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12/02/2021 Teorias da Administração e Fundamentos da Gestão Pública

TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA
CAPÍTULO 1 - QUAIS OS FUNDAMENTOS E
PRINCÍPIOS DA GESTÃO PÚBLICA?
Gustavo Persichini de Souza/Anderson Rafael do Nascimento

INICIAR

Introdução
Você já se perguntou alguma vez sobre o porquê da existência da Administração Pública? Para
muitas pessoas, esse é um questionamento recorrente. Atualmente, o cidadão demanda, além de ter
seu direito garantido, que a administração pública seja de qualidade para atendê-lo da melhor
maneira. Independente das críticas que são feitas a ela, uma coisa é certa: ela sempre nos
acompanhará.
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12/02/2021 Teorias da Administração e Fundamentos da Gestão Pública

Você conhece sobre os fundamentos e princípios da gestão pública? Conhecer um pouco mais a
respeito dos fundamentos e princípios da gestão pública nos dará melhores condições de buscar
melhores formas de serviço público. Isso se dará a partir do entendimento dos principais
mecanismos que orientam o funcionamento da administração pública no país.
Porém, antes de analisarmos mais detidamente como se estrutura a gestão pública, é necessário
conhecer um pouco sobre os fundamentos da administração. Por mais que hoje o maior destaque da
administração esteja associado ao mundo empresarial e privado, você sabia que nem sempre foi
assim? Os exércitos e o modelo de engenharia que era muitas vezes implementado no Estado foram
as verdadeiras fontes de formulação de um modelo administrativo. 

1.1 Fundamentos da Administração


Para a construção de um edifício ou mesmo de uma casa precisamos, primeiramente, criar os
alicerces sob os quais serão erguidas as paredes e as colunas de nossa construção. Os fundamentos
também têm esse pressuposto, pois são os alicerces de nossas compreensões sobre o assunto e
que, a partir deles, passaremos a diferenciar paredes, colunas e outros elementos de nossa
construção teórica sobre o assunto.
Portanto, quando aqui usamos a ideia de fundamentos, buscamos dar sentido inicial e alicerce para
nossa compreensão da Administração como um campo de conhecimento próprio. Administração,
portanto, se refere à organização de uma série de fatores a serem conjugados (recursos ou meios)
para a obtenção de um objetivo (fim). Fica estabelecido, dessa forma, os grandes fundamentos da
Administração e que determinam as linhas de atuação da administração, a saber, o controle e a
técnica. 

1.1.1 O que podemos chamar de organização?


Morgan (2002) busca explicar as organizações por meio de metáforas. A primeira metáfora usada
pelo autor e a mais forte quando pensamos sobre a organização, a associa com uma máquina.
Pensar a organização como máquina ainda é usual no nosso dia-a-dia. Não é à toa que a engenharia
foi a fonte da administração, como citamos anteriormente. Portanto, nessa visão, dentro de uma
organização as rotinas e os processos de trabalho podem assumir aspectos fortemente
mecanicistas. Essa metáfora, segundo Morgan (2002), tem a esperança de que as organizações
sejam confiáveis e previsíveis e sua gênese está associada à teoria econômica da divisão do trabalho
e da organização militar.
Portanto, controle, técnica e previsibilidade são os grandes fundamentos dessa linha da teoria
administrativa. Por outro lado, as organizações e, portanto, a Administração, pode ser analisada
também na perspectiva sistêmica e as metáforas das organizações nessa perspectiva se
assemelham a um organismo. Nessa concepção, as ideias de técnica e controle ganham menor
ênfase na explicação organizacional dando maior destaque para os elementos que a compõe e os
seus relacionamentos.

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A partir de Mintzberg (1983), podemos compreender que organização é toda atividade organizada
que exige a divisão do trabalho em várias tarefas e a coordenação dessas. Importante destacar que
na concepção do autor existem atividades não organizadas. Ainda segundo o autor, na medida em
que uma organização cresce para além de seu estado mais simples ocorre também a necessidade de
gerar supervisão direta sobre as atividades. E daqui surge a relação entre administração e
organização que trabalharemos a partir de agora.

1.1.2 Conceito e importância da administração


Fayol (1990), um dos precursores da administração, já dizia que a função do administrador é tomar
decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos demais empregados.
Dessa forma, a atividade típica da administração, segundo o autor, são cinco funções: prever,
organizar, comandar, coordenar e controlar.
Os autores contemporâneos têm proposto que essa concepção pede revisão na medida em que
agregam o comando e a coordenação na ideia de direção. Assim, planejar, organizar, dirigir e
controlar passam a ser dimensões do processo administrativo.
Nesse sentido, um dos fundamentos da administração está relacionado às formas como se lida com
os insumos existentes, sejam eles financeiros, humanos, logísticos, tecnológicos, dentre outros.
Assim, a técnica com a qual se emprega o uso dos recursos é o fundamento da Administração, como
dissemos anteriormente. Mais do que saber identificar quais os insumos a serem utilizados, é preciso
saber organizar, racionalmente, a forma de utilizá-los.
Outro fundamento da Administração se relaciona com os processos, ou seja, com o modo como os
insumos serão transformados. Estabelecer processos adequados e controla-los é uma das maneiras
mais efetivas de assegurar que os insumos sejam utilizados em prol dos objetivos. Assim, o controle
é o segundo fundamento de qualquer noção de administração.
Dessa forma, Administração é um campo de conhecimento que analisa a técnica e o controle das
organizações, mas compreende também o universo de relações que são estabelecidas entre as
organizações com seu meio ambiente e os atores. A administração acontece por níveis, sendo os
staffs ao responsáveis pela decisão e a linha ou base que são os atores que produzem e
manufaturam a finalidade do trabalho. Algumas organizações estipulam níveis hierárquicos
intermediários para criar essa relação, mas sempre existe essa distinção. Essa divisão, também
proposta por Fayol (1990), recebe o nome de “divisão funcional das organizações”, pois distingue
tarefas técnicas e operacionais.
Novamente, podemos perceber que a compreensão conceitual pode lançar luzes sobre a tarefa
como elemento mais determinante do modelo organizacional, ou sobre a estrutura. Essa divisão se
estabelece desde a visão mecânica e sistêmica que citamos anteriormente. Em relação ao enfoque
relacionado com a tarefa, a divisão funcional auxilia na compreensão de suas partes. Por exemplo,
uma planta produtiva que fabrica determinado produto pode se organizar entre setores que fazem
parte do produto até alcançar o produto completo. 

