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Unidade III – Aplicações da Derivada

III.1 – Funções Crescentes e Decrescentes


- Funções Crescentes e Decrescentes
Uma função f(x) é crescente em um intervalo, se, para qualquer par de valores x1 e x2 pertencentes
ao intervalo,
𝑥2 > 𝑥1 implicar 𝑓 (𝑥2 ) > 𝑓 (𝑥1 ).

Uma função f(x) é decrescente em um intervalo, se, para qualquer par de valores x1 e x2,
pertencentes ao intervalo,
𝑥2 > 𝑥1 implicar 𝑓 (𝑥2 ) < 𝑓 (𝑥1 ).

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 245


A função da Figura 3.1 é:
- decrescente no intervalo (−∞ , 𝑎),
- constante no intervalo (𝑎 , 𝑏), e
- crescente no intervalo (𝑏 , ∞).

A derivada de uma função pode ser usada para determinar se uma


função é crescente ou decrescente em um dado intervalo.

Teste para Funções Crescentes e Decrescentes


Seja f uma função derivável no intervalo (a , b).
1. Se 𝑓 ′ (𝑥) > 0 para qualquer valor de x no intervalo (a , b), f(x) é crescente no intervalo (a , b).
2. Se 𝑓 ′ (𝑥) < 0 para qualquer valor de x no intervalo (a , b), f(x) é decrescente no intervalo (a , b).
3. Se 𝑓 ′ (𝑥) = 0 para qualquer valor de x no intervalo (a , b), f(x) é constante no intervalo (a , b).

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Exemplo 1
Mostre que a função 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 2 é decrescente no intervalo aberto (−∞ , 0) e crescente no intervalo
aberto (0 , ∞).
Solução
A derivada de f é
𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 𝑥.
No intervalo aberto (−∞ , 0), x é negativo; o que implica em valores
também negativos para a função 𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 𝑥.
Logo, f é decrescente nesse intervalo.

Analogamente, no intervalo aberto (0 , ∞), x é positivo implicando em


valores positivos para a função 𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 𝑥.
Logo, f é crescente nesse intervalo.

A Figura 3.2 mostra a solução gráfica desse exemplo.

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Exemplo 2
Entre 1997 e 2004, o consumo C de queijo italiano nos
Estados Unidos (em libras por pessoa) pôde ser modelado pela
função 𝐶 = −0,0333 𝑡 2 + 0,996 𝑡 + 5,40 para 7 ≤ 𝑡 ≤ 14,
onde t = 7 representa 1997 (veja Figura 3.3).
Mostre que o consumo de queijo italiano era crescente entre
1997 e 2004.

Solução
𝑑
A derivada deste modelo é 𝑑𝑡 𝐶 = −0,0666𝑡 + 0,996.

A derivada é positiva para qualquer valor de 𝑡 ≤ 15.


Logo, para o intervalo aberto (7 , 14), a derivada é positiva.
Então, a função é crescente, o que implica que o consumo de queijo italiano, no intervalo dado, era
crescente.

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- Números Críticos e Seu Uso
No Exemplo 1, o domínio da função podia ser dividido em dois intervalos:
- um intervalo no qual a função era decrescente e
- um intervalo no qual a função era crescente.
Suponha que existe um interesse na determinação desses intervalos.
Para isso, considera-se o fato de que, se
f(x) é uma função contínua, 𝑓 ′ (𝑥) pode
mudar de sinal apenas nos valores de x para
os quais 𝑓 ′ (𝑥 ) = 0 ou nos valores de x para
os quais 𝑓 ′ (𝑥) não é definida, como mostra a
Figura 3.4.

Esses dois tipos de números são chamados de números críticos da função f.


Se f(x) é definida em c, ou seja, c pertence ao domínio de f(x), então
c é um número crítico de f(x) se 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 ou se 𝑓 ′ (𝑐) não é definida em c.

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Para determinar os intervalos em que uma função contínua é crescente ou decrescente, podemos
utilizar os procedimentos indicados no roteiro a seguir.

Roteiro do Teste para Funções Crescentes e Decrescentes


1. Determine a derivada de f(x).
2. Encontre todos os números críticos de f(x) e use esses números para determinar intervalos de teste.
3. Teste o sinal de 𝑓 ′ (𝑥) em um ponto arbitrário pertencente a cada intervalo de teste.
4. Use o teste para funções crescentes e decrescentes para determinar se f(x) é crescente ou decrescente
em cada intervalo.

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Exemplo 3
3
Determine os intervalos abertos nos quais a função 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 3 − 2 𝑥 2 é crescente ou decrescente.

Solução
- Determinando a derivada de f.
𝑓 ′ (𝑥 ) = 3 𝑥 2 − 3 𝑥

- Determinando os números críticos.


𝑓 ′ (𝑥 ) = 0
3 𝑥2 − 3 𝑥 = 0
3 (𝑥 ) (𝑥 − 1) = 0
𝑥=0 , 𝑥=1

Como não existem valores de x para os quais 𝑓 ′ não é definida,


x = 0 e x = 1 são os únicos números críticos.

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- Testando os intervalos para a solução final.
Assim, os intervalos a serem testados são (−∞ , 0) , (0 , 1) e (1 , ∞).
A tabela mostra os resultados dos testes nesses três intervalos.

O gráfico da função f aparece na Figura 3.5.

Observe que os valores de teste foram escolhidos arbitrariamente;


qualquer outro valor dentro do intervalo poderia ter sido escolhido.

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Exemplo 4
2⁄
Determine os intervalos abertos nos quais a função 𝑓 (𝑥 ) = (𝑥 2 − 4) 3 é crescente ou decrescente.
Solução
- Determinando a derivada de f.
2 1
′(
𝑓 𝑥) = (𝑥 2 − 4)− ⁄3 (2 𝑥)
3
4𝑥
𝑓 ′ (𝑥 ) = 1⁄
3 (𝑥 2 − 4) 3

- Determinando os números críticos.


𝑓 ′ (𝑥 ) = 0
Ao resolver a equação acima, encontramos que a derivada é
nula para x = 0 e não é definida para 𝑥 = ±2.
Os números críticos são, portanto, x = -2 , x = 0 , x = 2.

Logo, os intervalos a serem testados são: (−∞ , −2) , (−2 , 0) , (0 , 2) e (2 , ∞).

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- Testando os intervalos para a solução final.
A tabela mostra os resultados dos testes nesses quatro intervalos.

O gráfico da função aparece na Figura 3.6.

Obs.:
Para testar os intervalos da tabela, não é necessário calcular o valor de
𝑓 ′ (𝑥) nos pontos de teste; basta determinar o sinal da derivada.
Por exemplo, o sinal de 𝑓 ′ (−3) pode ser determinado da seguinte forma:

′(
4 (−3) 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜
𝑓 −3) = 1⁄ = = 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜
3 (9 − 4) 3 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜
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As funções dos Exemplos 1 a 4 são contínuas para qualquer valor de x.
Quando existem valores isolados de x para os quais a função não é contínua, esses valores devem
ser usados juntamente com os números críticos, para determinar os intervalos de teste.
𝑥 4 +1
Assim, por exemplo, a função 𝑓(𝑥 ) = não é contínua no ponto x = 0.
𝑥2

′( 2 (𝑥 4 −1)
Como a derivada 𝑓 𝑥 ) = se anula para 𝑥 = ±1 , os seguintes valores de x devem ser
𝑥3

usados para determinar os intervalos de teste:


x = -1 , x = 1 Números críticos
x=0 Descontinuidade

Os testes de 𝑓 ′ (𝑥 ) revelam que a função é decrescente nos


intervalos (−∞ , −1) e (0 , 1) , e crescente nos intervalos (−1 , 0) e
(1 , ∞), como mostra a Figura 3.7.

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A recíproca do teste para verificar se uma função é crescente ou decrescente não é verdadeira.
É possível, por exemplo, que uma função seja crescente em um intervalo, mesmo que a derivada se
anule em um ponto no interior do intervalo.

Exemplo 5
Mostre que a função 𝑓(𝑥 ) = 𝑥 3 − 3 𝑥 2 + 3 𝑥 é crescente para qualquer valor de x.
Solução
Dado a derivada 𝑓 ′ (𝑥 ) = 3 𝑥 2 − 6 𝑥 + 3 = 3 (𝑥 − 1)2 ,
verificamos que o único número crítico é x = 1.
Os intervalos de teste são: (−∞ , 1) e (1 , ∞).
A tabela mostra os resultados dos testes nesses dois intervalos.

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Os resultados mostram que, embora 𝑓 ′ (1) = 0 ,
a função f é crescente para qualquer valor de x, o que também se pode ver na Figura 3.8.

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Exemplo 6
Um fabricante de brinquedos verifica que as funções custo e receita de um determinado jogo são dadas
por:
𝐶 = 2,4 𝑥 − 0,0002 𝑥 2 , 0 ≤ 𝑥 ≤ 6000
𝑅 = 7,2 𝑥 − 0,001 𝑥 2 , 0 ≤ 𝑥 ≤ 6000

Determine o intervalo no qual a função lucro é crescente.


Solução
O lucro com a produção e venda de x jogos é
𝐿 =𝑅−𝐶
𝐿 = (7,2 𝑥 − 0,001 𝑥 2 ) − (2,4 𝑥 − 0,0002 𝑥 2 )
𝐿 = 4,8 𝑥 − 0,0008 𝑥 2
Para determinar o intervalo no qual o lucro é crescente,
igualamos à zero a expressão 𝐿′ e calculamos o valor de x.

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𝐿′ = 4,8 − 0,0016 𝑥
4,8 − 0,0016 𝑥 = 0
𝑥 = 3.000 𝑗𝑜𝑔𝑜𝑠

No intervalo (0 , 3000), 𝐿′ é positivo e o lucro é crescente.


