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Universidade Jean Piaget de Moçambique

INHAMIZUA

BEIRA-SOFALA

ENGENHARIA DE GEOLOGIA E MINAS

ANÁLISE DO PROCESSO DE DESMONTE DE ROCHAS COM


EXPLOSIVOS, COM VISTA A OPTIMIZAÇÃO DOS SEUS
RESULTADOS/CASO DE PEDREIRA JD’SOUSA NO PERIODO DE 13 DE
SETEMBRO A 18 DE NOVEMBRO

MÁRIO ARMANDO ZUNGUZA

Universidade Jean Piaget de Moçambique

2016

Universidade Jean Piaget de Moçambique


2016

MÁRIO ARMANDO ZUNGUZA

ANÁLISE DO PROCESSO DE DESMONTE DE ROCHAS COM


EXPLOSIVOS, COM VISTA A OPTIMIZAÇÃO DOS SEUS
RESULTADOS/CASO DE PEDREIRA JD’SOUSA NO PERIODO DE 13 DE
SETEMBRO A 18 DE NOVEMBRO

Trabalho de Final de Curso


Apresentado a Universidade
Jean Piaget de Moçambique
como requisito básico para
obtenção do título de
Engenheiro de Minas

Área de Conhecimento: Mineração

Orientador: Ubaldo Gemusse

Sumário

1. Índice de figuras..................................................................................................................I
2. Índice de tabelas.................................................................................................................II

3. Declaração de honra.........................................................................................................III

4. Dedicatória.......................................................................................................................IV

5. Agradecimentos.................................................................................................................V

6. Lista de abreviaturas.........................................................................................................VI

7. Glossário...........................................................................................................................IX

8. Resumo.............................................................................................................................IX

9. Abstract..............................................................................................................................X

Capitulo I: Introdução.............................................................................................................1

I.1. Justificativa..........................................................................................................................2

I.2. Objectivos............................................................................................................................2

I.3. Problematização...................................................................................................................3

I.4. Hipóteses..............................................................................................................................3

I.5. Metodologia de pesquisa.....................................................................................................3

I.6. Delimitação do Tema...........................................................................................................4

Capitulo II: Fundamentação Teórica......................................................................................5

II.1. Utilização das Rochas na Indústria da Construção Civil....................................................5

II.2. Perfuração De Rocha..........................................................................................................7

II. 3. Características dos furos..................................................................................................10

II. 3.2. Profundidade dos furos.................................................................................................12

II.3.3. Rectilinidade do furo.....................................................................................................12

II.3.4. Estabilidade do furo.......................................................................................................13

II.3.5 Perfuração Vertical e Inclinada......................................................................................13

II.6. Cálculo de Custo da Perfuração.......................................................................................16

II.7. Explosivos........................................................................................................................17
II.8. Desmonte de Rochas........................................................................................................23

II.9. Plano de Fogo...................................................................................................................25

II.9.6. Cálculo das cargas.........................................................................................................36

II.9.7. Desmonte Secundário....................................................................................................38

II.9.8. Higiene e Segurança no Trabalho..................................................................................41

II.9.8.2. Significado e importância da prevenção.....................................................................42

Capitulo III: Estudo de Caso................................................................................................46

III.1. Apresentação da Empresa...............................................................................................46

III.3. Planos de fogo Exemplo 2:.............................................................................................50

III.4. Plano de Fogo Exemplo 3:..............................................................................................51

III.5. Plano de Fogo Exemplo 4:..............................................................................................52

III.6. Plano de Fogo Exemplo 5:..............................................................................................53

Capitulo IV: Interpretação dos Resultados...........................................................................56

IV.1. Plano de Fogo Exemplo 1:..............................................................................................56

IV.2. Planos de fogo Exemplo 2:.............................................................................................57

IV.3. Plano de Fogo Exemplo 3:..............................................................................................59

IV.4. Plano de Fogo Exemplo 4:..............................................................................................60

IV.4. Plano de Fogo Exemplo 4:..............................................................................................61

Capitulo V: Conclusão e Recomendações............................................................................64

V.1. Conclusão.........................................................................................................................64

V.2. Sugestões..........................................................................................................................65
1. Índice de figuras

Figura 1:Funcionamento de um sistema Rotopercusiva (Pedro CAVADAS, 2009)..............23

Figura 2: Influência do diâmetro no n.º de furos, na fragmentação da rocha,na altura da pilha


e no porte do equipamento de carregamento (SILVA e COSTA, 2009).................................24

Figura 3: Tipos de malhas (SILVA e COSTA, 2009).............................................................27

Figura 4: Explosivo tipo ANCO (Fonte Própria).....................................................................32

Figura 5: Emulsão encartuchada (Fonte Propria)....................................................................33

Figura 6: Comparativo entre a utilização de bancadas de diferentes alturas Fonte: (COSTA E


SILVA, 2009)...........................................................................................................................39

Figura 7: Variáveisgeométricas de um plano de fogo (fonte: COSTA E SILVA, 2009).......42

Figura 8: Rock Drill Fonte: (IRAMIA, 2015).........................................................................50

Figura 9: Drop Ball (IRAMIA, 2015)......................................................................................51

Figura 10: Martelo de Quebra (IRAMIA, 2015)......................................................................51

Figura 11: Boulder buster (IRAMIA, 2015)............................................................................52

Figura 12: Mapa de localização da pedreira (fonte: Google Maps).........................................57

Figura 13: Vista da mina (Fonte Propria)...............................................................................58

Figura 14:Escavadora no seu horario de trabalho (Fonte propria)..........................................59

I
2. Índice de tabelas

Tabela 1: Comentários a respeito da relação Hb e Afastamento (A). Fonte: (Konya, 1985). .45

II
3. Declaração de honra

Eu, Ubaldo Gemusse, Mestre em Geomaterias, declaro que o estudante, Mário Armando
Zunguza, com nº de estudante 2306, a frequentar o curso de Engenharia de geologias e minas.
Como um dos requisitos para a obtenção do grau de licenciatura, elaborou a presente
monografia e a mesma está em condições de ser avaliado.

O conteúdo do presente documento é reflexo de seu trabalho pessoal e manifesto que perante
qualquer notificação de plágio, cópia ou falta em relação à fonte original, ele directamente o
responsável legal, económica e administrativamente, isentando o Orientador do trabalho, a
Universidade e as instituições que colaboraram com este trabalho, assumindo as
consequências derivadas de tais práticas.

Orientador

______________________

Msc Ubaldo Gemusse

III
4. Dedicatória

 Ao meu pai Armando Uacela Zunguza, pela formação pessoal e académica que
permitiu com que alcançasse os meus objectivos.
 A minha mãe Evelina João Alberto, que foi sempre o meu suporte, por acreditar no
meu desempenho académico, e por me ter apoiado incondicionalmente para o sucesso
académico.
 Aminha avo Cristina, por me ter criado, alimentado, feito estudar nos maus momentos
da minha vida.
 Aos meus irmãos Armando Zunguza Junior, Eunice, Yumi Armando Zunguza,
Dionísio Armando Zunguza, Sandra Armando Zunguza, Zinha Armando Zunguza e
Evegildo Armando Zunguza.
 A todos aqueles que não pertencem mais ao mundo dos vivos, meus avos, amigos e
irmã.

IV
5. Agradecimentos

 Em primeiro lugar quero agradecer ao meu orientador Msc Ubaldo Gemusse pela
orientação deste trabalho e todas as questões dadas durante o período de realização.
De igual modo agradecer ao meu segundo orientador Dr. Simbi por todo o seu apoio e
dedicação no acompanhamento deste as correcções do trabalho.
 Agradeço aos colegas e amigos com quem convivi durante o período de duração do
curso.
 Um especial agradecimento aos coordenadores do curso que tive durante esta jornada,
Dr Otelo Joaquim, Dr. Engenheiro Jorge Santos pelo apoio e ensinamentos.
 De igual modo agradeço ao corpo de docentes da universidade Jean Piaget, em
especial ao Dr. Ngoie pelos conselhos e pelas palavras de edificação que recebi.
 Obrigado a todos que acreditaram que este trabalho científico era possível.

V
6. Lista de abreviaturas

 PT Profundidade Total perfurado por ano:


 Nf: Número de furos por dia;
 Hf = comprimento do furo (m);
 Nd: Dias trabalhados durante o ano.
 Nf:Número de furos por dia:
 VA: Volume anual (m3);
 A: Afastamento (m); E: Espaçamento (m);
 Hf: Comprimento do furo (m);
 Nd: Dias trabalhados por ano.
 NP:Número de perfuradoras necessárias
 CTP:Custo Total da Perfuração/m:
 A: Custo da ferramenta de perfuração (brocas e cortadores);
 M: Vida útil da ferramenta em metros;
 D: Custo horário da perfuratriz (custo de propriedade e custo operativo);
 VP: Velocidade de penetração (m/h).
 MP: Metros diários perfurados por uma perfuratriz:
 NH: Número de horas/dia trabalhado por uma perfuratriz;
 TP: Taxa de penetração (m/h);
 DM: Disponibilidade mecânica da perfuratriz (%);
 RMO: Rendimento da mão-de-obra (%);
 U: Utilização do equipamento (%).
 Custo de Perfuração e Detonação:
 q: Consumo de explosivo por m³ de rocha no corte;
 A: Custo do Kg de explosivo;
 M: Custo do m de perfuração de determinado diâmetro;
 f: Metros de perfuração por m³ de rocha;
 AD: Tamanho de admissão do britador
 Tb: O tamanho dos blocos
 H: Altura do banco;

VI
 A: Afastamento nominal
 D: Diâmetro do furo;
 E: Espaçamento nominal
 L: Longitude do furo,
 d: Diâmetro da carga;
 LV: Longitude do desmonte;
 AV: Comprimento da bancada;
 Ae: Afastamento efectivo;
 Ee: Espaçamento efectivo;
 T: Tampão;
 S: Subperfuração;
 I: Longitude da carga;
 q: Ângulo de saída;
 v/w: Grau de equilíbrio;
 tr: Tempo de retardo.
 1: Repé;
 2: Meia cana do furo;
 3: Rocha saliente;
 4: Sobreescavação;
 5: Fenda de tracção;
 6: Trincamento do;
 7: Cratera;
 8: Carga maciço desacoplada.
 ρe: Densidade do explosivo (g/cm3);
 ρe: Densidade da rocha (g/cm3);
 de: Diâmetro do explosivo (mm).
 Hb: A altura da bancada
 RL: Razão Linear de Carregamento:
 de: Diâmetro do explosivo (mm);
 ρe: Densidade do explosivo (g/cm3).
 Hcf: Altura da carga de fundo

VII
 Hcc: Altura da carga de coluna
 RC: Razão de carregamento
 CT: Carga Total

VIII
7. Glossário

Mina: uma escavação feita na Terra para extrair minerais.

