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USO DE LEGUMINOSAS COMO FONTE DE NUTRIÇÃO DAS

PLANTAS SOB DIFERENTES PROFUNDIDADES NA CULTURA


DO MILHO (zea mays)

Nome do discente:

Universidade católica de Moçambique

Faculdade de ciências agronómicas

Email:

RESUMO

Esta pesquisa pretende avaliar o uso de leguminosas como fonte de nutrição das plantas sob diferentes
profundidades na cultura do milho (zea mays). A perspectiva teórico-metodológica adoptada, baseou-se
no Delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC) num arranjo factorial (2x4), constituído de
4 repetições ou blocos e 8 tratamentos em cada uma das repetições ou bloco, os 8 tratamentos
correspondiam as profundidades diferenciadas, totalizando 32 parcelas em todo o ensaio. As amostras de
solo foram colectadas em quatro blocos designados para cada tipo de leguminosa, em que cada bloco teve
quatro pontos de colecta, representando profundidades de 10 cm, 20 cm, 30 cm e 40 cm. Para análise de
dados, foi feita uma compilação dos mesmos num banco de dados em folha Excel, de seguida, análise e
transformação da informação em forma de tabelas e gráficos, usando o programa Rstudio versão 4.3.0.
para melhor interpretação e compreensão dos dados. . Os resultados da pesquisa indicam que em relação
aos macronutrientes potássio (K) e fósforo (P), tiveram interacção significativa no processo de fixação de
nutrientes no solo para reutilização pela cultura do milho. E quanto a quantidade da matéria orgânica no
solo mostrou não ter interacção significativa perante as diferentes profundidades e os diferentes tipos de
leguminosas.

Palavra-chave: Leguminosa, profundidade, matéria orgânica, fósforo, potássio e solo.

ABSTRACT

This research aims to evaluate the use of legumes as a source of plant nutrition under different depths in
maize (Zea mays) cultivation. The theoretical-methodological perspective adopted was based on the
Randomized Complete Block Design (RCBD) in a factorial arrangement (2x4), consisting of 4
replications or blocks and 8 treatments in each replication or block, with the 8 treatments corresponding
to differentiated depths, totaling 32 plots throughout the trial. Soil samples were collected in four blocks
designated for each type of legume, with each block having four sampling points representing depths of
10 cm, 20 cm, 30 cm, and 40 cm. For data analysis, compilation was made into a database in Excel,
followed by analysis and transformation of information into tables and graphs using Rstudio version 4.3.0
for better interpretation and understanding of the data. The research results indicate that regarding the

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macronutrients potassium (K) and phosphorus (P), there was a significant interaction in the process of
nutrient fixation in the soil for reuse by maize crops. As for the quantity of organic matter in the soil, it
showed no significant interaction with different depths and different types of legumes.

Keywords: Legume, depth, organic matter, phosphorus, potassium, Soil.

1.INTRODUÇÃO

As plantas da família das Leguminosas são as mais utilizadas como adubo verde. De
acordo com Alcântara et al. (2000), afirma que a principal razão para essa preferência
está em sua capacidade de fixar o N atmosférico mediante á simbiose com bactérias do
género Rhyzobium ou Bradyrhyzobium nas raízes. Além disto, possuem alto teor de
compostos orgânicos nitrogenados e o sistema radicular geralmente profundo e
ramificado, capaz de extrair nutrientes das camadas mais profundas do solo.

O nitrogénio é o nutriente requerido em maior quantidade pelas plantas e, exceptuando


as leguminosas, o mais frequentemente suprido em quantidades insatisfatórias
(Reichardt et al., 1979). Embora parte do N contido na forma orgânica do solo seja
mineralizada pela actividade microbiana, esta quantidade, na maioria dos solos, não é
isoladamente suficiente para atender à demanda de culturas exigentes nesse nutriente.

