Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A partir das ideias trabalhadas nos capítulos anteriores, percebe-se que a avaliação assume
papel relevante nessa primeira etapa da educação básica, a Educação Infantil, buscando uma
melhor efetivação do desenvolvimento das crianças e da sua aprendizagem. O professor
também tem um papel fundamental nesse processo, visto que é quem estará mais próximo das
crianças e quem observará o seu desenvolvimento, suas conquistas, mas também suas
dificuldades.
Neste capítulo será abordada a questão dos relatórios de registro como uma prática da
Educação Infantil que requer um redimensionamento do fazer do professor a partir do dia a
dia infantil, que estará aos poucos sendo descoberto e ressignificado. Partindo desse
pressuposto, é necessária a preocupação em registrar a história da criança, não como uma
memória, mas pensando o registro como um momento em que se está reorganizando o
pensamento de forma reflexiva.
Os relatórios terão a finalidade de reconstituir as experiências vivenciadas pela criança
quando em interação com o professor, além de se mostrarem como um momento de percepção
do professor a partir de suas intenções pedagógicas e do desenvolvimento do educando. Eles
também auxiliarão no momento em que o professor fará a socialização dos resultados das
avaliações às famílias, que são colaboradores e parceiros importantes para contribuir no
desenvolvimento da criança.
Nesse sentido, realizar relatórios de avaliação é necessário, visto que eles possuirão a análise
do professor a partir de situações de aprendizagem da criança, além de significar também o
reflexo e a reflexão do processo de ensino e de aprendizagem.
Dessa forma, o professor se sentirá um ator do processo pedagógico, assumindo seu papel de
forma compromissada e consciente, além de buscar outros parceiros nesse processo, como os
pais, outros professores e a própria criança.
Sabe-se que a observação é um processo fundamental na Educação Infantil, no entanto, ela
não atingirá sua finalidade se não houver o registro desse momento tão precioso. O relatório
de avaliação terá esse papel de registrar a historicidade do processo de construção do
conhecimento da criança, o que mais tarde poderá ser a base de sua identidade.
Esse relatório desafiará o professor a criar um olhar reflexivo a partir dos interesses, das
conquistas, limites e possibilidades da criança, fazendo com que se torne parte ativa das
conquistas realizadas por ela.
Os relatórios se tornam, também, instrumentos de socialização do desenvolvimento das
crianças para que outras pessoas e profissionais possam lançar olhares reflexivos, procurando
contextualizar o processo natural de desenvolvimento. Eles devem servir como documento
para que novos professores que venham a trabalhar com a criança tomem conhecimento do que
se passou com ela em anos anteriores e de como seu desenvolvimento vem acontecendo.
Os relatórios, como parte do processo avaliativo, exigem uma sistematização para que os
registros sejam significativos e traduzam de fato o que está ocorrendo com a criança. Eles
deverão ser organizados de
forma a permitir uma real avaliação do desenvolvimento da criança.
Para Hoffmann (2007, p. 56) algumas questões são essenciais para tal sistematização:
De onde a criança partiu? Quais foram suas conquistas? Que
caminhos percorreu para fazer as descobertas? Quais as suas
perguntas, dúvidas, comentários? Como reagiu diante de conflitos
emocionais ou cognitivos? Qual o papel do professor
nesses diferentes momentos? Essas e muitas outras perguntas
fazem parte do processo avaliativo no cotidiano.
Assim, o professor deve estar atento quanto a essas questões para que, a partir das
respostas evidenciadas, possa refletir sobre a criança e seu desenvolvimento. Hoffmann
(2007, p. 56) complementa que
“à observação, a reflexão teórica e a intervenção pedagógica são ações que, articuladas,
acabam por se configurar nos relatórios de avaliação”.
