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Manual de Conversacão
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Lliingua Tu pi. .....~
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1aris .4nrauio S. Jtlichaele
- - - - - (do P. E. N. Clube do Brasil) - - - - -
tSTE É O PRIMEIRO LIVRO de uma coleção que receberá •
o nome de B rasílica.
COMO SE PODE FÀCILMENTE VERIFICAR, se bem ra- 1
reiem as produções referentes ao assunto, os estudos de fundo •
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ameríndio estão, cada vez mais, despertando ir..~erêsse nas várias
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camadas culturais.
É QUE, AO CONTRÁRIO DO QUE PROPALA certa pseu- 1 :J
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• ros e mil e uma atividades decorrentes da fixação do homem à
terra descoberta, adquirem aos nossos olhos relevância considerá-
vel. De outro lado,- não há negar, igualmente, o prestígio que os
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idiomas da família tupí-guaraní estão gozando na terminologia
científica internacional, bem como no atinente à vastíssima lite-
• ratura que os mesmos já têm desenvolvido, como seja o ciclo
•
dos contos, lendas e trovas precolombianas, e a variedade jesuí-
tica dos autos, preces e hinos, para não falarmos nos modernos
• movimentos paraguaio, correntino, etc., em idioma guaraní.
MAS, PELO LADO AFETIVO CUMPRE, também, cultue-,
mos a lín_gua de r..:>ssos maiores.
NINGUÉM IGNORA que o sangue indígena anda em mi-
lhões de indivíduos, falsamente brancos, dêste imenso Brasil.
DA MARAVILHOSA ESTIRPE CABOCLA, eram ou são :
Euclides da Cunha, Coelho Neto, Capistrano de Abreu, Rocha
Pombo, José Veríssimo, Franklin Távora, Odorico Mendes, João
Francisco Lisbôa, Augusto de Mendonça, Adelir.D Fontoura, Flet-
• •
riano Peixoto, Quintino Bocaiuva, Benjamin Constant, Diogo
Feijó, Tibúrcio, Osório, Prefeito Pereira Passos, Cardeal Arco-
Verde, D . Romualdo de Seixas, Padre Ibiapina, Pedro Américo, •
Carlos Gomes, João Mendes, Felipe Camarão, Tibiriçá, Jerônimo ~diçõr.s ~uclídíona.s (~ibliotrra JSrosílfra)
Albuquerque Maranhão, Assis Brasil, Brandão de Amorim, Basí- CEITRO CULTURIL "EUCLIDES DI CUIHI"
lio da Gama, Pontes de Miranda, General Cândido Rondon, Érico l'O NJA GllOSSI - PIRINA • BRASIL
19 õ 1 •
Veríssimo, etc. etc. Em suma,, as maiores figuras da nacionalida-
de, algumas falsamente inclU:das em outras etnias, por indivíduos
pouco escrupulosos.
Vt-SE, POIS, que realiza obra das mais patrióticas a firma
Montes & Pcreit·a. -· ·- ..
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vidaqe, valeu-lhe o
reconhecinlento- ge-
J·al de entidades
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culturais nacionais•
e est1·angeiras, su-
bindo a mais de,
dua~ dezenas os di-
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plomas, ms1gn1as e
tít:ulos honoríficos,
'J.Ue das mesmas lhe
têm chegado.
Além de esc1:i-
tot, exe1·ce ainda o
magistério no Co-
légio Regente Fei-
jó e na Faculdade
de Filosofia de Pon-
ta Grossa.
Deve-se, do mes-
mo modo, à sua di-
nâmica atuacão a.
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.. Manual .de conversação da língua tupí
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Ã' sagrada memória de meus pais.
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Academia Riograndense de Letras ()
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Centro Cultt1ral "Euclides da Cunha", Ponta Grossa, Paraná s
Grupo Americanista de Intelectuales y Artistas, (?~ontevideo: ,,
Uruguai)
Confraternité Univer~elle Balzacienne, Montevideo, Uruguai
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Centro de Letras do Paraná, Curitiba, Paraná
e
,.. Academia de Letras "José de Alencar", Curitiba, Paraná
Associação de Intercâmbio Intelectual, Guiratinga, Mato
Grosso e
Sociedade Brasileira de Civismo, Rio de Janeiro
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Te:mplo dei Magnati Bibliofili, N apoles, Itália •
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Instituto de Cultura An1erieana, La Plata, Argenti11a ,,'
Centro de Letras ''Malba Tahan", União da Vitória, Paraná·
Centro Cultural Inter-Americano, Ponta Grossa, Paraná
Associação Internacional de Imprensa •
Ordem dos Advogados do Brasil
Magistério da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ponta Grossa, Paraná lf
Académie Ansaldi, Paris, França --
Ordem de los Insignidos de América, Buenos Aires
Centro Cultural "Humberto de Campos", Espírito Santo,
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Estado do Espírito Santo. I
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1ª. Série ( 20 Lições) .
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1i INTRODUÇÃO '
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MANUAL DE CONVERSAÇÃO D.-\ L1NGUA TUPf 10 11
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F ARIS ANTONIO S. MICI1AELE-~~~~....:;_
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80. 000; Misiones, 100. 000 e Santa Fé (Norte), 620. 000; Bra- .
3a~ana
- ou parra jacana; icica ou icicariba; camará, cambará ou
sil : 50. 000 (Mato Grosso, Paraná e região limítrofe em ge- lantra camara; baraúna ou melanoxilon baraúna; aratinga ou
ral). Total para o guaraní : aproximadan1ente 3. 200. 000. aratinga lutrens; copaiba ou copaifera reticulata; jarana ou
Agora, vejamos o Nl_ieengat{l. cl1ytroma jarana; etc.
Mas, o qµe nos interessa, no presente momento, não é se- Vocábulos pop:u lares, em uso em quç:i,se todos os idiomas
não o Tupí Moderno. A respeito do Guaraní voltaremos a fa- modernos, sao: emé,r, tapio.ca, jaguar, curare, tucano, etc. .
lar, quando, no fim d.ê ste curso, tratarmos ·da literatura de '
ambos os ramos, uma das mais ricas do mundo, ainda que pa- SONS TUPiS PECULIARES
reça 1nentira.
Três são os sons tupís de maior dificuldade : o Y ( tam-
o bém representado por um I com trema), o H aspirado e o R
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TU Pi MODERNO
(Suas peculiaridades e vantagens que defluem do seu estudo)
• brando (meio têrmo entre o Rh dos nordestinos e o R da pa-
lavra PARA).
O som do Y pode ser obtido da seguinte maneira: " ..•
O tupí, como todos sabem, apresenta certas peculiaridades
de fonética e construção, que iremos ver mais adeante. Tal, abra-se a boca, encolha-se a língua, contraiam-se os lábios, e
porém, não obsta a que seja êle aprendido com relativa faci- .. pronuncie-se o Y na .garganta" (Couto de Magalhães - "O
lidade e interêsse, não só porque seja falado por muitos bra- Selvagem", página 2).
sileiros ainda, como pelo fáto de capacitar-nos a que interpre- Mais simples é o nosso processo : imobilize-se a língua,
• encostando-a ao céu da boca, e pronuncie-se o Y guturalmente.
temos as nossas designações toponímicas, os nomes de repre-
sentantes dos três reinos da natureza e a própria história pá- O H aspirado não oferece nada de extraordinário aos
tria, em seus múltiplos episódios e fatos decisivos. alu:µos de inglês. E o mesmo poderíamos afirmar, no que se
Tãp notável é a contribuição 1 do tupí à terminologia cien- refere ao R brando, o q'l,lal ja:µiais conhece a aspereza que aos
1\ tífica, que, segundo · o Dr. Moisés Bertoni, sábio estudioso da R;R costumam ~ar os brasileiros do sul. . • · .
linguística tupí-guaraní, não pôde Linneo, certa vez, ao clas-
1
sificar o reino vegetal, esconder a sua admiração, deante da ' PECULIARIDADES SINTATICAS
riqueza da nomenclatura dessa origem.
As principais peculiaridades sintáticas do tupí moderno
e
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Na verdade, depois da latina, é a que figura hoje com
40 % na classificação científica do reino vegetal e, con1 forte -
sao:
1 contingente também, no animal. a) A posposição das preposições. Exemplo: Iauára Peró
Como ilustração, apresentemos os seguintes têrmos, re- çuí (cão Pedro de) , o cão de Pedro. ·
b) O pronome relativo e a conjunção subordinativa, co- .t
lativos a um e outro : .
-- Capivara ou hydrochoerus capybara; tapir ou tapyrus mo a maioria das conjunções, são usados no final do perío~o.
