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CADERNO DE APOIO

AO PROFESSOR
Maria João Pais Maria da Luz Oliveira
Maria Manuela Góis Belmiro Gil Cabrito

12.o ANO
Introdução
Colegas,

Assumimos, de novo, a tarefa de elaborar um conjunto de instrumentos de ensino-aprendiza-


gem para os alunos de Sociologia, constituído pelo Manual, um Caderno de Actividades, um
Caderno de Apoio ao Professor, um CD Digital de Apoio ao Professor e, finalmente, um site
de apoio ao projecto.

O Caderno de Apoio ao Professor que vos apresentamos inclui uma proposta de gestão dos
diferentes recursos, que disponibilizamos para todas as unidades do programa oficial,
incluindo o módulo inicial e o do trabalho final; um conjunto de pistas de exploração para as
transparências e a indicação de filmes que podem ser visionados para aplicação dos conteú-
dos em estudo. Um conjunto de testes de avaliação e sua resolução completam este instru-
mento de apoio à gestão curricular da disciplina de Sociologia.

Reconhecendo que o recurso a mais materiais é sempre de grande utilidade, disponibilizare-


mos no CD de Apoio Digital um conjunto de de PowerPoints, com as respectivas pistas de
exploração, bem como outros elementos didácticos, para que o interesse dos alunos, o seu
envolvimento e a consequente aprendizagem das questões sociológicas decorra de forma
agradável e motivadora.

Os Autores
Índice
DI PROGRAMA DE SOCIOLOGIA - Excertos . . . . . . . . . . . . 4

D II PROPOSTA DE PLANIFICAÇÃO ........................ 10

DIII MÓDULO INICIAL - Proposta de trabalhos ........ 20

DIV MATERIAL PARA EXPLORAÇÃO NAS AULAS ....

1. Filme – guiões de exploração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


25

25
2. Transparências – pistas de exploração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

DV PROPOSTA DE TRABALHO DE PESQUISA FINAL


1. Proposta de orientação para o trabalho final – guião genérico . . . . . . . . . .
.. 35

35
2.Proposta de um trabalho sobre os comportamentos
de risco na adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

DVI TESTES DE AVALIAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

DVII SUGESTÕES DE CORRECÇÃO DOS TESTES ......... 54


I – PROGRAMA DE SOCIOLOGIA1

1. Introdução ao programa de Sociologia

A Sociologia, «tendo nascido das transformações que separaram a ordem social do Ocidente assente na
industrialização dos modos de vida característicos das sociedades anteriores», continua a ter como princi-
pal centro de interesse o mundo que resultou dessas transformações2, ou seja, o mundo contemporâneo.
Ora, a complexidade das sociedades actuais – industrializadas, multiculturais e em permanente
mudança – exige dos seus membros uma constante adaptação às transformações que ocorrem a todos os
níveis – económico, social e cultural – e, por outro lado, que sejam capazes de tomar decisões de uma
forma autónoma e criativa.
Deste modo, as finalidades de qualquer disciplina, neste caso da Sociologia, deverão, não só promover a
educação para a cidadania, como também contribuir para a formação pessoal, científica e técnica dos alunos.
Neste sentido, esta disciplina poderá desempenhar um importante papel formativo, na medida em que permite:
– conhecer e compreender as sociedades contemporâneas e os seus principais mecanismos de funcio-
namento, dado que a principal preocupação da análise sociológica é o estudo das relações sociais;
– contribuir para desenvolver nos alunos uma atitude crítica, fomentar o debate de ideias e a tomada
de decisões na medida em que «é uma disciplina em que pomos de parte a nossa visão pessoal do
mundo de modo a poder olhar com mais cuidado as influências que dão forma às nossas vidas e às
de outras pessoas»3.

Assim, foi tendo em atenção este enquadramento que se estruturou o programa da disciplina de
Sociologia que, de acordo com a nova reforma curricular do ensino secundário, está integrada como disci-
plina de opção do 12.° ano dos cursos Científico-humanísticos de Ciências Socioeconómicas e de Ciências
Sociais e Humanas, com a carga horária de três tempos lectivos semanais (99 tempos lectivos anuais). Por
outro lado, também a experiência acumulada com a leccionação do anterior programa condicionou a sua
reorganização e a sua actualização, em termos de conteúdos, de objectivos e de metodologias.
Deste modo, não esquecendo que a disciplina de Sociologia constitui a iniciação a uma nova pers-
pectiva do saber científico e que a sua frequência pode funcionar como motivação para uma eventual
continuação dos estudos nesta área, estudar Sociologia na escola secundária visa, sobretudo:
– aprender a gostar de Sociologia, ou seja, iniciar-se na aprendizagem do pensar sociológico;
– treinar a problematização e a crítica da sociedade que nos rodeia;
– consciencializar-se da necessidade de rigor científico que encaminha para a (re)construção das
sociedades;
– experimentar a aplicação da pedagogia de projecto a um ou dois casos específicos.

Salienta-se, mais uma vez, o carácter formativo da Sociologia e a sua ligação ao quotidiano dos alu-
nos e às suas expectativas. Com efeito, «a Sociologia não é apenas um corpo intelectual e abstracto, mas
algo que pode ter implicações práticas na vida das pessoas» e «a melhor maneira de nos assegurarmos de
que tal acontece é abordar a disciplina de uma forma imaginativa e relacionar ideias e conclusões com
situações da nossa própria vida»4.

1 Excertos do programa homologado a 15/11/2005 in www.gave.pt


2 A. Giddens, Sociologia, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
3 Idem.
4 Ibidem.

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2. Apresentação do programa

2.1 Finalidades e objectivos da disciplina

Estabelecem-se as seguintes finalidades para a disciplina de Sociologia:


– Contextualizar a Sociologia no conjunto das ciências sociais.
– Contribuir para a compreensão de conceitos básicos para a análise da dimensão sociológica da reali-
dade social.
– Fomentar a articulação de conhecimentos sobre a realidade social.
– Mobilizar conhecimentos para analisar a sociedade portuguesa.
– Promover a análise das transformações das sociedades contemporâneas, nomeadamente, da sociedade
portuguesa.
– Desenvolver técnicas de trabalho intelectual no domínio do «aprender a aprender» e da pesquisa.
– Promover a utilização de instrumentos de pesquisa diversos, nomeadamente recorrendo às novas
tecnologias de informação.
– Desenvolver a capacidade de trabalho individual e em grupo.
– Contribuir para a melhoria do domínio, escrito e oral, da língua portuguesa.
– Fomentar atitudes e valores de respeito pelas diferenças, a solidariedade e a cooperação.

Assim, de acordo com o que acima se expôs, a disciplina orientar-se-á pelos seguintes objectivos gerais:

A – Domínio das atitudes e valores


– Desenvolver a consciência dos direitos e dos deveres dos indivíduos numa sociedade democrática.
– Fomentar a participação dos alunos na vida escolar, por exemplo, integrando grupos de trabalho
com o objectivo de resolver problemas da escola.
– Promover atitudes de compreensão e de respeito pelas diferenças étnicas, culturais e religiosas, em
especial no contexto da sociedade portuguesa.
– Fomentar o empenhamento dos alunos na defesa dos direitos humanos, manifestando solidariedade
e respeito por outras culturas e povos.

B – Domínio das aptidões e capacidades


– Desenvolver hábitos e métodos de estudo.
– Incentivar a realização de planos de trabalho, definindo metodologias e recursos, concretizá-los e
avaliar o processo e os seus produtos finais.
– Desenvolver as capacidades de compreensão e de expressão oral e escrita.
– Recolher, seleccionar e interpretar documentos de diversos tipos (textos de autor, quadros e gráficos
estatísticos, audiovisuais, etc.).

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– Incentivar o gosto pela pesquisa.
– Desenvolver as capacidades de análise e de síntese.
– Fomentar a capacidade de trabalho individual e em grupo.
– Desenvolver o espírito criativo e de abertura à mudança.

C – Domínio dos conhecimentos.


– Compreender a perspectiva da Sociologia no contexto da análise da realidade social.
– Compreender os conceitos sociológicos fundamentais.
– Analisar aspectos relevantes de processos de mudança das sociedades actuais.
– Utilizar de forma correcta e pertinente a terminologia sociológica.
– Aplicar os modos de produção de informação sociológica a contextos concretos da realidade social.

2.2. Visão geral dos temas/conteúdos

2.2.1. Esquema conceptual do programa

SOCIOLOGIA

ESTUDA

SOCIEDADE

O QUÊ? – OBJECTO COMO? – MÉTODO

SISTEMAS COMPLEXO DE Produção de conhecimentos


DE INTERACÇÃO RELAÇÕES SOCIAIS recorrendo a procedimentos
científicos:

RUPTURA/CONSTRUÇÃO

PROCESSOS TEORIA/MEIOS
DE REPRODUÇÃO E MUDANÇA DE INVESTIGAÇÃO

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2.2.2. Estrutura sequencial do programa

Módulo inicial
Temas Unidades lectivas
1. Sociologia e conhecimento sobre a realidade social
2. Metodologia da investigação sociológica
Tema I – O que é a Sociologia?
3. Socialização e cultura
Tema II – Sociedade e indivíduo 4. Interacção e papéis sociais
5. Instituições e processos sociais
Tema III – Processos de reprodução e mudança
6. Globalização
nas sociedades actuais
7. Família e escola
8. Desigualdades e identidades sociais
Módulo de aplicação – Trabalho prático

Módulo inicial
De acordo com o quadro anterior, em que se apresentam os temas e unidades didácticas, é proposto
um módulo inicial em que se fará apelo às competências e aos conhecimentos adquiridos pelos alunos em
anos anteriores, noutras disciplinas do ramo das Ciências Sociais (História, Geografia, Economia).
Deste modo, é possível realizar uma avaliação diagnóstica e chamar a atenção dos alunos para a com-
plexidade da realidade social, sensibilizando-os para a dimensão sociológica dessa mesma realidade.

Módulo de aplicação
O módulo de aplicação destina-se à realização e apresentação de um pequeno trabalho de investigação,
utilizando as metodologias de trabalho de grupo e/ou de projecto, de acordo com as finalidades, os objectivos
e os conteúdos do programa. A sua realização pode ser iniciada durante a abordagem dos temas anteriores.

2.3. Sugestões metodológicas gerais

As finalidades e os objectivos a desenvolver apontam para um processo de ensino-aprendizagem cen-


trado no aluno, o qual deverá atender às motivações e aos interesses de todos os participantes (alunos/pro-
fessores), tendo presente o currículo e a avaliação. Sublinha-se a importância de diversificar as estratégias a
utilizar, dado que têm de ser adequadas às diversas necessidades específicas dos alunos, recorrendo sempre
a metodologias activas.
Aprender Sociologia no ensino secundário não é decorar uma lista de conceitos e de definições básicas
e limitar-se a descrever estratégias de investigação. Quer isto dizer que falar de Sociologia de uma maneira
clara e directa não significa que os temas sejam tratados de uma maneira superficial, mas, pelo contrário,
impõe-se a abordagem das questões fundamentais de forma científica.
Deste modo, pretende-se que os alunos construam e reconstruam os seus saberes com rigor e, simulta-
neamente, se familiarizem com as metodologias de trabalho indispensáveis à prática sociológica. Com efeito,
«a Sociologia, como qualquer especialidade específica e profissional, só se apreende efectivamente prati-
cando-a. É um pouco como andar de automóvel. Pode-se ouvir uma lição sobre condução, pode-se ler o
Código da Estrada, mas não se aprende a guiar se não se praticar»5.

5 A. F. Costa, Sociologia, Lisboa, Difusão Cultural.

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Assim, para facilitar essa aprendizagem, o professor, para além de sistematizar os conteúdos estudados,
deve articular os conhecimentos entre si e integrá-los nos contextos reais em que os actores sociais se
movimentam. Daí que um dos aspectos principais da exposição seja a utilização de exemplos. Para tal,
estes devem ser seleccionados nas pesquisas sociológicas recentes sobre a sociedade portuguesa, como
também nas obras de alguns dos principais autores da sociologia clássica e contemporânea, desde que con-
venientemente adaptados.
Deste modo, sem pretender que os alunos adquiram e aprofundem conhecimentos próprios de estu-
dos de nível superior, as sugestões metodológicas vão no sentido de que os alunos se apercebam «do que é
a Sociologia, colocando-os no papel do sociólogo, enfrentando com ele os problemas a que este pretende
dar resposta, acompanhá-lo naquilo que ele faz, na tentativa – sempre precária e sempre fascinante – de
decifrar os enigmas da vida em sociedade»6.
Neste sentido, enquadra-se a realização de um trabalho de investigação, que assumirá a forma de tra-
balho de grupo e/ou de projecto, orientado pelo professor, sobre um tema escolhido pelos alunos, trabalho
esse que, para além de mobilizar os conhecimentos teóricos adquiridos, tem por objectivo a aplicação de
um ou dois dos modos de produção da informação utilizados pela Sociologia, por forma a recolher infor-
mação, a qual será seleccionada e tratada, de modo a permitir a apresentação das conclusões e o debate.
Assim, as questões metodológicas gerais e as que se inserem nos contextos concretos de aprendizagem
pretendem promover, junto dos alunos, o gosto pela pesquisa autónoma (neste caso sociológica), sob a
orientação do professor, e despertá-los para a especificidade do «olhar sociológico» sobre a realidade social.
Neste sentido, privilegiam-se os seguintes procedimentos na leccionação do programa:
Observação
Pretende-se que se incentive os alunos a observar cenas do quotidiano (os passageiros dos transportes
públicos, os jovens que assistem a um espectáculo, os comportamentos dos seus colegas de turma…), por
forma a aperceberem-se da importância da observação na construção de um «olhar sociológico» sobre a
realidade social.
Pesquisa documental
A pesquisa documental poderá ser efectuada em bibliotecas e centros de recursos da escola e do seu
meio envolvente, incidindo sobre fontes de informação veiculadas em diferentes suportes, tais como livros,
imprensa (internacional, nacional, regional e local), dados estatísticos, audiovisuais (filmes e televisão) e
Internet (sites nacionais e internacionais).
Entrevistas e inquéritos por questionário
Os alunos poderão realizar entrevistas a familiares ou a informantes privilegiados da escola e/ou do
seu meio envolvente (reconstruir histórias de vida ou desempenho de papéis).
Relativamente aos inquéritos por questionário, estes poderão ser realizados, consoante os objectivos
pretendidos, junto da comunidade escolar ou de outros grupos sociais.
Tratamento e organização da informação
A informação recolhida poderá ser organizada em registos escritos, no caso da pesquisa documental
(recortes de imprensa, fichas de leitura de textos…), em registos fotográficos e em vídeo resultantes do
processo de observação, em registos gravados ou escritos das entrevistas ou em suportes informáticos
(quadros estatísticos, gráficos, etc.) no caso dos inquéritos por questionário. Essa informação poderá ser
organizada em dossiers temáticos.
O tratamento e a organização da informação permitirão a elaboração e sistematização de conclusões
escritas que poderão assumir a forma de relatórios, os quais deverão obedecer às formas convencionais de
apresentação dos resultados das investigações.

6 A. F. Costa, op. cit.

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Apresentação e debates
Os resultados dos trabalhos realizados poderão ser apresentados e debatidos na turma, sob a orientação
do professor.
Refira-se, finalmente, que a participação desta disciplina na Área de Projecto, dispondo de tempo
próprio, permitirá uma maior articulação entre a aprendizagem de conceitos e o desenvolvimento de com-
petências, que são transversais às várias disciplinas do currículo, e à realidade mais directamente conhecida
pelos alunos. Além disso, essa participação, ao permitir uma maior integração na comunidade educativa,
poderá dar origem a sinergias entre os seus membros, concretizadas em acções comuns como sejam, por
exemplo, a organização de exposições temáticas ou de debates, eventualmente com a participação de ele-
mentos exteriores à escola, a apresentação de vídeos, a elaboração de páginas na Internet, a publicação de
artigos em jornais da escola ou regionais.

TRABALHO PRÁTICO DE INVESTIGAÇÃO

Objectivos:
A realização de um trabalho de investigação enquadra-se no modelo de pedagogia construtivista, seguindo
a metodologia de trabalho de grupo e/ou de projecto. Esse trabalho, que tem carácter obrigatório, visa:
– a aplicação de um ou dois modos de produção da informação utilizados pela Sociologia;
– a selecção e o tratamento da informação recolhida;
– a apresentação e sistematização das conclusões;
– a organização do debate.
Temas do trabalho:
Como se chamou a atenção na Unidade 2, o professor deve ter a preocupação de fazer um levantamento
dos interesses dos alunos relativamente aos temas sobre os quais estes pretendem realizar o trabalho, por forma
a que possam dar início à recolha de informação e à sua organização, por exemplo, num dossier temático.
No entanto, os alunos poderão optar por temas não inseridos no programa, desde que estejam relacionados
com os seus conteúdos e os seus objectivos.

