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Lisboa
2015
Lisboa
2015
II
III
Resumo:
Este estudo emergiu durante o estágio, foi no decorrer deste que pude constatar
sobre importância da conquista da autonomia na vida de uma criança. Surgiu então a
questão na qual me foquei para esta investigação – A conquista da autonomia: Qual o
papel do reforço positivo.
IV
Palavras-chave
Autonomia
Reforço-positivo
Conquista
Iniciativa
Abstract
This Final Report is based on the Qualitative and Interpretive Paradigm and falls
within the framework of the Scientific Field of Prática de Ensino Supervisada –
PES (Supervised Teaching Practice), from the Master in Preschool Education at Escola
Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich.
This study emerged during the internship, when I could observe the importance of
the conquest of autonomy in the life of a child. The question then arose in which I
focused on for this investigation - The conquest of autonomy: What is the role of
positive reinforcement.
The data for this investigation were collected at a private institution during my
internship in the academic year 2011/2012. This work derives from data collection
instrument, the Field Notes, that sustain all of my study.
The collected data were analyzed by me and then grounded with referenced
authors, this enabled me to understand some strategies and attitudes I could use as an
educator.
The theoretical basis that was used allowed me to justify the reflection and analysis
of the Field Notes. And by this I could verify that the analyzed data point to a strong
relation between the adult role in the child's conquest of autonomy and the child's own
motivation in that achievement.
VI
Key Words
Autonomy
Positive reinforcement
Achievement
Initiative
VII
Índice:
1. Introdução ................................................................................................... 9
2. O problema: A relevância (porquê?) ………………………..…….........11
A conquista da autonomia: Qual o papel do reforço positivo?
3. Os objectivos: A adequação (para quê?) ……………………………… 17
Intencionalidade
Objectivos do trabalho
4. Metodologia: A autenticidade (como?) ………………………………... 19
Posicionamento paradigmático (qualitativo e interpretativo)
As Notas de Campo como instrumento de recolha de dados
Descrição de procedimentos
Implementação – Cronograma (o quê/quando?)
5. Leitura dos dados (análise e interpretação) – A sustentabilidade…… 24
Indicadores; Significado/Significados;
Adequação da Notas de Campo e fundamentação teórica
6. Conclusões: A transformação ………………………………………..... 31
Breve resumo sobre os aspectos fundamentais do trabalho
7. Referências Bibliográficas ………………………….…………………...34
8. Anexos …………………………………………………………………... 36
Notas de Campo
VIII
Introdução
O presente Relatório Final, que se encontra redigido sob o antigo acordo ortográfico,
insere-se no âmbito da Área Científica de Prática de Ensino Supervisionada (PES), que
por sua vez, se encontra incluída no Mestrado em Educação Pré-escolar.
Assim, este relatório começa com uma introdução, onde exponho a questão, bem
como a razão da sua escolha. Seguidamente o Problema, onde explico de forma mais
aprofundada o problema/questão que está na base deste relatório e a justificação da
escolha do mesmo, bem como a sua contextualização e sustentação teórica.
No capítulo que se segue explico a Metodologia do trabalho é esta baseada no
paradigma qualitativo/interpretativo por se tratar de um estudo na área das ciências
humanas. Aclaro as características do paradigma qualitativo, o cronograma do relatório
e defino qual a importância das Notas de Campo como instrumento de recolha de
dados.
Desta forma, propõe-se neste relatório final entender de forma mais aprofundada
qual o processo da conquista da autonomia na criança em idade pré-escolar e quais as
estratégias que o educador deve utilizar para um melhor desenvolvimento desta.
O Problema
Seria difícil não constatar, que para esta escola é especialmente importante o tema da
autonomia na medida em que está registrada como um objectivo a ser desenvolvido
junto aos alunos pelo colectivo docente. Como estagiária, pude observar que prima
bastante pela autonomia e tem como um dos seus objectivos orientar a criança para uma
“autonomia responsável”, pois para esta escola “a criança autónoma respeita a
autonomia do outro e está preparada para o Amor, o Diálogo, a Compreensão e a
Tolerância.” (Retirado do site oficial da Escola “Ave-Maria” – Direcção).
