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O significado nas Artes visuais

“Iconografia e a Iconologia: uma introdução ao estudo da arte da


renascença”
Erwin Panofsky

Marina Socorro

N.º 14415

Licenciatura Bolonha em Pintura 2022/2023

Turma B

História da Arte I - Professor Luís Jorge Gonçalves


Licenciatura Bolonha em Pintura 2022/2023
Marina Socorro

Sumário:
❖ Introdução…………………………………………………………………3
❖ Desenvolvimento………………………………………………………4
➢ Método iconológico
➢ Três fases do método iconológico
❖ Conclusão…………………………………………………………………..6
❖ Bibliografia………………………………………………………………..6

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Marina Socorro

Introdução

Erwin Panofsky nasceu em Hanover, na Alemanha, no dia 30 de março de 1892.


Ele foi um historiador de arte muito renomado e conhecido principalmente pelo
desenvolvimento do método iconológico. Após estudar em diversas universidades
alemãs, graduou-se em 1914 na Universidade de Friburgo, com uma tese sobre o
pintor alemão Albrecht Durer. Uma de suas grandes obras: Ideia: uma contribuição para
a história das ideias na história da arte surge em 1924, na qual a história da teoria
neoplatônica na arte do Renascimento é explorada e analisada. Em 1933 foi obrigado a
abandonar a Alemanha após os nazis tomarem o poder, por conta de sua ascendência
judaica. Teve que interromper seu papel como professor na Universidade de
Hamburgo e iniciou seus trabalhos nos Estados Unidos como professor de história da
arte no Instituto para Estudos Avançados da Universidade de Princeton no ano de
1935. Panofsky também trabalhou nas universidades de Harvard e New York entre
1935 e 1948.
O trabalho de Panofsky permanece altamente influente no estudo acadêmico
moderno da iconografia. Muitas de suas obras permanecem altamente relevantes,
incluindo Studies in Iconology: Humanist Themes in the Art of the Renaissance (1939), e
seu estudo homônimo de 1943 de Albrecht Dürer. Ele também estudou profundamente
a arte medieval e do renascimento, seus estudos estão definidos no livro
Renascimentos e Renascimentos na Arte Ocidental. As escritas de Panofsky fazem muitas
alusões à literatura, filosofia e história.
Entre suas principais obras em inglês estão Studies in Iconology (1939); O Codex
Huygens e a Teoria da Arte de Leonardo da Vinci (1940); Albrecht Dürer, 2 vol. (1943);
posteriormente publicado como The Life and Art of Albrecht Dürer [1955]); Arquitetura
Gótica e Escolástica (1951); Pintura neerlandesa precoce, 2 vol. (1953); Significado nas Artes
Visuais (1955)
Panofsky era conhecido por ser amigo de Wolfgang Pauli, um dos principais
contribuidores da física quântica e da teoria atômica, assim como de Albert Einstein.
Outra influência foi Aby Warburg, de quem era discípulo.
O método iconológico é um tema que começa a ser explorado pela primeira vez
num ensaio, datado de 1930, defendendo que mesmo numa análise menos elaborada
feita a uma obra de arte, haverá sempre uma relação entre conteúdos e aspectos
formais. Panofsky escreve o livro O Significado nas Artes Visuais, que é publicado em
1989, onde explicita a sua teoria acerca deste método de interpretação de uma obra de
arte.

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Desenvolvimento
Método Iconológico

Para poder compreender as obras de arte em sua totalidade, Erwin Panofsky


propôs uma metodologia de trabalho chamada “Método Iconológico”, sistematizado
em 1939, e que engloba três categorias, ou níveis de significado. A Iconologia
interpreta os valores simbólicos e procura descobrir o significado da obra de arte, seja
ele filosófico, histórico, religioso, social. Essa interpretação tem o propósito de
explicar a sua razão de ser no contexto da cultura, da civilização e da época em que foi
criada.

Três fases do Método Iconológico

Primeira fase: Significado primário ou natural


O significado primário ou natural pode ser factual, quando refere-se à
identificação de objectos e factos. Pode também ser expressional, quando associado à
identificação de aspectos psicológicos e expressões. O primeiro nível trata-se de fazer
uma descrição do significado primário e natural presente na imagem enquadrando os
aspectos formais representados e facilmente reconhecíveis por qualquer pessoa de
qualquer cultura, pois se baseia apenas no que é perceptível de modo natural. Alguns
desses aspectos são número de pessoas, gênero, posições, roupas, objetos, cores, etc.
Isto significa, portanto, que, qualquer pessoa, de qualquer cultura e nível de
conhecimentos pode cumprir esta etapa do Método Iconográfico, pois trata-se de
fazer a mera descrição objetiva e “fotográfica” do que é observado.
Tomando-se como exemplo uma pintura da artista brasileira Tarsila do
Amaral, “Segunda Classe”(1933) se for feita a descrição usando a primeira fase do
método de Panofsky, o quadro é percebido apenas como uma pintura de pessoas,
algumas usando chapéus, outras usando vestidos, algumas são crianças, outras são
adultas,algumas estão segurando objetos, estão todos a frente de um trem e
descalços, há pessoas dentro do trem também.

