Você está na página 1de 98

Projeto Siderurgia Sustentável

Contratante Consórcio

Proposta de Política Florestal para o Estado do Amazonas


Índice
Índice .............................................................................................................................................i
Siglas e Símbolos .......................................................................................................................... ii
Tabelas......................................................................................................................................... iii
Figuras ......................................................................................................................................... iv
1. Introdução ............................................................................................................... 1
2. Objetivos.................................................................................................................. 1
2.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 1
2.2. Objetivos Específicos .......................................................................................... 1
3. Indicadores econômicos ........................................................................................... 2
4. Objeto de Análise – Cenários de produção e a sensibilidade a fatores críticos ........... 3
4.1. Alternativas de produção de carvão - “Fatores Base” ....................................... 3
4.2. Sensibilidade a alteração de custos ................................................................... 3
5. Parâmetros utilizados e calibração............................................................................ 4
5.1. Sistemas de Carbonização (Investimentos e reinvestimentos) ......................... 4
5.2. Base Florestal ................................................................................................... 14
5.3. Transporte de carvão ....................................................................................... 20
5.4. Modalidade de Operações – Colheita e Carbonização .................................... 21
5.5. Personalidade Jurídica para tributação ............................................................ 30
5.6. Vendas e Renda ................................................................................................ 39
6. Resultados ............................................................................................................. 41
6.1. Resultados - Fluxo de Caixa .............................................................................. 41
6.2. Sistema de tributação....................................................................................... 46
6.3. Indicadores Econômicos ................................................................................... 47
6.4. Análise de Sensibilidade, variação no preço do carvão e frete........................ 55
6.5. Base Florestal ................................................................................................... 59
7. Conclusões e Recomendações ................................................................................ 62
7.1. Principais resultados. ....................................................................................... 62
7.2. Indicação de grupos de produtores para fomento. ......................................... 65
7.3. Lacunas com necessidade de trabalho............................................................. 65
8. Referências Bibliográficas ....................................................................................... 67
i

9. Anexos ................................................................................................................... 69
Siglas e Símbolos

Ø - diâmetro
> - maior que
< - menor que
= - igual, ou igual a
a.a. - ao ano
a.m. - ao mês
c.c. - ciclo contínuo
EVTE - Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica
ha - hectares
kg - quilograma
km - quilômetros
m - metro
m3 - metro cúbico
mdc - metro de carvão
mST - metro estéreo
PF - Pessoa Física
PJ - Pessoa Jurídica
RH - Recursos Humanos
RMA - Retorno Médio Anual
RMM - Retorno Médio Mensal
st – estéreo ou metro estéreo
t - tonelada
TMA - Taxa Mínima de Atratividade
TIR - Taxa Interna de Retorno
VLP - Valor Líquido Presente
ii
Tabelas
Tabela 1. Premissas base utilizadas no EVTE. ............................................................................... 7
Tabela 2. Modelo de alocação de quantidade de fornos (caso de 8 unidades). .......................... 8
Tabela 3. Estimativa de custos de implementação e da vida-útil dos fornos (caso de 1 UFF /
4 fornos). .................................................................................................................... 9
Tabela 4. Tempos e movimentos do processo de carbonização - período de chuva e de
seca. .......................................................................................................................... 12
Tabela 5. Efetividade dos ciclos de carbonização no período de seca e de chuva. .................... 12
Tabela 6. Rendimento da carbonização e produção estimada (caso de 1 UFF / 4 fornos JG). .. 14
Tabela 7. Premissas dos estoques florestais e cenários de produção para diferentes sítios..... 15
Tabela 8. Demanda por estoques florestais (cenário de negócio = 1 UFF / 4 fornos JG). ........ 16
Tabela 9. Estoques Florestais - fatores sobre implementação e manutenção. ......................... 17
Tabela 10. Colheita florestal – eficiência e demanda de equipe (estimativa para uma UFF /
4 fornos JG). .............................................................................................................. 20
Tabela 11. Profissional para produção de carvão - base salarial e custo total com impostos. .. 24
Tabela 12. RH – Estimativa de alocado pessoal na produção e custos associados. ................... 25
Tabela 13. RH - Alíquotas de incidências sobre o salário e de valores de benefícios. ............... 27
Tabela 14. RH - Estimativa de custos com salários, encargos e benefícios para diferentes
bandas salariais e modalidades tributárias (2019). ................................................. 28
Tabela 15. Incidência de custos com administração e operações. ........................................... 29
Tabela 16. Imposto de Renda Pessoa Física (base 2019). .......................................................... 31
Tabela 17. Categorias e limitações sobre tipos de Pessoa Jurídica (2019)................................. 32
Tabela 18. Micro Empreendedor Individual - Limites e imposto (2019). ................................... 34
Tabela 19. Simples Nacional - Incidência e divisão de impostos por faixas de receita anual
(2019). ...................................................................................................................... 34
Tabela 20. Tributação – Premissas e modelo de cálculo para definir melhor enquadramento
(caso = 8 UFF / 32 Fornos JG). .................................................................................. 38
Tabela 21. Valores de preços pagos para carvão em Sete Lagos, MG (em mar/2019). ............. 39
Tabela 22. Valores de preços pagos para carvão utilizados no EVTE. ........................................ 39
Tabela 23. Cenários de análises de fluxo de caixa apresentados. .............................................. 42
Tabela 24. Valores de simulação do EVTE – custos e receitas (Caso: Fornos JG). ...................... 43
Tabela 25. Organização da apresentação dos indicadores econômicos do EVTE. ..................... 47
Tabela 26. Síntese TIR – Resultados de Indicação de viabilidade econômica. ........................... 48
Tabela 27. Análise exploratória de dados selecionados de VPL. ................................................ 51
Tabela 28. Análise exploratória de dados selecionados de Pay Back. ........................................ 52
Tabela 29. Dados de Receita Média Mensal e Receita Média Anual Líquida, por forno. .......... 53
iii

Tabela 30. Diferenças de renda média mensal líquida, para diferentes arranjos produtivos
de carbonização utilizando UFF. .............................................................................. 54
Tabela 31. Renda média mensal liquida gerada em pequenos empreendimentos com UFF. ... 55
Tabela 32. Renda média mensal liquida gerada em médios e grandes empreendimentos
com UFF. ................................................................................................................... 55
Tabela 33. Síntese de dados de sensibilidade – elasticidade preço de fatores de produção. ... 56
Tabela 34. Síntese dos resultados de sensibilidade à variação de preços. ................................ 58
Tabela 35. Estimativa de demanda por base florestal, para diferentes cenários de projeto
de carbonização........................................................................................................ 60
Tabela 36. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para
1 UFF-UFV (4 Fornos)................................................................................................ 70
Tabela 37. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para
4 Fornos JG. .............................................................................................................. 72
Tabela 38. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica para 2
UFF-UFV (8 Fornos). ................................................................................................. 74
Tabela 39. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica - para
8 Fornos JG. .............................................................................................................. 76
Tabela 40. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica -
para 8 UFF-UFV (32 Fornos). .................................................................................... 78
Tabela 41. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica -
para 32 Fornos JG. .................................................................................................... 80
Tabela 42. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica. ....... 82
Tabela 43. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Terceirizada / Pessoa
Jurídica. ..................................................................................................................... 83
Tabela 44. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica. ....... 84
Tabela 45. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa
Jurídica. ..................................................................................................................... 85
Tabela 46. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Física. .......... 86
Tabela 47. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa Física. .. 87
Tabela 48. Forno - JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica. ........ 88
Tabela 49. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs. floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica. ....... 89
Tabela 50. Forno JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica. . 90
Tabela 51. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica. . 91
Tabela 52. Lista de contatos – Entrevista de campo ................................................................. 91

Figuras
Figura 1. Praça de carbonização com Fornos JG. .......................................................................... 5
iv

Figura 2. Unidade Forno-Fornalha UFF-UFV instalada em João Pinheiro - MG. ........................... 6


Figura 3. Resumo meteorológico com sazonalidade de chuvas e temperaturas em João
Pinheiro – MG. .............................................................................................................. 13
Figura 4. Simples Nacional - Alíquotas de imposto segundo faturamento (Anexo I - 2019). ..... 35
O Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica para implementação
de U nidade Fornos-Fornalha U FV em João Pinheiro – MG .

1. Introdução

O Projeto BRA/14/G31 - Siderurgia Sustentável – tem por proposta analisar e estabelecer um


novo paradigma de desenvolvimento de cadeias sustentáveis e de baixo carbono para o setor
siderúrgico brasileiro e internacional. Para tal, esse projeto tem promovido o desenvolvimento
de estudos e de demonstrações aplicadas de tecnologias mais limpas de carbonização para a
produção de carvão vegetal a partir de biomassa renovável (em pequena e larga escalas), bem
como proposto o debate em prol da definição da proposta de uma política para o setor
siderúrgico.

Nesse contexto, o projeto desenvolve estudos para subsidiar o processo de substituição de


fornos e tecnologias com menor rendimento e maior emissão de gases poluentes na atmosfera,
e que consequentemente afetam o meio ambiente, e em especial a salubridade do trabalho, para
fornos com melhor coeficiente de produção (rendimento gravimétrico) do carvão associado à
menor emissão e poluentes.

Em específico, o projeto trabalha a tecnologia Unidade Forno-Fornalha desenvolvida pela


Universidade Federal de Viçosa (UFF- UFV) com visas a ampliar a adoção dessa no estado de
Minas Gerais - MG.

2. Objetivos

O objetivo geral do presente trabalho foi desenvolver Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica
(EVTE) com perspectivas à implementação no município de João Pinheiro – MG da Unidade
Forno-Fornalha desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (UFF- UFV), considerando
dados e informações atuais sobre a cadeia produtiva florestal e de carbonização, bem como as
técnicas, práticas e crenças dos operadores locais sobre a produção de carvão vegetal.

Os objetivos específicos desse trabalho foram:

 Desenvolver a coleta de dados de campo no município de João Pinheiro - MG, sobre a


produção florestal e de carvão vegetal;
 Identificar, quantificar e avaliar fatores de produção, como: insumos, equipamentos, recursos
humanos, logística, operações e comportamento, dentre outros, necessários para
implementação e operação do processo de carbonização de madeira;
1

 Desenvolver a modelagem econômica sobre o processo e fatores de produção, vendas e


receitas, dos sistemas (a) Forno JG e (b) Unidade Forno-Fornalha - UFV;
 Elaborar fluxos de caixas para as diferentes estratégias/arranjos e escalas de
empreendimentos;
 Testar a sensibilidade econômica a variações quantitativas nos fatores/custos de produção;
 Estimar indicadores econômicos e avaliar a viabilidade econômica dos empreendimentos, em
diferentes escalas produtivas; e,
 Tecer recomendações para estabelecimento e consolidação do sistema forno-fornalha
desenvolvido pela UFV.

3. Indicadores econômicos
Como critérios de análise, nesse estudo foram utilizados os seguintes indicadores econômicos1:

Fluxo de caixa refere-se à simulação do fluxo de capitais (humano e financeiro) no caixa


financeiro do empreendimento, ou seja, é a especificação do montante de gastos/esforços e
receitas realizadas durante um período de tempo determinado para uma determinada alocação
de diferentes tipologias de capitais. O fluxo de caixa é o elemento base para serem estimados os
indicadores econômicos de um empreendimento. Assim, visualização desse fluxo torna-se um
importante indicador (não paramétrico) para se ter entendimento e avaliar a coerência e a
robustez do exercício desenvolvido/proposto para análise.
Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é a taxa de rentabilidade mínima ao ano, na qual um
investidor terá interesse de entrar um negócio. A TMA é uma taxa pré-definida, comparada ao
retorno médio promovido por outros investimentos existentes, em valores percentuais (%). A
TMA proposta para o empreendimento de carbonização é de 11,0% (onze por cento).
Taxa Interna de Retorno (TIR) é a estimativa do retorno/rentabilidade que o empreendimento,
objeto de análise, proporcionará e valores percentuais (%). A TIR é calculada comparando o valor
do investimento e os respectivos retornos futuros (anuais ou mensais). O valor da TIR do
empreendimento é comparado diretamente com o valor da TMA, auferindo o interesse/decisão
de prosseguir com o investimento/negócio ou não.
Valor Presente Líquido (VPL) indica o valor presente “no dia de hoje” do empreendimento em
moeda corrente (R$). Este calculado a partir dos descontos/diferenças entre (a) os investimentos
inicial e temporais realizados, (b) as receitas futuras advindas das vendas a serem realizadas, e
(c) taxa de desconto do mercado (custo oportunidade do capital - taxa de financiamento bancário
para área rural de 6,0% ao ano). O VPL indica se o empreendimento tem valor positivo ou
negativo, e se esse valor é baixo, médio ou alto em relação aos investimentos realizados.
Payback ou tempo de retorno do investimento refere-se à análise do tempo necessário para os
investimentos feitos em um empreendimento, serem pagos por via do lucro líquido. Ou seja, é o
tempo necessário para recuperar o capital investido e o empreendimento passar a ter lucro real.
Retorno Médio Mensal (RMM) e Retorno Médio Anual (RMA) é um indicador não paramétrico
utilizado para calcular o lucro ou prejuízo médio que o empreendimento dará de retorno ao
investidor, ao ano e/ou ao mês. Para o cálculo utiliza-se a soma de todas as receitas líquidas ao
longo do tempo, e divide-se pelo número de meses do projeto (RMM) e/ou pelo número de anos
2

1
Por se tratarem de conceitos e formulação clássica, essas não serão detalhadas neste EVTE. Devendo-se buscar a
literatura especializada caso de interesse do leitor.
do projeto (RMA). O cálculo desconsidera o valor do investimento inicial. O objetivo desse
indicador é tornar evidente o montante do retorno financeiro médio ao longo do tempo.

4. Objeto de Análise – C enários de produção e a


sensibilidade a fatores críticos

Vide: Aba na planilha de modelagem do EVTE = “Fatores-Fluxo”

No presente estudo são propostos cinco categorias de fatores base para o empreendimento,
analisados como opções de alocação de recursos e capital para a produção de carvão vegetal. O
arranjo e/ou disponibilidade desses cinco fatores determinam as características
técnicas/operacionais do empreendimento, a possibilidade e a predisposição de
empreendedores a fazer investimentos. Os cinco fatores base objeto de modelagem são:

a) Tipo de sistema de carbonização


Opção 1 - Modelo Forno Fornalha UFV
Opção 2 - Forno JG

b) Propriedade da base florestal


Opção 1 - Floresta de terceiros, com compra de madeira
Opção 2 - Floresta própria para produção de madeira

c) Operação de carbonização
Opção 1 - Operações com mão de obra terceirizada
Opção 2 - Operações com mão de obra própria

d) Personalidade Jurídica adotada com fins de tributação


Opção 1 - Pessoa Física
Opção 2 - Pessoa Jurídica

e) Escala de produção - Quantidade de unidades com 4 fornos


Opção 1 - de 1 a 7 unidades (gerenciamento pelo próprio investidor)
Opção 2 - de 8 a 50 unidades (opção por gerente contratado)

Com base nos resultados encontrados na modelagem técnica/econômica foram avaliados como
arranjos de fatores base afetam a viabilidade de implementação de projeto para produção de
carvão. Esses resultados são essenciais para auxiliar o empreendedor a definir estratégias de
produção e alocação de recursos no curto, médio e longo prazos.

Outra análise desenvolvida consistiu em testar a sensibilidade dos parâmetros/fatores e arranjos


3

de produção à variação de preços. Foram analisadas as variáveis que mais afetam as receitas do
empreendimento, conforme descrito a seguir:
Cenário 1A - Florestas próprias - alteração no preço de investimentos
- Valor Base = R$5.000,00 por hectare
- Variação superior = R$6.000,00 e R$7.000,00 por hectare
- Variação inferior = R$4.000,00 e R$3.000,00 por hectare

Cenário 1B - Florestas de terceiros - alteração no preço de compra


- Valor Base = R$30,00 por metro estéreo - mST
- Variação superior = R$35,00 e R$40,00 por metro estéreo - mST
- Variação inferior = R$25,00 e R$20,00 por metro estéreo - mST

Cenário 2 - Carbonização terceirizada* - alteração no preço


- Valor Base = R$65,00 por metro de carvão
- Variação superior = R$70,00 e $75,00 por metro estéreo – mST
- Variação inferior = R$60,00 e R$55,00 por metro estéreo – mST
* Observação: Valor considera os custos de investimento e manutenção em fornos por
parte do empreiteiro terceirizado contratado.

Cenário 4 - Preço de venda do carvão - alteração no preço para Pessoa Jurídica


- Valor Base = R$130,00 por metro estéreo - mST
- Variação superior = R$140,00, R$150,00, e R$160,00 por metro estéreo - mST
- Variação inferior = R$120,00, R$110,00, e R$100,00 por metro estéreo - mST

Cenário 3 - Preço do transporte - alteração no preço de João Pinheiro para Sete Lagoas
- Valor Base = R$30,00 por metro estéreo - mST
- Variação superior = R$35,00, R$40,00, R$45,00 por metro estéreo - mST
- Variação inferior = R$25,00 e R$20,00 por metro estéreo - mST

Os cenários 1 e 2 serão detalhados na seção de 6.3.1. Taxa Interna de Retorno – TIR e não na
seção específica 6.4. Análise de Sensibilidade.

5. Parâmetros utilizados e calibração


A seguir são apresentadas as variáveis utilizadas no estudo, seus arranjos, valores e calibração
utilizados.

Forno cilíndrico de superfície modelo José Gonçalves, também chamado de Forno JG, ou Forno
de Superfície, ou Forno Cilíndrico, é um dos fornos mais utilizados na região de João Pinheiro
para o processo de carbonização. De certo, os fornos locais passam por algumas adaptações de
projeto para não serem devidos royalties de direito intelectual ao desenvolvedor do projeto
4

original. Em relação ao Forno JG, os fornos usados em João Pinheiro possuem adaptações na
chaminé, e nas aberturas do forno para entrada e para entrada e saída do ar/gases (tatus e
baianas).
Para facilitar a relatoria desse EVTE, embora estejamos falando de Forno JG adaptado, citaremos
esse sistema nesse texto simplesmente como Forno JG.

Localmente são utilizadas variações de fornos com 3,0, 3,2 e 3,5 metros de diâmetro (Ø), sendo
que o tamanho mais utilizado e recomendado foi o de 3,2m de Ø pelo rendimento da produção
associado à eficiência de processos associados. A título de exemplo, foi relatado que
a) com o forno de 3,2m de Ø produz-se aproximadamente 1 mdc a mais por fornada,
comparado ao forno de 3,0m de Ø, com aumento proporcional ao volume para alocação de
mão de obra para carregamento e descarregamento do forno, ou seja, há ganhos no
processo, e
b) com o forno de 3,5m de Ø tem a produção em mdc aproximadamente à do forno de 3,2m
de Ø mas com mais resíduos - tição e finos, ou seja, com esse há mais perdas relacionadas
ao insumo lenha e alocação de mão de obra.

Figura 1. Praça de carbonização com Fornos JG.

Em linhas gerais, o projeto Unidade Forno-Fornalha da Universidade Federal de Viçosa UFF-UFV,


propõe como aperfeiçoamento tecnológico à produção (Oliveira 2012, Lana 2014, e Donato
20172):
a) A substituição da chaminé dos fornos convencionais pela construção de uma fornalha à um
conjunto de quatro (4) fornos, permitindo assim a combustão dos gases gerados durante o
processo de carbonização.
b) A adição de materiais ao processo construtivo, como: chapas, cintas e barras de metal para
dar maior durabilidade e vida-útil aos fornos.
c) Aperfeiçoamentos tecnológicos, como:
- A instrumentação do processo com uso de planilhas e curvas de carbonização, aplicados
ao diâmetro e umidade da madeira.
- o uso de pirômetro (termômetro medidor de temperatura).
- dentre outros.
5

2
Detalhamento sobre a tecnologia deve ser buscada junto à essa literatura especializada, de outras disponíveis.
Figura 2. Unidade Forno-Fornalha UFF-UFV instalada em João Pinheiro - MG.

5.1.2.1. Percepções de operadores locais sobre a UFF-UFV

A seguir são apresentados resultado das percepções de operadores locais sobre a UFF-UFV,
processos produtivos, e substituição de tecnologia.

1. Foi inconteste a percepção sobre os ganhos ambientais e de salubridade relacionados à UFF-


UFV, pela não emissão de fumaça durante o processo de carbonização.

2. O processo de produção de carvão:


a) Não são identificadas diferenças e alterações substanciais nos conceitos de:
- Enchimento e descarregamento da câmara de carbonização dos dois fornos.
- Material e volumetria de lenha a ser utilizada.

b) Para a disposição do projeto em quadrante (em ) dos fornos-fornalha:


- Para quantidade menor de fornos (menos que 16), o processo produtivo pode ser
adaptado sem o aumento significativo no uso de recursos.
- Para quantidade maior de fornos (mais que 16) percebe-se a necessidade de alteração
no processo de armazenamento de lenha, carvão e finos, requisitando a adequação do
atual processo de produção, o que pode gerar mais custos de produção. Assim, foi
recomendado revisão do projeto de UFF para revisar a disposição de praça de fornos,
buscando características próximas aos projetosutilizados atualmente, como por
exemplo, com fornos em linha e com corredores de escoamento na praça.

2. O uso da fornalha:
6

a) Adiciona complexidade ao processo, requerendo capacitação de operadores.


b) O sincronismo da operação para que fornalha não/nunca se apague consumindo apenas
gases do processo, requer um projeto com mais de 4 fornos, entre 7 e 8 fornos. Sem esse
sincronismo faz-se necessário que um operador alimente em certos momentos a fornalha
com material residual, como tiços. Percebe-se que o não funcionamento correto da fornalha
pode comprometer a qualidade do carvão.

3. O tamanho do forno

a) Recomendou-se a proposição e estudos de fornos-fornalha com 3,2m de diâmetro, pois


acredita-se que seja uma tecnologia mais adaptada ao conhecimento e produção local, já
utilizada com Fornos JG.

4. Divulgação de conhecimento e capacitação


a) Foram recomendados:
- O desenvolvimento e implementação de programa de capacitação para operadores locais
- construção e operação.
- O funcionamento permanente da unidade demonstrativa em João Pinheiro, para:
. Realização de visitas demonstrativas em diferentes estágios da produção, e para
desenvolvimento de estudos com materiais produtivos locais (ex. material lenhoso).
. Dar maior acreditação e entendimento sobre os ganhos relacionados ao maior
rendimento gravimétrico no uso da UFF-UFV.

