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Contratante Consórcio
9. Anexos ................................................................................................................... 69
Siglas e Símbolos
Ø - diâmetro
> - maior que
< - menor que
= - igual, ou igual a
a.a. - ao ano
a.m. - ao mês
c.c. - ciclo contínuo
EVTE - Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica
ha - hectares
kg - quilograma
km - quilômetros
m - metro
m3 - metro cúbico
mdc - metro de carvão
mST - metro estéreo
PF - Pessoa Física
PJ - Pessoa Jurídica
RH - Recursos Humanos
RMA - Retorno Médio Anual
RMM - Retorno Médio Mensal
st – estéreo ou metro estéreo
t - tonelada
TMA - Taxa Mínima de Atratividade
TIR - Taxa Interna de Retorno
VLP - Valor Líquido Presente
ii
Tabelas
Tabela 1. Premissas base utilizadas no EVTE. ............................................................................... 7
Tabela 2. Modelo de alocação de quantidade de fornos (caso de 8 unidades). .......................... 8
Tabela 3. Estimativa de custos de implementação e da vida-útil dos fornos (caso de 1 UFF /
4 fornos). .................................................................................................................... 9
Tabela 4. Tempos e movimentos do processo de carbonização - período de chuva e de
seca. .......................................................................................................................... 12
Tabela 5. Efetividade dos ciclos de carbonização no período de seca e de chuva. .................... 12
Tabela 6. Rendimento da carbonização e produção estimada (caso de 1 UFF / 4 fornos JG). .. 14
Tabela 7. Premissas dos estoques florestais e cenários de produção para diferentes sítios..... 15
Tabela 8. Demanda por estoques florestais (cenário de negócio = 1 UFF / 4 fornos JG). ........ 16
Tabela 9. Estoques Florestais - fatores sobre implementação e manutenção. ......................... 17
Tabela 10. Colheita florestal – eficiência e demanda de equipe (estimativa para uma UFF /
4 fornos JG). .............................................................................................................. 20
Tabela 11. Profissional para produção de carvão - base salarial e custo total com impostos. .. 24
Tabela 12. RH – Estimativa de alocado pessoal na produção e custos associados. ................... 25
Tabela 13. RH - Alíquotas de incidências sobre o salário e de valores de benefícios. ............... 27
Tabela 14. RH - Estimativa de custos com salários, encargos e benefícios para diferentes
bandas salariais e modalidades tributárias (2019). ................................................. 28
Tabela 15. Incidência de custos com administração e operações. ........................................... 29
Tabela 16. Imposto de Renda Pessoa Física (base 2019). .......................................................... 31
Tabela 17. Categorias e limitações sobre tipos de Pessoa Jurídica (2019)................................. 32
Tabela 18. Micro Empreendedor Individual - Limites e imposto (2019). ................................... 34
Tabela 19. Simples Nacional - Incidência e divisão de impostos por faixas de receita anual
(2019). ...................................................................................................................... 34
Tabela 20. Tributação – Premissas e modelo de cálculo para definir melhor enquadramento
(caso = 8 UFF / 32 Fornos JG). .................................................................................. 38
Tabela 21. Valores de preços pagos para carvão em Sete Lagos, MG (em mar/2019). ............. 39
Tabela 22. Valores de preços pagos para carvão utilizados no EVTE. ........................................ 39
Tabela 23. Cenários de análises de fluxo de caixa apresentados. .............................................. 42
Tabela 24. Valores de simulação do EVTE – custos e receitas (Caso: Fornos JG). ...................... 43
Tabela 25. Organização da apresentação dos indicadores econômicos do EVTE. ..................... 47
Tabela 26. Síntese TIR – Resultados de Indicação de viabilidade econômica. ........................... 48
Tabela 27. Análise exploratória de dados selecionados de VPL. ................................................ 51
Tabela 28. Análise exploratória de dados selecionados de Pay Back. ........................................ 52
Tabela 29. Dados de Receita Média Mensal e Receita Média Anual Líquida, por forno. .......... 53
iii
Tabela 30. Diferenças de renda média mensal líquida, para diferentes arranjos produtivos
de carbonização utilizando UFF. .............................................................................. 54
Tabela 31. Renda média mensal liquida gerada em pequenos empreendimentos com UFF. ... 55
Tabela 32. Renda média mensal liquida gerada em médios e grandes empreendimentos
com UFF. ................................................................................................................... 55
Tabela 33. Síntese de dados de sensibilidade – elasticidade preço de fatores de produção. ... 56
Tabela 34. Síntese dos resultados de sensibilidade à variação de preços. ................................ 58
Tabela 35. Estimativa de demanda por base florestal, para diferentes cenários de projeto
de carbonização........................................................................................................ 60
Tabela 36. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para
1 UFF-UFV (4 Fornos)................................................................................................ 70
Tabela 37. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para
4 Fornos JG. .............................................................................................................. 72
Tabela 38. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica para 2
UFF-UFV (8 Fornos). ................................................................................................. 74
Tabela 39. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica - para
8 Fornos JG. .............................................................................................................. 76
Tabela 40. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica -
para 8 UFF-UFV (32 Fornos). .................................................................................... 78
Tabela 41. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica -
para 32 Fornos JG. .................................................................................................... 80
Tabela 42. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica. ....... 82
Tabela 43. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Terceirizada / Pessoa
Jurídica. ..................................................................................................................... 83
Tabela 44. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica. ....... 84
Tabela 45. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa
Jurídica. ..................................................................................................................... 85
Tabela 46. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Física. .......... 86
Tabela 47. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa Física. .. 87
Tabela 48. Forno - JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica. ........ 88
Tabela 49. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs. floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica. ....... 89
Tabela 50. Forno JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica. . 90
Tabela 51. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica. . 91
Tabela 52. Lista de contatos – Entrevista de campo ................................................................. 91
Figuras
Figura 1. Praça de carbonização com Fornos JG. .......................................................................... 5
iv
1. Introdução
2. Objetivos
O objetivo geral do presente trabalho foi desenvolver Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica
(EVTE) com perspectivas à implementação no município de João Pinheiro – MG da Unidade
Forno-Fornalha desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (UFF- UFV), considerando
dados e informações atuais sobre a cadeia produtiva florestal e de carbonização, bem como as
técnicas, práticas e crenças dos operadores locais sobre a produção de carvão vegetal.
3. Indicadores econômicos
Como critérios de análise, nesse estudo foram utilizados os seguintes indicadores econômicos1:
1
Por se tratarem de conceitos e formulação clássica, essas não serão detalhadas neste EVTE. Devendo-se buscar a
literatura especializada caso de interesse do leitor.
do projeto (RMA). O cálculo desconsidera o valor do investimento inicial. O objetivo desse
indicador é tornar evidente o montante do retorno financeiro médio ao longo do tempo.
No presente estudo são propostos cinco categorias de fatores base para o empreendimento,
analisados como opções de alocação de recursos e capital para a produção de carvão vegetal. O
arranjo e/ou disponibilidade desses cinco fatores determinam as características
técnicas/operacionais do empreendimento, a possibilidade e a predisposição de
empreendedores a fazer investimentos. Os cinco fatores base objeto de modelagem são:
c) Operação de carbonização
Opção 1 - Operações com mão de obra terceirizada
Opção 2 - Operações com mão de obra própria
Com base nos resultados encontrados na modelagem técnica/econômica foram avaliados como
arranjos de fatores base afetam a viabilidade de implementação de projeto para produção de
carvão. Esses resultados são essenciais para auxiliar o empreendedor a definir estratégias de
produção e alocação de recursos no curto, médio e longo prazos.
de produção à variação de preços. Foram analisadas as variáveis que mais afetam as receitas do
empreendimento, conforme descrito a seguir:
Cenário 1A - Florestas próprias - alteração no preço de investimentos
- Valor Base = R$5.000,00 por hectare
- Variação superior = R$6.000,00 e R$7.000,00 por hectare
- Variação inferior = R$4.000,00 e R$3.000,00 por hectare
Cenário 3 - Preço do transporte - alteração no preço de João Pinheiro para Sete Lagoas
- Valor Base = R$30,00 por metro estéreo - mST
- Variação superior = R$35,00, R$40,00, R$45,00 por metro estéreo - mST
- Variação inferior = R$25,00 e R$20,00 por metro estéreo - mST
Os cenários 1 e 2 serão detalhados na seção de 6.3.1. Taxa Interna de Retorno – TIR e não na
seção específica 6.4. Análise de Sensibilidade.
Forno cilíndrico de superfície modelo José Gonçalves, também chamado de Forno JG, ou Forno
de Superfície, ou Forno Cilíndrico, é um dos fornos mais utilizados na região de João Pinheiro
para o processo de carbonização. De certo, os fornos locais passam por algumas adaptações de
projeto para não serem devidos royalties de direito intelectual ao desenvolvedor do projeto
4
original. Em relação ao Forno JG, os fornos usados em João Pinheiro possuem adaptações na
chaminé, e nas aberturas do forno para entrada e para entrada e saída do ar/gases (tatus e
baianas).
Para facilitar a relatoria desse EVTE, embora estejamos falando de Forno JG adaptado, citaremos
esse sistema nesse texto simplesmente como Forno JG.
Localmente são utilizadas variações de fornos com 3,0, 3,2 e 3,5 metros de diâmetro (Ø), sendo
que o tamanho mais utilizado e recomendado foi o de 3,2m de Ø pelo rendimento da produção
associado à eficiência de processos associados. A título de exemplo, foi relatado que
a) com o forno de 3,2m de Ø produz-se aproximadamente 1 mdc a mais por fornada,
comparado ao forno de 3,0m de Ø, com aumento proporcional ao volume para alocação de
mão de obra para carregamento e descarregamento do forno, ou seja, há ganhos no
processo, e
b) com o forno de 3,5m de Ø tem a produção em mdc aproximadamente à do forno de 3,2m
de Ø mas com mais resíduos - tição e finos, ou seja, com esse há mais perdas relacionadas
ao insumo lenha e alocação de mão de obra.
2
Detalhamento sobre a tecnologia deve ser buscada junto à essa literatura especializada, de outras disponíveis.
Figura 2. Unidade Forno-Fornalha UFF-UFV instalada em João Pinheiro - MG.
A seguir são apresentados resultado das percepções de operadores locais sobre a UFF-UFV,
processos produtivos, e substituição de tecnologia.
2. O uso da fornalha:
6
3. O tamanho do forno
A fim de dar maior clareza e ilustração sobre os resultados encontrados, o estudo considerou a
análise e a comparação entre o Forno JG e a UFF-UFV, utilizando-se dos mesmos fatores e custos
de produção, para tornar os resultados diretamente comparáveis. A principal diferenciação,
sendo essa a principal premissa do estudo, está nos diferentes rendimentos gravimétricos da
produção de carvão para cada tipo forno, assumindo também que consequentemente a
volumetria da produção difere (sendo maior para a UFF-UFV – tópico discutido a seguir).