Além disto, o N orgânico do solo é lentamente liberado durante o ano, enquanto a taxa
de demanda das culturas requer maior quantidade deste nutriente disponível no início da
estação de crescimento (Stanford, 1973). Com isso, a utilização de outras fontes de
suprimento de N, além do solo, fazem-se necessárias, e projecta-se que, no ano 2000,
mais de 80% da demanda agrícola mundial de N será atendida pelo uso de fertilizantes
nitrogenados ou de leguminosas. A combinação destas duas fontes de N pode trazer
várias vantagens ao manejo deste nutriente, contribuindo para a sustentabilidade do
agro-ecossistema.

Segundo Mitchell et al. (1991), revisando os resultados dos três experimentos mais
antigos dos Estados Unidos, todos com mais de cem anos, concluíram que a rotação de
culturas e a recuperação do teor de N do solo pela utilização de leguminosas foram as
estratégias mais eficientes para atingir uma produção sustentável. A maioria dos
benefícios das leguminosas no aumento do rendimento das culturas económicas tem
sido atribuída ao incremento da disponibilidade de N (Teixeira et al., 1994). Embora
grande quantidade de N possa existir na parte aérea das culturas de cobertura, a real

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quantidade de N que será aproveitada pela cultura em sucessão irá depender do
sincronismo entre a decomposição da fito-massa e a taxa de demanda da cultura
económica. Portanto, a estimativa da quantidade de N disponibilizada pelas leguminosas
é fundamental para que a quantidade de N a ser complementada via fertilizante mineral
seja determinada, seguindo critérios de produtividade, retorno económico e preservação
ambiental. Sob o prisma da agricultura sustentável, o desafio no maneio do N consiste
em aumentar a quantidade de N absorvido pelas culturas e diminuir, ao mesmo tempo, a
quantidade de N perdido do sistema solo-planta. Esta pesquisa objectivou avaliar o uso
de leguminosas como fonte de nutrição das plantas sob diferentes profundidades na
cultura do milho (zea mays).

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.Leguminosas
Leguminosas são plantas rasteiras ou arbustivas e as sementes crescem em bagas ou
vagens. Dentro desta classificação encontra-se o amendoim que é uma vagem-raíz, mas
este é encaixado entre as sementes ou frutas oleaginosas. Os humanos têm certa
dificuldade de digestão quando consomem leguminosas, pois seus carbohidratos são
muito complexos, com formação de gases e flatulência; motivo pelo qual devem ser
preparados da maneira correcta (TRUCOM, C, 2012).

2.1.1.Composição Química das Leguminosas


As leguminosas são ricas em proteínas, e em algumas espécies, como a soja, contêm até
40%, porém limitantes no aminoácido metionina. Os grãos estão contidos em vagens
ricas em fibras dietéticas, com as quais alguns alimentos até podem ser consumidos
quando ainda bem verdes (ervilhas e vagens). Os grãos apresentam uma envoltura de
celulose que representa 2 – 5% do seu peso e no seu interior contêm até 50% de glícidos
e cerca de 23% de proteínas (Dos Santos, J. M, 2008).

2.1.2.Nomes Correntes e Científicos das Leguminosas em Estudo


Tabela 1. Nomes Correntes e Científicos das Leguminosas
Nomes Correntes Nomes Científicos
Soja Glycine max
Feijão Bóer Cajunus cajan

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2.1.3.Importância das leguminosas na Agricultura
As leguminosas possuem uma característica importante que é a sua capacidade de
absorver azoto do ar. Muitas das culturas que não possuem esta capacidade dependem
do azoto que se encontra no solo. A maior parte dos solos nas regiões tropicais não
contêm azoto, um nutriente muito importante, em quantidade suficiente. Por tal razão, a
produção de leguminosas (para além de outras culturas muito importantes para a dieta
alimentar como sejam a batata, o milho ou o arroz) constitui uma boa maneira para
enriquecer o solo nas regiões tropicais. A demais as culturas leguminosas também
fornecem alimentos quer para as pessoas, quer para os animais. O azoto que as
leguminosas podem absorver a partir do ar é utilizado para o seu crescimento e é
armazenado nos nódulos das raízes. Quando se procede à colheita, as raízes são
deixadas no solo, aonde se decompõem, libertando azoto no solo. Deste modo o azoto
pode ser utilizado para a cultura seguinte, que é plantada no mesmo campo.
(NIEUWENHUIS, R. e NIEUWELINK, J, 2003).
Para além de fixação biológica do N atmosférico no solo, as leguminosas trazem
algumas vantagens importantes para o solo e para as plantas (Formentim, E. A, 2008).
Estas vantagens são:
 Cobertura do solo evitando o seu aquecimento;
 Controle de erosão;
 Equilíbrio biológico;
 Conservação da humidade no solo;
 Ciclagem de nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfície
colocando-os na zona onde as plantas cultivadas conseguem retirar.

