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Manual de Conversacão
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Lliingua Tu pi. .....~
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1aris .4nrauio S. Jtlichaele
- - - - - (do P. E. N. Clube do Brasil) - - - - -
tSTE É O PRIMEIRO LIVRO de uma coleção que receberá •
o nome de B rasílica.
COMO SE PODE FÀCILMENTE VERIFICAR, se bem ra- 1
reiem as produções referentes ao assunto, os estudos de fundo •
~
ameríndio estão, cada vez mais, despertando ir..~erêsse nas várias
• o..
camadas culturais.
É QUE, AO CONTRÁRIO DO QUE PROPALA certa pseu- 1 :J
' 1-
• 1

do-ciência de híbridos da faixa litorânea, o indígena brasileiro ! DA


foi fator de muita importância na formaçãC? brasileira, e, ainda
( <(
que nada houvesse emprestado ao europeu, bastaria a influência :J
vocabular de mais de 4. 000 palavras, para que se justificasse o au- l9
mento de semelhante interêsse. z
LIMITANDO ..NOS A ESSA PARTICULARIDADE, podemos J
afirmar que, sem es têrmos de origem indígena, as relações de ~
ordem geral seriam, por assim dizer, impossíveis em o novo ''ha-
bitat' ' da América.
o •
COM EFEITO, as designações relacioni-idas com animais, ve- 1ª. Série ( 20 Lições).
.. getais, acidentes geográficos, peripécias históricas, objetos casei-

" .
• ros e mil e uma atividades decorrentes da fixação do homem à
terra descoberta, adquirem aos nossos olhos relevância considerá-
vel. De outro lado,- não há negar, igualmente, o prestígio que os
(f\ 1
idiomas da família tupí-guaraní estão gozando na terminologia
científica internacional, bem como no atinente à vastíssima lite-
• ratura que os mesmos já têm desenvolvido, como seja o ciclo

dos contos, lendas e trovas precolombianas, e a variedade jesuí-
tica dos autos, preces e hinos, para não falarmos nos modernos
• movimentos paraguaio, correntino, etc., em idioma guaraní.
MAS, PELO LADO AFETIVO CUMPRE, também, cultue-,
mos a lín_gua de r..:>ssos maiores.
NINGUÉM IGNORA que o sangue indígena anda em mi-
lhões de indivíduos, falsamente brancos, dêste imenso Brasil.
DA MARAVILHOSA ESTIRPE CABOCLA, eram ou são :
Euclides da Cunha, Coelho Neto, Capistrano de Abreu, Rocha
Pombo, José Veríssimo, Franklin Távora, Odorico Mendes, João
Francisco Lisbôa, Augusto de Mendonça, Adelir.D Fontoura, Flet-
• •
riano Peixoto, Quintino Bocaiuva, Benjamin Constant, Diogo
Feijó, Tibúrcio, Osório, Prefeito Pereira Passos, Cardeal Arco-
Verde, D . Romualdo de Seixas, Padre Ibiapina, Pedro Américo, •
Carlos Gomes, João Mendes, Felipe Camarão, Tibiriçá, Jerônimo ~diçõr.s ~uclídíona.s (~ibliotrra JSrosílfra)
Albuquerque Maranhão, Assis Brasil, Brandão de Amorim, Basí- CEITRO CULTURIL "EUCLIDES DI CUIHI"
lio da Gama, Pontes de Miranda, General Cândido Rondon, Érico l'O NJA GllOSSI - PIRINA • BRASIL
19 õ 1 •
Veríssimo, etc. etc. Em suma,, as maiores figuras da nacionalida-
de, algumas falsamente inclU:das em outras etnias, por indivíduos
pouco escrupulosos.
Vt-SE, POIS, que realiza obra das mais patrióticas a firma
Montes & Pcreit·a. -· ·- ..

1 Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai


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; vidade, valeu-lhe o O autor da pre-


reconheciJnento ge- sente obra é, settt
1·al de entidades favor, vulto dos de .
culturais nacionais mai:or destaque no
e estrangeh·as, su- mundo cultural <lo
bindo a mais de ContinP-nte.
duas dezenas os ru- N aturai de Moco-
plomas, insígnias e ca, Estado de Sã4,l
títulos honoríficos, Paulo, muito novo
que das mesmas lhe ainda, veio para o
têm chegado. Paraná, onde fêz os
Além de escri- seus preparatórios, •
tor, exerce ainda o formando-se, em se•
magistério no Co- guida, pela Univer-
légio Regente Fei - sidade do mesmo
jó e n a Faculdade Estado, no Curso de
de Filosofia de Pon- Direito. •
ta Grossa. Dotado de extra-
Deve-se, do mes- o,·dinária agilidade
mo modo, à sua d i- mental, tem produ-
nâmica atuacão a zido em várias lín-
~ •
fundação dos c·~1t- g u a s, destacando· "
tros culturais In- se, principalmente,
ter - Americano e seus livros de ciên-
Euclldes da Cunha, cia e filosofia, poe-
de que é p1·esiden- sia e didática. •
te. Essa invulgar ati-


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.. Manual .de conversação da língua tupí

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Ã' sagrada memória de meus pais.

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A Memória do General Couto de lVIagalhães



A Memória de E. Stradelli 1
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Aos Prezados Confrades das Seguintes Associações : e
1
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P. E ..N. Clube do Brasil, Rio de Janeiro [)

1
Academia Riograndense de Letras ()

• Casa do índio (São Paulo)


Casa de Euclides, S. José do Rio Pardo (São Paulo)
Asociación de Escritores y Artistas Americanos (Ifavana,
Cuba)
()

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Centro Cultt1ral "Euclides da Cunha", Ponta Grossa, Paraná s
Grupo Americanista de Intelectuales y Artistas, (?~ontevideo: ,,
Uruguai)
Confraternité Univer~elle Balzacienne, Montevideo, Uruguai
o
Centro de Letras do Paraná, Curitiba, Paraná
e
,.. Academia de Letras "José de Alencar", Curitiba, Paraná
Associação de Intercâmbio Intelectual, Guiratinga, Mato
Grosso e
Sociedade Brasileira de Civismo, Rio de Janeiro
'
Te:mplo dei Magnati Bibliofili, N apoles, Itália •
' ' '
Instituto de Cultura An1erieana, La Plata, Argenti11a ,,'
Centro de Letras ''Malba Tahan", União da Vitória, Paraná·
Centro Cultural Inter-Americano, Ponta Grossa, Paraná
Associação Internacional de Imprensa •
Ordem dos Advogados do Brasil
Magistério da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ponta Grossa, Paraná lf
Académie Ansaldi, Paris, França --
Ordem de los Insignidos de América, Buenos Aires
Centro Cultural "Humberto de Campos", Espírito Santo,
-
Estado do Espírito Santo. I



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1i INTRODUÇÃO '
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O "Nheengatú" ou Tupí Moderno é o ramo mais setentrio-


nal da grande família linguística tupí-guaraní, que se estendia
• por mais de dois têrços da América do Sul.
1
É falado em tôda a enorme bacia amazônica, constituindo
liame natural entre as numerosíssimas tribus indígenas e en-

• tre estas e os civilizados, gera11nente mestiços das duas raças :
a branca e a ameríndia. •
Os dois rebentos restantes são : o "Guaraní" ou "Tupí do
1
Sul", que predomina no Paraguai, nas províncias argentinas
de Corrientes, Chaco, Formosa, Misiones, Santa Fé (parte
norte) e Brasil (zona limítrofe de Mato Grosso), sem falar na
( Bolívia (região lindeira com o Paraguai); e o "Tupí Oriental" •
ou da Costa, hoje idioma que apenas sobrevive nos escritos
jesuíticos. ~ste é sumamente importante, por ter sido o meio
J de expressão dos componentes das gloriosas bandeiras.
) ' Naturalmente, existem, ainda, pequenas ilhas dialetais
j •' - í ' •
j tupís em todo o ime:µso t~rritório brasileiro. Mas, para o nos-
1 so objetivo, pouco ou nada avultam.
1 Quaisquer que sejam as díferenças que se possam obser- •
J var entre as referidas ramificações, não são elas de molde a
( dificultarem o reconhecimento da existência de tal parentes- •
t' co. A relação do Guaraní ao Nheengatú (para só lembrarmos
as formas vivas) será, quando muito, a que se nota entre o
Português e o Castelhano.
Quanto ao número de pessoas que se servem de am-
-•-.. • bas as línguas, podemos considerar como certa a seguinte es-
timativa: GUARANí: República do Paraguai: um milhão e
.. quinhentas mil; Argentina : um milhão e seiscentas, assim dis-
tribuidas .: Corrientes, 700. 000; Chaco, 100. 000; Formosa,

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MANUAL DE CONVERSAÇÃO D.-\ L1NGUA TUPf 10 11
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F ARIS ANTONIO S. MICI1AELE-~~~~....:;_


80. 000; Misiones, 100. 000 e Santa Fé (Norte), 620. 000; Bra- .
3a~ana
- ou parra jacana; icica ou icicariba; camará, cambará ou
sil : 50. 000 (Mato Grosso, Paraná e região limítrofe em ge- lantra camara; baraúna ou melanoxilon baraúna; aratinga ou
ral). Total para o guaraní : aproximadan1ente 3. 200. 000. aratinga lutrens; copaiba ou copaifera reticulata; jarana ou
Agora, vejamos o Nl_ieengat{l. cl1ytroma jarana; etc.

ll Temos, na pior das hipóteses,_uns seiscentos mil indiví-


duos a se expressarem nele, o que vem a dar l.1ma cifra de
quase 4. 000. 000 de pessoas para o tronco tupí-guaraní.
·No reino mineral, poderíamos lembrar itabirito e itaco-
lumito (com exceção do sufixo).
Todos êstes são têrmos de cunho científico.
·
,
·

Mas, o qµe nos interessa, no presente momento, não é se- Vocábulos pop:u lares, em uso em quç:i,se todos os idiomas
não o Tupí Moderno. A respeito do Guaraní voltaremos a fa- modernos, sao: emé,r, tapio.ca, jaguar, curare, tucano, etc. .
lar, quando, no fim d.ê ste curso, tratarmos ·da literatura de '
ambos os ramos, uma das mais ricas do mundo, ainda que pa- SONS TUPiS PECULIARES
reça 1nentira.
Três são os sons tupís de maior dificuldade : o Y ( tam-
o bém representado por um I com trema), o H aspirado e o R
!
i
TU Pi MODERNO
(Suas peculiaridades e vantagens que defluem do seu estudo)
• brando (meio têrmo entre o Rh dos nordestinos e o R da pa-
lavra PARA).
O som do Y pode ser obtido da seguinte maneira: " ..•
O tupí, como todos sabem, apresenta certas peculiaridades
de fonética e construção, que iremos ver mais adeante. Tal, abra-se a boca, encolha-se a língua, contraiam-se os lábios, e
porém, não obsta a que seja êle aprendido com relativa faci- .. pronuncie-se o Y na .garganta" (Couto de Magalhães - "O
lidade e interêsse, não só porque seja falado por muitos bra- Selvagem", página 2).
sileiros ainda, como pelo fáto de capacitar-nos a que interpre- Mais simples é o nosso processo : imobilize-se a língua,
• encostando-a ao céu da boca, e pronuncie-se o Y guturalmente.
temos as nossas designações toponímicas, os nomes de repre-
sentantes dos três reinos da natureza e a própria história pá- O H aspirado não oferece nada de extraordinário aos
tria, em seus múltiplos episódios e fatos decisivos. alu:µos de inglês. E o mesmo poderíamos afirmar, no que se
Tãp notável é a contribuição 1 do tupí à terminologia cien- refere ao R brando, o q'l,lal ja:µiais conhece a aspereza que aos
1\ tífica, que, segundo · o Dr. Moisés Bertoni, sábio estudioso da R;R costumam ~ar os brasileiros do sul. . • · .
linguística tupí-guaraní, não pôde Linneo, certa vez, ao clas-
1
sificar o reino vegetal, esconder a sua admiração, deante da ' PECULIARIDADES SINTATICAS
riqueza da nomenclatura dessa origem.
As principais peculiaridades sintáticas do tupí moderno
e
t.
Na verdade, depois da latina, é a que figura hoje com
40 % na classificação científica do reino vegetal e, con1 forte -
sao:
1 contingente também, no animal. a) A posposição das preposições. Exemplo: Iauára Peró
Como ilustração, apresentemos os seguintes têrmos, re- çuí (cão Pedro de) , o cão de Pedro. ·
b) O pronome relativo e a conjunção subordinativa, co- .t
lativos a um e outro : .
-- Capivara ou hydrochoerus capybara; tapir ou tapyrus mo a maioria das conjunções, são usados no final do perío~o.
Exemplo: Uirá oueuê oik.ô uahá pora11ga retê. (A ave que
• americanus; mandioca ou manihot utilíssima; ipecacuanha ou
cepl1oelis ipeca; cutia ou dasyprocta aguti; ananás ou brome- está voando é muito bonita) ou, literalmente, "a ave voando
lia ananas, gênero ananassa; ingá-assú ou ingá cinnamonea; J) está que bonita muito".


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tfANUAL DE CONVERS•.o\.ÇÃO DA LfNGUA TUP1 12 13 FARIS ANTONIO s: MICHAELE - ·



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c) No presente definido, como acabfunos de ver no exem- terás, orekô curí, terá (êle, ela), iarekô curí, teremos, perekô
plo acima, o particípio presente precede o presente do indi- curí, tereis, aitá orekô curí, êles, elas terão.
cativo. Exemplo: Xamunhã xaikô iepé okena (fazendo estou O pretérito perfeito é: xarekô ana, tive, rerekô ana, ti-
uma porta) ou estou fazendo uma porta. veste, orekô ana, êle, ela teve, iarekô ana, tivemos, perekô
ana, tivestes, aitá orekô ana, êles, elas tiveram.
OUTRAS PECULIARIDADES Assim se conjugam os outros verbos, como: ikô, estar,
cuau, saber, conhecer, poder, parauáca, escolher, etc.
Como em tôdas as línguas, aqui, tambén1, vamos encon- a
Em relação aos verbos, temos dizer que, com a anteposi·
. , trar alterações eufônicas (por exemplo, o acréscimo de u1n r ção de uma determinada partícula, podem ser criados outros,
no princípio de certas pálav~as, a mudança de t e ç em r, após. já ativos, já reflexivos.
os possessivos, a conjugação dos verbos feita por 'meio de pre- Exemplos : iucá, matar, iuiucá, matar-se; apara, torto,
1 fixos pronominais, etc. Delas falaremos, em ocasião oportuna. curvo, muapara, encurvar, entortar.

