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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ÁREA DE GEOTECNIA E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

Disciplina: FUNDAÇÕES Código: 101134


Professor: Erinaldo Hilário Cavalcante

Notas de Aula

FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Capítulo 4 – Capacidade de Carga

Aracaju, maio de 2005.


ÍNDICE
1.0 Definição 4
2.0 Relevância e Normalização das Fundações 4
2.1 Principais Normas Associadas a Fundações 4
3.0 Entidades Nacionais e Internacionais Ligadas à Engenharia de Fundações 4
4.0 Tipos de Fundações 5
4.1 Tipos de Fundações Superficiais, Rasas ou Diretas 5
4.2 Tipos de Fundações Profundas 6
5.0 Elementos Necessários ao Projeto de Fundações 7
5.1 Ações nas Fundações 7
6.0 Requisitos de um Projeto de Fundações 8
7.0 Fatores/Coeficientes de Segurança (Fs) 9
7.1 Fator de Segurança Global 9
7.2 Fator de Segurança Parcial 9
8.0 Deslocamentos em Estruturas e Danos Provocados 9
8.1 Definição de Deslocamentos e Deformações 10
8.2 Recalques Totais Limites 11
8.3 Distorções Angulares e Danos Associados 12
9.0 CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS 12
9.1 Mecanismos de Ruptura em Função do Solo 13
9.1.1 Campos de Deslocamentos das Rupturas 14
9.1.2 Fatores que Afetam o Modo de Ruptura 14
9.1.3 Tensões de Contato 15
9.2 FORMULAÇÃO DE TERZAGHI 15
10.0 DESENVOLVIMENTO DA EQUAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA 16
10.1 Casos Particulares 17
10.2 Superposição de Efeitos 17
10.2.1 SOLUÇÃO DE TERZAGHI PARA O CASO DE SOLOS FOFOS E MOLES 18
(localizada)
10.3 A SOLUÇÃO DE MEYERHOF (1963) 20
10.4 A SOLUÇÃO DE BRINCH HANSEN (1970) 21
10.5 A SOLUÇÃO DE VÉSIC (1973; 1975) 24
10.6 Influência do Lençol Freático 24
10.7 Avaliação dos Métodos 24
11.0 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS 25
11.1 Métodos Baseados no SPT 25

2
11.2 Métodos Baseados no CPT 26
12.0 MÉTODOS EMPÍRICOS 26
12.1 Recomendações Gerais 27
12.1.1 Solos Granulares 27
12.1.2 Construções Sensíveis a Recalques 28
12.1.3 Aumento da Tensão Admissível com a Profundidade 28
12.1.4 Solos Argilosos 28
13.0 PROVAS DE CARGA SOBRE PLACAS – INTERPRETAÇÃO E 28
EXTRAPOLAÇÃO
13.1 Extrapolação dos Resultados para a Sapata 29
14.0 Fundação em Solos Não Saturados e Colapsíveis 30
15.0 Influência do Nível D´água em Areias 30
16.0 Estimativas de Parâmetros de Resistência e Peso Específico 31
17.0 EXEMPLO PRÁTICO 33
18.0 Bibliografia Consultada 35

3
1.0 Definição

Entende-se por Fundação o conjunto formado pelo elemento estrutural mais o maciço de solo,
projetado para suportar as cargas de uma edificação. O elemento estrutural é responsável pela
transmissão das cargas da superestrutura ao solo sobre o qual se apóia. Uma estrutura de
fundação adequadamente projetada é aquela que transfere as cargas sem sobrecarregar
excessivamente o solo. A transferência de esforços (cargas ou tensões) além do que o solo
pode resistir resultará em recalques excessivos ou até mesmo a ruptura do solo, por
cisalhamento. Portanto, os engenheiros geotécnico e estrutural deverão avaliar a capacidade
de carga do solo.

2.0 Relevância e Normalização das Fundações


• Corresponde de 4% a 10% do custo total de uma edificação
• Não existe obra civil sem fundação
• As condições do solo não podem ser escolhidas – são as que existem no local
• Não dá para padronizar uma solução – cada obra difere das outras

2.1 Principais Normas Associadas a Fundações

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS


NBR 6122 (1986) – Projeto e Execução de Fundações
NBR 6489 (1984) – Prova de Carga Direta Sobre Terreno de Fundação
NBR 6121/MB3472 – Estacas - Prova de Carga Estática
NBR 13208 (1994) – Estacas – Ensaio de Carregamento Dinâmico
NBR 8681 (1984) – Ações e Segurança nas Estruturas
NBR 6118 – Projeto e Execução de Obras de Concreto Armado

3.0 Entidades Nacionais e Internacionais Ligadas á Engenharia de Fundações

i) ABMS – Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações


(www.abms.com.br)
ii) ABEF – Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações
(www.abef.org.br)
iii) ISSMFE – International Society of Soil Mechanics and Geotechnical Engineering
(www.issmge.org)

4
4.0 Tipos de Fundações • Superficiais, rasas ou diretas
• Profundas

A diferença de acordo com a profundidade de embutimento do elemento no solo

Figura 1 – Mecanismos de ruptura em fundações.