Mineração: a actividade, ocupação e indústria que permite a extracção de mineiras.

Engenharia de Minas: a arte e a ciência aplicada aos processos de mineração e à exploração


das minas.

Do ponto de vista geológico distinguem-se os seguintes termos:

Mineral: substância natural geralmente inorgânica que ocorre na crusta terrestre e que
apresenta uma composição química definida e características físicas próprias.

Rocha: um conjunto de minerais

Do ponto de vista Económico, a distinção entre os minerais é feita da seguinte forma:

Minério: mineral que tem valor intrínseco suficiente para ser extraído com lucro.

IX
Escória ou ganga: ou escoria representa tudo aquilo que vem com o minério mas é
considerado desperdício

Repé: Problemas criados na face da bancada quando se desmonta um volume de rochas

Nharuchonga: Localidade do distrito de Nhamatanda

Nhamatanda: distrito da província de Sofala

Ultralançamento: Lançamento de rochas ou detritos de rocha o acto da explosão

HST: Higiene e Seguraça no trabalho;

EPI: Equipamentos de protecção individual;

EPC: Equipamento de protecção colectivo.

8. Resumo

Esta obra pretende analisar com vista a optimizar o processo de desmonte de rocha na mina a
céu aberto da Jd’sousa e está organizado em cinco capítulos.

O primeiro está relacionado com aspectos introdutórios do trabalho como justificativas,


objectivos, o problema de pesquisa, hipóteses e a metodologia.

O segundo capítulo apresenta a definição de termos com base em bibliografias existentes a


respeito de assunto em análise, é o desenrolar da componente teórica a respeito de perfuração
de rochas, critérios para a escolha dos explosivos, dimensionamento de planos de fogo,
desenvolvimento de teorias necessárias e capazes para sustentar o estudo de caso que é o item
tratado no terceiro capítulo.

Para analisar os dados obtidos no estudo de caso do processo de desmonte é necessário que
haja uma interpretação minuciosa dos mesmos, assunto tratado no quarto capítulo.

X
As conclusões e recomendações obtidas na interpretação de resultados como a impregnação
de malhas apertadas, critérios de escolha de explosivos são exibidas no quinto capítulo.

9. Abstract

This work intends to analyze with a view to optimize the process of dismantling of rock in
the open pit mine of Jd'sousa and is organized in five chapters.
The first is related to introductory aspects of work such as justifications, objectives, research
problem, hypotheses and methodology.
The second chapter presents the definition of terms based on existing bibliographies
regarding the subject under analysis, is the development of the theoretical component
regarding rock drilling, criteria for the choice of explosives, design of fire plans, development
of necessary theories And capable of sustaining the case study which is the item dealt with in
the third chapter.
In order to analyze the data obtained in the case study of the dismantling process it is
necessary to have a detailed interpretation of the same, subject matter treated in the fourth
chapter.
The conclusions and recommendations obtained in the interpretation of results such as the
impregnation of tight meshes, criteria for the choice of explosives are shown in the fifth
chapter.

XI
XII
Capitulo I: Introdução

A indústria mineira tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento e evolução


do homem.

Pelo que aprendemos em história, a vida do homem está ligada a dependência de recursos
minerais existentes no seu habitat para fabrico de utensílios. Numa primeira fase para a caça,
mais tarde na agricultura, para garantir a sua sobrevivência. As primeiras tribos humanas
tinham uma vida nómada, pois se viam obrigadas a migrar para locais de solos férteis e perto
de depósitos minerais que permitissem desenvolver um crescimento sustentável.

No princípio, as técnicas de uso das rochas eram extremamente rudimentares e com os


avanços principalmente tecnológicos ocorreram grandes melhorias nos processos de lavra nas
pedreiras. Ainda hoje, enormes quantidades de rochas britadas são usadas na construção de
grandes edifícios, casas, estradas, pontes, túneis e outras obras de construção civil.

Para satisfazer a grande procura de rocha britada as empresas mineradoras vêm-se obrigadas
a produzirem mais em curtos intervalos de tempo, necessitando assim de formas viáveis e
rápidas de desmonte de rochas. Neste âmbito, grandes são os problemas gerados com o
processo de desmonte de rocha:

 Desmonte de rochas de granulometria não desejada;


 Falhas no dimensionamento de perfuradoras;
 Erros na escolha de explosivos;
 Analise equivocada das condições de desmonte;
 Ultralançamento excessivo de rochas;
 Segurança no manuseio de explosivos.

O desmonte de rochas é feito a partir de dois métodos, o desmonte primário e o desmonte


secundário, no presente trabalho descreve esses métodos de desmonte.

1
I.1. Justificativa

O mundo encontra-se em uma fase de evolução das obras em geral, principalmente na área de
construção civil. Com isto, cada vez mais obras vêm sendo realizadas e consequentemente o
aumento no consumo de materiais como os diversos tipos de brita.

Para fazer frente às exigências do mercado as pedreiras principalmente vem-se obrigado a


melhorar as técnicas de desmontes, de modo a obter matérias de granulometrias desejadas.
Com isso adoptam métodos e técnicas de desmonte de rocha cada vez mais melhoradas.

Por responsabilizarem terceiros para este trabalho, observou-se que os planos de fogo são
elaborados de forma equivocadas, fornecendo as empresas planos não específicos ou não
direccionadas com os desmontes em questão e custos adicionais desnecessários.

Durante o período de estágio notou-se problemas ligados ao processo de desmonte de rocha


que são: resultado dos desmontes não eram satisfatórios, malhas de perfuração não
calculadas, falta de limpeza da camada estéril em áreas perfuradas, as condições de
carregamento de explosivos não eram respeitadas segundo as observações fornecedoras pela
empresa fornecedora de explosivos, as alturas das bancadas não eram seguras para a
perfuração, as alturas das perfurações não eram adequadas ao banco a desmontar, falta de
acessórios dos explosivos como detonadores, afastamentos e espaçamentos excessivos, altura
de tampão não regular, altura da carga de explosivos insuficiente, falta de subperfuração.
Seria necessário a analise destes planos de forma a adequar o dimensionamento com a área
dimensionada,

I.2. Objectivos

Com base em informações obtidas durante o decorrer do curso, é necessário que se apliquem
esses conhecimentos para criação de soluções de forma a resolver os problemas encontrados.
Deste modo, os objectivos da presente obra :

2
I.2.1. Objectivo geral

Analisar processos de desmonte de rochas com explosivos com vista a optimização dos seus
resultados caso da pedreira Jd’sousa.

I.2.2. Objectivos específicos

 Exibir conhecimentos em torno da área em estudo


 Fazer um estudo de caso dos processos de desmonte
 Interpretar as informações obtidas durante estes processos
 Sugerir propostas de possíveis soluções de problemas apontados

I.3. Problematização

O problema que se pretende solucionar é descrito da seguinte forma: Como optimizar os


resultados do processo de desmonte de rocha com explosivos?

I.4. Hipóteses

Como análise de melhoria nos resultados de desmonte de rochas com explosivos o presente
trabalho estará analisando as seguintes possibilidades:

 A adopção de métodos de exploração por bancadas baixas tem efeitos positivos no


desmonte de rocha;
 A definição de espaçamento e afastamentos mais apertados geram resultados de
granulometrias menores;
 A geometria da malha define o resultado da rocha a se desmontar;
 A altura de carga de explosivos influencia a eficiência do desmonte;
 A altura do tampão define o ultralaçamento de rocha;
 A falta de retardadores de explosivos gera grandes níveis de ruídos e vibração durante
o desmonte;

I.5. Metodologia de pesquisa

3
 Os dados foram colectados de modo aleatório, estudados e analisados durante o
processo de estágio de dois meses de duração;

 Exploratória: Estudos de casos levantados através de pesquisas e analises,


identificados no sector de minas da Jd’sousa no período compreendido de 13 de
Setembro a 18 de Novembro;

 Em termos de procedimentos, foi elaborada com base em pesquisas bibliográficas que


consistem em artigos públicos e particulares, páginas da internet, livros. Esta é a base
da elaboração do presente trabalho;

 Pesquisa aplicada: Objectiva gerar conhecimentos para a aplicação em componente


prática e guiado a solução de problemas específicos.

I.6. Delimitação do Tema

Em projectos de mina a céu aberto como, por exemplo a área de pedreira, o objectivo
principal é a redução de custos. Quer sejam custos relacionados ao processo limpeza da
camada de estéril, perfuração, desmonte de rocha e transporte de material para a produção. O
presente trabalho é centralizado a área específica de desmonte de rochas onde aborda a
análise de processo com vista a optimização dos resultados.

4
Capitulo II: Fundamentação Teórica

Os minérios que constituem as rochas são substâncias químicas que se originam a partir de
processos inorgânicos, de decomposição química, geralmente definida, e encontrada
naturalmente na crosta terrestre (AZEVEDO E MARQUES, 2006).

Devido à ocorrência de uma grande diversidade de minerais no globo terrestre, que agregados
uns aos outros, formam os diversos tipos de rocha (GERALDI, 2011).

Segundo Azevedo e Marques (2006), são formadas naturalmente por agregados de matéria
mineral, que se apresentam em grandes massas ou fragmentos, as rochas são materiais sólidos
e consolidados. As rochas constituintes do globo terrestre são classificadas e agrupadas de
acordo com a sua litologia, sua génese e por suas características estruturais. Desta forma, foi
determinada uma subdivisão das rochas em três grandes grupos ou classes, para os estudos da
geologia do planeta (GERALDI, 2011):

 Rochas ígneas ou magmáticas;

 Rochas sedimentares;

 Rochas metamórficas.

II.1. Utilização das Rochas na Indústria da Construção Civil

Segundo Oliveira e Brito (1998), os materiais rochosos são utilizados na construção civil em
diferentes formas para diferentes usos como pedra britada, areia artificial, pó de pedra são
usados para aterros, em outras obras civis, tais como estradas, aeroportos, estações de
tratamento de água, placas de pedra para revestimentos de paredes e pisos; blocos usados
como elementos estruturais em barreiras, blocos usados como elementos estruturais de
barragem de água ou como protecção de taludes, encostais e portos marítimos.

Para a utilização dos materiais rochosos nas diferentes formas, os mesmos devem atender a
determinadas especificações técnicas como (GERALDI, 2011):

Dureza e tenacidade.
Baixo desgaste.

5
Composição mineralógica adequada, com ausência de elementos radioactivos e
sujeitos a alterações por inteperismo.
Resistência à compressão.
Baixa capacidade de absorção de líquidos.
Quando britados – apresentar formas equidimensionais e regulares das partículas.

Existem vários termos e expressões únicas da Mineração, que a caracterizam como domínio
técnico (Howard L. Hartman, 1987). É importante desde conhecer a linguagem técnica
elementar deste capítulo. As definições que seguidamente serão apresentadas estão
contextualizadas segundo a terminologia apresentada por (Thrust, 1968) ou (Gregory, 1983).

