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AO PROFESSOR
Maria João Pais Maria da Luz Oliveira
Maria Manuela Góis Belmiro Gil Cabrito
12.o ANO
Introdução
Colegas,
O Caderno de Apoio ao Professor que vos apresentamos inclui uma proposta de gestão dos
diferentes recursos, que disponibilizamos para todas as unidades do programa oficial,
incluindo o módulo inicial e o do trabalho final; um conjunto de pistas de exploração para as
transparências e a indicação de filmes que podem ser visionados para aplicação dos conteú-
dos em estudo. Um conjunto de testes de avaliação e sua resolução completam este instru-
mento de apoio à gestão curricular da disciplina de Sociologia.
Os Autores
Índice
DI PROGRAMA DE SOCIOLOGIA - Excertos . . . . . . . . . . . . 4
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2. Transparências – pistas de exploração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
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2.Proposta de um trabalho sobre os comportamentos
de risco na adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
A Sociologia, «tendo nascido das transformações que separaram a ordem social do Ocidente assente na
industrialização dos modos de vida característicos das sociedades anteriores», continua a ter como princi-
pal centro de interesse o mundo que resultou dessas transformações2, ou seja, o mundo contemporâneo.
Ora, a complexidade das sociedades actuais – industrializadas, multiculturais e em permanente
mudança – exige dos seus membros uma constante adaptação às transformações que ocorrem a todos os
níveis – económico, social e cultural – e, por outro lado, que sejam capazes de tomar decisões de uma
forma autónoma e criativa.
Deste modo, as finalidades de qualquer disciplina, neste caso da Sociologia, deverão, não só promover a
educação para a cidadania, como também contribuir para a formação pessoal, científica e técnica dos alunos.
Neste sentido, esta disciplina poderá desempenhar um importante papel formativo, na medida em que permite:
– conhecer e compreender as sociedades contemporâneas e os seus principais mecanismos de funcio-
namento, dado que a principal preocupação da análise sociológica é o estudo das relações sociais;
– contribuir para desenvolver nos alunos uma atitude crítica, fomentar o debate de ideias e a tomada
de decisões na medida em que «é uma disciplina em que pomos de parte a nossa visão pessoal do
mundo de modo a poder olhar com mais cuidado as influências que dão forma às nossas vidas e às
de outras pessoas»3.
Assim, foi tendo em atenção este enquadramento que se estruturou o programa da disciplina de
Sociologia que, de acordo com a nova reforma curricular do ensino secundário, está integrada como disci-
plina de opção do 12.° ano dos cursos Científico-humanísticos de Ciências Socioeconómicas e de Ciências
Sociais e Humanas, com a carga horária de três tempos lectivos semanais (99 tempos lectivos anuais). Por
outro lado, também a experiência acumulada com a leccionação do anterior programa condicionou a sua
reorganização e a sua actualização, em termos de conteúdos, de objectivos e de metodologias.
Deste modo, não esquecendo que a disciplina de Sociologia constitui a iniciação a uma nova pers-
pectiva do saber científico e que a sua frequência pode funcionar como motivação para uma eventual
continuação dos estudos nesta área, estudar Sociologia na escola secundária visa, sobretudo:
– aprender a gostar de Sociologia, ou seja, iniciar-se na aprendizagem do pensar sociológico;
– treinar a problematização e a crítica da sociedade que nos rodeia;
– consciencializar-se da necessidade de rigor científico que encaminha para a (re)construção das
sociedades;
– experimentar a aplicação da pedagogia de projecto a um ou dois casos específicos.
Salienta-se, mais uma vez, o carácter formativo da Sociologia e a sua ligação ao quotidiano dos alu-
nos e às suas expectativas. Com efeito, «a Sociologia não é apenas um corpo intelectual e abstracto, mas
algo que pode ter implicações práticas na vida das pessoas» e «a melhor maneira de nos assegurarmos de
que tal acontece é abordar a disciplina de uma forma imaginativa e relacionar ideias e conclusões com
situações da nossa própria vida»4.
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2. Apresentação do programa
Assim, de acordo com o que acima se expôs, a disciplina orientar-se-á pelos seguintes objectivos gerais:
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– Incentivar o gosto pela pesquisa.
– Desenvolver as capacidades de análise e de síntese.
– Fomentar a capacidade de trabalho individual e em grupo.
– Desenvolver o espírito criativo e de abertura à mudança.
SOCIOLOGIA
ESTUDA
SOCIEDADE
RUPTURA/CONSTRUÇÃO
PROCESSOS TEORIA/MEIOS
DE REPRODUÇÃO E MUDANÇA DE INVESTIGAÇÃO
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2.2.2. Estrutura sequencial do programa
Módulo inicial
Temas Unidades lectivas
1. Sociologia e conhecimento sobre a realidade social
2. Metodologia da investigação sociológica
Tema I – O que é a Sociologia?
3. Socialização e cultura
Tema II – Sociedade e indivíduo 4. Interacção e papéis sociais
5. Instituições e processos sociais
Tema III – Processos de reprodução e mudança
6. Globalização
nas sociedades actuais
7. Família e escola
8. Desigualdades e identidades sociais
Módulo de aplicação – Trabalho prático
Módulo inicial
De acordo com o quadro anterior, em que se apresentam os temas e unidades didácticas, é proposto
um módulo inicial em que se fará apelo às competências e aos conhecimentos adquiridos pelos alunos em
anos anteriores, noutras disciplinas do ramo das Ciências Sociais (História, Geografia, Economia).
Deste modo, é possível realizar uma avaliação diagnóstica e chamar a atenção dos alunos para a com-
plexidade da realidade social, sensibilizando-os para a dimensão sociológica dessa mesma realidade.
Módulo de aplicação
O módulo de aplicação destina-se à realização e apresentação de um pequeno trabalho de investigação,
utilizando as metodologias de trabalho de grupo e/ou de projecto, de acordo com as finalidades, os objectivos
e os conteúdos do programa. A sua realização pode ser iniciada durante a abordagem dos temas anteriores.
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Assim, para facilitar essa aprendizagem, o professor, para além de sistematizar os conteúdos estudados,
deve articular os conhecimentos entre si e integrá-los nos contextos reais em que os actores sociais se
movimentam. Daí que um dos aspectos principais da exposição seja a utilização de exemplos. Para tal,
estes devem ser seleccionados nas pesquisas sociológicas recentes sobre a sociedade portuguesa, como
também nas obras de alguns dos principais autores da sociologia clássica e contemporânea, desde que con-
venientemente adaptados.
Deste modo, sem pretender que os alunos adquiram e aprofundem conhecimentos próprios de estu-
dos de nível superior, as sugestões metodológicas vão no sentido de que os alunos se apercebam «do que é
a Sociologia, colocando-os no papel do sociólogo, enfrentando com ele os problemas a que este pretende
dar resposta, acompanhá-lo naquilo que ele faz, na tentativa – sempre precária e sempre fascinante – de
decifrar os enigmas da vida em sociedade»6.
Neste sentido, enquadra-se a realização de um trabalho de investigação, que assumirá a forma de tra-
balho de grupo e/ou de projecto, orientado pelo professor, sobre um tema escolhido pelos alunos, trabalho
esse que, para além de mobilizar os conhecimentos teóricos adquiridos, tem por objectivo a aplicação de
um ou dois dos modos de produção da informação utilizados pela Sociologia, por forma a recolher infor-
mação, a qual será seleccionada e tratada, de modo a permitir a apresentação das conclusões e o debate.
Assim, as questões metodológicas gerais e as que se inserem nos contextos concretos de aprendizagem
pretendem promover, junto dos alunos, o gosto pela pesquisa autónoma (neste caso sociológica), sob a
orientação do professor, e despertá-los para a especificidade do «olhar sociológico» sobre a realidade social.
Neste sentido, privilegiam-se os seguintes procedimentos na leccionação do programa:
Observação
Pretende-se que se incentive os alunos a observar cenas do quotidiano (os passageiros dos transportes
públicos, os jovens que assistem a um espectáculo, os comportamentos dos seus colegas de turma…), por
forma a aperceberem-se da importância da observação na construção de um «olhar sociológico» sobre a
realidade social.
Pesquisa documental
A pesquisa documental poderá ser efectuada em bibliotecas e centros de recursos da escola e do seu
meio envolvente, incidindo sobre fontes de informação veiculadas em diferentes suportes, tais como livros,
imprensa (internacional, nacional, regional e local), dados estatísticos, audiovisuais (filmes e televisão) e
Internet (sites nacionais e internacionais).
Entrevistas e inquéritos por questionário
Os alunos poderão realizar entrevistas a familiares ou a informantes privilegiados da escola e/ou do
seu meio envolvente (reconstruir histórias de vida ou desempenho de papéis).
Relativamente aos inquéritos por questionário, estes poderão ser realizados, consoante os objectivos
pretendidos, junto da comunidade escolar ou de outros grupos sociais.
Tratamento e organização da informação
A informação recolhida poderá ser organizada em registos escritos, no caso da pesquisa documental
(recortes de imprensa, fichas de leitura de textos…), em registos fotográficos e em vídeo resultantes do
processo de observação, em registos gravados ou escritos das entrevistas ou em suportes informáticos
(quadros estatísticos, gráficos, etc.) no caso dos inquéritos por questionário. Essa informação poderá ser
organizada em dossiers temáticos.
O tratamento e a organização da informação permitirão a elaboração e sistematização de conclusões
escritas que poderão assumir a forma de relatórios, os quais deverão obedecer às formas convencionais de
apresentação dos resultados das investigações.
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Apresentação e debates
Os resultados dos trabalhos realizados poderão ser apresentados e debatidos na turma, sob a orientação
do professor.
Refira-se, finalmente, que a participação desta disciplina na Área de Projecto, dispondo de tempo
próprio, permitirá uma maior articulação entre a aprendizagem de conceitos e o desenvolvimento de com-
petências, que são transversais às várias disciplinas do currículo, e à realidade mais directamente conhecida
pelos alunos. Além disso, essa participação, ao permitir uma maior integração na comunidade educativa,
poderá dar origem a sinergias entre os seus membros, concretizadas em acções comuns como sejam, por
exemplo, a organização de exposições temáticas ou de debates, eventualmente com a participação de ele-
mentos exteriores à escola, a apresentação de vídeos, a elaboração de páginas na Internet, a publicação de
artigos em jornais da escola ou regionais.