A diferença de acordo com o mecanismo de ruptura


Superficial: mecanismo surge na superfície do terreno
Profunda: mecanismo não surge na superfície do terreno

4.1 Tipos de Fundações Superficiais, Rasas ou Diretas


Bloco
Sapata corrida
Viga de fundação
Grelha
Sapata associada
Radier

Figura 2 – Tipos de fundações superficiais.


5
4.2 Tipos de Fundações Profundas

Estaca

Tubulão

Caixão

Figura 3 – Tipos de fundações profundas.


Fundações Mistas

Estaca T

Estapata

Radier sobre
estacas

Radier sobre
Figura 4 – Tipos de fundações mistas: (a) estaca “T”; (b) estapata; (c)
tubulões radier sobre estacas; (d) radier sobre tubulões.

Principais diferenças entre blocos e sapatas

Figura 5 – Principais diferenças entre blocos e sapatas.

maior altura pequena altura


trabalha basicamente à compressão trabalha à flexão
concreto simples (em geral) concreto armado para resistir esforços
de tração e cisalhantes

6
5.0 Elementos Necessários ao Projeto de Fundações
i) Topografia da área
Levantamento topográfico
Dados sobre taludes e encostas
Dados sobre possibilidades de erosões na área de apoio da fundação
ii) Dados Geológicos-Geotécnicos
Investigação do Subsolo (preliminares e/ou complementar)
Análise de mapas, fotos aéreas, levantamentos aerofotogramétricos, etc.)
iii) Dados da Estrutura a Construir
Tipo e uso
Sistema estrutural
Cargas que serão transmitidas
iv) Dados das Construções Vizinhas
Nº de pavimentos, carga média por pavimento
Tipo de estrutura e fundações
Desempenho das fundações
Existência de subsolo
Possíveis efeitos de escavações e vibrações provocadas pela nova obra

5.1 Ações nas Fundações

⇒ Cargas Vivas

⇒ Cargas mortas ou
permanentes
OBS.: A NBR 8681
(1984) estabelece
critérios para
combinação destas
ações na verificação
dos estados limites de
uma estrutura.

7
ESTADO LIMITE: Estado a partir do qual a estrutura apresenta desempenho inadequado ao
desempenho da obra. São dois os estados limites:
i) Estado Limite Último ⇒ associa-se ao colapso parcial/total da obra;
ii) Estado Limite de Utilização ⇒ Quando a ocorrência de deformações, fissuras, etc.
compro metem o uso da construção.

6.0 Requisitos de um Projeto de Fundações


⌦ Deformações aceitáveis sob as condições de trabalho (requer verificação dos estados
limites de utilização);
⌦ Segurança adequada ao colapso do solo de fundação – estabilidade externa
(verificação dos estados limites últimos);
⌦ Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais – estabilidade interna
(verificação dos estados limites últimos).

OUTROS REQUISITOS
Segurança adequada ao tombamento e deslizamento provocados por forças horizontais
(estabilidade externa);
Níveis de vibração compatíveis com o uso da obra, verificados nos casos de cargas
dinâmicas.

Figura 6 – (a) Deformações excessivas, (b) colapso do solo, (c) tombamento, (d) deslizamento e (e)
colapso estrutural resultante de projetos deficientes.

8
7.0 Fatores/Coeficientes de Segurança (Fs)
Em fundações os valores de FS estão associados às incertezas, refletindo a soma dos
seguintes fatores:
Investigações geotécnicas disponíveis, tipo, qualidade, quantidade, etc.;
Parâmetros admitidos ou estimados;
Métodos de cálculo empregados;
As cargas que realmente atuam e
Os procedimentos de execução.

7.1 Fator de Segurança Global

Q σ
últ rup
Incorpora todos os fatores os fatores mencionados acima. FS = ou
Q
trab σ trab

Fatores de Segurança globais mínimos em geotecnia (Terzaghi & Peck, 1967).


Tipo de ruptura Obra Fator de Segurança (FS)
Obras de Terra 1,3 a 1,5
Cisalhamento Estruturas de Arrimo 1,5 a 2,0
Fundações 2,0 a 3,0
Subpressão, Levantamento 1,5 a 2,5
Ação da Água
Gradiente de saída (piping) 3,0 a 5,0

Fatores de Segurança globais mínimos aplicados em Fundações no Brasil (NBR 6122, 1996).
Condição Fator de Segurança (FS)
Capacidade de carga de fundações superficiais 3,0
Capacidade de carga de estacas ou tubulões sem prova de
2,0
carga
Capacidade de carga de estacas ou tubulões com prova de
1,6
carga

7.2 Fator de Segurança Parcial

Consiste num valor de FS para cada tipo de ação, no caso das cargas atuantes, enquanto que
no caso das resistências, consiste em se adotar um coeficiente de minoração para cada
parcela de resistência do problema.