Este foi um aspecto que pude observar, pois fiquei admirada com o grau de
desenvolvimento e autonomia que crianças de três anos podem alcançar.
disputa pelo mesmo brinquedo e alguns conflitos entre pares ainda eram frequentes,
fazendo assim com que recorressem várias vezes ao adulto para resolução do problema.
“R dirige-se a mim e diz: «Leonor, a M diz que eu não posso brincar com ela
porque sou bebé!» (…).”
Estas crianças encontravam-se numa fase de exercício de autonomia, e esta fase leva
à necessidade de se estabelecer algumas regras e limites considerados imprescindíveis.
A necessidade de estabelecer regras e limites tem a ver, essencialmente, com o saber
dizer “não” à criança. Pois, uma criança que cresce sem limites não significa que se
torne numa criança livre nem feliz, pelo contrário, muitas vezes estas crianças
encontram-se permanentemente angustiadas, têm pesadelos e são inseguras. Assim,
estabelecer regras e limites tem uma função estruturante na mente da criança, desde que
estas sejam claras, coerentes, firmes, constantes e consequentes. A criança precisa de
conhecer até onde pode ir para se sentir mais confiante e alimentar a auto-confiança,
porque isso fá-la-á sentir-se mais segura e consequentemente mais autónoma.
Penso que os princípios e valores que regem a minha prática educativa estão
totalmente ligados aos princípios e valores que regem a minha vida pessoal. À medida
que fui amadurecendo, a minha perspectiva do mundo e a minha maneira de viver
tornaram-se mais sólidos. É muito importante ter oportunidade de decisão sobre os
problemas com que me deparo, sem nunca desprezar os valores que fui adquirindo. Um
dos aspectos que me permitiu solidificar os meus valores foi perceber que não se é feliz
sozinho, que a felicidade só é real sendo partilhada. Por isso, prejudicar, maltratar e
desrespeitar as pessoas que nos rodeiam nunca será a solução para viver bem; saber
defender e ser firme nas minhas opiniões e nos meus pontos de vista; não deixar que me
desrespeitem nem que me humilhem; são os pilares que sustentam a minha maneira de
estar. Portanto, como afirmei no início deste parágrafo, os valores e princípios que
regem a minha prática educativa não se conseguem separar dos princípios e valores que
regem a minha vida. Assim, o mais importante na minha prática educativa é talvez, mais
do que ensinar às crianças os planos curriculares, ensiná-las a viver, a tornarem-se
sujeitos das suas próprias histórias e a saberem “ler” o mundo que as rodeia. Por esta
razão, através do exemplo e da liberdade de experimentação, gostaria de “guiar” as
crianças com que futuramente irei trabalhar para que deem valor à vida; para que se
respeitem e respeitem o próximo, para que saibam diferenciar o respeito pelos adultos; e
por último, mas com a mesma importância, que se tornem crianças e adultos autónomos
ou seja, com capacidade de decisão e de escolha.
Durante o estágio fui-me apercebendo que o Reforço Positivo poderia ser um grande
pilar na conquista da autonomia. Apercebi-me, que ao reforçar positivamente um acto
de uma criança ou encorajá-la, aumentava a probabilidade de resposta por parte da
criança. Reforçar o comportamento positivo ajuda a criança a sentir-se bem com as suas
escolhas, o que, por sua vez, motiva-a a aperfeiçoar ainda mais o comportamento que
lhes traz gratificações. O Reforço Positivo é uma forma de incentivo, que faz com que a
criança se sinta reconhecida pelos seus esforços. Basta dizer ou ter atitudes simples com
a criança para que esta tenha mais vontade e incentivo para agradar e realizar novas
conquistas. E tudo o que a faça sentir-se válida e que lhe dê auto-estima, vai
consequentemente torna-la mais autónoma.
problema que se integra na minha decisão de trabalho: A conquista da autonomia:
qual o papel do reforço positivo?
“ (…) Quando acabou de descer olhou para mim e disse: “O P (2,11) conseguiu
descer as escadas todas sozinho, sem ajuda! A Leonor viu?”. Respondi: “Vi pois!