Três definições básicas estão profundamente relacionadas:

Mina: uma escavação feita na Terra para extrair minerais.

Mineração: a actividade, ocupação e indústria que permite a extracção de mineiras.

Engenharia de Minas: a arte e a ciência aplicada aos processos de mineração e à exploração


das minas.

Do ponto de vista geológico distinguem-se os seguintes termos:

Mineral: substância natural geralmente inorgânica que ocorre na crusta terrestre e que
apresenta uma composição química definida e características físicas próprias.

Rocha: um conjunto de minerais

Do ponto de vista Económico, a distinção entre os minerais é feita da seguinte forma:

Minério: mineral que tem valor intrínseco suficiente para ser extraído com lucro.

Escória ou ganga: minerais que não têm utilidade nem valor suficiente para ser em
explorados (a ganga ou escoria representa tudo aquilo que vem com o minério mas é
considerado desperdício).

Quando relacionamos estas palavras do ponto de vista geológico e económico, os termos


apresentam a seguinte distinção:

6
Depósito mineral: ocorrência geológica de minerais em forma relativamente concentrada
com potencial de exploração.

II.2. Perfuração De Rocha

A perfuração da rocha para fins de desmonte de maciços é a primeira das operações a


realizar. O objectivo consiste em abrir espaços, neste caso furos, com distribuição espacial
adequada ao maciço, onde posteriormente se irá alojar o explosivo e os acessórios que
facultaria a Detonação e a consequente fragmentação de rocha.

Como se pode constatar existe um campo vasto de sistemas possíveis para a perfuração de
rocha. No entanto, na industria mineira a perfuração é realizada actualmente, e de uma forma
geral, utilizando a energia mecânica. Este facto deve-se a vários factores, de ordem técnica,
económica e de eficiência.

Os principais componentes deste tipo de sistema mecânico de perfuração são os seguintes:

 O equipamento de perfuração, que é a fonte de energia mecânica


 As varas, como meio de transmissão da energia mecânica.
 Os bits, que transformam esta energia mecânica em energia incidente sobre a rocha
daí resultando a perfuração.
 O meio que permite a evacuação do detritos do furo produzido pelo perfuração. Este
meio de limpeza, pode ser um líquido, um gás ou simplesmente ar comprimido.

Neste capítulo iremos apenas aprofundar o tema de perfuração a céu aberto, pelo facto de
corresponder ao âmbito deste trabalho.

Para a determinação de perfuratriz ideal é fundamental que se respeite os seguintes aspectos:


II.2.1. Dureza da Rocha

A petrologia defende que a resistência que um material oferece em ser riscado pelo outro se
chama dureza. A avaliação de resistência que um mineral tem em relação ao outro de dureza
conhecida é chamada de grau de dureza.

Dentre as escala que determinam a dureza de um mineral pode-se destacar:

7
 Dureza Brinell
 Dureza Rockwell
 Dureza Rockwell superficial
 Dureza Webster
 Dureza Vickers
 Dureza Mohs

Dentre elas a mais usada é a de Mohs, que se baseia em classificar os minerais de dureza
conhecida numa ordem crescente em que cada mineral risca o seu antecessor e é riscado pelo
mineral seguinte.

O desmonte de rocha por sua vez depende da dureza da rocha, permitindo assim a escolha do
método de desmonte a seguir.

A Perfuração Manual é realizada com equipamento ligeiro directamente manuseado pelos


operadores. É utilizado em trabalhos de pequena dimensão e normalmente em locais de difícil
acesso para equipamentos pesados. É também utilizado em situações onde não se justifica
economicamente a aplicação de equipamentos pesados.

A Perfuração Mecânica utiliza equipamentos de perfuração montados em veículo, mediante


os quais os operadores facilmente os movimentam e controlam. Estes veículos podem ser de
rastos ou de pneus e permitem a perfuração a partir de uma posição cómoda para o operador.

II.2.2 Princípios da perfuração rotropercusiva

A perfuração com rota percussão baseia-se na combinação das seguintes acções:

A Percussão é a acção realizada pelo pistão que gera uma onda de choque transmitida ao bit
através da vara; no caso do martelo no fundo, a percussão é gerada na própria cabeça de
perfuração.

A Rotação é o movimento que faz girar o bit permitindo desta forma que os impactos que se
produzem na rocha sejam realizados em diferentes posições.

A pressão de avanço permite manter o contacto constante com o maciço rochoso enquanto
se executa a perfuração

8
Figura 1:Funcionamento de um sistema Rotopercusiva (Pedro CAVADAS, 2009).

II. 3. Características dos furos

9
Os furos são geralmente caracterizados por quatro parâmetros: diâmetro, profundidade,
rectilinidade e estabilidade.
II. 3.1 Diâmetro dos furos

O diâmetro do furo depende da finalidade do mesmo. Em furos para detonações, há vários


factores que influem na escolha do diâmetro, por exemplo, o tamanho desejado dos
fragmentos, após a detonação; o tipo de explosivo a ser utilizada, a vibração admissível do
terreno durante a detonação etc. Em grandes pedreiras e outras minerações a céu aberto, furos
de grande diâmetro apresentam menores custos de perfuração e detonação por m3 ou
tonelada de rocha escavada. Nas minas subterrâneas, as dimensões dos equipamentos de
perfuração são determinadas pelo método de lavra adoptado. Em trabalhos menores, o
diâmetro do furo pode também ser determinado pelo tamanho do equipamento disponível
para perfuração, carregamento e transporte.

A eleição do diâmetro dos furos depende, também, da produção horária, do ritmo da


escavação e da resistência da rocha. A figura mostra a relação entre os diâmetros e o número
de furos, porte dos equipamentos de escavação, altura da pilha e granulometria dos
fragmentos rochosos após a detonação.

10
Figura 2: Influência do diâmetro no n.º de furos, na fragmentação da rocha, na altura da pilha
e no porte do equipamento de carregamento (SILVA e COSTA, 2009).

II. 3.2. Profundidade dos furos

A profundidade do furo determina a escolha do equipamento de perfuração. Em espaços


confinados somente ferramentas de perfuração curtas poderão ser usadas.

No caso de maiores profundidades (50 a 70 m ou mais) utiliza-se perfuração de fundo de


furo, ao invés de martelo de superfície, já que o método de fundo de furo proporciona mais
eficiência de transmissão energética e remoção dos cavacos de rocha a essa profundidade.
Quando utilizamos martelos DTH a energia é em princípio transmitida da mesma forma com
a vantagem de que o pistão da perfuratriz trabalha directamente sobre a broca.

II.3.3. Rectilinidade do furo

A rectilinidade de uma perfuração varia, dependendo do tipo e natureza da rocha, do diâmetro


e da profundidade do furo, do método e das condições do equipamento utilizado, da

11
experiência do operador. Na perfuração horizontal ou inclinada, o peso da coluna de
perfuração pode concorrer para o desvio do furo.

Ao perfurar furos profundos para detonação, o furo deve ser tão recto quanto possível para
que os explosivos, sejam distribuídos correctamente, para se obter o resultado desejado.

Para compensar o desvio dos furos às vezes é necessário furar com menor espaçamento o que
resulta em maior custo. Um problema particular causado por um furo com desvio é a
possibilidade de encontrar-se com um outro já perfurado, causando a detonação de cargas por
“simpatia”. A probabilidade do equipamento se prender é grande e a detonação não pode ser
executada adequadamente.

Além do desvio do furo propriamente dito, o alinhamento pode ser afectado pelo
desalinhamento da lança e pelo cuidado durante o emboque do furo.

II.3.4. Estabilidade do furo

Outra necessidade em perfuração é que o furo permaneça “aberto” enquanto estiver sendo
utilizado para carregamento de explosivos. Em certas condições, por exemplo, quando a
perfuração é em material “solto” ou rocha (que tendem a desmoronar e tapar o furo), torna-se
essencial estabilizar-se o furo com tubos ou mangueiras de revestimentos.

II.3.5 Perfuração Vertical e Inclinada

II.3.5.1 Principais vantagens da perfuração inclinada

 Melhor fragmentação;
 Diminuição dos problemas de repé devido ao melhor aproveitamento dasondas de
choque na parte crítica do furo (pé da bancada);
 Maior lançamento;
 Permite maior malha;
 Permite redução da Razão de Carregamento que pode ser obtida pelo uso de
explosivos de menor densidade;
 Maior estabilidade da face da bancada;
 Menor ultra-arranque.

12
II.3.5.2. Principais desvantagens da perfuração inclinada

 Menor produtividade da perfuratriz;


 Maior desgaste de brocas, hastes e estabilizadores;
 Maior custo de perfuração;
 Maior comprimento de furo para uma determinada altura da bancada;
 Maior risco de ultralançamentos dos fragmentos rochosos.

II.3.5.3. Malhas De Perfuração

A geometria das malhas de perfuração pode ser quadrada, rectangular, estagiada, triângulo
equilátero ou malha alongada:

Figura 3: Tipos de malhas (SILVA e COSTA, 2009)

Malhas quadradas ou rectangulares: devido a sua geometria é de fácil perfuração (menor


tempo de locomoção de furo a furo).

13
Malhas estagiada: devido a geometria de furos alternados dificulta a perfuração (maior
tempo de locomoção furo a furo), porém possui melhor distribuição do explosivo no maciço
rochoso.

Malha Triângulo Equilátero: são malhas estagiadas com a relação E/A = 1,15.

São indicadas para rochas compactas e duras. Possuem óptima distribuição da energia do
explosivo na área de influência do furo, maximizando a fragmentação. O centro do triângulo
equilátero, o ponto mais crítico para fragmentação, recebe igual influência dos três furos
circundantes.

Malhas alongadas: Conforme a relação E/A as malhas podem assumir várias configurações.
As malhas alongadas possuem elevada relação E/A, geralmente acima de 1,75. São indicados
para rochas friáveis/macias aumentando o lançamento por possuírem menores afastamentos.

Cálculo Dos Componentes Da Perfuratriz

Número de furos por dia (Nf):

Sendo:

VA = volume anual (m3); A = afastamento (m); E = espaçamento (m);

Hf = comprimento do furo (m); Nd = dias trabalhados por ano.

Profundidade Total perfurado por ano (PT):

Sendo:

Nf = número de furos por dia; Hf = comprimento do furo (m);

14
Nd = dias trabalhados durante o ano.

Unidade: metros

Metros diários perfurados por uma perfuratriz (MP):

Sendo:

NH = número de horas/dia trabalhado por uma perfuratriz;

TP = taxa de penetração (m/h);

DM = disponibilidade mecânica da perfuratriz (%);

RMO = rendimento da mão-de-obra (%);

U = utilização do equipamento (%).

