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Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira
instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua
secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da
Ouvidoria.
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Sumário
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
1.1 Ementa
Contribuições Especiais. Contribuições sobre a folha de salários. PIS/COFINS. CSLL.
Retenções. IRPJ: Fato gerador, alíquota, base de cálculo. Progressividade, universalidade
e generalidade. ICMS: Fatos geradores. Substituição tributária. Guerra fiscal. Convênios.
Benefícios fiscais. ICMS na importação e exportação. ISSQN: fato gerador, base de cálculo,
alíquota mínima e máxima. Local do fato gerador. Sujeito passivo. Simples Nacional.
Definição de Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP). Conceito de Receita
Bruta. Tributos Alcançados.
1.3 Objetivos
Identificar as características centrais dos principais tributos, com seus princípios
informadores e a sistemática que cerca os elementos essenciais das respectivas formas de
incidência e seus critérios próprios de identificação constitucional e legal. Em associação a
isto, o objetivo deste módulo busca perceber as particularidades da repercussão destas
formas tributárias na vida das empresas, especialmente para identificar como o fenômeno
tributário recai nas atividades empresariais.
1.5 Metodologia
Metodologia expositiva/participativa. Além do conteúdo básico dos fundamentos da
matéria, os alunos disporão de ferramentas para análise de casos decididos por
autoridades administrativas e pelo Poder Judiciário.
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2.1.1 Introdução
As contribuições surgiram como expressão de solidariedade entre componentes de
um grupo social ou econômico, objetivando um fim determinado. Na gênese, as
contribuições destinavam-se ao financiamento de interesses específicos destes grupos,
sobretudo para o financiamento dos modelos previdenciários a partir da gênese do
estabelecimento do modelo francês
Sendo assim, verifica-se que as contribuições diferem umas das outras pelo fim a
que se destinam. Até mesmo em virtude deste caráter, a natureza jurídica das
contribuições sempre foi muito debatida na doutrina, gerando divergências, oscilando entre
a aceitação de seu caráter tributário e a rejeição a este conceito.
Este ponto era o cerne das divergências acerca da natureza tributária ou não-
tributária das contribuições, posto que enquanto estas, em sua origem caracterizam-se
por expressão de solidariedade e são dotadas de destinação específica (tributos afetados
à execução de uma atividade estatal ou paraestatal específica, aproveitável ou não ao
contribuinte), o imposto se apoia no poder de império visando a manutenção do Estado,
sem qualquer vinculação. As contribuições parafiscais se diferenciam dos tributos em geral
já que encerram finalidades específicas de financiamento dos setores próprios. Morselli que
estudou o tema, já apresenta a seguinte característica, versando sobre o instituto da
parafiscalidade que justificava as contribuições:
“A teoria da parafiscalidade baseia-se na distinção das necessidades públicas em
fundamentais e complementares. As primeiras correspondem às finalidades do
Estado, de natureza essencialmente política (defesa externa, interna, justiça etc.).
As segundas correspondem às finalidades sociais e econômicas, as quais, sobretudo
recentemente, assumiram grandes proporções e novas determinações financeiras.
Trata-se principalmente de necessidades de grupos profissionais econômicos e de
grupos sociais. Assim, às necessidades fundamentais correspondem uma finança
fundamental (de entes públicos territoriais). A teoria da parafiscalidade explica a
finança complementar.”1
1
MORSELLI, Emanuele. Parafiscalidade e seu controle. Rio de Janeiro: Ed. Inst. Brasileiro de Direito Financeiro, 1954
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no capítulo que trata do Sistema Tributário Nacional (Capítulo I do Título VI), o que
estabeleceu, à luz do texto constitucional vigente, a característica tributária desta exação.
Atualmente, toda esta teoria já está consolidada, tanto assim que o Supremo Tribunal
Federal reconheceu a natureza tributária das contribuições parafiscais e seu elemento
distintivo pela finalidade dos recursos.
Como já teve oportunidade de afirmar o STF, as “contribuições são tributos, sujeitos
a regime jurídico próprio, e cuja propriedade decorre da destinação constitucional das
receitas e da submissão às finalidades específicas pelo art. 149, da CF, do qual se extrai
que as mesmas podem ser instituídas pela União e pelos Estados e Municípios como
instrumento de atuação na área social”2.
Por fim, podemos definir como características comuns aos empréstimos
compulsórios e às contribuições especiais a vinculação de receita, ou seja, a
obrigatoriedade de se haver previamente fixada a destinação específica do produto de sua
arrecadação. Enquanto nos impostos é bastante a ocorrência do fato imponível para o
nascimento da obrigação tributária, ao passo que nas contribuições, a obrigação surge
somente com o benefício e o fato descrito na norma ocorrendo concomitantemente.
Com o advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, além do
reconhecimento e da ampliação das contribuições até aquele momento instituídas foram
criadas novas contribuições sociais, dentre elas novas formas de contribuições para o
financiamento da seguridade, a CIDE, a CSLL e a CPMF e posteriormente a COSIP, tendo
sido concedida à União Federal, via de regra, a competência para a instituição destes
tributos.
Até a Constituição de 1988 a doutrina não se encontrava pacificada em relação à
classe de tributo na qual as contribuições deveriam constar. Ruy Barbosa Nogueira e
Baleeiro atrelavam as contribuições por eles chamadas de “parafiscais” a tributos que ora
eram classificadas entre as taxas, ora dentre os impostos, não pertencendo, na ocasião a
uma espécie autônoma.
Doutro giro, Hugo de Brito Machado defendia que as contribuições eram dotadas de
especificidade e características próprias, sendo detentoras de espécie distinta e autonomia,
ainda que apresentasse a denominação genérica de contribuições sociais.
Tais ponderações clássicas partiam da identificação genérica dos sistemas
tributários conhecidos. Em geral, sistemas tributários contam com três grandes fontes de
arrecadação tributária: os impostos, as taxas e as contribuições e, excepcionalmente,
alguns instituem empréstimos compulsórios, sendo que aqueles primeiros se classificavam
a partir das contraprestações realizadas e o último por ser tributo restituível.
Quanto às contribuições, reconhecida sua essência tributária pelos tribunais, é de
sua natureza a obrigação do Estado de aplicar os recursos segundo a destinação específica
para a qual o tributo foi criado, atendendo assim, a finalidade específica contida na ocasião
da instituição. São tributos, portanto, com os recursos vinculados às finalidades para os
quais foram instituídos.
Ademais, a relevância da determinação da natureza tributária das contribuições
define o regime jurídico aplicável e a consequente submissão às normas gerais
determinadas pelo art. 146 CRFB e estabelecidas pelo Código Tributário Nacional. Capítulo
relevante desta consequência deu-se quanto ao tempo da prescrição e da decadência sobre
as contribuições previdenciárias, já que o Plano de Custeio da Previdência Social – Lei n.
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STF – Informativo 357, no julgamento da ADI 3105, disponível em http://www.stf.jus.br//arquivo/informativo/documento/
informativo357.htm
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Além de resolver a questão, a Corte restou editando a Súmula vinculante n. 08, com a seguinte redação: São inconstitucionais o parágrafo
único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito
tributário.
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Com tudo isto, podemos entender que as contribuições especiais são assim
divididas:
C Sociais gerais
Sociais
O Art. 149 Seguridade social Art. 195
N União Interventivas ou CIDE
T Profissionais ou corporativas
R
I
B
U
Art. 149-A COSIP
I
Municípios/DF (contribuição sobre iluminação pública)
Ç
Õ
E
S
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Importante observar que a atual redação do art. 149 ainda atribui algumas
características para as contribuições sociais e para a CIDE, tudo na forma do §2º, a saber:
- não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
- incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
- poderão ter alíquotas, ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta
ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; ou específica,
tendo por base a unidade de medida adotada.
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Note-se que o rol previsto na Carta Magna não é taxativo, porquanto o próprio §
4º, de seu art. 195 informa que “a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir
a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecidas o disposto no art. 154, I”.
Nesse passo, o referido § 4º do art. 195, da CRFB/1988 atribui competência residual à
União Federal para, mediante lei complementar, instituir novas contribuições sociais, que
não digam respeito às referidas no caput do seu art. 195.7
4
A LC nº 70/1991 sofreu alterações de texto com a edição da LC nº 85/1996.
