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ANÁLISE ERGONÔMICA NO AMBIENTE DE TRABALHO EM EMPRESA DE

MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO

Celso Aparecido da Costa

Janeiro/2023.
RESUMO

Este estudo tem o objetivo de analisar e descrever os aspectos ergonômicos e


ambientais de uma empresa de venda e distribuição de materiais de construção
localizada no litoral de São Paulo, focando em três setores da empresa: balcão de
vendas, estoque e logística (entrega dos materiais). Buscou-se descrever as
diferenças ou similaridades com a literatura tradicional e moderna referente à
ergonomia no ambiente de trabalho.

Palavras-chave: Ergonomia; materiais; saúde; trabalhador.

ABSTRACT

This study aims to analyze and describe the ergonomic and environmental
aspects of a construction materials sales and distribution company located on the
coast of São Paulo, focusing on three sectors of the company: sales counter, inventory
and logistics (delivery of materials). We sought to describe the differences or
similarities with the traditional and modern literature regarding ergonomics in the work
environment.

Keywords: Ergonomics; materials; health; worker.


1. INTRODUÇÃO

Leis do trabalho é a tradução do grego para a palavra ergonomia. São as regras


que todos devemos seguir para que o trabalho seja realizado de forma com que o
colaborador tenha a melhor qualidade possível no serviço. Ajuda também a identificar
os possíveis riscos para o trabalhador.

A sociedade moderna vive uma evolução desenfreada, principalmente na


construção civil onde, independentemente da localização geográfica, vem crescendo
cada vez mais. Isso é um grande fator gerador de estresse físico, mental e psicológico.
Observando essa crescente exponencial de mal-estar entre os trabalhadores, grandes
estudiosos do passado e do presente pensaram e pensam maneiras de como o
trabalho pode ser mais “confortável para o colaborador”.

O objetivo deste artigo é abordar a maneira como os funcionários de uma


empresa de materiais para construção se portam no atendimento ou realização de
serviço durante o período de trabalho.

Utilizando as abordagens da ergonomia pode-se alcançar o objetivo sobre o


sistema, produtos ou processos, e adequar aos trabalhadores a fim de eliminar os
fatores de risco e aumentar a produtividade e melhorar o bem-estar.

Destaca-se nesse artigo a Norma Regulamentadora de número 17 de 2017 que


descreve os parâmetros permissíveis das condições de trabalho de modo que ofereça
conforto, desempenho e segurança.

Uma AET (Análise Ergonômica de Trabalho) se faz necessário para identificar


as falhas nos sistemas produtivos, buscando propor recomendações para estabelecer
melhorias necessárias.

A partir desse momento a ergonomia irá reduzir significativamente os acidentes


de trabalho seja com afastamento ou não, reduzindo a perda de lucro da empresa.

Entende-se por posto de trabalho um ambiente onde se desenvolvem atividades,


procedimentos e meios a ser ocupado por determinado sujeito (Iida, 2005; Ferreira,
2014).

Iida (2005) aborda que o porto de trabalho é uma configuração física do sistema
home-máquina-ambiente, como unidade produtiva.
2. A EMPRESA

Localizada na cidade de Peruíbe, litoral do estado de São Paulo, a empresa em


estudo atua no mercado de distribuição de materiais para construção civil há
aproximadamente trinta anos, nesses vem crescendo cada vez mais. Atualmente
conta com quarenta funcionários distribuídos nos seguintes setores: balcão de
vendas; limpeza; financeiro; compras; logística; projetos; estoque; entregas; despacho
de cargas.

Os setores observados foram balcão de vendas, estoque e entregas.

3. BALCÃO DE VENDAS

O primeiro ambiente é o balcão de vendas onde são recepcionados os clientes


e realizados as transações de mercadorias.

A ergonomia é escassa pois os funcionários trabalham em pé o tempo todo, não


dispõem de altura eficiente dos computadores e têm de pegar produtos nas prateleiras
altas das gôndolas que ficam atrás do balcão. Essas gôndolas por sua vez, não
dispõem de espaço suficiente para a circulação como mostra a imagem seguinte.

