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XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”
1. Introdução
Nas últimas décadas, o tema ambiental tem estado em voga devido à crescente
necessidade de se repensar a exploração dos recursos naturais, conferindo à humanidade uma
existência menos excessiva e mais sustentável. As primeiras advertências e linhas de
pensamento iniciaram em 1962 e 1972 com as publicações dos livros Silent Spring, da bióloga
e ecologista Rachel Carson, e The Limits to Growth, de Donella Meadows et al. Essas
publicações foram alicerces para o início da difusão da consciência ambiental e que
culminaram em muitas conferências sobre o meio ambiente, nas quais questões sociais,
econômicas e ambientais passaram a ser discutidas.
De acordo com Araújo (2004), o papel da educação superior nas discussões sobre
sustentabilidade vai além da relação ensino/aprendizagem vista em salas de aula. Ela avança
no sentido de projetos extraclasse envolvendo a comunidade do entorno, visando soluções
efetivas para a população local, o que reforça a importância do fomento aos projetos
acadêmicos (extensão, empresa júnior, equipes de competição) alinhados à temática de
desenvolvimento sustentável nas universidades. Afinal, com essas atividades os discentes
colocam em prática toda teoria aprendida, produzem conhecimento científico e tecnológico e
impactam não só suas vidas pessoais e profissionais, mas também todo o meio acadêmico e a
sociedade civil.
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Com o fim do prazo para implementação dos ODM em 2015, os países integrantes da
ONU se reuniram na sede da organização, em Nova York, e decidiram um plano de ação para
erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a
prosperidade. Trata-se da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que contém 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Assim, os ODS foram aprovados em 2015 após um processo de consulta global que
iniciou em 2013 a partir do documento “O Futuro que Queremos” estabelecido na Rio+20.
Esse processo foi muito amplo e envolveu instituições, organizações, empresas privadas,
academia, mídia e sociedade civil, permitindo assim uma variedade de experiências e
perspectivas.
Portanto, verifica-se que a construção dos 17 ODS alinhou tanto os processos dos
ODM, quanto os resultantes da Rio+20 e, por isso, é tão abrangente e integrador. No total, são
17 objetivos e 169 metas divididos em 5 grandes áreas: pessoas, planeta, paz, prosperidade e
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parcerias em que o foco principal está fundamentado nos três pilares do desenvolvimento
sustentável: social, ambiental e econômico.
Por fim, de acordo com Santos (2017), é importante destacar que, a efetiva
implementação dos 17 ODS deve estar acompanhada de um conjunto de indicadores e
ferramentas bem estruturadas de modo a auxiliar o planejamento de políticas públicas em
todas as esferas e níveis governamentais. Tal esforço também contribui para monitorar o
progresso e garantir transparência e responsabilização de todas as partes envolvidas, incluindo
o setor privado e a sociedade civil.
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● Mentes à obra: o projeto Mentes à Obra, criado em março de 2015, tem como
principal atividade a realização de reformas em instituições filantrópicas sem fins
lucrativos. O programa promove a oportunidade de colocar em prática conhecimentos
adquiridos pelos discentes em sala de aula, permitindo-lhes a transformadora
experiência de participar de um processo de projeto de Engenharia do início ao fim e
proporcionando-lhes um aprendizado que vai além de conhecimentos técnicos e
teóricos.
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● 1/14 Bees: a equipe foi criada em 2017 e visa construir um avião radiocontrolado de
escala reduzida para representar a UFRJ-Macaé no torneio SAE AeroDesign. Além
disso, o grupo está comprometido em exercer atividades de extensão voltada para a
comunidade macaense com temáticas que abordam os conceitos físicos e matemáticos
trabalhados na confecção do projeto.
● Equipe Fernando Amorim: a Equipe Fernando Amorim, a qual teve seu início em
2014, é formada por alunos das engenharias da UFRJ-Macaé. A principal atividade da
equipe é projetar e desenvolver embarcações movidas a energia solar. Organiza-se em
três setores, Administrativo, Elétrico e Mecânico.
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3. Metodologia
Nesta seção são apresentados o método de estudo utilizado, a justificativa para tal e os
procedimentos para coleta de informações.
Este trabalho considerou a coleta de dados junto aos membros dos projetos analisados
através de um formulário elaborado na ferramenta Google Forms e enviado por meio
eletrônico a todos (um total de 14 discentes), em 25/02/2018, de modo a verificar o
conhecimento que os integrantes dos projetos possuíam sobre desenvolvimento sustentável e
o comprometimento com práticas voltadas para tal.