Calendarização e organização do trabalho:


Apesar de estarem previstos 14 tempos lectivos para a realização do trabalho no Tema III, a calendarização
do mesmo pode ser feita de acordo com a planificação e a gestão do programa efectuada pelo professor,
o que significa que este pode ter início logo a partir do final do Tema I.
O professor deverá discutir e clarificar previamente com os alunos os objectivos do trabalho, as regras
do processo de trabalho, assim como a avaliação do mesmo.
Tendo em vista a necessidade de exequibilidade dos trabalhos, o professor deverá orientar e esclarecer
os alunos na:
– organização da turma em grupos;
– escolha do tema/subtema de cada grupo;
– realização de um levantamento dos recursos disponíveis sobre cada tema escolhido – acessibilidade e grau
de dificuldade;
– elaboração de um plano de trabalho, para o qual deverá fornecer aos alunos um guião das tarefas a realizar.
Além disso, o professor deverá planificar com os alunos a calendarização das:
– aulas para realizar os trabalhos;
– diferentes fases/etapas do trabalho.
Estes procedimentos são elementos facilitadores da avaliação, já que a avaliação de um trabalho de grupo/
projecto não incide exclusivamente no produto final, mas também no processo de trabalho.
Devem ser previamente igualmente clarificados, com os alunos, os critérios específicos de avaliação (auto
e heteroavaliação).

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TEMA I – O QUE É A SOCIOLOGIA?


MÓDULO DE INICIAÇÃO

FIO CONDUTOR: O reconhecimento da proximidade entre o sujeito e o objecto da investigação, e a complexidade do social, deverão sensibilizar o aluno
para uma forma científica de compreender a realidade social/objecto de estudo das ciências sociais.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Caderno de Apoio ao Professor


• Compreender a diferença entre senso • Guião (pp. 8 e 18 a 22).
comum e conhecimento científico. • Filmes a seleccionar (pp. 25-31).

II– PROPOSTA DE PLANIFICAÇÃO


• Conhecer as etapas da pesquisa científica. • Transparências a seleccionar (pp. 32-34).
• Conhecer alguns conceitos estruturantes.
• Reconhecer a complexidade do social.

Domínio das atitudes:


• Combater o conhecimento não-científico 4 aulas
que a proximidade do social proporciona.
TEMA I – O QUE É A SOCIOLOGIA?
UNIDADE 1 – A SOCIOLOGIA E O CONHECIMENTO DA REALIDADE SOCIAL

FIO CONDUTOR: A proximidade entre o sujeito e o objecto de estudo pode levar a erros na pesquisa sociológica. O reconhecimento desses erros e a forma de os
ultrapassar, bem como a avaliação da complexidade do social, serão preocupações estruturantes na procura da compreensão da realidade social.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Compreender o objecto da Sociologia. Ciências sociais e Sociologia • Textos e respectivas pistas de exploração
(pp. 12-38).
• Compreender o papel das ciências sociais
Génese e objecto
na actualidade. • Esquemas e textos-síntese (pp. 12-38).
da Sociologia
• Compreender alguns obstáculos • Resumindo (p. 39).
epistemológicos. Produção do conhecimento
científico em Sociologia • Verificação da aprendizagem (pp. 40-41).
• Sociologia Aplicada (manual pp. 42-43).
Domínio das atitudes:
• Combater noções de senso comum. Caderno de Actividades
9 aulas
• Perspectivar o trabalho de investigação • Fichas formativas e sua resolução (pp. 5, 7 e 80-81).
sociológica como uma forma de investigação • Teste de avaliação e sua resolução (pp. 9 e 81-82).
social para a resolução dos problemas
dos indivíduos.
CD
• Transparências n.º 1 e 2.
• PowerPoint n.º 1 e 2.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 40-55).
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TEMA I – O QUE É A SOCIOLOGIA?


UNIDADE 2 – METODOLOGIA NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

FIO CONDUTOR: Tomar conhecimento de estratégias de investigação da realidade social, articulando-as com situações em que estas devem ser aplicadas, será fun-
damental para iniciar o aluno na pesquisa sociológica.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Conhecer algumas técnicas de pesquisa Estratégias de investigação • Textos e respectivas pistas de exploração
sociológica mais comuns na análise (pp. 44-74).
da realidade social. Etapas de investigação
• Esquemas e textos-síntese (pp. 44-74).
Modos de produção • Resumindo (p. 75).
Domínio das atitudes:
da informação em Sociologia
– técnicas • Verificação da aprendizagem (pp. 76-77).
• Desenvolver capacidades de observação
e análise sociológicas objectivas. • Sociologia Aplicada (pp. 78-79).
Novos campos de
• Reconhecer que por trás dos números investigação Caderno de Actividades
existem seres humanos e problemas.
11 aulas
• Fichas formativas e sua resolução (pp. 15, 17 e 82-83).
• Perspectivar o trabalho de investigação
sociológica como uma forma de resolução • Teste de avaliação e sua resolução (pp. 19 e 83-84).
dos problemas dos indivíduos.
CD
• Transparência n.º 3.
• PowerPoint n.º 2 e 3.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 40-55).
TEMA II – SOCIEDADE E INDIVÍDUO
UNIDADE 3 – SOCIALIZAÇÃO E CULTURA

FIO CONDUTOR: A compreensão do conceito de cultura e o processo da sua transmissão aos membros de uma colectividade, de forma a permitir a integração
e a coesão sociais, constituem os elementos estruturantes desta unidade. Proporcionar situações de reflexão sobre a relatividade cultural deverá ser igual preocupação,
no sentido do combate ao etnocentrismo.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Analisar o papel da cultura na orientação Cultura • Textos e respectivas pistas de exploração
dos comportamentos sociais dos grupos. (pp. 82-108).
Socialização
• Analisar a importância da socialização como • Esquemas e textos-síntese (pp. 82-108).
determinante da integração social.
Novas representações sociais • Resumindo (p. 109).
Domínio das atitudes: • Verificação da aprendizagem (pp.110-111).
• Respeitar diferenças culturais. • Sociologia Aplicada (pp. 112-113).
• Combater atitudes etnocêntricas.
Caderno de Actividades
• Envolver-se em actos de cidadania tendentes 9 aulas
• Fichas formativas e sua resolução (pp. 25, 27 e 84-85).
à integração social.
• Teste de avaliação e sua resolução (pp. 29 e 85-86).
• Desenvolver atitudes de observação e análise
objectivas relativamente a comunidades
CD
diferentes da sua.
• Transparência n.º 3.
• PowerPoint n.º 3 e 4.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 42 e 55).
• Filmes (pp. 25-31).
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TEMA II – SOCIEDADE E INDIVÍDUO


UNIDADE 4 – INTERACÇÃO SOCIAL E PAPÉIS SOCIAIS

FIO CONDUTOR: As interacções sociais são a célula social que origina colectividades e grupos diferentes. Compreender essa diversidade permitirá compreender
a multiplicidade de papéis sociais. A aprendizagem desses papéis sociais, como um dos aspectos fundamentais da socialização e da integração social, é o foco desta
unidade.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Compreender os processos formais Interacção social • Textos e respectivas pistas de exploração
de interacção social. (pp. 114-136).
Grupos sociais
• Analisar as diferentes tipologias de grupos. • Esquemas e textos-síntese (pp. 114-136).
• Perspectivar a socialização como uma Papel social e estatuto social • Resumindo (p. 137).
aprendizagem permanente de papéis sociais.
• Verificação da aprendizagem (pp.138-139).
• Compreender a relação entre papel social
• Sociologia Aplicada (pp. 140-141).
e estatuto social.
Caderno de Actividades
Domínio das atitudes:
5 aulas
• Fichas formativas e sua resolução (pp. 34, 35 e 86-87).
• Respeitar a cultura de grupos diferentes.
• Teste de avaliação e sua resolução (pp. 37 e 87-88).

CD
• Transparência n.º 4.
• PowerPoint n.º 5 e 6.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 44 e 56).
• Filmes (pp. 25-31).
TEMA II – SOCIEDADE E INDIVÍDUO
UNIDADE 5 – INSTITUIÇÕES SOCIAIS E PROCESSOS SOCIAIS

FIO CONDUTOR: A necessidade de controlo social e o seu exercício, através das instituições sociais, como condição de reprodução social, constitui a reflexão indis-
pensável desta unidade.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Analisar o processo de reprodução e mudança Ordem social e controlo • Textos e respectivas pistas de exploração
social. social (pp. 142-166).
• Perspectivar o controlo social como condição • Esquemas e textos-síntese (pp. 142-166).
Instituições sociais
de reprodução social.
• Resumindo (p. 167).
Reprodução e mudança social
Domínio das atitudes: • Verificação da aprendizagem (pp.168-169).
• Reflectir sobre a necessidade de integração • Sociologia Aplicada (pp. 170-171).
social.
Caderno de Actividades
9 aulas
• Fichas formativas e sua resolução (pp. 43, 45 e 88-89).
• Teste de avaliação e sua resolução (pp. 46 e 89).

CD
• PowerPoint n.º 7 e 8.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 46 e 57).
• Filmes (pp. 25-31).
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TEMA III – OS PROCESSOS DE REPRODUÇÃO E MUDANÇA NAS SOCIEDADES ACTUAIS


UNIDADE 6 – GLOBALIZAÇÃO

FIO CONDUTOR: Num mundo cada vez mais global, os modelos sociais massificam-se/diversificam-se. A aprendizagem e a reflexão crítica desse fenómeno é um
contributo para a inserção responsável dos jovens, num mundo em acelerada mudança.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Compreender a complexidade do fenómeno Fenómeno da globalização • Textos e respectivas pistas de exploração
da globalização. (pp. 173-194).
Consumo e estilos de vida
• Compreender as mudanças sociais que • Esquemas e textos-síntese (pp. 173-194).
a globalização implica. • Resumindo (p. 195).
Ambiente – riscos
• Compreender a necessidade de políticas e incertezas • Verificação da aprendizagem (pp.196-197).
globais na gestão das questões globais.
• Sociologia Aplicada (pp. 198-199).
Domínio das atitudes:
Caderno de Actividades
• Desenvolver competências de cidadania.
• Fichas formativas e sua resolução (pp. 52, 53 e 90). 9 aulas

• Teste de avaliação e sua resolução (pp. 54 e 90-91).

CD
• Transparências n.º 5, 6 e 7.
• PowerPoint n.º 9 e 10.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 48 e 58).
• Filmes (pp. 25-31).
TEMA III – OS PROCESSOS DE REPRODUÇÃO E MUDANÇA NAS SOCIEDADES ACTUAIS
UNIDADE 7 – FAMÍLIA E ESCOLA

FIO CONDUTOR: Compreender a acção de socialização dos agentes Família e Escola na reprodução/transformação sociais é fundamental numa sociedade em
mudança.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Compreender o papel da escola e da família Família • Textos e respectivas pistas de exploração
na reprodução e mudança sociais. (pp. 200-228).
Escola
• Compreender novas formas de organização • Esquemas e textos-síntese (pp. 200-228).
familiar. • Resumindo (p. 229).
Domínio das atitudes: • Verificação da aprendizagem (pp.230-231).
• Desenvolver atitudes críticas relativamente • Sociologia Aplicada (pp. 232-233).
ao papel da família e escola
na reprodução/mudança social. Caderno de Actividades
• Fichas formativas e sua resolução (pp. 61, 63 e 91-92). 9 aulas

• Teste de avaliação e sua resolução (pp. 65 e 92-93).

CD
• Transparência n.º 4.
• PowerPoint n.º 11 e 12.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 50 e 59).
• Filmes (pp. 25-31).
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18

TEMA III – OS PROCESSOS DE REPRODUÇÃO E MUDANÇA NAS SOCIEDADES ACTUAIS


UNIDADE 8 – DESIGUALDADES E IDENTIDADES SOCIAIS

FIO CONDUTOR: A compreensão das diferentes formas de estratificação social e a reflexão sobre as desigualdades sociais delas decorrentes, na perspectiva de uma
sociedade em mudança, em que a inclusão é um valor de referência, constitui o objectivo desta unidade.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: Manual


• Compreender o fenómeno da desigualdade Classes sociais, mobilidade • Textos e respectivas pistas de exploração
e das identidades sociais. social e movimentos sociais (pp. 234-290).
• Esquemas e textos-síntese (pp. 234-290).
Domínio das atitudes: Migrações, identidades
culturais e etnicidade • Resumindo (p. 291).
• Desenvolver capacidades de observação,
questionamento e análise da realidade social. • Verificação da aprendizagem (pp. 292-293).
Género e identidades sociais
• Desenvolver competências de cidadania. • Sociologia Aplicada (pp. 294-295).
Pobreza e exclusão social
Caderno de Actividades
• Fichas formativas e sua resolução (pp. 74, 76 e 93-95). 20 aulas

• Teste de avaliação e sua resolução (pp. 78, 95-96).

CD
• Transparências n.º 8, 9 e 10.
• PowerPoint n.º 13 e 14.

Caderno de Apoio ao Professor


• Testes e sua resolução (pp. 52 e 60).
• Filmes (pp. 25-31).
TRABALHO FINAL

FIO CONDUTOR: A aplicação das estratégias de investigação e técnicas convenientes, o recurso aos conceitos e conhecimentos adquiridos e a reflexão sobre a reali-
dade social será a finalidade do trabalho.

RECURSOS DIDÁCTICOS CALENDARIZAÇÃO


OBJECTIVOS CONTEÚDOS (sugerida no programa
DISPONIBILIZADOS homologado)

Domínio cognitivo: CD
• Analisar aspectos/casos da realidade social. Todos os do programa • PowerPoint n.º 15.
• Aplicar algumas técnicas de pesquisa
Caderno de Apoio ao Professor
sociológica mais comuns na análise
da realidade social. • Proposta de trabalho de pesquisa final
(pp. 35-37).
Domínio das atitudes:
• Desenvolver capacidades de observação,
questionamento e análise da realidade social.
• Desenvolver competências de cidadania.
14 aulas
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III – MÓDULO INICIAL

1. Considerações iniciais

Tendo em conta que a curiosidade e a motivação são pilares que podem sustentar a iniciação da
aprendizagem de uma nova disciplina, mas não esquecendo que essa abordagem deverá já conter alguns
dos conceitos e metodologias específicas da Sociologia, será de pôr toda a atenção na estruturação do
módulo inicial.

Na escolha das propostas que apresentamos, fomos particularmente sensíveis a algumas ideias conti-
das no Programa de Sociologia.

Pág. 2 – Ora, a complexidade das sociedades actuais – industrializadas, multiculturais e em perma-


nente mudança – exige dos seus membros uma constante adaptação às transformações que ocorrem a
todos os níveis – económico, social e cultural – e, por outro lado, que sejam capazes de tomar decisões de
uma forma autónoma e criativa.

Pág. 10 – Deste modo, sem pretender que os alunos adquiram e aprofundem conhecimentos pró-
prios de estudos de nível superior, as sugestões metodológicas vão no sentido de que os alunos se aperce-
bam do que é a Sociologia, colocando-os no papel do sociólogo, enfrentando com ele os problemas a que
este pretende dar resposta, acompanhá-lo naquilo que ele faz, na tentativa – sempre precária e sempre
fascinante – de decifrar os enigmas da vida em sociedade.

Pág. 11 – Nesse sentido, privilegiam-se os seguintes procedimentos na leccionação do programa:


Observação – pretende-se que se incentive os alunos a observar cenas do quotidiano… por forma a
aperceberem-se da importância da observação na construção de um «olhar sociológico» sobre a realida-
de social.
Pesquisa documental – … fontes de informação veiculadas em diferentes suportes, tais como livros,
imprensa, dados estatísticos, audiovisuais e Internet.
Entrevistas e inquéritos por questionário – …
Tratamento e organização da informação – …
Apresentações e debates – …

2. Algumas propostas de trabalhos para o módulo inicial

Uma das primeiras condições a considerar será a necessária adequação do trabalho proposto aos
interesses e características dos alunos – ponto de partida para qualquer trabalho de investigação,
segundo a metodologia do trabalho de projecto (metodologia recomendada para o trabalho final ).

Não sendo possível cumprir este requisito fundamental, visto que só o professor com a sua turma o
poderá fazer, arriscamos, todavia, a apresentação de algumas propostas que poderão constituir um ponto
de partida para o estudo da Sociologia.

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Sugerimos seis possibilidades, qualquer delas motivante, na nossa opinião, para o início desta nova
disciplina.

Proposta A – Discussão de uma afirmação «provocatória».


Proposta B – Visionamento de um filme com debate «sociológico».
Proposta C – Realização de um pequeno trabalho de pesquisa sobre comportamentos dos jovens.
Proposta D – Realização de um estudo monográfico simples.
Proposta E – Simulação e sua análise sociológica.
Proposta F – Observação de comportamentos sociais.

Qualquer das propostas deverá constituir sempre uma primeira abordagem em que o que se pretende é:

– o reconhecimento da complexidade do social;


– o confronto com o senso comum;
– a necessidade de ter uma estratégia de investigação;
– o contacto com algumas das técnicas mais usuais na pesquisa;
– a identificação de alguns conceitos básicos.

