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DESASTRES NATURAIS: POR QUE OCORREM?

Existem riscos e acidentes ambientais denominados de


tecnológicos, tais acidentes são subdivididos em acidentes industriais, de
transportes e mistos.

Em relação aos acidentes industriais estes podem ocorrer em situações


como colapso de infraestrutura industrial; derramamento de produtos químicos;
explosões, fogo e vazamento de gás; radiação, entre outros.

O risco de acidente em transporte pode ocorre em todos os modais –


aéreo, dutoviário, rodoviário, flúvio-marítimo e ferroviário. Já os acidentes mistos
podem ocorrer por colapso de estruturas, caso da queda de um prédio, explosões e
fogo que podem ocorrer em diferentes situações e locais.

Existe uma Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE), conforme quadro


1, na qual se define o tipo de código conforme o tipo de desastre.
Quadro 1- Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE)

Tipos de Desastres Código

Liberação de produtos químicos para a atmosfera causada por explosão ou incêndio 22110

Liberação de produtos químicos no sistema de água 22110

Derramamento de produtos químicos em ambiente lacustre, fluvial e marinho 22220

Liberação de produtos químicos e contaminação como consequência de ações militares 22310

Transporte de produtos perigosos rodoviário 22410

Transporte de produtos perigosos ferroviário 22420

Transporte de produtos perigosos aéreo 22430

Transporte de produtos perigosos dutoviário 22440

Transporte de produtos perigosos marítimo 22450

Transporte de produtos perigosos aquaviário 22460

Incêndios em plantas e distritos industriais, parques e depósitos 23110

Incêndios em aglomerados residenciais 23120

Colapso de edificações 24100

Rompimento/colapso de barragens 24200

Fonte: COBRADE. Organizado por Vivian Fiori, 2018.

Trata-se de uma padronização importante para o registro e comparação


de ocorrências de desastres, ajudando na identificação dos tipos de desastres. Tais
códigos precisam ser usados no Formulário de Identificação de Desastres
(FIDE)1 e outros documentos de solicitação de recursos para desastres.
Neste formulário é solicitado o tipo de dano ocorrido, que pode ser humano,
material e ambiental. Em relação aos danos ambientais, estes podem ser:
contaminação do solo, contaminação da água, contaminação do ar, incêndio em
parques, Área de Preservação Permanente (APP), entre outros.

1Fonte da Ficha: http://www.integracao.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=258baf25-23e9-4cfb-


975f-a5e0a8e5540b&groupId=10157

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Este formulário é enviado à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
(SEDEC), vinculada ao Ministério de Integração Nacional, com informações gerais
do ocorrido, do prejuízo existente, das áreas afetadas e do código usado pela
COBRADE, conforme o tipo de registro do desastre ocorrido.

Os riscos industriais químicos e petroquímicos estão entre os mais


comuns em regiões industrializadas, podendo ocorrer devido a falhas tecnológicas, de
monitoramento e humanas.
À medida em que o acidente de uma indústria com produtos ou em condições
perigosas coloca em risco a população interna e externa, é denominado de acidente
industrial ampliado.

Tais acidentes como explosões, incêndios e derramamento de produtos


químicos ou petroquímicos perigosos podem se tornar acidentes ampliados.

As explosões são um evento que ocorrem sob liberação de energia em grande


magnitude acumulada de diferentes maneiras podendo ser física, química e/ou
nuclear. Materiais como gases (hidrogênio, metano, gás natural, GLP etc.), partículas
e poeiras e fontes de ignição podem levar à combustão. A explosão de
transformadores e capacitores elétricos são considerados liberação de energia física.

Pode haver uma explosão relacionada à vapor inflamável ou nuvem de gás,


podendo estas alcançarem, em algumas situações, distâncias maiores que 100m,
considerando a quantidade de gás e das condições do tempo, principalmente do vento
que pode ampliar as chamas.

