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XXIII Encontro Nac. de Eng.

de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003

Análise ergonômica no processo produtivo da extração de calcário


laminado - estudo de caso

Ana Lúcia de Sousa Leite(URCA) analucia_sl@hotmail.com


Cícera Maria Gonçalves da Silva(URCA) cicera_mgs@hotmail.com
Robervânia da Silva Barbosa (URCA) robervania_eng@hotmail.com

Resumo
Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise ergonômica no processo produtivo da
extração do calcário laminado na Bacia do Araripe, observando em um talhado (pedreira)
especifico os aspectos relacionados ao trabalho que interferem na saúde, no conforto e na
satisfação do trabalhador. A análise foi feita a partir de observações sistemáticas, registro das
diversas situações em fotografias e vídeos e entrevistas informais com os trabalhadores em
campo. Através da análise foi possível perceber a influência dos fatores como meio ambiente,
máquinas, ferramentas, segurança e organização do trabalho, na saúde e no bem estar do
trabalhador.
Palavras Chave: Análise ergonômica, Extração de calcário, Segurança do trabalho.

1. Introdução
O trabalho é uma atividade própria do homem enquanto ser social, com isso ele procura
incessantemente através dos tempos a melhor maneira de realizar as atividades, atendendo as
suas necessidades e aumentando o seu bem estar.
A Ergonomia visa melhorar o trabalho humano, estudando as diversas capacidades que o
homem utiliza para a realização das atividades e, a partir daí, fazer a adaptação das máquinas,
das ferramentas, do ambiente e da organização do trabalho às características humanas. A
Ergonomia permite a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores de modo que os mesmos possam trabalhar com mais conforto e eficiência,
com redução da fadiga excessiva e dos riscos de acidentes e doenças que se observam em
muitas ocupações profissionais.
Para se fazer uma análise ergonômica do trabalho, de acordo Santos & Fialho (1995), a
análise da demanda é o ponto de partida, porque ela permite compreender a natureza e a
dimensão dos problemas apresentados. Depois de feito esse estudo, o profissional de
ergonomia apresenta um plano que explicita as etapas da análise, bem como os procedimentos
que serão utilizados no processo de análise.
A análise ergonômica procura colocar em evidência os fatores que possam levar a uma sub ou
sobrecarga de trabalho(física ou cognitiva) e suas conseqüentes repercussões sobre a saúde,
estabelecendo quais são os pontos críticos que devem ser modificados(MTE & SIT, 2002).
Este trabalho pretende mostrar a importância desta análise, com uma aplicação prática na
atividade de extração do calcário laminado.
2. Setor de Mineração
A mineração é uma das atividades mais antigas do mundo, sendo considerada como referência
de desenvolvimento econômico, razão pela qual traz ainda consigo toda uma estrutura secular
caracterizada pela existência de um plano de aproveitamento que engloba as atividades de
pesquisa, extração e beneficiamento de minerais.

