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Língua Portuguesa

EDI 2N
Prof. Paulo Junior. E-mail: juuniorferreira@yahoo.com.br

A Descrição
Descrever é produzir um texto oral ou escrito que informe as características de
alguém, de alguma coisa, ou de algum estado de coisas. É constituído por introdução,
em que é apresentada a situação ou o objeto que se vai descrever; o desenvolvimento,
em que a situação ou objeto é descrito de forma pormenorizada, ressaltando-se seus
diferentes elementos; e a conclusão, em que é feito um comentário geral sobre o que
foi descrito.
Descrever é, assim, uma forma de expressão utilizada para expor características
de uma pessoa ou qualquer outro ser vivo, de um objeto, de uma paisagem, de uma
sensação ou de um sentimento, e cuja finalidade é a de fazer com que o receptor
consiga formar, através das palavras lidas, uma imagem o mais próxima possível
daquela contemplada pelo emissor, bem como provocar no receptor sensações ou
sentimentos similares aos experimentados por esse emissor quando confrontado com
a realidade que descreve.
Por se tratar de uma tipologia textual, a descrição está presente em uma
diversidade de gêneros (carta pessoal, conto, notícia etc.) e sua estrutura depende do
gênero ao qual ela está associada. Contudo, há um conjunto de características que nos
permite tipificar elementos no texto e classificá-los como descritivos, como: o uso de
adjetivos, de locuções adjetivas e/ou orações adjetivas; enumeração e comparação de
elementos observados; prevalência dos tempos verbais no passado, bem como do
verbo “ser”; enunciados que intencionem oferecer uma representação de algo percebido
pelos sentidos humanos, na maioria das vezes o da visão.
Alguns autores distinguem três fases de descrição, sendo que a primeira é a de
observação, a segunda de reflexão e a terceira de expressão. Ao longo da criação de
um texto descritivo, no que diz respeito à textualização, as ideias do texto deverão ser
ordenadas segundo uma estrutura que as organize do geral para o particular, da forma
ao conteúdo, de cima para baixo, do interior para o exterior, da direita para a esquerda,
do próximo para o mais afastado, sempre em função da finalidade, das intenções e da
natureza do discurso que contém a descrição.

Descrição objetiva e subjetiva


Na descrição objetiva prevalece a linguagem denotativa, isto é, a descrição mais
concreta possível dos acontecimentos. Não há espaço para figuras de linguagem ou
ressignificações dos termos. A descrição objetiva é usada em situações como laudos
médicos e notícias, em que é preciso informar e detalhar um acontecimento.
Diferentemente da descrição objetiva, a descrição subjetiva oferece a possibilidade do
uso de uma linguagem conotativa por meio das figuras de linguagem e da pluralidade
de significados. Ela é muito utilizada em obras literárias, como contos, romances e
poemas. Mas também pode aparecer em textos não-literários, como as resenhas.
Há 80 anos, Pablo Picasso começava a pintar ‘Guernica’
Tela se mantém atual pela representação dos horrores do fascismo
Em abril de 1937, Pablo Picasso buscava inspiração para um painel
encomendado para o Pavilhão Espanhol da Exposição Universal a ser realizada em
Paris, no mês seguinte. À época, o pintor malaguenho já era consagrado como um dos
maiores nomes da arte do século XX, e tinha consciência da importância da futura obra,
sobretudo pela chance de usar seu prestígio para dar visibilidade às forças republicanas
que lutavam contra as tropas do general Franco desde o ano anterior, na Guerra Civil
Espanhola. O tempo passava no atelier da Rue des Grands Augustins, e Picasso via
esgotar seu prazo sem definir de que modo abordaria as questões intencionadas para
a tela. No dia 26 de abril, a realidade da guerra se impôs de forma trágica como tema
central, quando a pequena cidade de Guernica, no País Basco, foi bombardeada pela
Luftwaffe alemã, por ordem de Adolf Hitler, aliado dos fascistas liderados por Franco.
O ataque, que resultou na destruição da cidade e deixou centenas de mortos e
feridos, serviu de demonstração do poderio bélico da Alemanha, dois anos antes de
início da Segunda Guerra. O mundo se chocou com as imagens da cidade em ruínas e
dos corpos de civis atingidos pelo bombardeio ou metralhados enquanto fugiam: até
então, este era um nível de brutalidade inimaginável para ataques sobre alvos não
militares.
Profundamente impactado com as fotos e relatos vistos na véspera, Picasso
começou a trabalhar as primeiras imagens para seu painel no dia 1º de maio. Um esboço
inicial foi pintado dez dias depois, e no dia 4 de junho a imponente tela de 3,49 por 7,77
metros estava pronta para a Exposição Universal.
Imediatamente tomada como símbolo da resistência à ditadura franquista e,
posteriormente, a qualquer forma de opressão, “Guernica” chega à época atual, 80 anos
depois, com a força das obras-primas, repleta de significados que transcendem seu
tempo e as circunstâncias que lhe serviram de inspiração.
— “Guernica” está indiscutivelmente entre as obras fundamentais da História.
Para além de todo o contexto em que foi criada, a sua dimensão mítica começa com a
própria exigência de Picasso de que só fosse exibida na Espanha após a volta da
democracia, razão pela qual ela só seria recebida no país quatro décadas mais tarde —
observa o curador Marcello Dantas, responsável pela exposição multimídia “Mano a
mano: La constitución de la España democratica”, realizada em 2003, em Madri. —
Nenhum outro artista impôs condições tão ambiciosas para a exibição de uma tela, é
algo de uma força simbólica absoluta.
“Guernica” ela não se limita ao contexto histórico do bombardeio, aquele
conjunto de imagens já adiantava os horrores que viriam dois anos depois com a
Segunda Guerra e segue atual. Seu impacto permanece, 80 anos depois.