Muito bem, espetacular!”. (…) ”
Penso que encorajar a acção de uma criança (Reforço Positivo) por um esforço ou
por uma conquista, motiva-a e leva-a a adquirir maior autonomia. O adulto, ao reforçar
positivamente um esforço ou uma conquista da criança, está a ajuda-la a sentir que é
capaz de fazer bem e está também a elevar-lhe a auto-estima. É ao sentir-se capaz que a
criança vai-se tornando mais segura e consequentemente autónoma. Portanto, segundo
esta lógica, penso que o Reforço Positivo é um factor essencial para a conquista da
autonomia.
Considero que o Reforço Positivo pode ser uma estratégia eficaz na conquista da
autonomia, pois ao ser reconhecida pelos comportamentos adequados, a criança tanto
vai tentar comportar-se novamente daquela maneira (pois gosta de ser reconhecida e
gosta de agradar os adultos que fazem parte da sua vida), como, fica mais motivada a
realizar novas conquistas e a sentir-se “livre” e “à vontade” para tomar as suas decisões.
A auxiliar depois desta situação ter acontecido explicou-me que M tem algumas
dificuldades em comer a salada, e são raras as vezes que come, o normal, quando
alguém insiste para que coma, é pôr na boca e cuspir a salada para o prato.
Numa tentativa que M comesse a cenoura tentei incentivá-la com algo que lhe iria
suscitar interesse dizendo-lhe que a cenoura iria fazer-lhe bem e que se a comesse
ficaria com os olhos mais bonitos. O meu incentivo resultou, pois M comeu a salada e
sentiu-se bastante realizada por ter conseguido fazê-lo.
Na minha opinião, é nestas pequenas conquistas realizadas pela criança, que o adulto
deve aproveitar para a reforçar positivamente e para a motivar, mostrando assim à
criança que esta é capaz disto e de muito mais.
Por esta razão, os adultos que convivem diariamente com crianças, não devem nunca
desprezar estes pequenos momentos diários para as reforçar positivamente. Pois a
criança vai se tornando cada vez mais confiante, tendo oportunidade de desenvolver a
sua autonomia.
Assim, considero que a criança deve ser valorizada pelo esforço e não pelo produto
final, e deve também saber valorizar-se e valorizar os outros, ficando mais motivada a
ser autónoma. Na Nota de Campo abaixo citada, podemos observar um exemplo do que
acabei de referir, a criança é reforçada e estimulada a fazer sozinha, acabando por ser a
própria criança a valorizar-se pelo esforço e pela conquista.
Diante desta perspectiva e depois de uma reflexão geral sobre a influência do reforço
positivo na conquista da autonomia surgem as seguintes questões:
Os Objectivos
As palavras podem ser interpretadas de várias formas e ter vários significados, por
isso é bastante importante e necessário esclarecer qual o significado dos termos
utilizados neste relatório. Assim, irei definir quais os conceitos-chave do enunciado do
problema e irei definir o que significam neste contexto.
Conquista – acção de lutar para se obter o que se quer; o que se obtém através de
esforço ou trabalho (Grupo Porto Editora, Dicionários e Enciclopédias, Infopédia).
Reforço Positivo – aquilo que serve para dar mais força, solidez, intensidade e
resistência (Grupo Porto Editora, Dicionários e Enciclopédias, Infopédia). “Para
Skinner um reforço positivo é qualquer estímulo que, quando acrescentado à situação,
aumenta a probabilidade de ocorrência na resposta. (…) O reforço é definido como algo
que se observou aumentar a probabilidade de repetição da resposta.” (Sprinthall &
Sprinthall, 1993,p.226)
A intencionalidade desta investigação é aprofundar o conhecimento sobre o papel do
reforço positivo na conquista da autonomia. Como educadora, pretendo investigar os
procedimentos que envolvem o reforço positivo na aprendizagem e que melhor se
adequem ao desenvolvimento da autonomia.
Metodologia
analisar detalhadamente dados descritivos, para que assim se torne mais
compreensível e esclarecedor o objecto de estudo.
• “Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que
simplesmente pelos resultados ou produtos.” (p. 49). - Maior interesse pelo
processo do que pelo produto/resultado. Neste tipo de investigação, mais
importante que os produtos, são os processos. Conhecer a natureza dos
fenómenos ou acontecimentos a observar é assim muitíssimo importante -“O
interesse é o Processo e não o produto/resultado”-. Isto acontece porque o
investigador, ao observar, tem de reconhecer expectativas, procedimentos e
interacções. O investigador desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a partir
de padrões encontrados nos dados, em vez de recolher dados para provar alguma
teoria.