Número de perfuradoras necessárias (NP):

II.6. Cálculo de Custo da Perfuração

Custo Total da Perfuração/m (CTP):

Uma relativamente simples, mas bastante interessante análise, foi recentementeapresentada


por Robert W. Thomas, da Baker Hughes Mining Tools Inc., que pode ser assim enunciada:

15
Sendo:

A = custo da ferramenta de perfuração (brocas e cortadores);

M = vida útil da ferramenta em metros;

D = custo horário da perfuratriz (custo de propriedade e custo operativo);

VP = velocidade de penetração (m/h).

A mineralização a céu aberto tem sido a mais escolhida pelas pedreiras, por ser de fácil
manuseio, ela apresenta uma serie de vantagens:

 Custos reduzidos de mineração;


 Possibilidades de circulação de máquinas e camiões sem nenhuma dificuldade;
 É de fácil planificação;
 Fácil elaboração de vias de acesso;
 Condições de trabalho seguras, e higiénicas;

Porem existe um pequeno número de contras que são nomeadamente:

 Taxa de Poluição atmosférica maior;


 Limitações de exploração de depósitos minerais profundos;

II.7. Explosivos

Explosivos são substâncias ou misturas, em qualquer estado físico, que, quando submetidos a
uma causa térmica ou mecânica suficientemente enérgica (calor, atrito, impacto etc.) se
transformam, total ou parcialmente, em gases, em um intervalo de tempo muito curto,
desprendendo considerável quantidade de calor.

16
II.7.1. Propriedades dos Explosivos

É importante conhecer as propriedades dos explosivos, pois, com os diferentes tipos do


mesmo, cada um será utilizado para um tipo de serviço. Do ponto de vista da escavação a céu
aberto, as propriedades são classificadas em (RICARDO E CATALANI, 2007):

 Força
É a quantidade de energia liberada na detonação, expressa em percentagem
(RICARDO E CATALANI, 2007).
 Sensibilidade
Segundo Geraldi (2011), é a capacidade de um explosivo ser detonado por choques. A
nitroglicerina é extremamente sensitiva, sendo facilmente detonada.
 Velocidade
Após a explosão da rocha, ocorre uma reacção química com a produção de luz, calor e
gases a uma pressão elevada. A velocidade com que a frente da reacção química
avança num explosivo de forma cilíndrica é definida como velocidade de detonação
do explosivo. Esta velocidade vária de 1.500 a 7.500m/s (RICARDO E CATALANI,
2007).
 Resistência a água
Ao se detonar uma rocha, é importante saber se tem concentração de água nos furos,
pois alguns tipos de explosivos não são resistentes à água, e assim, ficarão
neutralizados e não detonarão. Esta resistência é medida pelo número de horas em
que, tendo o explosivo ficado submerso em água, é ainda capaz de ser iniciado com
eficiência e detonar completamente através de uma espoleta nº 6, conforme o “Bureau
of Mines-USA” (RICARDO E CATALANI, 2007).
 Sensibilidade
É a capacidade de propagação da onda gerada pelo explosivo de um cartucho a outro,
ou de toda a coluna explosiva presente no furo. A sensibilidade pode ser afectada pela
falta de contacto entre cartuchos ou por “vazios” criados em furos mal carregados
(GERALDI, 2011).
 Densidade
Segundo Geraldi (2011), explosivos com maior densidade significam maior
concentração de carga explosiva por metro linear de furo, consequentemente

17
aumentando a razão de carregamento que é representada pela carga do explosivo (kg)
por metro cúbico de rocha a detonar.
 Segurança no manuseio
Para Ricardo e Catalani (2007), até o explosivo chegar à área de detonação, ele sofre
vários choques e transbordos, assim é de suma importância a segurança no manuseio
para que não ocorra a detonação com facilidade.
 Volume dos gases
Segundo Ricardo e Catalani (2007), os gases se desenvolvem ao longo da explosão e
seu volume refere-se ao volume na temperatura e pressão de explosão, sendo
divididos em duas classes: baixa expansão gasosa (até 800L/Kg) e alta expansão
gasosa (acima de 800L/kg).
 Gases tóxicos
Os gases gerados a partir da explosão nas escavações em subsolos podem causar nos
trabalhadores do desmonte, dores de cabeça e náuseas (RICARDO E CATALANI,
2007). Estes gases são classificados em:
a) Categoria A: até 22,6L/Kg – classe 1 (pouco gases tóxicos)
b) Categoria B: de 22,6L/Kg até 46,7L/Kg – classe 2 (quantidade elevada de
gases tóxicos)
c) Categoria C: mais de 46,7L/Kg e menos de 94,8L/Kg – classe 3 (quantidade
elevada de gases tóxicos).

II.7.2 Tipos de Explosivos

Existem vários tipos de explosivos com diferentes densidades, estas densidades ditam a força
que cada um exerce sobre quantidade de rocha que se pretende detonar por furo. Alguns
exemplos de explosivos são:

Anfo

Basicamente composto de nitrato de amónia e é necessária a utilização de outro explosivo


semigelatinoso, gelatinoso ou de um reforçador para iniciar o processo de detonação. Não
possuem resistência à água, contém baixa densidade e baixo custo. Por ter baixa densidade, é
utilizado para preenchimento de carga de coluna (RICARDO E CATALANI, 2007).

18
Figura 4: Explosivo tipo ANCO (Fonte Própria)

Emulsão Encartuchada

Explosivo encartuchado com alto poder de ruptura, alta resistência à água e grande potência
de detonação. Ideal para aplicação em minerações subterrâneas, a céu aberto, desmonte
subaquáticos e construção civil em geral (MANUAL BRITANITE, 2010).

19
Figura 5: Emulsão encartuchada (Fonte Propria).

II.7.3. Escolha do Explosivo

Segundo Ricardo e Catalani (2007), para que se possa escolher o tipo de explosivo certo, é
necessário levarem em consideração alguns factores, como:

 Dureza da rocha (dura, média, branda);


 Tipo de rocha (ígnea, metamórfica, sedimentar);
 Natureza da rocha (homogénea fracturada);
 Presença de água;
 Região a que se destina (carga de fundo, carga de coluna);
 Diâmetro dos furos;
 Custo.

Além das informações dos folhetos técnicos, é bom procurar informações que permite uma
previsão do desempenho do explosivo, como:

20
 Pressão de explosão;
 Velocidade de detonação;
 Volume de gases;
 Energia absoluta;
 Energia relativa;
 Razão linear de energia;
 Potência disponível.

Outro factor importante é testar o explosivo com a rocha a ser escavada e comprovar a sua
eficiência antes de comprar uma grande quantidade.

II.7.4. Acessórios de Detonação

É através dos acessórios que ocorre a detonação inicial, que provocará a explosão, sendo
estes utilizados na escavação a céu aberto:

 Espoletas simples;
 Espoletas eléctricas;
 Cordel detonante;
 Acendedores;
 Reforçadores (“boosters”);
 Escorvas;
 Sistema não eléctrico.
II.7.4.1. Normas de Segurança

Os explosivos, por se tratar de material bélico, estão sujeitos a uma legislação específica
regida pelo conselho de ministros através do decreto n o 61/2006 que aprova o regulamento de
segurança técnica e de saúde para as actividades geológico-mineiras e revoga a legislação que
contrarie este regulamento. Entre outros aspectos este regulamento trata das obrigatoriedades
das empresas de mineração para exercer a compra e utilização dos explosivos, dizendo
respeito a seu uso acondicionamento em paióis, destruição de embalagens e explosivo fora do
prazo de validade, transporte, construções de paióis e responsáveis pelo manuseio. Na mesma
linha, existem as normas que são cumpridas pela PRM (policia da republica de
Moçambique), que juntamente com o pessoal técnico tem função fiscalizadora.

21
Outras normas de segurança e uso estão contidas em normas do Ministério do Trabalho
Reguladoras de Mineração do Departamento Nacional de Produção Mineral.

Em relação à fabricação de explosivos e a sua aplicação industrial (desmonte de rocha), a


legislação que rege as atribuições e o exercício profissional é designada pelo estado, através
de decretos, leis e resoluções específicas.

O uso de explosivos no desmonte de rocha sempre foi uma matéria que envolveu muitos
estudiosos e que vem evoluindo, com novas técnicas, novos produtos e novas ferramentas
como softwares e equipamentos. Muitas vezes a denominação “desmonte de rocha com
explosivos” é suficiente para gerar impacto em leigos. As técnicas são complexas e
adquiridas com estudos específicos. Deve-se frisar que existem bases técnicas para uma
operação segura e confiável, que pode ser aplicada em várias situações, desde lugares
remotos até zonas residenciais. Muitas melhorias têm ocorrido gradativamente, não só nos
tipos de explosivos e acessórios, mas também em métodos alternativos de desmonte. Nisto
destacam-se os aplicados para o desmonte secundário como citado acima. Já são comum o
uso do rompedor hidráulico, da dropball e métodos mais recentes, como a argamassa
expansiva e o plasma.

O controlo sismográfico das detonações é uma tendência em áreas conflituosas, podendo não
somente retirar e/ou confirmar suspeitas de danos causados pelos desmontes, como também
ser uma ferramenta no seu planejamento. Com esta evolução de produtos e técnicas tem-se
que o desmonte de rocha com explosivos ou métodos alternativos não é impedimento para a
actividade mineral em áreas de preservação ambiental e zonas urbanizadas, sendo necessários
estudos detalhados para cada caso, além da avaliação económica de seus procedimentos.

II.8. Desmonte de Rochas

II.8.1. Desmonte de Rochas em Bancadas

Segundo Geraldi (2011), tomados estes cuidados para a elaboração do projecto, parte-se
então para a etapa de execução, em que para seu perfeito funcionamento, é necessária em
campo a preparação das frentes livres de escavação. Estas frentes devem ser bem definidas

22
para se obter os melhores resultados possíveis nas operações de perfuração, detonação, carga
e transporte do material detonado.

O melhor procedimento é dividir o perfil topográfico do maciço rochoso em praças de


serviços, criando inicialmente duas ou mais frentes independentes de ataque. Partindo da cota
mais alta do projecto, define-se o primeiro nível, e logo em seguida os demais serão
implantados de forma descendente, mantendo o mesmo desnível entre as praças, sendo este
de grande importância, uma vez que determina a profundidade dos furos para as escavações
de rochas com explosivos. Os desníveis não devem ser muito altos, inseguros, pois poderão
gerar problemas de natureza geotécnica e executiva nas etapas de carga e transporte que serão
realizadas na praça inferior (GERALDI, 2011).

Segundo Gerardi (2006), temos presente na bancada, três superfícies características:

Praça – superfície onde operam os equipamentos de carga e transporte.

Face – superfície vertical ou inclinada com a horizontal (2:1 ou 3:1) de acordo com as
condições geomecânicas do maciço em escavação (que determinam a sua estabilidade) e
também em função do plano de fogo a ser utilizado.

