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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE DIREITO,

NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA


COORDENAÇÃO ADJUNTA DE TRABALHO DE CURSO
ARTIGO CIENTÍFICO

CRIMES CIBERNÉTICOS – CIBERPEDOFILIA


O AUMENTO DA ATIVIDADE DO PEDÓFILO VIRTUAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

ORIENTANDA – ISABELA CARDOSO DOS SANTOS

ORIENTADORA – PROFª. ME. PAMÔRA MARIZ SILVA DE F.CORDEIRO

GOIÂNIA-GO
2022
1

ISABELA CARDOSO DOS SANTOS

CRIMES CIBERNÉTICOS – CIBERPEDOFILIA


O AUMENTO DA ATIVIDADE DO PEDÓFILO VIRTUAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Artigo Científico apresentado à disciplina Trabalho


de Curso II, da Escola de Direito, Negócios e
Comunicação, Curso de Direito, da Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUCGOIÁS).
Orientadora – Profª Me. Pamôra Mariz Silva de F.
Cordeiro

GOIÂNIA-GO
2022
1

ISABELA CARDOSO DOS SANTOS

CRIMES CIBERNÉTICOS – CIBERPEDOFILIA


O AUMENTO DA ATIVIDADE DO PEDÓFILO VIRTUAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Data da Defesa: 01 de Junho de 2022.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________
Orientadora: Me. Pamôra Mariz Silva de F. Cordeiro Nota

______________________________________________________
Examinador Convidado: Prof. Guelber Caetano Chaves Nota
SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................................................... 04
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 05
1. BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PRÁTICA DE CRIMES CIBERNÉTICOS NO
BRASIL......................................................................................................................... 07
1.1. O USO DA REDE PARA A PRÁTICA DE CRIMES................................................ 08
2. CRIMES CONTRA A DIGINIDADE SEXUAL DE MENORES................................... 09
2.1. CIBERPEDOFILIA.................................................................................................. 10
2.2. PORNOGRAFIA INFANTIL.....................................................................................12
2.3. IDENTIFICAÇÃO DE UM PEDÓFILO VIRTUAL.....................................................15
2.4. CASOS DE CRIMES CIBERNÉTICOS...................................................................16
3. RESPONSABILIDADE FRATERNA......................................................................... 19
3.1. COMO IDENTIFICAR MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES........................................................................................................ 20
3.2. EDUCAÇÃO SEXUAL NA INFÂNCIA..................................................................... 20
3.3. RESTRIÇÕES TECNOLÓGICAS........................................................................... 21
CONCLUSÃO............................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 24
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CRIMES CIBERNÉTICOS – CIBERPEDOFILIA

O AUMENTO DA ATIVIDADE DO PEDÓFILO VIRTUAL EM TEMPOS

DE PANDEMIA

Isabela Cardoso dos Santos1

O avanço da tecnologia e a facilidade de comunicação por ela proporcionada para


todos classes sociais foi muito importante em meio à um inusitado período de
isolamento decorrente da pandemia do Covid-19, vez que possibilitaram a
continuidade de várias atividades, inclusive de trabalho e acesso a serviços públicos.
Por outro lado, em contraposição, a internet passou a ser uma ferramenta essencial
para criminosos no mundo todo, principalmente ao se falar em crimes contra a
dignidade sexual da criança e do adolescente. A falta de orientação e monitoramento
dos pais e responsáveis implica no crescimento do número de vítimas de
ciberpedofilia cumulada com a propagação dos conteúdos pornográficos infantis. No
tocante à legislação, os dispositivos constitucionais e infraconstitucionais direcionados
à proteção dessa parcela vulnerável da sociedade, apesar de suas atualizações, e
dos reforços que as autoridades policiais têm tomado para a efetiva aplicação da lei
penal, ainda sim se mostram pouco eficazes no que tange a punibilidade, e isso causa
uma sensação de insegurança à sociedade. Dessa forma, o presente trabalho analisa
os motivos que levaram o aumento desse tipo de crime durante o período de
pandemia, e estuda quais as formas de proteção à criança e ao adolescente que
podem ser utilizadas para conter os criminosos que agem de forma anônima na
internet.

Palavras-chave: Ciberpedofilia. Pornografia. Infantil. Isolamento. Monitoramento.

1 Isabela Cardoso dos Santos Graduanda em Direito pela PUCGoiás


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INTRODUÇÃO

A globalização trouxe ao mundo avanços tecnológicos antes nunca


imaginados que propiciaram ao ser humano agilidade nos meios de comunicação,
possibilitando as novas gerações de obterem fácil acesso às mais variadas
informações através da internet em pouquíssimos milésimos de segundos. Tais
comunicações, antes da chegada da internet, somente seriam possíveis com a
utlização de outros meios, como por exemplo, as cartas que chegavam aos
destinatários através de navios, trens de ferro, além de outros meios de transporte
utilizados que demoravam dias, meses e até anos para finalizarem seus trajetos e
finalmente entregar informações aos destinatários.
No entanto, o ser humano aproveitando-se da facilidade e rapidez ao
acesso de informações que a nova era digital possibilita, passou a utilizar-se das vias
de comunicações virtuais para o cometimento de delitos. Atualmente existe um
“leque” de crimes, que tem por característia principal o uso de computadores e que
foram demoninados Crimes Cibernéticos, sendo que entre eles estão presentes os
crimes contra a dignidade sexual da criança e do adolescente, que consistem na
exploração de conteúdos de cunho sexual infantil, tanto como para produção, venda,
satisfação de lascívia, propagação do conteúdo, ou armazenamento.
Durante o isolamento decorrente da pandemia causada pela Covid-19 os
casos de violação sexual infantil de forma virtual tiveram um aumento significativo,
fato este que leva à conclusão de que os perigos da internet existem e se manifestam
em grande escala, e a falta de monitoramento e orientação dos pais e responsáveis
por estes menores pode ser um dos maiores fatores que resultam na visível
vulnerabilidade das vítimas.
O conservadorismo da moral e “bons costumes” no Brasil vem de uma
cultura machista, patriarcal e preconceituosa. Existem diversos tabus que precisam
ser quebrados sobre o tema de Educação Sexual na Infância, pois é de fundamental
importância orientar as crianças e adolescentes que estão em desenvolvimento
acerca dos perigos eminentes. A abordagem de assuntos como: partes do corpo,
órgãos intímos que não devem ser tocados por outras pessoas, e como pedir ajuda
em casos de ameaças, são conversas para alguns delicadas, mas que podem
prevenir situações de violência física e também virtual.
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Por outro lado, o trabalho das autoridades policiais junto ao aprimoramento