No intervalo (3000 , 6000), 𝐿′ é negativo e o lucro é decrescente.
Os gráficos das funções custo, receita e lucro aparecem na Figura 3.9

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III.2 - Extremos e o Teste da Derivada Primeira
- Extremos Relativos
Os pontos nos quais uma função passa de crescente a decrescente, ou vice-versa, são chamados de
extremos relativos (coordenadas em y).
Um extremo relativo de uma função pode ser um mínimo relativo ou um máximo relativo.
A função da Figura 3.10, por exemplo, possui dois extremos relativos:
- o ponto da esquerda é um máximo relativo e
- o ponto da direita é um mínimo relativo.

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Definição de Extremos Relativos
Seja f(x) uma função definida na coordenada x = c.
1. 𝑓(𝑐) é um máximo relativo de f(x) , se existe um valor c , no intervalo (a , b), tal que 𝑓(𝑥) ≤ 𝑓(𝑐)
para qualquer valor de x nesse intervalo.
2. 𝑓(𝑐) é um mínimo relativo de f(x) , se existe um valor c, no intervalo (a , b), tal que 𝑓(𝑥) ≥ 𝑓(𝑐)
para qualquer valor de x nesse intervalo.
Se 𝑓(𝑐) é um extremo relativo de f(x), diz-se, então, que o extremo relativo ocorre em x = c.

- No caso das funções contínuas, os extremos


relativos sempre ocorrem em números
críticos da função, como na Figura 3.11.

- A condição 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 [ ou 𝑓 ′ (𝑐 ) ∄ ] é uma
condição necessária para f(x) ter um extremo
relativo no ponto c.
Relação entre Números Críticos e Extremos Relativos
Se f(x) possui um mínimo ou um máximo relativo em x = c, então c é um número crítico de f(x).
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- Teste da Derivada Primeira
Se f(x) existe para todos os valores de x no intervalo aberto (a , b) e f(x) tem um extremo relativo
em c, onde 𝑎 < 𝑐 < 𝑏, se 𝑓 ′ (𝑐) existe, então 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 .
Demonstração:
- Para o caso em que f(x) tiver um valor mínimo relativo em c.
Se 𝑓 ′ (𝑐) existe, temos:
𝑓(𝑥 ) − 𝑓(𝑐)
𝑓 ′ (𝑐 ) = lim
𝑥→𝑐 𝑥−𝑐
Como f(x) tem um valor mínimo relativo em c, segue que:
𝑓(𝑥 ) − 𝑓(𝑐) ≥ 0
Se x se aproxima de c pela direita, 𝑥 − 𝑐 > 0 , portanto,
𝑓(𝑥 ) − 𝑓(𝑐)
≥0
𝑥−𝑐
Pela definição de derivadas laterais, se o limite existe,
𝑓 (𝑥 ) − 𝑓(𝑐)
lim ≥0
𝑥→𝑐 + 𝑥−𝑐

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Analogamente, se x se aproxima de c pela esquerda, 𝑥 − 𝑐 < 0 , logo,
𝑓(𝑥 ) − 𝑓(𝑐)
≤0
𝑥−𝑐
De tal modo que, se o limite existe,
𝑓 (𝑥 ) − 𝑓(𝑐)
lim− ≤0
𝑥→𝑐 𝑥−𝑐

Como 𝑓 ′ (𝑐) existe, os limites laterais devem ser iguais e ambos iguais a 𝑓 ′ (𝑐).
Assim, temos pelo limite lateral à direita:
𝑓 ′ (𝑐) ≥ 0
E pelo limite lateral à esquerda:
𝑓 ′ (𝑐) ≤ 0
Como as duas desigualdades acima são verdadeiras, concluímos que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 .

Obs.: A hipótese de valor máximo relativo em c tem demonstração similar.

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Roteiro do Teste da Derivada Primeira para Extremos Relativos

Seja f(x) uma função contínua no intervalo (a , b) no qual c é o único número crítico. Se f(x) é derivável
no intervalo (exceto possivelmente no ponto c), f(c) pode ser classificada como um mínimo relativo, um
máximo relativo, ou nem uma coisa nem outra, de acordo com os seguintes critérios:

1. Se, dentro do intervalo (a , b), 𝑓 ′ (𝑥) é negativa à esquerda do ponto x = c e positiva à direita do
ponto x = c, então 𝑓(𝑐) é um mínimo relativo.

2. Se, dentro do intervalo (a , b), 𝑓 ′ (𝑥) é positiva à esquerda do ponto x = c e negativa à direita do
ponto x = c, então 𝑓(𝑐) é um máximo relativo.

3. Se, dentro do intervalo (a , b), 𝑓 ′ (𝑥) tem o mesmo sinal à esquerda e à direita do ponto x = c, então
𝑓(𝑐) não é um extremo relativo de f(x).

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Uma interpretação gráfica do Teste da Derivada Primeira aparece na Figura 3.12.

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Exemplo 1
Determine todos os extremos relativos da função 𝑓 (𝑥 ) = 2 𝑥 3 − 3 𝑥 2 − 36 𝑥 + 14.
Solução
- Determinando os números críticos de f(x), cujo domínio 𝐷 ≡ (−∞ , ∞).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 6 𝑥 2 − 6 𝑥 − 36 Determinando a derivada de f(x).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 6 𝑥 2 − 6 𝑥 − 36 = 0 Igualando a derivada a zero.
𝑓 ′ (𝑥 ) = 6 (𝑥 2 − 𝑥 − 6) = 0 Determinando os monômios do polinômio (raízes).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 6 (𝑥 − 3)(𝑥 + 2) = 0
Logo, as raízes são os números críticos de f(x). (x = -2 e x = 3)

- Determinando intervalos de teste


Como a função 𝑓(𝑥 ) não possui restrições para quaisquer outros valores de x,
os únicos números críticos são as raízes.
Com esses números, formamos três intervalos de teste: (−∞ , −2) , (−2 , 3) e (3 , ∞) .

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Os resultados dos testes aparecem na tabela abaixo.

- Determinando os extremos relativos


De acordo com o Teste da Derivada Primeira,
o número crítico -2 corresponde a um máximo relativo [𝑓 ′ (𝑥 ) passa de positiva a negativa] e
o número crítico 3 corresponde a um mínimo relativo [𝑓 ′ (𝑥 ) passa de negativa a positiva].
O gráfico da função f(x) aparece na Figura 3.13. Para determinar as
coordenadas y dos extremos relativos, basta substituir as
coordenadas x na função f(x). Procedendo assim, verifica-se que o
máximo relativo é 𝑓 (−2) = 58 e o mínimo relativo é
𝑓 (3) = − 67.

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Exemplo 2
Determine todos os extremos relativos da função 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 4 − 𝑥 3 .
Solução
- Determinando os números críticos de f(x) , cujo domínio 𝐷 ≡ (−∞ , ∞).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 4 𝑥 3 − 3 𝑥 2 Determinando a derivada de f(x).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 4 𝑥 3 − 3 𝑥 2 = 0 Igualando a derivada à zero.
𝑓 ′ (𝑥 ) = 𝑥 2 (4 𝑥 − 3) = 0 Determinando os monômios do polinômio (raízes).

A função 𝑓 (𝑥 ) possui apenas dois números críticos, x = 0 e x = ¾.

- Determinando intervalos de teste


Como a função não possui restrições para quaisquer outros valores de x,
os únicos números críticos são as raízes.
Com esses números, formamos três intervalos de teste: (−∞ , 0) , (0 , 3/4) e (3/4 , ∞) .

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Os resultados dos testes aparecem na tabela abaixo.

- Determinando os extremos relativos


De acordo com o Teste da Derivada Primeira, a função f(x) possui um
mínimo relativo na coordenada onde
x=¾
como mostra a Figura 3.14.

Observe que não existe nenhum extremo relativo associado ao número


crítico x = 0.

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Exemplo 3
Determine todos os extremos relativos da função 𝑓 (𝑥 ) = 2 𝑥 − 3 𝑥 2/3 .
Solução
- Determinando os números críticos de f(x) cujo domínio 𝐷 ≡ (−∞ , ∞)
𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 − 2 𝑥 −1/3 Determinando a derivada de f(x).
1⁄
𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 − 2 𝑥 − 3 =0 Igualando a derivada a zero.
1
2 ( 𝑥 ⁄3 −1 )
𝑓 ′ (𝑥 ) = 1 =0 Determinando os números críticos.
𝑥 ⁄3

A função 𝑓(𝑥 ) possui [𝑓 ′ (1) = 0] e uma restrição em x = 0, onde 𝑓 ′ (0) não é definida, logo,
a função possui dois números críticos, x = 0 e x = 1.

- Determinando intervalos de teste


Esses números definem os intervalos de teste: (−∞ , 0) , (0 , 1) e (1 , ∞) .

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- Determinando os extremos relativos
Testando esses intervalos, concluímos que f(x) possui um máximo
relativo no ponto

(0 , 0)

e um mínimo relativo no ponto

(1 , -1),

como mostra a Figura 3.15.

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Exemplo 4
1
Encontre os extremos relativos da função 𝑓 (𝑥 ) = 2 𝑥 − 𝑠𝑒𝑛 𝑥 no intervalo (0 , 2 𝜋).

Solução
- Como 𝑓 (𝑥 ) é contínua no intervalo (0 , 2 𝜋), basta determinarmos os números críticos de 𝑓 (𝑥 ) nesse
intervalo.
- Façamos 𝑓 ′ (𝑥 ) = 0
1
𝑓 ′ (𝑥 ) =− cos 𝑥 = 0
2
1
cos 𝑥 =
2
𝜋 5𝜋
𝑥= ,
3 3
- Não há valores de x para os quais 𝑓 ′ (𝑥 ) não exista, logo os valores de x encontrados são os únicos
números críticos.
𝜋 𝜋 5𝜋 5𝜋
A tabela, a seguir, resume as informações para os três intervalos de teste: (0 , 3 ), ( 3 , ), ( , 2 𝜋).
3 3

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- Aplicando o teste da derivada primeira, concluímos que 𝑓(𝑥 ) tem
um mínimo relativo na coordenada onde
𝜋
𝑥=
3

e um máximo relativo na coordenada onde


5𝜋
𝑥=
3

como mostrado na figura ao lado.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 273


- Extremos Absolutos
Os termos, máximo relativo e mínimo relativo, são usados para descrever o comportamento local
de uma função.
Para descrever o comportamento global de uma função, usamos os termos:
máximo absoluto e mínimo absoluto.