Exemplo: Uirá oueuê oik.ô uahá pora11ga retê. (A ave que
• americanus; mandioca ou manihot utilíssima; ipecacuanha ou
cepl1oelis ipeca; cutia ou dasyprocta aguti; ananás ou brome- está voando é muito bonita) ou, literalmente, "a ave voando
lia ananas, gênero ananassa; ingá-assú ou ingá cinnamonea; J) está que bonita muito".
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Três são os tempos primitivos dos verbos em nheengatú Os adjetivos 4emonstrativos são tão simples quanto os
ou tupí moderno : o presente do indicativo, o pretérito per- ingleses:
feito e o futuro. Dêstes, com a adição de certas partículas, se Quahá, êste, esta, êstes, estas, e Nhahã (aquele, aquela,
formam inúmeros outros. É claro que tais partículas, designa- aqueles, aquelas.
•
tivas de tempo, n1odo, condição, etc., não se aglutinam com o
radical, cerno em muitos dos idiomas que conhecemos. ADJ· ETIVOS POSSESSIVOS
Logica1nente, todos os tempos se reduzem à forma infini- . .
tiva, pelo que, sem exagêro, poderíamos dizer que só esta é Os adjetivos possessivos são : ce, meu, minha, m~us, mi-
primitiva. Exemplo REKê) p ter. XA-REKô, tenho, XA- . nhas; ne, te,u, , tua, teus tuas, i,. seu, sua, etc.; iané, nosso,, nos-
REKô .A.N~, tive, XA-:REI{ô CURf~ ter'ei. ,• , sa, nossos, nossas; pe, vossd, vossa, vossos, vossas; enta~ seu
Conjuguemd's, então~ o mencionado verbo no presente do (deles), etc. '
indicativo: xarekô, tenho, rereltô, tens, orekô, tem (êle, ela),
iatekô, temos, perekô, tendes, aitá orekô, têm (êles, elas). NUMERAÇÃO (CARDINAIS)
Como é fácil verificar, a conjugação ~ feita por meio de
prefixos, que correspondem às nossas desinências. Os prono- • Existem dois processos de numeração : o quinquenal e o
mes pessoais do caso reto são dispensados, em virtude da ex- decimal.
trema clareza do idioma. Apenas, a terceira pessoa do plu- O quinquenal é o seguinte : iepé, um, mucuên (mucuin),
ral é usada: "aitá". Isto para evitar confusão com a terceira dois, muçapyre ou muçapira, três, erundy, quatro, pô ou iepé-
do singular, que tem o mesmo prefixo. Os pronomes pessoais pô, cinco, pô-iepé ou iepé·pô-iepé;, seis, pô-mucuên, sete, pô-
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-•-1 isolados, tomados em sentido absoluto, são : ixé, ~u, indé ou muçapyra, oito, pô-erundy, nove, mucuên-pô, dez, mucuên-pô·
iné, tú, ahé, êle, ela, iané, nós, penhê ou pehen, vós, aitá, êles, iepé, onze, etc. Como se vê, é assás aborrecido. Mas, há o
elas". mais simples, que é o mencionado decimal. Ei-lo :
Agora, o futuro simples : xarekô curí, terei, rerekô curí, Iepé, um, mucuên (mucuin), dois, muçapyra, três, erun·
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LIÇÃO II Intimal1á inti xacuau ahé. Penhen pematt sera rra . up1,
VOCABULARIO : tenhên i~1naú ahé. Acaiú orekô será peié iacy itá? Intimahã,
Ira, mel. • Muníri (muíri), quando, quan- ahé or~kô peié mucuên. Curytyba mairí o taua (taba) será?
Iauára, cão. ta, etc. (0 u aqui, é nasal).
Cabarú (cauarú), cavalo. Muníri (u nasal) (muíri) ..• Curytyba mairí poranga. Ma_?ã nheenga :ah~ , ianhehe? ?
Pixãna, gato. tahá, quanto ? Ianhehen caríua nheenga. Maha nheenga taha a1ta oparauaca
Piranga (pitanga), vermelho. Caríua, homem de raça branca. nna? Aitá oparauáca ana nheengatú. Inê recuau-papér~
Maniáca (manioca), mandioca. Tapaiúna, negro. (reançaan) o rec~atiare será? Xacuau-papéra (xaaçaan) iepe
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.domestico. Mirim, pouco (parte duma coisa). Ce catúnte. Amú auá orekô será cuiára ceíia ? Intí auá. Ixé
Myrá (ubyrá, mbyra), madeira, Mahan, ver,
, Ço, ir. xarekô será mahã catú ? Intimahã rerekô mahã. Muíri ( u na-
p au.
lutyca, batata. Xipiá, olhar. sal) myrá tahá rerekô? Xarekô quaiayra. Muú·i (u nasal)
Ypáua (ypaba), lago. Maira:né? quando (usado com bejú tahá orekô ? Ahé orekô mirim. Rexipiá mairamé, iné
Uirá, (guíra), pássaro. tahá). remahan será mahã ? Çupí, tenhên, xaxipiá mairamé, xama-
Cumandá (cumaná), feij·ão. Amú auá, alguém.
Auatí, milho. , Intí auá, ninguém. han mira ceí~a. Mãhata iné remanhan ana amu- (u nasal)
A uatíí, arr,oz, , Mahã, algç, algum~ coisa. kuecé '? Amu- (u :nasal) kuecé, xamahan ~a iepé çoó poran-
, Yuy (yby), terra. ' lntimahã, nada (e também' não). ga. Ne anãma orekô 'será irumoara? Intimahã, ahé inti orek:ô
Ja:ra, senhor, senhora, dono, do- ·Oiíi., hoje. irumoara. Pará orekô será ypáua ? Çupí~ tenhên, ahé orekô
na. Uirandé, amanhã.
Kuecê, ontem. ceíia. Té curi ! (adeus) ! o Té curumirim ! Camarára itá !
Coaracy, Sol.
Pirapanema, Mercúrio. Amtmkuecê, ante-ôntem.
• Iacytatáguaçú, Vênus. Amun-uirandé, depois da ma- · TRADUÇÃO
l Irumoara, amigo, companheiro. nhã.
Camarára, camarada. SAUDAÇÕES: Que ave tendes ? Temos a tua ave. Aonde vais ? Vou à
Anãma, parente, amigo. Iané coema, bom dia ! Bahia. Quando vais? Hoje ou amanhã. Onde estiveste ôn-.
ketê ou kití, preposição a (mo- Iané caruca, bôa tarde !
vimento). Iané pltuna, bôa noite! · ,, te:m? Estive no cinema. Que planeta vês? ·Vejo Vênus; não
1
..• Mamé, onde . Indaué, (resposta aos cumpri- vejo' Mercúrio. O Sol é o rei (chefe) dos planetas (astros) ?
1
Mamé ketê ? , aonde. mentos acima). Sim, senhor, êle é o rei dos astros. Que é que disse Guayra-
Upé ( opé), preposição em. Maíta 1·eçaçau ? Como vais ? ·· cá ? Guayracá disse : "Esta terra tem dono". Quem é dono
Çoó, animal. Ce catunté (ce catú etê), Bem,
obrigado. desta terra ? O caboclo é o dono desta terra. Que camarada
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MANUAL DE CONVERSÃÇÃO DA LfNGUA TUP1 FARIS ANTONIO S. MICHAELE
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dinheiro tendes? Temos o teu dinheiro. Tens os meus cava- Upaín nê iunheen upanaitá, nem Cabarú-roca (cavalariças), ou
• los ? Não, tenho os meus. Onde estiveram êles ante-ôntem ? tudo a todos se diz. cabarú-rendaua.
Çuaxára, responder
' 1
:tles estiveram aqui. Que é que êste homem quer fazer -? ~le
quer comprar milho. Aquele estrangeiro é branco ou negro ?
Aquele estrangeiro é negro. Quem fumou, ôntem, na escola?
EXERC1CIO: ,
O aluno vadio fumou ôntem, na escola; seu (dele) professor Peró i Cabarú
.. não fuma na escola._Quer a humanidade (mira) ir · à Lúa? , Oiepé Per6 onheen i anãma çupé : "Xapyrepana potári
· . Sim, senhor, a humanidade quer ir à Lua. Que guerra hou- cabarú". "
v:e? Houve a g.uer:ra · des brancos. Que. viste lá? . Vi nd~so I ánãma oçuaxára ixÚpé: "remahã iurú cabarú 'çuí, i ta:-
inimigo. Est>eras o soldado ? Sim, senhor, êle é o guerreiro . nha itá". . ·
da América. Queres tomar café ? Não, quero tomar água. Os Peró oçô cabarú-rend{\ua l{etê, omahã oiepé cabarú, opi-
brancos são loucos, êles matam velho, mulher, moça, rapaz, rári çoó iurú, onheen i (ou y) iára çupé: "Intí xapyrepana
tudo (tôda gente). potári quahá cabarú. Ahé orekô 32 (muçapyra peié mocuên)
' acaiú itá. Ahé tuiué retê !'~.
LIÇÃO VII
VOCABULÁRIO : TRADUÇÃO:
Iké, aqui. Murutinga, nas composições, fi-
Ape (aápe), lá. ca reduzido a tinga, como : ja-
Míme, ali. cútinga, jacú branco, etc. O Português e o Cavalo
1
f A, acolá. Pixuna, nas composições, fica
Dias da Semana : reduzido a una, como: guarau- Um português diz a seu parente: "Quero comprar um
Murakepé, segunda-feira. na, guará preto. )
cavalo".
Murakê-mucuim, têrça-feira. Frases feitas e máximas :
Murakê-mu§apyra, quarta-feir~ Ixé ce maraári, estou cansado.
Seu parente lhe responde : "veja (examine) a boca do
Çoopapau, quinta-feira Ne maraári $erá? estás cansa- animal, seus dentes". .
Iucuacou, sextà-feira do? ~ ·. q português vai a umas. cavalariças, vê um cavalo, abre
Saurú, sábado. , . I~é intimahã cc maraári, não es-· a bqca do animal e . 'diz ao dono: "Não quero coxnprar. ê~te
Mituú (miteú), d9mingo. " toucansado. ' ' ' ~
cavalo. ~le tem trinta e ~ois arios. É muito velho"'!
Côres: · Mahã rangá\la tahá iarckô ~
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Tauá, amatelo (nas combina .. ' , Que pora~ temos 1 ~
ções, é jubá). lepé, mucuên, etc., uma, duas, LIÇAO VIII .
Iakyra, verde. etc. •
Çuikyra, azul. Auá nhahã ojkô uahá çuaiana .Exercício inteiramente em tupí :
Piranga (pitanga), vermelho. irumo intí opituú cuau. Quem
Tuyra, pardo. .
mora com o seu 1nmugo,. . nao - Iané Coema ! Indaué ! Maita reçaçau ? Ce catúnte. Mã.:.
hata remunhan ? Xacoatiare iepé papéra. Mahã munhan-
Murutinga, .branco. pode ficar tranquilo.
Pixuna, preto. Intí remunhã catú auá çupé intí çaua tahá recuau-papéra (reaçaan) ? Xacuau-papéra (xaa-
Moçoró (muçurú), chá. · recuau. Não faças bem a quem caan) munhançáua poranga. Muíri (u nasal) oca tahá iare-
Camby-antá, queijo. não conheces, ou : não faças o kô? Intí xacuau, iarekô oca ceíia. Múíri poranduba-papéra
Çupé, a. bem sem saber a quem. São Paulo orekô? São Paulo orekô: " O Estadó de São Pau-
Ixupé, a êle, lhe. Mairarné omundú catuama (ca- ,
Iurú, boca. tuçaua), nheenga ócyca, quan- .lo" "A Gazeta", "O Diário de .S ão Paulo", etc. Iané caá-itá
Tanha, dente. do reina a paz, basta a palavra. (m~tas) iakyra será?. Çupí tenhên, iané caá iakyra. Mahã py-
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MANUAL DE CONVERSACÃO DA LfNGUA TUPf 29 F ARIS ANTONIO S. MICHAELE
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tyma tahá re-ú-pytyma ? Xa-ú-pytyma pytyma catú Goiás vro. Quantas casas temos? Não sei, temos muitas. Quantos
• çui. Mamé mira tahá opyrepana pytymaçú (charuto) i xigaro jornais tem São Paulo ? São Paulo tem : "O Estado de São
(cigarro) ? Mira opyrepana pytyn1açú i xigaro iké. Remahan Paulo", "A Gazeta", "O Diário de São Paulo", etc. As nossas
será pena (pepoataiba) ? Intimahã, inti xamahan pepoataiba matas são verdes? Sim, senhor, as nossas matas são verdes.
(pena) xamahan ygaraueuê (aeroplano) i ygaraueuê-etê (hi- Que fumo fumas ? Fumo o bom fun10 de Goiás. Onde é que
droplano). Nhahã amutetamauara acanga ayua será ? Inti- se ~ompra charuto e cigarro? Compra-se charuto e cigarro
mahã, ahé mbueçara iané inbueçau~-oca (morõboeçaba) çuí. aqui. Vês a peha? Não, não vejo a pena, vejo o aeroplano e o
li • Perekô será paperati11ga (papel bran.co) ? Çupí tenhên, iare- hidroplano. Aqueie estrangeiro é louco ? Nã<;>, êle é· profes-
kô paperatinga, paperaµna (preto) , tauá i çuiky:ra. Mãhata " sor' d~ nosso colégio~ Tendes papel 'b;r an.co ? Sim, senhor, te.;.
iané tuxaua omunhan ana ? Ahé omunhan ana oca itá,'' poty- mos'. papel branco,,, preto,, amarelo e azul. Que é que o nbsso
~
ra-tendaua itá i ocara itá. chefe faz ? tle faz :casas,· jardins e ruas. . ·
Euclides da Cunha, Coelho Neto i Capistrano de Abreu·, Euclide·s da Cunha, Coelho Neto e Capistrano de Abreu,
cerakena (ierobiara) América çuí, cauoca itá oikô ana. Cea- glórias da América, eram caboclos. As ruas de Ponta Grossa
ra itá Ponta Grossa çuí orekô quára ceíia. Oiíi xapurunguetá têm buracos.,Hoje, falei co:i;n brancos: São gente bôa, não ma-
ana (conversei) caríua itá irumo : aitá mira catú : intí oiucá tam os índios. \Vill Rogers disse: "A minha gente recebeu os ,
tapiyia. vVill Rogers onhehen ana : "Ce mira carepiamo ana brancos, e hoje os brancos são donos desta terra e minha gen-
(recebeu) caríua (amú-tetamauara) i oiíi caríua iara quahá • te é estrangeira. Que vês aqui ? Vejo muita gente que con-
yuy çuí oikô, i ce mira, amu-tetamauára. Mãhata remahan \rersa coisa bôa. Santos Dumont, um brasileiro, fêz o primeiro
iké ? Xamahan mira ceíia opuranguetá uahá mahã poranga dirigível. O padre Anchieta foi nosso mestre e farmacêutico.
(que conversa coisa bôa). Santos Dumont, oiepé Pindora- Os p ortugueses mataram Tiradentes e o esquartejaram. Os
mauára, omunhan ana ieperun-uára ygara-ueuê. Paí (abaú- , brancos fabricam vin}J.o com os pés.
na) Anchieta oikô ana iané mbueçára i poçanga-munhangá-
ra. Peró itá oiucá ana Tiradentes 1 omt1nuca ana ahé ( esquar- VOCABULÁRIO :
' l\1ycw·a, raposa.
tejaram). Caríua itá omunhan caui (i nasal) piranga, caríua".' Uauo-çau<\ra, , roda. ,
, caui (i nasal) (v~nho) o, cauí-,Piranga, py itá irumo (com). Iautí (iabotí), c;.ígade. . Çuaçú, vead~>, gamo.
1 ' " ' 1 ,\ 1 h , ' Ca1·u1)1é (cart•mbé), "Cágado ma- I:auaraçú, lobo.
• 1 1 l
',cho. , . ·' · Nupá; nater.. ,
,'
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. . VOCABU,L ARIO : Petec~, idem. · Tecoçáua, costumes, tradições.
• Cutuca, espetar. Iucyçáua, desejo.
t Nhehengári (nheengá~i), cantar. Itapuã, prego.
•, 1
Uaruá, espelho. Tatá-puinha, carvão. Acutí, cotia . Angauara, espiritual, sublime.
·~ \ Banêra (Bandêra, aobaueuê), Yuy-uirpeuára, subterrâneo. do
1' Kyuáua, pente. ( Myraçanga, bengala, cajado.
Potyra, flôr. Ruaké-uára, vizinho. band~ira. sub-solo.
1 1
1 Çaquena, cheiro, perfume. Mururú, molhar. Pininiaçaua, côr. Çaarúçáua, esperança.
Rangáua, çangaua, imagem. Mué (mbué, umbué), ensinar.
k Çapucaia, galinha. Mucamcben, (mostrar).
Panacú, cesto. Catuçaua, bondade..
. . LIÇÃO X t
.•
•• LIÇÃO IX
1
Tradução do Exercício VIII : Exercício:
Bom dia! Bom dia. Como passas? Bem, obrigado. Que
fazes ? Escrevo uma carta. Que livro lês ? Leio um bonito li- 1 . ·xanheengári cat\1çáua iané mira çuí. Rerekô será uaruá
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- MANUAL
-- DE CONVERSAÇ.~O D.~ Ll1~GUA TUP1
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..:.._____,;_ 81 . F ARIS ANTONIO S. MICHAELE
i kyuáu& ? Intimal1ã, intí xare1cô. lVIuníri ( u nasal) çapucaia oikô uahá, orel~ô erundy pinimaçáua itá : iakyra, tauá, çui-
tahá rerekô ? Xarekô peié. Mahã potyra tahá orekô çaque- kyre i murutinga.
