investimento Privado. Permite ao titular múltiplas entradas e a permanência em
território nacional até dois anos, prorrogáveis por iguais períodos de tempo, e o seu beneficiário pode
requerer autorização de residência;

o Este visto pode ser dos seguintes tipos:

 Visto privilegiado tipo A – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento


superior ao equivalente a US$ 50.000.000 ou com investimento realizado na Zona C
de desenvolvimento;

 Visto privilegiado tipo B – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior


ao equivalente a US$ 50.000.000 e superior a US$ 15.000.000;

 Visto privilegiado tipo C – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior


ao equivalente a US$ 15.000.000 e superior a US$ 5.000.000;

 Visto privilegiado tipo D – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior


ao equivalente a US$ 5.000.000.

 O visto de trabalho, destinado a cidadãos estrangeiros não residentes que pretendam desempenhar
uma atividade remunerada no interesse do Estado ou por conta de outrem. Este visto permite várias
entradas no país até ao termo do contrato de trabalho, sendo atribuído por um período mínimo de três
meses e um período máximo de 36 meses, de acordo com a duração do contrato de trabalho. Permite
ao seu titular exercer apenas a atividade profissional que justificou a sua concessão e em dedicação
exclusiva à entidade empregadora que o requereu. Os vistos de trabalho são divididos em várias

199
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

categorias em função das caraterísticas da entidade empregadora ou do setor de atividade e algumas


categorias de trabalhadores beneficiam de um regime excecional;

o Os trabalhadores ligados aos projetos de investimento podem solicitar a obtenção do respetivo


visto de Trabalho.

 O visto para fixação de residência, concedido aos cidadãos que pretendam fixar residência em
Angola permite a permanência em território nacional pelo período de 120 dias, prorrogáveis por
idênticos períodos de tempo até decisão do pedido de autorização de residência, e o exercício de
atividade remunerada.

São vários os acordos celebrados entre Angola e outros Estados para a supressão ou facilitação de vistos. De
entre eles, destacam-se os celebrados com os países-membros da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste),
com países africanos (África do Sul, Guiné Equatorial, Namíbia), com países asiáticos (Coreia, Vietname) e
com outros países como a Rússia, Argentina e Espanha.

O acordo entre Angola e Portugal permite um regime privilegiado de vistos para cidadãos angolanos e
portugueses de curta e longa duração.

De notar que as demoras na emissão dos vistos são comuns. Se for aceite, o visto pode demorar entre duas a
doze semanas.

4.5.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade

Apesar de não ser obrigatório é recomendável estabelecer um contrato de seguro sobre as mercadorias e
bens com destino a Angola, que poderá ser realizado por empresas seguradoras privadas.

Os seguros de crédito à exportação são importantes instrumentos críticos na promoção e sucesso das
exportações.

A concessão, ou não, dos seguros e o seu preço são, por vezes, entraves à atividade exportadora e à
concretização de oportunidades de negócio.

Os seguros de crédito possibilitam aumentar a confiança nos negócios com os agentes compradores,
incentivando assim as transações, diminuindo o risco de incumprimento em matéria de pagamento das
mercadorias exportadas.

A concessão de seguro às empresas exportadoras materializa-se com operações de empréstimo às


empresas, logo dependentes de plafonds que as empresas têm no sistema financeiro e sujeitas a taxas
indexadas ao risco que o seu perfil determina.

São dois os principais riscos cobertos pelos seguros de exportação:

 Risco comercial: Como por exemplo o risco de falência ou insolvência do devedor; atraso de
pagamento (mora); insuficiência de meios; concordata ou moratória;

 Risco Político: Como por exemplo o risco da ocorrência de atos como nacionalizações, guerras,
revoluções, motins, anexações e riscos derivados (confisco de bens, dificuldades de
transferência/conversão, etc.).

Estado tem procurado reduzir os custos dos seguros de crédito através da minimização do risco das entidades
seguradoras, ou seja, substituindo-se em parte ao devedor.

200
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Este objetivo é conseguido através da criação de linhas de seguro de crédito com garantia do Estado. Esta
garantia pode ser concedida diretamente ou indiretamente através do financiamento público de sociedades de
garantia mútua. Atualmente a segunda opção é a mais utilizada

No caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado
Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à
exportação, dispõe de um mecanismo específico designado por Convenção Portugal-Angola (Seguro), no
valor de 1.000 milhões de Euro.