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A avaliação dos dados ocorreu por meio de tabulação dos mesmos, utilizando a
ferramenta Excel, para realização do comparativo entre os projetos e análise do alcance dos
impactos do campus. Ressalta-se que a pesquisa não apresentou dados faltosos, uma vez que
os respondentes eram impossibilitados de enviar o questionário, caso alguma pergunta não
fosse respondida.
De posse dos resultados dos questionários, o cruzamento dos dados obtidos possibilita
um melhor entendimento acerca do atual panorama dos projetos quanto ao desenvolvimento
sustentável, suas principais ações de cunho socioambiental e oportunidades de melhorias
nesta área.
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Como esperado, a maior parte dos projetos enxerga o tema do meio ambiente como uma
oportunidade de melhoria e inovação e apenas um projeto considerou suas atividades como de
impacto desprezível. Essa resposta pode indicar a necessidade de revisão dos processos
realizados por este projeto, afinal sempre existem pontos a serem otimizados.
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Mais da metade dos respondentes (54%) afirmaram que seus projetos executam
atividades contínuas de impacto social. Isso evidencia o alcance que as atitudes tomadas pelos
discentes podem ter na sociedade. Um exemplo disso foi a campanha de doação realizada em
dezembro de 2017 para a Casa do Idoso, entidade filantrópica do município, a qual reuniu
todos os projetos estudados nesse levantamento e obteve sucesso na adesão do corpo
acadêmico, colaborando para o desenvolvimento da instituição. Dessa mesma forma, a partir
da inserção da educação ambiental na agenda universitária e a consequente difusão desses
conhecimentos, seria possível o estabelecimento de ações e projetos específicos voltados para
o desenvolvimento sustentável da comunidade.
Quanto aos resíduos gerados pelas atividades realizadas, 69% deles alegaram possuir
externalidades negativas compreendidas em: papéis, jornais, plásticos, restos de metais,
madeira, tintas e resinas. Além disso, a maioria dos projetos não possui indicadores que
permitam estimar a quantidade de resíduos produzida semanalmente por suas tarefas. Quanto
ao descarte dos resíduos, 56% possuem ações para dar um destino adequado a eles e 78% não
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possuem programas para minimização dos mesmos, o que nitidamente é uma questão a ser
analisada. Os que possuem, reaproveitam ao máximo os materiais ou doam o que ainda é útil.
No que diz respeito ao consumo de recursos naturais, apenas 23% dos pesquisados
afirmaram conseguir estimar tal quantidade e que tomam atitudes para aumento da eficiência
dos processos, a fim de minimizar os impactos. Além disso, 89% das respostas foram
negativas quanto ao conhecimento da quantidade de resíduos gerados semanalmente pelas
atividades dos projetos. Tais fatos corroboram a estatística de 77% dos grupos que não
definem a responsabilidade pela gestão ambiental, tendo-a em segundo plano nas diretrizes
das equipes e que não investem em tecnologia para melhor aproveitamento dos recursos,
apesar de 69% das equipes possuírem políticas de desenvolvimento e capacitação, visando o
aperfeiçoamento contínuo dos seus membros.
Por fim, 77% dos projetos declararam não conhecer os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), dado que evidencia as oportunidades de melhorias que podem ser
implementadas, a partir da educação ambiental do corpo acadêmico. Segundo o levantamento,
as equipes que possuem conhecimento sobre o assunto responsabilizam-se principalmente
pelos ODS 4, 8, 9, 12 e 17 – educação de qualidade; trabalho decente e crescimento
econômico; indústria, inovação e tecnologia; consumo e produção responsáveis e parcerias e
meios de implementação – ressaltando a percepção da necessidade de integração da educação
com o uso da tecnologia para atingir o desenvolvimento sustentável.
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Referências Bibliográficas
MEADOWS, Donella H. The Limits to Growth; a report for the Club of Rome's project on the
predicament of mankind. New York: Universe Books, 1972.
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SANTOS, L.; SANTOS, T. Os ODS e seus indicadores: novas classes gramaticais, uma mesma
morfologia. Pontes, vol 13, n. 2, 2017.
ONU – Organização das Nações Unidas. Declaração do Milênio. Nova York, 6-8 de Setembro de
2000. Disponível em: <https://www.unric.org/html/portuguese/uninfo/DecdoMil.pdf>. Acesso em: 25
fev. 2018.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª Ed. São Paulo: Atlas S. A., 2008.
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