. Iakyra omucamehen iané caauuçú i çaarúçáua iané ~i
•
na ? Potyra piranga orekô çaquena. Remundú ana será
panacú? Intí xamundú ana al1é. Rerekô será itápuã itá? lntí ra çuí. Tauá ombué opain retama itá iané itajubá (itaiuba)
xarekô ana itapuã-itá. Remucamehcn ixé ne myraçanga. 1ia- yuy-uirpeuára oikô uahá. Çuikyre iepé uaruá iané yuáka
' hã tatapuinha tahá aitá orekô ana? P4itá ·orekô iané .r uakeuá- (yuaca) puranga oikô, i murutinga: nheenga iané catuçáua
ra· tatápui~1l1a. lVfãh~ta penhen pen1ururú ana? Iamururú ana ( catuama) i tenondéçaua, mahãrecê iarekô tecoçáua poranga
tatapuinha i~"lé irumoára çuí. i iucyçáua itá angauára retê.
Mal1ã çoó tahá in.d é r.e.c uau ? Xacuf}u : acutí, i~uaraçú,
çuaçú, iauotí, mycura, macaca i iacaré. Muíri ( u nasal) uauo- TRADUÇÃO:
cauára tahá orekô i altto? I a11to orekô .erundy uauocauára A Bandeira do Brasil
itá.
Intí renupá ixé ! Ixé intí xaxiári, (xiári, deixar) ahé ora- A bandeira do Brasil, que é uma imagem sincera de nos-
çô quahá patuá ne arama. A11á tahá opetec~ oikô nhahã sa terra, tem quatro côres : verde, amarelo, azul e branc9. .
ypáua ? Iané anãma itá opeteca oikô ahé, mahárecê aitá oti.a- O verde nos mostra as matas e a esperança de nossa gen-
cemo potári itá-ueráua-etê (diamante). Mahãrecê tahá (por te. O amarelo ensina a tôdas as nações a nossa riqueza, que é·
que) indé rect1tuca ana çabarú? Xacutuca ana cabarú, ma- subterrânea. O azul é espelho do nosso belo céu. E o branco :
'.
1 T hãrec.ê àhé intí ouatá potári.
1
linguagem de paz e progressq, pois que temos belas tradições
e desejos profundamente espirituais.
LICÃO XI
~
•
Canto a bondade de nossa gente. Tens espelho e pente ? Mira Pyra (Mira Reté) - Co~po Humano
Não, não tenho. Qt~.antas galinhas tens ? Tenho dez. Que flôr ,
Vocabul'ário : Suá, ruá, rosto.
't em perfume ? A flôr vermelha tem perfume.' Mandaste o Rapity, tapity, !ace.
liuá, braço.
cesto ? Não o mandei. Tens pregos ? Não tenho pregos. Mos- Iiuá catú, braço direito. Pucuáu, membro, apenso.
.t~a-me,a tua bengala. Qt1e Cqrvã9 tinham êles ? ~les tinham o . . Pô (pú), mão. • Mui, (i nasal) dividir. .
Pyçá, dividir em partes.
carvão do nosso vizínho. Que é que vós molhastes? Nós mo- Pô catú, mão direita.
Pô apara ou pôaçú, mão esquer- Pytaçoca, segurar.
lhamos o carvão do nosso companheiro. Opauayrna, infinito.
'. Que animais conheces .? Cpnheço , cutia, loh<>, veado,"· da.
Sacanga ou racanga, dedo. Muiaué (iare), aceitar.
\
cágado, raposa, macaco e jacaré. Quantas rodas tem o auto- Potiá (putiá), peito. Iumine, negar.
móvel dele ? O automóvel dêle tem quatro rodas. Não me ba- Marica, abdomen. Içá, queixo.
Acanga, (acain), cabeça. Py, pé.
. tas ! Eu ~ão ·o deixei levar est~ caixa para tí. ·Quem está ba- Rupitá, tronco.
Ti, ti ( i nasal) nariz.
r
tendo aquele lago? Nossos amigos o estão batendo, porque Iurú, (jurú), boca. Cec.oéçáua, (tecoé), vida.
\
querem achar diamante. Por que tú espetas o cavalo ? Eu o Namí (nambí), orelha. Pyá-ueuê, pulmão.
espeto, porque êle não quer andar. Pyra, ( ceté, reté), teté, corpo. Pirikiti, (i nasal) rim.
••
Saua, raua, cabelo. Papeá, (peá), fígado .
••
• BAND~RA PINDORAMA ÇUt Coaracysaua (guaracyaba), ca- Tuí, (tué), sangue.
belo louro. Retimã ( cetimã), perna.
'Bandêra Pindorama çuí, rangáua çupiuára iané retama Ceçá, ôlho. Yuéra, (anaçumbí), coxa.
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tá dividido em três partes, que são : cabeça, tronco e mem- Caui, (i nasal) aguardente. Maracuiá, maracujá.
bros. Acanga opé iarekô: sat1a, ceçá itá, ti iurú, namí itá, ra- Tupaçama, (tupaxan1a ou xa- Auacaxí, abacaxi.
pity itá, içá, ipecô, (apecum), tembeçáua i icuaua. Na cabeça, ma), corda, cordão. Iutilna, planta, erva..
Uirapara xama, corda de arco. Canapá, manga.
temos : cabelo, olhos, nariz, boca! orelhas, faces, queixo, lín- Pitinga, gostoso, delicioso. Airy (ieryuá), côco.
gua. bigode e barba. Pô irumo, iapytaçoca mahã itá (coisas). I1·uçanga, sombra. Muricy, muricí.
• Co1n a mão seguramos as coisas. Repytaçoça qua11á myraçan- · Cepyaçítyma, barato.
ga, mahãrecê xaçô potári ce roca ketê. Segura esta bengala, • 1
porque .quero ir à minha casa. Tuí piranga uahá omehen ce- .PRESENTE DEFINIDO
f .. O presente defi~ido tem construção progressiva ou peri-
'' coécáua. O sangue, que é vermelho, . dá vida. Munducariçáua.
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mira ceíia çuí; entá (seu, deles, delas) marica pupé t~nhên .. frástica. É formado pelo acréscimo do auxiliar ikô (ser ou es-
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~~
O govêrno de múita gente está na própria barriga. Rupitá . tar) pôspostp ªº· verbo principal~ porém, conio êle, cónj,u ga- '' ( .
t:' opé, iarekô: putiá, pyá-µeuê, papeá, pirikiti, (i nasal) pyá .do. Exemplo: xanhe.engári~ eu canto. Xanh~engári xaikô, e~
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i amtl mahã itá. No tronco, temos : peito, pulmão, fígado, rim, tou cantando ou, literalmente, cantando estou,
J coração e outras coisas. Pucuáu itá py i iiuá oikô. Os mem-
(
bros são : pé e braço. Ampé oiatire sacanga opé. As unhas
• ..
LIÇÃO XII
'
1 crescem nos dedos. Suá orekô mocuên rapity itá. O rosto tem Exercício:
duas faces. Iané pyra Õrekô pecanga ceíia. Nosso corpo ·tem Mãhata remunhã reikô ? Repuraukê reikô será ? Penhé
muito pelo. Amú-tetemauára itá orekô coaracysaua. Os es- pepyrepana será peikô? Iapyrepana iaikô. Mãhata aitá oma-
.1 trangeiros têm cabelos louros. Retimã oumbáu yuéra opé. A hã oikô? Muíre (u nasal) recuiara tahá quahá yuá? Intí xa-
•
••
perna termina na coxa. Uariníçáua oxiári ana munducari- cuau. Mahã yuá tahá perekô ? Iarekô : araçá, caiú, auacatí,
• naranya, pacóa, iuatí-icaua, iuaiáua (guaiaba) i canapá. Re-
çát1a acangayma. A guerra deixou o govêrno acéfalo. Purau-
kêçáua marangáua opauayma tenhên. O trabalho é luta infi- munuca pyçãuéra çoocuera çuí; xaiumacy (estou com fome).
•
nita. Recarepiãmo ana será yuá itá ne mu (u nasal) omundú ua-
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•
negrQ planta milho e mandioca. Não cortes aquela árvore; (Se teu inimigo fizer uma coisa, e disser qt1e foi para teu
ela dá sombra e alimento. Nós fazemos bebidas muito bôas, l:5~1n, tú te arisques (desconfia).
com ·maracujá e murieí. Melanc.ia é fruta de preto; ela é huta A raposa, de medo, andava somente, durantê a noite.
de branco, ·também. Com"fio, de algodão, nós fazemos roupa~ ·· · A onça varret1 o caminho da raposa, f êz um laço e se
1 mo, iamunl1ã ouã · ( oba, isto é, roupa). Caui (i nasal) tapiyia escondeu.
l
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de cajú. , Quando a raposa chegou, a onça lhe disse :
J "Eu varri nosso caminho por causa dos espinhos".
e LICÃO XIII
J
A raposa, arisca, disse: "Então, vá na frente".
