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Unidade II

Unidade II
Embora o corpo humano seja o resultado da interpretação de todos os sistemas, existem
alguns deles que, devido a relações mais íntimas no desenvolvimento (embriologia), na situação
(topografia), na função (fisiologia), e também a fatores didáticos, podem ser considerados ou
concentrados, caso no qual recebem o nome de aparelho. Podemos listar vários sistemas do
ponto de vista da anatomia sistêmica, como o aparelho osteoarticular, formado pelos sistemas
esquelético e articular, e o aparelho locomotor, composto por três sistemas: o esquelético, o
articular e o muscular.

No aparelho locomotor, o sistema esquelético inclui os ossos, os quais dão fixação aos músculos,
delimitam cavidades para a proteção dos órgãos nelas contidas, formam alavancas, servem como órgãos
passivos de movimento e como hematocitopoeiticos.

3 GENERALIDADES DO ESQUELETO E DOS OSSOS

Durante o Renascimento, Leonardo da Vinci despontou como um dos maiores artistas de todos
os tempos, muito conhecido ainda hoje por suas descrições artísticas do corpo humano. Ele dissecou
centenas de corpos para que pudesse adquirir uma compreensão da musculatura e da forma do
corpo humano. Podem‑se notar o conhecimento e a valorização expressos em seu trabalho artístico.
A figura a seguir mostra que desde os tempos antigos até os dias hoje a apreciação da beleza da
forma humana em movimento sempre seduziu a atenção de artistas, cientistas, profissionais da saúde
e atletas.

Essa investigação sobre o movimento humano evoluiu de pura arte para um conjunto de arte e
ciência que combinava teorias e princípios procedentes da anatomia, fisiologia, antropologia, física,
mecânica e biomecânica.

No estudo da anatomia do aparelho locomotor o foco central está nos músculos e nos ossos aos
quais eles se prendem. Os ossos também se conectam uns aos outros, formando as articulações. Assim,
as três principais estruturas nas quais devemos nos ater à anatomia do aparelho locomotor são os
ossos, as articulações e os músculos.

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ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Figura 65 – A plástica na ginástica artística

O esqueleto é o arcabouço resistente no qual o organismo humano está construído, conforme ilustram
as figuras a seguir, respectivamente. Muito similar à armação de um edifício, o esqueleto deve ser forte
o suficiente para sustentar e proteger todas as estruturas anatômicas do corpo humano. A estrutura
esquelética ordena a forma e tamanho do corpo e também pode ser influenciada pela nutrição, nível de
exercícios físicos e hábitos posturais.

Figura 66 – Esqueleto humano, em vistas anterior e posterior, respectivamente

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No esqueleto imaturo em desenvolvimento, conforme ilustra a figura a seguir, a interferência do


apoio de peso e forças musculares tem uma ação mais considerável na constituição do tamanho e no
formato dos ossos do que as mesmas forças aplicadas sobre um esqueleto maduro. Por esse motivo, é
relevante dar valor extremo aos tipos de exercícios físicos e hábitos posturais de um pré‑adolescente.

Figura 67 – Esqueleto imaturo

Observação

Um exemplo clássico de alteração no esqueleto imaturo é a presença


de escoliose idiopática, uma curvatura lateral da coluna vertebral, existente
em aproximadamente 15 a 20% das meninas entre 10 e 12 anos de idade.
Há indícios de que essa modificação se dá porque as mulheres mais novas
passam muito tempo mantendo a massa corporal sobre os saltos finos ou
por conta da postura que compreende joelhos hiperestendidos e lordose.
É simples supor sobre prováveis causas, porém, ainda não há temas
científicos cruciais. É sabido que o sistema esquelético é flexível, podendo
ser modelado e formado por meio da atividade.

O esqueleto humano representa 20% da massa corpórea, ou seja, 14 quilos em um indivíduo de 70 quilos.
O sistema esquelético desempenha um papel principal e vários papéis secundários para cooperar com
outros sistemas em papéis substanciais.

Os ossos são formados por diversos tecidos que agem em conjunto, como, por exemplo, o tecido
ósseo, a cartilagem, o tecido conjuntivo denso, o epitélio, o tecido adiposo e o tecido nervoso. Por
essa razão, cada osso do corpo é considerado um órgão. Portanto, o tecido ósseo é um tecido vivo,

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complexo e dinâmico, participando, assim, de forma contínua em um processo chamado remodelação,


ou seja, a formação de novo tecido ósseo e a degeneração do tecido ósseo antigo. Toda a estrutura dos
ossos e suas cartilagens, juntamente com os ligamentos e os tendões, compõem o sistema esquelético.
A seguir serão examinados os vários elementos dos ossos a fim de auxiliá‑lo a compreender como eles
se constituem e envelhecem, além disso será estudado como o exercício físico afeta a densidade e a
resistência óssea.

Observação

O estudo da estrutura óssea e o tratamento dos distúrbios ósseos é


chamado osteologia.

3.1 Os principais papéis do esqueleto e dos ossos

Como visto anteriormente, o esqueleto fornece as alavancas e os eixos de rotação sobre os quais o
sistema muscular realiza os movimentos. Assim, uma alavanca consiste em uma máquina simples que
eleva a força ou a velocidade de movimento. Pode‑se dizer que as alavancas são inicialmente os ossos
longos do corpo humano e os eixos são as articulações nas quais os ossos se deparam, conforme ilustra
a figura a seguir.

Figura 68 – Sistema de alavancas

Um segundo papel relevante do esqueleto é servir de arcabouço e suporte para as partes moles
do corpo humano. Os ossos dos membros inferiores, da pelve e da coluna vertebral suportam o corpo
humano, utilizados para a manutenção da postura ereta. Quase todos os ossos provêm suporte para os
músculos e apoio para os dentes.

Existem ainda outros papéis adicionais não associados exclusivamente com o movimento humano.
Tecidos e órgãos vulneráveis são comumente protegidos por elementos do esqueleto. As costelas, por
exemplo, protegem o coração e os pulmões, conforme ilustram as figuras a seguir; o crânio aloja o
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encéfalo, as vértebras fornecem abrigo para a medula espinal e a pelve óssea acomoda órgãos digestórios
e genitais.

Figura 69 – As costelas protegem o coração e os pulmões. Vistas anterior e posterior

O osso é um depósito para minerais, especialmente, de cálcio e fósforo. O cálcio é o mineral mais
farto no corpo humano. Um indivíduo apresenta aproximadamente de 1 a 2 quilos de cálcio, dos quais
mais de 98% estão armazenados nos ossos e nos dentes. Os minerais armazenados são liberados na
circulação sanguínea quando há necessidade de distribuição a todas as partes do corpo humano. Ele é
essencial para a contração muscular, para a coagulação do sangue e para a movimentação de íons por
meio da membrana celular.

Já o fósforo é essencial para as funções dos ácidos nucleicos DNA e RNA. Na hipótese dos minerais
não se encontrarem na alimentação em quantidades satisfatórias, eles podem ser retirados dos ossos
até serem compensados pela própria alimentação. Na realidade, depósitos e retiradas de minerais para
os ossos e a partir deles acontecem quase incessantemente.

Lembrete

DNA (ácido desoxirribonucleico) é uma molécula presente no núcleo


das células de quase todos os seres vivos e que carrega toda a informação
genética de um organismo.

RNA (ácido ribonucleico) é o responsável por sintetizar as proteínas.

Se todo o mineral fosse extraído de um osso longo, o colágeno se tornaria o principal constituinte
e o osso ficaria excessivamente flexível. Contudo, se o colágeno é retirado do osso, os componentes
minerais se tornariam o constituinte principal e o osso ficaria muito quebradiço, conforme ilustra a
figura a seguir. O colágeno é uma proteína de relevância essencial na composição da matriz extracelular
do tecido conjuntivo, sendo responsável por grande parte de suas propriedades físicas.

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(a)

(b) sem minerais (c) sem colágeno

Figura 70 – (a) Osso normal. (b) Osso desmineralizado, no qual o colágeno é o principal componente,
pode ser dobrado sem quebrar. (c) Quando o colágeno é extraído, os minerais são o principal
componente restante, tornando o osso tão quebradiço que é facilmente destruído

Podemos descrever os ossos como órgãos hematocitopoietico, ou seja, eles realizam a produção de células
sanguíneas por meio da medula óssea vermelha, conforme ilustram as figuras a seguir, respectivamente.

Estima‑se que uma média de 2 milhões e meio de células sanguíneas vermelhas é produzida a cada
segundo pela medula óssea vermelha para suprir aquelas que são excluídas e degradadas pelo fígado.
Em uma criança, o baço e o fígado também produzem células sanguíneas. Com o passar do tempo, a
maior parte da medula óssea vermelha transforma‑se em medula óssea amarela, de maneira que no
adulto encontra‑se medula óssea vermelha apenas em alguns ossos, como, por exemplo, no esterno.
Já a medula óssea amarela é formada basicamente de células adiposas, que armazenam triglicerídeos.
Os triglicerídeos armazenados são reservas potenciais de energia química.

Pontos ósseos palpados facilmente através da pele


Distribuição da medula óssea vermelha

Figura 71 – Vista anterior

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Pontos ósseos palpados facilmente através da pele

Distribuição da medula óssea vermelha

Figura 72 – Vista posterior

Por fim, existem os osteoblastos, as células responsáveis pela síntese dos componentes orgânicos
da matriz óssea, como, por exemplo, o colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas. Essas células ósseas
também estão envolvidas no metabolismo, pois secretam osteocalcina, um hormônio que influencia na
regulação de glicemia.

3.2 Arquitetura óssea

Como descrito anteriormente, os ossos são peças duras e calcificadas, em número, coloração e
formas variáveis. Apresentam matéria orgânica (um terço) e matéria inorgânica (dois terços). A matéria
orgânica atribui elasticidade aos ossos, enquanto a matéria inorgânica atribui rigidez e força.

Observação

Calcula‑se que se for empregada vagarosamente uma carga sobre um


crânio humano, ele é capaz de suportar 3 toneladas antes dele se quebrar.
As extremidades de um osso longo são chamadas de epífises, enquanto a
parte média é chamada de diáfise. Durante o crescimento ósseo, as epífises
são compostas por um material cartilagíneo chamado placa de crescimento.

Macroscopicamente, os ossos têm dois tipos diferentes de substâncias ósseas, a esponjosa e a


compacta. Os dois podem aparecer de maneira simultânea, porém, em quantidades variadas em um
mesmo osso, conforme ilustram as figuras a seguir.

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Substância
esponjosa

Substância
compacta

Figura 73 – Corte longitudinal da extremidade proximal de uma tíbia,


mostrando as substâncias ósseas e a cavidade medular

Cavidade
medular

Figura 74 – Corte longitudinal da diáfise de um fêmur,


mostrando as substâncias ósseas e a cavidade medular

Como visto na figura anterior, a substância óssea esponjosa é mais leve, o que diminui a massa total
de um osso, de modo que o osso se mova com maior simplicidade quando tracionado pelo músculo
esquelético. Ela é porosa e se situa na parte interna dos ossos, constituindo as trabéculas ósseas (do latim,
“pequenos feixes”). As trabéculas ósseas suportam e protegem a medula óssea vermelha. Além disso, a
presença da substância óssea esponjosa diminui a massa do esqueleto e colabora com a mobilidade dos
ossos pelos músculos esqueléticos. A substância óssea esponjosa é encontrada em grandes quantidades
nas epífises dos ossos longos e nos ossos curtos, sendo recobertas por uma fina camada de substância
óssea compacta.

A substância óssea compacta se caracteriza por ter um revestimento externo denso e rígido. Ela sempre
reveste completamente todo osso e tende a variar de espessura. Assim, a substância óssea compacta
predomina na diáfise dos ossos longos. Além disso, ela envolve uma cavidade chamada de cavidade
medular, que contém a medula óssea, vermelha ou rubra e amarela ou flava, conforme ilustra a figura
a seguir.

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Medula óssea vermelha

Medula óssea amarela

Medula óssea vermelha

Figura 75 – Medula óssea

O osso esponjoso localiza‑se profundamente no periósteo, compondo uma fina substância compacta,
o córtex, que continua para o interior do osso como substância esponjosa, composta de trabéculas ósseas.

Saiba mais

Para saber mais sobre como funciona um transplante de medula:

UMA PROVA de amor. Dir. Nick Cassavetes. EUA: Curmudgeon Films,


2009. 109 minutos.
Para saber mais sobre a estrutura dos ossos nos níveis macroscópicos
e microscópicos e a importância da formação óssea durante as diferentes
fases da vida de uma pessoa.

TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de


anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017, p. 117‑125.

3.3 Periósteo e endósteo

A superfície externa de um osso é comumente revestida pelo periósteo, conforme ilustra a figura
a seguir, exceto as superfícies articulares que são recobertas por cartilagem do tipo hialina. Ele isola e
protege o osso dos tecidos vizinhos; provê uma via e um local de união para o suprimento cardiovascular
e nervoso; e participa ativamente no crescimento ósseo em diâmetro e na reparação de fraturas. No
entanto, o periósteo não reveste os ossos sesamoides.
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No interior do osso, o endósteo celular reveste a cavidade medular, conforme ilustra a figura a seguir.
O endósteo está em atividade durante o crescimento e sempre que a reparação e o remodelamento da
arquitetura óssea estiverem acontecendo.

Epífise proximal
Osso esponjoso
Osso compacto
Forame nutrício
Vasos nutrientes
Cavidade medular

Fibras perfurantes Diáfise


Periósteo

Endósteo

Linha epifisial
Epífise distal
Cartilagem articular

Figura 76 – Osso longo com periósteo rebatido

Junto com o periósteo e a medula óssea, o endósteo é uma estrutura anatômica muito importante
para os ossos.