Adaptado de: https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/ha-80-anos-pablo-picasso-


comecava-pintar-guernica-21279653 (publicado em junho de 2017).
1. A foto acima foi um dos registros que inspirou a obra de Picasso. Observe
atentamente o que ela retrata e componha uma descrição objetiva do que vê.
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2. Considere a reprodução de Guernica acima e componha uma descrição
subjetiva do que você vê.
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3. Agora forme dupla com um colega e troquem seus textos. Leiam e conversem
sobre os pontos fortes de cada um dos textos e também sobre aqueles que
acham que poderiam melhorar. Depois, compartilhem com a turma suas
impressões.
Análise do quadro Guernica
Cores

O preto, cinza, branco e tons azulados foram as cores utilizadas pelo artista, que
servem para intensificar a sensação de drama causada pelo bombardeio.
A escolha por uma paleta monocromática está relacionada às fotografias da
guerra em preto e branco, veiculadas pelos jornais da época e que causaram grande
impacto no artista.
É possível perceber também a presença de uma textura que se assemelha a de
jornal em algumas figuras, como se fossem elementos escritos. Tal recurso contribui
ainda mais para dar um caráter de denúncia à obra.

Composição

Esta é uma obra cubista, incluindo figuras geometricamente decompostas.


Usando uma atmosfera do absurdo, Picasso cria uma estrutura triangular no centro da
tela através de linhas e formas.
O cavalo e o touro são dois elementos que ganham bastante destaque no
quadro, sendo muito populares na cultura espanhola.
Uma possível interpretação é que a presença desses animais represente uma
afronta à cultura do país, uma tentativa de destruir os ideais defendidos pelos cidadãos
espanhóis.
Além disso, também é possível ver o horror causado nos seres humanos
exibidos na tela. Basta reparar nos personagens em destaque:

Pessoa caída no chão apresenta as mãos abertas como um pedido de ajuda.


(destaque 1)
A mãe que chora a morte do filho sem vida em seus braços. A imagem faz
uma alusão à figura de Maria com Jesus morto em seu colo, como na obra Pietá.
(destaque 2)
Figura em desespero sendo consumida pelas chamas. Reflete o poder
destruidor do fogo originado pelo bombardeio. (destaque 3)
A mulher com a perna ferida que tenta fugir do caos da guerra. (destaque 4)
A mulher com um lampião, que parece iluminar o resto da cena. Esse elemento
é reconhecido como um símbolo de esperança em meio a todo o horror. (destaque 5)
A espada quebrada representa a derrota do povo, enquanto os edifícios em
chamas indicam o extermínio não apenas em Guernica, mas a destruição causada pela
Guerra Civil
E você, quais elementos percebeu em sua descrição?

Adaptado de: https://www.culturagenial.com/quadro-guernica-de-pablo-picasso/

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