1 Quando a onça passou, o laço bateu (desfez-se) .
Vocabulário : Catuçaua, ' ' ''
1 Aramé, então (no comêço da lacú, arisco, prevenido, ariscar. A raposa pulou para trás e fugiu.
frase). Ocekyié, com medo.
1 Tenoné (tenondé), ccnondé, na Anhu, nhu ( u nasal) só, , LICÃO
... XIV
•~ ', frente, adeante.
Píri (píirj), varrer.
luçana, laço.
Jumími, esconder, escondido. Vocabulário : Arecê (depois da palavra),
Pé (rapé), caminho. Cyca, chegar. Mahãrecê tahá ? Mahá-arama- idem.
Ramé, se, durante, quando. lxupé, para êle ou ela. tahá ?, Por que? Çuaxara, responder.
Mucatuaua, benefício. lú (jú), espinho. Mahãrecê, porque (resposta). Typy, fundo. . .
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"'"
MANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LfNGU,\ TUPf 3ô 87 F ARIS ANTOI~IO S. MICHAELE
---- - -' -
Ypype, no fundo. Ruaké, junto, perto, ao lado. Não, êles não na mandaram. Ama êle a irmã de Itagiba?
Ocapypc, dentro de casa. Tatáruaké, ao lndo do fogo.
Ocarapc, fora de casa, na rua. Pauçape, na extremidade.
1
Não, êle ama aquela portuguesa e eu amo a tua irmã. Que ave
Uitá, oitá, eitá, nadar. Pé pauçape, no fim do ca1ninho. tendes ? Temos a tua ave. Aonde vais ? V ou à Bahia. Quan-
Auá çupé ou auá arama ?, Amú 1·a1né, algun1as vezes. . do vais ? Hoje ou amanhã. Onde êles estiveram ante-ôntem ?
A que1n? Pcaçú, estrada. l'tles estiveram aqui. Quando reina a paz, basta a palavra. Que
Cul'uté, depressa. Iaçapaua, ponte.
At\pe tenhên, lá mesn10. Enú, pôr.
fêz o nosso chefe ? Êle fêz casas, estradas e pontes. Que vês
Aápe 1nan1é tahá ? lá, onde ? lepé ( cuité), mas.
l
aqui ? Vejo muita gente que está conversando coisas bonitas.
'
Que flôr terri cheiro? A flôr vermelha tem cheiro. Estás den-
EXERCfCIO ~ tro. de casa ou fora de casa ? Estou dentro de casa. Às veze·s ,
Rica11itttlação e. frases novas 'I: estou dentro de casa, às vezes, fora. Luís ll1e respondeu (a
Mahã mulcáua tahá rerekô ? Xarekô mukáua cat(1. ' êle). O chefe está no fundo do rio, mas seu filho não sabe
Acahí orekô será peié iacy itá ? Intimahã, ahé orek:ô peié mu- nadar. Eu não sei bem. Teu pai está em casa (dele) ? Está,
cuên. Aitã omundú ·ana será patuá ? Intimahã, ai tá intí omun- eu te levo lá. Vou para casa. Meu irmão não está em casa
d\1 ana ahé. Ahé oçaiçt'1 será rendera Itagiba çuí? Intimahã, (dele). Falas ligeiro. Minha bela casa fica no fim do caminho.
ahé oçaiçú nhahã Peró cunhã i xaçaiçú ne rendêra. Mahã ui- Onde queres pôr ·esta caixa ? Lá, mesmo. Lá, onde ? Ao pé do
• rá tal1á perekô ? Iarekô ne uirá. Mamé ketê tahá reçô ? Xaçô fogo, em minha casa. Por que êle voltou logo ? Porque não
Bahia ketê. Mairamé tahá reçô? Oiíi o uirandé. Mamé tahá encontrou ninguém. A quem queres dar os animais ? Quero
aitá oilcô ana amu- (11 nasal) kuecê ? Aitá oikô ana iké. Mai- dá-los a êste estrangeiro.
ran1é omundí1 catuçáua ( catuama) nheenga ocyca ! Mãhata ia- LIÇÃO XV
né tuxaua omunhã ana? Ahé omunhã ana oca itá, peaçú itá i ~
iaçapaua itá (pontes). Mãhata re1nahã iké ? Xamahã mira Vocabulário : Oca-mahã-1neengáua, loja.
ceíia opuranguetá oikô uahá mahã poranga. Mahã pot)rra ta- Tupa1·oca (tupanaroca, tupaoca), Mnnguctá, deliberar, aconselhar.
hã orekô çaquena? Potyra piranga orekô çaquena. ~eikô se-- igreja. Cuecatú! agradecido !
Mirapora, cheio de gente. Cuecatú retê, muito agradecido.
• rá ocapype o ocarape ? Ixé xaikô ocarape . .Amú ramé, xail{ô Çu1·á1·a, soldado. , Cocyymauára, antigo.
ocapype, f,UUtí ramé ocarape. Duí oçuaxara ixupé. Tuxaua Çtn·á1·a-J,>aranfi-pora, marinhei- Opai (i nasal) caruca 1·amé, tô-
ypype oil{ô, ma i rayra (filho) intí ouitá cuau (não sa~e na- ro. das as tardes. '
dar). Ixé intí xacuau catíi. Ne rúba (paia) oil{ô será çoca Ma1·acatí-po1·a, mar~heiro da Opai (i nasal) ara opé, todos ·os
1-' upé ? Çupí tenhên, xaraçô · iné aápe. Xaçô ce roca ~etê. Ce armada. dias.
Paranã-ceinbyua, beira-mar. Coema 1·an1é, de manhã.
mu (u nasal) intí oil{ô çoca upé. Iné renheen curuté. Ce roca • Yuymicuí, praia. Caruca ramé, de tarde .
e poranga pepauçape oikô. Mamé reen{1 (en{1, pôr) potári qua- Miramuacaçáua, sociedade. Pituna ramé, de noite. •
1 há papera ? Aápe tenhên. Aápe mamé tahá ? Tatáruaké ce Pyaçuuára, moderno. Uataçáua, marcha, desfile.
roca upé. Maaran1a, tahá ahé oiuire curuté? Mahãrecê intí Muatireçáua, sessão. Iaueteuára, superior.
Icatú (cecuiarayma), grátis. Mbuéçáua, educação, ensino.
ouacemo mira (ninguém). Auá çupé (auá arama) remehen Mbué, rezar. Tecô-pucyrungára, advogado.
potári çooitá ? Xamehen potári quahá amu-tetamauára çupé. Cenoi (cenoin), chamar. Raçocara, transportador.
.•
•• Puçanga-iara, médico. Mbeuçáua, anúncio, aviso.
• TRADUÇÃO DO EXERCÍCIO DA LICÃO XIV Munducáriçáua, govêrno. Mail·í-1·apé-uaçú, avenida.
Que espingarda tens ? Tenho a bôa espingarda. Tem o Munducariçáua-mairí, capital. Ueréua-uára, luminoso.
Po1·epyçáua-oca, casa de negó- Mendoá1·i (menoári), lembrar.
ano dez n1eses ? Não, êle tem doze. Mandaran1 êles a caixa ? cio. Iumendoá1·i, lembrar-se.
•
•
•
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.....~~·....·....~~~"""""~..-..~~'°""'!"'....-lliUIL"""'~~~ .
·~~"~......., ..;,.! - ..__.,.....,.,
...
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rama çuí, orekô inairí-rapé-uaçú pyaçí1uára, oc-yuaté-pçú po- criança. Quero escrever uma obra para o ensino superior.
1·anga, mbeuçát1a uerét1apora, tuparoca cocyymauára i yu-
ymicuí mirapora. Oiíi xa1nahan ana çurara i maracatipora ua- LICÃO XVI
• "'
taçáua quahá mairj ocára itá rupí. Mamé k:etê reçô potári ~t1í Vocabulá1'io : l\leué rupí, devagar,
re ? Xaçô potári cinema o mir~muacaçáua ketê. Mairamé oiu- Cerna, sair. l\feenga, dádiva, presente.
Çaié ou iandá1·a, meio dia. Ocapy, sala.
pyrun (iupyrun,, <?omeçar) iepeuára muatireçáua cinemá çuí? Pyçaié, meia-noite. T'iaçú, porco.
Intí xacuau, mahãrecê ){apytá okapype pituna ramé. Mahã-
~
Coema piranga, madrugada. t · Nupá, castigar.
recê iaçô tuparoca ketê? Iaçô 1tuparoca ketê iambué arama. Manõ, morrer. Pucaçú, prender de surpresa.