• “Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma
indutiva.” (p. 50). - Análise de dados é realizada de forma intuitiva. Os dados são
tendencialmente analisados de forma indutiva. O investigador não se centra,
somente em considerações já formadas, mas sim tira as suas conclusões à
medida que recolhe e analisa diferentes dados. Assim, o investigador parte dos
dados para a elaboração da teoria.
• “O significado é de importância vital na abordagem qualitativa." (p. 50). -
A importância vital do significado. Os investigadores procuram perceber as
sensações, a forma de interpretar as situações e a forma como os sujeitos que
está a investigar, se estruturam no ambiente.
Com isto, posso concluir que o grande objectivo deste tipo de investigação é
perceber a fundo os comportamentos e as experiências humanas.
No início de uma investigação sabe-se pouco sobre as pessoas que vão ser estudadas,
portanto, a formulação das questões virá depois, e é resultante da recolha de dados,
como por exemplo de Notas de Campo.
Estas serão o instrumento que irei utilizar durante esta investigação. As Notas de
Campo devem ter uma parte muito descritiva, para que quem as lê consiga imaginar
exactamente o que aconteceu. Devem ter também, uma parte inferencial onde o
investigador deve colocar o que sentiu, as suas questões as suas hipóteses e ideias. E por
fim, uma parte reflexiva onde a partir da parte descritiva juntamente com as inferências,
o investigador deve comentar, justificar e fundamentar teoricamente, baseando-se em
autores de referência.
Segundo Biklen e Bogdan (1994. p.150), “as notas de campo são as «fatias de vida»
a que o investigador assiste e que capta de forma objetiva e detalhada, são «o relato
escrito daquilo que o investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e
refletindo sobre os dados de um estudo qualitativo”.
Seguidamente irei enumerar os procedimentos deste relatório, ou seja o conjunto de
etapas realizadas neste processo:
10ª Etapa – Por fim, foi elaborada a conclusão do trabalho, a introdução, o resumo e
as referências bibliográficas que o suportam. Por último a apresentação de dados
compilados no terreno foram anexados.
PES Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Outubro/Novembro
Recolha de Notas de
Campo de forma
aleatória.
A emergência do
problema.
Recolha de Notas de
Campo focalizadas.
Orientação Tuturial
Recolha
Bibliográfica
Definição
Operacional de
Termos.
Escolha/identificação
das finalidades e
objectivos para o
trabalho.
Breve definição do
paradigma e
metodologia
qualitativa.
Explicar as Notas de
campo como
instrumento de
recolha de dados.
Cronograma,
identificação e
construção dos
procedimentos.
Leitura dos dados: A
sustentabilidade;
Conclusões;
Introdução
Referências
bibliográficas;
Anexos
Leitura dos dados
Encontrei dois indicadores distintos, pois pude observar que se destacavam dois
tipos de atitude no processo de conquista da autonomia. O primeiro aborda o papel do
adulto na conquista da autonomia da criança (que se resume no caso ao reforço positivo)
e o segundo aborda a iniciativa da criança para a conquista da autonomia.
Numa análise mais cuidada das Notas de Campo recolhidas em tempo de estágio,
pude verificar que algumas palavras se destacavam, por terem grande importância na
minha investigação: autonomia, reforço positivo, incentivar, encorajar, vitoriar, escolha,
experiências, explorar, decidir, competências.
Depois de ler várias vezes as Notas de Campo, pude constatar que se encontram
muito presentes duas categorias. Pois, verifiquei que constantemente reforçava
positivamente as crianças para que estas alcançassem sozinhas os objectivos
pretendidos. E outras vezes as próprias crianças mostravam esforço e iniciativa para
fazerem sozinhas.
Categoria A: Estratégias do adulto de Reforço Positivo para a conquista da
autonomia da criança.
Penso que é importante, antes de desenvolver esta categoria, recordar que o processo
de conquista da autonomia não se resume ao reforço positivo, no entanto, durante esta
investigação quis aprofundar mais a fundo a relação entre reforço positivo e autonomia.