Vide: Aba na planilha de modelagem do EVTE = Premissas

A fim de dar maior clareza e ilustração sobre os resultados encontrados, o estudo considerou a
análise e a comparação entre o Forno JG e a UFF-UFV, utilizando-se dos mesmos fatores e custos
de produção, para tornar os resultados diretamente comparáveis. A principal diferenciação,
sendo essa a principal premissa do estudo, está nos diferentes rendimentos gravimétricos da
produção de carvão para cada tipo forno, assumindo também que consequentemente a
volumetria da produção difere (sendo maior para a UFF-UFV – tópico discutido a seguir).

Foram utilizadas como premissas base sobre a produção de carvão:

Tabela 1. Premissas base utilizadas no EVTE.

Premissa Valor
Volume de madeira por forno de 3,0 metros de diâmetro (mST) 12,36
Teor de humidade na madeira ideal < 40%
Tempo mínimo de secagem (dias) 90
7

Densidade madeira - mST/kg (média) 70,0%


Rendimento médio - mST mdc 0,50
Rendimento médio - m3 mdc 0,67
Nota: Estimativa dos autores.

Foram adotadas como premissas:


a) A alocação do mesmo quantitativo de fornos, para o projeto UFF-UFV e Fornos JG, ou seja,
para ambos foram adotadas alocação em múltiplos de 4 (quatro) fornos.
b) O mesmo diâmetro de fornos, de 3,0 metros.

Sendo assim, não foram consideradas para a análise opções de frações de fornos que não fossem
múltiplos de 4 (ou seja, 1, 2 ou 3 fornos), e fornos com outras dimensões que não 3,0 m de
diâmetro.

A modelagem teve como proposta comparar os resultados econômicos das economias-de-escala


pela adição de mais um jogo com 4 fornos. Assim, foram analisados os seguintes múltiplos de
conjuntos de 4 fornos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 20, 30, 40 e 50 unidades, ou seja, 4, 8, 12, 16,
20, 24 ,28, 32, 36, 40, 80, 120, 160 e 200 fornos.

Tabela 2. Modelo de alocação de quantidade de fornos (caso de 8 unidades).

Unidade produtiva e processo de produção Forno-Fornalha Forno JG


Quantidade de Unidades (modelagem) 8 8
Fornos por Unidade (quantidade) 4 4
Fornos (quantidade total) 32 32

Com base no levantamento de dados de campo em João Pinheiro, foram calculados os custos de
implantação, de manutenção, aspectos relacionados à vida-útil, de depreciação contábil e de
valor residual dos fornos UFF-UFV e Forno JG. Os valores levantados e calculados são
apresentados na Tabela 3.

8
Tabela 3. Estimativa de custos de implementação e da vida-útil dos fornos (caso de 1 UFF / 4 fornos).

Unidade produtiva e processo de produção Forno-Fornalha Forno JG


Custo de implantação - por forno R$ 1.750,00 R$ 1.750,00
Custo de implantação - por Fornalha R$ 2.250,00
Custo preparativo da área (por UFF) R$ 250,00 R$ 200,00
Custo (diversos1) R$ 400,00 R$ 100,00
Custo de implementação (por UFF) R$ 9.900,00
Custo de implementação (médio por unidade) R$ 2.475,50 R$ 2.050,00
Custo de implementação (total) R$ 9.900,00 R$ 8.200,00
Custo de manutenção da infraestrutura (%/mês) 3,0% 3,0%
Custo de manutenção da infraestrutura (R$/mês) R$ 297,00 R$ 246,00
Vida-útil (meses) 36 36
Valor residual da infraestrutura (%) - estimado 15,0% 15,0%
Valor residual da infraestrutura (R$) - estimado R$ 1.485,00 R$ 1.230,00
Valor residual da infraestrutura (%) - utilizado2 0,0% 0,0%
Valor residual da infraestrutura (R$) - utilizado2 R$ - R$ -
Depreciação Contábil (anos) 2
Depreciação Contábil (meses) 24
Depreciação Contábil (R$) - caso Lucro Real - Total R$ 9.900,00 R$ 8.200,00
Depreciação Contábil (R$) - caso Lucro Real - Anual R$ 4.950,00 R$ 4.100,00
Depreciação Contábil (R$) - caso Lucro Real - Mensal R$ 412, 50 R$ 341,67
Nota:
1
Custos: pirômetro e instrumentação do processo de monitoramento/mensuração da carbonização.
2
Premissa: valor residual foi desconsiderado, por variar por localidade, condução do processo, etc.
- Dados coletados em campo e estimativas dos autores.

Custo de construção e infra-estrutura

Pelo fato do município de João Pinheiro dispor de diversas olarias e insumos de qualidade, bem
como dispor de firmas especializadas na construção de fornos para carbonização, os custos de
implementação são avaliados como relativamente mais baixos comparados à outros municípios
de MG, em especial o município de Lamin. Mesmo assim, o valor de construção de fornos é
considerado alto pelos produtores de carvão, observados: (a) os riscos envolvidos no negócio,
(b) a falta de mobilidade de florestas e fornos, (c) o valor residual dos investimentos / matéria
prima pois quase sempre não são reaproveitados, e (d) para dar escala à produção com uma
praça de carbonização é necessário multiplicar a alocação de recursos (financeiro e humanos)
pelo número de fornos a serem construídos, fatores com disponibilidade muitas vezes restrita.

Em campo, os operadores e construtores de fornos avaliaram que não há diferença estrutural


significativas entre os fornos que altere significativamente o processo construtivo e os custos do
forno UFF-UFV em comparação ao Forno JG, exceto pela inclusão do custo da fornalha e os
insumos complementares propostos.

Comparativamente, considerando os custos de implementação de 4 fornos, estima-se que a


9

unidade UFF-UFV custaria aproximadamente entre 20% e 25% mais caro que uma unidade de
Forno JG.
Sobre os investimentos necessários em infraestrutura para apoio à produção, ou seja,
investimentos que não são os fornos, esses não foram considerados no EVTE. Isto se dá, pois, de
modo geral, em João Pinheiro os projetos de carbonização são tratados como atividade
secundária do negócio da agropecuária. Sendo assim, de modo geral a carbonização é atividade
de ciclo-curto e de escala pequena.

Neste EVTE, foi considerado que os custos com infraestrutura (como: estradas, alojamentos,
dentre outros) são arcados pela atividade primária, ou que já são existentes, dos quais a atividade
de carbonização usufrui sem ônus direto. Essa é uma premissa importante a ser considerada,
pois projetos que não dispõem de infraestrutura devem incluir esses custos na análise, por mais
rudimentar e baixos que sejam esses custos.

Custo de manutenção

A manutenção dos fornos tem dois objetivos, o primeiro é de caráter preventivo para que os
bens e equipamentos mantenham-se em bom estado de funcionamento a fim de não haver
interrupção no funcionamento. O segundo tem caráter corretivo, ou seja, é quando o bem ou
equipamento precisa de conserto por defeito ou desgaste. De modo geral, os custos com
manutenções preventivas têm um preço fixo estabelecido, estimado a partir de esforço e
insumos a serem utilizados nessa. Já na manutenção corretiva, o esforço e valor depende do
dano ocorrido.

No EVTE, para o custo de manutenção foi utilizada uma taxa mensal de 3,0% incidente sobre o
valor total do investimentos nos fornos (JG e UFF).

Vida-útil e Depreciação

A vida-útil média estimada dos Fornos JG está entre 24 e 36 meses de duração, quando após esse
período passa a ser considerada uma melhor opção de reconstruir os fornos ante a continuar a
fazer manutenções. Já para a UFF-UFV, estima-se uma vida-útil de até 72 meses (6 anos) de
duração. Para o EVTE, foi adotado uma vida-útil de 36 meses para os dois fornos, como
propósito aplicar o princípio da comparação direta. A premissa considerada foi, caso o
investimento/atividade demonstre viabilidade considerando os 36 meses propostos, ao
considerar um vida-útil maior (não ocorrendo reinvestimentos e mantendo-se os custos de
produção iguais) os indicadores de viabilidade serão ainda maiores. Isto se aplica tanto para a
UFF-UFV quanto para o Forno JG caso adotem-se medidas para extensão da vida-útil desse.

Findada a vida útil dos fornos, em muitos casos, parte dos tijolos (em bom estado de
conservação) podem ser reutilizados, o que representa uma economia de 15% a 25% na
construção de um novo forno. A depender da localidade de construção dos novos fornos, caso
não seja em uma região próxima à praça de carbonização anterior, muitas vezes o custo de
carregamento e deslocamento desse material não justifica o reaproveitamento, pois a compra
de tijolos novos custa ou mesmo preço ou até mais barato, sendo esses entregues pela olaria.
Nesse sentido, embora exista a possibilidade de valor residual de 15% dos investimentos, esse
10

valor e possibilidade não foi desconsiderada neste EVTE, pois deve ser incluso nos casos em que
realmente se aplica, ou seja, é uma análise caso a caso. Aqui é considerado um modelo geral.
A depreciação contábil dos investimentos deve ser considerada como parte dos cálculos do EVTE
quando o sistema de tributação do empreendimento é enquadrado na modalidade Pessoa
Jurídica - Lucro Real ou na Pessoa Física – Produtor Rural. Para as modalidades Pessoa Física –
Normal, Pessoa Jurídica – Simples Nacional ou Pessoa Jurídica Lucro Presumido, a depreciação
contábil (embora exista), não deve ser computada no EVTE, pois a legislação não permite a
dedução dos custos de produção e reincidência de impostos para cálculo de pagamento de
impostos finais. Para os casos que a depreciação contábil se aplica, a legislação permite o
desconto da depreciação entre 18 e 24 meses nas atividades rurais. É importante ressaltar, que
na maioria dos casos a depreciação contábil não necessariamente se aplica de maneira
equivalente à vida-útil dos bens, sendo a regra/lei um incentivo à produção rural ao permitir
descontos de depreciação de maneira mais rápida.

Nesse contexto, torna-se vital dimensionar corretamente os projetos de carbonização em relação


aos estoques florestais e o número de fornos, com objetivo de incrementar a viabilidade e
receitas do projeto considerando a depreciação real via vida-útil dos fornos. Ressalta-se que foi
identificado em campo que, na prática, muitos carbonizadores adotam a sublocação em
investimentos e manutenção de fornos, a fim de dimensionar o projeto (floresta-carbonização)
de modo a depreciar os fornos em até 18 meses, contabilmente e fisicamente. Com isso, os
operadores buscam possibilidades e estratégias de antecipar receitas e diminuir riscos. Essa
questão técnica e suas implicações econômicas não são objetos de relato e discussão nesse EVTE,
pois requerem fundamentação e análise aprofundada. Aqui entende-se que o modelo tradicional
permite receitas equivalentes ou maiores aos modelos de produção alternativos, pois possuem:
(a) produção sistemática e continuada, (b) alocação ótima de recursos e (c) funcionamento 100%
legalizado.

Para o período de seca, verificou-se em campo que ciclo de carbonização médio dura
aproximadamente 7 (sete) dias, podendo haver adiantamentos em condições ótimas de tempo
e de processos operacionais. Assim, o processo produtivo foi subdividido da seguinte maneira:
- Carregamento – 1/8 dia
- Carbonização – 3 dias
- Resfriamento – 3 dias
- Descarregamento – 1/8 dia

Para o período chuvoso, o tempo de carbonização pode ter acréscimos de mais um dia (em
média), devido à maior umidade da madeira, umidade relativa do ar, e pelo esfriamento do forno
pelas chuvas durante o processo. Assim, o período é subdividido da seguinte maneira:
- Carregamento – 1/8 dia
- Carbonização – 4 dias
- Resfriamento – 3 dias
- Descarregamento – 1/8 dia
11

Na Tabela 4 é apresentada análise de tempos e movimentos do processo de carbonização,


durante os períodos de seca e de chuvas. Com esses, tem-se que:
 No período de seca, o processo permite a realização de no máximo até 5,0 ciclos de
carbonização ao mês, considerando que a Eficiência Operacional (EO) e as condições climática
durante este período permitem a otimização da produção. E, que as manutenções dos fornos
e perdas ocorrem e/ou são compensadas em eventuais adiantamentos operacionais no
processo de carbonização.

 No período de seca, o processo permite a realização de até 4,29 ciclos-mês de carbonização.


Ao considerar perdas na Eficiência Operacional (EO) de 6,56% pela ocorrências de chuva e
esfriamento(s), seriam conduzidos 4,0 ciclos de carbonização ao mês.

Tabela 4. Tempos e movimentos do processo de carbonização - período de chuva e de seca.

Síntese da aplicação desses procedimentos e resultados no EVTE é apresentado na Tabela 5.

Vide: Aba na planilha de modelagem do EVTE = “Rendim-Volume”

Tabela 5. Efetividade dos ciclos de carbonização no período de seca e de chuva.

Ciclo e eficiência dos fornos Período seca Período chuva


Duração do período 15/abr a 15/out 15/out a 15/abr
Duração (meses/ano) 6,0 6,0
Ciclo de Carbonização (dias) 6 7
Dias de trabalho mês 30 30
Quantidade de ciclos mês (teórico) 5,00 4,29
Perdas com Eficiência Operacional 0,00% 6,56%
12

Quantidade de ciclos mês (prático) 5,00 4,00


Outro fator relevante considerado NO EVTE está relacionado à sazonalidade e o tempo dos
períodos de seca e das chuvas no município de João Pinheiro. Segundo a Weather Spark (2019),
em João Pinheiro os chuvas persistem por até 6 meses/ano, entre 15/outubro a 15/abril, período
esse em que a temperatura mínima abaixa da média do período de seca (entre os 18º e 19º C) e
chega aos 13º C no mês de julho (Figura 3).

Figura 3. Resumo meteorológico com sazonalidade de chuvas e temperaturas em João Pinheiro – MG.

Fonte: Weather Spark (2019).

Vide: Aba na planilha de modelagem do EVTE = “Rendim-Volume”

O estudo toma o rendimento gravimétrico do processo de carbonização do Forno JG e UFF-UFV


como variável base para estimar a produção de carvão do projeto (Oliveira e outros 2013,
Coutinho e Ferraz 1988, Picancio e outros 2018, Cardoso e outros 2010, e Lima e outros 2012).
Adota-se como premissa que o rendimento gravimétrico tem implicações de proporcionalidade
direta no volume de mdc produzido, considerado o uso de espécies madeireiras (clones de
eucaliptos) adequadas para a carbonização (com mais teor de lignina), ou seja, quanto maior o
rendimento gravimétrico proporcionalmente maior volume de carvão produzido. A literatura
(acima) cita o maior rendimento gravimétrico do carvão com uso de sistemas forno-fornalha,
associado à processos de controle da carbonização.

A bibliográfica também quantifica os efeitos da variação de temperatura durante o processo de


carbonização no rendimento gravimétrico e produção de finos. Fato esse relatado em campo,
13

como implicações dos efeitos da sazonalidade (chuvas e oscilações de temperatura) no


rendimento operacional, no rendimento gravimétrico e volumes produzidos. Assim, também
adota-se como premissa do EVTE as implicações dos períodos de chuva e efeitos nos rendimentos
da produção. Essa estimativa foi considerada como essencial para cômputo adequado de todos
parâmetros do EVTE, relacionados à quantidade insumos necessários (madeira e mão de obra),
custos e receitas da carbonização, na busca de desenvolver modelo e estimavas de indicadores
mais fidedignos à realidade de campo. Vide Tabela 6.

Tabela 6. Rendimento da carbonização e produção estimada (caso de 1 UFF / 4 fornos JG).

Fonte: Oliveira e outros 2013, Coutinho e Ferraz 1988, Picancio e outros 2018, Cardoso e outros 2010, e Lima e
outros 2012. Nota: Produção estimativa pelos autores.

A partir deste modelo também é estimada a quantidade de florestas necessárias ao processo de


carbonização proposto. Os aspectos relacionados à base florestal necessária à produção são
relatadas na seção a seguir.

O município de João Pinheiro em diversos momentos vivenciou incentivos para o plantio de


eucalipto, em especial via taxa de reposição florestal (suspensa nos últimos anos), ou via setor
privado. A notícia do apagão florestal em 2010, motivou a diversos proprietários de terra a
investir em novos plantios na expectativa que bons retornos adviessem da escassez de insumos.

No entanto, os reflexos e persistência da crise econômica mundial e nacional (com a queda nos
preços de carvão, aço e ferro gusa), bem como problemas relacionados à escassez das chuvas no
14

município de João Pinheiro (com grande mortalidade dos povoamentos de eucalipto),


começaram a criar desincentivos ao investimento em novos plantios.
Em campo foi colhido o relato de grande variação no volume dos povoamentos florestais em
João Pinheiro - MG, por fatores diversos, em especial, (a) pela seca/estiagem dos últimos anos,
(b) por processos de fomento ao plantio mal formulados, e (c) escolha de espécies de eucalipto
mais voltadas ao setor de papel e celulose e não ao de siderurgia.

Para a modelagem foram projetados 3 (três cenários) de volumetria florestal, com base na
conversão do estoque de 200, 250 e 300 m3/ha, aplicado a um fator de forma de 0,72 gerando a
uma conversão de 277, 347 e 416 mST/ha respectivamente.

Tabela 7. Premissas dos estoques florestais e cenários de produção para diferentes sítios.

Floresta própria Premissas Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3


Fator de conversão 0,72
Ciclo de corte (anos) 7
Volume comercial médio (m3/ha) 200,00 250,00 300,00
Volume comercial médio (mST/ha) 277,78 347,22 416,67

Para o EVTE foi desenvolvido modelo para estimar o quantitativo de área e estoques florestais
demandado por UFF / 4 fornos JG e para o negócio (com múltiplos de unidades produtivas). A
partir das premissas anteriormente discutidas (em especial o volume por forno e o volume por
hectare), derivou-se quantos hectares de floresta são necessários para continuidade da produção
durante os períodos de 12, 24 e 36 meses, bem para a concepção de um projeto que tenha ciclo
contínuo, ou seja, ininterrupto ao logo dos anos (tabela 8).

Para o ciclo contínuo de produção de carvão, foi utilizado como premissa que a maturidade
(densidade da madeira) e a rotatividade da floresta é alcançada com 7 anos de idade (após o
plantio).

Para exemplificar, utilizando o cenário/sítio 2 da Tabela 8, tem-se que para o funcionamento de


uma (01) UFF com quatro fornos durante 36 meses de projeto (linha 9), fazem-se necessários
23,07 hectares de floresta, e para um projeto de ciclo contínuo (linha 10) fazem-se necessários
53,84 hectares de floresta. Avalia-se que tratam-se de área com dimensões significativas, pois os
padrões de pequenas propriedades rurais em João Pinheiro variam entre 30 e 60 hectares (4
módulos rurais).
15
Tabela 8. Demanda por estoques florestais (cenário de negócio = 1 UFF / 4 fornos JG).

Forno-Fornalha = Forno JG
Demanda por Área Florestal (em ha) Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
200 (m3/ha) 250 (m3/ha) 300 (m3/ha)
1. Período de seca - por forno/mês 0,22 0,18 0,15
2. Período de chuva - por forno/mês 0,18 0,14 0,12
3. Ano 1 (12 meses) - por forno 2,40 1,92 1,60
4. Ano 2 (24 meses) - por forno 4,81 3,85 3,20
5. Ano 3 (36 meses) - por forno 7,21 5,77 4,81
6. Ciclo contínuo de produção - por forno 16,82 13,46 11,22
7. Ano 1 (12 meses) - por UFF / 4 Fornos JG 9,61 7,69 6,41
8. Ano 2 (24 meses) - por UFF / 4 Fornos JG 19,23 15,38 12,82
9. Ano 3 (36 meses) - por UFF / 4 Fornos JG 28,84 23,07 19,23
10. Ciclo contínuo de produção - por UFF / 4 Fornos JG 67,29 53,84 44,86
11. Ano 1 (12 meses) - para o negócio 9,61 7,69 6,41
12. Ano 2 (24 meses) - para o negócio 19,23 15,38 12,82
13. Ano 3 (36 meses) - para o negócio 28,84 23,07 19,23
14. Ciclo contínuo de produção - para o negócio 67,29 53,84 44,86
Nota: O cenário do negócio = o cenário de 1 UFF / 4 fornos JG por ser considerada apenas uma unidade
produtiva. No modelo, o cenário do negócio será multiplicado pelo número de fatores considerados.

A implantação de povoamentos florestais deve ser observada por diferentes perspectivas de


negócio. A seguir serão brevemente discorridas três dessas perspectivas.

1. Investimento por fomento florestal – Entende-se por fomento, quando houve algum tipo de
incentivo para que algum proprietário de terra seja motivado a investir no negócio. Conforme
relatado anteriormente, diversos tipos de incentivos (como a taxa de reposição florestal de
caráter público, ou a doação de mudas, fertilizantes e equipamentos de caráter privado) fizeram
com que o custo de implementação não fosse assumido em sua integralidade pelo produtor rural
ou proprietário de terra. Atualmente, os incentivos mencionados encontram-se suspensos.

2. Custo marginal do investimento - Na prática, muitas vezes o produtor rural considera o plantio
de eucalipto uma atividade secundária do investimento e/ou financiamento. Sendo assim, o
investimento ocorre após a atividade primária, com recursos e insumos residuais da atividade
principal. Para a produção secundária, do ponto de vista econômico, aplica-se o(s) conceito(s) de
custo-marginal ou custo-parcial pois diversos dos custos-fixos da produção agrícola já foram
cobertos ou depreciados pela atividade primária – como os custos dos tratores e infraestrutura.
Assim, (em tese) não são computados na modelagem econômica do produtor, os custos plenos
ou completos dos insumos, o que torna o custo de implantação de povoamentos florestais mais
baixo em comparação ao sistema de custo pleno de investimento, exemplificado no item a seguir.
16
Por exemplo, o crédito rural Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Banco do Brasil3, colabora
para com esse conceito econômico. Os produtores rurais que incluem o plantio do eucalipto no
empreendimento primário, têm a redução de 1% nas taxas de juros (ao ano), bem como têm a
carência de pagamento inicial aumentada para até 8 anos, e prazo de pagamento total do
financiamento é de até 12 anos. Assim, com os prazos estendidos e com muitos dos insumos
depreciados na atividade primária, ao plantio florestal aplicam-se muitos componentes de custo
marginal, tendo o custo de formação do plantio mais baixo.

