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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

JHENIFER SANTOS DE SOUZA


KARLA VANESSA SOUZA CUNHA
LAIZ GABRIELE THOMAZ
LETICIA RODOVALHO RODRIGUES

NUVEM DE DIOXINA OCORRIDA NA ITÁLIA EM 1976

UBERLÂNDIA
2022

JHENIFER SANTOS DE SOUZA


KARLA VANESSA SOUZA CUNHA

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LAIZ GABRIELE THOMAZ
LETICIA RODOVALHO RODRIGUES

NUVEM DE DIOXINA OCORRIDA NA ITÁLIA EM 1976

TRABALHO DA DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À


ENGENHARIA AMBIENTAL, CUJO O TEMA É A
NUVEM DE DIOXINA DE 1976, SOB ORIENTAÇÃO DA
PROF.DRA SUELI BERTOLINO.

UBERLÂNDIA
2022

No dia 10 de julho de 1976, ocorreu uma explosão no norte da Itália gerando


consequências drásticas tanto para o meio ambiente, quanto para a população
local.Sob essa perspectiva, o acidente industrial de 10 de julho de 1976 aconteceu
na fábrica ICMESA, pertencente à farmacêutica Roche, localizada na região da
Lombardia, na Itália, afetando os municípios de Cesano Maderno, Meda, Desio e

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Seveso, sendo o último a localidade com maiores prejuízos devido à direção dos
ventos (Centemeri, 2010).Diante disso, uma explosão durante a produção do 2,4,5-
triclorofenol causou a liberação de uma nuvem tóxica repleta de compostos
químicos, incluindo o subproduto 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina (dioxina ou
TCDD). Nesse sentido, planta operava em regime de batelada, e no instante em que
ocorreu o desastre esta encontrava-se paralisada, pois a fábrica não funcionava nos
finais de semana, porém dentro do reator havia uma união de compostos químicos
que estavam submetidos a altas temperaturas, o que provavelmente na presença de
etilenoglicol com hidróxido de sódio e elevada temperatura ocasionou em uma
reação exotérmica de forma desenfreada, acarretando assim, na emissão da dioxina
pela atmosfera (CETESB, 2022), causando na comunidade científica a instigação da
importância do sistema automático de resfriamento nas indústrias químicas, o que
por sua vez poderia contribuir para o acontecimento deste acidente. Ademais,
quantidade desse componente aparece em estimativas conflitantes segundo
Bertazzi et al. (1998) o qual relata valores que vão desde algumas gramas até
poucos quilogramas em estudos preliminares, e valores em torno de 34 kg em
estimativas posteriores. Sob esse prisma, é notório ressaltar que a dioxina é
conhecida por ser uma substância altamente tóxica e esse composto tornou-se
conhecido por integrar o “agente laranja” utilizado pelas tropas americanas durante a
guerra do Vietnã (YOUNG, 2009).
A priori, a fábrica foi interditada somente quando a nuvem de dioxina havia
atingido cerca de 30 mil moradores que moravam ao redor do local do acidente. Sob
esse prisma, em relação a contaminação causada por este componente tóxico nas
regiões italianas, observou-se que após a emissão do componente 2,3,7,8-
tetraclorodibenzeno-p-dioxina(TCDD) no ar, esta substância química foi transportada
pelo vento para grandes distâncias, o que acarretou em uma contaminação em larga
escala nos ecossistemas. Nesse sentido, quando a dioxina entrou em contato com
as águas de esgoto, por exemplo, alguns componentes químicos foram degradados
por intermédio da energia solar, enquanto outros compostos químicos evaporaram-
se pelo ar, porém, outros compostos fixaram-se no solo, causando uma grande
contaminação no local.(ATSDR,1999). Além disso, outra forma de contaminação
ocasionada pela dioxina ocorreu por meio da exposição dos seres humanos a este
composto tóxico, que pode acontecer através da ingestão de alimentos
contaminados, haja vista que a dioxina é uma substância de caráter lipossolúvel e de
difícil degradação, dessa forma, a dioxina acumula-se no topo da cadeia alimentar.
(ATSDR,1999). Analogamente, após cinco dias da evasão da nuvem tóxica de
dioxina pelo ar, muitos animais começaram a morrer e as pessoas começaram a ter
reações alérgicas na pele, na qual ocasionou o surgimento de 193 casos de
Cloracne - um tipo de doença de pele atribuída ao contato com a dioxina (CETESB,
2022), outrossim consequências mais graves surgiram devido a exposição excessiva
diante a dioxina, como por exemplo doenças crônicas e agudas. Diante disso, o
Desastre de Seveso de 1976 na fábrica italiana ICMESA, obteve uma contaminação
em larga escala da população, da fauna e da flora, principalmente por causa do