Outro tipo de acidente com explosão é chamado de BLEVE, conforme


explica a pesquisadora:

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BLEVE
O segundo tipo de explosão cujas consequências podem ser catastróficas é chamado BLEVE,
do inglês “boiling liquid expanding vapor explosion”. Este fenômeno pode acontecer em
tanques ou ambientes pressurizados onde se armazenam gases liquefeitos acima de sua
temperatura de ebulição à pressão atmosférica. Com a ruptura do tanque, uma mistura
bifásica (líquido-gás) é liberada, se expande e em poucos instantes forma uma grande nuvem.
Se a substância for inflamável, uma eventual ignição dessa nuvem provoca uma bola de fogo
(do inglês, fireball). Dependendo da quantidade de gás presente, o calor liberado pode
resultar em mortes e queimaduras graves à pessoas expostas até algumas centenas de metros
do local da explosão (LOPES, 2017, p. 32).

Imagem: Jon Sullivan, via WikiCommons

Como exemplo deste tipo de acidente, em novembro de 1984, uma explosão


atingiu uma base de armazenamento de gás liquefeito de petróleo (GLP) em San Juan
Ixhuatepec, localidade próxima a cidade do México, mais conhecida como San
Juanico. A base continha seis esferas e 48 cilindros de armazenamento, numa área de
aproximadamente 16 mil m².
A explosão foi decorrente de uma queda de pressão, que ocasionou um
rompimento da tubulação que transportava o gás. A chama do tanque que vazava
acabou por aquecer a estrutura externa dos outros tanques, ocasionando um
fenômeno conhecido como BLEVE (boiling liquid expanding vapor explosion, ou
explosão de vapor de expansão de um liquido sob pressão). Essa explosão
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assemelhou-se a uma bomba nuclear, formando um cogumelo de centenas de metros
de altura.

Em seguida aconteceram pelo menos 15 explosões, atingindo várias


residências nos arredores residenciais. Ao todo 650 pessoas morreram, e mais de 6
mil ficaram feridas por conta, tanto das explosões, como também da chuva de
estilhaços que se seguiu. O incêndio, iniciado pela manhã, só foi controlado no dia
seguinte.

O incêndio é um acidente que ocorre por uma reação química de combustão,


com energia liberada sobretudo em forma de calor, podendo ocorrer com diferentes
características, caso do jato de fogo, incêndio em nuvem, em forma de bola de fogo
e incêndios em materiais sólidos combustíveis (LOPES, 2017).

Já as liberações tóxicas podem acontecer pela ruptura de gás ou líquido de


tubulações, tanques ou outros tipos de equipamentos, em geral as liberações em forma
de gás tendem a ser mais perigosas devido à propagação mais rápida.
Em 1984, uma emissão de uma substância conhecida como isocianato de
metila, proveniente de uma indústria da Union Carbide, em Bhopal, na Índia,
ocasionou a morte de milhares de pessoas. A substância é utilizada na fabricação de
inseticidas. A causa provável do acidente foi a pressão acima do normal nos tanques
do produto, por conta da entrada acidental de água no compartimento, ocasionando
uma reação química indesejada.

Vazamento do gás
isocianato de metila -
fábrica de pesticidas Union
Carbide India Limited (UCIL)
em Bhopal, Madhya
Pradesh, Índia –
Década de 80
Foto: Fábrica da Bhopal,
porJulian Nitzsche

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Os equipamentos de contenção de produtos em caso de vazamentos estavam
desativados, propiciando a liberação do veneno para a atmosfera. Estima-se que 4 mil
pessoas tenham morrido, e mais de 200 mil sido intoxicadas. Tais eventos levam a
lesões e mortes de pessoas, doenças a médio e longo prazo, contaminação de recursos
hídricos, contaminação de solos, entre outros.

Entende-se por áreas contaminadas um local ou terreno no qual há


contaminação, causada pela introdução de substâncias depositadas, acumuladas,
enterradas ou armazenadas que de maneira acidental ou proposital tenha sido
introduzida e causado a contaminação.

