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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

CADEIRA: METÓDOS DE ESTUDO

LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

1O ANO, 2023.

TEMA: DESIGUALDADES SOCIAIS E ÉTICA NOS PAÍSES DA SADC

DOCENTE: Dr. Rodrigues Fazenda Discente: Glédss António Macovela

Inhambane, Março de 2023


Índice
1.Introdução. ................................................................................................................................................. 3
1.1.Objectivos. .............................................................................................................................................. 3
1.1.1.Objectivo geral ................................................................................................................................. 3
1.1.2.Objectivos específicos ..................................................................................................................... 3
1.2.Metodologias .......................................................................................................................................... 3
2. Desigualdades sociais e ética nos países da SADC .................................................................................. 4
3. Acções para melhoria e combate as desigualdades. .................................................................................. 8
4. Considerações Finais .............................................................................................................................. 10
5.Referências Bibliográficas ....................................................................................................................... 11
1.Introdução.
O presente trabalho insere-se na cadeira métodos de estudo no mesmo pretende-se trazer uma
abordagem sobre o tema: desigualdades sociais e ética nos países da SADC. A SADC (Southern
Africa Development Community) que em português se designa por Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral é constituída por quinze países africanos, nomeadamente,
África do Sul, Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesotho, Madagáscar,
Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe e
Seycheles.

1.1.Objectivos.
A escolha dos objectivos é preponderante para a produção de trabalho científico, pois, é com
base neles que conseguimos adequar as metodologias; que constituem a luz de qualquer
pesquisa. Para Marconi & Lakatos (2002, p.24) “toda pesquisa deve ter um objectivo
determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar. E definir objectivos
de pesquisa é um requisito para desenvolver uma pesquisa científica.

1.1.1.Objectivo geral
 Discutir as desigualdades sociais e ética nos países da SADC.

1.1.2.Objectivos específicos
 Definição de palavras-chave e interpretar,
 Descrever as acções para melhoria e combate as desigualdades.

1.2.Metodologias
A metodologia empregue para realização do presente trabalho foi de revisão de leitura do manual
que versa sobre desigualdades sociais e ética nos países da SADC.
2. Desigualdades sociais e ética nos países da SADC
Dicio (2019) define desigualdade social como sendo o Fenómeno social que diferencia os
indivíduos, colocando alguns em condições mais vantajosas que outros; materializa-se no espaço
social, podendo ser intelectual, económico ou se apresentar sob outras formas (género, raça etc.).

A desigualdade não significa diversidade (no sentido de que nem todos são iguais), mas que
representa a ideia de falta de equilíbrio entre duas ou mais partes envolvidas. Em geral o termo
em si é colocado como sendo a relacionado com questões sociais e de acesso ao mesmo padrão
de vida, fenómenos que tem a ver com a sociedade e que representam o estabelecimento de
hierarquias sociais, diferenças e distinções entre diversas classes ou grupos sociais.

Outras formas de desigualdades são devidas a xenofobia que graçou a África do Sul, as guerras
na República Democrática do Congo, alguns conflitos religiosos ou armados no norte de
Moçambique e a constante instabilidade política que graça Madgáscar, causando outras formas
de desigualdade no acesso aos recursos, levando a existência de refugiados políticos e
ambientais. Pacífico & Gaudêncio (2014, p.135) alicerçam-se também nessa afirmativa quando
dizem que actualmente a maior parte dos refugiados é devida a problemas étnicos, religiosos que
culminam com a desigualdade, problemas de saúde, violência e insegurança. Gostaria aqui
destacar a não aceitação de diversidade de ideias. Por exemplo, em Moçambique são
assassinadas pessoas, intelectuais, jornalistas ou mesmo políticos só por terem ideias diferentes.
Falo de pessoas que não são políticos ou que não fazem política. Falo de meros opinadores.

