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Características

dos Personagens
Principais
Major Policarpo Quaresma - "era um homem pequeno, magro, que usava pince-nez, olhava sempre baixo, mas
quando fitava alguém ou alguma cousa, os seus olhos tomavam, por detrás das lentes, um forte brilho de
penetração, e era como se ele quisesse ir à alma da pessoa ou da cousa que fixava". "Contudo, sempre os trazia
baixos como se se guiasse pela ponta do cavanhaque que lhe enfeitava o queixo". "Vestia-se sempre de fraque, e era
raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo...", "de tudo
que há nacional, eu não uso estrangeiro. Visto-me com um pano nacional, calço botas nacionais e assim por diante." 
De profissão, era burocrata, tendo chegado à subsecretário do arsenal de guerra; Não tendo podido ser
militar, escolheu o ramo militar da administração. Era onde estava bem, embora fosse caçoado pelos colegas.
Há quase trinta anos, a rotina do Major servia de relógio para a vizinhança. Vivia isolado, com a irmã
Adelaide. Dedicava-se a estudar e conhecer o Brasil e suas riquezas, possuindo ótima biblioteca especializada nesse
tema. 
O que ele tem de mais característico, no entanto, é a sua filosofia de vida: "... uma disposição particular de
seu espírito, forte sentimento que guiava sua vida. Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor
da pátria tomou-o todo inteiro. 

Adelaide - Irmã do Major que tinha um espírito totalmente diferente do dele e por isso, não o entendia em nada.
Censurava-o constantemente pela rigidez da preferência pelos artigos nacionais. Queixava-se dos temperos
nacionais, da manteiga rançosa, da falta de flores ‘de verdade’ no jardim, etc.
Tinha seus cinqüenta anos - quatro a mais que o Major. Era uma bela velha de corpo médio", "ser metódico,
ordenado e organizado, de idéias simples, médias e claras, seus olhos verdes não revelavam nenhuma paixão ou
ambição." 

Vicente Coleoni -  Imigrante italiano a quem Quaresma emprestava dinheiro num momento difícil e que, vindo a
prosperar em quitandas e na construção civil, jamais perdeu a gratidão. Vivia num palacete em Real Grandeza, com a
única filha, Olga, afilhada do Major. Alma boa, reta, sempre fiel ao compadre, de quem, no entanto, não entendia as
excentricidades. 

Olga - Era muito querida pelo major, e lhe ocupava no coração o lugar dos filhos que não tivera. “Era pequena,
muito mesmo”. No seu rosto, nada de grego, havia nos seus traços muita irregularidade, mas a sua fisionomia era
profunda e própria, com seus grandes olhos negros e luminosos. “A boca pequena de um desenho fino exprimia
bondade, malícia, e o seu ar geral era de reflexão e curiosidade”. Casou-se meio sem convicção com o Dr. Armando
Borges, por quem perdeu toda a afeição quando percebeu como este era egoísta, ambicioso e ferozmente
interesseiro.
Ele, que era um tipo caricatural, tal como Genelício, após ter se casado com Olga, e consequentemente ter
enriquecido, não se satisfez: "a ambição de dinheiro e o desejo de nomeada esporeavam-no". Médico do Hospital
Sírio, em meia hora atendia a trinta ou mais doentes. Seu grande sonho era ser médico do Estado, e valeu-se da
rebelião para alcançar seus objetivos. Desonesto, roubara escandalosamente de uma órfã rica - o que lhe valeu o
desafeto da esposa. Achava que o seu pergaminho e o anel de doutor tornavam-no superior aos mortais comuns.
Procurava ficar sempre em evidência, por amizades com jornalistas e publicação periódica de artigos, "estiradas
compilações, em que não havia nada de próprio". Para dar a impressão à esposa e aos outros de que estudava
muito, arranjava para ler novelas de Paulo de Kock em lombadas de títulos trocados... Sua última invenção para se
manter superior foi a de "traduzir para o clássico as coisas que escrevia, invertendo os termos da oração, repicando-
a com vírgulas e entremeando-a com meia dúzia de vocábulos arcaicos. 

Ricardo Coração dos Outros - Famoso por sua habilidade em cantar modinhas e tocar violão, e entra na trama
por ensinar Quaresma a tocar o instrumento, pois o major considerava-o extremamente representativo quanto a
pátria. Em começo, a sua fama estivera, limitada a um pequeno subúrbio da cidade. Depois ela cresceu e ele passou
a frequentas e honrar as melhores famílias do Meier, Piedade e Riachuelo. Já chegava a São Cristóvão e em breve
(ele o esperava) Botafogo convidá-lo-ia, pois os jornais já falavam no seu nome. “ Era magro, baixo, pálido, quase
sempre carregando um violão agasalhado numa bolsa de camurça. Vivendo para o violão e as modinhas, e para o
ideal de chegar até Botafogo ficava alheio às contingências terrenas, isolado no seu cubículo de uma casa de
cômodos, almoçando café, que ele mesmo fazia, e pão, indo à tarde jantar a uma tasca próxima". A sua figura de
cabo recrutado à força era cômica: "a blusa (do fardamento) era curtíssima sungada; os punhos lhe apareciam
inteiramente; e as calças eram compridíssimas e arrastavam no chão". 

