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ATÉ A ETERNIDADE

Em uma sala grande e pouco iluminada, uma mulher está sentada bem
no meio, ela usa uma calça de alfaiataria preta, coturnos pretos
e uma camisa social em um tom de roxo escuro com um suspensório
por cima, a sua frente tem um cavalete com uma tela inacabada. A
sala é decorada com grandes e luxuosas estantes de madeira cheias
de livros, algumas pinturas espalhadas pelas paredes e algumas
apoiadas pelo chão. Em um canto da sala há uma poltrona bordô com
uma pequena mesa de madeira ao lado, na mesa há um castiçal
prateado. A sala tem duas janelas grandes bem no centro, com
cortinas de veludo bordô, combinando com a poltrona. A mulher,
sentada em um banco de madeira no centro dessas janelas tem apenas
metade de seu rosto iluminado pelas velas do castiçal apoiado sob
a pequena e redonda mesa de madeira ao lado do cavalete. O silêncio
grita naquela sala, mais alto e perceptível do que os sons da
madrugada. Através das janelas há um longo caminho, pouco
iluminado, com muitas árvores, pouco se vê da rua pela falta de
iluminação.

A mulher tem uma taça de vinho em mãos, no chão, ao lado do


cavalete está a garrafa de um caro vinho espanhol. Ela observa a
pintura, segurando um pincel, enquanto bebe outro gole. A pintura
mostra uma mulher, com cabelos longos e pretos e olhos verdes
sentadas na ponta de uma mesa de doze lugares com um copo de
whisky em mãos. A mesa está posta com velas iluminando um lindo e
vazio jantar. A mulher chora e fecha os olhos.

Isabel fez salmão para jantarmos hoje, comemos enquanto bebemos


um dos nossos melhores vinhos tintos que temos na adega. Ela está
sentada no mesmo lugar de sempre, a outra ponta daquela enorme
mesa de madeira de doze lugares, que hoje não parece ter o tamanho
que tem. Sinto como se estivéssemos lado a lado, mesmo estando
cada uma em uma ponta. Isabel ri e ela é dona de um dos sorrisos
mais lindos que já vi em toda minha vida. Eu amo aquela mulher, a
amo tanto que às vezes dói.

Meus olhos encontram os de Lauren, ela está me observando rir com


a taça em mãos. Incrível como sinto que essa enorme mesa na qual
estamos sentadas, hoje não parece ter doze lugares. O outono
chegou e trouxe consigo a mais alta chama do nosso amor. Lauren
sorri para mim, um leve sorriso de canto. Como eu amo essa mulher.
Eu observo cada detalhe seu, seus lindos olhos castanhos, seu
cabelo preto comprido que cai sobre seus ombros, a mão que segura
a taça tem alguns anéis de prata nos dedos, hoje ela está usando
sua calça de alfaiataria preta com uma camiseta básica, também
preta para dentro da calça e usa um colar de prata. Eu a desejo.

Isabel se levanta e vem até mim, com o olhar fixo no meu, eu me


arrepio com seu olhar. Ela traz sua taça de vinho, senta-se com a
perna cruzada na ponta da mesa e passa o dedo na borda da taça
sem quebrar o contato visual. Eu me levanto e paro em sua frente
com uma mão apoiada na mesa e a outra pousada delicadamente em
sua coxa. Isabel bebe um gole do vinho, ainda sem quebrar o contato
visual e eu me arrepio mais uma vez. Tem desejo em seu olhar. Eu
me aproximo, encostando nossos corpos, ela deixa a taça na mesa e
apoia os braços em meus ombros, então eu a beijo. O beijo vai
ficando mais intenso, eu passo minha mão pela coxa de Isabel por
baixo do vestido preto colado em seu corpo que ela usa essa noite
e dou leves apertadas, Isabel se arrepia com o toque e eu sinto
seu hálito quente contra meus lábios. Isabel me afasta dela, se
levanta e me olhando vai em direção a sala da lareira. Eu a sigo.

Lauren está vindo atrás de mim, vou até o toca discos e coloco um
para tocar. Lauren se senta no sofá, as almofadas vinho do nosso
sofá preto contrastam com a pele clara de Lauren. Ela observa cada
movimento meu, sinto seu olhar cheio de desejo penetrando meu
corpo. Vou até ela e a beijo, a beijo como se fosse a última vez.
Suas mãos passeiam por minhas coxas, minhas costas, minha bunda e
meu cabelo. Seus beijos intercalam entre minha boca, meu pescoço
e meus seios. Eu a faço tirar a camiseta que usava, deixando a
mostra seu sutiã de renda. Não demora para que ela tire meu
vestido, me deixando apenas com minha lingerie preta, também de
renda.