Objectivos:
A realização de um trabalho de investigação enquadra-se no modelo de pedagogia construtivista, seguindo
a metodologia de trabalho de grupo e/ou de projecto. Esse trabalho, que tem carácter obrigatório, visa:
– a aplicação de um ou dois modos de produção da informação utilizados pela Sociologia;
– a selecção e o tratamento da informação recolhida;
– a apresentação e sistematização das conclusões;
– a organização do debate.
Temas do trabalho:
Como se chamou a atenção na Unidade 2, o professor deve ter a preocupação de fazer um levantamento
dos interesses dos alunos relativamente aos temas sobre os quais estes pretendem realizar o trabalho, por forma
a que possam dar início à recolha de informação e à sua organização, por exemplo, num dossier temático.
No entanto, os alunos poderão optar por temas não inseridos no programa, desde que estejam relacionados
com os seus conteúdos e os seus objectivos.
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FIO CONDUTOR: O reconhecimento da proximidade entre o sujeito e o objecto da investigação, e a complexidade do social, deverão sensibilizar o aluno
para uma forma científica de compreender a realidade social/objecto de estudo das ciências sociais.
FIO CONDUTOR: A proximidade entre o sujeito e o objecto de estudo pode levar a erros na pesquisa sociológica. O reconhecimento desses erros e a forma de os
ultrapassar, bem como a avaliação da complexidade do social, serão preocupações estruturantes na procura da compreensão da realidade social.
FIO CONDUTOR: Tomar conhecimento de estratégias de investigação da realidade social, articulando-as com situações em que estas devem ser aplicadas, será fun-
damental para iniciar o aluno na pesquisa sociológica.
FIO CONDUTOR: A compreensão do conceito de cultura e o processo da sua transmissão aos membros de uma colectividade, de forma a permitir a integração
e a coesão sociais, constituem os elementos estruturantes desta unidade. Proporcionar situações de reflexão sobre a relatividade cultural deverá ser igual preocupação,
no sentido do combate ao etnocentrismo.
FIO CONDUTOR: As interacções sociais são a célula social que origina colectividades e grupos diferentes. Compreender essa diversidade permitirá compreender
a multiplicidade de papéis sociais. A aprendizagem desses papéis sociais, como um dos aspectos fundamentais da socialização e da integração social, é o foco desta
unidade.
CD
• Transparência n.º 4.
• PowerPoint n.º 5 e 6.
FIO CONDUTOR: A necessidade de controlo social e o seu exercício, através das instituições sociais, como condição de reprodução social, constitui a reflexão indis-
pensável desta unidade.
CD
• PowerPoint n.º 7 e 8.
FIO CONDUTOR: Num mundo cada vez mais global, os modelos sociais massificam-se/diversificam-se. A aprendizagem e a reflexão crítica desse fenómeno é um
contributo para a inserção responsável dos jovens, num mundo em acelerada mudança.
CD
• Transparências n.º 5, 6 e 7.
• PowerPoint n.º 9 e 10.
FIO CONDUTOR: Compreender a acção de socialização dos agentes Família e Escola na reprodução/transformação sociais é fundamental numa sociedade em
mudança.
CD
• Transparência n.º 4.
• PowerPoint n.º 11 e 12.
FIO CONDUTOR: A compreensão das diferentes formas de estratificação social e a reflexão sobre as desigualdades sociais delas decorrentes, na perspectiva de uma
sociedade em mudança, em que a inclusão é um valor de referência, constitui o objectivo desta unidade.
CD
• Transparências n.º 8, 9 e 10.
• PowerPoint n.º 13 e 14.
FIO CONDUTOR: A aplicação das estratégias de investigação e técnicas convenientes, o recurso aos conceitos e conhecimentos adquiridos e a reflexão sobre a reali-
dade social será a finalidade do trabalho.
Domínio cognitivo: CD
• Analisar aspectos/casos da realidade social. Todos os do programa • PowerPoint n.º 15.
• Aplicar algumas técnicas de pesquisa
Caderno de Apoio ao Professor
sociológica mais comuns na análise
da realidade social. • Proposta de trabalho de pesquisa final
(pp. 35-37).
Domínio das atitudes:
• Desenvolver capacidades de observação,
questionamento e análise da realidade social.
• Desenvolver competências de cidadania.
14 aulas
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III – MÓDULO INICIAL
1. Considerações iniciais
Tendo em conta que a curiosidade e a motivação são pilares que podem sustentar a iniciação da
aprendizagem de uma nova disciplina, mas não esquecendo que essa abordagem deverá já conter alguns
dos conceitos e metodologias específicas da Sociologia, será de pôr toda a atenção na estruturação do
módulo inicial.
Na escolha das propostas que apresentamos, fomos particularmente sensíveis a algumas ideias conti-
das no Programa de Sociologia.
Pág. 10 – Deste modo, sem pretender que os alunos adquiram e aprofundem conhecimentos pró-
prios de estudos de nível superior, as sugestões metodológicas vão no sentido de que os alunos se aperce-
bam do que é a Sociologia, colocando-os no papel do sociólogo, enfrentando com ele os problemas a que
este pretende dar resposta, acompanhá-lo naquilo que ele faz, na tentativa – sempre precária e sempre
fascinante – de decifrar os enigmas da vida em sociedade.
Uma das primeiras condições a considerar será a necessária adequação do trabalho proposto aos
interesses e características dos alunos – ponto de partida para qualquer trabalho de investigação,
segundo a metodologia do trabalho de projecto (metodologia recomendada para o trabalho final ).
Não sendo possível cumprir este requisito fundamental, visto que só o professor com a sua turma o
poderá fazer, arriscamos, todavia, a apresentação de algumas propostas que poderão constituir um ponto
de partida para o estudo da Sociologia.
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Sugerimos seis possibilidades, qualquer delas motivante, na nossa opinião, para o início desta nova
disciplina.
Qualquer das propostas deverá constituir sempre uma primeira abordagem em que o que se pretende é:
Produto de uma sociedade com os seus preconceitos, estereótipos, representações e modelos que
enformam a acção social, o jovem é levado a pensar de acordo com o senso comum. No primeiro con-
tacto com a realidade social, o aluno poderá ser confrontado com questões importantes da vida social,
sensibilizando-se, numa primeira análise, para a ruptura com essa forma de conhecimento não cien-
tífico.
No início da sessão, o professor esclarecerá o que vai fazer, devendo definir com os alunos algumas
regras básicas para a condução do debate, como «não interromper o colega»…
O professor poderá proferir a frase mas será mais conveniente escrevê-la no quadro para que a
provocação seja constante e para que o aluno a possa reler, encontrando novos argumentos a favor ou
contra.
Exemplos: «As mulheres não devem ocupar cargos de chefia, a não ser em casa!»
«A geração actual é rasca!»
«Cada macaco no seu galho!»
«No meu tempo é que era bom!»
A discussão poderá começar com uma votação a favor ou contra, devendo, em seguida, organizar-se
dois grupos defensores de cada uma das posições votadas.
Cada grupo deverá encontrar argumentos para defender a sua tomada de posição.
Em seguida, haverá a apresentação dos argumentos dos respectivos grupos.
Por fim, iniciar-se-á o debate de ideias.
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Deverá haver um mediador que exija o cumprimento das regras definidas no início dos trabalhos. No
final, o professor apresentará uma súmula dos argumentos e contra-argumentos, daquilo que é senso
comum, do que deverá ser o procedimento do cientista do social face ao seu objecto de estudo, do que pode
estar «por detrás» das ideias apresentadas pelos alunos, etc., não devendo nunca tomar posição, apenas escla-
recer que qualquer das posições tomadas deverá ser devidamente estudada de acordo com requisitos pró-
prios de uma investigação objectiva. Não interessa tirar conclusões sobre a frase em si, mas despertar
a curiosidade sobre a problemática social e a forma de a estudar.
Independentemente das conclusões a que se chegue, certamente, será possível concluir que:
– o social é complexo;
– o social não é tão penetrável como parece à partida;
– o cientista vive numa sociedade e é um seu produto;
– o social exige uma atitude metodológica própria;
– o que se julga saber pode não ser o correcto, o que implica a ruptura antes da construção dos novos
saberes.
Após o visionamento do filme, pede-se aos alunos que relatem o seu conteúdo, sob o ponto de vista do
espectador «comum».
Mais uma vez, chamamos a atenção para o facto de que o que se pretende não é «dar matéria» mas
sensibilizar o estudante para a necessidade da busca do conhecimento por detrás do que parece óbvio, para
além do que já foi referido anteriormente.
O professor poderá até apresentar o programa com base nos diversos conceitos que, certamente, o filme
incluiu, mostrando que a Sociologia estuda o quotidiano dos indivíduos, segundo uma determinada pers-
pectiva metodológica.
Esta proposta inclui a aprendizagem da técnica do inquérito por questionário ou da entrevista que o
professor poderá, em traços práticos, ensinar.
Pretende-se que os alunos, com base num tema que lhes pareça interessante analisar, comecem a prati-
car. Uma vez identificado o tema (suponha que os alunos estão interessados em compreender o comporta-
mento do consumo de álcool pelos jovens), o professor ajudará os alunos na elaboração dos inquéritos e
tratamento dos dados.
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Questões como as seguintes podem ser incluídas num pequeno inquérito:
– quem consome (H/M, idade, grau de instrução, zona de residência…)
– porque consome (por causa dos outros com quem sai, gosta, fica descontraído…)
– com que idade começou a beber (…)
– onde consome (bares, discotecas…)
– com quem (amigos, sozinho…)
– consequências (…)
– tem consciência de como fica depois de beber (sim, não)
– os pais sabem (sim, não)
–…
O aluno poderá, igualmente, recolher depoimentos de outros indivíduos para enriquecer o seu trabalho.
O tratamento da informação obtida segundo uma perspectiva sociológica e a apresentação das conclu-
sões com base em suportes informáticos, como o Excel ou o PowerPoint, podem ser bastante motivantes
para os alunos.