Quando as desigualdades são existentes e criam desconforto, o resultado é o de aparecimento de


grupos e lutas sociais. Para Nunes (2013) “se as lutas de classes se exprimem, de igual forma,
enquanto lutas de classificação social, nelas disputam-se a perpetuação da dominação, os
interesses de classe, as “visões do mundo” e o reconhecimento social que ditam o sentido dos
lugares sociais a conquistar ou a reproduzir na sociedade”, daí que, “as estratégias de
classificação ou de desclassificação social, e consequente reclassificação, constituem as tarefas
dos atores colectivos e dos agentes envolvidos nos processos de acção colectiva das sociedades
modernas, nas quais, naturalmente participam nos conflitos os valores e as representações sociais
das classes sociais” (idem).
Em geral e na percepção de vários atores sociais as desigualdades mais gritantes ocorrem quando
são expressas olhando o ponto de vista económica. É o problema da renda. Mas Euzébios Filho e
Guzzo (2009) entendem que “O rico aparece aqui como o sujeito activo das relações, aquele que
toma a iniciativa em construir um quotidiano próprio, longe da pobreza. É assim que o
participante parece compreender as origens da segregação entre ricos e pobres.

Há mais formas de desigualdades, como por exemplo, a existência de favelas ou guetos, fome e
miséria, mortalidade infantil, desemprego, baixa qualidade de ensino público, aumento da
criminalidade, surgimento de diferentes classes sociais, atraso no desenvolvimento da economia
no país, dificuldade de acesso aos serviços básicos, como saúde, transporte público e saneamento
básico, diminuição do acesso a actividades culturais e de lazer, etc. etc.

As desigualdades criam alienação da pessoa ou sociedade perante interesses. Marx (1844/2004)


citado em Euzébios Filho et al. (2009) “comenta que a alienação é a marca das relações sociais
no capitalismo porque é ela quem determina o padrão de relacionamento mais elementar dessa
sociedade”, por exemplo, “a relação entre empregado e empregador. Dessa forma, Marx chama a
atenção para a relação reificada, ou seja, coisificada, inumana em que a maioria absoluta da
população é submetida o trabalhador não é dono de si mesmo, quanto menos dono do processo
de trabalho e da riqueza por ele produzida (mesmo no caso da empregada doméstica, que não
produz lucro para o patrão, a primeira fica, a priori, subjugada como aquela que só pode contar
com sua força de trabalho).

Partidos que lutaram para libertar os povos da SADC transformaram-se no centro para acesso a
todas formas de recursos negando as suas gentes e populações o acesso aos mesmos recursos,
criando-se desigualdades que a cada minuto parecem estar a avolumar. Dizer que as transições
realizadas a nível da SADC pós independências e pós apartheid estão todas imbuídas numa
autêntica malícia de parto, Coelho (2011) afirme que “em termos políticos, tais transições
envolvem a substituição dos antigos regimes autoritários, caracterizados pelo colonialismo, pelo
apartheid ou por sistemas de partido único, por uma nova ordem democrática dirigida por
governos eleitos” e “em termos económicos, elas dizem respeito ao surgimento de novas
economias liberais de mercado.
A relação entre os estados da SADC é de uma cumplicidade política vinda dos entre apoios das
guerras para a independência, causando monoculturas5 agrárias, rendimento produtivo baixo6,
dificuldades de acesso a terra, falta de habitação, qualidade de ensino bastante fraco, entre outras
formas patentes na actual conjuntura da SADC, roçando a uma imaginável desigualdade entre a
nova classe oligarca, as periferias, dentro das cidades e a relação campo-cidade bastante frágil.

As desigualdades não devem ser entendidas somente em termos de rendimento e riqueza. Podem
ser “económicas, políticas, sociais, culturais, ambientais, espaciais e com base no conhecimento”
(ISSC, 2016).

ISSC (2016) aponta 7 dimensões da desigualdade, nomeadamente:

 Desigualdade económica: diferenças entre níveis de renda, recursos, riqueza e capital,


padrões de vida e emprego,
 Desigualdade social: diferenças entre o status social de diferentes grupos populacionais e
desequilíbrios no funcionamento dos sistemas de educação, saúde, justiça e protecção
social;
 Desigualdade cultural: discriminações com base em género, etnia e raça, religião,
deficiências e outras identidades de grupo.
 Desigualdade política: a capacidade diferenciada que indivíduos e grupos têm de
influenciar os processos políticos de tomada de decisões, de se beneficiar dessas decisões
e de participar da acção política.
 Desigualdade espacial: disparidades espaciais e regionais entre centros e periferias, áreas
urbanas e rurais, e regiões com recursos mais ou menos diversificado;
 Desigualdade ambiental: irregularidade no acesso a recursos naturais e aos benefícios de
sua exploração; exposição à poluição e a riscos; e diferenças quanto à capacidade de
acção para se adaptarem a tais ameaças;
 Desigualdade com base no conhecimento: diferença quanto ao acesso e à contribuição
para diferentes fontes e espécies de conhecimento, bem como as consequências dessas
disparidades.