DA . CONJUGAÇÃO DOS VERBOS AD J E TI V ·O S DEMONSTRATIVOS

Três são os tempos primitivos dos verbos em nheengatú Os adjetivos 4emonstrativos são tão simples quanto os
ou tupí moderno : o presente do indicativo, o pretérito per- ingleses:
feito e o futuro. Dêstes, com a adição de certas partículas, se Quahá, êste, esta, êstes, estas, e Nhahã (aquele, aquela,
formam inúmeros outros. É claro que tais partículas, designa- aqueles, aquelas.

tivas de tempo, n1odo, condição, etc., não se aglutinam com o
radical, cerno em muitos dos idiomas que conhecemos. ADJ· ETIVOS POSSESSIVOS
Logica1nente, todos os tempos se reduzem à forma infini- . .

tiva, pelo que, sem exagêro, poderíamos dizer que só esta é Os adjetivos possessivos são : ce, meu, minha, m~us, mi-
primitiva. Exemplo REKê) p ter. XA-REKô, tenho, XA- . nhas; ne, te,u, , tua, teus tuas, i,. seu, sua, etc.; iané, nosso,, nos-
REKô .A.N~, tive, XA-:REI{ô CURf~ ter'ei. ,• , sa, nossos, nossas; pe, vossd, vossa, vossos, vossas; enta~ seu
Conjuguemd's, então~ o mencionado verbo no presente do (deles), etc. '
indicativo: xarekô, tenho, rereltô, tens, orekô, tem (êle, ela),
iatekô, temos, perekô, tendes, aitá orekô, têm (êles, elas). NUMERAÇÃO (CARDINAIS)
Como é fácil verificar, a conjugação ~ feita por meio de
prefixos, que correspondem às nossas desinências. Os prono- • Existem dois processos de numeração : o quinquenal e o
mes pessoais do caso reto são dispensados, em virtude da ex- decimal.
trema clareza do idioma. Apenas, a terceira pessoa do plu- O quinquenal é o seguinte : iepé, um, mucuên (mucuin),
ral é usada: "aitá". Isto para evitar confusão com a terceira dois, muçapyre ou muçapira, três, erundy, quatro, pô ou iepé-
do singular, que tem o mesmo prefixo. Os pronomes pessoais pô, cinco, pô-iepé ou iepé·pô-iepé;, seis, pô-mucuên, sete, pô-
'
-•-1 isolados, tomados em sentido absoluto, são : ixé, ~u, indé ou muçapyra, oito, pô-erundy, nove, mucuên-pô, dez, mucuên-pô·
iné, tú, ahé, êle, ela, iané, nós, penhê ou pehen, vós, aitá, êles, iepé, onze, etc. Como se vê, é assás aborrecido. Mas, há o
elas". mais simples, que é o mencionado decimal. Ei-lo :
Agora, o futuro simples : xarekô curí, terei, rerekô curí, Iepé, um, mucuên (mucuin), dois, muçapyra, três, erun·

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MANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LfNGUA TUPf 14 15 F ARIS ANTONIO S. MICHAELE


I

dy, quatro, uaxiny ou pô, cinco, moçuny, seis, seié, sete, oicé, •
1 oito, oicepé, nove, peié, dez, peié iepé, onze, etc. Vinte é mu·
1
r cuên peié, trinta, muçapyra peié (e assim até cem, que é iepé. .
.
papaçaua).
,
Duzentos é n1uct1ên papaçaua e mil se traduz por
pe1e papaçaua. LIÇÃO I

NUMERAÇ ..~O (ORDINAI .S) VOCABULÁRIO:


' Y ou i (aê), conjunção e. (Neste Intí (ou tí), não ~junto ao ver-
caso, o Y se pronuncia i sim- bo, CQmo o not inglês). ,
Primeiro é iepeçara, iepeuara ou ieper.u n-uara. ples). : Papéra, papel, livró.
Segundo é mucuengára ou mucuên-uára. · Diz-se, também, 'iuyre (pFónún- , Munhançáua, obra, livro. ·
Terceiro é muçapyre-uára. eia: i-u1re) e se usa no fim da Cuiára (itajubá), dinheiro, ourq.
frase. Micoatiára (papéra), carta. '
Quarto é erundy-uára. Túba, rúba ou páia, pai. Mbueçára ou iumuençára, pro-
Quinto é pô-uara ou uaxiny-uára. Cy ou manha, mãe. fessor.
,
E assim por.deante, com o acréscimo de uara. Mu ou mú, irmão. A
Ygara, canoa.
Décimo primeiro é peié-uára-peié. Rendêra ou rendyra, irmã. Kicé, faca.
Rerek o sera ?. T ens tu.
A , , . ..
Poranga (puranga), belo, bonito.
Mucuên-peié-uára é vigésimo. Çupi tenhên (ou tehên), Sim, Se- Umbuéçáua-oca (morõboeçaba),
Mucuên-peié-uára iepé vem a ser vigésimo primeiro. nhor. . escola.
Iepé papaçaua-uára é centésimo. (Literalmente, verdade mesmo). Iumbueçára (mimboê), aluno.
Mahã tahá (ou mãháta), Que? Pepoataiba (pena), pena.
Mahã mukáua ta.há rerekô? Que Coatiare (iscreveri), escrever.
NOTA:- Como em inglês, os adjetivos são invariá~ espingarda tens ? Mupinima, desenhar, escrever.
veis, porém colocam-se depois dos substantivos. Tôdas as in- Catú, bom. Cuáu-papéra (açaan), ler.
terrogações têm uma partícula (será, tahá, pa, etc.), comove... Puxí, feio, mau. , Potyra-tendáua (pitima), jardim.
Ayua (pronúncia a1ua), ruim, óca, casa.
remos nas lições seguintes. Geralmente, não conhecem equi- mau.
v·a lentes em português. O plural dos nomes forma-se por acrês- Intin1ahã, não..
cimo de itá. Exemplo : cunhã, JUUlher, cunhã-itá, mulheres. ..
NOTA: Os sufixos, qu~ ·formam· substantivos e .adjetivos,
sã'o: çáua, çára, uára '(guára), ngára~ ara, yma, pora, etc. ·
Exemplos :munhã, fazer, ·munhãçaua, obra, n1unhãgara, cria- ·
dor, acanga, cabeça, acangayma, acéfalo, óca, casa, ocapora,
- ' habitante, etc.
Ce róca, minha casa, ne roca, tua casa, i çoca, casa dele,
dela, iané roca, i1ossa casa, etc.
.. EXERCfCIO: '

.
1 Rerekô será rendêra ? Çupí tenhên, xarek:ô mucuên. Re-
rekô será oka ? Çupí tenhên, xarekô oca poranga. Mahã pena
(pepoataiba) tahá rerekô? Xarekô ce pena. Rerekô será iané

t . • ' '
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• M.A.NUAL DE CONVERSAÇÃO DA LfNGUA TUPf 16 F 1\RIS .AJTTOI~IO S. 11ICI-IAELE


17 - - - - - --
papéra? Intima11ã, intí xarekô pe papéra, xarekô i papéra. , Tapiyla, índio, caboclo.
Py, pé
Perekô será ce munhançaua? Çupí, tenhêen, iarelcô ahé. Piranha, tesoura. Muratú, mulato.
Mahã tahá (mãháta) rerekô y mahã tal1á xarekô? Xarekô Mairí, cidade. Cariuoca, cauoca, man1eluco ou
Caiú (acaiú), cajú e ano. caboclo.
iepé ygára, rerekô erúndy rendêra-itá. Mahã mukáua tahá re- Iacy, lúa e mês. Nheenga (nhehcnga), língua,
rekô ? Xarekô mu1{áua cat{i (poranga). Rerekô será cuiára ? ú, beber, tomar. 1dio1na, palavra.
Çupí, te11hêen, xareh:ô. l\iahã kicé tahá rerelcô ? Xarelcô ce .. O, conjunção ou. Munba11gá1·a, . criador, escritor,
lcicé. Rerel<ô será ne pena? Intí xarel~ô ce pena; xarekô i l\>Inú, comer.
,
autor.
'faha ( taua), aldeia, vila. Pe1·ó, português.
n1unhançáua. Rerekô serit peié cruzeiros ? Intimahã, intí x~­ Pirá, peixe. Maír, francês.
rekô. Ce rúba (paia) catú y ceicy (manha) catu" I mu puxí y i Canty (ca1nby), leite. Çuaia, Europa.
rendêra poranga. Quahá oca orekô iepé Poty:ra-tendái1a (miti-
ma). Xacuau-papéra (}::aaçaan) ce munha11çáua. Iné recoatia- NOTA:-
re iepé (oiepé) micoatiára (papéra). Nhahã umbueçáua-oca Cabarú é têr1no tomado de empréstimo ao português.
(morõboeçaba( orekô mucuên peié mbt1eçára-itá y peié papa- Bem assim, pixãna e n1u1·atú. Em pitanga e pira11ga, observa-
cáua iumbecara-itá.
J J 1nos o mesmo fenômeno do T com pronúncia de R, entre o
vulgo dos Estados Unidos. Caiú (acaiú) é nome de um fr~to
TRADUÇÃO que dá, de ano em ano, daí o aplicar-se a palavra para des1~­
nar os 365 dias desta divisão de tempo. O mesmo podemos di-
Tens irmã? Sim, senhor, tenho duas. Tens casa? Sim 1 zer de iacy, lúa, passou a significar tambérr: inês. ,
senhor, tenho casa bonita. Que pena tens? Tenho minha a Pcró e maír talvez traduzam deturpaçao de nomes pro-
pena. Tens o nosso papél? l'Ião, não tenho o vosso papel,. te- prios. .
nho o papel dele. Tendes o meu livro (obra) ? Sim: senhor, Cariboca quer dizer tirado do branco, e caboclo, tirado
nós o temos. Que· ten~,S "t(t e que tenho eu ? Tenho uma canôa, elo mato. Logo, poderá ver-se a impropriedade do emprê~o ~o
tens quatro irmãs. Que espingarda tens? Tenho a bôa espin- primeiro para expressar o produto do cruzamento do ind10
garda. Tens dinheiro ? Sim, senhor, tenho. Que faca tens t{1? co1n o negro (cafuso).
Tenl10 a minha f~ca. Tens a tua. pe·n a? Não · tenho a ininha
pena, tenho o livro dele. Tens dez cruzei,r os ? Não, não· tenho. E X E R .C í C I O : .'
Meu pai é boi;n e minha mãe é bôa. O irrr1ão dele é feio e "ª . '
irmã dele é bonita. Esta casa tem um jardim. Leio o meti li· · Cabarú iauára y pixãna orekô erundy py-itá~ Inê re1naú
vro. Tú escrevas uma carta. Aquela escola tem vinte profes· será maniáda? Intimahã, xamaú pirá y aitá oú camy. Mí1~ri
sores e mil alunos. P iranha tal1á rerekô ? Xarelcô muçapyra. Perekô será pirá
iranga ? Çupí tenhên, iareko. Recuau sera
A nllah-a n1a1r1
• ' ?.
,

P . ' , ,, ?Ç.
LIÇÃO II Intimal1á inti xacuau ahé. Penhen pematt sera rra . up1,
VOCABULARIO : tenhên i~1naú ahé. Acaiú orekô será peié iacy itá? Intimahã,
Ira, mel. • Muníri (muíri), quando, quan- ahé or~kô peié mucuên. Curytyba mairí o taua (taba) será?
Iauára, cão. ta, etc. (0 u aqui, é nasal).
Cabarú (cauarú), cavalo. Muníri (u nasal) (muíri) ..• Curytyba mairí poranga. Ma_?ã nheenga :ah~ , ianhehe? ?
Pixãna, gato. tahá, quanto ? Ianhehen caríua nheenga. Maha nheenga taha a1ta oparauaca
Piranga (pitanga), vermelho. Caríua, homem de raça branca. nna? Aitá oparauáca ana nheengatú. Inê recuau-papér~
Maniáca (manioca), mandioca. Tapaiúna, negro. (reançaan) o rec~atiare será? Xacuau-papéra (xaaçaan) iepe
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1\1ANUAL DE CONVERS.i\ÇÃO DA LÍNGUA TUP! 18 19 _______


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FARIS ---- -- - - S. MICHAELE
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(oipé) Peró munhangára y mucuên Maír munhangára itá. ceíia. Tapiíra omaú será capií ? Çupí, tenhên, ahé omaú capií.
Quahá mairí orekô será caríua ? Çupí, tenhên, ahé orekô Muníri pyá tahá rerekô? Xarekô oiepé (iepé) pyá. Aitá
caríua, tapaiúna, tapiyia, murat{1 y cariuoca. omundú ana será patuá ? Intimahã, aitá intí omundú ana ahé.
Pixãna oiucá ana será guabirú ( uairú) ? Çupí, tenhên, pixãna
TRADUÇÃO ~
oiucá ana guabiríi. Quahá tapiíra-cunl1ã omehen será camy
catú ? Intimahã, quahá tapiíra-cunhã intí omenhen camy ca-
O cavalo, o c.ão e o gato têm quatro pés. Comes ma11dio· tú. f\lfahã timiú tahá miapé-muhl).angára omunhan ? Ahé omu-
ca? Não, como peixe e êles tomam leite. Quantas tesouras · nhan n1iapé. Munir.i pena (pepoatai'ba) tahá iarekô ? Intí xa-
tens t{1 ? Tenho três. Tendes peixe vermelho ? Sim, · temos. cuau, iarekô pena c~íia y kicé-mirirn ceíia. Muníri iumbueça~ · : '
Conheces aquela cidade ? Não, não a conheço. Comeis mel ? ,. ceíia.
ra tahá xarekô ? . Iné rerekô iumbuecára
Sim, nós o comemos. Te1n o ano dez meses ? Não, êle tem do-
(' ze. Curitiba é cidade ou aldeia ? Curitiba é cidade bonita. TR:ADUÇÃO:
Que língua falamos ? Falamos língua de branco. Que 'língua
escolheram êles ? ~les escolheram o tupí. Lês ou escreves ? Quantos anzóis tens? Tenho dez. Come êle beijú ou
Leio um escritor português e dois escritores franceses. Esta pão? Êle come pão e 'manteiga. É Deus nosso criador? Sim,
cidade tem homens brancos ? Sim, ela tem brancos, negros, senhor, êle é nosso criador. Bebes guaraná ou leite? Bebo
índios, mulatos e mamelucos (caboclos). leite. Tem o Brasil navios? Sim, senhor, o Brasil tem muitos
navios. Come o boi capim? Sim, senhor, êle come capim.
LIÇÃO III Quantos corações tens tú ? Tenho um coração. Mandarám
VOCABULÁRIO : êles a mala (patuá) ? Não, êles não a mandaram. O gato ma-
Bejú ou beiú - beijú, biscouto. '.rlini\1, comida, alimento. tou o rato ? Sin1, o gato n1atou o rato. Esta vaca dá bom lei-
Piná (1>indá), - anzol. - Patuá, caixa, baú. te ? Não, esta vaca n.ã o dá bom leite. Que alimento o padeiro
Pindo1·ama, Brasil. TapHra, boi.
Tupan, Deus. Mchen (tneen), dar. faz? ~le faz pão. Qua11tas penas temos? Não sei, temos mui..
Uaraná (guaraná), guara~á. Ikáua, manteiga. tas penas e · ID\litos canivetes. Quantos alunos tenho eu?
Mundtt (munú), mandar. Ceíia, muito, muita, muitos, Tens n1,uitos alunos. '
Iucá, matar. , muitas.
l{icé-mirim, canivete. "Ceíia" geralmente é posposto NOTA ·: O femin.~no dos nomes comuns de dois (coma
Munhan, fazer. ao substantivo: Iaµára ceíia,
Guabirú (uabh·ú), rato. muitos cães.. tapiíra, çapucaia, etc.) forn1a-se, acrescentando-se ct1hhã (fê~
Miapé, pão. Maracatin (n1aracatí), navio. ~ea). O masculino, quando tal se faça necessário, leva ap-
l\'liapé-1nunhangára, padeiro. Pyá, coração. gaua (macl10). Exen1plos : tapiíra-apgáua, çapucaia-apgáua,
CapH ou capin, capim. tapiíra-cunhã, çapucaia-cunhã.
EXERCÍCIO:
LICÃO
->
IV
Muníri, (ú nasal) piná tahá rerekô? Xarelcô peié. Ahé
omaú será beiú o miapé ? Ahé omaú miapé i ikáua. Tupan O verbo II{ô no sentido de SER
iané munhangára será ? Çupí, tenhên, ahé iané munhangára. O verbo IKô, estar, tan1bém pode significar SER. Neste
Iné reú será uaraná o camy? Xaú camy. Pindorama orekô caso, não é de emprêgo obrigatório, no presente do indicativo.
será inaracatin ? Çupí, tenhên, Pindorama orekô maracatin Por exemplo : é tão certo dizer AHÉ CATú, êle é bom, como