A identificação de uma área contaminada é um processo com diversas


etapas. Inicia-se com uma avaliação preliminar, na qual se verifica possíveis indícios
de contaminação.
Em seguida, havendo tais indícios, realiza-se o processo de investigação
confirmatória, seguida de investigação detalhada (quando necessário), avaliação
de risco e reabilitação da área. O processo de descontaminação deve culminar
com a redução de concentração de contaminantes, até que sejam atingidos níveis
aceitáveis para eventual uso futuro.
É fundamental, durante o processo de descontaminação, que se verifiquem as
possibilidades de extensão dos contaminantes no solo, subsolo e lençol freático. A
relação entre esta extensão e o uso pretendido é que determinará a real possibilidade
de se proceder a descontaminação.

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Fique Atento: Áreas Contaminadas
Entende-se área contaminada como sendo área, terreno, local,
instalação, edificação ou benfeitoria que contenha quantidades ou
concentrações de quaisquer substâncias ou resíduos em condições que
causem ou possam causar danos à saúde humana, ao meio ambiente ou
a outro bem a proteger, que nela tenham sido depositados, acumulados,
armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou
até mesmo natural. Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem
concentrar-se em subsuperfície nos diferentes compartimentos do ambiente,
como por exemplo no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais
utilizados para aterrar os terrenos, nas águas subterrâneas, ou de uma forma
geral, nas zonas não saturada e saturada, além de poderem concentrar-se nas
paredes, nos pisos e nas estruturas de construções.

Os contaminantes podem ser transportados a partir desses meios, propagando-


se por diferentes vias, como o ar, o solo, as águas subterrâneas e superficiais,
alterando suas características naturais de qualidade e determinando impactos
e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus
arredores. As vias de contaminação dos contaminantes para os diferentes
meios podem ser a lixiviação do solo para a água subterrânea, absorção e
adsorção dos contaminantes nas raízes de plantas, verduras e legumes,
escoamento superficial para a água superficial, inalação de vapores, contato
dermal com o solo e ingestão do mesmo por seres humanos e animais.

FONTE: Texto literal extraído de MINISTÉRIO DE MEIO AMBIENTE (MMA).


Áreas contaminadas. Brasília, MMA. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/areas-
contaminadas. Acesso em 01/10/2017.

O tamanho da área, a proximidade de população no entorno, as vias de


acesso, a legislação de zoneamento da área, o tipo de contaminante e a evolução do
processo de remediação são fatores cujo conhecimento é imprescindível para o
processo de descontaminação.

Além das atividades industriais existem outros locais onde podem


acontecer riscos de acidentes, caso de atividades como restaurantes, cozinhas

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industriais e bares, geralmente por conta de vazamento de gás, rede elétrica, e
utilização inadequada de equipamentos o que pode redundar em explosões e incêndio.

Outro problema nas áreas urbanas é a contaminação do solo e das


águas subterrâneas decorrente das atividades industriais, de depósitos de
materiais perigosos, de cemitérios e postos de gasolinas.

No caso dos postos de gasolina e de álcool, os hidrocarbonetos


monoaromáticos, benzeno, tolueno e xilenos, chamados BTEX, derivados do
petróleo são considerados o principal elemento de contaminação do solo em áreas de
postos. Isso se deve devido ao fato de serem mais móveis e solúveis das frações da
gasolina e atingem primeiramente o lençol freático.

Os vazamentos de postos de combustíveis ocorrem comumente devido


ao uso de equipamentos antigos (mais 20 anos), por motivos de rachaduras ou
corrosão. Como explicam os pesquisadores (VASCONCELOS et alii, 2014, p. 76):

Com o objetivo de proteger a água subterrânea, os órgãos


ambientais exigem a avaliação do passivo ambiental de
postos de combustíveis, o monitoramento e a quantificação
dos hidrocarbonetos aromáticos no solo, incluindo os
compostos BTEX. Se estas quantificações apontarem valores
acima dos padrões aceitos pelos órgãos ambientais
competentes, faz-se necessária a intervenção e utilização de
técnicas de remediação para a correção destes valores, até
que novamente estejam dentro dos limites aceitáveis.

Para verificar se houve contaminação em geral é necessária uma análise do


solo e da água subterrânea. Todo posto tem de ter licenciamento ambiental para
realizar esta atividade.