de técnicas e evolução de dispositivos legais são primordiais para o combate dos
crimes cibernéticos, principalmente em se tratando do tipo penal ora estudado. Desta
forma, é indispensável a infiltração de agentes em fóruns, sites, bate-papos, e salas
de jogos da internet, que na maioria das vezes, são as áreas onde os criminosos
atuam.
O presente artigo analisou o aumento do número de pedófilos virtuais
durante a pandemia e, na primeira seção abordou com fundamento em pesquisa
histórica e bibliográfica a prática de exploração sexual infantil. Já na segunda seção,
foi feita uma análise sobre a ciberpedofilia, conceituando a patologia denominada
pedofilia e quais as consequências de quando a vontade do agente portador da
doença se exterioriza, além das hipóteses de identificação de um pedófilo virtual, e
exemplificação de casos ocorridos recentemente em território nacional.
Por fim, na terceira seção ressaltou-se a responsabilidade da família em
identificar os primeiros sinais que um menor venha a apresentar no caso de estar
sendo violentado ou de alguma forma ameaçado virtualmente. Ainda na última seção,
mencionou-se algumas atitudes preventivias que podem ser tomadas pelos pais ou
responsáveis, como por exemplo a educação sexual durante a infancia.
O modo utilizado para a pesquisa foi o exploratório e descritivo, buscando
demonstrar o tema de forma explícita, mediante análise de exemplos do dia-a-dia que
estimulam a compreensão do tema, bem como o levantamento de dados e estatísticas
para uma melhor observação sistemática. Quanto a abordagem do tema estudado, foi
utilizado o método dedutivo, pois moldou-se a análise geral dos Crimes Contra a
dignidade sexual infantil, rumo ao ponto principal da pesquisa, que é aumento das
atitividade do pedófilo virtual durante o isolamento social. Desta forma, trata-se de
uma pesquisa bibliográfica, pois utilizou-se como fonte, a legislação, doutrinas, artigos
publicados na internet, bem como breves estatísticas disponibilizadas por sites
informativos, monografias e livros.
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1. A BREVE EVOLUÇÃO DA PRÁTICA DE CRIMES CIBERNÉTICOS NO BRASIL

A interação econômica e cultural entre os povos, conhececida como


globalização, trouxe ao mundo inovações que contribuiram para o desenvolvimento
social da qual alcançou todos os países do globo. Dentre essas inovações, a
tecnologia acompanhada da criação de máquinas e computadores, foi um dos
principais fatores que impulsinou a evolução do ser humano enquanto sociedade,
principalmente porque modificou as formas de comunicações usadas anteriormente.
Foi nos EUA na década de 1960 que nasceu o primeiro projeto de uma rede
de comunicação capaz de levar informações independentes através de linhas
telefônicas, a ARPANET considerada o embrião da rede mundial, conhecida hoje
como INTERNET. (LINS, 2013, p. 15-16)
No Brasil em 1989 iniciou-se a implantação da internet para fins
acadêmicos, custeada com recursos das fundações estaduais de amparo à
pesquisas, e essa estrutura foi denominada Rede Nacional de Pesquisas – RPN,
foram mantidos três pontos de acesso para garantir a interconexão com provedores
internacionais, localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. (LINS,
2013, p. 22).
Em 1994 a internet passa a ser usada não só de forma acadêmica, sendo
comercializada ao público em geral. A Embratel que era a a principal rede telefônica
no Brasil, lançou de forma experimental o Serviço de Internet Comercial. Contudo, só
em 1996 é que foram lançados os primeiros provedores no mercado. (LINS, 2013, p.
22).
A evolução da tecnologia e dos meios de comunicação trouxeram ao
mundo inúmeros benefícios, tanto para a econômia, cultura, desenvolvimento social,
quanto também para as relações interpessoais. A velocidade com que um brasileiro
hoje se comunica com um australiano, por exemplo, cada um em seus respectivos
países, acontece em menos de segundos devido as possibilidades em que essas
redes de comunicação disponibilizaram ao mundo; O que antes demoraria dias, ou
até meses para que uma informação fosse entregue, considerando que o meio de
comunicação principal antes da internet, eram as cartas, correspondências entre
outros.
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1.1. O USO DA REDE PARA A PRÁTICA DE CRIMES

Ainda na perspectiva sobre a evolução dos meios de comunicações, apesar


de todos os benefícios alcançados pelo homem, há também os pontos negativos, que
foram se desenvolvendo em mesma velocidade. Um desses pontos, é o uso da
internet e da tecnologia para a prática de atos ilícitos das mais variadas formas em
que se possa imaginar. Os crimes virtuais estão presentes neste cenário para diversas
finalidades, sejam elas para fim de causar danos contra os patrimonios, contra a vida
ou mesmo contra a dignidade sexual dos usuários.
Nesse contexto, faz-se necessário compreender o conceito de Crimes
Virtuais, para isso define Campelo e Pires (JUS, 2019, online) através do artigo
publicado:

Para o Direito Penal crime é toda conduta típica, antijurídica e culpável. Os


crimes de informática - intitulados também de crimes digitais, virtuais,
cybercrimes - são aqueles cometidos através dos computadores, contra os
mesmos, ou através dele. A maioria dos crimes são praticados através da
internet, e o meio usualmente utilizado é o computador. Porém com o avanço
tecnológico o computador não é o único meio de cometer esse delito.