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MANUAL DE CONVERSP..ÇÃO DA LÍNGUA TUPf 20 21 F ARIS ANTONIO S. MICHAELE



AHÉ CATú OIKô. Nos outros t empos, todavia, deve apare- EXERCfCIO
. 1
cer, em virtude da confusão que a sua falta poderia acarretar.
O RESTRJTIVO E O POSSES~IV.O Mahã caríua uapycaçáua· tahá iarekô ? Perekô caríua-
O restritivo e o possessivo, em tupí, são formados, já pela uapycaçáua Mandú çuí. Ahé opirári ana será okêna ? Intí
anteposição do adjetivo, destituído da preposição, já pela pos- xaçuau, ahé ocikynau ana okêna-1nirim. Recuau será quahá
posição do mes1no em r elação ao substantivo, sendo, então, xacuau, ahé ocikynau ana okêna-mirim. Recuau será quahá
.êste último, ·seguido daquela. Exemplo : patuá myrá çuí, cai- duba-papéra Rio orekô? Rio orekô poranduba-papéra ceíia:
:>~a de tnadE;ira (literalmente~. caixa madeira de) tem, igual- "D'iar10 ' . " , "Jorna1 d o Comercio
. . d ~ N ot1c1as ' " , "Correio da Ma-
.mente, esta outra construção : myrá p~tuá. Fica a cargo de nhã", "O Jornar', "A Manhã", etc. Mahã poranduba ,(maran-
quem fala escolher entr e elas. dú) tahá recuau? Xacuau oiepé poranduba catú: iané mu-
Entr etanto, para o possessivo dos nomes pr óprios, é me- ruxaua opirári curí nheengatú um~ueçáua itá. Auá tahá oci-

lhor a pr imeira das r eferidas formas : Iau ára Mandú çuí, o kynau ana quahá nhun? Ce mun (irmão) ocikynau ana ahé.
cão de Manoel (isto é, o cão Manoel de ) é de u so mais cor- Quahá ocára orekô será oc-yuaté? Çupí, tenhên, ahé orekô
rente qt1e Ma~çlú Iauára. . , ., muçapyra peié oc-ybaté itá. São Paulo (Piratininga) orekô
OS PRONOMES INTERROGATIVOS AUA E MÃHATA . será o~-yuaté-açú ? Çvpí, tenhên, ahé orek.ô oc-yuaté-açú
O pronome interrogativo AUÁ, quem, quando emprega- ceíia. Mãháta aitá orekô J Aitá orekô ct1nhã itá poranga. Auá
d·o junto ao verbo, transforma-se eni. AUÁ TAHÁ? Exem- tahá iané muruxáua? Dr. Getulio Vargas iané muruxáua.
plos : AUA? Quem? AUA TAHÁ OREKô I CABARú? Auá tahá oikô ana ieperun-uára muruxáua iané retama çuí?
Quem tem o cavalo dele ? Quanto a MÃHATA, que, o que, Deodoro da Fonseca oikô ~na yeperun-uára muruxáua iané
não é mais qt1e a cqntração do adjetivo MAHÃ TAHP>.., q ue retama çuí? Reparauaca será itaóca (casa de alvenaria) ?
já conhecemos. Exemplo : Mãhata rerel~ô ? Que tens t.ú '? Çupí, tenhên, xaparauaca ahé, intf xaparattaca nhahã myrao-
(Diz-se, também, MAATA) . ca (casa de madeira). Mahã retama tahá iaçaiçú ? Iaçaiçú
Pindorama: Duí oçaiçú P eró-retama y aitá oçaiçú Maí-reta-
VOCABULÁRIO : ma. Ahé oçaiçú será rendêra Itagyba çuí ? Intimahã,· ahé oçai-
çú nhahã Peró cunhã i xaçaiçú ne rendêra. Tuxáua Tybyriçá
., Ara, dia. , Apiçaba, nação . cerakena Pindorama çuí oikô. Mãhata quahá oc-yU;até orekô?
Ocára, r ua, lado de fora. Tapyía ~tyua, ide.m.
Yuaté (Ybaté) andar de prédi~ Cerakena (icrobiára), glória. Ahé orekô erundy yuaté itá. Rerekô será myrá-péua? Inti-
altos. Poranduba (marandú), notícia. mahã, inti xarekô.
Oc-yuaté, sobrado. . Poranduba-papéra, jornal.
Retama ou tetama (aúpába)1 Apgáua, homem, macho.
e Cunhã, mulher, fêmea. TRADUCÃO ...
1 pátria.
1, ' ·· Okêna, porta. lVIyr4-p6ua (caruaba), m~sa. Que cadeira temos.? Tendes a cadeira de Manoel. Abriu
Okêna-mirim, janela. Pirári; .abrir . ' ' · êle a porta ? Não sei; êle fechou a janela. Conheces êste ho-
Nhun (nhú), campo. Cikynau (cekyndáua), fechar.
Tuxáua, capitão, caciqu e. Çuí, çuiuára, xiiuára ou xií, a mem? Sim, senhor, eu o conheço. Quantos jornais tem o Rio
Muruxáua (murubixaba), pre· preposição de. de Janeiro? O Rio tem muitos jornais: "Diário de Notícias",
.

sid ente, governador. Çaiçú, amar. "Jornal do Comércio", "Correio da Manhã", "O Jornal", "A
1
Mandú, Manoel. · Auá ou abá (também se diz Manhã", etc, Que notícias sabes ? Sei duma bôa notícia : o
Duí, Luís. MIRA), gente, povo.. ,
Oc-yUaté-açú, arranha- céu.' Ca1·íua-uapycaçáua ·· (apycaba), nosso presidente vai abrir escolas de nheengatú. Quem fe~
cadeira. chou êste campo?. Meu irmão o fechou. Tem esta rua sobra-
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MANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LÍNGUA TUPf 2! 23


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F ARIS
·-·· ...ANTONIO
_. ______ .____S. MICHAELE
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dos? Sim, senhor, ela tem trinta sobrados. Tem São Paulo NOTA: Ainda que pareça mentira, o autor destas linhas
arranha-céus? Sim, senhor, tem muitos arranha-çéus. Que ouviu da boca de índios, em pleno século XX, a clássica sau-
têm êles ? ·tles têm mulheres bonitas. Quem é o nosso presi- dação : Erê iubê ? Paa iotú, de "Iracema."
dente? ·o Dr. Getulio Vargas é o nosso presidente. Quem foi
o primeiro presidente de nossa nação? Deodoro da Fonseca EXERCÍCIO:
foi o primeiro presidente de nossa pátria. Escolhes a casa de
material? Sim, senhor, eu a escolho, não escoll10 aquela casa Mahã uirá tahá perekô ? Iai·ekô ne uirâ. Mamé ketê tahá
de madeira. Que país amamos ? Nós amamos o Brasil : Luís reçô '? B~ía ketê. Mairamé tahá reçô ? Oiíi o uirélndé. Mamé ,
ama Portugal e êles· amam a Fra:nga. Ama êle .a irmã de Ila- tahá réil<ô ana kuecê ?' Xaikô ana cinema ( çaangaua-oca) opé.
jiba ? Não, êle ama aquela mulher portuguesa e eu amo a tua Mahã iacytatá tahá remahãn ? .Xamahan Iacytatáguaçú; intí
'irmã. O cacique Tibiriçá é uma glória do Brasil. Que tem ês- xamahan Pirapanema. Coaracy tuxáua iacytatá itá çuí será ?
te sobrado ? Tem quatro andares. Tens mesa ? Não, não te- Çupí, tenhên, ahé tuxaua iacytatá itá çuí. Mãháta Guayracá
nho. onhehen ana ? Guayracá onhehen ana : "Quahá yuy orekô

LIÇÃO V iára !". Auá tahá iára quahá yuy çuí? Tapiyia iára quahá
yuy çuí. Mahã camarára tahá ocuáu "caríua" nheenga? Nha-
VOCABULÁRIO : hã., camarára ocuáu "caríua" nhecnga. Ma.h ã timiú tahá ia-
"
~aú ? Iamaú cumandá, aqatií y iutyca. Iané Coema ! Indau~ ! .
Cerimáu
, .
(xerimbabo), animal Quaiayra, pouco, pouca. Iané caruca ! Indaué ! lané pituna ! Indaué ! Maíta reçaçau?
~

.domestico. Mirim, pouco (parte duma coisa). Ce catúnte. Amú auá orekô será cuiára ceíia ? Intí auá. Ixé
Myrá (ubyrá, mbyra), madeira, Mahan, ver,
, Ço, ir. xarekô será mahã catú ? Intimahã rerekô mahã. Muíri ( u na-
p au.
lutyca, batata. Xipiá, olhar. sal) myrá tahá rerekô? Xarekô quaiayra. Muú·i (u nasal)
Ypáua (ypaba), lago. Maira:né? quando (usado com bejú tahá orekô ? Ahé orekô mirim. Rexipiá mairamé, iné
Uirá, (guíra), pássaro. tahá). remahan será mahã ? Çupí, tenhên, xaxipiá mairamé, xama-
Cumandá (cumaná), feij·ão. Amú auá, alguém.
Auatí, milho. , Intí auá, ninguém. han mira ceí~a. Mãhata iné remanhan ana amu- (u nasal)
A uatíí, arr,oz, , Mahã, algç, algum~ coisa. kuecé '? Amu- (u :nasal) kuecé, xamahan ~a iepé çoó poran-
, Yuy (yby), terra. ' lntimahã, nada (e também' não). ga. Ne anãma orekô 'será irumoara? Intimahã, ahé inti orek:ô
Ja:ra, senhor, senhora, dono, do- ·Oiíi., hoje. irumoara. Pará orekô será ypáua ? Çupí~ tenhên, ahé orekô
na. Uirandé, amanhã.
Kuecê, ontem. ceíia. Té curi ! (adeus) ! o Té curumirim ! Camarára itá !
Coaracy, Sol.
Pirapanema, Mercúrio. Amtmkuecê, ante-ôntem.
• Iacytatáguaçú, Vênus. Amun-uirandé, depois da ma- · TRADUÇÃO
l Irumoara, amigo, companheiro. nhã.
Camarára, camarada. SAUDAÇÕES: Que ave tendes ? Temos a tua ave. Aonde vais ? Vou à
Anãma, parente, amigo. Iané coema, bom dia ! Bahia. Quando vais? Hoje ou amanhã. Onde estiveste ôn-.
ketê ou kití, preposição a (mo- Iané caruca, bôa tarde !
vimento). Iané pltuna, bôa noite! · ,, te:m? Estive no cinema. Que planeta vês? ·Vejo Vênus; não
1
..• Mamé, onde . Indaué, (resposta aos cumpri- vejo' Mercúrio. O Sol é o rei (chefe) dos planetas (astros) ?
1
Mamé ketê ? , aonde. mentos acima). Sim, senhor, êle é o rei dos astros. Que é que disse Guayra-
Upé ( opé), preposição em. Maíta 1·eçaçau ? Como vais ? ·· cá ? Guayracá disse : "Esta terra tem dono". Quem é dono
Çoó, animal. Ce catunté (ce catú etê), Bem,
obrigado. desta terra ? O caboclo é o dono desta terra. Que camarada

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MANUAL DE COl-JVERSAÇÃO DA LÍNGUA TUPf 24 25 F ARIS ANTONIO S. l\1ICHAELE


conhece a língua dos "brancos" ? Aquele camarada conhece EXERCfCIO:


a língua dos ".b rancos". Que alimento comemos? Comemos
feijão, arroz e batata. Bom dia! Bom dia! (resposta). Bôa Mãhata n1ira omahan çoó-rocára opé? Mira omahan ca-
tarde! Bôa tarde! (resposta). Bôa noite! Bôa noite! (res- piuára, iacaré, iauaretê, macaca, tamanduá, tatú, uirá i boia.
posta). Co1no passas ? Bem, obrigado. Tem alguém muito di- Mãhata urúbú ; omaí1 ? Urubí1 omaí1 reãu2ra. Reú pytyma
r nheiro ? Ninguém. Tenho eu algo bom ? Não tens nada.
Quanta madeira tens ? Tenho pouça. Quanto beijú tem êle ?
será ? Intimahã, inti xaú pytyma. Ahé oú py....
tyma potári será ? Çupí, tenhên, ahé oú pytyma potári. Mã-
t .~le1' tem pouco. Quando olhas,
., vês alguma coisa
' ? Sim, senhor, hata repyrepana potári ? Xapyrepana potári iepé mukaua.
quando olho, ·v,e jo mtlita g'e nte, Que é que viste ante-ôntem ? Revenderj· (reaimeen) potáti será n1ahã? In.timah.ã, inti xa..
l~te-ôntem, vi um bonito animal. Teu parente tem amigo venderi potári mahã. 1V!al1ã cuiára tahá perekô ? Iarek:ô ne
( companh~iro) ? Não, êle não tem amigo. O Pará te1n lago ? cuiára. Rerekô será ce cabarú itá ? Intimahã, xarelcô ce mahã
Sim, senhor, tem muitos. Até breve (ou até já), camaradas! itá. l\!Iamé tahá aitá oikô ana amukuecê (tt nasal) (ante-ôn-
tem? Aitá oiltô ana iJ~é (aqui). I\1:ahá tal1á (rnãhata) quahá
LIÇÃO VI apgáua omunhan potári? Ahé opyreparia potári auatí (mi-
lho). Nhahã amu-( u nasal) tetamauára (mboaba) caríua (ca-
• riba) o tapaiúna será ? N'.nahã amu- (u nasal) tetamauára
.An1u tetamauára (mboab:i), es- Cunhã1nucú, moça.
trangeiro. Tuiué, ye,lho (pessoa). tapaiúna. Auá tahá oú pytyma ana l(llecê (ônten1) !l1buéçáua-
.latey1na, preguiçoso, vadio. Pyrepana, comprar. oca opé (moroboeçaba opé) ? Iumbuéçára iateyma o-Ó. pyty-
Puçanga (poçanga), remédio. Çuanhana, çuaiana (tobaiára),
Puçanga-munhangára, farmacêu- inimigo. ma ana kuecê mbuéçáua-ôca opé; i mbueçára intí oú pytyma
tico. Pótá1·l, querer. mbuéçáua-oca opé. Mira oçô potári Iacy ketê ? . Çupí, tenhên,
ú .1pyty~a, fumar. Çaharú, çaarú, esperar, mira. oçô potári ~açy h:etê. Mahã maramunhã (marãna) tahá
,Y (yg), água. · Ce mahã, o m:eu, a mlnha. otel<ô ? Orekô caríua . maramut1háguaçú ·(grande guerra).
Uariny (guariny), militar, guer- Ne mahã, o teu, a tua.
reiro. 1 mahã, o dele, o dela, a dele, Mãhata remahan ana ápe (lá) ? Xamaha11 ana iané çuanhana
Çurara, soldado. etc. , (inimigo). Iné reçaharú será çurara? Çupí tenhên, ahé uari-
1'Iaramunhã, ma1·ãna, guerra, lu- Aimeen (venderi), vender. ny América çuí. Reú, café (café) potári será J (ou : reú potá-
ta. i Boia (ntbói), cobra. ri café será ?) . Intimahã, xaú potári y. "Caríua itá acanga
Uarinyçaua, idem. Urubú, urubú.
Çoó-roca1·a, jardim zoológico. Iacaré, jacaré. ayua· oikô, aitá oiucá tuiué, cunhã, cunhãmucú, curumi (i na-
Reãuéra (ambyra), cadáver. Macaca (caí), macaco. ayua oikô, ai tá oiucá tuiué, cunhã, cunhãmucú ( curu1ni, (i na-
Acanga ayua (acanga ayva), Inaié, gavião. sal) cpain (i nasal) mira.
louco, . ·' Iauaratê (iauaretê), onça, tigre.
Curumi (i nasal) (curumí), ra- Capiuára, capivara.
paz. Tamanduá, tamanduá. TRADUCÃO:
""
Tatú, tatú.
Que é que a gente ·vê no Jardim Zoológico ? A gente vê
NOTA: O ve.r bo Pótári, quer~r, quando usado como au- capivara, jacaré, onça, inacaco, tamanduá, tatú, aves e cobra.
xiliar, vem depois do principal e não se conjuga. Exerhplo: Que é que o urubú come ? O urubú cóme cadáver. Fumas ?
quero matá-lo, xaiucá potári. O pronome possessivo forma-se Não, não fumo. Quer êle fumar? Sim, senhor, ê1e quer fumar.
acrescentando-se MAHÃ, coisa, ao adjetivo. Exemplo : IANÉ, Que queres comprar ? Quero comprar uma espingarda. Que-
nosso, IANÉ MAHÃ, o nosso (IANÉ MAHÃ ITA), nossos. res vender alguma coisa ? Não, não quero vender nada. Que

