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PREFÁCIO
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CAPÍTULO 1: O BÁSICO DO BÁSICO
Não seja prepotente. Voce pode aprender com TODAS as pessoas do CC, não
apenas aquele residente foda ou aquele chefe que todo mundo baba ovo. O
pessoal da enfermagem pode te ensinar muita coisa, e com certeza as
circulantes de sala também. Elas salvaram muito a minha bunda quando eu
tava começando, e eu sou muito grata a todas elas ♥
Através do CC você também pode ampliar seu networking, seja com outros
acadêmicos ou com os médicos. Aproveite esse momento para conversar e
criar uma rede de pessoas com as quais você possa entrar em contato
posteriormente.
Bom, outra dica: não seja sem noção. Nunca. Não faça comentários
depreciativos, não menospreze as pessoas, e não fique escolhendo
procedimentos. Tente aprender o máximo que conseguir de todas as áreas.
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CAPÍTULO 2: LAVAGEM DAS MÃOS
Antes de iniciar a lavagem das mãos, fale com a circulante da sala onde você
está, pergunte o nome dela, se apresente e certifique-se que ela saiba o
número da luva que você usa, pra ela poder preparar o material.
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sempre de escovar bem as dobrinhas entre os dedos. Feito isso, escove o
dorso da mão, e passe para a outra mão, realizando o mesmo procedimento.
Feito isso, comece a descer e vá escovando o antebraço, até um pouco antes
do cotovelo. Faça a mesma coisa no outro antebraço. Agora, só desprezar a
escovinha (se tiver lixo próximo, jogue no lixo, senão jogue na pia) e abrir a
torneira com o cotovelo (se for no Erasto, só aproxime a mão no sensor – não
encoste - e ela abre sozinha). Lembre-se de enxaguar um
braço de cada vez, com o membro para cima, deixando a
espuma escorrer do local mais limpo – a mão – para o
cotovelo. Retire toda a espuma antes de terminar. Feche a
torneira e se dirija a sala – continuação no próximo capítulo.
Figura 2 Escova com PVPI E a preparação alcoólica? Pois é, tem ela. Eu tenho a
sensação de que ela não é tão efetiva quanto a escova,
me sinto meio suja, contaminada, mas estudos indicam que ela é melhor que a
escovinha, quem somos nós pra discordar né. Só vi ela no Erasto e no Hospital
Pequeno Príncipe. Caso você precise utilizar ela, aqui vai o tutorial: primeiro
lave sua mão normalmente com sabão e seque com o papel. Faça uma
pocinha de preparação alcoólica na mão, junte seus dedos e faça movimentos
circulares por 5 segundos, para limpar as unhas. Repita com a outra mão. Após
isso, siga o mesmo tutorial da escovinha, com a diferença que sua mão passa
a ser a escova. Use a quantidade de preparação alcoólica que você achar
necessário. Depois que você esfregou bem, passe uma última camadinha de
preparação alcoólica e se dirija para a sala – cenas para o próximo capítulo.
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CAPÍTULO 3: PARAMENTAÇÃO
Aí você, acadêmico belo, se lavou bonitinho e foi pra sala de cirurgia. E agora?
Depois disso, coloca seu avental. Voce deve estar pensando AH MAS ISSO É
ÓBVIO. Mas filho, na hora ali do vamo ver, você acaba confundindo, dá um bug
no cérebro e quando tu vai ver, botou a luva antes do avental (já aconteceu
comigo algumas vezes no começo). É sempre importante ter essa ordem
bem clara na cabeça, até que se automatize.
Para colocar o avental: tem locais e pessoas específicas (alo Erasto) que tem
uma peculiaridade de colocar o avental sempre virado para a mesa cirúrgica. O
que tem a ver eu não sei, eu só aceitei e faço. Mas em outros locais, você
colocando o avental tá bom, não importa se tá virado pra parede, pra mesa,
whatever. Procure um local da sala de cirurgia que esteja mais vazia e que
você consiga se movimentar bem. CUIDADO PRA NÃO SE CONTAMINAR.
Essa é a regra master do acadêmico no CC – já somos muito julgados porque
pessoas noob vão lá sem a mínima noção do que estão fazendo e SE
contaminam ou contaminam a cirurgia. Não seja essa pessoa.
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Pegue o avental pela borda superior, e abra ele. Coloque o avental e vire de
costas para a circulante de sala, para que ela possa fechar pra você. Feito isso,
abra o envelope com sua luva e calce-a. Sempre puxe a luva para que ela
cubra toda a ribana do avental.
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Feito isso, você está devidamente paramentado. A partir de agora, tome muito
cuidado onde você encosta na sala, pra não se contaminar. Se você acabar se
contaminando, não hesite em avisar o residente e a circulante de sala, e
solicite uma nova luva.