3.METODOLOGIA
Delineamento experimental, Variáveis de medição, amostragem e análise dos
dados
Para este ensaio, foi usado o Delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC)
num arranjo factorial (2x4), constituído de 4 repetições ou blocos e 8 tratamentos em
cada uma das repetições ou bloco, os 8 tratamentos correspondiam as profundidades
diferenciadas, totalizando 32 parcelas em todo o ensaio. As amostras de solo foram
colectadas em quatro blocos designados para cada tipo de leguminosa, em que cada
bloco teve quatro pontos de colecta, representando profundidades de 10 cm, 20 cm, 30
cm e 40 cm. Por outro lado cada ponto de colecta foi identificado quanto à leguminosa

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(Bóer ou Soja), profundidade e bloco. Constituíram variáveis de análise de medição as
seguintes: Macronutrientes potássio (K) e fósforo (P) e matéria orgânica. Para análise de
dados, foi feita uma compilação dos mesmos num banco de dados em folha Excel, de
seguida, análise e transformação da informação em forma de tabelas e gráficos, usando
o programa Rstudio versão 4.3.0. para melhor interpretação e compreensão dos dados.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Tabela 1. Resultados da analise de variância (ANOVA), teste de Tukey e coeficiente de
variação a 5% de significância.

Tratamentos Parâmetros laboratoriais


Potássio (K) Fósforo (P) Matéria Orgânica (M.O)
Prof 10-Boer 0.460 a 5.8025 a 12.1250 a
Prof 10-Soja 0.4475 a 5.9675 a 15.600 a
Prof 20-Boer 0.415 ab 5.59 a 8.6500 b
Prof 20-Soja 0.430 a 6.475 a 12.280 ab
Prof 30-Boer 0.365 bc 5.395 a 7.7750 b
Prof 30-Soja 0.448 a 6.5375 a 10.5175 bc
Prof 40-Boer 0.353 c 4.2225 b 3.9075 c
Prof 40-Soja 0.425 a 6.0450 a 8.8000 c
P-valor 0.005479* 0.01623* 0.67479 NS
CV 6.52 % 6.64 % 17.64 %
Onde: (*) significativo e (NS) Não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; CV –
Coeficiente de variação. E as médias seguidas pela mesma letra estatisticamente não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

4.1.Macronutriente potássio (K)


De acordo com as analises feitas no macronutriente potássio observou-se que o
desdobramento do factor profundidades dentro da leguminosa feijão bóer, pode se
afirmar que o tratamento (profundidade 30 e feijão bóer) teve a maior media e
estatisticamente pode ser considerada diferente dos tratamentos (profundidade 10 feijão
bóer e profundidade 40 feijão bóer), não tendo diferido do tratamento profundidade 20
feijão bóer, a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Vide a figura a baixo:

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Figura 1: Profundidades interagindo com a leguminosa (feijão buer)
Onde: as médias seguidas pela mesma letra estatisticamente não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5% de significância.
Os resultados atestam que o desdobramento do factor profundidades dentro da
leguminosa soja não teve interacção na variável macronutriente potássio ou seja as
medias não podem ser consideradas diferentes a 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.