3.4 Vascularização óssea

Os ossos são muito vascularizados, pois recebem amplo suprimento de sangue. Os vasos metafisários
e os vasos epifisários são também muito importantes. As artérias adentram os ossos a partir do periósteo.
As artérias periosteais acompanhadas por nervos adentram a diáfise e irrigam o periósteo e a parte externa
da substância compacta. Próximo ao centro da diáfise, uma grande artéria nutrícia adentra o osso compacto
por meio do forame nutrício, conforme ilustra a figura anterior. Ao adentrar a cavidade medular, a artéria
nutrícia se ramifica em ramos proximal e distal, que irrigam a parte interna da substância óssea compacta
da diáfise, substância óssea esponjosa, e a medula óssea. Na tíbia há uma artéria nutrícia, enquanto no
fêmur existem diversas artérias nutrícias. As extremidades dos ossos são irrigadas pelas artérias metafisárias
e epifisárias. Tanto as metafisárias como as nutrícias irrigam a medula óssea vermelha e as substâncias
ósseas da metáfise. As artérias epifisárias irrigam a medula óssea e as substâncias ósseas das epífises.

Há uma ou duas veias nutrícias que seguem a artéria nutrícia na diáfise. Há também abundantes
veias epifisárias e metafisárias que saem das epífises com suas relativas artérias. As veias periosteais
saem do periósteo com suas relativas artérias. Os vasos linfáticos dos ossos estão no periósteo, porém,
alguns podem adentrar o tecido ósseo.
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3.5 Inervação óssea

Os nervos seguem as artérias que irrigam os ossos. O periósteo, conforme ilustra a figura anterior,
é rico em nervos sensitivos, responsáveis pela sensação de dor. Portanto, as dores são consequentes de
uma fratura, tumores ósseos ou de uma biópsia da medula óssea vermelha por meio de uma agulha.
Microscopicamente a medula óssea vermelha é avaliada em situações como leucemias, linfomas e
anemias aplásicas. As dores apresentam‑se à medida que a agulha adentra o periósteo. No entanto,
conforme ela ultrapassa o periósteo as dores vão diminuindo.

Saiba mais

Para saber mais sobre o assunto, leia as notas clínicas que aparecem
neste capítulo do livro e o conteúdo que versa sobre os fatores de regulação
do crescimento ósseo:

MARTINI, F. H. O sistema esquelético: tecido ósseo e estrutura do


esqueleto. In:___. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed, 2009.

Lembrete

Na maior parte dos casos os ossos são abundantemente vascularizados.


Cada tipo de osso recebe suprimento de sangue e nervoso de forma
característica.

3.6 Morfologia óssea

Os ossos podem apresentar diversos tamanhos e formatos. Por exemplo, o osso pisiforme da
mão possui o tamanho e a forma de uma ervilha, enquanto o fêmur pode ter até 60 centímetros de
comprimento em alguns indivíduos e com uma cabeça arredondada em formato de bola. Desse modo, o
fêmur suporta grande massa corporal e pressão, sendo que sua arquitetura de cilindro oco provê força
máxima com peso mínimo.

Na maioria dos casos, os ossos são classificados conforme sua forma geométrica aproximada em: longos,
alongados, curtos, planos e irregulares. Existem, ainda, os ossos pneumáticos, sesamoides e acessórios.

Os ossos longos são formados por uma diáfise e duas epífises. Apresentam o comprimento maior
em relação à largura e à espessura, que são equivalentes. Os ossos longos são encontrados apenas no
esqueleto apendicular, como, por exemplo, o osso úmero, conforme ilustram as figuras a seguir, em vista
anterior e posterior, respectivamente. Eles proporcionam suporte ao organismo e oferecem uma série de
alavancas e elos que nos possibilitam criar movimentos.

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ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Figura 77 – Úmero, em vista anterior e posterior

Os ossos alongados são achatados, sendo eles um subgrupo dos ossos longos. Eles não apresentam
epífises bem definidas e não têm cavidade medular. A clavícula e as costelas são exemplos típicos de
ossos alongados.

Figura 78 – Vista anterior da clavícula direita e vista interna da costela

Os ossos curtos apresentam as três dimensões, comprimento, largura e espessura equivalentes, as


quais lhes conferem uma forma cúbica. Exemplos clássicos desse grupo são os ossos do carpo e os ossos
do tarso, exceto o pisiforme, que é um osso sesamoide, e o osso calcâneo, que é um osso irregular,
conforme ilustram as figuras a seguir. Esses ossos têm um papel relevante na absorção de choque e
transmissão de forças.

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Ossos do Osso pisiforme


carpo

Figura 79 – Ossos do carpo e calcâneo

Nos ossos planos a largura e o comprimento predominam sobre a espessura. Alguns exemplos de
ossos planos são os que formam a calvária. Eles possuem duas lâminas compactas, onde localiza‑se um
tecido ósseo mais denso e, entre essas camadas, uma camada esponjosa composta de osso menos denso,
chamada díploe, conforme ilustram as figuras a seguir. Os ossos planos proporcionam proteção para o
conteúdo interno e ampla superfície para a fixação muscular.

Parietal
Frontal
Lâmina externa
Díploe
Lâmina interna

Figura 80 – Parietal (vista interna) e díploe

Os ossos irregulares não possuem formas geométricas bem definidas. As vértebras, os ossos da base
do crânio, conforme ilustram as figuras a seguir, e os ossos da face são exemplos deste grupo. Eles
oferecem suporte de massa corporal, dissipação de cargas, proteção da medula espinal e contribuem
com os movimentos e locais de inserção muscular.

Figura 81 – Vértebra lombar (vista superior) e temporal (vista lateral)

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ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Os tipos morfológicos podem ainda apresentar características adicionais que nos possibilitam
classificá‑los. Os ossos pneumáticos apresentam uma ou mais cavidades de volumes variáveis, chamadas
seios, que se apresentam revestidas de mucosa e preenchidas por ar. Os ossos pneumáticos estão
localizados no crânio, sendo eles: o frontal, a maxila, o etmoide e o esfenoide.

Células
etmoidais

Seio Seio
maxilar frontal

Figura 82 – Cavidades do crânio

Observação

O osso temporal é considerado pneumatizado, pois apresenta


cavidades que se comunicam com a cavidade da orelha, enquanto os ossos
pneumáticos se comunicam a cavidade nasal.

Os ossos sesamoides se assemelham a sementes de gergelim e são localizados em regiões que alguns
tendões cruzam epífises de ossos longos. Eles se desenvolvem dentro dos tendões e os protegem de
desgaste exorbitante junto ao osso. Também alteram o ângulo de inserção de um tendão. Os ossos
sesamoides estão presentes no desenvolvimento fetal, mas não são considerados partes do esqueleto
axial ou apendicular, exceto pelas patelas, que são os maiores ossos sesamoides.

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Figura 83 – Patela (vista anterior)

Os outros ossos sesamoides mais frequentes estão situados nas plantas dos pés e na base do
primeiro metatarso. Nos membros superiores os ossos sesamoides são frequentemente encontrados
nos tendões próximos à superfície palmar e na base dos metacarpos. Outro exemplo clássico de osso
sesamoide é o hioide.

Figura 84 – Hioide (vista anterior)

Observação

Embora apresentem o comprimento maior que a largura, as costelas e a


clavícula não têm canal medular, muito menos metáfises; por esse motivo,
são classificadas como ossos alongados.

Os ossos acessórios são raros e sua sede, dimensões e número podem ser muito variáveis. Ocorrem
mais comumente na superfície externa do que na interna. Do ponto de vista da anatomia comparativa,
alguns desses ossos correspondem aos que se encontram normalmente em outros vertebrados, ao
passo que em outros não apresenta essa correspondência. A esses ossos acidentais dá‑se o nome
de ossos suturais ou wormianos, os quais acontecem muitas vezes na sutura lambdoide, em crânios
hidrocefálicos. Como exemplos de ossos acessórios podemos mencionar os ossos bregmático, o osso
ptérico e o osso astérico.

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ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Observação

As lâminas das epífises dos ossos longos específicos ossificam em prazos


previstos. Os médicos radiologistas comumente podem especificar a idade
de um indivíduo jovem analisando as lâminas das epífises para observar se
elas ossificaram. Uma diferença entre a idade dos ossos e cronológica pode
sugerir alguma disfunção metabólica.

3.7 Características anatômicas de superfície dos ossos

Os ossos apresentam acidentes ósseos ou detalhes ósseos, como: as proeminências, as fossas,


as depressões, os tubérculos, as eminências, os orifícios, os canais, as cavidades e os seios. Essas são
apenas as características mais frequentes, que compõem pontos de referência em anatomia, radiologia,
ortopedia e antropologia física. As seguir alguns exemplos de características anatômicas da superfície
dos ossos:

• Forame: do latim, foramine, orifício, é uma abertura por meio da qual passam artérias ou nervos,
como o forame magno do osso occipital.

Forame
magno

Figura 85 – Forame magno

• Fossa: do latim, fossa, fenda, trincheira, é uma depressão rasa sobre um osso, como a fossa
cerebelar do osso occipital.

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Fossa
cerebelar

Figura 86 – Fossa cerebelar

• Côndilo: do grego, Kondylo, elevação arredondada, é uma proeminência grande e arredondada


que constitui uma união, como os côndilos medial e lateral do fêmur.

Côndilo

Figura 87 – Côndilo do fêmur

• Cabeça: do latim, caput, cabeça, é uma projeção arredondada que compõe uma união e é
sustentada na constrição (colo) do osso, como a cabeça do úmero.

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ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Cabeça

Figura 88 – Cabeça do úmero

• Tuberosidade: do latim, tuberositas, excrescência, é uma projeção grande e arredondada,


frequentemente com uma superfície áspera, como a tuberosidade da tíbia.
Tuberosidade

Figura 89 – Tuberosidade da tíbia

• Espinha: projeção aguda e delgada, oriunda da face de um osso, como a espinha da escápula.

Espinha

Figura 90 – Espinha da escápula

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• Crista: do latim, crista, aresta linear mais saliente que uma linha, é uma margem ou borda
proeminente, comumente rugosa, como a crista ilíaca do quadril.

Crista

Figura 91 – Crista

• Incisura: chanfradura ou entalhe em uma margem óssea, como a incisura da mandíbula.


Incisura

Figura 92 – Incisura da mandíbula

Saiba mais

Para saber mais sobre detalhes ósseos, como os que formam as cinturas
escapular e pélvica e os ossos dos esqueletos apendicular e axial, além de
poder elaborar pranchas de anatomia utilizando‑se de papel vegetal, lápis
HB2, lápis para colorir e caneta Stabilo.

NILTON, A.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral


e específica. 4. ed. Rio de Janeiro: Santos, 2019.

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ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Observação

Em cerca de 400 a.C. a filosofia confucionista dizia que: “O que ouvi foi
o que esqueci, o que vejo, lembro, o que faço, compreendo”. Durante esse
período, a maior parte dos processos de ensino e aprendizagem dependiam
apenas de formas visuais e auditivas. Como resultado, muitos dados não
permaneciam na memória, assim como as conquistas da compreensão
material se tornavam menos profundas. Ao estudarmos a anatomia, o
desenho é uma das metodologias mais eficientes e relevantes, uma vez
que há uma integração de ideias associada à observação, elevando, assim,
a compreensão e motivação de aprendizagem de estudantes universitários.

3.8 Fatores de variação anatômica no número de ossos

Existem 206 ossos no indivíduo adulto médio e normal, excluindo‑se os ossos sesamoides e os
ossículos da audição, na orelha média. Funcionalmente, os ossículos da audição que vibram em resposta
às ondas sonoras, atingindo o tímpano, não integram o esqueleto axial nem o apendicular, porém são
agrupados com o esqueleto axial por conveniência.

Figura 93 – Ossículos da audição: martelo, bigorna e estribo

O martelo, do latim, malleus, na Idade Média tinha forma semelhante ao utilizado em Roma
Antiga pelos açougueiros ou sacerdortes para atordoar os animais antes da matança ou sacrifício.
Esse instrumento era construído com madeira pesada e possuía forma geral arredondada. O primeiro
a descrever a bigorna e o martelo foi Andreas Vesalius, que notou a semelhança de forma com os
instrumentos do ferreiro e assim os denominou.

Já o estribo, do latim, stapes, não era conhecido pelos romanos e gregos porque eles não tinham selas
de couro para os seus cavalos. Para cavalgar era utilizado um cobertor que era colocado diretamente no
dorso dos animais, chamado de epihippion, do grego, epi, em cima e hippos, cavalo. As selas de couro
e os estribos foram apenas introduzidos no século IV pelos otomanos, que eram chamados de scalae.
O primeiro anatomista a dar o nome ao ossículo da orelha foi Giovanni Ingrassias, em 1546, embora se
afirme que Bartolomeu Eustachio tenha sido o primeiro a descrevê-lo em 1564.

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O número de peças ósseas varia com a idade, havendo maior número no recém‑nascido do que
um uma pessoa com idade avançada. Por exemplo, no crânio de uma criança permanecem duas peças
ósseas para medianas ou hemifrontais que, com a sinostose da sutura metópica, comporão o osso
frontal. Já a idade avançada, com as sinostose de todas as suturas, torna o crânio uma esfera óssea.

Figura 94 – Norma anterior do osso frontal: sutura metópica e parte anterior da fontanela anterior

Saiba mais

Para saber mais sobre o crescimento ósseo em comprimento e largura e


a cartilagem articular e os fatores que afetam o crescimento ósseo, como,
por exemplo, a nutrição e os hormônios:

VANPUTTE, C. L. et al. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto


Alegre: AMGH, 2016, p. 176‑178.

Para saber mais sobre como o exercício e o estresse mecânico afetam o


tecido ósseo:

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.


14. ed. São Paulo: Guanabara‑Koogan, 2016, p. 191.

4 ESTUDO DO ESQUELETO

Como visto anteriormente, o esqueleto humano adulto consiste em 206 ossos, a maioria deles pares,
com um membro de cada par nos lados direito e esquerdo do corpo. Vimos que há fatores de variação
no número de ossos. Assim, os esqueletos de recém‑nascidos, lactentes e crianças apresentam mais de
206 ossos porque alguns deles se unem mais tarde. Como exemplos, podemos citar os ossos do quadril
e alguns ossos da parte final da coluna vertebral, o sacro e o cóccix.