3. Custo pleno de investimento – Conceito econômico aplicado quando a atividade principal ou


primária do projeto assume / arca com os custos de investimentos.

Por exemplo, aumento do preço do dólar no mercado internacional, e a crescente demanda por
papel e celulose, tem incentivado os investimentos em plantios de eucalipto com baixo teor de
lignina (o qual não tem bom aproveitamento para a carbonização). Observa-se que preço médio
praticado para madeira para celulose no Estado de SP em 2018 foi de R$34,00/m3 (CEPEA 2018)4,
ou seja, aproximadamente R$51,00/mST, superior aos valores médios pago à madeira para
carbonização, de R$25,00/mST (dados coletados em campo - João Pinheiro MG).

Para esse estudo, foi considerado R$5.000,00 por hectare o valor base de investimento para
implantação e manutenção de plantios de eucalipto (Embrapa Florestas, 2019), derivando a
partir desse as estimativas do EVTE, conforme apresentado na Tabela 9.

Tabela 9. Estoques Florestais - fatores sobre implementação e manutenção.

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3


Implantação e Manutenção Florestal Premissas
200 m3/ha 250 m3/ha 300 m3/ha

Custo de implantação e manutenção (ha) R$ 5.000,00


Custo com florestas - por forno - 12 meses R$ 12.016,76 R$ 9.613,41 R$ 8.011,18
Custo com florestas - UFF / 4 fornos - 12 meses R$ 48.067,05 R$ 38.453,64 R$ 32.044,70
Custo com florestas - UFF / 4 fornos - 36 meses R$ 144.201,15 R$ 115.360,92 R$ 96.134,10
Custo com florestas - UFF / 4 fornos - ciclo contínuo R$ 336.469,35 R$ 269.175,48 R$ 224.312,90

Remuneração Florestal Mínima Esperada


Remuneração mínima esperada (mês) 1,00%
Lucro esperado na produção florestal (7 anos) 84,4%
Custo por mST R$ 18,00 R$ 14,40 R$ 12,00
Custo por mST + lucro esperado R$ 33,12 R$ 26,50 R$ 22,08
Cenário Escolhido - Preço mínimo pago por mST 2 R$ 26,50
17

3
Informações disponíveis em: www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/agronegocios/agronegocio---produtos-e-
servicos/credito/investir-em-sua-atividade/agricultura-de-baixo-carbono-(abc)#
4
www.cepea.esalq.usp.br/upload/revista/pdf/0705726001549304795.pdf
Considerando o Cenário 2 foi estimado que para o funcionamento de uma UFF ou 4 Fornos JG
faz-se necessário o investimento e manutenção de florestas, o montante de R$144.201,15
considerado uma atividade de 36 meses, e de R$336.469,35 considerando um ciclo contínuo de
produção de carvão (para 7 anos).

Para efeito de cálculos no EVTE, para o investimento em florestas próprias não foi adotado o
computo do investimento anterior no tempo de 7 anos (ex ante), mas sim o conceito de lucro
esperado na produção. Assim, é adotada uma remuneração mínima esperada de 1,00% ao mês
(a.m.) = 84,4% para os 7 anos (84 meses) do ciclo florestal. Esta taxa foi aplicada sobre o custo
de implementação e manutenção do plantio florestal por mST. Por exemplo, para o cenário 2, o
custo de investimento estimado foi de R$14,40/mST sendo esperada uma receita e pagamento
de R$26,50/mST. No fluxo de caixa, a opção de investimento em florestas próprias considera este
valor, multiplicado pelo volume de lenha demandado pelos fornos ao longo do tempo.

No EVTE, o conceito de custo marginal (relatado anteriormente) é testado na análise de


sensibilidade, ao considerar limites inferiores de investimentos, na ordem de R$4.000 e R$3.000
por hectare. A sensibilidade de plantios que requerem mais recursos em investimentos, é testada
com limites superiores de investimentos, na ordem de R$6.000 e R$7.000 por hectare.

Para a produção de matéria prima aplica-se um modelo generalista, por ser objeto secundário
ao processo de carbonização. Para tal, adota-se como premissas:

a) O valor proposto incorpora todos as atividades e aspectos inerentes à produção, incluído


riscos.
b) A taxa de 1,00% de remuneração engloba as múltiplas alternativas e custos de capital e
custos de transação associados à produção, a saber: financiamento bancário, ou custeio
com recursos próprios, ou outras tipologias.
c) Em MG não incidem impostos (como ICMS) sobre a produção de insumos primários, como
as florestas para produção de carvão e outros manufaturados.

Como consequência da variabilidade de estoques e preço do carvão pago pela siderurgia, a


predisposição a pagar pelo insumo madeira por parte dos carbonizadores tornou-se muito baixa,
pois o preço pago pelo carvão também é baixo (teoria da economia reversa ou em cadeia). Sendo
assim, existem diversos riscos associados aos investimentos e estabelecimento de contratos de
compra de madeira em pé no longo-prazo, pela vulnerabilidade de preços pagos pela siderurgia
no mdc. Isso não permite que terceiros firmem contratos de compra robustos com proprietários
de florestas. O modelo preferencial de pagamento pela madeira está no pagamento de margem
percentual (%) do lucro da venda de carvão, descontado os custos no processo produtivo. Existe
muito ceticismo por parte dos donos de florestas sobre esse tipo de contrato, pelo fato de não
haver confiança nos registros contábeis e notas fiscais (NFe) emitidas/apresentadas pelos
18

carbonizadores. Trata-se de um ciclo-vicioso entre todas as partes envolvidas.

Em campo, foi relatado por produtores florestais valores pagos por mST entre R$18,00 e R$25,00,
o que estaria abaixo dos valores esperados e que esses não cobriram os custos de investimentos.
Para o EVTE, foi utilizado o valor base pago de R$30,00 por metro estéreo - mST de madeira.
Sendo testada a sensibilidade dos indicadores econômicos a preços mais caros (limite superior)
- R$35,00 e R$40,00 por mST, e a preços menores (limite inferior) - R$25,00 e R$20,00 por mST.

Para análise de investimentos, toma-se como pressuposto que existe disponibilidade de florestas
em locais e volumes adequados para a produção de carvão.

Para a produção de matéria prima aplica-se um modelo generalista, por ser objeto secundário
ao processo de carbonização. Para tal, adota-se como premissas:

a) O valor proposto incorpora todos as atividades e aspectos inerentes à produção, incluído


riscos.
b) O preço pago por metro (m3 ou mST) engloba os custos de capital e custos de transação
associados à produção, a saber: financiamento bancário, ou custeio com recursos próprios,
ou outras tipologias.
c) Em MG não incidem impostos (como ICMS) sobre a produção de insumos primários, como
as florestas para produção de carvão e outros manufaturados.

O EVTE observa a necessidade de alocação de equipe para a colheita, traçamento e


embandeiramento/enleiramento de madeira na floresta para secagem e do transporte dessa
madeiras aos pátios/praças de carbonização. A literatura especializada relata que as estimativas
de rendimento na colheita apresentam variabilidade em função de vários fatores, como: o
volume de madeira por hectare, a espécie florestal (com implicações na dureza, quantidade de
fibras), distância entre árvores, diâmetros dos toretes, altura de traçamento dos toretes, a
motosserra utilizada e a qualidade da afiação, força/experiência da equipe operadora,
características do sítio (declividade, sub-bosque, matéria orgânica), dentre outros - Andreon
(2011), Jacovine e outros (1999), Leite e outros (2014), Moreira (2000), Santos e outros (2015).
Neste sentido, há muita variabilidade nos resultados publicados, observando que cada estudo e
trabalho deve considerar suas características técnicas e operacionais para base de cálculos e
modelagem.

Leite e outros (2014) recentemente estimaram que a produtividade média na derrubada de um


plantio de eucalipto com espaçamento 3m x 2,5m foi de 34,14 m3/dia. Usando ponderadores de
conversão média entre m3 para mST (entre 1,45 e 1,63) para eucalipto com casca (ENVALMA,
2014), tem-se a produtividade entre 48,8 mST e 56,3 mST por dia. Estes se tratam de valores muito
próximos aos relatos levantados sobre a produtividade média de colheita em João Pinheiro,
citada entre 50 e 55 mST/dia. No estudo foi adotada uma produtividade 50 mST/dia derivando as
demandas operacionais por equipe de colheita .

Com o coeficiente de produtividade média, foi estimada a demanda pela equipe de colheita
19

para o projeto, conforme apresentado na Tabela 10.


Tabela 10. Colheita florestal – eficiência e demanda de equipe (estimativa para uma UFF / 4 fornos JG).

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3


Colheita Florestal Premissas
200 (m3/ha) 250 (m3/ha) 300 (m3/ha)
ST
Eficiência equipe de colheita (m /dia) 50,00
ST
Eficiência equipe de colheita (m /mês) 1.100,00
Eficiência equipe de colheita (ha/dia) 0,18 0,14 0,12
Eficiência equipe de colheita (ha/mês) 3,96 3,17 2,64
Demanda equipe de colheita - p/ négócio (dias/ano) 55,71 55,71 55,71
Demanda equipe de colheita - p/ négócio (meses/ano) 2,53 2,53 2,53
Demanda integral da equipe de motossera - ha/ano 47,52 38,02 31,68
Demanda integral da equipe de motossera - qtde fornos 13 13 13

Como a produtividade é estimada em mST/dia, não há diferença nas estimativas relacionadas à


demanda por equipe de colheita considerando os diferentes cenários de volume de madeira por
hectare. A estimativa da alocação de equipe considerou:
Fator 1 - Devido à característica do serviço de colheita, foi adotado sistema de pagamento
proporcional ao quantitativo de demanda, ou seja, pagamento por empreita. Foi dada
equivalência no valor/custo entre o pagamento por empreita e o custo de trabalho
assalariado (salários + impostos).
Fator 2 - A demanda por contratação de equipe de colheita inicia a partir de 13 fornos, ou seja,
para 4 UFFs (de 13 a 16 fornos) há alocação e pagamento de 80,9% do tempo de uma
equipe. Para a quantia de <= 13 fornos, considera-se o serviço é realizado pela equipe
de profissionais braçais alocadas para carbonização, durante período de tempo ocioso
dessa mão de obra . Não havendo alocação e pagamento para equipe específica.
Por exemplo, para 5 UFFs (de 17 a 20 fornos) há demanda para 101,2% do tempo de
uma equipe. Assim, há alocação de uma equipe em tempo integral, havendo
pagamento como serviço extra, a fração de mais 1,2% do tempo de uma equipe. Para
6 UFFs, a demanda é de 121,4% e assim sucessivamente há incremento percentual
para mais fornos / UFFs.

O principal destino de venda do carvão oriundo de João Pinheiro é a cidade de Sete Lagoas - MG,
percorrendo aproximadamente 450 km de distância. O meio de transporte mais utilizado é o
caminhão com capacidade de transportar 120 mdc, observada a limitação no volume imposta
pelo Departamento Nacional de Estradas e Rodagem - DNER. Para o caso dos finos, os caminhões
mais convencionais transportam até 25,5 toneladas por carregamento.

O levantamento feito no mês de março de 2019 indicou que o preço praticado para o transporte
de João Pinheiro para Sete Lagoas é aproximadamente R$30,00/mdc, sendo que para uma carga
de 120 mdc custaria R$3.600,00.
20

Uma das premissas fundamentais utilizadas no EVTE está relacionada ao tempo necessário para
que uma unidade de UFF levaria para produzir uma carga de caminhão – para carvão e para finos.
Pode ser observado:
a) Tabela 6, linhas 12 e 14 - A produção mensal de carvão para uma UFF-UFV no período de
seca é de 123,5 mdc, permitindo assim uma carga de caminhão de 120 mdc. Neste mesmo
período de seca, a produção do Forno JG seria de 111,2 mdc necessitando prorrogar o
carregamento para o mês seguinte. No período de chuva, nenhum dos dois tipos de forno
possui produção suficiente para completar uma carga, necessitando de acúmulos parciais
mensais para ser feito o carregamento. Esta problemática não ocorre quando são
consideradas mais de 2 UFFs ou 8 fornos JG no sistema pois em todos os casos a produção
sempre será maior que 120 mdc mês.
b) Tabela 6, linhas 13 e 15 - Para uma UFF ou 4 fornos JG, em nenhum dos períodos é produzida
carga suficiente para encher um caminhão com 25,5 t. Para completar uma carga de finos,
faz-se necessário:
- acumular 4 meses nas UFFs ou 5 meses no forno JG, ou
- ter em produção 4 UFFs ou 20 fornos JG.

Com base neste fundamento, neste EVTE foi considerado que:


 Não há carga parcial de um caminhão, pois o faturamento da Nota Fiscal é feito a um único
fornecedor. As cargas parciais (feitas por atravessadores ou conjunto de produtores)
adicionam custos de deslocamento e paradas que oneram o processo, diminuindo o retorno
econômico do empreendimento. No entanto, podem haver casos, em que
 O estoque e espera do carvão e de finos pelo carregamento/transporte faz com que existam
perdas de qualidade e quantidade do produto, incrementando os riscos sobre a lucratividade
do empreendimento. Este fator foi ignorado neste estudo.

De certo, a escala de produção, ou seja, mais unidades de UFF, permite que se tenha mais carga
e consequentemente transporte continuado de carvão. O fluxo constante de receitas faz com
que sejam diminuídos os problemas/riscos relacionados ao armazenamento de carvão e também
de dispor de capital de giro a espera de carregamento e venda do produto. Esses fatores não
foram computados no modelo, pela subjetividade inerente, podendo ser contornados com a
programas de qualidade da produção, propostos para a UFF; mas, de certo são fatores
importantes a serem consideradas na produção composta de apenas 4 unidades de UFF.

Em João Pinheiro foram identificadas duas tipologias de operação do processo de colheita e


carbonização, são elas: (a) a contratação de empreiteiro para o desenvolvimento dos serviços –
terceirizado, ou (b) por execução direta, com o desenvolvimento das atividades pelo próprio
dono das florestas ou empreendendor. Essas duas alternativas são descritas a seguir.
21

A tipologia mais comum das operações em João Pinheiro se dá na contratação de empreiteiro


para o desenvolvimento de todas as atividades inerentes ao processo produtivo proposto, a
saber: construção/manutenção dos fornos, colheita, traçamento, enleiramento/pousio da
madeira, transporte, carregamento da lenha, carbonização, descarregamento do carvão,
medição do material produzido, enchimento dos caminhões, dentre outras.

Os pagamentos ao empreiteiro são feitos por metro de carvão (mdc) produzido, sendo essa uma
boa opção para o contratante pois, em especial tem-se:
- Controle de qualidade e processos - o empreiteiro tem interesse que o carvão tenha boa
qualidade, pois isso reflete diretamente no volume do caminhão carregado para transporte e
na qualidade desse a ser auferida em Sete Lagoas (a má qualidade implica em descontos).
- Alocação adequada de equipe em diferentes cargos - proporcionando otimização da
produção, em quantidade e qualidade.
- Capital de giro - tem o ônus assumido pelo empreiteiro, pois esse recebe (mensalmente) após
o pagamento do faturamento pela siderúrgica e a apresentação ao contratante de
pagamentos de encargos trabalhistas e impostos devidos.
- Capital de investimento - a construção e manutenção dos fornos, correm por conta do
empreiteiro

O levantamento de campo indica um preço médio para esse serviço de R$65,00/mdc (sessenta
e cinco reais por metro de carvão), subdividindo-se em R$55,00 cara a carbonização e R$10,00
para a colheita. De certo, há variação nesse valor a depender da:
- Modalidade de negociação entre contratante e empreiteiro, sendo que o contratante pode
assumir algumas operações e custos, como: a construção dos fornos, a colheita,
disponibilização de maquinário, dentre outros. Esses casos não são estudados aqui, mas em
tese são arranjos que proporcionam economicidade para ambas partes, incrementando assim
os indicadores econômicos do projeto.
- Distância da sede municipal de João Pinheiro – aumentando o preço quanto mais distante e
diminuindo quanto mais próximo de Sete Lagoas.

Sendo assim, para este EVTE é premissa quando há terceirização da colheita e carbonização:
- O custo de investimento e manutenção dos fornos está embutido no pagamento por mdc.
- O custo do capital de giro corre por conta do empreiteiro.

Ou seja, esses custos não incidem ao empreendedor, como quando de execução direta.

Os empreiteiros de João Pinheiro relatam que a viabilidade do serviço terceirizado se inicia com
uma “praça de fornos”5 de no mínimo 15 fornos do tipo JG de 3,2 metros de diâmetro (tamanho
de forno mais comum na região) a depender da localização do empreendimento; sendo desejável
que a praça tenha ao menos 30 fornos para um melhor aproveitamento da alocação de mão de
obra. Melhor detalhamento da alocação de recursos humanos para o serviço será dado na seção
a seguir, sobre operações com mão de obra própria.

Foi relatado que quando há baixa dos preços de venda do carvão, os prestadores de serviço e
22

contratantes são forçados a reduzir custos para manter a viabilidade da produção, o que muitas

5
Pátio de produção de carvão é o local onde são instalados os fornos e ocorre a translocação da produção de carvão
até o carregamento para transporte final.
vezes implica em práticas como a sonegação de impostos, o não pagamento dos direitos
trabalhistas de funcionários (ao menos dentro dos prazos legais), dentre outras. Os funcionários
ficam acometidos à situação por falta da opção de trabalho e renda no local. Os valores apurados
ao empreiteiro são pagos mensalmente, após a apresentação de documentos que comprovem o
pagamento de todas obrigações trabalhistas, de impostos, dentre outras aplicáveis.

De certo, a reforma trabalhista ocorrida no ano de 2017 proporcionou mudanças sobre a


Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) as quais têm repercussões e facilitam os
empreendimentos que precisam alocar mão de obra temporária, como no caso das atividades
florestais e de carbonização. A reforma também facilitou os contratos via terceirização, tanto
para atividades-meio quanto para atividades-fim do negócio. Esses quesitos foram considerados
no desenvolvimento deste EVTE, ao não considerar as restrições de carga-horária e contratos
mínimos requisitados na legislação anterior. Mesmo assim, conforme será observado na seção
5.4.3. sobre aspectos da base salarial, os requisitos relacionados aos impostos e benefícios são
pesados e foram considerados aqui.

Considerando os fatos expostos anteriormente, também são consideradas premissas:


- Todos componentes da prestação e serviços são 100% legalizados.
- O estudo considera para análise a terceirização/empreita para investimentos em 7 UFFs / 28
Fornos JG ou mais unidades; assim, abaixo desse quantitativo não foram considerados os
indicadores econômicos auferidos por entender que não haver viabilidade técnica execução,
considerando um modelo geral de implementação. Isso, não exclui a possibilidade de haver
casos em que exista viabilidade técnica, como em projetos compartilhados que tenham fonte
de matéria prima próxima, devendo ser analisado caso a caso.

A operação com mão de obra própria ocorre quando o empreendedor ou proprietário da floresta
opta por desenvolver todo ou parte do trabalho inerente ao negócio, inclusive da contratação,
gerenciamento e pagamento dos recursos humanos.

Em caso de escalas menores de empreendimento (com menos fornos), foi relatado em campo
que o controle de pessoal/equipe como menos complexo, mas com o aumento da escala, faz-se
necessário a alocação de pessoal mais qualificado para apoio ao gerenciamento das
atividades/processos e da carbonização em si (como o profissional: carbonizador).
Inerentemente, quanto maior e mais complexa a operação maiores os custos associados, mas ao
ser dada escala com alocação de maior quantitativo de fornos, esses custos tendem a serem
diluídos e assim tendendo a aumentar a viabilidade do negócio.

A seguir, na tabela 11 são apresentadas as tipologias de profissionais atuantes no processo de


produção de carvão vegetal e os valores estimados (a) salários e (b) salários mais impostos. São
diferenciados os custos para a modalidade de tributação (i) Simples Nacional para (ii) Lucro Real
23

ou Lucro Presumido. O detalhamento sobre a incidência de impostos sobre os Recursos Humanos


é apresentado na seção 5.4.3 a seguir.
Tabela 11. Profissional para produção de carvão - base salarial e custo total com impostos.

Na tabela 12 é apresentado modelo contendo as premissas propostas para (a) início da tipologia
de profissional na operação, (b) o quantitativo de profissionais alocados, e (c) os custos dos
profissionais alocados. Na planilha do EVTE, a tabela é dinâmica e se auto ajusta a partir do
exercício de alocar diferentes quantitativos de unidades e fornos. Para fins de visualização
apresenta-se os resultados desse modelo para o quantitativo de (i) 2 UFFs ou 8 fornos JG e
(ii) 8 UFFs ou 32 fornos JG.

Na tabela 12 é apresentado o modelo aplicado para definir a alocação de profissionais, o qual


consideras:
b) A quantidade de fornos que compõem o projeto e demanda de serviços associados.
c) O início de operação/trabalho por tipologia de profissional no processo de produção,
segundo quantitativo de fornos.
Antes de atingir o quantitativo mínimo, a função é exercida por profissional que já compõe
a equipe. Por exemplo, antes de alocar gerente a função é exercida pelo proprietário do
negócio com apoio do carbonizador, e antes de alocar equipe de colheita, a atividade é
desenvolvida pelos braçais.
d) Diferenciação de alocação de profissionais em tempo integral e em funções com alocação
parcial de tempo.

Para fins de visualização apresenta-se os resultados desse modelo para o quantitativo de


(i) 2 UFFs ou 8 fornos JG e (ii) 8 UFFs ou 32 fornos JG.

24
Tabela 12. RH – Estimativa de alocado pessoal na produção e custos associados.
a) Caso = 2 UFFs / 8 fornos

Início de Operação Capac. Operação Qtde de funcionários Simples Nacional Lucro R. ou P.


