Você está na página 1de 86

2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem

Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

2ª FASE CIVIL XXXIII EXAME

Processo
Civil
Prof. Leonardo Fetter

1
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

2ª FASE CIVIL XXXIII EXAME

Processo Civil
Prof. Leonardo Fetter
01. Acesso à Justiça ........................................................................................................................................................................... 3
1.1 Custas e Despesas Processuais .................................................................................................................................................... 3
1.2 Justiça gratuita .............................................................................................................................................................................. 3
1.3 Honorários Advocatícios de Sucumbência .................................................................................................................................. 6
1.4 Direitos do Advogado – Acesso aos autos ................................................................................................................................... 7
02. Atos processuais .......................................................................................................................................................................... 7
2.1 Intervenção do MP no Processo Civil ........................................................................................................................................... 9
2.2 Nulidades dos atos processuais.................................................................................................................................................... 9
2.3 Tempo dos Atos Processuais ...................................................................................................................................................... 10
2.4 Prazos dos Atos Processuais ....................................................................................................................................................... 10
2.5 Preclusão lógica ...........................................................................................................................................................................12
2.6 Preclusão consumativa ................................................................................................................................................................12
2.7 Possibilidade de alteração no Procedimento ............................................................................................................................. 13
2.8 Comunicação dos atos processuais .......................................................................................................................................... 14
2.9 Suspensão do processo .............................................................................................................................................................. 18
02. Petição Inicial, Emenda, Indeferimento, Improcedência liminar, Estruturação ...................................................................20
2.1 Petição Inicial ...............................................................................................................................................................................20
2.2 Emenda da Petição Inicial............................................................................................................................................................20
2.3 Indeferimento da Petição Inicial ..................................................................................................................................................21
2.4 Improcedência liminar do pedido................................................................................................................................................21
2.5 Estruturação..................................................................................................................................................................................21
03. Contestação, reconvenção, revelia, estruturação .................................................................................................................. 27
3.1 Contestação ................................................................................................................................................................................. 27
3.2 Reconvenção .............................................................................................................................................................................. 30
3.3 Audiência de instrução ............................................................................................................................................................... 31
3.4 Estruturação ................................................................................................................................................................................ 32
04. Tutela provisória, providências preliminares, julgamento antecipado, saneamento/organização ................................... 43
4.1 Julgamento antecipado ...............................................................................................................................................................44
4.2 Decisão de Organização e Saneamento do processo................................................................................................................46
05. Teoria Geral da Prova, Suspensão e Extinção do Processo, Sentença ................................................................................. 47
5.1 Teoria Geral da Prova ................................................................................................................................................................... 47
5.2 Prova em Espécie ........................................................................................................................................................................49
5.3 Sentença ...................................................................................................................................................................................... 56
06. Teoria Geral da Execução .......................................................................................................................................................... 65
6.1 Requisitos do título executivo (judicial e extrajudicial) ..............................................................................................................65
6.2 Responsabilidade patrimonial ..................................................................................................................................................... 65
6.3 Princípio da disponibilidade da execução..................................................................................................................................66
6.4 Legitimidade na Execução ..........................................................................................................................................................66
6.5 A penhora de bens ......................................................................................................................................................................69
07. Execução de título extrajudicial e Embargos à execução .......................................................................................................71
7.1 Execução por quantia certa – título executivo extrajudicial ........................................................................................................71
7.2 Embargos à execução ................................................................................................................................................................. 75
08. Cumprimento de Sentença e impugnação. Execução de alimentos. ................................................................................... 78
8.1 Execução de título judicial – Cumprimento de Sentença........................................................................................................... 78
8.2 Cumprimento de sentença de quantia certa.............................................................................................................................. 78
8.3 Impugnação ao cumprimento de sentença ............................................................................................................................... 79
8.4 Cumprimento de Sentença contra Fazenda Pública................................................................................................................. 80
8.5 Execução contra fazenda pública .............................................................................................................................................. 80
8.6 Fraude à Execução x Fraude contra Credores .......................................................................................................................... 80
8.7 Protesto da Decisão Judicial........................................................................................................................................................ 82
8.8 A possibilidade de negativação do nome do devedor............................................................................................................... 82
8.9 Suspensão da Execução ............................................................................................................................................................. 83
8.10 Extinção da execução................................................................................................................................................................84
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado para a 2ª Fase OAB e deve ser utilizado como um complemento para as
respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
Bons estudos, Equipe CEISC.
Atualizado em outrubro de 2021.
2
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

01. Acesso à Justiça: Custas/Despesas/Gratuidade,


Honorários Advocatícios, Atos processuais, Comunicação dos
atos (Citação/Intimação), Prazos, Nulidades

Prof.ª Leonardo Fetter


@prof.fetter

01. Acesso à Justiça


1.1 Custas e Despesas Processuais
Foi definido, no art. 82 do CPC, que o autor, ao propor uma ação, deverá fazer o

adiantamento das custas processuais (ou seja, a parte autora deverá fazer o recolhimento

das custas para ter sua ação distribuída).

Objetivamente, o Estado cobra para prestar Jurisdição.

A respeito, vale ressaltar duas situações:


* Para todos verem: esquema

a) O conceito de custas está inserido no art. 84 do CPC;

b) A sentença (ao final do processo – quando da sua extinção), condenará a


parte vencida ao pagamento (para a parte vencedora) das custas e despesas que
esta (parte vencedora) antecipou (art. 82, parágrafo segundo, do CPC).