5
Alterada pelas Leis nº 9.990/2000; nº 10.637/2002; nº 10.865/2004; nº 11.051/2004 e nº 11.196/2005, bem como pela MP nº 2.158-35/2001.
6
Alterada pelas Leis nº 10.865/2004; nº 10.925/2004; nº 10.996/2004; nº 11.051/2004; nº 11.196/2005; nº 11.307/2006; nº 11.434/2006; nº
11.452/2007; nº 11.488/2007 e, recentemente, pela Medida Provisória nº 413, de 2008.
7
De acordo com Luiz Emygdio F. da Rosa Junior, “o STF decidiu que a remissão contida na parte final do art. 195, § 4º da CF, ao art. 154,
refere-se somente à necessidade de lei complementar para criação de novas contribuições, não proibindo a coincidência da base de cálculo da
contribuição social com a base de cálculo de imposto já existente (RE 228.321-rs, REL. Min. Carlos Velloso, Plenário, 1/10/98, Informativo
STF n. 125, p.1)”. ROSA JUNIOR, Luiz Emygdio F. da. Manual de Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
p. 425.
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“Aplica-se à tributação da pessoa jurídica, para as contribuições destinadas ao custeio da seguridade social, calculadas com base na
remuneração, o regime de competência. Assim, o tributo incide no momento em que surge a obrigação legal de pagamento, independentemente
se este irá ocorrer em oportunidade posterior. Agravo regimental ao qual se nega provimento.” (STF - RE 419.612-AgR, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. em 1º-3-2011, 2ª Turma, DJE de 6-4-2011.)
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serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as
gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes
de reajuste salarial,9 quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à
disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou,
ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58, da Lei nº.
8.213/91- PBPS (aposentadoria especial), e daqueles concedidos em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre
o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos (SAT ou RAT10):
• 1% para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes
do trabalho seja considerado leve;
• 2% para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja
considerado médio;
• 3% para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja
considerado grave.
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“A compreensão da fundamentação dos votos da maioria vencedora revela a necessária restrição dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade do art. 4º da Lei 7.418/1985 e do art. 5º do Decreto 95.247/1987 exclusivamente no que concerne ao domínio tributário,
para afastar a incidência de contribuição previdenciária pelo só pagamento da verba em dinheiro, mantendo-se hígida, no mais, a sistemática
do vale-transporte para os demais fins, notadamente à luz dos domínios remanescentes do direito positivo.” (STF - RE 478.410-ED, Rel. Min.
Luiz Fux, j. em 15-12-2011, Plenário, DJE de 6-2-2012.)
10
A atual contribuição denominada de RAT (Risco Acidente de Trabalho) corresponde ao antigo SAT (Seguro Acidente de Trabalho). O art.
22, II, da Lei nº. 8.212/91 (com a redação dada pela Lei nº. 9.732/98) traz a previsão no plano infraconstitucional de incidência desta
contribuição. Como fundamentos constitucionais pode-se citar o art. 7º, XXVIII, que assegura ao trabalhador o seguro contra acidentes de
trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização que este esteja obrigado, em caso de dolo ou culpa; e o art. 201, §10, que estipula
a previsão de que lei disciplinará a cobertura do risco do acidente de trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral da previdência
social e pelo setor privado.
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CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. Lei 7.787/89, arts. 3º e 4º;
Lei 8.212/91, art. 22, II, redação da Lei 9.732/98. Decretos 612/92, 2.173/97 e 3.048/99. C.F., artigo 195, § 4º; art. 154, II; art. 5º, II; art. 150,
I. I. - Contribuição para o custeio do Seguro de Acidente do Trabalho - SAT: Lei 7.787/89, art. 3º, II; Lei 8.212/91, art. 22, II: alegação no
sentido de que são ofensivos ao art. 195, § 4º, c/c art. 154, I, da Constituição Federal: improcedência. Desnecessidade de observância da técnica
da competência residual da União, C.F., art. 154, I. Desnecessidade de lei complementar para a instituição da contribuição para o SAT. II. - O
art. 3º, II, da Lei 7.787/89, não é ofensivo ao princípio da igualdade, por isso que o art. 4º da mencionada Lei 7.787/89 cuidou de tratar
desigualmente aos desiguais. III. - As Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os elementos
capazes de fazer nascer a obrigação tributária válida. O fato de a lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de
"atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica, C.F., art. 5º,
II, e da legalidade tributária, C.F., art. 150, I. IV. - Se o regulamento vai além do conteúdo da lei, a questão não é de inconstitucionalidade,
mas de ilegalidade, matéria que não integra o contencioso constitucional. V. - Recurso extraordinário não conhecido. (sem grifos no original).
RE nº. 343.446/SC, relator Ministro Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 20.03.2003. No mesmo sentido, Agravo Regimental no RE
nº. 598.739/SC, relator Ministro Eros Grau, Segunda Turma, julgado em 20.10.2009.
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e custo12.
Para se determinar o valor correto da parcela básica do RAT é necessário identificar
em qual dessas duas situações a empresa se enquadra:
• se possui somente uma única atividade econômica, ou seja, quando todos os
funcionários da empresa trabalham em diversos setores, mas para a fabricação do
produto final. Ex: Construtora, Metalúrgica;
• se possui Atividade Econômica Preponderante13, ou seja, quando a empresa
tem várias atividades econômicas, ou seja, produz vários produtos como é o caso
de empresas que possuem várias fábricas com diversidade de produção. Ex.:
Grupos empresariais que fabricam adubos, medicamentos, ração, etc. Neste caso,
é necessário identificar qual é a Atividade Econômica do Grupo que tem o maior
número de funcionários e sua respectiva Classificação Nacional de Atividade
Econômica (CNAE). Essa será a Atividade Econômica Preponderante.
12
Cabe destacar que a fixação de alíquota da contribuição ao SAT a partir de parâmetros estabelecidos por regulamentação do Conselho
Nacional de Previdência Social constitui o Tema nº. 554 da Repercussão Geral do STF, de relatoria do Ministro Luiz Fux, ainda não analisado
até o presente momento.
13
Atividade preponderante é aquela que ocupa, na empresa, o maior número de empregados e avulsos.
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Neste caso, a alíquota majorada tem incidência exclusiva sobre a remuneração dos
segurados expostos aos agentes nocivos, diferentemente do que ocorre com a parcela
básica, que, como visto anteriormente, incide sobre a remuneração de todos os segurados.
III – 20% do total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no
decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;
IV – 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços,
relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de
cooperativas de trabalho.
Importante destacar que a cota patronal não incide sobre o salário de contribuição,
conceito utilizado para o recolhimento da contribuição devida pelos segurados. Desta
forma, a contribuição previdenciária da empresa é calculada sobre a remuneração total,
não estando, portanto, sujeita ao limite máximo do salário de contribuição.
No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento,
sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores
mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de
seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito
e entidades de previdência privada abertas e fechadas é devida a contribuição adicional de
2,5% sobre a base de cálculo definida nos itens I e III (remuneração dos segurados
empregados, avulsos e contribuintes individuais)
No caso de o empregador ser MEI, deverá reter e recolher a contribuição
previdenciária relativa ao segurado a seu serviço, ficando também obrigado a prestar
informações relativas ao segurado a seu serviço, na forma estabelecida pelo Comitê Gestor
do SIMPLES (Regime Tributário Simples) Nacional; e está sujeito ao recolhimento da
contribuição patronal, calculada à alíquota de 3% sobre o salário de contribuição do
segurado, ao invés dos tradicionais 20% sobre a remuneração No caso do EIRELI, a pessoa
jurídica contratante é responsável pelo ônus das contribuições previdenciárias no
percentual de 20% ( Lei 8.212/91, art. 22).