Rendimento operacional
Num. Fornos Forno-Fornalha Máx. de fornos Demanda Arredondado Integral Proporcional Integral Proporcional
1
Gerente 25 7 120 0,0% NA NA R$ - NA R$ -
Carbonizador-Braçal 1 1 24 33,3% 1 R$ 3.798,68 NA R$ 4.666,38 NA
Braçal 5 2 8 100,0% 1 R$ 2.421,39 NA R$ 2.942,01 NA
Motosserrista 1 13 4 NA 0,0% NA NA R$ - NA R$ -
1
Ajudante de motosserrista 13 4 NA 0,0% NA NA R$ - NA R$ -
Subtotal R$ 6.220,06 R$ - R$ 7.608,39 R$ -
TOTAL R$ 6.220,06 R$ 7.608,39

b) Caso = 8 UFFs / 32 fornos

Início de Operação Capac. Operação Qtde de funcionários Simples Nacional Lucro R. ou P.


Rendimento operacional
Num. Fornos Forno-Fornalha Máx. de fornos Demanda Arredondado Integral Proporcional Integral Proporcional
1
Gerente 25 7 120 26,7% NA NA R$ 2.337,82 NA R$ 2.893,15
Carbonizador-Braçal 1 1 24 133,3% 2 R$ 7.597,35 NA R$ 9.332,76 NA
Braçal 5 2 8 400,0% 4 R$ 9.685,54 NA R$ 11.768,03 NA
Motosserrista 1 13 4 NA 161,8% NA NA R$ 3.918,82 NA R$ 4.761,40
1
Ajudante de motosserrista 13 4 NA 161,8% NA NA R$ 2.818,62 NA R$ 3.380,35
Subtotal R$ 17.282,89 R$ 9.075,26 R$ 21.100,80 R$ 11.034,90
TOTAL R$ 26.358,15 R$ 32.135,70

Nota: NA = Não se aplica; 1 profissional com custo/pagamento proporcional à quantidade de trabalho realizado.

Para o caso (a) 2 UFFs / 8 Fornos, observa-se que somente são alocados (1) um carbonizador-braçal e (1) um braçal em tempo integral. Neste
quantitativo, a colheita florestal é desenvolvida por esses dois profissionais nos períodos que há ociosidade de serviço. Pela quantidade baixa de

25
fornos, pela complexidade baixa dos processos, não é considerada necessária a alocação de gerente, sendo a função exercida pelo proprietário do
negócio com apoio do carbonizador.
Para o caso (b) 8 UFFs / 32 Fornos, observa-se que são alocados todos profissionais propostos,
pela maior complexidade do processo. São alocados (2) dois carbonizadores-braçal e (4) quatro
profissionais na modalidade braçal em tempo integral. Para o gerenciamento é alocado (1) um
gerente com trabalho parcial, e para a colheita é alocada uma equipe em tempo integral e uma
segunda equipe em tempo parcial.

Para esse exercício são consideradas como premissas:


a) Eventuais faltas de trabalho e/ou horas extras que se fizerem necessárias, são cobertas com
ociosidade da mão de obra dos profissionais alocados em tempo integral.
b) Para o gerenciamento, existe (i) demanda e/ou organização de outros projetos parciais nas
redondezas, que aloque esse profissional e o motive a exercer a função (exemplo: práticas
cooperativistas).
c) Para a colheita, existe organização ou disponibilidade de profissionais para exercer o
trabalho em caráter parcial.

Os gastos com Recursos Humanos - RH de um empreendimento, além do salário, compreendem


diversos outras incidências e valores, como: direitos trabalhistas, encargos sociais e benefícios.
Essas incidências variam de acordo com a modalidade/tipologia de personalidade jurídica
adotada para tributação do empreendimento. Deste modo, é requisito ao EVTE a modelagem
detalhada de incidências e custos sobre o RH para que os resultados indiquem as melhores
opções de alocação de funcionários, bem como auxilie a escolha do sistema de tributação a ser
adotada para o empreendimento.

Para a modelagem de custos com RH foi computada:

a) Opções de bases de 1 a 6 salários mínimos, e frações de meio salário sobre esses.

b) Todos os direitos trabalhistas - 13º salário, férias, FGTS e INSS.

c) Benefícios: vale alimentação e vale transporte

d) Todos encargos sociais – Sistema S, Seguro sobre Risco de Acidente do Trabalho (RAT), e
Salário Educação.

e) Reposição de funcionários durante as férias.

f) Variação de incidência a partir das modalidades de tributação: Pessoa Física ou Pessoa


Jurídica - Simples Nacional, Lucro Presumido, ou Lucro Real.

Para facilitar a aplicação de custos com RH no EVTE, com base nas estimativas de custos sobre os
26

salários foi calculado índice percentual de incidência sobre as bases salariais proposta para as
diferentes tipologias de funcionários do processo de produção.

A base do salário mínimo para o ano de 2019 é de R$998,00 (novecentos e noventa e oito reais).
A seguir são apresentadas (a) tabela com alíquotas de incidências sobre o salário e de valores de
benefícios – premissas e (b) tabela aplicada de custos com RH, ambas aplicadas na modelagem.

Tabela 13. RH - Alíquotas de incidências sobre o salário e de valores de benefícios.

PREMISSAS
Salário mínimo R$ 998,00
Dias úteis / mês 22
13o 8,3%
Férias 2,8%
FGTS 8%
FGTS 13o 0,7%
FGTS Recisão 4,3%
INSS Firma 20%
Terceiros1 5,8%
Salário-educação 2,5%
Dedução vale transporte 6%
Passagem ônibus trecho R$ 3,00
Passagem ônibus mês R$ 132,00
Vale alimentação dia R$ 10,00
Vale alimentação mês R$ 250,00
Seguro saúde R$ -
Previdência privada R$ -
RAT2
- RAT leve 1%
- RAT médio 2%
- RAT alto 3%
Reposição de férias 8,3%
Multa contrato temporário3 8,3%
1 Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SEST)
2Risco de Acidente do Trabalho - Lei
6.019/14, art. 12 (sobre total pago)

27
Tabela 14. RH - Estimativa de custos com salários, encargos e benefícios para diferentes bandas salariais e modalidades tributárias (2019).
Salários Mínimos 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
Remuneração Base R$ 998,00 R$ 1.497,00 R$ 1.996,00 R$ 2.495,00 R$ 2.994,00 R$ 3.493,00 R$ 3.992,00 R$ 4.491,00 R$ 4.990,00 R$ 5.489,00 R$ 5.988,00
13o R$ 83,17 R$ 124,75 R$ 166,33 R$ 207,92 R$ 249,50 R$ 291,08 R$ 332,67 R$ 374,25 R$ 415,83 R$ 457,42 R$ 499,00
Férias R$ 27,72 R$ 41,58 R$ 55,44 R$ 69,31 R$ 83,17 R$ 97,03 R$ 110,89 R$ 124,75 R$ 138,61 R$ 152,47 R$ 166,33
FGTS R$ 79,84 R$ 119,76 R$ 159,68 R$ 199,60 R$ 239,52 R$ 279,44 R$ 319,36 R$ 359,28 R$ 399,20 R$ 439,12 R$ 479,04
FGTS 13o R$ 6,65 R$ 9,98 R$ 13,31 R$ 16,63 R$ 19,96 R$ 23,29 R$ 26,61 R$ 29,94 R$ 33,27 R$ 36,59 R$ 39,92
FGTS Recisão R$ 43,25 R$ 64,87 R$ 86,49 R$ 108,12 R$ 129,74 R$ 151,36 R$ 172,99 R$ 194,61 R$ 216,23 R$ 237,86 R$ 259,48
Total R$ 240,63 R$ 360,94 R$ 481,26 R$ 601,57 R$ 721,89 R$ 842,20 R$ 962,52 R$ 1.082,83 R$ 1.203,14 R$ 1.323,46 R$ 1.443,77
Custo adicional 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1%

Tributação adicional: Lucro Presumido ou Lucro Real


INSS Firma (salários + 13o) R$ 221,78 R$ 332,67 R$ 443,56 R$ 554,44 R$ 665,33 R$ 776,22 R$ 887,11 R$ 998,00 R$ 1.108,89 R$ 1.219,78 R$ 1.330,67
Terceiros R$ 64,32 R$ 96,47 R$ 128,63 R$ 160,79 R$ 192,95 R$ 225,10 R$ 257,26 R$ 289,42 R$ 321,58 R$ 353,74 R$ 385,89
RAT R$ 33,27 R$ 49,90 R$ 66,53 R$ 83,17 R$ 99,80 R$ 116,43 R$ 133,07 R$ 149,70 R$ 166,33 R$ 182,97 R$ 199,60
Salário-educação R$ 27,72 R$ 41,58 R$ 55,44 R$ 69,31 R$ 83,17 R$ 97,03 R$ 110,89 R$ 124,75 R$ 138,61 R$ 152,47 R$ 166,33
Total R$ 347,08 R$ 520,62 R$ 694,16 R$ 867,71 R$ 1.041,25 R$ 1.214,79 R$ 1.388,33 R$ 1.561,87 R$ 1.735,41 R$ 1.908,95 R$ 2.082,49
Custo adicional 34,8% 34,8% 34,8% 34,8% 34,8% 34,8% 34,8% 34,8% 34,8% 34,8% 34,8%

Benefícios
Vale transporte R$ 72,12 R$ 42,18 R$ 12,24 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ -
Vale alimentação R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00
Seguro saúde R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ -
Previdência privada R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ -
Total R$ 322,12 R$ 292,18 R$ 262,24 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00
Custo adicional 32,3% 19,5% 13,1% 10,0% 8,4% 7,2% 6,3% 5,6% 5,0% 4,6% 4,2%

Custo encargos e benefícios - sem reposição de funcionário temporário durante as férias


Custo: PF, PJ-Lucro P/Real 91,2% 78,4% 72,0% 68,9% 67,2% 66,0% 65,2% 64,5% 63,9% 63,4% 63,1%
Custo: Simples Nacional 56,4% 43,6% 37,2% 34,1% 32,5% 31,3% 30,4% 29,7% 29,1% 28,7% 28,3%

Custo encargos e benefícios - com reposição de funcionário temporário durante as férias


Custo: PF, PJ-Lucro P/Real 109,3% 96,5% 90,1% 87,0% 85,4% 84,2% 83,3% 82,6% 82,0% 81,6% 81,2%
Custo: Simples Nacional 74,5% 61,7% 55,4% 52,3% 50,6% 49,4% 48,5% 47,8% 47,2% 46,8% 46,4%

28
Para o empreendimento de colheita e carbonização subdivide-se:

a) A administração
- a alocação e/ou contratação de serviços pessoal para administração, financeiro,
contabilidade e jurídico.
- o pagamento de taxas diversas, como alvarás, conselhos e sindicatos,
anuidades/mensalidade de banco.
- tarifas para o escritório - luz, água, material de papelaria, etc.
- dentre outras.
B) As operações
- transporte (carro, combustível, manutenções e taxas),
- aquisição de equipamentos e implementos (motosserra, puxadores, reboques)
- eventuais necessidades de manutenção em infraestrutura e equipamentos (estradas,
energia, maquinário, diversos).
- dentre outras.

Os custos com administração incidem tanto nas atividades terceirizadas quanto nas atividades
de execução direta, mas variando no quantitativo de incidência devido as diferenças assumidas
em cada tipologia de negócio. Esses custos foram computados considerando uma incidência
percentual sobre o custo total de produção, descontado mês a mês. As taxas percentuais dessa
incidência são apresentadas na Tabela 15.

Tabela 15. Incidência de custos com administração e operações.


Custo de administração e operações (índice %) Forno-Fornalha Forno JG
- Terceirização 6,0% 6,0%
. Administração - índice % 2,5% 2,5%
. Operações - índice % 3,5% 3,5%
- Execução direta 15,0% 15,0%
. Administração - índice % 5,0% 5,0%
. Operações - índice % 10,0% 10,0%

As incidências e taxas de capital de giro variam de negócio para negócio, pois esses são
influenciados por diversos fatores, como por exemplo:
 Escala - quanto maior do empreendimento, maior o fluxo de vendas e recebíveis,
necessitando menos prazo e volume de capital de giro, portanto, incidindo menores taxas.
 Tipo de capital
29

. custeio próprio - contabiliza-se o custo oportunidade do capital (ex. 0,7% a.m.).


. financiamento - com crédito rural (entre 6% a 12% a.a.  0,5% a 1,0% a.m.)
- juros de mercado (2,0% a.m. ou mais)
 Período de incidência das despesas e receitas – ocorrendo em diversos momentos ao longo
do tempo, e não somente no início do período da contabilidade (exemplo: todas despesas
ou compromissos financeiros não ocorrem somente no dia 1 do mês).
 Carência ou prazos dos recebíveis
. Entrega na siderurgia (varejo) – 15 dias (em média)
. Contratos – prazos mais rápidos e/ou com fluxos periódicos.
 Dentre diversos outros fatores.

O objetivo aqui não é exaurir o tema. Pela complexidade inerente à definição desse componente,
optou-se pela aplicação de um modelo genérico de incidência, com uma taxa percentual (%). Por
ter sido adotado para o EVTE um fluxo de caixa com periodicidade mensal, cujo padrão de
despesas e receitas também são de ciclo com periodicidade mensal, foi teorizado que, em média,
o custo do capital de giro incorra em 1,5% a.m. sobre os custos de produção. Não foi imputada a
incidência de capital de giro sobre os custos de administração e operações, e, quando do serviço
terceirizado, o ônus do capital está embutido nos valores pagos ao empreiteiro.

A Personalidade Jurídica é forma legal como o empreendedor se organiza para se apresentar ao


governo e à sociedade. A discussão sobre o tema é extensa e aprofundada, mas em termos
objetivos e práticos ao contexto deste EVTE, diferentes personalidades jurídicas implicam em
diferentes opções e modalidades de tributação perante as instituições fiscais dos Governos
Federais, Estaduais e Municipais.

A definição sobre qual modalidade de personalidade jurídica a ser adotada não é um exercício
simples, pois esse é afetado diretamente pelas características do negócio proposto, como
quantidade/volume de receitas (escala), funcionários, insumos, dentre outros. E, é justamente
no detalhamento do EVTE que pode-se modelar quais as implicações dos custos e receitas, e
consequentemente decidir qual modalidade de personalidade jurídica ou tributação tem menor
incidência de impostos, e consequentemente aufere maior retorno financeiro ao negócio.

As duas modalidades de personalidade jurídica (Pessoa Física e Pessoa Jurídica) são detalhadas a
seguir, limitado a discussão ao contexto da tributação incidente sobre essas.

A regra geral de incidência de impostos sobre o desenvolvimento de atividades profissionais


como pessoa física (de prestação de serviços), segue as regras e as tabelas convencionais de
aplicação de impostos de pessoa física implementadas pela Receita Federal do Brasil. A saber
30

(Tabela 16):
Tabela 16. Imposto de Renda Pessoa Física (base 2019).

Receita Bruta Total (R$)


Faixa Alíquota
em 12 meses – jan. a dez. de 2019
1 Até 22.847,76 0,00%
2 De a 33.919,80 7,50%
3 De 33.919,81 a 45.012,60 15,00%
4 De 45.012,61 a 55.976,16 22,50%
5 Acima de 55.976,17 a - 27,00%
Fonte: Receita Federal (2019).

É sabido que a tributação de Pessoa Física é uma das mais caras existentes no país, e desde o ano
de 2015 não vem tendo as correções financeiras em suas faixas e alíquotas a fim de recuperar as
perdas com a inflação. No entanto, essa é uma opção para empreendedores que desenvolvem
atividade em micro/pequena escala, com baixa remuneração, que se enquadrem nas faixas mais
baixas de tributação, e não querem encarar os requisitos da burocracia relacionada à
modalidade Pessoa Jurídica.

É importante ressaltar que, em específico para a venda direta de carvão para a siderurgia, os
impostos da modalidade Pessoa Física são retidos (na fonte) pela siderurgia, nas margens mais
altas refletindo diretamente em valores menores aos pagos em comparação à Pessoa Jurídica.

Produtor Rural

Segundo a Lei nº 9.250 de1995, o Governo Federal reconhece e cadastra o Produto Rural para
que esse possa contabilizar seus custos de produção em livro-caixa de maneira que esse possa
descontar os custos (com compra de insumos e despesas) de sua receita bruta com vendas, ou
seja, de maneira geral, os impostos incidirão sobre a receita líquida. O cadastro também diversos
benefícios como crédito agrícola subsidiado, benefícios sociais (como INSS e aposentadoria),
dentre outros.

A Legislação de MG também reconhece e cadastra o Produto Rural pessoa física para que esse
tenha “tratamento diferenciado e simplificado” em suas obrigações de registro fiscal e de
tributação perante o Estado (Decreto Estadual n° 43.080/2002). Para o caso do carvão vegetal,
esse cadastro é permitido o diferimento6 sobre o pagamento sobre o Imposto sobre Circulação
de Mercadoria e Serviços – ICMS para que esse seja pago pelo produtor da próxima etapa do
processo produtivo ou consumidor, e, deste modo não há obrigação sobre esse de recolher o
ICMS pelo próprio produtor7.

A Lei do Estado de MG disciplina:


31

6
Art. 7º Ocorre o diferimento quando o lançamento e o recolhimento do imposto incidente na operação com
determinada mercadoria ou sobre a prestação de serviço forem transferidos para operação ou prestação posterior.
7
Exceto para modalidade do Simples Nacional (a ser apresentada em seção específica a seguir).
Art. 148 - O pagamento do imposto incidente sobre as sucessivas saídas de carvão vegetal e prestações
de serviços de transporte correspondentes fica diferido para o momento em que ocorrer a:

I - saída para fora do Estado;

II - saída do estabelecimento atacadista, salvo se para o estabelecimento industrial a que se refere o


inciso seguinte;

III - saída, de estabelecimento industrial situado no Estado, do produto resultante do processo de


industrialização no qual tiver sido consumido;

IV - saída do produto para estabelecimento varejista ou para consumidor final.

Para os casos em que não ocorre o diferimento, isenção, ou redução do ICMS, assim como o
Governo Federal o Estado de MG também permite ao produtor rural a elaboração de livro-caixa
para registro das despesas para que as despesas sejam deduzidas do valor final do imposto
devido.

A Pessoa Jurídica - PJ é a entidade legal reconhecida pelo poder público para exercer atividades
comerciais, como: empresas, cooperativas, associações, dentre outras. Esse enquadramento
jurídico separa responsabilidade legal da empresa sobre a sobre a pessoa física do proprietário,
sócios ou administradores, dando respaldo e garantias a esses quanto a eventuais problemas no
exercício da atividade empresarial. Dentre outras vantagens, também estão os incentivos
creditícios e fiscais para fomento à atividade empresarial, como o crédito rural subsidiado
(Fundos Constitucionais).

No Brasil, com fins de tributação, há 5 (cinco) tipos de enquadramento da Pessoa Jurídica. De


maneira geral, os enquadramentos são regidos pela recita (R$/ano) e pela quantidade de
funcionários, conforme pode ser observado na tabela a seguir.

Tabela 17. Categorias e limitações sobre tipos de Pessoa Jurídica (2019).

Faturamento Quantidade de Funcionários


Categorias de PJ
- R$/ano - Indústria Comércio/Serviços
1) MEI - Micro Empreendedor Individual até 81.000,00 até 1 até 1
2) LTDA - Sociedade Limitada
b.1. ME - Micro Empresa até 360.000,00 até 19 Até 9
b2. EPP - Empresa de Pequeno Porte até 4.800.000,00 de 20 a 99 de 10 a 49
b3. Empresa de Médio Porte até 16.000.000,00 de 100 a 499 de 50 a 99
b4. Empresa de Grande Porte acima 16.000.000,00 acima de 500 acima de 100
c) EI - Empresário Individual = ME e EPP = ME e EPP = ME e EPP
d) EIRELI - Empresa Individual de
= ME e EPP = ME e EPP = ME e EPP
Responsabilidade Limitada
e) S.A. - Sociedade Anônima Sem limites Sem limites Sem limites
32

A discussão sobre as características dessas personalidades jurídicas é aprofundada, e foge do


objetivo desse estudo. No entanto, faz-se necessário relatar os aspectos relacionados as
alternativas de tributação sobre essas personalidades, pois as incidências afetam a viabilidade
do Empreendimento. O aspecto da tributação é objeto de comentários na seção a seguir.

A escolha do enquadramento do sistema tributário apropriado para um empreendimento deve


ser fundamentada em análise dos custos e receitas, e nas limitações impostas pela lei para casos
específicos. Como por exemplo, o enquadramento na modalidade Simples Nacional somente é
permitida às Mico Empresa - ME e Empresa de Pequeno Porte - EPP.

Existem quatro modalidades de tributação sobre a Pessoa Jurídica, são elas:


a) MEI – Micro Empreendedor Individual
b) Simples Nacional
c) Lucro Presumido
d) Lucro Real

Uma regra geral: empresas com custos altos e margem de lucro baixa tendem a se beneficiar do
sistema tributário de Lucro Real, enquanto empresas com custos baixos tendem a se beneficiar
nos sistemas: Simples Nacional ou Lucro Presumido. No entanto, a correta parametrização dos
fatores envolvidos em cada modalidade de tributação faz-se necessária para a determinação
correta de modalidade a ser adotada.

A categoria de personalidade jurídica icro Empreendedor Individual – MEI foi criada pela
Lei Complementar nº 128/2008, e teve como objetivo principal de retirar do mercado informal
diversos trabalhadores e profissionais, garantindo à esses direitos e deveres relacionados
relacionada ao exercício da atividade profissional empresarial. Dentre as atividades
reconhecidas, há a categoria do comerciante de carvão e lenha independente.

No MEI a incidências de impostos é bastante reduzida, devendo o cadastrado recolher apenas


R$55,90 ao mês. No entanto há a limitação de emissões de Nota Fiscal no montante de
R$81.000,00 ao ano, devendo também ser elaborado livro caixa para comprovar despesas
inerentes ao exercício da profissão.

O Caso da MEI não se aplicou à modelagem desse EVTE, pois o cenário de receitas desenvolvido
para o Unidade Forno-Fornalha UFV com 4 (quatro) fornos em pleno funcionamento e
rotatividade, gera uma receita bruta anual de R$200.000,00/ano (aproximadamente). Essa
receita seria ainda maior ao considera a venda de carvão com fins de alimentação (considerando
equivalência de produção para siderurgia). Não foram modelados cenários de funcionamento
parcial do conjunto de unidades de forno-fornalha, mas em tese 2 fornos fornalha em plena
33

operação podem gerar uma receita de R$100.000,00/ano.


Tabela 18. Micro Empreendedor Individual - Limites e imposto (2019).