Dr. Campos – Médico, presidente da Câmara Municipal de Curuzu. "Jovial, manso, de grande corpo, era alto e
gordo, pançudo um pouco, olhos castanhos, quase a flor do rosto, uma testa média e reta; o nariz, mal feito". Um
tanto trigueiro, cabelos corridos e já grisalhos – era um caboclo, mas o bigode
era crespo. Tinha de cor uma meia dúzia de receitas, nas quais conseguira
enquadrar as doenças locais. Tendo proposto um golpe a Quaresma, como este
recusasse, passou a persegui-lo.

Gal. Albernaz - "Nada tinha de marcial, nem mesmo o uniforme que talvez
não possuísse. Durante toda a sua carreira militar, não viu uma única batalha,
não tivera um comando, nada fizera que tivesse relação com a sua profissão e o
seu curso de artilheiro". "O altissonante título de general... ficava mal naquele
homem plácido, medíocre, bonachão, cuja única preocupação era casar as cinco
filhas e arranjar pistolões para fazer passar o filho nos exames do Colégio
Militar". "Era alto, o pescoço enterrado nos ombros, e o seu pince-nez era preso Percebe-se que Lima
por um trancelim (corrente) de ouro que lhe passava por de trás da orelha Barreto critica
esquerda. Em suas conversas, era indispensável uma referência a Guerra do impiedosamente os seus
Paraguai, dramatizada, importante". – O Sr. esteve lá, não foi, General ?" "- Não, personagens, sendo
adoeci antes e voltei ao Brasil. Mas o Camisão esteve..."  pouquíssimos os poupados de
Era casado com Dona Maricota:"Muito ativa, muito inteligente, não tal ação, como
havia dona de casa mais econômica, mais poupada e que fizesse render mais o principalmente Olga e
dinheiro do marido e o serviço das criadas". A pequena cabeça de cabelos pretos Adelaide. Mesmo aqueles,
contrastava muito com o seu corpo enorme. como Quaresma, que
Ismênia, Quinota, Zizi, Lalá e Vivi eram os filhos do casal. Ismênia era representavam algo puro,
noiva de Cavalcanti, Quinota casou-se com Genelício e Lalá noivava com o ingênuo, honesto, são
tenente Fontes.  implacavelmente expostos ao
ridículo. Outros já parecem
Ismênia - O autor acompanha o desenrolar do seu drama. "Era até simpática, criados de propósito para se
com a sua fisionomia de pequenos traços mal desenhados e cobertos de umas obter unicamente esse efeito.
tintas de bondade".
Seu noivado com Cavalcanti durava anos: havia cinco que ele arrastava
um curso de Odontologia de dois anos. Ele tinha olhos esgazeados, o nariz duro
e fortemente ósseo. Durante o curso fora financiado nos livros, taxas e comida
pelo futuro sogro. Formado, dirigiu-se para o interior e nunca mais deu notícias
à noiva. 
"Na vida, para ela, só havia uma coisa importante: casar-se; mas pressa
não tinha, nada nela a pedia". "Amorenada, o seu traço de beleza dominante era
os seus cabelos castanhos, com tons de ouro, sedosos ate ao olhar".
Psicologicamente, era de uma natureza pobre, incapaz de qualquer vibração
sentimental. Mostrava uma bondade passiva, indolência de corpo, de idéias e de
sentidos . Antes a fuga do noivo, cujo pedido de casamento fora tão
comemorado, viu desmoronar o sentido de sua vida. Incapaz de reunir forças
para reagir, humilhou-se, entristeceu-se, definhou, enlouqueceu, morreu. 

Genelício – Casado com Quinota, uma das filhas do casal Albernaz e


Maricota, pode ser considerado um dos personagens mais importantes do livro.
Era estereotipado, convencional e caricatural. Nitidamente "plano", e brindado
com todos os defeitos que mais aborreciam o próprio Lima Barreto: "Empregado
do Tesouro, já no meio da carreira, moço de menos de trinta anos, ameaçava ter
um grande futuro". "Não havia ninguém mais bajulador do que ele. Nenhum
pudor , nenhuma vergonha!" "Sabia todos os recursos para se valorizar perante
os chefes. "Na bajulação e nas manobras para subir, tinha verdadeiramente
gênio. Era tido em grande conta, e juntava a sua segura posição administrativa
um curso de direito a acabar". "Pequeno, já um tanto curva do, chupado de
rosto, com um pince-nez azulado, todo ele traía a profissão, os seus gostos e
hábitos. Era um escriturário". 

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