Proposta A – Discussão de uma afirmação «provocatória»

Produto de uma sociedade com os seus preconceitos, estereótipos, representações e modelos que
enformam a acção social, o jovem é levado a pensar de acordo com o senso comum. No primeiro con-
tacto com a realidade social, o aluno poderá ser confrontado com questões importantes da vida social,
sensibilizando-se, numa primeira análise, para a ruptura com essa forma de conhecimento não cien-
tífico.
No início da sessão, o professor esclarecerá o que vai fazer, devendo definir com os alunos algumas
regras básicas para a condução do debate, como «não interromper o colega»…
O professor poderá proferir a frase mas será mais conveniente escrevê-la no quadro para que a
provocação seja constante e para que o aluno a possa reler, encontrando novos argumentos a favor ou
contra.
Exemplos: «As mulheres não devem ocupar cargos de chefia, a não ser em casa!»
«A geração actual é rasca!»
«Cada macaco no seu galho!»
«No meu tempo é que era bom!»

A discussão poderá começar com uma votação a favor ou contra, devendo, em seguida, organizar-se
dois grupos defensores de cada uma das posições votadas.

Cada grupo deverá encontrar argumentos para defender a sua tomada de posição.
Em seguida, haverá a apresentação dos argumentos dos respectivos grupos.
Por fim, iniciar-se-á o debate de ideias.

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Deverá haver um mediador que exija o cumprimento das regras definidas no início dos trabalhos. No
final, o professor apresentará uma súmula dos argumentos e contra-argumentos, daquilo que é senso
comum, do que deverá ser o procedimento do cientista do social face ao seu objecto de estudo, do que pode
estar «por detrás» das ideias apresentadas pelos alunos, etc., não devendo nunca tomar posição, apenas escla-
recer que qualquer das posições tomadas deverá ser devidamente estudada de acordo com requisitos pró-
prios de uma investigação objectiva. Não interessa tirar conclusões sobre a frase em si, mas despertar
a curiosidade sobre a problemática social e a forma de a estudar.

Independentemente das conclusões a que se chegue, certamente, será possível concluir que:
– o social é complexo;
– o social não é tão penetrável como parece à partida;
– o cientista vive numa sociedade e é um seu produto;
– o social exige uma atitude metodológica própria;
– o que se julga saber pode não ser o correcto, o que implica a ruptura antes da construção dos novos
saberes.

Proposta B – Visionamento de um filme com debate sociológico

Após o visionamento do filme, pede-se aos alunos que relatem o seu conteúdo, sob o ponto de vista do
espectador «comum».

Em seguida, o professor poderá orientar a exploração do filme segundo a perspectiva sociológica – a


acção social decorre segundo modelos culturais, normas, valores…
Encontrar a estrutura e a acção sociais, relacioná-las e identificar o sentido da acção, poderá ser uma
forma de motivação para o estudo do social.

Mais uma vez, chamamos a atenção para o facto de que o que se pretende não é «dar matéria» mas
sensibilizar o estudante para a necessidade da busca do conhecimento por detrás do que parece óbvio, para
além do que já foi referido anteriormente.

O professor poderá até apresentar o programa com base nos diversos conceitos que, certamente, o filme
incluiu, mostrando que a Sociologia estuda o quotidiano dos indivíduos, segundo uma determinada pers-
pectiva metodológica.

Proposta C – Realização de um pequeno trabalho de pesquisa sobre


comportamentos dos jovens

Esta proposta inclui a aprendizagem da técnica do inquérito por questionário ou da entrevista que o
professor poderá, em traços práticos, ensinar.

Pretende-se que os alunos, com base num tema que lhes pareça interessante analisar, comecem a prati-
car. Uma vez identificado o tema (suponha que os alunos estão interessados em compreender o comporta-
mento do consumo de álcool pelos jovens), o professor ajudará os alunos na elaboração dos inquéritos e
tratamento dos dados.

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Questões como as seguintes podem ser incluídas num pequeno inquérito:
– quem consome (H/M, idade, grau de instrução, zona de residência…)
– porque consome (por causa dos outros com quem sai, gosta, fica descontraído…)
– com que idade começou a beber (…)
– onde consome (bares, discotecas…)
– com quem (amigos, sozinho…)
– consequências (…)
– tem consciência de como fica depois de beber (sim, não)
– os pais sabem (sim, não)
–…

O aluno poderá, igualmente, recolher depoimentos de outros indivíduos para enriquecer o seu trabalho.

O tratamento da informação obtida segundo uma perspectiva sociológica e a apresentação das conclu-
sões com base em suportes informáticos, como o Excel ou o PowerPoint, podem ser bastante motivantes
para os alunos.

A apresentação poderá ser feita em sessão aberta à escola, convidando-se um médico, um psicólogo,
etc., para enriquecer o debate e proporcionar à escola informação sobre um comportamento de risco.

Com este pequeno trabalho de investigação de um comportamento da juventude poderemos ter um


bom ponto de partida para a apresentação da disciplina dado o envolvimento dos alunos e contribuir para a
formação para a cidadania.

Em termos gerais, podemos afirmar que este trabalho tem como objectivos, mais uma vez:
– verificar a complexidade do comportamento social;
– constatar que a Sociologia estuda os comportamentos sociais;
– começar a construir e utilizar instrumentos de pesquisa sociológica;
– reconhecer a necessidade de trabalhar com uma amostra;
– tratar a informação recolhida;
– apresentar as conclusões com clareza;
– despertar o interesse por outros problemas sociais.

Certamente que não possuindo ainda o suporte conceptual necessário para interpretar os dados socio-
logicamente, o aluno ficará, contudo, com uma noção de prática social e sua relação com categorias
sociais (finalidade da pesquisa sociológica).

Proposta D – Realização de um estudo monográfico simples (História de família)

O levantamento da história da sua família exigirá que o aluno conheça, de uma maneira prática,
a técnica da entrevista e a análise de conteúdo.

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O aluno poderá organizar um dossier com a informação recolhida relativamente a (o):
– representação genealógica da família;
– identificação de cada membro;
– percurso de vida de cada membro;
– escolaridade / profissões / idade do casamento / número de filhos…

O estudo deverá constatar a mudança de estilo de vida de algumas gerações e encontrar alguns facto-
res explicativos.

Será, naturalmente, um ponto de partida para a motivação e não um trabalho final. O aluno terá, igual-
mente, conhecido uma técnica de pesquisa sociológica e reflectido sobre algumas situações que irá estudar
durante o ano. Conceitos como os de papel social, estatuto, mudança social etc., foram identificados.

Proposta E – Simulação e sua análise sociológica

Propõe-se a um grupo de alunos que representem uma determinada cena (pedido de autorização aos
pais de dois jovens irmãos – rapaz e rapariga – para irem acampar com os amigos uma semana de férias).
Cada aluno da equipa representará um dos papéis, escolhendo o diálogo.

As situações mais representativas serão registadas pelo professor que, no final, fará a síntese referindo
que os papéis sociais (pai, mãe, filho, filha…) se encontram como que impostos pela sociedade, etc.
As características dos factos sociais poderão ser apresentadas aos alunos, iniciando-se um percurso pelos
diferentes pontos do programa.

Proposta F – Observação de comportamentos sociais

Sendo a observação uma das etapas primeiras da pesquisa sociológica, seria interessante que os alunos
registassem alguns comportamentos sociais. Uma ida a um centro comercial pode ser uma sugestão. Os
alunos deverão registar o dia e a hora da sua observação; quem frequenta o centro (homens, mulheres,
idades…), poderão inclusive fazer algumas perguntas sobre as razões da deslocação dos inquiridos ao cen-
tro, etc.
O aluno poderá deslocar-se a uma outra hora ou num outro dia para novas observações e registos.

As conclusões serão apresentadas em suporte informático. O interesse deste trabalho estará no exercício
de uma actividade de investigação em que o observador se terá de colocar objectivamente e sem preconcei-
tos ou representações. O professor, antes da observação e na altura do tratamento da informação recolhida,
deverá levantar as questões epistemológicas mais prementes à investigação e analisá-las com os alunos,
procurando alertá-los para os requisitos da pesquisa em ciências sociais.
Outras situações facilmente observáveis podem ser:

– utilização dos transportes públicos, a várias horas;


– clientes–tipo de um supermercado, por exemplo.

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IV – MATERIAL PARA EXPLORAÇÃO NAS AULAS

1. Filmes – guiões de exploração


1.1 O Menino Selvagem

O MENINO SELVAGEM De François Truffaut, 1969, 90 minutos

Filme antigo do excelente realizador francês François Truffaut, já falecido, relata com grande rigor docu-
mental a história verídica de um jovem encontrado na floresta de Aveyron, em 1789, em estado «selvagem».
Provavelmente abandonada ainda muito jovem, a criança, «socializada pelos membros do seu grupo de perten-
ça», demonstra o que foi adquirindo na floresta com os outros animais – a sua postura, tipo de alimentação,
gostos, sentidos…
Quando o jovem é encontrado e levado para casa do Dr. Itard, discute-se se o seu atraso é cultural, biológico
ou mental. O programa de integração desenvolvido pelo Dr. Itard dá-nos a resposta. Victor, nome dado ao
jovem, morre com cerca de 40 anos e a sua autópsia confirma a opinião do seu tutor.
Os alunos acompanham com grande interesse as etapas pelas quais o jovem «selvagem» se vai aproximando
dos padrões comportamentais «normais» e compreendem a socialização como um processo indispensável
de integração social.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.

TEMA: O Homem como ser biocultural

O filme que acabou de ver baseou-se numa história verídica: a de uma criança «selvagem» encontrada
num bosque, perto de Paris, a quem foi, posteriormente, transmitida a cultura dos «humanos».

Responda às seguintes questões:

1 – Caracterize a forma de andar, de beber, de comer e de se defender do «menino selvagem».


2 – Por que razão se chamou ao jovem encontrado na floresta «menino selvagem»?
3 – Indique alguns dos primeiros ensinamentos culturais transmitidos ao «menino selvagem».
4 – Quando Victor produziu o seu primeiro artefacto, o porta-giz, o menino selvagem transformou-se
num ser biocultural. Porquê?
5 – Indique mais dois comportamentos evidenciados por Victor que permitam afirmar que ele já era um
ser cultural.
6 – Comente a seguinte afirmação: «O Homem é um produto e um produtor de cultura.»
7 – Debata no seu grupo de trabalho ou na turma em plenário, as consequências sociais e pessoais de
um desenvolvimento fora das normas sociais vigentes.

Ideias-chave para a exploração do filme:


Fenómeno social total – socialização – comportamentos – cultura – padrões de cultura – grupo de pertença
– integração social – ser biossociocultural.

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1.2 O Clube dos Poetas Mortos

O CLUBE DOS POETAS MORTOS De Peter Weir, 1989, 128 minutos

John Keating é um professor pouco convencional para o ambiente conservador da Academia Welton, famoso
colégio frequentado por uma certa elite. Através do gosto pela poesia que consegue passar aos alunos, estimula-os
a pensar por si, contra os modelos culturais dominantes, e a lutar pela consecução dos seus projectos de vida.
O filme relata a história de um jovem estudante que ambiciona um projecto de vida diferente daquele que os
seus pais desenharam para si, ao interná-lo naquela escola tão convencional.
A presença do professor Keating, com as suas práticas contrárias aos modelos da escola e dos pais dos alunos,
vem gerar um ambiente propício à mudança e à realização dos sonhos do jovem que se afastam daqueles que os
pais almejaram e pelos quais se sacrificaram.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.

Ideia-chave para a exploração do filme:


Após o visionamento do filme, o aluno poderá responder ao seguinte questionário, procurando
debater/reflectir sobre uma das ideias-base em que toda a acção se estrutura – a escola é um factor de repro-
dução social ou um factor de mudança?

O filme conta-nos a história de um jovem vítima de um conflito entre agentes de socialização que o leva
ao suicídio.
Vamos analisar sociologicamente o problema.

1 – Defina o ambiente social da escola e dos alunos que a frequentam:


 Convencional  Tradicional
 Elitista  Revolucionário
 Rígido  Informal

2 – Os quatro pilares (tradição, honra, disciplina e excelência) referidos pela Direcção podem ser con-
siderados valores norteadores da acção de socialização da escola? Justifique a sua resposta.

3 – Defina a relação que o jovem aluno que queria ser actor, tinha com o pai.
 Tolerante  De obediência
 Dialogante  Repressiva
 Conflituosa  Rígida
4 – Como classifica os quatro pilares defendidos pelos alunos em relação aos da escola? (A partir desta
questão, o debate só se poderá realizar mais tarde.)

5 – Classifique a norma Carpe Diem defendida pelo professor em relação ao modelo cultural da escola.
Justifique a sua resposta.

6 – Descreva sociologicamente o dilema sentido pelo jovem actor.

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7 – Como classifica o suicídio do jovem actor (tendo em conta a tipologia de Durkheim)?

8 – Os alunos que fizeram renascer o «Clube dos Poetas Mortos» constituíam um grupo. Explique
porquê.

9 – A expulsão do professor da escola constitui uma forma de controlo social? Justifique a sua resposta.

10 – Retire do filme situações que justifiquem que a família e a escola são agentes de socialização
encarregados de incutir/difundir a cultura dominante.

1.3 Billy Elliot

BILLY ELLIOT De Stephen Daldry, 2000, 111 minutos

Como se pode ler na sinopse do filme, o jovem Billy Elliot, pertencente a uma comunidade operária, Durham,
deseja aprender ballet, actividade que o fascinou desde que assistiu a uma aula. O pai, mineiro, insiste em que o
jovem aprenda boxe, actividade que ocupa muitos dos trabalhadores daquela localidade.
O jovem vê-se, naturalmente, confrontado com a pressão social da comunidade, mas consegue, finalmente,
realizar o seu sonho e ingressar no Royal Ballet.
O filme acompanha os sonhos do jovem Billy Elliot, que ambiciona uma aprendizagem e carreira contestadas
pelos modelos culturais daquela comunidade «conservadora» e fechada. Preconceitos, estereótipos e fortes represen-
tações sociais acerca da opção do jovem perpassam toda a acção do filme que o aluno, com facilidade, identificará.
Pela delicadeza da abordagem que o realizador imprime ao filme, este é um bom momento de reflexão contra
a estereotipia social.
O final do filme justifica a luta contra os preconceitos e os modelos sociais opressivos que negam a mudança e
a realização pessoal.
Unidades: 3, 4, 5, 7 e 8.

Ideias-chave para a exploração do filme:


Análise em grupo, em que se pretende que o aluno compreenda toda a engrenagem que sustenta o funcio-
namento daquela comunidade – actividade económica dominante, profissões, papéis sociais, estatutos, ocupa-
ção dos tempos livres, socialização com base nos valores da comunidade, papel da mãe no acompanhamento
do jovem, a ordem social e as instituições ao seu serviço, mas também a amizade, a luta por um estatuto dife-
rente e a mudança são alguns dos elementos a identificar.

Na sequência da discussão ou debate, poder-se-á propor aos alunos a procura de outros casos de obstá-
culos criados a projectos de vida dos indivíduos devido à desadequação aos modelos vigentes. Mulheres que
desejaram profissões culturalmente destinadas aos homens (no início do séc. xx, era difícil uma mulher
estudar medicina, por exemplo), jovens que desejam seguir carreiras consideradas «femininas», mulheres
muçulmanas que desejam estudar e seguir carreiras profissionais…

Estes estudos poderão constituir o ponto de partida para uma Semana da Mudança a dinamizar na
escola.

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1.4 Filadélfia

FILADÉLFIA De Jonathan Demme, 1993, 125 minutos

Este filme pode ser projectado no sentido de levantar questões de natureza social, racial, sexual e moral.
Trata da história de um advogado que contrai SIDA e que é despedido da firma onde trabalha. Desde o momento
da suspeita por parte dos seus patrões até ao final, o jovem advogado é confrontado com todo o tipo de pressões
sociais pela sua doença, mas também pela sua ligação sentimental a outro homem. Passado em Filadélfia, cidade que
dá o nome ao filme, assistimos também a questões de discriminação racial. Com uma banda sonora bem conhecida,
os alunos acompanharão com interesse o desenrolar da acção.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

Ideias-chave para a exploração do filme:


No final, poder-se-á realizar um debate que assente nas seguintes ideias:
– a ignorância como factor de discriminação;
– a tolerância como prática de inclusão;
– os desvios de hoje, a aceitação de amanhã;
– o racismo não tem cor.