Impostos
Receita Bruta Total em 12 meses
Valor mensal

Até R$ 81.000,00 R$ 55,90


Fonte: Portal do Empreendedor - MEI (2019).

O sistema tributário Simples Nacional tem o objetivo de promover o empreendedorismo, tendo


esse como elemento fundamental a simplificação contábil, maiores descontos em impostos e
proporcionar maior lucro líquido. Esse sistema desburocratiza o processo de tributação ao
permitir em uma guia unificada a incidência de todos (Federais, Estaduais e Municipais) sobre o
valor bruto da nota fiscal emitida.

O imposto único é uma grande vantagem pois não há impostos adicionais que incidem sobre o
Lucro Real e Lucro Presumido, como INSS Patronal (20% sobre a folha de trabalhadores),
adicional de Imposto de Renda (10% faturamento acima de R$240.000,00/ano), dentre outros.

Os impostos no Simples Nacional variam por diferentes tipologias de atividades8. Esses valores
são categorizados em diferentes tabelas de incidência, sendo aplicadas da seguinte maneira:
a) Anexo I - Empresas de comércio
b) Anexo II - Fábricas/indústrias e empresas industriais
c) Anexo III - Empresas de serviços – modalidade 1
d) Anexo IV - Empresas de serviços – modalidade 2
e) Anexo V - Empresas de serviços – modalidade 3

Para o caso do carvão, incide o Anexo I de tributação pela categorização da atividade no Código
Nacional de Atividades Econômicas – CNAE de número/atividade 0210-1/08 - Produção de carvão
vegetal - florestas plantadas. As incidências de impostos são demonstradas na Tabela 19.

Tabela 19. Simples Nacional - Incidência e divisão de impostos por faixas de receita anual (2019).

Valor a Divisão dos Impostos


Receita Bruta Total (R$) Alíquota
Faixa Deduzir no PIS
anual / 12 meses Bruta CPP CSLL ICMS IRPJ Cofins TOTAL
Cálculo Pasep
1 Até - 180.000,00 4,0% - 41,5% 3,5% 34,0% 5,5% 12,74% 2,76% 100%
2 De 180.000,01 a 360.000,00 7,3% R$5.940 41,5% 3,5% 34,0% 5,5% 12,74% 2,76% 100%
3 De 360.000,01 a 720.000,00 9,5% R$13.860 42,0% 3,5% 33,5% 5,5% 12,74% 2,76% 100%
4 De 720.000,01 a 1.800.000,00 10,7% R$22.500 42,0% 3,5% 33,5% 5,5% 12,74% 2,76% 100%
5 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,3% R$87.300 42,0% 3,5% 33,5% 5,5% 12,74% 2,76% 100%
34

6 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 19,0% R$378.000 42,1% 10% 0,0% 13,5% 28,27% 6,13% 100%
- De 4.800.000,01 - fora do simples

8
Maiores informações em: https://blog.sage.com.br/simples-nacional-2019-confira-as-novas-tabelas-e-limites
Em termos práticos, conforme demonstrado na Figura 4, no Simples Nacional a alíquota de
impostos é crescente conforme a faixa de receita bruta (sob a Nota Fiscal emitida), iniciando em
4,0% indo a um teto de 11,88% para a receita bruta de até R$3.600.000,00 ao ano. Na faixa 6 de
tributação, observa-se um favorecimento para a receita bruta entre R$3.600.000,01 a
R$4.800.000,00 ao ano, com a incidência de impostos iniciando em 8,76% e finalizando em
11,13%. Para receita bruta acima desse valor não é permitido enquadramento no Simples
Nacional.

Figura 4. Simples Nacional - Alíquotas de imposto segundo faturamento (Anexo I - 2019).

Para o caso da produção do carvão, o Simples Nacional apresenta desvantagem relativa


comparada à outras modalidades de tributação nos seguintes quesitos:
a) Não é permitido o diferimento da incidência do ICMS (Imposto de Circulação e Mercadorias e
Serviços) para o carvão vendido para a Siderurgia9. Ou seja, o ICMS é pago pelo produtor rural.
b) Não é permitido a contabilidade crédito-débito a fim de deduzir impostos aplicados em
duplicidade/cumulativamente ou ao longo da cadeia de produção. A incidência recai sobre o
valor bruto lançado na Nota Fiscal.
Conforme estabelecido pela Lei Complementar nº 123/2006 (Federal),
Art. 23. As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional não
farão jus à apropriação nem transferirão créditos relativos a impostos ou contribuições
abrangidos pelo Simples Nacional. (nosso grifo)
35

9
Conforme explanado na seção Produtor Rural, a legislação tributária de MG permite a algumas modalidades de
Personalidade Jurídica o diferimento do ICMS (pago pelo comprador), de modo que esse não onera o produtor
primário.
§ 1º As pessoas jurídicas e aquelas a elas equiparadas pela legislação tributária não optantes pelo
Simples Nacional terão direito a crédito correspondente ao ICMS incidente sobre as suas
aquisições de mercadorias de microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples
Nacional, desde que destinadas à comercialização ou industrialização e observado, como limite, o
ICMS efetivamente devido pelas optantes pelo Simples Nacional em relação a essas aquisições.
(nosso grifo)

Assim, é importante observar que, a lei permite o crédito-débito dos impostos pagos
acumuladamente ao demais atores da cadeia produtivas enquadrados em outras modalidades
tributárias, não Simples Nacional. Em termos práticos, quando o diferimento não é aplicado, são
a indústria siderúrgica e comércio (quando da venda para alimentação) que se beneficiam da
dedução do imposto já pago pelo produtor rural enquadrado no Simples Nacional, pois a esses é
permitida a dedução via a contabilização desse no respetivo livro caixa.

Durante a coleta de dados em campo em João Pinheiro foi observado que:


a) A indústria não diferencia de preço pago pelo carvão pela pessoa jurídica no (i) Simples
Nacional do (ii) Lucro Real ou Lucro presumido, propondo preço/remuneração adicional à
primeira modalidade, a fim de compensar o imposto já pago, e incentivar o produtor rural.
b) O produtor rural reconhece essa situação e argumenta não haver mecanismos de alterar a
legislação tributária, sendo que essa implica em diminuição das margens de receita, e
consequentemente desincentiva a continuidade da produção florestal e/ou de carvão.

Embora das implicações dessa condição legal, a modelagem indica que nos casos de menor
escala, visto as baixas alíquotas incidentes nas faixas de menor receita, o Simples Nacional
continua a permitir maior receita líquida (após impostos) ao produtor rural comparada ao Lucro
Real e Presumido.

O sistema tributário Lucro Presumido adequa-se ao tipo de empreendimento que tem


(a) regularidade de receitas, podendo assim estabelecer previamente o valor dos impostos a
serem recolhidos, (b) faixas superiores no Simples Nacional, e (c) a possibilidade de ter o
diferimento de alguns impostos.

O Lucro Presumido torna-se um pouco mais complexo que o Simples Nacional, mas menos que
o Lucro Real. Esses sistemas têm incremento da burocracia conforme é permitido o computo dos
custos de produção e diminuição da incidência de impostos. Deste modo, os sistemas vão
requisitando cada mais o refinamento e registro completo de contabilidade. Como exemplo, o
recolhimento e registro de recibos, cupons fiscais e notas fiscais.

Por exemplo, ao Lucro Presumido não é permitido o sistema crédito-débito em livro-caixa do


ICMS, enquanto no Lucro Real é permitido.
36

Coma modelagem desenvolvida para esse EVTE, foi verificado que o sistema de Lucro Presumido
não foi selecionado para nenhum caso avaliado. Isso se dá pelo fato da atividade de
carvoejamento produzir margens de lucro baixas, e por ser por demasia onerosa.
O sistema tributário Lucro Real tem o objetivo de promover a cobrança de impostos somente
sobre ao lucro real da produção, ou seja, o imposto incide após o desconto de todos os custos de
produção. Este sistema torna-se bastante eficiente em atividades que possuem margens de lucro
baixas e que possuem insumos e processos onerosos à produção.

No entanto, nesse sistema a contabilidade de custos é ainda mais exigente comparada às demais
modalidades de tributação, requisitando minucioso registro de despesas. Esse registro acaba
tornando os custos de administração um pouco mais caro, em relação aos outros modelos.

A seleção do modelo de tributação a ser adotado no sistema produtivo de carvoejamento foi


pautado nas seguintes premissas:
a) Melhor opção = sistema que proporciona maior receita líquida.
b) Quando o modelo indica como melhor opção a modalidade Lucro Real, o produtor estaria
disposto à renuncia de até 4,0% na receita líquida para manter a modalidade Simples Nacional.
Isto se dá pela menor burocracia envolvida na modalidade do Simples Nacional.
c) Conforme estabelecido na lei tributária, aos sistemas com receita bruta acima de
R$4.800.000,00 ao ano não é permitido enquadramento no Simples Nacional.

A seguir é apresentado tabela expositiva sobre os aspectos relacionados às diferentes tipologias


de tributação da Pessoa Jurídica, contento os impostos incidentes e o resultado da aplicação dos
resultados de cálculos. A partir desses, o modelo indica qual a modalidade de tributação
representaria maior receita ao empreendedor.

37
Tabela 20. Tributação – Premissas e modelo de cálculo para definir melhor enquadramento (caso = 8 UFF / 32 Fornos JG).

Nota:
Cálculos do autor.
1
CSLL Presumido - www.portaltributario.com.br/tributos/csl.html
2
IRPJ Presumido - www.portaltributario.com.br/guia/lucro_presumido_irpj.html
3
Depende do empreendimento (considerado zero para este EVTE).

38
4
Quando negativo = imposto zero. Desconsidera crédito no prejuízo.
5
ICMS Diferido (pago pelo comprador) - vide: Decreto Estadual MG n° 43.080/2003, REGULAMENTO DO ICMS, ANEXO IX - 5/13, CAPÍTULO XIII - Das Operações Relativas a
Carvão Vegetal.
As receitas do projeto são computadas a partir do pagamento efetivo após os produtos (carvão
e moinha) serem escoados e entregues na siderurgia. O levantamento indicou diferentes
tipologias de pagamentos para diferentes características de produto ou personalidade jurídica.

Os valores na Tabela 21 a seguir têm como referência o mês de março de 2019. As variações
pagas o valor do carvão estão relacionadas à: peso, umidade, e quantidade de finos, são relatadas
na tabela a seguir.

Tabela 21. Valores de preços pagos para carvão em Sete Lagos, MG (em mar/2019).

Preço
Variável
Pessoa Física Pessoa Jurídica
Preço por mdc - abaixo de 220kg/mdc R$150,00 R$170,00
Preço por mdc - acima de 220kg/mdc R$155,00 R$175,00
Teor de umidade > 8% (menos) -8% no preço
Quantidade de tiços > 0,5% (menos) -1% no preço
Quantidade de finos > 10% (menos) -10% no preço
Nota: Dados de campo coletados pelos autores, João Pinheiro - MG, março de 2019.

Para cálculo no EVTE, foi adotado valor arredondado10 de preço médio praticado nos últimos 6
anos, entre os 2014 e 2019. Vide tabela 22.

Tabela 22. Valores de preços pagos para carvão utilizados no EVTE.

Preço
Variável
Pessoa Física Pessoa Jurídica
Preço por tonelada (finos) R$200,00 R$220,00
Preço por mdc - abaixo de 220kg/mdc R$110,00 R$130,00
Nota: Estimativa dos autores.

Premissas adotadas no EVTE:


a) Foi adotado o pagamento por mdc de carvão, por ser a principal prática da compra na
siderurgia em Sete Lagoas.
b) Não foi aplicado desconto no preço do mdc de carvão por questões relacionadas ao teor de
humidade, presença de ricos ou finos.
c) Por não ser aplicado fator redutor de preço (descrito acima, item “b”), também não foi
utilizado o preço do carvão com peso acima de 220kg/mdc, utilizando-se a classe de preço
mínima.
39

10
O arredondamento tem objetivo de facilitar a compreensão e a visualização do impacto da variabilidade dos
preços praticados, através do teste de sensibilidade.
A seguir são citadas as principais percepções coletadas em campo junto aos produtores de carvão
de João Pinheiro - MG, relacionadas à venda do carvão produzido. Embora não sejam parâmetros
de uso direto na modelagem deste EVTE, estes aspectos têm influência direta nos resultados dos
empreendimentos florestais e de carbonização, sendo que a melhoria destes tende a
proporcionar incremento da viabilidade e da lucratividade.

a) Problemas nas metodologias utilizadas pelas siderurgias em relação à: pesagem, mensuração


de volume, peso, humidade e finos no carvão. De maneira geral, acredita-se que os descontos
praticados são maiores em relação às características reais do produto entregue.

b) Não há instrumentos para reavaliar e/ou contradizer a mensuração feita pela siderurgia no
ato da entrega do carvão.
A entrega do carvão é feita pelo caminhoneiro e não o proprietário do carvão. Reduzindo
assim as possibilidades de questionamentos, em especial pelo desconhecimento do condutor
sobre as características do processo de produção e da qualidade do material.

c) Os finos mensurados na siderurgia:


- Devolvidos pelo processo, são de difícil separação e recarregamento no caminhão.
- Devido ao volume, não há viabilidade de retorno do material, fincando este na siderurgia.
- Têm valor comercial e uso pela siderurgia, mas não há pagamento por este.

d) O processo de tomada de decisão sobre as questões relacionadas à mensuração e preço do


carvão ocorrem de maneira unilateral pela siderurgia ou grupo siderúrgico.
Falta um canal de comunicação e transparência para com os atores do setor.
Falta organização dos produtores rurais e carvoeiros para articulação técnica e política.

e) Existem produtores de carvão que têm más práticas na tentativa de ganhar preço na venda
do produto junto à siderurgia, o que diminui as propriedades e qualidade do carvão.

f) A prática comum da siderurgia é de adotar procedimento padrão para com os produtores:


- Não fazendo diferenciação de produtores por qualidade de produto entregue.
- Não firmando contratos de compra e venda, a fim de fomentar boas práticas e investimentos.

h) Ajustes de preços pagos:


- Sofrem atraso de tempo (delay) na correção comparado aos acréscimos preço no dólar
e/ou no ferro gusa do mercado internacional.
- Há expectativa que o atual aumento do dólar trará impactos positivos e a retomada da
produção florestal e de carvão.
40

h) A atual relação conjuntura da relação privada (siderurgia e produtores) e relação pública


(conjuntura e institucional) gera insegurança ao setor de produção primária (floresta e
carbonização).
i) Foi recomendado apoio do setor governamental para:
- Ser criada e articular agenda setorial.
- Serem estabelecidos mecanismos para corrigir assimetrias de informação e para dar
transparência aos procedimentos de negociação (compra e venda). Como exemplo:
. Estabelecimento do pagamento do carvão por peso (tonelada), premiando práticas as
práticas que buscam o incremento do rendimento gravimétrico, como o uso de
fornalha.
. Coleta de dados sobre produção e venda, e desenvolvimento de estudos estratégicos
para subsidiar o processo de tomada de decisão dos produtores, e para a formulação
de políticas públicas.

6. Resultados
A apresentação dos resultados deste EVTE foi organizada em 5 subseções, a saber:
a) Fluxo de Caixa,
b) Modalidade de tributação,
c) Indicadores econômicos,
d) Análise de sensibilidade, e
e) Base florestal

O objetivo aqui não foi exaurir as possibilidades de análise, tão pouco explanar todos os
temas e subtemas relacionados ao assunto; mas sim, objetivou-se discutir os principais
resultados encontrados, os quais têm relevância sobre o processo de tomada de decisão do
investidor e dos setores públicos e privado. Os resultados detalhados estão apresentados
em tabelas na seção de Anexos ao fim deste relatório, as quais serviram como informação
base para o desenvolvimento das tabelas sínteses apresentadas no corpo do texto desta
seção de resultados.

A seguir apresenta-se análise exploratória dos dados computados em fluxo de caixa,


considerando diferentes estratégias e escalas de produção para os empreendimentos de
carbonização. A organização dessas diferentes estratégias e escalas são listadas na Tabela 23.
Aqui busca-se enfatizar os principais aspectos e aplicabilidade das diferenças dos sistemas UFF-
UFV e Forno JG, florestas próprias, mão de obra próprias vs. mão de obra terceirizada, e escalas
com 4, 8 e 36 fornos.
41
Tabela 23. Cenários de análises de fluxo de caixa apresentados.

Cenários de análises de fluxo de caixa


Sistemas Quantidade
Tabela Floresta Mão de obra
de Forno de Fornos
30 - UFF - Própria - Própria - 4
31 - JG - Própria - Própria - 4
32 - UFF - Própria - Própria - 8
33 - JG - Própria - Própria - 8
34 - UFF - Própria - Terceirizada - 32
35 - JG - Própria - Terceirizada - 32

Os resultados do fluxo de caixa mensal demonstraram coerência e convergência com os


pressupostos esperados para essa modelagem bem como para as informações levantadas na
investigação de campo. Por exemplo, pode-se verificar que no fluxo de caixa foram incluídas
satisfatoriamente:
a) Os aspectos impostos pela sazonalidade e consequentemente computar as variabilidades e
os efeitos nos fluxos de insumos e vendas.
b) Alocação de recursos humanos para desenvolvimento dos serviços propostos, considerando
diferentes escalas e tipos de mão de obra.
c) Quantificar o fluxo do processo de carregamento e despacho de cargas (carvão e finos).
d) Incidência de impostos, buscando a otimização de receitas e a possibilidade de incluir a
depreciação contábil no modelo, ao avaliar dinamicamente diferentes modalidades de
tributação.
e) O período de colheita e secagem da madeira
f) Dentre outros.

O fluxo de caixa mensal demonstrou ser mais adequado para o caso do EVTE de carbonização
em comparação a fluxo de caixa anual, pois o fluxo anual restringe captar variabilidade e efeitos
técnicos e econômicos de diversos fatores, pois esse agregar toda essa variação em um único
ponto, ou seja, o acumulado do ano. Por exemplo, sem a fragmentação mensal não é possível
modelar os fluxos da colheita e secagem da madeira, os efeitos da necessidade de acumulação
do produto no pátio de produção, o quantitativo para carregamento e venda de carga e os efeitos
da sazonalidade. De certo, para projetos com maiores quantitativos de fornos, reside a
possibilidade do EVTE ser desenvolvido considerando fragmentação de período ainda maior,
como quinzena ou semana; esse exercício não foi buscado aqui, uma vez que foi demonstrado
coerência nos valores dos dados, considerando toda a amplitude de quantitativo de fornos (de 4
a 200 fornos). Não obstante, o exercício pode ser salutar em especial para proposta específica de
projetos grande em especial ao que é indicado a adoção do Lucro Real como modalidade
tributária.
42
O primeiro resultado deriva-se da análise dos custos e receitas agregados para o
empreendimento de carbonização. Na Tabela 24 apresenta-se síntese de resultado, no qual
demonstra-se que o empreendimento possui altos custos de operações e baixa receita líquida
(descontados os custos). Para exemplificar os resultados, na tabela são considerados dois
cenários de empreendimentos com Forno JG (com 4 e 32 fornos), em função do tempo de 15, 30
e 36 meses.

Tabela 24. Valores de simulação do EVTE – custos e receitas (Caso: Fornos JG).

Indicadores QTD 25 meses 30 meses 36 meses


Cenário 1* – N. de Fornos 4
Receita Bruta - Total R$ 287.200,00 R$ 355.100,00 R$ 455.155,96
Receita Bruta - ano1 R$ 137.856,00 R$ 142.040,00 R$ 151.718,65
Receita Bruta - mês1 R$ 11.488,00 R$ 11.836,67 R$ 12.643,22
Receita Bruta - mês1 (por forno) R$ 2.872,00 R$ 2.959,17 R$ 3.160,81
Custo - Total R$ 249.986,60 R$ 302.004,23 R$ 359.604,66
Custo - ano1 R$ 119.993,57 R$ 120.801,69 R$ 119.868,22
Custo - mês1 R$ 9.999,46 R$ 10.066,81 R$ 9.989,02
Custo - mês1 (por forno) R$ 2.499,87 R$ 2.516,70 R$ 2.497,25
Receita Líquida - Total R$ 37.213,40 13,0% R$ 53.095,77 15,0% R$ 95.551,29 21,0%
Receita Líquida - ano1 R$ 17.862,43 13,0% R$ 21.238,31 15,0% R$ 31.850,43 21,0%
Receita Líquida - mês1 R$ 1.488,54 13,0% R$ 1.769,86 15,0% R$ 2.654,20 21,0%
Receita Líquida - mês1 (p. forno) R$ 372,13 13,0% R$ 442,46 15,0% R$ 663,55 21,0%

Cenário 2* – N. de Fornos 32
Receita Bruta - Total R$ 2.403.100,00 R$ 2.967.400,00 R$ 3.639.047,66
Receita Bruta - ano1 R$ 1.153.488,00 R$ 1.186.960,00 R$ 1.213.015,89
Receita Bruta - mês1 R$ 96.124,00 R$ 98.913,33 R$ 101.084,66
Receita Bruta - mês1 (por forno) R$ 3.003,88 R$ 3.091,04 R$ 3.158,90
Custo - Total R$ 2.086.656,42 R$ 2.523.261,21 R$ 2.987.368,15
Custo - ano1 R$ 1.001.595,08 R$ 1.009.304,49 R$ 995.789,38
Custo - mês1 R$ 83.466,26 R$ 84.108,71 R$ 82.982,45
Custo - mês1 (por forno) R$ 2.608,32 R$ 2.628,40 R$ 2.593,20
Receita Líquida - Total R$ 316.443,58 13,2% R$ 444.138,79 15,0% R$ 651.679,50 17,9%
Receita Líquida - ano1 R$ 151.892,92 13,2% R$ 177.655,51 15,0% R$ 217.226,50 17,9%
Receita Líquida - mês1 R$ 12.657,74 13,2% R$ 14.804,63 15,0% R$ 18.102,21 17,9%
Receita Líquida - mês1 (p. forno) R$ 395,55 13,2% R$ 462,64 15,0% R$ 565,69 17,9%

Nota: 1 = média; *Estratégia do empreendimento: Pessoa Jurídica no Simples Nacional, Florestas próprias, mão de
obra própria. Cálculos do autor.