9
BRINCH HANSEN (1965) sugere:
• Cargas permanentes ⇒ FS = 1,0
• Cargas acidentais ⇒ FS = 1,5
• Pressões d´água ⇒ FS = 1,0
• Cálculo da estabilidade de taludes e Empuxos de Terra ⇒ Coesão: FS = 1,5
⇒ tg(φ): FS = 1,2
• Fundações superficiais ⇒ Coesão: FS = 2,0 ; tg(φ): FS = 1,2

♦Fórmulas estáticas Coesão: FS = 2,0 ; tg (φ): FS = 1,2


• Fundações profundas ♦Fórmulas de cravação FS = 2,0
♦Provas de carga FS = 1,6
♦Aço: FS = 1,35 (em relação à tensão de escoamento)
• Materiais estruturais ♦Concreto: FS = 2,7 (em relação à tensão de ruptura)
♦Outros materiais: dividir as tensões admissíveis por 1,4

8.0 Deslocamentos em Estruturas e Danos Provocados


Toda fundação está sujeita a:
OBS.: Estes deslocamentos
• Deslocamentos verticais (recalques ou levantamentos)
dependem da interação solo-
• Deslocamentos horizontais estrutura apoiada.
• Deslocamentos rotacionais

OBS.: Quando os valores desses deslocamentos ultrapassam certos limites, ocorre a


possibilidade do colapso da estrutura suportada. Isto acontece por causa do surgimento
de esforços para os quais a estrutura não foi dimensionada.

Deslocamentos admissíveis ⇒ não prejudicam a utilização (funcionalidade) da obra


Deslocamentos excessivos ⇒ podem comprometer a estrutura quanto à estética, função, ...

8.1 Definição de Deslocamentos e Deformações


• Deformação específica (ε): rel ação entre a variação de comprimento (δL) e o
comprimento

inicial (L) ⇒ ε = δL
L
• Recalque (r ou w): deslocamento para baixo (↓)
• Levantamento: deslocamento para cima (↑)

10
Recalque diferencial (δr ou δw): deslocamento vertical de um ponto em relação a outro.
Rotação (φ): descreve a variação da inclinação da reta que une dois pontos de referência da
fundação.
Desaprumo (ω): rotação da estrutura como um todo.
Distorção angular (β): corresponde à rotação da reta que une dois pontos de referência
tomados para definir o desaprumo.

8.2 Recalques Totais Limites

wmáx = 25 mm (SAPATAS)
AREIAS
wmáx = 50 mm (RADIER)

wmáx = 65 mm (SAPATAS
ARGILAS ISOLADAS)

wmáx = 65 a 100 mm
(RADIER) Figura 7 - Deslocamentos de uma fundação superficial.

Figura 8 – Deslocamentos que podem ocorrer com uma estrutura.

11
8.3 Distorções Angulares e Danos Associados

Figura 9 – Distorções angulares e danos associados.

9.0 CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Considerar uma sapata com as seguintes condições:


• Retangular, com dimensões B x L
• Apoiada na superfície do terreno
• Submetida a uma carga Q, crescente desde zero até à ruptura
• São medidos os valores de Q e dos deslocamentos verticais “w” (recalques)

Q
A tensão aplicada ao solo pela sapata é: σ=
B.L

12
Figura 10 – Sapata de concreto armado embutida em solo.

Figura 11 – Comportamento de uma sapata sob carga vertical – curvas carga x recalque (Kézdi, 1970).

FASE I ⇒ ELÁSTICA: w é proporcional à carga Q


FASE II ⇒ PLÁSTICA: w é irreversível. O deslocamento w é crescente mesmo sem variar Q
FASE III ⇒ PLÁSTICA: w é irreversível. A velocidade do “w” cresce continuamente ⇒ ruptura.

9.1 Mecanismos de Ruptura em Função do Solo


Ruptura generalizada ⇒ brusca, bem caracterizada na curva σ x w (ocorre em solos
rígidos, como areias compactas a muito compactas e argilas rijas a duras)
Ruptura localizada ⇒ curva mais abatida. Não apresenta nitidez da ruptura. Típica de
solos fofos e moles (areias fofas e argilas média e mole).
Ruptura por puncionamento ⇒ mecanismo de difícil observação. À medida que Q cresce,
o movimento vertical da fundação é acompanhado pela compressão do solo logo abaixo. O
solo fora da área carregada não participa do processo.
13
Figura 12 – Rupturas: generalizada (a); localizada (b); por puncionamento (c) e (d) condições que
ocorrem, em areias (Vésic, 1963).

9.1.1 Campos de Deslocamentos das Rupturas

Figura 13 – Campos de deslocamentos das rupturas: generalizada (a); localizada (b) e por
puncionamento (c), segundo Lopes (1979).

9.1.2 Fatores que Afetam o Modo de Ruptura

• Propriedades do solo (rigidez/resistência)


• Geometria do carregamento (profundidade relativa D/B): se D/B aumenta ⇒ punção
• Estado de tensões iniciais (k0): Se k0 aumenta ⇒ ruptura generalizada

14
9.1.3 Tensões de Contato
SAPATA APOIADA EM ARGILA

SAPATA APOIADA EM AREIA

SAPATA APOIADA EM ROCHA

Figura 14 – Tensões de contato entre a placa e o solo, dependendo da rigidez da placa e do tipo de solo
existente embaixo da placa.

9.2 FORMULAÇÃO DE TERZAGHI


Hipóteses:
i) a sapata é corrida, ou seja, L >>> B. Trata-se de um caso bidimensional (no plano);
ii) o embutimento da sapata (D) é menor que sua largura (B). Neste caso, é desprezada
a resistência ao cisalhamento do solo acima da cota de apoio da sapata e substitui-
se a camada pela sobrecarga q = γ.D;
iii) o maciço de solo sob a base da sapata é compacto ou rijo ⇒ ruptura generalizada.
15
10.0 DESENVOLVIMENTO DA EQUAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA

Na iminência da ruptura, em que a sapata aplica a tensão σr ao solo, na cunha I, com peso W,
tem-se:

Figura 15 – Superfície potencial de ruptura.