VOCÊ SABIA?

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Essa divisão funcional perdeu espaço nos desenhos das organizações com a
necessidade de modelos organizacionais mais aptos a atuar com o conhecimento e a
informação. Contudo, ainda vemos, atualmente, modelos funcionais nos serviços
públicos. Veja, por exemplo, o caso dos programas governamentais de
desburocratização e atendimento rápido para retirada de documentos e outros
serviços. Esse é um típico programa que teve influência da forma organizacional
funcional.

Em relação à estrutura, os estudiosos tendem a valorizar aspectos relacionados com a organização e


seus componentes para atingir determinado objetivo. Nesse caso, o mais destacado é compreender
as relações entre setor financeiro, setor de gestão de pessoas e setor comercial como parte de uma
mesma organização. 

1.1.3 Pessoas e informações: os reais fundamentos do ato de administrar


Seja no enfoque funcional ou estrutural, dois elementos são os reais instrumentos de trabalho do
administrador, a saber, pessoas e informação. Maximiano (2000, p. 11) aponta que “o principal
recurso das organizações são as pessoas. De fato, as organizações são grupos de pessoas que
utilizam recursos para realizar objetivos.”
São inúmeras as pessoas que atuam em uma organização, mesmo aquelas mais simples. Esse
número ainda se amplia quando pensamos sobre outros atores que estão fora das organizações e
que tem alguma relação com ela. Portanto, pensar em termos de pessoas na organização e suas
influências passam pelo ambiente interno e externo.
As variações das pessoas determinam a qualidade do trabalho e a sua condução. Essa era uma
pretensão da visão mecanicista da organização, pois imaginavam que a troca de uma peça
defeituosa seria automática e a máquina voltaria a funcionar como antes. Muitas vezes não é assim,
pois a peça, no caso, é um ser humano que vai ser trocado por outro ser humano e que também
pode alterar a execução do trabalho.
As pessoas ditam o ritmo de trabalho, pois elas são detentoras de informação e a manipulam de
acordo com seus interesses. Essa é uma visão que limita a perspectiva hierárquica de desenho
organizacional, pois certas informações ficam no nível delas e não passava para os escalões
superiores. Por esse motivo os desenhos organizacionais mais modernos buscam diminuir esses
níveis hierárquicos e com isso podem gerir melhor as informações.
Esse é somente uma parte do grande desafio que é gerir informações nas organizações de hoje. Ter
uma boa gestão de informações passa pela capacidade de obter informações, processar informações
e divulgar informações. 

1.2 As teorias da Administração

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Assim como em qualquer ramo do conhecimento, a administração se baseia em teorias que


procuram descrever e explicar alguns de seus principais componentes. Isso ocorre em razão da
necessidade de catalogar as boas práticas e os equívocos ocorridos durante a sua consolidação, mas
também para indicar tendências e oportunidades a serem exploradas, gerando novos
conhecimentos e abrindo novas possibilidades.
Isso faz com que diferentes correntes surjam e ora se complementem, ora se oponham. Fatores
como a economia, o mercado, a política, a sociedade, dentre outros, condicionam ou orientam o
surgimento de novas teorias ao longo dos anos.
Fato é que sem um embasamento teórico dificilmente a administração teria condições razoáveis de
lidar com o dinamismo dos problemas que surgem à sua frente, muito menos de aproveitar as
oportunidades de evolução que são colocadas diante de si (WAHRLICH, 1977; MAXIMIANO, 2000).
Seja para solucionar problemas, seja para inovar, as teorias da administração resgatam,
historicamente, os principais pontos abordados por esse ramo do conhecimento.
Surgem assim diferentes vertentes, identificadas nesse contexto como Escolas, que defendem
pontos de vista que explicam ou solucionam, em seu tempo, os problemas e oportunidades pelos
quais passam as organizações.

1.2.1 Teorias clássicas


Em franco desenvolvimento desde a Revolução Industrial, a produção industrial ganhava novos
contornos que demandavam grandes desafios e respostas. Uma das primeiras teorias da
administração a lidar com essa perspectiva do assunto foi a chamada Teoria da Administração
Científica. Seu principal teórico, Winslow Taylor, relacionava a execução de tarefas à compreensão
dos tempos e movimentos dos trabalhadores (TAYLOR, 1990).
Taylor estabelecia parâmetros de produtividade, como tempo de execução e esforço necessário,
onde verificava a existência de determinados movimentos padronizados para a execução de tarefas.
Sua incessante busca pela perfeição do tempo e do movimento da linha de produção tinha grande
influência dos cálculos da engenharia e da hierarquia militar.
Com isso, ele podia sugerir desde a sequência de movimentos a serem executados, o tempo de
realização, o padrão de quem o executaria, que se tornou a base do processo de seleção, e o valor do
trabalho em razão do esforço, que se tornou a base para o processo de remuneração.

VOCÊ QUER VER?

As relações entre produção, pessoas e organizações foram abordadas em um clássico do cinema. O


filme Tempos Modernos, estrelado por Charles Chaplin, em 1936, traz uma compreensão brilhante
sobre o tema. O filme está disponível em incontáveis sites da internet, em especial no Youtube, onde
pode ser acessado gratuitamente. No link a seguir encontra-se um dos locais onde o filme pode ser

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encontrado: <https://www.youtube.com/watch?
v=HAPilyrEzC4&ab_channel=Dom%C3%ADnioP%C3%BAblico (https://www.youtube.com/watch?
v=HAPilyrEzC4&ab_channel=Dom%C3%ADnioP%C3%BAblico)>.