Observa-se que para o empreendimento com 4 Fornos JG (Cenário 1) a margem de receita líquida
média está na ordem de 13% para 25 meses, 15% para 30 meses, e 21% para 36 meses. E, para
um empreendimento com 32 Fornos JG (Cenário 2) a margem de receita líquida média é na
ordem de 13,2% para 25 meses, 15% para 30 meses, e 17,9% para 36 meses.

Assim, tem-se que ao estender de tempo do negócio, de 25 para 30 e 36 meses, há tendência de


aumento a lucratividade líquida, pois há mais tempo/ciclos de produção após terem sido
43

cobertos os investimentos iniciais do empreendimento.

Avalia-se que os resultados considerando 36 meses de projeto apresentam resultados robustos


para o processo informativo e de tomada de decisão, sendo que extensões de prazos na vida-útil
dos fornos UFF-UFV ou JG tendem a incrementar os aspectos relacionados às receitas / margem
de lucro líquida, e consequente aumentando a viabilidade e retorno do empreendimento.

Com os cenários relacionados à produção de carvão fica possível visualizar que quanto mais
fornos no projeto (4, 8 e 32 unidades), consequentemente maior quantitativo de cargas de
carvão e finos despachadas durante o mês - ver linhas no fluxo de caixa = Algoritmo caminhão /
produção carvão e Algoritmo caminhão / produção finos. Por exemplo:
a) Para 4 fornos – Durante o período de seca é possível produzir uma (1) carga de carvão ao
mês, mas no período de chuva, em alguns meses a produção não é suficiente para encher
uma (1) carga de caminhão de 120 mdc, precisando ser acumulada com parte da produção
do mês seguinte para ser feito um (1) carregamento.
b) Para 8 fornos – Durante o período de seca é possível produzir duas (2) cargas de carvão ao
mês, mas no período de chuva, há oscilações de produção entre uma (1) e duas (2) cargas.
c) Para 32 fornos – Durante o período de seca é possível produzir entre sete (7) e oito (8) cargas
de carvão ao mês, e no período de chuva, a produção oscila entre cinco (5) e seis (6) cargas.

Esse aspecto técnico é um fator importante por diminuir as vulnerabilidades do projeto, a


redução na necessidade de administrar os estoques de carvão no campo, facilita a manutenção
da qualidade desse recurso. Ressalta-se que a queda na qualidade do carvão, pode implicar na
diminuição nos preços pagos, ao serem aplicados pela siderurgia fatores de redução de preço em
razão da humidade e da quantidade de finos no ato da pesagem. Por exemplo, a exposição do
carvão à água no período de chuva é componente a ser administrado, o que implica em alocação
de recursos e aumento de custos. Sendo assim, empreendimentos com menor quantitativo de
fornos precisam buscar arranjos que permitam a estocagem e o carregamento da carga mais
rápido a fim de diminuir essas vulnerabilidades.

Adiciona-se à questão, o maior fluxo de vendas induz à menor necessidade de capital de giro,
pela realização de receitas de maneira constante, o que permite quitar com empréstimos
bancários mais rápidos e/ou custear a produção com recursos próprios. Isso tende a aumentar a
viabilidade e rentabilidade do projeto. Assim, tem-se que projetos menores são mais
dependentes do capital de giro e dos custos associados à produção. Aqui, foi utilizada regra geral
para com a necessidade de capital de giro e fluxo de receitas, sendo tratados com igualdade todas
as tipologias de negócio de carbonização. Na prática, a redução ou aumento sobre essa
necessidade é exercício inerente ao próprio negócio, exercício esse que vai além do objetivo
deste EVE.
44

No fluxo de caixa estão apresentadas duas opções de contratação de recursos humanos


(terceirizados vs. próprios) como opção para execução dos serviços inerentes às atividades de
colheita de madeira e carbonização. O exercício feito utilizou com opção do serviço ser
desenvolvido ou 100% terceirizado, ou 100% com mão de obra própria, não utilizando modelo
híbrido ou parciais, composto por diferentes percentuais de alocação percentual. Mesmo assim,
no fluxo de caixa as duas opções são expostas conjuntamente, e cujos valores dos custos são
apresentados apenas para o tipo da opção de mão de obra selecionada; para a opção não
selecionada, o fluxo apresenta o valor zero (0,00).

Quando a opção selecionada está para mão de obra própria os resultados são apresentados
detalhamento dos tipos de profissionais envolvidos. Quando a opção selecionada está para mão
de obra terceirizada, fica apresentado valor da taxa cobrada pela colheita e pela carbonização
(por mdc), não detalhando os profissionais alocados no processo pois se trata de estratégia
definida pelo empreiteiro contratado.

Sobre os custos de administração e operações apresentados, observa-se que incide taxa maior
(de 15%) para a mão de obra terceirizada, e taxa menor (de 5%) para a mão de obra própria.

Em relação à alocação ótima de profissionais, em termo quantitativos e de funções, são


considerados como pressupostos e requisitos:
- Para empreendimentos com menor quantidade de fornos, quando não há demanda de
serviços para alocação de ao menos um profissional em cada função de base em tempo
integral, pressupõe-se que o conjunto de 4 fornos requer a alocação de trabalhador(es) em
tempo integral e que esse(s) exerce(m) mais de um tipo de função, de modo a suprir
ociosidade parcial de trabalho. Como exemplo: o carbonizador também pode desempenhar
atividades do operador braçal (carregamento / descarregamento de fornos), e de colheita.
- Após a alocação de ao menos um profissional em função de base em tempo integral, para a
execução de serviços adicionais pressupõe-se o pagamento proporcional ao tempo de
trabalho necessário (exemplo, por pagamento de diárias ou contratação em regime parcial).
- Quando há necessidade de alocar profissional para gerenciamento da produção, mas sem a
necessidade de dedicação de tempo integral, pressupõe-se a adoção de mecanismos de
pagamento proporcional ao trabalho desenvolvido, para não deixar mão de obra ociosa de
modo a não prejudicar a viabilidade do empreendimento.
- Para alocação de mão de obra em caráter integral e parcial, pressupõe-se que exista
disponibilidade de recursos humanos na localidade, com as características e treinamentos
necessários para exercer a função. Caso contrário, reside a necessidade de trazer mão de obra
de outras localidades, onerando a composição de custos desejados para funcionamento do
empreendimento. Este se trata de ponto importante para análise técnica, a fim de subsidiar o
processo de tomada de decisão.

Por fim, a praça mínima considerada para funcionamento de um empreendimento com mão de
obra terceirizada foi de ao menos 32 fornos construídos. Neste estudo não foram consideradas
para análise possibilidade fracionar a terceirização com menor número de fornos, pelas
características intrínsecas aos negócios, em relação à logística e à necessidade de alocação de
recursos físicos e humanos. Essa possibilidade adiciona complexidade à análise, além do
45

proposto para este EVTE. De certo, podem haver casos em que o fracionamento pode ser factível
de execução (exemplo: dois projetos próximos), devendo o exercício ser feito individualmente
para cada caso.
Legenda: SN = Simples Nacional, LR = Lucro Real e LP = Lucro Presumido

A modelagem demonstra que a adoção de diferentes sistemas de tributação pode gerar maior
receita líquida ao negócio. Sendo assim, a opção tributária a ser adotada é uma importante
decisão a ser tomada pelo produtor, pois pode ser determinante na viabilidade do
empreendimento. Não obstante, a adoção de sistema mais completos como o LP e o LR
adicionam mais complexidade à gestão administrativa e contábil ao negócio.

Os resultados da modelagem EVTE convergem com a teoria de contabilidade que estabelece:


negócios menores tendem a se beneficiar do sistema SN, enquanto sistemas maiores tendem a
se beneficiar do LR e LP. Especificamente para a tipologia de negócio estudado, a modelagem
não indicou o LP para nenhum dos arranjos produtivos estudados.

Neste EVTE a indicação predominante foi do modelo SN, embora da limitação desse sistema por
não permitir que seja adotado livro caixa para deduzir custos de insumos e reincidência de
impostos. Embora dessa não compensação, as taxas de impostos incidentes são baixas, conforme
enquadramento da atividade de carbonização no Anexo I do Simples Nacional (Figura 4 e Tabela
18), o que favorece à adoção desse sistema. Nesse sentido, ressalta que nesse EVTE utilizou a
premissa que haveria preferência na opção do SN ao considerar uma renúncia de até 2,0% no
lucro líquido em comparação do resultado promovido pelo LR, por questões de redução de
burocracia e de procedimentos administrativos/contábeis (exemplo: inclusão da depreciação
física e contábil). Aplicado essa premissa, identificou-se que foram poucos os casos em que o
modelo o modelo SN foi indicado em detrimento do LR. Observa-se que, o fator mais
predominante para que o LR seja indicado como regime tributário se dá quando o percentual de
custos de produção é alto em razão do retorno financeiro do projeto.

Os testes de sensibilidade reforçam que as variações crescentes nos custos de fatores de


produção deslocam a indicação do SN para o LR mesmo empreendimentos menores, em especial
quando há oneração pela/o: (a) alocação de maior quantitativo de profissionais, (b) aumento no
custo de insumos e serviços, e (c) menor receita bruta, e vice versa, quando o valor desses fatores
diminuem, em diversos casos o SN volta a ser a opção indicada. Por exemplo, o modelo indica
mais casos para adoção do LR quando adota-se mais o sistema produtivo com a base florestal e
a mão de obra terceirizados, por serem componentes de custos mais caros comparado à base
florestal e a mão de obra próprias.

A adoção da tributação via Pessoa Física demonstra ser viável apenas quando são praticados
preços de compra do insumo lenha abaixo do valor de mercado (< R$30) e/ou quando
investimentos em plantio de florestas próprias são iguais ou menores ao referencial mínimo de
investimento (=< R$5000,00). Para nenhum caso de PF foi apresentada viabilidade quando as
oscilações de preço estão acima dos valores referencias do mercado, mesmo considerando
sistemas de livro caixa para compensação de custos.
46
Os resultados detalhados dos indicadores econômicos (TIR< VPL, Pay Back, RMM e RMA)
desenvolvidos para o EVTE são apresentados na seção de Anexos, cuja organização é apresentada
na Tabela 25.

Tabela 25. Organização da apresentação dos indicadores econômicos do EVTE.

Tabela Forno Floresta Mão de Obra Tributação Prazo


42 - JG - Própria e Terceirizada - Própria - Pessoa Jurídica - 36 meses
43 - JG - Própria e Terceirizada - Terceirizada - Pessoa Jurídica - 36 meses
44 - UFF - Própria e Terceirizada - Própria - Pessoa Jurídica - 36 meses
45 - UFF - Própria e Terceirizada - Terceirizada - Pessoa Jurídica - 36 meses
46 - UFF - Própria e Terceirizada - Própria - Pessoa Física - 36 meses
47 - UFF - Própria e Terceirizada - Terceirizada - Pessoa Física - 36 meses

Os resultados dos indicadores econômicos demonstraram coerência e convergência tanto para


com os pressupostos esperados para uma modelagem de EVTE quanto para as informações
do/de negócio, levantadas na investigação de campo.

A seguir são apresentados resultados específicos dos indicadores econômicos.

A seguir na Tabela 26 é apresentada análise síntese da TIR, considerando o cruzamento dos


seguintes fatores:

 Fator 1 - florestas próprias vs. florestas de terceiros (compra de madeira), e


 Fator 2 - mão de obra própria vs. terceirizada.
 Fator 3 - Pessoa Jurídica vs. Pessoa Física

47
Tabela 26. Síntese TIR – Resultados de Indicação de viabilidade econômica.

Sensibilidade à Mão de obra Própria Mão de obra Terceirizada


Fatores Variação de UFF-UFV Forno JG UFF-UFV Forno JG
Preços Qtde Fornos Qtde Fornos Qtde Fornos Qtde Fornos
= R$7000/ha >=8; =<80 12; >=20; =<24 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$6000/ha >=8; =<80 >=12; =<40; 120 >=32; <=200 >=32; <=200
Floresta
= R$5000/ha >=4; <=200 >=8; <=120 >=32; <=200 >=32; <=200
Pessoa Jurídica

Própria
= R$4000/ha >=4; <=200 >=8; <=200 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$3000/ha >=4; <=200 >=8; <=200 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$40,00/mST >=12; =<32 não viável >=32; <=200 não viável
= R$35,00/mST >=8; =<40 >=20; =<24 >=32; <=200 >=32; <=200
Floresta
= R$30,00/mST >=8; <=40 >=8; <=40; 120 >=32; <=200 >=32; <=200
Terceiros
= R$25,00/mST >=4; <=200 >=8; <=120 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$20,00/mST >=4; <=200 >=8; <=120 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$7000/ha não viável * não viável *
= R$6000/ha não viável * >=32; <=200 *
Floresta
= R$5000/ha >=12; <=24 * >=32; <=200 *
Própria
Pessoa Física

= R$4000/ha >=8; <=40 * >=32; <=200 *


= R$3000/ha >=8; <=200 * >=32; <=200 *
= R$40,00/mST não viável * não viável *
= R$35,00/mST não viável * não viável *
Floresta
= R$30,00/mST não viável * >=32; <=200 *
Terceiros
= R$25,00/mST >=12; <=16 * >=32; <=200 *
= R$20,00/mST >=8; <=24 * >=32; <=200 *
Nota = * não avaliado. Cálculos dos autores. Resultados para carbonização com mão de obra terceirizada somente
é aplicada para 32 ou mais fornos. Valor base em negrito.

Em síntese, considerando os valores base das premissas definidas para o EVTE, a TIR indica que
os seguintes resultados econômicos:

 Análise Geral
 Para todos os cenários, a UFF-UFV apresenta melhores resultados de TIR em comparação
ao Forno JG, pois esse apresenta:
a) viabilidade econômica mais alta em termos de %,
b) maior quantidade de cenários com viabilidade econômica (maior que a Taxa Mínima
de Atratividade de 12%) em razão dos efeitos das variações de preço (sensibilidade), e
c) maior amplitude na quantidade de unidades em que apresentam viabilidade, iniciando
a viabilidade com menos fornos e/ou encerrando a viabilidade com mais fornos.
 Para tributação via Pessoa Física, quando há viabilidade, essa apresenta menor índice TIR
e/ou tem menor amplitude (em número de fornos) comparada à tributação Pessoa
Jurídica.

48

Na análise de sensibilidade, ao aumentar os custos referenciais de investimentos em


florestas ou compra de madeira, a tendência é da diminuição índices de viabilidade (%) e
a diminuição da amplitude do número de fornos que apresentam viabilidade, e
opostamente quando os custos referenciais diminuem, a tendência é do negócio
apresentar maior rentabilidade e/ou uma amplitude maior da quantidade de fornos que
apresentam viabilidade (entre e até 4 e 200 fornos).

 Análises específicas
 A Floresta Própria apresenta melhores resultados de TIR em comparação à floresta de
terceiros, pois para essa apresenta (de maneira geral):
a) indicadores de viabilidade econômica mais altos em termos de %,
b) maior quantidade de cenários positivos de viabilidade econômica, considerando os
efeitos das variações de preço (sensibilidade), e
c) maior amplitude na quantidade de unidades que apresentam viabilidade (> que a Taxa
Mínima de Atratividade de 12%), iniciando a viabilidade com menos fornos e/ou
encerrando a viabilidade com mais fornos.
 Especificamente, há viabilidade econômica quando/para:
a) Forno JG, com uso de mão de obra própria:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ é igual a R$7000/ha, 12 fornos e entre 20 e 24 fornos.
. PJ é igual a R$6000/ha, amplitude entre 12 e 40 fornos, e para 120 fornos.
. PJ é igual a R$5000/ha, amplitude entre 8 e 120 fornos.
. PJ é igual a R$4000/ha e R$3000/ha, amplitude entre 8 e 200 fornos.
- Em florestas de terceiros, o pagamento por madeira é:
. PJ é igual de R$35/mST, amplitude entre 20 e 24 fornos.
. PJ é igual de R$30/mST, amplitude entre 8 e 40 fornos, e para 120 fornos.
. PJ é igual a R$25/mST e R$20/mST, amplitude entre 8 e 120 fornos.
b) UFF-UFV, com uso de mão de obra própria:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ é igual a R$6000/ha ou a R$7000/ha, amplitude entre 8 e 80 fornos.
. PJ é igual a R$5000/ha ou menos, amplitude entre 4 e 200 fornos (todos cenários).
. PF é igual a R$5000/ha, amplitude entre 12 e 24 fornos.
. PF é igual a R$4000/ha ou menos, amplitude entre 8 e 40 fornos.
. PF é igual a R$3000/ha ou menos, amplitude entre 4 e 200 fornos (todos cenários).
- Em florestas de terceiros, o pagamento por madeira é:
. PJ é igual a R$40/mST, amplitude entre 12 e 32 fornos.
. PJ entre R$30/mST e R$35/mST, amplitude entre 8 e 40 fornos.
. PF é igual a R$25/mST ou menos, amplitude entre 12 e 16 fornos.
. PF é igual a R$20/mST ou menos, amplitude entre 8 e 24 fornos.
49
c) Forno JG, com uso de mão de obra terceirizada11:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ todos valores analisados, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
- Em florestas de terceiros, o pagamento por madeira é:
. PJ menor ou igual a R$35/mST, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
d) UFF-UFV, com uso de mão de obra terceirizada:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ todos valores analisados, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
. PF valores de R$6000 e abaixo, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
- Em florestas de terceiros, o investimento:
. PJ todos valores analisados, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
. PF valores de R$6000 e abaixo, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).

Em síntese, tem-se que, o empreendimento UFF com base de florestas próprias e mão de obra
próprias, apresenta ampla viabilidade (de 1 a 50 unidades, com 4 a 200 fornos respectivamente),
considerando o investimento de R$5000 por hectare e a venda do carvão a R$130 por mdc. O
incremento do custo por hectare para R$6000 a R$7000 reduz as margens de TIR bem como a
amplitude do quantitativo para 2 a 20 unidades, com 8 a 80 fornos. Essa viabilidade econômica
tende a incrementar conforme ocorram reduções nos investimentos (via custo marginal de
produção) e/ou ocorram aumentos nos preços do carvão. Isso será discutido em específico na
seção de Análise de Sensibilidade a seguir.

Já para o empreendimento com a aquisição de floresta de terceiros e operações com mão de


obra própria, ao considerar o valor de base de compra de madeira de R$30 por mST, a modelagem
indica viabilidade econômica entre 2 a 20 unidades, com 8 a 80 fornos. Essa amplitude de
viabilidade aumenta de 1 a 50 unidades (com 4 a 200 fornos respectivamente) ao ser considerado
os valores de madeira abaixo R$30 por mST de lenha. Assim, tem-se que este negócio apresenta
sensibilidade aos preços, o que reflete nas práticas de compra da madeira por preços menores
às expectativas do investidor florestal.

Ao considerar um empreendimento de UFF com mão de obra terceirizada, o indicador


econômico indica ampla viabilidade, de 8 a 50 unidades (com 32 a 200 fornos) tanto para
investimentos em florestas próprias quanto para aquisição de floresta de terceiros, em todas
faixas de preços/custos.

Embora o empreendimento com fornos JG - PJ e a implementação UFF por PF também


apresentem viabilidade econômica, as taxas apresentadas e as amplitudes do quantitativo de
fornos foram menores para todos os cenários estudados comparados à UFF PJ.
50

11
Para mão de obra terceirizada, a premissa de entrada no negócio é da operação mínima de 32 fornos.
Na Tabela 27 são apresentados dados selecionados do VPL a fim de fundamentar discussão sobre
os resultados modelados para os diferentes cenários e arranjos de empreendimentos de
carbonização.

Tabela 27. Análise exploratória de dados selecionados de VPL.


VPL Quantidade de Fornos / Conjunto com 4 Unidades
Tipo de 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 80 120 160 200 Diferença
Fonro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20 30 40 50 Média

1. Floresta Própria / Mão de Obra Própria


a) UFF PF 60.206 171.708 286.765 361.251 511.951 616.594 459.532 523.835 591.310 655.761 1.308.857 1.965.608 2.618.811 3.271.819
b) JG PJ 75.704 194.196 308.752 379.864 528.228 621.335 633.189 717.255 797.215 880.920 1.587.705 3.284.067 2.700.356 3.359.129
c) UFF PJ 109.527 259.156 403.421 505.248 679.069 805.725 848.439 959.278 1.073.012 1.181.203 2.351.375 2.716.412 3.599.544 4.482.470
Div. c/b 45% 33% 31% 33% 29% 30% 34% 34% 35% 34% 48% -17% 33% 33% 31%

2. Floresta Terceiros / Mão de Obra Própria


a) UFF PF 49.384 150.065 254.295 317.958 344.134 415.213 383.780 437.262 493.916 547.545 1.092.424 1.640.959 2.185.945 2.730.737
b) JG PJ 64.882 172.553 276.288 336.577 474.120 556.405 557.437 630.682 699.821 772.704 1.237.581 2.959.418 2.410.087 2.996.294
c) UFF PJ 98.705 237.513 370.956 461.962 624.960 740.795 772.688 872.705 975.617 1.072.986 2.134.911 2.498.330 3.308.773 4.119.007
Div. c/b 52% 38% 34% 37% 32% 33% 39% 38% 39% 39% 73% -16% 37% 37% 37%
3. Floresta Própria / Mão de Obra Terceiros
a) UFF PF 402.831 454.913 504.402 1.006.583 1.512.013 2.014.305 2.516.395
b) JG PJ 441.569 495.730 552.336 1.091.205 1.604.281 2.117.649 2.630.822
c) UFF PJ 634.571 707.447 775.214 1.639.446 2.428.948 3.216.456 4.003.745
Div. c/b 44% 43% 40% 50% 51% 52% 52% 47%
4. Floresta Terceiros / Mão de Obra Terceiros
a) UFF PF 326.225 368.731 408.644 815.068 1.224.740 1.631.275 2.037.608
b) JG PJ 382.770 429.581 478.839 956.438 1.411.638 1.860.798 2.309.761
c) UFF PJ 557.965 621.266 679.456 1.510.793 2.235.974 2.959.161 3.682.128
Div. c/b 46% 45% 42% 58% 58% 59% 59% 52%

Nota: cenários com viabilidade econômica em negrito em com borda. Cálculos dos autores. Base de
investimento R$3000/ha em florestas próprias e compra de R$30/mST em florestas de terceiros.