De acordo com informação disponibilizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) de
Portugal, são enquadráveis operações de exportação de bens de equipamento e serviços portugueses de
médio e longo prazo, com cobertura da COSEC, a qual, pode assumir a forma de: seguro dos créditos dos
exportadores sobre os importadores angolanos (crédito fornecedor) ou garantia dos financiamentos
concedidos por instituições de crédito ao BNA, a outras instituições de crédito angolanas ou a importadores
angolanos (crédito comprador).

Os créditos cobertos são avalizados pelo Estado Angolano que se compromete a garantir, através do seu
Ministério das Finanças, o bom pagamento e a transferência dos montantes relativos às exportações
efetuadas ao abrigo da Convenção.

Existe igualmente uma linha de seguro de créditos à exportação para países fora da OCDE, Turquia e México
com Garantia do Estado.

Além destas soluções, existe um conjunto de outros instrumentos financeiros que estão disponíveis não só na
banca comercial, como em fundos de investimento que visam mitigar o risco do investimento estrangeiro.
Nessa situação há instrumentos que visam assegurar o risco cambial e outros riscos associados ao
investimento que poderão ser devidamente avaliados em fase de decisão de internacionalização ou
exportação.

201
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

4.5.6. Sistema jurídico e judiciário

Principais formas jurídicas de estabelecimento comercial

No sistema jurídico angolano, os tipos de sociedades mais comuns são as Sociedades por Quotas
(Limitada/Lda.) e as Sociedades Anónimas (SA).

As Sociedades por Quotas apresentam menor complexidade organizativa, com estrutura mais leve ao nível
dos órgãos sociais, estando normalmente associadas a negócios de pequena ou média dimensão. As
Sociedades Anónimas são, em geral, o veículo escolhido pelos investidores para projetos de investimento de
maior dimensão.

Sociedade por Quotas Sociedades Anónimas

Pelo menos 5. Na maioria dos


Pelo menos dois. casos o Capital Social poderá
ser integralmente detido por
Número de Sócios Na maioria dos casos o capital social poderá ser entidades estrangeiras, salvo
detido integralmente por entidades estrangeiras, salvo as exceções detalhadas
124
as exceções detalhadas abaixo. abaixo.
121

Até ao valor das ações


Responsabilidade dos sócios Até ao valor das quotas.
subscritas.

Capital social mínimo US$ 1.000 US$ 20.000

Para além destas, existem ainda as sociedades em nome coletivo, as sociedades em comandita e as
sociedades unipessoais. Estas últimas passaram a ser permitidas com a publicação da Lei nº 19/12, de 11 de
junho, que veio permitir a constituição de sociedades unipessoais, isto é, sociedades com um único sócio,
pessoa singular ou coletiva.

Nas sociedades em nome coletivo, o sócio responde ilimitadamente pelas obrigações sociais,
subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios, para além de responder pela
sua entrada.

Por outro lado, este não responde pelas obrigações da sociedade, contraídas após a data da sua saída, mas
responde pelas contraídas anteriormente à data da sua entrada.

Nas sociedades em comandita, o sócio ou os sócios comanditários respondem apenas pela sua entrada e os
sócios comanditados têm responsabilidade ilimitada, ou seja, respondem pelas dívidas da sociedade, ilimitada
e solidariamente entre si, nos mesmos termos que os sócios das sociedades em nome coletivo. Existem dois
tipos diferentes de sociedades em comandita: as sociedades em comandita simples e as sociedades em
comandita por ações.

As sociedades em comandita são pouco comuns em Angola, bem como as sociedades em nome coletivo que,
neste último caso, apesar de terem estrutura simples e flexível se tornam pouco atraentes, dado o risco
associado, pois o património dos sócios responde subsidiariamente pelas dívidas da sociedade.

121
A exceção a esta regra está ligada aos setores que são da reserva exclusiva do Estado (ex: materiais de guerra, Banco Central,
direitos de propriedade sobre os portos, caminhos de ferro, serviços postais), e aos setores que só podem ser exercidos por entidades
privadas através de concessão do Estado (ex: produção, distribuição e comercialização de energia, exploração de portos e aeroportos,
tratamento e distribuição de água). Além dos aspetos já referidos, existem também limitações impostas às empresas que prestem serviços
ao setor petrolífero, pelo que, em alguns casos, é exigido que o capital seja detido maioritariamente por nacionais de Angola.
202
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Neste contexto, os tipos societários dominantes correspondem às sociedades por quotas e às sociedades
anónimas, sendo estas as principais escolhas dos investidores angolanos e estrangeiros.

