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Rafaela Horta Monteiro

Nº 14857

Licenciatura em Pintura

Turma A
Introdução
Erwin Panofsky nasceu a 30 de março de 1892, em Hanover, na Alemanha. Em 1914, graduou-
se na Suíça, na Universidade de Friburgo, apresentando uma tese sobre o pintor alemão
Albrecht Dürer, tendo estudado também anteriormente em outras universidades como a de
Munique e Berlim. Discípulo de Aby Warburg, um célebre historiador da arte alemã, conhecido
pelos seus estudos sobre o reaparecimento do Paganismo no Renascimento italiano, Panofsky
começara a criar as suas próprias teorias. No ano de 1916 casou-se com Dora Mosse, também
ela historiadora de arte com a qual teve dois filhos. Trabalhou em diversas universidades, mas
é em 1921 que começa a lecionar na Universidade de Hamburgo, onde mais tarde seria
professor de História da Arte até ao ano de 1933.

Entretanto, dedicou-se a desenvolver os seus estudos sobre a iconografia e a iconologia das


obras de arte a partir das quais se tornou conhecido. Algumas das mais revelantes são A
perspectiva como forma simbólica, Arquitetura Gótica e Escolástica: sobre a analogia entre
arte, filosofia e teologia na Idade Média, Estudos de Iconologia - Temas Humanísticos na Arte
do Renascimento, Idea: a evolução do conceito de belo, O desenvolvimento do discurso e dos
conceitos científicos, Significado nas Artes Visuais (1989) e “A caixa de pandora”.

O método iconológico é um tema que começa a ser explorado pela primeira vez num ensaio,
datado de 1930, onde Panofsky criticava Wolflin, defendendo que mesmo numa análise menos
elaborada feita a uma obra de arte, haverá sempre uma relação entre conteúdos e aspectos
formais. Panofsky serve-se da obra de Mathias Grunewald, Ressurreição de Cristo, e escreve o
livro O Significado nas Artes Visuais, que é publicado em 1989, onde explicita a sua teoria
acerca deste método de interpretação de uma obra de arte.

Devido à ascensão do poder nazi, Erwin abandona a Alemanha em 1933 com destino aos
Estados Unidos, tornando-se professor no Instituto para Estudos Avançados da Universidade
de Princeton (1935-1962), trabalhando também em universidades como Harvard (1947-1948)
e Nova Iorque (1963-1968). Morreu em Nova Jérsia no ano de 1968.
Método iconológico
O método iconológico é composto por três fases e tem como objetivo a análise e interpretação
das obras de arte através da iconologia e da iconografia, tendo em atenção o indivíduo e a sua
familiaridade com eventos e objetos. A primeira fase deste método é pré-iconográfica e visa
analisar significados primários ou naturais através de significados factuais e expressionais. A
segunda fase corresponde a uma análise iconográfica de uma obra de arte relacionando temas
e conceitos adquiridos através de fontes literárias. A terceira fase é constituída pela
interpretação iconológica da obra de arte e vai para além da familiaridade com temas e
conceitos específicos enquanto oposição à iconografia.

Três fases do método iconológico


Primeira fase- Significado primário ou natural:

O significado primário ou natural que pode ser factual, refere-se à identificação das formas
puras evidentes de uma obra de arte, isto é, pormenores como a estrutura geral de cor, linhas
e volumes que a constituem, bem como as suas relações mútuas enquanto objetos e eventos,
utiliza-se da familiaridade e da experiência prática para se obter uma descrição pré-
iconográfica da obra de arte ou expressional, quando associado à identificação de aspetos
psicológicos e expressões.

Segunda fase- Significado secundário ou convencional:

Durante a segunda fase, ao conectar motivos artísticos a composições com temas e conceitos
de diferentes épocas da história, reconhece-se que estes motivos são portadores de um
significado secundário ou convencional, podendo ser identificados como imagens e conjuntos
de imagens (histórias e alegorias) pertencentes ao domínio da iconografia. O sufixo “grafia”
deriva do verbo grego graphein, “escrever”, a iconografia implica um método descritivo e
classificatório de imagens que ajuda a estabelecer datas, proveniências e até mesmo
autenticidade.

Terceira fase- Significado intrínseco ou conteúdo

O significado intrínseco ou conteúdo corresponde aquele apreendido tendo em conta o


contexto histórico-social e das características da personalidade do artista.

Será necessária a averiguação de cada imagem com uma nação, período, classe, convicções
religiosas ou filosóficas condensadas numa obra de arte e é o pré-requisito para uma correta
interpretação iconológica destes símbolos e imagens. O sufixo “logia” derivado de logos, o que
significa pensamento/razão e apreende um processo interpretativo. Esta interpretação
iconológica requer algo mais do que apenas familiaridade com temas e conceitos específicos
transmitidos por fontes literárias. O historiador da arte terá como objetivo conferir se aquilo
que pensa ser o significado intrínseco da obra confere com aquilo que pensa ser o significado
intrínseco dos documentos civilizacionais historicamente relacionados com a obra.
Conclusão
A Iconografia resume-se à descrição de imagens e a Iconologia à análise destas, e ambas são
partes integrantes de um método que visa interpretar com fidelidade as obras de arte.
Panofsky apresenta o significado ou assunto da obra de arte dividido em três fases: primária
(descrição pré-iconográfica), secundária (análise iconográfica) e intrínseca (interpretação
iconológica)

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