Premissa Valor
Volume de madeira por forno de 3,0 metros de diâmetro (mST) 12,36
Teor de humidade na madeira ideal < 40%
Tempo mínimo de secagem (dias) 90
7
Sendo assim, não foram consideradas para a análise opções de frações de fornos que não fossem
múltiplos de 4 (ou seja, 1, 2 ou 3 fornos), e fornos com outras dimensões que não 3,0 m de
diâmetro.
Com base no levantamento de dados de campo em João Pinheiro, foram calculados os custos de
implantação, de manutenção, aspectos relacionados à vida-útil, de depreciação contábil e de
valor residual dos fornos UFF-UFV e Forno JG. Os valores levantados e calculados são
apresentados na Tabela 3.
8
Tabela 3. Estimativa de custos de implementação e da vida-útil dos fornos (caso de 1 UFF / 4 fornos).
Pelo fato do município de João Pinheiro dispor de diversas olarias e insumos de qualidade, bem
como dispor de firmas especializadas na construção de fornos para carbonização, os custos de
implementação são avaliados como relativamente mais baixos comparados à outros municípios
de MG, em especial o município de Lamin. Mesmo assim, o valor de construção de fornos é
considerado alto pelos produtores de carvão, observados: (a) os riscos envolvidos no negócio,
(b) a falta de mobilidade de florestas e fornos, (c) o valor residual dos investimentos / matéria
prima pois quase sempre não são reaproveitados, e (d) para dar escala à produção com uma
praça de carbonização é necessário multiplicar a alocação de recursos (financeiro e humanos)
pelo número de fornos a serem construídos, fatores com disponibilidade muitas vezes restrita.
unidade UFF-UFV custaria aproximadamente entre 20% e 25% mais caro que uma unidade de
Forno JG.
Sobre os investimentos necessários em infraestrutura para apoio à produção, ou seja,
investimentos que não são os fornos, esses não foram considerados no EVTE. Isto se dá, pois, de
modo geral, em João Pinheiro os projetos de carbonização são tratados como atividade
secundária do negócio da agropecuária. Sendo assim, de modo geral a carbonização é atividade
de ciclo-curto e de escala pequena.
Neste EVTE, foi considerado que os custos com infraestrutura (como: estradas, alojamentos,
dentre outros) são arcados pela atividade primária, ou que já são existentes, dos quais a atividade
de carbonização usufrui sem ônus direto. Essa é uma premissa importante a ser considerada,
pois projetos que não dispõem de infraestrutura devem incluir esses custos na análise, por mais
rudimentar e baixos que sejam esses custos.
Custo de manutenção
A manutenção dos fornos tem dois objetivos, o primeiro é de caráter preventivo para que os
bens e equipamentos mantenham-se em bom estado de funcionamento a fim de não haver
interrupção no funcionamento. O segundo tem caráter corretivo, ou seja, é quando o bem ou
equipamento precisa de conserto por defeito ou desgaste. De modo geral, os custos com
manutenções preventivas têm um preço fixo estabelecido, estimado a partir de esforço e
insumos a serem utilizados nessa. Já na manutenção corretiva, o esforço e valor depende do
dano ocorrido.
No EVTE, para o custo de manutenção foi utilizada uma taxa mensal de 3,0% incidente sobre o
valor total do investimentos nos fornos (JG e UFF).
Vida-útil e Depreciação
A vida-útil média estimada dos Fornos JG está entre 24 e 36 meses de duração, quando após esse
período passa a ser considerada uma melhor opção de reconstruir os fornos ante a continuar a
fazer manutenções. Já para a UFF-UFV, estima-se uma vida-útil de até 72 meses (6 anos) de
duração. Para o EVTE, foi adotado uma vida-útil de 36 meses para os dois fornos, como
propósito aplicar o princípio da comparação direta. A premissa considerada foi, caso o
investimento/atividade demonstre viabilidade considerando os 36 meses propostos, ao
considerar um vida-útil maior (não ocorrendo reinvestimentos e mantendo-se os custos de
produção iguais) os indicadores de viabilidade serão ainda maiores. Isto se aplica tanto para a
UFF-UFV quanto para o Forno JG caso adotem-se medidas para extensão da vida-útil desse.
Findada a vida útil dos fornos, em muitos casos, parte dos tijolos (em bom estado de
conservação) podem ser reutilizados, o que representa uma economia de 15% a 25% na
construção de um novo forno. A depender da localidade de construção dos novos fornos, caso
não seja em uma região próxima à praça de carbonização anterior, muitas vezes o custo de
carregamento e deslocamento desse material não justifica o reaproveitamento, pois a compra
de tijolos novos custa ou mesmo preço ou até mais barato, sendo esses entregues pela olaria.
Nesse sentido, embora exista a possibilidade de valor residual de 15% dos investimentos, esse
10
valor e possibilidade não foi desconsiderada neste EVTE, pois deve ser incluso nos casos em que
realmente se aplica, ou seja, é uma análise caso a caso. Aqui é considerado um modelo geral.
A depreciação contábil dos investimentos deve ser considerada como parte dos cálculos do EVTE
quando o sistema de tributação do empreendimento é enquadrado na modalidade Pessoa
Jurídica - Lucro Real ou na Pessoa Física – Produtor Rural. Para as modalidades Pessoa Física –
Normal, Pessoa Jurídica – Simples Nacional ou Pessoa Jurídica Lucro Presumido, a depreciação
contábil (embora exista), não deve ser computada no EVTE, pois a legislação não permite a
dedução dos custos de produção e reincidência de impostos para cálculo de pagamento de
impostos finais. Para os casos que a depreciação contábil se aplica, a legislação permite o
desconto da depreciação entre 18 e 24 meses nas atividades rurais. É importante ressaltar, que
na maioria dos casos a depreciação contábil não necessariamente se aplica de maneira
equivalente à vida-útil dos bens, sendo a regra/lei um incentivo à produção rural ao permitir
descontos de depreciação de maneira mais rápida.
Para o período de seca, verificou-se em campo que ciclo de carbonização médio dura
aproximadamente 7 (sete) dias, podendo haver adiantamentos em condições ótimas de tempo
e de processos operacionais. Assim, o processo produtivo foi subdividido da seguinte maneira:
- Carregamento – 1/8 dia
- Carbonização – 3 dias
- Resfriamento – 3 dias
- Descarregamento – 1/8 dia
Para o período chuvoso, o tempo de carbonização pode ter acréscimos de mais um dia (em
média), devido à maior umidade da madeira, umidade relativa do ar, e pelo esfriamento do forno
pelas chuvas durante o processo. Assim, o período é subdividido da seguinte maneira:
- Carregamento – 1/8 dia
- Carbonização – 4 dias
- Resfriamento – 3 dias
- Descarregamento – 1/8 dia
11
Figura 3. Resumo meteorológico com sazonalidade de chuvas e temperaturas em João Pinheiro – MG.
Fonte: Oliveira e outros 2013, Coutinho e Ferraz 1988, Picancio e outros 2018, Cardoso e outros 2010, e Lima e
outros 2012. Nota: Produção estimativa pelos autores.
No entanto, os reflexos e persistência da crise econômica mundial e nacional (com a queda nos
preços de carvão, aço e ferro gusa), bem como problemas relacionados à escassez das chuvas no
14
Para a modelagem foram projetados 3 (três cenários) de volumetria florestal, com base na
conversão do estoque de 200, 250 e 300 m3/ha, aplicado a um fator de forma de 0,72 gerando a
uma conversão de 277, 347 e 416 mST/ha respectivamente.
Tabela 7. Premissas dos estoques florestais e cenários de produção para diferentes sítios.
Para o EVTE foi desenvolvido modelo para estimar o quantitativo de área e estoques florestais
demandado por UFF / 4 fornos JG e para o negócio (com múltiplos de unidades produtivas). A
partir das premissas anteriormente discutidas (em especial o volume por forno e o volume por
hectare), derivou-se quantos hectares de floresta são necessários para continuidade da produção
durante os períodos de 12, 24 e 36 meses, bem para a concepção de um projeto que tenha ciclo
contínuo, ou seja, ininterrupto ao logo dos anos (tabela 8).
Para o ciclo contínuo de produção de carvão, foi utilizado como premissa que a maturidade
(densidade da madeira) e a rotatividade da floresta é alcançada com 7 anos de idade (após o
plantio).
Forno-Fornalha = Forno JG
Demanda por Área Florestal (em ha) Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
200 (m3/ha) 250 (m3/ha) 300 (m3/ha)
1. Período de seca - por forno/mês 0,22 0,18 0,15
2. Período de chuva - por forno/mês 0,18 0,14 0,12
3. Ano 1 (12 meses) - por forno 2,40 1,92 1,60
4. Ano 2 (24 meses) - por forno 4,81 3,85 3,20
5. Ano 3 (36 meses) - por forno 7,21 5,77 4,81
6. Ciclo contínuo de produção - por forno 16,82 13,46 11,22
7. Ano 1 (12 meses) - por UFF / 4 Fornos JG 9,61 7,69 6,41
8. Ano 2 (24 meses) - por UFF / 4 Fornos JG 19,23 15,38 12,82
9. Ano 3 (36 meses) - por UFF / 4 Fornos JG 28,84 23,07 19,23
10. Ciclo contínuo de produção - por UFF / 4 Fornos JG 67,29 53,84 44,86
11. Ano 1 (12 meses) - para o negócio 9,61 7,69 6,41
12. Ano 2 (24 meses) - para o negócio 19,23 15,38 12,82
13. Ano 3 (36 meses) - para o negócio 28,84 23,07 19,23
14. Ciclo contínuo de produção - para o negócio 67,29 53,84 44,86
Nota: O cenário do negócio = o cenário de 1 UFF / 4 fornos JG por ser considerada apenas uma unidade
produtiva. No modelo, o cenário do negócio será multiplicado pelo número de fatores considerados.
1. Investimento por fomento florestal – Entende-se por fomento, quando houve algum tipo de
incentivo para que algum proprietário de terra seja motivado a investir no negócio. Conforme
relatado anteriormente, diversos tipos de incentivos (como a taxa de reposição florestal de
caráter público, ou a doação de mudas, fertilizantes e equipamentos de caráter privado) fizeram
com que o custo de implementação não fosse assumido em sua integralidade pelo produtor rural
ou proprietário de terra. Atualmente, os incentivos mencionados encontram-se suspensos.
