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cambio-sequencial/

FORD MAVERICK
RENASCE COM
MOTOR V8
PREPARADO E
CÂMBIO
SEQUENCIAL
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Os irmãos Rodrigues estão no mercado de carros há anos e passaram de


colecionadores a construtores na virada dos anos 2000. Uma das obras-primas deles é
o hot rod Sigma Sport Car, publicado em várias configurações nas nossas páginas e no
canal oficial youtube.com/fullpowertv. Mas, eles também têm outros veículos bem
exóticos dignos de capa de revista. É o caso deste Ford Maverick 1976 comprado por
R$ 1.000, com um quatro cilindros sob o capô e bem castigado pelas décadas de
serviços prestados. “Achei o carro muito barato e tinha péssimas intenções com ele.
Ao fazer o cheque, já sabia que faria algo radical com o cupê”, conta Ricardo, o mais
revolucionário dos irmãos.

“A carroceria estava tão ruim que este Ford ficou apenas com laterais traseiras e teto
do veículo de fábrica. Demais partes como portas e paralamas dianteiros, por
exemplo, foram todas adquiridas no mercado”, admite Luiz, o conservador da dupla e
que coloca todo o time da SSC de volta à Terra quando necessário. No caso do
Maverick, dá para ver que os caras viajaram bastante e fizeram algo digno para
programas como o Megaconstruções, do Discovery Channel. Afinal, do Ford que
deixou a linha de montagem em meados dos anos 70 só ficou a silhueta.

A base de tudo foi o próprio hot rod feito em Santo André (SP): a parte frontal do
chassi tubular, assim como a traseira, são bem semelhantes, em tubos de seção
quadrada e com amortecedores e molas fixados como em carros de corrida. Na frente
é Indy style, como nos Fórmula, enquanto a traseira lembra os protótipos de provas de
longa duração. Eles são multireguláveis e garantem certo conforto na rua, mas a
construção foi pensada para andar em Track-Days e em eventos em locais fechados.

Para amarrar essa estrutura toda e garantir que o Mavecão rodaria em linha reta, o
chassi foi costurado em uma mesa zero. O cupê ruinzão foi amarrado à estrutura que
garante o alinhamento durante a montagem e eles começaram cortando o meio do
assoalho, onde são fixados trilhos de bancos do motorista e passageiro. Com o miolo
desenhado e soldado, foi possível costurar a traseira com os amortecedores
longitudinais em relação ao chassi e posteriormente a dianteira, com os suportes para
a suspensão e motor recuados em 30 cm. O santantônio de proteção também foi feito
na mesa e dá ainda mais estilo ao projeto.

O V8 302 fica bem mais dentro do habitáculo do que o original, buscando melhor
distribuição de peso. Entre um corte e uma solda, outro objetivo era reduzir o peso
final da máquina. “Eliminamos quase 250 kg se comparado a um Maverick original.
Deixamos de lado vários equipamentos, como sistema de som e banco traseiro.
Laterais de porta e boa parte do assoalho, por exemplo, são feitos de Kevlar, material
leve e resistente, usado em aviões”, diz Ricardo.

Criar e funcionar

Usar a criatividade é um exercício e tanto, mas fazer ela funcionar é o verdadeiro


desafio. Com chassi pronto, suspensão e motor devidamente fixados (todo
embuchamento é feito em poliuretano), era preciso saber como a engenharia se
comportaria na prática. Ao sair da mesa zero, o carro foi para o chão já calçado
nas rodas Foose Design aro 20”. Enquanto instalava a injeção programável InjePro
para tocar os oito bicos, corpos de borboleta individuais foram feitos em CNC na
própria Sigma — a ignição também tem uma bobina para cada cilindro.

Com o radiador de alumínio instalado na cara do Ford e escapes em inox com saídas
na dianteira, perto das portas, tudo estava pronto para apertar o botão de start e ver o
veoitão roncar. Depois de cinco anos de trabalho, ele andou por dias em volta da
oficina para acertar marcha lenta, checar se haveria superaquecimento,
funcionamento de ventoinha elétrica… E funcionou!

Como se não bastasse o urro do V8, que parece duas motos Harley Davidson ligadas, o
câmbio Sainz sequencial de cinco marchas — dos Stock Car de alguns anos atrás —
também grita com vontade. Um rolê em primeira mais parece um passeio em marcha
ré, tamanho o baruho das engrenagens retas da transmissão. As trocas, então, nem se
fala: pode-se segurar o pé colado no acelerador e puxar a alavanca sem medo, pois
um sistema corta a ignição e garante o engate. Para reduzir, mesmo processo. Mas,
não é como um carro moderno, não! É tudo bruto, para quem tem experiência no
assunto. “Frescuras” ou equipos desnecessários, como rádio ou ar-condicionado, não
existem.

Sob medida

O que falta de equipamentos para um conforto mínimo, sobra em instrumentos para


monitoramento e botões para acionamento de bombas elétricas de combustível,
bomba da direção elétrica, bomba d’água, tudo fixado e modelado especificamente
para este carro. Duro vai ser virar temporal e acompanhar tantas informações
separadas pelos instrumentos, além do conta-giros e velocímetro monstrões à frente
do piloto. Ali também está um display acusando a marcha engatada, no melhor estilo
“carro de corrida disfarçado”.

Como não poderia ser diferente, os freios são Sigma e exagerados, com pinças de seis
pistões na frente e atrás e discos Fremax, também utilizados na Stock. Com cerca de
1.100 kg, o Mavecão ancora nas frenagens e acende lanterna com LEDs, também feitas
na empresa. Tanta dedicação e capricho colocam agora os irmãos Rodrigues numa
sinuca: como usar o muscle tão diferente, com direito a cor exclusiva? Nós
respondemos: realmente ficou lindo, animal, mas não dá para usá-lo só para eventos.
Ricardo e Luiz, queremos o Ford acelerando na pista!

Ficha Técnica

Motor > 8 cilindros em V, 5.0


Alimentação > Injeção eletrônica, gasolina
Potência > 450 cv (estimados)
Torque > 65 kgfm (estimados)
Transmissão > Manual, cinco marchas, tração traseira
Freios > Discos ventilados
Pneus > Dianteiro: 255/30 / Traseira: 295/40
Rodas > Aro 20”
Upgrade > Motor, câmbio, suspensão, freios, rodas, pneus, bancos, painel,
instrumentos, capô, escape, lanternas, pintura, acabamento, espelhos, volante
Empresa > Sigma Sport Car

Texto: Eduardo Bernasconi

Fotos: João Mantovani

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