- Definições
Seja f(x) uma função definida em um intervalo fechado I que contém o valor x = c.
Diz-se que uma função f(x) tem um valor máximo absoluto no intervalo I, se existir algum
número c nesse intervalo, tal que 𝑓(𝑐) ≥ 𝑓(𝑥) para todo x.

Diz-se que uma função f(x) tem um valor mínimo absoluto no intervalo I, se existir algum número
c nesse intervalo, tal que 𝑓(𝑐) ≤ 𝑓(𝑥) para todo x no intervalo.

Os valores do mínimo absoluto e do máximo absoluto de uma função em um intervalo às vezes são
chamados simplesmente de mínimo e máximo de f(x).

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 274


A diferença entre extremo relativo e extremo absoluto é mais fácil de compreender por meio de um
exemplo.
Na Figura 3.16, a função f(x) possui um mínimo relativo que também é o mínimo absoluto no
intervalo [a , b].
O máximo relativo de f(x), porém, não é o máximo absoluto no
intervalo [a , b].

De acordo com o teorema a seguir, se uma função f(x) é contínua


em um intervalo fechado, ela possui necessariamente um mínimo
absoluto e um máximo absoluto nesse intervalo.

Qualquer desses extremos pode estar em uma das extremidades do intervalo (como o máximo
absoluto na Figura 3.16) ou em um ponto no interior do intervalo (como o mínimo absoluto na
Figura 3.16).

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 275


- Teorema dos Valores Extremos
Se a função f(x) é contínua no intervalo [a , b], então f(x) possui um valor mínimo e um valor máximo
absolutos no intervalo [a , b].

Obs.:
Na determinação dos valores extremos de uma função em um intervalo fechado, não se pode deixar de
considerar, além dos valores da função nos números críticos, também seus valores nas extremidades do
intervalo.

Roteiro para Determinar os Extremos em um Intervalo Fechado


Para determinar os extremos de uma função contínua f(x) em um intervalo fechado [a , b] deveremos:
1. Determinar os valores de f(x) em todos os pontos críticos da função situados no intervalo (a , b).
2. Determinar os valores de f(x) nas extremidades do intervalo, em a e em b.
3. O menor desses valores é o mínimo absoluto, e o maior desses valores é o máximo absoluto.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 276


Exemplo 5
Determine os valores máximo e mínimo da função 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 2 − 6 𝑥 + 2 no intervalo [0 , 5].
Solução
- Determinando os números críticos de f(x).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 𝑥 − 6 Determinando a derivada de f(x).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 𝑥 − 6 = 0 Igualando a derivada à zero.
𝑥=3 Determinando os números críticos.

A função possui [𝑓 ′ (3) = 0] , logo, a função possui um número crítico, x = 3.

- Testando os extremos do intervalo


O número 3 está no interior do intervalo dado.
Devemos testar os valores de f(x) nesse número e nas extremidades do intervalo, como
mostrado na tabela a seguir.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 277


- Conclusão final
De acordo com a tabela, o mínimo absoluto de f(x) no intervalo [0 , 5] é
f(3) = -7.

Além disso, o máximo absoluto de f(x) no intervalo [0 , 5] é


f(0) = 2,

como se pode ver na Figura 3.18.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 278


- Teorema de Rolle e o Teorema do Valor Médio
- Teorema de Rolle
A teoria dos extremos estabelece que uma função contínua, em um intervalo [𝑎 , 𝑏] pode ter um
mínimo e um máximo nesse intervalo e que esses valores podem ocorrer nos extremos do intervalo.
O Teorema de Rolle, em homenagem ao matemático francês Michel Rolle (1652-1719), fornece as
condições para a existência de um valor extremo no interior de um intervalo fechado.

Teorema de Rolle
Considere que 𝑓(𝑥) é contínua no intervalo fechado [𝑎 , 𝑏] e diferenciável no intervalo aberto (𝑎 , 𝑏).
Se 𝑓 (𝑎) = 𝑓(𝑏)
então há no mínimo um número c no intervalo (𝑎 , 𝑏) de modo que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 279


Demonstração:
Considere que 𝑓 (𝑎) = 𝑑 = 𝑓(𝑏).
Caso 1
Se 𝑓 (𝑥 ) = 𝑑 para todo x no intervalo [𝑎 , 𝑏], 𝑓 (𝑥 ) é constante no intervalo e 𝑓 ′ (𝑥 ) = 0 para todo x
no intervalo (𝑎 , 𝑏).
Caso 2
Suponha que 𝑓(𝑥 ) > 𝑑 para algum valor de x no intervalo (𝑎 , 𝑏).
Pela teoria do valor extremo, sabemos que 𝑓(𝑥 ) tem um máximo em algum
valor c no intervalo.
Contudo, por que 𝑓 (𝑐 ) > 𝑑, o máximo não ocorre em nenhuma extremidade
do intervalo.
Logo, 𝑓(𝑥 ) tem um máximo no intervalo aberto (𝑎 , 𝑏).
Isto implica que 𝑓 (𝑐 ) é um máximo relativo sendo c um número crítico de
𝑓(𝑥 ).
Como 𝑓(𝑥 ) é diferenciável em c, concluímos que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 280


Caso 3
Suponha que 𝑓(𝑥 ) < 𝑑 para algum valor de x no intervalo (𝑎 , 𝑏), podemos utilizar de argumento
similar àquele do Caso 2, mas envolvendo o mínimo ao invés do máximo e concluir que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 no
número crítico c no intervalo aberto (𝑎 , 𝑏).
A partir do Teorema de Rolle, podemos verificar que, se uma função 𝑓 (𝑥 )
é contínua em um intervalo fechado [𝑎 , 𝑏] e diferenciável no intervalo (𝑎 , 𝑏),
e se 𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏), haverá pelo menos um valor x entre os limites a e b no qual
o gráfico de 𝑓 (𝑥 ) tem uma tangente horizontal, como mostrado na parte (a) da
figura ao lado.

Se a função não é diferenciável, a partir do Teorema de Rolle, poderemos


afirmar que a função 𝑓(𝑥 ) ainda terá um número crítico em (𝑎 , 𝑏), não tendo,
necessariamente, uma tangente horizontal.
Tal caso está mostrado na parte (b) da figura ao lado.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 281


Exemplo 6
Encontre os dois interceptos de 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 2 − 3 𝑥 + 2 e mostre que 𝑓 ′ (𝑥 ) = 0 em algum ponto entre os
dois interceptos.
Solução
- 𝑓(𝑥 ) é diferenciável para todo valor de x.
- Fazendo 𝑓 (𝑥 ) = 0 teremos:
𝑥2 − 3 𝑥 + 2 = 0 Fazendo 𝑓 (𝑥 ) = 0
(𝑥 − 1)(𝑥 − 2) = 0 Fatorando
- Então, 𝑓 (1) = 𝑓 (2) = 0 e, a partir do Teorema de Rolle, sabemos que
existe pelo menos um c , no intervalo (1 , 2), de modo que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0.

Para encontrar o valor c, derivamos 𝑓 (𝑥 ) e igualamos a zero.

- Achando 𝑓 ′ (𝑥 ) = 0:
3
𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 𝑥 − 3 = 0 , e encontramos 𝑥 = 2 , como mostrado na figura acima.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 282
Exemplo 7
Considere 𝑓(𝑥 ) = 𝑥 4 − 2 𝑥 2 . Encontre todos os valores de c no intervalo (−2 , 2) de modo que
𝑓 ′ (𝑐 ) = 0.
Solução
- 𝑓(𝑥 ) é contínua, no intervalo [−2 , 2], e diferenciável, no intervalo
(−2 , 2).
- Como 𝑓 (−2) = 𝑓(2) = 8, a partir do Teorema de Rolle, haverá pelo
menos um c no intervalo de (−2 , 2) de modo que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0.

- Calculando a derivada de 𝑓 (𝑥 ).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 4 𝑥 3 − 4 𝑥 = 0 Fazendo 𝑓 ′ (𝑥 ) = 0
4 𝑥 (𝑥 − 1) (𝑥 + 1) = 0 Fatorando
Logo,
𝑥 = −1 , 0 , 1.
Então, existem três valores de x , no intervalo dado, onde a 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 como mostrado na figura acima.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 283


- Teorema do Valor Médio

Teorema do Valor Médio


Se 𝑓(𝑥) é contínua no intervalo fechado [𝑎 , 𝑏] e diferenciável no intervalo aberto (𝑎 , 𝑏), então existe
um número c , no intervalo (𝑎 , 𝑏) de modo que:

′(
𝑓(𝑏) − 𝑓(𝑎)
𝑓 𝑐) =
𝑏−𝑎

Demonstração
- Considerando a figura ao lado, a equação da reta secante que passa pelos
pontos ( 𝑎 , 𝑓 (𝑎) ) e ( 𝑏 , 𝑓 (𝑏) ) é dada por:
𝑓(𝑏) − 𝑓(𝑎)
𝑦=[ ] (𝑥 − 𝑎) + 𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎
- Façamos 𝑔(𝑥) ser a diferença entre 𝑓(𝑥) e y.
Então, 𝑔(𝑥 ) = 𝑓 (𝑥 ) − 𝑦

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 284


𝑓(𝑏) − 𝑓 (𝑎)
𝑔(𝑥 ) = 𝑓(𝑥 ) − [ ] (𝑥 − 𝑎) − 𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎
Nos extremos do intervalo, verificamos que 𝑔(𝑎) = 0 = 𝑔(𝑏).
Como 𝑓(𝑥 ) é contínua, no intervalo [𝑎 , 𝑏], e diferenciável no intervalo (𝑎 , 𝑏), então 𝑔(𝑥 ) terá
comportamento idêntico.
Logo, podemos aplicar o Teorema de Rolle à função 𝑔(𝑥 ).
Portanto, existe um número c no intervalo (𝑎 , 𝑏) de modo que 𝑔′ (𝑐 ) = 0, o que implica em:
𝑔′ (𝑐 ) = 0
𝑓(𝑏) − 𝑓 (𝑎)
𝑔 𝑐 ) = 𝑓 ′ (𝑐 ) − [
′(
]=0
𝑏−𝑎
e

′(
𝑓 (𝑏) − 𝑓(𝑎 )
𝑓 𝑐) = [ ]
𝑏−𝑎
Obs: O termo "Médio" no Teorema do Valor Médio refere-se à taxa média de variação de 𝑓 (𝑥 ) no
intervalo fechado [𝑎 , 𝑏].