Mãhata cecuiaray1na' Pindorama opé ? Mbuéçáua tenhên ·Kataca, mover. Nupaçáua, castigo.
Pycyca, tomar, prender. l\fen1beca, mole.
(próprio) cecuiarayma Pindorama opé. Tuxaua ocenoi i mi- Cenô, ouvir. Çantá, duro.
rai cera (nome) rupí. Auá tahá ocenoi ana ne mu? (u nasal). Iapy~aka, escutar. Ropeguá, anama, família.
Ixé xaocenoi ana ahé. Apgáua ocenoi çurara omeen mucaua Iuúca, tirar. Cekyndautara (xauí), chave.
aitá çupé arama. Iané muruxaua ocenoicári ana (convocou) Rúri, trazer. Puité, mentira.
Mundá, roubar. lapára, torto.
iané mira omunguetá (munguetá, deliberar, aconselhar) ma- Mundauaçú, ladrão. Apuã, bola.
hã omunhã cuau arama. Maíta reçô ana porepyçáua-oca ce Ambira, vítima. lacuana, sábio.
mu (u nasal) çuí ketê amu- (u nasal) kuecê ? Xaçô ana iepé Uacemo, encontrar. Cuauara, "
raçocara opé, iacenoi "ônibus" quahá. Remendoári será nhahã Iuiuánti, encontrar-se. Uatári, faltar.
Muçarai, brincar. kyuyra ou mu (u nasal) irmão.
oca-mahá-meengáua 1\.1'.anao pupé iamahã uahá, mairamé ia- Icauaçáua, banha. Puracy-oca, salão de baile.
ço~na aápe? Intimahã, xa intí remendoári, mahã-recê xaikô
ana ct1rumim retê. Xamunhã potári iepé munhançáua mbue- Mãhata renhehen reikô ? Que é que estás dizendo ? Xa-
.,
,
çaua .'
iaueteuara arama. nhehen xaikô ;nhahã mahã intí uatári. Estou dizendo que isto
é coisa qt1e não falta. Ahé onhehen indé , (ne çupé) reikê ara-
TRADUÇÃO ma. ~le está convidando· para entrares. Mairamé tahá pecyca
' '
O ·Rio de Janeiro, capital do Brasil, tem avenidas moder,- · ana? Quando chegastes? Iacyca ana iandára ramé. Nós che-
i1as, belos arranha-céus, aní1ncios luminosos, igrejas antigas gan1os ao meio-dia. Mamé omanõ ana Rui Barbosa ? Onde
1
1 j e praias cheias de gente. Hoje vi um desfile de soldados e ma- morreu Rui Brbosa ? Rui Barbosa, iané iacuana mbueçara,
J rinheiros pelas ruas desta cidade. Aonde queres ir agora ? on1anõ ana quahá mairí çupé. Rui Barbosa, nosso sábio mes-
( Quero ir ao cinema ou cinema ou à sociedade ? Quando co- tre, morreu nesta cidade. Mãhata reaiapyçal\.a reik:ô ? Xaiapy-
1 meça a primeira sessão do cine1na ? Não sei, porque fico em çaka xaikô rádio puranduba. Que estás escutando? Estou es-
casa, de noite. Por que vamos à igreja ? Vamos à igreja para cutando as notícias do Rádio? Mamé çuí? De onde? Mara-
rezar. Que é gratis no Brasil? O ensino é gratis no Brasil. O canã-nhun çuí. Do campo do Maracanã. Mãhata orekô aápe?
1 chefe chamou sua gente pelo nome. Quem chan1ou o meu Que há lá ? Orekô iepé apuã marangáua aápe teen ( tenhên) .
•
•• irmão ? Eu o chamei. O homem chamou os soldados para dar- Há uma luta de futebol, lá mesmo. l\1ãhata remunhã potári ?
• lhes espingardas. Nosso presidente convocou nossa gente para Que queres fazer ? Xamunhã potári quahá : xapirári potári
deliberar sôbre o que fazer. Como foste à casa de negócio de quahá okena i cekyndautara irumo, mahãrecê xaikê potári
mei1 irmão, ante-ôntem ? Eu ft1i no transporte que chamamos ocapy popé. Quero fazer o seg11inte : quero abrir esta porta
•
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_ !V1ANU1\L DE CONVERSAÇÃO D•.i\. LÍNGUA TUPí 40 41 F 1\.RIS Al-lTONIO S. MICHAELE
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com a chave dele, porqt1e quero entrar na sala. Auá tahá cu- .. Pytuú, descansar. Tapixama, vassoura.
rara itá pycyca ana kuecê? Quem os soldados prenderam Ôn- lnaçú, difícil. Pinúpinú, ortiga.
•
tem? Aitá opucaçú ana iepé mundauaçú oiucá iepé apgaua Munêu, vestir. lJacará (acará), garça.
Iuruári, embarcar-se. Mauêra, (u nasal) intruso.
uahá, omundá i cuiára ariré; cuíre, aitá onupá curí ahé i am- Ruári, embarcar. l\'Jen\by, flauta.
bira anama (família) ocarepiamo curí nhahã cuiúr~. ~les
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~fANU1\L DE CONVERSACÃO DA· LíNGUA TUPf 42 48 FARIS ANTONIO S. l\IlCHAELE
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• ketê ! Apecatá. retê .(é muito 1011ge) será ik:é çuí? Intimahã Kypá, (garfo) garfo. Camixá (typoia), camisa.
apecatú· cuíre iaçô ygaraueuê pupé. Mãhata reipiama potári Maité, pensar, julgar. Çaí, azêdo.
Catambyca, justo. · Mucecuiára, refribuir.
Parinti '(i nàsal) çuí? Xaipiama potári parauá, piná9a, aca, éereu, lamber. · Puirí, mexer (líquido). '
puíra, memby i tapixan1a (tapixáua). Mãhata omunhã oikô •.
Ciryca, i.ciyma, liso. laky, mexer (em geral).
quahá mãuera? Ahé opytuú, mahãrecê i maraári retê. Kiá, ikiá, sujo. • Cataca, mexer (corpo).
luiucy, limpo. · Rupitá, parede.
LICÃO XVII Pypupecaçáua, meias. Cuiêra. colher.
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lVIANUAL DE CONVERSAC.~0
., DA LÍNGUA TUPf 44 45 F ARIS ANTO:t-110 S. MICHAELE
tê. Meu quarto está sujo, pensei que estivesse bem limpo. Ma- se quer estabelecer com t1ma segunda. Exemnlo : reiumbué
hã ropa (mahã) tahá pepyrapana ana? Que roupa C()mpras- recuiára reit1n1uçarãi reikô. En1 vez de estudares, brincas.
tes? Iapyrepana ana camixá (typoia), xirora, xirora-auíra, Ahé oin1uhen recttlára on111hen oikô. En1 lugar de apren- •
xapeua (acangatára), pypupecaçáua, çapatú i ambiucauára. der, êle ensina.
Co1nprámos camisas, ct1ecas, calças, chapéus, meias, sapatos
e lenços. Muíri (u nasal) rupitá tahá orekô quahá ocapy? EXERCÍCIO:
Quantas paredes tem esta sala ? Quahá ocapy orekô erundy
rupitá itá? Esta sala tem quatro paredes. Mahã pitingáua Ahé omuiuíre rect1iára ce mukaua, ahé ocururuca · ojk8
(gôsto) tahá orekô quahá yuá? Que gôsto tem esta fruta? mairípe. Xaçô potári Culabá ketê, xapytá recuiára iké. Iacaicú
Iepé oikô ceen, amú çaí iuíri (porém). Uma é do'ce, porém a recuiara Pindorama, ianhehen i recê. ''Pe'çaiçú recuiára Tupã-
outra é azêda. Xapit1hga (pitin) uçá\la iraua, i temiú iukyra~ na, pepuraukê peikô iuruparí arama." Ahé oiué recuiára ahé
pora. Gosto de bebida amarga e comida salgada. Tapiyia ore- oiupíri oikô será? Çupí, tenh~n, ahé oiué recuiára ahé' oiu~
kô saua iciyma i pixuna retê. Os índios têm cabelo liso e bem píri oikô. Mal1arecê tahá ahé ouié recuiára, ahé oiu;íri oikô ?
preto. Pixana ocereu oikô camy. O gato está lambendo o lei- ' Intí xacuau, repurandú ixupé (porandú, perguntar). Ce .inu
te. Quahá çoó inharú (feroz) será? ~ste animal é feroz? (u nasal) ornupena ce myraçanga. Auá tahá ocoroca ana a1n-
Intimahã, ahé iupucuau (ahé cerimau). Não, êle é manso (é biucauára xapyrepana uahá arnunkuecê? NeJ manha ocoro-
doméstico). Iamaú cuiera, kicé i caríua (kypá) irumo. Come- ca ana ahé. Ce okií (cunhada) oiíi oiurureu ana iepé me~nga ••
1nos com colher, faca e garfo de branco. Indé reganáni (reua- mah,arecê ah~ omeen potári ahé mira çupé orekô porai11gáua
náni) mira pitúa uahá, iarpe indé remucecuiára iané catu- uaha. Ne anama ocyca ana (cyca, chegar) será? Intí rain,
çáua ipuxyua irumo. Enganas gente fraca, além disso, retri- ah~ ocyca curí quahá pituna ramé, terên rupí (pelo tren1 da
búes o nosso bem com o mal. noite). Roy ara iupyn1ngáua (comêço) memé (sempre) (1npa-
ça1;1a coaracy ara çuí oikô. Amú auá ouitá oikô cuíre iaçapaua
LIÇÃO XIX ruake. Cristo oporará ana opyciron iané arama. Indé rerekô ,
Vocabulário ; !f'. Yuytêra (iuitera, uitera), monte. i11anduariçaua catú; mãhata remunhã nhahã arama ? Nhahã
Te1·ên, trem. ' Iupyrungáua, comêço.