1.5 Cidade de Deus


CIDADE DE DEUS De Fernando Meirelles, 2002, 95 minutos

Do realizador brasileiro Fernando Meirelles e interpretado por alguns jovens moradores nas favelas das gran-
des cidades brasileiras, este filme é um excelente documentário sobre o submundo e a subcultura das favelas,
sendo a história verídica.
Socializados num ambiente de pobreza e exclusão, os jovens da «Cidade de Deus», construída nos anos 60
para realojar famílias vítimas de inundações e outras tragédias, crescem num ambiente específico cujos valores
baseados no desvio, na força e na violência conduzem a uma escalada de destruição e morte sem controlo – «Já
fumei, já cheirei, já roubei e já matei!» é a senha para a realização de tarefas ainda mais condenáveis.
O jovem fotógrafo Busca Pé é o produto dessa cultura. Poderá ele também provocar alterações nessa realidade
social? Mesmo usando do seu livre arbítrio e da sua vontade de mudar, poderá alterar a vida da comunidade a que
pertence?
O filme é um óptimo documento sobre socialização, valores, modelos, práticas sociais, (sub)culturas, grupos e
suas características, ordem social… O facto de os jovens artistas serem conhecedores da realidade que interpretam
pode fornecer informação relevante para a condução do filme. Após o visionamento do filme, os alunos poderão
descrever o percurso de socialização dos jovens daquela comunidade em comparação com a sua e procurar rela-
cionar esse percurso com as práticas vividas. Os alunos poderão ainda relacionar o conhecimento daquela realida-
de social com as técnicas de pesquisa sociológica que os jovens intérpretes do filme puderam utilizar e assim
abordar a problemática da investigação. Para um trabalho de integração de grupos de risco, poder-se-ão estudar
outros casos em que o tipo de socialização antecipe situações de exclusão. Os alunos poderão interessar-se por
situações marginais e pelo seu combate.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

Ideias-chave para a exploração do filme:


Todos somos o produto de um certo modelo de socialização, mas também somos seres de liberdade que,
com as «armas» certas (educação, formação, apoio, oportunidades…), podemos contrariar a exclusão. Wilson
Rodrigues, aliás Busca Pé, é disso a nossa esperança. O resto continuará, se nada for feito para mudar!

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1.6 Gato Branco, Gato Preto

GATO BRANCO, GATO PRETO De Emir Kusturica, 1998, 129 minutos

Filme de grande acção e dinamismo revelador da cultura cigana num país em tempos de mudança.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

O aluno encontrará traços e complexos comportamentais próprios de uma comunidade cigana, retra-
tados em tom de comédia.

Ideias-chave para a exploração do filme:


A sua discussão posterior poderá permitir aos alunos um bom exercício de combate ao seu etnocentrismo
cultural, reconhecendo a diversidade cultural.

1.7 O Ódio
LA HAINE (O ÓDIO) De Mathieu Kassovitz, 1995, 95 minutos

O ódio é um sentimento que se apodera de um bairro da periferia de Paris. Um dia, na sequência de conflitos
violentos com a Polícia, três jovens amigos, cegos pelo ódio ao sistema francês vão viver acontecimentos que mar-
carão esse dia…
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

Ideias-chave para a exploração do filme:


Racismo, xenofobia, preconceitos, imigração, minorias étnicas, etnicidade, exclusão social, solidariedades,
conflitos sociais, repressão social.

1.8 Zona J

ZONA J De Leonel Vieira, 1998, 89 minutos

Os projectos de vida de um grupo de adolescentes cujos pais vieram de Angola não parecem muito optimistas.
Os filhos e filhas dos trabalhadores que vivem na Zona J da cidade de Lisboa não têm uma vida fácil. Um deles é
Tó, um jovem angolano, que se apaixona por uma rapariga portuguesa. As dificuldades de integração social dos
jovens africanos são variadas.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

Ideias-chave para a exploração do filme:


Fenómeno social total, socialização, valores sociais, culturas, diversidade cultural, subculturas, comporta-
mentos desviantes, racismo, xenofobia, preconceitos, imigração, minorias étnicas, etnicidade, exclusão social,
solidariedades, conflitos sociais, repressão policial, integração social.

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1.9 Outras sugestões de filmes para análise

O FIEL JARDINEIRO De Fernando Meirelles, 2005, 123 minutos

Algures no Quénia, uma activista dos direitos humanos foi encontrada morta. Embora as primeiras pistas
indiciem que se tratou de um crime passional, uma investigação mais aprofundada vai evidenciar o poder das
grandes empresas transnacionais e a utilização de seres humanos de países em desenvolvimento para testes.
Unidades: 3, 4, 5, 6 e 8.

A RAPARIGA DO CAFÉ De David Yates, 2005, 94 minutos

Recriação de uma Cimeira do G8. História de amor, com sentido de humor, ocorrida durante uma Cimeira do
G8 (G7 e Rússia), na Islândia.
Unidades: 5, 6 e 8.

O PESADELO DE DARWIN (Documentário) De Hubert Sauper, 2004, 107 minutos

Na Tanzânia, na década de 1960, no lago Vitória, com a finalidade de se realizar uma experiência científica, foi
introduzida a perca do Nilo, peixe muito voraz, que dizimou as espécies autóctones, originando uma catástrofe
ecológica. Porém, este desastre ambiental vai proporcionar o sucesso de uma importante indústria de exportação
da carne deste peixe. Vários actores sociais vão protagonizar um drama num mundo globalizado.
Unidades: 5, 6 e 8.

RAINHAS (Reinas) De Manuel Gómez Pereira, 2005, 107 minutos

Aborda a homossexualidade, os códigos sociais, os estereótipos, os papéis sociais e a mudança de mentalida-


des, a partir de uma história, com sentido de humor, em que se fazem os preparativos para o casamento de um
conjunto de casais gay.
Unidades: 7 e 8.

TERRA FRIA De Niki Caro, 2006, 126 minutos

Uma mãe solteira com dois filhos consegue emprego na sua cidade natal no Minnesota (EUA) numas minas
de ferro, sendo uma das poucas mulheres a trabalhar nesta actividade ao lado dos homens. Porém, vai sofrer o
assédio sexual dos seus colegas de trabalho, tendo de recorrer à justiça.
Unidades: 4, 5 e 8.

O SORRISO DE MONA LISA De Mike Newell, 2003, 117 minutos

Uma professora recém-formada dá aulas de História de Arte numa conceituada escola de uma cidade conser-
vadora dos EUA. Opõe-se aos valores e códigos tradicionais e luta contra as normas vigentes, influenciando as
alunas.
Unidades: 3, 4, 5, 7 e 8.

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AS VIRGENS SUICIDAS De Sofia Coppola, 2000, 97 minutos

Na década de 1970, num bairro de classe média de Michigan, um casal com cinco filhas (em que a mãe é
muito religiosa e o pai é professor de Matemática) vive o suicídio da menor de 13 anos. Após este drama, as rela-
ções com os rapazes são proibidas, originando o desvio às rígidas normas familiares.
Unidades: 3,4,5,7 e 8.

SALADE MAISON (Salata Baladi) De Nadia Kamel, 2005, 107 minutos

História muito bela e humana sobre a tolerância e a diversidade cultural, situada numa família do Egipto
actual.
Unidades: 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

LAND OF DEVIL (El País del Diablo) De Andrés Di Tella, 2008, 75 minutos

Na década de 1870, na Argentina, constrói-se um fosso entre o Atlântico e a Cordilheira dos Andes para deter
a ameaça dos índios. É um filme sobre o genocídio e etnocídio dos índios e sobre a construção da identidade de
uma nação.
Unidades: 3, 5 e 8.

THE RED RACE De Chao Gan, 2008, 70 minutos

Este filme trata dos efeitos físicos e psíquicos dos duros treinos a que crianças oriundas de meios pobres da
China se encontram sujeitas para concorrer e conquistar uma medalha de ouro nas competições desportivas.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.

SIDNEY POITIER, UM OUTSIDER EM HOLLYWOOD De Catherine Arnaud, 2008, 70 minutos

Filme sobre Sidney Poitier, o primeiro afro-americano a receber um Oscar, que encarnou a luta contra os pre-
conceitos racistas.
Unidades: 3, 4, 5 e 7.

De Nadia Conners, Leila Conners Petersen


A 11.ª HORA (Documentário)
e Leonardo DiCaprio, 2007, 95 minutos

Escrito e apresentado por Leonardo DiCaprio, aborda as mudanças climáticas e os seus efeitos à escala global.
São entrevistadas várias personalidades que alertam para as problemáticas ambientais e apresentam medidas para
minimizar esses efeitos.
Unidade: 6

31
2. Transparências – pistas de exploração

TRANSPARÊNCIA 1 O fenómeno social total

Com a projecção das duas situações o(a) aluno(a) poderá:


– caracterizar o meio natural específico de cada uma das situações (o professor poderá projectar
algumas imagens que caracterizem com mais pormenor o ambiente natural de cada uma das
situações);
– descrever o comportamento da bailarina (traje, cor, adornos, a exuberância...);
– caracterizar o comportamento do tuaregue (traje, objectos utilizados, cores, tenda...)
– relacionar as características do meio natural com os comportamentos sociais observados;
– indicar algumas ciências que possam contribuir, complementarmente, para a compreensão dos
comportamentos observados;
– referir a interdisciplinaridade como metodologia mais correcta para um estudo em profundidade;
– reconhecer a complexidade dos fenómenos sociais;
– reconhecer nos casos estudados o conceito de fenómeno social total;
– identificar padrões de cultura diferenciados.

TRANSPARÊNCIA 2 Características dos factos sociais

A família é uma instituição social em mudança. As suas funções, a divisão de tarefas, os papéis
sociais, o estatuto dos seus membros têm mudado no tempo e no espaço.
Ao comparar as duas famílias, pretende-se que o(a) aluno(a) seja capaz de:
– identificar alguns elementos socioculturais que permitam diferenciar as duas famílias (residência,
vestuário, adornos, arranjo do cabelo, estatuto dos seus membros, posição ocupada para a foto-
grafia…);
– indicar alguns valores e modelos sociais que tipifiquem as duas épocas;
– referir a família como um grupo;
– indicar algumas das suas funções;
– identificar algumas mudanças nas famílias;
– encontrar alguns factores que possam explicar as alterações encontradas;
– concluir que as situações sociais são variáveis no tempo e no espaço;
– encontrar as características dos factos sociais (exterioridade, coercitividade e relatividade) nas
imagens projectadas.

32
TRANSPARÊNCIA 3 Padrões de cultura

O(a) aluno(a), ao visualizar as imagens apresentadas, deverá ser capaz de:


– identificar vários padrões de cultura;
– reconhecer alguns traços e complexos de comportamentos em cada uma das imagens apresentadas;
– encontrar elementos materiais de cultura;
– relacionar alguns desses elementos encontrados com os respectivos elementos imateriais desses
padrões de cultura;
– distinguir algumas situações;
– referir-se a cada uma das imagens sem observações etnocêntricas;
– reconhecer a relatividade dos padrões de cultura.

TRANSPARÊNCIA 4 Grupos sociais, papéis e estatutos sociais

A projecção desta transparência permitirá que os alunos:


– identifiquem a existência de grupos;
– reconheçam os grupos primários;
– refiram as características dos grupos primários;
– distingam grupos primários de grupos secundários;
– identifiquem papéis e estatutos nas duas situações;
– reconheçam a multiplicidade de papéis e estatutos de cada indivíduo;
– relacionem papel e estatuto social com a especificidade do grupo e não com o indivíduo;
– reconheçam que a Sociologia tem por objecto as interacções sociais e não os indivíduos;
– definam o objecto da Sociologia.

TRANSPARÊNCIA 5 Globalização

Com a observação das figuras, o aluno pode verificar:


– o peso da Europa ocidental, da Ásia e dos EUA no comércio internacional;
– a importância das trocas inter-regionais no comércio regional;
– a concentração das trocas inter-regionais na Europa ocidental, Ásia e EUA;
– a importância das trocas intra-regionais nas trocas internacionais, com destaque para a Europa
ocidental (em que as trocas dentro da região representam mais de 50%, e das quais 42% se refe-
rem às trocas no espaço da UE);
– o peso da Europa ocidental nas exportações mundiais de serviços;
– a concentração do fenómeno da mundialização das trocas em três pólos: Europa ocidental, Ásia
e EUA.

33
TRANSPARÊNCIA 6 Globalização

Pretende-se que o aluno:


– identifique as regiões cujo PIB por habitante mais cresceu nos últimos 200 anos;
– relacione o crescimento do PIB por habitante no Japão, Europa ocidental, EUA, Austrália e Nova
Zelândia com a importância destas regiões no comércio internacional (Transparência 5);
– identifique os países mais desenvolvidos, de acordo com o IDH;
– identifique os países com menores e maiores desigualdades na distribuição dos rendimentos;
– relacione nível de desenvolvimento e nível de desigualdade na repartição dos rendimentos;
– reconheça grandes desigualdades de desenvolvimento no mundo;
– avalie a importância das trocas comerciais no crescimento do bem-estar e do nível de desenvolvi-
mento dos países que mais benefícios têm retirado da mundialização das trocas.

TRANSPARÊNCIA 7 Globalização/migrações

A análise dos mapas deverá permitir:


– identificar as regiões com maior nível de pobreza;
– registar a evolução verificada em 20 anos;
– identificar a África subsariana como a região onde a pobreza tem sido um fenómeno duradouro;
– identificar a Ásia como a região que tem registado maior redução do nível de pobreza;
– verificar o aumento da pobreza na Europa oriental, em resultado das grandes transformações
políticas e económicas registadas nestes países;
– identificar os EUA, a Europa e o Japão como as regiões onde se concentram o maior número de ricos;
– relacionar o crescimento económico (Transparência 6) com o nível de riqueza;
– registar as grandes desigualdades no mundo;
– verificar a relação entre mundialização das trocas (Transparência 5), crescimento e desenvolvi-
mento (Transparência 6) e desigualdades sociais (Transparência 7).

TRANSPARÊNCIA 8 Papéis sociais, família e género

A análise desta transparência deverá permitir:


– identificar formas de discriminação associadas ao género;
– analisar os papéis sociais associados aos géneros;
– reconhecer a construção social de género;
– questionar o papel dos meios de comunicação social na construção das representações sociais.

TRANSPARÊNCIAS 9 e 10 Desigualdades sociais

A análise destas transparências deverá permitir:


– identificar desigualdades sociais;
– definir classe social;
– relacionar classe social com estilo de vida;
– explicar o conceito modos de vida de pobreza;
– definir pobreza.

34
V – PROPOSTA DE TRABALHO DE PESQUISA FINAL

1. Proposta de orientação para o trabalho final


1.1 Introdução

O trabalho final proposto pelo Programa de Sociologia deverá constituir um momento em que o
estudante, na posse de um quadro conceptual de análise e do conhecimento teórico de alguns métodos de
pesquisa sociológica e de alguns instrumentos de recolha de informação, possa passar da teoria à prática,
demonstrando «ser sociólogo».

A metodologia sugerida, a do trabalho de projecto, implica que a selecção do tema ou problema a estu-
dar, por parte do aluno, respeite a sua motivação ou interesse específico.

Todavia, sabemos que, muitas vezes, o professor é chamado a orientar a selecção dos temas ou a ajudar
na sua identificação. Assim, o docente, tendo em conta que o que se pretende em qualquer situação peda-
gógica é também a formação para a cidadania, poderá conduzir a escolha do tema para problemas que
levem o aluno a reflectir sobre alguns aspectos da prática social em que este é também actor.

Assim, o professor deverá, em nossa opinião, orientar a escolha do tema, tendo em conta os seguintes
aspectos:
– a liberdade que assiste ao aluno;
– a formação para a cidadania;
– a utilização dos conteúdos adquiridos;
– a articulação teoria/prática.

1.2 Guião genérico


I – Identificação do tema/problema/objecto de estudo
Formulação da pergunta de partida
O que vai estudar? O que vai pesquisar?

II – Procura de informação para exploração do problema a estudar


Com base em que elementos informativos?
– Dados estatísticos
– Informação bibliográfica
– Valores recolhidos em inquéritos
– Elementos retirados de entrevistas
– Informação recolhida por observação participante
– Elementos contextuais (natureza, arquitectura, vestuário…)
– Outros elementos necessários.

III – Selecção e análise da informação recolhida


O que é que já tem para avançar?

35
Nem toda a informação disponível será relevante para o trabalho a realizar…
A informação seleccionada e os conhecimentos que os alunos têm da matéria que estudaram ao
longo do ano permitirá estabelecer um quadro teórico para a continuação dos trabalhos.

IV – A construção
Definição de hipóteses explicativas.
Qual a relação entre as informações obtidas e os conceitos seleccionados?

V – A observação
Para testar a hipótese explicativa, será necessário mais informação.
Que informações? Qual o novo campo de observação? Que técnicas utilizar?

VI – Análise das informações


Tratamento dos dados recolhidos. Procura de significados.
Qual a relação entre os dados recolhidos e a hipótese definida atrás ?

VII – Conclusões
A hipótese confirma-se? Chegou-se a uma explicação para o problema?
Não se confirma? Redefinição de novas hipóteses ou de novos procedimentos.

Apresentação das conclusões


A apresentação dos trabalhos poderá ser feita em plenário.
Seria desejável que as conclusões possam levar os jovens a reflectir sobre as práticas sociais estuda-
das, no sentido da sua correcção, se for o caso. Teríamos, então, aliado o estudo do problema a uma
eventual educação para a cidadania.

Desejamos um BOM TRABALHO!