A contribuição sobre a remuneração de empregados, avulsos e contribuintes
individuais, previstas no art. 22, I e III da Lei n° 8.212/1991, normalmente fixada em
20%, poderá sofrer reduções para empresas que prestam serviços de tecnologia da
informação (TI) e de tecnologia da informação e comunicação (TIC). A redução será obtida
mediante a subtração de um décimo do percentual correspondente à razão entre a receita
bruta de venda de serviços para o mercado externo e a receita bruta total de vendas de
bens e serviços (art. 14, caput). As atividades classificadas como TI e TIC são:
I - análise e desenvolvimento de sistemas;
II - programação; processamento de dados e congêneres; elaboração de
programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos; licenciamento ou cessão de
direito de uso de programas de computação; assessoria e consultoria em informática;
suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de
programas de computação e bancos de dados; e planejamento, confecção, manutenção e
atualização de páginas eletrônicas e call center.
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2.1.4.1 PIS/PASEP
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"O PASEP, sendo contribuição instituída pela própria Carta da República, não se confunde com aquelas que a União pode criar na forma
dos seus arts. 149 e 195, nem se lhe aplicam quaisquer dos princípios ou restrições constitucionais que regulam as contribuições em geral."
(STF - ACO 580, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. em 15-8-2002, Plenário, DJ de 25-10-2002.)
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Por outro lado, ainda regendo os tributos, antes da reforma constitucional que
versava sobre as Medidas Provisórias, foi editada a Medida Provisória nº 2.158-35, de 24
de agosto de 2001, com a seguinte redação ainda hoje mantida15:
Art. 1º A alíquota da contribuição para os Programas de Integração
Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP,
devida pelas pessoas jurídicas a que se refere o § 1º do art. 22 da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991, fica reduzida para sessenta e cinco
centésimos por cento em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de
1º de fevereiro de 1999.
Estes elementos de cálculo são dados, portanto, pela Lei nº Da combinação das
disposições da Lei nº 9.718, de 1998, combinado com a Medida Provisória nº 2.158-35,
de 2001. Destas resulta que o ponto principal está na determinação daquela base de
cálculo.
Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a, excluem-se da
receita bruta:
I - as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto
sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Operações relativas à
15
Emenda nº 32, de 2001: Art. 2º As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que
medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional.
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2.1.4.2 A COFINS
A COFINS foi instituída pela Lei Complementar nº 70/91, com os recursos aplicados
em programas, projetos e atividades de saúde, previdência e assistência social. O
art. 1º da referida norma explicitamente cuida desta destinação, não afastando, por outro
lado, as contribuições anteriormente analisadas.
Art. 1° Sem prejuízo da cobrança das contribuições para o Programa
de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (Pasep), fica instituída contribuição social para
financiamento da Seguridade Social, nos termos do inciso I do art. 195 da
Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas inclusive as a elas
equiparadas pela legislação do imposto de renda, destinadas
exclusivamente às despesas com atividades fins das áreas de saúde,
previdência e assistência social.
Ainda naquela norma inicial, era definida a alíquota (2% - dois por cento) e a
determinação de incidência sobre o faturamento das pessoas jurídicas. Dada a
similaridade de elementos de incidência, a contribuinte do COFINS foi também submetida
às regras da Lei nº 9.718, de 1998, e pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001.
Contribuintes
São contribuintes da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado em geral,
inclusive as pessoas a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda.
Base de cálculo
A partir de 01.02.1999, com a edição da Lei nº 9.718/98, a base de cálculo da
contribuição é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante
o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.
Alíquotas
A alíquota geral é de 3% (a partir de 01.02.2001) ou 7,6% (a partir de 01.02.2004)
na modalidade não cumulativa. Entretanto, para determinadas operações, a alíquota é
diferenciada.
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Com efeito, por força das alterações introduzidas pela Lei nº 9.718/1998, a partir
de 01 de fevereiro de 1999, houve um alargamento da base de cálculo da COFINS, eis que,
de acordo com a redação da citada lei, o faturamento das pessoas jurídicas corresponderia
à totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de
atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, o que inclui,
inclusive receitas não operacionais.
Ocorre que, analisando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior
Tribunal de Justiça, verifica-se que a definição de faturamento dada pelo § 1º do artigo 3º
da Lei nº 9.718/1998 é incompatível com o conceito de faturamento do artigo 195, inciso
I, da Constituição Federal vigente à época da publicação da referida lei federal. Conceito
de faturamento que juridicamente advém do Direito Comercial.
Portanto, a Lei nº 9.718/1998, ao ampliar o conceito de faturamento, criou, em
verdade, outra fonte de manutenção e financiamento da seguridade social. Entretanto, nos
termos do art. 195, § 4º da CRFB/1988, tal instituição somente poderia ser feita por lei
complementar, o que não é o caso da Lei nº 9.718/1998, que reveste a forma de lei
ordinária.
Ademais, o artigo 195, I, II e III da Constituição Federal (anteriormente à EC nº
20/1998) é claro ao dispor que a contribuição para a seguridade social tem como base de
cálculo a folha de salários, o faturamento ou o lucro, não existindo a base de cálculo
“receita”. Assim, resta evidente que a Lei nº 9.178/1998 nasceu inconstitucional, eis que
não existia no campo impositivo do sistema constitucional tributário a base de cálculo
receita, sendo criada nova fonte de custeio da seguridade social, sem que, repita-se, fosse
observado o processo legislativo exigido pelo artigo 195, § 4º da Constituição Federal.
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp n. 501.628-SC. Segunda Turma. Relator: Ministro Eliana Calmon. Julgado em 10 de fevereiro
de 2004. In: DJ, de 24 de maio de 2004.
17
Nesse sentido, AGR em MC no RE n. 386.056-BA. Relator: Ministro Gilmar Mendes; MC na petição nº 2.935-BA. Relator: Ministro Celso
Mello; Petição nº 2.891-ES. Relator: Ministro Carlos Velloso.
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18
Em relação aos demais recursos extraordinários, o Ministro Marco Aurélio, relator, deles conheceu para lhes dar provimento parcial, na linha
do voto proferido pelo Min. Cezar Peluso, sendo, assim, seguido pelos Ministros Carlos Velloso, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence.
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Mais recentemente houve grande debate sobre a inclusão de outros tributos neste
conceito de faturamento, especialmente se os valores relativos ao ICMS estariam inclusos
na base de cálculo do PIS/COFINS, considerando que aquele tributo é incluído
normalmente na fixação dos preços das mercadorias. Depois de longo debate, o STF assim
decidiu:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL.
EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS
E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL
DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO
PROVIDO.
1. Inviável a apuração do ICMS tomando-se cada mercadoria ou
serviço e a correspondente cadeia, adota-se o sistema de apuração
contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês,
considerando-se o total de créditos decorrentes de aquisições e o
total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços:
análise contábil ou escritural do ICMS.
2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade aplicado
ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da
Constituição da República, cumprindo-se o princípio da não
cumulatividade a cada operação.
3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se
tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não
se incluir todo ele na definição de faturamento aproveitado por este
Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo
para incidência do PIS e da COFINS.
3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu
da base de cálculo daquelas contribuições sociais
o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser
enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial
decorrente do regime de não cumulatividade em determinado
momento da dinâmica das operações.
4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da
contribuição ao PIS e da COFINS.
(STF – Pleno, RE 574706, rel. min. Carmen Lucia, j. 15.3.2017, DJe
29.9.2017)
Direito Tributário II
23
19
Sobre o tema, cf.: SEHN, Solon. “O conceito de receita no direito privado e suas implicações no direito tributário (PIS-Cofins, IRPJ,
Simples).” Revista Dialética de Direito Tributário. São Paulo: Dialética, 2006, n. 127. No mesmo sentido, cf.: SEHN, Solon. PIS-Cofins: não
cumulatividade e regimes de incidência. São Paulo: Quartier Latin, 2011.
20
SEHN, PIS-Cofins…, op. cit., pp. 152-153.
Direito Tributário II
24
Além disso, cumpre destacar que a receita bruta, para ser validamente tributada,
deve ser auferida pela pessoa jurídica, isto é, incorporada ao seu patrimônio, consoante
as regras ou critérios de reconhecimento da receita previstos na legislação tributária22.
