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RESUMO
O presente artigo tem por finalidade apresentar quais fatores influenciam a alta rotatividade de funcionários nas
empresas. Presente no cotidiano das organizações e sem a devida atenção dos gestores, a alta rotatividade pode
gerar prejuízos às empresas e trabalhadores pois gera baixa produtividade e entrega insatisfatória, baixos salários
e perda de talentos, cultura e clima organizacional tóxicos, má qualidade de serviços e custos com contratação e
dispensa. Assim, o objetivo do estudo foi: identificar quais os fatores que mais influenciam na rotatividade de
pessoal na empresa fictícia Beta Administração e Serviços, no período de setembro de 2020 a setembro de 2021.
Descrevendo o resultado de um estudo de caso realizado por meio de questionário aplicado aos ex-funcionários da
empresa. Trata-se de pesquisa descritiva e quantitativa que com base nos resultados obtidos conclui que dois
grandes fatores que resultaram na alta rotatividade na empresa no período foram a insatisfação com o salário e a
falta de benefícios.
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A gestão de pessoas situa-se num contexto representado por organizações e pessoas que
interagem numa relação de dependência mútua, onde a organização possibilita às pessoas o
atingimento de objetivos e em contrapartida as pessoas formam a força motriz para que as
organizações atinjam seus objetivos e cumpram suas missões. (CHIAVENATO, 1999).
De acordo com Chiavenato (2008), a Gestão de Pessoas substitui os departamentos de
RH e a sua função passa a ser consultoria interna em conjunto com os gerentes da organização.
Já para Ivancevich (2011), sua função é ajudar a organização a atingir metas e resultados, além
de prover colaboradores treinados e motivados, aplicar de forma eficaz as habilidades da força
de trabalho, comunicar as políticas de gestão RH e garantir a qualidade de vida do trabalhador.
Ainda de acordo com Ivancevich (2011), a atual Gestão de RH representa um importante papel
estratégico, identificando problemas relacionados ao trabalhador, desenvolvendo soluções,
participando do planejamento e auxiliando na manutenção da competitividade organizacional.
Robbins (2008 apud CARVALHO E RUA, 2017; RIBEIRO E SANTANA, 2015),
acrescenta que as organizações precisam das pessoas para atingir seus objetivos: produzir bens
e serviços para gerar lucro e atender às necessidades das populações. Um trabalhador motivado
não apresenta um bom desempenho se a organização deixa de oferecer condições como o bom
ambiente de trabalho. O colaborador deve ser tratado e considerado como parceiro da
organização e não como subordinado, uma vez que a produtividade nas organizações é
influenciada pelo grau de motivação dos seus colaboradores.
Chiavenato (2014, p.6), acrescenta que as organizações “[...] estão investindo nas
pessoas que atendem, servem os clientes e saibam como satisfazê-los e encantá-los. As pessoas
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passam a constituir o elemento básico do sucesso empresarial, ou seja, o principal ativo das
organizações”.
Para Chiavenato (2002), o termo rotatividade de pessoal é usado para definir a mudança
de pessoal entre uma organização e seu ambiente, ou seja, o intercâmbio de pessoas entre a
organização e o ambiente é definido pelo número de pessoas que ingressam e que saem da
organização.
De acordo com Milioni (2006, p.165), rotatividade de pessoas é “a modalidade de estudo
de pessoal que deixa a organização e de quem ingressa na mesma, assim como da
movimentação interna do pessoal”.
Silveira (2011, p.10 apud Pinheiro, 2013, p.4), define que turnover é:
[...]um termo em inglês que define o movimento de entradas e saídas dos funcionários
em uma organização, independentemente de ter sido motivado pelo empregador ou
por decisão do empregado. Como sinônimo, na língua portuguesa, temos o termo
rotatividade.
A rotatividade pode ser determinada, segundo Kloter (2000, p.368), pela relação
“[...]entre o número de pessoas que saem e pelo número de pessoas que entram em uma
organização”. Os desligamentos podem ser espontâneos ou provocados, onde, os espontâneos
são aqueles que acontecem por iniciativa dos funcionários, já os provocados são aqueles que
acontecem por iniciativa da empresa, afirma (PONTES, 2001).
muita coisa mudou, o mercado foi invadido por novas tecnologias, tornando primordial a
alfabetização das pessoas para manusear as máquinas e posteriormente, os chefes de
departamento pessoal também tiveram que descobrir maneiras para conseguir lidar com esse
novo modelo de gestão. Houve um crescimento nas cobranças de melhores condições de
trabalho à medida que as pessoas foram desenvolvendo suas habilidades.