1.2 Justiça gratuita


O próprio art. 82 do CPC prevê que no caso de Justiça Gratuita restará a parte isenta

do pagamento de custas e despesas processuais.

Nesse sentido, o artigo 98 do CPC garante à pessoa natural ou jurídica, tanto brasileira,

quanto estrangeira, que tenha insuficiência de recursos para o pagamento das custas, das

despesas processuais e dos honorários advocatícios, o direito à justiça gratuita.

3
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

É concedido a qualquer das partes, podendo ser, inclusive, a um terceiro que

interveio no processo, desde que cumpra os requisitos impostos na lei.

O pedido ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo, na inicial,

contestação, em recursos ou até mesmo na petição que traz um terceiro ao processo.

Art. 99

O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na


petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser
formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes
de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.
§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de
gratuidade da justiça.

§ 5o Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de


sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo
se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.

§ 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a


sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos.
§ 7o Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará
dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso,

apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento.

4
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não podendo o

juiz indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o contrário. Nesse caso,

ainda, antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de provar o contrário (art. 99,

parágrafo segundo e terceiro, do CPC).

Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que para fazer jus à justiça gratuita

deve provar ser financeiramente hipossuficiente.

Recurso contra indeferimento

Art. 101

Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação

caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença,

contra a qual caberá apelação.

§ 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator


sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.

§ 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão

colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo


de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso.

Impugnação

Art. 100

Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na

réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou

formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15

(quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso.

5
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Perícia

Art. 95

Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado,

sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada
quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes.

§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de

gratuidade da justiça, ela poderá ser:

I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por

servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado;

II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito

Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado

conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho

Nacional de Justiça.

1.3 Honorários Advocatícios de Sucumbência


A parte vencida no processo é denominada de sucumbente – e deverá arcar com os

ônus desta derrota (da sucumbência).

Dentre os ônus está o pagamento das custas (art. 82, parágrafo segundo, do CPC) para

a parte vencedora (como já referido anteriormente).

E, por segundo, será também a parte vencida condenada a pagar os honorários

advocatícios ao ADVOGADO da parte vencedora (conforme previsão expressa do art. 85).

Tal condenação deverá ser fixada na forma estabelecida no art. 85, parágrafo segundo,

do CPC.

6
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 338

Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo

prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição

inicial para substituição do réu.

Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará

os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por

cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º

1.4 Direitos do Advogado – Acesso aos autos

O advogado pode ter vista de qualquer processo judicial em tramitação, mesmo sem

procuração, desde que não estejam sob a proteção do segredo de justiça, caso em que é

necessária procuração (art. 107, I, do CPC)

IMPORTANTE

Este mesmo direito é assegurado aos processos eletrônicos, conforme previsão do art.
107, parágrafo quinto, do CPC.

Tem o advogado direito a carga (levar consigo) dos autos do processo em tramitação,

situação onde será necessário apresentar procuração (107, II e III, do CPC).

02. Atos processuais


O processo consiste em uma sucessão de atos.

Atos processuais são os atos humanos realizados no processo, os quais devem ser

praticados em conformidade com o que determina a lei. Podem ser orais ou por escrito,

7
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

todavia, sempre que forem orais, serão reduzidos a termo pelo escrivão, para sua

documentação nos autos.

Independentemente de sua forma, em regra, os atos processuais serão públicos, salvo

aqueles cuja ação tramitar em segredo de justiça:

Art. 189

(...)
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.

É possível a prática de atos processuais também por meio eletrônico.

Atos processuais do juiz: o pronunciamento do juiz poderá ser feito através de

sentenças, decisões interlocutórias e despachos.


De acordo com art. 203, §1º, do CPC, sentença é o meio pelo qual o juiz extingue a

ação e a execução, com ou sem resolução do mérito (artigos 487 e 485 do CPC).

Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de

sentença (§ 2º).

E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de ofício ou

a requerimento da parte (§ 3º).

8
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

2.1 Intervenção do MP no Processo Civil


A atuação do MP pode acontecer como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Sua atuação como fiscal da ordem jurídica será emitindo parecer/opinião – e esta

atuação se restringe aos casos definidos no art. 178 do CPC.

Nestes casos definidos no art. 178 do CPC, a intimação do MP será obrigatória (179, I,

do CPC), sendo que a falta de intimação acarretará a nulidade do processo (art. 279 do

CPC).

2.2 Nulidades dos atos processuais


Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os requisitos de

validade e acarretar algum prejuízo.

Se o juiz identificar uma nulidade durante o processo, ordenará que seja corrigida,

avaliando, inclusive, se os atos posteriores que dele dependam também devem ser

reparados (artigo 282 do CPC).

A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele dependam, não

prejudicando os atos posteriores independentes, conforme disciplina o artigo 281 do CPC.

De acordo com o artigo 277 do CPC, o ato será considerado válido pelo juiz, desde

que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha sido realizado

de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da instrumentalidade das formas,

que diz que a forma é necessária apenas para que o ato alcance o seu objetivo, sendo que

se atingir o objetivo por outro meio não existirá o vício (exemplo: o réu é citado de forma

incorreta, mas comparece à audiência e se defende - o ato que inicialmente era nulo se

tornará válido).