A apresentação poderá ser feita em sessão aberta à escola, convidando-se um médico, um psicólogo,
etc., para enriquecer o debate e proporcionar à escola informação sobre um comportamento de risco.
Em termos gerais, podemos afirmar que este trabalho tem como objectivos, mais uma vez:
– verificar a complexidade do comportamento social;
– constatar que a Sociologia estuda os comportamentos sociais;
– começar a construir e utilizar instrumentos de pesquisa sociológica;
– reconhecer a necessidade de trabalhar com uma amostra;
– tratar a informação recolhida;
– apresentar as conclusões com clareza;
– despertar o interesse por outros problemas sociais.
Certamente que não possuindo ainda o suporte conceptual necessário para interpretar os dados socio-
logicamente, o aluno ficará, contudo, com uma noção de prática social e sua relação com categorias
sociais (finalidade da pesquisa sociológica).
O levantamento da história da sua família exigirá que o aluno conheça, de uma maneira prática,
a técnica da entrevista e a análise de conteúdo.
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O aluno poderá organizar um dossier com a informação recolhida relativamente a (o):
– representação genealógica da família;
– identificação de cada membro;
– percurso de vida de cada membro;
– escolaridade / profissões / idade do casamento / número de filhos…
O estudo deverá constatar a mudança de estilo de vida de algumas gerações e encontrar alguns facto-
res explicativos.
Será, naturalmente, um ponto de partida para a motivação e não um trabalho final. O aluno terá, igual-
mente, conhecido uma técnica de pesquisa sociológica e reflectido sobre algumas situações que irá estudar
durante o ano. Conceitos como os de papel social, estatuto, mudança social etc., foram identificados.
Propõe-se a um grupo de alunos que representem uma determinada cena (pedido de autorização aos
pais de dois jovens irmãos – rapaz e rapariga – para irem acampar com os amigos uma semana de férias).
Cada aluno da equipa representará um dos papéis, escolhendo o diálogo.
As situações mais representativas serão registadas pelo professor que, no final, fará a síntese referindo
que os papéis sociais (pai, mãe, filho, filha…) se encontram como que impostos pela sociedade, etc.
As características dos factos sociais poderão ser apresentadas aos alunos, iniciando-se um percurso pelos
diferentes pontos do programa.
Sendo a observação uma das etapas primeiras da pesquisa sociológica, seria interessante que os alunos
registassem alguns comportamentos sociais. Uma ida a um centro comercial pode ser uma sugestão. Os
alunos deverão registar o dia e a hora da sua observação; quem frequenta o centro (homens, mulheres,
idades…), poderão inclusive fazer algumas perguntas sobre as razões da deslocação dos inquiridos ao cen-
tro, etc.
O aluno poderá deslocar-se a uma outra hora ou num outro dia para novas observações e registos.
As conclusões serão apresentadas em suporte informático. O interesse deste trabalho estará no exercício
de uma actividade de investigação em que o observador se terá de colocar objectivamente e sem preconcei-
tos ou representações. O professor, antes da observação e na altura do tratamento da informação recolhida,
deverá levantar as questões epistemológicas mais prementes à investigação e analisá-las com os alunos,
procurando alertá-los para os requisitos da pesquisa em ciências sociais.
Outras situações facilmente observáveis podem ser:
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IV – MATERIAL PARA EXPLORAÇÃO NAS AULAS
Filme antigo do excelente realizador francês François Truffaut, já falecido, relata com grande rigor docu-
mental a história verídica de um jovem encontrado na floresta de Aveyron, em 1789, em estado «selvagem».
Provavelmente abandonada ainda muito jovem, a criança, «socializada pelos membros do seu grupo de perten-
ça», demonstra o que foi adquirindo na floresta com os outros animais – a sua postura, tipo de alimentação,
gostos, sentidos…
Quando o jovem é encontrado e levado para casa do Dr. Itard, discute-se se o seu atraso é cultural, biológico
ou mental. O programa de integração desenvolvido pelo Dr. Itard dá-nos a resposta. Victor, nome dado ao
jovem, morre com cerca de 40 anos e a sua autópsia confirma a opinião do seu tutor.
Os alunos acompanham com grande interesse as etapas pelas quais o jovem «selvagem» se vai aproximando
dos padrões comportamentais «normais» e compreendem a socialização como um processo indispensável
de integração social.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.
O filme que acabou de ver baseou-se numa história verídica: a de uma criança «selvagem» encontrada
num bosque, perto de Paris, a quem foi, posteriormente, transmitida a cultura dos «humanos».
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1.2 O Clube dos Poetas Mortos
John Keating é um professor pouco convencional para o ambiente conservador da Academia Welton, famoso
colégio frequentado por uma certa elite. Através do gosto pela poesia que consegue passar aos alunos, estimula-os
a pensar por si, contra os modelos culturais dominantes, e a lutar pela consecução dos seus projectos de vida.
O filme relata a história de um jovem estudante que ambiciona um projecto de vida diferente daquele que os
seus pais desenharam para si, ao interná-lo naquela escola tão convencional.
A presença do professor Keating, com as suas práticas contrárias aos modelos da escola e dos pais dos alunos,
vem gerar um ambiente propício à mudança e à realização dos sonhos do jovem que se afastam daqueles que os
pais almejaram e pelos quais se sacrificaram.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.
O filme conta-nos a história de um jovem vítima de um conflito entre agentes de socialização que o leva
ao suicídio.
Vamos analisar sociologicamente o problema.
2 – Os quatro pilares (tradição, honra, disciplina e excelência) referidos pela Direcção podem ser con-
siderados valores norteadores da acção de socialização da escola? Justifique a sua resposta.
3 – Defina a relação que o jovem aluno que queria ser actor, tinha com o pai.
Tolerante De obediência
Dialogante Repressiva
Conflituosa Rígida
4 – Como classifica os quatro pilares defendidos pelos alunos em relação aos da escola? (A partir desta
questão, o debate só se poderá realizar mais tarde.)
5 – Classifique a norma Carpe Diem defendida pelo professor em relação ao modelo cultural da escola.
Justifique a sua resposta.
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7 – Como classifica o suicídio do jovem actor (tendo em conta a tipologia de Durkheim)?
8 – Os alunos que fizeram renascer o «Clube dos Poetas Mortos» constituíam um grupo. Explique
porquê.
9 – A expulsão do professor da escola constitui uma forma de controlo social? Justifique a sua resposta.
10 – Retire do filme situações que justifiquem que a família e a escola são agentes de socialização
encarregados de incutir/difundir a cultura dominante.
Como se pode ler na sinopse do filme, o jovem Billy Elliot, pertencente a uma comunidade operária, Durham,
deseja aprender ballet, actividade que o fascinou desde que assistiu a uma aula. O pai, mineiro, insiste em que o
jovem aprenda boxe, actividade que ocupa muitos dos trabalhadores daquela localidade.
O jovem vê-se, naturalmente, confrontado com a pressão social da comunidade, mas consegue, finalmente,
realizar o seu sonho e ingressar no Royal Ballet.
O filme acompanha os sonhos do jovem Billy Elliot, que ambiciona uma aprendizagem e carreira contestadas
pelos modelos culturais daquela comunidade «conservadora» e fechada. Preconceitos, estereótipos e fortes represen-
tações sociais acerca da opção do jovem perpassam toda a acção do filme que o aluno, com facilidade, identificará.
Pela delicadeza da abordagem que o realizador imprime ao filme, este é um bom momento de reflexão contra
a estereotipia social.
O final do filme justifica a luta contra os preconceitos e os modelos sociais opressivos que negam a mudança e
a realização pessoal.
Unidades: 3, 4, 5, 7 e 8.
Na sequência da discussão ou debate, poder-se-á propor aos alunos a procura de outros casos de obstá-
culos criados a projectos de vida dos indivíduos devido à desadequação aos modelos vigentes. Mulheres que
desejaram profissões culturalmente destinadas aos homens (no início do séc. xx, era difícil uma mulher
estudar medicina, por exemplo), jovens que desejam seguir carreiras consideradas «femininas», mulheres
muçulmanas que desejam estudar e seguir carreiras profissionais…
Estes estudos poderão constituir o ponto de partida para uma Semana da Mudança a dinamizar na
escola.
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1.4 Filadélfia
Este filme pode ser projectado no sentido de levantar questões de natureza social, racial, sexual e moral.
Trata da história de um advogado que contrai SIDA e que é despedido da firma onde trabalha. Desde o momento
da suspeita por parte dos seus patrões até ao final, o jovem advogado é confrontado com todo o tipo de pressões
sociais pela sua doença, mas também pela sua ligação sentimental a outro homem. Passado em Filadélfia, cidade que
dá o nome ao filme, assistimos também a questões de discriminação racial. Com uma banda sonora bem conhecida,
os alunos acompanharão com interesse o desenrolar da acção.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
Do realizador brasileiro Fernando Meirelles e interpretado por alguns jovens moradores nas favelas das gran-
des cidades brasileiras, este filme é um excelente documentário sobre o submundo e a subcultura das favelas,
sendo a história verídica.
Socializados num ambiente de pobreza e exclusão, os jovens da «Cidade de Deus», construída nos anos 60
para realojar famílias vítimas de inundações e outras tragédias, crescem num ambiente específico cujos valores
baseados no desvio, na força e na violência conduzem a uma escalada de destruição e morte sem controlo – «Já
fumei, já cheirei, já roubei e já matei!» é a senha para a realização de tarefas ainda mais condenáveis.
O jovem fotógrafo Busca Pé é o produto dessa cultura. Poderá ele também provocar alterações nessa realidade
social? Mesmo usando do seu livre arbítrio e da sua vontade de mudar, poderá alterar a vida da comunidade a que
pertence?