Sendo assim, nesta categoria vou ter como assunto maior o papel do adulto empregando
o reforço positivo na conquista da autonomia.
Pude observar durante o estágio, no registo das Notas de Campo e na reflexão destas,
que o reforço positivo era uma estratégia muitas vezes presente no dia-a-dia. Assim, em
nove Notas de Campo foram frases como as que se seguem que me fizeram
consciencializar disso:
“ (…) «Vá, calce lá os sapatos sozinha que sei que é capaz!» (…) ” N.C.
(21/03/2012).
“ (…) «Boa P, já viste a torre que fizeste? Tão grande! Estás mesmo crescido!» (…)
” N.C. (03/05/2012).
“ (…) «Mas a R (…) Já sabe fazer muitas coisas sozinha, e já brinca com os
amigos!» (…) ” N.C. (09/05/2012).
Através da leitura, análise e interpretação das notas de campo, pude constatar que ao
longo da minha acção pedagógica utilizava com frequência o reforço positivo
constatando que este pode ser uma estratégia muito eficaz de incentivo à autonomia da
criança.
Desta forma, analisei que quanto mais a criança for reforçada positivamente, mais
vontade e aptidão tem para fazer sozinha e consequentemente para ter capacidade de
decisão, portanto de alcançar a sua autonomia.
Como referi anteriormente, considero que reforço positivo não passa apenas por
elogiar ou incentivar a criança, mas também, por dar liberdade à criança para ela própria
experimentar, transmitindo assim que temos confiança nela. Só experimentando é que a
criança pode ter “espaço” para ganhar a capacidade de decisão. Portanto, é
experimentando que a criança vai conquistando a sua autonomia.
“Em nosso entender, o papel do professor mantém-se essencial mas muito difícil
de aferir: consiste basicamente em despertar a curiosidade da criança e estimular-
lhe o espírito de investigação. Isto é conseguido através do encorajamento da
criança para que coloque os seus problemas, e nunca através de imposições de
problemas para resolver ou do «impingir» de soluções. Acima de tudo, o adulto
deve continuamente encontrar novas formas de estimular a actividade da criança e
estar preparado para adaptar a sua abordagem conforme a criança vai colocando
novas questões ou imaginando novas soluções”
Assim, penso que o Reforço Positivo transmitido pelo adulto é realmente uma
estratégia de incentivo à criança para que esta vá alcançando a sua autonomia. Não só
porque o adulto presente na vida da criança (pai, mãe, educador, etc.) é o modelo que
esta quer seguir e por quem quer sentir-se reconhecida, como também, a criança sente-
se satisfeita e feliz com as suas conquistas e consequentemente com mais vontade de
concretizar novas conquistas.
Acredito que o adulto consiga cumprir o seu papel na conquista da autonomia da
criança, fazendo ao máximo com que esta acredite nas suas capacidades, incentivando-a
e reforçando positivamente os seus actos ou tentativas.
À medida que fui analisando as Notas de Campo, destaquei algumas frases que
considerei relevantes para esta categoria. Por vezes, em algumas situações, as crianças
mostravam que acreditavam nas próprias capacidades, enfrentando os desafios,
demonstrando aptidão a novas conquistas, e no fim mostravam-se conscientes e
orgulhosas por terem alcançado o objectivo.
Assume-se que as crianças quando podem fazer escolhas, optam pelo que é mais
favorável ao seu desenvolvimento, tendo em conta as necessidades de exploração e de
saber que aspiram (Portugal & Laevers, 2010). Neste processo, é importante perceber
que não podem deixar de existir regras e limites.
Desta forma, e para melhor compreensão desta categoria, em oito Notas de Campo
recolhidas, destaquei alguns aspectos que considero relevantes:
“ (…) L pega no livro que estava nas minhas mãos e diz: «Agora a L conta a história
aos meninos» (…) ” N.C., (28/03/2012).
“ (…) «Leonor já sou crescida, já tenho quatro anos e já não uso chucha!» (…) ”
N.C., (13/04/2012).
Penso que esta categoria está directamente relacionada com a motivação intrínseca -
“os motivos intrínsecos são aqueles que são satisfeitos por reforços internos, não
estando dependentes de objectos externos.” Sprinthall & Sprinthall (1993, p.508) -, ou
seja refere-se à motivação gerada pela própria necessidade da criança em fazer, superar
novos desafios e em consolidar conquistas já adquiridas.