Dois são os critérios de reconhecimento da receita: o regime de caixa e o de
competência. No primeiro, a receita é considerada obtida no momento do efetivo
recebimento da prestação pecuniária correspondente. No segundo, quando surge o direito
ao seu recebimento, independente da realização em moeda. Assim, nos contratos de
compra e venda, por exemplo, no regime de competência, a receita é reconhecida no
momento da entrega do bem, ao passo que, na prestação de serviços, após o cumprimento
da obrigação do contratado, independente da data do pagamento correspondente23.
O regime de competência é obrigatório para os contribuintes do IRPJ sujeitos ao
lucro real, ou seja, trata-se da regra geral aplicável ao regime não cumulativo do PIS e da
COFINS. Os contribuintes do lucro presumido, por sua vez, podem optar pelo regime de
caixa, nos termos do art. 20 da Medida Provisória nº 2.158/2001, desde que também o
façam no tocante ao IRPJ e à CSLL24. Também há outras exceções ao regime de
competência previstas em legislação específica, como as receitas decorrentes de variações
cambiais positivas (Medida Provisória nº 2.158-35/2001, art. 3025) e os contratos de
construção por empreitada ou de fornecimento de bens ou serviços com prazo de execução
superior a um ano (Lei nº 10.833/2003, art. 8º)26.
Os tributos podem ser cobrados por dois regimes: cumulativos ou não cumulativos.
A COFINS e o PIS sempre foram cobrados de forma cumulativa, pelo método
conhecido como cobrança em cascata. Como a Constituição não disciplinava a forma de
cobrança dessas contribuições, cabia ao legislador infraconstitucional escolher entre a
cumulatividade e a não cumulatividade.
21
Ibid. pp. 186-187.
22
Mesmo no regime cumulativo, a incidência está vinculada ao conceito de receita bruta, porque o faturamento, consoante destacado,
compreende a receita bruta da venda de mercadorias e da prestação de serviços. Não são, portanto, conceitos sinônimos, mas apresentam uma
relação de gênero (receita) e espécie (faturamento).
23
XAVIER, Alberto. Estudos sobre o imposto de renda. Belém: CEJUP, 1988. p. 98; PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Imposto sobre a renda:
pessoas jurídicas. Rio de Janeiro: Adcoas-Justec, v. I, 1979. pp. 298-299; SEHN, PIS-Cofins..., op. cit., pp. 191 e ss.
24
“Art. 20. As pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no lucro presumido somente poderão adotar o regime de caixa,
para fins da incidência da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, na hipótese de adotar o mesmo critério em relação ao imposto de renda
das pessoas jurídicas e da CSLL”.
25
“Art. 30. A partir de 1o de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da
taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro
líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da
correspondente operação”.
26
“Art. 8º. A contribuição incidente na hipótese de contratos, com prazo de execução superior a um ano, de construção por empreitada ou de
fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços a serem produzidos, será calculada sobre a receita apurada de acordo com os
critérios de reconhecimento adotados pela legislação do imposto de renda, previstos para a espécie de operação”. O art. 10 do Decreto-Lei n.
1.598/1977, por sua vez, determina o reconhecimento da receita a partir do recebimento proporcional do preço em cada período de apuração.
Direito Tributário II
25
Na medida em que as novas leis, ao preverem um aumento nas alíquotas, que seria,
em tese, compensado pela existência de um regime não cumulativo, a vedação ao
creditamento gerou, segundo perfunctório estudo de Fernando Scaff,28 aumento
considerável da carga tributária para alguns contribuintes, quando passaram a tributar
pelo regime não cumulativo. Daí que, embora se reconheça a constitucionalidade, a priori,
do regime não cumulativo desde a EC nº 42/2003, muitos contribuintes, sentindo-se
prejudicados e invocando os princípios da igualdade tributária e da neutralidade
concorrencial da tributação, buscam o reconhecimento, no caso concreto, do regime
cumulativo.
27
SCAFF, Fernando Facury. Pis, Cofins, não-cumulatividade e direitos fundamentais. In: Revista Mestrado em Direito Osasco, ano 8, n.1,
2008. p. 276.
28
idem. p. 270.
Direito Tributário II
26
29
I – os bancos de qualquer espécie; II – distribuidoras de valores mobiliários; III – corretoras de câmbio e de valores mobiliários; IV –
sociedades de crédito, financiamento e investimentos; V – sociedades de crédito imobiliário; VI – administradoras de cartões de crédito; VII –
sociedades de arrendamento mercantil; IX – cooperativas de crédito; X – associações de poupança e empréstimo;
Direito Tributário II
27
vez, considerando a aplicação posterior desses recursos pela lei orçamentária, essa
aplicação vai se dar geralmente em diversos programas sociais implementados pelo poder
público. Então tem uma função redistributiva também, uma função de redução de
desigualdade.
Sem prejuízo ainda do papel primordial de arrecadar, mas nada impede que o IR seja
utilizado também como forma de estimular ou desestimular determinada conduta por parte
do contribuinte. Por exemplo: investimento ou aplicações financeiras. Obviamente que se
o governo pretende estimular um determinado tipo de investimento, pode colocar uma
alíquota mais baixa de IR para os rendimentos provenientes daquele investimento.
Então agora, por exemplo, existe alíquotas regressivas do IR de acordo com o prazo
do investimento realizado. Então, quanto maior o prazo do investimento, menor vai ser a
alíquota incidente sobre os rendimentos provenientes desse investimento. Obviamente que
isso é um traço de extrafiscalidade do IR, porque quando aplica-se uma alíquota menor
para um investimento de longo prazo, a pretensão não é arrecadar; ao contrário, pretende-
se incentivar investimentos a longo prazo em comparação com os investimentos a curto
prazo.
Então não é absurdo falar que o IR pode ter traços de extrafiscalidade, só que o que
prepondera aqui é a função fiscal, ou seja, a função arrecadatória.
Justamente por conta desses papéis importantes, o Imposto de Renda sempre esteve
na competência federal, constando explicitamente nos textos constitucionais desde a Carta
de 1934, apesar de suas origens na virada do século XVIII e XIX. De todas estas previsões,
ficou patente que a base econômica do tributo aqui seria a renda e proventos de qualquer
natureza.
De nossa experiência restou consignado o imposto na forma do art. 153, III, CRFB/88,
apresentando, por conseguinte, conceitos bastante abertos de sua incidência, na medida
em que o legislador constituinte não optou por qualquer definição explícita ou conceitual.
Ainda que com parâmetros naturais dados pelas palavras renda e proventos, fica, portanto,
a cargo do legislador infraconstitucional e da doutrina a elaboração dos elementos para a
concretização normativa. Além do CTN (com as previsões contidas nos arts. 43 a 45), o
legislador federal editou diversos diplomas ordinários para disciplinar o imposto, a saber:
Lei 7.713/88; Lei 9.249/95; Lei 9.250/95; Lei 9.430/96; Lei 9.532/97 etc.
A verdade é que há múltiplas leis que tratam do IR, tornando quase impossível compilar
a normatização da espécie. Quase que cumprindo esta tarefa o Decreto 3000/99 – o
regulamento do IR – RIR, ajuda bastante, uma vez que ele compila uma série de normas
esparsas relativas à legislação do IR.
Direito Tributário II
28
NATUREZA’ delimita o âmbito da tributação, dando “o contorno do que pode ser tributado
e do que não pode ser tributado a tal título”30. Com isto resta evidenciado a ideia do que
pode e do que não pode ser tributado não pode ser apenas fixada pela lei. Segundo a
doutrina, está totalmente superada a concepção legalista do conceito de renda.
Como a Constituição não me disse o que era renda (e nem poderia ou deveria), renda
vai ser tudo aquilo que a lei estabelecer como renda, tudo aquilo que a lei disser que é
rendimento. Além da previsão constitucional no art. 153, III, o Imposto sobre a Renda, na
forma do art. 43 do CTN, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica
ou jurídica, sendo ali ainda definidos os conceitos básicos para a incidência do imposto, da
seguinte forma:
• renda como qualquer fruto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;
• proventos como qualquer outro acréscimo patrimonial não compreendido nos
conceitos acima.