Na definição acima percebe-se que um dos principais meios de


consumação deste tipo penal é através do uso do computador em justaposição a
internet. Desta forma, são várias as modalidades encontradas pelos criminosos para
tirarem proveito de forma ilícita e praticar crimes sem precisar sair de casa. São
exemplos corriqueiros, os golpes que acontecem por meio da internet, bem como
violações de dados, invasões de dispositivos alheios, crimes contra a honra, o
patrimônio, e contra a dignidade sexual.
Como já mencionado, a tecnogia atingiu níveis altissimos onde possibilita
a ultrapassagem de informações por fronteiras em milésimos de segundos, tal
velocidade de comunicação chamou a atenção de criminosos ao redor do mundo, que
buscam através da internet suas vítimas.
Aplicativos com as mais variadas finalidades, redes sociais, fóruns e
qualquer sala de bate papo online proporcionam ao criminoso grandes “brechas” como
base de início de relacionamentos à distância não só com adultos, mas também com
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crianças e adolescentes. A confiança entre autor e vítima é conquistada lentamente


em cada uma das conversas, seja para ilusivos fins de amizade ou relacionamentos
amorosos até que o criminoso consiga atingir seus objetivos.
Em se tratanto do uso das redes para fins de explorações sexuais infantis,
a SaferNet Brasil2, que é um site disponibilizado para denúncias anonimas de crimes
cibernéticos em geral, em 2020 registrou 98.244 denúncias anônimas de pornografia
infantil, envolvendo 735.496 páginas (URLs) distintas e escritas em vários idiomas e
países, em 2021 as denúncias subiram para 101.833 de acordo com o site. Isso
mostra como o alcance das redes abrange países no mundo inteiro, e como essa é
uma realidade muitas vezes abafada e pouco divulgada pela mídia. (SAFERNET,
2005 - 2021).
A Safernet contribuiu para que as vítimas ao longo do tempo pudessem de
alguma forma pedir “socorro”, fato este que pode ser demonstrado com o crescente
número de denúncias entre 2006 e 2018. No entanto, o que chama a atenção é que
entre 2019 e 2021 os números tiveram um aumento exorbitante, justamente quando
iniciado o período de isolamento devido a pandemia onde a quarentena se tornou
inevitável, e como as crianças e adolescentes passaram a fazer o uso contínuo da
internet, tanto para educação como para o lazer, tal exposição e vulnerabilidade foi
percebida pelos criminosos como uma oportunidade em praticar os atos de pedofilia.
(SAFERNET, 2005 - 2021).
Pode-se dizer que os crimes foram de certa forma atualizados, e que houve
grande evolução no tocante as formas de consumação, pois basta uma tela de
computador, um celular, ou qualquer dispositivo com acesso a internet para que haja
consumação dos crimes de categoria cibernética. Em especial ao que se trata este
artigo, os crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes se tornaram
cada vez mais frequentes, vez que a nova geração nasceu em meio a toda essa
globalização e cercados de tecnologia, estando sempre conectados às redes sociais,
jogos on-lines, além de sites de relacionamentos. Toda essa exposição os tornam
alvos fáceis aos criminosos.

2. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE MENORES

2 A Safernet é uma organização não governamental e sem fins lucrativos que atua através da internet
recebendo denúncias de crimes cibernéticos através de sua central de denúncias;
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A Constituição Federal de 1988, em seu art. 227, assim como o Estatuto


da criança e do adolescente – ECA em seu art. 5º, dispõem sobre o dever da Família
com os devidos cuidados para com as crianças e os adolescentes, proporcionando-
lhes o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de 1toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Isto é proteção integral
aos menores. (BRASIL, 1988).
De acordo com o art. 2º do ECA, para efeitos de lei considera-se crianças,
aquelas até doze anos incompletos, e adolescente aqueles entre doze anos e dezoito
anos de idade. (BRASIL, 1990).
A caracterização de violação da dignidade sexual de vulneráveis decorre
da prática de atos libidinosos praticados por adultos com intenção em satisfazer
lascívia, seja este ato por meio de abuso sexual, exploração sexual ou pedofilia.

(...) A exploração sexual é a locução preferencialmente utilizada para se


referir à sujeição de crianças e adolescentes a um “mercado do sexo”, no qual
as vítimas são tratadas como uma mercadoria a partir de um binômio:
satisfação do interesse sexual de “clientes”, aliado ao lucro de criminosos. É
um termo comumente associado à prostituição infantil. (LIBÓRIO, apud SATO
2021, p. 503)

Os crimes contra a dignidade sexual de menores estão previstos no Código


Penal Brasileiro no Título IV – Capítulo II, entre os arts. 217-A ao 218-C, bem como
no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente em seus arts. 240 ao 244-A, onde o
legislador expressa as condutas que violam a dignidade sexual destes vulneráveis,
tais condutas são em resumo a exteriorização da vontade dos agentes considerados
pedófilos. (BRASIL, 1990).

2.1. CIBERPEDOFILIA

A pedofilia consiste em uma parafalia, um distúrbio psiquíco que se


caracteriza pela preferência ou obsessão de práticas sexuais socialmente
inaceitáveis, e foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma
doença relacionada a desejos sexuais por menores pré-púberes. (JUS,2020,online).
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Não há dispositivo legal que criminalize a pedofilia, pois esta se trata da


