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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

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TEMAS ESPECIAIS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL II
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 3
1.1. Política Nacional de Recursos Hídricos ........................................................ 3
1.2. Política Nacional de Resíduos Sólidos .......................................................... 4
2. REVISÃO DA AULA .................................................................................................. 8
3. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 9

Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas
apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das
Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a
Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato.
AULA 7

TEMAS ESPECIAIS DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL II

Conhecer a Política Nacional de Recursos Hídricos e de Resíduos


Sólidos.

Observar como essas Políticas se tornam instrumentos para a


educação ambiental.

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil há uma dinâmica de criação de Políticas Nacionais, como a Política Nacional


de Meio Ambiente (1981) e a Política Nacional de Educação Ambiental (1999). Para versar
sobre o uso dos recursos hídricos e a gestão dos resíduos sólidos também temos políticas, a
saber: a Política Nacional de Recursos Hídricos (1997) e a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (2012), que você vai estudar nessa aula. A Política Nacional de Recursos Hídricos
reforça o princípio do usuário pagador, por meio do valor econômico da água, trazendo
importantes considerações sobre o seu uso, modos de proteção desse recurso, forma de
cobrança e outorga de uso (OLIVEIRA, 2012).

1.1. Política Nacional de Recursos Hídricos

A Política Nacional de Recursos Hídricos versa sobre um dos bens mais vulneráveis, a
saber: a água. Podemos usar “água” ou “recursos hídricos” como juridicamente equivalentes,
aqui versaremos sobre as questões pertinentes às águas doces. Esta política se estrutura em
fundamentos que norteiam a gestão e proteção do recurso:

I. A água é um bem de domínio público;


II. A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III. Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo
humano e a dessedentação de animais;
IV. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
V. A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos;
VI. A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Dessa maneira, a água não é um bem particular ou que possa ser particularizado, e
sim um bem de uso comum do povo. Por ser um bem finito lhe foi atribuído um valor
econômico, para que não seja superexplorada chegando à escassez. A prioridade no uso é
atribuída ao consumo humano e para saciar a sede dos animais, observe que não se fala de
produção de alimentos e uso industrial. Porém o uso múltiplo pode incluir não apenas o
abastecimento humano como também o uso como insumo agrícola ou industrial, para pesca

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e navegação. Bacia hidrográfica não diz respeito a um sistema federativo tradicional, por isso
há o Comitê de Bacia Hidrográfica, um órgão responsável pela gestão dessa. A
descentralização dos recursos implica em uma gestão participativa em que todos possam
discutir, formular e executar políticas públicas sobre os recursos hídricos.

Os objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I. Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em


padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II. A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III. A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais;
IV. Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas
pluviais.

O primeiro objetivo está baseado no princípio da solidariedade intergeracional, a água


doce que temos acesso deve ser bem gerida para que atenda a atual e às futuras gerações.
Para se concretizar o segundo objetivo, é necessário que o uso da água seja racional e
integrado. Ademais, o transporte aquaviário é um meio de transporte barato e com menos
impacto ambiental do que outros. Alguns eventos hidrológicos têm origem antrópica, então,
podem ser previstos e evitados, como erosões e assoreamentos.

1.2. Política Nacional de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, por sua vez, estabelece a responsabilidade


dos geradores de resíduos.

Nesse sentido, compreende-se por resíduos sólidos:

“material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades


humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido,
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis
em face da melhor tecnologia disponível (Art. 3º., XVI).

Na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, busca-se incentivar a não geração


desses, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento e a disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos. A propósito, rejeitos são “resíduos sólidos que,

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depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que
não a disposição final ambientalmente adequada” (art. 3º., XV). A destinação final inclui:
reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação e aproveitamento energético,
disposição final.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos possui conforme estabelecido pelo art. 6º., 11
princípios:

V. da prevenção e da precaução;
VI. do poluidor-pagador e do protetor-recebedor;
VII. a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;
VIII. o desenvolvimento sustentável;
IX. a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
competitivos, de bens e serviços qualificados, que satisfaçam as necessidades
humanas e tragam qualidade de vida; e a redução do impacto ambiental e do
consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de
sustentação estimada do planeta;
X. a cooperação entre as diferentes esferas do Poder Público, o setor empresarial e
demais segmentos da sociedade;
XI. a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
XII. o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;
XIII. o respeito às diversidades locais e regionais;
XIV. o direito da sociedade à informação e ao controle social;
XV. a razoabilidade e a proporcionalidade.