9
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

2.3 Tempo dos Atos Processuais


Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas, conforme o

artigo 212 do CPC.

Para efeito processual, além dos declarados em lei, também consideram-se como

feriados, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente nos órgãos

jurisdicionais (artigo 216 do CPC).

Ou seja, são dias úteis aqueles que não forem considerados feriado.

2.4 Prazos dos Atos Processuais


Os prazos, no direito processual civil, serão contados apenas em dias úteis (art. 219 do

CPC).

Para contagem dos prazos, como regra, será identificado o dia do começo (art. 231 do

CPC), excluindo-se tal dia conforme o art. 224 do CPC (exclui-se o dia do começo e inclui-

se o do final).

Na contagem de prazos quando a intimação acontecer via publicação no Diário da

Justiça Eletrônico, serão levados em consideração os parágrafos segundo e terceiro do art.

224 do CPC.

Ocorrendo uma causa interruptiva de prazo, terminada a interrupção, o prazo

reiniciará na sua integralidade (terminada a causa interruptiva a parte tem todo o prazo de

volta).

Emergindo uma causa suspensiva, encerrada a mesma, a parte terá apenas o que

restou (o saldo) do prazo.

São causas que geram a modificação do prazo – contagem em dobro – aquelas

previstas no art. 180 do CPC (MP), art. 183 do CPC (Fazenda Pública), art. 186 do CPC

(Defensoria Pública) e art. 186, parágrafo terceiro, do CPC (escritórios de prática jurídica

das faculdades de direito).

10
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Também incidirá o prazo em dobro no caso do art. 229 do CPC (litisconsórcio com

diferentes procuradores de escritórios distintos) – IMPORTANTE: segundo o parágrafo

segundo do 229 do CPC, tal dispositivo não se aplica aos processos em autos eletrônicos.

Para as partes, a consequência da não observância dos prazos processuais é a

preclusão temporal, ou seja, a perda do direito de manifestação:

Art. 223

Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,


independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que
não o realizou por justa causa.

Trata-se de um mecanismo que gera a perda da faculdade processual, ou seja, a parte

não poderá mais praticar determinado ato processual, podendo ser gerada por não ter sido
exercida no tempo devido (preclusão temporal).

Prazos em dobro

• Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos,

que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º.

• Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas

autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as

suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação

pessoal.

• Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas

manifestações processuais.

11
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

• Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de

advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas

manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.

2.5 Preclusão lógica


A parte deixa de ter a possibilidade de praticar algum ato, diante de já ter realizado ato

anterior incompatível com o mesmo. Exemplo: Artigo 1.000 do CPC.

2.6 Preclusão consumativa


Trata-se da impossibilidade da parte refazer ou aperfeiçoar algum ato já realizado. Por

exemplo: a reconvenção deverá ser apresentada junto com a contestação, nem antes, nem

depois, junto.

O magistrado também deverá obedecer prazos processuais, na forma do art. 226 do

CPC:

Art. 226

12
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 226. O juiz proferirá:


I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;

II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;


III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.

Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao

corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que


injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.

§ 1º Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso de

arquivamento liminar, será instaurado procedimento para apuração da responsabilidade, com


intimação do representado por meio eletrônico para, querendo, apresentar justificativa no prazo de 15

(quinze) dias.

§ 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a

apresentação ou não da justificativa de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor do tribunal ou o

relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação do representado por meio eletrônico

para que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.

§ 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra o qual

se representou para decisão em 10 (dez) dias.

IMPORTANTE

Contra o magistrado não existe preclusão temporal.

2.7 Possibilidade de alteração no Procedimento


Conforme previsão do art. 190 do CPC, as partes podem estipular, de comum acordo,

mudanças no procedimento:

Art. 190

13
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes

plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades


da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais,
antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções

previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de


inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade.

E, nesse sentido, poderão inclusive criar um calendário processual próprio (art. 191 do

CPC).

IMPORTANTE

O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão


modificados em casos excepcionais, devidamente justificados (§1º, art. 191 do CPC).

Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de

audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário (§2º, art. 191, CPC).

2.8 Comunicação dos atos processuais


4.8.1 Citação

Formas de citação:

Art. 246

14
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

A citação será feita:

I – pelo correio;
II – por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório;
IV - por edital;

V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.

Segundo o artigo 247 do CPC, a citação não poderá ser por correio quando:
* Para todos verem: esquema

I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3º;

II - quando o citando for incapaz;

III - quando o citando for pessoa de direito público;

IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de


correspondência;

V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.

A chamada citação por hora certa, nada mais é do que após duas tentativas de citação

pelo oficial de justiça, poderá o réu ser citado por hora certa, desde que seja suspeito de

ocultação (art. 252 do CPC)

Cuidado: o oficial que vai duas vezes na casa do réu e ele não se encontra porque está

trabalhando, não dá motivos para fazer a citação por hora certa.

A citação por edital ocorrerá nos casos do art. 256 do CPC.

IMPORTANTE

15
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Para que a parte seja considerada em local incerto e não sabido são necessárias as
diligências do art. 256, parágrafo terceiro, do CPC.

O Edital será publicado em plataformas digitais, no site do Tribunal de Justiça (se em

âmbito estadual) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), sendo FACULTATIVA a

publicação em jornal local.