Assim que tiro o vestido de Isabel, me afasto um pouco para admira-


la. Eu poderia fazer isso para sempre. Nossos olhares se encontram
e eu a deito no sofá e me posiciono em cima dela, voltamos a nos
beijar, ela entrelaça as mãos em meus cabelos e eu vou descendo
os beijos.

Estamos deitadas no chão, ambas sem roupa nenhuma, apenas


enroladas em um cobertor de seda que temos em nosso sofá, Lauren
está olhando para o teto, estou deitada em seu peito e ela acaricia
minhas costas. O disco já parou de tocar, o silêncio toma conta
da sala. Trocamos um último beijo antes de pegarmos no sono.

Os pássaros cantando e um raio de sol que entra na sala por uma


fresta da cortina me acordam. Estendo o braço com a intenção de
sentir o corpo de minha amada próximo ao meu, nada. Abro os olhos
e percebo que Lauren já não está mais ali, teria sido um sonho a
noite passada? Dormir no chão definitivamente não foi uma boa
ideia, minhas costas doem. Respiro fundo e me preparo para
levantar e passar mais um longo dia solitário escrevendo. Chamo
minha amada, mas o silêncio da casa atinge meu peito como uma
faca. Olho para o lado e percebo que Lauren deixou meu roupão de
plush dobrado em cima do sofá, deixo escapar um leve sorriso.

Entro em casa e ela parece maior e mais vazia do que nunca, nenhum
sinal de Isabel. Eu devo tê-la decepcionado, não deveria ter saído
pela manhã com tanta pressa. Vou até seu escritório, mas encontro
apenas algumas folhas ao lado da sua máquina de escrever. Ela
certamente passou o dia trabalhando em seu manuscrito, minha
curiosidade grita, mas minha vontade de ama-la grita mais alto.
Vejo uma fraca luz vindo do banheiro, velas, certamente elas que
iluminam o ambiente. Entro no banheiro silenciosamente, assim como
o restante da casa, nosso banheiro tem uma decoração gótica, a
banheira está esvaziando e o espaço é iluminado por velas. Como
eu imaginara. Isabel está em gente ao espelho apenas de lingerie
passando creme em seu corpo. Eu me aproximo e a abraço por trás.
Nossos olhares se encontram pelo espelho.

- Senti sua falta hoje.

- Eu sempre sinto a sua. – Falo enquanto beijo o pescoço de Isabel.


Eu a puxo para um beijo, é um beijo mais voraz, cheio de desejo,
saudade, inseguranças e amor.
Eu corto o beijo e busco o olhar de Lauren pelo espelho. Eu a amo
e eu a desejo, mas não agora. Agora a mágoa que sinto toma conta
do meu corpo, Lauren acaricia minhas costas e minhas coxas
enquanto intercala entre beijar minha nuca e me olhar.

- Porque não ligou?

- Eu sai com pressa, me perdoe.

- Uma mensagem já era o bastante. – Há rancor em minha fala,


Lauren percebe minha decepção.

- Achei que fosse passar o dia escrevendo, não queria atrapalhar


sua concentração, meu amor.

Lauren puxa meu cabelo, deixando minha cabeça inclinada e morde


levemente meu pescoço. Eu me entrego.

Isabel se entrega, eu a viro e logo puxo seu corpo para bem próximo
do meu e a beijo.

- Garanto que não acontecerá mais, me perdoe, de todo meu coração.

Isabel fecha os olhos, assente e me puxa para mais um beijo. Eu a


pego no colo e, sem quebrar o beijo, a levo até a cama. Deito
Isabel na cama, delicadamente me acomodo em cima dela e levo uma
de minhas mãos para suas pernas, mas ela me impede.

Eu empurro a Lauren e fico em cima dela, ela logo tira meu sutiã
e não demora muito para que eu tire suas roupas. Eu admiro seu
corpo, nesse momento toda vontade de começar uma briga não está
mais dominando minha mente. Nossos olhares se encontram e eu me
arrepio. Lauren me tem e agora eu a desejo. E eu a terei, essa
noite ela será toda minha. Assim que acordo busco pela minha
esposa e, me decepcionando outra vez, percebo que estou acordando
sozinha naquela cama imensa. Visto uma roupa e, frustrada, vou em
direção a cozinha.

Vejo Isabel descendo as escadas, tem lágrimas em seus olhos. Como


dói ver ela assim, mas logo mudarei isso. Antes de entrar na
cozinha ela me vê.

