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JULHO 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
MEDICINA VETERINÁRIA
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………….3
2. OBJETIVO …………………………………………………………………………………4
REFERÊNCIAS …………………………………………………………………………….20
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1. INTRODUÇÃO
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2. OBJETIVO
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3. REVISÃO DE LITERATURA
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3.1.1. FATORES DE VIRULÊNCIA
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1990). Não se conhece os mecanismos pelos quais a pertactina adere às células
eucarióticas nem tampouco foi identificado algum receptor para ela. Acredita-se que
proteínas como fibronectina e vitronectina facilitam a ligação desta proteína às células
de mamíferos (HYNES, 1987; HYNES, 1992).
O papel das fímbrias na virulência de diversas espécies é amplamente
documentado, e sua presença está associada à patogenicidade e a colonização da
célula hospedeira (DOUGHTY; RUFFOLO; ADLER, 2000). Fímbrias são apêndices
bacterianos filamentosos de natureza protéica, visíveis através de microscopia
eletrônica. A maioria das fímbrias bacterianas apresenta uma forte afinidade adesiva
pela superfície de hemácias e outros tipos de células de animais, plantas e fungos
(DUGUID et al., 1966; BOROWSKI, 2001).
A adenilato ciclase é uma proteína bifuncional, que se insere na membrana
plasmática de células fagocíticas do hospedeiro, com a formação de canais ou poros
que provocam a lise da célula. Pertence à família RTX (repeat toxins) de exotoxinas
que tem propriedades estimulatórias sobre o sistema imune e hemolítico (COOTE,
1992). Ambas as atividades, de adenilato ciclase e hemolítica, têm sido demonstradas
como essenciais ao início do processo infeccioso da Bordetella (KHELEF et al., 1992).
A invasão das células do hospedeiro pela adenilato ciclase/hemolisina não é efetuada
através de uma via endocítica mediada por receptor. Possivelmente é utilizado um
sistema de entrada especializado e dependente de cálcio e de temperatura ainda não
inteiramente compreendido (GORDON et al., 1989).
Conforme Luker et al. (1995) a citotoxina traqueal é uma exotoxina que é
responsável por danos específicos em células ciliadas, desabilitando uma barreira e
um mecanismo de defesa primário dos pulmões, com isso, ocorre a tosse que é uma
ação do organismo, desencadeada com a finalidade de limpar o acúmulo de muco,
bactérias e produtos inflamatórios estagnados no caminho do ar, devido à ciliostase
causada por esta toxina. A toxicidade conferida por esta toxina é indireta, sendo
primeiramente causada pela indução das células do hospedeiro a produzir
interleucina-1 (HEISS et al., 1993). Isto ativa as células do hospedeiro a sintetizar
óxido nítrico o que conduz a níveis elevados de radicais de óxido nítrico (HEISS et al.,
1994). Não está ainda absolutamente certo se é a citotoxina traqueal ou a interleucina-
1 que estimula a síntese do óxido nítrico. O óxido nítrico age destruindo enzimas ferro-
dependentes, eventualmente inibindo a função mitocondrial e a síntese do DNA em
células próximas do hospedeiro (HEISS, 1993).
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3.2. FORMAS DE TRANSMISSÃO
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Em um estudo elaborado por Sobestiansky et al. (2001), envolvendo granjas
produtoras de suínos em diferentes estados do Brasil, verificou-se que a enfermidade
está amplamente disseminada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná, e embora a maioria dos animais não tenham apresentado uma manifestação
clínica evidente, observou-se uma redução no ganho de peso médio diário e taxa de
49,4% de casos positivos para RAS.
Em outro trabalho, foram registrados os primeiros dados da ocorrência de RA
em suínos híbridos comerciais e caipiras no estado do Piauí, sendo que este afirma,
ainda, que não existe qualquer associação entre a presença dessa doença e as raças
de suínos, porém, os suínos híbridos são os mais acometidos (BRAGA et al., 2016).
Morés et al. (2001) relatam que as lesões características da RAS encontradas ao
abate são representativas da ocorrência da doença em qualquer idade, porém em
populações sem imunidade a transmissão ocorre rapidamente.