E os gestores de recursos humanos da atualidade possuem um papel relevante no
ambiente organizacional, pois cabe a eles buscarem profissionais no mercado de trabalho,
integrá-los, orientá-los e desenvolvê-los, ou seja, realizar todo um acompanhamento,
(CHIAVENATO, 2009).
No decorrer dos anos o perfil do funcionário mudou, não se tem mais a ideia de
permanecer em uma determinada organização até a aposentadoria. Essa mudança de
comportamento desencadeou o aumento da rotatividade de pessoal nas organizações
(MOREIRA, 2014).
Moreira (2014), diz ainda que um alto índice de rotatividade é preocupante para as
organizações, pois pode gerar prejuízos pelos altos envolvidos na substituição nos postos de
trabalho, como gastos com contratação e treinamento, além de uma perda significativa no que
tange à qualidade do serviço, visto que leva um tempo para o novo colaborador se relacionar
com a atividade que irá desempenhar e consequentemente com os colegas de trabalho.
Segundo Luz (2008), a presença da rotatividade é benéfica se o número de entradas de
novos profissionais for equivalente ao número de saídas, ou seja, insere novas ideias e novos
modelos de se desenvolver o trabalho, evitando assim a acomodação e a falta de inovação dos
colaboradores antigos. Já em excesso, a rotatividade provoca perda de profissionais que
possuem uma parcela importante nas atividades cotidianas da empresa, este profissional deixa
a organização e vai executar suas habilidades na concorrência.
Robbins (2005) explica que o alto índice de rotatividade gera consequências negativas
para a empresa, como: oscilação da produtividade, além de influenciar na saúde da empresa.
A intensificação de perda de pessoal nas empresas é um fator preocupante. Sanchez
(2008, p.8), salienta que a rotatividade pode ser influenciada por diversos fatores, como: “[...]
a cultura das pessoas; gerada pelo ambiente organizacional; a falta da perspectiva pessoal de
crescimento; a falta de comprometimento consigo mesmo e pelo fator remuneração”. Já Marras
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(2000), indica que as causas da rotatividade são várias, entre elas destacam-se: a insatisfação
quanto à política salarial e de benefícios da empresa; ofertas mais atraentes por parte de outras
organizações; descontentamento em relação ao local de trabalho; relacionamento conturbado
com os colegas; insatisfação quanto à função exercida e critérios de avaliação de desempenho.
Para Chiavenato (2002, p.184), “[...] a rotatividade de pessoal não é causa, mas efeito,
a consequência de certos fenômenos localizados interna ou externamente à organização que
condicionam a atitude e comportamento das pessoas”. O autor informa ainda que dentre os
principais fatores internos, destacam-se: a política salarial e benefícios, o estilo gerencial, a
oportunidade e crescimento na organização, o perfil de cargo e o relacionamento humano. Dos
externos, destacam-se: “[...] situação de oferta e de procura de recursos humanos no mercado,
conjuntura econômica, oportunidade de empregos no mercado de trabalho e etc”
(CHIAVENATO, 2010, P.90).
Os custos relativos à rotatividade de pessoal dividem-se em três: primários, secundários
e terciários. Onde, os primários se referem as despesas diretas com desligamentos e
contratações; os secundários aos custos intangíveis e os terciários aos investimentos extras,
completa Chiavenato (2004). Uma organização saudável realiza rotatividade apenas para
manutenção do sistema, corrobora (PONTES, 2001).
Dentre os itens mais citados pelos autores destacam-se os salários e benefícios como
principais causas da rotatividade nas empresas.
2.3.2 Salários
Uma remuneração direta na qual o colaborador recebe dinheiro por desenvolver
atividade, ou seja, prestar serviços para determinada empresa, indica DAVIS (1992).
Segundo o UOL (2021), o salário é a remuneração que um trabalhador recebe pelo
serviço que ele executa, o valor deste salário é variável de acordo com o contrato firmado entre
o empregador e o empregado, ou seja, o salário funciona como uma troca, o funcionário
desenvolve um determinado serviço e em troca, a organização retribui com o pagamento em
dinheiro.