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Com o incremento da mecanização no inicio dos anos 90, ocorreram mudanças em todos os
setores, atingindo também as mineradoras, porém nem todas acompanharam este processo
imediatamente. Hoje, alguns trabalhadores deste setor convivem com a mais alta tecnologia
em que o contato direto com o mineral não mais existe, porém deu lugar aos novos problemas
que as tecnologias oferecem. Outros se submetem às minerações primitivas, estagnadas no
tempo, onde são expostos a ruídos, vibrações, calor, fadiga muscular e a poeira da sílica, que é
considerado o pior de todos os agentes encontrados nesta atividade.
São muitos os minerais extraídos no país, tem-se conhecimento que as sociedades mais
evoluídas dependem de um alto consumo de bens materiais e que praticamente toda a
indústria depende direta ou indiretamente do setor mineral. As formas como são encontrados
podem variar desde a mineração a céu aberto até mineração no subsolo, sendo que cada uma
destas submete o trabalhador a riscos químicos, físicos e ergonômicos em quantidades e
variações que também oscilam influenciados pela maneira com é exercida a operação.
Para que a extração mineral possa ser vista não só como indústria puramente destrutiva, já que
é uma atividade de alto potencial impactante sobre o ambiente, atingindo também a população
do entorno das áreas de mineração e afetando a qualidade de vida dos trabalhadores faz
necessário considerar: todo o ciclo produtivo, incluindo a reciclagem dos minerais ou
produtos deles derivados (vidros, metais, etc); o desenvolvimento de novas tecnologias; o
controle e a reabilitação do meio ambiente; uma política ambiental que determine o que
explorar e em que taxas; e intervir ergonomicamente, melhorando as condições de trabalho.
3. Estudo de caso
Este estudo foi realizado no setor de extração do calcário laminado na Bacia do Araripe,
especificamente em um talhado (pedreira) localizado nas proximidades do município de Nova
Olinda – CE.
A extração do calcário nessa região vem tendo um aumento significativo nos últimos tempos.
O fato é que a ausência da prática da agricultura e a lucratividade da atividade de extração são
fatores determinantes nessa exploração, mas essa atividade apresenta sérios problemas em
relação às condições de trabalho e impactos ambientais.
A produção do calcário nesta região é utilizada praticamente na construção civil, em pisos e
revestimentos de paredes, sem qualquer polimento das placas. O resto do material é usado
para fabricação de cimento portland. A produção de placas é fornecida para a região do Cariri
e os estados de Pernambuco, Piauí, Maranhão, Bahia e Minas Gerais.
Neste setor a perda de material é muito grande. Observa-se que as condições e ferramentas de
trabalho influenciam diretamente nesse processo. De acordo com Oliveira (1998) “as perdas
na lavra do calcário laminado, tem pelo, menos duas origens: causas naturais, provocadas pela
natureza em si mesma, e operacionais, resultantes da inadequação de técnicas e equipamentos
empregados na extração mineral”.
4. Análise ergonômica do posto de trabalho
De início foi feita visitas em alguns talhados nessa região, para a observação dos aspectos
relacionados às condições de trabalho. Para a NR 17, as condições de trabalho incluem os
aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do
trabalho.
Após as visitas, foi escolhido um talhado para estudo. As técnicas de analise utilizadas foram
observações sistemáticas, registro das diversas situações em fotografias e vídeos e entrevistas
informais com os trabalhadores.

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4.1. Ambiente de Trabalho


A atividade se desenvolve na presença de agentes químicos e físicos: poeira, calor e ruído. No
momento de limpeza do local, a poeira é bastante intensa, considerando que no talhado existe
uma movimentação de ar, ventos constantes, que levantam a poeira existente no ambiente de
trabalho e provocam transtornos ao trabalhador.
O trabalhador está a todo o momento exposto a radiação solar, já que a atividade se
desenvolve a céu aberto. É imprescindível que o mesmo esteja bem protegido dos raios
solares, ou seja, com roupas adequadas, o que não acontece com todos os trabalhadores.
O ruído neste setor é decorrente somente da máquina de corte, quando o disco da máquina
está em contado com a placa, provocando uma resistência e conseqüentemente o ruído.
4.2. Organização do Trabalho
Dentre os itens considerados pela NR 17 como organização do trabalho estão as normas de
produção, o modo operatório, o conteúdo das tarefas e o ritmo de trabalho.
Nesse talhado a produção é bastante irregular. Os funcionários não trabalham por produção,
porque as condições do talhado não permitem que se tenha uma produção diária ou mensal
estável. A especialização de funções não é característica deste setor, onde todos sabem
executar as tarefas da atividade demandada. Não há um ritmo de trabalho imposto, porque não
existe nenhum supervisor ou encarregado que supervisione a produção, logo o próprio
funcionário determina o seu ritmo de trabalho.
O horário de trabalho é de 7:00h às 11:00h e 12:00h às 17:00h, constituindo uma carga
horária semanal de 45 horas. A alimentação é feita no próprio talhado, sendo que os
trabalhadores trazem as suas refeições de casa e esquenta em fogões rudimentares (tijolos).
Os salários dos funcionários correspondem a um salário mínimo, pago aqueles que trabalham
nas tarefas de marcação, retirada e separação, e um salário mínimo e meio, pago ao operador
da máquina de corte.
O nível de escolaridade dos operários é o primeiro grau incompleto, segundo a maioria a falta
de condições financeiras não permite estudar. A renda familiar é gerada normalmente no
talhado. A aprendizagem profissional ocorre na prática e dentro de uma relação familiar.
4.3. Segurança do Trabalho
Nas condições de segurança no trabalho observou-se que o contato das mãos com as placas de
calcário exige o uso de luvas, mas os trabalhadores não usam, afirmando eles que não
conseguem ter uma boa adaptação com o Equipamento de Proteção Individual (EPI)
fornecido pela empresa.
A máquina de corte é acionada por um motor elétrico, a localização do talhado dificulta
instalações de eletricidade e para suprir essa deficiência foi feita uma ligação improvisada. A
fiação que chega até a máquina fica na área explorada, entre os operários. Uma falta de
atenção de um trabalhador com uma ferramenta de trabalho pode vir a causar um acidente.
A área explorada vai ficando com desníveis cada vez maiores ao redor do talhado,
dificultando o acesso e o movimento dos trabalhadores.
A poluição sonora no talhado é causada essencialmente pela máquina de corte que é
demasiadamente ruidosa. Este tipo de poluição afeta a audição, causando várias funções
fisiológicas, tais como: sensação de incômodo, stress, perturbação do sono, além de interferir
na comunicação oral.