A partir dos subsídios iniciais em relação à divisão do trabalho elaborados por Taylor, Ford projeta
um modelo de organização que tem uma visão interna sobre a organização do trabalho, e externa,
pois pensava um modelo mais equilibrado de sociedade fundamentada no trabalho. Com isso,
conseguiu pensar uma linha de produção em maior escala e mais produtiva, bem como funcionários
remunerados ao ponto deles mesmos serem os compradores dos veículos que produziram. Esse
aspecto rompia completamente como a forma que Taylor entendia o elemento humano. Taylor
entendia que os funcionários deveriam ser iguais a um búfalo, ou seja, fortes para o trabalho e fracos
em suas capacidades cerebrais e cognitivas.
Fayol, já citado nesse material algumas vezes, encerra o trio da escola da administração clássica. Ele
tinha uma visão da planta produtiva (linha de produção), mas buscava compreendê-la em um todo
organizacional associado a outros sistemas e geridos por pessoas. Assim, Fayol já começava a
pensar o processo administrativo de maneira cíclica e a partir daquelas etapas já mencionadas:
prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.
Maximiano (2000), ao explicar a teoria clássica da administração, inclui Weber. Vamos usar essa
tipologia de forma didática, mesmo que não seja a mais adequada teoricamente. A “Teoria da
Burocracia” é uma tentativa de uma explicação de uma lógica que organiza toda a estrutura social e
não somente uma empresa. Em outras palavras, os mesmos mecanismos de funcionamento de uma
empresa podem ser reproduzidos na sociedade. A forma de romper com isso seria possibilitar que
as leis, desde que fossem a maior representante dos interesses da nação, tivessem um modelo de
funcionamento. Para isso, teriam um modelo ideal, na concepção de Weber, que detalhasse como o
sistema funcionaria para que a racionalidade legal fosse a predominante. 

VOCÊ SABIA?
Quando uma pessoa se refere à administração pública como sendo burocrática, ela
está coberta de razão, mas não pelo que se conhece enquanto senso comum, que é a
morosidade. Embora o termo burocracia seja visto como algo pejorativo, ele denota,
originalmente, organização, racionalidade, eficiência, eficácia.

Portanto, Max Weber (1966) desenvolveu a ideia de um modelo ideal de funcionamento de qualquer
organização e o nomeou como burocracia. Para ele, a administração burocrática deveria idealmente
seguir alguns princípios (destacamos os mais importantes):

- O negócio oficial é conduzido com base em conhecimento empírico;


- O dever do funcionário de fazer algo é estabelecido de forma impessoal;

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- O funcionário tem autoridade necessária para cumprir sua função;


- A hierarquia é estabelecida de forma vertical, ou seja, cada posto de trabalho está associado a uma
chefia;
- A renda e os negócios privados são cuidadosamente separados das questões públicas;
- Todas as ações devem ter critérios de formalismos.

Essas mesmas regras podem ser replicadas na empresa, na igreja, em uma organização não
governamental, em uma repartição pública e até mesmo no funcionamento do Estado como um
todo.
Na teoria clássica, exceto na visão da Teoria da Burocracia, a visão ontológica que pautava suas
ideias era o homo economicus. Nessa concepção, os homens são guiados por maximizar desejos e,
portanto, priorizar a satisfação econômica.  

1.3 As teorias da Administração


A diversidade das relações entre os seres humanos e os diferentes ambientes em que essas relações
ocorrem, dão uma noção da complexidade de interpretações que poderiam ser dadas a diferentes
contextos. 

Deslize sobre a imagem para Zoom

Figura 1 - As
teorias das organizações se dedicaram ao estudo de características relacionadas à produtividade,
como o estudo de tempos e movimentos proposto por Taylor. Fonte: Aleksandar Mijatovic,
Shutterstock, 2018.

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Nesse sentido, surgem teorias que abordam as relações humanas e sociais existentes nas
organizações por outros enfoques. É nesse contexto que surgem teorias que buscam explicar e
apontar caminhos a serem seguidos pela administração que têm foco no ambiente e nas pessoas. 

1.3.1 Teorias com foco no ambiente e nas pessoas


Poderíamos começar essa sessão com um “Era uma vez...”, pois seria coerente com a história que
queremos contar e que teve impacto em toda a teoria da Administração. Seria sobre uma empresa
de telefonia e as experiências que esse grupo passou mudando seu ambiente. Um dia, os cientistas
diminuíam a luz e queriam ver qual seria o impacto na produtividade das telefonistas. Noutro
deixavam sem água e observavam como as mulheres se comportavam. Foram muitos testes e no fim
a produtividade pouco se alterava. Os cientistas, então, pensaram que o grupo, diante das
dificuldades, passava a se autoapoiar e assim a produtividade se mantinha. Nascia a escola das
Relações Humanas. 
Na Teoria das Relações Humanas o homem é analisado como um ser social, dotado de vontades
essenciais, necessidades específicas e características únicas. O “homo social”, que personifica o
representante dessa forma de abordagem, se realiza por meio da satisfação de suas necessidades e,
nesse sentido, é o centro da atenção das análises dos teóricos do período.
Outras teorias, com ênfase simultânea nas pessoas e no ambiente, também foram desenvolvidas.
Uma delas, a Teoria Sistêmica, analisava as organizações como parte de um todo, interligadas como
um sistema. Todas elas se relacionavam direta ou indiretamente de algum modo, com consequências
em todo o sistema sempre que algum dos seus componentes ou do próprio mercado se modificava.
Suas análises foram muito precisas e têm repercussão ainda nos dias de hoje. Serve de base para a
análise de muitas das consequências na economia em razão do funcionamento do mercado,
consumidores, organizações, governos e demais atores econômicos.
A Teoria Neoclássica é outra que merece ser observada. Com foco na gestão, objetivos e controle,
tem como meta o resultado organizacional. Resgata conceitos das teorias clássicas, daí seu nome
“Neoclássica”, e enfoca as práticas administrativas como base de suas análises. Ainda há grande
influência nas organizações modernas, sobretudo aquelas que valorizam o alcance de resultados
como seu foco principal.
Fortemente influenciada pela ideia de que as organizações estão sujeitas ao ambiente, mas também
às interações entre pessoas e a própria dinâmica das organizações, dos mercados e todos os demais
componentes do cenário em que se encontram, surge a Teoria das Contingências, que relativiza por
completo os impactos existentes sobre as organizações.
Tamanha é a sua influência que esta teoria ainda ajuda a explicar muitas das interações havidas nas
organizações nos dias de hoje. Relações interpessoais, localização, cultura organizacional,
informalidades, hábitos de consumo, enfim, diversos componentes, isolados ou conjuntamente,
impactam nas organizações e nos processos de tomada de decisão. A Teoria das Contingências
amplia a compreensão sobre a complexidade das interações entre insumos, processos, produtos e
mercados e ainda oferece caminhos para correlacionar esses diferentes componentes na busca por
soluções de problemas que congreguem tanto o ambiente quanto as pessoas.