30
PAULSEN, Leandro. Impostos Federais, Estaduais e Municipais, p. 45
Direito Tributário II
29
Direito Tributário II
30
Por outro lado, não se pode desconhecer que o sentido dado para as expressões de
incidência do imposto será distinto para os valores percebidos pelas pessoas naturais em
relação às pessoas jurídicas. Justamente para reconhecer essa distinção, nosso legislador
infraconstitucional tem conferido tratamento normativo distinto para esses dois grupos de
pessoas atingidas.
O CTN fala ainda em aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica sobre renda
ou sobre os proventos de qualquer natureza. Uma primeira distinção que é feita aqui é que
não há nenhum consenso na doutrina sobre o que seja disponibilidade jurídica ou
disponibilidade econômica, mas há duas grandes linhas de raciocínio: a primeira é mais
simples, mais simplória e limitada, consequentemente. Ela fala que disponibilidade jurídica
seria o acréscimo patrimonial cuja fonte seja lícita. Então, trabalhou e recebeu o salário,
teria a disponibilidade jurídica sobre aquela quantia.
Disponibilidade econômica seria a disponibilidade que se obtém sobre certa quantia
em desacordo com o direito, cuja origem seja ilícita. Diz MARCELO GUERRA MARTINS no livro
dele: “A disponibilidade econômica, ao contrário, independe da licitude de sua fonte,
podendo ser fruto, por exemplo, da contravenção, de crime, de atos civilmente nulos, etc.”.
Então, a disponibilidade jurídica é mais simplória, quando se aufere renda em
conformidade com o direito. Exemplo: um investimento e seu rendimento, o trabalho
prestado e o salário recebido, o valor de remuneração a título de uma prestação de serviço,
etc. Já, nesta visão, da atividade ilícita – exemplifica-se: tráfico de entorpecentes realizado
por determinada pessoa. A disponibilidade aqui não é jurídica, seria meramente
econômica.
Essa visão é mais restrita e não é suficiente para tratar do IR. Existe outra visão que
afirma o seguinte: para que ocorra a disponibilidade econômica, basta que o patrimônio
resulte economicamente acrescido por um direito, ou por um elemento material,
identificável como renda ou como proventos de qualquer natureza. A disponibilidade
econômica é o simples acréscimo patrimonial, já a disponibilidade financeira é a existência
física dos recursos em caixa.
Então, há quem distinga disponibilidade econômica da disponibilidade financeira.
Então, por exemplo, regime de caixa e regime de competência. Quando se fala em regime
de caixa há a certeza de que houve o ingresso de dinheiro no caixa, caracterizando a
disponibilidade tanto econômica quanto financeira. Quando se fala em regime de
competência, há a disponibilidade econômica, mas não a disponibilidade financeira.
Exemplo: uma empresa brasileira que tenha uma determinada empresa coligada ou
controlada situada no exterior. A empresa do exterior fechou o balanço e apurou resultado
positivo. Isso já é renda para a matriz situada no Brasil, ou só no momento em que essa
filial depositar o dinheiro numa conta à disposição da matriz? Mas, sem prejuízo desta
polêmica, verifica-se dos tribunais pátrios o reconhecimento desta dupla forma de
incidência do imposto:
31
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. 1ª seção. EREsp n. 1057912, rel. Min. Luiz Fux, j. em 23.2.2001, DJe
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31
32
STF – 2ª Turma, RE 396215 AgR, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. em 25.9.2012, DJe 25/10/2012
Direito Tributário II
32
33
Lei 9430/96: Art. 1° A partir do ano-calendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real,
presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro
de cada ano calendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei.
34
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 436.
Direito Tributário II
33
Então na prática a PJ domiciliada no Brasil que tem lá uma filial, uma controlada ou
uma coligada no exterior passou também que contribuir sobre o lucro obtido no exterior.
Essa lei 9249/95 tinha um problema que era a questão da disponibilidade, sendo, naquele
momento, regulada pela Secretaria da Receita Federal da seguinte forma:
IN 38/96 - Art. 2º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de
filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro
líquido do período-base, para efeito de determinação do lucro real
correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do ano-
calendário em que tiverem sido disponibilizados.
§ 1º Consideram-se disponibilizados os lucros pagos ou creditados à
matriz, controladora ou coligada, no Brasil, pela filial, sucursal, controlada
ou coligada no exterior.
§ 2º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, considera-se:
I - creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu
valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da filial,
sucursal, controlada ou coligada, domiciliada no exterior;
II - pago o lucro, quando ocorrer:
a) o crédito do valor em conta bancária em favor da matriz, controladora
ou coligada, domiciliada no Brasil;
b) a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária;
c) a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer
outra praça;
d) o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça,
inclusive no aumento de capital da filial, sucursal, controlada ou coligada,
domiciliada no exterior.
Direito Tributário II
34
Após muitos debates nos tribunais, o STF posicionou-se definitivamente sobre o tema
em 2013, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 2588, mantendo este
princípio de universalidade, para dar interpretação conforme a Constituição, com eficácia
erga omnes e efeito vinculante, no sentido de que não se aplicaria às empresas coligadas
localizadas em países sem tributação favorecida (não “paraísos fiscais”), e que se aplicaria
às empresas controladas localizadas em países de tributação favorecida ou desprovidos de
controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”, assim definidos em lei).
Deliberou-se, ainda, pela inaplicabilidade retroativa do parágrafo único do aludido
dispositivo, ex vi:
(...) julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta
ajuizada, pela Confederação Nacional da Indústria - CNI, contra o § 2º do
art. 43 do CTN, acrescentado pela LC 104/2001, que delega à lei ordinária
a fixação das condições e do momento em que se dará a disponibilidade
econômica de receitas ou de rendimentos oriundos do exterior para fins
de incidência do imposto de renda, e o art. 74, caput e parágrafo único,
da MP 2.158-35/2001, que, com o objetivo de determinar a base de
cálculo do IRPJ e da CSLL, considera disponibilizados, para a controladora
ou coligada no Brasil, os lucros auferidos por controlada ou coligada no
exterior, na data do balanço no qual tiverem sido apurados. Estabeleceu-
se que, ao art. 74 da MP 2.158-35/2001, seria dada interpretação
conforme a Constituição, com eficácia erga omnes e efeito
vinculante, no sentido de que não se aplicaria às empresas
coligadas localizadas em países sem tributação favorecida (não
“paraísos fiscais”), e que se aplicaria às empresas controladas
localizadas em países de tributação favorecida ou desprovidos de
controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”,
assim definidos em lei). Deliberou-se, ainda, pela inaplicabilidade
retroativa do parágrafo único do aludido dispositivo.
Arrematou-se que os lucros auferidos no exterior seriam tributados nos
termos da Medida Provisória 2.158-35/2001 a partir de 1º.1.2002, quanto
ao IRPJ, e após 24.11.2001, no que concerne à CSLL. De outro lado, os
fatos havidos antes desses períodos submeter-se-iam à legislação
anterior. Observou-se empate no tocante à situação de empresas
coligadas em “paraísos fiscais” e controladas fora de “paraísos fiscais”. Os
Ministros Marco Aurélio, Sepúlveda Pertence, Ricardo Lewandowski e
Celso de Mello emprestavam ao art. 43, § 2º, do CTN, interpretação
conforme a Constituição, para excluir alcance que resultasse no desprezo
da disponibilidade econômica e jurídica da renda. Além disso, declaravam
a inconstitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória 2.158-35/2001.
(STF – ADI 2588, rel. p/acórdão Joaquim Barbosa, j. em 10.4.2013,
Informativos 700 e 701 – negrito nosso)
Direito Tributário II
35
Nesse caso, sempre importante recordar que para ser considerada contribuinte, e como
tal sujeitar-se ao pagamento do imposto de renda como pessoa jurídica, basta a aquisição
de disponibilidade econômica ou jurídica de renda, esteja ou não devidamente legalizada,
conforme predicados definidos pelo Código Tributário Nacional nas regras sobre a
capacidade passiva (art. 126, III).
Direito Tributário II
36
Claro que essas são disposições genéricas para a incidência sobre os rendimentos
anuais, mas não estão afastadas aquelas situações com tributação específica e exclusiva
no momento da ocorrência do fato imponível com ganhos eventuais. Nesses casos, a norma
legal vai definir, além da incidência, também a dimensão da base de cálculo.