O filme é um óptimo documento sobre socialização, valores, modelos, práticas sociais, (sub)culturas, grupos e
suas características, ordem social… O facto de os jovens artistas serem conhecedores da realidade que interpretam
pode fornecer informação relevante para a condução do filme. Após o visionamento do filme, os alunos poderão
descrever o percurso de socialização dos jovens daquela comunidade em comparação com a sua e procurar rela-
cionar esse percurso com as práticas vividas. Os alunos poderão ainda relacionar o conhecimento daquela realida-
de social com as técnicas de pesquisa sociológica que os jovens intérpretes do filme puderam utilizar e assim
abordar a problemática da investigação. Para um trabalho de integração de grupos de risco, poder-se-ão estudar
outros casos em que o tipo de socialização antecipe situações de exclusão. Os alunos poderão interessar-se por
situações marginais e pelo seu combate.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
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1.6 Gato Branco, Gato Preto
Filme de grande acção e dinamismo revelador da cultura cigana num país em tempos de mudança.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
O aluno encontrará traços e complexos comportamentais próprios de uma comunidade cigana, retra-
tados em tom de comédia.
1.7 O Ódio
LA HAINE (O ÓDIO) De Mathieu Kassovitz, 1995, 95 minutos
O ódio é um sentimento que se apodera de um bairro da periferia de Paris. Um dia, na sequência de conflitos
violentos com a Polícia, três jovens amigos, cegos pelo ódio ao sistema francês vão viver acontecimentos que mar-
carão esse dia…
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
1.8 Zona J
Os projectos de vida de um grupo de adolescentes cujos pais vieram de Angola não parecem muito optimistas.
Os filhos e filhas dos trabalhadores que vivem na Zona J da cidade de Lisboa não têm uma vida fácil. Um deles é
Tó, um jovem angolano, que se apaixona por uma rapariga portuguesa. As dificuldades de integração social dos
jovens africanos são variadas.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
29
1.9 Outras sugestões de filmes para análise
Algures no Quénia, uma activista dos direitos humanos foi encontrada morta. Embora as primeiras pistas
indiciem que se tratou de um crime passional, uma investigação mais aprofundada vai evidenciar o poder das
grandes empresas transnacionais e a utilização de seres humanos de países em desenvolvimento para testes.
Unidades: 3, 4, 5, 6 e 8.
Recriação de uma Cimeira do G8. História de amor, com sentido de humor, ocorrida durante uma Cimeira do
G8 (G7 e Rússia), na Islândia.
Unidades: 5, 6 e 8.
Na Tanzânia, na década de 1960, no lago Vitória, com a finalidade de se realizar uma experiência científica, foi
introduzida a perca do Nilo, peixe muito voraz, que dizimou as espécies autóctones, originando uma catástrofe
ecológica. Porém, este desastre ambiental vai proporcionar o sucesso de uma importante indústria de exportação
da carne deste peixe. Vários actores sociais vão protagonizar um drama num mundo globalizado.
Unidades: 5, 6 e 8.
Uma mãe solteira com dois filhos consegue emprego na sua cidade natal no Minnesota (EUA) numas minas
de ferro, sendo uma das poucas mulheres a trabalhar nesta actividade ao lado dos homens. Porém, vai sofrer o
assédio sexual dos seus colegas de trabalho, tendo de recorrer à justiça.
Unidades: 4, 5 e 8.
Uma professora recém-formada dá aulas de História de Arte numa conceituada escola de uma cidade conser-
vadora dos EUA. Opõe-se aos valores e códigos tradicionais e luta contra as normas vigentes, influenciando as
alunas.
Unidades: 3, 4, 5, 7 e 8.
30
AS VIRGENS SUICIDAS De Sofia Coppola, 2000, 97 minutos
Na década de 1970, num bairro de classe média de Michigan, um casal com cinco filhas (em que a mãe é
muito religiosa e o pai é professor de Matemática) vive o suicídio da menor de 13 anos. Após este drama, as rela-
ções com os rapazes são proibidas, originando o desvio às rígidas normas familiares.
Unidades: 3,4,5,7 e 8.
História muito bela e humana sobre a tolerância e a diversidade cultural, situada numa família do Egipto
actual.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
LAND OF DEVIL (El País del Diablo) De Andrés Di Tella, 2008, 75 minutos
Na década de 1870, na Argentina, constrói-se um fosso entre o Atlântico e a Cordilheira dos Andes para deter
a ameaça dos índios. É um filme sobre o genocídio e etnocídio dos índios e sobre a construção da identidade de
uma nação.
Unidades: 3, 5 e 8.
Este filme trata dos efeitos físicos e psíquicos dos duros treinos a que crianças oriundas de meios pobres da
China se encontram sujeitas para concorrer e conquistar uma medalha de ouro nas competições desportivas.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.
Filme sobre Sidney Poitier, o primeiro afro-americano a receber um Oscar, que encarnou a luta contra os pre-
conceitos racistas.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.
Escrito e apresentado por Leonardo DiCaprio, aborda as mudanças climáticas e os seus efeitos à escala global.
São entrevistadas várias personalidades que alertam para as problemáticas ambientais e apresentam medidas para
minimizar esses efeitos.
Unidade: 6
31
2. Transparências – pistas de exploração
A família é uma instituição social em mudança. As suas funções, a divisão de tarefas, os papéis
sociais, o estatuto dos seus membros têm mudado no tempo e no espaço.
Ao comparar as duas famílias, pretende-se que o(a) aluno(a) seja capaz de:
– identificar alguns elementos socioculturais que permitam diferenciar as duas famílias (residência,
vestuário, adornos, arranjo do cabelo, estatuto dos seus membros, posição ocupada para a foto-
grafia…);
– indicar alguns valores e modelos sociais que tipifiquem as duas épocas;
– referir a família como um grupo;
– indicar algumas das suas funções;
– identificar algumas mudanças nas famílias;
– encontrar alguns factores que possam explicar as alterações encontradas;
– concluir que as situações sociais são variáveis no tempo e no espaço;
– encontrar as características dos factos sociais (exterioridade, coercitividade e relatividade) nas
imagens projectadas.
32
TRANSPARÊNCIA 3 Padrões de cultura
TRANSPARÊNCIA 5 Globalização
33
TRANSPARÊNCIA 6 Globalização
TRANSPARÊNCIA 7 Globalização/migrações
34
V – PROPOSTA DE TRABALHO DE PESQUISA FINAL
O trabalho final proposto pelo Programa de Sociologia deverá constituir um momento em que o
estudante, na posse de um quadro conceptual de análise e do conhecimento teórico de alguns métodos de
pesquisa sociológica e de alguns instrumentos de recolha de informação, possa passar da teoria à prática,
demonstrando «ser sociólogo».
A metodologia sugerida, a do trabalho de projecto, implica que a selecção do tema ou problema a estu-
dar, por parte do aluno, respeite a sua motivação ou interesse específico.
Todavia, sabemos que, muitas vezes, o professor é chamado a orientar a selecção dos temas ou a ajudar
na sua identificação. Assim, o docente, tendo em conta que o que se pretende em qualquer situação peda-
gógica é também a formação para a cidadania, poderá conduzir a escolha do tema para problemas que
levem o aluno a reflectir sobre alguns aspectos da prática social em que este é também actor.
Assim, o professor deverá, em nossa opinião, orientar a escolha do tema, tendo em conta os seguintes
aspectos:
– a liberdade que assiste ao aluno;
– a formação para a cidadania;
– a utilização dos conteúdos adquiridos;
– a articulação teoria/prática.
35
Nem toda a informação disponível será relevante para o trabalho a realizar…
A informação seleccionada e os conhecimentos que os alunos têm da matéria que estudaram ao
longo do ano permitirá estabelecer um quadro teórico para a continuação dos trabalhos.
IV – A construção
Definição de hipóteses explicativas.
Qual a relação entre as informações obtidas e os conceitos seleccionados?
V – A observação
Para testar a hipótese explicativa, será necessário mais informação.
Que informações? Qual o novo campo de observação? Que técnicas utilizar?
VII – Conclusões
A hipótese confirma-se? Chegou-se a uma explicação para o problema?
Não se confirma? Redefinição de novas hipóteses ou de novos procedimentos.
36
Os estudos de género, surgidos na década de 1970, foram sendo alargados a vários fenómenos sociais
associados aos movimentos gay e às minorias étnicas dando origem a investigações sobre as masculinida-
des e feminilidades em diversos contextos sociais. O objecto de estudo já não é universal.
37
VI – TESTES DE AVALIAÇÃO
D unidade 1
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
2. O estudo dos fenómenos sociais requer o contributo das várias ciências sociais.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque os fenómenos sociais são complexos e a sua compreensão exige a interdis-
ciplinaridade das ciências socias.
B - falsa, porque cada ciência social ajuda a compreender melhor a sociedade em que vivemos.
C - verdadeira, porque os fenómenos sociais podem ser políticos, económicos ou sociológicos.
D - falsa, porque cada ciência social dá-nos uma visão imparcial e completa dos fenómenos sociais.
GRUPO II
Segundo estudos realizados junto das famílias portuguesas, a sua maior preocupação, expressa em
estatísticas oficiais, prende-se com o consumo, salientando-se a compra de habitação. Os estudos reve-
lam, igualmente, que o rendimento e a utilidade são os factores económicos determinantes do consumo,
embora outras variáveis possam ser condicionantes. O prestígio do local da nova residência, a sua vizi-
nhança e as infraestruturas de apoio foram considerados elementos, de carácter sociológico e psicológico,
decisórios no acto da compra de casa.
38
1. Defina o objecto de estudo descrito no texto.
2. Recorrendo ao texto, justifique que a realidade social é una mas decomponível em vários aspectos,
consoante a perspectiva a estudar.
3. Demonstre a complexidade no domínio social.
4. Relacione a complexidade do social com a complementaridade das ciências sociais.
5. Qual poderia ser a abordagem sociológica do problema indicado no texto?
6. O consumo é um facto social. Indique as suas características e especifique-as para o fenómeno em
causa.
GRUPO III
Na investigação em ciências sociais, a etapa de aproximação aos processos e aos sujeitos que nos pro-
pomos estudar, ou seja, a passagem da teoria à pesquisa empírica, é sempre um momento particularmente
intenso e criativo para o investigador.
Munido de uma questão de partida e de uma problemática teórica geradora de interrogações, suspeitas
e hipóteses que, num primeiro esforço de sistematização, desemboca naquilo a que os especialistas do
método denominam «modelo de análise», o investigador prepara-se, então, não sem angústias e alguma
excitação, para mergulhar no «terreno» e aí tentar desvendar as perplexidades que o intrigam.