2. Custo marginal do investimento - Na prática, muitas vezes o produtor rural considera o plantio
de eucalipto uma atividade secundária do investimento e/ou financiamento. Sendo assim, o
investimento ocorre após a atividade primária, com recursos e insumos residuais da atividade
principal. Para a produção secundária, do ponto de vista econômico, aplica-se o(s) conceito(s) de
custo-marginal ou custo-parcial pois diversos dos custos-fixos da produção agrícola já foram
cobertos ou depreciados pela atividade primária – como os custos dos tratores e infraestrutura.
Assim, (em tese) não são computados na modelagem econômica do produtor, os custos plenos
ou completos dos insumos, o que torna o custo de implantação de povoamentos florestais mais
baixo em comparação ao sistema de custo pleno de investimento, exemplificado no item a seguir.
16
Por exemplo, o crédito rural Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Banco do Brasil3, colabora
para com esse conceito econômico. Os produtores rurais que incluem o plantio do eucalipto no
empreendimento primário, têm a redução de 1% nas taxas de juros (ao ano), bem como têm a
carência de pagamento inicial aumentada para até 8 anos, e prazo de pagamento total do
financiamento é de até 12 anos. Assim, com os prazos estendidos e com muitos dos insumos
depreciados na atividade primária, ao plantio florestal aplicam-se muitos componentes de custo
marginal, tendo o custo de formação do plantio mais baixo.
Por exemplo, aumento do preço do dólar no mercado internacional, e a crescente demanda por
papel e celulose, tem incentivado os investimentos em plantios de eucalipto com baixo teor de
lignina (o qual não tem bom aproveitamento para a carbonização). Observa-se que preço médio
praticado para madeira para celulose no Estado de SP em 2018 foi de R$34,00/m3 (CEPEA 2018)4,
ou seja, aproximadamente R$51,00/mST, superior aos valores médios pago à madeira para
carbonização, de R$25,00/mST (dados coletados em campo - João Pinheiro MG).
Para esse estudo, foi considerado R$5.000,00 por hectare o valor base de investimento para
implantação e manutenção de plantios de eucalipto (Embrapa Florestas, 2019), derivando a
partir desse as estimativas do EVTE, conforme apresentado na Tabela 9.
3
Informações disponíveis em: www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/agronegocios/agronegocio---produtos-e-
servicos/credito/investir-em-sua-atividade/agricultura-de-baixo-carbono-(abc)#
4
www.cepea.esalq.usp.br/upload/revista/pdf/0705726001549304795.pdf
Considerando o Cenário 2 foi estimado que para o funcionamento de uma UFF ou 4 Fornos JG
faz-se necessário o investimento e manutenção de florestas, o montante de R$144.201,15
considerado uma atividade de 36 meses, e de R$336.469,35 considerando um ciclo contínuo de
produção de carvão (para 7 anos).
Para efeito de cálculos no EVTE, para o investimento em florestas próprias não foi adotado o
computo do investimento anterior no tempo de 7 anos (ex ante), mas sim o conceito de lucro
esperado na produção. Assim, é adotada uma remuneração mínima esperada de 1,00% ao mês
(a.m.) = 84,4% para os 7 anos (84 meses) do ciclo florestal. Esta taxa foi aplicada sobre o custo
de implementação e manutenção do plantio florestal por mST. Por exemplo, para o cenário 2, o
custo de investimento estimado foi de R$14,40/mST sendo esperada uma receita e pagamento
de R$26,50/mST. No fluxo de caixa, a opção de investimento em florestas próprias considera este
valor, multiplicado pelo volume de lenha demandado pelos fornos ao longo do tempo.
Para a produção de matéria prima aplica-se um modelo generalista, por ser objeto secundário
ao processo de carbonização. Para tal, adota-se como premissas:
Em campo, foi relatado por produtores florestais valores pagos por mST entre R$18,00 e R$25,00,
o que estaria abaixo dos valores esperados e que esses não cobriram os custos de investimentos.
Para o EVTE, foi utilizado o valor base pago de R$30,00 por metro estéreo - mST de madeira.
Sendo testada a sensibilidade dos indicadores econômicos a preços mais caros (limite superior)
- R$35,00 e R$40,00 por mST, e a preços menores (limite inferior) - R$25,00 e R$20,00 por mST.
Para análise de investimentos, toma-se como pressuposto que existe disponibilidade de florestas
em locais e volumes adequados para a produção de carvão.
Para a produção de matéria prima aplica-se um modelo generalista, por ser objeto secundário
ao processo de carbonização. Para tal, adota-se como premissas:
Com o coeficiente de produtividade média, foi estimada a demanda pela equipe de colheita
19
O principal destino de venda do carvão oriundo de João Pinheiro é a cidade de Sete Lagoas - MG,
percorrendo aproximadamente 450 km de distância. O meio de transporte mais utilizado é o
caminhão com capacidade de transportar 120 mdc, observada a limitação no volume imposta
pelo Departamento Nacional de Estradas e Rodagem - DNER. Para o caso dos finos, os caminhões
mais convencionais transportam até 25,5 toneladas por carregamento.
O levantamento feito no mês de março de 2019 indicou que o preço praticado para o transporte
de João Pinheiro para Sete Lagoas é aproximadamente R$30,00/mdc, sendo que para uma carga
de 120 mdc custaria R$3.600,00.
20
Uma das premissas fundamentais utilizadas no EVTE está relacionada ao tempo necessário para
que uma unidade de UFF levaria para produzir uma carga de caminhão – para carvão e para finos.
Pode ser observado:
a) Tabela 6, linhas 12 e 14 - A produção mensal de carvão para uma UFF-UFV no período de
seca é de 123,5 mdc, permitindo assim uma carga de caminhão de 120 mdc. Neste mesmo
período de seca, a produção do Forno JG seria de 111,2 mdc necessitando prorrogar o
carregamento para o mês seguinte. No período de chuva, nenhum dos dois tipos de forno
possui produção suficiente para completar uma carga, necessitando de acúmulos parciais
mensais para ser feito o carregamento. Esta problemática não ocorre quando são
consideradas mais de 2 UFFs ou 8 fornos JG no sistema pois em todos os casos a produção
sempre será maior que 120 mdc mês.
b) Tabela 6, linhas 13 e 15 - Para uma UFF ou 4 fornos JG, em nenhum dos períodos é produzida
carga suficiente para encher um caminhão com 25,5 t. Para completar uma carga de finos,
faz-se necessário:
- acumular 4 meses nas UFFs ou 5 meses no forno JG, ou
- ter em produção 4 UFFs ou 20 fornos JG.
De certo, a escala de produção, ou seja, mais unidades de UFF, permite que se tenha mais carga
e consequentemente transporte continuado de carvão. O fluxo constante de receitas faz com
que sejam diminuídos os problemas/riscos relacionados ao armazenamento de carvão e também
de dispor de capital de giro a espera de carregamento e venda do produto. Esses fatores não
foram computados no modelo, pela subjetividade inerente, podendo ser contornados com a
programas de qualidade da produção, propostos para a UFF; mas, de certo são fatores
importantes a serem consideradas na produção composta de apenas 4 unidades de UFF.
Os pagamentos ao empreiteiro são feitos por metro de carvão (mdc) produzido, sendo essa uma
boa opção para o contratante pois, em especial tem-se:
- Controle de qualidade e processos - o empreiteiro tem interesse que o carvão tenha boa
qualidade, pois isso reflete diretamente no volume do caminhão carregado para transporte e
na qualidade desse a ser auferida em Sete Lagoas (a má qualidade implica em descontos).
- Alocação adequada de equipe em diferentes cargos - proporcionando otimização da
produção, em quantidade e qualidade.
- Capital de giro - tem o ônus assumido pelo empreiteiro, pois esse recebe (mensalmente) após
o pagamento do faturamento pela siderúrgica e a apresentação ao contratante de
pagamentos de encargos trabalhistas e impostos devidos.
- Capital de investimento - a construção e manutenção dos fornos, correm por conta do
empreiteiro
O levantamento de campo indica um preço médio para esse serviço de R$65,00/mdc (sessenta
e cinco reais por metro de carvão), subdividindo-se em R$55,00 cara a carbonização e R$10,00
para a colheita. De certo, há variação nesse valor a depender da:
- Modalidade de negociação entre contratante e empreiteiro, sendo que o contratante pode
assumir algumas operações e custos, como: a construção dos fornos, a colheita,
disponibilização de maquinário, dentre outros. Esses casos não são estudados aqui, mas em
tese são arranjos que proporcionam economicidade para ambas partes, incrementando assim
os indicadores econômicos do projeto.
- Distância da sede municipal de João Pinheiro – aumentando o preço quanto mais distante e
diminuindo quanto mais próximo de Sete Lagoas.
Sendo assim, para este EVTE é premissa quando há terceirização da colheita e carbonização:
- O custo de investimento e manutenção dos fornos está embutido no pagamento por mdc.
- O custo do capital de giro corre por conta do empreiteiro.
Ou seja, esses custos não incidem ao empreendedor, como quando de execução direta.
Os empreiteiros de João Pinheiro relatam que a viabilidade do serviço terceirizado se inicia com
uma “praça de fornos”5 de no mínimo 15 fornos do tipo JG de 3,2 metros de diâmetro (tamanho
de forno mais comum na região) a depender da localização do empreendimento; sendo desejável
que a praça tenha ao menos 30 fornos para um melhor aproveitamento da alocação de mão de
obra. Melhor detalhamento da alocação de recursos humanos para o serviço será dado na seção
a seguir, sobre operações com mão de obra própria.
Foi relatado que quando há baixa dos preços de venda do carvão, os prestadores de serviço e
22
contratantes são forçados a reduzir custos para manter a viabilidade da produção, o que muitas
5
Pátio de produção de carvão é o local onde são instalados os fornos e ocorre a translocação da produção de carvão
até o carregamento para transporte final.
vezes implica em práticas como a sonegação de impostos, o não pagamento dos direitos
trabalhistas de funcionários (ao menos dentro dos prazos legais), dentre outras. Os funcionários
ficam acometidos à situação por falta da opção de trabalho e renda no local. Os valores apurados
ao empreiteiro são pagos mensalmente, após a apresentação de documentos que comprovem o
pagamento de todas obrigações trabalhistas, de impostos, dentre outras aplicáveis.
A operação com mão de obra própria ocorre quando o empreendedor ou proprietário da floresta
opta por desenvolver todo ou parte do trabalho inerente ao negócio, inclusive da contratação,
gerenciamento e pagamento dos recursos humanos.
Em caso de escalas menores de empreendimento (com menos fornos), foi relatado em campo
que o controle de pessoal/equipe como menos complexo, mas com o aumento da escala, faz-se
necessário a alocação de pessoal mais qualificado para apoio ao gerenciamento das
atividades/processos e da carbonização em si (como o profissional: carbonizador).