Do equilíbrio de forças atuando na cunha de solo “I”, faces OR e O´R, vem: ∑F v =0

σr xB + W − 2Ep − 2Casenφ = 0 (1)

em que
2
( )
Cacosφ = B x1xc
 2 
W = B tgφ ⋅ γ
 4

Ep é a componente vertical do
empuxo passivo
Ca é a força coesiva
c é a coesão do solo
φ = ângulo de atrito interno do solo
B é a largura da sapata
Figura 16 – Cunha de solo sob a base da sapata.

ORST = SUPERFÍCIE POTENCIAL DE RUPTURA


OR e ST = TRECHOS RETOS
RS = ESPIRAL LOGARÍTMICA

Reescrevendo a equação (1), vem:

16
 2E  γ
p
σr =   + c.tgφ − B.tgφ (2)
 B  4
 

A equação (2) é a solução geral do problema, desde que Ep seja conhecido.


OBS.: Não há solução geral que leve em conta o peso do solo e a influência da sobrecarga.
Para simplificar, são analisados casos particulares e depois são superpostos os efeitos.

10.1 Casos Particulares


i) Solo sem peso e sapata à superfície do terreno: (c ≠ 0, D = 0, γ = 0)

σr = c.N (2.1)
c
 πtgφ 2 
Nc = fator de capacidade de carga função apenas de φ ⇒ N = cot gφ e tg  45 + φ 2  − 1
c    

ii) Solo não coesivo e sem peso: (c = 0, D ≠ 0, γ = 0)

σr = q.N (2.2)
q

Nq = fator de capacidade de carga função também só de φ ⇒ N = e


πtgφ tg 2  45 + φ 
q  2

Constata-se que N =  N − 1 cot gφ


c  q 
iii) Solo não coesivo e sapata à superfície (areia pura): (c = 0, D = 0, γ ≠ 0)

1
σr = γ .B.N
2 γ

4E
p
N = cos(α − φ )
γ γ .B 2

10.2 Superposição de Efeitos


No caso real de uma sapata corrida embutida em um maciço de solo com coesão (c) e ângulo
de atrito (φ), a capacidade de carga se compõe de três parcelas, que representa as
contribuições:
i) da coesão e do atrito de um material sem peso (W)e sem sobrecarga (q);
ii) do atrito de um material sem peso e com sobrecarga, e

17
iii) do atrito de um material com peso e sem sobrecarga.

Assim, a solução de TERZAGHI, considerando a superposição dos efeitos para ruptura geral é:
1
σr = cNc + qNq + γΒΝ γ (3)
2
Os fatores de capacidade de carga Nc, Nq e Nγ são adimensionais e dependem apenas de φ. A
Tabela a seguir e o ábaco correspondente apresentam os valores desses fatores.

10.2.1 SOLUÇÃO DE TERZAGHI PARA O CASO DE SOLOS FOFOS E MOLES (localizada)

Reduzir os valores de c e de φ. Neste caso,

c´= 2 c e tgφ´= 2 tgφ


3 3
Entrar no ábaco de Terzaghi com φ e obter Nc´, Nq´ e Nγ´. A Equação (3) fica:

1
σr = c´Nc´+qNq´+ γΒΝ γ´ (4)
2

Tabela 1 – Fatores de capacidade de carga para aplicação da equação de Terzaghi.


φ FATORES DE CAPACIDADE DE CARGA PROPOSTOS POR TERZAGHI
(GRAUS) Nc Nq Nγ
0 5,7 1,0 0,0
5 7,3 1,6 0,5
10 9,6 2,7 1,2
15 12,9 4,4 2,5
20 17,7 7,4 5,0
25 25,1 12,7 9,7
30 37,2 22,5 19,7
34 52,6 36,5 36,0
35 57,8 41,4 42,4
40 95,7 81,3 100,4
45 172,3 173,3 297,5
48 258,3 287,9 780,1
50 347,5 415,1 1153,2

18
Figura 17 – Ábaco para obtenção dos fatores de capacidade de carga da equação de Terzaghi.

TERZAGHI também introduziu fatores de correção para levar em conta a forma da fundação.
Os fatores são sc e sγ, cujos valores são apresentados a seguir.
Equação final de Terzaghi para capacidade de carga:

1
σr = cNc sc + qNq + γΒΝ γ sγ (5)
2

Tabela 2 – Fatores de forma para aplicação da equação de Terzaghi.


VALORES DOS FATORES DE FORMA SUGERIDOS POR TERZAGHI
FATOR FORMA DA SAPATA
Corrida Circular Quadrada
sc 1,0 1,3 1,3
sγ 1,0 0,6 0,8

CASOS PARTICULARES:

Para φ = 0 ⇒ Nc = 5,14 e Nγ = 0 ⇒ σr = 1,3xcx5,14 = 6,17c (sapata quadrada/cicrcular)


γ
Para c = 0 ⇒ σr = 0,8x xBxNγ = 0,4xγxBxNγ (sapata quadrada)
2
OBS 1: Para solos puramente coesivos a capacidade de carga independe de B;
OBS 2: Para solos puramente não-coesivos σr só depende de B;

19
OBS IMPORTANTE.: A solução de TERZAGHI foi desenvolvida para casos onde D ≤ B;

10.3 A SOLUÇÃO DE MEYERHOF (1963)

Um aperfeiçoamento da solução de Terzaghi foi feita por Meyerhof. Ele passou a considerar a
resistência ao cisalhamento do solo situado acima da base da fundação. Assim, a superfície de
deslizamento intercepta a superfície do terreno.