Os efeitos da citação estão elencados no artigo 240 do CPC:

Art. 240

A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna
litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos
§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que
proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para
viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1o.
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência e aos demais prazos
extintivos previstos em lei.

Em se tratando de pessoa jurídica a citação poderá ser do gerente ou até mesmo do


empregado responsável pelo recebimento de correspondência, de acordo com o §2º, do

artigo 248 da CPC.

IMPORTANTE

16
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

O CPC prevê que o comparecimento espontâneo do réu supre a nulidade da citação:

Art. 239

Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as


hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.

§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da


citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos
à execução.

De acordo com o artigo 244 e 245 do CPC, não poderão ser citados, salvo para evitar

perecimento do direito:

Artigos

Art. 244. I - de quem estiver participando de ato de culto religioso;


II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias

seguintes;
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento;
IV - de doente, enquanto grave o seu estado.
Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está
impossibilitado de recebê-la.

4.8.2 Intimação

Forma de dar ciência as partes sobre atos e termos do processo – art. 269 do CPC.

Intimação direta – feita pelo advogado de uma das partes para o advogado da parte

adversa, na forma do 269, parágrafo primeiro e segundo, do CPC.


4.8.3 Cartas

17
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Segundo o art. 67 do CPC, são formas de cooperação entre órgãos jurisdicionais.

O art. 69, parágrafo segundo, do CPC elenca alguns atos processuais que poderão ser

produzidos via Cartas.

Os tipos de cartas existentes estão definidos no art. 237 do CPC: ordem, rogatória,

precatória e arbitral.

IMPORTANTE

Há dois tipos de carta rogatória: a carta rogatória ativa, que é expedida no Brasil (no juiz
deprecante) e encaminhada para outro país para ser cumprida pelo juiz deprecado e; a
carta rogatória passiva, quando algum país estrangeiro expede carta rogatória para
oitiva de alguma testemunha no Brasil.

Nesses casos compete ao STJ autorizar o cumprimento da carta rogatória passiva,

chamado exequatur (art. 105, I, “i” da CF), mas cuidado, o STJ apenas vai autorizar a

execução da carta rogatória, pois quem vai de fato executar, escutar a testemunha ou parte,

será o juiz federal (art. 109, X, da CF).

2.9 Suspensão do processo


Das causas de suspensão, elencadas no artigo 313 do CPC, algumas são aplicáveis a

todos os tipos (I, II, III e VI), outras são específicas do processo de conhecimento (IV e V), já

as do processo de execução são tratadas no artigo 921 do CPC.

Art. 313

18
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Suspende-se o processo:
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência
de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de
certa prova, requisitada a outro juízo;
VI - por motivo de força maior;
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de
competência do Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.
(...)

19
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

02. Petição Inicial, Emenda, Indeferimento, Improcedência


liminar, Estruturação

2.1 Petição Inicial


O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa da parte -

a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo civil, independente do

rito.

Tal peça – petição inicial - deve obedecer os requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC.

Importante ressaltar, a respeito:

A petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que lhe seja designada

audiência de conciliação ou mediação (art. 334 do CPC), bem como, deverá juntar a

procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo (art. 105, §2º, do CPC).

A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão, decadência ou prescrição,

ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, parágrafo único, I c/c art. 104 do CPC).

IMPORTANTE

Se o autor for absolutamente ou relativamente incapaz, deverá ser indicado a pessoa que

o representa ou assiste.

2.2 Emenda da Petição Inicial


Se a petição inicial estiver irregular, por faltar algum dos requisitos dos arts. 319/320

do CPC, ou apresentar defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de

mérito, o juiz determinará que o autor emende ou a complete, no prazo de 15 dias

(informando, com precisão, o que deve ser corrigido ou completado - artigo 321, do CPC).

Não cumprida tal diligência, a petição inicial será indeferida (art. 321, parágrafo único,

do CPC) – restando a ação extinta sem resolução do mérito, na forma do art. 485, I, do CPC.

20
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

2.3 Indeferimento da Petição Inicial


As hipóteses de indeferimento são aquelas previstas no art. 330, CPC. Identificada

pelo magistrado alguma das situações do art. 330 do CPC, deverá intimar o autor para

emendar/completar a inicial (art. 321, combinado com o art. 317 do CPC).

A decisão que indefere a inicial, por gerar a extinção sem resolução do mérito, é uma

sentença (recorrível via apelação).

No caso de apelação, segundo o artigo 331 do CPC, o juiz poderá retratar-se de sua

decisão de indeferimento, no prazo de 05 dias, se não se retratar, o réu será citado para

responder ao recurso.

2.4 Improcedência liminar do pedido


Quando o juiz verificar que a inicial preenche os requisitos, determinará a citação do

réu para que possa ser integrado ao processo, mas se verificar uma das hipóteses do artigo

332, do CPC, estará autorizado a proferir decisão liminar de total improcedência, sentença

com resolução do mérito (art. 487, I, do CPC).

Para que não viole o princípio da ampla defesa e do contraditório, o juiz deverá ouvir

o autor.

No entanto, não é necessária a oitiva do réu pois as causas de improcedência liminar

não prejudicam o réu, apenas ao autor, ademais, essa decisão liminar ocorre antes da

citação do réu.

Assim como no indeferimento, a improcedência liminar gera a extinção (mas com

mérito) – dessa forma, tal decisão será classificada como sentença (art. 316 do CPC),

restando a apelação como recurso adequado (art. 1009 do CPC).