O Sistema judiciário

O sistema judiciário em Angola está organizado em 3 categorias: Tribunal Supremo, os Tribunais Provinciais e
os Tribunais Municipais, que se distinguem por diferentes competências e pela sua organização .
122
Tabela 44 - Sistema Judiciário de Angola

Tipos de Tribunais
Competência Organização Nº de Tribunais
Judiciários
Exerce jurisdição em todo o
território nacional e é por Constituído pelo Plenário e
Tribunal Supremo 1
princípio o tribunal de último Câmaras de competência
recurso.

Decidir os conflitos de
Organizado por salas:
competência entre os
Tribunais Provinciais Tribunais Municipais da
Cível e Administrativo,
respetiva Província. 19
Família, Trabalho, Crimes
Comuns e Crimes contra a
Exerce jurisdição no
Segurança do Estado
território da Província.

Competência genérica em
- 35
matéria cível e criminal,
Tribunais Municipais
exercendo jurisdição no
(instalados 12)
território do Município

O sistema judiciário angolano ainda não permite uma capacidade de resposta célere aos complexos
problemas que advêm de relações comerciais internacionais sendo comum aos investidores internacionais
optarem por meios alternativos de resolução de litígios por forma a assegurar os seus direitos.

A possibilidade das entidades poderem recorrer à arbitragem constitui um dos fatores de atenuação dos
efeitos negativos da morosidade da justiça dos estados, do risco das decisões judiciais arbitrárias, da falta de
garantias e da incerteza quanto à eficácia dos contratos. Estima-se que mais do que 95% dos contratos
internacionais têm cláusulas arbitrais.

4.5.7. Resolução extrajudicial de litígios

Por forma a remover os principais constrangimentos ao investimento privado estrangeiro em Angola, o


Governo Angolano adotou um conjunto de instrumentos jurídicos que visam a resolução extrajudicial de litígios
123
via conciliação e arbitragem .

Em Angola, a arbitragem é a solução imperativa para a resolução de litígios em contratos de investimento ao


abrigo da Lei de Investimento Privado A referida Lei obriga que o recurso à arbitragem, para a resolução de
litígios decorrentes de investimento privado, ocorra em Angola.

122
Fonte: http://www.tribunalsupremo.ao
123
Lei n.º 16/2003 de 25 de Julho
203
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Apesar da República de Angola não ter ratificado as duas mais importantes Convenções Internacionais em
matéria de arbitragem, nomeadamente, a Convenção das Nações Unidas sobre o Reconhecimento e
Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras, a Convenção de Nova Iorque de 1958, a Convenção para a
Resolução de Diferendos relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de outros Estados, a Convenção
124
CIRDI de 1965, dispõem de leis que permitem a proteção de investimentos estrangeiros através da
Arbitragem.

Há diferentes mecanismos de resolução arbitral que resultam dos Contratos de Investimento e dos Tratados
Bilaterais de Investimento (TBI).

Assim, a análise desta temática deverá ser analisada in casu para que o investidor possa optar pela solução
que melhor atenda aos seus interesses.

Todavia, não poderá deixar de ter em consideração as regras da Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de
20 de maio, bem como as regras que determinem o regime de arbitragem aplicável que resultem dos TBI.

O investidor deverá ter algum cuidado nesta opção atendendo a que a Lei será determinante no regime e nas
regras legais que lhe serão aplicáveis.

Poder-se-á ter, por um lado, um contrato de investimento que preveja uma arbitragem ad hoc, a realizar-se em
Angola, com aplicação da lei angolana ao mérito da causa e ao processo arbitral, e por outro, um TBI que
indica, em princípio, uma arbitragem internacional institucionalizada, que poderá decorrer fora do território
angolano, com recurso a procedimentos fixados no respetivo centro de arbitragem escolhido pelo investidor.

A título exemplificativo, apesar de Angola não ter ratificado as convenções mais relevantes em matéria de
arbitragem, há um conjunto de TBI no qual está incluído Portugal que remete a resolução arbitral dos litígios
para o Centro Internacional de Resolução de Litígios relativos a investimentos (CIRDI) e para o Mecanismo
Complementar para a Administração de Procedimentos de Conciliação, Arbitragem e Averiguação, bem como
para o Tribunal de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI) ou ainda para um árbitro
internacional ou Tribunal ad hoc designado por acordo especial ou estabelecido nos termos das Normas de
125
Arbitragem da CNUDCI .