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1.4 Princípios da administração pública 


Até agora tivemos muitas informações sobre as origens e os principais conceitos e fundamentos da
Administração. No entanto, praticamente todas elas diziam respeito à Administração de maneira
ampla, em especial sobre a administração privada, de onde decorrem as primeiras noções sobre a
arte de gerenciar algo.
Direcionando agora o enfoque para as questões relacionadas à administração pública, com destaque
especial para os princípios que a regem, vamos analisar questões relacionadas com a conduta dos
agentes e os objetivos das organizações públicas. Veremos que há regras rígidas de controle, mas
que também há objetivos a serem alcançados.
Certamente a administração pública é reconhecida muito mais pelos aspectos de controle do que
pelo alcance de resultados. Isso se reflete no grau de confiança que as pessoas têm nas
organizações públicas e também na qualidade dos serviços prestados, que são, em sua grande
maioria, vistos como sendo de baixa qualidade e alto custo.
Veremos que os princípios que regem a administração pública, se observados como componentes
essenciais ao cumprimento de seus objetivos, podem ser excelentes aliados na obtenção de serviços
públicos de qualidade, eficientes, com custos razoáveis e entregues em tempo satisfatório.
Quando cumpridos apenas como regras de conduta e não como fins, os princípios se prestam ao
contrário do que se propõem, tornando a gestão pública algo engessado, moroso, dispendioso,
ineficiente.
Aprender sobre como a administração pública se organiza e quais são os princípios que a orientam é
essencial para assegurar que ela seja capaz de atender aos propósitos de quem é seu maior cliente:
a sociedade.
Originalmente previstos no texto constitucional, os princípios da administração pública estão
presentes em toda a dinâmica da gestão pública e no comportamento de seus agentes, os gestores
públicos. É o que veremos a seguir nos tópicos que abordam cada um dos princípios expressos da
Administração.

VOCÊ SABIA?
Existem 5 princípios expressos da administração pública, que são aqueles que estão
listados no Artigo 37 da Constituição Federal de 1988: Legalidade, Impessoalidade,
Moralidade, Publicidade e Eficiência. No entanto, existem inúmeros princípios
decorrentes desses, que são os chamados princípios tácitos. Tanto os princípios
expressos quanto os tácitos devem ser observados pela administração pública e seus
agentes.

Toda a orientação normativa e funcional da administração pública tem como base os princípios
constitucionais. São eles que dão a exata noção dos limites, do alcance e das responsabilidades que
os gestores públicos e a própria administração devem seguir. Sem eles, as ações dos governantes

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perdem referência frente aos administrados e isso representa um grande risco tanto do ponto de
vista dos objetivos da administração quanto da própria democracia, em razão dos excessos que
podem ser cometidos.

1.4.1 O Gestor Público e os princípios da administração


Para você, o que seria um princípio? Quando falamos sobre princípios estamos falando sobre
origens, início, aquilo que dá significado a alguma coisa. Um princípio é algo que fundamenta, por
exemplo, algum tipo de comportamento que alguém ou algum ente, instituição ou entidade deve
observar.
Em se tratando de um princípio, caso não seja observado, fere ou contraria aquilo que originalmente
se previa. No caso da Administração Pública, há também princípios que devem ser observados e não
são apenas alguns os princípios a que a Administração Pública está sujeita, ou seja, existem vários
princípios que orientam as ações da Administração, tanto o das instituições, quanto o dos agentes
públicos (LACOMBE, HEILBORN, 2003). No entanto, alguns deles são especiais, tão especiais que
são tratados de maneira específica no documento mais valioso para a administração pública: a
Constituição.
Da mesma forma como a Constituição é o principal documento que dá origem aos fundamentos da
Administração, ela institui as principais orientações a serem seguidas pelos entes e agentes
públicos. Ela dá tratamento especial a isso no título que trata da “Organização do Estado”, no
capítulo que aborda a “Administração Pública”, especificamente no Artigo 37, em seu caput, ou seja,
na descrição inicial do artigo, onde indica quais são os princípios a que “administração pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá” (BRASIL, 1988).  
Antes mesmo de especificarmos quais são os princípios que regem a administração pública, é
necessário destacar alguns conceitos importantes do texto constitucional. Primeiramente, ao definir
que toda a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios estará submetida a princípios, vale dizer que todos os serviços
públicos, em quaisquer circunstâncias, se submetem aos mesmos princípios originais. Não há
distinção entre local, esfera de Poder, se é executada diretamente ou indiretamente, ou seja, toda a
administração pública se vê obrigada a obedecer aos mesmos princípios.
Como regra geral, portanto, a Administração direta e indireta de qualquer dos três Poderes da da
União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios está sujeita à observância dos princípios da própria
Administração (PEREIRA, 2009). Assim, as Autarquias, Fundações Públicas, Agências Reguladoras,
Agências Executivas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista também estão
submetidas a esses princípios. Mesmo entidades que não pertençam à administração pública, mas
que execute recursos provenientes desta como sua fonte de renda, através de repasses, por
exemplo, devem seguir os mesmos princípios que regem a Administração.
Feitas essas considerações, vamos agora conhecer quais são os princípios da administração pública
que estão listados no Art. 37 da Constituição (BRASIL, 1988), a saber, os princípios da “legalidade”,
da “impessoalidade”, da “moralidade”, da “publicidade” e da “eficiência”.

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Esses são os chamados princípios expressos da Administração. Expressos porque foram


explicitamente prescritos pela Constituição. Não significa que eles sejam os únicos, mas que foram
tratados de maneira expressa pelo constituinte. Nesse caso, eles são os primeiros a serem
observados na conduta da administração e de seus agentes. Há muitos outros princípios, sobre os
quais trataremos mais a diante, como o princípio da “transparência”, por exemplo, que é um dos
chamados princípios tácitos da Administração. Tácitos porque não foram expressos na Constituição
da mesma forma como os cinco princípios que já elencamos. Eles são decorrentes de algum dos
princípios expressos. O princípio da “transparência”, já citado, decorre mais especificamente do
princípio da “publicidade”.
Conhecidos quais são os princípios expressos da administração pública, vamos agora descrever
quais os conceitos que melhor definem cada um deles.