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Em relação aos transportes de produtos perigosos por veículos
automotores, geralmente feitos em caminhão no Brasil, existe a norma da
Resolução n° 5.232/2016. O transporte de produtos perigosos está regulamentado
também pela Resolução n° 3.665/2011, também da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT).

Estas normas legais no Brasil, sobre o transporte terrestre de produtos


perigosos, estão baseadas em recomendações do Comitê de Peritos da Organização
das Nações Unidas (ONU), mediante o modelo do “Orange Book” e pelo Acordo
Europeu usado pela Comunidade Europeia.

O condutor de carga perigosa necessita de um curso especializado para


poder realizar o transporte, conforme normas do Brasil. Os produtos considerados
perigosos para serem transportados são: mercadorias transportadas a altas
temperaturas, explosivos, gases, corrosivos, líquidos e sólidos inflamáveis, substâncias
oxidantes e peróxidos orgânicos, substâncias tóxicas e infectantes e substâncias
radioativas. É necessário um cuidado especial com o caminhão (freios, iluminação,
condições dos conforme tipo de produto que está sendo transportado.

Segundo normas este veículos não devem circular em regiões de alta


densidade populacional, próximas aos mananciais ou que sejam protegidas ou que
tenham reservas florestais e ecológicas. O carro ou caminhão que transportar tais
produtos precisa ser sinalizado e ter preenchida a Ficha de Emergência, o envelope
para o transporte e equipamentos para emergência.

Não pode ser transportado produto perigoso com outros tipos, como
alimentos, produtos para consumo humano ou de animais.

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A sinalização deve considerar, conforme figura abaixo, o número do
risco, o número usado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o símbolo do
risco e a classe/subclasse do risco. Tudo isso ajuda a identificar o que está sendo
transportado e o tipo de risco.

FIGURA 01 – Sinalização dos Veículos

INFORMAÇÕES CONTIDAS NA SINALIZAÇÃO DE VEÍCULO

RÓTULO DE PAINEL DE
RISCO SEGURANÇA

Símbolo de
identificação do risco.
Texto indicativo da natureza do Nº DE RISCO
Texto indicativo
risco ou número ONU Nº ONU
N
Número da classe ou
subclasse de risco

Fonte: resolução nº 420 da AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES, 2004.

O veículo que transportar produtos perigosos deverá fixar a sinalização na


frente (painel de segurança- lado esquerdo), na traseira (painel de segurança, lado
esquerdo), e nas laterais com painel de segurança e rótulo da classe e subclasse do
risco.

Observe o quadro a seguir:

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Quadro 2: Tipo de Risco e Sua Classificação
Tipo de Risco Classificação
Desprendimento de gás devido à pressão ou à reação química 2
Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou líquido sujeito a auto- 3
aquecimento
Inflamabilidade de sólidos ou sólido sujeito a auto-aquecimento 4
Efeito oxidante (intensifica o fogo) 5
Toxicidade ou risco de infecção 6
Radioatividade 7
Corrosividade 8
Risco de violenta reação espontânea 9
Substância que reage perigosamente com água (utilizado como prefixo do x
código numérico)

O número de risco pode ter até três algarismos, sendo que o primeiro é o risco
principal, sendo que as combinações ou riscos secundários são os segundos e terceiros
algarismos. Segue um exemplo:

Figura 02 - Demonstração do Número da Sinalização

Fonte: http://200.144.30.103/siipp/arquivos/manuais/Manual%20de%20Produtos%20Perigosos.pdf

No caso do exemplo o número 263 significa, conforme Quadro 2, que se trata


de gás, tóxico e inflamável, sendo o primeiro número a informação principal.

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Existem diversificados tipos de resíduos produzidos nas cidades e no campo.
Para melhor entendimento do que são os resíduos, optamos por utilizar a definição
dada pela Lei n°12.305/2010, que diz:

[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede,
se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos
ou semissólidos, bem como gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
possível (TONANI, 2011, p. 43).