Pela existência desses diversos eventos submetidos ao imposto e suas múltiplas
modalidades de ocorrência, o tributo possui várias alíquotas aplicáveis, sendo fundamental
imputar para cada operação o percentual determinado legalmente.
Direito Tributário II
37
Estas mesmas situações que constituem fato gerador do ICMS estão previstas na LC
nº 87/96, nos seguintes termos:
Art. 2º O imposto incide sobre:
I – operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o
fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e
estabelecimentos similares;
II – prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal,
por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;
III – prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio,
inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a
retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer
natureza; (...)
Direito Tributário II
38
Em razão disso, a alienação de um bem do ativo permanente, como um bem37 por uma
pessoa jurídica prestadora de serviços, por exemplo, não dá margem à exigência do
tributo. Pelo mesmo motivo não incide o imposto quando da alteração da titularidade de
bens em razão de operação societária de cisão, fusão ou incorporação.38
A compreensão da exata dimensão desse imposto demanda, em um primeiro
momento, a intelecção de certos conceitos. Operações nada mais são do que negócios
jurídicos. Circulação, por sua vez, significa a transferência de propriedade de mercadorias.
Diante dessa tormentosa conceituação e dada a repercussão nacional, o ICMS sempre
passou por diversas discussões, a começar pelo seu fato gerador, produzindo os tribunais
pátrios vários posicionamentos que servem para compreender o alcance do tributo. Nesse
sentido, para ilustrar alguns posicionamentos, encontramos:
Súmula 573, STF. Não constitui fato gerador do ICM a saída física de
máquinas, utensílios e implementos a título de comodato.
Súmula 166, STJ. Não constitui fato gerador do ICMS o simples
35
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 473.
36
MENDONÇA, José Xavier Carvalho de. Tratado de Direito Comercial brasileiro. Campinas: Russel, 2006. v. V, p. 28.
37
STF – 2ª Turma, AI 835104, rel. Min. Ayres Brito, j. em 7/2/2012, DJe 16/3/2012.
38
STJ – 1ª Turma, REsp 242.271, rel. p/acórdão Min. Humberto Gomes de Mattos, j. em 19.6.2001, DJ 17.9.2001.
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39
39
STF – 2ª turma, RE 422051 AgR, rel. Min. Eros Grau, j. em 8.6.2010, DJe 24.6.2010
Direito Tributário II
40
Esse entendimento dos tribunais foi dado justamente para afastar a pretensão de
legalidade a partir da literalidade da LC nº 87/96, que assim dispunha:
Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:
I – da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular;
40
STJ – 1.turma, REsp 1.321.681, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. em 26.2.2013, DJe 5.3.2013
Direito Tributário II
41
deslocação não existirá o sentido transporte. O ato ou o efeito de transportar pode ser
tanto de pessoas ou coisas, mediante a necessária ideia de remuneração estampada no
art. 594, CC. Para os fins do ICMS, o transporte que nos interessa é o deslocamento de
pessoas ou coisas a título oneroso, de cunho econômico. E mesmo assim, se a operação
ocorrer entre municípios ou entre estados.
Neste sentido, a jurisprudência nacional reconhece a incidência sobre todos os objetos
de transporte, inclusive o de passageiros, como se ilustra abaixo:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO
TRIBUTÁRIO.ICMS.PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS. INCIDÊNCIA.CONSTITUCIONALIDADE.
1. É constitucional a incidência de ICMS sobre a prestação de serviços de
transporte rodoviário de passageiros. 2. Agravo regimental a que se nega
provimento.
(STF – 1ª turma, RE 896752 – AgR, rel. Min. Edson Fachin, j. em
15.9.2015)
Por outro lado, em razão da mais recente interpretação das normas constitucionais
acerca da extensão da imunidade recíproca em favor da Empresa de Correios – ECT,
impõe-se destacar que na hipótese de serviços de transporte de encomendas realizados
por aquela empresa haverá a não incidência do imposto. Este tema tem sido
reiteradamente afirmado pelo Pretorio Excelso, como se ilustra em recente decisão:
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA.
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. ICMS. INCIDÊNCIA.
ATIVIDADE DE TRANSPORTE DE ENCOMENDAS. IMUNIDADE RECÍPROCA.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu pela concessão da
imunidade recíproca à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT,
mesmo quando relacionada às atividades em que a empresa não age em
regime de monopólio. (RE 627.051/PE, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Pleno,
Dje 11/2/2015). 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STF – Pleno, ACO 1454 - AgR, rel. Min. Teori Zavascki, j. em 18.12.2015)
Direito Tributário II
42
Por outro lado, não há incidência sobre o transporte internacional iniciado no Brasil com
destino a ponto no exterior, por força da imunidade do art. 155, §2°, X ‘a’ CRFB/88. Neste
aspecto, importante destacar que a imunidade está unicamente ligada ao transporte
internacional, não abrangendo as situações de transporte interno de mercadorias que
posteriormente serão exportadas. O tema não é novo nos tribunais, mas ainda recorrente,
como se novamente ilustra por recente decisão do STF:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL
EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. SERVIÇO
UTILIZADO NOTRANSPORTE INTERESTADUAL OU INTERMUNICIPAL DE
PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS DESTINADOS AO EXTERIOR.
PRETENDIDA NÃO INCIDÊNCIA DO ICMS. ART. 155, § 2º, X, A, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A imunidade tributária prevista no artigo
155, § 2º, X, a, da Constituição Federal é benefício restrito às operações
de exportação de produtos industrializados, não abrangendo o serviço
utilizado no transporte interestadual ou intermunicipal dos referidos bens.
2. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental a que se
nega provimento.
(STF – 1ª turma, Emb Decl. RE 602399, rel. Min. Roberto Barroso, j. em
15.12.2015)
O ICMS incide também sobre a prestação de serviços de comunicação. Para que haja
comunicação é imperativo que haja um agente emissor, um agente receptor e uma
mensagem. Para que haja a incidência do imposto é imperativo que o serviço prestado
tenha natureza onerosa, nas mais diversas modalidades modernas de comunicação. Em
razão disso, não se cogita da incidência do tributo em razão da prestação de serviços de
comunicação praticada de recepção gratuita, conforme, aliás, didaticamente dispõe o art.
155, § 2º, X, d, do próprio texto constitucional. De toda forma, incide sobre as operações
de comunicação telefônica (nas diversas formas), sobre a comunicação de serviços de TV
por assinatura etc.
Apesar de tais situações parecerem simples, o cotidiano apresentou várias situações
polêmicas, resultando na edição de várias discussões nos Tribunais. O imposto incide
apenas sobre o serviço de comunicação, o que exclui a sua exigência sobre todos os atos
periféricos e preparatórios para a prestação de tal serviço, tais como o cadastro, a
habilitação, a instalação etc. Nesse sentido, consolidou o Superior Tribunal de Justiça –
STJ por súmula:
Súmula 350. O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone
celular.
Direito Tributário II
43
Dessas hipóteses destaca-se a previsão do inciso IX, alínea a, que pretendia pacificar
a incidência da tributação sobre as mercadorias advindas do exterior, mas resultou em
grandes discussões de interpretação em alguns casos concretos. O Superior Tribunal de
Justiça foi o primeiro a enfrentar algumas questões, posicionando-se da seguinte forma
ainda na década de 1990:
Súmula 155. O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física,
para uso próprio.
Súmula 198. Na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso
próprio, incide o ICMS.
41
“...A prestação de serviços conexos ao de comunicação por meio da telefonia móvel (que são preparatórios, acessórios ou intermediários da
comunicação) não se confunde com a prestação da atividade fim — processo de transmissão (emissão ou recepção) de informações de qualquer
natureza —, esta sim, passível de incidência pelo ICMS. Desse modo, a despeito de alguns deles serem essenciais à efetiva prestação do serviço
de comunicação e admitirem a cobrança de tarifa pela prestadora do serviço (concessionária de serviço público), por assumirem o caráter de
atividade meio, não constituem, efetivamente, serviços de comunicação, razão pela qual não é possível a incidência do ICMS....”( STJ, 1ª
seção, REsp 1176753, rel. p/acórdão Min. Mauro Campbell Marques, j. em 28.11.2012, DJe 19.12.2012)
42
STJ, 1ª Turma, REsp 1202437, rel. Min. Benedito Gonçalves, j. em 8.11.2011, DJe 23.11.2011.