l

27
·- - - - - 26
MANUAL DE CONVERSÃÇÃO DA LfNGUA TUP1 FARIS ANTONIO S. MICHAELE
-
dinheiro tendes? Temos o teu dinheiro. Tens os meus cava- Upaín nê iunheen upanaitá, nem Cabarú-roca (cavalariças), ou
• los ? Não, tenho os meus. Onde estiveram êles ante-ôntem ? tudo a todos se diz. cabarú-rendaua.
Çuaxára, responder
' 1
:tles estiveram aqui. Que é que êste homem quer fazer -? ~le
quer comprar milho. Aquele estrangeiro é branco ou negro ?
Aquele estrangeiro é negro. Quem fumou, ôntem, na escola?
EXERC1CIO: ,
O aluno vadio fumou ôntem, na escola; seu (dele) professor Peró i Cabarú
.. não fuma na escola._Quer a humanidade (mira) ir · à Lúa? , Oiepé Per6 onheen i anãma çupé : "Xapyrepana potári
· . Sim, senhor, a humanidade quer ir à Lua. Que guerra hou- cabarú". "
v:e? Houve a g.uer:ra · des brancos. Que. viste lá? . Vi nd~so I ánãma oçuaxára ixÚpé: "remahã iurú cabarú 'çuí, i ta:-
inimigo. Est>eras o soldado ? Sim, senhor, êle é o guerreiro . nha itá". . ·
da América. Queres tomar café ? Não, quero tomar água. Os Peró oçô cabarú-rend{\ua l{etê, omahã oiepé cabarú, opi-
brancos são loucos, êles matam velho, mulher, moça, rapaz, rári çoó iurú, onheen i (ou y) iára çupé: "Intí xapyrepana
tudo (tôda gente). potári quahá cabarú. Ahé orekô 32 (muçapyra peié mocuên)
' acaiú itá. Ahé tuiué retê !'~.
LIÇÃO VII
VOCABULÁRIO : TRADUÇÃO:
Iké, aqui. Murutinga, nas composições, fi-
Ape (aápe), lá. ca reduzido a tinga, como : ja-
Míme, ali. cútinga, jacú branco, etc. O Português e o Cavalo
1
f A, acolá. Pixuna, nas composições, fica
Dias da Semana : reduzido a una, como: guarau- Um português diz a seu parente: "Quero comprar um
Murakepé, segunda-feira. na, guará preto. )
cavalo".
Murakê-mucuim, têrça-feira. Frases feitas e máximas :
Murakê-mu§apyra, quarta-feir~ Ixé ce maraári, estou cansado.
Seu parente lhe responde : "veja (examine) a boca do
Çoopapau, quinta-feira Ne maraári $erá? estás cansa- animal, seus dentes". .
Iucuacou, sextà-feira do? ~ ·. q português vai a umas. cavalariças, vê um cavalo, abre
Saurú, sábado. , . I~é intimahã cc maraári, não es-· a bqca do animal e . 'diz ao dono: "Não quero coxnprar. ê~te
Mituú (miteú), d9mingo. " toucansado. ' ' ' ~
cavalo. ~le tem trinta e ~ois arios. É muito velho"'!
Côres: · Mahã rangá\la tahá iarckô ~
1 1
· ' '
Tauá, amatelo (nas combina .. ' , Que pora~ temos 1 ~
ções, é jubá). lepé, mucuên, etc., uma, duas, LIÇAO VIII .
Iakyra, verde. etc. •
Çuikyra, azul. Auá nhahã ojkô uahá çuaiana .Exercício inteiramente em tupí :
Piranga (pitanga), vermelho. irumo intí opituú cuau. Quem
Tuyra, pardo. .
mora com o seu 1nmugo,. . nao - Iané Coema ! Indaué ! Maita reçaçau ? Ce catúnte. Mã.:.
hata remunhan ? Xacoatiare iepé papéra. Mahã munhan-
Murutinga, .branco. pode ficar tranquilo.
Pixuna, preto. Intí remunhã catú auá çupé intí çaua tahá recuau-papéra (reaçaan) ? Xacuau-papéra (xaa-
Moçoró (muçurú), chá. · recuau. Não faças bem a quem caan) munhançáua poranga. Muíri (u nasal) oca tahá iare-
Camby-antá, queijo. não conheces, ou : não faças o kô? Intí xacuau, iarekô oca ceíia. Múíri poranduba-papéra
Çupé, a. bem sem saber a quem. São Paulo orekô? São Paulo orekô: " O Estadó de São Pau-
Ixupé, a êle, lhe. Mairarné omundú catuama (ca- ,
Iurú, boca. tuçaua), nheenga ócyca, quan- .lo" "A Gazeta", "O Diário de .S ão Paulo", etc. Iané caá-itá
Tanha, dente. do reina a paz, basta a palavra. (m~tas) iakyra será?. Çupí tenhên, iané caá iakyra. Mahã py-

'
' ,

'
.
MANUAL DE CONVERSACÃO DA LfNGUA TUPf 29 F ARIS ANTONIO S. MICHAELE
- - - - -- 28
tyma tahá re-ú-pytyma ? Xa-ú-pytyma pytyma catú Goiás vro. Quantas casas temos? Não sei, temos muitas. Quantos
• çui. Mamé mira tahá opyrepana pytymaçú (charuto) i xigaro jornais tem São Paulo ? São Paulo tem : "O Estado de São
(cigarro) ? Mira opyrepana pytyn1açú i xigaro iké. Remahan Paulo", "A Gazeta", "O Diário de São Paulo", etc. As nossas
será pena (pepoataiba) ? Intimahã, inti xamahan pepoataiba matas são verdes? Sim, senhor, as nossas matas são verdes.
(pena) xamahan ygaraueuê (aeroplano) i ygaraueuê-etê (hi- Que fumo fumas ? Fumo o bom fun10 de Goiás. Onde é que
droplano). Nhahã amutetamauara acanga ayua será ? Inti- se ~ompra charuto e cigarro? Compra-se charuto e cigarro
mahã, ahé mbueçara iané inbueçau~-oca (morõboeçaba) çuí. aqui. Vês a peha? Não, não vejo a pena, vejo o aeroplano e o
li • Perekô será paperati11ga (papel bran.co) ? Çupí tenhên, iare- hidroplano. Aqueie estrangeiro é louco ? Nã<;>, êle é· profes-
kô paperatinga, paperaµna (preto) , tauá i çuiky:ra. Mãhata " sor' d~ nosso colégio~ Tendes papel 'b;r an.co ? Sim, senhor, te.;.
iané tuxaua omunhan ana ? Ahé omunhan ana oca itá,'' poty- mos'. papel branco,,, preto,, amarelo e azul. Que é que o nbsso
~

ra-tendaua itá i ocara itá. chefe faz ? tle faz :casas,· jardins e ruas. . ·
Euclides da Cunha, Coelho Neto i Capistrano de Abreu·, Euclide·s da Cunha, Coelho Neto e Capistrano de Abreu,
cerakena (ierobiara) América çuí, cauoca itá oikô ana. Cea- glórias da América, eram caboclos. As ruas de Ponta Grossa
ra itá Ponta Grossa çuí orekô quára ceíia. Oiíi xapurunguetá têm buracos.,Hoje, falei co:i;n brancos: São gente bôa, não ma-
ana (conversei) caríua itá irumo : aitá mira catú : intí oiucá tam os índios. \Vill Rogers disse: "A minha gente recebeu os ,
tapiyia. vVill Rogers onhehen ana : "Ce mira carepiamo ana brancos, e hoje os brancos são donos desta terra e minha gen-
(recebeu) caríua (amú-tetamauara) i oiíi caríua iara quahá • te é estrangeira. Que vês aqui ? Vejo muita gente que con-
yuy çuí oikô, i ce mira, amu-tetamauára. Mãhata remahan \rersa coisa bôa. Santos Dumont, um brasileiro, fêz o primeiro
iké ? Xamahan mira ceíia opuranguetá uahá mahã poranga dirigível. O padre Anchieta foi nosso mestre e farmacêutico.
(que conversa coisa bôa). Santos Dumont, oiepé Pindora- Os p ortugueses mataram Tiradentes e o esquartejaram. Os
mauára, omunhan ana ieperun-uára ygara-ueuê. Paí (abaú- , brancos fabricam vin}J.o com os pés.
na) Anchieta oikô ana iané mbueçára i poçanga-munhangá-
ra. Peró itá oiucá ana Tiradentes 1 omt1nuca ana ahé ( esquar- VOCABULÁRIO :
' l\1ycw·a, raposa.
tejaram). Caríua itá omunhan caui (i nasal) piranga, caríua".' Uauo-çau<\ra, , roda. ,
, caui (i nasal) (v~nho) o, cauí-,Piranga, py itá irumo (com). Iautí (iabotí), c;.ígade. . Çuaçú, vead~>, gamo.
1 ' " ' 1 ,\ 1 h , ' Ca1·u1)1é (cart•mbé), "Cágado ma- I:auaraçú, lobo.
• 1 1 l
',cho. , . ·' · Nupá; nater.. ,
,'
!
. . VOCABU,L ARIO : Petec~, idem. · Tecoçáua, costumes, tradições.
• Cutuca, espetar. Iucyçáua, desejo.
t Nhehengári (nheengá~i), cantar. Itapuã, prego.
•, 1
Uaruá, espelho. Tatá-puinha, carvão. Acutí, cotia . Angauara, espiritual, sublime.
·~ \ Banêra (Bandêra, aobaueuê), Yuy-uirpeuára, subterrâneo. do
1' Kyuáua, pente. ( Myraçanga, bengala, cajado.
Potyra, flôr. Ruaké-uára, vizinho. band~ira. sub-solo.
1 1
1 Çaquena, cheiro, perfume. Mururú, molhar. Pininiaçaua, côr. Çaarúçáua, esperança.
Rangáua, çangaua, imagem. Mué (mbué, umbué), ensinar.
k Çapucaia, galinha. Mucamcben, (mostrar).
Panacú, cesto. Catuçaua, bondade..
. . LIÇÃO X t
.•
•• LIÇÃO IX
1
Tradução do Exercício VIII : Exercício:
Bom dia! Bom dia. Como passas? Bem, obrigado. Que
fazes ? Escrevo uma carta. Que livro lês ? Leio um bonito li- 1 . ·xanheengári cat\1çáua iané mira çuí. Rerekô será uaruá

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- MANUAL
-- DE CONVERSAÇ.~O D.~ Ll1~GUA TUP1
- _______ ?.()
..:.._____,;_ 81 . F ARIS ANTONIO S. MICHAELE

i kyuáu& ? Intimal1ã, intí xare1cô. lVIuníri ( u nasal) çapucaia oikô uahá, orel~ô erundy pinimaçáua itá : iakyra, tauá, çui-
tahá rerekô ? Xarekô peié. Mahã potyra tahá orekô çaque- kyre i murutinga.
. Iakyra omucamehen iané caauuçú i çaarúçáua iané ~i­

na ? Potyra piranga orekô çaquena. Remundú ana será
panacú? Intí xamundú ana al1é. Rerekô será itápuã itá? lntí ra çuí. Tauá ombué opain retama itá iané itajubá (itaiuba)
xarekô ana itapuã-itá. Remucamehcn ixé ne myraçanga. 1ia- yuy-uirpeuára oikô uahá. Çuikyre iepé uaruá iané yuáka
' hã tatapuinha tahá aitá orekô ana? P4itá ·orekô iané .r uakeuá- (yuaca) puranga oikô, i murutinga: nheenga iané catuçáua
ra· tatápui~1l1a. lVfãh~ta penhen pen1ururú ana? Iamururú ana ( catuama) i tenondéçaua, mahãrecê iarekô tecoçáua poranga
tatapuinha i~"lé irumoára çuí. i iucyçáua itá angauára retê.
Mal1ã çoó tahá in.d é r.e.c uau ? Xacuf}u : acutí, i~uaraçú,
çuaçú, iauotí, mycura, macaca i iacaré. Muíri ( u nasal) uauo- TRADUÇÃO:
cauára tahá orekô i altto? I a11to orekô .erundy uauocauára A Bandeira do Brasil
itá.
Intí renupá ixé ! Ixé intí xaxiári, (xiári, deixar) ahé ora- A bandeira do Brasil, que é uma imagem sincera de nos-
çô quahá patuá ne arama. A11á tahá opetec~ oikô nhahã sa terra, tem quatro côres : verde, amarelo, azul e branc9. .
ypáua ? Iané anãma itá opeteca oikô ahé, mahárecê aitá oti.a- O verde nos mostra as matas e a esperança de nossa gen-
cemo potári itá-ueráua-etê (diamante). Mahãrecê tahá (por te. O amarelo ensina a tôdas as nações a nossa riqueza, que é·
que) indé rect1tuca ana çabarú? Xacutuca ana cabarú, ma- subterrânea. O azul é espelho do nosso belo céu. E o branco :
'.
1 T hãrec.ê àhé intí ouatá potári.
1
linguagem de paz e progressq, pois que temos belas tradições
e desejos profundamente espirituais.
LICÃO XI
~