Maria Manuel Vieira Fonseca, Educar Herdeiros, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian (adaptado).
GRUPO IV
Margaret Mead, importante antropóloga americana do século XX, viveu com comunidades primitivas
para conhecer os seus usos e costumes, isto é, a sua cultura. Para tal, procurou, contra os preconceitos
vigentes na época, afastar tudo o que se sabia sobre o seu objecto de estudo, procurando, através da
observação, explicações tão objectivas e neutras, quanto possível.
39
D unidade 2
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
3. Os inquéritos por questionário são técnicas de recolha de informação que se baseiam na observação
participante.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque a observação participante é necessária para que o investigador possa for-
mular hipóteses de trabalho.
B - falsa, porque os inquéritos por questionário baseiam-se na criação de situações artificiais de
investigação.
C - verdadeira, porque a observação participante permite a construção das perguntas do questio-
nário de uma forma clara.
D - falsa, porque os inquéritos por questionário consistem na aplicação à população em estudo de
conjuntos de questões, previamente formuladas.
40
GRUPO II
A investigação nas ciências sociais tem a virtude de abrir caminho para a interdisciplinaridade. Não há
objecto de estudo que se consiga abarcar com um olhar único, parcelar e lateral. É sempre um fenómeno
total que se apresenta ao investigador; é sempre um objecto multidimensional que o sociólogo encontra na
realidade, porque a realidade é sempre complexa e multifacetada.
Piedade Lalanda, «Investigar ou a arte de descobrir?», Profissão Sociólogo, Oeiras, Celta Editora (adaptado).
GRUPO III
Um inquérito por questionário, junto de jovens europeus dos 27 Estados-membros, mostrou as suas
preocupações relativamente às capacidades necessárias para a procura de emprego, salientando-se a for-
mação geral, seguida do domínio de línguas e da capacidade comunicacional.
Suponha que colaborou neste projecto de investigação para auscultar a opinião dos jovens europeus
sobre as aptidões que consideram mais úteis para obter emprego.
1. Justifique a adequação da técnica escolhida ao objecto de estudo desta investigação, tendo em atenção o
texto.
2. Outra das técnicas utilizadas na investigação sociológica é a entrevista. Refira dois tipos de entrevistas.
3. A entrevista é uma técnica que permite recolher informação muito diversificada e aprofundada, mas de
difícil quantificação. Justifique esta afirmação.
GRUPO IV
1. O estudo dos fenómenos sociais implica uma selecção do método e das técnicas a utilizar de acordo com
o tipo de análise e da população a estudar. Assim sendo, responda às seguintes questões:
1.1 Suponha que ia colaborar na realização de um estudo para conhecer a opinião da população portu-
guesa sobre a influência das novas tecnologias nos estilos de vida.
Justifique a escolha de um método adequado a este universo de estudo.
1.2 Suponha que ia colaborar na realização de um estudo em profundidade sobre as expectativas pro-
fissionais dos trabalhadores de uma pequena empresa.
Justifique a escolha de um método adequado a este objecto e a este universo de estudo.
1.3 Uma das técnicas utilizadas na investigação sociológica é a observação participante. Caracterize
esta técnica.
41
D unidade 3
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
1. A cultura representa tudo aquilo que é herdado e pertence à natureza biológica do homem.
Esta afirmação é:
A - falsa, porque a cultura é tudo aquilo que é aprendido, produzido e partilhado pelos membros de
uma comunidade.
B - verdadeira, porque a cultura é tudo o que foi herdado e é partilhado por grupos sociais privilegia-
dos.
C - falsa, porque a cultura é tudo aquilo que é partilhado, ao nível intelectual, pelos indivíduos que
beneficiaram de uma educação apropriada.
D - verdadeira, porque a cultura é tudo aquilo que foi herdado e é partilhado por uma civilização ao
nível material e técnico.
2. Nas sociedades modernas, os indivíduos com níveis de escolaridade elevados partilham uma
cultura superior.
Esta afirmação é:
A - falsa, porque a cultura é constituída por elementos materiais e espirituais.
B - verdadeira, porque a cultura depende do nível de desenvolvimento da sociedade.
C - falsa, porque não existem culturas superiores ou inferiores.
D - verdadeira, porque a cultura erudita está associada a níveis elevados de escolaridade.
42
GRUPO II
Leia com atenção o pequeno texto retirado do livro A Fala do Índio, de Teri McLuhan.
Os brancos nunca gostaram da terra, do gamo ou do urso. Quando nós, os Índios, caçamos, comemos
toda a carne. Quando andamos à cata de raízes, fazemos na terra buracos pequenos. Quando construímos
as nossas casas, fazemos buracos pequenos. Quando queimamos a erva por causa dos gafanhotos, não
damos cabo de tudo. Abanamos as bolotas e as pinhas. E só aproveitamos a lenha do chão. Ao passo que o
homem branco revolve o solo, abate as árvores, destrói tudo. A árvore diz: «Pára, estou ferida, não me
faças mal». Mas ele abate-a e serra-a. O espírito da terra tem-lhe ódio. Ele arranca as árvores e até as raí-
zes lhes abala. Serra as árvores. Tudo isso lhes faz mal. Os Índios nunca fazem mal, ao passo que o
homem branco dá cabo de tudo.
No pequeno texto que leu é possível encontrar elementos de dois padrões de cultura distintos.
GRUPO III
A socialização é o processo pelo qual as crianças indefesas se tornam gradualmente seres auto-cons-
cientes, com saberes e capacidades, treinadas nas formas de cultura em que nasceram. A socialização não
é uma espécie de «programação cultural», em que a criança absorve de forma passiva as influências com
as quais entra em contacto. Até os recém-nascidos têm necessidades e exigências que afectam o compor-
tamento daqueles que são responsáveis por tratar deles: as crianças são, desde o início, seres activos.
Anthony Giddens, Sociologia, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
GRUPO IV
43
D unidade 4
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
44
GRUPO II
O jovem encontra-se num período de transição para a vida adulta, o que gera uma ansiedade quanto ao
seu estatuto, só dissipada com a pertença social a uma cultura própria. Esta pertença pode actuar como
factor indutor de determinado tipo de comportamentos rotulados de antinormativos pela sociedade. Quer
isto dizer que a obediência às normas de referência e de pertença próprias dos grupos juvenis distancia,
por vezes, os jovens das normas convencionais.
Catarina Lorga da Silva, Justiça, Jovens em Portugal, Oeiras, Celta Editora (adaptado).
GRUPO III
Ficar sem abrigo não é algo que acontece por acaso. Decorre de um conjunto de experiências, de acon-
tecimentos e de trajectórias que desembocam na marginalização social.
Fala-se aqui de indivíduos cujo período de socialização primária – desde a infância até à entrada na
idade adulta – foi passado en contextos desfavorecidos, reveladores de carências várias. É usual encontrar-se
sujeitos cujo passado foi marcado pela vivência de situações críticas como divórcio dos pais, abandono por
parte de um ou dos dois progenitores, vivências em famílias ou instituições de acolhimento, insucesso
escolar, abandono precoce da escola, etc.
Os Sem-Abrigo da Cidade de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa (adaptado).
45
D unidade 5
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
GRUPO II
1. Nenhuma sociedade pode existir sem ordem social havendo, no entanto, graus diversos de conformidade
às normas, consoante a exigência de cada sociedade.
46
2.1 O que entende por comportamento desviante?
2.2 Indique três exemplos de comportamentos desviantes.
2.3 Um comportamento é considerado desviante em todas as sociedades? Justifique a sua resposta.
GRUPO III
1. As sociedades e os grupos, para defenderem a ordem social vigente, utilizam vários mecanismos de con-
trolo social.
GRUPO IV
Muito do que se aprende na escola nada tem a ver com o conteúdo formal das lições. As escolas tendem
a inculcar o que Illich designa como consumo passivo – uma aceitação acrítica da ordem social existente –
pela natureza da disciplina e pela regulamentação que implicam. Estas lições não são ensinadas consciente-
mente; estão implícitas nos procedimentos e na organização das escolas. O currículo oculto ensina às crian-
ças que o seu papel na vida é «saber qual é o seu lugar e conformar-se com ele».
Anthony Giddens, Sociologia, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
GRUPO V
No mundo industrializado só uma minoria vive agora de acordo com aquilo a que poderíamos chamar a
família–padrão dos anos 50, isto é, pai e mãe a viverem juntos com os filhos do matrimónio, em que a
mulher é dona de casa a tempo inteiro e o marido ganha o sustento de toda a família. Há países em que 1/3
dos bebés nasce fora do casamento; o número de pessoas que vivem sozinhas aumentou; quase 1/4 das
mulheres dos EUA e da Europa, com idades entre os 18 e os 35 anos, afirmou que não tencionam ter
filhos…
Anthony Giddens, O Mundo na Era da Globalização, Lisboa, Editorial Presença.
47
D unidade 6
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
5. Nas sociedades modernas os indivíduos têm possibilidade de escolher o seu estilo de vida havendo,
assim, uma diversidade de padrões de comportamento.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, pois a massificação da sociedade conduz à diversidade de estilos de vida.
B - falsa, pois as sociedades modernas são massificadas não havendo possibilidade de diversidade.
C - falsa, pois a globalização conduz a estilos de vida globais.
D - verdadeira, pois havendo grupos que se diferenciam pelas suas práticas quotidianas, os indivíduos
podem escolher o grupo de pertença com que se identificam.
48
GRUPO II
A globalização pode ser definida como a intensificação das relações sociais de escala mundial, relações
que ligam localidades distantes de tal maneira que as ocorrências locais são moldadas por acontecimen-
tos que se dão a muitos quilómetros de distância e, vice-versa. (…) A prosperidade crescente de uma área
urbana, em Singapura, pode estar causalmente relacionada, por meio de uma rede complexa de laços eco-
nómicos globais, com o empobrecimento de uma zona de Pittsburgh, cujos produtos não são concorren-
ciais nos mercados mundiais.
Anthony Giddens, As Consequências da Modernidade, Oeiras, Celta Editora.
GRUPO III
1. As tecnologias de informação e comunicação têm uma enorme influência em todas as áreas da globaliza-
ção. Por exemplo, nos mercados financeiros globais todos os intervenientes têm acesso directo e em
simultâneo à mesma informação, independentemente do local onde operam.
2. A partilha do conhecimento do que acontece no mundo, através das notícias veiculadas pelos media de
grande circulação mundial, torna possível a expansão global das instituições sociais modernas.
Justifique a afirmação anterior, dando um exemplo.
GRUPO IV
A verdade é que a diversidade cultural, política, social e religiosa é infinita no mundo. A tecnologia e a
economia transformaram o mundo numa aldeia, mas, ao suprimirem as distâncias físicas, tornaram infi-
nitamente visíveis as distâncias antropológicas. Ou tentamos modestamente compreender-nos e tolerar-
nos um pouco melhor, ou fingimos acreditar que a cultura e a comunicação serão solúveis na modernidade
ocidental. Então, a globalização, em vez de ter dado ocasião a uma cooperação um pouco mais pacífica,
tornar-se-á um factor suplementar de guerra.
Dominique Wolton, A Outra Globalização, Lisboa, Difel.
49
D unidade 7
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
50
GRUPO II
Nos anos 50, o modelo ideal de família era assim concebido: o papá saía para o mundo. Ia ganhar o
dinheiro e tentar o prestígio social. A mamã ficava em casa. A engordar e a beijocar os rebentos.
Os mosaicos do chão da cozinha reluziam como as bochechas das crianças, o aroma da tarte de maçã
incensava o doce lar, e todos corriam risonhos para o pai-herói ao fim da tarde. De braços abertos, felizes
para sempre.
O Independente, 19-11-1997 (adaptado).
1. Na família dos anos 50, o papel social do homem era diferente do desempenhado pela mulher.
Justifique a afirmação anterior, tendo em atenção o texto.
2. Explique o papel da família no processo de socialização.
3. Uma família é um grupo social. Enumere três características do agrupamento referido na frase.
GRUPO III
O século XX, até aos anos 70, foi a «idade de ouro» do casamento e da família nuclear. Contudo, nos últi-
mos 30 anos, foram grandes as transformações. O controlo feminino da fecundidade, graças à contracep-
ção química, o adiamento da idade de casamento, a frequência da coabitação, o aparecimento de famílias
monoparentais e de famílias recompostas, o aumento da idade média da maternidade e a independência
económica da mulher parecem encerrar esse período histórico.
Vida Mundial, Dezembro de 1999 (adaptado).
GRUPO IV
A escola já não é o agente de socialização exclusivo na formação dos jovens. Com ela competem os
meios de comunicação social, de que a televisão e a Internet são os seus maiores concorrentes, para não
referir o grupo de amigos, sempre presentes. A escola deverá, então, ajustar-se a esta nova realidade?
51
D unidade 8
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.
4. O abandono dos costumes e práticas sociais originais pelos imigrantes e a adopção dos valores, dos
comportamentos e das normas da sociedade de acolhimento são características da:
A - etnicidade.
B - assimilação.
C - marginalização.
D - imigração.
52
GRUPO II
As sociedades estão organizadas em torno de relações hierárquicas de poder. Assim, o facto de uma
sociedade apresentar uma divisão sexual do trabalho mais ou menos vincada, de existir uma distribuição
mais ou menos desigual entre migrantes e não migrantes por determinados tipos de trabalho, ou se o tra-
balho doméstico e o cuidar dos filhos for predominantemente assegurado por mulheres por assim ser cul-
turalmente esperado, mulheres e homens, migrantes ou não migrantes, de grupos étnicos minoritários ou
do grupo étnico dominante, serão influenciados de modo diferente e irão ocupar uma posição específica no
conjunto dessa estratificação social.
Rosana Albuquerque, «Para uma análise multidimensional da situação das mulheres: as relações entre género,
classe e etnicidade», in Migração e Etnicidade, Lisboa, SOS Racismo (adaptado).
GRUPO III
Os destinos sociais de cada indivíduo reflectem sempre, em algum grau, a sua origem de classe. Para
atingir determinada posição social não é indiferente o facto de se nascer numa família rica ou pobre, com
níveis de escolaridade elevados ou sem escolaridade, de zonas urbanas desenvolvidas ou de zonas rurais
deprimidas ou isoladas.
João Ferreira de Almeida, Introdução à Sociologia, Lisboa, Universidade Aberta.
1. Identifique o sistema de estratificação social em que se verifica uma maior mobilidade social.
2. Distinga mobilidade social ascendente de mobilidade social descendente.
3. Comente o texto, tendo em conta o conceito de classe social.
GRUPO IV
Algumas categorias sociais de pobres não se encontram na situação de pobreza há tempo suficiente
para construírem um modo de vida definido e diferente, talvez não tanto ao nível das condições, mas certa-
mente ao nível dos modelos de vida. A maneira como vivem actualmente resulta da conjugação das compe-
tências sociais e dos padrões culturais adquiridos nessa trajectória com uma situação recente determinada
por uma interrupção, talvez transitória, devido a uma ruptura profissional ou familiar, por exemplo.
Luís Capucha, Desafios da Pobreza, Oeiras, Celta Editora.
53
VII – SUGESTÕES DE CORRECÇÃO DOS TESTES
TESTE – UNIDADE 1
GRUPO I
1. D 2. A 3. A 4. C 5. D
GRUPO II
GRUPO III
54
2. Partindo do «modelo de análise» com a identificação de uma questão de partida (o que se quer
estudar) e de uma teoria sobre essa questão (o que a ciência já explicou), o cientista entra no
«terreno» (inicia a sua investigação, procurando novos dados, formulando e testando as suas
hipóteses explicativas), confrontando teoria e prática (desvendando as perplexidades que o intri-
gam).
3. O senso comum – o cientista deve afastar-se do conhecimento vulgar baseado nos sentidos e na
aparente facilidade da descoberta. O conhecimento científico exige distanciamento deste tipo de
conhecimento «popular», embora o senso comum possa constituir um excelente ponto de partida
para a investigação, mas sempre sujeito à experimentação.
O etnocentrismo – o cientista não deverá considerar a sua cultura superior nem como um refe-
rente ou modelo para o estudo de outras realidades sociais.
4. O método implica a selecção de técnicas adequadas ao trabalho a realizar, o controlo da sua uti-
lização e a integração dos resultados obtidos. É, portanto, um conjunto de procedimentos que
organiza a pesquisa sob o comando de uma teoria. Técnicas são, apenas, as operações executa-
das para a pesquisa.
5. O aluno poderá seguir o seguinte esquema de ideias:
A Sociologia, como ciência social, recorre ao método científico. No entanto, pelo facto de o cien-
tista ser um ser social, ele próprio sujeito e objecto da investigação, isto é, havendo uma grande
proximidade entre ele e o objecto de estudo, deverá proceder com grande objectividade e rigor
metodológico.
O texto refere-se ao grande envolvimento do cientista, com a sua enorme inquietação na procura
de explicações, e a excitação e criatividade como factores geradores de hipóteses explicativas e
caminhos a trilhar na busca do conhecimento, ilustrando a proximidade do cientista com o
objecto de investigação, situação particular da pesquisa no domínio social.
Armadilhas como o senso comum, o etnocentrismo, o naturalismo ou o individualismo são tam-
bém de ter em conta, na procura do conhecimento no domínio sociológico.
GRUPO IV
TESTE – UNIDADE 2
GRUPO I
1. A 2. C 3. D 4. C 5. D
GRUPO II
1. Fenómeno total, ou fenómeno social total, foi a designação dada por Marcel Mauss, sociólogo
francês, para chamar a atenção dos estudiosos dos problemas sociais para a característica fun-
55
damental destes tipo de fenómenos – a sua complexidade e pluridimensionalidade, embora se
apresentem como um todo.
2. O fenómeno consumo é económico, sociológico, psicológico, histórico, político, etc. É um fenó-
meno social total.
De facto, o consumo tem uma componente económica. Estudar os factores que influenciam o
consumo, como o preço, o rendimento, o crédito ou a acção do marketing, é estar a estudar a
dimensão económica do consumo.
Estudar o consumo por grupos sociais, como o tipo de consumo dos jovens, dos estratos privile-
giados, dos grupos sociais emergentes ou dos grupos urbanos, é ter em conta a dimensão
sociológica do consumo.
Estudar o consumo actual das sociedades de consumo massificado, em comparação com o tipo
de consumo do início do século, é ter uma perspectiva histórica.
Encontrar os factores de natureza psicológica que possam justificar o consumo, como o desejo
de afirmação pessoal, é estar a entrar no domínio da Psicologia.
Estudar as políticas de crédito ao consumo pode ser um estudo no domínio da Política.
3. Pelo facto de os fenómenos serem complexos, isto é, densos pluridimensionais, é forçoso
recorrer a um conjunto de ciências que, sobre cada uma das facetas evidenciadas no fenóme-
no se ocuparão no sentido de proporcionar a informação necessária que, em articulação com
o contributo das outras ciências, permitirão uma compreensão global do fenómeno. A comple-
mentaridade entre as ciências sociais decorre, portanto, da complexidade dos fenómenos
sociais.
4. O aluno deverá articular os conceitos apresentados, partindo da noção de fenómeno social total
que é complexo, o que exige a complementaridade das ciências sociais, isto é, a interdisciplina-
ridade.
GRUPO III
1. O inquérito por questionário é uma técnica de recolha de informação que se caracteriza por ser
extensiva e quantificada, isto é, é utilizada para se obter dados sobre uma população numerosa,
o que sucede no exemplo (jovens europeus), sobre questões previamente identificadas (aptidões
consideradas úteis para a vida activa entre dez hipóteses devidamente referidas) com o objectivo
de quantificar as escolhas feitas.
2. Entrevistas de opinião e entrevistas estruturadas.
3. O registo dos conteúdos das entrevistas e o seu tratamento é uma tarefa morosa cuja
quantificação obedece a procedimentos técnicos específicos de que a análise de conteúdo é
um exemplo. A quantidade e diversidade de respostas implicam encontrar categorias e
sub-categorias correspondentes às ideias-chave, o que é sempre um trabalho de grande
complexidade.