VOCÊ O CONHECE?

Há um importante personagem a ser conhecido quando o assunto é administração pública. Embora


nem sempre seja identificado como o principal representante da gestão pública moderna, Luiz Carlos
Bresser Pereira liderou o processo de reforma da administração pública brasileira nos anos 1990, em
especial à frente do Ministério da Administração e Reforma do Estado – MARE.

A conduta dos agentes públicos deve ser pautada pelos princípios, mas, sobretudo, pela sua própria
forma de encarar a coisa pública como sendo de todos e não para atender a interesses particulares.

1.4.2 Princípio da Legalidade


O princípio da legalidade é fundamento do Estado democrático de direito. Ele tem por fim combater
o poder arbitrário do Estado. Os conflitos devem ser resolvidos pela lei e não através da força.

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Figura 2 - O
princípio da legalidade serve como regra para a sociedade e a administração pública e como
limite ao poder dos governantes. Fonte: BCFC, Shutterstock, 2018.

A própria Constituição Federal, em seu Artigo 5º, traz elementos que justificam a existência do
princípio da legalidade: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei” (BRASIL, 1988). Em razão da sua importância para a Administração, o princípio da
legalidade já foi tido como “a regra de ouro” da administração pública, isso porque é a lei que define
o que deve e o que não deve ser feito pela administração pública.
Particularmente, defendemos o ponto de vista de que o princípio da legalidade, por mais importante
que seja, não pode ser alçado a uma condição que o diferencie, para mais ou para menos, dos
demais princípios. Aquilo que seja legal, mas que não seja eficiente, por exemplo, embora seja
justificado por um princípio, contraria outro. Diante disso, me posiciono no sentido de que os
princípios da Administração são igualmente importantes e que devem ser observados pela
administração pública no exercício de suas funções.
Isso não diminui em nada a importância do princípio da legalidade. Pelo contrário, justifica a sua
existência. A lei pauta as ações da administração e de seus agentes e deve ser sempre observada. O
princípio da legalidade, inclusive, serve de elemento de separação entre os conceitos de
administração pública e de administração privada. A administração pública só pode fazer o que a lei
manda ou autorize que se faça. Já a administração privada pode fazer tudo, desde que não seja
vedado por lei. A diferença é sutil, mas fundamental.
Segundo o princípio da legalidade, o administrador não pode fazer o que bem entender na busca do
interesse público, ou seja, tem que agir segundo a lei, só podendo fazer aquilo que a lei
expressamente autoriza e, no silêncio da lei, está proibido de agir. Já o administrado pode fazer tudo

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aquilo que a lei não proíbe e o que está silencia a respeito. Portanto, tem uma maior liberdade do que
o administrador.
Assim, se diz que no campo do direito público a atividade administrativa deve estar baseada numa
relação de subordinação com a lei, ou seja, administrar é a arte de aplicar a lei de ofício, é aplicar a lei
sempre, e no campo do direito privado, a atividade desenvolvida pelos particulares deve estar
baseada na não contradição com a lei.
Por isso, entre outras razões, é que as principais inovações costumam aparecer com maior
frequência no campo da administração privada. Não sendo vedado por lei, é permitido. Para que haja
alguma inovação na administração pública, por mais benéfica que seja, é necessário que ela esteja
prevista em lei ou que seja autorizado por ela. Ao passo que, na administração privada, quando não
é vedado, é permitido, na administração pública, ainda que não seja vedado, se não for autorizado
por lei, é proibido.
Desse modo, o princípio da legalidade aparece simultaneamente como um limite, mas também como
uma garantia, pois ao mesmo tempo em que é um limite à atuação do Poder Público, visto que este
só poderá atuar com base na lei, também é uma garantia aos administrados, ou seja, à sociedade. Só
deveremos cumprir enquanto cidadãos as exigências do Estado se estas estiverem previstas na lei.
Se as exigências não estiverem de acordo com a lei, serão inválidas e, portanto, estarão sujeitas ao
controle do Poder Judiciário.
Mas se há um princípio da legalidade que, por consequência, estabelece que os atos da
administração devem decorrer da lei, qual o conceito que define o que é a lei para fins de
interpretação de um princípio?
Quando o princípio da legalidade menciona a palavra “lei” ele quer referir-se a todos os atos
normativos primários que tenham o mesmo nível de eficácia da lei ordinária. Como exemplos,
podemos citar as medidas provisórias, resoluções, decretos legislativos. Não se refere apenas aos
atos decorrentes de lei, mas também os infralegais, ainda que estes não possam limitar os atos das
pessoas, isto é, não podem restringir a liberdade das pessoas.
A Administração, ao impor unilateralmente obrigações aos administrados por meio de atos
infralegais, deverá fazê-lo dentro dos limites estabelecidos por aquela lei à qual pretendem dar
execução. Segundo o Art. 84, IV da Constituição, “compete privativamente ao Presidente da
República sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos
para sua fiel execução” (BRASIL, 1988). E segundo o Art. 49, V, da Constituição,  “cabe ao
Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem o poder
regulamentar ou dos limites da delegação legislativa” (BRASIL, 1988). Veremos a seguir como é
abordado o princípio da legalidade em outros ramos do direito.
No Direito Penal (Princípio da estrita legalidade) – também aparece como limite à atuação do Estado
e como garantia dos administrados contra os abusos do direito de punir, visto que uma conduta só
poderá ser considerada como crime e punida, se estiver prevista previamente em lei. Diz o Art. 5,
XXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (BRASIL,
1988).

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 No Direito Tributário – também se apresenta como limite à atuação do Estado, visto que a União, os
Estado, o Distrito Federal e os Municípios não poderão exigir, nem majorar tributos, senão em
virtude de lei, segundo o Art. 150 (BRASIL, 1988). Há exceções que serão estudadas em direito
tributário.