Como afirma a Lei os resíduos podem ser sólidos, líquidos e gasosos e tem diversas
origens, conforme mostra o quadro a seguir:
Quadro 3 – Características dos Resíduos Sólidos Nos Municípios Brasileiros

Origem Descrição Responsabilidade pelo


gerenciamento
Domiciliar Originários de residências Prefeitura
Comercial Originários de estabelecimentos Prefeitura ou do próprio
comerciais e de serviços gerador, conforme
quantidade
Público Originários da limpeza urbana e áreas Prefeitura
públicas
Serviços de saúde Originários de resíduos sépticos (que Gerador ou Prefeitura
podem conter germes patogênicos) ou
assépticos dos serviços d saúde
Industrial Originários dos diversos ramos Gerador
industriais

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Portos, aeroportos, Resíduos sépticos e assépticos dos Gerador
terminais ferroviários locais
e rodoviários
Agrícola Resíduos originários das atividades Gerador
agrícolas e de pecuária
Entulho Resíduos de construção civil Gerador (definido pela
quantidade)
Fonte: Tonani, 2011 e Prefeitura do Município de São Paulo. Elaborado por Vivian Fiori, 2018.

Os resíduos sólidos podem possuir certa periculosidade, com a exigência de


um tratamento e descarte apropriados para não impactar ambientalmente os lugares,
ou pode ser reutilizado e reciclado.

É BOM SABER: Resíduos


O lixo pode ser classificado como “seco” ou “úmido”. O lixo
“seco” é composto por materiais potencialmente recicláveis (papel,
vidro, lata, plástico etc.). Entretanto, alguns materiais não são reciclados
por falta de mercado, como é o caso de vidros planos etc. O lixo
“úmido” corresponde à parte orgânica dos resíduos, como as sobras de
alimentos, cascas de frutas, restos de poda etc., que pode ser usada para
compostagem. Essa classificação é muito usada nos programas de
coleta seletiva, por ser facilmente compreendida pela população.
O lixo também pode ser classificado de acordo com seus riscos
potenciais. De acordo com a NBR/ABNT 10.004 (2004), os resíduos
dividem-se em Classe I, que são os perigosos, e Classe II, que são os
não perigosos. Estes ainda são divididos em resíduos Classe IIA, os não
inertes (que apresentam características como biodegradabilidade,
solubilidade ou combustibilidade, como os restos de alimentos e o
papel) e Classe IIB, os inertes (que não são decompostos facilmente,
como plásticos e borrachas). Quaisquer materiais resultantes de
atividades que contenham radionuclídeos e para os quais a reutilização
é imprópria são considerados rejeitos radioativos e devem obedecer às
exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear –
CNEN.
Existe ainda outra forma de classificação, baseada na origem dos
resíduos sólidos. Nesse caso, o lixo pode ser, por exemplo, domiciliar
ou doméstico, público, de serviços de saúde, industrial, agrícola, de
construção civil e outros. Essa é a forma de classificação usada nos
cálculos de geração de lixo.
Fonte: MMA, 2005. p. 115

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Os resíduos industriais são responsáveis por parte do problema dos resíduos
sólidos urbanos, sendo que as indústrias por norma devem ser responsáveis pelo
destino deste resíduo. Alguns dos resíduos industriais são considerados de alta
periculosidade, podendo ser líquidos, gases ou sólidos, tais como: produtos químicos
como cianureto; solventes e pesticidas; metais pesados como chumbo e cádmio; gases
como o NO2 (dióxido de nitrogênio), entre outros.

Os resíduos sólidos de indústrias geralmente são enterrados ou


amontoados, já os líquidos devem passar por tratamento antes dos efluentes serem
despejados, mas nem sempre isso acontece e se há fiscalização falha os impactos são
grandes.

Cada atividade industrial, conforme normas da Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) tem uma classificação sobre as matéria-prima que utilizam
e seus derivados do processo industrial, quanto a origem, seus constituintes e são
comparados com as listagens de produtos conhecidos e que causam impactos ao meio
ambiente.
Figura 03 - Esquema da Classificação dos Resíduos

Tem características de: SIM Resíduo Perigoso Classe I


inflamabilidade, corrosividade,
patogenicidade ou reatividade?