Vale recordar, ainda, que interposta a apelação o juiz poderá retratar-se no prazo de

cinco dias, se houve a retratação o juiz irá determinar o prosseguimento do processo, com

a citação do réu, contudo se não houver retratação, determinará que o réu apresente

contrarrazões, no prazo de 15 dias.

2.5 Estruturação

21
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO


VARA CÍVEL DA COMARCA DE...

AUTOR..., nacionalidade..., estado civil... (ou existência de união estável - verificar enunciado),
profissão..., portador da Cédula de Identidade nº..., inscrito no CPF sob o nº..., com endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., por seu
procurador/advogado (procuração em anexo), vem, com fundamento no artigo..., propor a
presente

AÇÃO..., em face (contra) de

RÉU..., nacionalidade..., estado civil...(ou existência de união estável - verificar enunciado),


profissão..., portador da Cédula de Identidade nº..., inscrito no CPF sob o nº..., com endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

I – DOS FATOS:

Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da ação, conforme o
problema fornecido pela FGV.

II – DO DIREITO: (OU DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS)

Trazer a fundamentação legal da ação.

III – DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer o Autor:

22
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

a) O recebimento da presente ação e a concessão da justiça gratuita – art. 98/99 do CPC (se for
o caso, conforme o enunciado;
b) Requer a concessão da tutela provisória para o fim de... (verificar se é o caso de tutela
provisória conforme enunciado);
c) A tramitação preferencial do presente feito (se for o caso do enunciado), tendo em vista o art.
... (verificar art. 1.048 do Código de Processo Civil e legislação especial eventualmente cabível ao
caso, ex.: estatuto do idoso);
d) Requer a distribuição por dependência aos autos do processo nº... (caso seja pertinente);
e) Nos termos do artigo 319, inciso VII do Código de Processo Civil, manifesta o Autor o seu...
pela realização da audiência de conciliação ou mediação (verificar enunciado da FGV);
f) Requer a citação do Réu para comparecer à audiência de conciliação ou mediação;
g) Requer a intimação do procurador do Autor para que tome ciência da data aprazada para
audiência de mediação e conciliação;
h) A produção de toda a prova em direito admitida, em especial...
i) A total procedência da ação com o fim de... (condenar, ou constituir um direito, ou declarar);
j) A condenação do demandado nas custas (art. 82, parágrafo segundo) e honorários advocatícios
(artigo 85 do Código de Processo Civil);

Valor da causa: Dá à causa do valor de R$.. (art. 292 do Código de Processo Civil)

Termos em que,
Pede deferimento.Local..., data...
Advogado...
OAB...

23
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

24
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

25
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

26
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

03. Contestação, reconvenção, revelia, estruturação

3.1 Contestação
Forma processual do réu/demandado apresentar sua defesa. Deverá ser protocolada

no prazo de 15 dias, obedecido o art. 335 do CPC:

Art. 335

O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo
inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando
qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação
apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.
§ 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial
previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo
pedido de cancelamento da audiência.
§ 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o
autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da
data de intimação da decisão que homologar a desistência.

27
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Em resumo, o prazo para contestação será contado:


* Para todos verem: esquema

a) Da audiência (se ocorrer audiência);

b) Da citação, se o réu for citado para contestar;

c) Da juntada do último comprovante citatório se vários forem os réus e todos forem


citados para contestar;

d) Do protocolo do pedido de cancelamento da audiência do art. 334 do CPC, caso


ela não ocorra por vontade das partes (sendo que, neste caso, ocorrendo litisconsórcio
no polo passivo, o prazo será independente para casa réu, a partir do respectivo
protocolo).

Princípio da Eventualidade ou da concentração de defesa

Ao contrário do que ocorrer na petição inicial, a Contestação não possuí requisitos a

serem preenchidos obrigatoriamente.

Cabe ao réu alegar na contestação toda matéria de defesa, de forma específica,


expondo as razões de fato e de direito para impugnar o pedido do autor (art. 336, do CPC).

Ônus da impugnação especificada

O Réu não pode apresentar, como regra, contestação genérica, devendo enfrentar

de forma específica tudo aquilo que foi alegado pelo autor, na petição inicial.

28
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 341

Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes


da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;

II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da


substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor
público, ao advogado dativo e ao curador especial (BRASIL, 2015).

E, aqui, fato não contestado será considerado presumidamente verdadeiro.

Excepcionalmente, conforme previsão do art. 341, parágrafo único, será autorizada e

permitida a contestação genérica.

O réu pode então, na contestação, apresentar sua defesa processual (as

denominadas Preliminares, previstas no art. 337 do CPC) e de mérito (rebatendo de forma

específica os fatos – art. 341 do CPC – e os pedidos, art. 336 do CPC).

Quanto as preliminares, vale recordar algumas situações específicas:

Incorreção do valor da causa

A não impugnação pelo réu, gera a preclusão, isto é, de acordo com o artigo 293, do

CPC, não haverá outro momento para impugnar o valor da causa.

Ausência de legitimidade ou de interesse processual, artigo 337, inciso XI, do CPC

Neste caso será permitido ao autor, segundo o art. 338 do CPC, concordar com a

alegação de ilegitimidade do réu, aceitando a sua exclusão e redirecionando a ação contra


o demandado correto.

Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça, artigo 337, inciso XIII, do

CPC

29
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Se a gratuidade da justiça for concedida após a petição inicial, o pedido de revogação

será formulado por petição simples, no prazo de quinze dias (art. 100, caput, CPC).

3.2 Reconvenção

Além da contestação, o réu poderá se valer da reconvenção para contra-atacar o autor,

isto é, através da reconvenção o réu poderá formular pretensões, assim como fez o autor

na petição inicial.

Segundo a expressa previsão do art. 343 do CPC, deverá a reconvenção ser

apresentada na Contestação (entenda-se que não será em peça separada e no prazo da

contestação).

A desistência da ação ou a ocorrência de alguma causa extintiva que impeça o exame


do mérito da petição inicial, não prejudicará o prosseguimento do processo quanto à

reconvenção (§2º, do artigo 343, do CPC).

Revelia

A revelia é configurada pela inércia do réu, que deixa de apresentar defesa em relação

aos fatos narrados na inicial – objetivamente, ocorrerá a revelia quando o réu não apresentar

contestação.

A revelia do réu acarreta na presunção de veracidade dos fatos narrados na petição

inicial (art. 344, segunda parte, do CPC) – os chamados efeitos da revelia; e a

desnecessidade de sua intimação para os demais atos do processo caso não tenha

constituído procurador nos autos,

Importante recordar que os do art. 345 do CPC são hipóteses que afastam a aplicação

dos efeitos da revelia (o réu permanece revel, mas contra ele não se aplicam os efeitos, ou

seja, a presunção de veracidade dos fatos):

30
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 345

A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:


I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável
à prova do ato;

IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em


contradição com prova constante dos autos.

3.3 Audiência de instrução


A audiência de instrução serve, basicamente, para produzir prova oral – art. 361 do

CPC (podendo, ainda, neste ato, serem esclarecidas questões de perícia, produzir debates
orais e decidir a causa)

A audiência é pública, ressalvada algumas exceções legais (art. 368 e 189, CPC):

Segundo os incisos do art. 361 do CPC, acontecerá nesta audiência a ouvida do perito

e assistentes técnicos (se existente a prova pericial), os depoimentos pessoais do autor e

do réu (ouvida das partes) e a inquirição de testemunhas.

A possibilidade de adiamento de tal audiência está prevista no artigo 362 do CPC, nas

hipóteses de:

Art. 362

A audiência poderá ser adiada:

I - Por convenção das partes;

II - Se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva necessariamente

participar;

III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado.

31
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

IMPORTANTE

O Juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte cujo advogado ou
defensor público não tenha comparecido e nem tenha justificado, aplicando a mesma
regra ao Ministério Público (§2º, art. 362, CPC).

Finda a instrução, o juiz passará a palavra para o advogado do autor, logo depois, ao

advogado do réu, bem como, ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua

intervenção. Cada um terá o prazo de vinte minutos, prazo que poderá ser prorrogado por
mais dez minutos, se o juiz achar necessário (art. 364, CPC).

Quando a causa apresentar complexidade em fatos ou de direito, o debate oral poderá

ser substituído por razões finais escritas (antigamente classificados como memoriais), que

serão apresentados pelo autor e pelo réu, bem como, pelo Ministério Público se for o caso

de intervenção, em prazos sucessivos de 15 dias para cada, sendo assegurada vista aos

autos (§2º, 364, CPC).

Encerrados os debates orais ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença

em audiência, ou no prazo de 30 dias (art. 366, CPC).

3.4 Estruturação

32
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

EXMO. SR. DR. JUIZ DA... VARA CÍVEL COMARCA DE... (OBS: Aqui já se sabe onde o processo
está tramitando, então colocar os dados, conforme informado pela FGV).

Autos do Processo n... (informar o número do processo, caso fornecido)

REU.... nacionalidade.... estado civil... profissão.... portador da Cédula de Identidade nº inscrito


no CPF sob o nº... com endereço eletrônico residente e domiciliado na Rua n...Bairro....
Cidade.... Estado..., vem, por seu procurador/advogado (procuração em anexo), com
fundamento no artigo 335 e seguintes do Código de Processo Civil, oferecer
CONTESTAÇÃO
à ação de que lhe move AUTOR...... nacionalidade estado civil profissão.... portador da Cédula
de Identidade nº... inscrito no CPF sob o nº com endereço eletrônico....residente e domiciliado
na. Rua nº Bairro..... Cidade.... Estado, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

TEMPESTIVIDADE

Demonstrar que está apresentando a contestação de forma tempestiva, de acordo se foi


realizada a audiência de conciliação ou mediação, ou se foi tal audiência cancelada por vontade
das partes (ou, ainda, se foi o réu citado diretamente para contestar)

SÍNTESE DA INICIAL

Fazer um resumo do que a Autor está pedindo na inicial.

PRELIMINARMENTE

Faz-se esse tópico caso tenha que se alegar alguma das matérias enumeradas no art. 337, do
CPC/15.