No caso da SADC Coelho (2011) entende que “apesar da vontade da maioria dos países da
região em levar até ao fim tais transformações, e da evidência dos passos concretos que estão
a ser dados nesse sentido, as transições são fenómenos complexos e não seguem itinerários
pré-determinados. Pelo contrário, manifestam sempre avanços e recuos, uma vez que o que
as faz mover são actores sociais concretos com interesses diversos, ou mesmo contraditórios,
num contexto regional em que nem sempre é clara a distinção entre aquilo que se consideram
interesses nacionais e o que é o interesse regional comum. Muitas vezes este último é
encarado até como estabelecendo uma relação de conflito com os interesses nacionais.

Castel-Branco (2003) analisa a situação económica olhando em três aspectos: crescimento,


estabilidade e evolução do investimento privado, como forma de diminuição das
desigualdades, porque a economia moçambicana por exemplo não está a industrializar, o que
é demonstrado pelo facto do peso do valor acrescentado da indústria transformadora (VAIT)
no PIB ser muito baixo. Mais grave ainda é que o crescimento industrial mostra sinais muito
fortes de desaceleração e tendência para estagnação. A SADC (2015) criou uma estratégia de
industrialização 2015 e 2063. É uma estratégia regional orientada pelas visões e planos
nacionais de desenvolvimento e, primariamente, pelo Tratado da SADC, pelo Plano
Indicativo Estratégico de Desenvolvimento Regional (RISDP), pelos protocolos da SADC e,
especificamente, pela Estrutura Política de Desenvolvimento Industrial (PQDI) e com
referência ao Desenvolvimento Industrial Acelerado para África e a Agenda 2063 da União
Africana (SADC, 2015).

Bielschowsky & Torres (2018, p.235) afirmam que apesar dos avanços, persistem altos níveis de
desigualdade, que conspiram contra o desenvolvimento e são uma poderosa barreira para a
erradicação da pobreza, a ampliação da cidadania e o exercício dos direitos, assim como para a
governabilidade democrática. Assim sendo, só reduzindo essas desigualdades é que se pode
avançar no desenvolvimento sustentável.

O que pode-nos levar como pretexto a tocar também no objectivo (Ação Climática) dos ODS o
Fernandes (2015) olha dizendo que é necessário actuar simultaneamente ao nível da mitigação,
reduzir as emissões de gases com efeitos estufa (GEE) e ao nível da adaptação e minimizar a
vulnerabilidade em relação aos efeitos negativos das alterações climáticas. É do conhecimento
geral e está plenamente demonstrado que as alterações climáticas constituem um problema à
escala global, pelo que as decisões relativas quer à mitigação quer à adaptação envolvem acções
e opções a todos os níveis da tomada de decisão, do local ao internacional, envolvendo todos
governos nacionais.

Lelé (2013) e Viriato Soromenho-Marques (2012) reflectem sobre isso chegando mesmo a
admitir que há problemas graves na relação desenvolvimento sustentável e os hábitos que devem
ser criados para esse desenvolvimento. Veja-se agora os conflitos infindáveis que estão a ocorrer
na áfrica do sul entre a maioria negra e os agricultores brancos. Veja-se os vários conflitos que
ocorrem na província de Tete – Moçambique para a extracção do carvão de Moatize onde se
elimina a vida selvagem de vários kilómetros de terra e a vida das populações. Os conflitos
existentes na Bacia do Rio Rovuma – Moçambique com as companhias petrolíferas após
descobertas de jazigos de gás; Os conflitos em Nhamanumbir – Moçambique devido a extracção
de pedras preciosas, etc. etc. São conflitos que estão sendo criados entre a natureza e o homem,
entre o homem e as multinacionais, agravando o nível de pobreza, a nomadez da população, a
exclusão social, a falta de infra-estruturas, em suma a degradação da responsabilidade social com
culpa explícita para os estados.

3. Acções para melhoria e combate as desigualdades.


A eliminação das desigualdades sociais a nível da SADC passam pelo cumprimento escrupuloso
das oito metas previstas pela SADC (2012) e apresentadas ao longo da introdução deste trabalho,
eliminar as 7 dimensões da desigualdade apontadas em ISSC (2016) e o cumprimento
escrupuloso dos ODS. Tenha-se em conta que os ODS em última instância englobam os
objectivos e metas previstos em ISSC (2016) e em SADC (2012).