Os leitões são os mais afetados, e a infecção precoce por B. bronchiseptica
geralmente ocorre na primeira semana de vida. Quando a imunidade das porcas é
mais eficientemente transferida aos leitões, a infecção ocorre mais tarde, entre três e
quatro semanas (BRITO et al., 1993).
A imunidade adquirida pelo colostro é um fator preponderante para o
desenvolvimento da doença, de modo que leitões não protegidos com anticorpos
específicos tendem a desenvolver a sua forma mais grave (BRITO et al., 1993).
De acordo com Sobestiansky et al. (1999), o estabelecimento da doença se
deve, além da presença da Bordetella bronchiseptica, à existência de fatores de risco
como a presença de irritantes atmosféricos como amônia e gás sulfídrico, que
predispõe a ocorrência de infecções respiratórias. Por isso, é considerada uma
doença multifatorial uma vez que sua frequência e grau de severidade dependem, não
somente da característica do agente e da imunidade do rebanho, mas também das
condições ambientais em que são criados os animais.
DALLA COSTA et al. (2000) listaram certos fatores ambientais e condições de
manejo que aumentam as chances de ocorrência da RAS e de outras doenças
respiratórias, estes incluem a alta densidade de animais por baia, a junção de suínos
em diferentes fases de criação, o mau controle de temperatura e ventilação, o excesso
de poeira nas instalações e entre outros fatores.
Um bom exemplo do supracitado é que, embora na maternidade sejam
consideradas fontes frequentes de infecção, as fêmeas de rebanho infectados quando
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criadas em boas condições de manejo, podem dar origem a leitegadas sem sinais
clínicos de rinite (JONG, 1999).
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formação do fagolisossomo pela produção de toxinas que afetam esses mecanismos.
Ao persistir dentro das células do hospedeiro, a bactéria se protege dos anticorpos e
outras defesas extracelulares, e portanto, representa uma estratégia eficaz para a
sobrevivência durante a infecção (BENDOR et al., 2015).
A localização intracelular da bactéria pode aumentar a exportação de antígenos
para o citoplasma, melhorando assim a apresentação restrita ao MHC de Classe I e
ativação de linfócitos TCD8+ citotóxicos, explicando assim a importância da
imunidade mediada por células na proteção contra infecções por B. bronchiseptica
(MATTOO et al. 2001).
A diferenciação de resposta em Th2 estimula a diferenciação de células B em
plasmócitos, iniciando a produção de anticorpos. A IgA é a primeira imunoglobulina
encontrada na resposta imunológica (ARAÚJO, 2019). As imunoglobulinas A (IgA)
parecem ser os melhores anticorpos para a proteção de mucosas, e agem
neutralizando a B. bronchiseptica, impedindo sua entrada e fixação através da barreira
epitelial, reduzindo assim o número de bactérias no trato respiratório superior e
prevenindo infecções posteriores (REINEIRO, 2015).
Outras classes de anticorpos, em particular IgG, estão presentes no soro e
trabalham após o início da infecção. A IgG sérica desempenha um papel importante
na infecção estabelecida, da mesma forma que é provável que as respostas imunes
mediadas por células também são importantes para a resolução da infecção
(REINEIRO, 2015).
3.5. PATOGENIA
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podendo predispor a infecção por P. multocida no caso de rinite atrófica progressiva
(SOBESTIANSKY et al., 1999).
Essa toxina (dermonecrótica) tem características de uma toxina de repetição
estrutural, porém com domínio extra para uma enzima adenilato ciclase. As toxinas
dermonecrótica e osteotoxina, também podem ser importantes nessa enfermidade por
contribuir com a atrofia das conchas nasais (RUTTER et al., 1985).
A toxina dermonecrótica é um polipeptídeo simples, está associado ao
citoplasma bacteriano, é uma proteína termolábil, em sua extremidade N-terminal
existe o domínio de ligação às células alvo, enquanto em a extremidade C-terminal é
a atividade catalítica, nomeada pela capacidade de causar lesões necróticas no
epitélio do trato respiratório (WANG et al., 2015).
