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Estudo definirá
espécies estruturantes
para Recuperação
de Áreas Degradadas
O
projeto de pesquisa “Espécies Geraldo Fernandes é professor titular
de campos rupestres para da Universidade Federal de Minas
utilização em Recuperação Gerais (UFMG). Com mestrado e
de Áreas Degradadas” foi apresentado doutorado pela Northern Arizona
pelo biólogo Geraldo Fernandes e University, em “Ecologia” e “Ecologia
contratado em conjunto pela Vale e Evolutiva”, respectivamente, o
a Fundação de Amparo à Pesquisa biólogo fez seu pós-doutorado
de Minas Gerais (Fapemig), em 2018. na Stanford University. O projeto
O estudo começou no início do ano, atual dá continuidade à pesquisa
com prazo de conclusão previsto para “Biodiversidade, ecoeficiência
2020, e tem por objetivo contribuir e sustentabilidade aplicados à
para o conhecimento dos processos de restauração dos campos rupestres”,
restauração dos campos rupestres por aprovada no edital Vale-Fapemig de uma área em que o solo apresenta
meio da caracterização do ecossistema baixa qualidade nutricional, o que
2010 e concluída em 2014.
de referência – vegetação, solo e gera uma vegetação peculiar, já que
micorrizas (associação entre fungos e “No primeiro trabalho, criamos é difícil para as plantas fincar raízes,
raízes) – e do potencial regenerativo parâmetros para germinação de crescer e produzir sementes. Ventos,
do solo, com a utilização de fungos espécies endêmicas e ameaçadas pouca água e temperaturas que
micorrízicos arbusculares. Visa também do campo rupestre. Conseguimos variam de 5 a 60 graus, na rocha,
conhecer o espaço ocupado pela salvar duas espécies ameaçadas são bastante hostis. Apesar disso, há
comunidade vegetal dos campos de extinção, inclusive. Agora, uma riqueza enorme nos campos
rupestres em termos da estrutura CSR, temos nosso foco em espécies rupestres, tão diversos quanto a
que avalia a capacidade de: competir estruturantes, aquelas facilitadoras Amazônia em número de espécies
com outras plantas (C); tolerar os e capazes de fomentar a por área. Existem 6 mil espécies de
estresses (S); e sobreviver à destruição biodiversidade no ambiente. O termo plantas nesses campos, distribuídas
parcial da biomassa (R). rupestre deriva de rocha e caracteriza por uma área que representa menos
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de 0,8% do território brasileiro”, quartzítico (campo arenoso tempo, foram realizadas medidas Ricardo Teles
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genético por PCR (reação em cadeia funcionam como uma extensão da A bióloga Yumi Oki, que integra a
por polimerase) para se conhecer o raiz. Essa maior extensão aumenta equipe do estudo, complementa
DNA ambiental (veja quadro abaixo), os a capacidade de absorção de informando que, com base na
pesquisadores saberão quais micorrizas elementos importantes do solo para identificação das espécies de
ocorrem naquela região de campo a nutrição vegetal. A interação ainda
micorrizas, poderá avaliar quais delas
rupestre, quais são os elementos que aumenta a atividade e a diversidade
favorecerão o estabelecimento e
compõem o solo e quais espécies de microrganismos heterotróficos
o desenvolvimento da vegetação
foram capazes de colonizar o ambiente. (que dependem do consumo de
em áreas degradadas. “Os fungos
material orgânico previamente
Micorrizas formado) e contribui para a
micorrízicos também produzem
glomalina, uma glicoproteína
“As micorrizas são importantes ampliação da biomassa microbiana,
porque, ao longo de milhões de anos recuperando a atividade biológica e relacionada com a estabilidade dos
Propagação e
Ecossistema de Referência Cultivo Vegetal
Vegetação Propagação,
cultivo das espécies
Diversidade Composição Caracterização Determinação das selecionadas
de habitat e estrutura funcional espécies estruturantes
Seleção de espécies
Canga Solo
couraçada 1. Caracterização físico-química do solo
2. Fungos micorrizicos arbusculares (fma)
Avaliação da diversidade
Identificação
Canga nodular de espécies
Extração
PCR Sequenciamento
de DNA Seleção
de FMA
Sobrenadante Reagente
Solo Autoclavagem
Campo pedregoso +
de Bradford
de quartzito Citrato
de Sódio Leitura no Produção
Centrifugação espectrômetro de Inóculos
O esquema permite a visualização gráfica das diversas fases do estudo, que tem suas etapas laboratoriais realizadas na
própria UFMG e em parceiros, como a Fiocruz, no caso da extração e sequenciamento de DNA. Uma característica dos
campos rupestres levada em consideração em cada fase é a diversidade de ambientes edáficos (relativos ao solo) e o
mosaico de vegetação associada, como resultado de uma miríade de filtros ecológicos e geomorfológicos.
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Novos passos
O passo seguinte é escolher, com
o respaldo da pesquisa, até três
espécies estruturantes em cada tipo
de habitat e produzir mudas de cada
uma delas a partir da coleta de frutos
maduros em campo. A definição
de espécies estruturantes leva em
conta o estudo do ecossistema de
referência – existente, pré-existente
ou hipotético –, que serve como
imagem de orientação para projetos
de restauração. Ou seja: próprias
de cada local e capazes de alterar o
microambiente do solo, modificar
a superfície, interferir na drenagem
e produzir serapilheira (camada
Ricardo Teles
formada pela deposição de restos
de plantas e acúmulo de material
orgânico vivo em diferentes estágios
de decomposição), sustentando
também a fauna especializada, Geraldo Fernandes, nos campos
essas espécies possibilitarão uma
rupestres da Serra da Calçada
recuperação mais eficiente de áreas
degradadas, com ganhos ambientais,
de tempo e de custo.
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