2. Proposta de um trabalho sobre os comportamentos de risco


na adolescência

Como possível tema de trabalho sugerimos «Comportamentos de risco na adolescência/Estilos de


vida», associados a comportamentos/consumos de risco, ou seja, comportamentos ligados à doença, aos aci-
dentes e à violência. Assim, comportamentos ligados ao consumo de tabaco, de álcool, de estupefacientes,
comportamento sexual de risco, não cumprimento de regras de trânsito, excesso de velocidade, constituem
exemplos de possíveis objectos de estudo.
O estudo destes temas permitirá, não só conhecer uma realidade próxima dos jovens, mas, também,
poderá servir de suporte a acções, a realizar no âmbito escolar, de promoção de estilos de vida saudáveis.
Os comportamentos de risco na adolescência deverão ser investigados em função do género, da classe
social e da etnia. Dependem do processo de construção social das masculinidades e das feminilidades nos con-
textos sociais em que se desenvolvem, pois a forma de se ser rapaz (homem) ou de se ser rapariga (mulher)
tem variado ao longo do tempo, difere de sociedade para sociedade e dentro da mesma sociedade assume for-
mas diferentes consoante a classe social e a etnia. O determinismo biológico não explica as diferentes atitudes e
comportamentos dos rapazes e das raparigas.

36
Os estudos de género, surgidos na década de 1970, foram sendo alargados a vários fenómenos sociais
associados aos movimentos gay e às minorias étnicas dando origem a investigações sobre as masculinida-
des e feminilidades em diversos contextos sociais. O objecto de estudo já não é universal.

O tema do trabalho proposto – os comportamentos de risco na adolescência – centra-se nas formas


como são construídas as feminilidades e as masculinidades em diferentes contextos, procurando eviden-
ciar comportamentos de risco associados a esse processo.
De acordo como o INE (Instituto Nacional de Estatística), em Portugal, entre 1992 e 2000, no grupo
etário compreendido entre os 15 e os 24 anos registaram-se 7352 mortes por causas externas, das quais
83% eram rapazes.
Pretende-se que os alunos e as alunas, ao investigarem os comportamentos de risco associados aos pro-
cessos de construção das feminilidades e das masculinidades, reflictam acerca das conclusões destes «estu-
dos empíricos» e promovam debates sob a orientação do professor.
Como suporte documental juntamos a bibliografia seguinte e alguma informação disponibilizada na
Internet pelo Ministério da Saúde (Inquérito Nacional de Saúde 1995/96; 1998/99 e 2005/2006) e pela
Secretaria de Estado da Juventude (Observatório Permanente da Juventude).
• Miguel Vale de Almeida, Senhores de Si. Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade, Lisboa, Fim
de Século.
• Lígia Amâncio (organizadora), Aprender a Ser Homem. Construindo Masculinidades, Lisboa, Livros
Horizonte.
• Laura Pereira da Fonseca, Culturas Juvenis, Percursos Femininos, Oeiras, Celta Editora.
• Manuel Villaverde Cabral, José Machado Pais (orgs.). Jovens Portugueses de Hoje, Oeiras, Celta Editora.
• Direcção-Geral de Viação.
• INE – Instituto Nacional de Estatística.
• Outros.

Selecção de textos disponíveis em www.sociologia.TE.pt

Autores e obras seleccionados para o tema: Comportamentos de Risco na Adolescência

Lígia Amâncio, Aprender a ser Homem. Construindo masculinidades.


Ana Rita Laranjeira, Não é Homem Não é Nada: Masculinidade e Comportamentos de Risco.
Carlos Barbosa, Violência Escolar e a Construção Social de Masculinidades.
Helena Santos, Sexo Para o que Der e Vier: Masculinidade e Comportamentos Preventivos Face à Sida.
Laura Pereira da Fonseca, Culturas Juvenis, Percursos Femininos.
Teresa Martinho, Viver Jovem, Morrer Depressa, Masculinidade e Condução de Risco.
Le Monde Diplomatique, «Delinquência rodoviária, machismo e crise social.»
Secretaria de Estado da Juventude, Inquéritos sobre o consumo de álcool, tabaco e droga; justiça e criminali-
dade; sinistralidade rodoviária; óbitos por overdose, sida, acidentes rodoviários.
Inquéritos sobre os estilos de vida e planos para a promoção de estilos de vida saudáveis.

Sites disponíveis sobre o tema:

– Observatório Permanente da Juventude


– Secretaria de Estado da Juventude

37
VI – TESTES DE AVALIAÇÃO

D unidade 1
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. Os factos sociais caracterizam-se por serem:


A - complexos e imutáveis.
B - imutáveis e exteriores aos indivíduos.
C - totais e não coercivos.
D - complexos e exteriores aos indivíduos.

2. O estudo dos fenómenos sociais requer o contributo das várias ciências sociais.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque os fenómenos sociais são complexos e a sua compreensão exige a interdis-
ciplinaridade das ciências socias.
B - falsa, porque cada ciência social ajuda a compreender melhor a sociedade em que vivemos.
C - verdadeira, porque os fenómenos sociais podem ser políticos, económicos ou sociológicos.
D - falsa, porque cada ciência social dá-nos uma visão imparcial e completa dos fenómenos sociais.

3. A pobreza é um fenómeno social total, porque é um fenómeno:


A - complexo e com implicações em diversos níveis da realidade social.
B - global e que afecta um elevado número de indivíduos.
C - generalizado e com consequências muito diversificadas.
D - pluridimensional e com formas variadas consoante a sociedade.

4. Os factos sociais são coercivos.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque variam de época para época.
B - falsa, porque variam de sociedade para sociedade.
C - verdadeira, porque são impostos pela sociedade aos indivíduos.
D - falsa, porque são universais e exteriores aos indivíduos.

5. A especificidade da análise sociológica consiste na explicação:


A - da evolução temporal das diversas realidades sociais.
B - dos factores biológicos que condicionam os comportamentos sociais.
C - dos factores sociais que explicam a realidade natural.
D - das interacções que constituem a vida social.

GRUPO II

Segundo estudos realizados junto das famílias portuguesas, a sua maior preocupação, expressa em
estatísticas oficiais, prende-se com o consumo, salientando-se a compra de habitação. Os estudos reve-
lam, igualmente, que o rendimento e a utilidade são os factores económicos determinantes do consumo,
embora outras variáveis possam ser condicionantes. O prestígio do local da nova residência, a sua vizi-
nhança e as infraestruturas de apoio foram considerados elementos, de carácter sociológico e psicológico,
decisórios no acto da compra de casa.

38
1. Defina o objecto de estudo descrito no texto.
2. Recorrendo ao texto, justifique que a realidade social é una mas decomponível em vários aspectos,
consoante a perspectiva a estudar.
3. Demonstre a complexidade no domínio social.
4. Relacione a complexidade do social com a complementaridade das ciências sociais.
5. Qual poderia ser a abordagem sociológica do problema indicado no texto?
6. O consumo é um facto social. Indique as suas características e especifique-as para o fenómeno em
causa.

GRUPO III

Na investigação em ciências sociais, a etapa de aproximação aos processos e aos sujeitos que nos pro-
pomos estudar, ou seja, a passagem da teoria à pesquisa empírica, é sempre um momento particularmente
intenso e criativo para o investigador.
Munido de uma questão de partida e de uma problemática teórica geradora de interrogações, suspeitas
e hipóteses que, num primeiro esforço de sistematização, desemboca naquilo a que os especialistas do
método denominam «modelo de análise», o investigador prepara-se, então, não sem angústias e alguma
excitação, para mergulhar no «terreno» e aí tentar desvendar as perplexidades que o intrigam.
Maria Manuel Vieira Fonseca, Educar Herdeiros, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian (adaptado).

1. Indique o objecto das ciências sociais.


2. Tendo em conta o texto, especifique o processo de investigação.
3. Especifique dois dos principais obstáculos que se levantam ao conhecimento científico.
4. No processo de investigação, intervêm métodos e técnicas. Distinga os dois termos e dê um exemplo
de cada.
5. Comente o texto, tendo em conta a especificidade da investigação em ciências sociais.

GRUPO IV

Margaret Mead, importante antropóloga americana do século XX, viveu com comunidades primitivas
para conhecer os seus usos e costumes, isto é, a sua cultura. Para tal, procurou, contra os preconceitos
vigentes na época, afastar tudo o que se sabia sobre o seu objecto de estudo, procurando, através da
observação, explicações tão objectivas e neutras, quanto possível.

1. Caracterize a atitude científica, tendo em atenção o texto.


2. O sociólogo, para garantir o rigor da atitude científica, recorre a um conjunto de regras de observação.
Indique duas dessas regras.

39
D unidade 2
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. O método ou estratégia de investigação corresponde a um conjunto de processos operativos ou ope-


rações simples.
Esta afirmação é:
A - falsa, porque o método de investigação corresponde a um conjunto de procedimentos que orga-
niza a pesquisa sob o comando da teoria.
B - verdadeira, porque o método de investigação corresponde a um conjunto de processos de análi-
se de documentos.
C - falsa, porque o método de investigação corresponde a um código de leitura da realidade social.
D - verdadeira, porque o método de investigação corresponde a um conjunto de procedimentos de
recolha e de tratamento da informação.

2. A análise de conteúdo baseia-se na:


A - observação do grupo social em análise.
B - aplicação de testes para avaliar as características dos indivíduos.
C - observação de documentos que se relacionam com os fenómenos em análise.
D - aplicação de um conjunto de perguntas previamente programadas.

3. Os inquéritos por questionário são técnicas de recolha de informação que se baseiam na observação
participante.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque a observação participante é necessária para que o investigador possa for-
mular hipóteses de trabalho.
B - falsa, porque os inquéritos por questionário baseiam-se na criação de situações artificiais de
investigação.
C - verdadeira, porque a observação participante permite a construção das perguntas do questio-
nário de uma forma clara.
D - falsa, porque os inquéritos por questionário consistem na aplicação à população em estudo de
conjuntos de questões, previamente formuladas.

4. O inquérito por questionário é uma técnica que permite:


A - uma recolha de informação com grande liberdade de expressão.
B - uma recolha de informação junto de especialistas no objecto de estudo.
C - uma análise extensiva e quantificada do objecto de estudo.
D - uma análise intensiva e aprofundada do objecto de estudo.

5. As técnicas de pesquisa sociológica – I. Análise de conteúdo e II. Entrevistas – classificam-se como


técnicas:
A - I. Não documentais e II. De observação participante.
B - I. Documentais e II. De experimentação.
C - I. De experimentação e II. Documentais.
D - I. Documentais e II. Não Documentais.

40
GRUPO II

A investigação nas ciências sociais tem a virtude de abrir caminho para a interdisciplinaridade. Não há
objecto de estudo que se consiga abarcar com um olhar único, parcelar e lateral. É sempre um fenómeno
total que se apresenta ao investigador; é sempre um objecto multidimensional que o sociólogo encontra na
realidade, porque a realidade é sempre complexa e multifacetada.
Piedade Lalanda, «Investigar ou a arte de descobrir?», Profissão Sociólogo, Oeiras, Celta Editora (adaptado).

1. Dê uma noção de fenómeno total.


2. Através de um exemplo de um fenómeno escolhido por si, demonstre a sua «totalidade».
3. Relacione a complexidade dos fenómenos sociais com a complementaridade no domínio das ciências
sociais para o estudo dos fenómenos sociais.
4. Comente o texto tendo em conta os conceitos de: fenómeno total; complexidade; complementaridade;
interdisciplinaridade.

GRUPO III

Um inquérito por questionário, junto de jovens europeus dos 27 Estados-membros, mostrou as suas
preocupações relativamente às capacidades necessárias para a procura de emprego, salientando-se a for-
mação geral, seguida do domínio de línguas e da capacidade comunicacional.

Suponha que colaborou neste projecto de investigação para auscultar a opinião dos jovens europeus
sobre as aptidões que consideram mais úteis para obter emprego.

1. Justifique a adequação da técnica escolhida ao objecto de estudo desta investigação, tendo em atenção o
texto.
2. Outra das técnicas utilizadas na investigação sociológica é a entrevista. Refira dois tipos de entrevistas.
3. A entrevista é uma técnica que permite recolher informação muito diversificada e aprofundada, mas de
difícil quantificação. Justifique esta afirmação.

GRUPO IV

1. O estudo dos fenómenos sociais implica uma selecção do método e das técnicas a utilizar de acordo com
o tipo de análise e da população a estudar. Assim sendo, responda às seguintes questões:

1.1 Suponha que ia colaborar na realização de um estudo para conhecer a opinião da população portu-
guesa sobre a influência das novas tecnologias nos estilos de vida.
Justifique a escolha de um método adequado a este universo de estudo.
1.2 Suponha que ia colaborar na realização de um estudo em profundidade sobre as expectativas pro-
fissionais dos trabalhadores de uma pequena empresa.
Justifique a escolha de um método adequado a este objecto e a este universo de estudo.
1.3 Uma das técnicas utilizadas na investigação sociológica é a observação participante. Caracterize
esta técnica.

41
D unidade 3
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. A cultura representa tudo aquilo que é herdado e pertence à natureza biológica do homem.
Esta afirmação é:
A - falsa, porque a cultura é tudo aquilo que é aprendido, produzido e partilhado pelos membros de
uma comunidade.
B - verdadeira, porque a cultura é tudo o que foi herdado e é partilhado por grupos sociais privilegia-
dos.
C - falsa, porque a cultura é tudo aquilo que é partilhado, ao nível intelectual, pelos indivíduos que
beneficiaram de uma educação apropriada.
D - verdadeira, porque a cultura é tudo aquilo que foi herdado e é partilhado por uma civilização ao
nível material e técnico.

2. Nas sociedades modernas, os indivíduos com níveis de escolaridade elevados partilham uma
cultura superior.
Esta afirmação é:
A - falsa, porque a cultura é constituída por elementos materiais e espirituais.
B - verdadeira, porque a cultura depende do nível de desenvolvimento da sociedade.
C - falsa, porque não existem culturas superiores ou inferiores.
D - verdadeira, porque a cultura erudita está associada a níveis elevados de escolaridade.

3. O etnocentrismo cultural pressupõe a aceitação da diversidade de padrões de cultura.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque todas as comunidades têm culturas diferentes umas das outras.
B - falsa, porque o etnocentrismo cultural resulta do facto de uma comunidade, ou um indivíduo, con-
siderar a sua cultura superior à dos outros.
C - verdadeira, porque o etnocentrismo cultural considera que os padrões culturais das sociedades
primitivas são diferentes.
D - falsa, porque as comunidades fechadas têm comportamentos de intolerância face às culturas
superiores.

4. A socialização é o processo através do qual os indivíduos interiorizam:


A - os modelos de comportamento não conformistas da sociedade.
B - o quadro de valores comuns aos agregados sociais.
C - as regras de conduta que os integram nas categorias sociais.
D - a cultura dos grupos sociais a que pertencem.

5. A socialização é um processo permanente de integração do indivíduo em vários grupos sociais.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque a socialização consiste numa aprendizagem de papéis sociais.
B - falsa, porque a socialização apenas ocorre na primeira fase da vida do indivíduo.
C - verdadeira, porque a socialização permite o reconhecimento dos estatutos sociais.
D - falsa, porque a socialização é um processo intergeracional de transmissão cultural.

42
GRUPO II

Leia com atenção o pequeno texto retirado do livro A Fala do Índio, de Teri McLuhan.

Os brancos nunca gostaram da terra, do gamo ou do urso. Quando nós, os Índios, caçamos, comemos
toda a carne. Quando andamos à cata de raízes, fazemos na terra buracos pequenos. Quando construímos
as nossas casas, fazemos buracos pequenos. Quando queimamos a erva por causa dos gafanhotos, não
damos cabo de tudo. Abanamos as bolotas e as pinhas. E só aproveitamos a lenha do chão. Ao passo que o
homem branco revolve o solo, abate as árvores, destrói tudo. A árvore diz: «Pára, estou ferida, não me
faças mal». Mas ele abate-a e serra-a. O espírito da terra tem-lhe ódio. Ele arranca as árvores e até as raí-
zes lhes abala. Serra as árvores. Tudo isso lhes faz mal. Os Índios nunca fazem mal, ao passo que o
homem branco dá cabo de tudo.

No pequeno texto que leu é possível encontrar elementos de dois padrões de cultura distintos.

1. Dê uma noção de padrão de cultura.


2. Retire do texto dois exemplos de práticas sociais que ilustrem a diferença de padrões de cultura.
3. Identifique o principal valor subjacente ao padrão cultural dos índios referido no texto.
4. Retire do texto exemplos (dois) que permitam relacionar o valor que indicou em 3. com a respectiva práti-
ca social.

GRUPO III

A socialização é o processo pelo qual as crianças indefesas se tornam gradualmente seres auto-cons-
cientes, com saberes e capacidades, treinadas nas formas de cultura em que nasceram. A socialização não
é uma espécie de «programação cultural», em que a criança absorve de forma passiva as influências com
as quais entra em contacto. Até os recém-nascidos têm necessidades e exigências que afectam o compor-
tamento daqueles que são responsáveis por tratar deles: as crianças são, desde o início, seres activos.
Anthony Giddens, Sociologia, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.

1. Dê uma noção de socialização.


2. Indique dois agentes de socialização e especifique as suas atribuições no processo em causa.
3. «O ser humano é um produto e um produtor de cultura.»
Retire do texto as expressões que justificam esta afirmação.