Topo – onde os equipamentos de perfuração abrem uma série de furos no maciço para
detonação da próxima frente. Segundo Ricardo e Catalani (2007), existem vantagens em se
adoptar, em determinados casos, face inclinada para a bancada, porque:

 Redução da sobre furação no pé da bancada;


 Economia de explosivo, reduzindo-se o consumo por metro cúbico escavado;
 A face da bancada torna-se mais segura, talude inclinado, sempre mais seguro que o
vertical.

Por outro lado apresentam desvantagens como:

 Maior possibilidade de ocorrerem desvios nas perfurações;


 Necessários maiores cuidados no enchimento do furo, reduzindo a produção;
 Dificuldade na marcação da inclinação correcta do furo. Todos os furos devem
apresentar a mesma inclinação, o que é muito difícil se de conseguir, e ocorrendo

23
variações no ângulo de perfuração e convergência dos furos, em vez do desejado
paralelismo, resultará face irregular na bancada e mais aproveitamento do fogo.

As bancadas podem atingir altura de até 20 m, porém normalmente são definidas entre 8 e
15m, por motivos de segurança e operacionalidade das perfuradoras. As praças e as estradas
de acessos rodoviários devem ser projectadas de maneira correcta, atendendo as necessidades
de tráfego e manobra dos equipamentos de carga e transporte. Normalmente, a largura
mínima de uma praça em desmonte de bancadas deverá sempre atender a seguinte relação
(GERALDI, 2011):

L> 3H (altura da bancada)

Esta conformação permite maior agilidade e desempenho dos equipamentos de perfuração,


carga e transporte. Também se torna necessária na obtenção dos melhores resultados com a
utilização de explosivos, a partir das frentes livres bem estabelecidas. Este procedimento
denominado desmonte em bancadas são muito utilizadas em obras onde grandes volumes são
escavados diariamente. É preciso sempre estar atento aos problemas de estabilidades das
frentes durante e após os serviços de escavação. Na linha final de corte (offset) das frentes é
recomendável que seja feito o desmonte escultural (GERALDI, 2011).

II.9. Plano de Fogo

Denomina-se Plano de fogo, o projecto executivo para o desmonte de rocha com uso
sistemático de explosivos, onde serão definidos e apresentados preliminarmente (GERALDI,
2006):

 O plano de perfuração.
 A qualificação e quantificação de explosivos.
 Os esquemas de ligação e iniciação entre os furos que serão detonados.

O plano de fogo considerado o mais adequado para um determinado trabalho de desmonte de


rocha, dependerá, em primeiro lugar, do equipamento disponível para sua execução.
Atendidas as limitações do equipamento, é possível mais de um plano de fogo factível. Opta-
se pelo mais económico, desde que seja eficiente, desmontando a rocha em blocos de
dimensões compatíveis com a finalidade do desmonte. De nada adiantará um plano de fogo

24
com baixo consumo de explosivos por metro cúbico e também necessidades mínimas de
furação, uma vez que resulte em blocos com dimensões que não caibam no equipamento de
carregamento, ou ainda que não possam penetrar na boca do britador primário (RICARDO E
CATALANI, 2007).
II.9.1. Custo de Perfuração e Detonação

Segundo Ricardo e Catalani (2007), por meio dos valores do consumo de explosivos e dos
metros de perfuração por metro cúbico de rocha, determina-se o custo da perfuração e
detonação, sendo a soma de ambos um índice suficiente para se analisar a conveniência
económica do plano de fogo.

𝐼𝐶=𝑞. 𝐴+𝑓. 𝑀

Onde:

q = consumo de explosivo por m³ de rocha no corte;

A = custo do kg de explosivo;

M = custo do m de perfuração de determinado diâmetro;

f = metros de perfuração por m³ de rocha;

Logo, ao menor valor de 𝐼𝐶, corresponderá o plano de fogo de menor custo previsto. Se
necessário, serão feitos ajustes, adaptações e correcções, de acordo com as observações dos
resultados em campo nas primeiras detonações realizadas nas frentes de escavação.
II.9.2. Diâmetro da perfuração

A eleição do diâmetro de perfuração depende da produção horária, do ritmo de escavação, da


altura da bancada e da resistência da rocha.

Uma produção elevada requer furos maiores. A produção não aumenta linearmente em
relação ao diâmetro do furo, mas praticamente de uma forma quadrática, o que depende da
capacidade dos diferentes equipamentos de perfuração.

25
II.9.3. Altura do banco

A escolha da altura de bancada é uma decisão que deve ser tomada levando-se em
consideração questões de ordem técnica e económica, a saber:

a) As condições de estabilidade da rocha que compõe o maciço e a segurança nas


operações de escavação;
b) O volume de produção desejado, o qual determinará o tipo e o porte dos
equipamentos de perfuração, carregamento e transporte;
c) A maximização da eficiência no custo total de perfuração e desmonte.

Principalmente quando se considera a redução dos custos de perfuração e desmonte há uma


tendência mundial por se trabalhar com bancadas altas. Para se entender melhor o porquê
disto, considere o exemplo de uma mineração em bancadas cuja cava tenha 60 metros de
profundidade. (Carlos, 1998).

Figura 6: Comparativo entre a utilização de bancadas de diferentes alturas Fonte: (COSTA E


SILVA, 2009)

Conforme se observa, no primeiro caso onde a altura de bancada escolhida foi de 10 m,


seriam necessárias 6 bancadas para se atingir os 60 m de profundidade. Já no segundo caso,

26
com bancadas de 15m de altura, seriam necessárias apenas 4 bancadas para se atingir os
mesmos 60m. Ou seja, uma economia de 33 % em número de bancadas.

Consideremos agora, que os seguintes itens de custo são iguais ou aproximadamente iguais
tanto para a bancada de 10 m quanto para a bancada de 15 m:

a) A metragem de tampão, por exemplo, 1,5 m, a qual é responsável pela maior parte
dos fogos secundários de uma detonação por ser a porção do furo não carregada com
explosivos;
b) A metragem de subperfuração, a qual não contribui com nenhum acréscimo para o
volume de material detonado;
c) O consumo de acessórios utilizados na ligação dos furos na superfície superior da
bancada;
d) A mão-de-obra utilizada no carregamento dos fogos de uma das bancadas;
e) O período de tempo necessário para evacuação espera e retorno às áreas detonadas,
durante o qual as operações de lavra devem ser suspensas.

Fica claro que todos os itens listados acima, sofreriam uma redução de 33 % se optássemos
pelo segundo caso no exemplo da figura.

Todavia, ao adoptarmos bancadas mais altas nos deparamos com alguns inconvenientes, os
quais podem ou não anular e até suplantar o peso das vantagens obtidas:

a) A precisão da perfuração torna-se cada vez menor à medida que cresce a coluna de
hastes de perfuração, gerando desvios indesejáveis que comprometem seriamente os
resultados de fragmentação e arranque do pé da bancada;
b) Devido aos mesmos desvios, há sempre um risco de acidentes com ultralançamento;
c) A velocidade de perfuração efectiva cai com o aumento da profundidade perfurada,
tanto pela diminuição na velocidade de avanço como pelo aumento no ciclo de
introdução e remoção das hastes;
d) A altura da pilha de material detonado aumenta, demandando equipamentos de carga
de maior porte, ou causando aumento no ciclo de carregamento e submetendo os
equipamentos a um maior desgaste;
e) Há um ligeiro aumento na razão de carga.

27
f) A altura do banco, também, é função do equipamento de carregamento. As dimensões
recomendadas levam em conta os alcances e características de cada grupo de
máquinas.

Em alguns casos a altura do banco está limitada pela geologia do jazigo, por imperativos do
controle da diluição do minério, por questões de vibração do terreno durante os desmontes e
por razões de segurança.
II.9.4. Granulometria exigida

É função do tratamento e utilização posterior do material, e em alguns casos indirectamente


da capacidade dos equipamentos de carga.

O tamanho dos blocos “Tb“ se expressa por sua maior longitude, podendo apresentar os
seguintes valores:

Tb < 0,8AD

Sendo:

a) AD = tamanho de admissão do britador;


b) Material estéril que vai para a pilha de deposição controlada, dependerá da capacidade
da caçamba do equipamento de carregamento:

Tb <0,73 cc

Sendo:

cc = capacidade da caçamba, em m3.

Observação: O tamanho óptimo do bloco é, normalmente, aquele cuja relação com a


dimensão da caçamba do equipamento de carregamento se encontra entre 1/6 e 1/8.

c) Material para o porto e barragens: granulometria que vai deste 0,5 t a 12 t por bloco.

28
II.9.5. Variáveis Geométricas de um Plano de Fogo

Figura 7: Variáveis geométricas de um plano de fogo (fonte: COSTA E SILVA, 2009)

Sendo:

29
H = Altura do banco;

A = Afastamento nominal

D = Diâmetro do furo;

E = Espaçamento nominal

L = Longitude do furo,

d = Diâmetro da carga;

LV = Longitude do desmonte;

AV = Comprimento da bancada;

Ae = Afastamento efectivo;

Ee = Espaçamento efectivo;

T = Tampão;

S= Subperfuração;

I = Longitude da carga;

q = Ângulo de saída;

v/w = Grau de equilíbrio;

tr = Tempo de retardo.

1 = Repé;

2 = Meia cana do furo;

3 = Rocha saliente;

4 = Sobre escavação;

5 = Fenda de tracção;

30
6 = Trincamento do;

7 = Cratera;

8 = Carga maciço desacoplada.

Afastamento (A) - É a menor distância que vai do furo à face livre da bancada ou a menor
distância de uma linha de furos a outra. De todas as dimensões do plano de fogo essa é a mais
crítica.

Afastamento muito pequeno - A rocha é lançado a uma considerável distância da face. Os


níveis de pulsos de ar são altos e a fragmentação poderá ser excessivamente fina.

Afastamento muito grande - A sobreescavação (backbreak) na parede é muito severo.

Afastamento excessivo - Grande emissão de gases dos furos contribuindo para um


ultralançamento dos fragmentos rochosos a distâncias consideráveis, crateras verticais, alto
nível de onda aérea e vibração do terreno.

A fragmentação da rocha pode ser extremamente grosseira e problemas no pé da bancada


podem ocorrer.

Outras variáveis do plano de fogo são mais flexíveis e não produzirão efeitos drásticos nos
resultados tal como os produzidos pelo erro na estimativa da dimensão do afastamento.

O valor do afastamento (A) é função do diâmetro dos furos, das características das rochas e
dos tipos de explosivos utilizados. Os valores do afastamento oscilam entre 33 e 39 vezes o
diâmetro do furo, dependendo da resistência da rocha e da altura da carga de fundo. Uma
formula empírica e bastante útil para o cálculo do afastamento (A) é expressa por:

Sendo:

31
ρe = densidade do explosivo (g/cm3);

ρe= densidade da rocha (g/cm3);

de = diâmetro do explosivo (mm).