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ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Os ossos do esqueleto adulto estão agrupados em três divisões principais: o esqueleto axial, o
esqueleto apendicular e as cinturas escapular e pélvica. O esqueleto axial apresenta 80 ossos e o esqueleto
apendicular é composto por 126 ossos. A figura a seguir mostra como as duas divisões se unem para
compor o esqueleto completo. O esqueleto axial consiste em ossos em torno do eixo longitudinal do
corpo humano, descrevendo uma linha vertical imaginária que atravessa o centro de gravidade do
corpo, indo da cabeça até o espaço entre os pés.

Portanto, o esqueleto axial é composto pelos ossos do crânio, o hioide, as costelas, o esterno e os
ossos da coluna vertebral. Já o esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superiores e
inferiores. Os ossos que compõem as cinturas unem os membros ao esqueleto axial. Portanto, a cintura
escapular une os membros superiores ao esqueleto axial, enquanto a cintura pélvica liga os membros
inferiores ao esqueleto axial.

Figura 95 – Visão geral do esqueleto humano

Observação

Funcionalmente, os ossículos da audição na orelha média, que vibram


em resposta às ondas sonoras atingindo o tímpano, não integram o
esqueleto axial nem o apendicular, porém, são agrupados com o esqueleto
axial por conveniência.

97
Unidade II

Como já observado, o esqueleto humano adulto consiste em 206 ossos, podendo ser dividido em
esqueletos axial e apendicular, além das cinturas escapular e pélvica. A seguir está uma relação que
abrange as patelas, porém, não os sesamoides.

Tabela 1

Coluna vertebral: 26
Crânio: 80
Esqueleto axial
Hioide: 1
Costelas e esterno: 25
Membro superior: 64
Esqueleto apendicular
Membro inferior: 62
Ossículos da orelha: 6
Total: 206

4.1 Esqueleto da cabeça

O esqueleto da cabeça ou esqueleto cefálico abrange os ossos do crânio e os ossos da face ou


viscerocrânio. Consiste, portanto, em uma sequência de ossos que em sua maioria estão unidos entre
si por articulações imóveis, com exceção realizada apenas para a mandíbula, que se articula com o
osso temporal pela articulação sinovial, a articulação temporomandibular. Ele é composto por 22 ossos
divididos em duas partes: o neurocrânio e os ossos da face.

O neurocrânio envolve os ossos relacionados à proteção dos órgãos do sistema nervoso central. Ele é
formado pelos seguintes ossos: frontal, temporal, etmoide, esfenoide, parietal e occipital.

Os ossos da face estão relacionados aos órgãos dos sentidos: o paladar, a visão e o olfato. Além disso,
ancoram os músculos da expressão facial. Eles são formados pelos seguintes ossos: maxilas, mandíbula,
palatinos, vômer, nasais, zigomáticos, lacrimais e conchas nasais inferiores. Exceto a mandíbula, os
demais ossos da face se articulam com as maxilas, que servem de implantação dos dentes superiores.

É importante examinar a geografia básica do esqueleto da cabeça antes de descrever seus ossos
individualmente. Com a mandíbula retirada, o esqueleto da cabeça equipara‑se a uma esfera óssea
desigual e vazia. Portanto, os ossos da face compõem sua norma anterior e o neurocrânio constitui o
resto do esqueleto da cabeça.

O neurocrânio pode ser dividido em calota craniana e base do crânio. A calota craniana, também
chamada de calvária, compõe as normas superior, lateral e posterior do esqueleto da cabeça, do mesmo
modo a região da fronte. A base do crânio, ou assoalho, constitui a norma inferior do esqueleto da
cabeça. Internamente, detalhes ósseos proeminentes dividem a base do crânio em 3 “andares” ou fossas,
as fossas: anterior, média e posterior do esqueleto da cabeça. O encéfalo aloja‑se plenamente nessas
fossas, sendo envolvido pela calota craniana. Desta maneira, o encéfalo preenche a cavidade craniana.

98
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Além da grande cavidade craniana, o esqueleto da cabeça apresenta diversas pequenas cavidades.
Entre elas estão as da orelha média e da orelha interna, entalhadas na norma lateral da base do crânio
e, anteriormente, a cavidade nasal e as órbitas. As órbitas abrigam os globos oculares.

Figura 96 – Esqueleto da cabeça: norma anterior

Figura 97 – Esqueleto da cabeça: norma lateral

99
Unidade II

Figura 98 – Esqueleto da cabeça: norma posterior

Figura 99 – Esqueleto da cabeça: norma inferior

Figura 100 – Esqueleto da cabeça: norma superior da base do crânio

100
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Figura 101 – Esqueleto da cabeça: norma superior da calvária

Observação

Hidrocefalia é o acúmulo do líquor nas cavidades encefálicas, causando


aumento na pressão intracraniana sobre o cérebro, o que pode causar
lesões no tecido cerebral, bem como o aumento do crânio.

4.2 Ossos do neurocrânio

O osso frontal do neurocrânio é um osso plano, anterior, ímpar e mediano da calvária. O osso
occipital é um osso plano, inferior, posterior, mediano, pertencente à base do crânio, perfurado por uma
abertura ampla e oval – o forame magno – por meio do qual a cavidade craniana comunica‑se com o
canal vertebral.

O osso esfenoide é um osso irregular, ímpar, mediano e situa‑se na base do crânio, anteriormente
aos temporais e à parte basilar do osso occipital. O osso etmoide é um osso leve, esponjoso, irregular,
ímpar, inferior e situa‑se na base do crânio. O osso parietal é um osso plano, par e compõe o teto do
crânio. O osso temporal é um osso irregular, par e muito complexo. Ele possui três partes: escamosa,
petrosa e timpânica. A parte petrosa abrange o órgão vestibulococlear e a cavidade timpânica que
contém os três ossículos da audição.

O termo occipital, do latim, occipitium, occipúcio, corresponde à parte posterior da cabeça. Já esfenoide
advém do grego, sphen, cunha, arado e eidos, semelhante, forma, é provável que Galeno tenha sido o
primeiro a descrever esse osso que parece estar encravado como uma cunha, entre o crânio e a maxila.
No entanto, a etimologia mais contestada é de que o termo vem do grego sphein, mariposa, vespa, por
sua forma geral ter semelhança com um inseto alado.

101
Unidade II

Por sua vez, etmoide deriva do grego, ethmos, peneira, eidos, semelhante. Parietal advém do latim,
pariet [em], parede, ou seja, parede de uma cavidade. Os ossos do crânio que formam as paredes do
mesmo. Por fim, temporal é derivado do latim, temporalis, relativo ao tempo, termo utilizado porque
no homem adulto as marcas da idade (do tempo) manifestam-se primeiro nessa região, branqueando
os cabelos.

4.3 Ossos da face

O osso zigomático frequentemente referido como “maçãs do rosto” forma parte da parede lateral
e assoalho da órbita, é par e irregular. O osso nasal é um pequeno osso retangular, que forma, com o
nasal do lado oposto, o dorso do nariz. A maxila é um osso plano, anterior e irregular e forma quatro
cavidades: o teto da cavidade oral, o assoalho e a parede lateral do nariz, o assoalho da órbita e o seio
maxilar. Ela possui os alvéolos dentários para abrigar os dentes superiores.

O osso lacrimal é um pequeno osso retangular situado na parte medial da órbita, sendo o menor e
mais frágil osso da face. O osso palatino é um osso irregular, localizado posteriormente à maxila. Forma
a parte posterior do palato duro, parte do assoalho e parede lateral da cavidade nasal e o assoalho da
órbita. O vômer é um osso ímpar, plano, de formato trapezoidal. Forma as partes posteriores e inferiores
do septo nasal.

A concha nasal inferior é um pequeno osso com o formato de uma placa delgada e alongada e com
margens curvas. Situa‑se ao longo da parede lateral da cavidade nasal, separando os meatos nasais
médio e inferior. É a única concha nasal independente, pois as outras, superior e média, pertencem ao
etmoide. A mandíbula, conforme ilustra a figura a seguir, é um osso ímpar, móvel da cabeça, o maior e
mais forte da face, onde tem situação anteroinferior. Apresenta o formato de uma ferradura e contêm
os alvéolos dentários para abrigar os dentes inferiores.

Figura 102 – Mandíbula

O osso zigomático, do grego, zygomatikos, unido, ligado e zygon, par, foi assim chamado por Galeno.
Similarmente, maxila deriva do grego, maxilla/maxilarae, parte superior da face, bochechas. Já lacrimal
advém do latim, lacrima, lágrima, por conta de um erro de grafia da transição da palavra grega dacrion,
lágrima, para lacrion, daí lacrima.

102
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Por sua vez, palato deriva do latim, pallatum, céu da boca, e para alguns estudiosos estaria associado
a pascere, alimentar, ao passo que para outros de palare, cercar, murar. Os antigos anatomistas
gregos não distinguiam entre palato duro e palato mole, ambos eram nomeados em conjunto como
diafragma oris. Vesálio foi um dos primeiros a distinguir o platô duro e mole e denominava os ossos
do palato como os palati.

Já vômer advém do latim, vomer, vomitar, pois na Roma Antiga a lâmina do arado (relha) era
chamada vômer, sendo que o nome do osso pode estar associado à sua forma ou porque o movimento
da terra sulcada pelo instrumento lembrava o ato de vomitar. Inicialmente parte do etmoide, foi
nomeada separadamente por Gabrielle Falópio e Realdo Colombo, que o chamaram arati vomer imitatur
(imitando a lâmina do arada).

4.4 Ossos do esqueleto da cabeça em conjunto

Por meio da cefalometria, ou mensuração da cabeça, podemos reconhecer crânios microcéfalos,


mesocéfalos e macrocéfalos, ou seja, pequenos, médios e grandes. Quando as dimensões são
extrapoladas, esses tipos são ditos patológicos, como, por exemplo, o crânio hidrocéfalo, que possui
descomunal hidrocefalia.

Lembrete

Os ossos do neurocrânio são: o frontal, o etmoide, o esfenoide, os


parietais, os temporais e o occipital. Os ossos da face são: as maxilas, a
mandíbula, os palatinos, os nasais, os lacrimais, as conchas nasais inferiores,
os zigomáticos e o vômer.

4.4.1 O esqueleto da cabeça do recém‑nascido

As principais variações do esqueleto da cabeça do recém‑nascido (RN) em relação ao adulto


residem na falta dos seios paranasais, como o osso esfenoide e osso frontal. As margens dos ossos da
calvária no feto de termo estão espaçadas, mas unidas por suturas membranáceas, que possibilitam
a diminuição de volume da cabeça fetal, muito relevante para a passagem pela vagina e vulva
durante o parto normal.

Ao nível dos ângulos dos ossos, sem ainda ter ocorrido a ossificação, estão as fontanelas do
esqueleto da cabeça: as fontanelas medianas, anterior e posterior; e as fontanelas laterais, anterolateral
ou esfenoidal e posterolateral ou mastoide. À medida que a ossificação toma as áreas membranáceas, as
fontanelas reduzem de dimensões até sumir. A última fontanela a realizá‑la é a anterior, que desaparece
entre o segundo e o terceiro ano de vida, conforme ilustram as figuras a seguir.

103
Unidade II

Figura 103 – Diferentes vistas das fontanelas em crânio desarticulado e reconstruído

Figura 104 – Norma superior: fontanela anterior

104
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Figura 105 – Norma lateral: fontanela anterolateral e posterolateral

Figura 106 – Norma posterior: fontanela posterior

4.4.2 O esqueleto da cabeça dos indivíduos senis

Nos indivíduos senis a elasticidade do esqueleto da cabeça reduz e as suturas somem por sinostoses,
conforme ilustra a figura a seguir, após os 40 anos de idade. Por volta dos 22 anos, é a vez da sutura
sagital e a sutura esfenofrontal; aos 24 anos, a sutura coronal; aos 26 anos, a sutura lambdoide e a
sutura occipitomastoide; aos 30 anos, a sutura parietomastoide; aos 37 anos, a sutura temporoparietal.
O fechamento começa a acontecer vagarosamente e sofre um surto na idade avançada, ao passo que
tende a completar‑se após os 80 anos.

105
Unidade II

Figura 107 – Sinostose da sutura coronal (vista lateral do crânio)

4.4.3 O esqueleto da cabeça e o dimorfismo sexual

Os caracteres mais dimórficos e usuais do crânio são: tamanho geral do crânio (maior nos homens
do que nas mulheres); processos mastoides (maiores e mais desenvolvidas nos homens do que nas
mulheres); arcos superciliares (muito marcados nos homens e pouco nas mulheres); túber frontal (bem
marcados nas mulheres e pouco nos homens); protuberância occipital externa (relevo muito marcado
nos homens e pouco nas mulheres); e mandíbula (maior e mais quadrangular nos homens do que nas
mulheres). Até a puberdade há pequena diferença entre o crânio da menina e do menino.

A)
Túber frontal
Arco superciliar Margem supraorbital

Forma quadrangular Forma arredondada

B)
Arco
superciliar

Protuberância
occipital externa Protuberância
occipital Processo
Crista supramastoide externa mastoide

Figura 108 – (A) Comparação genérica de algumas características anatômicas cranianas entre
indivíduos do sexo masculino e feminino, norma anterior; (B) Comparação genérica de algumas
características anatômicas cranianas entre indivíduos do sexo masculino e feminino, norma lateral

106
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Saiba mais

O processo de identificação do segmento cefálico ou de partes dele a


partir de exames periciais tem sido bastante relevante para o esclarecimento
de fatos de interesse jurídico‑social. Uma tentativa de observar o dimorfismo
sexual e estimar a idade, consiste em examinar os crânios secos. Para saber
mais sobre o assunto:

ALMEIDA JUNIOR, E. et al. Sex and age estimation by cranial


measurements. Journal of Dentistry & Public Health, Salvador, v. 9, 2018.
Disponível em: <https://www5.bahiana.edu.br/index.php/odontologia>.
Acesso em: 30 maio 2019.