Inerentemente, quanto maior e mais complexa a operação maiores os custos associados, mas ao
ser dada escala com alocação de maior quantitativo de fornos, esses custos tendem a serem
diluídos e assim tendendo a aumentar a viabilidade do negócio.
Na tabela 12 é apresentado modelo contendo as premissas propostas para (a) início da tipologia
de profissional na operação, (b) o quantitativo de profissionais alocados, e (c) os custos dos
profissionais alocados. Na planilha do EVTE, a tabela é dinâmica e se auto ajusta a partir do
exercício de alocar diferentes quantitativos de unidades e fornos. Para fins de visualização
apresenta-se os resultados desse modelo para o quantitativo de (i) 2 UFFs ou 8 fornos JG e
(ii) 8 UFFs ou 32 fornos JG.
24
Tabela 12. RH – Estimativa de alocado pessoal na produção e custos associados.
a) Caso = 2 UFFs / 8 fornos
Nota: NA = Não se aplica; 1 profissional com custo/pagamento proporcional à quantidade de trabalho realizado.
Para o caso (a) 2 UFFs / 8 Fornos, observa-se que somente são alocados (1) um carbonizador-braçal e (1) um braçal em tempo integral. Neste
quantitativo, a colheita florestal é desenvolvida por esses dois profissionais nos períodos que há ociosidade de serviço. Pela quantidade baixa de
25
fornos, pela complexidade baixa dos processos, não é considerada necessária a alocação de gerente, sendo a função exercida pelo proprietário do
negócio com apoio do carbonizador.
Para o caso (b) 8 UFFs / 32 Fornos, observa-se que são alocados todos profissionais propostos,
pela maior complexidade do processo. São alocados (2) dois carbonizadores-braçal e (4) quatro
profissionais na modalidade braçal em tempo integral. Para o gerenciamento é alocado (1) um
gerente com trabalho parcial, e para a colheita é alocada uma equipe em tempo integral e uma
segunda equipe em tempo parcial.
d) Todos encargos sociais – Sistema S, Seguro sobre Risco de Acidente do Trabalho (RAT), e
Salário Educação.
Para facilitar a aplicação de custos com RH no EVTE, com base nas estimativas de custos sobre os
26
salários foi calculado índice percentual de incidência sobre as bases salariais proposta para as
diferentes tipologias de funcionários do processo de produção.
A base do salário mínimo para o ano de 2019 é de R$998,00 (novecentos e noventa e oito reais).
A seguir são apresentadas (a) tabela com alíquotas de incidências sobre o salário e de valores de
benefícios – premissas e (b) tabela aplicada de custos com RH, ambas aplicadas na modelagem.
PREMISSAS
Salário mínimo R$ 998,00
Dias úteis / mês 22
13o 8,3%
Férias 2,8%
FGTS 8%
FGTS 13o 0,7%
FGTS Recisão 4,3%
INSS Firma 20%
Terceiros1 5,8%
Salário-educação 2,5%
Dedução vale transporte 6%
Passagem ônibus trecho R$ 3,00
Passagem ônibus mês R$ 132,00
Vale alimentação dia R$ 10,00
Vale alimentação mês R$ 250,00
Seguro saúde R$ -
Previdência privada R$ -
RAT2
- RAT leve 1%
- RAT médio 2%
- RAT alto 3%
Reposição de férias 8,3%
Multa contrato temporário3 8,3%
1 Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SEST)
2Risco de Acidente do Trabalho - Lei
6.019/14, art. 12 (sobre total pago)
27
Tabela 14. RH - Estimativa de custos com salários, encargos e benefícios para diferentes bandas salariais e modalidades tributárias (2019).
Salários Mínimos 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
Remuneração Base R$ 998,00 R$ 1.497,00 R$ 1.996,00 R$ 2.495,00 R$ 2.994,00 R$ 3.493,00 R$ 3.992,00 R$ 4.491,00 R$ 4.990,00 R$ 5.489,00 R$ 5.988,00
13o R$ 83,17 R$ 124,75 R$ 166,33 R$ 207,92 R$ 249,50 R$ 291,08 R$ 332,67 R$ 374,25 R$ 415,83 R$ 457,42 R$ 499,00
Férias R$ 27,72 R$ 41,58 R$ 55,44 R$ 69,31 R$ 83,17 R$ 97,03 R$ 110,89 R$ 124,75 R$ 138,61 R$ 152,47 R$ 166,33
FGTS R$ 79,84 R$ 119,76 R$ 159,68 R$ 199,60 R$ 239,52 R$ 279,44 R$ 319,36 R$ 359,28 R$ 399,20 R$ 439,12 R$ 479,04
FGTS 13o R$ 6,65 R$ 9,98 R$ 13,31 R$ 16,63 R$ 19,96 R$ 23,29 R$ 26,61 R$ 29,94 R$ 33,27 R$ 36,59 R$ 39,92
FGTS Recisão R$ 43,25 R$ 64,87 R$ 86,49 R$ 108,12 R$ 129,74 R$ 151,36 R$ 172,99 R$ 194,61 R$ 216,23 R$ 237,86 R$ 259,48
Total R$ 240,63 R$ 360,94 R$ 481,26 R$ 601,57 R$ 721,89 R$ 842,20 R$ 962,52 R$ 1.082,83 R$ 1.203,14 R$ 1.323,46 R$ 1.443,77
Custo adicional 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1% 24,1%
Benefícios
Vale transporte R$ 72,12 R$ 42,18 R$ 12,24 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ -
Vale alimentação R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00
Seguro saúde R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ -
Previdência privada R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ -
Total R$ 322,12 R$ 292,18 R$ 262,24 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$ 250,00
Custo adicional 32,3% 19,5% 13,1% 10,0% 8,4% 7,2% 6,3% 5,6% 5,0% 4,6% 4,2%
28
Para o empreendimento de colheita e carbonização subdivide-se:
a) A administração
- a alocação e/ou contratação de serviços pessoal para administração, financeiro,
contabilidade e jurídico.
- o pagamento de taxas diversas, como alvarás, conselhos e sindicatos,
anuidades/mensalidade de banco.
- tarifas para o escritório - luz, água, material de papelaria, etc.
- dentre outras.
B) As operações
- transporte (carro, combustível, manutenções e taxas),
- aquisição de equipamentos e implementos (motosserra, puxadores, reboques)
- eventuais necessidades de manutenção em infraestrutura e equipamentos (estradas,
energia, maquinário, diversos).
- dentre outras.
Os custos com administração incidem tanto nas atividades terceirizadas quanto nas atividades
de execução direta, mas variando no quantitativo de incidência devido as diferenças assumidas
em cada tipologia de negócio. Esses custos foram computados considerando uma incidência
percentual sobre o custo total de produção, descontado mês a mês. As taxas percentuais dessa
incidência são apresentadas na Tabela 15.
As incidências e taxas de capital de giro variam de negócio para negócio, pois esses são
influenciados por diversos fatores, como por exemplo:
Escala - quanto maior do empreendimento, maior o fluxo de vendas e recebíveis,
necessitando menos prazo e volume de capital de giro, portanto, incidindo menores taxas.
Tipo de capital
29
O objetivo aqui não é exaurir o tema. Pela complexidade inerente à definição desse componente,
optou-se pela aplicação de um modelo genérico de incidência, com uma taxa percentual (%). Por
ter sido adotado para o EVTE um fluxo de caixa com periodicidade mensal, cujo padrão de
despesas e receitas também são de ciclo com periodicidade mensal, foi teorizado que, em média,
o custo do capital de giro incorra em 1,5% a.m. sobre os custos de produção. Não foi imputada a
incidência de capital de giro sobre os custos de administração e operações, e, quando do serviço
terceirizado, o ônus do capital está embutido nos valores pagos ao empreiteiro.
A definição sobre qual modalidade de personalidade jurídica a ser adotada não é um exercício
simples, pois esse é afetado diretamente pelas características do negócio proposto, como
quantidade/volume de receitas (escala), funcionários, insumos, dentre outros. E, é justamente
no detalhamento do EVTE que pode-se modelar quais as implicações dos custos e receitas, e
consequentemente decidir qual modalidade de personalidade jurídica ou tributação tem menor
incidência de impostos, e consequentemente aufere maior retorno financeiro ao negócio.
As duas modalidades de personalidade jurídica (Pessoa Física e Pessoa Jurídica) são detalhadas a
seguir, limitado a discussão ao contexto da tributação incidente sobre essas.
(Tabela 16):
Tabela 16. Imposto de Renda Pessoa Física (base 2019).
É sabido que a tributação de Pessoa Física é uma das mais caras existentes no país, e desde o ano
de 2015 não vem tendo as correções financeiras em suas faixas e alíquotas a fim de recuperar as
perdas com a inflação. No entanto, essa é uma opção para empreendedores que desenvolvem
atividade em micro/pequena escala, com baixa remuneração, que se enquadrem nas faixas mais
baixas de tributação, e não querem encarar os requisitos da burocracia relacionada à
modalidade Pessoa Jurídica.
É importante ressaltar que, em específico para a venda direta de carvão para a siderurgia, os
impostos da modalidade Pessoa Física são retidos (na fonte) pela siderurgia, nas margens mais
altas refletindo diretamente em valores menores aos pagos em comparação à Pessoa Jurídica.
Produtor Rural
Segundo a Lei nº 9.250 de1995, o Governo Federal reconhece e cadastra o Produto Rural para
que esse possa contabilizar seus custos de produção em livro-caixa de maneira que esse possa
descontar os custos (com compra de insumos e despesas) de sua receita bruta com vendas, ou
seja, de maneira geral, os impostos incidirão sobre a receita líquida. O cadastro também diversos
benefícios como crédito agrícola subsidiado, benefícios sociais (como INSS e aposentadoria),
dentre outros.
A Legislação de MG também reconhece e cadastra o Produto Rural pessoa física para que esse
tenha “tratamento diferenciado e simplificado” em suas obrigações de registro fiscal e de
tributação perante o Estado (Decreto Estadual n° 43.080/2002). Para o caso do carvão vegetal,
esse cadastro é permitido o diferimento6 sobre o pagamento sobre o Imposto sobre Circulação
de Mercadoria e Serviços – ICMS para que esse seja pago pelo produtor da próxima etapa do
processo produtivo ou consumidor, e, deste modo não há obrigação sobre esse de recolher o
ICMS pelo próprio produtor7.
6
Art. 7º Ocorre o diferimento quando o lançamento e o recolhimento do imposto incidente na operação com
determinada mercadoria ou sobre a prestação de serviço forem transferidos para operação ou prestação posterior.
7
Exceto para modalidade do Simples Nacional (a ser apresentada em seção específica a seguir).