GRUPO IV

As diferenças, nomeadamente, as diferenças culturais ou étnicas, podem transformar-se num instru-


mento de hostilidade. Por exemplo, nas cidades, grupos étnicos distintos ocupam muitas vezes zonas dife-
rentes, com escassos contactos entre si, ou seja, a separação geográfica é um dos meios através dos quais
a estratificação dos grupos étnicos e dos grupos mais desfavorecidos se processa.
A. Giddens, Para além da Esquerda e da Direita, Oeiras, Celta Editora (adaptado).

Elabore um comentário ao texto, tendo em atenção os seguintes aspectos:


– valores, normas e comportamentos como exclusivos de um grupo;
– padrões de cultura e etnocentrismo cultural.

43
D unidade 4
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. A socialização é um processo que permite o reconhecimento de estatutos.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque, através do processo de socialização, os indivíduos aprendem os comporta-
mentos associados às funções desempenhadas.
B - verdadeira, porque, através do processo de socialização, os indivíduos reconhecem os direitos e os
deveres associados a uma dada posição social.
C - falsa, porque, através do processo de socialização, os indivíduos aprendem as formas de agir que
correspondem aos cargos que desempenham.
D - falsa, porque, através do processo de socialização, os indivíduos aprendem as normas e os com-
portamentos do grupo em que estão inseridos.

2. O estatuto atribuído resulta:


A - de acções desenvolvidas pelo indivíduo para o alcançar.
B - de acções desenvolvidas pela sociedade em geral.
C - da iniciativa e da escolha pessoal dos actores sociais.
D - de factores que não dependem da vontada dos indivíduos.

3. Nas sociedades modernas, os estatutos são exclusivamente adquiridos.


Esta afirmação é:
A - falsa, porque nas sociedades modernas os estatutos são predominantemente adquiridos.
B - falsa, porque nas sociedades modernas os estatutos são predominantemente atribuídos.
C - verdadeira, porque nas sociedades modernas o estatuto depende exclusivamente da profissão.
D - verdadeira, porque nas sociedades modernas o estatuto depende exclusivamente do esforço
desenvolvido pelo indivíduo.

4. Papéis e estatutos estão relacionados.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque o estatuto é determinado pelo papel.
B - falsa, porque papel e estatuto são independentes um do outro.
C - falsa, porque papel e estatuto dizem respeito à estratificação.
D - verdadeira, porque o papel é determinado pelo estatuto.

5. A socialização por antecipação consiste na aprendizagem de valores e normas que permitem ao


indivíduo integrar-se em qualquer grupo.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque corresponde à aprendizagem da cultura comum a todos os grupos sociais.
B - falsa, porque consiste na aprendizagem de valores e normas que permitem ao indivíduo integrar-
-se nos grupos de pertença.
C - falsa, porque corresponde à aprendizagem da cultura que permite ao indivíduo integrar-se nos
grupos de referência.
D - verdadeira, porque consiste na aprendizagem da cultura própria dos grupos de pertença.

44
GRUPO II

O jovem encontra-se num período de transição para a vida adulta, o que gera uma ansiedade quanto ao
seu estatuto, só dissipada com a pertença social a uma cultura própria. Esta pertença pode actuar como
factor indutor de determinado tipo de comportamentos rotulados de antinormativos pela sociedade. Quer
isto dizer que a obediência às normas de referência e de pertença próprias dos grupos juvenis distancia,
por vezes, os jovens das normas convencionais.
Catarina Lorga da Silva, Justiça, Jovens em Portugal, Oeiras, Celta Editora (adaptado).

1. O texto refere-se ao estatuto do jovem. Dê uma noção de estatuto.


2. Distinga estatuto atribuído de estatuto adquirido.
3. Relacione estatuto social com papel social.
4. Como designa a «cultura própria» a que o texto faz referência?
5. Distinga grupo de pertença de grupo de referência.
6. Os grupos de amigos são grupos sociais. Indique duas das suas características.
7. Comente o texto, tendo em conta os conceitos de subcultura, modelos de comportamento, normas
sociais, grupo de pertença, grupo de referência e socialização.

GRUPO III

Ficar sem abrigo não é algo que acontece por acaso. Decorre de um conjunto de experiências, de acon-
tecimentos e de trajectórias que desembocam na marginalização social.
Fala-se aqui de indivíduos cujo período de socialização primária – desde a infância até à entrada na
idade adulta – foi passado en contextos desfavorecidos, reveladores de carências várias. É usual encontrar-se
sujeitos cujo passado foi marcado pela vivência de situações críticas como divórcio dos pais, abandono por
parte de um ou dos dois progenitores, vivências em famílias ou instituições de acolhimento, insucesso
escolar, abandono precoce da escola, etc.
Os Sem-Abrigo da Cidade de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa (adaptado).

Elabore um comentário ao texto tendo em conta os conceitos de socialização, agentes de socialização,


integração social, exclusão social, papel social, estatuto social.

45
D unidade 5
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. A ordem social corresponde a:


A - formas estáveis de interacção social.
B - maneiras de pensar e de agir não conformistas.
C - formas de pressão para prevenir comportamentos desviantes.
D - sistemas de recompensas e de punições.

2. Os comportamentos desviantes numa determinada sociedade podem ser considerados normais em


outra sociedade.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque as sociedades têm culturas e padrões de comportamento diferentes.
B - falsa, porque as causas dos comportamentos desviantes são iguais em qualquer sociedade.
C - verdadeira, porque cada sociedade tem diferentes formas de exercer o controlo social.
D - falsa, porque actualmente os comportamentos desviantes ocorrem em todas as sociedades.

3. As sanções sociais consistem em:


A - sistemas de recompensas económicas.
B - formas de punição e de exclusão.
C - sistemas de recompensas e de punições,
D - formas de repressão física.

4. As instituições sociais caracterizam-se por:


A - uma relativa permanência no tempo e ausência de estrutura própria.
B - uma certa durabilidade e carácter universal.
C - um carácter universal e ausência de uma estrutura própria.
D - uma relativa permanência no tempo e uma estrutura própria.

5. A mudança social está associada a transformações sociais:


A - correspondentes à alteração das estruturas sociais.
B - resultantes da socialização e da reprodução social.
C - correspondentes ao funcionamento das instituições sociais.
D - resultantes da manutenção das relações sociais.

GRUPO II

1. Nenhuma sociedade pode existir sem ordem social havendo, no entanto, graus diversos de conformidade
às normas, consoante a exigência de cada sociedade.

1.1 Explique a importância da existência de uma ordem social.


1.2 Explicite a noção de «conformidade às normas».
1.3 Justifique a afirmação: «Uma aldeia e um meio urbano não exigem o mesmo grau de conformidade
às normas.»
2. Como os indivíduos são seres livres há sempre a ocorrência de comportamentos desviantes.

46
2.1 O que entende por comportamento desviante?
2.2 Indique três exemplos de comportamentos desviantes.
2.3 Um comportamento é considerado desviante em todas as sociedades? Justifique a sua resposta.

GRUPO III

1. As sociedades e os grupos, para defenderem a ordem social vigente, utilizam vários mecanismos de con-
trolo social.

1.1 Defina controlo social.


1.2 Indique os mecanismos de controlo social.
1.3 Distinga sanções positivas de sanções negativas e dê um exemplo de cada.

2. A escola e a família são instituições que intervêm no controlo social.


2.1 Apresente a noção de instituição social.
2.2 Explique a principal função das instituições acima referidas.
2.3 Indique dois elementos das instituições sociais.
2.4 Tendo por objecto uma das instituições referidas em 2., explicite os elementos que indicou na res-
posta anterior.

GRUPO IV

Muito do que se aprende na escola nada tem a ver com o conteúdo formal das lições. As escolas tendem
a inculcar o que Illich designa como consumo passivo – uma aceitação acrítica da ordem social existente –
pela natureza da disciplina e pela regulamentação que implicam. Estas lições não são ensinadas consciente-
mente; estão implícitas nos procedimentos e na organização das escolas. O currículo oculto ensina às crian-
ças que o seu papel na vida é «saber qual é o seu lugar e conformar-se com ele».
Anthony Giddens, Sociologia, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.

1. Explique o significado da frase destacada.


2. Apresente dois exemplos do «que se aprende na escola».
3. O que entende o autor por «currículo oculto»?
4. Explique, a partir do texto, o papel da escola na reprodução social.

GRUPO V

No mundo industrializado só uma minoria vive agora de acordo com aquilo a que poderíamos chamar a
família–padrão dos anos 50, isto é, pai e mãe a viverem juntos com os filhos do matrimónio, em que a
mulher é dona de casa a tempo inteiro e o marido ganha o sustento de toda a família. Há países em que 1/3
dos bebés nasce fora do casamento; o número de pessoas que vivem sozinhas aumentou; quase 1/4 das
mulheres dos EUA e da Europa, com idades entre os 18 e os 35 anos, afirmou que não tencionam ter
filhos…
Anthony Giddens, O Mundo na Era da Globalização, Lisboa, Editorial Presença.

1. A instituição familiar está em mudança. Justifique a afirmação, com base no texto.


2. Explique duas características da mudança presentes no texto.

47
D unidade 6
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. Numa economia globalizada verifica-se uma crescente interdependência entre os países.


Esta afirmação é:
A - falsa, pois o crescimento da riqueza global diminui a dependência entre os países.
B - verdadeira para o conjunto dos países menos desenvolvidos que estão dependentes dos países
ricos.
C - falsa, pois os países desenvolvidos não dependem dos países em desenvolvimento.
D - verdadeira, pois o processo de globalização ao envolver os países faz com que todos dependam
uns dos outros.

2. A movimentação de capitais à escala mundial constitui um exemplo do processo de globalização.


Esta afirmação é verdadeira, porque:
A - as empresas podem investir em qualquer parte do mundo.
B - elevados montantes de capitais podem ser movimentados pelos bancos em todo o mundo.
C - elevadas transacções financeiras podem ser realizadas nas principais Bolsas mundiais.
D - investidores, empresas, instituições financeiras, particulares, localizados em qualquer parte do
mundo, podem movimentar largas somas de dinheiro.

3. A globalização cultural é associada à hegemonia dos países ocidentais.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, pois os grandes consumidores dos bens culturais são os países ocidentais.
B - falsa, pois no processo de globalização não se verifica hegemonia de uns países relativamente a
outros.
C - verdadeira, pois uma parte significativa dos bens culturais são produzidos e consumidos pelos paí-
ses ocidentais.
D - falsa, pois os bens culturais que circulam no mundo são produzidos e consumidos por muitos paí-
ses não ocidentais.

4. As tecnologias de informação e comunicação ligadas à electrónica permitiram reduzir as distâncias


físicas e culturais entre os povos.
Esta afirmação é verdadeira porque:
A - há liberdade de circulação da informação.
B - é possível comunicar em tempo real.
C - é possível saber o que se passa em países geograficamente distantes e ao mesmo tempo, percep-
cionar as diferenças socioculturais entre as sociedades.
D - a informação chega a qualquer parte do mundo.

5. Nas sociedades modernas os indivíduos têm possibilidade de escolher o seu estilo de vida havendo,
assim, uma diversidade de padrões de comportamento.
Esta afirmação é:
A - verdadeira, pois a massificação da sociedade conduz à diversidade de estilos de vida.
B - falsa, pois as sociedades modernas são massificadas não havendo possibilidade de diversidade.
C - falsa, pois a globalização conduz a estilos de vida globais.
D - verdadeira, pois havendo grupos que se diferenciam pelas suas práticas quotidianas, os indivíduos
podem escolher o grupo de pertença com que se identificam.

48
GRUPO II

A globalização pode ser definida como a intensificação das relações sociais de escala mundial, relações
que ligam localidades distantes de tal maneira que as ocorrências locais são moldadas por acontecimen-
tos que se dão a muitos quilómetros de distância e, vice-versa. (…) A prosperidade crescente de uma área
urbana, em Singapura, pode estar causalmente relacionada, por meio de uma rede complexa de laços eco-
nómicos globais, com o empobrecimento de uma zona de Pittsburgh, cujos produtos não são concorren-
ciais nos mercados mundiais.
Anthony Giddens, As Consequências da Modernidade, Oeiras, Celta Editora.

1. Explicite o conceito de globalização apresentado pelo autor.


2. Explique o significado da afirmação destacada no texto.
3.A prosperidade e o empobrecimento de regiões tão distantes uma da outra (Singapura e Pittsburgh) reve-
lam que, no processo de globalização, se dão mudanças que se opõem mutuamente.
Justifique a afirmação com base no texto.
4. A crescente globalização origina, em certas regiões, uma maior pressão pela identidade cultural regional.
Explique esta relação causal.

GRUPO III

1. As tecnologias de informação e comunicação têm uma enorme influência em todas as áreas da globaliza-
ção. Por exemplo, nos mercados financeiros globais todos os intervenientes têm acesso directo e em
simultâneo à mesma informação, independentemente do local onde operam.

1.1 Apresente uma noção de mercado financeiro global.


1.2 Explique, a partir do texto, a importância das tecnologias da comunicação.

2. A partilha do conhecimento do que acontece no mundo, através das notícias veiculadas pelos media de
grande circulação mundial, torna possível a expansão global das instituições sociais modernas.
Justifique a afirmação anterior, dando um exemplo.

GRUPO IV

A verdade é que a diversidade cultural, política, social e religiosa é infinita no mundo. A tecnologia e a
economia transformaram o mundo numa aldeia, mas, ao suprimirem as distâncias físicas, tornaram infi-
nitamente visíveis as distâncias antropológicas. Ou tentamos modestamente compreender-nos e tolerar-
nos um pouco melhor, ou fingimos acreditar que a cultura e a comunicação serão solúveis na modernidade
ocidental. Então, a globalização, em vez de ter dado ocasião a uma cooperação um pouco mais pacífica,
tornar-se-á um factor suplementar de guerra.
Dominique Wolton, A Outra Globalização, Lisboa, Difel.

1. Explicite o significado da afirmação destacada.


2. O processo de globalização acentua as diferenças culturais entre os povos?
Justifique a sua resposta.
3. Como poderá a globalização contribuir para a cooperação entre os povos?

49
D unidade 7
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. A escola é um agente de socialização formal e informal.


Esta afirmação é:
A - falsa, porque a escola tem apenas como função a preparação dos jovens para a vida activa.
B - verdadeira, porque a escola tem por funções a educação e a formação integral dos jovens.
C - falsa, porque as funções da escola são inalteráveis.
D - verdadeira, porque as funções da escola complementam-se para a formação integral dos jovens.

2. As famílias são grupos primários.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque é o primeiro grupo a acolher os novos membros.
B - falsa, porque a família tem objectivos de natureza utilitarista.
C - verdadeira, porque as relações que ligam os seus membros são de carácter afectivo.
D - falsa, porque há famílias muito extensas.

3. As mudanças na família devem-se:


A - ao aumento dos divórcios.
B - ao aumento da idade dos avós.
C - aos novos relacionamentos entre os seus membros.
D - a um conjunto de mudanças sociais que originou os factores referidos atrás.

4. A escola pode ser um agente de mobilidade social.


Esta afirmação é:
A - verdadeira, porque permite a aprendizagem de vários papéis sociais.
B - falsa, porque reproduz sempre as desigualdades sociais existentes.
C - verdadeira, porque permite, mediante certas condições, a aquisição de estatutos mais elevados.
D - falsa, porque o insucesso e o abandono escolar são um facto.

5. As famílias extensas são:


A - mais unidas do que as famílias nucleares.
B - constituídas pela família nuclear e demais parentela.
C - exclusivas do passado.
D - próprias dos países ocidentais.

50
GRUPO II

Nos anos 50, o modelo ideal de família era assim concebido: o papá saía para o mundo. Ia ganhar o
dinheiro e tentar o prestígio social. A mamã ficava em casa. A engordar e a beijocar os rebentos.
Os mosaicos do chão da cozinha reluziam como as bochechas das crianças, o aroma da tarte de maçã
incensava o doce lar, e todos corriam risonhos para o pai-herói ao fim da tarde. De braços abertos, felizes
para sempre.
O Independente, 19-11-1997 (adaptado).

1. Na família dos anos 50, o papel social do homem era diferente do desempenhado pela mulher.
Justifique a afirmação anterior, tendo em atenção o texto.
2. Explique o papel da família no processo de socialização.
3. Uma família é um grupo social. Enumere três características do agrupamento referido na frase.

GRUPO III

O século XX, até aos anos 70, foi a «idade de ouro» do casamento e da família nuclear. Contudo, nos últi-
mos 30 anos, foram grandes as transformações. O controlo feminino da fecundidade, graças à contracep-
ção química, o adiamento da idade de casamento, a frequência da coabitação, o aparecimento de famílias
monoparentais e de famílias recompostas, o aumento da idade média da maternidade e a independência
económica da mulher parecem encerrar esse período histórico.
Vida Mundial, Dezembro de 1999 (adaptado).

1. O que entende por família nuclear?


2. Explicite duas das funções da família.
3. «A família é um grupo de mudança.» Retire do texto algumas das situações que justificam a afirmação.
4. Dê dois exemplos de novas formas de organização familiar.
5. Relacione a independência económica da mulher com a democratização das relações conjugais.

GRUPO IV

A escola já não é o agente de socialização exclusivo na formação dos jovens. Com ela competem os
meios de comunicação social, de que a televisão e a Internet são os seus maiores concorrentes, para não
referir o grupo de amigos, sempre presentes. A escola deverá, então, ajustar-se a esta nova realidade?