Amú auá, alguém. Cyca, chegar. yuytêra caçakyre (atrás), paá (contan1), ocen10 ana (cerno,
J l lntí raín, airtda não. Porandú, perguntar. nascer) Iracerna, cunhãmucú pora:aga oçaiçú ana iepé Peró ua:.
1
1 ' luruparí, diabo.
Iupíri, subir.
Iué, descer.
Memé, sempre.
l\·l pauçaua, final.
Intí auá, ninguém.
há. Amú-uirandé orekô curí amana . ceíia, rnaharecê ce ramuia
(avô) ocuat1 catú (conhece be1n) mal1ã arnãna çuí uahá. R~~
pytá potári será iké? Xàpytá potári. Recerno será? Xacemo.
j ' Iumbué, estudar. Coaracy-ara, verão. •
Roy-ara, inverno. M~hata i~ç~ iamunhã ne penga (cunhado) porepyçaua-oca
• Muiuíre, restituir.
Çoroca, rasgar. Amana, chuva. ?Pe ? laço iapyrepana pytyma i tatá (lttme, fósforos). Xa
• Pena . (mupena), quebrar, do- Uitá, nadar. iuy:~ r~é, iaiunhehen. Ma!ramé tahá reiuyre ? Ixé xaiuyre
brando. lururéu, pedir. cur1 iepe iacy pauaçape pupe (no fim de ~rn inês).
Mpuca, quebrar, forçando. Porará, padecer. ·
Poraingáua, necessidade. Pyciron, salvar.
Pyraçuaçáua, miséria. Yapúmi, mergulhar. LIÇÃO XIX
Manduariçáua, memória. Cururuca (angaú), murmurar.
TRADUÇÃO
NOTA - Uso de Recuiára, em vez de, em lugar de. Usa- Em vez de me restituir a espingarda, êle está murmuran·
-se Recuiára posposto ao verbo ou outra palavra, cuja relação do pela cidade. Eu quero ir a Cuiabá, en1 vez de ficar aqui.
•
!f, l Zl , 'ft ' liot Hf •S ...
··16..0..• l *~'l.á ~ ~ •
'
Em vez de amar-mos o Brasil, nós falamos dêle. Em vez de Aiury, reunião. .. lké, aqui.
amardes a Deus, estais trabalhando para o diabo. Em vez de Apucá, rir. Mími, alí.
Çacapira (racapira, rapecó), pon- Aápe, acolá.
descer, êle está subindo ? Sim, senhor, em vez de descer, êle ta. Ramé, então.
está subindo. Por que é que êle está subindo, em vez de des-
cei: ? Não sei, pergunta-lhe. Meu irmão quebrou a minha ben- GRAUS DOS SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS
gala (myraçanga). Quem rasgou o lenço que eu comprei an-
te-ôntem ? Tua mãe o rasgou. Minha cunhada, hoje, pediu Comparativo e Superlativo
uma dádiva, porque ela qtier dá-la à gente que necessita. Teu F'ormamos o comparativo de superioridade com a pospo- "'
amigo chegou ? Ainda não, êle chegará de trem, esta noite. o· sição de pyre ao adjetivo.
. '·
-comêço do inverno é sen1pre o fim do verão. Alguém está na- 1
Exemplo : Quahá curumim catú pyre nhahã cuí. ~ste ra..
dando, agora, perto da ponte. Cristo padeceu para nos salvar.. paz é melhor do que aquele (êste rapaz bom mais"aquele de).
Tú tens bôa memória; que fazes para isso. Atrás daquela O comparativo de inferioridade é formado pela posposi-
montai1ha, contam, nasceu Iracema, a bela moça que amou um ção de 111irim pyre. Exemplo : Aitá opuraukê mirim pyre ce
português. Depois de amanhã, haverá muita chuva, porque anãma çuí. l!:les trabalham menos que meu amigo.
meu avô conhece bem coisas de chuva. Queres ficar aqui ? ·
Quero. Vais sair ? Vou sair. Que vamos fazer na casa de ne- NOTA:
••
gócio de teu cunhado ? Vamos comprar fumo e fósforos. l\'.lirim pode, também, traduzir a palavra pouco, quçindo
Quando eu voltar, falare1nos. Quando voltarás? Voltarei, den.- a ação .verbal não se tenha co1npletado, como, igualn1ente, jun-
tro de um mês. to ao adjetivo. Exemplo : Xambué ana mirim, xapuraukê ana
mirim,
, .xapucá a11a mirin1,
. . .xakéri ana inirim,
. . catú mirin1, ue-
LIÇÃO XX ~
....
......
.
•
MANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LíNGUA TUP! 48 49 FARIS Af1TONIO S. I\.fICHAELE
·- -- - - - -- ~
A abreviação de turuçú e açú ou uaçú. Com esta termi- tári ne irumo I'..ianao ketê. Mamé catí1 (até onde) tahá aitá
nação, forma1nos superlativos. oçô ? Aitá oçô curí Paranã ketê catú. Mairan1é catú (até
Exemplos : tan1anduá-açú, paraguaçú, Iguaçú, pyauçú, quando) tahá repuratikê curí n1ími Ceará opé ? Nhahã inti-
etc. raÍ11 xacuau cuyre (cuíré). Marãma tahá aitá oon1pú ana (to-
Mirlm não sofre alteracão : tamanduá-mirim, taquara-mi-
~
car, mandar embora: on1pú) iniaçtla (criado) ? Aitá oompú
rhn, paranã-1nirim, etc. ahé, mal1arecê omundaçú iané cuiara. l'v1uíre (u i1asal) tahá
O sufixo i também é dhni11utivo. Exe1nplo : Itaí, pedrinha, ahé odevere (meen-cuau-cecuiara) iané? Alié odevere iepé
taquarí, etc. papaçát1a cruzeiros. Curu1nirim xh1ga, ahé oçô ouatá nhu ( u
EXERCÍCIO: nasal) rupí. Amu- (u nasal) uirandé, iaçô curí Can1etá ketê,
Erundy ara ipucú retê será ? Ipucú retê, cuité oçaçau mamé iapytá potári erundy ara rupí. Mãhata pepytá remu-.. •
curutém (curuté). Auáta oikô uana pucú (longo) pyre, iné o nhã .aápe ? Iapytá iapytá recê. Renhehen meu é rupí (de va-
aitá ? Aitá oikô uana pucí1 mirin1 pyre ixé iaué. Reú potári gar). Xamehen meué rt1pí, ixé intí xanl1ehen curuté. Rexiár-i
será camy ? Enun quaiayra (Ponha um pouco). Enun turuçú. (xiári, deixar, largar) quahá papera, ahé ce mahã ! Quecatú
Enun patttá quahá myrapéua uirpe. Enun ahé myrapéua ári- retê Tupãna çupé, nheengatú intiraín on1anô-ana ! "Ara am{1.
pe. Xae11un ahé curí oca openaçape. Remahã será ocará ara riré", intí crek:ô quahá çupiçáua n1aiaué. Xanhehen çt1pi~
oueuê reikô uahá aápe ? Çupí tenhên, xamahã ahé. Quahá çaua, çupiçáua nhunto (só) iuyre. Ixé intí xaiuçarain ce anã- ••
ara upé, Caxias ocemo ana iané çuanhana (inimigo) omuce- ma itá. Quahá cu11hamucú puxí i angaí oik:ô (a11gaí, magra).