Art. 148 - O pagamento do imposto incidente sobre as sucessivas saídas de carvão vegetal e prestações
de serviços de transporte correspondentes fica diferido para o momento em que ocorrer a:
Para os casos em que não ocorre o diferimento, isenção, ou redução do ICMS, assim como o
Governo Federal o Estado de MG também permite ao produtor rural a elaboração de livro-caixa
para registro das despesas para que as despesas sejam deduzidas do valor final do imposto
devido.
A Pessoa Jurídica - PJ é a entidade legal reconhecida pelo poder público para exercer atividades
comerciais, como: empresas, cooperativas, associações, dentre outras. Esse enquadramento
jurídico separa responsabilidade legal da empresa sobre a sobre a pessoa física do proprietário,
sócios ou administradores, dando respaldo e garantias a esses quanto a eventuais problemas no
exercício da atividade empresarial. Dentre outras vantagens, também estão os incentivos
creditícios e fiscais para fomento à atividade empresarial, como o crédito rural subsidiado
(Fundos Constitucionais).
Uma regra geral: empresas com custos altos e margem de lucro baixa tendem a se beneficiar do
sistema tributário de Lucro Real, enquanto empresas com custos baixos tendem a se beneficiar
nos sistemas: Simples Nacional ou Lucro Presumido. No entanto, a correta parametrização dos
fatores envolvidos em cada modalidade de tributação faz-se necessária para a determinação
correta de modalidade a ser adotada.
A categoria de personalidade jurídica icro Empreendedor Individual – MEI foi criada pela
Lei Complementar nº 128/2008, e teve como objetivo principal de retirar do mercado informal
diversos trabalhadores e profissionais, garantindo à esses direitos e deveres relacionados
relacionada ao exercício da atividade profissional empresarial. Dentre as atividades
reconhecidas, há a categoria do comerciante de carvão e lenha independente.
O Caso da MEI não se aplicou à modelagem desse EVTE, pois o cenário de receitas desenvolvido
para o Unidade Forno-Fornalha UFV com 4 (quatro) fornos em pleno funcionamento e
rotatividade, gera uma receita bruta anual de R$200.000,00/ano (aproximadamente). Essa
receita seria ainda maior ao considera a venda de carvão com fins de alimentação (considerando
equivalência de produção para siderurgia). Não foram modelados cenários de funcionamento
parcial do conjunto de unidades de forno-fornalha, mas em tese 2 fornos fornalha em plena
33
Impostos
Receita Bruta Total em 12 meses
Valor mensal
O imposto único é uma grande vantagem pois não há impostos adicionais que incidem sobre o
Lucro Real e Lucro Presumido, como INSS Patronal (20% sobre a folha de trabalhadores),
adicional de Imposto de Renda (10% faturamento acima de R$240.000,00/ano), dentre outros.
Os impostos no Simples Nacional variam por diferentes tipologias de atividades8. Esses valores
são categorizados em diferentes tabelas de incidência, sendo aplicadas da seguinte maneira:
a) Anexo I - Empresas de comércio
b) Anexo II - Fábricas/indústrias e empresas industriais
c) Anexo III - Empresas de serviços – modalidade 1
d) Anexo IV - Empresas de serviços – modalidade 2
e) Anexo V - Empresas de serviços – modalidade 3
Para o caso do carvão, incide o Anexo I de tributação pela categorização da atividade no Código
Nacional de Atividades Econômicas – CNAE de número/atividade 0210-1/08 - Produção de carvão
vegetal - florestas plantadas. As incidências de impostos são demonstradas na Tabela 19.
Tabela 19. Simples Nacional - Incidência e divisão de impostos por faixas de receita anual (2019).
6 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 19,0% R$378.000 42,1% 10% 0,0% 13,5% 28,27% 6,13% 100%
- De 4.800.000,01 - fora do simples
8
Maiores informações em: https://blog.sage.com.br/simples-nacional-2019-confira-as-novas-tabelas-e-limites
Em termos práticos, conforme demonstrado na Figura 4, no Simples Nacional a alíquota de
impostos é crescente conforme a faixa de receita bruta (sob a Nota Fiscal emitida), iniciando em
4,0% indo a um teto de 11,88% para a receita bruta de até R$3.600.000,00 ao ano. Na faixa 6 de
tributação, observa-se um favorecimento para a receita bruta entre R$3.600.000,01 a
R$4.800.000,00 ao ano, com a incidência de impostos iniciando em 8,76% e finalizando em
11,13%. Para receita bruta acima desse valor não é permitido enquadramento no Simples
Nacional.
9
Conforme explanado na seção Produtor Rural, a legislação tributária de MG permite a algumas modalidades de
Personalidade Jurídica o diferimento do ICMS (pago pelo comprador), de modo que esse não onera o produtor
primário.
§ 1º As pessoas jurídicas e aquelas a elas equiparadas pela legislação tributária não optantes pelo
Simples Nacional terão direito a crédito correspondente ao ICMS incidente sobre as suas
aquisições de mercadorias de microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples
Nacional, desde que destinadas à comercialização ou industrialização e observado, como limite, o
ICMS efetivamente devido pelas optantes pelo Simples Nacional em relação a essas aquisições.
(nosso grifo)
Assim, é importante observar que, a lei permite o crédito-débito dos impostos pagos
acumuladamente ao demais atores da cadeia produtivas enquadrados em outras modalidades
tributárias, não Simples Nacional. Em termos práticos, quando o diferimento não é aplicado, são
a indústria siderúrgica e comércio (quando da venda para alimentação) que se beneficiam da
dedução do imposto já pago pelo produtor rural enquadrado no Simples Nacional, pois a esses é
permitida a dedução via a contabilização desse no respetivo livro caixa.
Embora das implicações dessa condição legal, a modelagem indica que nos casos de menor
escala, visto as baixas alíquotas incidentes nas faixas de menor receita, o Simples Nacional
continua a permitir maior receita líquida (após impostos) ao produtor rural comparada ao Lucro
Real e Presumido.
O Lucro Presumido torna-se um pouco mais complexo que o Simples Nacional, mas menos que
o Lucro Real. Esses sistemas têm incremento da burocracia conforme é permitido o computo dos
custos de produção e diminuição da incidência de impostos. Deste modo, os sistemas vão
requisitando cada mais o refinamento e registro completo de contabilidade. Como exemplo, o
recolhimento e registro de recibos, cupons fiscais e notas fiscais.
Coma modelagem desenvolvida para esse EVTE, foi verificado que o sistema de Lucro Presumido
não foi selecionado para nenhum caso avaliado. Isso se dá pelo fato da atividade de
carvoejamento produzir margens de lucro baixas, e por ser por demasia onerosa.
O sistema tributário Lucro Real tem o objetivo de promover a cobrança de impostos somente
sobre ao lucro real da produção, ou seja, o imposto incide após o desconto de todos os custos de
produção. Este sistema torna-se bastante eficiente em atividades que possuem margens de lucro
baixas e que possuem insumos e processos onerosos à produção.
No entanto, nesse sistema a contabilidade de custos é ainda mais exigente comparada às demais
modalidades de tributação, requisitando minucioso registro de despesas. Esse registro acaba
tornando os custos de administração um pouco mais caro, em relação aos outros modelos.
37
Tabela 20. Tributação – Premissas e modelo de cálculo para definir melhor enquadramento (caso = 8 UFF / 32 Fornos JG).
Nota:
Cálculos do autor.
1
CSLL Presumido - www.portaltributario.com.br/tributos/csl.html
2
IRPJ Presumido - www.portaltributario.com.br/guia/lucro_presumido_irpj.html
3
Depende do empreendimento (considerado zero para este EVTE).
38
4
Quando negativo = imposto zero. Desconsidera crédito no prejuízo.
5
ICMS Diferido (pago pelo comprador) - vide: Decreto Estadual MG n° 43.080/2003, REGULAMENTO DO ICMS, ANEXO IX - 5/13, CAPÍTULO XIII - Das Operações Relativas a
Carvão Vegetal.
As receitas do projeto são computadas a partir do pagamento efetivo após os produtos (carvão
e moinha) serem escoados e entregues na siderurgia. O levantamento indicou diferentes
tipologias de pagamentos para diferentes características de produto ou personalidade jurídica.
Os valores na Tabela 21 a seguir têm como referência o mês de março de 2019. As variações
pagas o valor do carvão estão relacionadas à: peso, umidade, e quantidade de finos, são relatadas
na tabela a seguir.
Tabela 21. Valores de preços pagos para carvão em Sete Lagos, MG (em mar/2019).
Preço
Variável
Pessoa Física Pessoa Jurídica
Preço por mdc - abaixo de 220kg/mdc R$150,00 R$170,00
Preço por mdc - acima de 220kg/mdc R$155,00 R$175,00
Teor de umidade > 8% (menos) -8% no preço
Quantidade de tiços > 0,5% (menos) -1% no preço
Quantidade de finos > 10% (menos) -10% no preço
Nota: Dados de campo coletados pelos autores, João Pinheiro - MG, março de 2019.
Para cálculo no EVTE, foi adotado valor arredondado10 de preço médio praticado nos últimos 6
anos, entre os 2014 e 2019. Vide tabela 22.
Preço
Variável
Pessoa Física Pessoa Jurídica
Preço por tonelada (finos) R$200,00 R$220,00
Preço por mdc - abaixo de 220kg/mdc R$110,00 R$130,00
Nota: Estimativa dos autores.
10
O arredondamento tem objetivo de facilitar a compreensão e a visualização do impacto da variabilidade dos
preços praticados, através do teste de sensibilidade.
A seguir são citadas as principais percepções coletadas em campo junto aos produtores de carvão
de João Pinheiro - MG, relacionadas à venda do carvão produzido. Embora não sejam parâmetros
de uso direto na modelagem deste EVTE, estes aspectos têm influência direta nos resultados dos
empreendimentos florestais e de carbonização, sendo que a melhoria destes tende a
proporcionar incremento da viabilidade e da lucratividade.
b) Não há instrumentos para reavaliar e/ou contradizer a mensuração feita pela siderurgia no
ato da entrega do carvão.
A entrega do carvão é feita pelo caminhoneiro e não o proprietário do carvão. Reduzindo
assim as possibilidades de questionamentos, em especial pelo desconhecimento do condutor
sobre as características do processo de produção e da qualidade do material.
e) Existem produtores de carvão que têm más práticas na tentativa de ganhar preço na venda
do produto junto à siderurgia, o que diminui as propriedades e qualidade do carvão.
6. Resultados
A apresentação dos resultados deste EVTE foi organizada em 5 subseções, a saber:
a) Fluxo de Caixa,
b) Modalidade de tributação,
c) Indicadores econômicos,
d) Análise de sensibilidade, e
e) Base florestal
O objetivo aqui não foi exaurir as possibilidades de análise, tão pouco explanar todos os
temas e subtemas relacionados ao assunto; mas sim, objetivou-se discutir os principais
resultados encontrados, os quais têm relevância sobre o processo de tomada de decisão do
investidor e dos setores públicos e privado. Os resultados detalhados estão apresentados
em tabelas na seção de Anexos ao fim deste relatório, as quais serviram como informação
base para o desenvolvimento das tabelas sínteses apresentadas no corpo do texto desta
seção de resultados.