As vezes o residente já vai ter se lavado junto com você, as vezes não . Voce,
como instrumentador/auxiliar, é responsável por fechar o avental dele e de
todos os outros membros da equipe que estiverem paramentados, depois da
circulante de sala ter fechado a parte não estéril. Certifique-se de que o avental
de todos esteja fechado na parte posterior antes do início da cirurgia. Para
fechar, é simples: desamarre as duas fitinhas de um lado, rode o avental até o
outro lado e amarre.
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CAPÍTULO 4: MONTAGEM DA MESA CIRÚRGICA E INSTRUMENTAIS
Vamos agora para uma parte mais trabalhosa – a montagem da mesa. Aqui
vamos gastar um tempinho considerável.
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Existem diversas caixas diferentes de materiais cirúrgicos, específicos para
cada procedimento, e infelizmente isso você só vai se acostumar na prática.
Por vezes, vai vir algum material muito específico daquela cirurgia e você não
vai saber o nome. Não precisa se desesperar. Sempre pergunte pro residente o
nome (E GUARDE O NOME), não tenha vergonha. Voce não é obrigado a
conhecer tudo.
Uma dica: você precisa pegar a prática de pensar nos tempos cirúrgicos e se
adiantar em relação a eles. Ou seja: você sabe que depois do residente se
paramentar, a primeira coisa que ele vai fazer é realizar a antissepsia da área
em que a cirurgia vai ocorrer. Então se agilize: quando abrir a caixa de
materiais, a primeira coisa que você vai fazer é retirar a pinça para antissepsia,
a cubinha e as gazes que vem junto. Voce vai pedir pra circulante de sala
colocar o clorex na cuba, e vai montar a boneca com as gazes.
Mas Amanda, como faz a boneca? Existem diversas maneiras, mas a que eu
acho melhor (e que vale para fazer gazes montadas – cenas dos próximos
capítulos) é de colocar 2 gazes abertas uma em cima da outra, e dobrar ela no
meio 2 vezes, depois dobrar no meio na outra direção. E qual pinça eu uso pra
prender a boneca? Existem algumas opções também:
Figura 6 PEAN
Figura 8 CHERON Figura 7 FOERSTER
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deixe separado em um cantinho da mesa. As vezes não tem Backaus
suficiente, então podem ser usadas Allis ou Kelly reta, se houver sobrando na
caixa. Desenrole o cautério e o deixe separado na mesa também, pois ele será
fixado logo depois da colocação dos campos.
Figura 10 Cautério
Hemostasia
Preensão Diérese
Mas Amanda, o que são esses nome tudo aí que você colocou nos quadrados?
Pra que servem? De onde vieram? Eis a explicação: são tempos cirúrgicos.
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abordagem de determinado órgão ou região. Os principais instrumentais
usados aqui são o BISTURI e as TESOURAS.
PREENSÃO – Os instrumentos de preensão são aqueles destinados a
preender e segurar vísceras e órgãos. Compreende algumas pinças,
que eu vou explicar melhor adiante.
HEMOSTASIA – É o processo para prevenir, deter ou impedir o
sangramento. Compreende diversas pinças – explicação melhor adiante.
ESPECIAIS – São instrumentais utilizados para finalidades específicas.
São variados e dependem da especialidade cirúrgica.
EXPOSIÇÃO – Compreende os instrumentos utilizados para afastar os
órgãos, garantindo melhor visualização. São os afastadores.
SÍNTESE - Consiste na aproximação das bordas de uma lesão, com a
finalidade de estabelecer a contiguidade do processo de cicatrização.
Compreende o porta-agulhas e diversos tipos de agulhas.
DIÉRESE
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assim o instrumento) tem uma lamina de corte pequena em relação ao seu
corpo, enquanto que a Mayo tem uma lamina que é metade do corpo da
tesoura. Ambas as tesouras possuem versões reta e curva.
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PREENSÃO
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Lembrando sempre de entregar o instrumental na mão do cirurgião, da maneira
que ele vai empunhar o instrumental. Eu vou repetir isso sempre, porque é
MUITO importante. Por vezes o cirurgião não vai nem te olhar, vai só solicitar o
material e estender a mão. E as vezes, é muita correria e ele te pede rápido um
instrumental, e se ele tiver que parar e consertar a empunhadura, estará
perdendo um tempo que pode ser valioso. Voce, instrumentador, precisa ser
eficiente. Não pode ficar comendo bola e dormindo no ponto. Tem que ser
atento e ágil.
HEMOSTASIA
Depois que você fizer a divisória, separe então um espaço para pinça Kelly e
Crile reta, Kelly e Crile curva, Allis e Koscher.
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Figura 16 CRILE
Figura 17 KELLY
lamina. Na prática, ninguém diferencia elas. São usadas para a mesmíssima
função.
Uma versão mini para hemostasia é a pinça Halsted ou mosquitinho (ela vai
ser solicitada por esse nome). Ela é bem pequenininha, então é fácil identifica-
la.