2.3.3 Benefícios
Benefícios são “produtos e/ou serviços oferecidos aos funcionários, direta ou
indiretamente, pela empresa, visando criar ou aprimorar as condições de bem-estar dos seus
funcionários” (LUZ, 2008, p.150).
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Para os funcionários:
2.7.2 Terceirização
3. ESTUDO DE CASO
A entrevista foi realizada via link do Google Forms, que é um serviço gratuito da
empresa Google LLC, uma empresa multinacional de serviços online e software dos Estados
Unidos, nele, o usuário pode produzir pesquisas de múltipla escolha, criar questionários e
acompanhar as respostas. A pesquisa ocorreu entre os dias 22 a 31 de outubro de 2021.
Finalizada a tabulação e as análises, mostra-se abaixo os resultados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Acima de 56
anos
12% 1a2
anos
19%
3a4
anos
69%
5 anos ou
mais
A terceira pergunta nos mostrou que 68,8% dos ex-funcionários desligados trabalharam
na empresa por 1 a 2 anos, enquanto que 18,8% trabalharam de 3 a 4 anos na empresa e 12,5%
trabalharam por 5 anos ou mais na empresa.
Desligamento
3% voluntário 50,0%
50% Desligamento s/
47% justa causa 46,9%
Desligamento c/
0… justa causa 3,1%
Aposentadoria 0%
Dificuldades de
relaconamento
com a empresa
Oportunidade
6% Aux. Deserv. 7%
13% 12% 25% em outra
Gerais
empresa
12% Insatisfação
Porteiro
com os
81% 19% 25%
beneficios
Recepcionista Problemas
0% familiares
Falta de
motivacão
Razoável
13% 16%
Boa
13% 44% Bom 22%
62% Ótima
30% Ótimo Ruim
Baixo
6% 13%
Sim Sim
Não Não
94% 87%
6%
28% Sim 19% Ótimo
19%
Bom
Não
72% Regular
56%
Ruim
0%
21,9% Sempre
37,5% Sim
50,0% Quase sempre
62,5% Não 28,1% Raramente
Nunca
25% Sim
75% Não
Gráfico 11 – Treinamentos
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021)
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Uma vez realizada a coleta de dados, os mesmos foram interpretados e analisados com
a intenção de responder aos objetivos do estudo, quais fatores podem influenciar na rotatividade
de pessoal?
Os 32 (trinta e dois) respondentes da pesquisa eram ex-funcionários da Beta Serviços,
predominantemente do sexo feminino, em sua maioria na faixa etária de 26 a 35 anos,
trabalhavam como auxiliares de serviços gerais, permaneceram na empresa por 1 ou 2 anos e
consideravam que a empresa tinha uma boa imagem. E afirmaram também que o abandono de
seus postos de trabalho ocorreu principalmente por diferença de relacionamento com a empresa
ou por oportunidades em outra empresa.
Os ex-funcionários responderam que consideravam o salário que recebiam razoável. E
também consideravam o relacionamento com seus superiores, com seus líderes, com a empresa
e com os colegas de trabalho um bom relacionamento, confortável para mais de 90% deles, o
relacionamento interno de uma organização remete a clima organizacional e quando o clima
organizacional é saudável colaboradores se tornam mais eficientes e satisfeitos e a empresa
lucra mais.
Foi afirmado pela maioria dos ex-funcionários que havia treinamento de capacitação
para os funcionários, quando necessário, e que sempre ocorriam feedbacks, eles são importantes
para todos nós WILLIANS (2005, p.19), afirma que o feedback é a base de todas as relações
interpessoais, é o que determina como as pessoas pensam, como se sentem, como reagem aos
outros e, em grande parte, é o que determina como as pessoas encaram suas responsabilidades
no dia-a-dia. No ambiente de trabalho a prática visa dar retorno aos funcionários sobre seu
desempenho com o intuito de aprimorar suas habilidades, encorajar, criar confiança, melhor
performance e solucionar problemas que possam estar acontecendo.
Por fim, as respostas representadas pelos gráficos expostos nos levam a concluir que os
fatores que mais motivaram as demissões voluntárias e sem justa causa eram em sua maioria os
baixos salários e falta de benefícios, bem como melhores oportunidades em outras empresas e
dificuldade de relacionamento com a empresa, aqui ficou um pouco confuso em relação às
respostas anteriores, pois elas levavam a acreditar que o ambiente corporativo era saudável e
havia bom relacionamento entre líderes e equipes.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamento o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá
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