O fluxo de caixa mensal demonstrou ser mais adequado para o caso do EVTE de carbonização
em comparação a fluxo de caixa anual, pois o fluxo anual restringe captar variabilidade e efeitos
técnicos e econômicos de diversos fatores, pois esse agregar toda essa variação em um único
ponto, ou seja, o acumulado do ano. Por exemplo, sem a fragmentação mensal não é possível
modelar os fluxos da colheita e secagem da madeira, os efeitos da necessidade de acumulação
do produto no pátio de produção, o quantitativo para carregamento e venda de carga e os efeitos
da sazonalidade. De certo, para projetos com maiores quantitativos de fornos, reside a
possibilidade do EVTE ser desenvolvido considerando fragmentação de período ainda maior,
como quinzena ou semana; esse exercício não foi buscado aqui, uma vez que foi demonstrado
coerência nos valores dos dados, considerando toda a amplitude de quantitativo de fornos (de 4
a 200 fornos). Não obstante, o exercício pode ser salutar em especial para proposta específica de
projetos grande em especial ao que é indicado a adoção do Lucro Real como modalidade
tributária.
42
O primeiro resultado deriva-se da análise dos custos e receitas agregados para o
empreendimento de carbonização. Na Tabela 24 apresenta-se síntese de resultado, no qual
demonstra-se que o empreendimento possui altos custos de operações e baixa receita líquida
(descontados os custos). Para exemplificar os resultados, na tabela são considerados dois
cenários de empreendimentos com Forno JG (com 4 e 32 fornos), em função do tempo de 15, 30
e 36 meses.
Tabela 24. Valores de simulação do EVTE – custos e receitas (Caso: Fornos JG).
Cenário 2* – N. de Fornos 32
Receita Bruta - Total R$ 2.403.100,00 R$ 2.967.400,00 R$ 3.639.047,66
Receita Bruta - ano1 R$ 1.153.488,00 R$ 1.186.960,00 R$ 1.213.015,89
Receita Bruta - mês1 R$ 96.124,00 R$ 98.913,33 R$ 101.084,66
Receita Bruta - mês1 (por forno) R$ 3.003,88 R$ 3.091,04 R$ 3.158,90
Custo - Total R$ 2.086.656,42 R$ 2.523.261,21 R$ 2.987.368,15
Custo - ano1 R$ 1.001.595,08 R$ 1.009.304,49 R$ 995.789,38
Custo - mês1 R$ 83.466,26 R$ 84.108,71 R$ 82.982,45
Custo - mês1 (por forno) R$ 2.608,32 R$ 2.628,40 R$ 2.593,20
Receita Líquida - Total R$ 316.443,58 13,2% R$ 444.138,79 15,0% R$ 651.679,50 17,9%
Receita Líquida - ano1 R$ 151.892,92 13,2% R$ 177.655,51 15,0% R$ 217.226,50 17,9%
Receita Líquida - mês1 R$ 12.657,74 13,2% R$ 14.804,63 15,0% R$ 18.102,21 17,9%
Receita Líquida - mês1 (p. forno) R$ 395,55 13,2% R$ 462,64 15,0% R$ 565,69 17,9%
Nota: 1 = média; *Estratégia do empreendimento: Pessoa Jurídica no Simples Nacional, Florestas próprias, mão de
obra própria. Cálculos do autor.
Observa-se que para o empreendimento com 4 Fornos JG (Cenário 1) a margem de receita líquida
média está na ordem de 13% para 25 meses, 15% para 30 meses, e 21% para 36 meses. E, para
um empreendimento com 32 Fornos JG (Cenário 2) a margem de receita líquida média é na
ordem de 13,2% para 25 meses, 15% para 30 meses, e 17,9% para 36 meses.
Com os cenários relacionados à produção de carvão fica possível visualizar que quanto mais
fornos no projeto (4, 8 e 32 unidades), consequentemente maior quantitativo de cargas de
carvão e finos despachadas durante o mês - ver linhas no fluxo de caixa = Algoritmo caminhão /
produção carvão e Algoritmo caminhão / produção finos. Por exemplo:
a) Para 4 fornos – Durante o período de seca é possível produzir uma (1) carga de carvão ao
mês, mas no período de chuva, em alguns meses a produção não é suficiente para encher
uma (1) carga de caminhão de 120 mdc, precisando ser acumulada com parte da produção
do mês seguinte para ser feito um (1) carregamento.
b) Para 8 fornos – Durante o período de seca é possível produzir duas (2) cargas de carvão ao
mês, mas no período de chuva, há oscilações de produção entre uma (1) e duas (2) cargas.
c) Para 32 fornos – Durante o período de seca é possível produzir entre sete (7) e oito (8) cargas
de carvão ao mês, e no período de chuva, a produção oscila entre cinco (5) e seis (6) cargas.
Adiciona-se à questão, o maior fluxo de vendas induz à menor necessidade de capital de giro,
pela realização de receitas de maneira constante, o que permite quitar com empréstimos
bancários mais rápidos e/ou custear a produção com recursos próprios. Isso tende a aumentar a
viabilidade e rentabilidade do projeto. Assim, tem-se que projetos menores são mais
dependentes do capital de giro e dos custos associados à produção. Aqui, foi utilizada regra geral
para com a necessidade de capital de giro e fluxo de receitas, sendo tratados com igualdade todas
as tipologias de negócio de carbonização. Na prática, a redução ou aumento sobre essa
necessidade é exercício inerente ao próprio negócio, exercício esse que vai além do objetivo
deste EVE.
44
Quando a opção selecionada está para mão de obra própria os resultados são apresentados
detalhamento dos tipos de profissionais envolvidos. Quando a opção selecionada está para mão
de obra terceirizada, fica apresentado valor da taxa cobrada pela colheita e pela carbonização
(por mdc), não detalhando os profissionais alocados no processo pois se trata de estratégia
definida pelo empreiteiro contratado.
Sobre os custos de administração e operações apresentados, observa-se que incide taxa maior
(de 15%) para a mão de obra terceirizada, e taxa menor (de 5%) para a mão de obra própria.
Por fim, a praça mínima considerada para funcionamento de um empreendimento com mão de
obra terceirizada foi de ao menos 32 fornos construídos. Neste estudo não foram consideradas
para análise possibilidade fracionar a terceirização com menor número de fornos, pelas
características intrínsecas aos negócios, em relação à logística e à necessidade de alocação de
recursos físicos e humanos. Essa possibilidade adiciona complexidade à análise, além do
45
proposto para este EVTE. De certo, podem haver casos em que o fracionamento pode ser factível
de execução (exemplo: dois projetos próximos), devendo o exercício ser feito individualmente
para cada caso.
Legenda: SN = Simples Nacional, LR = Lucro Real e LP = Lucro Presumido
A modelagem demonstra que a adoção de diferentes sistemas de tributação pode gerar maior
receita líquida ao negócio. Sendo assim, a opção tributária a ser adotada é uma importante
decisão a ser tomada pelo produtor, pois pode ser determinante na viabilidade do
empreendimento. Não obstante, a adoção de sistema mais completos como o LP e o LR
adicionam mais complexidade à gestão administrativa e contábil ao negócio.
Neste EVTE a indicação predominante foi do modelo SN, embora da limitação desse sistema por
não permitir que seja adotado livro caixa para deduzir custos de insumos e reincidência de
impostos. Embora dessa não compensação, as taxas de impostos incidentes são baixas, conforme
enquadramento da atividade de carbonização no Anexo I do Simples Nacional (Figura 4 e Tabela
18), o que favorece à adoção desse sistema. Nesse sentido, ressalta que nesse EVTE utilizou a
premissa que haveria preferência na opção do SN ao considerar uma renúncia de até 2,0% no
lucro líquido em comparação do resultado promovido pelo LR, por questões de redução de
burocracia e de procedimentos administrativos/contábeis (exemplo: inclusão da depreciação
física e contábil). Aplicado essa premissa, identificou-se que foram poucos os casos em que o
modelo o modelo SN foi indicado em detrimento do LR. Observa-se que, o fator mais
predominante para que o LR seja indicado como regime tributário se dá quando o percentual de
custos de produção é alto em razão do retorno financeiro do projeto.
A adoção da tributação via Pessoa Física demonstra ser viável apenas quando são praticados
preços de compra do insumo lenha abaixo do valor de mercado (< R$30) e/ou quando
investimentos em plantio de florestas próprias são iguais ou menores ao referencial mínimo de
investimento (=< R$5000,00). Para nenhum caso de PF foi apresentada viabilidade quando as
oscilações de preço estão acima dos valores referencias do mercado, mesmo considerando
sistemas de livro caixa para compensação de custos.
46
Os resultados detalhados dos indicadores econômicos (TIR< VPL, Pay Back, RMM e RMA)
desenvolvidos para o EVTE são apresentados na seção de Anexos, cuja organização é apresentada
na Tabela 25.
47
Tabela 26. Síntese TIR – Resultados de Indicação de viabilidade econômica.
Própria
= R$4000/ha >=4; <=200 >=8; <=200 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$3000/ha >=4; <=200 >=8; <=200 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$40,00/mST >=12; =<32 não viável >=32; <=200 não viável
= R$35,00/mST >=8; =<40 >=20; =<24 >=32; <=200 >=32; <=200
Floresta
= R$30,00/mST >=8; <=40 >=8; <=40; 120 >=32; <=200 >=32; <=200
Terceiros
= R$25,00/mST >=4; <=200 >=8; <=120 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$20,00/mST >=4; <=200 >=8; <=120 >=32; <=200 >=32; <=200
= R$7000/ha não viável * não viável *
= R$6000/ha não viável * >=32; <=200 *
Floresta
= R$5000/ha >=12; <=24 * >=32; <=200 *
Própria
Pessoa Física
Em síntese, considerando os valores base das premissas definidas para o EVTE, a TIR indica que
os seguintes resultados econômicos:
Análise Geral
Para todos os cenários, a UFF-UFV apresenta melhores resultados de TIR em comparação
ao Forno JG, pois esse apresenta:
a) viabilidade econômica mais alta em termos de %,
b) maior quantidade de cenários com viabilidade econômica (maior que a Taxa Mínima
de Atratividade de 12%) em razão dos efeitos das variações de preço (sensibilidade), e
c) maior amplitude na quantidade de unidades em que apresentam viabilidade, iniciando
a viabilidade com menos fornos e/ou encerrando a viabilidade com mais fornos.