1.4.3 Princípio da Impessoalidade


“Todos são iguais perante a lei” (BRASIL, 1998). Você já ouviu essa expressão antes? Uma das
funções da lei é tornar a todos, igualmente, a ela submetidos. O segundo princípio da administração
pública que vamos analisar é o princípio da impessoalidade. Como veremos, esse princípio exige da
administração pública neutralidade quando da execução dos atos por seus entes e agentes públicos.
Deve a administração esforçar-se para tratar a todos de maneira impessoal.

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Figura 3 - Pelo
princípio da impessoalidade, todos são iguais perante a lei, na medida de suas desigualdades.
Fonte: INAMEL, Shutterstock, 2018.

No entanto, há momentos em que a pessoalidade, ou seja, o tratamento diferenciado por parte da


Administração será justificado pelo mesmo princípio. Enquanto conceito, a Administração deve
manter-se numa posição de neutralidade em relação aos administrados, ficando proibida de
estabelecer discriminações gratuitas. Só pode fazer discriminações que se justifiquem em razão do
interesse coletivo, uma vez que as gratuitas caracterizam abuso de poder e desvio de finalidade, que
são espécies do gênero ilegalidade.
Assim, ela age com impessoalidade quando estabelece, por exemplo, que para ingressar na
Administração Pública, o administrador não pode contratar, via de regra, quem quiser, mas somente
quem for aprovado em concurso público, respeitando-se a ordem de classificação. No entanto, o
concurso pode trazer discriminações, mas não gratuitas, como aquelas que especificam reservas de
vagas para determinados tipos de pessoas, devendo assim estar relacionada à natureza do cargo.

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Outro exemplo de impessoalidade está na contratação de serviços ou aquisição de bens, ou seja, o


administrador só poderá contratar, via de regra, através de licitação. O edital de licitação, no entanto,
pode trazer discriminações, como delimitar quais tipos de empresas podem participar, mas tais
discriminações não podem ser gratuitas, injustificadas.
A outros exemplos de tratamentos dispensados pela administração que exigem uma conduta como
aquela prescrita pelo princípio da impessoalidade, por exemplo, na liquidação de seus débitos. A
Administração tem que respeitar a ordem cronológica de apresentação dos precatórios para evitar
privilégios. Se for quebrada, a ordem pode gerar sequestro de verbas públicas, crime de
responsabilidade, entre outras medidas. Mas mesmo em casos como este, há exceções. O artigo 100
da Constituição Federal estabelece: 

À exceção dos créditos de natureza alimentar, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual
ou Municipal, em virtude de sentença judiciária far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou
pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim (BRASIL, 1988).

Há outros exemplos mais emblemáticos de utilização do princípio da impessoalidade, que exige


conduta impessoal da administração, tornando todos iguais perante a lei. Entretanto, há casos em
que a administração cria tratamentos específicos para determinados tipos de pessoas em razão de
uma condição em especial. É o caso do tratamento dispensado à crianças e adolescentes. Também o
tratamento diferenciado dado a idosos, pessoas com deficiências e tantas quantas sejam as
categorias que requeiram cuidados em específico. Mas não seria esse tipo de tratamento
diferenciado uma forma de burlar o princípio da impessoalidade? Vamos refletir sobre isso.
O interesse coletivo justifica a existência de condutas da administração que admitem, inclusive, que
um princípio não seja observado. Obviamente que não poderá ultrapassar limites que tornem o
interesse de muitos algo maior que um direito fundamental, como a vida, por exemplo. Nesse caso,
não é a vontade da maioria que se impõe, mas a vontade da sociedade, enquanto valores.
Quando se trata de maneira pessoal, e não impessoal, crianças ou idosos, por exemplo, é o interesse
coletivo da sociedade que fala mais alto e ajusta a conduta da administração de modo a atender um
conjunto de valores que deve imperar nos atos dos agentes públicos.

1.4.4 Princípio da Moralidade


Ainda que esteja de acordo com a lei, não pode a administração pública atuar em desacordo com a
moralidade. Mas o que vem a ser um ato de moralidade enquanto princípio da Administração?
O princípio da moralidade pressupõe o comportamento do administrador em uma conduta em
conformidade com a lei, mas não apenas com ela. Para que a moralidade administrativa seja
alcançada é necessário que o ato, além de legal, esteja de acordo com as boas regras de
administração, atenda aos princípios de justiça e equidade, pactue com a ideia comum de
honestidade, não ofenda os bons costumes e práticas de gestão e não ofenda a moral.

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Figura 4 - O
princípio da moralidade explicita a necessidade do agente público mostrar-se verdadeiramente
alinhado com os padrões éticos de comportamento. Fonte: Microba Gtandioza, Shutterstock,
2018.

O princípio da moralidade é um dos princípios da administração pública que desafia o princípio da


legalidade enquanto “regra de ouro” da Administração. Embora ainda existam muitos que acreditem
que, se decorrente de lei, portanto, atendendo ao princípio da legalidade, o ato perfaz a sua
finalidade, a moralidade questiona frontalmente essa hipótese. Havendo imoralidade administrativa,
ou seja, não atendendo aos preceitos morais, pode a administração, na figura do agente público, ser
responsabilizada, estando, portanto, o ato administrativo sujeito ao controle do Poder Judiciário.
Há instrumentos específicos para se combater a imoralidade dos atos administrativos. É o caso da
Ação Civil Pública. Nesse caso, ela só pode ser promovida por pessoa jurídica, como o Ministério
Público, Associação de Classe e etc.
Outro instrumento é a Ação Popular. Esse tipo de ação só pode ser promovida por pessoa física que
esteja no pleno exercício dos direitos políticos. Segundo a Súmula 365 do Supremo Tribunal Federal,
“pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular” (BRASIL, 2017). Segundo a
Constituição em seu Art. 5, LXXIII: 

Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de custas judiciais e
ônus de sucumbência (BRASIL, 1988).

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A principal lei que regulamenta a condução das medidas contra a imoralidade administrativa é a Lei
8.429 de 1992. O seu principal fundamento são os atos de improbidade administrativa. De acordo
com essa lei, em seu Art. 23, I, o prazo prescricional para propositura da ação de improbidade
administrativa é de 5 anos a contar do término do exercício do mandato, cargo em comissão ou
função de confiança (BRASIL, 1992). Ela elenca ainda algumas hipóteses de imoralidade
administrativa, como vemos a seguir.