Meyerhof incluiu na Equação de Terzaghi o


fator de forma, sq, os fatores de profundidade
(dc, dq e dγ) e os fatores associados à
inclinação da carga aplicada em relação à
vertical (ic, iq, iγ). Os valores de Nc e de Nq são
praticamente os mesmos propostos por
TERZAGHI. Os fatores de capacidade de
carga propostos por MEYERHOF, estão
presentes na tabela onde também se
encontram os valores propostos por HANSEN

Figura 18 – teoria de Meyerhof: mecanismo de e VÉSIC, os dois últimos métodos a seguir.


ruptura de fundações superficiais.

As equações dos fatores propostas por Meyerhof são apresentadas abaixo.


Nγ = (Nq – 1) tg (1,4.φ)

Nq = eπtgφtg2 (45 + 0,5. φ)

Nc = (Nq – 1) cotg φ

OBS.: Para profundidades D ≤ B, os resultados


da aplicação da solução de MEYERHOF não
diferem muito dos resultados obtidos com a
aplicação da solução de TERZAGHI.

20
10.4 A SOLUÇÃO DE BRINCH HANSEN (1970)
HANSEN (1970) propõe os mesmos fatores de capacidade de carga sugeridos por
MEYERHOF, mas alterou os valores de Nγ e introduziu na equação de capacidade de carga de
MEYERHOF (1951, 1963) fatores de correção para levar em conta dois aspectos:

• a inclinação da base da sapata em relação à direção horizontal (bc, bq, bγ)


• a inclinação da superfície do solo suportando a sapata (gc, gq, gγ)

Para o caso de cargas excêntricas, Hansen também propôs o conceito de “Área Efetiva”, A´,
da fundação (A´ = B´ x L´). Em que:
B´ = B – 2eB e L´ = L – 2eL
eB , eL = excentricidades nas direções de B e de L

Figura 19 – Áreas efetivas de fundação, inclusive áreas retangulares equivalentes.

Consultar instruções da Figura 20

10.5 A SOLUÇÃO DE VÉSIC (1973; 1975)

VÉSIC propõe os mesmos fatores de capacidade de carga propostos MEYERHOF e HANSEN,


com exceção do Ny, que tem a seguinte expressão:

Nγ = 2(Nq + 1) tg φ

Há diferenças também em relação a HANSEN nas expressões para cálculo dos fatores de
inclinação, solo e base (ii, bi e gi). Ver instruções na Figura 20.

21
FATORES DE CAPACIDADE DE CARGA Nγ(M) = proposta de Meyerhof
PROPOSTOS PARA OS MÉTODOS
DE Nγ(H) = proposta de Hansen
MEYERHOF, HANSEN E VÉSIC. Os valores N (V) = proposta de Vésic
γ
de Nc e Nq são os comuns aos três métodos.
Porém, Nγ tem um valor individual para cada
autor.

Tabela 3 – Fatores de capacidade de carga para as equações de Meyerhof, Hansen e Vésic.


φ FATORES DE MEYERHOF, HANSEN E VÉSIC
(GRAUS) Nc Nq Nγ(M) Nγ(H) Nγ(V)
0 5,14 1,0 0,0 0,0 0,0
5 6,49 1,6 0,1 0,1 0,4
10 8,34 2,5 0,4 0,4 1,2
15 10,97 3,9 1,1 1,2 2,6
20 14,83 6,4 2,9 2,9 5,4
25 20,71 10,7 6,8 6,8 10,9
26 22,25 11,8 8,0 7,9 12,5
28 25,79 14,7 11,2 10,9 16,7
30 30,13 18,4 15,7 15,1 22,4
32 35,47 23,2 22,0 20,8 30,2
34 42,14 29,4 31,1 28,7 41,0
36 50,55 37,7 44,4 40,0 56,2
38 61,31 48,9 64,0 56,1 77,9
40 75,25 64,1 93,6 79,4 109,3
45 133,73 134,7 262,3 200,5 271,3
50 266,50 318,5 871,7 567,4 761,3

22
Figura 20 – Fatores de forma, de profundidade, de inclinação da base da sapata e do solo, para uso nos
métodos de Hansen e Vésic.

23
10.6 Influência do Lençol Freático
A água ao submergir o solo afeta o valor de γ, presente na 2ª e na 3ª parcelas da equação da
capacidade de carga:
q.Nq = γ.D.Nq Dois casos podem ser analisados:
B i) N.A acima da base da fundação
γ .Nγ
2 ii) N.A. entre a base da fundação e o limite da superfície de ruptura (≅ B)

Figura 21 Influência do lençol freático na capacidade de carga: (a)caso 1 e (b)


caso 2.

Procedimentos de correção
Caso i) • q = γnat.d + γ´(D – d) Caso ii) • q = γnat.D


B ´
2
γ .N γ • usar γ = γ ´ + h´B (γ nat −γ ´ )
γ´= peso específico do solo submerso (γ´=γnat - γágua)
γnat = peso específico do solo acima do lençol freático

10.7 Avaliação dos Métodos

Tabela 4 – Avaliação dos métodos teóricos de previsão de capacidade de carga.


MÉTODO APLICABILIDADE RECOMENDADA
D
Solos muito coesivos e onde ≤ 1 . Não indicado para casos
B
TERZAGHI
onde há geração de momentos na sapata e/ou forças
horizontais ou inclinações da base e do solo adjacente.
HANSEN, MEYERHOF, VÉSIC Indicados para qualquer situação. A critério do usuário.
Indicados para uso quando a base da sapata é inclinada
HANSEN, VÉSIC
e/ou quando o terreno adjacente é em talude e quando D>B.

24
11.0 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS

A NBR 6122 (1996) considera métodos semi-empíricos aqueles em que as propriedades dos
materiais, estimadas com base em correlações, são usadas em teorias adaptadas da Mecânica
dos Solos.

11.1 Métodos Baseados no SPT


A tensão admissível (σadm) de uma sapata pode ser obtida em função da resistência à
penetração do SPT (NSPT). A maioria das correlações foi determinada para sapatas apoiadas
em areias.
i) Correlação de Terzaghi & Peck (1948, 1967).

σ adm = 4,4 N10− 3  B2B


+ 1´ 

 kgf 
 2
 cm 
(6)
  

em que,
B = menor dimensão da sapata (em pés). A expressão (6) é aplicada para B ≥ 4 pés.
N = resistência à penetração do SPT
A Equação (6) também foi apresentada em ábaco.

Figura 22 Ábacos para obtenção da tensão admissível de sapatas em areia (Peck et al., 1974).

ii) Correlação de Meyerhof (1965)

N.r
σ adm = adm para B ≤ 4´ (7a)
8

N.r 2
σ adm = adm  B + 1´ 



 para B > 4´ (7b)
12  B 
onde B é expresso em pés, radm em polegadas e σadm em kgf/cm2.

25
iii) No meio técnico brasileiro tem sido muito empregada a expressão para o caso de sapatas
assentes tanto em areias quanto em argilas:

σ adm = N (MPa) (8)


50
A Equação (8) é válida no intervalo (5 ≤ N ≤ 20). N é a resistência à penetração média obtida
no trecho compreendido da base da sapata até 2B abaixo (bulbo de tensões).

iv) Correlação de Mello (1975)

σ adm = 0,1. 
N − 1

(MPa) (4 ≤ N ≤ 16) (8)

v) Correlação de Parry (1977) para Areias com a profundidade de embutimento D ≤ B.

σ adm = 30.N55 (9)

onde N55 é a resistência à penetração obtida com um sistema SPT com eficiência de 55%.

11.2 Métodos Baseados no CPT

i) Correlação de Teixeira e Godoy (1996)

σ adm = qc (≤ 4,0 MPa) (10a)


10
para argilas e

σ adm = qc (≤ 4,0 MPa) (10b)


15
para areias,
onde qc é a resistência de ponta obtida do
Cone Penetration Test (Figura 23) no trecho
correspondente ao bulbo de tensões da
sapata (qc ≥ 1,5 MPa). Figura 23 Cone de penetração (CPT).

ii) Método Baseado no CPT para Areia e para Argilas de Acordo com a Forma da Sapata.

σrup = 28 – 0,0052(300 – qc)1,5 para sapata corrida [kgf/cm2] (11a)


AREIAS
σrup = 48 – 0,009(300 – qc)1,5 para sapata quadrada [kgf/cm2] (11b)

26
σrup = 2 + 0,28.qc para sapata corrida [kgf/cm2] (12a)
ARGILAS
σrup = 5 + 0,34.qc para sapata quadrada [kgf/cm2] (12b)

12.0 MÉTODOS EMPÍRICOS

A NBR 6122 (1996) considera métodos empíricos aqueles pelos quais se obtém a tensão
admissível com base na descrição do terreno (classificação e determinação da compacidade
ou consistência por meio de investigações de campo/laboratório). A Tabela 5 é uma orientação
básica fornecida na norma NBR 6122 (1996), de uso restrito para cargas não superiores a 100
tf (≅1000kN).

Tabela 5 – Tensões admissíveis segundo a NBR 6122 (1996).

12.1 Recomendações Gerais

12.1.1 Solos Granulares:

Quando no trecho z =0 até z =2B (a partir da base da fundação), o solo encontrado for das
classes 4 a 9, corrigir σ0 em função da largura B, obtendo-se σ0´:

27
σ o´ = σ o 1+ 1,5 B − 2 ≤ 2,5σo para B ≤ 10m e construções insensíveis a recalque.
 8 

12.1.2 Construções Sensíveis a Recalques


• Verificar o efeito dos recalques, quando B > 2m ou manter o valor de σo.

12.1.3 Aumento da Tensão Admissível com a Profundidade


• Para os solos das classes 4 a 9, os dados tabelados de σo só devem usados quando D≤ 1,0
metro. Para D > 1,0 metro, sugere-se majorar em 40% o valor de σo, para cada metro além
dessa profundidade. Esta majoração deve-se limitar a ao dobro do valor fornecido pela
tabela.