II.9.5. Considerações sobre o desmonte de rochas

Um dos factores que interferem na qualidade do desmonte de rocha é a razão Y entre a altura
da bancada (Hb) e o afastamento (A). A tabela tece alguns comentários acerca desta relação.

Tabela 1: Comentários a respeito da relação Hb e Afastamento (A). Fonte: (Konya, 1985)

Se Hb/A > 4: A bancada é considerada alta.

Se Hb /A < 4: A bancada é considerada baixa.

Espaçamento (E) - É a distância entre dois furos de uma mesma linha.

No caso de bancada baixa (Hb/A<4), dois casos devem ser observados:

Os furos de uma linha são iniciados instantaneamente, a seguinte expressão pode ser
usada:

Os furos são detonados com retardados, a seguinte expressão pode ser usada:

32
No caso de bancada alta (Hb/A>4), dois casos devem ser observados:

Os furos são iniciados instantaneamente, a seguinte expressão pode ser usada:

Os furos são detonados com retardados, a seguinte expressão pode ser usada:

O espaçamento nunca deve ser menor que o afastamento, caso contrário, o número de
matacões será excessivo.

Observação: as Malhas Alongadas possuem elevada relação E/A, geralmente acima de


1,75. São indicadas para rochas friáveis/macias.

Subperfuração (S) - É o comprimento perfurado abaixo da praça da bancada. A necessidade


da subperfuração decorre do engasgamento da rocha no pé da bancada. Caso não seja
observada esta subperfuração, a base não será arrancada segundo um ângulo de 90° e o pé da
bancada não permanecerá horizontal, mas formará o que é conhecido como “repé”. O repé
exigirá perfurações secundárias de acabamento, grandemente onerosa e de altos riscos para os
operários e os equipamentos.

Profundidade do furo (Hf) - É o comprimento total perfurado que, devido a inclinação e a


subperfuração (S), será maior que a altura da bancada. O comprimento do furo aumenta com

33
a inclinação, entretanto, a subperfuração (S) diminui com esta. Para calcular (Hf) utiliza-se a
seguinte expressão:

Tampão (T) - É a parte superior do furo que não é carregado com explosivos, mas sim com
terra, areia ou outro material inerte bem socado a fim de confinar os gases do explosivo. O
óptimo tamanho do material do tampão (OT) apresenta um diâmetro médio (D) de 0,05 vezes
o diâmetro do furo, isto é:

O material do tampão deve ser angular para funcionar apropriadamente. Detritos de


perfuração devem ser evitados.

O adequado confinamento é necessário para que a carga do explosivo funcione


adequadamente e emita a máxima de energia, bem como para o controle da sobrepressão
atmosférica e o ultralançamento dos fragmentos rochosos. A altura do tampão pode ser
calculada pela seguinte expressão:

T < A: Risco de ultralançamento da superfície mais alta aumenta.

T> A: Produzirá mais matacões, entretanto o lançamento será menor ou eliminado.

Volume de rocha por furo (V) - O volume de rocha por furo é obtido multiplicando-se a
altura da bancada (Hb) pelo afastamento (A) e pelo espaçamento (E):

34
Perfuração específica (PE) - É a relação entre a quantidade de metros perfurados por furo e
o volume de rocha por furo (V), isto é:

Hf
PF¿
V

II.9.6. Cálculo das cargas

II.9.6.1. Razão Linear de Carregamento (RL)

Onde:

de = diâmetro do explosivo (mm);

ρe = densidade do explosivo (g/cm3).


II.9.6.2. Altura da carga de fundo (Hcf)

A carga de fundo é uma carga reforçada, necessária no fundo do furo onde a rocha é mais
presa.

Alguns autores sugerem que Hcf deve ser um valor entre 30 a 40% da altura da carga de
explosivos (Hc). A tendência, a depender dos resultados dos desmontes, é de reduzi-la cada
vez mais para diminuir os custos com explosivos.

Hcf = 0,3 x Hc = 0,3 x (Hf - T)


II.9.6.3. Altura da carga de coluna (Hcc)

Carga de coluna é a carga acima da de fundo; não precisa ser tão concentrada quando a de
fundo, já que a rocha desta região não é tão presa.

A altura da carga de coluna é igual a altura total da carga (Hc) menos a altura da carga de
fundo (Hcf):

35
II.9.6.4. Carga Total (CT)

A carga total será a soma da carga de fundo mais a de coluna:

II.9.6.5. Razão de carregamento (RC)

Expresso em g/m3

II.9.7. Desmonte Secundário

Muitas vezes por falhas na execução do plano de fogo, seja por erro de cálculo, furação,
carregamento, defeito nos explosivos e acessórios, ou pela condição de variáveis geológica da
rocha, não se obtém 100 % de sucesso na fragmentação do material. Resultam daí repés
(ressaltos) nas bancadas ou blocos de rocha com dimensões maiores, os chamados matacões.

Para a reparação desses defeitos utiliza-se o desmonte secundário, com a finalidade de


diminuir os matacões e repés, possibilitando seu manuseio com equipamentos de carga e
transporte.

Sempre foi usado o chamado fogacho, que consiste na perfuração e detonação da massa
rochosa com carregamento mínimo de explosivo. No entanto, este é exactamente um dos
maiores problemas na execução do desmonte de rocha. Em virtude de se tratar de um bloco
de rocha ou repé, não existe uma face livre preferencial, ou seja, não se tem o controle da
detonação, ao contrário de quando o fogo é dado na bancada. Assim, muitos dos

36
ultralançamentos que existem, provêm exactamente da utilização desta metodologia para o
desmonte secundário por explosivo.

Segundo Wilson IRAMINA (2015), os métodos usados nos desmontes secundários são:

 Rock Drill;
 Martelo de quebra hidráulico;
 Drop Ball;
 Bolder buster

Últimas décadas a evolução de equipamentos fez surgir o rompedor hidráulico ou martelo


rompedor e a drop-ball. São equipamentos que permitem quebrar a rocha através somente do
esforço mecânico, não utilizando explosivos, o que garante segurança e economia na
operação.
II.9.7.1. Rock Drill

Os blocos de rochas são perfurados com o emprego de martelo pneumático, os furos são
carregados com pequenas quantidades de explosivos para serem detonados e se obter
tamanho final desejado. É uma operação que requer muitos cuidados, pois ao contrario do
desmonte de maciço rochoso, e impossível controlar a direcção que seguirão as pedras
detonadas. Deve-se tomar especial atenção na execução desta tarefa, uso restrito em
minerações e pedreiras localizadas em áreas urbanas.

37
Figura 8: Rock Drill Fonte: (IRAMIA, 2015)

II.9.7.2. Drop Ball

Esfera de aço de peso elevado, que é lançada sobre o bloco de rocha, quebrando-os em
pedaços menores adequando a sua posterior utilização.

38
Figura 9: Drop Ball (IRAMIA, 2015)

Martelo de Quebra Hidráulico: São máquinas de impactos geralmente hidráulicos que quebra
os blocos de rocha em pedaços menores, adequando ao seu destino;

Figura 10: Martelo de Quebra (IRAMIA, 2015)

Boulder buster: Consiste em desmontar rochassem empregar o processo de detonação, ele


utiliza tecnologia de propulsão.

39
Figura 11: Boulder buster (IRAMIA, 2015)

II.9.8. Higiene e Segurança no Trabalho

Segundo (Manual Formação PEM, 2013) A higiene e a segurança são duas actividades que
estão intimamente relacionadas com o objectivo de garantir condições de trabalho capazes de
manter um nível de saúde dos colaboradores e trabalhadores de uma Empresa.

A higiene do trabalho propõe-se combater, dum ponto de vista não médico, as doenças
profissionais, identificando os factores que podem afectar o ambiente do trabalho e o
trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de
trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador).

A segurança do trabalho propõe-se combater, também dum ponto de vista não médico, os
acidentes de trabalho, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer educando os
trabalhadores a utilizarem medidas preventivas.
II.9.8.1. Acidentes De Trabalho

Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de factores, entre os quais se


destacam as falhas humanas e falhas materiais. Vale a pena lembrar que os acidentes não
escolhem hora nem lugar. Podem acontecer em casa, no ambiente de trabalho e nas inúmeras
locomoções que fazemos de um lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias.

Quanto aos acidentes do trabalho o que se pode dizer é que grande parte deles ocorre porque
os trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar certos riscos.

40
Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como, por
exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro.

Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido. Por


exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma
perturbação funcional.

Doenças profissionais são aquelas que são adquiridas na sequência do exercício do trabalho
em si.

Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em que o trabalho é
realizado. Ambas são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas decorrer a
incapacidade para o trabalho.

II.9.8.2. Significado e importância da prevenção

A Prevenção é certamente o melhor processo de reduzir ou eliminar as possibilidades de


ocorrerem problemas de segurança com o Trabalhador A prevenção consiste na adopção de
um conjunto de medidas de protecção, na previsão de que a segurança física do operador
possa ser colocada em risco durante a realização do seu trabalho. Nestes termos, pode-se
acrescentar que as medidas a tomar no domínio da higiene industrial não diferem das usadas
na prevenção dos acidentes de trabalho.

Como princípios de prevenção na área da Higiene e Segurança industrial apresenta-se os


seguintes:

1) Tal como se verifica no domínio da segurança, a prevenção mais eficaz em matéria de


higiene industrial exerce-se, também, no momento da concepção do edifício, das
instalações e dos processos de trabalho, pois todo o melhoramento ou alteração
posterior já não terá a eficácia desejada para proteger a saúde dos trabalhadores e será
certamente muito mais dispendiosa.
2) As operações perigosas (as que originam a poluição do meio ambiente ou causam
ruído ou vibrações) e as substâncias nocivas, susceptíveis de contaminar a atmosfera
do local de trabalho, devem ser substituídas por operações e substâncias inofensivas
ou menos nocivas.

41
3) Quando se torna impossível instalar um equipamento de segurança colectivo, é
necessário recorrer a medidas complementares de organização do trabalho, que, em
certos casos, podem comportar a redução dos tempos de exposição ao risco.
4) Quando as medidas técnicas colectivas e as medidas administrativas não são
suficientes para reduzir a exposição a um nível aceitável, deverá fornecer-se aos
trabalhadores um equipamento de protecção individual (EPI) apropriado.
5) Salvo casos excepcionais ou específicos de trabalho, não deve considerar-se o
equipamento de protecção individual como o método de segurança fundamental, não
só por razões fisiológicas mas também por princípio, porque o trabalhador pode, por
diversas razões, deixar de utilizar o seu equipamento.

Qualquer posto de trabalho representa o ponto onde se juntam os diversos meios de produção
(Homem, Máquina, Energia, Matéria-prima, etc.) que irão dar origem a uma operação de
transformação, daí resultando um produto ou um serviço.