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44
A posição do STF foi dada em razão dos casos que chegavam à Corte, diante da redação
primária da Constituição, ainda que o verbete somente tenha sido aprovado e publicado
em 2003. Mas a situação normativa já havia sido alterada, para incluir a referência a
algumas pessoas. Tanto assim que a atual redação da referida alínea foi dada pela Emenda
nº 33, em 2001, sendo que, até aquele momento, não havia a referência constitucional
sobre pessoas físicas ou jurídicas, ainda que não fossem contribuintes habituais do
imposto.
Mas, para que ninguém estranhe a redação da Súmula 660, STF, cuidado para lembrar
que foi elaborada em cima de casos anteriores à referida Emenda. Ainda assim, o Tribunal,
na Sessão Plenária de 26/11/2003, recusou a proposta de alteração da Súmula 660,
constante do Adendo nº 7. Foi republicado o respectivo enunciado nos Diários da Justiça de
28/3/2006, 29/3/2006 e 30/3/2006, com o teor aprovado na Sessão Plenária de 24/9/2003,
retirando da redação inicialmente publicada a expressão inicial que dizia “Até a vigência da
EC 33/2001[...]”, que tinha aparecido na publicação realizada no Diário de Justiça de
5/8/2004.
Com a redação atual e complacência dos tribunais, incide sobre a entrada de qualquer
bem ou produto, ainda que não destinado a comércio nem que se caracterize como
mercadoria. Também incide na importação realizada por qualquer pessoa, contribuinte
usual ou não. Assim, exige-se o ICMS na entrada de qualquer bem estrangeiro no
território nacional. Trata-se, praticamente, de um segundo imposto sobre a importação
– sobre a entrada no território –, perdendo, inclusive, o aspecto de tributação sobre o
comércio. Ainda que tenha havido modificação conceitual do tributo, o que justifica a
cobrança do ICMS na entrada da mercadoria é a neutralidade fiscal, para que a
concorrência não fique desequilibrada.
A Lei Complementar nº 87 também faz referência a essa incidência:
Art. 2º, § 1º O imposto incide também:
I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por
pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do
imposto, qualquer que seja a sua finalidade;
II – sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha
iniciado no exterior; [...]
Sem prejuízo de toda essa polêmica, o fundamento de tal norma se coaduna com todo
o espírito das demais disposições constitucionais que adotaram como regra para os tributos
sobre a circulação e produção a incidência quando da entrada (importação) do produto no
país e a não incidência no caso de saída (exportação). Assim se dá, por exemplo, nas
contribuições especiais (art. 149, § 2º, CRFB/88) e no IPI (art. 46, CTN, e art. 153, § 3º,
CRFB/88).
E, recentemente, o STF reafirmou a constitucionalidade desta incidência sobre a
importação de bens, sendo irrelevante a classificação jurídica do ramo de atividade da
empresa importadora.43
Além disto, é ainda importante que somente ocorrerá a incidência se presentes os
demais elementos que caracterizam a circulação jurídica das coisas, não se bastando a
mera circulação física do bem para dentro do território nacional. Ou seja, mesmo que o
bem ingresse fisicamente no território nacional, sem a transferência de titularidade, não
haverá a incidência do imposto. Este tema foi objeto de grande discussão no caso dos
43
STF – Pleno, RE 439796 e RE 474267, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. em 6.11.2013, Informativo 727
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Outra questão definida é quem será o sujeito ativo do imposto neste caso e o
momento da exigência do pagamento do imposto. Isso porque, como extraído da
redação constitucional, a competência do imposto é do estado destinatário dos bens e
das mercadorias, e não aquele onde ocorra a entrada no território nacional.
O determinado é que o ICMS seja devido ao estado do destinatário da mercadoria ou
bem, mesmo o fato gerador ocorrendo no desembaraço aduaneiro em outra unidade
federativa. Como afirma a Constituição, é o estado do destino e não da entrada no território
nacional. Não importa o porto ou o aeroporto de entrada no país, mas sim a destinação
jurídica do adquirente interno.
Há casos em que, ainda na importação, aparece um terceiro agente, fazendo-se uma
triangulação nas importações, quando, por exemplo, uma empresa traz mercadoria para
outra empresa. Essas empresas intermediárias, em regra, estão estabelecidas em
unidades federativas que concedem vantagens na importação, com prejuízo para os
estados onde estão os reais importadores.
O STF entende que o imposto é devido ao estado em que se localiza o importador de
direito, pois é ele que é o destinatário final. No caso de operações em que há os
intermediários, o STF afasta a figura do intermediário e determina que o ICMS é devido ao
estado do real importador da mercadoria.44
Sem prejuízo de a competência ser do estado do destino, temporalmente, é possível
a exigência do imposto no momento da realização do desembaraço aduaneiro dos bens
e mercadorias. Novamente, o Supremo Tribunal Federal solidificou seu posicionamento
em súmula, cuja redação é a seguinte:
Súmula 661. Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a
cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.
Além de todo esse debate sobre a correta exegese da primeira alínea, a outra previsão
de incidência especial do ICMS também deve ser lembrada, já que permite a tributação
de outros serviços que não transporte e comunicação.
44
STF – 2ª Turma, RE 555.654, rel. Min. Ayres Britto, j. em 8/11/2011, DJe 15.12.2011.
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De toda sorte, é importante observar que somente será possível tal incidência se os
serviços forem fornecidos junto com mercadorias e, mesmo assim, se não estiverem no
âmbito da competência do imposto municipal sobre serviços (art. 155, § 2º, IX b,
CRFB/88).
No mesmo sentido, dispôs a Lei Complementar nº 87:
Art. 2º [...]
IV – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não
compreendidos na competência tributária dos Municípios;
V – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao
imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei
complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto
estadual.
Nesse sentido, o inciso X do art. 155, § 2º, estipulou quatro hipóteses de não incidência
constitucional do Imposto, também denominada por alguns de Imunidades Específicas,
a saber:
• sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção
e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e
prestações anteriores;
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Interessante observar alguns aspectos. Em primeiro lugar, o fato de que existe ainda
sim o direito de crédito na hipótese de comerciantes adquirirem bens para o seu ativo
fixo, como explicitamente indicado pelo legislador nacional. Tal determinação – na
medida em que contrariou a posição de alguns estados – foi ainda corroborada pelos
tribunais nacionais;
ICMS. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. BENS
DESTINADOS AO CONSUMO OU AO ATIVO PERMANENTE. AQUISIÇÃO
POSTERIOR AO ADVENTO DA LEI COMPLEMENTAR 87/1996.
POSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I – O art. 155, § 2º, I, da CF não
confere direito a crédito de ICMS quando o imposto é recolhido em razão
da aquisição de bens destinados ao consumo ou ao ativo permanente do
contribuinte. Por outro lado, o aludido dispositivo da Constituição não
impede a concessão desse direito por meio de legislação
infraconstitucional, desde que observadas as limitações constitucionais
para a previsão de benefícios fiscais relativos ao tributo. II – Esta Corte,
no julgamento da ADI 2.325-MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, reconheceu,
com base na redação original da Lei Complementar 87/1996, o direito ao
crédito de ICMS pago em razão de operações de aquisição de bens
destinados ao consumo ou ao ativo permanente do estabelecimento.
Precedentes (STF 2ª Turma, RE 541.166, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
j. em 15/2/2021, DJe 25/5/2012).
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Relevante destacar que deverá ser adotada uma disciplina para as alíquotas
interestaduais e de exportação e outra distinta para as internas dos Estados. A primeira
será necessariamente fixada pelo Senado Federal, nos termos do inciso IV, enquanto que
no aspecto interno dar-se-á a faculdade do Senado estabelecer parâmetros máximos e
mínimos, de acordo com o inc V.