A investigação-acção possui as seguintes características (Latorre, 2008, p.25) citando Kemmis et


al. (1988):

 É participativa – as pessoas trabalham para melhorar as suas práticas (planificação, ação,


observação e reflexão)
 É colaborativa – realiza-se em grupo com as pessoas implicadas
 Cria comunidades autocríticas – as pessoas participam em todas fases do processo
 É um processo sistemático de aprendizagem orientado a praxis
 Induz a teorizar sobre a prática
 Somente testa as práticas as ideias e as posições, etc.
As práticas sustentáveis no consumo ajudam a diminuir o consumismo, colocando assim justiça e
solidariedade o que sobremaneira diminui desigualdades. Falo por exemplo de práticas como a
utilização da logística reversa porque lida com o descarte ecologicamente correto de embalagens
e outros componentes. De Souza & da Fonseca (2009) definem logística reversa como aquele
segmento da cadeia de suprimentos que trata dos processos logísticos de produtos que já foram
vendidos em duas frentes. A primeira refere-se ao fluxo de retorno de produtos que foram
entregues com algum tipo de problema (qualidade, quantidade etc.), produtos que necessitam
reparos (recall), e produtos que o produtor assume a responsabilidade sobre o mesmo, após sua
vida útil. A segunda frente se refere ao fluxo de retorno de produtos que se destinarão
basicamente a venda ou reciclagem, produtos que tenham sido originários do comércio,
indústria, ou residências.

A parceria é uma estrutura em rede e é uma estratégia de trabalho colaborativo (Carmo et al.,
2015), que de certa forma é um dos maiores pilares para a intervenção social, porque a parceria é
um trabalho de um conjunto de pessoas, grupos, equipas e organizações dotado de
heterogeneidade e identidade.

Ela, segundo Carmo et al. (2015), deve partir de uma população alvo, delinear plano de acção,
objectivos gerais e específicos, estratégias e actividades, conceber um plano de monitoria e
avaliação, atendendo aos quatro tipos de exigências:

 Controlo do narcisismo individual e organizacional,


 Estilo democrático de orientação,
 Conjunto de regras que dêem coesão à rede,
 Maturidade emocional dos protagonistas.

A parceria não deve esquecer as competências das pessoas. Se atendermos que melhor é primeiro
as competências das pessoas que vão integrar a parceria, o que chamamos de cidadania, então
uma parceria é também um exercício de educação para a cidadania e fonte para a eliminação de
desigualdades.
4. Considerações Finais
O presente trabalho versou sobre as desigualdades sociais, para concluir este trabalho tenho a
dizer que, é necessário ter em conta a “escala estruturante das organizações e redes integrantes na
SADC (escala meso), daí que o trabalho colaborativo em rede passa aqui a ter um papel
fundamental, mas extremamente exigente” (Carmo, 2019), porque obriga a se ter “um nível
elevado de responsabilidade social dos indivíduos e das organizações, particularmente se a rede
for suficientemente apertada assumindo a forma de parceria” (Idem).
5.Referências Bibliográficas
GIL, A. C. (1999). Métodos e técnicas da pesquisa social. (5a ed.). São Paulo: Brasil. Editora
atlas.

GIL, A. C. (2002). Como elaborar projecto de pesquisa. (3ª ed.). São Paulo: Brasil, Atlas.

LAKAKOS, E.M &. MARCONI. (2010) Fundamentos de Metodologias Científica. (6ª ed.). São
Paulo: Atlas

AIP Projecto [AIP](2014). Moçambique – integração regional na SADC e relacionamento com


os países da CPLP. Maputo: Lusofonia Económica.

Associação Lusófona de Energias Renováveis [ALER] (2017). Energias Renováveis em


Moçambique. Relatório Nacional do Ponto de Situação. Outubro 2017. (2ª ed.) ISBN: 978-989-
99675-5-7. Lisboa: RECP (Africa-EU Renewable Energy Cooperation Programme).

Latorre A. (2008). Investigação acção. ¿Qué es la Investigación-Acción?

Southern African Development Community [SADC] (2015). Estratégia e Roteiro Para a


Industrialização da SADC 2015-2063. Gaborone: Autor.

Southern Africa Development Community [SADC] (2012). Política da SADC. Política da SADC
para o Desenvolvimento, Planeamento e Monitorização de Estratégias. Gaberone: MCBS.

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