Por último, deve igualmente ter-se em consideração que a Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de 20 de
maio, contém regras imperativas, nomeadamente quando dispõe que “a arbitragem deve ser realizada em
Angola e a lei aplicável ao contrato e ao processo deve ser a lei angolana”.

Atendendo à complexidade da matéria e das possíveis soluções alternativas existentes esta matéria deverá
ser acompanhada pelo respetivo profissional competente.

124 Centro Internacional de Resolução de Litígios relativos a investimentos


125 CNUDCI - Commission des Nations Unies pour le Droit Commercial International
204
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

4.6. Principais caraterísticas dos Acordos de Angola no


domínio do comércio e investimento

4.6.1. Protocolos existentes na SADC e posicionamento de Angola face aos


mesmos.

A SADC possui mais de 26 instrumentos de cooperação entre os EM, dos quais 23 se encontram atualmente
em vigor. A República de Angola assinou, mas não ratificou, 4 dos 23 tratados em vigor, tendo assinado e
ratificado apenas 19.

Tabela 45 - Situação de Angola face aos Acordos e Protocolos existentes na Zona da SADC

Tipo de Acordo Âmbito e Descrição do Acordo

1. Protocolo sobre imunidade e privilégios;

Protocolos da SADC 2. Protocolo sobre o combate ao tráfico ilícito de drogas;


ratificados por Angola 3. Protocolo da SADC contra a corrupção;
em áreas não 4. Acordo de cooperação e assistência mútua no campo do combate ao crime;
económicas 5. Protocolo da SADC sobre extradição;
6. Protocolo sobre género e desenvolvimento.
Angola tem assinado e ratificado os protocolos referentes a vários setores,
nomeadamente:
 Sistema judicial;
 Saúde;
 Energia;
Protocolos da SADC  Pescas;
assinados e ratificados  Extradição;
por Angola  Corrupção;
 Ambiente;
 Trocas comerciais;
 Educação e cultura;
 Sistema financeiro;
 Assistência mútua legal em matéria criminal.
1. Protocolo sobre as minas e geologia;
Protocolos Assinados 2. Protocolo sobre a ciência, tecnologia e inovação;
mas não Ratificados 3. Protocolo sobre política, defesa e segurança;
4. Protocolo pacto de defesa mútua.
1. Protocolo sobre o desenvolvimento do turismo;
Protocolos não 2. Protocolo controlo de armas de fogo, munições e outro material conexo;
Assinados nem
3. Protocolo facilitação de circulação de pessoas;
Ratificados
4. Protocolo sobre o comércio de serviços.

4.6.2. Acordos essenciais de Angola na área do comércio (ACI, APPRI, ADT)

Existe um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão
facilitar o acesso dos investidores portugueses aos mercados, contando-se entre eles os Acordos Comerciais
205
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

de Investimento (ACI), os Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos (APPRI) e os Acordos


para evitar a Dupla Tributação (ADT).

Angola ratificou poucos acordos, tendo vindo a ser de prática comum a assinatura de acordos pelo país, sem
que, no entanto, exista uma posterior ratificação.

Tabela 46 - Acordos Bilaterais de Angola

Tipo de Acordos Acordos assinados mas ainda não Acordos em vigor


em vigor

Acordos de Promoção e Proteção Portugal, África do Sul, Espanha, Cabo Verde, Alemanha, Itália, Rússia
Recíproca de Investimentos Reino Unido

Acordos para Evitar a Dupla Não Não


Tributação

 Angola faz parte da OMC desde 23 de novembro de 1996. A sua regulação alfandegária segue a
Pauta Aduaneira aprovada pelo Decreto-Lei n.º 2/08, de 4 de agosto;

 Angola é membro da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (“MIGA”);

 Angola é membro da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (“OMPI”), tendo aderido ao


código de classificação internacional de patentes e registo de marcas da instituição;

 Angola aprovou a Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial e Propriedade


Intelectual para a Proteção de marcas e patentes;

 Angola assinou acordos de cooperação aduaneira com Portugal e São Tomé e Príncipe .

4.6.3. Acordos entre EUA e Angola – AGOA126

A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir a
exportação de bens e produtos para os EUA sem que os mesmos se encontrem sujeitos a taxas alfandegárias.

