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Elias durante todo o livro procura desenvolver uma análise sociológica sobre
a vida do artista mesmo quando retratada de modo cronológico como é feito na
primeira metade do livro. Hoje Wolfgang Amadeus Mozart, visto como gênio, isto é,
aquele que possui aptidão natural para algo, um dom. Na realidade é um produto de
seu tempo.
Como característica da época, era comum os ofícios serem passados de pais
para filhos, de modo que a música foi ensinada por seu pai Leopold Mozart desde
muito cedo em sua infância:
‘’Leopold Mozart tinha educado o filho para a carreira de músico numa
sociedade de corte. Lembremos que, do ponto de vista sociológico, seu
comportamento se encontrava bastante próximo da antiga tradição dos
ofícios artesanais. No interior de tal estrutura era comum o pai assumir o
papel de mestre e ensinar ao filho as artes do ofício, talvez até mesmo
desejando que algum dia o filho excedesse sua própria perícia.’’ (ELIAS,
1995, p. 26).
Aos quatro anos, Mozart era capaz, em muito pouco tempo, de aprender a
tocar peças musicais bastante complexas. Começou a compor aos cinco anos e aos
doze anos escreveu sua primeira ópera. De fato, são resultados impressionantes,
mas Elias nos mostra em sua obra que as incontáveis horas de estudos musicais
foram fatores determinantes para seu desenvolvimento também enquanto artista.
Com uma rígida educação musical, Mozart adquiriu o conhecimento de
línguas e culturas, através dos esforços do pai. O pai primeiro buscou educar seu
entendimento musical segundo as tradições da época. Em suas viagens, Mozart
ganhou um conhecimento muito mais amplo da vida musical da época, por
intermédio destas, conheceu o trabalho dos grandes nomes da música das cidades
por onde esteve e conheceu pessoalmente muitos dos compositores.
‘’Ao falar de Mozart logo nos pegamos usando expressões como “gênio
inato‟, ou “capacidade congênita de compor‟; mas tais expressões são ditas
sem pensar. [...] É simplesmente impossível para uma pessoa ter uma
propensão natural, geneticamente enraizada, de fazer algo tão artificial como
a música de Mozart.’’ (ELIAS, 1995, p. 58).
Não é dessa forma que o gênio é compreendido pelo autor, e para que um
indivíduo seja chamado de gênio, a educação e o meio ocuparão um papel
essencial. De modo que, a ideia de genialidade torna-se neste contexto um
argumento simplificador para a técnica sob o instrumento e a composição
apreendidas e desenvolvidas ao longo de toda a sua trajetória. Mozart é um gênio
justamente por ser a síntese das mudanças culturais que se transmutam na forma
do compositor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA