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Ana Eva Lorena

Eros: O Paradisíaco Planeta

Edição Independente
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Lorena, Ana Eva, 2022

Eros: O Paradisíaco Planeta / Ana Eva Lorena – Rio de Janeiro : Publicação


Independente, 2022.

7 p.

1. Conto Erótico – Literatura Brasileira. I. Título.

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— Luzes, luzes… tudo está coberto por luzes! — Ela diz quase
em tom de choro — Em todos os lugares saltando para todo canto!
Só há luzes!!!
— Ótimo. — Respondo, vendo-a se jogar no chão feito uma
criança birrenta. — É sinal de que falta pouco para alcançarmos a
parte mais profunda da floresta.
— Essa porra está me deixando tonta! Por que diabos são tão
brilhantes?!
Acima da minha cabeça as copas eram tão densas que mais
parecíamos explorar um túnel subterrâneo. A folhagem, que se
tingia por gradações de rosa, púrpura e carmim, piscava em
cores alternadas e nos troncos musgos e líquens eram atrações
para os olhos.
— Isso é o que estamos investigando, Grazi. Com sorte, ao
término dessa pesquisa poderemos explicar por que a flora deste
planeta apresenta uma atividade cromática tão intensa. Eu
também estou sofrendo com os efeitos que estes pulsos luminosos
desencadeiam no meu cérebro. Qualquer pessoa estaria saturada
por este excesso de estimulação, talvez seja melhor pararmos e
fecharmos nossos olhos por alguns minutos para descansarmos
um pouco.
— Eu não aguento mais! Não consigo…
— O que sugere? Devemos abandonar a missão e voltar para
casa de mãos vazias?
— Não. Precisamos concluir a pesquisa, mas se não se
importa, sinalizarei para que uma equipe de busca venha nos
resgatar. Quando chegarem direi que os gradientes tonais nos
causaram alucinações e então nos perdemos. Enquanto isso você
vai na frente e faz a varredura. Eles tentarão encontrá-la através
do localizador do seu traje e dentro de alguns minutos
alcançaremos sua posição. Acha que pode fazer isso?
— Como quiser… mas tem certeza de que ficará bem?
— Claro. Não há riscos. Não identificamos qualquer forma de
vida que nos ameace neste planeta… — tome, leve o B-Pad. Para
que seja justo, dividiremos o trabalho da seguinte forma: você
colhe as imagens e as amostras do espectro composicional da
flora, me envia e eu faço a análise, interpreto os dados e escrevo
o relatório. Algum problema em ir a campo sozinha?
— Não. Só não serei tão rápida quanto o somos em dupla.
— Faça no seu tempo. Eu coordenarei suas atividades daqui.
Agora vá.
Nossos trajes espaciais não permitem que nossas bocas se
encontrem, então me despeço pousando meu capacete no dela
enquanto nos entrelaçamos num abraço. Ficamos de frente uma
para a outra por um tempo. — Logo estaremos em casa meu amor.
Eu prometo. — digo simulando um beijo entre os lábios, depois
dou alguns passos para trás e me afasto antes de ver o sorriso
dela desaparecer.

***

Pareço estar num ponto interessante do trajeto.


Abro a mochila.
Inicializo o B-Pad.
Posiciono a câmera.
— Sou a Drª Eva Loren e como pesquisadora chefe da missão
N32–63.47/95, dou início à catalogação botânica deste planeta.
Conforme o protocolo, transmito o registro da minha atividade de
campo em tempo real… logo a princípio o que mais nos chamou
atenção foi a capacidade com que estas espécies interagem com o
ambiente e reagem a estímulos… — toco as folhas à minha frente
e fico maravilhada com o desenho que crio sobre elas — … a todo
tempo elas emitem uma curiosa bioluminescência que se propaga
como pulsos através de extensas regiões da malha vegetativa.
Suspeitamos que com este comportamento elas estabeleçam um
mecanismo de comunicação pelo qual trocam informações entre
si e as luzes são como impulsos elétricos percorrendo um grande
sistema nervoso difuso.
Me aproximo para colher a primeira amostragem…
— Caralho! — sei que do outro lado da tela estou sendo
assistida por meus colegas, superiores e demais membros da
comunidade científica, mas não deixo de praguejar no instante
em que recebo uma pancada nas costas.
Sequer pude vê-lo, mas sei que teve força suficiente para me
tirar do chão e me lançar num voo oblíquo.
A aterrizagem foi dura, mas tenho a impressão de que algo
amorteceu a queda.
Me ponho sobre os meus pés e verifico se não quebrei nada 
— está doendo, mas tudo bem… sem ferimentos — digo para mim
mesma tentando me confortar.
Espera! estou respirando ar atmosférico?!
MERDA!!!
Tem sim um pouco dele misturado no meu oxigênio e está
aumentando a cada vez que respiro!
Calma Eva, calma… não há razões para desespero.
As análises até agora não constaram qualquer indício de
presença de agentes patológicos espalhados na atmosfera, pelo
menos não na forma de vírus.
Ainda assim, nada garante que eu não esteja respirando
organismos não identificados que se adaptem à fisiologia do meu
corpo ou quem sabe eu poderia até mesmo contrair um parasita
mortal. Um novo planeta sempre traz riscos e incertezas. Essa é a
razão pela qual utilizamos o equipamento de proteção
extraterrestre mesmo sob condições seguras.
Percebo que perdi o B-Pad e com ele se foi a minha única
linha de comunicação com Grazi.
Por falar nela, não conheço ninguém mais germofóbica.
Imagino como seria se ela estivesse aqui. Talvez já estaria
histérica e morresse quando me visse tirar o capacete.
Tolice… pavor contra germes nunca ajudou muito e um traje
danificado, mesmo que por uma única fissura, por menor que
seja, já é o suficiente para que eu entre em contato com os
microrganismos da atmosfera.
Meu capacete acaba de se tornar um equipamento inútil.
Logo que o removo sinto a doce fragrância invadir minhas
narinas. O ar úmido é cheiroso, tanto que minha boca começa a
salivar e me lembro da ansiedade que sentia quando abria um
chiclete e o cheiro de morango alcançava o meu olfato antes que
eu pudesse levá-lo à boca.
Uma ideia realmente insana passa pela minha cabeça
enquanto olho para essa grama cor de tutti-frutti e penso em
prová-la para ver mesmo se ela tem sabor de chiclete.
Arranco um tufo. Talvez possa ser venenosa, mas o desejo é
maior do que minha prudência…
Bem, não parece venenosa… e também não é nada como
chiclete…
É melhor… MUITO MELHOR!
Pego mais um pouco.
Outra explosão de sabores me faz suspirar.
Perco a conta de quanto como enquanto saio correndo feito
uma louca no meio do pasto.
Minha boca está formigando. Um misto de menta, mel e
gengibre. Quando vejo não pareço caminhar sobre a relva.
Não, tudo é felpudo e macio, como a pança de um gato. A
pança de um gato bem gordo!
Outra sandice me atravessa quando tiro o resto da roupa e
me jogo de bruços.
Como é delicioso estar nua, com a boca cheia de grama, me
esfregando nesse chão… tão macio!
Tenho vontade de me masturbar e toco de leve minha vagina.
A outra mão afobada já amassando os seios.
Ui! Tenho a impressão de que a terra se move.
Sim, está se mexendo!
Acabei de senti-la apertar minhas coxas…
Ai! Está me acariciando de novo!!
Me ponho assentada e tento perceber o que acontece à
minha volta.
Meu Deus, isso não é real… a terra, o céu, as árvores.
Tudo é luz! Tudo vibra! Tudo é rosa!
Olho para o meu corpo e até eu sou rosa.
Minhas mãos são rosa, os meus pés são rosa, minha vagina é
rosa…
Caralho, estou alucinando!!!
Olho para o lago.
A água se move, mas não da forma como deveria se mover.
Espera… algo parece estar tomando forma!
Não! É uma criatura que está emergindo!
Um humanoide com cabeça de medusa!
Está voando em minha direção!
Penso em correr, mas meus membros estão pesados.
Não consigo me sustentar sobre estas pernas bambas.
Me arrasto, mas o corpo d’água se aproxima e está mais
perto do que eu gostaria que estivesse.
Merda! Uma coisa molhada agarra a minha perna!
Eu sei que é o monstro! Está me puxando!!!
Urhgg… tento resistir, mas ele é forte, muito forte. Tanto que
não aguento.
A gosma me envolve e sinto meu corpo sendo tragado para
dentro dela.
Estou assustada, mas não consigo lutar.
Me entrego e quando ela me engole penso em como será o
meu fim.
Devorada por uma criatura medonha num planeta do outro
lado da galáxia?
Ao que tudo parece será exatamente assim, mas percebo que
já estou inteirinha dentro dela e vejo que até agora ela ainda não
me comeu, na verdade, ela não quer me comer, pelo menos não
na própria acepção do termo…
— Tentáculos… estou submersa num mundo de tentáculos! — 
É o que tento gritar quando um deles invade a minha boca.
Estão por toda parte dentro dessa bocarra e são maleáveis
como água, penetrando cada dobra do meu corpo.
Ei! Espera! Não, aí não!
Seu alienígena safado!
O que seus tentáculos estão fazendo?!
Enquanto eu pensava que era eu quem estava sendo posta
para dentro, na verdade é ele quem já está todinho dentro de
mim, indo cada vez mais fundo, preenchendo cada fresta e cada
buraquinho.
Eu o recebo e engulo por cada orifício, enquanto ele também
me engole e me penetra.
Uau! Que sensação intensa…
É o que penso quando sinto meu líquido extravasar e se
misturar com a linfa da criatura e os fluidos dela propriamente
também se misturarem aos meus.
Um conjunto perfeito formamos!
Imagino que eu estaria com nojo se não fosse pelo fato de
estar sim muito excitada.
Merda! Por mais bizarro que isso possa parecer, estou sendo
estuprada por uma forma de vida desconhecida e gozo como se
essa fosse a minha melhor transa.
Em algum momento sequer me senti invadida. Na verdade,
nunca me senti tão bem.
Flutuo como se meu corpo todo fosse puro prazer. Uma
sensação gostosa de paz me invade por inteira como se eu
estivesse me diluindo em água.
De olhos fechados, começo a ver luzes piscando por toda
parte na minha mente. Então me lembro das lindas paisagens
deste planeta e agora entendo o que são estas luzes tão coloridas.
Elas se proliferam como os impulsos em meus nervos e
realmente são sinais e estímulos, verbalizando expressões de
gozo e suspiros.
A biologia deste planeta evoluiu no intuito de potencializar o
prazer.
Tudo é sexo, tudo é orgasmos, acontecendo em todos os
lugares a todo momento!
Que forma mais inteligente de preservar e perpetuar a vida!
A natureza inteira transa à minha volta e agora eu também
sou parte dela nessa transa, me enlouquecendo enquanto juntas
fazemos amor.
Seremos para todo o sempre apenas um.
Eu dentro dela, ela dentro de mim, em uma grande orgia sem
fim.
Tenho outro orgasmo.
Ah! Muitos orgasmos!
Meu Deus, como vim parar nesse bacanal?!
Eu não posso aguentar…
Não, não aguento mais!!!
É demais para mim…
Acho que descobri o paraíso…

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