exteriorização de vontade do indivíduo, que ao ser colocada em prática poderá
tornaar-se crime, como por exemplo: um estupro de vulnerável, assédio sexual ou
propagação de conteúdo pornográfico infantil. Sendo assim, nem todo pedófilo será
criminoso, pois se o pedófilo não exteriorizar seus desejos, ou seja, não manifestar os
sinais de sua patologia, não será imputado-lhe crime algum.
Os criminosos que aliciam menores com o objetivo de adquirir, vender,
armazenar, produzir, conteúdo de cunho sexual, ou seja para fins de exploração
sexual em geral, provocam grandes impactos psicológicos nas vítimas, dos quais
podem resultar em traumas irreversíveis durante a fase de desenvolvimento em que
se encontram.
Tratam-se de menores que em sua maioria, vivem em condições precárias,
de classes baixas e que desde bem novos precisam aprender a “sobreviver”, dessa
forma se encontram vulneráveis à propostas feitas pela internet, por exemplo, a
produção de mídias, tais como fotos e vídeos, em troca de dinheiro. As vítimas,
portanto, assumem identidades sexuais ainda na infância que podem lhes causar
transtornos psicológicos futuros.
Entretanto, não só crianças de baixa renda são consideradas vulneráveis
aos olhos dos criminosos, mas qualquer outro menor que se encontre navegando pela
internet, sem a mínima supervisão de seus responsáveis, estão também sujeitos à
consentirem aos pedidos dos agentes, seja por oferecem algo em troca ou pela
confiança adquirida.
Segundo a psicanálise a pedofilia se caracteriza pela indecoro do autor em
aludir fantasias sexuais com crianças e adolescentes, “pela atitude de desafiar a lei
simbólica da interdição do incesto. O adulto seduz e impõe um tipo de ligação sigilosa
sobre a criança, na tentativa de mascarar o abuso sexual.” (HISGAIL, 2007, p. 17).
A pedofilia, apesar de ser constatada a séculos, ganhou força com a
chegada da internet, pois ampliou-se a atuação dos criminosos, tanto para manter
uma relação virtual com as vítimas, como para adquirir, armazenar, vender, ou mesmo
produzir materiais de cunho sexual infantil, desta forma a Ciberpedofilia é: a
exteriorização da vontade de agentes, adultos, que usam a internet para alcançar suas
vítimas, e satisfazer suas lascívias. (JUS, 2020, online).
Em decorrência da pandemia do corona vírus o mundo todo precisou se
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abster de suas atividades cotidianas para cumprir quarentenas, na tentativa de conter


o SARS-19. Essa situação resultou em mudanças radicais, como por exemplo, a
adaptação de atividades básicas e necessárias para a subsistência, aos meios
tecnológicos, com o objetivo fim de dar seguimento às rotinas de estudos,
comercialização de produtos, trabalhos, e entre outras. Afinal as autoridades
sanitárias ainda desconheciam métodos de controle do vírus além do distanciamento
em massa.
As escolas e faculdades foram os órgãos mais afetados perante as
restrições, algumas delas continuam parcialmente em regime remoto, com aulas à
distância, fazendo com que as crianças e adolescentes fiquem cada vez mais tempo
ligados às redes de comunicação. E é neste ponto crucial que a “brecha” de uma porta
se abre ao indíviduo que busca na internet possíveis vítimas nesse vies.
Desta forma, diante da vulnerabilidade das vítimas o pedófilo virtual que
aguarda pelo momento oportuno, inicia um relacionamento à distância, conquista a
confiança da criança ou adolescente, e logo em seguida parte para a fase de pedidos
e exigências à fim de ter acesso ao conteúdo de cunho sexual infantil. Outroassim,
passa ainda para a fase de ameças psicológicas utilizando-se do próprio material já
adquirido.

2.2. PORNOGRAFIA INFANTIL

Configura-se crime de pornografia infantil aquele que adquire, possui,


armazena ou propaga por qualquer meio, fotogratia, vídeo ou outro tipo de mídia de
cunho sexual infantil. Podendo ser enquadrado também neste tipo penal quem de
algum modo agencie ou facilite a produção do material em questão. Como já dito
anteriormente, é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar os direitos à
criança e ao adolescente, bem como colocá-los à salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, tal garantia está expressa
na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e
assegura a proteção integral do menor. Não obstante, além do ECA o Códio Penal
Brasileiro também regulamenta e tipifica os meios de prática do crime. (BRASIL,1990).
Em 25 de Novembro de 2008 a Lei 11.829 entrou em vigor alterando a
redação de alguns dos artigos da Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
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Criança e do Adolescente, à fim de aperfeiçoar a legislação acerca do capítulo que


dispõe sobre o combate de produção, venda e distribuição de materiais pornográficos
infantis. Criminalizando assim as condutas relacionadas a pedofilia virtual.
A alteração ocorreu no artigo 240 e 241 do ECA, além disso acrescentou-
se o artigo 241-A ao 241-E com ações que abrangem qualquer tipo de conduta que
esteja em um viés próximo, como por exemplo no artigo 240, com pena de 4 a 8 anos
e multa: reproduzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio cenas
pornográficas de crianças ou adolescentes. (BRASIL, 1990).
Não obstane, incorre na mesma pena quem agencia, facilita, recruta,
coage, ou intermedeia a participação do menor nas referidas cenas. O artigo ainda
trás como aumento de pena em 1/3 no caso do agente estar em exercicio de função
pública, em relações domésticas de confiança, ou que possuir relação de parentesco.
Já o artigo 241 trás a tipificação de penas para quem propaga o conteúdo,
seja por venda, mantém os meios de serviços de armazenamento do conteúdo nos
proprios dispositivos, ou em nuvens pela internet, como por exemplo sites, fóruns,
drives, entre outros. A pena também é de 4 a 8 anos e multa. (BRASIL, 1990).
Visando ainda uma legislação mais completa, foi acrescido os artigos 241-
A ao 241-E criando novas figuras típicas na busca de punir a pedofilia na internet,
pois como já esclarecido a pedofilia por si só não configura-se crime, este só poderá
ser considerado a partir do momento da exteriorização das vontades do pedófilo,
sendo assim é necessário análises interdisciplinares para a imputação do delito ao
agente. (BRASIL, 1990).
No art. 241-A a pena de 3 a 6 anos e multa caberá ao agente que oferecer,
trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar conteúdos de cunho
sexual infantil. Já o 241-B trouxe as ações consistentes em: adquirir, possuir ou
armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
contenha as mencionadas cenas. (BRASIL, 1990).
Por outro viés, existe ainda a tipificação do crime para aquele que simula
a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica
por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
outra forma de representação visual, com base no art. 241-C, com pena de 1 a 3
anos e multa. (BRASIL, 1990).
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O artigo 241-D do ECA dispõe acerca do aliciamento, assédio, instigação


ou constrangimento de menores através de qualquer meio de comunicação com
pena também de 1 a 3 anos de reclusão e multa. Já o último artigo traz o conceito
de “cena de sexo explícito ou pornográfica” ora mencionado nos demais artigos,
vejamos:

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão" cena
de sexo explícito ou pornográfica "compreende qualquer situação que
envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente
para fins primordialmente sexuais. (BRASIL, 1990).

É fato que a pedofilia existe antes mesmo de qualquer meio de


comunicação ou tecnologia se tornar acessível aos usuários. No entanto, a internet
se mostrou a área mais propícia nos últimos anos para a prática de exploração
sexual de menores, tanto para produção, como para a compra, venda e
armazenamento deste tipo de conteúdo. Pois além das inúmeras plataformas de
comunicação, existe ainda a sensação de impunidade, e da falsa ideia de que a
internet é “uma terra sem lei”, vez que, apesar das denúncias, muitos casos ainda
são ofuscados e menosprezados, não só pelas autoridades mas também pelas
próprias vítimas e familiares. (CABETTE, 2015).
Além daqueles que adquirem esse tipo de mídia, há ainda quem lucra com
a comercialização dos materiais, tanto em âmbito nacional, como também
internacionalmente. A venda do conteúdo pornográfico infantil é feita através de
fóruns e bate papos que na maioria das vezes se encontram no lado “oculto” da
internet, a então denominada deep web3.
Neste contexto, vários autores discorrem sobre o tema quanto a
propagação de mídia e materiais pornográficos infantis, trazendo assim clareza na
percepção de suas pesquisas, diante da tamanha importância em alertar os
responsáveis de possíveis situações.

(...) grande parte dos materiais relacionados à pornografia infantil são


difundidos mediante conexões criptografadas em áreas não indexadas da
internet, cuja localização não é detectada pelas ferramentas de busca
tradicionais. (SATO, 2021, p.504).

3 deep web é uma área fora da superfície da internet, da qual é utilizada para comercialização de
produtos ilegais, dentre outros.
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E é justamente essa área inacessível aos mecanismos de busca de texto


que se denomina de deep web, a qual, em breves palavras, pode ser
compreendida como uma área não situada na ‘superfície’ da internet,
programada por meio de milhares de formas de linguagem HTMML
disponíveis e erigida em um dos diversos domínios não indexados da web,
cujo acesso necessidade de navegadores e conhecimentos informáticos
próprios (MADHAVAN apud SATO, 2021, p. 504).
(...) a deep web designou-se de dark web, que se traduz na parcela não
indexada da internet utilizada para a prática de cybercrimes, delitos de ódio,
extremismo, terrorismo, divulgação de conteúdo ofensivo, popularização de
imagens de homicídio, estupros e, igualmente, reduto de organizações
criminosas dedicadas à proliferação de materiais, quando categorizados,
constam de fóruns de difícil acesso bem como os agentes se mantém
ocultos por meio de mecanismos de proxys, ferramentas utilizadas para
mascararem a localização dos IPs (endereço eletrônico) dos indivíduos
(FU, 2010, p. 1213-1231). (SATO, “A infiltração Virtual de Agentes e o
Combate à Perdopornografia digital”, 2021 p. 504).

O compartilhamento portanto é feito de forma discreta através de portais


de difícil acesso, entretanto é nas redes tradicionais que os criminosos iniciam os
primeiros passos para seduzir, conquistar e convencer as vítimas de produzirem o
conteúdo de alguma forma. As redes sociais, tais como Facebook, Instagram,
Twitter, Whatsapp, salas de jogos e bate-papos são os pontos de partidas para um
início de relacionamento virtual. Desta forma o legislador sentiu a necessidade de
alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente trazendo amplitude às formas de
prática desse tipo de crime, bem como acrescentando nomenclaturas que abrangem
a classificação de condutas que exige a assistência da internet, pois afinal hoje essa
é área em que mais encontra-se material pornográfico infantil.
Apesar do crescimento considerável de denúncias, é fato que todos os dias
inúmeros casos “ocorrem às escuras” e infelizmente a maioria das vítimas não
conseguem denunciar.
Está em trâmite a propositura de um Projeto de Lei 219/2022 que tem por
finalidade tornar o crime de pornografia infantil em crime hediondo, além de aumentar
as penas previstas no ECA, das quais passariam a ser de 2 a 5 anos e multa.
(SENADONOTICIAS, 2022, online).

2.3. IDENTIFICAÇÃO DE UM PEDÓFILO VIRTUAL

Em decorrência das inovações tecnológicas e do aperfeiçoamentos de


práticas deste tipo de delito, as autoridades policiais se viram obrigadas à aderir à
mudanças estratégicas, aprimorando tanto os conhecimentos de informática como
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também cursos e técnicas que auxiliam no reconhecimento de características da


personalidade, que são relevantes para a determinação do perfil dentro da patologia
da pedofilia, desta forma, a descoberta de suspeitos se torna mais ágil.
A partir disso os agentes policiais aderiram à técnica de “infiltração de
agentes”, que por sua vez foi muito usada pela França no século XVIII e XIX, também
nos Estados Unidos do século XIX com intuito de colocar agentes que passassem
informações aos policiais e também para tentar fazer acordos. Já no Brasil, somente
em 2004 com a Convenção das Nações Unidas Contra o crime organizado
Transnacional, promulgada pelo decreto 5.015/2004 em seu art. 20 é que foi
regulamentada como uma técnica especial de investigação. (JORGE, 2021)
No contexto de crimes cibernéticos a infiltração se dá de forma virtual, onde
o agente que se infiltra dissimulando sua identidade e função, cria um perfil falso, se
passando por uma possível vítima e tenta contato com os criminosos, participando
também de salas de bate-papo e fóruns na busca de colher informações.
Na maioria dos casos o criminoso age de forma sútil, sempre gentil e
carinhoso com as vítimas. Oferece também objetos em troca, como por exemplo
aparelhos eletrônicos, roupas, acessórios, e até mesmo dinheiro. É um processo
lento, pois o pedófilo virtual se dedica à sedução da vítima, e normalmente após atingir
os objetivos e satisfazer seus fetiches, utilizam-se daquelas imagens e vídeos para
ameaçar os menores, fazendo com que eles se sintam presos às vontades dos
agentes, por medo e vergonha de uma possível divulgação. Cabette traz em sua obra,
o seguinte resumo:

Os pedófilos aproveitam-se e criam perfis falsos em redes sociais, utilizam-


se de linguagem de fácil entendimento para conseguirem a confiança das
crianças e adolescentes. O trabalho busca demonstrar a proteção integral
assegurada pelo ECA visando defender a criança e o adolescente de atos
abusivos a sua integridade, não importando o meio no qual é praticado,
bastando, para isso, que possua a característica de causar dano a criança
ou adolescente. (CABETTE, 2015).

A mudança de comportamento da vítima é fator crucial para que os pais ou


responsáveis desconfiem de algum tipo de atividade irregular, como o excesso de
medo e inseguranças no convívio social que podem estar correlacionadas à possíveis
situações de violência que o menor esteja sofrendo. Sendo assim é de suma
importância o acompanhamento dos pais para com os acessos que os filhos tem à
internet, bem como os demais adultos que convivem com a criança e o adolescente.
17

2.4. CASOS DE CRIMES CIBERNÉTICOS

Como já demonstrado a ciberpedofilia tomou proporções internacionais


com a ajuda da internet e canais de difícil acesso, como por exemplo a deep web2.
Dessa forma, todos os dias ocorrem casos envolvendo criminosos em diversos países
que compartilham, vendem, adquirem, e produzem pornografia infantil.
É válido a demonstração de pequenas parcelas da dimensão drástica
desse tipo de crime no Brasil. Em Goiás, por exemplo, inúmeras matérias jornalísticas
relacionadas a busca e apreensão de conteúdos pornográficos infantis foram
publicadas nos últimos meses, em sua maioria a polícia felizmente obteve êxito, e
também apreendeu os suspeitos.
Nesse sentido, pode ser mencionada a operação Luz na Infância 8, que é
uma ação policial de mobilização nacional coordenada pelo Ministério da Justiça e
Segurança Pública em todo país, segundo dados do site oficial da Polícia Civil do
Estado de Goiás, a operação cumpre ao todo 18 mandados de busca e apreensão
nos Estados da Federação, além de 05 países: Argentina, Estados Unidos, Paraguai,
Panamá e Equador. Houve ainda a colaboração da Embaixada dos Estados Unidos
no Brasil, por meio da Homeland Security Investigations (HSI)4, que ofereceu cursos,
compartilhamento de boas práticas e capacitações. (POLICIA CIVIL DO ESTADO DE
GOIAS, 2021). No dia 09/06/2021 a polícia civil de Goiás, cumpriu 06 mandados de
busca e apreensão em 05 cidades do estado, dos quais 2 deles até a presente data
foram bem sucedidos (POLICIA CIVIL DO ESTADO DE GOIAS, 2021). Além disso a
um Jornal do Estado de Minas publicou no mesmo dia uma matéria atualizando os
números de prisões feitas ao todo pela operação, vejamos:

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública deflagrou na manhã desta


quarta, 9, a Operação 'Luz na Infância 8', para identificar autores de crimes
de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados na
internet. Ao menos 41 pessoas foram presas em flagrante no âmbito da
ofensiva que faz buscas no Brasil e em mais cinco países: Argentina, Estados
Unidos, Paraguai, Panamá e Equador. Ao todo, 176 endereços são
vasculhados pela Polícia Civil de 18 Estados, São Paulo, Rio de Janeiro,
Pará, Espírito Santo, Mato Grosso, Rondônia, Paraná, Ceará, Goiás, Mato

4 Homeland Security Investigations (HSI), é um ativo vital dos EUA no combate de organizações
criminais que exploram ilegalmente os sistemas de viagem, comércio, financeira e imigração na
américa
18

Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí, Bahia,
Maranhão, Rio Grande do Sul e Amazonas e por agentes dos países
envolvidos.
Um primeiro balanço da operação indica que até às 10h desta quarta, 41
pessoas haviam sido presas em flagrante, 27 no Brasil, 4 no Paraguai e 10
na Argentina.
Em suas sete edições anteriores, realizadas entre 2017 e 2020, a 'Luz na
Infância' já cumpriu mais de 1.450 mandados de busca e apreensão e
prendeu cerca de 700 suspeitos de praticarem crimes cibernéticos de abuso
e exploração sexual contra crianças e adolescentes em todo o Brasil e nos
países participantes da ação. (JORNAL DO ESTADO DE MINAS, 2022).

Ainda em Goiás, outro executivo foi preso em 11 de Janeiro de 2022 por


armazenamento de material pornográfico infantil, em notícia publicada pelo Mais
Goiás, é detalhado que o criminoso instigava o fornecedor à manter relações sexuais
com seu irmão de 10 anos.

Um executivo de 37 anos foi preso nesta terça-feira (11) em Goiânia por


armazenar pornografia infantil. O homem é sócio de um conhecido grupo
econômico no ramo de incorporações multipropriedade que atua em diversos
Estados do Brasil e tem sede em Goiás. Durante buscas na residência do
suspeito, localizada em um condomínio fechado, e na empresa onde
trabalhava, a polícia encontrou imagens pornográficas de crianças em
aparelhos tecnológicos do executivo.
O homem comprava pacotes de fotos e vídeos de crianças e adolescentes,
além de manter conversas via aplicativo de mensagens com menores para
marcar encontros e ter relações sexuais. A polícia identificou um outro
homem que era aliciado pelo suspeito a fornecer o material pornográfico.
Como forma de pagamento, o suspeito realizava transferências via pix e
recargas de celular para o fornecedor.
Suspeito instigava o fornecedor a ter relação sexual com o irmão de 10 anos
A investigação descobriu que, a pedido do executivo, o fornecedor foi
suprimido a abusar sexualmente do próprio irmão, de 10 anos, além de
marcar encontros com crianças e adolescentes. A polícia investiga se esses
encontros aconteceram de fato.
O homem foi preso e conduzido para a Delegacia Estadual de Repressão a
Crimes Cibernéticos (DERCC). No momento da prisão, a filha do suspeito de
apenas 2 anos estava na residência. A polícia investiga se a criança sofreu
algum tipo de abuso. (MAIS GOIÁS 2022).

Através dos casos é possível notar que são várias as formas utilizadas para
a obtenção desses conteúdos, no caso acima constata-se 2 criminosos, de um lado
um executivo que comprava e armazenava o material, de outro lado um estuprador,
que abusava sexualmente, explorava seu próprio irmão de apenas 10 anos de idade
e comercializava o conteúdo. Em outra notícia já no dia 13/01/2022, o mesmo
empresário pagou fiança no valor de R$ 12.000,00 e foi solto. (MAIS GOIÁS, 2022).
Outro modo bastante frequente, é como outro suspeito agiu na cidade de
Águas Lindas de Goiás. O homem que cometeu o crime utilizava as salas de jogos
19

online para contatar possíveis vítimas, prometendo presentes ele pedia às crianças
que enviassem fotos e vídeos de cunho sexual, após conseguir os primeiros materiais,
ele ameaçava as vítimas para que enviassem cada vez mais, ao contrário ele
divulgaria as fotos íntimas.

Homem é suspeito de ameaçar divulgar fotos de mais de 60 crianças nuas


após conhecê-las em jogos online. Segundo a polícia, ele prometia presentes
às vítimas se elas mandassem imagens íntimas. Ao conseguir o material, ele
dizia que ia postar na internet se elas não continuassem enviando. Um homem
de 45 anos é suspeito de ameaçar divulgar fotos de mais de 60 crianças nuas após
conhecê-las em jogos online. Segundo a polícia, ele prometia presentes às vítimas se
elas mandassem imagens íntimas. O investigado foi preso nesta quarta-feira (26),
em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal.
A polícia informou que o homem conhecia as vítimas em um jogo e, então, as
convidava para conversar em um aplicativo de mensagem. Após conseguir alguma
imagem das vítimas nuas, ele passava a exigir mais fotos e vídeos, ameaçando
divulgar o material na internet se elas não obedecessem. Nas conversas às quais
a Polícia Civil teve acesso, as crianças mostram desespero com as ameaças.
Algumas diziam até que se matariam. Em uma das mensagens, o homem diz:
“Então manda vídeo, grava aí”.
A vítima disse que não tem como, pois a irmã estava em casa. Em seguida,
o homem responde: “Então vou postar agora”.
Nos celulares do suspeito foram encontrados vários vídeos e fotografias de crianças
em atos pornográficos. Ele foi detido em flagrante, encaminhado ao presídio da cidade
e deve responder por manter imagens pornográficas infantis em seu telefone e por
estupro de vulnerável. (G1-GOIÁS, 2022).

Os fatos demonstrados são apenas a “ponta do iceberg”, é notório que a


expansão das redes, bem como a criação de novos portais de acessos dificultam o
trabalho da polícia, além disso infelizmente nem todas as vítimas denunciam o
pedófilo virtual, pois tratam-se de crianças que em sua maioria sentem-se ameaçadas
e constrangidas com medo de alertar os pais.

3. RESPONSABILIDADE FRATERNA

Como já fora mencionado é dever da da família zelar pela criação e


desenvolvimento da criança e do adolescente, proporcionando-a uma vida digna e
justa perante a sociedade.
O trabalho dos policiais é de extrema importância para a investigação dos
suspeitos, mas é incontestável que, os pais e responsáveis pelo menor são peças
chaves de fundamental importância na busca e reconhecimento de sinais de
comportamentos anormais por possíveis vítimas. Assim uma vez que o responsável
percebe alterações constantes no comportamento do menor, ou mesmo consegue
20

detectar em aparelhos celulares ou computadores conversas suspeitas é possível


acionar as autoridades policiais para que providenciem a busca e apreensão do
criminoso impedindo assim novas vítimas.

3.1. COMO IDENTIFICAR MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS EM CRIANÇAS E


ADOLESCENTES

O pedófilo virtual na maioria das vezes utiliza-se de ameaças à fim de


garantir o silêncio da vítima e a constância de conversas e relacionamentos, valendo-
se de meios como as próprias imagens do menor, ou ameaçando sua vida ou de
terceiros. Consequentemente por se tratar de crianças e adolescentes em
desenvolvimento, fica fácil adentrar a sua mente. É neste momento que iniciam-se as
mudanças no comportamento das vítimas.
Para que os familiares consigam perceber possíveis sinais no
comportamento do menor que indicam estarem sofrendo algum tipo de violência, seja
ela física ou psicológica, pois é necessário se atentarem à pequenas mudanças no
comportamento de crianças e adolescentes, como por exemplo alterações no humor,
onde a criança que hora se mostra alegre e outrora passa à ser introspectiva,
demonstração de medo ou receio, ou ainda comportamento violente o agressivo no
âmbito escolar e familiar. (ESTADO DE MINAS, 2020, online).
A atenção à atitudes como por exemplo, fechar as telas de computadores
quando um adulto entra no quarto, jogos e chats de redes sociais em excesso e em
horários durante a madrugada, o menor que sempre se tranca no quarto e não fala
sobre as amizades, ou pessoas com quem se relacionam, são além também sinais
que demonstram perigo virtual.