12.1.4 Solos Argilosos

• Para os solos das classes 10 a 15: os dados tabelados de σo só devem usados para
fundações com até, no máximo, 10 m2 de área. Para fundações com área superior a este
valor, reduzir o valor de σo de acordo com a seguinte expressão:

σ ,
o =σ o
10
A

13.0 PROVAS DE CARGA SOBRE PLACAS – INTERPRETAÇÃO E EXTRAPOLAÇÃO

NBR 6489 (1984)


Não define ruptura, define a
tensão admissível como o
menor dos dois valores abaixo:

σ10mm
σadm ≤
σ 25mm

σ10mm – tensão para recalque de


10mm;
Fig. 24 Montagem típica de uma prova de carga sobre placas.
σ25mm – tensão para recalque de
25mm;

28
OBS.: Um critério para a
Critério do recalque admissível: σ adm ≤
σ máx

estimativa da ruptura, adotado em 1,5


todo o mundo considera a tensão
CRITÉRIO DE TERAGHI & PECK
de ruptura como sendo aquela
σadm = σ25mm para a maior sapata da obra.
correspondente a um recalque
igual a 10% do diâmetro ou lado
da placa. No caso, por exemplo,
de uma placa com 80cm de
diâmetro, a ruptura deveria
acontecer quando o recalque
medido atingisse 8cm.

OUTRAS PRESCRIÇÕES
• Argilas ou Areias com
ruptura geral
Critério da tensão admissível:
σ rup
σ adm = Figura 25 Curvas tensão recalque típicas de provas de carga.
2

13.1 Extrapolação dos Resultados para a Sapata

Há uma diferença significativa no  2B fund 


2

rfund = rplac  
fator escala entre a placa da prova e B 
 fund + B plac 
a fundação real: o bulbo de tensões
gerado pela placa não é igual ao
bulbo gerado pela fundação (ver
Figura 26). Neste caso, há que ser
feita uma correção para extrapolar
os resultados do ensaio para a
aplicação.

AREIAS
Para um mesmo valor de tensão,
tem-se para areias, onde Es cresce
com a profundidade:
Figura 26 – Influência do bulbo de tensões na prova de
carga.
29
Para fundação e placa com mesma ARGILAS
forma geométrica:
B  Para argila média a dura, onde Es é constante com a
σr rup fund = σ rupt plac  fund
B


com
profundidade, para uma mesma tensão aplicada:
 plac 
 B fund 
σr rup fund = σ rupt plac , pois o termo B.Nγ =0. Também,
 ≤3
B 
 plac  A 
rfund = rplac  fund  em que,
onde A 
 plac 
σrupfund = tensão de ruptura Afund = Área da fundação
extrapolada Aplac = Área da placa
σrupplac = tensão de ruptura da placa
rfund = recalque extrapolado para a Se a fundação e a placa tiverem a mesma geometria
fundação em planta:
rplac = recalque da placa B 
rfund = rplac  fund 
Bfund = largura da fundação B 
 plac 
Bplac = largura da placa

14.0 Fundação em Solos Não Saturados e Colapsíveis

Solos porosos situados acima do nível d´água freático geralmente são colapsíveis, ou seja, em
condições de baixo teor de umidade, apresentam uma espécie de resistência “aparente” em
decorrência da tensão de sucção que se desenvolve em seus vazios. Dessa forma, em termos
de fundações, quanto mais seco o solo colapsível, maior a sucção e, em conseqüência, maior
a capacidade de carga. Por outro lado, quando úmido, menor a sucção e, menor a capacidade
de carga. Aumentando-se ainda mais a umidade até um valor extremo inundado, a sucção
torna-se nula e a capacidade de carga atinge seu valor mínimo.

15.0 Influência do Nível D´água em Areias

A posição do nível d´água freático em relação ao bulbo de tensões, em depósitos arenosos,


pode influenciar na capacidade de carga da fundação. Em solos arenosos a expressão da
capacidade de carga se resume a qr = 0,40.γ.B.Nγ, que depende do peso específico do solo.
Quando uma areia seca é saturada, seu peso específico se reduz a praticamente a metade.
Neste caso, se o N.A. se elevar do limite inferior do bulbo de tensões até a base da sapata, o
peso específico no interior do bulbo se reduz a 50%. Por isso, a capacidade de carga de uma

30
sapata apoiada em areia saturada é praticamente a metade do valor correspondente à situação
de areia na condição não saturada.

16.0 Estimativa de Parâmetros de Resistência e Peso Específico

a) Coesão
Quando não se dispõem de resultados de ensaios de laboratório, a estimativa do valor da
coesão não drenada (Cu ou Su), pode ser feita a partir de correlações obtidas. Teixeira e Godoy
(1996) sugerem:

Cu = 10 N [kPa]

onde N é a resistência à penetração do SPT.

b) Ângulo de atrito interno (φ)


A estimativa do ângulo de atrito de areias pode ser feita empregando-se propostas de
correlações existentes na literatura. Mello (1971) propõe um ábaco que relaciona a tensão
vertical efetiva (σ´v) e o N do SPT, ambos obtidos na mesma cota (ver Figura 27).

Figura 27 Estimativa do ângulo de atrito em função do NSPT e da tensão vertical efetiva.