GRUPO IV
1.1 Método de análise extensiva, porque o universo é extenso (a população portuguesa) e preten-
dem-se respostas generalistas e quantificáveis.
1.2 Método de análise intensiva, porque a população é restrita – trabalhadores de uma empresa e
pretende-se um estudo em profundidade.
1.3 É uma técnica em que o observador, o cientista, participa no grupo a estudar.
56
TESTE – UNIDADE 3
GRUPO I
1. A 2. C 3. B 4. D 5. A
GRUPO II
GRUPO III
1. Socialização é um processo de ensino-aprendizagem da cultura do grupo de pertença.
2. Família – encarregada da socialização primária, ensina a criança a falar, a comer (como, o quê,
a que horas), a ter hábitos de higiene, a vestir-se, a relacionar-se com os mais próximos, etc.,
isto é, prepara o jovem membro para a sua integração social.
Escola – encarregada da socialização formal, do ensino de conteúdos científicos e competências
relacionadas com o mundo do conhecimento e do trabalho, mas também da socialização infor-
mal, proporcionando aos alunos situações de aprendizagem de novas formas de relacionamento
e outras competências sociais.
3. O ser humano é um produto da cultura da sociedade a que pertence: «A socialização é o
processo pelo qual as crianças indefesas se tornam gradualmente seres auto-conscientes,
com saberes e capacidades, treinadas nas formas de cultura em que nasceram.» O ser
humano é um produtor de cultura: «A socialização não é uma espécie de ‘programação cul-
tural’ em que a criança absorve de forma passiva as influências com as quais entra em con-
tacto. Até os recém-nascidos têm necessidades e exigências que afectam o comportamento
daqueles… as crianças são, desde o início, seres activos.»
GRUPO IV
57
O etnocentrismo, ao considerar culturas superiores e inferiores, tenderá a perspectivar os
«outros» como diferentes, gerando um campo fértil para a segregação com base nas diferenças
culturais.
Não se verificando contacto entre grupos sociais diferentes que poderiam proporcionar acultura-
ção ou assimilação de alguns elementos culturais, os mais desfavorecidos serão objecto de exclu-
são com base naquilo que é diferente – as diferenças culturais ou étnicas.
TESTE – UNIDADE 4
GRUPO I
1. B 2. D 3. A 4. A 5. C
GRUPO II
1. Estatuto pode ser entendido como o conjunto de comportamentos que um indivíduo espera dos
outros pelo facto de desempenhar um determinado papel social.
2. Estatuto atribuído é aquele que o indivíduo tem, sem se ter esforçado para o alcançar; já o esta-
tuto adquirido resulta de algum esforço por parte do indivíduo para o adquirir.
3. Os dois conceitos estão relacionados, dado que é o papel social que determina o estatuto de que
o indivíduo goza socialmente.
4. É a cultura do grupo de pertença que, neste caso, é a subcultura jovem.
5. Grupo de pertença é o grupo em que o indivíduo se insere; grupo de referência é o grupo a que o
indivíduo não pertence, mas desejaria pertencer, que lhe serve de referência cultural.
6. São grupos primários em que o tipo de relacionamento se baseia nos afectos e na informa-
lidade.
7. No comentário, o aluno deverá articular as seguintes ideias:
O estatuto do jovem em transição para a vida adulta encontra-se indefinido, os comportamentos
que ele espera da sociedade não se encontram claramente definidos – ora é tratado como criança,
ora se lhe exigem responsabilidades a que ele não consegue completamente responder. Estes
comportamentos podem não corresponder às expectativas do jovem que se refugiará numa sub-
cultura, podendo afastar-se dos modelos dominantes, isto é das normas sociais.
A socialização dos jovens é fundamental neste processo de transição do seu grupo de pertença
para outros grupos de referência.
GRUPO III
58
Uma socialização deficiente em que intervêm agentes proponentes de culturas desviantes
pode, certamente, ser a origem de um processo de afastamento social e correspondente margi-
nalização.
TESTE – UNIDADE 5
GRUPO I
1. A 2. A 3. C 4. D 5. A
GRUPO II
1.1 A partilha de valores e a existência de normas sociais orientadoras das condutas dos indiví-
duos é fundamental para a convivência e coesão social.
1.2 Conformidade às normas significa que, numa sociedade ou num grupo, a grande maioria dos
seus membros aceita as normas vigentes e comporta-se de acordo com elas.
1.3 Na aldeia, devido ao número mais reduzido de habitantes, há relações de vizinhança próximas,
havendo uma maior exigência quanto ao cumprimento das normas socialmente aceites e, por-
tanto, maior controlo das condutas individuais, enquanto que no meio urbano há maior grau de
liberdade nas condutas, pois as relações entre as pessoas são menos próximas e a vida na
grande cidade exige maior autonomia dos indivíduos, o que origina um grau de conformidade
social menor.
2.1 Comportamento desviante significa um comportamento afastado das normas estabelecidas.
2.2 A delinquência, a criminalidade e o movimento hippie.
2.3 Não, pois os valores e os padrões culturais diferem de sociedade para sociedade, o que significa
que um comportamento considerado desviante numa sociedade contraria os valores e as nor-
mas dessa sociedade pode ser considerado um comportamento em conformidade numa socie-
dade. A poligamia é um exemplo dessa diferença.
GRUPO III
1.1 Controlo social é o conjunto dos meios que uma sociedade utiliza para levar os seus membros
a adoptar comportamentos socialmente aceites.
1.2 Os mecanismos de controlo social são a socialização, a pressão social e as sanções.
1.3 As sanções positivas têm por finalidade recompensar ou premiar os indivíduos que adoptam
condutas que respeitam as normas, enquanto que as sanções negativas se destinam a punir
aqueles cujo comportamento é contrário às normas estabelecidas.
2.1 Instituição social significa o conjunto de procedimentos que a sociedade deve seguir de forma
a alcançar os seus objectivos.
2.2 A principal função da família é a socialização das crianças, isto é, a aprendizagem dos valores
e normas da sociedade, de forma a que estes desempenhem, mais tarde, os papéis de mem-
bros adultos da sociedade.
2.3 Entre outros, podem ser referidos os valores e os símbolos.
59
2.4 Os valores, para a família são, por exemplo, o amor, a união, o romantismo; para a escola, a
igualdade de oportunidades, o mérito, o esforço, etc.
Relativamente aos símbolos para a família: o nome de família, a casa e as fotos de família são
alguns exemplos; para a escola: a sala de aula, o emblema, a farda, a biblioteca constituem
exemplos dos seus símbolos.
GRUPO IV
1.1 O autor, com esta frase, pretende dizer que a escola não tem apenas a função de instruir, isto
é, de fornecer os conhecimentos e as competências necessárias ao desempenho de papéis
profissionais, através dos conteúdos formais do currículo.
Cabe também à escola contribuir para a aprendizagem dos valores e das regras da sociedade,
necessárias ao desempenho dos papéis de adultos respeitadores da ordem social estabelecida.
1.2 Para além das competências formais como ler, escrever e calcular, aprende-se a ser pontual,
assíduo, a respeitar os outros, a ser responsável e que o esforço é necessário para obter bons
resultados, etc.
1.3 Por «currículo oculto» o autor refere-se às aprendizagens que não estão formalizadas nos con-
teúdos das disciplinas integrantes do currículo formal, mas implícitas nas regras internas de
organização e funcionamento das escolas, como o cumprimento dos horários estabelecidos, as
regras para justificar faltas, as normas disciplinares e respectivas sanções, etc.
1.4 A escola, através das aprendizagens que fornece, a nível dos saberes, das competências e dos
valores e atitudes, prepara os jovens para o desempenho dos papéis de futuros profissionais e
cidadãos respeitadores dos valores e normas da sociedade. A escola conduz, assim, às apren-
dizagens do modelo de funcionamento da sociedade em que os jovens estão inseridos, contri-
buindo para a reprodução social.
2.1 Nas sociedades industrializadas, a grande maioria das famílias já não corresponde ao padrão
tradicional do casal, com filhos, com vida comum, em que a mãe cuida da família e da casa e o
pai trabalha para sustentar a família, verificando-se a existência de muitos outros modelos
familiares. Casais divorciados, mulheres/homens divorciados ou solteiros, vivendo sós ou com
os filhos, casais sem filhos, casais homossexuais, etc.
2.2 É um fenómeno colectivo, ou seja, a mudança que se regista no modo de vida da família atinge
milhões de pessoas.
É um fenómeno que perdura no tempo, ou seja, é um acontecimento que não é fácil de inverter.
TESTE – UNIDADE 6
GRUPO I
1. D 2. D 3. C 4. C 5. D
GRUPO II
1. O autor define globalização como um processo de crescente mundialização das relações sociais,
ou seja, as sociedades, os povos e os países, embora muito distantes uns dos outros, geográfica
60
e culturalmente, estão progressivamente mais ligados por relações económicas, políticas e cul-
turais.
2. Num mundo globalizado, determinados acontecimentos que se dão num país ou região produ-
zem efeitos na vida social de outros países e regiões, ou até no resto do mundo. A guerra, um
desastre nuclear, atentados terroristas, constituem exemplos de acontecimentos com dimensão
global.
3. Num processo de globalização económica, os produtos, o capital e a mão-de-obra circulam pelo
mundo inteiro, o que aumenta a concorrência entre empresas e países. O objectivo de maior
rentabilidade, lucro e benefício, por parte dos agentes económicos, origina maior procura dos
bens e serviços que ofereçam condições mais vantajosas, o que favorece determinados países e
prejudica outros.
Se a região de Singapura oferece produtos cuja relação preço/qualidade é superior aos produtos
fornecidos pela região de Pittsburgh, a maior procura dos primeiros contribui para o crescimen-
to da sua economia e, portanto, da sua prosperidade, enquanto que a menor procura dos segun-
dos pode conduzir ao fecho das empresas, ao desemprego e consequente empobrecimento da
região. A globalização económica pode, assim, originar mudanças que se opõem: uma região,
anteriormente menos desenvolvida enriquece; outra, antes desenvolvida, empobrece.