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A temperatura influencia diretamente no desempenho do trabalho humano, tanto sobre a


produtividade como em risco de acidentes de trabalho. Entretanto avaliar a fadiga por calor
excessivo não é uma tarefa simples, porque os problemas relacionados ao calor estão dentro
de um limite que vai desde o conforto térmico até uma fadiga anormal.
4.3. Descrição das Operações
Uma vez delimitada a área a ser explorada e adquirido o poder de lavra diante do
Departamento Nacional de Proteção Mineral (DNPM), utiliza-se explosivos para a explosão
do local. Em seguida é feito o decapeamento, que consiste na retirada da cobertura vegetal e
do solo propriamente dito que dá a sustentabilidade à cobertura. Feita a limpeza inicia-se a
extração do calcário.
A extração é feita na região basicamente de duas formas: a extração manual e extração semi-
mecanizada A manual é feita com o uso de ferramentas manuais (martelo, pás, picaretas, carro
de mão, punção, talhadeira e alavanca). A placa extraída por esse processo apresenta formato
(geometria) irregular, necessitando posteriormente de um beneficiamento. A extração semi-
mecanizada utiliza uma máquina de corte, que corta a placa em tamanhos pré-determinados.
O talhado em estudo utiliza o método semi-mecanizado. E para o melhor entendimento desse
método veja a Figura 1 e a descrição das tarefas:

Matéria-prima (Talhado)

Marcação (definir tamanho das

Corte

Retirada das placas

Separação das placas

Estoque das placas (material nas proximidades do


Figura 1 - Fluxograma da atividade de extração do calcário
Marcação – Após a limpeza inicia-se a tarefa de marcação que consiste em determinar a área
a ser cortada. Inicialmente o operário delimita pontos que são unidos por uma linha e marcada
na laje com um punção. Em seguida traçam-se linhas paralelas e perpendiculares entre si com
uma determinada distância, resultando no tamanho da placa pedida pelo cliente (o tamanho
mais encontrado no talhado é o de o de 40 cm x 50 cm).
Corte - O corte é feito com uma máquina, que quando ligada aciona um motor elétrico que
transmite movimento a um eixo e faz girar uma lâmina (disco de diamante). Quando a lâmina
esta em contato com a superfície usa-se água para diminuir a resistência da placa e a poeira. A
água vem em carros pipas da cidade de Nova Olinda e é armazenada em poços ao lado do
talhado. A energia elétrica vem da rede elétrica rural , através de uma ligação improvisada.
Com a marcação definida o operador posiciona a lâmina, liga a máquina e em seguida começa
a movimentar a máquina na direção da linha demarcada. Observa-se, Figura 2, que a força das
mãos aplicada não é suficiente para vencer a resistência da placa, com isso o operador
empurra com o corpo. A proteção da lâmina impede a visualização do operador fazendo com
que o mesmo incline a cabeça, permanecendo nesta posição até finalizar o corte. Chegando ao

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final da linha marcada, o operador retorna ao início, para cortar uma nova placa. No retorno o
operador puxa a máquina (segundo os trabalhadores esta ação equivale a carregar 100Kg).