– Art. 9: Atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito. Exemplo:


utilização em obra ou serviço particular, de veículos, materiais ou equipamentos públicos.
– Art. 10: Atos de improbidade administrativa que importem em prejuízo ao erário. Exemplo:
aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao do mercado.
– Art. 11: Atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da Administração. 
Exemplo: fraude à licitude de concurso público.
 
Da mesma forma como elenca hipóteses de cometimento, ela elenca também sanções aos agentes
públicos que pratiquem atos imorais e não são sanções quaisquer. A começar pelo que determina a
Constituição em seu Art. 37, ou seja, “os atos de improbidade administrativa importarão na
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e
ressarcimento ao erário (cofres públicos), na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível” (BRASIL, 1988).

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Figura 5 -
Nenhum agente público está imune à exposição aos desvios de conduta. Resistir a eles é uma
forma de identificar quem é quem. Fonte: Doppelganger 4, Shutterstock, 2018.

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Estas sanções podem ser aplicadas simultaneamente, precedendo de instrumentos que apurem as
irregularidades praticadas pelo servidor, ou seja, de processo administrativo disciplinar ou
sindicância, garantindo o contraditório e a ampla defesa.
A partir de então, a Lei n. 8.429 (BRASIL, 1992) elenca uma série de sanções, em virtude dos
desdobramentos do ato: se gerou enriquecimento ilícito do agente, se causou prejuízo ao erário ou
se atentou contra os princípios da administração.
Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito, em seu
Art. 12, I, da Lei n. 8.429/92 estabelece:

1. Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;


2. Ressarcimento integral do dano, quando houver;
3. Perda da função pública;
4. Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos;
5. Pagamento de multa de até 3 vezes o valor do acréscimo patrimonial;
6. Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de 10 anos (BRASIL, 1992).

Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que causem prejuízo ao erário, em seu Art. 12.
II, a Lei 8.429/92 estabelece:

1. Ressarcimento integral do dano;


2. Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância;
3. Perda da função pública;
4. Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos;
5. Pagamento de multa civil de até 2 vezes o valor do dano;
6. Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de 5 anos (BRASIL, 1992).

Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da


Administração Pública, em seu Art. 12, III, a Lei 8.429/92 estabelece:

1. Ressarcimento integral do dano, se houver.


2. Perda da função pública.
3. Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos.
4. Pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor da remuneração percebida pelo agente.
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5. Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de 3 anos (BRASIL, 1992).

Veremos a seguir sobre o princípio da publicidade ligada à administração pública.

1.4.5 Princípio da Publicidade


A Administração tem o dever de manter plena transparência de todos os seus comportamentos,
inclusive de oferecer informações que estejam armazenadas em seus bancos de dados, quando
sejam solicitadas, em razão dos interesses que ela representa quando atua.

CASO
Embora exista a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos da administração,
ela não pode servir a fins particulares, como por exemplo, a promoção pessoal
do agente público. Há inúmeros casos em que a publicidade dos atos extrapola
a essa condição e, em especial nos casos relacionados aos candidatos em
disputa eleitoral ou em exercício de mandato, isso é controlado e punido pela
justiça eleitoral, muitas vezes com a perda do cargo.
Casos práticos ocorridos nos últimos tempos reportam a cassação de
mandatos de prefeitos municipais que, sob a alegação de dar publicidade aos
atos da administração, fazem irregularmente a promoção pessoal através da
divulgação de programas e ações implementadas durante a gestão.

Isso porque age em nome e em razão da sociedade. Em virtude disso, tanto é uma obrigação para a
Administração quanto um direito do administrado. A publicidade não se exaure com a simples
publicação de atos de maneira formal, como a que é feita nos veículos oficiais da administração
pública, como o Diário Oficial da União, ou dos Estados e Municípios, por exemplo.
De acordo com a Constituição Federal (Art. 5), “todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado” (BRASIL, 1988).
Ainda segundo a Constituição, em seu Art. 37, “a lei disciplinará as formas de participação do
usuário na Administração direta e indireta, regulando especialmente o acesso dos usuários a
registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no Art. 5º, X
e XXXIII” (BRASIL, 1988).

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Figura 6 - O
princípio da publicidade garante o acesso da sociedade a informações sobre a performance das
instituições e auxilia no controle dos resultados. Fonte: Matej Kastelic, Shutterstock, 2018.

No entanto, embora seja a regra, há exceções ao princípio da publicidade. Tendo em vista que
algumas informações deverão permanecer sob sigilo, podemos concluir que o princípio da
publicidade não é absoluto.
Aquelas informações que comprometam o direito à intimidade das pessoas são exemplos disso,
conforme disposto no Art. 5: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”
(BRASIL, 1988).
Também informações de interesse particular ou coletivo quando imprescindíveis para a segurança
da sociedade ou do Estado são sigilosas e, portanto, resguardadas pela Constituição. Isso não
significa, no entanto, que a administração pública possa negar o fornecimento de informações sem a
devida justificativa plausível. Há garantias contra a negativa injustificada de oferecimento por parte
do Poder Público.
Nesse caso podem ser utilizados os chamados “remédios constitucionais”, como é o caso do Habeas
data, cabível quando a informação negada injustificadamente é personalíssima. Há também o
“Mandado de segurança”, aplicável quando a informação negada injustificadamente é de meu
interesse privado ou coletivo ou geral.
Cabe mandado de segurança sempre que esteja em jogo um direito líquido e certo, pois a pessoa
tem direito a obter informações de seu interesse privado ou coletivo e geral. Por exemplo,
informação sobre o número em que está o pagamento de precatório; sobre um parente que
desapareceu; sobre plano de desapropriação em determinado imóvel; sobre transferência de um
preso para outra penitenciária etc.
A negativa de publicidade aos atos oficiais caracteriza improbidade administrativa. Como já vimos
anteriormente, em relação ao princípio da moralidade, a improbidade administrativa atenta contra os
princípios da Administração Pública, conforme estabelece o Art. 11 da Lei 8.429/92 (BRASIL, 1992).

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Há inúmeros outros casos, como o não oferecimento de certidões de atos ou contratos municipais,
dentro do prazo estabelecido em lei, o que gera como consequência a caracterização de crime de
responsabilidade do prefeito (BRASIL, 1967).