Canto a bondade de nossa gente. Tens espelho e pente ? Mira Pyra (Mira Reté) - Co~po Humano
Não, não tenho. Qt~.antas galinhas tens ? Tenho dez. Que flôr ,
Vocabul'ário : Suá, ruá, rosto.
't em perfume ? A flôr vermelha tem perfume.' Mandaste o Rapity, tapity, !ace.
liuá, braço.
cesto ? Não o mandei. Tens pregos ? Não tenho pregos. Mos- Iiuá catú, braço direito. Pucuáu, membro, apenso.
.t~a-me,a tua bengala. Qt1e Cqrvã9 tinham êles ? ~les tinham o . . Pô (pú), mão. • Mui, (i nasal) dividir. .
Pyçá, dividir em partes.
carvão do nosso vizínho. Que é que vós molhastes? Nós mo- Pô catú, mão direita.
Pô apara ou pôaçú, mão esquer- Pytaçoca, segurar.
lhamos o carvão do nosso companheiro. Opauayrna, infinito.
'. Que animais conheces .? Cpnheço , cutia, loh<>, veado,"· da.
Sacanga ou racanga, dedo. Muiaué (iare), aceitar.
\
cágado, raposa, macaco e jacaré. Quantas rodas tem o auto- Potiá (putiá), peito. Iumine, negar.
móvel dele ? O automóvel dêle tem quatro rodas. Não me ba- Marica, abdomen. Içá, queixo.
Acanga, (acain), cabeça. Py, pé.
. tas ! Eu ~ão ·o deixei levar est~ caixa para tí. ·Quem está ba- Rupitá, tronco.
Ti, ti ( i nasal) nariz.
r
tendo aquele lago? Nossos amigos o estão batendo, porque Iurú, (jurú), boca. Cec.oéçáua, (tecoé), vida.
\
querem achar diamante. Por que tú espetas o cavalo ? Eu o Namí (nambí), orelha. Pyá-ueuê, pulmão.
espeto, porque êle não quer andar. Pyra, ( ceté, reté), teté, corpo. Pirikiti, (i nasal) rim.
••
Saua, raua, cabelo. Papeá, (peá), fígado .
••
• BAND~RA PINDORAMA ÇUt Coaracysaua (guaracyaba), ca- Tuí, (tué), sangue.
belo louro. Retimã ( cetimã), perna.
'Bandêra Pindorama çuí, rangáua çupiuára iané retama Ceçá, ôlho. Yuéra, (anaçumbí), coxa.
t
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' .
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·l "
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!\!!ANUAL DE CONVERSACÃO DA LÍNGUA TUP1


~ 32 33 FARIS ANTONIO S. MICHAELE

Cotiariçáua, gravura. Tymoáua, idem. LIÇÃO XII


• Marangáua, luta. !atire (iumunhã), crescer. Vocabulário : Muíre (u n asal) recuiára tahá?
• Ampé, unha. Acangayma, acéfalo. Pyçãuera, (curera), pedaço. Quanto custa?
Poampé, unha da mão. ~lunducariçáua, govêrno. Çoocuera, carne. Matirí, sacola e . aljava.
Apecum, (ipccô, apecô), líng1.1a. Puraukê (puraky, 1nuraky), Poú, apanhar, receber. "* Iukycy, caldo, sumo.
Ccrnbcçáua (tembeçáua), bigo- trabalhar. Carepiamo, receber. Kua xama, tanga de penas.
de. l\'Iunuca (ntonoc), cort~r. Cicári, buscar, procurar. Yuá (ya), fruta.
Pecanga, pelo. Pau (umb.au), acabar. Pycyca, pegar, segurar. Yua, árvore.
Icuaua, barba. • Mupena, quebrar (dobrando). Auacáti, abacate.
· EXERCÍCIO: (!~rases .com a respectiva trad11ção) Iukyra, sal. .Caiú (acaiú), cajú.
Uhí, farinha. Araçá, araç~. ' •
Ren1unuca quahá mi.apé iané arãma. Corta êste pão para
nós. Puraçái (puracy) oumbauana quahá coema ·pupé. A ~- Ayua, velho, estragado. Iautí-icáua, jaboticaba.
Puxí, feio. Naranyá, la;ranja.
sa terminou esta manhã. Reparauaca coatiariçáua, mahãrecê Kyçaua, rede de dormir. Pacóa (pacob~), banana.
xamundú potári quahá' patuá ne mu (u nasal) arama. Escolhe Pyçá, rede de pescar. Cepy, preço.
a gravura, porque quero mandar esta caixa para o teu irmão. Inimu (u nasal) (inimbó), a li- Iuaiáua (guaiaba), goiaba.
Mira pyra oiupyçá (está dividido) muçapyra pyçauera itá nha, o fio. · A1·aticú, araticum.
Mukaua, espingarda. Andirá (anirá), morcego.
opé; oikô uahá : _a canga, rupitá i pucuau. O corpo humano es- Amaniú (amanyú), algodão. Ya-ceê, melancia. (

tá dividido em três partes, que são : cabeça, tronco e mem- Caui, (i nasal) aguardente. Maracuiá, maracujá.
bros. Acanga opé iarekô: sat1a, ceçá itá, ti iurú, namí itá, ra- Tupaçama, (tupaxan1a ou xa- Auacaxí, abacaxi.
pity itá, içá, ipecô, (apecum), tembeçáua i icuaua. Na cabeça, ma), corda, cordão. Iutilna, planta, erva..
Uirapara xama, corda de arco. Canapá, manga.
temos : cabelo, olhos, nariz, boca! orelhas, faces, queixo, lín- Pitinga, gostoso, delicioso. Airy (ieryuá), côco.
gua. bigode e barba. Pô irumo, iapytaçoca mahã itá (coisas). I1·uçanga, sombra. Muricy, muricí.
• Co1n a mão seguramos as coisas. Repytaçoça qua11á myraçan- · Cepyaçítyma, barato.
ga, mahãrecê xaçô potári ce roca ketê. Segura esta bengala, • 1

porque .quero ir à minha casa. Tuí piranga uahá omehen ce- .PRESENTE DEFINIDO
f .. O presente defi~ido tem construção progressiva ou peri-
'' coécáua. O sangue, que é vermelho, . dá vida. Munducariçáua.
·I
!
'I ~

mira ceíia çuí; entá (seu, deles, delas) marica pupé t~nhên .. frástica. É formado pelo acréscimo do auxiliar ikô (ser ou es-
f
~~

O govêrno de múita gente está na própria barriga. Rupitá . tar) pôspostp ªº· verbo principal~ porém, conio êle, cónj,u ga- '' ( .
t:' opé, iarekô: putiá, pyá-µeuê, papeá, pirikiti, (i nasal) pyá .do. Exemplo: xanhe.engári~ eu canto. Xanh~engári xaikô, e~­
f ,>
i amtl mahã itá. No tronco, temos : peito, pulmão, fígado, rim, tou cantando ou, literalmente, cantando estou,
J coração e outras coisas. Pucuáu itá py i iiuá oikô. Os mem-
(
bros são : pé e braço. Ampé oiatire sacanga opé. As unhas
• ..
LIÇÃO XII
'
1 crescem nos dedos. Suá orekô mocuên rapity itá. O rosto tem Exercício:
duas faces. Iané pyra Õrekô pecanga ceíia. Nosso corpo ·tem Mãhata remunhã reikô ? Repuraukê reikô será ? Penhé
muito pelo. Amú-tetemauára itá orekô coaracysaua. Os es- pepyrepana será peikô? Iapyrepana iaikô. Mãhata aitá oma-
.1 trangeiros têm cabelos louros. Retimã oumbáu yuéra opé. A hã oikô? Muíre (u nasal) recuiara tahá quahá yuá? Intí xa-

••
perna termina na coxa. Uariníçáua oxiári ana munducari- cuau. Mahã yuá tahá perekô ? Iarekô : araçá, caiú, auacatí,
• naranya, pacóa, iuatí-icaua, iuaiáua (guaiaba) i canapá. Re-
çát1a acangayma. A guerra deixou o govêrno acéfalo. Purau-
kêçáua marangáua opauayma tenhên. O trabalho é luta infi- munuca pyçãuéra çoocuera çuí; xaiumacy (estou com fome).

nita. Recarepiãmo ana será yuá itá ne mu (u nasal) omundú ua-

i
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., . ' . . ' '"t' CQUW

MANUAL DE CONVERSACÃO DA LfNGUA TUPf


~ 34 35 F ARIS ANTONIO S. MICHAELE
- - ------'------- - - - -- - - -··-- - - - -- -
• h.á ? Intimahã, intí xacarepiamo ana. Auátá pecicári peikô? Recê, por causa de. Çacacuera, attás.
Iacicári iaikô iané anãma. Aitá orekô kyçáua, pyçá, kua xa- Çaçau, passar. Ketê:-Para (movimento).
ma, matirí i uirapara. Quahá muk:aua ayua, mahãrecê i cepy Petecn, bater, desa1mar. Iauáu, fugir, fugido.
Púri, pular.
n1irim. Andirá ombaú (omat1) araticú. Airy (ieryuá) Bahia
çu~ pitinga i cepyaçúyma. Tapaiuna oiutima auatí i maníaca. EXERCÍCIO:

Intí remunuca nhahã yua (aquela árvore), alié o mehen iru-
çanga i tembiú (timiú). Iamuµhã uçáua (bebida) catú retê IAUARATt OPíRI l\1YCURA RAPÉ
uahá maracuiá i muricy irumo. Ya-ceê yuá tapaiúna çuí; ahé (Fábula extraída de "O Selvagem". de Couto de Magalhães) '·

yuá caríua çuí iuyrj (também) .,Amaniú inimu (u nasal) iru- •


1no, iamunhã ouã ( oba, ropa, isto é, ·roupa) . . Caui (i nasal) (Ne ruaiana omunhã ramé iepé mahã, onhehen ne catu"
intí pitinga, mahãrecê aitá omunhã ahé acaiú irumo. çáua arama, indé ne reiacú).
Mycura, ocekyié, ouatá pituna ramé, anhun. (u nasal).
TRADUÇÃO Iauaraté opiíri mycura rapé, omunhã iepé il!çana, oit1-
Que e:::tás fazendo? Estás trabalhando? Estais compran- , .
muni.
do ? Estamos comprando. Que estão êles vendo ? Quanto cus- l\tlycura ocyca ramé,, iau~raté onhehen ixupé : "Xa piíri
ta esta fruta? Não sei. Que fruta tendes? Temos: araçá, ca- ana iané rapé,, iú recê (por causa)". ,

jú, abacate, laranja, banana, jab<;>ticaba, goiaba e manga. Cor- 1 Mycura, iacú, onhehen : "Aramé (então), reçô tenoné" .
ta Un). pedaço de carne; estou çom fon1e. Recebest~ ·· as., frutas ' Iauaraté oçaçau ramé, íuçana opeteca.
que teu irmão mandou? Não; não as recebi. Quem esta'is ·pro- Mycura opúri ana çacacuera (para trás) ketê, oiat1áu.
curando ? ·Estamos procurando nosso amigo. ~les têm rede
de dormir, rede de pescar, tanga de pena, sacola e arco. Esta • TRADUÇÃO
espingarda está estragada, porque seu preço é baixo. O mor- A ONCA VARRE O CAMINHO DA RAPOSA
cego come araticum. O côco da Bahia é gostoso e barato. O ~

negrQ planta milho e mandioca. Não cortes aquela árvore; (Se teu inimigo fizer uma coisa, e disser qt1e foi para teu
ela dá sombra e alimento. Nós fazemos bebidas muito bôas, l:5~1n, tú te arisques (desconfia).
com ·maracujá e murieí. Melanc.ia é fruta de preto; ela é huta A raposa, de medo, andava somente, durantê a noite.
de branco, ·também. Com"fio, de algodão, nós fazemos roupa~ ·· · A onça varret1 o caminho da raposa, f êz um laço e se
1 mo, iamunl1ã ouã · ( oba, isto é, roupa). Caui (i nasal) tapiyia escondeu.
l
t
de cajú. , Quando a raposa chegou, a onça lhe disse :
J "Eu varri nosso caminho por causa dos espinhos".
e LICÃO XIII
J
A raposa, arisca, disse: "Então, vá na frente".
1 Quando a onça passou, o laço bateu (desfez-se) .
Vocabulário : Catuçaua, ' ' ''
1 Aramé, então (no comêço da lacú, arisco, prevenido, ariscar. A raposa pulou para trás e fugiu.
frase). Ocekyié, com medo.
1 Tenoné (tenondé), ccnondé, na Anhu, nhu ( u nasal) só, , LICÃO
... XIV
•~ ', frente, adeante.
Píri (píirj), varrer.
luçana, laço.
Jumími, esconder, escondido. Vocabulário : Arecê (depois da palavra),
Pé (rapé), caminho. Cyca, chegar. Mahãrecê tahá ? Mahá-arama- idem.
Ramé, se, durante, quando. lxupé, para êle ou ela. tahá ?, Por que? Çuaxara, responder.
Mucatuaua, benefício. lú (jú), espinho. Mahãrecê, porque (resposta). Typy, fundo. . .