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 285


Exemplo 8
4
Dada a função 𝑓 (𝑥 ) = 5 − (𝑥), encontre todos os valores de c no intervalo aberto (1 , 4) de modo que
𝑓(4)−𝑓(1)
𝑓 ′ (𝑐 ) = [ ].
4−1

Solução
- A inclinação da reta secante que passa pelos pontos ( 1 , 𝑓 (1) ) e
( 4 , 𝑓 (4) ) é:

𝑓(4) − 𝑓 (1) 4−1


[ ]= =1
4−1 4−1

- A função 𝑓 (𝑥 ) satisfaz as condições do Teorema do Valor Médio no


intervalo dado. Pois:

- 𝑓(𝑥 ) é contínua, no intervalo [1 , 4], e diferenciável no intervalo (1 , 4).


- Logo, existe pelo menos um número c em (1 , 4) de modo que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 1.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 286
- Resolvendo a equação 𝑓 ′ (𝑥 ) = 1 encontramos:
4
𝑓 ′ (𝑥 ) = ( 2 ) = 1
𝑥
o que implica que 𝑥 = ± 2.
Somente o número 𝑐 = 2 pertence ao intervalo (1 , 4) como
mostrado na figura ao lado.

Obs.
Geometricamente, o Teorema do Valor Médio garante a existência
de pelo menos uma reta tangente paralela a uma reta secante, que
passa pelos pontos ( 𝑎 , 𝑓(𝑎) ) e ( 𝑏 , 𝑓 (𝑏) ), como ocorreu na
função do exemplo 8 e mostrado ao lado.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 287


Exemplo 9
Dois carros de patrulha estão parados e equipados com radar 5 milhas um do outro em uma rodovia,
como mostrado na figura. Um caminhão passa pelo primeiro carro e tem sua velocidade registrada em
55 milhas por hora. Quatro minutos depois, quando o caminhão passa pelo segundo carro patrulha, sua
velocidade é registrada em 50 milhas por hora. Prove que a velocidade do caminhão deve ter excedido o
limite de velocidade de 55 milhas por hora em algum momento durante os quatro minutos.
Solução
- Sabemos que a velocidade média pode ser aproximada como a
variação do espaço sobre a variação no tempo.
- Faça 𝑡1 = 0 ser o instante quando o caminhão passou pelo
primeiro carro patrulha.
Assim sendo, o instante em que o caminhão passou pelo segundo
carro patrulha será:
1ℎ 1
𝑡2 = 4 𝑚𝑖𝑛 = ℎ
60 𝑚𝑖𝑛 15

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 288


- Se 𝑠(𝑡) representa a distância (em milhas) percorrida pelo caminhão, temos:
1
𝑠(0) = 0 e 𝑠 (15) = 5.

- Logo, a velocidade média do caminhão percorrendo as 5 milhas é:

1
𝑠 ( ) − 𝑠(0) 5
𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 = [ 15 ]= = 75 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 ℎ𝑜𝑟𝑎
1 1
( )−0
15 15

- Considerando que a função 𝑠(𝑡) é diferenciável, nós podemos aplicar o Teorema do Valor Médio para
concluir que o caminhão deve ter trafegado com uma velocidade de 75 milhas por hora em pelo menos
um momento durante os 4 minutos.

Obs.
Em termos das taxas de variação, o Teorema do Valor Médio implica que deverá existir pelo menos um
ponto no intervalo aberto (𝑎 , 𝑏) no qual a taxa de variação instantânea é igual à taxa de variação média
no intervalo fechado [𝑎 , 𝑏] , como ilustrado no exemplo 9.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 289
III.3 - Concavidade e o Teste da Derivada Segunda
- Concavidade
A propriedade de um gráfico ser curvado para cima ou para baixo é chamada de concavidade.

- Definição de Concavidade
Seja uma função derivável em um intervalo aberto I.
A concavidade da função f(x) é:

1. Para cima no intervalo I se 𝑓 ′ (𝑥) é crescente no intervalo.


2. Para baixo no intervalo I se 𝑓 ′ (𝑥) é decrescente no intervalo.

Um teste qualitativo da concavidade pode ser feito com a seguinte


interpretação gráfica baseada na Figura 3.20.
1. Um gráfico que é côncavo para cima está acima de suas retas tangentes.
2. Um gráfico que é côncavo para baixo está abaixo de suas retas tangentes.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 290


Quantitativamente, podemos usar o sinal da derivada segunda para determinar se a concavidade da
função é para cima ou para baixo.

- Teste da Concavidade
Seja uma função cuja derivada segunda existe em um intervalo aberto I.
1. Se 𝑓 ′′ (𝑥) > 0 para qualquer x pertencente a I, a concavidade de f(x) é para cima no intervalo I.
2. Se 𝑓 ′′ (𝑥) < 0 para qualquer x pertencente a I, a concavidade de f(x) é para baixo no intervalo I.

Roteiro para o Teste da Concavidade


1. Determine os valores de x para os quais 𝑓 ′′ (𝑥 ) = 0 ou onde 𝑓 ′′ (𝑥) não é definida.
2. Use esses valores de x para determinar os intervalos de teste.
3. Verifique o sinal de 𝑓 ′′ (𝑥) em todos os intervalos de teste.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 291


Exemplo 1
Determine os intervalos nos quais a concavidade da curva da função dada é para cima e os intervalos
nos quais a concavidade é para baixo.
6
𝑓(𝑥 ) =
𝑥2 + 3
Solução
- Determinando a derivada primeira de f(x).
𝑓(𝑥 ) = 6 (𝑥 2 + 3)−1
𝑓 ′ (𝑥 ) = (−6) (𝑥 2 + 3)−2 (2 𝑥 )
(−12 𝑥 )
𝑓 ′ (𝑥 ) =
(𝑥 2 + 3)2
- Determinando a derivada segunda de f(x).

′′ (
(−12) (𝑥 2 + 3)2 − (−12 𝑥 ) (2) (𝑥 2 + 3) (2 𝑥 )
𝑓 𝑥) =
(𝑥 2 + 3)4
( ) ( 2 ) ( 2)
−12 𝑥 + 3 − −48 𝑥
𝑓 ′′ (𝑥 ) =
(𝑥 2 + 3)3

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 292


′′ (
(36) (𝑥 2 − 1)
𝑓 𝑥) =
(𝑥 2 + 3)3
Este resultado mostra que 𝑓 ′′ (𝑥) é definida para qualquer valor de x e 𝑓 ′′ (0) = 0 para 𝑥 = ±1.
Assim, podemos testar a concavidade de f(x) testando o sinal de 𝑓 ′′ (𝑥) nos intervalos (−∞ , −1) ,
(−1 , 1) e (1 , ∞), como mostra a tabela. O gráfico de f(x) aparece na Figura 3.23.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 293


- Pontos de Inflexão
Se a reta tangente a uma curva existe em um ponto no qual a concavidade muda, esse ponto é
chamado de ponto de inflexão.
A Figura 3.24 mostra três exemplos de pontos de inflexão.

- Definição de Ponto de Inflexão


Se a curva de uma função contínua possui uma reta tangente em um ponto no qual a concavidade muda,
esse ponto é um ponto de inflexão.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 294


Como a concavidade da curva muda nos pontos de inflexão, a derivada segunda 𝑓 ′′ troca de sinal
nesses pontos.
Logo, para localizar possíveis pontos de inflexão, precisamos apenas determinar os valores de x
para os quais 𝑓 ′′ (𝑥 ) = 0 ou para os quais 𝑓 ′′ (𝑥 ) não existe.
O processo é análogo ao utilizado para localizar os extremos relativos de f(x) a partir dos números
críticos da função.

- Propriedade dos Pontos de Inflexão


Se ( 𝑐 , 𝑓 (𝑐 ) ) é um ponto de inflexão de f(x), então 𝑓 ′′ (𝑐 ) = 0 ou 𝑓 ′′ (𝑐 ) não é definida no ponto c.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 295


Exemplo 2
Discuta a concavidade da curva da função f(x) e determine os pontos de inflexão.
𝑥2 + 1
𝑓(𝑥 ) = 2
𝑥 −4
Solução
- Determinando a derivada primeira
( ) ( 2 ) ( 2
2 𝑥 𝑥 − 4 − 𝑥 + 1) (2 𝑥 )
𝑓 ′ (𝑥 ) =
(𝑥 2 − 4)2


−10 𝑥
𝑓 (𝑥 ) = 2
(𝑥 − 4)2
- Determinando a derivada segunda

′′
(−10)(𝑥 2 − 4)2 − (−10 𝑥 )(2)(𝑥 2 − 4)(2 𝑥 )
𝑓 (𝑥 ) =
(𝑥 2 − 4)4

′′
(10)(3𝑥 2 + 4)
𝑓 (𝑥 ) =
(𝑥 2 − 4)3

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 296


- Determinando os intervalos
Não há pontos nos quais 𝑓 ′′ (𝑥 ) = 0, mas em 𝑥 = ±2, a função f(x) não é contínua.
- Analisando os intervalos
Esse resultado mostra que os pontos de mudança de concavidade são:
x = -2 e x = 2.
Logo, os intervalos de teste são: (−∞ , −2) , (−2 , 2) e (2 , ∞).