Para que a actividade de um operador decorra com o mínimo de risco, têm que se criar
diferentes condições passivas ou activas de prevenção da sua segurança.

Os principais aspectos a levar em contas num diagnóstico das condições desegurança (ou de
risco) de um Posto de Trabalho, podem ser avaliados pelas seguintes questões:

1. O local de trabalho;
 Tem acesso fácil e rápido?
 É bem iluminado?
 O piso é aderente e sem irregularidades?
 É suficientemente afastado dos outros postos de Trabalho?
 As escadas têm corrimão ou protecção lateral?

2. Movimentação de cargas;
 As cargas a movimentar são grandes ou pesadas?
 Existem e estão disponíveis equipamentos de transporte auxiliar?
 Existem passagens e corredores com largura compatível?
 Existem marcações no solo delimitando zonas de movimentação?
 Existe carga exclusivamente Manual?

42
3. Posições de Trabalho;
 O operador trabalha de pé muito tempo?
 O operador gira ou baixa-se frequentemente?
 O operador tem que e afastar para dar passagem a máquinas ou outros operadores?
 A altura e a posição da máquina são adequadas?
 A distância entre a vista e o trabalho é correcta?

4. Condições Psicológicas Do Trabalho


 O trabalho é em turnos ou normal?
 O operador realiza muitas Horas extras?
 A tarefa é de alta cadência de produção?
 É exigida muita concentração dados os riscos da operação?

5. Maquina
 A engrenagem e partes móveis estão protegidas?
 Estão devidamente identificados os dispositivos de segurança?
 A formação do Operador é suficiente?
 A operação é rotineira e repetitiva?

6. Ruídos e vibrações
 No PT sentem-se vibrações ou ruído intenso?
 A máquina a operar oferece trepidação?
 Existem dispositivos que minimizem vibrações e ruído?

7. Riscos químicos;
 O ar circundante tem Poeiras ou fumos?
 Existe algum cheiro persistente?
 Existem ventilação ou exaustão de ar do local?
 Os produtos químicos estão bem embalados?
 Os produtos químicos estão bem identificados?
 Existem resíduos de produtos no chão ou no PT?

43
8. Riscos biológicos;
 Há contacto directo com animais?
 Há contacto com sangue ou resíduos animais?
 Existem meios de desinfecção no PT?

Com a redução dos acidentes poderão ser eliminados problemas que afectam o homem e a
produção.

Para que isso aconteça, é necessário que tanto os empresários (que têm por obrigação
fornecer um local de trabalho com boas condições de segurança e higiene, maquinaria segura
e equipamentos adequados) como os trabalhadores (aos quais cabe a responsabilidade de
desempenhar o seu dever com menor perigo possível para si e para os companheiros) estejam
comprometidos com uma mentalidade de prevenção de acidentes.

Capitulo III: Estudo de Caso

III.1. Apresentação da Empresa

Segundo José Guerra (coordenador das actividades da pedreira Jd’sousa) a Jd’sousa é uma
empresa Moçambicana, sedeada na cidade da Beira, que opera em quatro seguintes áreas:

 Construção Civil
 Aluguer de salões de eventos
 Venda de brita
 Transporte de bens e mercadorias

No âmbito de actividades Mineiras esta inserida desde 2013, aparecendo como uma
sociedade formada inicialmente por membros da comunidade chinesa e a própria JD’SOUSA.
Passando a pertencer unicamente a JD’SOUSA a partir do ano 2015.

44
III.1.1. Apresentação da Mina

A mina da JD’SOUSA foi a base para elaboração do estudo de caso, localizada na área rural
de Nharuchonga na localidade de Xiluvo no distrito de Nhamatanda na província de Sofala, a
cerca de 100 km da cidade da Beira com as seguintes coordenadas:

Figura 12: Mapa de localização da pedreira (fonte: Google Maps)

Com as seguintes coordenadas:

 Latitude: -19,24096
 Longitude: 34,11695

Actualmente a mina possui uma frente de exploração onde é feito o carregamento do material
fragmentado em detonações, ela produz em média diária 630m 3 de tachão para a posterior
utilização no processo de britagem.

45
Figura 13: Vista da mina (Fonte Propria)

46
Figura 14:Escavadora no seu horário de trabalho (Fonte própria)

Durante o período de estágio, foram aplicados três planos de fogo que tem como parâmetros:

III.2. Plano de fogo 1

Media de furação: 22 m

Número de furos: 30 m

Diâmetro de furacão: 102 mm

Diâmetro das velas: 65 mm

Presença de H2O nos furos: Não

Tampão: 1,50 m

Altura de carga: 20,50m

47
Volume de carga: 167,43m3

Números de velas: 3

Volume ocupado por vela: 5,47 m3

Volume para Anfo: 161,95m3

Anfo/furo: 132,80 kg

Malha: 3 x 3,5

Total de metros furados: 660,0m

M3 s desmontar: 6930m3

Carga específica: 0.602 kg/m3

Volume de 1 vela 50*550

Volume de 1 vela 65*550

Total de velas: 90

Total de Anfo: 3984,067

Total de explosivos: 4171,537

III.3. Planos de fogo Exemplo 2:

Dados:

Espaçamento=3 m

Afastamento=3,5 m

Total de furos=30

Profundidade dos furos=22m

Diâmetro de Furação=102 mm (4”)

48
Diâmetro de Velas=65 mm

Presença de H2O nos furos = Não existe

Cálculo da Subperfuração (S) = 1,50m

Tampão (T) = 2,45m

Cálculo da profundidade do furo (Hf) = 22,075m

Cálculo da razão linear de carregamento (RL) = 6,7kg/m

Cálculo da altura da carga de explosivo (He) = 20,5 m

Cálculo da carga de explosivo (CE) = 137,35 kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V) = 231 m3

M3 de Rocha a Desmontar = 6,930m2

Número total de metros perfurados = 660m

Total de ANFO = 4,120. 5 kg

III.4. Plano de Fogo Exemplo 3:

Dados:

Espaçamento: 3 m

Afastamento: 2m

Altura da Bancada: 18m

Total de furos: 34

Profundidade dos furos: 18m

Diâmetro de Furação: 102 mm (4”)

49
Diâmetro de Velas: 65 mm

Presença de H2O nos furos: Não existe

Cálculo da Subperfuração (S) = 0,6 m

Cálculo da profundidade do furo (Hf) = 18,37m

Cálculo da razão linear de carregamento (RL) = 6,7kg/m

Tampão (T) = 1,4

Cálculo da altura da carga de explosivo (He) = 16,97 m

Cálculo da carga de explosivo (CE) = 113,19 kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V) = 108 m3

M3 de Rocha a Desmontar = 3,240m2

Número total de metros perfurados = 549,3m

Total de ANFO = 3,395,7 kg

III.5. Plano de Fogo Exemplo 4:

Espaçamento: 2,5m

Afastamento: 2,5m

Total de furos: 34

Altura da Bancada: 26m

Diâmetro de Furação=102 mm (4”)

Diâmetro de Velas=65 mm

50
Presença de H2O nos furos= Não existe

Cálculo da Subperfuração (S) = 0,75m

Cálculo da profundidade do furo(Hf) = 26,41m

Cálculo da razão linear de carregamento (RL) = 6,7kg/m

Tampão (T) = 1,75m

Cálculo da altura da carga de explosivo (He) = 24,54 m

Cálculo da carga de explosivo (CE) = 163,68kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V) =162,5 m3

M3 de Rocha a Desmontar = 5,525m3

Número total de metros perfurados = 839,86 m

Total de ANFO = 5,565. 12 kg

III.6. Plano de Fogo Exemplo 5:

Espaçamento: 1,8

Afastamento: 1,8

Total de furos: 33

Altura da Bancada: 13m

Diâmetro de Furação=102 mm (4”)

Diâmetro de Velas=65 mm

Presença de H2O nos furos = Não existe

Densidade de explosivos = 0,85g/cm3

51
Densidade da rocha = 2,9g/cm3

Cálculo da Subperfuração (S):

S = 0,3 x A = 0,3 x 1,8 m = 0,54m

Cálculo da profundidade do furo (Hf):

Hb α 13 85
Hf =
cos α
+ 1− (
100
xS = )
cos 85∘ + 1−
100 (
x 0 , 54=13 ,12 m )
Cálculo da razão linear de carregamento (RL):

π d
e2 3 , 14 ( 102 )2
RLANFO = x ρe = x 0 , 85 = 6,7 Kg/ m
4000 4000

Tampão (T):

T = 0,7 x A = 0,7 x 1,8 = 1,26 m

Cálculo da altura da carga de explosivo (He):

He = Hf – T = 13,12 – 1,26 = 11,86 m

Cálculo da carga de explosivo (CE):

CE = RLANFO x He = 6, 7 Kg/m x 11,86 m = 80,76 kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V):

V = Hb x A x E = 13 x 1,8 x 1,8 = 42,12 m3/furo

M3 de Rocha a Desmontar:

V x Nf = 42,12 x 33 = 1,389,69 m3

Cálculo de razão de carregamento (RC):

52
RC = CE/V = 80,76/42,12 = 0,31

Perfuração Especifica (PE):

PE = 13,12/42,12 = 0,316m/m3

53
Capitulo IV: Interpretação dos Resultados

Para interpretar os casos estudados no capítulo anterior, é necessário que se passe


primeiramente pelos aspectos simples ate os complexos, a saber, tipos de bancadas ate aos
aspectos de desmonte.

Desta forma são propostas alterações que reduzam o efeito excessivo de matacões em
desmontes e que promovam a fragmentação desejada do material, visto que este apresenta
características geométricas atractivas para o efeito.

IV.1. Plano de Fogo Exemplo 1:

Dados:

Espaçamento=3 m

Afastamento=3,5 m

Total de furos=30

Profundidade dos furos=22m

Diâmetro de Furação=102 mm (4”)

Diâmetro de Velas=65 mm

Presença de H2O nos furos = Não existe

Subperfuração (S) =1,50m

Tampão (T) = 2,45m

Profundidade do furo (Hf) = 22,075m

Razão linear de carregamento (RL) = 6,7 kg/m

Altura da carga de explosivo (He) = 20,5 m

Carga de explosivo (CE) = 137,35 kg

54
Cálculo do volume de rocha por furo (V) = 231 m3

M3 de Rocha a Desmontar = 6,930m3

Número total de metros perfurados = 660m

Total de ANFO = 4,120. 5 kg

Observação:

Satisfatórios:

 Os resultados dos parâmetros de carga de explosivos estão disposto numa forma


aceitável.

Não satisfatório:

 A presença de H2O nos furos comprometeu aquilo que é a qualidade de detonação dos
explosivos, esta propriedade dos explosivos é dada pelo fornecedor. Furos não devem
conter líquidos para que o anfo não seja absorvido.
 O material do tampão influenciou em grande parte no ultralançamento de rochas,
assim os tampões deveriam ser de material diferente da dos detritos retirados durante
a limpeza dos furos.