NÃO Resíduo Não Perigoso


Classe II

Possui constituintes que são


SIM Resíduo Inerte Classe II B
solubilizados em concentrações
superiores às normas?

NÃO Resíduo Não-Inerte


Classe II A

Fonte: Norma ABNT nº 2004, esquematizado por Vivian Fiori

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A partir daí os subprodutos da indústria, bem como se houver sobras de
matéria-prima são classificados, como: inflamável, corrosivo, reativo, patogênico,
conforme norma ABNT n°10004, além disso verifica-se o grau de toxicidade em
relação aos elementos e subprodutos da indústria.
Conforme esquema da figura, a caracterização e classificação dos resíduos,
seguem esta forma e por fim, classifica-se o resíduo em:

• resíduo perigoso classe I


• resíduo não perigoso classe II
• resíduo não-inerte classe II A
• resíduo inerte classe II B

Para realizar o Gerenciamento do Risco de Acidentes é necessário


implementar medidas de controles de ameaças de explosões, de incêndios e
contaminações. São necessários os passos definidos no diagrama a seguir.

Figura 4: Gerenciamento do Risco de Acidentes

Identificação e
Classificação das Plano de Ação de
substâncias Emergência
químicas

Análise das Programa de


instalações e Gerenciamento de
operações Risco

Identificação dos Estimativas de


perigos riscos e acidentes

Elaborado por Vivian Fiori, 2018

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As ações a serem implantadas são: definição de padrões de segurança
conforme as normas existentes; treinamento de funcionários; identificação e
classificação do tipo de substância química e do perigo; uma análise pormenorizada
das instalações das operações da indústria, a criação de um programa de
gerenciamento de risco que deve ser contínuo; e um plano de ação emergencial.
É essencial que se busque reduzir o risco de acidentes, por meio do
monitoramento contínuo de equipamentos e formas de operação, seja na indústria ou
outro tipo de local e atividade.

O Plano Emergencial para empresas e atividades que tenham riscos graves é


fundamental e, em tal plano, devem ser delineadas as etapas do que deve ser feito em
caso de ocorrer uma emergência e um risco iminente. O treinamento de funcionários
é item obrigatório e necessário para que o plano seja efetivado com êxito.

A fim de evitarmos riscos ampliados, é necessário que o Plano Emergencial


seja articulado, não somente no âmbito da empresa ou indústria, mas também junto
às entidades externas, para obter sucesso. Como explica a pesquisadora:

Quando implementadas de maneira rápida e eficaz, as ações


de resposta podem reduzir significativamente as
consequências de acidentes industriais potencialmente
ampliados [...] afim de ilustrar essa afirmação, cita do caso
de um acidente, ocorrido no México em 1979, de um trem
que transportava diversos produtos perigosos (cloro,
butano e outros materiais tóxicos e explosivos). A
implementação de um plano de emergência cautelosamente
elaborado permitiu a evacuação de cerca de 250.000
pessoas, sem que fossem registradas mortes ou danos mais
graves (LOPES, 2017, p. 40).

A União Europeia, por exemplo, depois de acidentes graves ocorridos no


século XX, criou normas que devem ser cumpridas por empresas. Em caso da
possibilidade de riscos ambientais e principalmente de acidentes tecnológicos
ampliados a empresa responsável tem de ter um estudo minucioso sobre a questão e
um plano interno, para que as autoridades locais, a partir disso, elaborem um plano
externo para situações de emergência.

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Verifica-se que no Brasil há normas e leis ambientais em relação às
questões ambientais urbanas, falta, entretanto, fiscalização e o cumprimento destas
normas, bem como planos emergenciais internos à empresa e externos do governo e
das entidades que têm relação com esta questão.
As normas e planejamento territorial ambiental são fundamentais,
pois definem parâmetros para as empresas e servem para órgãos governamentais e
entidades como Bombeiros e Defesa Civil estejam informados do que existe no
território do ponto de vista de possibilidades de riscos.