1. A escola é um agente de socialização. Especifique as suas funções.


2. No texto é referida a acção socializadora de outros agentes. Indique-os e precise o seu contributo para a
formação dos jovens.
3. O conflito entre agentes de socialização é patente no texto. Explicite esse conflito e sugira uma estratégia
para a sua superação.
4. «A escola é um agente de socialização formal e informal.» Justifique a afirmação.

51
D unidade 8
GRUPO I Para cada uma das cinco questões que se seguem, apenas uma das respostas está correcta.
Seleccione-a.

1. A classe média é, em geral, constituída por:


A - proprietários, quadros técnicos, trabalhadores independentes e empregados administrativos
(os «colarinhos brancos»).
B - quadros técnicos, proprietários, trabalhadores independentes e empregados administrativos
(os «colarinhos azuis»).
C - proprietários, quadros técnicos, trabalhadores independentes e operários (os «colarinhos azuis»).
D - proprietários, quadros técnicos, trabalhadores independentes e camponeses (os «colarinhos bran-
cos»).

2. O Greenpeace é um novo movimento social porque:


A - luta por condições sociais dignas e por uma melhor qualidade de vida.
B - é constituído por protagonistas provenientes da mesma categoria socioeconómica.
C - efectua acções com grande visibilidade mediática e social.
D - defende a preservação do ambiente e uma melhor qualidade de vida.

3. As desigualdades étnicas baseiam-se em diferenças, relativamente:


A - às características genéticas e comportamentais.
B - ao rendimento e às características genéticas.
C - às características genéticas e ao acesso ao poder.
D - ao rendimento e ao acesso ao poder.

4. O abandono dos costumes e práticas sociais originais pelos imigrantes e a adopção dos valores, dos
comportamentos e das normas da sociedade de acolhimento são características da:
A - etnicidade.
B - assimilação.
C - marginalização.
D - imigração.

5. O conceito de pobreza absoluta parte da noção de:


A - rendimento.
B - cultura.
C - subsistência.
D - relatividade.

52
GRUPO II

As sociedades estão organizadas em torno de relações hierárquicas de poder. Assim, o facto de uma
sociedade apresentar uma divisão sexual do trabalho mais ou menos vincada, de existir uma distribuição
mais ou menos desigual entre migrantes e não migrantes por determinados tipos de trabalho, ou se o tra-
balho doméstico e o cuidar dos filhos for predominantemente assegurado por mulheres por assim ser cul-
turalmente esperado, mulheres e homens, migrantes ou não migrantes, de grupos étnicos minoritários ou
do grupo étnico dominante, serão influenciados de modo diferente e irão ocupar uma posição específica no
conjunto dessa estratificação social.
Rosana Albuquerque, «Para uma análise multidimensional da situação das mulheres: as relações entre género,
classe e etnicidade», in Migração e Etnicidade, Lisboa, SOS Racismo (adaptado).

1. Identifique, no texto, dois papéis sociais tradicionais da mulher.


2. Dê uma noção de género, a partir do texto.
3. Exponha duas características das migrações das sociedades actuais.
4. Relacione etnicidade e desigualdades sociais, tendo em atenção o texto.

GRUPO III

Os destinos sociais de cada indivíduo reflectem sempre, em algum grau, a sua origem de classe. Para
atingir determinada posição social não é indiferente o facto de se nascer numa família rica ou pobre, com
níveis de escolaridade elevados ou sem escolaridade, de zonas urbanas desenvolvidas ou de zonas rurais
deprimidas ou isoladas.
João Ferreira de Almeida, Introdução à Sociologia, Lisboa, Universidade Aberta.

1. Identifique o sistema de estratificação social em que se verifica uma maior mobilidade social.
2. Distinga mobilidade social ascendente de mobilidade social descendente.
3. Comente o texto, tendo em conta o conceito de classe social.

GRUPO IV

Algumas categorias sociais de pobres não se encontram na situação de pobreza há tempo suficiente
para construírem um modo de vida definido e diferente, talvez não tanto ao nível das condições, mas certa-
mente ao nível dos modelos de vida. A maneira como vivem actualmente resulta da conjugação das compe-
tências sociais e dos padrões culturais adquiridos nessa trajectória com uma situação recente determinada
por uma interrupção, talvez transitória, devido a uma ruptura profissional ou familiar, por exemplo.
Luís Capucha, Desafios da Pobreza, Oeiras, Celta Editora.

1. Refira quatro categorias sociais vulneráveis à pobreza em Portugal.


2. Explicite dois factores que influenciam a produção de pobreza, tendo em conta o texto.
3. Comente o texto, tendo em conta o conceito de modos de vida da pobreza.

53
VII – SUGESTÕES DE CORRECÇÃO DOS TESTES

TESTE – UNIDADE 1

GRUPO I
1. D 2. A 3. A 4. C 5. D

GRUPO II

1. Fenómeno social consumo.


2. Para os economistas, o consumo é um acto de escolha voluntária subordinado a constrangi-
mentos orçamentais e às utilidades proporcionadas pelos bens; para os sociólogos, o consumo
é algo mais.
O consumo é um fenómeno social uno mas, pela sua complexidade, deverá ser estudado por
várias ciências que sobre ele se debruçarão, procurando explicações necessariamente parce-
lares (cada uma dessas explicações será relativa a uma das facetas ou domínios estudados
de acordo com os interesses de cada ciência), que se deverão complementar no sentido de
produzir uma explicação mais profunda e completa do fenómeno em estudo. Afinal, o consumo
é um fenómeno social total.
3. A complexidade está patente no facto de o acto de consumir, aparentemente simples, conter
múltiplas dimensões com possibilidades de abordagem específicas. Consumir é um acto econó-
mico, mas também sociológico, histórico, para só referir algumas das suas facetas.
4. A complexidade (as múltiplas facetas que o fenómeno contém) só pode ser «entregue» à
investigação de várias ciências sociais que se complementarão no seu estudo. É pelo facto do
fenómeno ser complexo que se exige a complementaridade das ciências sociais, para uma
abordagem em profundidade.
5. O estudo do fenómeno social consumo, por grupos sociais, por exemplo.
6. É exterior, coercivo e relativo.
É exterior, porque o consumo tem uma existência fora da consciência dos indivíduos. É observá-
vel e objectivo; é uma realidade social. Podemos observar vários tipos de consumo, por exemplo.
É coercivo, porque o consumo impõe-se aos indivíduos. O consumo obedece a padrões «impos-
tos» pela sociedade sob pena de nos sentirmos excluídos caso a eles «desobedeçamos».
Um jovem que não use jeans pode sentir-se desconfortável com observações feitas por outros
jovens sobre a sua forma de vestir mais tradicional.
É relativo porque o consumo varia no tempo e no espaço, devendo ser interpretado de acordo
com o contexto social em que ocorre. Uma mulher muçulmana usa véu quando sai à rua, mas
uma mulher ocidental só cobrirá a cabeça por moda, necessidade de se proteger do sol, etc.

GRUPO III

1. Os fenómenos ou os factos sociais.

54
2. Partindo do «modelo de análise» com a identificação de uma questão de partida (o que se quer
estudar) e de uma teoria sobre essa questão (o que a ciência já explicou), o cientista entra no
«terreno» (inicia a sua investigação, procurando novos dados, formulando e testando as suas
hipóteses explicativas), confrontando teoria e prática (desvendando as perplexidades que o intri-
gam).
3. O senso comum – o cientista deve afastar-se do conhecimento vulgar baseado nos sentidos e na
aparente facilidade da descoberta. O conhecimento científico exige distanciamento deste tipo de
conhecimento «popular», embora o senso comum possa constituir um excelente ponto de partida
para a investigação, mas sempre sujeito à experimentação.
O etnocentrismo – o cientista não deverá considerar a sua cultura superior nem como um refe-
rente ou modelo para o estudo de outras realidades sociais.
4. O método implica a selecção de técnicas adequadas ao trabalho a realizar, o controlo da sua uti-
lização e a integração dos resultados obtidos. É, portanto, um conjunto de procedimentos que
organiza a pesquisa sob o comando de uma teoria. Técnicas são, apenas, as operações executa-
das para a pesquisa.
5. O aluno poderá seguir o seguinte esquema de ideias:
A Sociologia, como ciência social, recorre ao método científico. No entanto, pelo facto de o cien-
tista ser um ser social, ele próprio sujeito e objecto da investigação, isto é, havendo uma grande
proximidade entre ele e o objecto de estudo, deverá proceder com grande objectividade e rigor
metodológico.
O texto refere-se ao grande envolvimento do cientista, com a sua enorme inquietação na procura
de explicações, e a excitação e criatividade como factores geradores de hipóteses explicativas e
caminhos a trilhar na busca do conhecimento, ilustrando a proximidade do cientista com o
objecto de investigação, situação particular da pesquisa no domínio social.
Armadilhas como o senso comum, o etnocentrismo, o naturalismo ou o individualismo são tam-
bém de ter em conta, na procura do conhecimento no domínio sociológico.

GRUPO IV

1. É o conjunto de procedimentos a ter no sentido da procura de explicações objectivas para os


fenómenos sociais.
2. Afastar o senso comum e combater o etnocentrismo cultural, por exemplo.

TESTE – UNIDADE 2

GRUPO I
1. A 2. C 3. D 4. C 5. D

GRUPO II

1. Fenómeno total, ou fenómeno social total, foi a designação dada por Marcel Mauss, sociólogo
francês, para chamar a atenção dos estudiosos dos problemas sociais para a característica fun-

55
damental destes tipo de fenómenos – a sua complexidade e pluridimensionalidade, embora se
apresentem como um todo.
2. O fenómeno consumo é económico, sociológico, psicológico, histórico, político, etc. É um fenó-
meno social total.
De facto, o consumo tem uma componente económica. Estudar os factores que influenciam o
consumo, como o preço, o rendimento, o crédito ou a acção do marketing, é estar a estudar a
dimensão económica do consumo.
Estudar o consumo por grupos sociais, como o tipo de consumo dos jovens, dos estratos privile-
giados, dos grupos sociais emergentes ou dos grupos urbanos, é ter em conta a dimensão
sociológica do consumo.
Estudar o consumo actual das sociedades de consumo massificado, em comparação com o tipo
de consumo do início do século, é ter uma perspectiva histórica.
Encontrar os factores de natureza psicológica que possam justificar o consumo, como o desejo
de afirmação pessoal, é estar a entrar no domínio da Psicologia.
Estudar as políticas de crédito ao consumo pode ser um estudo no domínio da Política.
3. Pelo facto de os fenómenos serem complexos, isto é, densos pluridimensionais, é forçoso
recorrer a um conjunto de ciências que, sobre cada uma das facetas evidenciadas no fenóme-
no se ocuparão no sentido de proporcionar a informação necessária que, em articulação com
o contributo das outras ciências, permitirão uma compreensão global do fenómeno. A comple-
mentaridade entre as ciências sociais decorre, portanto, da complexidade dos fenómenos
sociais.
4. O aluno deverá articular os conceitos apresentados, partindo da noção de fenómeno social total
que é complexo, o que exige a complementaridade das ciências sociais, isto é, a interdisciplina-
ridade.

GRUPO III

1. O inquérito por questionário é uma técnica de recolha de informação que se caracteriza por ser
extensiva e quantificada, isto é, é utilizada para se obter dados sobre uma população numerosa,
o que sucede no exemplo (jovens europeus), sobre questões previamente identificadas (aptidões
consideradas úteis para a vida activa entre dez hipóteses devidamente referidas) com o objectivo
de quantificar as escolhas feitas.
2. Entrevistas de opinião e entrevistas estruturadas.
3. O registo dos conteúdos das entrevistas e o seu tratamento é uma tarefa morosa cuja
quantificação obedece a procedimentos técnicos específicos de que a análise de conteúdo é
um exemplo. A quantidade e diversidade de respostas implicam encontrar categorias e
sub-categorias correspondentes às ideias-chave, o que é sempre um trabalho de grande
complexidade.

GRUPO IV

1.1 Método de análise extensiva, porque o universo é extenso (a população portuguesa) e preten-
dem-se respostas generalistas e quantificáveis.
1.2 Método de análise intensiva, porque a população é restrita – trabalhadores de uma empresa e
pretende-se um estudo em profundidade.
1.3 É uma técnica em que o observador, o cientista, participa no grupo a estudar.

56
TESTE – UNIDADE 3

GRUPO I
1. A 2. C 3. B 4. D 5. A

GRUPO II

1. Padrão de cultura é um conjunto articulado de traços e complexos de maneiras de pensar, sen-


tir e agir, de elementos materiais e imateriais, que caracterizam e condicionam a vida das
comunidades. Assim, cada grupo tem o seu padrão de cultura.
2. Brancos – Não respeitam a Natureza, fazem buracos grandes no chão, abatem as árvores...
Índios – Respeitam a Natureza, fazem buracos pequenos, só apanham a lenha caída no chão.
3. Natureza.
4. Pelo facto de valorizarem a Natureza, as práticas sociais dos Índios vão no sentido da sua preserva-
ção: quando caçam, aproveitam todo o animal; quando procuram raízes, fazem buracos pequenos.
Expressões como «Pára, estou ferida, não me faças mal!» ilustram o cuidado que os Índios põem
no relacionamento com o valor «Natureza».

GRUPO III
1. Socialização é um processo de ensino-aprendizagem da cultura do grupo de pertença.
2. Família – encarregada da socialização primária, ensina a criança a falar, a comer (como, o quê,
a que horas), a ter hábitos de higiene, a vestir-se, a relacionar-se com os mais próximos, etc.,
isto é, prepara o jovem membro para a sua integração social.
Escola – encarregada da socialização formal, do ensino de conteúdos científicos e competências
relacionadas com o mundo do conhecimento e do trabalho, mas também da socialização infor-
mal, proporcionando aos alunos situações de aprendizagem de novas formas de relacionamento
e outras competências sociais.
3. O ser humano é um produto da cultura da sociedade a que pertence: «A socialização é o
processo pelo qual as crianças indefesas se tornam gradualmente seres auto-conscientes,
com saberes e capacidades, treinadas nas formas de cultura em que nasceram.» O ser
humano é um produtor de cultura: «A socialização não é uma espécie de ‘programação cul-
tural’ em que a criança absorve de forma passiva as influências com as quais entra em con-
tacto. Até os recém-nascidos têm necessidades e exigências que afectam o comportamento
daqueles… as crianças são, desde o início, seres activos.»

GRUPO IV

No comentário dever-se-ão articular, de forma estruturada, as seguintes ideias:


Cada grupo tem a sua cultura/subcultura, composta de valores que influenciam normas e compor-
tamentos, originando a sua especificidade cultural.
A separação geográfica que o urbanismo, a maior parte das vezes, propõe, com bairros periféri-
cos ocupados por «minorias», imigrantes, grupos desfavorecidos, por exemplo, faz com que o
padrão de cultura desses grupos seja visto como discriminatório. É o que caracteriza os «afasta-
dos».

57
O etnocentrismo, ao considerar culturas superiores e inferiores, tenderá a perspectivar os
«outros» como diferentes, gerando um campo fértil para a segregação com base nas diferenças
culturais.
Não se verificando contacto entre grupos sociais diferentes que poderiam proporcionar acultura-
ção ou assimilação de alguns elementos culturais, os mais desfavorecidos serão objecto de exclu-
são com base naquilo que é diferente – as diferenças culturais ou étnicas.

TESTE – UNIDADE 4

GRUPO I
1. B 2. D 3. A 4. A 5. C

GRUPO II

1. Estatuto pode ser entendido como o conjunto de comportamentos que um indivíduo espera dos
outros pelo facto de desempenhar um determinado papel social.
2. Estatuto atribuído é aquele que o indivíduo tem, sem se ter esforçado para o alcançar; já o esta-
tuto adquirido resulta de algum esforço por parte do indivíduo para o adquirir.
3. Os dois conceitos estão relacionados, dado que é o papel social que determina o estatuto de que
o indivíduo goza socialmente.
4. É a cultura do grupo de pertença que, neste caso, é a subcultura jovem.
5. Grupo de pertença é o grupo em que o indivíduo se insere; grupo de referência é o grupo a que o
indivíduo não pertence, mas desejaria pertencer, que lhe serve de referência cultural.
6. São grupos primários em que o tipo de relacionamento se baseia nos afectos e na informa-
lidade.
7. No comentário, o aluno deverá articular as seguintes ideias:
O estatuto do jovem em transição para a vida adulta encontra-se indefinido, os comportamentos
que ele espera da sociedade não se encontram claramente definidos – ora é tratado como criança,
ora se lhe exigem responsabilidades a que ele não consegue completamente responder. Estes
comportamentos podem não corresponder às expectativas do jovem que se refugiará numa sub-
cultura, podendo afastar-se dos modelos dominantes, isto é das normas sociais.
A socialização dos jovens é fundamental neste processo de transição do seu grupo de pertença
para outros grupos de referência.

