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subúrbios,

minha violência
amedrontado ele ame deu uma leve dentada na mão. Uma fúria diabólica
com
instantaneamente
apossou-se de mim. Cheguei a desconhecer-me. Parecia que alma
havia abandonado
Edgar de repente o corpo e uma maldade mais do que satânica,
original
álcool, me Allan
fazia vibrar
Poe
todas
... Gato
as !bras
Preto.pdf
de meu corpo. Tirei do bolso do colete um
saturada de
abri, agarrei
canivete, o pobre animal pela garganta e, deliberadamente, arranquei-lhe
olhos
um dos da órbita! Coro, abraso-me, estremeço ao narrar a condenável
atrocidade.
Quando, com a manhã, me voltou a razão, quando, com o sono des!z os
de orgia,
fumos daexperimentei
noite uma sensação meio de horror, meio de remorso pelo
me
crimetornara
de queinsensível. Deera,
culpado. Mas quando muito, uma sensação fraca e equívoca
permanecia
e a alma novo mergulhei em excessos e logo afoguei no
lembrança
vinho toda do a meu
ato.
Enquanto isso o gato, pouco a pouco, foi sarando. A órbita do olho arrancado
verdade,
tinha, é uma horrível aparência, mas ele parecia não sofrer mais nenhuma
pela
dor. casa como de costume, mas, como era de esperar, fugia com extremo
Andava
aproximação.
terror a minha Restava-me ainda bastante de meu antigo coração, para que
a
meprincípio,
magoasse, aquela evidente aversão por pa"e de uma criatura que tinha sido
amada
outrorapor tãomim. Mas esse sentimento em breve deu lugar à irritação. E então
como
apareceu,para minha queda !nal e irrevogável, o espírito de perversidade. Desse
cuida
espíritoa !loso!a.
não Entretanto, tenho menos ce"eza da existência de minha
ser
almaessa perversidade
do quefaculdades
de um dos impulsos primitivos do coração humano, uma
indivisíveis
das primárias, ou sentimentos, que dão direção ao
caráter
Quem não do homem.
se achou centenas de vezes a cometer um ato vil ou estúpido, sem
senão
outra a de
razão saber que não devia cometê-lo ? Não temos nós uma perpétua
apesar
inclinaçãode nosso melhor bom-senso, para violar o que é a lei, pelo simples
compreendermos
fato de que ela é a Lei? O espírito de perversidade, repito, veio a
derrocada
causar, !nal.
minha Foi esse anelo insondável da alma, de to"urar-se a si próprio,
violentar
de a sua própria natureza, de praticar o mal que pelo mal, que me levou
continuar
a e, por !m, a consumar a to"ura que já havia infringido ao
inofensivo
Ce"a manhã, animal.
a sangue-frio, enrolei em seu pescoço e enforquei-o no ramo
enforquei-o
de uma árvore, com as lágrimas jorrando-me dos olhos e com o mais amargo
coração.
remorso Enforquei-o
no porque sabia que ele me tinha amado e porque sentia
me tinha
que ele não dado razão para ofendê-lo. Enforquei-o porque sabia que, assim
fazendo, estava

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cometendo um pecado, um pecado mo"al, que iria pôr em perigo a minha


colocando-a - se tal coisa fosse possível - mesmo fora do alcance da in!nita
alma
do imo"al,
mais misericordioso terrível
misericórdia
Deus.
Na noite do dia no qual pratiquei essa crudelíssima façanha fui despe"ado do
gritos de: "Fogo!" As co"inas de minha cama estavam em chamas. A casa
sono
Foi pelos
com grande di!culdade que minha mulher, uma criada e eu mesmo
inteira ardia.
escapar ao incêndio. A destruição
conseguimos Página foi2completa.
/ 7Toda a minha fo"una foi
entreguei-me desde então ao
tragada, e
desespero.
Não tenho a fraqueza de buscar estabelecer uma relação de causa e efeito

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