Os resultados indicam que em todos cenários os resultados da UFF-PJ foram superiores aos do
Forno JG – PJ, exceto para o cenário de 30 unidades (com 120 fornos) com utilização de mão de
obra própria. Na média simples dos cenários de quantitativo de fornos, o VPL para a UFF-PJ é
superior em mais de 31% em comparação ao JP-PJ, chegando à 52% no Cenário 4 (100%
terceirizado).

A ordem (ranking) dos arranjos de empreendimentos que apresentam maior receita foi:
1º - floresta própria e mão de obra própria, 2º - floresta de terceiros e mão de obra própria,
3º - floresta própria e mão de obra terceirizada, e 4º - floresta de terceiros e mão de obra
terceirizada. Deste modo, tem-se que a internalização de processos e infraestrutura, embora
requeiram mais custos e mais trabalho, esses pode proporcionar maior receita ao investidor. A
busca por ampliação da receita em escala/volume (via VPL) também um objetivo econômico,
muitas vezes mais importante que margens mais altas de TIR.

Na Tabela 28 são apresentados dados selecionados do Pay Back (tempo de retorno do


51

investimento) a fim de fundamentar discussão sobre os resultados modelados para os diferentes


cenários e arranjos de empreendimentos de carbonização.
Tabela 28. Análise exploratória de dados selecionados de Pay Back.
Pay Back Quantidade de Fornos / Conjunto com 4 Unidades
Tipo de 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 80 120 160 200
Fonro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20 30 40 50
1. Floresta Própria / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 17 10 9 9 8 8 12 12 12 12 12 12 12 12
b) JG PJ 13 8 8 8 7 7 7 7 8 8 8 8 10 10
c) UFF PJ 10 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 9
2. Floresta Terceiros / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 18 12 11 11 11 12 15 15 15 15 15 15 15 15
b) JG PJ 16 8 8 8 7 8 8 8 8 8 12 9 12 12
c) UFF PJ 11 8 7 8 7 7 7 7 7 8 8 10 10 10
3. Floresta Própria / Mão de Obra Terceiros
a) UFF PF 7 7 7 7 7 7 7
b) JG PJ 7 7 6 6 7 7 7
c) UFF PJ 5 5 5 5 5 5 5
4. Floresta Terceiros / Mão de Obra Terceiros
a) UFF PF 8 8 8 8 8 8 8
b) JG PJ 6 6 6 6 6 6 6
c) UFF PJ 6 6 6 6 6 6 6

Nota: Cenários com viabilidade econômica em negrito em com borda. Cálculos dos autores. Base de
investimento R$3000/ha em florestas próprias e compra de R$30/mST em florestas de terceiros.

Os resultados indicam, para os cenários com viabilidade econômica, o Pay Back de investimentos
entre 5 e 10 meses. Essas variações ocorrem pelas diferentes tipologias de investimentos nos
diferentes tipos de empreendimentos. Dos 91 cenários com viabilidade12, a principal ocorrência
(moda) se dá com 7 meses, com 33 ocorrências (36%), seguido de 8 meses, com 29 ocorrências
(32%).

Os investimentos menos intensos na necessidade capital, ou seja com a mão de obra terceirizada
(a qual preconiza que os investimentos nos fornos ocorrem também por conta do empreiteiro
terceirizado), apresentaram mais ocorrências de Pay Back em limites inferiores de tempo, ao 5º
e 6º mês (23 ocorrências = 25,3%). Inversamente, os investimentos que têm mais dependência
de capital, apresentam a ocorrências de Pay Back em limites superiores de tempo, com 9 e 10
meses de recuperação (6 ocorrências = 6,6%).

Na Tabela 29 são apresentados dados selecionados da Receita Média Mensal - RMM (Líquida) e
da Receita Média Anual - RMA (Líquida) a fim de fundamentar discussão sobre os resultados
modelados para os diferentes cenários e arranjos de empreendimentos de carbonização.
52

12
Vide Nota na da Tabela 27.
Tabela 29. Dados de Receita Média Mensal e Receita Média Anual Líquida, por forno.
RMM Quantidade de Fornos / Conjunto com 4 Unidades
Tipo de 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 80 120 160 200
Fonro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20 30 40 50
1. Floresta Própria / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 494 685 759 717 809 812 528 526 528 527 525 526 525 525
b) JG PJ 613 769 812 749 831 814 713 707 699 695 627 866 538 536
c) UFF PJ 874 1.021 1.057 993 1.064 1.053 952 942 937 928 925 718 714 711
2. Floresta Terceiros / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 412 603 677 635 553 556 446 444 446 445 443 444 443 443
b) JG PJ 531 687 729 667 748 732 631 625 617 613 497 784 484 481
c) UFF PJ 792 939 974 911 982 971 870 860 855 846 843 663 659 656

3. Floresta Própria / Mão de Obra Terceiros


a) UFF PF 398 400 399 397 398 397 397
b) JG PJ 435 434 435 430 421 417 414
c) UFF PJ 619 614 605 641 633 628 626
4. Floresta Terceiros / Mão de Obra Terceiros
a) UFF PF 325 327 326 325 325 325 325
b) JG PJ 380 379 380 379 373 368 366
c) UFF PJ 547 542 533 592 584 580 577

RMA Quantidade de Fornos / Conjunto com 4 Unidades


Tipo de 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 80 120 160 200
Fonro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20 30 40 50
1. Floresta Própria / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 5.923 8.218 9.103 8.605 9.706 9.742 6.331 6.312 6.336 6.320 6.303 6.309 6.303 6.299
b) JG PJ 7.351 9.227 9.738 8.993 9.966 9.766 8.561 8.487 8.385 8.340 7.525 10.389 6.460 6.430
c) UFF PJ 10.486 12.248 12.678 11.911 12.773 12.632 11.425 11.302 11.244 11.137 11.101 8.615 8.562 8.530
2. Floresta Terceiros / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 4.939 7.234 8.118 7.620 6.636 6.672 5.346 5.327 5.352 5.336 5.318 5.324 5.318 5.314
b) JG PJ 6.367 8.242 8.754 8.009 8.982 8.782 7.576 7.502 7.400 7.355 5.959 9.405 5.805 5.775
c) UFF PJ 9.502 11.264 11.694 10.926 11.788 11.648 10.440 10.317 10.259 10.152 10.116 7.959 7.906 7.874

3. Floresta Própria / Mão de Obra Terceiros


a) UFF PF 4.776 4.798 4.784 4.768 4.774 4.768 4.765
b) JG PJ 5.223 5.210 5.223 5.154 5.052 5.002 4.971
c) UFF PJ 7.431 7.370 7.265 7.687 7.592 7.540 7.508
4. Floresta Terceiros / Mão de Obra Terceiros
a) UFF PF 3.905 3.927 3.913 3.897 3.903 3.897 3.894
b) JG PJ 4.558 4.544 4.558 4.545 4.473 4.422 4.391
c) UFF PJ 6.560 6.499 6.394 7.106 7.011 6.959 6.927

Nota: Cenários com viabilidade econômica em negrito em com borda. Cálculos dos autores. Base de
investimento R$3000/ha em florestas próprias e compra de R$30/mST em florestas de terceiros.

Os resultados indicam, para os cenários com viabilidade econômica, que a RRMensal e RMAnual
Líquida por forno varia dependendo da (a) tipologia de empreendimento e (b) o arranjo
quantitativo de fornos e a alocação de recursos para a produção.

A ordem (ranking) dos arranjos de empreendimentos que apresentam maior receita foi:
1º - floresta própria e mão de obra própria, 2º - floresta de terceiros e mão de obra própria,
3º - floresta própria e mão de obra terceirizada, e 4º - floresta de terceiros e mão de obra
terceirizada. Deste modo, tem-se que a internalização de processos e investimentos
(infraestrutura e florestas), embora requeiram mais custos e mais trabalho, esses pode
53

proporcionar maior receita ao investidor, justificando e remunerando o empreendedorismo. A


busca por ampliação da receita em escala/volume (via Renda Média) também um objetivo
econômico, muitas vezes mais importante que margens mais altas de retorno (vide TIR).
Por exemplo,
a) para UFF PJ no arranjo florestas e mão de obra próprias, a renda líquida por forno alcança
valores superiores à R$1.000/mês nas melhores combinações (com 8, 12, 20 e 24 fornos) e
acima de R$925/mês na segunda melhor combinação (com 16, 28, 32, 36, 40 e 80 fornos).
b) para UFF no arranjo de terceiros e mão de obra própria, a renda líquida por forno alcança
valores superiores à R$900/mês nas melhores combinações (com 8, 12, 16, 20 e 24 fornos)
e acima de R$840/mês na segunda melhor combinação (com 28, 32, 36, 40 e 80 fornos).
c) para UFF no arranjo de floresta própria e mão de obra de terceiros, a renda líquida por forno
proporcionam valores superiores à R$600/mês para todos arranjos de fornos.
d) para UFF no arranjo de floresta e mão de obra de terceiros, a renda líquida por forno
proporcionam rendas superiores à R$530/mês para todos arranjos de fornos.
e) no arranjo floresta e mão de obra próprias, a UFF PJ apresenta renda líquida média com valor
29% superior ao Forno JG e 52% superior à UFF PF.
f) no arranjo floresta de terceiros e mão de obra próprias, a UFF PJ apresenta renda líquida
média com valor 33% superior ao Forno JG, e 69% superior à UFF PF.
g) no arranjo floresta própria e mão de obra de terceiros, a UFF PJ apresenta renda líquida
média com valor 46% superior ao Forno JG, e 56% superior à UFF PF.
h) no arranjo floresta e mão de obra de terceiros, a UFF PJ apresenta renda líquida média com
valor 50% superior ao Forno JG, e 73% superior à UFF PF.
i) Intra arranjos produtivos, tem-se as seguintes perdas de receita líquida (em R$ e %) entre
um sistema e outro:
Tabela 30. Diferenças de renda média mensal líquida, para diferentes arranjos produtivos de
carbonização utilizando UFF.
1. Floresta Própria 2. Floresta Terceiros 3. Floresta Própria 4. Floresta Terceiros
Arranjo Produtivo UFF
Mão de obra Própria Mão de obra Própria Mão de obra Terceiros Mão de obra Terceiros
1. Floresta própria -R$76,18 -R$296,78 -R$355,54
--
Mão de obra Própria -9,0% -48% -63%
2. Floresta Terceiros _ -R$220,59 -R$279,36
_
Mão de obra Própria -35% -49%
3. Floresta própria _ _ -R$58,76
_
Mão de obra Terceiros -10%

Para ampliar a discussão, devem ser analisadas a renda líquida mensal e anual sob a ótica do
pequeno empreendedor rural, e também de empreendedores de médio e grande porte. Para tal,
multiplicou-se a renda média por forno pela quantidade de unidades a serem adotadas no
projeto.

Para o pequeno empreendedor/produtor rural, exemplifica-se as receitas geradas com poucas


UFFs com tributação PJ13, com preço médio pago pela produção de carvão a R$130,00/mdc:
54

13
Ver Anexos Tabelas 32, 33, 34 e 35 - indicadores econômicos RMM e RMMA.
Tabela 31. Renda média mensal liquida gerada em pequenos empreendimentos com UFF.

Renda 1 UFF 2 UFF 3 UFF 4 UFF


Arranjo Produtivo UFF
Média 4 fornos 8 fornos 12 fornos 16 fornos
Floresta ao Mês R$3.495 R$8.166 R$12.678 R$15.881
Mão de
Própria ao Ano R$ 41.946 R$97.986 R$152.139 R$190.572
obra
Floresta ao Mês R$3.167 R$7.509 R$11.694 R$14.568
Própria
Terceiros ao Ano R$38.008 R$90.110 R$140.325 R$174.820

Em tese, esses se tratam de empreendimentos com dimensões/quantitativos factíveis de


execução à pequenos produtores rurais, os quais podem gerar rendas significativas a esses, ao
atuar com mão de obra própria, e com florestas próprias ou florestas de terceiros para compra
de madeira. Ressalta-se que as receitas podem ser maiores quando de alta no preço pago pelo
carvão (acima que R$130/mdc), fato esse em ocorrência a partir de 2019.

Sob a ótica do médio e grande empreendimento (com mais de 32 fornos), exemplifica-se as


receitas geradas para UFFs com tributação PJ, com preço médio pago pela produção de carvão a
R$130,00/mdc:

Tabela 32. Renda média mensal liquida gerada em médios e grandes empreendimentos com UFF.

Renda 8 UFF 20 UFF 30 UFF 50 UFF


Arranjo Produtivo UFF
Média 32 fornos 80 fornos 120 fornos 200 fornos
Floresta ao Mês R$19.817 R$51.244 R$75.921 R$125.133
Mão de
Própria ao Ano R$237.798 R$290.612 R$911.055 R$1.501.602
obra
Floresta ao Mês R$17.493 R$47.373 R$70.115 R$115.456
Terceiros
Terceiros ao Ano R$209.921 R$568.480 R$841.375 R$1.385.469

Os empreendimentos de médio e grande porte também apresentam receitas líquidas médias


atrativas ao empreendedor de médio e grande porte, tendo como arranjo atuação com mão de
obra terceirizada, e com florestas próprias ou florestas de terceiros para compra de madeira.
Ressalta-se que as receitas podem ser maiores quando de alta no preço pago pelo carvão (maior
que R$130/mdc), fato esse em ocorrência a partir de 2019.

Com base no teste de sensibilidade à variação de preços, foram calculadas as elasticidades preço
dos fatores, cujos resultados estão consolidados na Tabela 33 a seguir.
55
Tabela 33. Síntese de dados de sensibilidade – elasticidade preço de fatores de produção.

Elasticidade Preço (média)


Arranjo
Preço do Carvão Preço do Frete
Produtivo
UFF-UFV Forno JG UFF-UFV Forno JG
1. Floresta própria 0,3% 0,3% 0,2% 0,3%
Mão de obra Própria -0,5% -0,5% -0,3% -0,3%
2. Floresta Terceiros 0,3% 0,3% 0,2% 0,3%
Mão de obra Própria -0,5% -0,5% -0,3% -0,3%
3. Floresta Própria 0,8% 0,8% 0,5% 0,4%
Mão de obra Terceiros -1,0% -1,2% -0,5% -0,6%
4. Floresta Terceiros 0,8% 0,7% 0,5% 0,4%
Mão de obra Terceiros -1,0% -1,2% -0,4% -0,6%

Nota: = valor acima do preço base


= valor abaixo do preço base
Cálculos dos autores

Os resultados indicam:

a) Variações no preço do carvão (venda):


– inelástica quando de
. uso de mão de obra própria, ou seja, o aumento no preço do carvão (exemplo de 1%)
produz um aumento menos que proporcional à rentabilidade do negócio, e também
quando da redução no preço do carvão, também produz redução menos que
proporcional à rentabilidade do negócio. Em todos os casos o coeficiente é menor ou
igual a (+ ou -) 0,5%. Para UFF e Forno JG.
. uso de mão de obra terceirizada, quando do aumento no preço do carvão (exemplo de
1%) produz um aumento menos que proporcional à rentabilidade do negócio. Em todos
os casos o coeficiente é menor ou igual a (+ ou -) 0,7% e 0,8%. Para UFF e Forno JG.
– elástica unitária para UFF quando do uso de mão de obra terceirizada, a redução de 1% no
preço do carvão produz um percentual perda igual na rentabilidade do negócio, ou seja,
também de 1%.
– elástica (positiva) para Forno JG quando do uso de mão de obra terceirizada, a redução de
1% no preço do carvão produz um percentual perda maior que essa porcentagem na
rentabilidade do negócio. Neste caso as perdas estimadas estão na ordem de 1,2% quando
da redução e preço de venda.

– De maneira geral,
. não houve diferença significativa quanto da mudança da propriedade da floresta
(própria ou de terceiros).
. quando da adoção de sistemas com mão de obra terceirizada, o peso da elasticidade é
56

levemente superior comparado ao de uso de mão de obra própria, tendo esse incidência
mais leve, mas provocando maiores perdas em rentabildade.
. quando da redução de preços de carvão, as perdas incidentes na lucratividade são
proporcionalmente maiores comparadas aos ganhos gerados quando de aumentos nos
preços de vendas. Essa função está associada ao custo oportunidade do capital, de modo
que as taxas incidentes sobre os empréstimos e amortizações têm maior taxa incidente
em comparação às remunerações (juros e correções monetárias) sobre o lucro.

b) Variações no preço do frete (custo):


– inelástica para todos cenários, para UFF e Forno JG.
. a diminuição no preço do frete (exemplo de 1%) produz um aumento menos que
proporcional à rentabilidade do negócio, entre 0,2% e 0,5%.
. o aumento no preço do frete (exemplo de 1%) produz uma redução menos que
proporcional à rentabilidade do negócio, entre -0,3% e -0,6%.

c) Análise visual (não paramétrica) dos gráficos relativos à sensibilidade preço (na seção Anexos),
indicam uma tendência de perda proporcionalmente maior para os cenários sem viabilidade
econômica (de TIR), comparada aos cenários que tem viabilidade econômica (apresentados
em negrito e com borda).

A análise de sensibilidade à variação de preços é de vital importância para a decisão estratégia


do negócio, tanto para o investimento quanto para o encerramento de atividades (para não
tomar prejuízos), pois a redução nos preços pagos pelo carvão ou aumento no custo de insumos
tendem a inviabilizar os empreendimentos.

Síntese dos resultados de sensibilidade é apresentado na Tabela 34, a seguir. Os resultados


indicam:

a) Para variações no preço do carvão14


- empreendimentos com mão de obra própria, com
. o preço igual e abaixo de R$110 inviabiliza todos negócios.
. o preço igual a R$120 viabiliza parte de empreendimentos UFF, mas inviabiliza
empreendimentos Forno JG com floresta de terceiros.
. o preço igual a R$130 viabiliza empreendimentos UFF, mas viabilizar parte de
empreendimentos Forno JG e UFF com floresta de terceiros.
. o preço igual a R$140 viabiliza todos os empreendimentos UFF, mas viabiliza parte dos
empreendimentos Forno JG com florestas de terceiros.
. o preço igual e acima de R$150 viabiliza todos negócios.

- empreendimentos com mão de obra terceirizada, com


. o preço igual e abaixo de R$110 inviabiliza todos negócios, exceto a UFF com floresta
57

própria quem é viabilizada.

14
Com preço base de frete fixo em R$30/mdc, e florestas próprias com investimento de R$5000/ha.
. o preço igual a R$120 viabiliza todos empreendimento, mas o empreendimento Forno
JG com florestas de terceiros mantém-se inviabilizada.
. o preço igual ou maior que R$130 viabiliza todos empreendimento.

Tabela 34. Síntese dos resultados de sensibilidade à variação de preços.


Mão de Obra Própria
VENDA CARVÃO (mdc)
Floresta Própria Floresta Terceiros
Variação Preço UFF Forno JG UFF Forno JG
R$160 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
Aumento R$150 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
R$140 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza parte
Preço base R$130 Viabiliza Viabiliza parte Viabiliza parte Viabiliza parte
R$120 Viabiliza parte Viabiliza parte Viabiliza parte Inviabiliza
Redução R$110 Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza
R$100 Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza

Mão de Obra Terceiros


VENDA CARVÃO (mdc)
Floresta Própria Floresta Terceiros
Variação Preço UFF Forno JG UFF Forno JG
R$160 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
Aumento R$150 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
R$140 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
Preço base R$130 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
R$120 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Inviabiliza
Redução R$110 Viabiliza Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza
R$100 Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza

Mão de Obra Própria


FRETE (mdc)
Floresta Própria Floresta Terceiros
Variação Preço UFF Forno JG UFF Forno JG
R$20 Viabiliza Viabiliza parte Viabiliza Viabiliza parte
Redução
R$25 Viabiliza Viabiliza parte Viabiliza Viabiliza parte
Preço base R$30 Viabiliza Viabiliza parte Viabiliza parte Viabiliza parte
R$35 Viabiliza parte Viabiliza parte Viabiliza parte Inviabiliza
Aumento R$40 Viabiliza parte Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza
R$45 Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza Inviabiliza

Mão de Obra Terceiros


FRETE (mdc)
Floresta Própria Floresta Terceiros
Variação Preço UFF Forno JG UFF Forno JG
R$20 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
Redução
R$25 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
Preço base R$30 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
R$35 Viabiliza Viabiliza Viabiliza Viabiliza
Aumento R$40 Viabiliza Viabiliza parte Viabiliza Inviabiliza
R$45 Viabiliza Inviabiliza Viabiliza Inviabiliza

Para variações no preço do frete15


58

- empreendimentos com mão de obra própria, com

15
Com preço base do carvão fixo em R$130,00/mdc.
. o preço igual e abaixo de R$25, os empreendimentos Forno JG têm viabilidade parcial e UFF
têm viabilidade.
. o preço igual a R$30 viabiliza parte dos empreendimentos Forno JG e UFF com floresta de
terceiros. UFF mantêm viabilidade com florestas próprias.
. o preço igual a R$35 viabiliza parte dos empreendimentos Forno JG e UFF com floresta de
terceiros. Forno JG com com florestas de terceiros inviabiliza.
. o preço igual e acima de R$40 viabiliza parte do empreendimento UFF com floresta próprias,
mas inviabiliza os demais empreendimentos.

- empreendimentos com mão de obra terceirizada, com


. o preço igual e abaixo de R$35 mantêm viabilizados todos empreendimentos, UFF e Forno JG.
. o preço igual a R$40 viabiliza parte dos empreendimentos Forno JG com floresta de própria
e inviabiliza com florestas de terceiros. UFF mantêm-se com viabilidade.
. o preço igual R$45 inviabiliza empreendimentos Forno JG e UFF mantêm-se com viabilidade.