”Segunda Classe” 1933. Tarsila do Amaral

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Segunda fase: Significado secundário ou convencional

O significado secundário ou convencional traz um componente interpretativo


Para identificar e contextualizar o tema, os motivos, as figuras,
e o contexto em que as mesmas se inserem, é necessário recorrer a diversos elementos
vindos da experiência e do capital cultural individual. Um universo de conhecimentos
que, quanto maior for, melhor permite uma interpretação correta dos elementos
iconográficos
Interpretar imagens, histórias e alegorias é analisar a figuração
iconograficamente. Segundo Panofsky, a análise iconográfica diz respeito à intenção
consciente do artista, apesar das qualidades expressivas da representação nem sempre
serem intencionais.
Reportando-se ao exemplo dado anteriormente, a pintura “Segunda Classe”, e
seguindo para a segunda fase do método é possível classificar as pessoas da frente
como uma família, estão todos tristes, às crianças estão amedrontadas. Atrás da
família, já fora do trem, está o vagão de segunda classe que a trouxe. Com exceção
daquela que parece a mais velha da família, que se encontra no meio do grupo,
segurando uma criança vestida de branco, as demais mulheres parecem querer se
esconder atrás dos homens. A pintura representa o êxodo das famílias para as grandes
cidades em busca de emprego em um cenário ainda atual que é o de desemprego no
Brasil.

Terceira fase: Significado intrínseco ou conteúdo

O significado intrínseco ou conteúdo leva em conta a história pessoal, técnica e


cultural para entender uma obra. Na sua plena aplicação, esta etapa final permite
interpretar a mensagem profunda que o autor quis transmitir, justificar a sua
existência num determinado local. Isto pressupõe, o conhecimento de dados
importantes extrínsecos à obra de arte como, conhecer o artista, a sua personalidade e
formação, saber o local original para onde a obra foi realizada,etc.
Para realizar a terceira fase usando o quadro “Segunda Classe” é necessário ter
um conhecimento maior do que o disponibilizado ao público. Porém é possível
explicar, analisar e interpretar alguns dos aspectos que rodeiam a pintura. A obra
marca o início da fase social na carreira da pintora. Nessa fase da artista, Tarsila
passou a questionar os problemas advindos da industrialização e do capitalismo, que
geram riquezas, mas não para aqueles que trabalham, pois estes continuam pobres e
desesperançados, sem acesso aos bens e à educação.
Na sua composição Segunda Classe, a artista mostra o êxodo rural que se segue,
quando as famílias deixam o interior em busca de emprego na cidade grande. Elas vêm
de várias regiões do interior do país, trazendo o sonho de emprego, mas também a
tristeza dos parentes e amigos deixados para trás, e a incerteza de que possam vir a ter
uma vida melhor.

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Conclusão

Pode- se concluir que o Método Iconológico é cientificamente rigoroso,


exigente e necessita de grande investigação e aprofundados conhecimentos em
diversas áreas do saber a fim de poder dar resposta aos requisitos exigidos em cada um
dos níveis, mas que, no final, permitem uma compreensão mais completa da obra de
arte.
Resumindo, as três fases: Significado primário ou natural; Significado
secundário ou convencional; Significado intrínseco ou conteúdo demonstram
diferentes níveis de entendimento da obra e suas diversas camadas de conteúdos
gráficos e extrínsecos.

Bibliografia:

Britannica, T. Editors of Encyclopaedia (2022, March 26). Erwin Panofsky. Encyclopedia Britannica.
Consultado em 21 out. 2022. Disponível
em https://www.britannica.com/biography/Erwin-Panofsky

Silva, Y. ([s.d.]). Panofsky – as 3 fases do método iconológico de análise de arte. citaliarestauro.


Consultado em 21 out. 2022. Disponível em https://citaliarestauro.com/analise-arte-metodo-panofsky/

Serrão, V. M. G. (2016) Erwin Panofsky e o método iconológico, fenix.letras.ulisboa.


Consultado em 21 de outubro de 2022. Disponível em:
https://fenix.letras.ulisboa.pt/courses/thart-3-283923108072052/ver-post/erwin-panofsky-e-o-metod
o-iconologico .

Erwin Panofsky - Biography (sem data) JewAge. Consultado em 21 de outubro de 2022. Disponível em:
https://www.jewage.org/wiki/en/Article:Erwin_Panofsky_-_Biography

Erwin Panofsky (2022) Wikipédia. Consultado em 21 de outubro de 2022. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Erwin_Panofsky.

Pifano, R. Q. (2010). HISTÓRIA DA ARTE COMO HISTÓRIA DAS IMAGENS: A ICONOLOGIA DE ERWIN
PANOFSKY. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais , 21.

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