GRUPO III

No comentário poder-se-ão encontrar as seguintes ideias:


A socialização como processo de transmissão da cultura do grupo de pertença e de integração
social.
A ausência de uma socialização eficaz ou deficiente, motivada por alguns dos factores a que o texto
faz referência (divórcio dos pais, abandono ou insucesso escolar, vivência em instituições de aco-
lhimento, etc.), pode originar dificuldades na aprendizagem dos papéis sociais aprovados, provo-
cando exclusão social.

58
Uma socialização deficiente em que intervêm agentes proponentes de culturas desviantes
pode, certamente, ser a origem de um processo de afastamento social e correspondente margi-
nalização.

TESTE – UNIDADE 5

GRUPO I
1. A 2. A 3. C 4. D 5. A

GRUPO II

1.1 A partilha de valores e a existência de normas sociais orientadoras das condutas dos indiví-
duos é fundamental para a convivência e coesão social.
1.2 Conformidade às normas significa que, numa sociedade ou num grupo, a grande maioria dos
seus membros aceita as normas vigentes e comporta-se de acordo com elas.
1.3 Na aldeia, devido ao número mais reduzido de habitantes, há relações de vizinhança próximas,
havendo uma maior exigência quanto ao cumprimento das normas socialmente aceites e, por-
tanto, maior controlo das condutas individuais, enquanto que no meio urbano há maior grau de
liberdade nas condutas, pois as relações entre as pessoas são menos próximas e a vida na
grande cidade exige maior autonomia dos indivíduos, o que origina um grau de conformidade
social menor.
2.1 Comportamento desviante significa um comportamento afastado das normas estabelecidas.
2.2 A delinquência, a criminalidade e o movimento hippie.
2.3 Não, pois os valores e os padrões culturais diferem de sociedade para sociedade, o que significa
que um comportamento considerado desviante numa sociedade contraria os valores e as nor-
mas dessa sociedade pode ser considerado um comportamento em conformidade numa socie-
dade. A poligamia é um exemplo dessa diferença.

GRUPO III

1.1 Controlo social é o conjunto dos meios que uma sociedade utiliza para levar os seus membros
a adoptar comportamentos socialmente aceites.
1.2 Os mecanismos de controlo social são a socialização, a pressão social e as sanções.
1.3 As sanções positivas têm por finalidade recompensar ou premiar os indivíduos que adoptam
condutas que respeitam as normas, enquanto que as sanções negativas se destinam a punir
aqueles cujo comportamento é contrário às normas estabelecidas.
2.1 Instituição social significa o conjunto de procedimentos que a sociedade deve seguir de forma
a alcançar os seus objectivos.
2.2 A principal função da família é a socialização das crianças, isto é, a aprendizagem dos valores
e normas da sociedade, de forma a que estes desempenhem, mais tarde, os papéis de mem-
bros adultos da sociedade.
2.3 Entre outros, podem ser referidos os valores e os símbolos.

59
2.4 Os valores, para a família são, por exemplo, o amor, a união, o romantismo; para a escola, a
igualdade de oportunidades, o mérito, o esforço, etc.
Relativamente aos símbolos para a família: o nome de família, a casa e as fotos de família são
alguns exemplos; para a escola: a sala de aula, o emblema, a farda, a biblioteca constituem
exemplos dos seus símbolos.

GRUPO IV

1.1 O autor, com esta frase, pretende dizer que a escola não tem apenas a função de instruir, isto
é, de fornecer os conhecimentos e as competências necessárias ao desempenho de papéis
profissionais, através dos conteúdos formais do currículo.
Cabe também à escola contribuir para a aprendizagem dos valores e das regras da sociedade,
necessárias ao desempenho dos papéis de adultos respeitadores da ordem social estabelecida.
1.2 Para além das competências formais como ler, escrever e calcular, aprende-se a ser pontual,
assíduo, a respeitar os outros, a ser responsável e que o esforço é necessário para obter bons
resultados, etc.
1.3 Por «currículo oculto» o autor refere-se às aprendizagens que não estão formalizadas nos con-
teúdos das disciplinas integrantes do currículo formal, mas implícitas nas regras internas de
organização e funcionamento das escolas, como o cumprimento dos horários estabelecidos, as
regras para justificar faltas, as normas disciplinares e respectivas sanções, etc.
1.4 A escola, através das aprendizagens que fornece, a nível dos saberes, das competências e dos
valores e atitudes, prepara os jovens para o desempenho dos papéis de futuros profissionais e
cidadãos respeitadores dos valores e normas da sociedade. A escola conduz, assim, às apren-
dizagens do modelo de funcionamento da sociedade em que os jovens estão inseridos, contri-
buindo para a reprodução social.
2.1 Nas sociedades industrializadas, a grande maioria das famílias já não corresponde ao padrão
tradicional do casal, com filhos, com vida comum, em que a mãe cuida da família e da casa e o
pai trabalha para sustentar a família, verificando-se a existência de muitos outros modelos
familiares. Casais divorciados, mulheres/homens divorciados ou solteiros, vivendo sós ou com
os filhos, casais sem filhos, casais homossexuais, etc.
2.2 É um fenómeno colectivo, ou seja, a mudança que se regista no modo de vida da família atinge
milhões de pessoas.
É um fenómeno que perdura no tempo, ou seja, é um acontecimento que não é fácil de inverter.

TESTE – UNIDADE 6

GRUPO I
1. D 2. D 3. C 4. C 5. D

GRUPO II

1. O autor define globalização como um processo de crescente mundialização das relações sociais,
ou seja, as sociedades, os povos e os países, embora muito distantes uns dos outros, geográfica

60
e culturalmente, estão progressivamente mais ligados por relações económicas, políticas e cul-
turais.
2. Num mundo globalizado, determinados acontecimentos que se dão num país ou região produ-
zem efeitos na vida social de outros países e regiões, ou até no resto do mundo. A guerra, um
desastre nuclear, atentados terroristas, constituem exemplos de acontecimentos com dimensão
global.
3. Num processo de globalização económica, os produtos, o capital e a mão-de-obra circulam pelo
mundo inteiro, o que aumenta a concorrência entre empresas e países. O objectivo de maior
rentabilidade, lucro e benefício, por parte dos agentes económicos, origina maior procura dos
bens e serviços que ofereçam condições mais vantajosas, o que favorece determinados países e
prejudica outros.
Se a região de Singapura oferece produtos cuja relação preço/qualidade é superior aos produtos
fornecidos pela região de Pittsburgh, a maior procura dos primeiros contribui para o crescimen-
to da sua economia e, portanto, da sua prosperidade, enquanto que a menor procura dos segun-
dos pode conduzir ao fecho das empresas, ao desemprego e consequente empobrecimento da
região. A globalização económica pode, assim, originar mudanças que se opõem: uma região,
anteriormente menos desenvolvida enriquece; outra, antes desenvolvida, empobrece.
Quando, fruto da globalização/difusão dos bens culturais, uma comunidade local é confrontada
com valores, normas e modelos de comportamento difundidos pelos mass media, pelos filmes,
pela televisão e outros meios de difusão cultural pertencentes a grandes empresas globais,
pode sentir a sua identidade ameaçada, o que pode originar movimentos de reforço dessa
mesma identidade, que podem assumir formas mais ou menos radicais.

GRUPO III

1.1 Por mercado financeiro global entende-se a possibilidade que existe de qualquer investidor,
em qualquer parte do mundo, poder aceder à informação que lhe permite movimentar pelo
mundo inteiro os montantes de dinheiro que desejar.
1.2 As Tic permitem a qualquer pessoa aceder à informação, em tempo real, e desenvolver, a par-
tir dela a sua actividade, bastando para o efeito uma ligação à Internet. As operações nos mer-
cados financeiros são disso exemplo.
2. A circulação da informação pelo mundo permite difundir os valores, normas e condutas carac-
terísticos das sociedades modernas, o que pode originar algumas mudanças nas sociedades
mais tradicionais. Os direitos das mulheres, difundidos pelos mass media, no sentido da igual-
dade de direitos e deveres entre homens e mulheres, valores das sociedades modernas, têm-se
vindo a inscrever gradualmente nas sociedades mais tradicionais, onde muitas mulheres já
não aceitam a desigualdade e a discriminação.

GRUPO IV

1. As novas tecnologias de informação e comunicação e as relações económicas permitiram


reduzir as distâncias geográficas, físicas e culturais entre os povos: a mesma informação e
conhecimento dos factos chega, em simultâneo, a qualquer parte do mundo; o mesmo filme
passa nos cinemas de um número elevado de países; as grandes competições desportivas são
visionadas, ao mesmo tempo, por espectadores dos vários continentes; produtos idênticos são
consumidos por milhões de consumidores no mundo; grandes empresas estão localizadas em
várias regiões do mundo, o capital financeiro circula livremente pelo mundo inteiro, etc.

61
Os exemplos referidos mostram que o mundo se tornou mais aberto e, ao mesmo tempo,
«mais pequeno», em que habitantes que vivem a milhões de quilómetros de distância uns dos
outros estabelecem, fruto da globalização, relações sociais de vizinhança, tal como na aldeia.
2. Sim pois, ao reduzir, através do conhecimento e da informação que circula livremente pelo
mundo, as fronteiras físicas entre os povos, aproximando-os, torna mais visíveis as diferenças
culturais existentes. Quando se conhece o outro toma-se consciência das diferenças existen-
tes.
3. Se a globalização torna perceptíveis as diferenças culturais entre os povos, o reconhecimento
dessa diversidade será a base do relacionamento entre os povos. O respeito e a tolerância entre
os povos são condições para o estabelecimento de relações de cooperação.

TESTE – UNIDADE 7

GRUPO I
1. D 2. C 3. D 4. C 5. B

GRUPO II
1. No texto são visíveis as diferenças entre os papéis sociais do homem e os da mulher, na década
de 50. Do homem esperava-se que trabalhasse e tivesse prestígio social: «o papá saía para o
mundo; ia ganhar dinheiro e tentar o prestígio social.»; da mulher, a sociedade esperava que
ficasse em casa a tratar dos filhos e do lar: «a mamã ficava em casa a beijocar os seus rebentos,
a fazer reluzir os mosaicos da cozinha e a cozinhar.» Esta divisão de tarefas correspondia, como
diz o texto, ao modelo ideal de família dos anos 50.
2. A família é um dos mais importantes agentes de socialização, cabendo-lhe as tarefas da sociali-
zação primária das crianças. Dela se espera que ensine e prepare os jovens para a integração
social.
3. Um grupo social é um conjunto estruturado de interacções sociais. Todos os grupos têm objecti-
vos que deram origem à sua constituição, têm papéis sociais, um código de comportamentos e
elementos culturais específicos.

GRUPO III
1. Família nuclear é a família composta pelo pai, mãe e filhos.
2. A função de socialização e a de reprodução.
3. De facto, no texto, é possível encontrar algumas referências a mudanças no âmbito da família.
O adiamento da idade de casamento, a coabitação, o aparecimento das famílias monoparentais e
recompostas são exemplos de mudanças.
4. As famílias monoparentais e as famílias recompostas.
5. A independência económica da mulher permitiu-lhe «negociar» em pé de igualdade as suas fun-
ções no seio da família, e na sociedade, partilhando com o marido algumas tarefas domésticas,
assumindo responsabilidades familiares que dantes lhe eram dificultadas, ter uma carreira pro-
fissional e participação política, por exemplo.

62
GRUPO IV
1. As funções da escola vão da preparação científica e profissional dos jovens, passando pela
socialização informal.
2. Os meios de comunicação social e os amigos. Os meios de comunicação social contribuem para
a socialização dos jovens através dos valores e modelos sociais que impõem, muitas vezes vio-
lentamente, devido à poderosa e sofisticada tecnologia de que dispõem.
Os amigos são um grupo em que a socialização se faz de forma diferente. É um grupo de acolhi-
mento, de afectos, de partilha de experiências, de valores que podem ajudar o jovem na transi-
ção para o mundo adulto; mas pode também ser o agente de uma socialização desviante,
transmitindo normas contrárias às adoptadas pela sociedade em geral.
3. O conflito verifica-se entre agentes de socialização. Desde logo, entre a escola e os amigos,
podendo estes, por vezes, defender práticas sociais contra as estabelecidas. Faltar às aulas,
estudar pouco, desleixar-se com os trabalhos de casa para acompanhar o grupo de «amigos»
entra em conflito com os comportamentos exigidos pela escola. Mas é, sobretudo, ao nível da
acção da comunicação social, que podemos encontrar alguns sintomas de competição com a
acção da escola, originando situações de conflito.
A divergência entre métodos de abordar a informação e o conhecimento que os mass media pro-
põem, e a forma ainda tradicional da escola funcionar, leva os jovens a ter algum afastamento e
desinteresse pela escola, sua função e respectivos agentes.
A estratégia a tentar, no sentido de ultrapassar os possíveis conflitos, poderá estar na motivação
que a escola possa ter para os jovens, mostrando-lhes a sua acção fundamental na compreen-
são da informação na construção do conhecimento e na adopção de novas metodologias, mais
ajustadas à realidade actual.
4. De facto, a escola alia a formação científica e técnica que ministra e a preparação para a vida
activa (socialização formal), a outras formas de aprendizagem, como o trabalhar em grupo,
saber ouvir os outros, saber defender pontos de vista, respeitar os outros, combater atitudes
etnocêntricas, conhecer outras realidades, ter experiências de participação nas estruturas aca-
démicas, etc. (socialização informal).

TESTE – UNIDADE 8

GRUPO I
1. A 2. C 3. D 4. B 5. C

GRUPO II
1. Dois papéis tradicionais que as mulheres continuam a desempenhar são: o «trabalho doméstico»
e o «cuidar dos filhos».
2. O conceito de género diz respeito à construção social e cultural que leva as pessoas a desempe-
nhar diferentes papéis sociais, de acordo com o sexo, em determinada sociedade. Desta forma,
quer o «trabalho doméstico», quer o «cuidar dos filhos» são, em geral, maioritariamente asse-
gurados pelas mulheres, porque nas sociedades mais tradicionais se espera que as mulheres
desempenhem essas tarefas, por assim ser «culturalmente esperado».

63
3. Duas características das migrações de hoje poderão ser, entre outras igualmente relevantes, o
facto de haver numerosos migrantes que fogem de situações de perseguições e de guerras, e o
facto de haver um grande número de indivíduos que procura melhores condições de vida; são
provenientes de países em desenvolvimento como é o caso, por exemplo, dos imigrantes da África
Subsariana que tentam entrar na Europa ou de imigrantes asiáticos que tentam chegar ao Reino
Unido ou à Austrália.
4. A etnicidade está directamente relacionada com as desigualdades sociais. A etnicidade corres-
ponde a uma situação de dominação sofrida pelos imigrantes, pelo facto de pertencerem a gru-
pos étnicos que vivem numa situação de desigualdade social relativamente a outros grupos
sociais, como refere o texto, «de grupos étnicos minoritários ou do grupo étnico dominante (…)
posição específica no conjunto dessa estratificação social». Habitam em determinados locais,
geralmente bairros periféricos das grandes cidades e desenvolvem a endogamia (o casamento
dentro do seu grupo étnico). Podemos concluir que as diferenças étnicas estão associadas a
diferentes níveis de rendimento e a desigualdades, relativamente ao exercício do poder.

GRUPO III
1. É o sistema de classes sociais.
2. Enquanto a mobilidade social ascendente se efectua de um estrato social hierarquicamente
inferior para um superior, a mobilidade social descendente nome no sentido inverso, pois con-
siste na passagem de um estrato social mais elevado para um mais baixo.
3. Classe social é uma categoria social em que os indivíduos se encontram numa posição seme-
lhante, relativamente ao acesso e à posse dos bens, o que condiciona a organização social.
Indivíduos de «famílias pobres», com um reduzido nível de escolaridade, ou «sem escolaridade»,
e a viverem em zonas pouco desenvolvidas e «isoladas», não desfrutam de igualdade de oportuni-
dades e não conseguem atingir «determinada posição social». O facto de se pertencer a uma
classe social baixa, sem o acesso e sem a posse de bens (materiais e serviços), torna muito difícil
conseguir atingir uma posição social numa classe social mais elevada. Apesar de permitir maior
mobilidade social do que os sistemas de castas ou de ordens, o sistema de classes ainda dificulta
a mobilidade social, não «sendo indiferente o facto de se nascer numa família rica ou pobre».

GRUPO IV
1. Quatro categorias sociais vulneráveis à pobreza em Portugal poderão ser, entre outras; os
desempregados, em particular os de longa duração; trabalhadores com empregos precários;
trabalhadores com empregos de salários baixos; e trabalhadores com empregos cujos salários
estão em atraso.
2. Dois factores que influenciam a pobreza poderão ser: o despedimento do trabalhador, que passa
a ser um desempregado ou um divórcio, que origina uma família monoparental mais vulnerável
à pobreza, pois, como refere o texto: «(…) situação recente determinada por uma interrupção,
talvez transitória, devido a uma ruptura profissional ou familiar, por exemplo.»
3. O texto refere-se a uma situação de transitoriedade relativamente à pobreza. O comentário
deverá referir que a «situação recente» não possibilita a construção de modos de vida de pobreza,
articulando-se este conceito com a situação mencionada no texto.

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