Concluímos que a concavidade da curva é para cima no intervalo (−∞ , −2), para baixo no intervalo
(−2 , 2) e para cima no intervalo (2 , ∞), como mostrado na tabela acima.

A Figura acima mostra o gráfico de f(x).

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 297


É possível que a derivada segunda seja zero em um ponto que não é um ponto de inflexão.
Por exemplo, observe as curvas das funções 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 3 e 𝑔(𝑥 ) = 𝑥 4 , que aparecem na Figura 3.26.
Nos dois casos, a derivada segunda se anula em x = 0, mas apenas a curva de f(x) possui um ponto
de inflexão em x = 0.
Isso mostra que, antes de concluir que existe um ponto de inflexão em um valor de x para o qual
𝑓 ′′ (𝑥 ) = 0, deve-se verificar se a concavidade muda nesse ponto.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 298


- O Teste da Derivada Segunda para Máximos e Mínimos Relativos
A derivada segunda pode ser usada em um teste simples para máximos
e mínimos relativos.
Se f(x) é uma função tal que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 e a concavidade da curva de f(x)
é para cima no ponto x = c , então f(c) é um mínimo relativo de f(x).
Analogamente, se f(x) é uma função tal que 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0 e a concavidade
da curva de f(x) é para baixo no ponto x = c, então f(c) é um máximo relativo
de f(x), como mostra a Figura 3.27.

- Teste da Derivada Segunda


Seja 𝑓 ′ (𝑐 ) = 0;
suponha que a 𝑓(𝑥)′′ exista em um intervalo aberto que contenha c.
1. Se 𝑓 ′′ (𝑐) > 0 , então 𝑓(𝑐) é um mínimo relativo.
2. Se 𝑓 ′′ (𝑐) < 0 , então 𝑓(𝑐) é um máximo relativo.
3. Se 𝑓 ′′ (𝑐 ) = 0, o teste não permite chegar a nenhuma conclusão.
Nesse caso, é preciso usar o Teste da Derivada Primeira para determinar se 𝑓(𝑐) é um mínimo
relativo, ou um máximo relativo, ou nem uma coisa nem outra.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 299
Exemplo 3
Determine os extremos relativos da função
𝑓(𝑥 ) = −3 𝑥 5 + 5 𝑥 3 .
Solução
- Calculando a derivada primeira de f(x).
𝑓 ′ (𝑥 ) = −15 𝑥 4 + 15 𝑥 2
𝑓 ′ (𝑥 ) = 15 𝑥 2 (1 − 𝑥 2 )

Esse resultado mostra que x = 0, x = -1 e x = 1 são os únicos números críticos de f(x).

- Calculando a derivada segunda.


𝑓 ′′ (𝑥 ) = −60 𝑥 3 + 30 𝑥

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 300


- Aplicando o teste da derivada segunda.
Ponto Sinal de 𝑓 ′′ (𝑥) Conclusão
(−1 , −2) 𝑓 ′′ (−1) = 30 > 0 Mínimo relativo.
(0 , 0) 𝑓 ′′ (0) = 0 Indefinido
(1 , 2) 𝑓 ′′ (1) = −30 < 0 Máximo relativo.

Como o teste acima é indefinido no ponto (0 , 0), então

- Aplicando o teste da derivada primeira.


Intervalo −1 < 𝑥 < 0 0<𝑥<1
Valor de teste 𝑥 =−½ 𝑥= ½
Sinal da
𝑓 ′ (−1/2) > 0 𝑓 ′ (1/2) > 0
𝑓 ′ (𝑥)
Conclusão Ponto, em 𝑥 = 0 , não é máximo nem mínimo.
Concluímos que o ponto (0 , 0) não é nem um mínimo relativo nem um máximo relativo.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 301
O teste da concavidade mostra que se trata de um ponto de inflexão.
A curva da função f(x) aparece na Figura 3.28.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 302


III.4 - Problemas de Otimização

- Como Resolver Problemas de Otimização.


A determinação dos valores máximo e mínimo de uma função é uma das aplicações mais comuns
do cálculo.
Consideremos alguns problemas nos quais a solução é um extremo absoluto de uma função
definida em um intervalo fechado.
Em seguida, aplicamos o teorema do valor extremo.
Esse procedimento será mostrado por meio de alguns exemplos.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 303


Exemplo 1
Um fabricante quer projetar uma caixa, sem tampa, de base quadrada, e com 108 centímetros quadrados
de superfície, como mostra a Figura 3.31.
Que dimensões deve ter a caixa para que o volume seja o maior possível?
Solução
- Como a base da caixa é quadrada, o volume é dado por
𝑉 = 𝑥2 ℎ Equação primária

Esta equação é conhecida como equação primária por que expressa a


grandeza a ser otimizada em termos de outras variáveis.

- A superfície da caixa é dada por


𝑆 = (á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒) + (á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑎𝑡𝑟𝑜 𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠)
𝑆 = 108 = 𝑥 2 + 4 𝑥 ℎ Equação secundária

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 304


Como a grandeza a ser otimizada é V, é interessante expressar V em função de apenas uma variável.
Para isso, expressamos h em termos de x na equação secundária, o que nos dá ℎ = (108 − 𝑥 2 )/4 𝑥 , e
substituímos esse resultado na equação primária.
( 2)
108 − 𝑥 1
𝑉 = 𝑥2 ℎ = 𝑥2 = 27 𝑥 − 𝑥 3
4𝑥 4

Antes de determinarmos o valor de x para o qual o volume V é máximo, precisamos definir o domínio
prático da função. Definir quais valores de x que fazem sentido no contexto do problema.

- Como x não pode ser negativo e a área da base (𝐴 = 𝑥 2 ), por sua vez, não pode ser maior que 108,
concluímos que o domínio prático da função é
0 < 𝑥 < √108

- Usando as técnicas vistas nas seções anteriores, podemos determinar que:


(no intervalo 0 < 𝑥 < √108) essa função possui um máximo absoluto em x = 6 cm e h = 3 cm.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 305


Roteiro para Resolver Problemas de Otimização

1. Identifique todas as grandezas conhecidas e todas as grandezas a serem determinadas.


Se possível, desenhe um diagrama.
2. Escreva uma equação primária para a grandeza a ser maximizada ou minimizada.
3. Reduza a equação primária a uma equação que contenha apenas uma variável independente.
Isso pode envolver o uso de uma equação secundária que relacione
as variáveis independentes da equação primária.
4. Determine o domínio prático da equação primária,
ou seja, os valores da variável independente para os quais o problema faz sentido.
5. Determine o valor máximo ou mínimo procurado,
usando as técnicas de cálculo discutidas nas Seções III.1 , III.2 e III.3.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 306


Exemplo 2
O produto de dois números positivos é 288.
Minimize a soma do segundo número com duas vezes o primeiro número.
Solução
- Seja x o primeiro número e y o segundo, e ainda S a soma a ser minimizada.
- Como estamos interessados em minimizar S, a equação primária é:
𝑆 =2𝑥+𝑦 Equação primária
- Como o produto dos dois números é 288, podemos escrever a equação secundária da seguinte forma:
𝑥 𝑦 = 288 Equação secundária
288
𝑦=
𝑥
- Escrevendo a equação primária como uma função de uma variável
288
𝑆 =2𝑥+
𝑥
- O domínio é aquele dos números positivos ou 𝑥 > 0.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 307


- Minimizando o valor de S.
𝑑𝑆 288
=2− 2
𝑑𝑥 𝑥
𝑑𝑆 288
=2− 2 =0
𝑑𝑥 𝑥
𝑥 2 = 144
𝑥 = ±12 , em acordo ao domínio , 𝑥 = 12 .

- Usando o teste da derivada primeira para ponto crítico x = 12.


Como S é decrescente no intervalo (0 , 12) e crescente no intervalo (12 , ∞), então, x = 12 corresponde
a um mínimo. Logo, os dois números são: x = 12 e , substituindo na equação secundária, y = 24.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 308
Exemplo 3
Determine os pontos da curva 𝑦 = 4 − 𝑥 2 que estão mais próximos do ponto (0 , 2).
Solução
- Como se pode ver na Figura 3.33, existem dois pontos sobre a curva que estão à menor distância
possível do ponto (0 , 2).
- O objetivo é minimizar a distância d, então utilizaremos a equação de
distância para obter a equação primária.

𝑑 = √(𝑥 − 0)2 + (𝑦 − 2)2


- Usando a equação secundária 𝑦 = 4 − 𝑥 2 , obtemos a equação primária
como função de uma variável.