Figura 1 - Espaçamento entre gôndolas estreito


Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

4. ESTOQUES

O estoque conta com grande volume de itens não havendo uma organização
eficiente, sem nomenclaturas e com itens de diferentes categorias numa mesma
paleteira.
As disposições dos matérias estocados causa uma perda considerável de tempo
quando a venda se trata de uma mesma parte da obra. Exemplo: conduítes
corrugados no corredor um na parte baixa, enquanto caixas de luz de PVC encontram-
se no corredor três no terceiro pavimento.

Figura 2 - Disposição de mercadorias no estoque 1


Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 3 - Disposição das mercadorias no estoque 2


Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Figura 4 - Disposição das mercadorias no estoque 3
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O levantamento de dados coletados sobre o ambiente foi feito com alguns


equipamentos que medem os níveis de iluminação, ruído, temperatura do estoque.
Entre eles destacam-se o luxímetro, decibelímetro e termômetro. O recomendado
para uma coleta de dados mais eficiente um tempo maior de exposição do aparelho
ao ambiente. Entretanto, apesar do pequeno espaço de tempo já foi possível entender
os riscos que apontam para situações de riscos à saúde do colaborador.

Com a coleta de dados no ambiente em comparativo com a liturgia pesquisada,


pode-se notar as diferenças entre as duas realidades.

CARACTERÍSTICA RECOMENDAÇÃO CENÁRIO REAL


TEMPERATURA 20ºC – 23ºC 26ºC
RUÍDO < 65 dB 37.1dB
ILUMINAMENTO 110 – 200 lx 10 – 493 lx
Tabela 1 - Tabela de comparação de medidas reais e ideais
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Para Wachowicz et al. (2013), a iluminância é a quantidade de fluxo luminoso


uniformemente distribuído sobre a superfície, dividido pela área da superfície. Ela
deve ser expressa na unidade de lux que corresponde a iluminância de uma superfície
de 1m².

Para cada tipo de trabalho é tabelado uma quantidade necessária de iluminação


necessária no ambiente, o que se aplica para cada grau de precisão do serviço a ser
realizado.
No quadro, encontrasse alguns exemplos de quantidade de lux necessários para
cada tipo de trabalho.

Tabela 2 - Tabela de níveis de iluminância ideal para cada tipo de atividade


Fonte: NBR 5413

5. CARREGAMENTO DE CAMINHÕES

O carregamento de caminhões ocorre em várias etapas em pontos distintos do


pátio.

O pátio é divido em cinco setores;

a. sacaria (cimento, cal, argamassa, etc.);


b. agregados (areia e pedra);
c. ferragens;
d. fábrica de lajes;
e. cerâmica (tijolos de barro e lajotas).
A carga dos veículos no primeiro setor (sacaria) e no quinto setor (cerâmica) é
realizado através de uma empilhadeira quando os itens ultrapassam a quantidade de
cinco.

Figura 5 - Caminhão carregado em paletes e a granel 1


Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 6 - Caminhão carregado com paletes e a granel 2


Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Já os agregados são carregados por uma pá carregadeira do tipo W-20.

As ferragens e os materiais da fábrica de lajes são carregados manualmente.


6. CONCLUSÃO

Neste artigo pode-se constatar que as recomendações ergonômicas não são


seguidas como deveriam, nota-se que os parâmetros ergonômicos para este tipo de
ambiente de trabalho estão discrepantes com os recomendáveis.

Pode-se concluir que, apesar de todos os estudos, esforços e avanços da


ergonomia buscando por melhorias no modo e no ambiente de trabalho, a aplicação
ainda é bem escassa por grande parte das empresas do ramo de materiais para
construção, devido ao caráter disperso das atividades realizadas nesses
estabelecimentos.

A conscientização é muito importante nesses ambientes, uma vez que a


legislação exige apenas o mínimo e não há uma fiscalização eficiente.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção, São Paulo: Blucher, 2005.

NR-17 Ergonomia. Publicação portaria GM nº 3214 08 de junho de 1978. Acesso:


15 de fevereiro de 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-
br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-
saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-17-atualizada-2021.pdf

Wachowicz, M Cristina. Ergonomia, Curitiba: IFPR. 2013.

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