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'Um bosque de folhas sagradas: o Santuário Nacional da Umbanda como refúgio ao culto sagrado da natureza'
Tabela S2. Tabela comparativa relacionando falas dos entrevistados à concepção de natureza, entidades e de energia
Mãe Antônia; SHY: Mãe Shirley; RRA: Roberta, Antônia e Pai Ricardo; DAS: Mãe Sandra e Diego C.
Concepção de energia
Frequentava um centro, um terreiro Médium e um dos principais
que frequentava. organizadores do terreiro que
frequenta e coordena, localizado na
Zona Sul de São Paulo. Ele reside
em Itapevi. Seu terreiro frequenta o
espaço do Santuário por pelo
menos uma vez por ano, para
celebrações de fim de ano. Rafael
também é responsável por
ministrar cursos de umbanda para
a comunidade externa e sobre uso
Relação indivíduo/religião de plantas no contexto religioso ou
terapêutico.
A mata é obrigatoriamente de
Oxóssi. Ou de Ossain se você for
falar no candomblé. A mata toda
Oxóssi, as ervas, Ossain. Só que
Ossain a gente sabe que ele tá lá.
Não dá pra falar o nome de todos
os orixás, e nem sempre trabalhar
dentro de todos os orixás, mas ele
tá lá.
Relação entidade/natureza
Frequência há mais de 20 anos. A gente [terreiro] vai lá uma vez por
Vai lá individualmente, não ano. Trabalhamos o ano todo aqui
possuem um terreiro. Antigamente, no terreiro, e lá a gente faz um
o acesso era difícil, pois a mata era grande agradecimento pra todas as
fechada, uma pedreira. Íamos na entidades e orixás que a gente
confiança dos orixás. Hoje há trabalha o ano todo. Vamos no
estrutura, segurança, espaço. último final de semana de
Vamos às vezes. novembro. Vamos há uns 10 anos,
sempre na mesma tenda.
Relação indivíduo/Santuário
Relação religião/cidade/natureza
Quando os orixás vão pegar ervas, Por exemplo, nós aqui somos um
eles pedem licença. É muito bonito. prédio, onde a gente tenta minima,
Tudo eles pedem licença pra tirar, diria até porcamente, ter alguma
nunca pro desperdício. coisa [natural] aqui perto. A árvore
que tem na frente da nossa casa
fomos nós que plantamos a pedido
de uma entidade.
Relação religião/terreiro/natureza
E é legal porque a gente vai Então Deus se fez presente na E é assim mesmo, a relação com
colaborando também com essa Terra através de seus orixás. Orixá os guias é de amizade e confiança.
coisa de refazer, de manter os nada mais é do que energia da Eles nos dão muita ferramenta,
espaços que são pontos de força natureza. mas a gente tem que ser bons
da natureza pra gente. filhos, bons instrumentos pra eles
trabalharem. Então o conhecimento
vem aí. Mas caboclo, preto-velho;
aqui, nessa casa, caboclo, preto-
velho. E na minha estrutura, na
minha coluna, quase todos tem
ligação com a mata.
A gente sente a energia do orixá, a Os pensamentos negativos, eles A conexão com a natureza, com o
gente sente a energia de Deus, condensam, toda a energia ela vai nosso sagrado. É sim, forças
muito mais pura. ficando física. Tudo o que você naturais, forças divinas naturais, e
coloca energia, se você ficar que está presente em tudo. Eles
obcecado pensando numa mesma trazem uma reconexão, a
coisa, você mesmo coloca energia reconexão, a recarga, recarrega
naquela coisa e isso te paralisa. E muito a energia, é um ponto natural
é isso que os guias vêm e te de energia.
orientam, trabalham com você, é
nisso que parte das ervas
trabalham... Porque na realidade
eu não sou Jupira, eu estou em
Jupira nessa existência. Pra gente,
nós somos parte da centelha
divina, todos nós somos parte da
mesma centelha divina. Que é
Deus, né. O cristão.
Eu sou umbandista vai fazer 18 Eu sou umbandista desde que Nós somos um terreiro de
anos. Eu trabalhava num templo nasci. Meu pai era pai-de-santo, umbanda, esse terreiro existe há
aqui embaixo na rua Boturoca, que minha vó era mãe-de-santo. Minha 10 anos oficialmente. Ele existe há
fechou. Fiquei lá por volta de 7, 8 bisavó era negra de senzala. E o um pouco mais. Eu sou umbandista
anos. E nesse meio tempo lá meu bisavô ele era índio, de tribo há 33 anos, desde que nasci. Vim
fechou e aí a gente queria um lugar mesmo. E aí foi passando de pai de outro terreiro, o Everton que é o
pra ir trabalhar, ou tomar um passe, pra filho, quando eu era sacerdote central, eu sou a
seja lá o que for. E a gente já adolescente meu pai fechou, não sacerdotisa, a gente chama de
conhecia o Santuário porque nós assumiu o terreiro que era pra mãe-pequena. E o terreiro existe
íamos com o outro tempo pra lá assumir. E ele, como a gente fala, há 10 anos. As entidades aqui as
uma vez por mês pra fazer fez levante. básicas a gente tem como base a
oferenda, trabalho na natureza. E umbanda de raiz, umbanda
aí ficamos 2 anos lá, as pessoas tradicional. Caboclo, preto-velho,
foram chegando, e de repente a que são as nossas bases. Mas
gente tava num grupo grande. E aí trabalhamos com baiano, boiadeiro,
abrimos aqui, e vai fazer agora dia com marinheiro, cigano, exu, exu é
11 de outubro vai fazer 9 anos que muito presente aqui também.
estamos com esse templo aberto.
Há uns 15 anos vou no Santuário
mais ou menos.
Pra não deixar a desejar. Que Ela representa até Oxóssi nas
talvez nós não tenhamos matas. Os orixás das matas. Então,
conhecimento, mas na linha assim, a mata é a coisa mais linda
espiritual tem fundamento. do mundo que Deus pode por. E as
matas elas servem tanto pra gente
tomar banho quanto pra curar.
Ó, a casa tem uns 20 anos. A Tem muitos anos, mais de 30 anos,
gente deve vir pra cá há uns 15 acho. Aqui não tinha tanta tenda,
anos. O simples fato de que as tava inaugurando, as imagens,
oferendas são feitas, são ainda. Eu conheço o Pai Ronaldo
colocadas e o pessoal limpa há muitos anos, quando ele fazia
depois, recolhe. A natureza não bingo, baile, pra botar aquele
fica suja, não fica sujeira. Eles terreiro que ele tem o pai benedito.
limpam. É um espaço onde se De quinze em quinze dias. Uma
concentra tudo e é feito uma vez por mês. Depende, quando tem
limpeza. festa de orixá a gente vem. Mas é
porque é difícil, nem todo mundo
consegue, nem sempre tem
condições.