'
t

"'"
MANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LfNGU,\ TUPf 3ô 87 F ARIS ANTOI~IO S. MICHAELE
---- - -' -
Ypype, no fundo. Ruaké, junto, perto, ao lado. Não, êles não na mandaram. Ama êle a irmã de Itagiba?
Ocapypc, dentro de casa. Tatáruaké, ao lndo do fogo.
Ocarapc, fora de casa, na rua. Pauçape, na extremidade.
1
Não, êle ama aquela portuguesa e eu amo a tua irmã. Que ave
Uitá, oitá, eitá, nadar. Pé pauçape, no fim do ca1ninho. tendes ? Temos a tua ave. Aonde vais ? V ou à Bahia. Quan-
Auá çupé ou auá arama ?, Amú 1·a1né, algun1as vezes. . do vais ? Hoje ou amanhã. Onde êles estiveram ante-ôntem ?
A que1n? Pcaçú, estrada. l'tles estiveram aqui. Quando reina a paz, basta a palavra. Que
Cul'uté, depressa. Iaçapaua, ponte.
At\pe tenhên, lá mesn10. Enú, pôr.
fêz o nosso chefe ? Êle fêz casas, estradas e pontes. Que vês
Aápe 1nan1é tahá ? lá, onde ? lepé ( cuité), mas.
l
aqui ? Vejo muita gente que está conversando coisas bonitas.
'
Que flôr terri cheiro? A flôr vermelha tem cheiro. Estás den-
EXERCfCIO ~ tro. de casa ou fora de casa ? Estou dentro de casa. Às veze·s ,
Rica11itttlação e. frases novas 'I: estou dentro de casa, às vezes, fora. Luís ll1e respondeu (a
Mahã mulcáua tahá rerekô ? Xarekô mukáua cat(1. ' êle). O chefe está no fundo do rio, mas seu filho não sabe
Acahí orekô será peié iacy itá ? Intimahã, ahé orek:ô peié mu- nadar. Eu não sei bem. Teu pai está em casa (dele) ? Está,
cuên. Aitã omundú ·ana será patuá ? Intimahã, ai tá intí omun- eu te levo lá. Vou para casa. Meu irmão não está em casa
d\1 ana ahé. Ahé oçaiçt'1 será rendera Itagiba çuí? Intimahã, (dele). Falas ligeiro. Minha bela casa fica no fim do caminho.
ahé oçaiçú nhahã Peró cunhã i xaçaiçú ne rendêra. Mahã ui- Onde queres pôr ·esta caixa ? Lá, mesmo. Lá, onde ? Ao pé do
• rá tal1á perekô ? Iarekô ne uirá. Mamé ketê tahá reçô ? Xaçô fogo, em minha casa. Por que êle voltou logo ? Porque não
Bahia ketê. Mairamé tahá reçô? Oiíi o uirandé. Mamé tahá encontrou ninguém. A quem queres dar os animais ? Quero
aitá oilcô ana amu- (11 nasal) kuecê ? Aitá oikô ana iké. Mai- dá-los a êste estrangeiro.
ran1é omundí1 catuçáua ( catuama) nheenga ocyca ! Mãhata ia- LIÇÃO XV
né tuxaua omunhã ana? Ahé omunhã ana oca itá, peaçú itá i ~

iaçapaua itá (pontes). Mãhata re1nahã iké ? Xamahã mira Vocabulário : Oca-mahã-1neengáua, loja.
ceíia opuranguetá oikô uahá mahã poranga. Mahã pot)rra ta- Tupa1·oca (tupanaroca, tupaoca), Mnnguctá, deliberar, aconselhar.
hã orekô çaquena? Potyra piranga orekô çaquena. ~eikô se-- igreja. Cuecatú! agradecido !
Mirapora, cheio de gente. Cuecatú retê, muito agradecido.
• rá ocapype o ocarape ? Ixé xaikô ocarape . .Amú ramé, xail{ô Çu1·á1·a, soldado. , Cocyymauára, antigo.
ocapype, f,UUtí ramé ocarape. Duí oçuaxara ixupé. Tuxaua Çtn·á1·a-J,>aranfi-pora, marinhei- Opai (i nasal) caruca 1·amé, tô-
ypype oil{ô, ma i rayra (filho) intí ouitá cuau (não sa~e na- ro. das as tardes. '
dar). Ixé intí xacuau catíi. Ne rúba (paia) oil{ô será çoca Ma1·acatí-po1·a, mar~heiro da Opai (i nasal) ara opé, todos ·os
1-' upé ? Çupí tenhên, xaraçô · iné aápe. Xaçô ce roca ~etê. Ce armada. dias.
Paranã-ceinbyua, beira-mar. Coema 1·an1é, de manhã.
mu (u nasal) intí oil{ô çoca upé. Iné renheen curuté. Ce roca • Yuymicuí, praia. Caruca ramé, de tarde .
e poranga pepauçape oikô. Mamé reen{1 (en{1, pôr) potári qua- Miramuacaçáua, sociedade. Pituna ramé, de noite. •
1 há papera ? Aápe tenhên. Aápe mamé tahá ? Tatáruaké ce Pyaçuuára, moderno. Uataçáua, marcha, desfile.
roca upé. Maaran1a, tahá ahé oiuire curuté? Mahãrecê intí Muatireçáua, sessão. Iaueteuára, superior.
Icatú (cecuiarayma), grátis. Mbuéçáua, educação, ensino.
ouacemo mira (ninguém). Auá çupé (auá arama) remehen Mbué, rezar. Tecô-pucyrungára, advogado.
potári çooitá ? Xamehen potári quahá amu-tetamauára çupé. Cenoi (cenoin), chamar. Raçocara, transportador.
.•
•• Puçanga-iara, médico. Mbeuçáua, anúncio, aviso.
• TRADUÇÃO DO EXERCÍCIO DA LICÃO XIV Munducáriçáua, govêrno. Mail·í-1·apé-uaçú, avenida.
Que espingarda tens ? Tenho a bôa espingarda. Tem o Munducariçáua-mairí, capital. Ueréua-uára, luminoso.
Po1·epyçáua-oca, casa de negó- Mendoá1·i (menoári), lembrar.
ano dez n1eses ? Não, êle tem doze. Mandaran1 êles a caixa ? cio. Iumendoá1·i, lembrar-se.




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~!ANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LÍNGUA TUPf 38 39 F ARIS ANTONIO S. MICHAELE

EXERCÍCIO ônibus. Lembra-se daquela loja em Manaus, que vimos, quan-


Rio de Janeiro (Carioca), munducaricáua-mairí Pindo- do lá estivemos? Não, não me lembro porque eu era muito
• ~

rama çuí, orekô inairí-rapé-uaçú pyaçí1uára, oc-yuaté-pçú po- criança. Quero escrever uma obra para o ensino superior.
1·anga, mbeuçát1a uerét1apora, tuparoca cocyymauára i yu-
ymicuí mirapora. Oiíi xa1nahan ana çurara i maracatipora ua- LICÃO XVI
• "'
taçáua quahá mairj ocára itá rupí. Mamé k:etê reçô potári ~t1í­ Vocabulá1'io : l\leué rupí, devagar,
re ? Xaçô potári cinema o mir~muacaçáua ketê. Mairamé oiu- Cerna, sair. l\feenga, dádiva, presente.
Çaié ou iandá1·a, meio dia. Ocapy, sala.
pyrun (iupyrun,, <?omeçar) iepeuára muatireçáua cinemá çuí? Pyçaié, meia-noite. T'iaçú, porco.
Intí xacuau, mahãrecê ){apytá okapype pituna ramé. Mahã-
~
Coema piranga, madrugada. t · Nupá, castigar.
recê iaçô tuparoca ketê? Iaçô 1tuparoca ketê iambué arama. Manõ, morrer. Pucaçú, prender de surpresa.
Mãhata cecuiaray1na' Pindorama opé ? Mbuéçáua tenhên ·Kataca, mover. Nupaçáua, castigo.
Pycyca, tomar, prender. l\fen1beca, mole.
(próprio) cecuiarayma Pindorama opé. Tuxaua ocenoi i mi- Cenô, ouvir. Çantá, duro.
rai cera (nome) rupí. Auá tahá ocenoi ana ne mu? (u nasal). Iapy~aka, escutar. Ropeguá, anama, família.
Ixé xaocenoi ana ahé. Apgáua ocenoi çurara omeen mucaua Iuúca, tirar. Cekyndautara (xauí), chave.
aitá çupé arama. Iané muruxaua ocenoicári ana (convocou) Rúri, trazer. Puité, mentira.
Mundá, roubar. lapára, torto.
iané mira omunguetá (munguetá, deliberar, aconselhar) ma- Mundauaçú, ladrão. Apuã, bola.
hã omunhã cuau arama. Maíta reçô ana porepyçáua-oca ce Ambira, vítima. lacuana, sábio.
mu (u nasal) çuí ketê amu- (u nasal) kuecê ? Xaçô ana iepé Uacemo, encontrar. Cuauara, "
raçocara opé, iacenoi "ônibus" quahá. Remendoári será nhahã Iuiuánti, encontrar-se. Uatári, faltar.
Muçarai, brincar. kyuyra ou mu (u nasal) irmão.
oca-mahá-meengáua 1\.1'.anao pupé iamahã uahá, mairamé ia- Icauaçáua, banha. Puracy-oca, salão de baile.
ço~na aápe? Intimahã, xa intí remendoári, mahã-recê xaikô
ana ct1rumim retê. Xamunhã potári iepé munhançáua mbue- Mãhata renhehen reikô ? Que é que estás dizendo ? Xa-
.,
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çaua .'
iaueteuara arama. nhehen xaikô ;nhahã mahã intí uatári. Estou dizendo que isto
é coisa qt1e não falta. Ahé onhehen indé , (ne çupé) reikê ara-
TRADUÇÃO ma. ~le está convidando· para entrares. Mairamé tahá pecyca
' '

O ·Rio de Janeiro, capital do Brasil, tem avenidas moder,- · ana? Quando chegastes? Iacyca ana iandára ramé. Nós che-
i1as, belos arranha-céus, aní1ncios luminosos, igrejas antigas gan1os ao meio-dia. Mamé omanõ ana Rui Barbosa ? Onde
1
1 j e praias cheias de gente. Hoje vi um desfile de soldados e ma- morreu Rui Brbosa ? Rui Barbosa, iané iacuana mbueçara,
J rinheiros pelas ruas desta cidade. Aonde queres ir agora ? on1anõ ana quahá mairí çupé. Rui Barbosa, nosso sábio mes-
( Quero ir ao cinema ou cinema ou à sociedade ? Quando co- tre, morreu nesta cidade. Mãhata reaiapyçal\.a reik:ô ? Xaiapy-
1 meça a primeira sessão do cine1na ? Não sei, porque fico em çaka xaikô rádio puranduba. Que estás escutando? Estou es-
casa, de noite. Por que vamos à igreja ? Vamos à igreja para cutando as notícias do Rádio? Mamé çuí? De onde? Mara-
rezar. Que é gratis no Brasil? O ensino é gratis no Brasil. O canã-nhun çuí. Do campo do Maracanã. Mãhata orekô aápe?
1 chefe chamou sua gente pelo nome. Quem chan1ou o meu Que há lá ? Orekô iepé apuã marangáua aápe teen ( tenhên) .

•• irmão ? Eu o chamei. O homem chamou os soldados para dar- Há uma luta de futebol, lá mesmo. l\1ãhata remunhã potári ?
• lhes espingardas. Nosso presidente convocou nossa gente para Que queres fazer ? Xamunhã potári quahá : xapirári potári
deliberar sôbre o que fazer. Como foste à casa de negócio de quahá okena i cekyndautara irumo, mahãrecê xaikê potári
mei1 irmão, ante-ôntem ? Eu ft1i no transporte que chamamos ocapy popé. Quero fazer o seg11inte : quero abrir esta porta


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_ !V1ANU1\L DE CONVERSAÇÃO D•.i\. LÍNGUA TUPí 40 41 F 1\.RIS Al-lTONIO S. MICHAELE
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com a chave dele, porqt1e quero entrar na sala. Auá tahá cu- .. Pytuú, descansar. Tapixama, vassoura.
rara itá pycyca ana kuecê? Quem os soldados prenderam Ôn- lnaçú, difícil. Pinúpinú, ortiga.

tem? Aitá opucaçú ana iepé mundauaçú oiucá iepé apgaua Munêu, vestir. lJacará (acará), garça.
Iuruári, embarcar-se. Mauêra, (u nasal) intruso.
uahá, omundá i cuiára ariré; cuíre, aitá onupá curí ahé i am- Ruári, embarcar. l\'Jen\by, flauta.
bira anama (família) ocarepiamo curí nhahã cuiúr~. ~les
1

' lupyrú, começar. Cirú, vasilha.


prenderam de st1rprêsa um ladrão que matou um homem de-
pois de lhe roubar o dinheiro; agora, êles o castigarão e ~ fa- · O FUTURO DOS VERBOS
mília da vitíma receberá aquele dinheiro. Maíta ocara itá Como tivem0s ocasião de dizer, o futuro dos verbos se
quahá mairí çut? Como são as ruas desta cidade ? Aitá iapá- , forma com o acréscimo da palavra curí ao presente do indi-
ra retê, aitá orekô quára ·ceíia; iepé (ma) iané tuxáua omu- cativo. Assim, tenho é xarekô, terei vem a ser xarekô curí.
catúru cári aitá amun-kúecê. São muito tortuosas, têm mui- Isto, naturalmente, nas frases afirmativas. Já o mesmo não
tos buracos, inàs o ,nosso prefeito mandou consertá-las ante- acontece nas frases interrogativas, aí ela precede o verbo, vin-
ôntem. Mãhata çuí (de que) iaiuiúca i~áuaÇaua ? De que ti- , do logo depois da partícula interrogativa. Exemplo : Maira-
ramos a banha? Iaiuiúcá iacauaçáua taiaçú çuí. Tiramos a mé tahá curí reiucá ne çapucaia apgaua ? Qaundo matarás o
banha do porco. Ahé onhehen oikô iepé muité, mahãrecê ahé teu galo? Xa iucá ~é curí amun (tt nasal) iacy opé. Eu o
intí oiuiuánti ana ce irumo. ~le disse uma mentira pois êle matarei no próximo mês. 'Mairamé tahá curí iaçô aápe ketê?
-nao se encontrou comigo. Mairamé tahá ? Quando' ? Quahá ' .Quando iremos lá? Xanhehen curí caríua nhehenga amun
coema popé. Esta manhã. Mãhata omunhã oikô ne curumim (u nasal) acaiú opé. Falarei a língua dos brancos no próxi-
it~ ? ~!1e es~ão fazendo os teus meninos ? Aitá omuçarai oi- mo ano.
ko; a1ta upa1n ara (todos os dias) omuçarai meenga iru1no EXERCfCIO:
entá rúba (paia) orúri ana aitá çupé uahá. Estão brincando; Mãhata perekô pemunhã arama? Iané iamundú curí
êles, todos os dias, brincam com o presente que o pai lhes mucuên patuá itá Mandú çupé. Auá çupé tahá (a quen1) re-
trouxe. Ma1né tahá~ opuraçai nl1ahã mira? Onde dansa aque- nhehen ana oiíi ? Xanhehen ana oiíi Duí çupé. Auá çupé .
la gente? Aitá opura:çai puracy-oca popé. Dansa nos salões tahá remehen ana -iepé yuá ? Xamehen ana iepé yuá Arary
de baile. Renh~hen nleué nupí, intí xacendú (cendú, cenú en- arama (çupé). Reiumutári será reiumuhen ce nh~e:z:iga? ln.-
tender):. mahã renhehep. reikô. Fala· devagar, não entendo (1
, timahã, . intí xajumút~ri xaiumuhen ne nheenga, mahareéê
) que estás dizendo. Al1é ócendú ianhehen ixupé uahá. ~l~ ' ahé iuaçú retê (muito difícil). Auá recê tahá (de quem) ahé
co1npreende o que lhe dizemos. Iaçô ! Cúruté ! V amos de•
1 onhehen ana ? Ahé orihehen ana ne recê (de ti). Auá tahá 1
}
1
. pr~ssa !, Coema piranga ran1é, iacenô ana nhehengári ~apu­ Ixé. Patuá oári ana paranã ypype. Enu (tt nasal) aápe (ponha
c~1a. çu?. De madrug?.da, ouv~~os o cantar do galo. Itajubá
aí). Auá çupé tahá repúrú ne papera? Intimahã xapur<i auá
(1ta1uba) ok~taca upa1n a11ga ita (aln1as). O ouro movimenta
todos os esp1ritos. çupé (ninguém). Intí iauacemo (encontrámos) nhahã ~acicá­
ri uahá. Peiupyrú ana será (estais começando) pecendú nhe-

.
LICÃO XVII hengatú ? Iaiupyrú aikô iacendú. Xanhehen será catú ? Ne
renhel1en catú retê. Iaçô ana iamaú (vamos comer). Auá oiu-
•• Vocabulário: Purú, emprestar.
•• Iumutál'i, ter vontade de . Aca, chifre.
muneu ouatá mairípe ? Xaiumuneu uatá mairípe. Remuneu

Ál'i, cair. Puira, colar. ne ropa (mahã). Xamahã ana iané muruxáua. Ma iaué tahá
lpiiima, buscar. Pa1·auá (paraguá), papngaio. ahé (Como é êle) ? Ahé tuiué catú retê. Reruiári será Tupa-
Pitlla, tímido. Pináua, palha. na i iané anga ? Çupí tenhên, xaruiári. Reiuruári ! laçô Piauy
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~fANU1\L DE CONVERSACÃO DA· LíNGUA TUPf 42 48 FARIS ANTONIO S. l\IlCHAELE
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• ketê ! Apecatá. retê .(é muito 1011ge) será ik:é çuí? Intimahã Kypá, (garfo) garfo. Camixá (typoia), camisa.
apecatú· cuíre iaçô ygaraueuê pupé. Mãhata reipiama potári Maité, pensar, julgar. Çaí, azêdo.
Catambyca, justo. · Mucecuiára, refribuir.
Parinti '(i nàsal) çuí? Xaipiama potári parauá, piná9a, aca, éereu, lamber. · Puirí, mexer (líquido). '
puíra, memby i tapixan1a (tapixáua). Mãhata omunhã oikô •.
Ciryca, i.ciyma, liso. laky, mexer (em geral).
quahá mãuera? Ahé opytuú, mahãrecê i maraári retê. Kiá, ikiá, sujo. • Cataca, mexer (corpo).
luiucy, limpo. · Rupitá, parede.
LICÃO XVII Pypupecaçáua, meias. Cuiêra. colher.
~

Tecô, lei. ~lunhipyá (ruiári), obedecer.