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efeito da bioacumulação da dioxina nos diferentes ecossistemas, formando assim
uma contaminação em cadeia.
Entretanto, os efeitos nocivos da dioxina já tinham sido observados nos acidentes
envolvendo trabalhadores da indústria e também em experimentos em laboratório
(DE MARCHI , FUNTOWICZ & RAVETZ, 2000), embora não houvesse uma maneira
precisa para quantificar esse componente no corpo humano (Mocarelli, 2001). Além
disso, a Roche conhecia a toxicidade e perigos da produção do
triclorofenol(Centemeri, 2010), pois os efeitos nocivos já haviam sido relatados em
acidentes anteriores envolvendo trabalhadores industriais expostos à dioxina na
Alemanha em 1953, Estados Unidos em 1960 e na Holanda em 1963. Nesse
sentido, a empresa norte-americana construiu novas instalações com equipamento
suplementar de segurança e a presença de um similar poderia ter evitado o desastre
em Seveso (DE MARCHI , FUNTOWICZ & RAVETZ, 2000). A comissão parlamentar
de inquérito sobre o desastre concluiu que o fato esteve diretamente ligado a
problemas relacionados à falta de investimento em segurança nas instalações da
fábrica ICMESA (Centemeri, 2010). Além do agravante no que tange a falta de infra-
estrutura, o desastre de Seveso contou com inúmeros problemas de comunicação
durante o gerenciamento da crise, a começar pela demora na tomada das primeiras
providências, conhecida como “semana de silêncios”, a Roche levou cerca de uma
semana para informar à população sobre o vazamento de dioxina e solicitar, apenas
em 24 de julho, a evacuação da área contaminada (Mocarelli, 2001; Centemeri,
2010). Feito isso, o território foi classificado em “zonas de risco” seguindo os critérios
sociais para a evacuação de grandes áreas, mas também seguindo critérios de
base em análises da concentração de toxicidade no solo. Dessa forma, notou-se que
a “zona A” apresentou níveis médios de TCDD variante de 15,5 a 580 µg/m²,
enquanto a “zona B” os valores não extrapolavam o valor de 5 µg/m² e na “zona R”
os valores não ultrapassaram 1,5 µg/m² (Bertazzi et al. 1998). além disso, é
importante ressaltar que essas análises também guiaram estratégias de recuperação
das áreas, embora as delimitações tenham sido coincidentemente marcadas de
acordo com limites administrativos, o que causou estranheza da população quanto
aos critérios adotados que não eram transparentes (Centemeri, 2010). Ademais, vale
ressaltar que toda a vegetação localizada próxima ao acidente acabou morrendo por
causa do contato com os compostos clorados, cerca de 736 pessoas tiveram que ser
evacuadas, sendo que alguns desses indivíduos puderam retornar para as suas
residências após algum tempo, com exceção das pessoas que moravam na “Zona
A”, pois a região continuou com um nível alto de contaminação.

Referencias:

4
ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry) CHLORINATED
Dibenzo-pDioxins (CDDs) – Division of Toxicology. (February 1999) Disponível em
URL: http://www.atsdr.cdc.gov/tfacts104.html

CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).SEVESO. Uberlândia, 16


de fevereiro de 2022. Disponivel em: https://cetesb.sp.gov.br/analise-risco-
tecnologico/grandes-acidentes/seveso/

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