4.2.Macronutriente fósforo (P)

De acordo com as analises feitas no macronutriente fósforo observou-se que o


desdobramento do factor profundidades dentro da leguminosa feijão bóer, pode se
afirmar que o tratamento (profundidade 30 e feijão bóer) teve a maior media e
estatisticamente pode ser considerada diferente apenas do tratamento (profundidade 40
feijão bóer), não tendo diferido do tratamento profundidade 20 e 10 feijão bóer, a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey. Vide a figura a baixo:

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Figura 2: Profundidades interagindo com a leguminosa (feijão bóer)
Onde: as médias seguidas pela mesma letra estatisticamente não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5% de significância.
Os resultados atestam que o desdobramento do factor profundidades dentro da
leguminosa soja não teve interacção na variável macronutriente fósforo ou seja as
medias não podem ser consideradas diferentes a 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.

Segundo Gaume et al., (2001), encontrou diferenças entre teores de P no solo em função
do tipo de palha podem ser explicadas considerando-se também a composição química
de cada espécie. Os ácidos orgânicos podem estar correlacionados à percolação do P ao
longo do perfil do solo, sendo que os mesmos são produzidos de acordo com o tipo de
planta e com o estrese que esta sofre ao longo do ciclo. Estes resultados estão de acordo
com Santos & Tomm (1996), que avaliaram cinco sistemas de rotação, verificando
diferenças significativas de P extraível na maioria das profundidades estudadas.
O incremento das doses de P aplicadas em superfície aumentou os teores de P
disponível no solo até a profundidade de 30 cm, com as palhadas das três espécies, e na
camada de 30–45 cm, apenas com o milho, proporcionando assim uma distribuição mais
uniforme de P no solo com resíduos desta espécie.

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A aplicação de superfosfato não causa acúmulo de P orgânico em solos, mas aumenta a
concentração de P das formas mais lábeis e reduz as formas mais estáveis, como o P
orgânico Assim, pode-se inferir que tanto a palha de aveia como a de sorgo-de-Guiné
promoveram a lixiviação do P do fertilizante aplicado superficialmente (Perrott &
Mansell, 1989).

4.3.Matéria orgânica
De acordo com os resultados obtidos na analise de variância (ANOVA) na variável
matéria orgânica observou-se que o P-valor da interacção entre as diferentes
profundidades e as leguminosas é maior (0.67479) que o nível de significância de 5% e
pode se afirmar que não existe interacção entre as profundidades e as leguminosas, pelo
teste F ou seja o teor de matéria orgânica existente no solo não pode ser influenciado
pelas diferentes profundidades e diferentes leguminosas cultivadas. não havendo
necessidade de estudar o efeito do factor profundidade dentro do factor leguminosas.

De acordo com Garcia (2016), a utilização de leguminosas consorciadas com gramíneas


é uma estratégia para a fixação biológica de Nitrogénio que auxilia os teores e a
disponibilidade do mesmo no solo, deixando disponível para a próxima cultura
sucessora no sistema de plantio directo além da possibilidade da ensilagem do material
no intuito de buscar um alimento de boa qualidade nutricional.
Segundo Favero et al. (2001), avaliando plantas de cobertura, também relataram que o
guandu comparado com outras leguminosas não apresentava evidência de
decomposição, na avaliação aos 138 dias após o plantio, pois suas folhas estavam secas
sobre a superfície do solo, enquanto as outras espécies estavam com folhas
semidecompostas e intensa mineralização. Por outro lado, Tian et al. (1992),
trabalhando com algumas espécies, mostraram que podas de gliricídia seguidas pela
leucena foram as que apresentaram maiores taxas de decomposição.

5.CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos e nas análises feitas pode-se concluir o seguinte:
Em relação aos macronutrientes potássio (K) e fósforo (P), constatou-se que tiveram
interacção significativa no processo de fixação de nutrientes no solo para reutilização
pela cultura do milho. E quanto a quantidade da matéria orgânica no solo mostrou não
ter interacção significativa perante as diferentes profundidades e os diferentes tipos de

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leguminosas ou seja a quantidade de matéria orgânica existente no solo não é
influenciada pelas profundidades e leguminosas.

6.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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