Figura 2 – Operação de corte Figura 3 – Operação de retirada


Retirada - Após o corte, com o auxílio de uma alavanca, o operário descola a placa com
pancadas na sua base, Figura 3. Em seguida apóia alavanca com uma pedra (ou um pedaço de
placa), suspende a alavanca e coloca sobre a placa uma segunda pedra para assim poder
levantar e carregar para um local ao lado. As placas variam entre 25 a 30 Kg.
Separação - A placa ao ser retirada vem em forma de “capas”, ou seja, uma única placa pode
ser dividida em duas ou até cinco novas placas. As placas resultantes da separação tem
propriedades distintas. Após ser retirada a placa é colocada ao lado e com auxílio de uma
talhadeira e um martelo o operário faz a divisão, ou seja, a separação.
Depois de separada as placas (produto acabado) são estocadas ao lado do próprio talhado,
muitas vezes em local que ainda vai ser explorado.
4.4. Análise da Atividade
Na atividade de extração em estudo a mão-de-obra resume-se basicamente, a do operador da
máquina de corte e dos levantadores de placas.
O acesso e o deslocamento do posto de trabalho não apresentam condições satisfatórias. Resto
de material, produto acabado, ferramentas, mangueiras e fiação elétrica encontra-se de forma
desordenada, dificultando assim o deslocamento dos trabalhadores.
Os tempos produtivos são muitos baixos, porque a limpeza do local e a marcação demandam
grande percentagem do tempo de trabalho. Além dos tempos de parada para a recuperação de
energia.
O levantamento e o transporte da placa é um dos pontos críticos para o desconforto dos
trabalhadores. De acordo com Possibom (2001) “o levantamento e o transporte manual de
pesos podem causar uma série de patologias sobre, principalmente, o sistema osteoarticular.
Entende-se isso como a ação de um traumatismo sobre os elementos osteoarticulares que
compõem o todo físico de um indivíduo, especialmente o trabalhador”.
A altura da máquina de corte está subdimensionada para o operador, logo a força que aplica
para empurrar a máquina faz com que o mesmo force os membros inferiores e superiores. Não
sendo suficiente, utiliza o corpo para melhorar o deslocamento, acarretando assim dores na
barriga (informação fornecida pelo próprio operador). Observou ainda que o operador passa a
maior parte do movimento apoiado em uma só perna e com a cabeça inclinada para melhor
visualizar a lâmina que corta a placa. Possibom (2001) afirma que “essas posturas
inadequadas podem causar LER por meio de três mecanismos: os limites da amplitude

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articular, a força da gravidade oferecendo uma carga suplementar sobre as articulações e


músculos; as lesões mecânicas sobre diferentes tecidos”.
O trabalhador está exposto a poeira da sílica do material, em que dependendo do tempo de
exposição e a intensidade “ a poeira da sílica produz uma doença caracterizada por uma
fibrose pulmonar, a qual apresenta característica de irreversibilidade e freqüentemente
progressiva, mesmo após o afastamento do trabalhador do ambiente nocivo. Não há
infelizmente, tratamento para a silicose”(POSSIBOM: 2001).
Sabemos que o organismo é uma máquina térmica. Quando o operário é exposto a um
ambiente quente, ganha calor, aumentando sua temperatura interna que pode levá-lo à morte.
O organismo reage à essa situação com a diminuição de sua resistência térmica, aumentando
assim, as trocas com o ambiente. Estas trocas são acompanhadas de diminuição do ritmo de
trabalho, perda de sal junto com o suor, podendo surgir sintomas de cãibras musculares.
Segundo Iida (1998) “quando o homem é obrigado a suportar altas temperaturas, o seu
rendimento cai. A velocidade do trabalho diminui, as pausas se tornam maiores e mais
freqüentes, o grau de concentração diminui, e a freqüência de erros e acidentes tende a
aumentar significativamente, principalmente a partir de 30º C.” A temperatura ambiente na
região está acima de 30ºC.
Nem todos os trabalhadores utilizam roupas adequadas. Isso implica uma exposição direta aos
raios solares que podem vir a provocar futuramente doenças ocupacionais e/ou até câncer de
pele.
A partir de análises empíricas, observou-se que o nível de ruído está acima do permitido, uma
vez que os operários não estão adequadamente protegidos. Os impactos do ruído na saúde
manifestam-se através de efeitos auditivos. Estes provocam perda da função auditiva podendo
ser temporária ou permanente.
5. Recomendações
Considera-se que as recomendações a seguir poderão proporcionar ao trabalhador melhores
condições de trabalho:
- Implantação de um sistema permanente de treinamento e instrução no talhado, no intuito de
amenizar as perdas operacionais;
- Conscientizá-los sobre a importância da qualidade e segurança de vida no posto de trabalho;
- Orientação sobre adoção de posturas corretas;
- Analisar o conjunto de medidas antropométricas dos operários da máquina de corte, a fim de
melhorar as condições de manuseio da máquina e criar um sistema de apoio regulável;
- Fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados às ações executadas(luvas
de couro, protetor auricular, botas);
- Fiscalização do uso de equipamentos de segurança;
- Melhorias nas instalações elétricas e hidráulicas;
- Coordenação eficiente do transporte de placas e entulhos para evitar o alto índice de
deslocamentos;
- Alfabetização para adultos;
- Orientação das Normas Regulamentadoras, pelo menos a NR 22(Segurança e Saúde
Ocupacional da Mineração);
- Elaborar um equipamento que levante a placa para que o trabalhador não levante carga em
excesso;
- Fazer consultas e exames médicos periódicos e específicos para cada atividade
desempenhada pelo trabalhador;