Para beneficiarem deste regime é necessário que os produtos sejam de origem africana, e que os países em
causa estejam a adotar medidas para a implementação duma economia de mercado livre, através de políticas
democráticas.

4.6.4. Acordos entre a UE e Angola

Acordo Cotonu

O Acordo de Cotonu assinado em 2000, por 79 países, é o principal instrumento para a prestação de
assistência da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas
e do Pacífico, e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos.

126 AGOA - African Growth and Opportunity Act


206
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O Acordo Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos
países ACP, tendo como principal desígnio a redução da pobreza nos Estados ACP, do qual faz parte Angola.
No entanto, cumpre referir que o Acordo de Cotono veio, em muito, facilitar o investimento de EM da UE nos
países africanos que subscreveram o Acordo.

De notar que o Acordo previu ainda a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus
objetivos, o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).

No âmbito do FED, o montante global disponibilizado pela UE a Angola entre 2008 a 2013, através do
“Documento de Estratégia para Angola”, foi aproximadamente de 228 milhões de euros. Deste montante,
cerca de 214 milhões foram destinados ao financiamento para o apoio macroeconómico, às políticas setoriais,
aos programas e projetos previstos nos setores focais e não focais de Assistência Comunitária, e cerca de 14
milhões de Euros para necessidades imprevistas.

O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP,
nomeadamente:

 Promoção do investimento

 Apoio e financiamento dos investimentos nos países da ACP através de subsídios para
assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para
participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos
privados, nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a
partir dos recursos próprios do BEI;

 Criação de instrumentos de garantias de investimento, através de

 Seguros de risco, com vista aumentar a confiança dos investidores nos Estados ACP;

 Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial


quanto a regimes de resseguros destinados a cobrir o IDE realizado por tais investimentos; e

 Medidas que visem a proteção dos investimentos.

Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas IFD.

Além do Acordo de Cotonu, existem um conjunto de outras convenções e compromissos políticos assinados
entre a UE e Angola. No entanto, cumpre neste âmbito sublinhar a ausência de acordos de interesse
comercial, fiscal e aduaneiro entre Portugal e Angola.

Entre as convenções assinadas pela UE e por Angola, contam-se:

 Declaração de Paris sobre a eficácia da ajuda, de 2 de março de 2005 (e instrumentos subsequentes);


 Parceria Estratégica África-UE de 2007;
 Documento de Estratégia por País e o Programa Indicativo Nacional para o período 2008-2013;
 Estratégia Nacional de Desenvolvimento a Longo Prazo (“Visão 2025”), os vários Planos Nacionais de
Desenvolvimento que têm vindo a ser feitos, e alguns documentos complementares aprovados pelo
Governo.

207
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

208
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

5.CPLP
Atratividade de Angola no contexto da
CPLP

209
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

5. Atratividade de Angola no contexto CPLP

No contexto da CPLP Angola é um dos países com maior potencial de crescimento atendendo à forte riqueza
em matérias-primas.

Angola tem, no entanto, adotado uma forte estratégia protecionista que a tem colocado em posições inferiores
nos relatórios de realização de negócios do Banco Mundial, reveladores da dificuldade do investimento
estrangeiros.

Tabela 47 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP

Obtenção de
Facilidade de se Abertura de Obtenção de Registo de Obtenção
Países alvarás de
fazer negócios empresas eletricidade propriedade de crédito
construção

Portugal 30 31 78 35 30 104

Cabo Verde 122 129 122 106 69 104

Brasil 130 121 131 60 109 104

Moçambique 146 96 135 174 155 129

São Tomé e
160 100 91 72 161 180
Príncipe

Timor-Leste 169 147 116 40 185 159

Angola 172 171 124 113 131 129

Guiné-Bissau 179 148 117 182 180 129

A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis
de especialização diferenciada entre parceiros .
127
Tabela 48 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)

País exportador
São Tomé e
Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique Timor Leste Portugal Macau
Príncipe
Angola 5 1 2 4 2 1 80 0
Brasil 40 32 19 31 24 23 47 13
Cabo Verde 6 5 3 8 4 3 2 7
País importador

Guiné-Bissau 2 5 3 4 1 1 1 0
Moçambique 15 12 13 10 11 10 9 9
São Tomé e Príncipe 18 13 18 19 19 6 3 8
Timor Leste 5 1 5 3 7 4 1 4
Portugal 83 48 72 38 66 51 37 35
Macau 11 8 9 5 12 6 5 1
Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

127
O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação
das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e
maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.
210
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, excetuando no
relacionamento entre Portugal e Angola.