Para tributação via Pessoa Física, quando há viabilidade, essa apresenta menor índice TIR
e/ou tem menor amplitude (em número de fornos) comparada à tributação Pessoa
Jurídica.
48
Análises específicas
A Floresta Própria apresenta melhores resultados de TIR em comparação à floresta de
terceiros, pois para essa apresenta (de maneira geral):
a) indicadores de viabilidade econômica mais altos em termos de %,
b) maior quantidade de cenários positivos de viabilidade econômica, considerando os
efeitos das variações de preço (sensibilidade), e
c) maior amplitude na quantidade de unidades que apresentam viabilidade (> que a Taxa
Mínima de Atratividade de 12%), iniciando a viabilidade com menos fornos e/ou
encerrando a viabilidade com mais fornos.
Especificamente, há viabilidade econômica quando/para:
a) Forno JG, com uso de mão de obra própria:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ é igual a R$7000/ha, 12 fornos e entre 20 e 24 fornos.
. PJ é igual a R$6000/ha, amplitude entre 12 e 40 fornos, e para 120 fornos.
. PJ é igual a R$5000/ha, amplitude entre 8 e 120 fornos.
. PJ é igual a R$4000/ha e R$3000/ha, amplitude entre 8 e 200 fornos.
- Em florestas de terceiros, o pagamento por madeira é:
. PJ é igual de R$35/mST, amplitude entre 20 e 24 fornos.
. PJ é igual de R$30/mST, amplitude entre 8 e 40 fornos, e para 120 fornos.
. PJ é igual a R$25/mST e R$20/mST, amplitude entre 8 e 120 fornos.
b) UFF-UFV, com uso de mão de obra própria:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ é igual a R$6000/ha ou a R$7000/ha, amplitude entre 8 e 80 fornos.
. PJ é igual a R$5000/ha ou menos, amplitude entre 4 e 200 fornos (todos cenários).
. PF é igual a R$5000/ha, amplitude entre 12 e 24 fornos.
. PF é igual a R$4000/ha ou menos, amplitude entre 8 e 40 fornos.
. PF é igual a R$3000/ha ou menos, amplitude entre 4 e 200 fornos (todos cenários).
- Em florestas de terceiros, o pagamento por madeira é:
. PJ é igual a R$40/mST, amplitude entre 12 e 32 fornos.
. PJ entre R$30/mST e R$35/mST, amplitude entre 8 e 40 fornos.
. PF é igual a R$25/mST ou menos, amplitude entre 12 e 16 fornos.
. PF é igual a R$20/mST ou menos, amplitude entre 8 e 24 fornos.
49
c) Forno JG, com uso de mão de obra terceirizada11:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ todos valores analisados, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
- Em florestas de terceiros, o pagamento por madeira é:
. PJ menor ou igual a R$35/mST, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
d) UFF-UFV, com uso de mão de obra terceirizada:
- Em florestas próprias, o investimento:
. PJ todos valores analisados, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
. PF valores de R$6000 e abaixo, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
- Em florestas de terceiros, o investimento:
. PJ todos valores analisados, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
. PF valores de R$6000 e abaixo, entre 32 e 200 fornos (todos cenários).
Em síntese, tem-se que, o empreendimento UFF com base de florestas próprias e mão de obra
próprias, apresenta ampla viabilidade (de 1 a 50 unidades, com 4 a 200 fornos respectivamente),
considerando o investimento de R$5000 por hectare e a venda do carvão a R$130 por mdc. O
incremento do custo por hectare para R$6000 a R$7000 reduz as margens de TIR bem como a
amplitude do quantitativo para 2 a 20 unidades, com 8 a 80 fornos. Essa viabilidade econômica
tende a incrementar conforme ocorram reduções nos investimentos (via custo marginal de
produção) e/ou ocorram aumentos nos preços do carvão. Isso será discutido em específico na
seção de Análise de Sensibilidade a seguir.
11
Para mão de obra terceirizada, a premissa de entrada no negócio é da operação mínima de 32 fornos.
Na Tabela 27 são apresentados dados selecionados do VPL a fim de fundamentar discussão sobre
os resultados modelados para os diferentes cenários e arranjos de empreendimentos de
carbonização.
Nota: cenários com viabilidade econômica em negrito em com borda. Cálculos dos autores. Base de
investimento R$3000/ha em florestas próprias e compra de R$30/mST em florestas de terceiros.
Os resultados indicam que em todos cenários os resultados da UFF-PJ foram superiores aos do
Forno JG – PJ, exceto para o cenário de 30 unidades (com 120 fornos) com utilização de mão de
obra própria. Na média simples dos cenários de quantitativo de fornos, o VPL para a UFF-PJ é
superior em mais de 31% em comparação ao JP-PJ, chegando à 52% no Cenário 4 (100%
terceirizado).
A ordem (ranking) dos arranjos de empreendimentos que apresentam maior receita foi:
1º - floresta própria e mão de obra própria, 2º - floresta de terceiros e mão de obra própria,
3º - floresta própria e mão de obra terceirizada, e 4º - floresta de terceiros e mão de obra
terceirizada. Deste modo, tem-se que a internalização de processos e infraestrutura, embora
requeiram mais custos e mais trabalho, esses pode proporcionar maior receita ao investidor. A
busca por ampliação da receita em escala/volume (via VPL) também um objetivo econômico,
muitas vezes mais importante que margens mais altas de TIR.
Nota: Cenários com viabilidade econômica em negrito em com borda. Cálculos dos autores. Base de
investimento R$3000/ha em florestas próprias e compra de R$30/mST em florestas de terceiros.
Os resultados indicam, para os cenários com viabilidade econômica, o Pay Back de investimentos
entre 5 e 10 meses. Essas variações ocorrem pelas diferentes tipologias de investimentos nos
diferentes tipos de empreendimentos. Dos 91 cenários com viabilidade12, a principal ocorrência
(moda) se dá com 7 meses, com 33 ocorrências (36%), seguido de 8 meses, com 29 ocorrências
(32%).
Os investimentos menos intensos na necessidade capital, ou seja com a mão de obra terceirizada
(a qual preconiza que os investimentos nos fornos ocorrem também por conta do empreiteiro
terceirizado), apresentaram mais ocorrências de Pay Back em limites inferiores de tempo, ao 5º
e 6º mês (23 ocorrências = 25,3%). Inversamente, os investimentos que têm mais dependência
de capital, apresentam a ocorrências de Pay Back em limites superiores de tempo, com 9 e 10
meses de recuperação (6 ocorrências = 6,6%).
Na Tabela 29 são apresentados dados selecionados da Receita Média Mensal - RMM (Líquida) e
da Receita Média Anual - RMA (Líquida) a fim de fundamentar discussão sobre os resultados
modelados para os diferentes cenários e arranjos de empreendimentos de carbonização.
52
12
Vide Nota na da Tabela 27.
Tabela 29. Dados de Receita Média Mensal e Receita Média Anual Líquida, por forno.
RMM Quantidade de Fornos / Conjunto com 4 Unidades
Tipo de 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 80 120 160 200
Fonro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20 30 40 50
1. Floresta Própria / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 494 685 759 717 809 812 528 526 528 527 525 526 525 525
b) JG PJ 613 769 812 749 831 814 713 707 699 695 627 866 538 536
c) UFF PJ 874 1.021 1.057 993 1.064 1.053 952 942 937 928 925 718 714 711
2. Floresta Terceiros / Mão de Obra Própria
a) UFF PF 412 603 677 635 553 556 446 444 446 445 443 444 443 443
b) JG PJ 531 687 729 667 748 732 631 625 617 613 497 784 484 481
c) UFF PJ 792 939 974 911 982 971 870 860 855 846 843 663 659 656
Nota: Cenários com viabilidade econômica em negrito em com borda. Cálculos dos autores. Base de
investimento R$3000/ha em florestas próprias e compra de R$30/mST em florestas de terceiros.
Os resultados indicam, para os cenários com viabilidade econômica, que a RRMensal e RMAnual
Líquida por forno varia dependendo da (a) tipologia de empreendimento e (b) o arranjo
quantitativo de fornos e a alocação de recursos para a produção.
A ordem (ranking) dos arranjos de empreendimentos que apresentam maior receita foi:
1º - floresta própria e mão de obra própria, 2º - floresta de terceiros e mão de obra própria,
3º - floresta própria e mão de obra terceirizada, e 4º - floresta de terceiros e mão de obra
terceirizada. Deste modo, tem-se que a internalização de processos e investimentos
(infraestrutura e florestas), embora requeiram mais custos e mais trabalho, esses pode
53
Para ampliar a discussão, devem ser analisadas a renda líquida mensal e anual sob a ótica do
pequeno empreendedor rural, e também de empreendedores de médio e grande porte. Para tal,
multiplicou-se a renda média por forno pela quantidade de unidades a serem adotadas no
projeto.
13
Ver Anexos Tabelas 32, 33, 34 e 35 - indicadores econômicos RMM e RMMA.
Tabela 31. Renda média mensal liquida gerada em pequenos empreendimentos com UFF.
Tabela 32. Renda média mensal liquida gerada em médios e grandes empreendimentos com UFF.
Com base no teste de sensibilidade à variação de preços, foram calculadas as elasticidades preço
dos fatores, cujos resultados estão consolidados na Tabela 33 a seguir.
55
Tabela 33. Síntese de dados de sensibilidade – elasticidade preço de fatores de produção.
Os resultados indicam:
– De maneira geral,
. não houve diferença significativa quanto da mudança da propriedade da floresta
(própria ou de terceiros).
. quando da adoção de sistemas com mão de obra terceirizada, o peso da elasticidade é
56
levemente superior comparado ao de uso de mão de obra própria, tendo esse incidência
mais leve, mas provocando maiores perdas em rentabildade.
. quando da redução de preços de carvão, as perdas incidentes na lucratividade são
proporcionalmente maiores comparadas aos ganhos gerados quando de aumentos nos
preços de vendas. Essa função está associada ao custo oportunidade do capital, de modo
que as taxas incidentes sobre os empréstimos e amortizações têm maior taxa incidente
em comparação às remunerações (juros e correções monetárias) sobre o lucro.
c) Análise visual (não paramétrica) dos gráficos relativos à sensibilidade preço (na seção Anexos),
indicam uma tendência de perda proporcionalmente maior para os cenários sem viabilidade
econômica (de TIR), comparada aos cenários que tem viabilidade econômica (apresentados
em negrito e com borda).
14
Com preço base de frete fixo em R$30/mdc, e florestas próprias com investimento de R$5000/ha.
. o preço igual a R$120 viabiliza todos empreendimento, mas o empreendimento Forno
JG com florestas de terceiros mantém-se inviabilizada.
. o preço igual ou maior que R$130 viabiliza todos empreendimento.