- Bom dia, meu amor!


- Lauren. – Isabel sorri e vem em minha direção. Eu a abraço e
nós nos beijamos, um beijo rápido, romântico e cheio de amor.

- Pensei em irmos até o lago aqui perto, o que acha?

- Acho uma ótima ideia, só preciso comer algo antes.

- Aqui não. – Puxo Isabel para fora da casa e caminhamos de mãos


dadas até o lago.

Ao chegar no lago, percebo que Lauren preparou um pique nique para


nós. Ela vai, com aquele sorriso lindo no rosto, até a toalha que
deixou no chão arrumada de uma maneira linda, cheia de frutas,
bolos, biscoitos, sucos, café, um café da manhã perfeito. Eu
poderia parar no tempo e ficar observando aquela cena, minha amada
sentada, ainda com aquele sorriso que me tira o folego, em um
cenário digno de filme, daqueles filmes de romance mais clichês
possíveis. Impossível não me apaixonar mais ainda por ela.

Estamos deitadas sob a toalha de pique nique, eu acaricio a mão


de Isabel. Ela me olha com aqueles olhos verdes intensos.

- Eu te amo.

- E eu te amarei por toda a eternidade. – Digo e a beijo, um beijo


rápido, mas apaixonado. Passamos o dia conversando na grama,
andando pelo rio, rindo e nos divertindo. Nesse dia, nos
relembramos de como nos amamos. Os próximos dias foram assim
também, as duas mais apaixonadas do que nunca, a cada momento
fazíamos questão de lembrar uma a outra de como nos amamos,
passamos a primavera e o outono inteiro como as duas amantes mais
felizes que existem.

O inverno chegou e não trouxe apenas o frio, com ele veio também
a distância. Faz uma semana que Lauren está distante, que eu estou
distante, parece até que nos perdemos. O frio congelante do lado
de fora parece mais insuportável ainda dentro de casa. Não
conversamos mais durante as refeições, os raros beijos que
trocamos agora são rápidos e sem o desejo de antes. Não sei mais
como é segurar a mão da mulher que eu amo, não me lembro de como
eram seus toques, estou me esquecendo da sensação de ter aqueles
olhos castanhos intensos me fitando, cada vez mais esqueço até
daquele lindo sorriso que Lauren tem e me tira o fôlego. Ela passa
os dias em sua sala de pinturas e eu não sei mais o que ela pinta,
não fui mais admirar seu talento, afinal, passo meus dias sentindo
e escrevendo a solidão em meu escritório. Minha maquina de
escrever e minhas histórias se toraram minha fuga, elas sabem mais
de mim do que a mulher com a qual me casei. Nós estamos nos
perdendo. Eu estou a perdendo e eu não sei se aguento isso.

Isabel está sentada no sofá em frente a lareira com um livro em


uma mão e uma xícara de chá na outra. Desde que o inverno chegou
nossos vinhos caros ficaram esquecidos na adega, eu acabei com
três garrafas de whisky no primeiro mês do inverno. Essa distância
entre nós está acabando comigo. Eu observo a mulher que eu amo de
longe, linda como sempre, nem a maior distância do mundo vai me
fazer parar de ama-la, só preciso me lembrar disso. Isabel está
com seu roupão de plush bordô, sentada no sofá onde nos amamos e
juramos nos amar para toda a eternidade diversas noites. Lágrimas
caem em meu rosto ao pensar em nós, sinto que tudo isso é culpa
minha.

Lauren se aproxima de mim com cautela, vejo lágrimas em seus


olhos, nossa como dói vê-la assim, isso certamente é minha culpa
e está na hora de colocar um ponto final. Deixo a xicara de chá
na mesa ao lado do sofá e fecho o livro que estava lendo. Vejo
que Lauren sorri ao ver o livro que eu estava lendo, um livro de
poesias que ela me deu no dia em que me pediu em casamento. Nossos
olhares se encontram e o lindo sorriso da minha esposa ainda está
ali, eu fico sem ar. Faz tanto tempo que não vejo esse sorriso,
senti tanta falta dele. Lauren se inclina, afasta meu cabelo e
beija meu pescoço, fecho os olhos e me arrepio com o toque delicado
de seus lábios em minha pele, toque esse que senti tanta falta.
Ela respira ainda contra meu pescoço e seu hálito quente me faz
morder o lábio, eu levanto e a beijo. Um beijo cheio de desejo e
saudade.

- Eu quero pintar você.