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A pinça Mixter é utilizada para dissecção de tecidos e tem a ponta BEM
angulada. É fácil identificar ela.
ESPECIAIS
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A preensão de alças intestinais é mais tradicionalmente realizada com os
clampes intestinais. Eles podem ser retos ou curvos.
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A pinça Satinsky é usada na cirurgia
vascular.
Figura 19 BABCOCK
Figura 18 COLLIN
Existe também a pinça de Rochester, que parece uma Crile, mas é maior e é
muito robusta. É uma pinça originalmente hemostática, mas é mais usada para
pinçamento de estruturas, como pedículos e alças intestinais ressecadas. Pode
ser curva ou reta.
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Tem uma tesoura utilizada na cirurgia vascular chamada
Tesoura de Potts. Ela é fácil de ser identificada porque tem
uma ponta fininha e angulada.
Figura 20 POZZI
AFASTADORES DINAMICOS
Tem também o afastador Deaver, que parece uma lamina em forma de foice.
Eu não lembro de ter utilizado nenhuma vez, mas se você se deparar com ele,
este é nome dele.
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Outro afastador utilizado é o Langenbeck. Ele não vem na
caixa de materiais como o Farabeuf, e se for utilizado, será
solicitado para a circulante de sala, que irá trazer em um
pacote estéril.
AFASTADORES ESTÁTICOS
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Tem um afastador que é mais delicado, usado na neurocirurgia, cirurgias da
mão e nos membros, chamado de afastador de Adson. Ele parece garfinhos.
SÍNTESE
A síntese engloba o fechamento dos tecidos por planos, e aqui são utilizados o
porta-agulhas, as agulhas e os fios.
Figura 27 MATHIEU
Existem agulhas separadas dos fios para algumas ocasiões. Para isso, no kit
dos materiais, vem um agulheiro, que você não deve jogar fora no final da
cirurgia.
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Geralmente as agulhas avulsas são utilizadas para montar algodão ou seda.
No laboratório eu vou mostrar a técnica, porque não consigo descrever de uma
forma que de pra entender e não tem imagens no google. A seda e o algodão
são colocados de maneiras diferentes na agulha.
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FIOS NÃO AGULHADOS
Os mais utilizados são o algodão 0, algodão 2-0, algodão 3-0 e seda. Eles vem
em pacotinhos que nem os fios agulhados. Aconselho cortar o pedaço do papel
que diz o tamanho do fio e fixar junto com ele, pendurado no campo cirúrgico –
não o da mesa. Dessa forma, você não mistura o tamanho dos fios e também
fica muito mais fácil pra tirar o fio do que se ele estiver na mesa.
FIOS AGULHADOS
ABSORVÍVEIS
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CATEGUTE – fabricado a partir de colágeno da submucosa do intestino
de ovinos ou da serosa intestinal de bovinos, está disponível nas formas
simples e cromado. Causa mais reação tecidual que os
absorvíveis sintéticos. O simples perde metade da
resistência após 5 a 7 dias nos tecidos e 100% após 3 a 4
semanas. O tratamento do fio com sais de cromo prolonga
o tempo de absorção e aumenta sua resistência à tensão.
O categute cromado perde 50% da resistência em 19 a 20
dias e 100% após 5 semanas nos tecidos. Trata-se de um
fio monofilamentar. Geralmente o categute (2-0 simples) é
utilizado para fechamento do peritônio e subcutâneo.
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POLIGLECAPRONE (MONOCRYL) – fio
monofilamentar que tem um tempo de absorção
entre 90 e 120 dias. Tem mínima reação tecidual.
Pode ser chamado de caprofyl também. Pode ser
usado em anastomoses intestinais e para
fechamento da pele (sutura intradérmica).
INABSORVÍVEIS
POLIÉSTER (DACRON) – fio multifilamentar
trançado de alta resistência.
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É importante lembrar sempre de colocar pelo menos 1 pacote de gazes (com
10 gazes) e 1 de compressas (com 5 compressas) a disposição do cirurgião.
Disponha-as na mesa conforme o espaço que você tem disponível.
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CAPÍTULO 5: COLOCAÇÃO DOS CAMPOS CIRÚRGICOS
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CAPÍTULO 6: DICAS
Uma dica legal é a de sempre manter a sua mesa organizada. Com uma mesa
organizada, você não se perde na hora de entregar um instrumento para o
cirurgião, e ele ainda terá uma visão de que você é organizado. Além disso,
cirurgiões geralmente pegam um instrumental, usam e jogam no campo. Retire
esses instrumentais se eles não estão sendo utilizados, para que não fiquem
acumulados e acabem caindo no chão – acontece, e não é bom, porque as
vezes na caixa de instrumentais só vem 1 unidade de alguns instrumentos.
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como agulhas utilizadas para infiltração. Descarte tudo com as pontas viradas
para baixo.
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