15
Com preço base do carvão fixo em R$130,00/mdc.
. o preço igual e abaixo de R$25, os empreendimentos Forno JG têm viabilidade parcial e UFF
têm viabilidade.
. o preço igual a R$30 viabiliza parte dos empreendimentos Forno JG e UFF com floresta de
terceiros. UFF mantêm viabilidade com florestas próprias.
. o preço igual a R$35 viabiliza parte dos empreendimentos Forno JG e UFF com floresta de
terceiros. Forno JG com com florestas de terceiros inviabiliza.
. o preço igual e acima de R$40 viabiliza parte do empreendimento UFF com floresta próprias,
mas inviabiliza os demais empreendimentos.
Em síntese,
a) Os preços base propostos para este estudo apresentam próximos ao limiar entre a viabilidade,
viabilidade parcial e inviabilidade dos empreendimentos, portanto a análise de investimentos
requer cautela quanto interpretação de resultados.
b) O aumento no preço base do carvão tende a promover a ampla viabilidade dos negócios de
carbonização, e quando da redução de preços, a viabilidade parcial ou inviabilidade.
c) A variação no preço base do frete, promove variação mais tênue nos resultados, mas também
indicam a o aumento de custos tende a promover a viabilidade parcial ou inviabilidade.
d) Os empreendimentos com utilização de mão de obra terceirizada apresentaram maior
resistência à variação de preços, apresentando maior quantitativo de cenários com viabilidade
e/ou viabilidade parcial, comparado aos empreendimentos com mão de obra própria.
e) Os empreendimentos com utilização de mão de obra própria, por ter maior intensidade de
uso de capital, em especial em investimentos, apresentaram maior sensibilidade às variações
de preço, comparado aos empreendimentos com mão de obra terceirizada.
f) Os empreendimentos com utilização de mão de obra própria, precisam maior cautela sobre
os processos de tomada de decisão, em especial considerando os preços bases considerados,
de R$130/mdc para venda de carvão e de R$30,00/mdc para o frete.
g) Para o UFF com floresta própria e mão de obra de terceiros, mostrou-se com mais resiliência
e maior cenários de viabilidade e comparado aos demais casos.
59
60
A modelagem por demanda em investimentos em florestas indica que, considerando um
volume médio de produção efetiva de 347,2 mST de lenha por hectare, são necessários o
seguinte plantio/estoque de florestas para funcionamento do sistema de carvoejamento:
Esses números são de importante consideração pois além do plantio ser premissa para que a
carbonização e os sistemas de produção existam, esses se tratam de investimentos com
valores expressivos. Como por exemplo, considerando o investimento mínimo esperado de
R$5.000/ha, para o funcionamento de uma UFF é necessário o investimento:
Por exemplo, um empreendimento de médio porte de 8 UFFs com 32 fornos, requer para
36 meses o plantio de 185,6 hectares e o investimento estimado em R$928.000,00. E, um
empreendimento com 120 fornos requer o plantio de 461,4 hectares e investimento estimado
em R$3.461.000,00. Tratam-se de números significativos.
Por fim, ressalta-se que os valores de investimento e a produtividade por hectare não tem
reflexos nos cálculos do EVTE, pois nesse foi adotada a remuneração do plantio em florestas
próprias por via do pagamento pelo volume de madeira produzida e vendida em mST. Ou seja,
o rendimento do Carvoejamento independe do rendimento da floresta. Sendo assim, a
estratégia de plantio/produção e a localidade de produção devem ser estudadas a parte pelos
empreendedores, sendo tratada como um negócio distinto ao negócio da carbonização. É
recomendado que este apresente viabilidade em si só.
7. C onclusões e Recomendações
Os resultados deste trabalho alcançaram seu objetivo de desenvolver modelo econômico e
análise técnica que representasse as características de empreendimentos de carbonização
(Forno JG e Unidade Forno Fornalha – UFF), para o caso do município de João Pinheiro – MG.
Nesse foram desenvolvidos diversos cenários considerando diferentes fatores e custos de
produção. Procedimentos de validação e verificação, indicam coerência nos resultados e dados
gerados.
7) As áreas de florestas e custos associados são fator relevante ao investimento, pois uma
(01) UFF ou 4 Fornos JG requer para o funcionamento de 1 ano o plantio de 7,7 hectares,
para 36 meses o plantio de 23,1 hectares, e para um ciclo contínuo de 7 anos o plantio de
53,8 hectares (referência de produção 347,2 mST de lenha por hectare).
Para esta área, considerando investimentos de R$5000 por hectare, são necessários
investimentos na ordem de $38.500,00/ano, R$115.500,00/36 meses e R$269.000/ciclo
contínuo.
Os resultados indicam que para a UFF existe viabilidade e indicação para sistemas produtivos
desde pequena à larga escala, com 4 a 200 fornos.
Uma discussão aprofundada sobre a indicação será desenvolvida no Plano de Negócios para
implementação da UFF.
65
Há complexidade em se falar e trabalhar com a produção de carvão sem que esta esteja
intrinsecamente ligada à produção de florestas, portanto uma política setorial e/ou de
promoção/fomento deve considerar as duas áreas de maneira associada, caso contrário,
repercutem no aguçamento da percepção desses serem empreendimentos de riscos.
Embora a UFF-UFV apresente maior viabilidade e menor vulnerabilidade sobre os aspectos
produtivos (como: alocação de fatores e logística) comparada ao Forno JG, pela UFF ter maior
custos de implementação/manutenção e operação pode haver resistência quanto à adoção
dessa. Portanto, uma política de promoção da UFF deve trabalhar aspectos que não somente
demonstrem os aspectos relacionados à viabilidade e ao retorno, mas eu também busque
desoneração financeira para a adoção da nova tecnologia, para que essa tenha ainda maior
viabilidade comparado à tecnologia mais poluente. Por exemplo, devem ser discutidas
desonerações fiscais (de impostos, como o ICMS, redução e RAT, dentre outras) ou uma política
para produtos advindos de origem/produção que considera aspectos de maior sustentabilidade
(exemplo: com de preços mínimos, mecanismos de mensuração e pagamento por gravimetria).
A produção de carvão segue princípios de “tradicionalidade” e uso de mão de obra com baixa
qualificação, portanto a indução e promoção da mudança de paradigmas produtivos requer
atenção do setor público e da academia sobre os aspectos sociais da produção, devendo
considerar a educação, capacitação e assistência técnica continuada, como protocolos de
operações.
Residem recomendações para aprimoramento do projeto tecnologia UFF-UFV para escalas mais
largas de empreendimento, para facilitar as operações de produção e tornar o projeto ainda mais
viável para maior número de fornos.
Cardoso, M. T.; Carneiro, A. C. O. Damásio, R. A. P.; Jacovine, L. A. G.; Vital, B. R.; Martins, M. C.; Santos,
R. C. Efeito da combustão dos gases da carbonização no rendimento gravimétrico da madeira de
Eucalyptus sp. Ciência da Madeira, Pelotas, ISSN: 2177-6830, v. 01, n. 02, p. 20-31, Novembro de 2010.
ENVALMA. Estimação de Volume Estéreo de Madeira. ENVALMA Máquinas para Madeiras Ltda. NOTA
TÉCNICA 3. Balsa Nova, PR, 14 p., 22 de abril 2014,
Frederico, P.G.U. Efeito da região e da madeira de eucalipto nas propriedades do carvão vegetal.
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Jacovine, L. A. G.; Rezende, J. L. P.; Souza, A. P.; Leite, H. G.; Trindade, C. Descrição e uso de uma
metodologia para avaliação dos custos da qualidade na colheita florestal semimecanizada. Ciência
Florestal, Santa Maria, v.9, n.1, p. 143-160, 1999.
Lana, A. Q. Desenvolvimento e Avaliação de uma Fornalha Metálica para Combustão dos Gases da
Carbonização da Madeira. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa - UFV. 61 p., 2014.
Leite, E. S.; Fernandes, H. C.; Guedes, I. L.; Amaral, E. J. Análise técnica e de custos do corte florestal
semimecanizado em povoamentos de eucalipto em diferentes espaçamentos. Revista Cerne, v. 20m n.
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Lima, E. A.; Silva,H.D.; Tussolini, E. L. Potencial do Eucalyptus benthamii para produção de carvão em
fornos convencionais. Embrapa Florestas, Comunicado Técnico, 305, ISSN 1980-3982, Colombo, PR
Agosto, 4 p., 2012.
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67
Santos, D. W. F. N.; Leite, E. S.; Souza, D. R.; Fernandes, H. C. Análise técnica-econômica de sistemas de
colheita: toras curtas e toras longas sob métodos mecanizado e semimecanizado. Magistra, Cruz das
Almas – BA, V. 27, N.3/4, p.412-423, Jul./Dez. 2015.
Weather Spark. Resumo meteorológico com sazonalidade de chuvas e temperaturas em João Pinheiro
– MG. Acessado em https://pt.weatherspark.com/y/30367/Clima-característico-em-João-Pinheiro-Brasil-
durante-o-ano. Março de 2019.
68
9. Anexos
69
Tabela 36. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 1 UFF-UFV (4 Fornos).
70
Continuação Tabela 36. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 1 UFF-UFV (4 Fornos).
71
Tabela 37. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 4 Fornos JG.
72
Continuação Tabela 37. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica – para 4 Fornos JG.
73
Tabela 38. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica para 2 UFF-UFV (8 Fornos).
74
Continuação Tabela 38. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica para 2 UFF-UFV (8 Fornos).
75
Tabela 39. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica - para 8 Fornos JG.
76
Continuação Tabela 39. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica - para 8 Fornos JG.
77
Tabela 40. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 8 UFF-UFV (32 Fornos).
78
Continuação Tabela 40. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 8 UFF-UFV (32 Fornos).
79
Tabela 41. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 32 Fornos JG.
80
Continuação Tabela 41. Fluxo de caixa – Floresta Própria / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica - para 32 Fornos JG.
81
Tabela 42. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica.
82
Tabela 43. Indicadores Econômicos - Forno JG / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica.
83
Tabela 44. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Jurídica.
84
Tabela 45. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa Jurídica.
85
Tabela 46. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Própria / Pessoa Física.
86
Tabela 47. Indicadores Econômicos – UFF-UFV / Carbonização Terceirizada / Pessoa Física.
87
Tabela 48. Forno - JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica.
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Tabela 49. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs. floresta terceiros, carbonização própria, Pessoa Jurídica.
89
Tabela 50. Forno JG - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica.
90
Tabela 51. UFF-UFV - Análise de Sensibilidade a variação no preço do carvão e do frete –
floresta própria vs floresta terceiros, carbonização terceirizada, Pessoa Jurídica.
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Tabela 52. Lista de contatos – entrevista de campo em João Pinheiro MG.
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