Em síntese,
a) Os preços base propostos para este estudo apresentam próximos ao limiar entre a viabilidade,
viabilidade parcial e inviabilidade dos empreendimentos, portanto a análise de investimentos
requer cautela quanto interpretação de resultados.
b) O aumento no preço base do carvão tende a promover a ampla viabilidade dos negócios de
carbonização, e quando da redução de preços, a viabilidade parcial ou inviabilidade.
c) A variação no preço base do frete, promove variação mais tênue nos resultados, mas também
indicam a o aumento de custos tende a promover a viabilidade parcial ou inviabilidade.
d) Os empreendimentos com utilização de mão de obra terceirizada apresentaram maior
resistência à variação de preços, apresentando maior quantitativo de cenários com viabilidade
e/ou viabilidade parcial, comparado aos empreendimentos com mão de obra própria.
e) Os empreendimentos com utilização de mão de obra própria, por ter maior intensidade de
uso de capital, em especial em investimentos, apresentaram maior sensibilidade às variações
de preço, comparado aos empreendimentos com mão de obra terceirizada.
f) Os empreendimentos com utilização de mão de obra própria, precisam maior cautela sobre
os processos de tomada de decisão, em especial considerando os preços bases considerados,
de R$130/mdc para venda de carvão e de R$30,00/mdc para o frete.
g) Para o UFF com floresta própria e mão de obra de terceiros, mostrou-se com mais resiliência
e maior cenários de viabilidade e comparado aos demais casos.
59

Na Tabela 35 a seguir é apresentada a prospecção de demandas e necessidades de investimentos


em base florestal, em área, para os diferentes cenários estimados deste EVTE (em quantidade de
fornos) também considerando diferentes volumetrias de lenha produzida por hectare.
Tabela 35. Estimativa de demanda por base florestal, para diferentes cenários de projeto de carbonização.

60
A modelagem por demanda em investimentos em florestas indica que, considerando um
volume médio de produção efetiva de 347,2 mST de lenha por hectare, são necessários o
seguinte plantio/estoque de florestas para funcionamento do sistema de carvoejamento:

 uma (01) UFF ou 4 Fornos JG - 7,7 hectares - ao ano.


- 23,1 hectares - 36 meses de projeto.
- 53,8 hectares - 7 anos / ciclo contínuo.

Observa-se que a volumetria de madeira nas florestas tem impacto significativo na


extensão/quantidade de áreas a serem plantadas. Por exemplo, florestas mais pobres com a
volumetria de 243 mST por hectare, incrementam a necessidade por áreas em 30%. Assim,
para essa produtividade por hectare, o funcionamento da UFF requer: 11 hectares de floresta
para um ano de trabalho, 33 hectares para 36 meses, e 76,9 hectares para o ciclo contínuo. E
inversamente, florestas mais produtivas requerem menos áreas plantadas; por exemplo, uma
área que produz 555 mST por hectare, para o funcionamento de uma UFF reduz-se o
quantitativo a 4,8 hectares para 1 ano, 14,4 hectares para 36 meses e 33,6 hectares para o
ciclo contínuo.

Para o planejamento de empreendimento com seu respectivo quantitativo de fornos,


multiplica-se o número de fornos ou UFFs desejados pela quantidade de áreas estimadas para
funcionamento de uma unidade. Observa-se que, os números tornam-se expressivos. Como
por exemplo, considerando a produção de 347,2 mST por hectare, tem-se a necessidade de
plantio na seguinte ordem:

 cinco (5) UFF ou 20 Fornos JG - 38,5 hectares - ao ano.


- 115,4 hectares - 36 meses de projeto.
- 269,3 hectares - 7 anos / ciclo contínuo.

 trinta (30) UFF ou 120 Fornos JG - 230,7 hectares - ao ano.


- 692,2 hectares - 36 meses de projeto.
- 1615,1 hectares - 7 anos / ciclo contínuo.

Esses números são de importante consideração pois além do plantio ser premissa para que a
carbonização e os sistemas de produção existam, esses se tratam de investimentos com
valores expressivos. Como por exemplo, considerando o investimento mínimo esperado de
R$5.000/ha, para o funcionamento de uma UFF é necessário o investimento:

 Para produtividade de 347,2 mST/ ha - R$38.500,00/ano e R$115.500,00 para 36 meses.


 Para produtividade de 555,6 mST/ ha - R$24.000,00/ano e R$72.000,00 para 36 meses.

A dimensão da área e o montante de recursos a serem investidos são fatores de importante


consideração para habilitar investimentos na área florestal, em especial de pequenos
61

produtores rurais. Ressalta-se:


 O funcionamento de uma UFF tomaria entre 9% e 6% de uma pequena propriedade rural
em João Pinheiro, que possui aproximadamente 260 hectares, com 4 módulos fiscais16.
 Os recursos da taxa de reposição florestal17 em MG estão suspensos desde 01/01/2018,
a partir de quando as empresas siderúrgicas, metalúrgicas, ferroligas e afins não podem
mais consumir produto ou subproduto florestal de origem nativa. Sendo assim, o custeio
de investimentos florestais deve ter origem em recursos próprios ou financiamento de
terceiros. Lacuna essa que pode limitar a busca e interesse de dar escala aos negócios.

Por exemplo, um empreendimento de médio porte de 8 UFFs com 32 fornos, requer para
36 meses o plantio de 185,6 hectares e o investimento estimado em R$928.000,00. E, um
empreendimento com 120 fornos requer o plantio de 461,4 hectares e investimento estimado
em R$3.461.000,00. Tratam-se de números significativos.

Por fim, ressalta-se que os valores de investimento e a produtividade por hectare não tem
reflexos nos cálculos do EVTE, pois nesse foi adotada a remuneração do plantio em florestas
próprias por via do pagamento pelo volume de madeira produzida e vendida em mST. Ou seja,
o rendimento do Carvoejamento independe do rendimento da floresta. Sendo assim, a
estratégia de plantio/produção e a localidade de produção devem ser estudadas a parte pelos
empreendedores, sendo tratada como um negócio distinto ao negócio da carbonização. É
recomendado que este apresente viabilidade em si só.

7. C onclusões e Recomendações
Os resultados deste trabalho alcançaram seu objetivo de desenvolver modelo econômico e
análise técnica que representasse as características de empreendimentos de carbonização
(Forno JG e Unidade Forno Fornalha – UFF), para o caso do município de João Pinheiro – MG.
Nesse foram desenvolvidos diversos cenários considerando diferentes fatores e custos de
produção. Procedimentos de validação e verificação, indicam coerência nos resultados e dados
gerados.

A seguir são apresentados os principais resultados encontrados neste estudo e tecidas


recomendações finais.

1) O sistema de produção Unidade Forno Fornalha – UFF-UFV apresentou ampla viabilidade


econômica, em todos arranjos de produção estudados, considerando pequenos à grandes
empreendimentos de carbonização, com 4 fornos a 200 fornos.

O sistema de produção com Forno JG também apresenta viabilidade, mas em menor


62

amplitude de empreendimentos, tendendo a excluir os valores das pontas (4 e 200 fornos)


e também os promovem menor rentabilidade e renda (comparado à UFF).

16 Tamanho de 1 módulo = 65 hectares.


17 Lei Estadual 20.922/2013; Decreto Estadual 47.383/2018; e, Resolução Conjunta SEMAD/ IEF nº 1914/2013.
2) Toma-se como premissa que a UFF-UFV apresenta maior rendimento gravimétrico e
coeficiente de volumetria na carbonização, com produção 5% superior (média) aos sistemas
de fornos circulares convencionais para produção de carvão na região.

Com um modelo genérico propõe-se os seguintes fatores (médios) de conversão lenha em


carvão (mST  mdc) de:
- UFF = 50% no período de seca e 45% no período de chuva.
- Forno JG = 45% no período de seca e 40% no período de chuva.

Eventuais processos de carbonização que gerem maiores ganhos ou perdas na carbonização,


podem utilizar os resultados deste trabalho como referência para a própria análise da
seguinte maneira:
- Caso a carbonização tenha coeficiente maior aos utilizados aqui, o resultado econômico
estará acima do apresentado neste EVTE.
- Caso a carbonização tenha coeficiente menor aos utilizados aqui, o resultado econômico
estará abaixo do apresentado neste EVTE.
- O fator mais determinantes da análise é o rendimento da carbonização em si, e não o
modelo do forno utilizado. Assim, a referência dos resultados encontrados podem
inclusive ser consideradas de um forno para o outro.

3) Os custos de investimento inicial e de manutenção para a UFF são maiores, estimados em


26,6% acima do modelo convencional, mas tem seus custos compensados ao proporcionar
maior receita e taxa de retorno para todos os casos estudados, devido à premissa do maior
rendimento gravimétrico.

4) Os arranjos de produção da UFF e Forno JG indicam:


 Sistemas com mão de obra terceirizada são mais indicados para empreendimentos com
maiores escalas (exemplo mais de 30 fornos), pelo fato do empreiteiro poder alocar a
quantidade base de trabalhadores por função, sem a necessidade de adaptar o sistema
produtivo. Quando da necessidade de adaptações, os custos de produção tendem a ser
mais altos comparados ao modelo base, o que pode inviabilizar o negócio pela
necessidade de ser cobrado preço mais alto pelo metro de carvão produzido. Assim,
menos de 32 fornos não foram considerados para análise desse tipo de arranjo para evitar
má interpretação.
 Já nos sistemas com mão de obra própria são indicados para todos tipos de
empreendimentos. Nesse reside maior possibilidade de adaptar a alocação de recursos
humanos, por ser tarefa do próprio empreendedor, de modo a flexibilizar e permitir o
funcionamento de sistemas produtivos, em especial com menos de 30 fornos.
63

5) Os indicadores econômicos apresentam:


 Os sistemas que adotam mão de obra terceirizada apresentam maior margem % de
retorno, enquanto os arranjos com mão de obra própria apresentam maior valor de
negócio e remuneração média (mensal e anual). Isto ocorre porque o capital inicial
investido, o qual é maior nos negócios com mão de obra própria, também é remunerado
pelo negócio. Ressalta-se que na mão de obra terceirizada os investimentos e
manutenções com fornos correm por conta do empreiteiro contratado, o qual é pago com
a produção de carvão vendido, sendo que no sistema próprio tratam-se de desembolsos
do empreendedor.
 Os sistemas que adotam florestas próprias apresentam maior margem % de retorno e
maior rentabilidade comparada quando com compra de madeira em florestas de
terceiros. Isto ocorre porque no modelo com florestas próprias, em tese a predisposição
a receber pela floresta é igual ou menor ao preço de compra de madeira no mercado,
pois ao empreendedor também residirá a margem de lucro da carbonização. Nas florestas
de terceiros, o vendedor reflorestador busca maiores preços ao tentar captar margens de
pagamento pela siderurgia ao carvão, havendo assim pressão nos preços de lenha.
 Embora nos investimentos em florestas próprias residam maiores margens e
remuneração, também residem os riscos associados, os quais recaem sobre o produtor.
 O Pay Back (taxa de retorno do investimento) ocorre na maioria das vezes entre o mês 7
ou 8 de produção, podendo reduzir nos sistemas terceirizados ou aumentar nos modelos
com mais dependência de capital.
 A receita média é bastante influenciada pelo tipo de arranjo produtivo. Por exemplo, a
receita média mensal (RMM) para o sistema UFF com tributação Pessoa Jurídica:
- com florestas e mão de obra próprias, a renda líquida por forno apresenta-se entre
R$1.064/mês e R$925/mês para a maioria dos cenários.
- com florestas de terceiros e mão de obra própria, a renda líquida por forno
apresenta-se entre R$982/mês e R$846/mês para os cenários com viabilidade.
- com floresta própria e mão de obra de terceiros, a renda líquida por forno apresenta-
se entre R$641/mês e R$614/mês para os cenários com viabilidade.
- com floresta e mão de obra de terceiros, a renda líquida por forno apresenta-se entre
R$592/mês e R$533/mês para os cenários com viabilidade.
- a variação de renda média para o arranjo floresta e mão de obra próprias, variou
entre tipos de fornos e tributação: UFF Pessoa Jurídica apresenta-se 29% superior ao
Forno JG, e apresenta-se 52% superior à UFF Pessoa Física.
 A receita média anual (RMA) líquida podem gerar valor de rendas significativas como
exemplo para o sistema UFF Pessoa jurídica com florestas e mão de obra próprias:
- ao pequeno produtor rural = R$ 41.946/ano para 1 UFF, R$97.986/ano para 2 UFFs,
e R$140.325/ano para 3 UFFs.
- para grande empreendimentos = R$ 237.798/ano para 8 UFF, R$911.055/ano para
12 UFFs, e R$1.501.602/ano para 50 UFFs.

6) Quanto à análise de sensibilidade:


64

 De maneira geral, a tendência indicada é,


- quando do uso de mão de obra própria, os custos de produção muito altos e preços
baixos pagos pelo carvão inviabilizam ou reduzem significativamente a viabilidade da
produção de carvão, tanto para UFF quanto Forno JG, em todos cenários. Sendo que
são mais sensíveis a quantidade de fornos nas extremidades das análises (iniciando
com 4 fornos e finalizando com 200 fornos), demonstrando haver mais estabilidade
o centro entre 20 e 24 fornos e escalas próximas.
- quando do uso de mão de obra terceirizada, para mais de 32 fornos, os custos de
produção muito altos e preços baixos pagos pelo carvão reduzem a viabilidade da
produção de carvão, de uma maneira menos forte para UFF, comparado ao Forno JG.
 A variação no preço de venda do carvão e do frete, de maneira geral apresenta variação
inelástica, de modo que perdas ou ganhos no fator (exemplo de 1%), produzem perdas
ou ganhos menores que 1% na rentabilidade do negócio. Exceto para as reduções no
preço de venda do carvão que produzem perdas em % igual ou maior à variação.
 Os empreendimentos que utilizam mão de obra própria apresentam maior resistência à
variabilidade de preço, comparado aos empreendimentos com mão de obra terceirizada.
 A UFF promove maior resistência à variabilidade de preço, comparado Forno JG.

7) As áreas de florestas e custos associados são fator relevante ao investimento, pois uma
(01) UFF ou 4 Fornos JG requer para o funcionamento de 1 ano o plantio de 7,7 hectares,
para 36 meses o plantio de 23,1 hectares, e para um ciclo contínuo de 7 anos o plantio de
53,8 hectares (referência de produção 347,2 mST de lenha por hectare).

Para esta área, considerando investimentos de R$5000 por hectare, são necessários
investimentos na ordem de $38.500,00/ano, R$115.500,00/36 meses e R$269.000/ciclo
contínuo.

Áreas mais produtivas requerem menor quantitativo de área e menor investimento


global. Desde modo, o exercício da análise de investimento em florestas deve ser feito
caso a caso, destacado do processo de carbonização para evitar que um negócio não
inviabilize o outro.

Os resultados indicam que para a UFF existe viabilidade e indicação para sistemas produtivos
desde pequena à larga escala, com 4 a 200 fornos.

Uma discussão aprofundada sobre a indicação será desenvolvida no Plano de Negócios para
implementação da UFF.
65

Há complexidade em se falar e trabalhar com a produção de carvão sem que esta esteja
intrinsecamente ligada à produção de florestas, portanto uma política setorial e/ou de
promoção/fomento deve considerar as duas áreas de maneira associada, caso contrário,
repercutem no aguçamento da percepção desses serem empreendimentos de riscos.
Embora a UFF-UFV apresente maior viabilidade e menor vulnerabilidade sobre os aspectos
produtivos (como: alocação de fatores e logística) comparada ao Forno JG, pela UFF ter maior
custos de implementação/manutenção e operação pode haver resistência quanto à adoção
dessa. Portanto, uma política de promoção da UFF deve trabalhar aspectos que não somente
demonstrem os aspectos relacionados à viabilidade e ao retorno, mas eu também busque
desoneração financeira para a adoção da nova tecnologia, para que essa tenha ainda maior
viabilidade comparado à tecnologia mais poluente. Por exemplo, devem ser discutidas
desonerações fiscais (de impostos, como o ICMS, redução e RAT, dentre outras) ou uma política
para produtos advindos de origem/produção que considera aspectos de maior sustentabilidade
(exemplo: com de preços mínimos, mecanismos de mensuração e pagamento por gravimetria).

A produção de carvão segue princípios de “tradicionalidade” e uso de mão de obra com baixa
qualificação, portanto a indução e promoção da mudança de paradigmas produtivos requer
atenção do setor público e da academia sobre os aspectos sociais da produção, devendo
considerar a educação, capacitação e assistência técnica continuada, como protocolos de
operações.

Residem recomendações para aprimoramento do projeto tecnologia UFF-UFV para escalas mais
largas de empreendimento, para facilitar as operações de produção e tornar o projeto ainda mais
viável para maior número de fornos.

Acesso à informação – as informações sobre os setores precisam ser melhor compiladas,


analisadas e divulgadas, para que os produtores não fiquem vulneráveis à atravessadores e às
siderurgias, bem como para que o governo saiba melhor trabalhar as políticas públicas setoriais.

Organização e fortalecimento do setor produtivo / representação setorial. Recomenda-se


promoção da organização do setor produtivo, para que esse tenha maior voz e representação
junto às siderúrgicas e aos governos (setor público) para redução e vulnerabilidades.

Definição de agenda política com o setor público e o setor privado. Recomenda-se o


desenvolvimento de agenda para promover maior transparência e redução de vulnerabilidades
nos investimentos sobre o setor produtivo do carvão.
66
8. Referências Bibliográficas
Andreon, B. C. Análise de custos do corte florestal semi mecanizado em região declivosas no sul do
Espírito Santo. Universidade Federal do Espírito Santo, monografia de graduação, 24 p., 2011.

Cardoso, M. T.; Carneiro, A. C. O. Damásio, R. A. P.; Jacovine, L. A. G.; Vital, B. R.; Martins, M. C.; Santos,
R. C. Efeito da combustão dos gases da carbonização no rendimento gravimétrico da madeira de
Eucalyptus sp. Ciência da Madeira, Pelotas, ISSN: 2177-6830, v. 01, n. 02, p. 20-31, Novembro de 2010.

Coutinho A. R.; Ferraz E. S. B. Determinação da friabilidade do carvão vegetal em função do diâmetro


das árvores e temperatura de carbonização. IPEF, n.38, p.33-37, abr. 1988.

Donato, D. B. Desenvolvimento e Avaliação de fornalha para combustão dos gases da carbonização da


madeira. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Viçosa, UFV. 89 p., 2017.

ENVALMA. Estimação de Volume Estéreo de Madeira. ENVALMA Máquinas para Madeiras Ltda. NOTA
TÉCNICA 3. Balsa Nova, PR, 14 p., 22 de abril 2014,

Frederico, P.G.U. Efeito da região e da madeira de eucalipto nas propriedades do carvão vegetal.
Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa - UFV, 85p., 2009.

Jacovine, L. A. G.; Rezende, J. L. P.; Souza, A. P.; Leite, H. G.; Trindade, C. Descrição e uso de uma
metodologia para avaliação dos custos da qualidade na colheita florestal semimecanizada. Ciência
Florestal, Santa Maria, v.9, n.1, p. 143-160, 1999.

Lana, A. Q. Desenvolvimento e Avaliação de uma Fornalha Metálica para Combustão dos Gases da
Carbonização da Madeira. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa - UFV. 61 p., 2014.

Leite, E. S.; Fernandes, H. C.; Guedes, I. L.; Amaral, E. J. Análise técnica e de custos do corte florestal
semimecanizado em povoamentos de eucalipto em diferentes espaçamentos. Revista Cerne, v. 20m n.
3, p. 637-643, 2014.

Lima, E. A.; Silva,H.D.; Tussolini, E. L. Potencial do Eucalyptus benthamii para produção de carvão em
fornos convencionais. Embrapa Florestas, Comunicado Técnico, 305, ISSN 1980-3982, Colombo, PR
Agosto, 4 p., 2012.

Moreira, F. M. T. Análise técnica e econômica de subsistemas de colheita de madeira de eucalipto em


terceira rotação. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa - UFV, 148 p., 2000.

Oliveira, A. C.; Carneiro, A. C. O.; Pereira, B. L. C.; Vital, B. R.; Carvalho, A. M. M. L.; Trugilho, P. F.; Damásio,
R. A. P. Otimização da produção do carvão vegetal por meio do controle de temperaturas de
carbonização. Rev. Árvore, Viçosa, vol.37, no.3, pp.557-566, May/June 2013.

Oliveira, A. C. Sistema forno-fornalha para produção de carvão vegetal. Dissertação de Mestrado.


Universidade Federal de Viçosa – UFV, 64 p., 2012.

Picancio, A.C; Isbaex, C; Silva, M.L; Rêgo, L.J; Silva, L.F. Controle do processo de produção de carvão
67

vegetal para siderurgia. Caderno de Administração. Revista do Departamento de Administração da FEA /


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / PUC-SP. ISSN 1414-739. v. 12, n. 1, 2018.

Portal do Empreendedor - MEI. www.portaldoempreendedor.gov.br. Acesso em 01 de março de 2019.


Receita Federal. Tabela de imposto de Renda pessoa Física – IRPF. Disponível em: Receita Federal
http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica. Acesso em
01 de março de 2019.

Santos, D. W. F. N.; Leite, E. S.; Souza, D. R.; Fernandes, H. C. Análise técnica-econômica de sistemas de
colheita: toras curtas e toras longas sob métodos mecanizado e semimecanizado. Magistra, Cruz das
Almas – BA, V. 27, N.3/4, p.412-423, Jul./Dez. 2015.

Weather Spark. Resumo meteorológico com sazonalidade de chuvas e temperaturas em João Pinheiro
– MG. Acessado em https://pt.weatherspark.com/y/30367/Clima-característico-em-João-Pinheiro-Brasil-
durante-o-ano. Março de 2019.

68
9. Anexos

69
Tabela 36. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 1 UFF-UFV (4 Fornos).

70
Continuação Tabela 36. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 1 UFF-UFV (4 Fornos).

71
Tabela 37. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 4 Fornos JG.

72
Continuação Tabela 37. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 4 Fornos JG.

73
Tabela 38. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica para 2 UFF-UFV (8 Fornos).

74
Continuação Tabela 38. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica para 2 UFF-UFV (8 Fornos).

75
Tabela 39. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica - para 8 Fornos JG.

76
Continuação Tabela 39. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica - para 8 Fornos JG.

77
Tabela 40. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 8 UFF-UFV (32 Fornos).

78
Continuação Tabela 40. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 8 UFF-UFV (32 Fornos).

79
Tabela 41. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 32 Fornos JG.

80
Continuação Tabela 41. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 32 Fornos JG.

81
Tabela 42. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica.

82
Tabela 43. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica.

83
Tabela 44. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica.

84
Tabela 45. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica.

85
Tabela 46. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Física.

86
Tabela 47. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa Física.

87
Tabela 48. Forno - JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica.

88
Tabela 49. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs. floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica.

89
Tabela 50. Forno JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica.

90
Tabela 51. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica.

91
Tabela 52. Lista de contatos – entrevista de campo em João Pinheiro MG.

92

Você também pode gostar