Quando, fruto da globalização/difusão dos bens culturais, uma comunidade local é confrontada
com valores, normas e modelos de comportamento difundidos pelos mass media, pelos filmes,
pela televisão e outros meios de difusão cultural pertencentes a grandes empresas globais,
pode sentir a sua identidade ameaçada, o que pode originar movimentos de reforço dessa
mesma identidade, que podem assumir formas mais ou menos radicais.
GRUPO III
1.1 Por mercado financeiro global entende-se a possibilidade que existe de qualquer investidor,
em qualquer parte do mundo, poder aceder à informação que lhe permite movimentar pelo
mundo inteiro os montantes de dinheiro que desejar.
1.2 As Tic permitem a qualquer pessoa aceder à informação, em tempo real, e desenvolver, a par-
tir dela a sua actividade, bastando para o efeito uma ligação à Internet. As operações nos mer-
cados financeiros são disso exemplo.
2. A circulação da informação pelo mundo permite difundir os valores, normas e condutas carac-
terísticos das sociedades modernas, o que pode originar algumas mudanças nas sociedades
mais tradicionais. Os direitos das mulheres, difundidos pelos mass media, no sentido da igual-
dade de direitos e deveres entre homens e mulheres, valores das sociedades modernas, têm-se
vindo a inscrever gradualmente nas sociedades mais tradicionais, onde muitas mulheres já
não aceitam a desigualdade e a discriminação.
GRUPO IV
61
Os exemplos referidos mostram que o mundo se tornou mais aberto e, ao mesmo tempo,
«mais pequeno», em que habitantes que vivem a milhões de quilómetros de distância uns dos
outros estabelecem, fruto da globalização, relações sociais de vizinhança, tal como na aldeia.
2. Sim pois, ao reduzir, através do conhecimento e da informação que circula livremente pelo
mundo, as fronteiras físicas entre os povos, aproximando-os, torna mais visíveis as diferenças
culturais existentes. Quando se conhece o outro toma-se consciência das diferenças existen-
tes.
3. Se a globalização torna perceptíveis as diferenças culturais entre os povos, o reconhecimento
dessa diversidade será a base do relacionamento entre os povos. O respeito e a tolerância entre
os povos são condições para o estabelecimento de relações de cooperação.
TESTE – UNIDADE 7
GRUPO I
1. D 2. C 3. D 4. C 5. B
GRUPO II
1. No texto são visíveis as diferenças entre os papéis sociais do homem e os da mulher, na década
de 50. Do homem esperava-se que trabalhasse e tivesse prestígio social: «o papá saía para o
mundo; ia ganhar dinheiro e tentar o prestígio social.»; da mulher, a sociedade esperava que
ficasse em casa a tratar dos filhos e do lar: «a mamã ficava em casa a beijocar os seus rebentos,
a fazer reluzir os mosaicos da cozinha e a cozinhar.» Esta divisão de tarefas correspondia, como
diz o texto, ao modelo ideal de família dos anos 50.
2. A família é um dos mais importantes agentes de socialização, cabendo-lhe as tarefas da sociali-
zação primária das crianças. Dela se espera que ensine e prepare os jovens para a integração
social.
3. Um grupo social é um conjunto estruturado de interacções sociais. Todos os grupos têm objecti-
vos que deram origem à sua constituição, têm papéis sociais, um código de comportamentos e
elementos culturais específicos.
GRUPO III
1. Família nuclear é a família composta pelo pai, mãe e filhos.
2. A função de socialização e a de reprodução.
3. De facto, no texto, é possível encontrar algumas referências a mudanças no âmbito da família.
O adiamento da idade de casamento, a coabitação, o aparecimento das famílias monoparentais e
recompostas são exemplos de mudanças.
4. As famílias monoparentais e as famílias recompostas.
5. A independência económica da mulher permitiu-lhe «negociar» em pé de igualdade as suas fun-
ções no seio da família, e na sociedade, partilhando com o marido algumas tarefas domésticas,
assumindo responsabilidades familiares que dantes lhe eram dificultadas, ter uma carreira pro-
fissional e participação política, por exemplo.
62
GRUPO IV
1. As funções da escola vão da preparação científica e profissional dos jovens, passando pela
socialização informal.
2. Os meios de comunicação social e os amigos. Os meios de comunicação social contribuem para
a socialização dos jovens através dos valores e modelos sociais que impõem, muitas vezes vio-
lentamente, devido à poderosa e sofisticada tecnologia de que dispõem.
Os amigos são um grupo em que a socialização se faz de forma diferente. É um grupo de acolhi-
mento, de afectos, de partilha de experiências, de valores que podem ajudar o jovem na transi-
ção para o mundo adulto; mas pode também ser o agente de uma socialização desviante,
transmitindo normas contrárias às adoptadas pela sociedade em geral.
3. O conflito verifica-se entre agentes de socialização. Desde logo, entre a escola e os amigos,
podendo estes, por vezes, defender práticas sociais contra as estabelecidas. Faltar às aulas,
estudar pouco, desleixar-se com os trabalhos de casa para acompanhar o grupo de «amigos»
entra em conflito com os comportamentos exigidos pela escola. Mas é, sobretudo, ao nível da
acção da comunicação social, que podemos encontrar alguns sintomas de competição com a
acção da escola, originando situações de conflito.
A divergência entre métodos de abordar a informação e o conhecimento que os mass media pro-
põem, e a forma ainda tradicional da escola funcionar, leva os jovens a ter algum afastamento e
desinteresse pela escola, sua função e respectivos agentes.
A estratégia a tentar, no sentido de ultrapassar os possíveis conflitos, poderá estar na motivação
que a escola possa ter para os jovens, mostrando-lhes a sua acção fundamental na compreen-
são da informação na construção do conhecimento e na adopção de novas metodologias, mais
ajustadas à realidade actual.
4. De facto, a escola alia a formação científica e técnica que ministra e a preparação para a vida
activa (socialização formal), a outras formas de aprendizagem, como o trabalhar em grupo,
saber ouvir os outros, saber defender pontos de vista, respeitar os outros, combater atitudes
etnocêntricas, conhecer outras realidades, ter experiências de participação nas estruturas aca-
démicas, etc. (socialização informal).
TESTE – UNIDADE 8
GRUPO I
1. A 2. C 3. D 4. B 5. C
GRUPO II
1. Dois papéis tradicionais que as mulheres continuam a desempenhar são: o «trabalho doméstico»
e o «cuidar dos filhos».
2. O conceito de género diz respeito à construção social e cultural que leva as pessoas a desempe-
nhar diferentes papéis sociais, de acordo com o sexo, em determinada sociedade. Desta forma,
quer o «trabalho doméstico», quer o «cuidar dos filhos» são, em geral, maioritariamente asse-
gurados pelas mulheres, porque nas sociedades mais tradicionais se espera que as mulheres
desempenhem essas tarefas, por assim ser «culturalmente esperado».
63
3. Duas características das migrações de hoje poderão ser, entre outras igualmente relevantes, o
facto de haver numerosos migrantes que fogem de situações de perseguições e de guerras, e o
facto de haver um grande número de indivíduos que procura melhores condições de vida; são
provenientes de países em desenvolvimento como é o caso, por exemplo, dos imigrantes da África
Subsariana que tentam entrar na Europa ou de imigrantes asiáticos que tentam chegar ao Reino
Unido ou à Austrália.
4. A etnicidade está directamente relacionada com as desigualdades sociais. A etnicidade corres-
ponde a uma situação de dominação sofrida pelos imigrantes, pelo facto de pertencerem a gru-
pos étnicos que vivem numa situação de desigualdade social relativamente a outros grupos
sociais, como refere o texto, «de grupos étnicos minoritários ou do grupo étnico dominante (…)
posição específica no conjunto dessa estratificação social». Habitam em determinados locais,
geralmente bairros periféricos das grandes cidades e desenvolvem a endogamia (o casamento
dentro do seu grupo étnico). Podemos concluir que as diferenças étnicas estão associadas a
diferentes níveis de rendimento e a desigualdades, relativamente ao exercício do poder.
GRUPO III
1. É o sistema de classes sociais.
2. Enquanto a mobilidade social ascendente se efectua de um estrato social hierarquicamente
inferior para um superior, a mobilidade social descendente nome no sentido inverso, pois con-
siste na passagem de um estrato social mais elevado para um mais baixo.
3. Classe social é uma categoria social em que os indivíduos se encontram numa posição seme-
lhante, relativamente ao acesso e à posse dos bens, o que condiciona a organização social.
Indivíduos de «famílias pobres», com um reduzido nível de escolaridade, ou «sem escolaridade»,
e a viverem em zonas pouco desenvolvidas e «isoladas», não desfrutam de igualdade de oportuni-
dades e não conseguem atingir «determinada posição social». O facto de se pertencer a uma
classe social baixa, sem o acesso e sem a posse de bens (materiais e serviços), torna muito difícil
conseguir atingir uma posição social numa classe social mais elevada. Apesar de permitir maior
mobilidade social do que os sistemas de castas ou de ordens, o sistema de classes ainda dificulta
a mobilidade social, não «sendo indiferente o facto de se nascer numa família rica ou pobre».
GRUPO IV
1. Quatro categorias sociais vulneráveis à pobreza em Portugal poderão ser, entre outras; os
desempregados, em particular os de longa duração; trabalhadores com empregos precários;
trabalhadores com empregos de salários baixos; e trabalhadores com empregos cujos salários
estão em atraso.
2. Dois factores que influenciam a pobreza poderão ser: o despedimento do trabalhador, que passa
a ser um desempregado ou um divórcio, que origina uma família monoparental mais vulnerável
à pobreza, pois, como refere o texto: «(…) situação recente determinada por uma interrupção,
talvez transitória, devido a uma ruptura profissional ou familiar, por exemplo.»
3. O texto refere-se a uma situação de transitoriedade relativamente à pobreza. O comentário
deverá referir que a «situação recente» não possibilita a construção de modos de vida de pobreza,
articulando-se este conceito com a situação mencionada no texto.
64