Para saber mais sobre os ossos do crânio:

LAROSA, P. R. Anatomia humana: texto e atlas. São Paulo: Guanabara-


Koogan, 2016.

4.4.4 Esqueleto do pescoço

Os ossos do esqueleto do pescoço são as vértebras cervicais e, do ponto de vista topográfico, o hioide.
O hioide é um osso ímpar, mediano, sesamoide e faz parte de um conjunto de estruturas anatômicas
que une a base do crânio ao esqueleto do pescoço. Está localizado na parte anterossuperior do pescoço,
superior à laringe e posterior à mandíbula. Apresenta como papel oferecer suporte à língua, fornecendo
locais de fixação para os músculos dela, do pescoço e da faringe, fazendo dele um elemento relevante
nas ações de mastigação e no ato de engolir. O hioide é móvel e não se articula com mais nenhum osso.

O termo hioide vem do grego, yoides/hyo, letra U e oides, forma. O osso foi descrito por Herófilo e,
inicialmente, chamou-se ipsiloides, forma da letra Y.

4.4.5 Esqueleto do tronco

O esqueleto do tronco abrange o tórax, as vértebras lombares, as vértebras sacrais, as vértebras


coccígeas e a pelve óssea. O tórax é a parte do organismo localizada no tronco, entre o pescoço e o
abdome, exatamente entre a abertura superior do tórax e o diafragma. O formato abobadado do tórax
possibilita grande rigidez, tendo em vista o pouco peso de seus constituintes e, dentre suas funções:

• Protege os órgãos internos torácicos e abdominais, sendo que a maioria deles está cheia de ar ou
líquido contra as forças externas.

• Resiste às pressões internas negativas produzidas pela retração elástica dos pulmões e pelos
movimentos inspiratórios.
107
Unidade II

• Oferece fixação para os membros superiores e sustentar a sua massa.

• Proporciona a fixação de diversos músculos que movem e sustentam a posição dos membros
superiores em relação ao tronco, além de possibilitar fixação para os músculos do abdome, do
pescoço, do dorso e da respiração.

Crânio

Esterno
Costelas

Vértebras
lombares

Sacro
Cóccix

Figura 109 – Esqueleto do tórax

O formato do tórax depende da idade, do sexo e do biótipo da pessoa. O tórax do feto é mais
desenvolvido sagitalmente do que transversalmente, em virtude do maior desenvolvimento do
coração, do timo e dos órgãos abdominais do que dos pulmões. Aos 18 anos de idade, o tórax assume
seu formato definitivo e continua crescendo até os 35 anos nos homens e 25 anos nas mulheres. No
indivíduo senil, as costelas e as cartilagens costais perdem a flexibilidade e as articulações sofrem
anquilose, conduzindo o tórax à perda da elasticidade e da mobilidade. Com a ampliação da coluna
vertebral, as costelas ficam mais próximas umas das outras. O tórax masculino é mais largo do que
o feminino, com a máxima largura ao nível da VIII costela, com pequeno aperto inferior. O tórax
feminino é mais curto e arredondado, com maior aperto inferior do que o masculino. No indivíduo
longilíneo, cujo crescimento é mais dinâmico e o que leva a um maior desenvolvimento em altura, o
tórax é longo e estreito, enquanto no indivíduo brevilíneo, cujo desenvolvimento transversal prevalece
sobre o vertical, o tórax é mais curto e largo.

O termo tórax advém do grego, thorax, couraça, parte frontal da armadura. Na Grécia Antiga
chamava-se de thorax a parte da armadura ou couraça que protegia o conjunto peito e abdome.
Hipócrates e Aristóteles usaram o termo para ambas as partes do tronco, simultaneamente; já Platão
restringiu a palavra à parte superior (peito). Galeno adotou essa denominação e a difundiu.

108
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

4.4.6 Esterno

O esterno é um osso plano com aproximadamente 15 centímetros de extensão, mediano, ímpar,


localizado medianamente na parede anterior do tórax e um osso hematocitopoietico. O esterno
articula‑se com as clavículas e as cartilagens das sete primeiras costelas. Possui três partes: o manúbrio
do esterno, o corpo do esterno e o processo xifoide.

Figura 110 – O esterno

O termo advém do grego, sternon, peito masculino. Hipócrates usou a palavra para o peito masculino
e o chamou de osso do peito. Os romanos chamavam-no de pectoris e a palavra sternum apareceu
apenas no latim medieval, por meio da tradução de textos gregos. Por ser superficial e de fácil palpação,
alguns etimologistas acreditam que seja derivada do grego, stereos, em relevo, evidente.

4.4.7 Costelas

Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu;
e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; e da costela
que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe‑a a
Adão (Gn 2: 21‑22).

[...]

A mulher foi tirada do lado de Adão, isto é, da sua costela, ela não foi tirada
da cabeça, pois não é sua função dominá‑la; nem de seus pés, pois não foi
criada para ser pisada por ele (Gn 2: 21‑22).

[...]

Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada
mulher, porquanto do homem foi tomada (Gn 2: 23).

109
Unidade II

A Bíblia relata o momento em que Deus criou a primeira mulher: Eva. No entanto, essa passagem
bíblica é apenas uma metáfora, pois tanto os homens como as mulheres possuem 12 pares de costelas
que protegem o coração, os pulmões, o fígado e o baço.

Na medicina são diversas as indicações cirúrgicas que retiram costelas com objetivos terapêuticos
e reparadores. Em cirurgia torácica, deformidades relevantes do tórax, como, por exemplo, o pectus
excavatum e o pectus carinatum, são reparados com a retirada parcial das cartilagens costais e o
reposicionamento do esterno. Também não é incomum a necessidade de retirada de costelas após
traumatismos torácicos ou em toracotomias muito extensas.

De natureza igual, a retirada de costelas tem sido uma indicação frequente em cirurgia plástica para
usá‑las como enxerto em processos reparadores de orelhas, nariz e outras cirurgias craniomaxilofaciais.
Parece existir uma bruma em torno desse processo, pois diversas celebridades sujeitam‑se a essa cirurgia,
sem, no entanto, assumirem tal fato. Isso já é considerável para que exista uma agitação nos meios de
difusão de informação e a existência de diversas candidatas à sua realização, procurando conquistar um
corpo visto como perfeito pela sociedade, colocando em risco sua plenitude física e emocional.

As costelas têm formato de semiarcos, unindo as vértebras torácicas ao esterno. As costelas são
classificadas em: costelas verdadeiras, I‑VII (articulam‑se diretamente ao esterno por intermédio
das cartilagens costais); costelas falsas, VIII‑X (articulam‑se indiretamente com o esterno, unindo‑se suas
cartilagens costais umas às outras); e costelas flutuantes, XI e XII (curtas e livres, que protegem o fígado
e o estômago).

Figura 111 – As costelas

Logo abaixo do arco costal direito é possível apalpar o fígado durante a inspiração. Abaixo do arco
costal esquerdo situa‑se o estômago, não palpável; e o baço que pode ser palpado no lado esquerdo,
especialmente quando possui um aumento patológico.

Uma costela típica apresenta a cabeça, o colo e o corpo. Com exceção das costelas I, XI e XII, as
outras podem ser consideradas costelas típicas, embora a VIII, IX e X sejam mais curtas e cooperem para
constituir a margem costal. A primeira é a costela mais curta entre as costelas verdadeiras. Além disso,
ela é mais larga e plana do que as outras, localizando‑se sob a clavícula anteriormente, o que dificulta
sua palpação. A artéria subclávia e a veia subclávia sulcam na face posterior.

110
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Observação

Excepcionalmente, pode existir uma costela cervical e uma costela


lombar, as quais são consideradas costelas supranumerárias, geralmente,
conectadas com a C7 e a L1, concomitantemente.

A contagem das costelas inicia-se no ângulo do esterno, onde se articula a II costela. Seu número
se altera com frequência, por exemplo, 1,6% dos indivíduos apresenta uma XIII costela (costela lombar);
3,6% possuem apenas 11 pares de costelas; 10% possuem oito pares de costelas verdadeiras; e 0,6%
apenas seis pares de costelas verdadeiras.

As extremidades das costelas, em sua extremidade esternal, algumas vezes apresentam uma bifurcação
(costela bífida). Em 5% dos indivíduos o brotamento costal fusionado com o processo transverso de C7
forma uma costela cervical.

4.4.8 Coluna vertebral

A coluna vertebral oferece um suporte axial para o tronco e estende‑se desde o crânio até a pelve,
onde o peso do tronco é transmitido aos membros inferiores. Outra função dela consiste em proteger
a medula espinal, provendo ainda pontos de fixação para as costelas e para os músculos do dorso
e do pescoço. No feto e na criança, a coluna vertebral consiste de 33 ossos separados ou vértebras.
Inferiormente, 9 vértebras se fundem para compor 2 ossos, o sacro e o cóccix. Os 24 ossos restantes
permanecem como vértebras individuais separadas por discos intervertebrais.

O termo sacro advém do latim, sacrum, sagrado, intocável, não profano. Os gregos e Galeno
chamavam esse osso de ieron osteon (osso grande), mas a palavra ieron tinha também o significado de
ilustre, importante, poderoso, glorioso.

Figura 112 – Arranjo anatômico geral da coluna vertebral (vistas anterior, lateral e posterior)

111
Unidade II

Observação

Herófilo, e depois Vesalius, chamaram assim o cóccix por sua semelhança, em


conjunto, com o formato do bico do pássaro cuco. Por outro lado, Jean Riolan
dá outra explicação, declara que na emissão de gases pelo ânus o som “ecoa” no
cóccix, o osso do apito. Curiosamente, devido ao costume do cuco fêmea em se
apoderar dos ovos de outros pássaros e chocá‑los como seus, os gregos antigos
utilizavam a palavra Kókkys como termo grosseiro às mulheres adúlteras.

Regiões e curvaturas

O comprimento médio da coluna vertebral no sexo masculino é de cerca de 71 centímetros, enquanto


na do sexo feminino de 61 centímetros, sendo responsável por dois quintos da massa corporal total.
Ela possui cinco regiões principais e vértebras distribuídas por diferentes regiões: 7 vértebras cervicais;
12 vértebras torácicas; 5 vértebras lombares; 5 vértebras sacrais; e de 3 a 5 vértebras coccígeas.

Nas três regiões mais craniais da coluna as vértebras permanecem distintas durante toda a vida e
são conhecidas como vértebras verdadeiras ou móveis; as da região sacral e coccígea, por outro lado, são
chamadas vértebras falsas ou fixas, pelo fato de estarem unidas entre si no adulto para compor dois
ossos, o sacro e o cóccix.

Desse comprimento da coluna vertebral, a parte cervical mede 12,5 centímetros; a torácica, cerca de
28 centímetros; a lombar, 18 centímetros, e o sacro e o cóccix, 12,5 centímetros.

Quando vista lateralmente, observam‑se as quatro curvaturas, conforme ilustra a figura a seguir,
responsáveis por seu formato sinuoso. As curvaturas cervical e lombar são côncavas posteriormente; as
curvaturas torácica e sacral são convexas posteriormente. As curvaturas aumentam a elasticidade e a flexibilidade
da coluna, possibilitando que ela trabalhe de maneira mais semelhante a uma mola do que a uma haste rija.

Normal Hipercifose Hiperlordose Normal Escoliose

Figura 113 – Curvaturas da coluna vertebral

112
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

A cifose é uma curvatura normal da coluna vertebral, localizada na região torácica, presente em todos
os indivíduos. A hipercifose é uma modificação nessa região, que leva a um aumento da cifose normal,
deixando os ombros projetados para frente e o dorso arredondado. A curvatura normal da região lombar
é uma curvatura anterior, chamada de lordose. Em caso de uma curvatura excessiva dessa região, dizemos
que se trata de uma hiperlordose. A escoliose é uma condição em que a coluna vertebral do indivíduo
apresenta uma deformação lateral em forma de curva. A curva, em geral, tem um formato de S ou C.

Lembrete

As curvaturas convexas na vista posterior são chamadas cifoses; na vista


anterior, lordoses; onde existir um L na região cervical ou região lombar há
uma lordose.

Elementos das vértebras

As estruturas anatômicas encontradas em quase todas as vértebras, exceto em C1 e C2, servem como
meio de diferenciação dessas em relação aos demais ossos do esqueleto. Todas as vértebras têm sete
elementos fundamentais: o corpo vertebral; o processo espinhoso; o processo transverso; os processos
articulares; as lâminas; os pedículos e o forame vertebral. A C7 contém um processo espinhoso longo e
proeminente, conforme ilustra a figura a seguir.
Processo articular superior

Corpo vertebral

Pedículo Processo transverso

Arco vertebral

Lâmina Processo espinhoso

Processo articular inferior

Figura 114 – Vista posterossuperior esquerda. Com exceção de C1 e do C2,


todas as vértebras são formadas pelos mesmos elementos estruturais

Observação

No indivíduo em idade avançada, principalmente em mulheres, ocorre


uma redução de massa óssea, chamada de osteoporose. A desmineralização
e a diminuição do número de trabéculas ósseas reduzem a resistência dos
corpos vertebrais, que podem de tal modo sofrer fraturas, mesmo na falta
de traumas. A causa da osteoporose é, dentre muitas, a falta de estrógenos,
fator idade e alimentação pobre em vitamina D e cálcio.
113
Unidade II

As características regionais possibilitam a diferenciação das vértebras de acordo com cada região.
As vértebras cervicais apresentam um corpo pequeno e o processo espinhoso bífido e horizontalizado;
seus processos transversos têm os forames transversários que permitem a passagem da artéria vertebral.

Já nas vértebras torácicas o processo espinhoso não é bifurcado, se apresenta descendente e


pontiagudo. Elas se articulam com as costelas, sendo que as superfícies articulares dessas vértebras são
chamadas de fóveas e hemi‑fóveas. As fóveas podem estar situadas no corpo vertebral, no pedículo ou
nos processos transversos. O forame vertebral tem o formato circular.