𝑑 = √(𝑥 − 0)2 + (4 − 𝑥 2 − 2)2

𝑑 = √𝑥 4 − 3 𝑥 2 + 4
- Podemos simplificar os cálculos ao admitir que d será mínimo quando o radicando for mínimo.
Logo, basta determinarmos o valor mínimo de 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 4 − 3 𝑥 2 + 4, cujo domínio é o conjunto dos
números reais.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 309
- Determinando os números críticos de f(x).
𝑓 ′ (𝑥 ) = 4 𝑥 3 − 6𝑥
4 𝑥 3 − 6𝑥 = 0
2 𝑥 (2 𝑥 2 − 3) = 0
3 3
Logo, os números críticos são: 𝑥 = 0 , 𝑥 = √ e 𝑥 = −√
2 2

Intervalo −∞ < 𝑥 < −√3⁄2 −√3⁄2 < 𝑥 < 0 0 < 𝑥 < √3⁄2 3
√ ⁄2 < 𝑥 < ∞
Valor de teste 𝑥 =−2 𝑥 = −1 𝑥= 1 𝑥= 2
′( ′(
Sinal da
𝑓 ′ (−2) < 0 𝑓 ′ (−1) > 0 𝑓 1) < 0 𝑓 2) > 0
𝑓 ′ (𝑥)

- Aplicando o teste da derivada primeira, verificaremos que x = 0 corresponde a um máximo relativo,


enquanto 𝑥 = √3/2 e 𝑥 = −√3/2 correspondem a mínimos relativos.
3 5 3 5
Logo, os pontos mais próximos do ponto (0 , 2) são: (√2 , 2) e (−√2 , 2)

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 310


Exemplo 4
Um convite retangular tem 24 𝑖𝑛2 de área impressa. As margens superior e inferior têm 1,5 in; as
margens laterais têm 1 in. Quais devem ser as dimensões do convite para que a quantidade de papel
utilizada seja a menor possível?
Solução
- Um diagrama do convite pode ser visto na Figura 3.34 observando-se as unidades.
- Chamando de A a área a ser minimizada, a equação primária è:
𝐴 = (𝑥 + 3) (𝑦 + 2)

- A área impressa é dada por:


𝑥 𝑦 = 24
24
- Explicitando o valor de y, teremos: 𝑦 = 𝑥

- Exprimindo a equação primária em função de uma variável:


24
𝐴 = (𝑥 + 3) ( + 2)
𝑥

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 311


- Simplificando e agrupando os termos, teremos:
24 + 2 𝑥
𝐴 = (𝑥 + 3) ( )
𝑥
2 𝑥 2 + 30 𝑥 + 72
𝐴=
𝑥
72
𝐴 =2𝑥+ + 30
𝑥
- Neste caso, x deve ser positivo e o domínio prático será 𝑥 > 0.
- Determinando os números críticos de A.


72
𝐴 =2− 2
𝑥
72
2− 2 =0
𝑥
𝑥=6
- Usando o teste da derivada primeira, x = 6 corresponde a um mínimo.
- Calculando o valor de y obtemos: 𝑦 = 4 .
Logo, as dimensões do convite devem ser de x + 3 = 9 in de comprimento por y + 2 = 6 in de largura.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 312
Obs: Frequentemente, as aplicações práticas envolvem equações de complexidade relativamente alta
para serem explicitadas. Uma vez formulada a equação primária, a curva (ou diagrama) da situação
proposta na aplicação pode servir de ajuda para resolver o problema.
A Figura 3.35 mostra os gráficos das equações primárias dos Exemplos 1 a 4 anteriores.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 313


Exemplo 5
Outra forma de explorar o problema do volume de uma caixa:
Um fabricante de caixas de papelão deseja fazer caixas abertas de pedaços quadrados de papelão de
12 cm de lado, cortando, por sua vez, quadrados iguais nos quatro cantos e dobrando os lados. Encontre
o comprimento do lado do quadrado a ser cortado de modo que a caixa tenha o maior volume possível.

Solução
- Determinando as variáveis:
x - lado do quadrado a ser cortado (cm)
V - volume da caixa (cm3).

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 314


- Determinando a equação do volume da caixa
𝑉 (𝑥 ) = (12 − 2 𝑥 )2 𝑥
𝑉 (𝑥 ) = 4 𝑥 3 − 48 𝑥 2 + 144 𝑥

- Determinando o domínio prático para a variável x.


O valor de x pode variar entre 0 e 6, ou 0<𝑥<6

- Usando o método da derivada primeira para determinarmos os números críticos:


𝑉 ′ (𝑥 ) = 12 𝑥 2 − 96 𝑥 + 144
12 𝑥 2 − 96 𝑥 + 144 = 0
12 (𝑥 2 − 8 𝑥 + 12) = 0
O número crítico é x = 2, pois x = 6 não se encontra dentro do intervalo permitido sem que haja
degeneração da geometria da caixa (x = 0 e x = 6).

- Determinando o valor máximo que deverá ocorrer nos números críticos ou nos extremos do intervalo.
x 0 2 6
V(x) 0 128 0
Logo, o volume será máximo para x = 2.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 315
Exemplo 6
Uma ilha está em um ponto A, à 6 Km do ponto B mais próximo em uma praia reta. Um armazém está
em um ponto C, à 7 Km de B na praia. Se um homem pode remar à razão de 4 Km/h e caminhar à razão
de 5 Km/h, onde ele deveria desembarcar para ir da ilha ao armazém no menor tempo possível?
Solução
- Definindo variáveis:
P - ponto na praia onde o homem desembarca.
A - Ilha
B - Distância vertical da ilha à praia.
C - Local onde o armazém está.
x - distância de B a P.
T - tempo de viagem de A a C.
̅̅̅̅
𝐴𝑃 - distância que o homem rema.
̅̅̅̅
𝑃𝐶 - distância que o homem anda.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 316


- Definindo equação primária.
̅̅̅̅
𝐴𝑃 ̅̅̅̅𝑃𝐶
𝑇= +
4 5
onde,
̅̅̅̅ ̂
𝐴𝑃 → ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑖â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑟𝑒𝑡â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝐴𝐵𝑃
̅̅̅̅
𝐴𝑃 = √62 + 𝑥 2
e
̅̅̅̅
𝑃𝐶 → (7 − 𝑥)
Assim,
√62 + 𝑥 2 (7 − 𝑥)
𝑇(𝑥) = +
4 5

- Definindo domínio prático:


Como a distância de B a C é 7 Km, P pode estar no intervalo [0 , 7].

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 317


- Determinando os pontos críticos de T(x) usando o método da derivada primeira.

′(
1 (62 + 𝑥 2 )−1/2 (2 𝑥) 1
𝑇 𝑥) = −
2 4 5
𝑥 1
𝑇 ′ (𝑥 ) = −
4 √36 + 𝑥 2 5
𝑇 ′ (𝑥 ) existe para todos os valores de x do domínio prático.
𝑥 1
− =0
4 √36 + 𝑥 2 5
5 𝑥 = 4 √36 + 𝑥 2
25 𝑥 2 = 16 (36 + 𝑥 2 )
9 𝑥 2 = 576
𝑥 = 8 , que não está dentro do intervalo prático [0 , 7].
Logo, o valor mínimo absoluto ocorrerá em um dos extremos.

- Definindo os extremos absolutos:


29 1
𝑇(0) = 10 ≅ 2,9 ℎ e 𝑇(7) = 4 √85 ≅ 2,3 ℎ

O valor mínimo absoluto de T no intervalo [0 , 7] ocorre em x = 7 Km.


Assim, o homem deve remar diretamente até o armazém.
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 318
Exemplo 7
Um campo retangular vai ser cercado ao longo da margem de um rio, e não se exige cerca ao longo do
rio. Se o material da cerca custa R$ 2,00 / m para os extremos e R$ 3,00 / m para o lado paralelo ao rio,
encontre as dimensões do campo de maior área possível que pode ser cercado com um custo de
R$ 900,00.
Solução
- Definindo variáveis
Sejam: x - comprimento de um extremo do campo (m)
y - comprimento do lado paralelo ao rio (m)
A - área do campo

- Definindo equação primária


𝐴=𝑥𝑦

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 319


- Definindo equação secundária
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠 = 2 𝑥 + 2 𝑥
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = 3 𝑦
Assim, 𝐶 = 2 𝑥 + 2 𝑥 + 3 𝑦 = 900

900−4 𝑥
de onde, 𝑦 = 3

- Explicitando equação primária


4
𝐴(𝑥 ) = − 𝑥 2 + 300 𝑥
3

- Determinando o domínio prático


Se 𝑦 = 0 → 𝑥 = 225 Área degenerada
Se 𝑥 = 0 → 𝑦 = 300 Área degenerada

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 320


Portanto, o valor de x que maximiza A deverá pertencer ao intervalo (0 , 225).

- Determinando os valores críticos de A, utilizando o método da derivada primeira.


8
𝐴′ (𝑥 ) = − 𝑥 + 300
3
8
− 𝑥 + 300 = 0
3
𝑥 = 112,5 𝑚 , pertencente ao intervalo do domínio.
Este é um número crítico.

- Teste do extremo
𝐴(112,5) = 16.875 𝑚2 , maior área cercada por R$ 900,00.

Dimensões da área: 𝑥 = 112,5 𝑚


𝑦 = 150 𝑚

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 321


Exemplo 8
No planejamento de uma lanchonete foi estimado que se existem lugares para 40 a 80 pessoas, o
rendimento semanal será de R$ 70,00 por lugar. Contudo, se a capacidade de assentos estiver acima de
80 lugares, o rendimento semanal, em cada lugar, será reduzido em 50 centavos pelo número de lugares
excedentes. Qual deverá ser a capacidade de assentos para se obter o maior rendimento semanal?
Solução
- Definindo variáveis
Sejam: x - número de lugares
R - rendimento total

- Definindo equação primária


Quando 40 ≤ 𝑥 ≤ 80 , o rendimento, por lugar, é 70 reais, e
𝑅 = 70 𝑥

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 322


Quando 𝑥 > 80 , o rendimento por lugar será reduzido de 0,5 por lugar excedente (x – 80).
Assim, o novo fator que multiplica o número de lugares ocupados será: [70 − 0,5 (𝑥 − 80)] .
O rendimento total para esse intervalo será de:
𝑅(𝑥 ) = [70 − 0,5 (𝑥 − 80)] 𝑥
𝑅(𝑥 ) = [110 − 0,5 𝑥 ] 𝑥
𝑅(𝑥 ) = −0,5 𝑥 2 + 110 𝑥
Observe que para rendimento nulo (R(x) = 0) , teremos:
[110 − 0,5 𝑥 ] 𝑥 = 0 x=0 e x = 220.

- Explicitando a equação primária


70 𝑥, 𝑠𝑒 40 ≤ 𝑥 ≤ 80
𝑅(𝑥 ) = {
−0,5 𝑥 2 + 110 𝑥, 𝑠𝑒 80 < 𝑥 ≤ 220

- Determinando o domínio prático


O domínio será definido como sendo [40 , 220]

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 323


Note que a função R(x) é contínua, pois 𝑅(80) = 5.600 nas duas equações.
Portanto, poderemos aplicar o teorema do valor extremo.