Tive oportunidade de verificar que muitas vezes, as crianças querem fazer e superar
desafios sozinhas (sem a ajuda do adulto), muitas diziam que sabiam fazer e que
queriam fazer sozinhas. Isso fez-me questionar o facto de que as próprias crianças
sentem necessidade de auto-realização e de superação, atingindo assim aos poucos a
capacidade de decisão e de escolha, ou seja a autonomia.
Julgo que neste tipo de acontecimento o adulto deve observar a criança sem
interferir, deixando que a criança tente ao máximo atingir o objectivo pretendido, para
que assim esta se sinta realizada e motivada para novas conquistas.
Como referi anteriormente, julgo que a conquista da autonomia na criança está muito
relacionada com o papel do adulto na sua vida, no entanto, a autonomia não se
conquista se a criança não tiver desenvolvido o seu sentido de iniciativa e motivação.
Ou seja, a criança deve ter espaço para fazer sozinha, para se desembaraçar, para chegar
ao objectivo pretendido à sua maneira. Só com esta motivação para a competência é
que a criança vai conseguir dominar o ambiente que a rodeia e ser o autor da sua vida,
só assim se torna autónoma.
Robert White, um teórico da personalidade sugeriu que um dos motivos
humanos mais fundamentais se baseia num desejo forte e pessoal para dominar o
ambiente de cada um. White chama-lhe motivação para a competência. A
motivação para a competência, é sem dúvida, um motivo intrínseco, podendo até ter
um valor de sobrevivência para as espécies. Tornar-se competente, ou seja, alcançar
um certo grau de mestria sobre o seu ambiente, concede ao individuo a oportunidade
de tomar conta da sua própria vida e ser, de facto, o autor do seu próprio destino.
Conclusões
Para uma melhor compreensão do Relatório Final, nesta conclusão irei recordar a
pergunta de partida, os objectivos que inicialmente propus alcançar, bem como fazer
uma reflexão/avaliação sobre este percurso de aprendizagem.
Ao ler as Notas de Campo pude também reflectir sobre a minha interacção com as
crianças, percebi que permanentemente reforçava positivamente as crianças para que
estas conseguissem, por elas próprias, concretizar alguma tarefa ou alcançar um
objectivo.
realmente essencial para que a criança consiga ir adquirindo a sua autonomia. Pois, se a
criança for reforçada positivamente vai sentir-se capaz e motivada a fazer sozinha e a
concretizar escolhas e formas de realizar objectivos.
Agora que chego ao fim deste relatório final, posso reflectir sobre o que realmente
aprendi ao realiza-lo. Pois, a realização deste, foi sem dúvida uma aprendizagem
constante, quer a nível pessoal como a nível profissional. Percebi que a melhor forma de
compreender a fundo as necessidades de uma criança, ou de um grupo de crianças, é
através da observação, descrição, análise e reflexão dos seus comportamentos e
respostas.
Estas dificuldades fizeram com que me sentisse desmotivada algumas vezes durante
este percurso, pois ficava insegura e com medo que o meu relatório não estivesse com
as ideias organizadas. Penso que foi muito importante ter-me preocupado
constantemente com a solidez do relatório, pois só assim é que foi possível conciliar os
meus pensamentos e ideias ao mesmo tempo que tentava superar os objectivos
inicialmente propostos por mim, para o relatório final.
instrumento de trabalho bastante útil ao longo da minha prática, para compreender e
atender às necessidades das crianças de forma mais adequada.
Referências bibliográficas:
• Brazelton, T. B. e Sparrow, J. D., (2001), A Criança dos 3 aos 6 anos, (5ª ed.).
Lisboa, Editorial Presença.
• Hohmann, M., & Weikart, D. (1989), Educar a Criança, (5ª ed.). Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian.
• Sprinthall, Norman A. & Srinthall, Richard C. (1993). Psicologia Educacional.
Lisboa: Editora McGraw-Hill de Portugal, Lda.
• Torres, M., Santana, C., & Villela, G., (2009), A Autonomia da Criança no
Processo de Internalização. Recuperado em 2012, outubro, 11, de
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