Nas vértebras lombares os corpos vertebrais são maiores, pois suportam a massa corporal. O processo
espinhoso é quadrilátero, além de estar disposto em posição horizontal. Apresenta o forame vertebral em formato
triangular e os processos mamilares. Possui o processo transverso bem desenvolvido, chamado de apêndice
costiforme. Pode ser distinguido também por não possuir forame no processo transverso e nem a fóvea costal.

As vértebras consideradas atípicas são C1, ou atlas, e C2, ou áxis e epistrofeu.

C1 C2 Cervical Lombar
Torácica

Figura 115 – Características regionais das vértebras

O termo axis advém do latim, axis, eixo, pivô e do grego, axon, eixo. Hipócrates chamava a vértebra de
odonta, por conta de seu processo e Galeno a denominava dentiformis. Celso parece ter sido o primeiro
a designar a C2 por esse nome, pelo fato de a C1 girar sobre ela como um eixo. Até a época de Vesailus,
apenas o processo odontoide dessa vértebra era chamado de áxis, por sua semelhança a um pivô.

Conforme ilustra a figura a seguir, Atlas, gigante mitológico de força cavalar, filho de Iápeto e Clímene,
após a derrota dos Titãs para os deuses foi condenado por Júpiter a amparar o mundo nos ombros. Essa
é a imagem do Titã reproduzida por vários escultores, chama‑se C1 que, por analogia, sustenta a cabeça.

Figura 116 – Atlas, Viena, Áustria

114
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

A C1 não possui corpo vertebral nem processo espinhoso e apresenta como a principal distinção
em relação às outras o fato de não ter um corpo vertebral. Além disso, ela possui outras estruturas:
o arco anterior do atlas, que constitui, aproximadamente, um quinto do anel; o tubérculo anterior;
a fóvea do dente, que se articula com o processo odontoide; o arco posterior do atlas, que constitui
aproximadamente dois quintos do anel; e o tubérculo posterior. A C2 apresenta um processo ósseo forte
chamado de processo odontoide.

O sacro tem o formato de uma pirâmide quadrangular com a base voltada para cima e o ápice
para baixo. Articula‑se superiormente com L5 e inferiormente com o cóccix. Ele varia conforme o sexo,
sendo que nas mulheres é mais largo e curto do que nos homens e tem uma curva mais pronunciada,
possivelmente relacionada com a forma do restante da pelve óssea feminina, adequada para a gestação.

Discos intervertebrais

Os 23 discos intervertebrais conectam os corpos vertebrais vizinhos. A defasagem entre o número


de vértebras e o número de discos intervertebrais deriva do fato de que os ossos das regiões sacral
e coccígea não possuem disco intervertebral entre si e que C1 e C2 são conectadas por meio de
articulações sinoviais.

Os discos intervertebrais consistem de um anel fibroso externo que envolve um núcleo pulposo
interno. A pressão sobre o disco intervertebral gera uma expansão do núcleo pulposo em todas as
direções, uma vez que é abundante a presença de água e o disco não pode ser comprimido. Essa expansão
determina uma força de tração no anel fibroso. Portanto, o disco desempenha um papel de almofada
aquosa. Eles representam um tecido com redução do metabolismo e mínima aptidão regenerativa.

O esforço de compressão diário motiva uma diminuição reversível de água do núcleo pulposo, que
implica na redução da altura dos discos intervertebrais e na estatura do corpo. Com a descompressão
acontece uma reidratação, induzindo nutrientes ao disco intervertebral. No entanto, os vasos de sangue
estão presentes tão só nas camadas mais externas do anel fibroso.

Lembrete

As articulações da cabeça não apresentam discos intervertebrais. A falta


dos discos entre o osso occipital C1 e C2 possibilita a grande movimentação
dessa região.

A figura a seguir mostra que diversas atividades esportivas, como, por exemplo, pular corda, saltos
de trampolim ou jogging, levam a um aumento considerável da carga que age sobre a coluna vertebral.
Saltos leves sobre um trampolim provocam uma pressão máxima de 240%; saltos altos, uma carga de
380%; pular corda sem grande esforço, uma carga de 240%; jogging realizado com sapatos apropriados,
eleva a carga para valores de 170%, um dos motivos pelos quais indivíduos com artrose avançada de
joelho devem evitar esse tipo de carga.

115
Unidade II

Valores consideravelmente mais altos com cargas dinâmicas estão presentes também. Por esse
motivo, durante cargas esportivas, como, por exemplo, no levantamento de peso, deve‑se prestar
atenção para que a realização do movimento seja realizada com a técnica apropriada, uma vez que ela
leva a uma melhor distribuição de cargas na região dos discos intervertebrais.

Em pé

Deslizando sobre
bolas suíças Momento de curvatura
Praticando jogging
Pressão intradiscal
Salntando do trampolim

Pulando corda

Apoiando sobre quatro


apoios
Com as costas arqueadas

Com acentuação da
lordose lombar

0% 50% 100% 150% 200% 250%

Figura 117 – Pressão intradiscal e momentos de curvatura nos fixadores


vertebrais para diferentes atividades esportivas relacionadas aos valores na posição em pé

A herniação do núcleo pulposo para dentro do anel fibroso ou através dele é uma causa comum de
lombalgia, muitas vezes chamada de ruptura ou deslizamento do disco intervertebral. Atividades físicas,
como, por exemplo, os alongamentos, descomprimem os discos e aumentam a circulação do sangue
geral, o que acelera a captação de O2 e de nutrientes pelos discos e a retirada de metabólitos.

Observação

Uma musculatura abdominal e lombar forte protege a coluna vertebral


e é capaz de fazer com que o disco intervertebral seja predominantemente
submetido à pressão.

Variações no número das vértebras

A maioria dos indivíduos apresenta 33 vértebras, porém, alguns podem ter 32 ou 34 em razão de
falhas no desenvolvimento. As estimativas da frequência de números anormais das vértebras acima do
sacro alteram entre 5% e 12%. As variações das vértebras são afetadas por diversos fatores de variação
anatômica, como, por exemplo, raça, sexo e ambiente. O aumento do número de vértebras é mais
comum em homens e a diminuição em mulheres. Além disso, algumas raças têm maior variação do
número de vértebras. Tais diferenças podem ser clinicamente relevantes.
116
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Ligamentos da coluna vertebral

A coluna vertebral é estabilizada por diversos ligamentos, que se arranjam entre vértebras vizinhas
ou ao longo de segmentos maiores. A figura e o quadro a seguir demonstram as características
anátomo‑funcionais dos ligamentos da coluna vertebral.
Ligamento
amarelo

Ligamento
intertransversário
Ligamento
amarelo
Ligamento
longitudinal
posterior Ligamento
Ligamento
interespinal nucal

Ligamento Ligamento
interespinal longitudinal Artéria
anterior vertebral

Figura 118 – Ligamentos da coluna vertebral

Quadro 2 – Ligamentos da coluna vertebral

Ligamento Estrutura e trajeto Função


‑ Na face ventral dos corpos vertebrais.
Ligamento ‑ Mais largo de cranial para caudal.
longitudinal ‑ Limite de extensão da coluna
‑ Feixes profundos de fibras firmemente ligados na vertebral.
anterior substância compacta do corpo vertebral.
‑ Quase nenhuma conexão com o anel fibroso.
‑ Na face dorsal dos corpos vertebrais.
‑ Mais estreito do que o ligamento longitudinal
Ligamento anterior.
longitudinal ‑ Limita a flexão da coluna vertebral.
posterior ‑ Feixes de fibras se estendem para os anéis fibrosos
dos discos intervertebrais.
‑ Conexão fraca com o anel fibroso dos discos.
‑ Conecta as extremidades dos processos espinhosos.
Ligamento ‑ Composto de feixes ligamentares longos. ‑ Limita a flexão da coluna vertebral.
supraespinal
‑ Na região cervical, transição para o ligamento
nucal.
‑ Disposto no plano sagital entre a protuberância
occipital externa e a C7.
Ligamento nucal ‑ Limita a flexão da coluna vertebral.
‑ Na região da nuca, associada com a fáscia geral do
corpo.

117
Unidade II

‑ Suporte para os músculos do dorso


‑ Consistem em tiras mais curtas e elásticas em sua durante a manutenção da posição
maioria. ereta e da extensão;
Ligamentos
amarelos ‑ Entre as lâminas dos arcos vertebrais vizinhos. ‑ Fechamento dorsal e lateral do
‑ Estendem‑se dorsalmente até as artérias vertebrais. canal vertebral, em conjunto com
as cápsulas articulares.
‑ Entre os processos espinhosos das vértebras vizinhas
(a partir de um processo espinhoso até alcançar o ‑ Limite da flexão, impede,
Ligamentos processo espinhoso imediatamente superior). em conjunto com os discos
interespinais intervertebrais, o deslizamento da
‑ Extremidade dos processos espinhosos, transição vértebra superior.
para o ligamento supraespinal.
Ligamentos ‑ Entre as extremidades dos processos transversos de ‑ Limita a inclinação lateral e a
intertransversários vértebras vizinhas. rotação.

Adaptado de: Aumüller et al. (2009, p. 1317).

4.4.9 Cintura escapular

A cintura escapular é composta pela escápula e clavícula, conforme ilustram as figuras. A clavícula
é um osso par que compõe parte da cintura escapular e é alongado, ou seja, embora comprido nem
sempre apresenta cavidade medular, conforme visto na classificação morfologia óssea. Portanto, não
é um osso longo típico por não possuir todos os atributos indispensáveis para assim ser contemplado.
A clavícula tem o formato curvado como um S (em itálico), localizada quase que horizontalmente logo
acima da I costela. A escápula é um osso par, plano e triangular. A escápula articula‑se com dois ossos:
o úmero e a clavícula.

Figura 119 – A escápula

Figura 120 – A clavícula

118
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Observação

O termo escápula advém do latim, scapulae, espáduas, ombros, e do


grego, skaptein, escavar, pá, pois em algumas culturas antigas as escápulas
de animais eram usadas como pás. Aristóteles e Galeno chamavam-na de
omoplata, do grego omos, ombro e platôs, chato.

4.4.10 Membro superior

Os membros superiores dos seres humanos, ao passarem da posição quadrúpede para a bípede,
tiveram a função de locomoção reduzida, porém, ganharam mobilidade e preensão. Os ossos dos
membros superiores podem ser divididos em três segmentos: o braço, o antebraço e as mãos.

O úmero é o maior e mais longo osso do membro superior, localizado no braço. Os dois ossos longos
paralelos, o rádio e a ulna compõem o esqueleto do antebraço. Na posição anatômica, o rádio situa‑se
lateralmente e a ulna medialmente.

Figura 121 – Úmero

Figura 122 – Rádio

Figura 123 – Ulna

O termo úmero deriva do latim, humerus/umerum, ombros, espáduas, e do grego, omos, ombros.
Por sua vez, rádio advém do latim, radius, raio de uma roda, cuja forma foi comparada aos raios de
uma roda, sendo o termo introduzido por Celso. Já ulna, do latim, ulna, antebraço, e do grego, olene,
cotovelo, tem diversos significados, que na anatomia moderna são distintos. Assim, para uns era o

119
Unidade II

antebraço enquanto para outros, o braço, e para muitos a união dos dois, o cotovelo. Passou a designar
o osso do antebraço no século XX, em substituição ao cúbito.

Observação

Algumas vezes é pertinente utilizar algum recurso que auxilie a lembrar


de um novo dado. Tal ajuda é chamada de dispositivo mnemônico ou
ativador da memória. Para auxiliar a lembrança da localização da ulna em
relação à mão, um mnemônico pode ser m.u. (o mindinho está no lado da
ulna), ou, ainda, o polegar é a antena do rádio.

A mão preênsil representa, em companhia ao encéfalo e a laringe, o seu comprometimento com


a capacidade da fala, um órgão cultural imprescindível para a evolução dos homens. É consenso que
a evolução da mão, até atingir a aptidão de produção de ferramentas, aconteceu anteriormente ao
avanço da fala. De qualquer forma, a mão apresenta um papel relevante na comunicação não verbal, ou
guiando a palavra proferida ou, ainda, como parte da linguagem corporal.

As funções preênsil e tátil da mão são fundamentais e carecem das articulações dos dedos, com
o polegar exibindo uma movimentação extraordinária e podendo ostentar uma posição de oposição
em relação aos quatro outros dedos. Os papéis das articulações das mãos são inerentes no uso e no
posicionamento adequado das mãos em relação ao antebraço. Para que os dedos façam ações mais
concisas, manuseando artefatos pequenos, na escala de milímetros, os dedos têm que ser finos. Eles
não apresentam músculos e são movidos por longos tendões dos músculos do antebraço e, ainda, dos
músculos intrínsecos da mão.

Coligado à visão, os humanos podem utilizar o sentido tátil da mão para o reconhecimento de um
espaço tridimensional e de seus artefatos. A relevância da mão procedeu no uso da expressão “palpar”
também para o entendimento de processos abstratos.

A mão se divide em: carpo, metacarpo e os ossos dos dedos. O carpo é formado por oito ossos
dispostos em duas fileiras: proximal e distal. A fileira proximal de lateral para medial inclui: o escafoide,
semilunar, piramidal e pisiforme. A fileira distal de lateral para medial inclui: o trapézio, trapezoide,
capitato e hamato.

O metacarpo é composto por cinco ossos que são numerados de lateral para medial em I, II, III, IV e
V metacarpos e obedecem aos dedos da mão. Eles são classificados como ossos longos. Entre os ossos
do metacarpo existem os espaços interósseos.