3.2. EDUCAÇÃO SEXUAL NA INFÂNCIA

A forma mais eficaz de prevenção de crimes de violência sexual tanto


virtuais, como também crimes comuns no cotidiano da criança e do adolescente são
medidas preventivas como por exemplo, a educação sexual infantil, que pode ser
repassada pela família, bem como pelas escolas.
Segundo o site oficial Primeira Infância:
21

Reposicionar os direitos sexuais no campo da sociedade brasileira é


fundamental, para que, de uma vez por todas, as pessoas possam
compreender que direitos sexuais são direitos humanos e não podem ser
suprimidos por enviesamentos morais (PRIMEIRA INFÂNCIA, 2022).

Ainda no mesmo site, o autor conceitua a sexualidade e como ela deve ser
recepcionada, vejamos:

(...) precisamos ter certeza de que as pessoas de fato compreendem o


significado de sexualidade. Sexualidade é uma dimensão do ser humano e
está presente durante o curso de vida, assumindo características diferentes
de acordo com cada etapa. É aquilo que traz para cada pessoa a
possibilidade de cultivar o prazer, de endereçar afetos, de estabelecer
relações íntimas; a sexualidade envolve mas não se resume ao ato sexual. O
tabu e o desconhecimento em torno da sexualidade e a errônea vinculação
de sexualidade exclusivamente ao sexo é profundamente prejudicial para a
promoção da educação integral de sexualidade.
Quando se fala em educação integral para a sexualidade – ou educação
sexual, como se convencionou chamar no Brasil – há um processo de ensino
e aprendizagem que dá oportunidade a cada estudante o acesso ao
conhecimento sobre sexualidade, a nomeação das partes do corpo, seu
reconhecimento e o completo entendimento do começo da vida. ( PRIMEIRA
INFÂNCIA, 2022).

É de suma importância que a criança e o adolescente entendam a noção


de privacidade de seu corpo, bem como a definir sensações, e reconhecer quando
algo estiver invadindo esse espaço, seja na forma física ou virtual.
Sendo assim, devem os responsáveis apresentar-lhes as definições e
caracterização do abuso, para que os próprios menores criem uma autoproteção,
além de demonstrarem também os perigos da internet e salas virtuais de
relacionamentos, como por exemplo demonstrar casos que já ocorreram com algumas
vítimas para que o menor compreenda que atrás de um possível perfil falso, existe um
criminoso com más intenções.

3.3. RESTRIÇÕES TECNOLÓGICAS

Há ainda os limites que podem ser impostos pelos responsáveis com o


objetivo de prevenir o contato com este tipo de criminoso. Como por exemplo a
restrição do tempo de uso do telefone celular, tablets ou computadores. É comum
atualmente que a nova geração tenha contato com mais frequência à tecnologia, afinal
22

a internet é hoje o principal meio de comunicação no mundo. (ESTADO DE MINAS,


2020, online).
Além disso, com a pandemia e as adaptações sofridas as crianças e
adolescentes passaram a ficar cada vez mais interconectados. Entretanto é dever dos
pais supervisionar os sites de acesso, jogos e chats, como também as redes sociais.
Impor regras podem melhorar o desenvolvimento dos filhos, além de evitar que
tragédias ocorram.
Não só as redes abertas, mas como já dito, a deep web que é uma rede de
comunicações restritas, das quais os usuários acessam por meio de softwares
específicos, apresenta bastante risco tanto como para a vulnerabilidade em relação a
ciberpedofilia, como também outras situações de violência e acesso à materiais
inapropriados ao menor. No jornal Estado de Minas a especialista Fernanda Teles,
psicóloga, educadora parental e especialista em parentalidade positiva afirma:

Manter uma boa relação é fundamental para propiciar um local seguro de


conversa e desabafo para os filhos, e este é o meio mais eficaz de prevenir a
pedofilia, doenças psíquicas e demais acontecimentos indesejáveis.
(ESTADO DE MINAS, 2020).

É indispensável a imposição de limites e o monitoramento do que é


acessado por parte dos pais ou responsáveis à fim de prevenir a dignidade e saúde
mental dos menores.
23

CONCLUSÃO

Ao decorrer do trabalho observou-se em um primeiro momento o quanto


a internet, apesar de contribuir diariamente nas relações humanas, pode ser um fator
de risco quando usada por crianças e adolescentes sem a devida presença dos pais
dando suporte e auxílio para determinar quais conteúdos estão sendo acessados.
Não obstante, o aumento dos crimes de pornografia infantil em meio a
pandemia e isolamento, mostra que a internet se tornou a principal ferramenta
utilizada por pedófilos no mundo todo, já que a lascívia decorrente da patologia pode
ser satisfeita de forma virtual, além disso ainda há a sensação de impunidade da
matéria perante a sociedade, o que faz com que os criminosos sintam confiança para
praticar os delitos, vez que a maioria dos casos se quer são denunciados.
É sabido que as autoridades policiais estão cada vez mais investindo em
novas tecnologias afim de aprimorar as investigações e encontrar os criminosos,
entretanto a legislação brasileira apesar de ter tido atualizações, se mostra pouco
eficaz no sentido da aplicação de penas, pois é notório que como os dispositivos
impõe além da restrição de liberdade em pequena escala também os pagamentos
multas, a maioria dos criminosos são colocados em liberdade após o pagamento de
fianças.
Desta forma dificilmente a sociedade estará apta a confiar na justiça
brasileira e denunciar os casos, vidas estão sendo destruídas a cada criança e
adolescente que se tornam vítimas, já os criminosos conseguem se “safar” apenas
com quantias em dinheiro paga ao Estado.
Além disso, ficou demonstrado como ocorrem os casos, e o quanto é
necessário que os pais e responsáveis imponham limites e monitorem o uso dos
meios de comunicações de seus filhos, pois a educação sexual deve ser presente
desde a primeira infância afim de prevenir futuras situações de violência, ou qualquer
forma de exploração que o menor venha a sofrer.
24

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