rane arama. Embyraiçáua Cristo çuí oikô ana pituneté (trevas) ,
pauaçáua. Miraceiá oçapucai-ana munducariçáua-oca tenon- TRADUCÃO: ~
dé, oiurureu ana çatambycaçáua. Intí repuíri iukycé, orekô Quatro dias é muito tempo ? É muito tempo, mas passa
merú ceíia quahá ocapy pupé. Mahãrecê tahá ahé opucá oi- de pressa. Quem se demorou inais, tú ou êles ? Êles se de1no-
kô ? Intí xacuau. Cuíre iandára, macaca otomunheen ( tomu- raram tão pouco quanto eu. Queres beber leite? Põe tim
nheen, assobiar), itanhaên (panela) tatá áripe (aarpe) oikô, pouco. Põe muito. Coloca a caixa debaixo desta mesa. Eu a
iané marica (barriga) iporayma. Quahá pana (pano) inimú · cblocarei no canto da cas~. Vês a garça que está voando aco-
turuçú (grosso) retê,· ne mahã (o teu) ipuí, mahárecê ahé coa- lá ? Sim, eu a vejo. Neste dia, Caxias saiu para vencer o
racy-ara arama tenhên. Pi:n:úpinú oçapy ana curumim retimã, nosso i11imigo. O nasc;in1eµto '·de Cristo foi o fin1 das trevas~
1 1 nlairall)é aitá oçô ouatá n.h u (u nasal) rupí (pelo campo). A multidão gritàvá em frente ao palácio do govêrno, pedindo
1
LIÇÃO XX justiça. Não mexas o caldo, há muita mosca nesta sala. Por
que está êle rindo? Não sei. lVIeio dia, macaco assobia; pa11e-
Tupãna xaiçúçáua recê (pelo a1nor de Deus) ! onhehen . la no fogo, barriga vazia. O fio dêste pano é muito grosso, o
ipyraçúa, remeen iepé potáua ixé arama, penhé mira mbaetá- teu é fino, porque é próprio para o verão. A ortiga queimol1
iara (rica) ! Indé iára será quahá mahaitá (coisas) ? Çupí, te- a per11a das crianças, quando elas estavam andando pelo cam-
nhên, quahá mahãitá paua ixé iara. Ahé ocuau potári mahã- po. Pelo amor de Deus ! disse o pobre, dêem-me uma esmola
recê intí iaporunguetá ahé irumo. Ahé oçupíre iepé patuá
,
sois gente rica. Es dono destas coisas? Sin1, senhor, sou do-
' •
puc{1 i pucé uahá. Mahã tendáua tahá iké ? Iké aiury-tendaua no de tôdas estas coisas. ~le quer saber por que não falan1os
tenhên. Quahá ocára pucú i icaí oikô, cuité (porém) intí apá- com êle. í!;le carrega às costas uma caixa comprida e pesada.
ra. Auá aitá çuí oikô turuçú? Ce _mu (u nasal) turuçú, Uby- Que lugar é aquí ? Aqui é justamente o lugar de reunião. Esta
rajara iatúca i ikyra (gordo) oikô. Intí ouatári mira oçô po- rua é comprida e estreita, porém não tortuosa. Qual deles é
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~!ANUAL DE CONVERSAÇÃO DA LtNGUA TUPf 50 51 FARIS ANTONIO S. MICHAELE ,
grande ? Meu irmão é grande, Ubirajara é baixo e gordo. Não Ixé ce maraári, estou cansado. - Ce iumacy será ? Tenho eu fome.
falta gente que queira ir contigo a Manaus. Até onde vão Ixé intimahã ce maraári, não estou cansado. - Ce y ceí, tenho sêde.
êles ? ltles vão até o Paraná. Até quando trabalharás no Cea- Ahé maraári oikô será? Está êle cansado? - Ne y ceí será? Tens sêde.
rá ? Isto eu ainda não sei. Por que êles tocaram o criado ? Iané maraári iaikô, estamos cansados. - Intimahã ce y ceí, não tenho sêde.
Êles o despediram porque êle roubou o nosso dinheiro. Quan- Aitá omaraári oikô, êles estão cansados. - Ixé ce repocy, tenho ~ono.
to êle i1os deve ? ~le nos deve cem cruzeiros. Daqui a pouco, Ixé çacú, tenho calor - Intí ce repocy, não tenho sono...
êle irá passear pelo campo. Depois damanhã, iremos a Came- Ixé intimahã çacú,' nã? tenho calor. - N~ repocy será? Tens. sono?
tá, onde ficaremos durante quatro dias. Que ·ficareis fa~endo ' Çacµ será iné ? tens ~ tú .~alor ?. - Ixé ~atyn xaikô, j;enho vergonha . .
1~? Ficaremos por ficar. Fala de vagar. Eu falo de vàgar, não :' Ixé ce ruy (roy) / tenho "frio. - Intirnahã · retyn, nãp tens . vergcnlha. '
falo depressa. L~ga dês te papel, é meu ! Graças a Deus, o Ixé intimahã ce ruy~ não tenho frio. - Intimah'ã r~tyn, não tens v~rgonba. ·. ' '·
tupí ainda não morreu! "Um dia depois do outro", nada há Ne ruy será'! Tens frio? - Xa tyn xaikô s~rá? Tenho eu vergonha?
como esta verdade. Falo a verdade e somente a verdade. Eu Kyrirí, silêncio. Ticangat sêco (líquidos). - lxé xa cekyié, tenho medo.
não me esqu.eço dos amigos. Esta moça é feia e inagra. Mira okyr~rí, a gente calou,-~~· ~ I~é intimahã xa cekyié, não tenho medo.
Aitá okyrirí (o iucuatuca ana) itá-pe-açú rupí. tles se calaram pelas
PARENTESCO calçadas. - Paraná oiuticanga oikô, o rio está secando. - Recekyié
Tuba (1·uba), paia, pai. Ta y r a n g á u a (embyrangaua), será? Tens · medo? Intí recekyié, não tens medo. .
' •
- Cy (ty), manha, mãe.
Rendêra, ir;nã (quando é o ir-
mão quem fala).
afilhado, afilhada.
Rayrangaua, embyi·angaua, en-
teado, enteada.
'
An1u, (u nasal) irmã (quando é Paia-munhangára, padrasto.
a irmã quem fala). Manha-munhangára, madrasta.
Mú, irmão (quando é o irmão Rayra, filho (quando fala o ho-
quen1 fala). mem).
Ykuyra, irmão (quando é a ir- Membyra, filho (quando fala a
mã ,quem fala). mulher).
Tutyra, tio. Temianino (temiarirú), neto, ne-
. . Aixé ( ccira), tia. ta.
Ratyua (tatyua), sogro. Paiangáua, padrinho. •
ri>
Taixô, sogra. Manhangaua, madrinha.
'fayra mena, genro (para o so ...
• J
Mena, marido.
lle1nii-icó, espôsa. gro).
:Cuaiára, cunhado. Peúma, genro. (para a sogra).
Okía, cunhado (da mulher). Taituy, nora (da mulher).
Okií, cunhada. Ce rayra rcmiricó (do homem).
Ta111úia (ramuia, çamuia), avô.
Arya, avó.
.
Para a ,tia o homem pode dizer :
ce ra1xo.
Pcnga, cunhãn1íra, sobrinho. Para a tia a n1ulher pode dizer :
lyra, sobrinha. ce rnendyua.
FRASES FEITAS :
•
Recoin aápe ketê ! -· Vá para lá! - Ixé ce iumacy, tenho fome.
r Maraári, cansado. Intimahã ce iumacy, não tenho fome. ; •
Ne maraári será? Estás cansado? - Ne inmacy será? Tens fome?
1 ' . V ,
•
•
• .....,.....-~-- ........,......,.._,....,,,.
,,, ·\, - --~-::L.
•
-..- -.-~~--·,~!'- . . .•
ÍNDICE.
•
, . •
P ag1nn
l'J\TT.RODtlÇ.rf O ........................... · ~ · · · · · 9 ERRATA ' •
'
" III " ( c'o nti nttação) ......•
1
18 ·~ r
" VII - Advérbios e Frases Feitas ..........• YJ(J ve-se ler: xacuau, ahé ocikynau ana okêna-mirim.
Recuau será quahá apgáua ? Çupí, tenhên, xacuau
" VIII - Exercício I nteira1nente em Tupí .....• 27
ahé. Muíri (u nasal) poranduba-papéra -Rio orekô ?
" IX - A Bande·ira do Brasil ..............• 28 Rio orekô poranduba-papéra ceíia: ' 'Diário de No-
" X " " ( co1it;nuação) .. ~9 tícias' ', etc.
" XI - O Corpo Hum.ano .....• ....... ..... 81 •
" XII - Presente D efinido .....•..•.....•.. · 38
Na página 25 : elimine-se a penúltima linha do texto tupí.
'
Na página 29: onde se lê peteca, idem, leia-se: peteca, bater.
" XIII - Unia Fábula 1'upi ......... · · · · · · · · · 34 1
" '
' . ""1:'.