Os cinco dedos da mão de lateral para medial são: o polegar (I), o dedo indicador (II), o dedo médio
(III), o dedo anular (IV) e o dedo mínimo (V). Eles apresentam 14 falanges, cada uma na qual há uma
base, um corpo e uma cabeça. São classificadas como ossos longos. Do II ao V dedos apresentam
3 falanges: a falange proximal, a falange média e a falange distal. O dedo I possui 2 falanges: a falange
proximal e a falange distal.
120
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Rádio Ulna
Processo estiloide do rádio Processo estiloide da ulna
Escafoide Semilunar
Tubérculo do escafoide Piramidal
Trapézio Pisiforme
Tubérculo do trapezoide Hamato
Trapezoide Hâmulo do osso hamato
Capitato

Ossos do metacarpo

Figura 124 – A mão

O termo mão deriva do latim, manus, mão. Por sua vez, carpo advém do grego, karpos, punho. Os ossos
do carpo não tinham nomes individuais, eram distinguidos por números nas obras de Vesalius. Foram Monro
e Albinus que publicaram tratados de osteologia denominando-os como “osso do carpo”. Similarmente,
metacarpo deriva do grego, meta, depois de, além, após, e karpos, punho. Aristóteles afirmava que o metacarpo
possuía cinco ossos, já Galeno apenas quatro, pois considerava o osso metacarpiano do polegar uma falange.

A palavra escafoide provém do grego, skaphoeides, scaphe, canoa e oides, forma de. O termo
nomeava indistintamente qualquer osso ovoide escavado, em forma de canoa, em cuja concavidade
encaixava-se outro osso.

Já semilunar advém do latim, luna, lua, e semi, metade e piramidal do latim, pyramidalis/pyramis,
relativo à pirâmide. A real origem da palavra é provavelmente egípcia, quando, no Egito Antigo, os pães
eram denominados pyramis e apresentavam o formato de uma pirâmide. Alguns etimologistas alegam
que pyramis deriva do grego pyr, fogo, porque a forma da pirâmide lembra a de uma pira; ou do grego
pyros, trigo, pela forma adotada pelo acúmulo de grãos desse cereal.

O termo pisiforme é derivado do latim pisum, ervilha, e formis, forma de. Já capitato do latim, capitatum/
caput, provido de cabeça, cabeçudo; e uncinado, do latim, uncinatus, forma de gancho, recurvado. Por sua
vez, o termo falange, do grego, phalangx, fileira de soldados, foi utilizado por Aristóteles para se referir aos
ossos dos dedos, por conta de seu arranjo em fileiras, um atrás do outro.

Lembrete

Para fixar os nomes dos ossos do carpo (de proximal para distal; de
lateral para medial): “Um barco (escafoide) viajou à luz do luar (semilunar)
em torno da pirâmide (piramidal) e pela plantação de ervilhas (pisiforme).
O grande trapézio (trapézio), o trapézio pequeno (trapezoide) e a grande
cabeça (capitato) devem permanecer juntos ao gancho (hamato)”.

121
Unidade II

4.4.10.1 Ligamentos

A mobilidade do membro superior abrange as articulações esternoclavicular, acromioclavicular e


do ombro (glenoumeral), que comumente se movem ao mesmo tempo. A resistência da articulação
esternoclavicular depende de seus ligamentos e de seu disco articular. Os ligamentos esternoclaviculares
anteriores e posteriores reforçam a cápsula articular nas partes anterior e posterior. O ligamento
interclavicular fortifica a cápsula superiormente. Estende‑se da extremidade esternal de uma clavícula
até a extremidade esternal da outra clavícula. No espaço, também está fixado à margem superior do
manúbrio. O ligamento costoclavicular estabiliza a face inferior da extremidade esternal da clavícula à
primeira costela e sua cartilagem costal, restringindo a elevação da cintura do membro superior.

O ligamento acromioclavicular consiste em uma faixa fibrosa que se estende do acrômio até
a clavícula e fortifica a articulação acromioclavicular superiormente. No entanto, a totalidade da
articulação é protegida por ligamentos extrínsecos, distantes da articulação propriamente dita.

O ligamento coracoclavicular constitui‑se em um forte par de faixas que conectam o processo


coracoide da escápula à clavícula, fixando a clavícula ao processo coracoide. O ligamento coracoclavicular
é formado por dois ligamentos, o conoide e o trapezoide, que não raramente são separados por uma
bolsa em relação à extremidade lateral do músculo subclávio.

O ligamento conoide mais verticalizado e em posição medial consiste em um triângulo invertido,


em formato de cone, cujo ápice posiciona‑se inferiormente, onde está fixado à raiz do processo
coracoide. A inserção larga, que corresponde à base do triângulo, localiza‑se no tubérculo conoide
na face inferior da clavícula. O ligamento trapezoide, quase horizontal, está fixado à face superior
do processo coracoide e estende‑se lateralmente até a linha trapezoide na face inferior da clavícula.
Além de completar a articulação acromioclavicular, o ligamento coracoclavicular é o meio pelo qual a
escápula e o membro livre são passivamente elevados pela sustentação da clavícula.

Articulação
Articulação esternoclavicular
glenoumeral selar

Articulação
acromioclavicular

Esferoidal

Plana

Figura 125 – Articulações do ombro

122
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Os ligamentos glenoumerais, que fortalecem a face anterior da cápsula articular, e o ligamento


coracoumeral, que fortalece a cápsula articular superiormente, são ligamentos intrínsecos, ou seja, parte
da membrana fibrosa da cápsula articular. Eles consistem em três faixas fibrosas, presentes apenas na
face interna da cápsula, que reforçam a parte anterior da cápsula articular. Então, esses ligamentos
irradiam‑se lateral e inferiormente a partir do lábio glenoidal no tubérculo supraglenoidal da escápula e
fundem‑se distalmente à membrana fibrosa da cápsula quando ela se fixa ao colo anatômico do úmero.

O ligamento coracoumeral consiste em uma faixa larga e forte que se estende da base do
processo coracoide até a face anterior do tubérculo maior do úmero. O ligamento transverso do úmero
consiste em uma faixa fibrosa larga que segue mais ou menos obliquamente do tubérculo maior até
o tubérculo menor do úmero, transpondo o sulco intertubercular. Ele converte o sulco em um canal,
que mantém a bainha sinovial e o tendão do músculo bíceps braquial no lugar durante movimentos
da articulação do ombro.

Esse tipo de ligamento consiste em uma estrutura osteoligamentar composta por um arco protetor
localizado sobre a cabeça do úmero, impossibilitando seu deslocamento superior da cavidade glenoidal.
O arco coracoacromial é tão resistente que um forte impulso superior do úmero não gera sua fratura, já
que o corpo do úmero ou a clavícula sofrem a fratura primeiro.
Tendão da cabeça longa do Acrômio
músculo bíceps braquial
Articulação acromioclavicular
Cavidade articular
Bolsa subacromial Clavícula

Cápsula fibrosa
Cartilagem articular

Escápula

Cavidade articular

Lábio da cavidade glenoide


Úmero
Cápsula fibrosa

Membrana sinovial

Figura 126 – Articulações do ombro

123
Unidade II

Clavícula (cortada e elevada)


Ligamento coracoacromial Ligamento trapezoide
Acrômio Ligamento conoide
Ligamento coracoacromial
*
Ligamento transverso
Ligamento coracoumeral Processo coracoide
Úmero
Ligamento umeral transverso Ligamentos glenoumerais
(superior, médio e inferior)
Cápsula fibrosa
Bainha tendínea no tendão da
cabeça longa do bíceps braquial
Músculo tríceps braquial
Tendão da cabeça longa do bíceps
braquial
Gancho retirando o músculo * Ligamento coracoclavicular
subescapular

Figura 127 – Articulações do ombro

Na articulação do cotovelo os ligamentos colaterais são faixas triangulares fortes, espessamentos


mediais e laterais da membrana fibrosa da cápsula articular. O ligamento colateral radial ou lateral,
semelhante a um leque estende‑se a partir do epicôndilo lateral do úmero e une‑se distalmente ao
ligamento anular do rádio, que circunda e mantém a cabeça do rádio na incisura radial da ulna,
compondo a articulação rádio ulnar proximal e possibilita os movimentos de pronação e supinação do
antebraço. O ligamento colateral ulnar ou medial é triangular, estende‑se do epicôndilo medial do úmero
até o processo coronoide e olécrano da ulna. Ele é formado por três faixas: faixa anterior, semelhante
a um cordão, a mais forte; faixa posterior, semelhante a um leque, a mais fraca; e faixa oblíqua fina
e afundada, a cavidade para a tróclea do úmero.

O ligamento anular é forte e se fixa à ulna anterior e posteriormente à sua incisura radial, circunda
as faces ósseas articulares e compõe um colar que, em conjunto com a incisura radial, cria um anel
que circunda toda a cabeça do rádio. A face profunda do ligamento anular é recoberta por membrana
sinovial. Essa organização possibilita que o rádio rode dentro do ligamento anular sem limitar, distender
ou romper a membrana sinovial.

Os ligamentos anterior e posterior estabilizam a membrana fibrosa da cápsula da articulação rádio


ulnar distal. Essas faixas transversais relativamente frágeis estendem‑se do rádio até a ulna por meio das
faces anterior e posterior da articulação.

124
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Ligamento anular radial Úmero

Epicôndilo medial
Tendão do músculo bíceps braquial

Cápsula articular
Rádio
Ligamento colateral ulnar
Membrana interóssea

Olécrano
Ulna

Bolsa do olécrano

Figura 128 – Articulação do cotovelo

A membrana fibrosa da cápsula articular é reforçada por ligamentos radiocarpais dorsais e por
ligamentos radiocarpais palmares. Os ligamentos radiocarpais palmares estendem do rádio até as duas
fileiras de ossos do carpo. Eles são fortes e direcionados de maneira que a mão acompanhe o rádio durante
os movimentos de supinação do antebraço. Os ligamentos radiocarpais dorsais adotam a mesma direção,
de tal maneira que a mão acompanha o rádio durante os movimentos de pronação do antebraço.

A cápsula articular também é reforçada medialmente pelo ligamento colateral ulnar do carpo, que
está fixado ao processo estiloide da ulna e ao osso piramidal. A cápsula articular também é reforçada
lateralmente pelo ligamento colateral radial do carpo, que está fixado ao processo estiloide do rádio
e ao osso escafoide.

Trapezoide
Hamato
Trapézio
Piramidal Capitato
Escafoide

Ligamento colateral Ligamento colateral


ulnar do carpo radial do carpo

Ligamento radiocarpal dorsal

Figura 129 – Ligamentos radiocarpais

125
Unidade II

Lembrete

Os ossos do carpo são unidos por ligamentos anteriores, posteriores


e interósseos.

As articulações metacarpofalangeana e interfalangeanas são fortalecidas por dois ligamentos


colaterais: medial e lateral.

Ligamentos
colaterais

Ligamentos metacarpais
transversos profundos
Ligamentos
palmares

Figura 130 – Ligamentos das articulações metacarpofalangeana e interfalangeanas

4.4.11 Cintura pélvica

Ao assumir a marcha ereta, e em similaridade à coluna vertebral, a pelve humana possui grandes
desigualdades funcionais em comparação à dos quadrúpedes. Ela é extraordinariamente maciça se
comparada à pelve de quadrúpedes, uma vez que ampara grande parte da massa corporal, exceto dos
membros inferiores. Na posição ereta, o peso das vísceras abdominais e das vísceras pélvicas é empregado
especialmente sobre a pelve.

O termo pelve, do latim, pélvis, bacia, caldeirão, e do grego, pyelos, tigela, bacia, em Roma Antiga
se referia a um grande vaso fundo com uma orda retorcida, como um caldeirão. A tradução francesa
da palavra foi bassin e, no final do século passado XX, por ser o francês a língua oficial nos tratados de
obstetrícia, ela foi traduzida para o português, literalmente, como bacia e ficou consagrada na área médica.

A cintura pélvica, é formada pelos ossos do quadril, que se articulam entre si, pelas vértebras
coccígeas e pelo sacro. O osso do quadril é classificado morfologicamente em plano ou irregular. A sua
constituição inclui três ossos isolados: o ílio, o ísquio e o púbis. Nos seres humanos, até a puberdade, as
três peças ósseas que compõem o osso do quadril continuam conectadas umas às outras por cartilagem.
A partir deste período acontece a ossificação da cartilagem e o osso do quadril passa a ser único, embora
permaneçam as nomeações das peças ósseas que o formam originalmente.

126
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Figura 131 – Osso do quadril

O estreito superior da pelve, ao nível das linhas arqueadas, divide a pelve em uma parte superior, a
pelve maior, ou falsa, e outra parte inferior, a pelve menor, ou verdadeira. A pelve maior aloja os órgãos
abdominais, enquanto a pelve menor aloja os órgãos do sistema genital e o final do sistema digestório.
A sínfise púbica é uma articulação semimóvel que une os ossos do quadril.

Observação

Durante a gestação e o parto, a pelve feminina sofre modificações.


As dimensões da pelve menor aumentam e a sínfise púbica se torna mais
flexível nas gestantes à medida que os hormônios, no caso a relaxina,
produzida pelo corpo lúteo e pela placenta, promovem o relaxamento dos
ligamentos pélvicos.

A pelve representa um conjunto ósseo, em formato de anel, que transmite o peso da cabeça, do
pescoço, dos membros superiores e do tronco por meio de suas articulações até os membros inferiores.

Em relação à pelve masculina, a feminina possui as seguintes peculiaridades:

• Ossos mais suaves e delgados, com as saliências e as depressões menos pronunciadas.

• Promontório mais saliente.

• Sínfise púbica e o sacro mais curto.

• Concavidade sacral mais funda.

• Fossas ilíacas maiores, mais rasas, achatadas e horizontais.

• Inclinação pélvica apresenta 4 graus a mais.

• Arco púbico mais ampliado.

• Acetábulos mais separados.

127
Unidade II

• Forame obturado mais oval com predomínio transverso nos homens; e mais circular nas mulheres.

• Ossos fêmures mais oblíquos.