33
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

DO MÉRITO

Aqui se impugna a versão autoral, ou seja, todas as alegações de fato feitas pelo Autor na inicial
(e constantes do enunciado) – art. 341

Também é o momento de contestar os pedidos – art. 336

E também, caso constante do enunciado, trazer e argumentar fato impeditivo, modificativo ou


extintivo do direito do Autor

PEDIDO:

Diante do exposto, requer

a) O recebimento da contestação:

b) Deferimento da justiça gratuita com fundamento no art. 98 e 99 e do Código de Processo


Civil(caso seja cabivel ao enunciado da FGV)

c) O acolhimento da preliminar de...com fundamento no art. 337 (se existir tal possibilidade
conforme o enunciado).

Como o acolhimento da preliminar, deve ser verificada a consequência de tal acolhimento (ex.:
remessa dos autos para o juízo competente, caso seja incompetência; extinção do processo
sem resolução do mérito se for ilegitimidade; correção do valor da causa...etc.).

d) Produção de todos os meios de prova em direito admitidos

34
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

d) Caso com resolução de mérito (487, I)c) O acolhimento da preliminar de...com fundamento
no art. 337 (se existir tal possibilidade conforme o enunciado).

Como o acolhimento da preliminar, deve ser verificada a consequência de tal acolhimento (ex.:
remessa dos autos para o juízo competente, caso seja incompetência; extinção do processo
sem resolução do mérito se for ilegitimidade; correção do valor da causa...etc.).

d) Produção de todos os meios de prova em direito admitidos

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...

35
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

36
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

37
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CÍVEL


COMARCA (preencher os dados conforme o enunciado)

Autos do Processo número... (preencher conforme o enunciado)

NOME DO RÉU, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador da Cédula de Identidade...,


CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., por seu procurador (procuração em anexo), vem à presença de Vossa Excelência, com
fundamento nos artigos 335, caput e inciso ... e 343, todos do Código de Processo Civil, oferecer
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO,
nos autos da ação ... movida por NOME DO AUTOR, nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador da Cédula de Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na
Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:
TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar que está apresentando a contestação de forma tempestiva, de acordo se foi
realizada a audiência de conciliação ou mediação, ou se foi tal audiência cancelada por vontade
das partes (ou, ainda, se foi o réu citado diretamente para contestar)

Destacar que a reconvenção também é tempestiva porque conforme o art. 343, caput do CPC é
apresentada com a contestação.

SÍNTESE DA INICIAL

Fazer um resumo do que a Autor está pedindo na inicial.

PRELIMINARMENTE

Faz-se esse tópico caso tenha que se alegar alguma das matérias enumeradas no art. 337, do
CPC/15.

38
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

DO MÉRITO

Aqui se impugna a versão autoral, ou seja, todas as alegações de fato feitas pelo Autor na inicial
(e constantes do enunciado) – art. 341

Também é o momento de contestar os pedidos – art. 336

E também, caso constante do enunciado, trazer e argumentar fato impeditivo, modificativo ou


extintivo do direito do Autor
DA RECONVENÇÃO:
a) Dos fatos da reconvenção:
Narrar a razão pela qual o Réu Reconvinte está pleiteando algo em face do Autor Reconvindo.
b) Dos fundamentos jurídicos da Reconvenção:
Trazer os argumentos jurídicos que fundamentam a pretensão do Réu Reconvinte em face do
Autor Reconvindo.
c) Exposição dos pedidos da Reconvenção – deixar clara a pretensão, o que pretende o
réu com a reconvenção

d) Valor da causa : Diante da expressa exigência legal – art. 292 – atribui a Reconvenção o
valor da causa de .....

DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Réu:
a) O recebimento da presente contestação com reconvenção, eis que tempestiva (se
houver indicação no enunciado, fazer pedido de justiça gratuita)

b) A intimação do Autor Reconvindo na pessoa do seu advogado para no prazo de 15 dias


apresentar resposta à Reconvenção, na forma do §1º do artigo 343 do CPC;

39
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

c) O acolhimento da preliminar de...com fundamento no art. 337 (se existir tal


possibilidade conforme o enunciado).

Como o acolhimento da preliminar, deve ser verificada a consequência de tal acolhimento (ex.:
remessa dos autos para o juízo competente, caso seja incompetência; extinção do processo
sem resolução do mérito se for ilegitimidade; correção do valor da causa...etc.).

d) Produção de todos os meios de prova em direito admitidos

d) Caso não acolhida a preliminar, requer a improcedência total dos pedidos da petição
inicial, com a extinção do processo com resolução de mérito (487, I)

Se for prescrição ou decadência, o fundamento será o 487, II

OBS.: Por exemplo, pode ocorrer a possibilidade de, subsidiariamente, em caso de procedência
do pedido principal, o que se admite apenas por hipótese, seja reduzido o valor do dano
material pretendido pelo Autor (de acordo com o problema da FGV)

e) Quanto a Reconvenção, reitera (expor o pedido – ou pedidos – condenatórios,


constitutivos ou declaratórios referentes a reconvenção).

f) A condenação do Autor ao pagamento das custas processuais (art. 82, parágrafo


segundo) e honorários advocatícios (art. 85)

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...

40
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

41
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

42
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

04. Tutela provisória, providências preliminares,


julgamento antecipado, saneamento/organização

As tutelas provisórias são divididas em Evidência e Urgência.

A tutela provisória de evidência somente poderá ser pedida (e concedida/deferida)

nos casos do art. 311 do CPC – e sua análise será incidental.

Por outro lado, a tutela de urgência exige, para sua concessão, a presença dos

requisitos do art. 300 do CPC (podendo ser requerida e analisada de forma incidente ou

antecedente).