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- Redução do tempo de exposição (redução das horas de trabalho, rodízios de operários nas
atividades mais nocivas, pausas intercaladas diárias e semanais)
6. Considerações finais
Em nome da competição cada vez mais acirrada, fruto de uma economia global, exige-se do
trabalhador altos índices de produtividade, onde muitas vezes estão expostos a condições de
trabalho bastante desgastante. Mesmo com o desenvolvimento ocorrido nos últimos anos, no
Brasil não é comum encontrarmos a prática da ergonomia como ferramenta para melhorias
nos postos de trabalho no setor de extração de calcário e, fazer uma análise ergonômica neste
setor, especificamente na extração de calcário laminado não é uma prática tão simples. A
dificuldade se dá devido à precariedade das condições de trabalho existentes e as diversidades
das atividades realizadas.
Todavia no talhado em estudo, a análise ergonômica permitiu identificar a influência dos
fatores ambientais e organizacionais na segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Algumas situações observadas na atividade são inevitáveis, não havendo outra maneira de
executar a tarefa. Mas com os resultados obtidos através do estudo, percebe-se que a análise
ergonômica pode vir a ser uma ferramenta capaz de permitir uma gestão mais participativa
entre empregados e empregadores.
7. Referências bibliográficas
BATISTA, T. G. ( 1985) - Extração e beneficiamento do calcário da formação santana na região do cariri e suas
aplicações. Crato – CE. 1985. 57p. Monografia, Departamento de Ciências Físicas e Biológicas, Universidade
Regional do Cariri.
GRANDJEAN, E. (1998) - Manual prático de ergonomia: adaptando o homem para o trabalho, Bookmam,
Porto Alegre.
IIDA, I. (1998) - Ergonomia: projeto e produção. 5ª ed, Blucher, São Paulo.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO(MTE) & SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO
TRABALHO(SIT), (2002). Manual de aplicação da norma regulamentadora nº 17 - 2 ed, Brasília.
OLIVEIRA, A. A. (1998) - Calcários laminados no cariri: estudo para a redução de perdas na lavra e
aproveitamento do rejeito natural. 160p. Dissertação(Mestrado em Geologia) Centro de Ciências, Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza.
POSSIBOM, W. L. P. (2001). NRs 7,9 e 17 PCMSO – PPRA- Ergonomia: Métodos para a elaboração dos
programas. LTr,, São Paulo.
REVISTA PROTEÇÃO – 2002. Entre o céu e o inferno. Edição nº 128, p.31 – 44.
SANTOS, N. & FIALHO, F. (1995) - Manual de análise ergonômica no trabalho. Gênesis, Curitiba.
VIANA, Maria Somália Sales, NEUMMAN 2003. Virgínio Henrique Lopes.
http://www.unb.br/ig/sigep/sitio005/sitio005.htm , Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Acessado em abril de 2003.

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