Diâmetro anatômico
Articulação Promontório sacral ~ 11 cm da abertura
sacroilíaca superior da pelve

Diâmetro transverso
~ 13 cm da abertura
superior da pelve

Diâmetro oblíquo
~ 12,5 cm da abertura
superior da pelve
Eminência iliopúbica

Espinha isquiática
Sínfise púbica

Túber isquiático
Arco púbico

Figura 132 – Pelve feminina

As asas do ílio são mais


alargadas

Diâmetro transverso
da pelve

Diâmetro
Diâmetro anatômico oblíquo da pelve
da pelve

A abertura superior da Todas as medidas são ligeiramente


pelve está orientada mais menores que no sexo feminino, no
anteroposteriomente que no que diz respeito ao tamanho do
sexo feminino, onde ela tende corpo
a ser transversalmente oval
Os túberes isquiáticos
O arco púbico e o ângulo A sínfise púbica é mais estão mais afastados
subpúbico são mais estreitos profunda (mais lata)

Figura 133 – Pelve masculina

128
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Articulações e ligamentos da pelve

Na articulação sacroíliaca juntam‑se as faces articulares do sacro e do ílio. Essa articulação mostra uma
pequena amplitude de movimento, sendo chamada de anfiartrose. A mobilidade restrita deve‑se ao formato
irregular das faces articulares, que se adequam como uma engrenagem. Entretanto, o motivo mais relevante
para a mobilidade diminuída é a presença de fortes ligamentos, como os ligamentos sacroilíacos anteriores,
posteriores e interósseos; o ligamento sacrotuberal; o ligamento sacroespinal; e o ligamento iliolombar.

Ligamento iliolombar Ligamento longitudinal


anterior
L5
Ligamento lombosacro
Ligamento sacroilíaco anterior

EIAS Ligamento inguinal

Ligamento sacrotuberal Acetábulo

Ligamento sacroespinal Ligamento púbico superior


Tubérculo púbico
Ligamento púbico anterior
Sínfise púbica
Disco interpúbico Ligamento púbico
inferior (arqueado)

Figura 134 – Pelve, vista anterior

Ligamento iliolombar Crista ilíaca


Ligamento supraespinal
EIPS
Ligamento sacroespinal
posterior curto
EIPI Ligamento sacroilíaco
posterior longo
Forame insquiático maior
Ligamento sacroespinal Ligamento sacrococcígeo
posterior superficial
Forame isquiático menor
Cóccix
Ligamento sacrotuberal

Tuberosidade isquiática Forame tuberosidade isquiática

Figura 135 – Pelve, vista posterior

4.4.12 Membro inferior

Os membros inferiores dos seres humanos desenvolveram‑se, sobretudo, para a manutenção da


massa corporal e a locomoção. Portanto, eles têm a capacidade de movimentar‑se de um lugar para
outro e sustentar o equilíbrio. Os ossos dos membros inferiores podem ser divididos em três segmentos:
a coxa, a perna e os pés. Os membros inferiores são unidos ao tronco pela cintura pélvica.

129
Unidade II

A marcha ereta dos humanos solicita adaptações morfológicas, não apenas na pelve, mas também
na parte livre do membro inferior, responsável por muitas diferenças entre os membros inferiores e os
superiores. Em virtude da sustentação da massa corporal, o fêmur é um osso muito mais vigoroso do
que o úmero. O acetábulo da articulação do quadril é expressivamente mais profundo do que a cavidade
glenoide da articulação do ombro, ocasionando em uma resistência maior contra luxações, contudo,
possuindo uma movimentação mais restringida.

Os ligamentos possuem os mesmos objetivos e são muito fortes, cujo arranjo possibilita a postura ereta,
com um mínimo de empenho, em uma articulação do quadril em extensão. Os prestigiosos ligamentos
do joelho não apenas resistem a luxações, porém, também se exibem estendidos, transformando os
membros inferiores em colunas estáveis, adequados em sustentar a massa corporal, sem grande vigor
muscular. A disposição assimétrica dos ligamentos da articulação do quadril e da articulação do joelho,
por exemplo, possibilita uma flexão máxima sincrônica durante a corrida.

O fêmur é o mais longo e pesado osso do organismo humano. Ele influencia significativamente a
estatura de um indivíduo, que pode ser medida a partir do comprimento do fêmur, como, por exemplo,
na arqueologia. O fêmur transmite o peso do tronco e da pelve para a tíbia.

Figura 136 – Fêmur

Caso o fêmur seja fraturado, acontece a perda de aproximadamente de 1 a 2 litros de sangue, e isso
pode causar choque por hipovolemia, estado de diminuição do volume de sangue.

A patela é um osso pequeno e triangular, situada anteriormente à articulação do joelho. É o maior


osso sesamoide do corpo humano. É dividida em: base, ápice, face anterior e face articular. A face
anterior é convexa, enquanto a posterior possui uma área articular lisa e oval.

Afora pelo fêmur, a tíbia é o maior osso no corpo humano que aguenta a massa corporal. Está
situada medialmente na perna e tem o papel de transferir o peso do fêmur para o tálus.

Figura 137 – Tíbia

130
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Lembrete

O termo “tíbia” quer dizer flauta, pois os ossos tibiais de pássaros eram
utilizados antigamente para fazer instrumentos musicais.

A fíbula localiza‑se lateralmente e um pouco posterior à tíbia e não possui a função de manutenção
da massa corporal. Ela não contribui com a articulação do joelho e auxilia a estabilização da articulação
do tornozelo. Também não transfere o peso do fêmur para o pé significativamente.

Figura 138 – Fíbula

O termo fíbula, do latim espeto, agulha, prego, reconhecido como anatômico em virtude de sua
similaridade com uma agulha, estaria relacionado à “infibulação”, processo usado pelos romanos em que
uma agulha de prata era inserida no prepúcio de adolescentes a fim de evitar relações sexuais prematuras.

Já a palavra fêmur deriva do latim, fêmur, coxa, sendo que há controvérsia quanto sua origem, para
alguns estudiosos seria advinda de fero, “eu levo ou carrego”, já para outros de feo, “eu gero ou produzo”.
Por sua vez, patela é derivada do latim, patela, prato, panela rasa. Geralmente feitas de barro ou cerâmica
para uso diário, eram comumente utilizadas em rituais de sacrifícios, quando eram ricamente ornamentadas,
possuindo longos cabos. O termo foi introduzido por Celso, provavelmente pela semelhança de forma do
prato e cabo com o osso e o tendão do músculo quadríceps femoral e o ligamento patelar.

O último segmento dos membros inferiores é o pé, que se divide em: tarso, metatarso e falanges,
que compõem o esqueleto dos dedos. Os pés são responsáveis pela sustentação e pela locomoção.
O pequeno desenvolvimento dos ossos dos dedos dos pés se dá pelo fato de que, com a aquisição da
postura ereta, os dedos dos pés humanos abandonaram o papel de órgãos de preensão, diferentemente
de outros primatas.

O tarso possui sete ossos, divididos em duas fileiras: a proximal e a distal. Os dois ossos da fileira
proximal são: o calcâneo e o tálus. A fileira distal abrange: o osso navicular, o osso cuboide, o osso
cuneiforme medial, o osso cuneiforme intermédio e o osso cuneiforme lateral. Ele transmite a massa
corpórea em dois sentidos: inferior e posterior, para o calcâneo; e inferior e anterior para o calcâneo e
o osso navicular, os quais, por sua vez, o transmitem para os ossos da fileira distal e para os metatarsos.

O calcâneo é um osso quadrangular que compõe o calcanhar, transferindo a massa corporal


transmitida pelo tálus ao solo. É o mais volumoso dos ossos do tarso. O osso navicular está localizado
medialmente no pé. O osso cuneiforme medial apresenta o formato de cunha. O osso cuboide é o maior
da fileira distal do tarso.
131
Unidade II

O metatarso é composto por cinco ossos, que são numerados de medial para lateral em I, II, III, IV e V.
Esses ossos são longos e determinam a ligação entre o tarso e as falanges. Diferentemente das mãos, em
que o polegar possui enorme independência de movimentação, no metatarso todos os ossos são paralelos
e no mesmo plano. Os dedos dos pés de medial para lateral são: o hálux, ou dedo I, dedo II, dedo III, dedo
IV e o dedo mínimo ou V dedo. A palavra hálux deriva do latim, hallus, que quer dizer dedo grande do pé.

O termo pé é derivado do latim, pes/pedis, pé de homem ou animal, e do grego, pódos. Por sua vez, tarso
advém do grego, tarsos, cesto para secar queijo, moldura de tear. A palavra era usada para designar uma série
de estruturas planas e expandidas, como asa de ave, lâmina de serra. Hipócrates usava o termo tarsós podós
para a planta do pé. Galeno foi o primeiro a usá-lo para nomear uma parte do esqueleto no pé.

Similarmente, metatarso é derivado do grego, meta, depois, entre, e tarsos, tornozelo. A palavra foi
cunhada por analogia a metacarpo e foi introduzida pela primeira vez por André Laurentius, em 1589.

Mais algumas origens de termos dessa área: calcâneo, do latim, calx, calcanhar; tálus, do latim, talus,
tornozelo, dado de jogar; cuboide, do grego, kuos/kybos, cubo e eidos, forma de; navicular, do latim,
navícula, pequeno barco (Vesalius usava o termo scapheoides ou navicularis para os ossos do carpo;
cuneiforme, do latim, cuneus, cunha e formis, forma de).

As falanges são ossos longos e somam‑se em três: falange proximal, falange média e falange distal,
em cada dedo (exceto o hálux) e, às vezes, o dedo mínimo possui apenas duas falanges.

Tíbia * Navicular
Fíbula

Tálus
* Tarso
Calcâneo
Cuboide
Cuneiformes
Metatarsos

Falange proximal do hálux


Falanges

Articulações interfalangeanas
Falange proximal Falange distal do hálux
Falange média
Falange distal

Figura 139 – Pé

Observação

Na clínica médica utiliza‑se comumente outra divisão que define a região


do antepé na divisão anatômica supracitada. O tálus e o calcâneo compõem o
retropé. Os demais ossos do tarso e os ossos do metatarso formam o mediopé.
132
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Ligamentos dos membros inferiores

No quadril estão os ligamentos mais densos e mecanicamente importantes. O ligamento da cabeça


do fêmur é revestido pela membrana sinovial e se estende desde a fóvea da cabeça do fêmur até a fossa do
acetábulo. Esse ligamento não exerce qualquer tipo de restrição aos movimentos, porém, serve como
estrutura‑guia aos ramos acetabulares da artéria circunflexa medial femoral e da artéria obturatória,
que nutrem a cabeça do fêmur.

Lábio do acetábulo
Ligamento da cabeça do fêmur
Cabeça do fêmur

Cápsula articular

Figura 140 – Articulação do quadril

O quadro e as figuras a seguir demonstram as características anátomo‑funcionais dos demais


ligamentos capsulares da articulação do quadril.

Quadro 3

Ligamento Trajeto Função


‑ Limita a extensão e a adução por meio de
‑ Estende‑se em forma de delta, a partir da sua parte lateral.
Ligamento iliofemoral espinha ilíaca anteroinferior até a linha ‑ Ligamento mais forte do corpo humano.
intertrocantérica.
‑ Espessura máxima (5‑10 milímetros).
‑ Estende‑se do ramo superior do púbis até ‑ Limita a adução, a extensão e a rotação
Ligamento pubofemoral a parte distal da linha intertrocantérica, lateral.
ventralmente ao trocanter menor.
‑ Estende‑se transversalmente, pelo lado
Ligamento posterior do corpo do ísquio, até a fossa ‑ Limita a rotação medial e a extensão.
isquiofemoral trocantérica.
‑ Disposição circular distalmente à cabeça ‑ Fixação da cabeça do fêmur contra sua
Zona orbicular do fêmur. saída do acetábulo.

Adaptado de: Aumüller et al. (2009, p, 1317).

133
Unidade II

Tendão do músculo
quadríceps femoral
Ligamentos
iliofemorais
Ligamento
Trocanter maior pubofemoral

Trocanter menor
Fêmur

Figura 141 – Ligamentos da articulação do quadril

Ligamento
iliofemoral

Ligamento
isquiofemoral

Figura 142 – Ligamentos da articulação do quadril

O joelho possui diversos ligamentos. No compartimento anterior, o tendão do músculo quadríceps


femoral é integrado na cápsula articular junto com a patela. Entre ela e a tuberosidade da tíbia
localiza‑se o ligamento da patela. Em ambos os lados da patela estendem‑se os retináculos da patela,
também pertencentes à capsula. Eles são chamados de ligamentos extensores de reserva, já que podem
transferir a tração do músculo quadríceps femoral para a tíbia, em situações de uma fratura patelar
sem cicatrização e, ainda, com perda do ligamento da patela, permitindo, assim, a extensão do joelho.
Contudo, a perda da patela resulta em uma extensão menos eficaz.

No compartimento lateral estão os dois ligamentos colaterais que estabilizam lateralmente o joelho.
O ligamento colateral tibial representa um extenso reforço da cápsula articular medial e consiste em duas
partes: a parte anterior, que emite longas fibras com mais de 10 centímetros, a partir do epicôndilo medial
do fêmur, obliquamente, para frente, até a face medial da tíbia, inferiormente, à tuberosidade da tíbia; e

134
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

a parte posterior, mais profunda, que estende‑se desde o epicôndilo medial do fêmur, obliquamente, para
trás, até o côndilo medial da tíbia. Assim, o ligamento possui o formato de uma letra – delta.

O ligamento colateral tibial impede a abertura medial do joelho, conhecida como deformidade em
valgo, sendo sua parte anterior limitada à rotação lateral e a parte posterior que impede a rotação medial.
A fixação proximal do ligamento colateral tibial, no epicôndilo medial do fêmur, um pouco acima e atrás
do eixo dos movimentos de flexão e extensão, permite que o ponto de fixação femoral abaixe durante
a flexão, relaxando, de tal modo, o ligamento. Isso possibilita o desenvolvimento de um pequeno geno
valgo de pequeno grau durante a flexão de joelho. O ligamento colateral fibular é separado da cápsula
articular por tecido conjuntivo frouxo, desse modo, é chamado de extracapsular. Ele possui, em um corte
transversal, a forma redonda ou ovoide, lembrando um cilindro. Estende‑se a partir de sua fixação proximal,
no epicôndilo lateral do fêmur, obliquamente para trás e para baixo, até a cabeça da fíbula.