Das competências outorgadas ao Senado, é fundamental observar que a Carta
Constitucional determina que aquela casa legislativa “estabelecerá as alíquotas aplicáveis
às operações e prestações, interestaduais e de exportação”, ao passo que lhe é facultado
estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas e fixar alíquotas máximas nas
mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados.
Como regra geral, orientou o legislador constituinte que as alíquotas internas
deverão ser superiores às alíquotas incidentes sobre operações interestaduais,
como previsto no inciso VI daquele mesmo parágrafo. Ainda que não seja uma regra de
45
A orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no sentido de que a verificação da seletividade, conforme a
essencialidade do bem, depende de ampla e criteriosa análise das alíquotas do ICMS incidentes sobre as outras espécies de mercadorias, sendo
que tal verificação depende, necessariamente, de dilação probatória, o que é incompatível com a via do mandamus. (STJ – 2ª turma, AgRg no
AREsp 320070, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. em 6.8.2013, DJe 13.8.2013)
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Não obstante o ICMS ser de competência dos Estados, essa competência é limitada,
principalmente no que tange aos benefícios fiscais. Devem os Estados conceder ou
revogar isenções por meio de convênios entre eles estabelecidos. Trata-se de pré-
requisito para a validade de benefícios por qualquer estado, somente sendo válida a
disposição por determinada unidade da federação se previamente prevista por tal
convênio deliberativo.
O caráter federativo do ICMS impõe, dessa forma, regramento peculiar quanto ao
estabelecimento de isenções ou de benefícios fiscais. Considerando que a outorga de
benesses por um ente federativo potencialmente impacta diretamente nas finanças de seus
pares, qualquer medida nesse sentido só tem valia se aprovada por unanimidade por todos
os estados-membros e pelo Distrito Federal em órgão denominado Conselho Nacional de
Política Fazendária (CONFAZ), conforme previsto no art. 155, § 2º, XII, da Constituição e
na Lei Complementar nº 24.
A exigência de consenso entre todos os entes federativos competentes do ICMS quanto
à concessão de isenções,46 incentivos e benefícios fiscais47 torna praticamente inviáveis
tais políticas e inviabiliza a pretensão dos estados-membros de adotar tais medidas. Por
isso, hoje é prática comum a previsão, grosseiramente inconstitucional, por diversos entes
46
STF – Pleno, ADI 2345, rel. Cezar Peluso, j. em 30.6.2011, DJe 4.8.2011.
47
STF – Pleno, ADI 3794, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. em 1/6/2011, DJe 29/7/2011.
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48
A Primeira Seção do STJ definiu, sob o regime do art. 543-C do CPC, que o ISS é espécie tributária que, a depender do caso concreto,
pode se caracterizar como tributo direto ou indireto (REsp 1.131.476/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, DJe 1.2.2010).
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49
A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de reconhecer que a lista de serviços anexa ao Decreto-lei 406/1968, para efeito de
incidência de ISS sobre serviços bancários, é taxativa, mas admite leitura extensiva de cada item a fim de enquadrar serviços idênticos aos
expressamente previstos (STJ – 2ª Turma, AgRg no REsp nº 1286193, rel. Min. Herman Benjamin, j. em 2/8/2012, DJe 23/8/2012).
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50
STJ – 2ª Turma, REsp 1237312, rel. Min. Herman Benjamin, j. em 20.10.2011, DJe 24.10.2011.
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STJ – AgRg no Ag 1318064/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma, j. em 5/4/2011, DJe 13/4/2011.
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2.5 O Simples
A redação original da Constituição de 1988 tratava da micro e pequena empresa dentre
as formas de intervenção do Estado no domínio econômico, prevendo no art. 179 –
portanto, fora do capítulo tributário –, que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação
de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela
eliminação ou redução destas por meio de lei”. Este comando era orientado pelo princípio
geral de tratamento favorecido contido no art. 170, IX da própria norma constitucional.
Todavia, a estipulação inicial não diligenciou para qualquer uniformização deste
tratamento entre os diversos níveis de governo. No exercício desta previsão do legislador
constituinte originário, o governo federal editou a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996,
instituindo o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições – Simples. Tal
instituto não significava a existência de um tributo novo, nem a supressão dos existentes.
Mas, abraçando alguns tributos federais, simplifica-lhes os procedimentos, criando um
mecanismo de pagamento unificado para as microempresas e empresas de pequeno porte.
Naturalmente, não cuidava dos tributos estaduais ou municipais, mas apenas admitia
que, mediante convênio, poderia abranger os tributos devidos aos Estados e aos
Municípios. A maioria dos demais entes políticos não aderiu ao Simples e instituiu regimes
próprios de tributação, o que acabou resultando em distintos tratamentos tributários
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Mas do texto constitucional, notadamente por aquela inclusão realizada no art. 146,
extrai-se a intenção de que o novo modelo seja baseado em alguns pilares bem
importantes:
1) opcional para o contribuinte;
2) condições de enquadramento diferenciadas por Estado;
3) unificar e centralizar o recolhimento dos tributos, com distribuição imediata da
parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados, sem qualquer
retenção ou condicionamento;
4) permitir que os entes federados compartilhem a arrecadação, a fiscalização e a
cobrança, adotando o cadastro nacional único de contribuintes.
Como a lei cuida de diferentes aspectos – sendo certo que aqui nos concentramos na
parte tributária – e estes demandam inúmeras medidas de regulamentação, atualização e
disciplina de temas envolvendo interesses da União, dos Estados, dos Municípios e da
sociedade civil, foi também previsto a criação de um Comitê Gestor que terá várias
competências definidas nas matérias definidas na Lei Complementar.
Art. 2º O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art. 1o desta
Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir especificadas:
I – Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da
Fazenda, composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da
Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 (dois) dos
Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos
aspectos tributários; e
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E mais recentemente o patamar foi elevado, tendo a Lei Complementar nº 155 (neste
ponto com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2018) dado a seguinte redação:
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00
(quatro milhões e oitocentos mil reais).
Definidos tais patamares, estabelece ainda a norma quais pessoas jurídicas não estão
inclusas no regime diferenciado (art. 3º, § 4º) e como receita bruta o produto da venda
de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o
resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os
descontos incondicionais concedidos (art. 3º, § 1º).
Art. 3º. § 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput
deste artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de
conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações
em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos
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incondicionais concedidos.
Mas, um dos principais pontos reside nos tributos abrangidos ou não pelo recolhimento
simplificado, sendo extraído do art. 13 e seu § 1º a seguinte visão:
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Interessante observar que, por inclusão de regra posterior àquele art. 16, a opção
mencionada implicará na aceitação de utilização do sistema de comunicação eletrônica no
âmbito da administração tributária:
§ 1º-A. A opção pelo Simples Nacional implica aceitação de sistema de
comunicação eletrônica, destinado, dentre outras finalidades, a:
I - cientificar o sujeito passivo de quaisquer tipos de atos administrativos,
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voluntariamente, mediante comunicação, até o último dia de janeiro de cada ano (art. 28
c/c 30, I e 31, I). Contudo, ocorrendo quaisquer das vedações previstas na lei, a retirada
é obrigatória a partir do mês seguinte ao da ocorrência (art. 30, II c/c 31, II). Tudo isto,
é claro, sem prejuízo da possibilidade da exclusão de ofício (art. 29). Assim, temos um
sistema que admite que a exclusão do Simples Nacional poderá ocorrer:
a) de ofício,
b) por opção do contribuinte, ou
c) por obrigatoriedade, quando a empresa incorrer nas vedações da lei complementar.
Por fim, como envolve vários tributos, cuidou ainda a lei de estabelecer a competência
para fiscalizar o cumprimento das obrigações principais e acessórias relativas ao Simples
Nacional. Esta atribuição, e também a verificação da ocorrência das hipóteses de exclusão,
foi designada para Secretaria da Receita Federal e das Secretarias de Fazenda ou de
Finanças do estado ou do Distrito Federal, segundo a localização do estabelecimento.
Tratando-se de prestação de serviços sujeitos ao ISS, a competência será também do
município. Para maior harmonia entre todos estes diversos níveis de governo, é ainda
reconhecida a possibilidade de celebração de convênio das Secretarias de Fazenda ou
Finanças dos estados com os municípios de sua área para atribuir a eles a fiscalização.
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