Portanto, o avaliador deve ter como meta essa articulação do trabalho para uma ação
pedagógica efetiva e que traduza o desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Outra questão que se deve ter como prioridade é que o relatório de avaliação tem como
natureza as atitudes da criança, seus hábitos na instituição em que está matriculada, para
posterior verificação e classificação das capacidades apontadas. Em momento algum se deve
apontar unicamente aquilo que ela é capaz ou não de fazer, pois dessa forma reflete-se um
embasamento em uma concepção de avaliação com um objetivo mais classificatório. Os
objetivos dos relatórios de avaliação são os de fazer a historicidade dos momentos e das
formas com que a criança se apropria do conhecimento de mundo, além
do desenvolvimento de valores, fazendo com que sua ação de conhecer se torne mais dinâmica
e concreta. Eles devem se configurar em um álbum que retrate a história de vida da criança,
permitindo
aos adultos com os quais ela convive melhor entendimento de seu desenvolvimento, como
forma de ajudá-la e compreende-la para que supere seus limites e aumente suas
possibilidades.
Dessa forma, não existe espaço para comportamentos listados em um “rol”, ou critérios
homogêneos
de desempenho em que serão realizados relatórios com roteiros fixos nos quais serão
apontadas classificações dos comportamentos apresentados pela criança avaliada. A partir
das interações realizadas com o objeto do conhecimento e com o professor, as crianças
mostrarão o caminho a ser seguido para a constituição do relatório de avaliação.
O professor, ao proceder ao relatório de avaliação, poderá se basear em algumas questões a
fim de delinear seu trabalho. A partir das ideias de Hoffmann (2007, p. 56), são apontados
alguns desses pontos norteadores como forma de exemplificar.
● Em que áreas do conhecimento/desenvolvimento a criança apresenta avanços?
● Quais os fatos que levam o professor a contextualizar tais avanços?
● Apresenta alguma área a ser mais bem trabalhada?
● Como pode o professor intervir nesse sentido?
● Qual a contribuição possível da família?
● Como a criança vem se desenvolvendo em relação às questões socioafetivas?
● Qual a postura do professor diante dos seus conflitos?
● Existe alguma sugestão que possa ser dada à família?
● Como os pais se referem ao desenvolvimento das crianças e ao trabalho da instituição?
● Como as crianças se referem quanto aos próprios avanços e ao trabalho que desenvolvem?
Quando fotografamos um aniversário, por exemplo, tiramos fotos dos momentos mais
significativos da festa, aqueles que sintetizam, da melhor forma possível, o evento que
queremos registrar, para relembrar o acontecido, para organizarmos nosso álbum de
memórias.
Assim também, na sala de aula, registros devem marcar etapas importantes de um projeto ou
sequência de situações de aprendizagem. Podem ser solicitados registros ao se dar início a um
novo projeto, com função de diagnóstico; nesse caso, o professor poderá perceber o
repertório artístico e estético de seus alunos, tendo, assim, melhor clareza de como orientar
seu planejamento a partir das noções e conceitos que a classe já possui, desvelando e
ampliando conhecimentos, corrigindo possíveis distorções e atendendo às necessidades e
interesses individuais e coletivos.
Registros também podem e devem ser feitos ao final de uma aula, etapa ou momento
significativo de um projeto ou sequência didática, quando se pretende verificar o que de fato
foi apropriado pela classe até então, observando suas dificuldades e progressos, verificando
como se dá a articulação entre o repertório dos alunos e os novos conteúdos trabalhados,
pensar intervenções, replanejar ações.
Os registros dos alunos podem ser feitos de forma individual, grupal ou com todo o coletivo
da classe, sempre mediados pelo professor, cujo encaminhamento deverá visar sempre a busca
daquilo que o aluno aprendeu em arte, não se atendo a questões como “você gostou do que
fez?’ “como você se sentiu?’…
Vale relembrar que toda produção dos alunos é uma forma de registro: desenhos, pinturas,
gráficos, charges, quadrinhos, tabelas, música, poemas, teatro, esculturas… E, é claro,
também fotos e gravações! O importante é que estes registros, todos, tenham legendas,
datas, que sejam contextualizados. Nada mais intrigante (e frustrante!) do que uma foto
antiga que ninguém mais se lembra de onde foi tirada, em que época, que pessoas são aquelas
ali retratadas… Assim, se o professor faz uma gravação de uma apresentação musical de seus
alunos ou os fotografa em uma atividade de pintura, é fundamental garantir todos os créditos:
a data, quem são as pessoas ali presentes, qual a etapa do projeto, qual o projeto… Alunos e
professores precisam adquirir o hábito de datar suas anotações, suas produções, de
contextualizá-las.