31
As correlações seguintes também podem ser empregadas para a estimativa de φ:

Godoy (1983) φ = 28o + 0,4 N

Teixeira (1996): φ= 20N + 15o

c) Peso Específico (γ): Não se disponde de resultados de ensaios efetuados em laboratório, o


peso específico do solo pode ser estimado a partir do tipo de solo, classificado com base no N
do SPT. A Tabela 6, mostrada abaixo, apresentam valores de γ sugeridos por Godoy (1972).

Tabela 6 – Estimativa do valor do peso específico de solos (Godoy, 1972).


Solo N Consistência γ (kN/m3)
≤2 Muito mole 13
Solos argilosos

3–5 Mole 15
6 – 10 Média 17
11 – 19 Rija 19
≥ 20 Dura 21
Solo N Compacidade Seca úmida Saturada
<5 Fofa
16 18 19
Solos arenosos

5–8 Pouco compacta


9 – 18 Medte. compacta 17 19 20
19 – 40 Compacta
18 20 21
> 40 Muito compacta

32
17.0 – EXEMPLO PRÁTICO

Com os dados da Figura 28 e sabendo-se que a tensão admissível do solo é σadm = 200 kPa,
dimensionar a fundação em sapata apresentada.

Figura 29 – Dimensionamento de sapata de fundação.

Solução:
1) O dimensionamento de sapatas inicia-se pela escolha da profundidade de embutimento, D, e
pela estimativa da tensão admissível do terreno de fundação. O primeiro, depende da posição
do nível de água freático, enquanto o segundo depende do perfil de sondagem à percussão,
como é mais comum na prática da engenharia de fundações. Neste caso, calculando-se o Nméd
abaixo da cota de apoio da fundação se pode calcular o valor da tensão admissível a partir de:

N méd
σ adm = [MPa].
50
33
Estes parâmetros já foram fornecidos no presente problema.

2000kN
A= = 10m 2 = 100000cm 2
Área da sapata: 2
200kN / m

Dimensões do Pilar: 25 cm x 40 cm

L – B = l – b = 40 – 25 = 15 cm

L x B = A ⇒ (L + 15) x B = 100.000 cm2

B2 + 15B – 100000 = 0 ⇒ B = 309 cm ⇒ Adotar B = 310 cm

Daí, ⇒ L = 310 + 15 = 325cm

Portanto, a sapata terá as dimensões mostradas na figura abaixo, para ficar coerente com a
geometria do pilar:

34
18.0 Bibliografia Consultada

1) Almeida, M.S.S. (1996), Aterros Sobre Solos Moles: da Concepção à Avaliação do


Desempenho, Editora da UFRJ, 216p.
2) Alonso, U. R. (1983), Exercícios de Fundações, Editor Edgard Blücher Ltda., São Paulo.
3) Alonso, U.R. (1989), Dimensionamento de Fundações Profundas, Ed. Edgar
Blücher Ltda.
4) Alonso, U.R. (1991), Previsão e Controle das Fundações, Ed. Edgar Blücher
Ltda.
5) Barata, F.E. (1984), Propriedades Mecânicas dos Solos. Uma Introdução ao Projeto
de Fundações, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.
6) Caputo, H.P. (1988 e 1987), Mecânica dos Solos e suas Aplicações, Velo 1 e 2, 6a
Edição, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.
7) Das, B.M. (2000), Fundamentals of Geotechnical Engineering, Brooks/Cole.
8) Fang, H.-Y. (1991), Foundation Engineering Handbook, Van Nostrand Reinhold.
9) Gaioto, N. (1983), Maciços e Obras de Terra, Notas de Aula, EESC/USP.
10) Hachich, W., Falconi, F.F., Saes, J.L., Frota, R.G.Q., Carvalho, C.S.,
Niyama, S. (1998), Fundações - Teoria e Prática, 2a Edição, Editora Pini Ltda.
11) Lambe, T.W., and Whitman, R.V. (1979), Soil Mechanics, SI Version, John Wiley &
Sons.
12) Moliterno, A. (1994), Caderno de Muros de Arrimo, 2a Edição, Ed. Edgar Blücher
Ltda.
13) Moraes, M. Da Cunha, (1976), Estruturas de Fundações, McGraww-Hill Book
Company do Brasil, 172p.
14) NBR 6122 (1996), Projeto e Execução de Fundações, ABNT, 33p.
15) Poulos, H.G. and Davies, E.H. (1980), Pile Foundations Analysis and Design, John
Wiley, New York.
16) Simons, N. E. & Menziens, B. K., (1981), Introdução à Engenharia de Fundações,
Tradução de Luciano Moraes Jr. e Esther Horovitz de Beermann, Editora Interciência,
Rio de Janeiro, 199p.
17) Terzaghi, K. & Peck, R.B. (1967), Soil Mechanics in Engineering Practice, 2nd ed.,
John Willey & Sons, Inc., New York.
18) Vargas, M. (1977), Introdução à Mecânica dos Solos, Ed. McGraw-Hill do Brasil, Ltda,
São Paulo.
19) Velloso, D. A., Lopes, F. R. (1996), Fundações - Critérios de Projeto - Investigações do
Subsolo, Fundações Superficiais, Volume 1, COPPE/UFRJ.
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