IV.2. Planos de fogo Exemplo 2:

Dados:

Espaçamento=3 m

Afastamento=3,5 m

Não aceitável, visto que a granulometria da rocha será demasiado grosseira, vendo a
necessidade de aplicar:

Total de furos=30

Profundidade dos furos=22m

55
Diâmetro de Furação=102 mm (4”)

Diâmetro de Velas=65 mm

Presença de H2O nos furos:

Cálculo da Subperfuração (S) = 1,50m

Tampão (T) = 2,45m

Cálculo da profundidade do furo (Hf) = 22,075m

Cálculo da razão linear de carregamento (RL) = 6,7kg/m

Cálculo da altura da carga de explosivo (He) = 20,5 m

Cálculo da carga de explosivo (CE) = 137,35 kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V) = 231 m3

M3 de Rocha a Desmontar = 6,930m2

Número total de metros perfurados = 660m

Total de ANFO = 4,120. 5 kg

IV.3. Plano de Fogo Exemplo 3:

Dados:

Espaçamento: 3 m

Afastamento: 2m

Altura da Bancada: 18m

Total de furos: 34

Profundidade dos furos: 18m

Diâmetro de Furação: 102 mm (4”)

56
Diâmetro de Velas: 65 mm

Presença de H2O nos furos – Não

Cálculo da Subperfuração (S) = 0,6 m

Cálculo da profundidade do furo (Hf) = 18,37m

Cálculo da razão linear de carregamento (RL) = 6,7kg/m

Tampão (T) = 1,4 - Aceitável

Cálculo da altura da carga de explosivo (He) = 16,97 m

Cálculo da carga de explosivo (CE) = 113,19kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V) = 108 m3

M3 de Rocha a Desmontar = 3,240m2

Número total de metros perfurados = 549,3m

Total de ANFO = 3,395,7 kg

Observações:

Este plano de fogo não foi satisfatório, visto que a relação espaçamento e afastamento são
maiores, a altura da bancada não facilita a perfuração criando deste modo problemas
relacionados com a instabilidade de furos e desvios das brocas pela altura excessiva do
banco.

IV.4. Plano de Fogo Exemplo 4:

Espaçamento: 2,5m

Afastamento: 2,5m

Total de furos: 34

57
Altura da Bancada: 26m

Profundidade dos furos: 18m – Não aceitável, a perfuração deve contar com a componente
subperfuração, para evitar pé de bancadas ou repé e desvios nos furos.

Diâmetro de Furação=102 mm (4”)

Diâmetro de Velas=65 mm

Presença de H2O nos furos = Não

Cálculo da Subperfuração (S) = 0,75m

Cálculo da profundidade do furo (Hf) = 26,41m

Cálculo da razão linear de carregamento (RL) = 6,7kg/m

Tampão (T) = 1,75m

Cálculo da altura da carga de explosivo (He) = 24,54 m

Cálculo da carga de explosivo (CE) = 163,68kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V) =162,5 m3

M3 de Rocha a Desmontar = 5,525m3

Número total de metros perfurados = 839,86 m

Total de ANFO = 5,565. 12 kg

Observação:

Este plano de fogo não foi satisfatório, visto que a relação espaçamento e afastamento são
maiores, a altura da bancada não facilita a perfuração criando deste modo problemas
relacionados com a instabilidade de furos e desvios das brocas pela altura excessiva do
banco.

IV.4. Plano de Fogo Exemplo 4:

58
Espaçamento: 1,8

Afastamento: 1,8

Total de furos: 33

Altura da Bancada: 13m

Diâmetro de Furação=102 mm (4”)

Diâmetro de Velas=65 mm

Presença de H2O nos furos = Não existe

Densidade de explosivos = 0,85g/cm3

Densidade da rocha = 2,9g/cm3

Cálculo da Subperfuração (S):

S = 0,3 x A = 0,3 x 1,8 m = 0,54m

Cálculo da profundidade do furo (Hf):

Hb α 13 85
Hf =
cos α
+ 1− (
100
xS = )
cos 85∘ + 1−
100 (
x 0 , 54=13 ,12 m )
Cálculo da razão linear de carregamento (RL):

π d
e2 3 , 14 ( 102 )2
RLANFO = x ρe = x 0 , 85 = 6,7 Kg/ m
4000 4000

Tampão (T):

T = 0,7 x A = 0,7 x 1,8 = 1,26 m

Cálculo da altura da carga de explosivo (He):

59
He=Hf– T= 13,12 – 1,26 = 11,86 m

Cálculo da carga de explosivo (CE):

CE = RLANFO x He = 6, 7 Kg/m x 11,86 m = 80,76 kg

Cálculo do volume de rocha por furo (V):

V=HbxAxE= 13 x 1,8 x 1,8 = 42,12 m3/furo

M3 de Rocha a Desmontar:

V x Nf = 42,12 x 33 = 1,389,69 m3

Cálculo de razão de carregamento (RC):

RC = CE/V = 80,76/42,12 = 0,31

Perfuração Especifica (PE):

PE = 13,12/42,12 = 0,316m/m3

V.4.1. Observação:

Satisfatório

A relação entre o espaçamento e o afastamento neste plano de fogo é porque o desmonte de


rocha satisfatório foi alcançado com sucesso, por possuir os parâmetros ideias para este
efeito;

 Altura da banca foi reduzida,


 A camada de estéril foi devidamente limpada,
 Plano de furação foi bem definido,
 Usou-se 85o para a inclinação da perfuradora,
 Foram seguidos os parâmetros de carga de explosivos

60
Este desmonte foi satisfatório, visto que a relação espaçamento e afastamento é ideal, a altura
das cargas foi bem definida, as condições dos furos foram favoráveis, sem existência de agua
nos furos, alcançando assim a granulometria desejada.

Capitulo V: Conclusão e Recomendações

V.1. Conclusão

As alterações propostas neste estudo apresentam-se com o intuito de promover uma melhoria
significativa no principal objectivo deste trabalho, que consiste na optimização de processos
de desmonte rochas com vista à melhoria dos seus resultados.

De acordo com os objectivos que foram propostos e com aquilo que foi descrito nos capítulos
anteriores, pudemos chegar às seguintes conclusões:

a) A Profundidade dos furos: determina a escolha do equipamento de perfuração. Em


espaços confinados somente ferramentas de perfuração curtas poderão ser usadas.
b) Diâmetro dos furos: O diâmetro do furo depende da finalidade do mesmo. Em furos
para detonações, há vários factores que influem na escolha do diâmetro, por exemplo,
o tamanho desejado dos fragmentos, após a detonação; o tipo de explosivo a ser
utilizada, a vibração admissível do terreno durante a detonação.
c) A Retilinidade do furo: varia, dependendo do tipo e natureza da rocha, do diâmetro e
da profundidade do furo, do método e das condições do equipamento utilizado, da
experiência do operador.
d) Malha de furação: a geometria da malha define o resultado da rocha a se desmontar,
uma malha é mais eficiente que a outra por aceitar a melhor distribuição de explosivos
nos seus furos.
e) Altura do banco é uma decisão que deve ser tomada levando-se em consideração
questões de ordem técnica e económica, a saber:
As condições de estabilidade da rocha que compõe o maciço e a segurança nas
operações de escavação;
O volume de produção desejado, o qual determinará o tipo e o porte dos
equipamentos de perfuração, carregamento e transporte;
A maximização da eficiência no custo total de perfuração e desmonte.

61
f) Afastamento e Espaçamento: De todas as dimensões do plano de fogo essa é a mais
crítica:
 Afastamento muito pequeno a rocha é lançada a uma considerável distância da face.
Os níveis de pulsos de ar são altos e a fragmentação poderá ser excessivamente fina.
 Afastamento muito grande a sobreescavação na parede é muito grande.
 Afastamento excessivo grande emissão de gases dos furos contribuindo para um
ultralançamento dos fragmentos rochosos a distâncias consideráveis, crateras
verticais, alto nível de onda aérea e vibração do terreno.
 A fragmentação da rocha pode ser extremamente grosseira e problemas no pé da
bancada podem ocorrer.
 O espaçamento nunca deve ser menor que o afastamento, caso contrário, o número de
matacões será excessivo.

V.2. Recomendações

Durante a elaboração deste trabalho e o envolvimento com suas diferentes etapas, novos
conhecimentos resultaram ou foram assimilados. Paralelamente, dúvidas e incertezas também
apareceram cujos esclarecimentos resultariam num melhoramento dos resultados desse
trabalho. Algumas possibilidades são sugeridas na sequência:
a) Validação da expressão proposta para o cálculo do espaçamento, com experimentos
de campo;
b) Efectuar limpezas das camadas de estéril das áreas em que se pretenda explorar;
c) A escolha do tipo de bancada necessita de ser previamente estudado;
d) Determinar as alturas de cargas de explosivos de modo a ter ideias do seu correcto
modo de aplicação;
e) A subperfuração é importante para a não existência de pé de bancadas, que seja
aplicada em todos planos de fogo;
f) A carga de tampão a ser usada seja diferente dos detritos retirados da limpeza dos
furos;
g) Usar de acessórios de explosivos como os retardadores sejam aplicados a planos que
necessitarem o seu emprego;

62
V.2.1. Higiene e Segurança no trabalho:
Trajar os trabalhadores devidamente, isto é, com os EPI’s (botas, capacetes, luvas,
fato de trabalho, mascaras respiratórias, óculos);
Reduzir o tempo de exposição dos trabalhadores aos raios solares por longos
períodos;
Disponibilizar de transporte dos armazéns ate a mina, para fácil carregamentos dos
combustíveis e de acessórios ligados as maquinas.
Cuidados a tomar com os ruídos efectuados pelas maquinas e pelo processo de
explosão
Criar um ambiente de trabalho livre de contaminação química.

V.2.1.1 Medidas de segurança antes e depois do disparo


 Certificar-se de que todos os explosivos excedentes se encontram em lugar seguro e
que todas as pessoas e veículos estão a uma distância segura ou devidamente
resguardada;
 Impedir os acessos a área de desmonte dispondo de pessoal e meios adequados; não
disparar sem um sinal de autorização da pessoa encarregada e sem haver dado o aviso
adequado, através de sirenes ou outros meios;
 Proteger os equipamentos auxiliares, de carregamento e transporte;
 Não regressar a área de desmonte até que se tenha dissipado as poeiras e os gases;
 Sinalizar o lugar onde se encontram os furos falhados;
 Antes de regressar a área do desmonte, contar o número de furos detonados e não
regressar até que tenha transcorrido meia hora no caso de falha de alguma carga;
 Estabelecer um programa de controlo das vibrações dos terrenos impulsos de ar,
através do uso de sismógrafos;
 Motivar a equipe na discussão da importância de cumprir as normas de segurança.

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