- Determinando os números críticos


70 , 𝑠𝑒 40 ≤ 𝑥 ≤ 80
𝑅′ (𝑥 ) = {
− 𝑥 + 110 , 𝑠𝑒 80 < 𝑥 ≤ 220
Note que 𝑅′ (𝑥) não existe em x = 80, pois as derivadas laterais têm valores diferentes entre si.
Como 𝑅−′ (80) = 70 e 𝑅+′ (80) = 30 , então x = 80 é um número crítico.
Note ainda que 𝑅′ (𝑥 ) = 0 , fornecerá o número crítico 110 no segundo intervalo.
Portanto, o valor máximo do rendimento estará nos números críticos ou nos extremos dos
intervalos.

- Testes dos extremos absolutos

x 40 80 110 220

R (x) 280 5.600 6.050 0

Logo, o rendimento será máximo quando x = 110 lugares ocupados.


Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 324
III.5 – Cálculo de Limites, em Formas Indeterminadas, com o Uso da Derivada

Métodos para calcular certos limites envolvendo formas indeterminadas serão tratados nesta seção.
A técnica usada é chamada regra de L’Hôpital, em homenagem ao matemático francês Guillaume
François de L’Hôpital (1661-1707), que escreveu o primeiro texto de Cálculo, publicado em 1696.

𝟎
- A forma indeterminada 𝟎 .

Se f(x) e g(x) forem duas funções tais que


lim 𝑓(𝑥) = 0
𝑥→𝑎

e
lim 𝑔(𝑥) = 0
𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) 𝟎
então a função 𝑔(𝑥) tem a forma indeterminada 𝟎 em a.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 325


1- Teorema Regra de L’Hôpital
Sejam f(x) e g(x) funções diferenciáveis em um intervalo aberto I, exceto possivelmente no número a
em I. Suponhamos que para todo 𝑥 ≠ 𝑎, em I, 𝑔′ (𝑥 ) ≠ 0 . Então, se
lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 0 e
lim𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 0 e se

𝑓 ′ (𝑥)
lim =𝐿
𝑥→𝑎 𝑔′ (𝑥)

segue que

𝑓(𝑥)
lim =𝐿
𝑥→𝑎 𝑔(𝑥)

O Teorema é válido também se todos os limites forem limites à direita ou à esquerda.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 326


Exemplo 1
𝑥 2 −𝑥−12 7 𝑠𝑒𝑛 𝑥
Use a regra de L’Hôpital para mostrar que: (a) lim𝑥→4 𝑥 2 −3𝑥−4 = 5 e (b) lim𝑥→0 =1.
𝑥

Solução
(a)
Como lim𝑥→4 𝑥 2 − 𝑥 − 12 = 0 e lim𝑥→4 𝑥 2 − 3𝑥 − 4 = 0 , então podemos aplicar a regra de
L’Hôpital e obter:
𝑥 2 − 𝑥 − 12 2𝑥−1 7
lim = lim =
𝑥→4 𝑥 2 − 3𝑥 − 4 𝑥→4 2 𝑥 − 3 5

(b)
Podemos aplicar a regra de L’Hôpital, pois lim𝑥→0 𝑠𝑒𝑛 𝑥 = 0 e lim𝑥→0 𝑥 = 0 . Temos então:
𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑥
lim = lim =1
𝑥→0 𝑥 𝑥→0 1

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 327


Exemplo 2
𝑥
Encontre lim𝑥→0 1−𝑒 𝑥 , se existir.

Solução
Como lim𝑥→0 𝑥 = 0 e lim𝑥→0 1 − 𝑒 𝑥 = 0 , a regra de L’Hôpital pode ser aplicada e temos:

𝑥 1 1
lim = lim = = −1
𝑥→0 1 − 𝑒𝑥 𝑥→0 −𝑒 𝑥 −1

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 328


Exemplo 3
1 − 𝑥 + 𝑙𝑛 𝑥
Encontre lim𝑥→1 , se existir.
𝑥 3 −3 𝑥+2

Solução
lim𝑥→1 1 − 𝑥 + 𝑙𝑛 𝑥 = 0 e lim𝑥→1 𝑥 3 − 3 𝑥 + 2 = 0

Aplicando a regra de L’Hôpital, temos:


1
1 − 𝑥 + 𝑙𝑛 𝑥 −1 + 𝑥 0
lim = lim =
𝑥→1 𝑥 3 − 3 𝑥 + 2 𝑥→1 3 𝑥 2 − 3 0

Aplicando a regra de L’Hôpital novamente,


1 1
−1 + 𝑥 − 2 1
lim = lim 𝑥 =−
𝑥→1 3 𝑥 2 − 3 𝑥→1 6𝑥 6

Portanto,
1 − 𝑥 + 𝑙𝑛 𝑥 1
lim = −
𝑥→1 𝑥 3 − 3 𝑥 + 2 6

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 329


2- Teorema Regra de L’Hôpital
Sejam f(x) e g(x) funções diferenciáveis para todo 𝑥 > 𝑁 , onde N é uma constante positiva e
suponhamos que para todo 𝑥 > 𝑁 , 𝑔′ (𝑥 ) ≠ 0 . Então, se
lim𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = 0 e
lim𝑥→+∞ 𝑔(𝑥) = 0 , e se

𝑓 ′ (𝑥)
lim =𝐿
𝑥→+∞ 𝑔′ (𝑥)

segue que

𝑓(𝑥)
lim =𝐿
𝑥→+∞ 𝑔(𝑥)

O Teorema também é válido se “𝑥 → +∞” for substituído por “𝑥 → −∞” ou 𝑥 → ∞.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 330


- Outras formas indeterminadas.

𝑠𝑒𝑐 2 𝑥
Desejamos determinar se o lim 𝑥→
𝜋 existe.
2 𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥

A princípio, não podemos aplicar o teorema que envolve o limite de um quociente por que
lim𝑥→𝜋 𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 = + ∞ e lim𝑥→𝜋 𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥 = + ∞ .
2 2

𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 +∞ 𝜋
Neste caso, vemos que a função definida por tem a forma indeterminada em 𝑥 = .
𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥 +∞ 2

Porém,
Outras condições onde a regra de L’Hôpital também é aplicável:
A regra de L’Hôpital também se aplica a uma forma indeterminada deste tipo bem como a
−∞ −∞ +∞ ∞
, , e .
−∞ +∞ −∞ ∞

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 331


3- Teorema Regra de L’Hôpital
Sejam f(x) e g(x) funções diferenciáveis em um intervalo aberto I, exceto possivelmente no número a
em I. Suponhamos que para todo 𝑥 ≠ 𝑎, em I, 𝑔′ (𝑥 ) ≠ 0 .
Então, se lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = +∞ ; −∞ ; 𝑜𝑢 ∞ e
lim𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = +∞ ; −∞ ; 𝑜𝑢 ∞ e se
𝑓 ′ (𝑥)
lim =𝐿
𝑥→𝑎 𝑔′ (𝑥)

segue que

𝑓(𝑥)
lim =𝐿
𝑥→𝑎 𝑔(𝑥)

O Teorema é válido se todos os limites forem limites à direita ou à esquerda.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 332


4- Teorema Regra de L’Hôpital
Sejam f(x) e g(x) funções diferenciáveis para todo 𝑥 > 𝑁 , onde N é uma constante positiva e
suponhamos que, para todo 𝑥 > 𝑁 , 𝑔′ (𝑥 ) ≠ 0 . Então, se
lim𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = +∞ , −∞ , 𝑜𝑢 ∞ e
lim𝑥→+∞ 𝑔(𝑥) = +∞ , −∞ , 𝑜𝑢 ∞ , e se

𝑓 ′ (𝑥)
lim =𝐿
𝑥→+∞ 𝑔′ (𝑥)

segue que
𝑓(𝑥)
lim =𝐿
𝑥→+∞ 𝑔(𝑥)

O Teorema também é válido se “𝑥 → +∞” for substituído por “𝑥 → −∞” .

Obs:
Os teoremas de 1 a 4 também são válidos se L for substituído por +∞ , −∞ 𝑜𝑢 ∞ .
Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 333
Exemplo 4
ln 𝑥
Encontre lim𝑥→0+ 1 se existir.
𝑥

Solução
1
Como lim𝑥→0+ ln 𝑥 = −∞ e lim𝑥→0+ = +∞ , aplicamos a regra de L’Hôpital e obtemos:
𝑥

1
ln 𝑥
lim+ = lim+ 𝑥 = lim+ (−𝑥) = 0
𝑥→0 1 𝑥→0 1 𝑥→0

𝑥 𝑥 2

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 334


Exemplo 5
𝑥2
Encontre lim𝑥→+∞ , se existir.
𝑒𝑥

Solução
Como lim𝑥→+∞ 𝑥 2 = +∞ e lim𝑥→+∞ 𝑒 𝑥 = +∞ , aplicando a regra de L’Hôpital obtemos:
𝑥2 2𝑥
lim = lim
𝑥→+∞ 𝑒 𝑥 𝑥→+∞ 𝑒 𝑥

Agora, como o lim𝑥→+∞ 2 𝑥 = +∞ e lim𝑥→+∞ 𝑒 𝑥 = +∞ ,


aplicamos a regra de L’Hôpital novamente e teremos:
2𝑥 2
lim = lim =0
𝑥→+∞ 𝑒𝑥 𝑥→+∞ 𝑒 𝑥

Portanto,
𝑥2
lim =0
𝑥→+∞ 𝑒𝑥

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 335


Exemplo 6
𝑠𝑒𝑐 2 𝑥
Encontre lim 𝑥→
𝜋 , se existir.
2 𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥

Solução
Como lim𝑥→𝜋 𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 = +∞ e lim𝑥→𝜋 𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥 = +∞ ,
2 2

então, aplicando a regra de L’Hôpital, obtemos:


𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 2 𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 𝑡𝑎𝑛 𝑥
lim𝜋 23𝑥
= lim𝜋
𝑥→ 𝑠𝑒𝑐 𝑥→ 6 𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥 𝑡𝑎𝑛 3𝑥
2 2