1.4.6 Princípio da Eficiência


A Administração Pública deve buscar um constante aperfeiçoamento na prestação dos serviços
públicos, mantendo ou melhorando a qualidade dos serviços, com economia de despesas, ou seja,
qualidade nos serviços e racionalidade de gastos.

VOCÊ QUER LER?

A reestruturação da administração pública no Brasil, da forma como hoje é concebida, passa por
diferentes vertentes, mas, sem dúvida, uma de suas maiores influências vem das diretrizes
estabelecidas pelo “Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado” (BRASIL, 1995), desenvolvido
quando Luiz Carlos Bresser Pereira era então Ministro da Administração Federal e Reforma do
Estado. O documento pode ser acessado em: <https://goo.gl/ByWTtW (https://goo.gl/ByWTtW)>.

É relevante lembrar que mesmo antes da inclusão deste princípio na Constituição com a Emenda
Constitucional 19/98 (BRASIL, 1998), a Administração já tinha a obrigação de ser eficiente na
prestação de serviços, por exemplo, com a Lei n. 8.078/90 e a Lei 8.987/95.

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Figura 7 - O
princípio da eficiência valoriza práticas colaborativas, uma vez que os resultados dependem de
um conjunto de esforços coordenados. Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 2018.

Princípio da eficiência na Constituição


 
Segundo o Art. 37, II, da Constituição Federal e também presente no princípio da impessoalidade:

A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de


provas ou provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
e exoneração (BRASIL, 1988). 

 O Art. 39, por sua vez, diz que:

A União, os Estados, e o Distrito Federal manterão escolas de governo para formação e aperfeiçoamento
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos como um dos requisitos para a
promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados (BRASIL, 1988).

O Art. 41 estabelece que o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público submete-se a um estágio probatório de 3 anos, em que o administrador irá apurar
a eficiência na prática (BRASIL, 1988). Por exemplo, o administrador verificará a frequência, o
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rendimento do trabalho, o cumprimento de ordens emitidas pelo superior. 

VOCÊ QUER LER?

Importantes textos sobre gestão pública estão disponíveis no site da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP. Ela é uma das principais escolas de governo do país com grande
influência nas inovações na administração pública. Você pode acessar a biblioteca da ENAP em:
<http://biblioteca.enap.gov.br/ (http://biblioteca.enap.gov.br/)>.

Além disso, “como condição à aquisição de estabilidade, o servidor está submetido à avaliação de
desempenho por uma comissão constituída para essa finalidade” (BRASIL, 1988), trata- se de uma
norma de eficácia limitada, pois está na inteira dependência de uma lei que dirá quem vai integrar a
comissão, quais serão os critérios, quais matéria serão avaliadas etc.
Em seu parágrafo III, o Art. 41 diz que “o servidor público estável poderá perder o cargo em razão de
insuficiência de desempenho, mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na
forma da lei complementar, assegurada a ampla defesa e contraditório” (BRASIL, 1988), ou seja,
trata-se de uma norma de eficácia limitada, pois está na inteira dependência da lei.
A Lei Complementar n. 101/00 (BRASIL, 2000) estabeleceu que a União não pode gastar com seu
pessoal mais de 50% do que arrecada. Já os Municípios e os Estados não podem gastar mais de
60% do que arrecadam. Para cumprimento destes limites acima, o Poder Público pode tomar
algumas medidas, segundo o Art. 169 (BRASIL, 1988):

– Redução de pelo menos 20% as despesas com servidores que titularizem cargo em comissão e função
de confiança (§3º, I);
– Exoneração dos servidores não estáveis (§3º, II).
– Se as medidas acima não forem suficientes, dispensarão servidores estáveis, desde que o ato
normativo especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto de redução de
pessoal (§4º). 

O Poder Público deve demonstrar porque a escolha recaiu em determinado servidor, tendo em vista
que os critérios não são livres, isto é, que deve considerar o tempo de serviço, a remuneração
percebida o número de dependentes, a idade do servidor e etc. Assim, o servidor público pode
perder o cargo por excesso de quadro ou despesa, quando o Poder Público estiver gastando mais do
que lhe for permitido, sendo assegurado o contraditório e ampla defesa.
De acordo com o Art. 37, parágrafo 8º, I, II e III):

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A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e


indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para órgão ou entidade, cabendo à lei
dispor sobre: o prazo de duração do contrato; os controles e critérios de avaliação de desempenho,
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes, a remuneração do pessoal (BRASIL, 1988).

Trata-se do contrato de gestão através do qual se oferece maior autonomia às Autarquias e


Fundações em troca do atingimento, durante prazo certo e determinado de novas metas de
desempenho (Agências executivas).
Já segundo o Art. 39, parágrafo 7:

A Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
orçamentários provenientes da economia com despesas decorrentes de cada órgão, autarquia e
fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade,
treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade (BRASIL, 1988).

A eficiência é, antes que um princípio constitucional, uma forma de conduta dos agentes públicos.
Exercer suas atividades de maneira eficiente é compreender que não se trata apenas de um
mandamento mas, sobretudo, de uma condição essencial do servidor público.

Síntese
Nesse capítulo vimos os fundamentos e as principais teorias que orientam a administração. Tivemos
a oportunidade de confrontar diferentes pontos de vista dos teóricos que buscavam, a partir de suas
análises, não só compreender mas também identificar oportunidades de evolução nos diferentes
contextos em que as organizações se inserem. Vimos ainda o impacto que as relações existentes
entre as pessoas e as organizações têm no contexto da administração.
Após compreendermos os fundamentos e pensamentos sobre a administração, passamos a analisar
o cenário da administração pública, com especial destaque para os princípios que a orientam. Vimos
que existem princípios expressos que devem ser observados na conduta dos agentes públicos e que
a sua não observância tem implicações graves tanto para as organizações quanto para os agentes.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
conhecer as principais teorias que regem a Administração;
identificar o impacto dessas teorias no cotidiano das organizações;
verificar os fundamentos da gestão pública;
conhecer os princípios que regem a administração pública;
compreender as consequências do não atendimento aos princípios constitucionais;
aprender sobre a conduta esperada para os agentes públicos.

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Referências bibliográficas
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