Os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos são:

XVI. proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;


XVII. não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
XVIII. estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e
serviços;
XIX. adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma
de minimizar impactos ambientais;
XX. redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;

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XXI. incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-
primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;
XXII. gestão integrada de resíduos sólidos;
XXIII. articulação entre as diferentes esferas do Poder Público, e destas com o setor
empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada
de resíduos sólidos;
XXIV. capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
XXV. regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com a
adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação
dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade
operacional e financeira, observada a Lei n. 11.445, de 2007;
XXVI. prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: produtos
reciclados e recicláveis; e para bens, serviços e obras que considerem critérios
compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
XXVII. integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações
que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtores;
XXVIII. estímulo à implementação da avaliação do ciclo da vida do produto;
XXIX. incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial
voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos
resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético;
XXX. estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.

Devemos destacar que na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos há uma


ordem, a saber: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamentos dos resíduos
sólidos e disposição final ambientalmente adequado dos rejeitos.

A não geração e a redução dos resíduos estão ligadas ao consumo sustentável de


bens e serviços, que foram produzidos de modo também sustentável; uma das diversas
formas de destinação final ambientalmente correta dos resíduos é a reutilização, um processo
de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-
química, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes; a
reciclagem, por outro lado, é o processo de reaproveitamento de um resíduo após ter sido
submetido à transformação. Na reciclagem, o resíduo vai se tornar insumo ou novo produto;
a compostagem, outra forma de destinação, é um processo biológico em que os micro-
organismos transformam a matéria orgânica num material semelhante ao solo, que se chama

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composto e que pode ser utilizado como adubo; a disposição final ambientalmente adequada
consiste na colocação do rejeito em aterros sanitários, uma área preparada para o depósito
de lixo, o qual será disposto em camadas intercaladas com terra. Deste modo, a nomenclatura
utilizada, agora, é rejeito, pois a disposição final encerra a ideia do ciclo de utilização e envolve
o esgotamento do produto nas suas diferentes possibilidades de reaproveitamento
(OLIVEIRA, 2012).

Há também outras duas formas de gestão dos resíduos sólidos, a saber: a


responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e a logística reversa. A
primeira deve ser implementada de forma individualizada e encadeada, envolvendo os
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e os titulares dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. A segunda é um
“instrumento de desenvolvimentos econômico e social caracterizado por um conjunto de
ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (art. 3º., XII).

FIQUE ATENTO

No sistema de logística reversa, os consumidores deverão devolver os


produtos aos comerciantes e distribuidores após o uso dos produtos e das
embalagens. Os comerciantes e distribuidores devolverão os produtos aos
fabricantes ou importadores e esses darão destinação ambientalmente
adequada aos produtos e às embalagens.

EXEMPLIFICANDO

Leia a matéria da revista Carta Capital: “Mundo produz quantidade recorde de


lixo eletrônico: A quantidade de lixo eletrônico gerada em 2016 alcançou o
recorde de 45 milhões de toneladas, revelou um estudo da ONU divulgado na
quarta-feira 13. Com o descarte de televisões, celulares e outros produtos,
são desperdiçados metais, como ouro e cobre.
O volume de lixo eletrônico descartado aumentou 8% em relação a 2014,
quando foi de 41 milhões de toneladas. Segundo o estudo, elaborado pela
Universidade da ONU em parceria com a União Internacional de
Telecomunicações da ONU e Associação Internacional de Resíduos Sólidos,

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o peso do lixo eletrônico gerado no ano passado é equivalente a cerca de 4,5
mil Torres Eiffel. (...)”
Acesse o link e leia a matéria completa disponível em:
<https://www.dw.com/pt-br/mundo-produziu-quantidade-recorde-de-lixo-
eletr%C3%B4nico-em-2016/a-41786249> Acesso em 12 de mar. de 2020.

2. REVISÃO DA AULA

 Nesta unidade vimos que a Política Nacional de Recursos Hídricos se assenta em


seis fundamentos para a gestão dos recursos hídricos;
 Importante ressaltarmos que a água é um bem limitado e de domínio público;
 Aprendemos também que há uma ordem de prioridades da gestão de resíduos
sólidos;
 Refletimos que a responsabilidade compartilhada e a logística reversa estão
baseadas na responsabilidade de fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes, e também de consumidores.

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3. REFERÊNCIAS

CARTA CAPITAL. Mundo produz quantidade recorde de lixo eletrônico. Disponível em:
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/mundo-produz-quantidade-recorde-de-lixo-
eletronico. Acesso em 15 de fevereiro de 2018.

MELO, Fabiano. Direito Ambiental. 2 ed. São Paulo: Método, 2017.

OLIVEIRA, F. M. de G. Direitos difusos e coletivos, VI: Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2012.

Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas
apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das
Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a
Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato.
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