As lesões se iniciam com uma intensa infiltração de células inflamatórias,
monócitos e linfócitos principalmente. As conchas nasais começam a amolecer pela
ação das toxinas dermonecróticas, microscópicamente se mostra como uma forma de
rarefação e esmaecimento do tecido ósseo. Enquanto a destruição do tecido ósseo
ocorre, ao mesmo tempo há uma proliferação de grandes números de células
fibroblásticas na região do periósteo (RIBEIRO, 2012). Interpreta-se essas células
como osteoblastos, porém não ocorre a formação de novo tecido ósseo. Os
osteoblastos nunca são numerosos. Acredita-se que a reabsorção óssea resulte da
osteólise (JONES et. al. 2000).
A eliminação de Bordetella através trato respiratório pode durar várias
semanas, logo animais portadores que continuam a eliminar os microrganismos,
mostram-se uma importante fonte de infecção (QUINN, 2007).
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as narinas podem estar entupidas por um exsudato espesso e tecido morto.
(SOBESTIANSKY et. al., 1999; QUINN et. al. 2005; SALES & AZEVEDO, 2010).
A lesão principal é a destruição dos cornetos nasais, que podem ser
classificados de acordo com a gravidade em leve, moderada e severa. O local em que
a lesão é mais frequente é a concha inferior do corneto ventral. (SOBESTIANSKY et.
al., 1999).
Destaca-se nesta enfermidade a pouca mortalidade, mas seu efeito é duplo,
visto que existe um atraso no desenvolvimento e uma diminuição no aumento diário
de peso, o qual cria um problema econômico grave (Behrens & Richter 1971).
3.7. DIAGNÓSTICO
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Observa-se destruição dos cornetos nasais, principalmente a concha inferior
dos cornos ventrais quando analisado macroscopicamente. Pode-se observar
também desvio do septo nasal, exsudato muco-purulento, além de alterações do
desenvolvimento dos ossos do focinho. Na Rinite Atrófica não-progressiva não existe
deformação definitiva nos cornetos, mas os pulmões podem apresentar áreas de
hepatização e edema, como complicações secundárias (SILVA et al., 1999).
No exame microscópico, pode-se evidenciar uma infiltração celular na
submucosa, redução da síntese da matriz óssea e ainda substituição das trabéculas
ósseas dos cornetos por tecido conjuntivo fibroso que evidenciam para D’ALLAIRE et
al. (2009) a presença de P. multocida.
3.8. TRATAMENTO
O tratamento é feito com antibióticos, sendo em muitos casos recomendado
a realização de testes de sensibilidade (SOBESTIANSKY e BARCELLOS, 2012).
Drogas como sulfas, tetraciclinas, quinolonas e a tiamulina têm sido usadas no
tratamento juntamente com a ração, em tratamentos durante 15 a 20 dias
(SOBESTIANSKY et al., 1999; HIROSE et al., 2002 apud MASCARENHAS, 2016).
A sulfametaxina é aplicada via oral ou intravenosa com intervalo de 12 horas,
dose de ataque de 100mg/kg e manutenção de 50mg/kg. A Tiamulina é aplicada via
oral ou intramuscular com intervalo de 24 horas e dosagem entre 9 e 12 mg/kg
(BARCELLOS e SOBESTIANSKY, 2008).
Porém, o uso indiscriminado de antimicrobianos tem gerado resistência
bacteriana, e acarreta um grande problema que é a presença de resíduos das
substâncias farmacológicas nas carcaças. Dessa maneira, têm surgido esforços para
controlar a doença por meio da correção dos fatores de risco e programas de
vacinação (HIROSE et al., 2002).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A rinite atrófica suína é uma enfermidade infecciosa que tem grande
importância econômica na criação de suínos em produções brasileiras em seus mais
amplos aspectos, porém existem formas de prevenção e tratamento. Além da
vacinação, medidas como higiene, sanidade do local, e ambiente adequado são
providências que levam a um bom resultado, evitando que a doença se agrave e que
cause prejuízo para os produtores.
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