De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP destinam-se a outros países da CPLP, peso
relativo que tem vindo a reduzir-se desde 2008. Apesar das exportações intrarregião evidenciarem um
decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intrarregião
de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de 2010.

Verifica-se um elevado potencial de complementaridade recíproco no relacionamento comercial entre alguns


países da CPLP.

O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial
biunívoca.

A estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts),
Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu
lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as
estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade
entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de
complementaridade de 72 pts.

De facto, é notório que a alavancagem comercial intra-CPLP poderá ser potenciada fundamentalmente por 2
motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intrarregião e por Portugal – país CPLP que
mais destaca nas importações intrarregião.

Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental
de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE.

211
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Angola – Valor total das importações, US$ 24 mil milhões, 2012


Potenciais fornecedores
Principais produtos importados
CPLP
Combustíveis minerais,
 Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo  Brasil
lubrificantes e materiais
de 70%  Portugal*
relacionados
 Máquinas para a construção civil
 Geradores
 Veículos a motor para transporte de mercadorias
 Veículos automóveis para transporte de pessoas
 Outras máquinas e aparelhos para as indústrias
Maquinaria e equipamento  Brasil
particulares
de transporte  Portugal
 Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis
 Materiais de construção
 Equipamento para distribuição de energia elétrica
 Bombas, compressores a gás e ventiladores
 Equipamentos de aquecimento e refrigeração
Maquinaria e equipamento  Equipamento de telecomunicação
 Brasil
de transporte  Motocicletas e velocípedes
 Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios,
Outros artigos cubas;  Brasil
manufaturados  Aparelhos de medição, análise e controle;  Portugal
 Artigos de plástico
 Bebidas alcoólicas  Brasil
Alimentos e bebidas
 Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais  Portugal
 Carnes e miudezas comestíveis  Brasil
Alimentos
 Cereais  Moçambique
Matéria prima (exceto  Brasil
 Ferro e aço
combustíveis)  Portugal
 Produtos de ferro e aço
 Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções;
 Metais comuns;  Brasil
Produtos manufaturados
 Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio;  Portugal
 Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço
 Ferramentas mecânicas e outros
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat * Petróleo refinado

Alguns dos produtos com potencial de produção local*


 Maquinaria especializada
Maquinaria e equipamento de transporte  Peças industriais
 Materiais de construção
 Carnes
Alimentos  Cereais
 Agro indústria em geral e pescas
 Vestuário
Produtos manufaturados  Ferro e aço
 Produtos de ferro e aço
 Petróleo
Combustíveis minerais
 Gás natural
*Para mais dados ver setores de investimento.

212
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC ................................................................................. 33


Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC ................................................................................. 48
Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) .............................................................. 49
Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$) ............... 65
Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030 ............................................... 83
Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas .................................................................................... 84
Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 2015 (US$M) ......................................... 85
Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica .................................... 93
Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético .............................................................. 93
Tabela 10 - Eficiência dos transportes ................................................................................................................ 94
Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes .................................................... 94
Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico ................................................................................ 94
Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento .............................................. 95
Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana ................................................................................................. 96
Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) .................................................................... 108
Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas ................................................................................. 109
Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$) ................................................................ 111
Tabela 18 - Objetivo do PND 2013 – 2017: IDH ............................................................................................... 124
Tabela 19 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações .................................................................................. 128
Tabela 20 - Objetivo do PND 2013 – 2017: Doing Business ............................................................................ 129
Tabela 21 - Evolução do setor petrolífero: produção, preço médio de exportações do barril de crude,
investimento e criação de emprego ................................................................................................................... 133
Tabela 22 - Investimento por sistema e previsão do consumo de eletricidade (US$ milhões) ........................ 136
Tabela 23 - Caraterísticas das redes ferroviárias em Angola, 2010 ................................................................. 139
Tabela 24 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – telefones .............................. 144
Tabela 25 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – internet ................................ 144
Tabela 26 - Potencialidades ao nível de infraestruturas (PND 2013-2017) ...................................................... 145
Tabela 27 - Projetos previstos em Angola para o setor do transporte da energia elétrica ............................... 146
Tabela 28 - Projetos previstos em Angola para o setor da distribuição da energia elétrica ............................. 147
Tabela 29 - Projetos previstos em Angola para o setor eletrificação rural e mini-hídricas ............................... 147
Tabela 30 - Projetos previstos em Angola para o setor dos transportes .......................................................... 148
Tabela 31 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água às sedes de província e
municípios mais populosos................................................................................................................................ 148
Tabela 32 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água em meios rurais .............. 149
Tabela 33 - Abertura da economia angolana .................................................................................................... 152
Tabela 34 - TOP 10 dos países de origem do investimento privado em Angola .............................................. 160
Tabela 35 – IDE em Angola: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010 ............... 161
Tabela 36 - Potencialidades a nível setorial (PND 2013-2017) ........................................................................ 166
Tabela 37 - Potencialidades a nível do setor empresarial (PND 2013-2017) ................................................... 167
Tabela 38 - Incentivos fiscais por zona ............................................................................................................. 174
Tabela 39 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC ...................................................................... 182
Tabela 40 - Prazo mínimo para repatriamento de dividendos e lucros ............................................................. 186
Tabela 41 - Quadro resumo com os principais impostos de Angola e alguns exemplos de bases tributáveis 196
Tabela 42 - Paying Taxes, PwC, 2014 - SADC ................................................................................................. 197
Tabela 43 - Paying Taxes, PwC, 2014 – CPLP................................................................................................. 198
Tabela 44 - Sistema Judiciário de Angola ......................................................................................................... 203
Tabela 45 - Situação de Angola face aos Acordos e Protocolos existentes na Zona da SADC ...................... 205
Tabela 46 - Acordos Bilaterais de Angola ......................................................................................................... 206
Tabela 47 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP ....................................................................... 210
Tabela 48 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)............................................................ 210

213
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012 ........................................................................................... 34


Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-2013.................. 35
Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB 2008-21012 e
do peso do PIB do País no total da SADC ............................................................................................................................ 36
Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola % ............................................................................................... 38
Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 – Moçambique % ...................................................................................... 39
Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul ............................................................................................. 41
Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto ...................................................................................................... 42
Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar .............................................................................................. 43
Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui ....................................................................................................... 43
Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo .......................................................... 43
Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) – Suazilândia ............................................................................................ 43
Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) – Seicheles ...................................................................................... 44
Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias % ........................................................................................... 45
Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana ................................................................................................ 46
Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia.................................................................................................. 47
Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia ................................................................................................... 47
Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região.................................................................... 50
Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região ................................................................... 50
Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012) ..................................................................................................... 51
Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino ................................................................. 54
Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 55
Gráfico 22 - Importações SADC da China ............................................................................................................................. 56
Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha ...................................................................................................................... 56
Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA ............................................................................................................................. 57
Gráfico 25 - Importações SADC da Índia .............................................................................................................................. 57
Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido .................................................................................................................. 58
Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012 ............................................. 59
Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 59
Gráfico 29 - Exportações SADC para a China ...................................................................................................................... 60
Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA....................................................................................................................... 60
Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia ........................................................................................................................ 60
Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido ............................................................................................................ 60
Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio) ........................................................ 61
Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal ........................................................................................................................... 62
Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil ............................................................................................................................. 63
Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio) .................................................................... 63
Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal ..................................................................................................................... 64
Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil ....................................................................................................................... 64
Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012 ................................................................................................... 65
Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC .............................................................................. 76
Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$ ........................................................................................................ 77
Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB .................................................................................................................... 77
Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011 ....................................................................................................................... 79
Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), África do Sul ...................................................................................... 81
Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas) .................................................. 93
Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012 .................................... 97
Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos......................................................................................................... 97
Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP ................................................................................................................. 98
Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil ................................................................................................................ 100
Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique .................................................................................................... 101

214
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal ........................................................................................................... 102


Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino .................................................... 102
Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos ...................................................................................................... 103
Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP .................................................................................................................. 103
Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique ................................................................................................. 104
Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola .......................................................................................................... 105
Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil ......................................................................................................... 106
Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal ........................................................................................................ 107
Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012 ..................................................................................................... 110
Gráfico 60 - Evolução anual do PIB Angolano (últimos 5 anos) .......................................................................................... 116
Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%) ..................................................................................... 117
Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%) ........................................................................................ 118
Gráfico 63 - Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$ milhões) .................................................................................... 119
Gráfico 64 - Fatores de variação da liquidez - variação em % do valor inicial da massa monetária ................................... 120
Gráfico 65 - Taxas de juro (taxas anuais) e taxa de câmbio efetiva .................................................................................... 121
Gráfico 66 – Variação da taxa de câmbio Kwanza/Euro ..................................................................................................... 121
25
Gráfico 67 - PIB de Angola – taxa de variação real (%) ................................................................................................... 122
Gráfico 68 - Previsões de crescimento para Angola ........................................................................................................... 122
Gráfico 69 - Taxa de variação (%) do PIB no período 2013-2017 ....................................................................................... 123
Gráfico 70 - IDH – Evolução desde 2000 ............................................................................................................................ 124
Gráfico 71 - Inflação média anual – histórico e últimas previsões do FMI ........................................................................... 125
Gráfico 72 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas (%) .......................................................................................... 125
Gráfico 73 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Crescimento: setor petrolífero vs. não petrolífero ........................................... 126
Gráfico 74 - Crescimento de cada setor e respetivo peso no PIB de Angola ...................................................................... 127
Gráfico 75 – PIB por setor 2012 - Angola ............................................................................................................................ 130
Gráfico 76 - Empresas do Setor Público - Volume de negócios (%) ................................................................................... 131
Gráfico 77 - Empresas do Setor Público -Empregados (%) ................................................................................................ 131
Gráfico 78 - Principais destinos de exportação do setor petrolífero (%) .............................................................................. 133
Gráfico 79 - Os custos de produção de energia elétrica em Angola são relativamente elevados ....................................... 137
Gráfico 80 - Movimentação de contentores no Porto de Luanda em 2011.......................................................................... 140
Gráfico 81 - Evolução das importações de Angola e principais países de origem, 2008-2012 ........................................... 152
Gráfico 82 - Importações angolanas da CPLP .................................................................................................................... 153
Gráfico 83 - Importações angolanas - Top produtos ........................................................................................................... 154
Gráfico 84 - Importações angolanas – evolução por tipo de produtos ................................................................................ 154
Gráfico 85 - Importações angolanas a Portugal .................................................................................................................. 155
Gráfico 86 - Importações angolanas ao Brasil ..................................................................................................................... 156
Gráfico 87 - Importações angolanas de serviços ................................................................................................................ 157
Gráfico 88 - Evolução das exportações de Angola e principais países de destino .............................................................. 157
Gráfico 89 - Exportações angolanas para a CPLP .............................................................................................................. 158
Gráfico 58 - Fluxos de IDE em Angola 2008-2012 .............................................................................................................. 162
Gráfico 91 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade........................ 182

215
Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Índice de Figuras

Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013 .......................................................................................................................... 24


Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC ................................................................................................................. 25
Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013 ................................................................................................................ 32
Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em África ....................................................................................................... 35
Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto......................................................................... 52
Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto .................................................................................. 53
Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC .......................................................................... 61
Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC .............................................................................. 62
Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013 ................................................................. 84
Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul ....................................................................................... 86
Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos ............................................................................................. 87
Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) ................................................................................. 88
Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas .......................................................................................................... 90
Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola ................................................................................................. 99
Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil ................................................................................................... 99
Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique ..................................................................................... 100
Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal ............................................................................................ 101
Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique .................................................................................. 104
Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola............................................................................................ 105
Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil ........................................................................................... 106
Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal ......................................................................................... 107
Figura 22 - Estrutura acionista bancária em África .............................................................................................................. 111
Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................ 112
Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 2012 .................................................................................. 112
Figura 25 - O estado das infraestruturas em África - Angola............................................................................................... 135
Figura 26 - Redes ferroviárias em Angola, 2010 ................................................................................................................. 138
Figura 27 - Tipo e condições de estrada, linhas ferroviárias, portos, e população .............................................................. 142
Figura 28 - Principais importações angolanas de Portugal ................................................................................................. 155
Figura 29 - Principais importações angolanas do Brasil ...................................................................................................... 156
Figura 30 - Principais exportações angolanas para Portugal .............................................................................................. 158
Figura 31 - Principais exportações angolanas para o Brasil................................................................................................ 159
Figura 32 - Estrutura acionista bancária em África .............................................................................................................. 168
Figura 33 - Contas bancárias em África com antiguidade superior a 15 anos .................................................................... 169

216
6. www.pwc.pt

Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do


SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela:

Apoio: Projeto Co-Financiado:

Todos os direitos reservados. Neste documento “PwC” refere-se a PricewaterhouseCoopers & Associados – SROC, Lda. que pertence à
rede de entidades que são membros da PricewaterhouseCoopers International Limited, cada uma das quais é uma entidade legal
autónoma e independente.

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