Quanto ao seu desempenho e atuação, observados em sala de aula, pudemos constatar que:
Uma vez alguns jovens músicos perguntaram a um famoso músico da África ocidental que
conselho ele daria a eles para que eles fossem tão talentosos quanto o músico. - "Eu posso dar
três conselhos," disse ele. "Meu primeiro conselho é: Pratiquem. Meu segundo conselho é:
Pratiquem. E meu terceiro conselho é: Pratiquem."
O mesmo conselho serve para qualquer tipo de escrita: Escreva vários rascunhos. Releia ao
final de cada rascunho. Peça a um amigo para lê-lo (revê-lo e oferecer sugestões). Peça
retorno e conselho: seja o seu próprio professor. As três dicas são: "Reescreva! Reescreva. E
reescreva!"
Você pode achar que a reescrita do seu documento seja uma perda de esforço e tempo. Longe
disso. Escritores profissionais escrevem até sete rascunhos antes de deixar que um
documento vá a público. Você deve escrever pelo menos três rascunhos: o rascunho inicial, o
segundo rascunho, e sua versão final.
Esteja preparado para reescrever até mesmo a versão final. A reescrita permite que, entre
rascunhos, você tenha tempo de ter uma visão mais objetiva e crítica do seu documento, de
remover muitos dos erros óbvios e de evitar que você se arrependa da elaboração de um
documento.
Outra dica é elaborar primeiro um esboço. Antes de começar a primeira frase, escreva um
esboço com os tópicos que deseja tratar. Faça uma lista com anotações de três palavras.
Apenas use papel-rascunho; é apenas para você.
Você pode querer reorganizar a ordem de tópicos assim que você os ver no papel. Você pode
usar esse esboço como seu guia pessoal enquanto estiver escrevendo o primeiro rascunho
Respeita as regras e combinados (da escola e da sala de aula). Têm um ótimo comportamento.
Participa de todas as atividades propostas com prazer. Em alguns momentos apresenta
timidez. É assídua e pontual.
Revela habilidades motoras, coordenação motora fina, sequência lógica, percepção visual e
capacidade de análise síntese adequados à sua idade.
Faz leitura de palavras, frases e pequenos textos assim, como o registro dos mesmos, sem
auxílio da professora. Seria e classifica objetos. Reconhece e registra os numerais fazendo o
uso adequado dos mesmos no dia a dia.
Participa com interesse dos projetos interdisciplinares, têm noção de si mesma, família,
escola, alimentação e profissão.
Importante:
O professor deve escrever como se estivesse escrevendo para alguém que não conhece as
crianças e, portanto, vão revelar as dificuldades com moderação. Neste documento é o lugar
do professor falar na sua própria voz revelando suas observações, planejamentos, reflexões e
planos futuros. A voz da criança será para exemplificar aquilo que vocês estão falando sobre
elas!
EXEMPLO 3:
Neste segundo trimestre, NOME DA CRIANÇA teve um bom desempenho, envolvendo-se com
interesse nas atividades propostas.
Continua estabelecendo um relacionamento muito amigável com seus colegas e professores. É
muito atenta em aula e procura ajudar os colegas sempre que possível. Colabora no
fortalecimento da amizade e respeito às regras de convívio na Escola. Na linguagem oral,
consegue se expressar com clareza e sequência lógica de ideias. Na linguagem escrita
consegue ler e escrever palavras e frases simples. Na área do pensamento lógico não
apresenta dificuldades, realizando com habilidade a adição e subtração.
Na maioria das vezes, sejam na realização das atividades, apresentações e outros, NOME,
mostra-se entusiasmada incentivando os colegas a participarem ativamente das atividades
propostas por mim ou por seus pares.
Conteúdos Trabalhados:
Avaliação da professora: