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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

A influência da motivação em uma organização militar


Dennis Renan Figueira Filgueiras – figdennis@gmail.com – UFF/ICHS
Renata Potengy Passos – renata-potengy@hotmail.com – UFF/ICHS

Resumo
Este artigo procurou observar a respeito da motivação no serviço público, e, para isso, usou
como referência uma organização militar, utilizando-se da teoria dos dois fatores, de
Herzberg. A metodologia da pesquisa foi de cunho quantitativo, com características de
levantamento, onde foi entrevistado o efetivo militar em exercício na referida instituição.
Concluiu-se que é possível impulsionar a motivação nos militares e que é um fator relevante
para a produtividade dos colaboradores.
Palavras-chave: Motivação, Setor Público, Organização Militar, Herzberg, Teoria dos Dois
Fatores.

1 – Introdução
Sabe-se que o serviço público é um direito da sociedade, conforme o Art. 6º da
Constituição Federal (CF, 1988). Sendo assim, será, então, que a motivação pode influenciar
na gestão administrativa? Com base nesse questionamento, esse estudo busca relacionar a
produtividade com a motivação do militar.
Acerca disso, menciona-se Chiavenato (2010, p. 5): ―com toda certeza, as
organizações jamais existiriam sem as pessoas que lhe dão vida, dinâmica, energia,
inteligência, criatividade e racionalidade.‖ Portanto, no interior de qualquer organização, seja
pública ou privada, burocrática ou não, pode haver investimentos em equipamentos valiosos,
tecnologia de última geração, infraestrutura bem montada e demais investimentos financeiros,
mas se não existir um quadro de pessoal que seja capacitado e motivado, a organização não
executa bem a sua tarefa, uma vez que são as pessoas que dão vida para a organização, ou
seja, elas terão sua produtividade abalada.
Considerando, ainda, Chiavenato (2010), cita-se inclusive que o desempenho é
resultado da competência do indivíduo, sendo potencializado por sua motivação e um
contexto organizacional favorável. Em resumo: Desempenho = Competência + Motivação +
Contexto Organizacional Favorável. Logo, é possível que a motivação seja considerada um
fator preponderante dentro de uma organização, visto que influencia diretamente na
produtividade da organização.
Diante da relevância de tal tema, o presente artigo busca avaliar a motivação dos
servidores de uma organização militar, revelando se existe a possibilidade de uma
organização burocrática impulsionar a motivação em seu quadro de pessoal, concluindo com
uma comparação dos resultados obtidos na produção da organização.

2 –Referencial Teórico
Uma série de fatores são influenciados e/ou influenciadores quando o assunto é
motivação. As Organizações Burocráticas no Brasil, por exemplo, são potencialmente
influenciadas pela motivação (Merton, 2000). Segundo Renato Cancian (2007), a burocracia
trata-se de um elemento de dominação criado por Max Weber, que, na verdade, é para ser
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algo positivo para as organizações, que traga mais organização e controle, que haja divisão de
tarefas e distribuição de funções, além de seleção de pessoal especializado. No entanto, o
excesso de rigidez e impessoalidade no processo, além do alto volume de normas e
regulamentos a serem cumpridos, acarretam em resultados contrários aos esperados, causando
lentidão no sistema, por exemplo, que, em suma, denominam-se como disfunções da
burocracia.
Não obstante, a motivação tem sua parte de influência no Clima Organizacional,
afetando a eficiência, eficácia e efetividade da produção. Para isso, é necessário que haja certo
cuidado com a Gestão de Pessoas, uma vez que, sem pessoas, conforme pensamento de
Chiavenato (2010), não é possível gerir um empreendimento, sequer operar uma máquina.
Uma empresa sem pessoas não produz, pois a maquinaria não faz tudo sozinha, e zelar por
esse quadro de pessoal é importante para o próprio sustento organizacional.
No setor privado os funcionários podem sentir seu cargo ameaçado se a produção for
baixa, gerando uma forma de pressão ao funcionário de proporcionar satisfatórios resultados
para a organização, ou seja, ele precisa não somente de uma boa produtividade, mas também
que a mesma traga bons resultados para a empresa para que ele seja realmente considerado
eficaz e, ainda, que tudo aquilo que foi planejado, de fato aconteceu. Mas a estabilidade do
servidor público proporcionada pelo conjunto de regras da burocracia podem gerar uma zona
de conforto, influenciando negativamente e diretamente na produção. Por essa razão, segundo
Ruby Lowe (2016), a Motivação, em especial no setor público, é um assunto relevante, visto
que nenhum dos outros recursos poderão ser operados com sucesso se houver a ausência de
sua boa e agradável aplicação.

2.1 – Organizações Burocráticas


Max Weber, apesar de ser considerado pai da Sociologia, em sua Teoria Burocrática de
1909, desconsiderou as relações humanas que fora considerada na Teoria Clássica, de Fayol.
Para Weber, as organizações burocráticas são classificadas por sua forma de organização. As
suas características estão na definição de regras impessoais para estabelecer as relações
interpessoais, revelando a racionalidade nas atividades desempenhadas. Porém o excesso de
impessoalidade e a ênfase na estrutura organizacional podem gerar disfunções burocráticas,
como uma demora no atendimento que necessita de urgência, devido à estrutura
hierarquizada, ou até mesmo um serviço à pessoas idosas, onde é necessário um
acompanhamento menos impessoal. (Guimarães, 2000)
Sabendo disso, percebe-se que a burocracia de Weber, que tinha o intuito de trazer
resultados positivos, tem sido aplicada de forma distorcida nas organizações públicas
brasileiras, pois as disfunções da burocracia têm sido predominante na prestação dos serviços
públicos para a sociedade. Através de estudos e pesquisas, Saraiva (2002) menciona, por
exemplo, que é possível saber, inclusive, que os próprios servidores não são totalmente a
favor dessa cultura, visto que, segundo eles, não se tem visto grandes avanços no que
concerne à gestão que prossegue fazendo uso do comportamento burocrático.
Uma gestão burocrática pode ser um grande influenciador para o comportamento atual
que muitos servidores públicos se encontram, mas certamente não é o único. Uma
organização que presencia constantemente esse comportamento torna os funcionários ―robôs‖,
fazendo sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito, sem possibilidade de melhorias ou de

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criação de novas idéias, tendo em vista que todos estes são aspectos inerentes a este tipo de
gestão (Merton, 2000).

2.2 – Clima Organizacional


Para Chiavenato (2004, p. 103), clima organizacional é entendido como ―a qualidade ou
propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da
organização e que influencia seu comportamento‖.
O clima organizacional está associado à percepção que os funcionários têm do ambiente
organizacional e ao grau de satisfação frente aos aspectos percebidos, conforme explicitado
por Silveira (2009) e, portanto, é uma variável que influencia diretamente na produtividade de
seus colaboradores. Do mesmo modo, segundo Maçaneiro et al (2006), podem inclusive
influenciar na qualidade e produtividade dos colaboradores, em maior ou menor grau,
afetando de forma positiva ou negativa sua efetividade na organização.
Neste contexto, aborda-se a respeito da equação mencionada por Chiavenato (2010) de
que o resultado de um bom desempenho está associado à junção da competência com
motivação e um contexto organizacional favorável. Isto quer dizer que, independente do
conhecimento e da bagagem intelectual que um colaborador pode obter, isso não é tudo,
porque a sua competência por si só não vai fazer toda a diferença no seu desempenho, mas,
havendo uma maneira de potencializar essa competência através da motivação, impulsionando
seu conhecimento a ir mais além, o resultado pode ser mais satisfatório. Ademais,
vivenciando um contexto organizacional favorável, ou seja, havendo um clima organizacional
que seja oportuno, o desempenho do colaborador terá resultados indiscutíveis.

2.3 – Gestão de Pessoas no Setor Público


Baseando-se nas citações de Lima e Carneiro (2009), são as pessoas que movem todo
o processo organizacional, interna e externamente. Sem as pessoas, fica difícil gerir um
sistema, um empreendimento. Assim se vê, portanto, que é necessário que haja uma gestão
pública eficiente para controlar e administrar os servidores públicos de cada entidade.
Ademais, vale uma ressalva de Chiavenato (2008) de que há uma forte necessidade de
que as organizações se tornem mais conscientes e atentas para seus colaboradores, em
especial as organizações públicas, equiparando talentos e competências para poder
acompanhar a forte mudança e evolução do mundo moderno, não permitindo que a burocracia
e/ou rotina canse-os ou desanime-os, pois a sociedade é a grande prejudicada com isso.

2.4 – Motivação no Setor Público


Faller (2003) cita que ―uma nova gestão pública é necessária para que o Estado possa
cumprir sua função de melhorar a qualidade de vida e responder ao cidadão-cliente de modo a
satisfazê-lo‖, sendo assim, quanto mais motivados forem os servidores, melhor seria a
qualidade dos serviços públicos.
É importante deixar claro que a tarefa da Administração não é a de motivar as pessoas
que trabalham na organização, pois isto é impossível, considerando que a motivação é um
processo intrínseco e individual, ou seja, trata-se de um processo que o indivíduo tem total
controle, pois está ligado com o conteúdo do cargo que ocupa e das funções que exerce,
envolvendo, inclusive, seu reconhecimento profissional e sua realização naquilo que faz. No

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entanto, embora não seja o papel da Administração, a organização pode e deve promover um
ambiente que proporcione maior motivação para os funcionários, a fim de propiciar a
satisfação de suas necessidades.
Segundo Chiavenato (1982, p. 414), ―para compreender o comportamento humano é
fundamental o conhecimento da motivação humana. Motivo é tudo aquilo que impulsiona a
pessoa a agir de determinada forma isto é, tudo aquilo que dá origem a alguma propensão a
um comportamento específico‖.
Ademais, vale mencionar o entendimento de Montana (1999, p. 203) a esse respeito, em
que é defendido que motivação é ―o processo de estimular um indivíduo para que tome ações
que irão preencher uma necessidade ou realizar uma meta desejada‖.
Portanto, é notória a necessidade de valorização dos servidores em diferentes segmentos
públicos, a fim de que se configure um bom funcionamento dos serviços prestados à
sociedade, uma vez que, caso contrário, serão em vão os grandes investimentos do governo
nos serviços se não existem pessoas motivadas a desempenhar um serviço de qualidade.

2.4.1 - A Teoria dos dois fatores de Herzberg


Uma das teorias de motivação que se faz consideravelmente presente nos estudos atuais
foi desenvolvida pelo americano Frederick Herzberg e publicada em seu livro ―A Motivação
para Trabalhar‖. Herzberg realizou entrevistas com profissionais da área industrial de
Pittsburgh, com o objetivo de identificar os fatores que causavam a satisfação e a insatisfação
dos empregados no ambiente de trabalho. Para tal feito, questionou em seu livro os
entrevistados sobre o que os agradava e os desagradava nas empresas em que trabalhavam.
(Periard, 2011)
Em seu estudo, Herzberg dividiu as respostas em dois fatores: motivacionais (fatores
intrínsecos) e higiênicos (fatores extrínsecos). Estudou o comportamento e a motivação das
pessoas dentro das empresas, diferente de Abraham Maslow que procurou a satisfação das
necessidades das pessoas em diversos campos de sua vida. (Periard, 2011)
De acordo com Silva (2001), os fatores higiênicos são aqueles necessários para evitar
que o indivíduo se sinta insatisfeito em seu trabalho, porém, não são suficientes para fazer
com que ele se sinta completamente satisfeito. Herzberg entende que o oposto de satisfação
não é a insatisfação, mas sim nenhuma satisfação. Na mesma linha de pensamento, o oposto
de insatisfação é nenhuma insatisfação.
Ainda segundo Silva (2001), os Fatores Higiênicos se localizam no ambiente que rodeia
os indivíduos e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham seu trabalho.
Como essas condições são regidas pela organização, os fatores higiênicos são: o salário, os
benefícios sociais, as condições físicas e ambientais de trabalho, as políticas e diretrizes da
empresa, o clima de relações entre superiores e pares, etc. um conjunto de fatores que se
situam no ambiente externo que cerca o trabalhador. Contudo, estes fatores são suficientes
apenas para evitar que os indivíduos fiquem desmotivados. A ausência desmotiva, mas a
presença não é elemento motivador. São chamados fatores insatisfacientes, também
conhecidos como extrínsecos.
Ademais, Silva (2001) também aborda que Fatores Motivacionais são fatores
intrínsecos, estão sob o controle do indivíduo, estando relacionados com o conteúdo do cargo
e com a natureza das tarefas que o indivíduo executa. Envolvem a realização, o

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reconhecimento profissional, auto-avaliação de desempenho, etc. São chamados fatores


satisfacientes, sua presença produz motivação, enquanto a ausência não produz satisfação.
Abaixo, com a figura 1, é possível verificar tal relação:

Figura 01 – Os fatores de higiene e os fatores de motivação


Fonte: SILVA, 2001, p. 233

Segundo Silva, (2001), ao final do estudo Herzberg concluiu que os fatores que levavam
à insatisfação profissional não tinham relação com os que influenciavam na produção de
satisfação dos trabalhadores. Portanto, o autor notou que, então, os fatores que provocavam a
satisfação dos trabalhadores estavam altamente relacionados ao seu trabalho, crescimento,
responsabilidade, dentre outros. Ele constatou, ainda, que os fatores ambientais que provocam
a insatisfação dos servidores, não tendo relação com a tarefa desempenhada, mas são
relacionados à natureza das relações com superiores e pares, status, condições do ambiente de
trabalho, dentre outros.

3 - Metodologia
Para elaboração do artigo científico em questão, foi feito uso da pesquisa descritiva.
Por essa razão, se fez necessário um levantamento bibliográfico, fazendo com que assim se
tornasse possível enquadrar o objeto de pesquisa determinado neste artigo através de uma
pesquisa de levantamento, em que foi envolvido um questionário a fim de colher opiniões e
conhecer o comportamento dos colaboradores mediante às situações pesquisadas.
Esse questionário foi disponibilizado através do Google Docs, entretanto, apenas sete
pessoas manifestaram-se, e, então, devido à baixa aceitação do modal, a estratégia de
aplicação foi alterada e utilizaram-se impressões físicas desse questionário, que foram
entregues pessoalmente aos efetivos militares dos níveis tático e operacional, para que os
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mesmos respondessem anonimamente, se assim preferirem, e depois devolvessem com o


questionário preenchido.
Devido à mudança na forma de aplicação, não foi contabilizado os questionários
respondidos no Google Docs, pois como as respostas foram dadas de forma anônima, os
resultados poderiam acabar sendo duplicados e prejudicar a estatística. Portanto, foram
considerados apenas os questionários aplicados de forma impressa para 62 militares.
O mesmo ficou disponível pelo período de sete dias no Google Docs e o prazo de
resposta dos questionários em papel físico foi de mais quatorze dias, portanto, esse processo
de coleta de dados levou aproximadamente três semanas, sendo estas de 16/11/2015 até
07/12/2015.
Não obstante, a abordagem quantitativa mostrou-se mais apropriada, uma vez que a
busca de resultados foi através de cálculos estatísticos, fazendo uso de universo e amostra.
Ressalta-se que os militares não foram identificados nos questionários para que ninguém se
sinta constrangido nas respostas, a fim de tornar a amostra mais fiel à realidade.

3.1 – Universo e Amostra


Esta pesquisa foi realizada em uma Organização Militar, com o intuito de verificar se os
colaboradores internos se sentem motivados e qual a influência disso na produtividade da
Organização. O universo é composto por um efetivo de 168 militares.
Diante do universo apresentado acima, considerando um erro amostral de 10% e o nível
de confiança da pesquisa é de 95%, o questionário em anexo foi distribuído para 62 militares,
entre o nível tático e operacional, em que 100% deles foram respondidos.
Vale ressaltar que os militares não foram identificados nos questionários, para que
ninguém se sinta constrangido nas respostas, a fim de tornar a amostra mais fiel à realidade.

4 – Resultados e discussões
Para identificar o perfil dos colaboradores pesquisados, foram abordados aspectos
como Função que ocupa, Tempo de Serviços e Sexo. O gráfico abaixo revela que a amostra
tem, em sua maioria, militares experientes e com discernimento do que é benéfico, ou não, em
uma carreira militar.

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21 a 25
anos;
16 a 20
22,59%
anos;
20,97%

26 a 30
anos;
11 a 15 17,74%
anos; 6 a 10 anos; Mais de 30
16,12% 14,52% anos; 1,61%
0 a 5 anos;
6,45%

Figura 02 – Gráfico de distribuição de tempo de serviço.


Elaborado pelos autores.
Foi elaborado um questionário com quatorze afirmativas e os resultados foram
analisados a partir da contabilização das respostas dadas pelos efetivos militares. Essas
respostas poderiam variar entre: 1 (Discordo Totalmente), 2 (Discordo Parcialmente), 3 (Não
Concordo e Nem Discordo), 4 (Concordo Parcialmente) e 5 (Concordo Totalmente).
As nove primeiras afirmativas foram capazes de traduzir a percepção dos funcionários
ao atendimento dos fatores higiênicos pela organização, que, de acordo com a Teoria dos dois
Fatores, são fatores do contexto organizacional.

Nº AFIRMATIVA 1 2 3 4 5
Considero que a burocracia presente na Organização traz
1 29% 18% 23% 31% 0%
grandes avanços no que concerne à gestão
As atividades que desempenho são rotineiras e isso não
2 0% 10% 21% 55% 15%
contribui para minha motivação
Tenho a oportunidade de expor minhas opiniões e sugerir
3 0% 29% 47% 24% 0%
melhorias
HIGIÊNICOS

Tenho um bom relacionamento com os membros da


4 0% 0% 0% 68% 32%
equipe em que trabalho
A Organização me oferece oportunidade de capacitação
5 0% 0% 0% 24% 76%
na minha área profissional
6 A gestão preza pela nossa qualidade de vida no trabalho 0% 5% 26% 31% 39%
7 Meu salário não condiz com minhas funções 0% 0% 0% 29% 71%
Em minha opinião, a estabilidade de um emprego público
8 0% 0% 26% 27% 47%
favorece à satisfação profissional
O status adquirido nessa Organização contribui para
9 0% 16% 24% 26% 34%
minha motivação
Figura 03 – Planilha de resultados dos fatores higiênicos
Elaborado pelos autores.
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Todos esses fatores podem ter algum tipo de influência na satisfação dos funcionários,
apontando para evitar sua insatisfação ou simplesmente não gerando satisfação alguma, visto
que, segundo Herzberg, quando esses fatores não são atendidos pela Organização, podem
levar à insatisfação do indivíduo.
Assim, o quadro acima demonstra os resultados obtidos nas afirmativas em tela.
Observa-se que mais de 50 % dos militares concordaram, parcialmente ou totalmente, com
todas as afirmativas, exceto a primeira. Os dados revelam que o ponto sensível, que pode ser
um fator que impulsione a insatisfação em algum colaborador, é a questão da Organização
Burocrática.
Porém, devido a uma quantidade grande de concordâncias, conclui-se que, com base
na Teoria de Hezbergh, a organização em tela trabalha para oferecer um ambiente
organizacional favorável ao funcionário, suprindo suas necessidades primárias e não gerando
uma insatisfação, mesmo em uma estrutura organizacional que se apresenta como ponto
desfavorável.
As afirmativas de 10 a 14 foram elaboradas a fim de demonstrar a percepção dos
militares quanto aos fatores motivacionais, de Herzbergh, sinalizando os aspectos
influenciadores de satisfação.

Nº AFIRMATIVA 1 2 3 4 5
10 Estou satisfeito com meu plano de carreira 21% 52% 11% 13% 3%
MOTIVACIONAIS

Meu maior objetivo em ser funcionário público é


11 53% 19% 11% 10% 6%
atender às necessidades da sociedade
Acredito que respondo bem às responsabilidades
12 0% 0% 0% 45% 55%
a mim imputadas
13 Meus talentos e competências são reconhecidos 0% 0% 0% 66% 34%
A cada dia me sinto mais motivado a
14 desempenhar o meu melhor para aumentar a 2% 10% 26% 45% 18%
produtividade da Organização
Figura 04 – Planilha de resultados dos fatores motivacionais
Elaborado pelos autores.

Já no caso apresentado acima, vê-se fatores diferentes dos mencionados anteriormente,


pois agora se tratam daqueles que o indivíduo detém o controle, ou seja, são os fatores que
não dependem tão somente da organização como é o caso dos fatores higiênicos, mas que
estão ligados ao seu cargo e à natureza das atividades que o colaborador tem de exercer. De
acordo com Silva (2001), estes fatores podem ser exemplificados como o reconhecimento
pessoal e a realização, por exemplo.
Sabendo disso, ao analisar a tabela acima, observa-se uma divisão nas respostas. As
duas primeiras afirmativas tiveram maior índice em discordância, total ou parcial. Ressalta-se
que o plano de carreira é embasado na Teoria Burocrática de Weber, e tendo como um ponto
positivo. Porém, a falta de manutenção e aperfeiçoamento, acaba gerando uma disfunção
burocrática.
A afirmativa 11 revela um fator que pode representar uma insatisfação dos militares,
pois demonstra que os colaboradores não têm como objetivo pessoal atender à sociedade, e
sim, atender interesses próprios.
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Mas as afirmativas seguintes revelam que a organização em tela oferece um ambiente


capaz de transferir responsabilidades aos níveis táticos e operacionais, assim como reconhecer
os talentos dos militares. Portando, conclui-se que a organização tem a capacidade de
impulsionar seus colaboradores a uma satisfação, impulsionando-os à motivação.
Quanto ao grau de produtividade da organização observada, foi utilizado um índice
medido pela Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica - SEFA, sendo chamado de
Grau de Performance Contábil (GPC) que é mensurado mensalmente. Esse grau é gerado
conforme o percentual de acertos na execução contábil da organização, evitando o retrabalho,
sendo divulgado no sítio da SEFA, em caráter informativo.

DESTAQUE EXECUÇÃO CONTÁBIL - DETALHAMENTO


Grau de Performance Contábil (GPC) em 2015/ 2016
Detalhamento da UG Pesquisada
Mês GPC (%)
Julho/ 2015 100,00
Agosto/ 2015 100,00
Setembro/ 2015 99,17
Outubro/ 2015 100,00
Novembro/ 2015 94,21
Dezembro/ 2015 100,00
Janeiro/ 2016 100,00
Fevereiro/ 2016 100,00
Março/ 2016 100,00
Abril/ 2016 95,04
Média no Período: 98,84%
Figura 05 – Grau de Performance Contábil (GPC)
Fonte: Site da Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica

Conforme apresentado pela tabela acima, a organização abordada na pesquisa


demonstrou um alto grau de produtividade, mantendo sua execução contábil com baixíssimos
níveis de erros e retrabalhos, assegurando o prazo estipulado e, sendo assim, comprovando ser
eficiente, eficaz e efetiva.
Verifica-se, portanto, que no ambiente organizacional os colaboradores não se sentem
insatisfeitos, demonstrando que os fatores que os rodeiam são bem atendidos pela
organização, correspondendo a perspectiva ambiental. Seguindo, observa-se que a
Organização também atribui responsabilidades necessárias, assim como, reconhece a
capacidade produtiva de seus funcionários, correspondendo ao conteúdo do cargo,
impulsionando-os a um alto nível de motivação. Tais resultados foram comprovados na alta
eficiência produtiva da organização.

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5 –Conclusão
O presente artigo buscou identificar a motivação do funcionário em um ambiente de
uma organização burocrática, relacionando, ainda, com o grau de produtividade da
organização.
Com base nos dados obtidos e trazendo à luz da Teoria dos dois fatores, de Herzberg,
revelou-se que atitudes de um gestor, sendo estas diretamente ligadas à Gestão de Pessoas,
bem como o seu Clima Organizacional e respeitando a estrutura burocrática, é possível evitar
que os colaboradores se sintam insatisfeitos e influenciar, consideravelmente, no índice de
produtividade da organização, mesmo dentro de uma organização burocrática.
Acerca disso, a organização em tela usa bem suas ferramentas disponíveis para
impulsionar a motivação em seus colaboradores e, ainda, não deixando de observar os fatores
que influenciam na insatisfação dos mesmos. Tal fato revela o segredo para a manutenção do
alto padrão na produtividade da Organização Militar e a constante melhoria da eficiência.
Conclui-se que apesar da extensa quantidade de estudos sobre motivação, ainda é
necessário que alguns gestores públicos percebam que é possível fazer um bom trabalho e
colaborar para a produtividade do setor, mesmo dentro dos diversos percalços enfrentados na
estrutura da organização burocrática.

6 – Referências
CANCIAN, Renato. Burocracia: Max Weber e o significado de “burocracia”. Disponível
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CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. S. Paulo.


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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em:
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Em Organizações Burocratizadas? Minas Gerais, 2000. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/organizacoes-
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LIMA, Ildevania. CARNEIRO, Felix de. LINARD, Ângela Patrícia. Gestão de Pessoas na
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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

<http://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/gestaodepessoasnaadministracaopublica.
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LOWE, Ruby. 5 Mitos da motivação de funcionários. Disponível em:


<http://recursosehumanos.com.br/artigo/motivacao-dos-funcionarios/> Acesso em: 18 de
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MAÇANEIRO, Marlete Beatriz. STEFANO, Silvio Roberto. ZAMPIER, Marcia Aparecida.


Satisfação no trabalho e indicadores de clima organizacional: Um estudo multi-casos na
região central do Paraná. Disponível em:
<http://www.ead.fea.usp.br/semead/10semead/sistema/resultado/trabalhosPDF/109.pdf>
Acesso em: 11 de maio de 2015.

MACIEL, Saulo Emmanuel Vieira. SÁ, Maria Auxiliadora Diniz de. Motivação no
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<http://www.ccae.ufpb.br/public/studia_arquivos/arquivos_01/saulo_01.pdf> Acesso em: 11
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MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 30ª Edição. São
Paulo: Malheiros Editores LTDA, 2013.

MERTON, Robert King. Nascido Meyer R. Schkolnick, (Filadélfia, 5 de Julho de 1910 —


Nova Iorque, 23 de Fevereiro de 2003) foi um sociólogo estadunidense. É considerado um
teórico fundamental da burocracia, da sociologia da ciência e da comunicação de massa.
Passou a maior parte de sua vida acadêmica ensinando na Universidade Columbia. É pai do
economista Robert C. Merton.

MONTANA, P. J. Administração. São Paulo: Saraiva, 1999.

SARAIVA, Luiz Alex Silva. Cultura Organizacional em ambiente burocrático.


Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-
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<http://www.pedagogia.com.br/artigos/diagnosticoorganizacional/index.php?pagina=0>Acess
o em: 11 de maio de 2015.

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ANEXO I - QUESTIONÁRIO

Caro colaborador,
Essa pesquisa faz parte de um Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharel em Administração Pública, pela
Universidade Federal Fluminense, o qual está sendo realizado um estudo de caso nesta organização militar.
Todos os dados informados são exclusivamente de uso acadêmico e a identidade dos pesquisados serão
preservadas.

Função que ocupa: Chefe ( ) Auxiliar ( ) Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

Tempo de serviços prestados (anos completos): ___________.

Julgue as afirmativas do quadro a abaixo, seguindo a seguinte escala de concordância:

1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Não concordo e nem discordo


4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente

Nº AFIRMATIVA 1 2 3 4 5
Considero que a burocracia presente na Organização traz grandes
1
avanços no que concerne à gestão
As atividades que desempenho são rotineiras e isso não contribui paar
2
minha motivação
3 Tenho a oportunidade de expor minhas opiniões e sugerir melhorias
Tenho um bom relacionamento com os membros da equipe em que
4
trabalho
A Organização me oferece oportunidade de capacitação na minha área
5
profissional
6 A gestão preza pela nossa qualidade de vida no trabalho

7 Meu salário condiz com minhas funções


Em minha opinião, a estabilidade de um emprego público favorece a
8
satisfação profissional
9 O status adquirido nessa Organização contribui para minha motivação

10 Estou satisfeito com meu plano de carreira


Meu maior objetivo em ser funcionário público é atender às
11
necessidades da sociedade
12 Acredito que respondo bem às responsabilidades a mim imputadas

13 Meus talentos e competências são reconhecidos


A cada dia me sinto mais motivado a desempenhar o meu melhor para
14
aumentar a produtividade da Organização
12

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