Semelhantemente ao ligamento colateral tibial, o fibular é mantido tenso durante a posição de extensão
e relaxado na posição de flexão. O ligamento colateral fibular impede que a articulação do joelho se abra
para fora, conhecida como deformidade de geno varo, e limita a rotação lateral. O ligamento colateral
fibular pode ser palpado ou inspecionado por meio da pele, quando sob tensão por um estresse em varo.

Lembrete

O geno valgo é uma condição em que o joelho está medializado em


relação ao eixo de carga do membro inferior.

No compartimento posterior do joelho encontram‑se os ligamentos poplíteos oblíquo e arqueado.


O oblíquo é considerado um reforço da cápsula articular, que se estende desde a face posterior do
côndilo medial da tíbia, obliquamente, para cima, até o epicôndilo lateral do fêmur. Ele limita a rotação
lateral e impede, em conjunto com os ligamentos cruzados anterior e posterior, a hiperextensão do
joelho. Por conseguinte, pode se romper em casos de traumas em hiperextensão.

O ligamento poplíteo arqueado estende‑se, transversalmente, em relação ao ligamento poplíteo oblíquo,


a partir da cabeça da fíbula, adotando um formato de arco, que cruza o músculo poplíteo, dirigindo‑se
para cima e medialmente, até a cápsula articular. Ele é tensionado durante os movimentos de extensão.

Os dois ligamentos cruzados anterior e posterior situam‑se, tanto em sua topografia, na fossa
intercondilar, como funcionalmente, nos eixos de rotação, no centro da articulação do joelho.
Localizam‑se no interior da cápsula articular, entre as membranas fibrosa e sinovial e, por conseguinte,
não estão locados no interior da cavidade articular. Suas superfícies anterior e laterais são recobertas
pela membrana sinovial.

O ligamento cruzado anterior está fixo na face posterior interna do côndilo lateral do fêmur e
estende‑se, obliquamente, para frente, para baixo e medialmente, até a área intercondilar anterior da
tíbia. Ele possui menor suprimento vascular, então, a cicatrização espontânea não acontece e, muitas
vezes, é realizada uma reconstrução usando o tendão da patela ou o tendão do músculo semitendíneo.
135
Unidade II

O ligamento cruzado posterior localiza‑se anteriormente, a partir da face interna do côndilo medial
do fêmur, e segue para trás, para baixo e lateralmente, até atingir a área intercondilar posterior da tíbia.

Com o joelho estendido, os ligamentos cruzados anterior e posterior sofrem tensão máxima.
Quando os joelhos estão fletidos, os ligamentos deslocam‑se sobre si mesmos durante as rotações
medial e lateral, posicionando‑se mais paralelamente. Em vista disso, a perna pode ser rodada mais
lateral do que medialmente. A arquitetura das fibras dos ligamentos cruzados anterior e posterior faz
com que, em qualquer posicionamento, alguma parte dos ligamentos seja mantida tensionada. Com os
joelhos fletidos, quando os demais ligamentos responsáveis pela estabilização passiva estão relaxados,
entretanto, os ligamentos cruzados, em especial, o ligamento cruzado anterior traduz a exclusiva
probabilidade de estabilização ligamentar. O principal papel dos ligamentos cruzados anterior e posterior
incide na limitação dos deslizamentos da tíbia e do fêmur, no plano sagital.

Observação

Rupturas do ligamento cruzado posterior acontecem, na maior parte


dos casos, após um trauma anterior da perna, com o joelho fletido. Em razão
do melhor suprimento vascular, a chance de cicatrização, sem cirurgia, é
maior do que nas situações do ligamento cruzado anterior.

Outros ligamentos relevantes na articulação do joelho são os ligamentos transverso do joelho, o


meniscofemoral anterior e o meniscofemoral posterior. O ligamento transverso do joelho se une na
frente dos meniscos. O meniscofemoral anterior parte da extremidade anterior do menisco lateral, passa
na frente do ligamento cruzado posterior para se fixar no ligamento cruzado anterior, prolongando‑se
até o côndilo lateral do fêmur. O meniscofemoral posterior parte da extremidade posterior do menisco
lateral, passa atrás do ligamento cruzado para se fixar nele e no côndilo medial do fêmur. As figuras a
seguir ilustram os ligamentos do joelho.

Face patelar
Ligamento cruzado posterior
Côndilo lateral
Côndilo medial
Ligamento colateral fibular
Ligamento cruzado anterior
Menisco lateral Menisco medial
Ligamento transverso
Tendão do m. bíceps femoral
Ligamento colateral medial

Fíbula Tíbia

Figura 143 – Ligamentos do joelho em vista anterior

136
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Tendão do m. adutor magno


Fêmur
M. quadríceps femoral

M. gastrocnêmio medial
M. gastrocnêmio lateral

Ligamento colateral tibial


Ligamento poplíteo arqueado

Tendão do m. bíceps femoral


Ligamento poplíteo oblíquo
Ligamento colateral fibular

Tendão do m. semimembranáceo M. poplíteo

Tíbia Fíbula

Figura 144 – Ligamentos do joelho em vista posterior

Fêmur

Côndilo lateral
Ligamento cruzado anterior
Ligamento colateral fibular
Côndilo medial
Ligamento menisco femoral posterior
Menisco medial
Menisco lateral
Ligamento colateral tibial Ligamento cruzado posterior

Tíbia Fíbula

Figura 145 – Ligamentos do joelho em vista posterior

No tornozelo, a articulação talocrural é reforçada lateralmente pelo ligamento colateral lateral,


estrutura formada por três ligamentos completamente separados:

• Ligamento talofibular anterior: faixa plana e fraca que se estende em sentido anteromedial
do maléolo lateral até o colo do tálus.

137
Unidade II

• Ligamento talofibular posterior: faixa espessa bastante forte que segue em trajeto horizontal, em
sentido medial e ligeiramente posterior a partir da fossa do maléolo até o tubérculo lateral do tálus.

• Ligamento calcaneofibular: cordão redondo que segue em sentido posteroinferior da


extremidade do maléolo lateral até a face lateral do calcâneo.

A cápsula articular é reforçada medialmente pelo grande e forte ligamento colateral medial
(ligamento deltoideo), cuja inserção proximal é no maléolo medial. O ligamento colateral medial abre‑se
em leque a partir do maléolo, fixando‑se distalmente ao tálus, calcâneo e navicular por meio de quatro
partes adjacentes e contínuas: parte tibionavicular; parte tibiocalcânea; e partes tibiotalares anterior
e posterior. O ligamento colateral medial estabiliza a articulação talocrural durante a eversão e impede
sua subluxação.

A articulação talocalcânea situa‑se no local onde o tálus se apoia e articula com o calcâneo.
A articulação talocalcânea anatômica é uma articulação sinovial única entre a face articular calcânea
posterior do tálus, ligeiramente côncava, e a face articular posterior convexa do calcâneo. A cápsula
articular é fraca, mas é sustentada por ligamentos talocalcâneos medial, lateral, posterior e interósseo.
O ligamento talocalcâneo interósseo situa‑se dentro do seio tarsal, que separa as articulações
talocalcânea e talocalcaneonavicular, e é muito resistente. Os ortopedistas usam o termo para designar
a articulação funcional formada pela articulação talocalcânea anatômica mais a parte talocalcânea da
articulação talocalcaneonavicular. Os dois elementos separados da articulação talocalcânea clínica
estão por cima do ligamento interósseo talocalcâneo.

Estruturalmente, a definição anatômica é lógica porque a articulação talocalcânea anatômica é uma


articulação distinta, que tem suas próprias cápsula e cavidade articulares. Do ponto de vista funcional,
porém, a definição clínica é lógica porque as duas partes da articulação composta funcionam como
uma unidade, seu funcionamento independente é impossível de ocorrer. A articulação talocalcânea,
por qualquer definição, é o local onde ocorre a maior parte da inversão e eversão, ao redor de um
eixo que é oblíquo.

A articulação transversa do tarso é uma articulação composta formada por duas articulações
separadas alinhadas transversalmente: a parte talonavicular da articulação talocalcaneonavicular; e
a articulação calcaneocuboide. Nessa articulação, as partes média e anterior do pé giram como uma
unidade sobre a parte posterior do pé, em torno de um eixo longitudinal, aumentando os movimentos
de inversão e eversão que ocorrem na articulação talocalcânea clínica. A transecção da articulação
transversa é um método padronizado para amputação cirúrgica do pé.

Os principais ligamentos da face plantar do pé são:

• Ligamento calcaneonavicular plantar: atravessa e preenche um espaço cuneiforme entre o


sustentáculo do tálus e a margem inferior da face articular posterior do navicular. O ligamento
calcaneonavicular plantar sustenta a cabeça do tálus e tem função importante na transferência
de peso do tálus e na manutenção do arco longitudinal do pé, do qual é o elemento fundamental
(elemento superior).
138
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

• Ligamento plantar longo: segue da face plantar do calcâneo até o sulco no cuboide. Algumas de
suas fibras estendem‑se até as bases dos metatarsais, formando, assim, um túnel para o tendão do
músculo fibular longo. O ligamento plantar longo é importante para manter o arco longitudinal do pé

• Ligamento calcaneocuboideo plantar: situado em um plano entre os ligamentos


calcaneonavicular plantar e plantar longo. Estende‑se da face inferior e anterior do calcâneo até
a face inferior do cuboide. Também participa na manutenção do arco longitudinal do pé.

Tíbia

Maléolo-medial
Ligamento colateral medial (lig. deltoide)
1 - lig. tibiotalar posterior
2 - lig. tibiotalar anterior
3 - lig. tibiocalcâneo
4 - lig. tibionavicular
5 - lig. calcaneonavicular plantar
6 - tendão do calcâneo

Figura 146 – Ligamento colateral medial (ligamento deltoide)

Fíbula
Tíbia

Ligamento colateral lateral


Calcâneo 1 - lig. do calcâneo
2 - lig. tibiofibular anterior e posterior
3 - lig. calcaneofibular
4 - lig. talofibular
5 - bainha comum dos m. fibulares

Figura 147 – Ligamento colateral lateral

139
Unidade II

Resumo

O aparelho locomotor é composto pelo esqueleto, pelas articulações e


pelos músculos. O esqueleto é dividido em esqueleto axial, que consiste no
crânio, hioide, coluna vertebral e tórax. O esqueleto apendicular consiste em
ossos dos membros superior e inferior. Há também duas cinturas, a escapular
e a pélvica. As funções do esqueleto abrangem a sustentação, a proteção, a
produção de células de sangue e o armazenamento de gordura e minerais.

Os ossos podem ser classificados de acordo com a sua forma em: longos,
curtos, planos e irregulares. As superfícies externas dos ossos apresentam
detalhes anatômicos, por exemplo, tuberosidades, fossas, forames e incisuras.
Um típico osso longo possui diáfise, com um canal medular preenchido
por medula óssea, epífises, periósteo e endósteo. O osso compacto é a parte
densa externa; o osso esponjoso é a parte interna porosa e vascular.

Os 14 ossos da face são: nasais, maxilas, zigomáticos, mandíbula,


lacrimais, palatinos, conchas nasais inferiores e vômer. Os ossos da face
compõem a forma básica da face, dão sustentação para os dentes e
proporcionam as inserções para os músculos da face. O osso hioide está
situado no pescoço, entre a mandíbula e a laringe. Os ossículos da audição
(martelo, bigorna e estribo) estão situados no interior de cada cavidade da
orelha média.

A coluna vertebral consiste nas seguintes vértebras: 7 cervicais,


12 torácicas, 5 lombares, 4 ou 5 sacrais fundidas e 3 a 5 coccígeas fundidas.
Há sete pares de costelas verdadeiras e cinco pares de costelas falsas. Os dois
pares inferiores de costelas falsas (pares 11 e 12) são chamados de costelas
flutuantes. Há também um par de escápulas e de clavículas. Anteriormente,
cada clavícula se articula com o esterno pela articulação esternoclavicular.

O braço contém o úmero, que se estende do ombro ao cotovelo. Detalhes


anatômicos do úmero incluem: proximais, a cabeça, os tubérculos maior e
menor, o colo anatômico e o sulco intertubercular; distais, os epicôndilos
medial e lateral, as fossas coronoide e do olécrano, o capítulo e a tróclea.
O antebraço contém a ulna (medialmente) e o rádio (lateralmente).

A mão contém 27 ossos, incluindo 8 ossos carpo, 5 ossos do metacarpo


e 14 falanges. A pelve divide‑se em pelve maior, que ajuda a sustentar as
vísceras pélvicas, e pelve menor, que constitui as paredes do canal do parto.
Cada osso do quadril consiste em ílio, ísquio e púbis.

140
ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR

A coxa contém o fêmur, que se estende do quadril ao joelho, onde se


articula com a tíbia e a patela. Detalhes anatômicos do fêmur incluem:
proximais, cabeça, fóvea da cabeça do fêmur, colo, trocanter maior e
trocanter menor; distais, epicôndilos lateral e medial, côndilos lateral
e medial e face patelar. A perna contém a tíbia, medialmente e a fíbula,
lateralmente. O pé contém 26 ossos incluindo 7 ossos do tarso, 5 do
metatarso e 14 falanges.

Exercícios

Questão 1. Os ossos dos membros superiores formam nossos braços, antebraços e mãos, portanto,
são essenciais quando precisamos pegar algum objeto. Baseando-se nos seus conhecimentos sobre o
assunto, analise as alternativas a seguir e assinale a única que não apresenta o nome de um osso da
palma da mão ou do punho.

A) Metacarpo.

B) Falange.

C) Carpo.

D) Trapézio.

E) Ulna.

Resposta correta: alternativa E.

Análise da questão

Justificativa: a ulna é um osso presente em nosso antebraço. Os ossos da mão são compostos por
falanges, metacarpo e carpo, esse último formado de oito ossos, dispostos em duas fileiras: escafoide,
semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio, trapezoide, grande osso e osso unciforme.

Questão 2. Observe a figura a seguir e assinale a alternativa que apresenta corretamente o nome
do osso indicado pelo número 1.

141
Unidade II

Figura
A) Úmero.

B) Escápula.

C) Ulna.

D) Rádio.

E) Clavícula.

Resolução desta questão na plataforma.

142

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