Na verdade, a informação precisa ser disseminada por diferentes meios,


aproveitando-se da revolução tecnológica e informacional para deixar a população,
principalmente do entorno, ciente destes planos.

Outro agente social importante neste processo normativo é a Organização


Internacional do Trabalho (OIT), que em 1993 adotou a Convenção n° 174, a
qual trata da prevenção de acidentes industriais ampliados, cujo Decreto Legislativo
n° 246/2001 no Brasil aprovou o texto da OIT para o território brasileiro.

Norma de Prevenção de Acidentes Industriais Ampliados

a) a expressão "substância perigosa" designa toda substância ou


mistura que, em razão de propriedades químicas, físicas ou
toxicológicas, seja uma só ou em combinação com outras, represente
perigo;

b) a expressão "quantidade limite" diz respeito de uma substância


ou categoria de substâncias perigosas a quantidade fixada pela
legislação nacional com referência às condições específicas que, se
for ultrapassada, identifica uma instalação exposta a riscos de
acidentes maiores;
c) a expressão "instalação exposta a riscos de acidentes maiores"
designa aquela que produz, transforma, manipula, utiliza, descarta

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ou armazena, de maneira permanente ou transitória, uma ou várias
substâncias ou categorias de substâncias perigosas, em quantidades
que ultrapassem a quantidade limite;

d) a expressão "acidente maior" designa todo evento inesperado,


como uma emissão, um incêndio ou uma explosão de grande
magnitude, no curso de uma atividade dentro de uma instalação
exposta a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais
substâncias perigosas e que exponha os trabalhadores, a população
ou o meio ambiente a perigo de consequências imediatas ou de
médio e longo prazos;
e) a expressão "relatório de segurança" designa um documento
escrito que contenha informação técnica, de gestão e de
funcionamento relativa aos perigos e aos riscos que comporta uma
instalação exposta a riscos de acidentes maiores e à sua prevenção,
e que justifique as medidas adotadas para a segurança da
instalação;
f) o termo "quase-acidente" designa qualquer evento inesperado que
envolva uma ou mais substâncias perigosas que poderia ter levado a
um acidente maior, caso ações e sistemas atenuantes não tivessem
atuado.
Fonte: Texto literal extraído de BRASIL. Decreto nº 4.085, DE 15 DE JANEIRO DE 2002.
Brasília, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4085.htm

A partir destas normas é imprescindível que exista uma distância entre as


populações vizinhas e instalações perigosas; deve haver recomendações e
projetos também para a população circundante; os órgãos competentes devem
divulgar as medidas de segurança a serem adotadas em caso de acidente.

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O Decreto nº 5.098 de 2004 também trata do Plano Nacional de Prevenção,
Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos
Perigosos (P2R2).
Outra legislação importante, mais antiga, define a necessidade de
licenciamento ambiental definidos pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e
pela Resolução CONAMA nº 237, de 16 de dezembro de 1997.

Conforme consta na legislação:

LICENCIAMENTO AMBIENTAL: procedimento


administrativo pelo qual o órgão ambiental competente
licencia a localização, instalação, ampliação e a operação
de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental, considerando as disposições
legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso (MMA, 1997)..

No nível federal, o IBAMA é o responsável por averiguar e aprovar os grandes


projetos, que possibilitem riscos de desastres ambientais no território brasileiro. O
uso desta norma de licenciamento ambiental evita que as obras sejam realizadas sem
a preocupação com a natureza e com as questões ambientais.
Desse modo, verifica-se que o Brasil tem normas que consideram algumas leis
que são usadas em outras regiões do mundo para desastres ambientais decorrentes de
transportes e de indústrias que tenham produtos perigosos.

Para minimizar e prevenir acidentes com produtos perigosos e áreas


contaminadas, é fundamental que se faça um plano de gerenciamento de riscos de
acidentes.

20
CARVALHO, Nathália Leal et alii. Reutilização de águas residuárias. REMOA - V. 14, N.
2, Março, p. 3164 – 3171, 2014.

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