Peço para que Isabel se sente em uma poltrona bordô perto de uma
janela lateral da sala, com uma cortina de veludo da mesma cor da
poltrona. Isabel tira seu roupão, ficando apenas com sua lingerie
preta de renda a mostra, eu acendo algumas velas e me sento em
frente a uma tela em branco para pita-la.

Enquanto Lauren trabalha em sua tela eu olho em volta, tem muitas


telas novas desde a ultima vez que entrei aqui, vejo que algumas
tem a minha imagem, mas a maioria está com o conteúdo virado para
a parede e eu não consigo vê-las, olho para Lauren com intenção
de perguntar sobre o conteúdo das pinturas, mas me perco, me perco
com a imagem da mulher que eu esqueci que amava tanto. Lauren fica
tão sexy pintando concentrada, iluminada apenas por algumas velas.
Ela solta o pincel e eu vou até ela. Sento em seu colo e a beijo
e ali, naquela sala mesmo, no tapete, nos lembramos do amor que
sentimos uma pela outra. Nossos toques são vorazes, com fome,
saciando todo desejo daqueles três meses de inverno. Lauren morde
minha pele e eu arranho a sua, nossos movimentos são fortes e
rápidos.

Novamente na sala de pinturas com a mulher bebendo seu vinho


naquela solidão gritante. A pintura segue inacabada. A sala
continua escura. Apenas com a mulher iluminada. Ela observa as
pinturas a sua volta e lágrimas caem pelo seu rosto.

Depois daquela noite, o frio congelante do inverno deixou de fazer


parte dos nossos dias, a rua estava coberta pela neve e dentro de
casa Isabel e eu nos amávamos como nunca. Passávamos os dias
inteiros conversando e recuperando todo o tempo que havíamos
perdido. Eu fazia questão de lembrar a ela todos os dias do meu
amor e ela fazia o mesmo. Assim passamos os dois meses seguintes
do inverno. Até a última semana.

A última semana de inverno chegou, era para aquele frio estar indo
embora e levando tudo de ruim consigo, mas algo aconteceu naquela
casa, Lauren e eu voltamos a nos distanciar, nenhuma de nós tinha
o que fazer em suas salas, mas por algum motivo não saiamos dela.
Brigávamos quase todos os dias, então, para evitar as brigas,
passamos a nos evitar. Estou na sacada observando a noite que toma
conta do campo, agora sem neve alguma, bebendo whisky e fumando
um cigarro. Lauren entra em casa, respiro fundo e termino com o
whisky do copo.
- Demorou para chegar. – Falo sem olhar para Lauren.

- O carro estragou no caminho.

A conversa não continua. Nem sei se posso chamar aquilo de


conversa. Estou no banheiro, enfiada na banheira com um copo de
whisky ao meu lado. Acendi apenas uma vela, vou deixar a escuridão
me consumir enquanto choro em silêncio, não quero que Isabel me
ouça chorar. Achei que tudo fosse ficar bem depois daquela noite,
passamos mais algumas semanas bem, mas algo nos abalou e nenhuma
das duas sabe dizer o que. Não sabemos porque do nada não
conseguimos olhar nos olhos uma da outra. Me pergunto se o amor
acabou. Mas ao ver Isabel tenho certeza de que não, meu amor por
ela jamais acabaria. Tenho certeza que o amor não acabou porque
dói, toda vez que ela me olha com aquele olhar vazio e distante
dói, sinto como se uma faca rasgasse meu peito, mas não faço nada.
Não consigo, me sinto fraca, não sei o que fazer, então me entrego
a escuridão.

Outra noite, outra briga. Será que a ultima semana do inverno vai
ser toda assim? Brigas atrás de brigas? Não aguento tanta dor,
não aguento olhar nos olhos de Lauren, a mulher que eu amo e ver
distância. Não sei por quanto tempo mais vou aguentar.

Último dia de inverno. Isabel entra na sala de jantar, eu estou


sentada no meu lugar de costume, ela se senta na outra ponta,
também seu lugar de costume. A mesa de doze lugares nunca pareceu
tão grande, lembro-me dos dias em que parecíamos estar lado a lado
nessa imensa mesa, mas hoje as inúmeras cadeiras entre nós gritam.
Nós jantamos sem falar uma palavra se quer. Isabel se levanta para
levar seu prato até a cozinha e eu resolvo quebrar o silêncio.

- O que estamos fazendo?

- A essa altura, isso importa? – Suas palavras me destroem. Vou


até a sacada, a noite está linda e fria. Isabel para ao meu lado
com duas taças de vinho em mãos. Sorrio ao ver as taças, afinal,
não tocávamos nos vinhos a um tempo. Ela me entrega uma.

- Me perdoe.