Mas,
lim𝑥→𝜋 2 𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 𝑡𝑎𝑛 𝑥 = +∞ e lim𝑥→𝜋 6 𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥 𝑡𝑎𝑛 3𝑥 = +∞ .
2 2

Poderemos verificar que, neste caso, mais aplicações da regra de L’Hôpital não ajudarão a sairmos da
indeterminação.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 336


Contudo, o quociente original pode ser reescrito e teremos:
𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 𝑐𝑜𝑠 2 3 𝑥
lim𝜋 = lim
𝑥→ 𝑠𝑒𝑐 2 3 𝑥 𝑥→𝜋 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥
2 2

Para essa nova situação, lim𝑥→𝜋 𝑐𝑜𝑠 2 3 𝑥 = 0 e lim𝑥→𝜋 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 = 0 , e podemos aplicar a regra de
2 2

L’Hôpital e obtemos:
𝑐𝑜𝑠 2 3 𝑥 −6 cos 3𝑥 𝑠𝑒𝑛 3 𝑥
lim𝜋 = lim
𝑥→ 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 𝑥→
𝜋 −2 cos 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑥
2 2

𝑐𝑜𝑠 2 3 𝑥 3 (2 cos 3𝑥 𝑠𝑒𝑛 3 𝑥 )


lim𝜋 = lim𝜋
𝑥→ 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 𝑥→ (2 cos 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑥 )
2 2

𝑐𝑜𝑠 2 3 𝑥 3 𝑠𝑒𝑛 6 𝑥
lim𝜋 = lim
𝑥→ 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 𝑥→
𝜋 𝑠𝑒𝑛 2 𝑥
2 2

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 337


Como lim𝑥→𝜋 3 𝑠𝑒𝑛 6 𝑥 = 0 e lim𝑥→𝜋 𝑠𝑒𝑛 2 𝑥 = 0 , aplicamos a regra de L’Hôpital novamente e
2 2

obtemos:
3 𝑠𝑒𝑛 6 𝑥 18 𝑐𝑜𝑠 6 𝑥 18 (−1)
lim𝜋 = lim𝜋 = =9
𝑥→ 𝑠𝑒𝑛 2 𝑥 𝑥→ 2 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 2 (−1)
2 2

Portanto,
𝑠𝑒𝑐 2 𝑥
lim𝜋 23𝑥
=9
𝑥→ 𝑠𝑒𝑐
2

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 338


0 ∞
Além de e ± ∞ , existem outras formas indeterminadas que são (𝟎 ∙ ∞) , (∞ − ∞) , (𝟎𝟎 ) ,
0

(∞𝟎 ) , (𝟏∞ ) , e as formas correspondentes onde ∞ é substituído por +∞ 𝑜𝑢 − ∞.

0 ∞
Estas formas indeterminadas são definidas de modo semelhante às outras duas [0 e ].

Por exemplo, se lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = ∞ e lim𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 0 então, a função definida por 𝑓(𝑥)𝑔(𝑥) tem
a forma indeterminada (∞0 ) em a.

Para encontrar o limite de uma função que tem uma dessas formas indeterminadas devemos mudá-
0 ∞
la para a forma de 0 ou ± ∞ antes de a regra de L’Hôpital ser aplicada.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 339


OBS:
As funções trigonométricas inversas são as inversas das funções trigonométricas.
Algumas vezes as funções trigonométricas inversas são chamadas de função de arco, pois elas fornecem
o arco correspondente a certa função trigonométrica.

Imagem
Nome Notação 1 Notação 2 Definição Domínio
(radianos)
arco seno y = arcsen (x) 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛−1 (𝑥) x = sen (y) [−1 , +1] −π/2 ≤ y ≤ π/2
arco cosseno y = arccos (x) 𝑦 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (𝑥) x = cos (y) [−1 , +1] 0≤y≤π
arco tangente y = arctan (x) 𝑦 = 𝑡𝑎𝑛−1 (𝑥) x = tan (y) ℝ −π/2 < y < π/2
arco cotangente y = arccot (x) 𝑦 = 𝑐𝑜𝑡 −1 (𝑥) x = cot (y) ℝ 0<y<π
(−∞,−1] ou 0 ≤ y < π/2 ou
arco secante y = arcsec (x) 𝑦 = 𝑠𝑒𝑐 −1 (𝑥) x = sec (y)
[1,+∞) π/2 < y ≤ π
(−∞,−1] ou −π/2 ≤ y < 0 ou
−1
arco cossecante y = arccsc (x) 𝑦 = 𝑐𝑠𝑐 (𝑥) x = csc (y)
[1,∞) 0 < y ≤ π/2

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 340


Exemplo 7
Encontre lim𝑥 → 0 (𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑥 ) (𝑐𝑠𝑐 𝑥 ) , se existir.
Solução
Como lim𝑥 → 0 𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑥 = 0 e lim𝑥 → 0 𝑐𝑠𝑐 𝑥 = ∞ , a função definida por 𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑐𝑠𝑐 𝑥 tem a
forma indeterminada (0 ∙ ∞) em 0.

Antes de podermos aplicar a regra de L’Hôpital reescrevemos 𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑐𝑠𝑐 𝑥 como
𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑥 / 𝑠𝑒𝑛 𝑥 .

Agora, lim𝑥 → 0 𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑥 = 0 e lim𝑥 → 0 𝑠𝑒𝑛 𝑥 = 0 e assim temos a forma indeterminada 0 / 0.
Portanto, aplicamos a regra de L’Hôpital e obtemos:
1
𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝑥 2 1
lim = lim √1 − 𝑥 = = 1
𝑥→0 𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑥→0 cos 𝑥 1

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 341


Exemplo 8
1 1
Encontre lim𝑥→0 (𝑥 2 − ) , se existir.
𝑥 2 sec 𝑥

Solução
1 1
Como lim𝑥→0 = +∞ e lim𝑥→0 = +∞ , temos a forma indeterminada [+∞ − (+∞)].
𝑥2 𝑥 2 sec 𝑥

Reescrevendo a expressão, temos:


1 1 sec 𝑥 − 1
lim ( − ) = lim ( )
𝑥→0 𝑥 2 𝑥 2 sec 𝑥 𝑥→0 𝑥 2 sec 𝑥

Como lim𝑥→0 (sec 𝑥 − 1) = 0 e lim𝑥→0 (𝑥 2 sec 𝑥 ) = 0 , então podemos aplicar a regra de L’Hôpital
e obtemos:
sec 𝑥 − 1 sec 𝑥 𝑡𝑎𝑛 𝑥
lim = lim
𝑥→0 𝑥 2 sec 𝑥 𝑥→0 2 𝑥 sec 𝑥 + 𝑥 2 sec 𝑥 tan 𝑥

sec 𝑥 − 1 𝑡𝑎𝑛 𝑥
lim = lim
𝑥→0 𝑥 2 sec 𝑥 𝑥→0 2 𝑥 + 𝑥 2 tan 𝑥

Porém, lim𝑥→0 𝑡𝑎𝑛 𝑥 = 0 e lim𝑥→0 2 𝑥 + 𝑥 2 tan 𝑥 = 0


Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 342
Aplicando a regra de L’Hôpital novamente,
𝑡𝑎𝑛 𝑥 𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 1
lim = lim =
𝑥→0 2 𝑥 + 𝑥 2 tan 𝑥 𝑥→0 2 + 2 𝑥 tan 𝑥 + 𝑥 2 sec 2 𝑥 2

Portanto,

1 1 1
lim ( − 2 )=
𝑥→0 𝑥 2 𝑥 sec 𝑥 2

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 343


Exemplo 9
Encontre lim𝑥→0 (𝑥 + 1)𝑐𝑜𝑡 𝑥
Solução
“O procedimento abaixo se aplica a uma das formas indeterminadas: 00 , ∞0 , 1∞ .”
Como lim𝑥→0 (𝑥 + 1) = 1 e lim𝑥→0 𝑐𝑜𝑡 𝑥 = ∞ , temos a forma indeterminada 1∞ .
Seja 𝑦 = (𝑥 + 1)𝑐𝑜𝑡 𝑥
Então,
ln 𝑦 = ln[(𝑥 + 1)𝑐𝑜𝑡 𝑥 ]
ln 𝑦 = 𝑐𝑜𝑡 𝑥 ln(𝑥 + 1)
ln(𝑥 + 1)
ln 𝑦 =
𝑡𝑎𝑛 𝑥
Assim,
ln(𝑥 + 1)
lim ln 𝑦 = lim
𝑥→0 𝑥→0 𝑡𝑎𝑛 𝑥

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 344


Como lim𝑥→0 ln(𝑥 + 1) = 0 e lim𝑥→0 𝑡𝑎𝑛 𝑥 = 0 , podemos aplicar a regra de L’Hôpital e obtemos:
1
ln(𝑥 + 1) (𝑥 + 1)
lim = lim =1
𝑥→0 𝑡𝑎𝑛 𝑥 𝑥→0 sec 2 𝑥

Logo,
lim ln 𝑦 = 1
𝑥→0

Como a função logaritmo natural é contínua em todo seu domínio, que é o conjunto de todos os
números positivos, podemos considerar:
lim ln 𝑦 = ln lim 𝑦 = 1
𝑥→0 𝑥→0

Portanto, lim𝑥→0 𝑦 = 𝑒 1 ou
lim (𝑥 + 1)𝑐𝑜𝑡 𝑥 = 𝑒
𝑥→0

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 345


REFERÊNCIAS
Conteúdo deste capítulo foi compilado de:

LARSON, R. & EDWARDS, B. H.; com a assistência de FALVO, D. C., Cálculo com Aplicações, 6 ed., Rio de
Janeiro – RJ, LTC, 2008.

LEITHOLD, L; O Cálculo com Geometria Analítica, São Paulo – SP, Harbra Editora Harper & Row do
Brasil Ltda., 1977.

Cálculo Diferencial e Integral I Prof. Mário Duarte 346

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