Tradução Iumbué, estudar. Mitrunitá, escada.
Xirora-auíra, . calças. '· l\tbaepycycáua (kypã), garfo.
.. Que tendes a fazer ? Queremos mandar duas caixas ao Xirora, ceroulas, cuecas.
Manoel. A quem falaste hoje ? Hoje falei ao Luís. A quem '
. EXERCíCIO ·:
deste ttma fruta? Dei uma f:ruta ao Arary. Desejas aprender ' ' • •
a.minha língua ? Não, não desejo aprender a tua língua, por- Auá tahá ranhên (pressa) ? Quem está com pressa ? Ce
que é muito difícil. De quem falou êle ? tle fal<;>u de tí. Quem . ranhên xaikô. Eu estou com pressa. Ne ranhên _será? Estás
é ? Sou eu. A caixa caiu no fundo do rio. A quem emprestas- com pressa ? Intimahã, intí ce ranhên. Não, não estou. Pe ra-
te o teu papel ? Não o emprestei a ninguém. Não encontrá- nhên será ? Estais com pressa ? Çupí tenhên, iané ranhên.
mos aquilo que eu procurava. E,stais começando a compreen- Sim, senhor, estamos. Çacyára xaikô. Estou triste. Xaikô so-
. -,f·.
der ·o nheengatú ? Estamos começan'do a· compreender. Falo '

ry. ~stou alegre. "Tupãna ocaiçú mira sory". "Deus gosta de


bem ? Falas muito bem. V amós comer. Quem anda vestido, gente alegre". Maíta indé reiacapyca? Con10 te penteias? Xaia-
na cidade ? Eu ando vestido, na cidade. Veste a tua roupa. Vi capyca ce iuáuà irumo. Eu me·penteio com o meu pente. Mai..
, nosso presidente. Como é êle ? É' um velhe muito bom. .Acre-~ ramé tahá reiacapyca ? Xaiacapyca upaín coema ramé. Quan- ,
ditas em Deus e na alina? Sim, acredito. Embarca! Vamos do te penteias ? Eu me penteio tôdas as ina11hãs. ' Muíri ( u
ao Pia11y ! É longe daqui? N~o ~ longe, porque vamos de nasal) recuiára tahá? Quanto custa? 2 .cruzeiros. Xamunhã
avião. Que vai buscar em Parintins ? Vou buscar papagaios, ne pyá. Obedeço-te. lapuuçú iané tecô, çatambyca oikô ra-
palha, chifres, colares, flautas e va$souras. Que está fazendo mé. Obedecemos às nossas leis, quanpo sã.o justas. Capit1ára
êste intruso? Está descansando, porque está muito cansado~ oiana apgaua çuí, mahãrecê omaité apgat1a 'oiucá ahé potá}:i
j "'
1 LIÇÃO XVIII uahá. A capivara correu do homem, porque pensou que o ho-
mem queria matá-la. Auá tahá iané pé-iara quahá uataçat1a
j ' 1 Vocabulário : Iráua, amârgo:

' . '
upé ? Q'u em é o nosso guia nesta viagem ? Intí xacuau, xa-
laua, correr. larpe, além disso. ' çaarú ahé intí oikô ipú iané çuanhana (çuaiana). Não sei.
•1 Pelara (tapeiára), guia. Intima, plantar. espero que não seja nosso inimigo. Mahã remitema tahá reiu- .
.Çuaiana, inimigo. . Iacapyca, pentear. timá? Que planta plantas? Xaiutima remitema ceíia. Pla11to
Tuma~áua, horizonte. ' lupucuau, mans-o.
Remitema, planta. Inharú, bravio, selvagem. .. várias plantas. Remahã reikô será nhahã panamá (paná-paná)
t p,a nápaná (panamá), borboleta. Ti.nharú (tearú), maduro. oiúmu oikô tu1naçáua pupé uahá ? Estás ve11do aquela borbo-
•. Iú1nu, dardejar. Urupé, cogumelo. leta que dardeja no horizonte ? Xamahã xaikô, ahé poranga
: Ceen, doce. ! Xapéua (acangatára), chapeu.
• retê. Estou vendo-a, é muito bonita. Mahã yuá tahá pemaú ?
Pitúa, fraco. Ambiucauára, lenço.
Gan4ni (uanáni), enganar. Cendy (candêa), luz (artificial). .Que fruta comeis? lamaú yuá tinharú. Comemos fruta madu-
Iukyrn-pora, salgado. Ara (ueráua), luz. ra. Ce rocapy (ocapy) oikô ikiá, xamaité ana ahé iuiucy· re-

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lVIANUAL DE CONVERSAC.~0
., DA LÍNGUA TUPf 44 45 F ARIS ANTO:t-110 S. MICHAELE

tê. Meu quarto está sujo, pensei que estivesse bem limpo. Ma- se quer estabelecer com t1ma segunda. Exemnlo : reiumbué
hã ropa (mahã) tahá pepyrapana ana? Que roupa C()mpras- recuiára reit1n1uçarãi reikô. En1 vez de estudares, brincas.
tes? Iapyrepana ana camixá (typoia), xirora, xirora-auíra, Ahé oin1uhen recttlára on111hen oikô. En1 lugar de apren- •
xapeua (acangatára), pypupecaçáua, çapatú i ambiucauára. der, êle ensina.
Co1nprámos camisas, ct1ecas, calças, chapéus, meias, sapatos
e lenços. Muíri (u nasal) rupitá tahá orekô quahá ocapy? EXERCÍCIO:
Quantas paredes tem esta sala ? Quahá ocapy orekô erundy
rupitá itá? Esta sala tem quatro paredes. Mahã pitingáua Ahé omuiuíre rect1iára ce mukaua, ahé ocururuca · ojk8
(gôsto) tahá orekô quahá yuá? Que gôsto tem esta fruta? mairípe. Xaçô potári Culabá ketê, xapytá recuiára iké. Iacaicú
Iepé oikô ceen, amú çaí iuíri (porém). Uma é do'ce, porém a recuiara Pindorama, ianhehen i recê. ''Pe'çaiçú recuiára Tupã-
outra é azêda. Xapit1hga (pitin) uçá\la iraua, i temiú iukyra~ na, pepuraukê peikô iuruparí arama." Ahé oiué recuiára ahé
pora. Gosto de bebida amarga e comida salgada. Tapiyia ore- oiupíri oikô será? Çupí, tenh~n, ahé oiué recuiára ahé' oiu~
kô saua iciyma i pixuna retê. Os índios têm cabelo liso e bem píri oikô. Mal1arecê tahá ahé ouié recuiára, ahé oiu;íri oikô ?
preto. Pixana ocereu oikô camy. O gato está lambendo o lei- ' Intí xacuau, repurandú ixupé (porandú, perguntar). Ce .inu
te. Quahá çoó inharú (feroz) será? ~ste animal é feroz? (u nasal) ornupena ce myraçanga. Auá tahá ocoroca ana a1n-
Intimahã, ahé iupucuau (ahé cerimau). Não, êle é manso (é biucauára xapyrepana uahá arnunkuecê? NeJ manha ocoro-
doméstico). Iamaú cuiera, kicé i caríua (kypá) irumo. Come- ca ana ahé. Ce okií (cunhada) oiíi oiurureu ana iepé me~nga ••
1nos com colher, faca e garfo de branco. Indé reganáni (reua- mah,arecê ah~ omeen potári ahé mira çupé orekô porai11gáua
náni) mira pitúa uahá, iarpe indé remucecuiára iané catu- uaha. Ne anama ocyca ana (cyca, chegar) será? Intí rain,
çáua ipuxyua irumo. Enganas gente fraca, além disso, retri- ah~ ocyca curí quahá pituna ramé, terên rupí (pelo tren1 da
búes o nosso bem com o mal. noite). Roy ara iupyn1ngáua (comêço) memé (sempre) (1npa-
ça1;1a coaracy ara çuí oikô. Amú auá ouitá oikô cuíre iaçapaua
LIÇÃO XIX ruake. Cristo oporará ana opyciron iané arama. Indé rerekô ,
Vocabulário ; !f'. Yuytêra (iuitera, uitera), monte. i11anduariçaua catú; mãhata remunhã nhahã arama ? Nhahã
Te1·ên, trem. ' Iupyrungáua, comêço.
Amú auá, alguém. Cyca, chegar. yuytêra caçakyre (atrás), paá (contan1), ocen10 ana (cerno,
J l lntí raín, airtda não. Porandú, perguntar. nascer) Iracerna, cunhãmucú pora:aga oçaiçú ana iepé Peró ua:.
1
1 ' luruparí, diabo.
Iupíri, subir.
Iué, descer.
Memé, sempre.
l\·l pauçaua, final.
Intí auá, ninguém.
há. Amú-uirandé orekô curí amana . ceíia, rnaharecê ce ramuia
(avô) ocuat1 catú (conhece be1n) mal1ã arnãna çuí uahá. R~~
pytá potári será iké? Xàpytá potári. Recerno será? Xacemo.
j ' Iumbué, estudar. Coaracy-ara, verão. •
Roy-ara, inverno. M~hata i~ç~ iamunhã ne penga (cunhado) porepyçaua-oca
• Muiuíre, restituir.
Çoroca, rasgar. Amana, chuva. ?Pe ? laço iapyrepana pytyma i tatá (lttme, fósforos). Xa
• Pena . (mupena), quebrar, do- Uitá, nadar. iuy:~ r~é, iaiunhehen. Ma!ramé tahá reiuyre ? Ixé xaiuyre
brando. lururéu, pedir. cur1 iepe iacy pauaçape pupe (no fim de ~rn inês).
Mpuca, quebrar, forçando. Porará, padecer. ·
Poraingáua, necessidade. Pyciron, salvar.
Pyraçuaçáua, miséria. Yapúmi, mergulhar. LIÇÃO XIX
Manduariçáua, memória. Cururuca (angaú), murmurar.
TRADUÇÃO
NOTA - Uso de Recuiára, em vez de, em lugar de. Usa- Em vez de me restituir a espingarda, êle está murmuran·
-se Recuiára posposto ao verbo ou outra palavra, cuja relação do pela cidade. Eu quero ir a Cuiabá, en1 vez de ficar aqui.


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I\fANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LÍNGUA TUP:f 46 47 F ARIS P._NTONIO S. l\•l lCHAELE

Em vez de amar-mos o Brasil, nós falamos dêle. Em vez de Aiury, reunião. .. lké, aqui.
amardes a Deus, estais trabalhando para o diabo. Em vez de Apucá, rir. Mími, alí.
Çacapira (racapira, rapecó), pon- Aápe, acolá.
descer, êle está subindo ? Sim, senhor, em vez de descer, êle ta. Ramé, então.
está subindo. Por que é que êle está subindo, em vez de des-
cei: ? Não sei, pergunta-lhe. Meu irmão quebrou a minha ben- GRAUS DOS SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS
gala (myraçanga). Quem rasgou o lenço que eu comprei an-
te-ôntem ? Tua mãe o rasgou. Minha cunhada, hoje, pediu Comparativo e Superlativo
uma dádiva, porque ela qtier dá-la à gente que necessita. Teu F'ormamos o comparativo de superioridade com a pospo- "'
amigo chegou ? Ainda não, êle chegará de trem, esta noite. o· sição de pyre ao adjetivo.
. '·
-comêço do inverno é sen1pre o fim do verão. Alguém está na- 1
Exemplo : Quahá curumim catú pyre nhahã cuí. ~ste ra..
dando, agora, perto da ponte. Cristo padeceu para nos salvar.. paz é melhor do que aquele (êste rapaz bom mais"aquele de).
Tú tens bôa memória; que fazes para isso. Atrás daquela O comparativo de inferioridade é formado pela posposi-
montai1ha, contam, nasceu Iracema, a bela moça que amou um ção de 111irim pyre. Exemplo : Aitá opuraukê mirim pyre ce
português. Depois de amanhã, haverá muita chuva, porque anãma çuí. l!:les trabalham menos que meu amigo.
meu avô conhece bem coisas de chuva. Queres ficar aqui ? ·
Quero. Vais sair ? Vou sair. Que vamos fazer na casa de ne- NOTA:
••
gócio de teu cunhado ? Vamos comprar fumo e fósforos. l\'.lirim pode, também, traduzir a palavra pouco, quçindo
Quando eu voltar, falare1nos. Quando voltarás? Voltarei, den.- a ação .verbal não se tenha co1npletado, como, igualn1ente, jun-
tro de um mês. to ao adjetivo. Exemplo : Xambué ana mirim, xapuraukê ana
mirim,
, .xapucá a11a mirin1,
. . .xakéri ana inirim,
. . catú mirin1, ue-
LIÇÃO XX ~

ra m1r1m, poranga mrr1mJ apucaçara-m1r1m, etc. (rezei pou-


Vocabulário: Tenondé (tenoné), antes, em co, trabalhei pouco, ri pouco, dormi pouco, pouco bom, pouco
l\'.tucerane, vencer. frente. brilhante, pouco bonito, pouco hilariante, etc. Igualmente, ~

Pucú, longo. Uirpe, de baixo. palavra xinga po4e expressar -diminuição no verbo e adjeti..
Pu1·acá, carregar. Oca openaçape, no canto da ca- vos. Exe1nplos: remuçarãi xinga, reçarú xinga ixé (brinca
Pu1·acári, carregar (por ordef\S sa.
alheias). · , latúca, curto. um pouco, espera-me um pouco (reçaarít). · ,
Ueuê, voar. Çáué, podre. O comparativo de igualdade forma-se, antepondo-se maí
Çupire, carregar às costas. ~Ierú, mosca. à palavr.a, e pospondo-se-lhe iaué: inaí quer dizer como, e.
Ipuí, fino. Puuçú (puaçú), respeitar, obe- iaué significa igual ou bem. Exemplo : Ahé ouatá ana será •
lporayma (typy), vazio. decer.
T y k y r a, (pypyca), gota. Pucena (pucé), pêso. maíiané iaué ? Êle caminhou tanto como nós ? Kuecê iapu-
Ocará (uacat'á), garça. Miraceiá, multidão. raçái ana maí ne iaué. ôntem, nós dansámos tanto qua~to vo--
Cen1utára, licença. Embyraiçaua, nascimento. cê. Xamaú ana maí ne iatté. Comí tanto quanto você.
Ciky, puxar. Ixé iru·a, eu sou o dono. Superlativo.
Quaiayra, pouco, pequeno. l\funáni (poé), misturar.
Tu1·uçú, muito. Macaca, macaco. É formado com o acréscimo de etê, que se transforma em
Curêra
,
(yuypui, (i nasal) piuira,
. laçúca, lavar. retê, quando vem precedido de vogal átona. Exemplo : puxí-
po, poeira. Iuiaçuca, lavar-se. etê, feiíssimo, e poranga-retê, belíssimo.
Icaí, estreito. Tendaua (rendaua), lugar. •
Yuype, em baixo. Aiury-tendaua, lugar de reu- Aumentativos e din1intttivos.
Ruaké, de lado. nião. .. e mi1im.
Tur11çú
'

....
......
.

MANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LíNGUA TUP! 48 49 FARIS Af1TONIO S. I\.fICHAELE
·- -- - - - -- ~

A abreviação de turuçú e açú ou uaçú. Com esta termi- tári ne irumo I'..ianao ketê. Mamé catí1 (até onde) tahá aitá
nação, forma1nos superlativos. oçô ? Aitá oçô curí Paranã ketê catú. Mairan1é catú (até
Exemplos : tan1anduá-açú, paraguaçú, Iguaçú, pyauçú, quando) tahá repuratikê curí n1ími Ceará opé ? Nhahã inti-
etc. raÍ11 xacuau cuyre (cuíré). Marãma tahá aitá oon1pú ana (to-
Mirlm não sofre alteracão : tamanduá-mirim, taquara-mi-
~
car, mandar embora: on1pú) iniaçtla (criado) ? Aitá oompú
rhn, paranã-1nirim, etc. ahé, mal1arecê omundaçú iané cuiara. l'v1uíre (u i1asal) tahá
O sufixo i também é dhni11utivo. Exe1nplo : Itaí, pedrinha, ahé odevere (meen-cuau-cecuiara) iané? Alié odevere iepé
taquarí, etc. papaçát1a cruzeiros. Curu1nirim xh1ga, ahé oçô ouatá nhu ( u
EXERCÍCIO: nasal) rupí. Amu- (u nasal) uirandé, iaçô curí Can1etá ketê,
Erundy ara ipucú retê será ? Ipucú retê, cuité oçaçau mamé iapytá potári erundy ara rupí. Mãhata pepytá remu-.. •
curutém (curuté). Auáta oikô uana pucú (longo) pyre, iné o nhã .aápe ? Iapytá iapytá recê. Renhehen meu é rupí (de va-
aitá ? Aitá oikô uana pucí1 mirin1 pyre ixé iaué. Reú potári gar). Xamehen meué rt1pí, ixé intí xanl1ehen curuté. Rexiár-i
será camy ? Enun quaiayra (Ponha um pouco). Enun turuçú. (xiári, deixar, largar) quahá papera, ahé ce mahã ! Quecatú
Enun patttá quahá myrapéua uirpe. Enun ahé myrapéua ári- retê Tupãna çupé, nheengatú intiraín on1anô-ana ! "Ara am{1.
pe. Xae11un ahé curí oca openaçape. Remahã será ocará ara riré", intí crek:ô quahá çupiçáua n1aiaué. Xanhehen çt1pi~
oueuê reikô uahá aápe ? Çupí tenhên, xamahã ahé. Quahá çaua, çupiçáua nhunto (só) iuyre. Ixé intí xaiuçarain ce anã- ••
ara upé, Caxias ocemo ana iané çuanhana (inimigo) omuce- ma itá. Quahá cu11hamucú puxí i angaí oik:ô (a11gaí, magra).
rane arama. Embyraiçáua Cristo çuí oikô ana pituneté (trevas) ,
pauaçáua. Miraceiá oçapucai-ana munducariçáua-oca tenon- TRADUCÃO: ~

dé, oiurureu ana çatambycaçáua. Intí repuíri iukycé, orekô Quatro dias é muito tempo ? É muito tempo, mas passa
merú ceíia quahá ocapy pupé. Mahãrecê tahá ahé opucá oi- de pressa. Quem se demorou inais, tú ou êles ? Êles se de1no-
kô ? Intí xacuau. Cuíre iandára, macaca otomunheen ( tomu- raram tão pouco quanto eu. Queres beber leite? Põe tim
nheen, assobiar), itanhaên (panela) tatá áripe (aarpe) oikô, pouco. Põe muito. Coloca a caixa debaixo desta mesa. Eu a
iané marica (barriga) iporayma. Quahá pana (pano) inimú · cblocarei no canto da cas~. Vês a garça que está voando aco-
turuçú (grosso) retê,· ne mahã (o teu) ipuí, mahárecê ahé coa- lá ? Sim, eu a vejo. Neste dia, Caxias saiu para vencer o
racy-ara arama tenhên. Pi:n:úpinú oçapy ana curumim retimã, nosso i11imigo. O nasc;in1eµto '·de Cristo foi o fin1 das trevas~
1 1 nlairall)é aitá oçô ouatá n.h u (u nasal) rupí (pelo campo). A multidão gritàvá em frente ao palácio do govêrno, pedindo
1
LIÇÃO XX justiça. Não mexas o caldo, há muita mosca nesta sala. Por
que está êle rindo? Não sei. lVIeio dia, macaco assobia; pa11e-
Tupãna xaiçúçáua recê (pelo a1nor de Deus) ! onhehen . la no fogo, barriga vazia. O fio dêste pano é muito grosso, o
ipyraçúa, remeen iepé potáua ixé arama, penhé mira mbaetá- teu é fino, porque é próprio para o verão. A ortiga queimol1
iara (rica) ! Indé iára será quahá mahaitá (coisas) ? Çupí, te- a per11a das crianças, quando elas estavam andando pelo cam-
nhên, quahá mahãitá paua ixé iara. Ahé ocuau potári mahã- po. Pelo amor de Deus ! disse o pobre, dêem-me uma esmola
recê intí iaporunguetá ahé irumo. Ahé oçupíre iepé patuá
,
sois gente rica. Es dono destas coisas? Sin1, senhor, sou do-
' •
puc{1 i pucé uahá. Mahã tendáua tahá iké ? Iké aiury-tendaua no de tôdas estas coisas. ~le quer saber por que não falan1os
tenhên. Quahá ocára pucú i icaí oikô, cuité (porém) intí apá- com êle. í!;le carrega às costas uma caixa comprida e pesada.
ra. Auá aitá çuí oikô turuçú? Ce _mu (u nasal) turuçú, Uby- Que lugar é aquí ? Aqui é justamente o lugar de reunião. Esta
rajara iatúca i ikyra (gordo) oikô. Intí ouatári mira oçô po- rua é comprida e estreita, porém não tortuosa. Qual deles é

.


-
.
.

~!ANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LtNGUA TUPf 50 51 FARIS ANTONIO S. MICHAELE ,

grande ? Meu irmão é grande, Ubirajara é baixo e gordo. Não Ixé ce maraári, estou cansado. - Ce iumacy será ? Tenho eu fome.
falta gente que queira ir contigo a Manaus. Até onde vão Ixé intimahã ce maraári, não estou cansado. - Ce y ceí, tenho sêde.
êles ? ltles vão até o Paraná. Até quando trabalharás no Cea- Ahé maraári oikô será? Está êle cansado? - Ne y ceí será? Tens sêde.
rá ? Isto eu ainda não sei. Por que êles tocaram o criado ? Iané maraári iaikô, estamos cansados. - Intimahã ce y ceí, não tenho sêde.
Êles o despediram porque êle roubou o nosso dinheiro. Quan- Aitá omaraári oikô, êles estão cansados. - Ixé ce repocy, tenho ~ono.
to êle i1os deve ? ~le nos deve cem cruzeiros. Daqui a pouco, Ixé çacú, tenho calor - Intí ce repocy, não tenho sono...
êle irá passear pelo campo. Depois damanhã, iremos a Came- Ixé intimahã çacú,' nã? tenho calor. - N~ repocy será? Tens. sono?
tá, onde ficaremos durante quatro dias. Que ·ficareis fa~endo ' Çacµ será iné ? tens ~ tú .~alor ?. - Ixé ~atyn xaikô, j;enho vergonha . .
1~? Ficaremos por ficar. Fala de vagar. Eu falo de vàgar, não :' Ixé ce ruy (roy) / tenho "frio. - Intirnahã · retyn, nãp tens . vergcnlha. '
falo depressa. L~ga dês te papel, é meu ! Graças a Deus, o Ixé intimahã ce ruy~ não tenho frio. - Intimah'ã r~tyn, não tens v~rgonba. ·. ' '·
tupí ainda não morreu! "Um dia depois do outro", nada há Ne ruy será'! Tens frio? - Xa tyn xaikô s~rá? Tenho eu vergonha?
como esta verdade. Falo a verdade e somente a verdade. Eu Kyrirí, silêncio. Ticangat sêco (líquidos). - lxé xa cekyié, tenho medo.
não me esqu.eço dos amigos. Esta moça é feia e inagra. Mira okyr~rí, a gente calou,-~~· ~ I~é intimahã xa cekyié, não tenho medo.
Aitá okyrirí (o iucuatuca ana) itá-pe-açú rupí. tles se calaram pelas
PARENTESCO calçadas. - Paraná oiuticanga oikô, o rio está secando. - Recekyié
Tuba (1·uba), paia, pai. Ta y r a n g á u a (embyrangaua), será? Tens · medo? Intí recekyié, não tens medo. .
' •
- Cy (ty), manha, mãe.
Rendêra, ir;nã (quando é o ir-
mão quem fala).
afilhado, afilhada.
Rayrangaua, embyi·angaua, en-
teado, enteada.
'
An1u, (u nasal) irmã (quando é Paia-munhangára, padrasto.
a irmã quem fala). Manha-munhangára, madrasta.
Mú, irmão (quando é o irmão Rayra, filho (quando fala o ho-
quen1 fala). mem).
Ykuyra, irmão (quando é a ir- Membyra, filho (quando fala a
mã ,quem fala). mulher).
Tutyra, tio. Temianino (temiarirú), neto, ne-
. . Aixé ( ccira), tia. ta.
Ratyua (tatyua), sogro. Paiangáua, padrinho. •
ri>
Taixô, sogra. Manhangaua, madrinha.
'fayra mena, genro (para o so ...
• J
Mena, marido.
lle1nii-icó, espôsa. gro).
:Cuaiára, cunhado. Peúma, genro. (para a sogra).
Okía, cunhado (da mulher). Taituy, nora (da mulher).
Okií, cunhada. Ce rayra rcmiricó (do homem).
Ta111úia (ramuia, çamuia), avô.
Arya, avó.
.
Para a ,tia o homem pode dizer :
ce ra1xo.
Pcnga, cunhãn1íra, sobrinho. Para a tia a n1ulher pode dizer :
lyra, sobrinha. ce rnendyua.

FRASES FEITAS :

Recoin aápe ketê ! -· Vá para lá! - Ixé ce iumacy, tenho fome.
r Maraári, cansado. Intimahã ce iumacy, não tenho fome. ; •
Ne maraári será? Estás cansado? - Ne inmacy será? Tens fome?

1 ' . V ,



• .....,.....-~-- ........,......,.._,....,,,.
,,, ·\, - --~-::L.

-..- -.-~~--·,~!'- . . .•

ÍNDICE.

, . •
P ag1nn
l'J\TT.RODtlÇ.rf O ........................... · ~ · · · · · 9 ERRATA ' •

J.ição I - Suf'i.xos ............ · .....•......• t


15
f
II - 'fEêTmos Co11i1ins · 16
•"
1
• ••••••• • : •• ••• •1 • ••

'
" III " ( c'o nti nttação) ......•
1
18 ·~ r

. J' erbo . . e p ossesszvo


Ser - .R· estrit1vo . ..
" ' :tV - ~
19 " N'a página 16 (Vocabulário da lição II) , onde se lê l\'luni r1
" V - Interrogação e Frases F'eitas ......... _ ~;e (muíri), quando, leia-se : Muniri (muiri), quanto.
'
" VI - P erbo Querer ................. ~ .. ~ ~4 Na página 21. Da terceira linha do texto' tupí à quinta, de- • • •

" VII - Advérbios e Frases Feitas ..........• YJ(J ve-se ler: xacuau, ahé ocikynau ana okêna-mirim.
Recuau será quahá apgáua ? Çupí, tenhên, xacuau
" VIII - Exercício I nteira1nente em Tupí .....• 27
ahé. Muíri (u nasal) poranduba-papéra -Rio orekô ?
" IX - A Bande·ira do Brasil ..............• 28 Rio orekô poranduba-papéra ceíia: ' 'Diário de No-
" X " " ( co1it;nuação) .. ~9 tícias' ', etc.
" XI - O Corpo Hum.ano .....• ....... ..... 81 •
" XII - Presente D efinido .....•..•.....•.. · 38
Na página 25 : elimine-se a penúltima linha do texto tupí.
'
Na página 29: onde se lê peteca, idem, leia-se: peteca, bater.
" XIII - Unia Fábula 1'upi ......... · · · · · · · · · 34 1

Na página 31: na sétima linha, deve-se ler: (catuama) i te-


" XIV - R ecapi•t" u l açao
- ...........•
t , ....•..• 35 nondeçaua çuí, mahãrece .. . •

" XV - Têrmos para .~ '
a T7 ida'Cit,iliza<la . 1 • • • • • • 37
' ' ' Na página á5 : na primeira liQha, leia.:.se: çacacuera.
'' :XVI - Y.erbos" •·••........ • •.•..... · ~ . · .. • 39
XVII - O Fu'turo dos P e·rbos ...........•..• 40 Na página 39 : na nona linha do texto tupí, onde se lê . . .
"
reaiapyçaka reiko, leia-se: reiapyçaka reiko.
" '
XVIII - ( /on.-ve· -
r ,çactio •....•.••...•...•....•

42 •
Na página 48 : onde se lê a abreviação de turuçú e açú, leia-
" XIX - I diotÍ/;mos ....................... . 44 -se : a abreviação de turuçú é açú.
e
XX - Grúus dos Sub.stanti1JOS e Adjetivos . ... 46

• Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai


www.etnolinguistica.org

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