- Por qual motivo?


- Por tudo, por estar distante, por não saber o que fazer, por
não conseguir nos salvar.

- Tudo está tão cansativo

- Estamos nos perdendo. – Lágrimas caem em meu rosto ao dizer


isso.

- Você sabe que eu jamais deixei de te amar, não sabe?

Olho para Isabel e chorando, concordo com a cabeça. Ela usa apenas
um vestido vermelho longo, não muito colado no corpo, com um corte
na parte de baixo, deixando uma de suas lindas pernas a mostra.
Vejo que ela estremece com o frio, tiro meu sobretudo e enrolo em
seu corpo, ambas soltamos as taças e eu pego suas mãos.

- Vamos mandar essa angústia, essa distância embora com o inverno.


Por favor.

- Cedo ou tarde, tudo vai acabar, Lauren. - Nós nos abraçamos.


Isabel tira minha camisa de dentro da minha calça e passa suas
mãos pelas minhas costas, dando leves arranhões. Seu toque me
arrepia.

- Eu amo você.

- Eu vou amar você por toda a eternidade.

Empurro Lauren para a cama, sua camisa agora está aberta e eu


observo, memorizo cada pequeno detalhe de seu corpo. Senti tanta
falta dela, senti tanta falta de seu toque, senti tanta falta
daquele olhar cheio de desejo dela. Lauren me olha e o sorriso
pelo qual me apaixonei aparece em seu rosto e eu me apaixono mais
uma vez.

Isabel está sentada em meu colo, eu estou apoiada em meus


cotovelos, ela ainda está me observando e eu faço o mesmo. Eu amo
aquela mulher, jamais deixei de ama-la e jamais deixarei. Ela
sorri para mim e eu fico sem fôlego. Nós nos beijamos e naquele
momento, toda distância se vai.

Eu preciso senti-la e eu quero me entregar, essa noite preciso de


tudo que posso ter da minha amada. Tiro Sua camisa e faço Lauren
se deitar, seu olhar intenso e cheio de desejo está quase fazendo
eu me render, mas preciso senti-la antes, preciso decorar cada
espaço de seu corpo. Eu a beijo, eu a beijo com mais desejo do
que nunca. Ela me arranha e não consegue manter o beijo enquanto
estou dentro dela. Eu desço os beijos para seu pescoço e passando
a língua delicadamente sob seu corpo vou descendo cada vez mais
os beijos. Lauren pressiona minha cabeça enquanto sinto seu gosto,
ela está ofegante e eu continuo, continuo até saciar minha cede.

Nos sentimos, nos amamos e nos lembramos de quem somos por horas
aquela noite. Nos amamos como da primeira vez. Lauren sobe
lentamente os beijos, até chegar em minha boca. Estamos ofegantes,
suadas e com marcas em nossas peles. Deitamos lado a lado a
trocamos olhares, ficamos ali, apenas nos olhando por alguns
minutos. Lauren passa a mão delicadamente em meu rosto, eu fecho
os olhos sentindo seu carinho. Ela sorri. Eu amo tanto essa mulher.

De volta a solitária e, por mais que cheia de quadros, vazia sala


de pintura. A mulher de olhos castanhos e longos cabelos pretos
vira o restante da garrafa de vinho em sua taça e bebe. Ela escreve
uma última frase em um pequeno caderno preto que tem em seu colo.
Coloca o caderno na mesa ao lado do cavalete, na mesa tem outro
papel preso no livro de poemas. Lauren bebe o restante do vinho e
joga a taça longe. A taça se quebra.

O dia está amanhecendo, a taça segue quebrada no chão e a sala


está mais vazia do que nunca. Lauren não está mais na sala. A
pintura segue inacabada. As pinturas agora estão iluminadas pelo
sol, todas tem a mesma mulher de olhos verdes da pintura inacabada.
Todas um retrato de um grande amor. No papel preso ao livro de
poemas, uma despedida e no papel do caderno preto o lamentar de
uma alma solitária. Talvez também uma despedida.

Eu pensava que ela estava escapando


Eu a vi indo embora
Eu me mantive em silencio
Evitei
Me evitei
Nos evitei
Eu apenas fugi
Até aquela noite
A noite em que nos amamos como da primeira vez
Tudo ficaria bem
Foi o que eu pensei
Acreditei que havia impedido
Acreditei que havia a impedido de escapar
Eu estava errada
Ela escapou
Ela foi embora
Agora ela não pode mais voltar
Agora eu a perdi
Mas ela irá me amar por toda a eternidade
E agora, minha palavra preciso cumprir
E ama-la também.

FIM.

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