A Tutela de Urgência ainda se subdivide em Antecipada (garantir direitos materiais) e

Cautelar (garantir direitos processuais).

Especificamente as tutelas de urgência poderão ser requeridas de forma antecedente

– a antecipada antecedente está regulada nos arts. 303 e 304 do CPC, enquanto a cautelar

antecedente tem sua regulação no art. 305 e seguintes do CPC.


* Para todos verem: esquema

Antecedente
Antecipada
Incidente
Urgência
Antecedente
Tutela
Cautelar
provisória
Incidente
Evidência Incidente

43
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Cessa eficácia da tutela antecedente

Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:

I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;

II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;

III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o

processo sem resolução de mérito.

Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado

à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.

4.1 Julgamento antecipado


Se já foram cumpridas as providências preliminares, o juiz procederá ao julgamento
conforme estado do processo, momento em que deverá analisar o destino da relação

processual, assim, ocorrendo qualquer hipótese prevista nos artigos 485 e 487, inciso II e

III, do CPC o juiz proferirá sentença, conforme artigo 354, do Código de Processo Civil.

IMPORTANTE

Essa decisão poderá ser apenas uma parcela do processo, caso em que será impugnável
por agravo de instrumento, conforme parágrafo único, do artigo 354, do CPC.

Julgamento antecipado do mérito - Total

Reconhecendo o magistrado a desnecessidade de produção de mais provas em

audiência de instrução e julgamento (provas orais, periciais e inspeção judicial), estará

autorizado a proferir sentença com resolução de mérito, segundo artigo 355, do Código de

Processo Civil:

44
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 355

O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,


quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;


II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova,
na forma do art. 349.

Essa decisão extinguirá o processo com resolução do mérito, na forma do 487, I, do

CPC – e será recorrível via apelação (pois é uma sentença – art. 1009 do CPC).

Julgamento antecipado parcial do mérito

O CPC também contempla a possibilidade de serem proferidas decisões parciais de

mérito, ou seja e objetivamente: alguns pedidos serem terem o mérito julgado e o processo

prosseguir quanto aos demais (produzindo, quanto a esses, a instrução):

Art. 356

O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela
deles:
I - mostrar-se incontroverso;

II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.

Da decisão de julgamento antecipado parcial do mérito cabe agravo de instrumento,

como instrumento correto para impugnação, segundo o §5º, do artigo 356, do Código de

Processo Civil.

45
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

4.2 Decisão de Organização e Saneamento do processo

Passada a fase de providências preliminar e não sendo o caso de julgamento

antecipado do mérito, o juiz proferirá decisão de organização e saneamento do processo,

conforme art. 357 do CPC:


* Para todos verem: esquema

I – Resolvendo e julgando as questões processuais pendentes;

II – Fixando os fatos controvertidos (os quais serão objeto de produção


probatória);

III – Estabelecendo o ônus (obrigação) de produzir a prova (respeitado o art. 373);

IV – Definindo os meios de prova;

V – Identificando as questões de direito relevantes (até em respeito ao art. 10);

VI – Aprazando audiência de instrução e julgamento, caso necessário.

Havendo necessidade de produção de prova testemunhal, o juiz fixará o prazo não

superior a quinze dias para que as partes apresentem o rol de testemunhas (parágrafo

quarto) - até dez, sendo no máximo três para cada fato, conforme art. 357, §6º, do CPC –

podendo o juiz delimitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da

causa e dos fatos individualmente considerados.

IMPORTANTE

Pode o juiz, se entender necessário, marcar uma audiência de saneamento em

cooperação, prevista no parágrafo terceiro do art. 357 do CPC – com o objetivo de tomar

as decisão referentes ao saneamento nesta audiência.

46
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

05. Teoria Geral da Prova, Suspensão e Extinção do Processo,


Sentença

5.1 Teoria Geral da Prova


Conceito de prova

A prova é um instrumento ou meio hábil para demonstrar a existência de um fato (o


objeto da prova serão, então, os fatos controvertidos, aqueles que tem mais de uma versão

nos autos).

Os meios legais de prova legais e “moralmente legítimos” (art. 369 do CPC). São

inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, segundo o inciso LVI, do

artigo 5º da Constituição Federal.

Não depende de prova, de acordo com o artigo 374 do CPC, os fatos:


* Para todos verem: esquema

a) Notórios: de conhecimento geral, como datas históricas;

b) Afirmados por uma parte e confessados pela outra parte: quando a parte confirma as
alegações da parte contrária;

c) Admitidos no processo como incontroversos;

d) Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Cabe ao juiz apreciar a prova constante nos autos, independentemente de quem a

tiver promovido e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento (art.


371, CPC).

A quem cabe o requerimento de produção de provas?

As partes, em regra, têm o dever de requer a produção das provas e cabe ao poder

judiciário deferir ou não.

47
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

O juiz não pode substituir a vontade de uma das partes determinando a produção de

alguma prova que a parte não produziu ou nem mesmo citou, exceto quando se tratar de

direito indisponível, ocasião em que poderá solicitar de ofício a produção de provas,

tratando-se de uma exceção.

Ônus da prova

Caberá o ônus da prova ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu,

quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, essa é

a regra geral (art. 373, CPC).

O art. 373, parágrafo primeiro, do CPC autoriza o julgador, mediante decisão

fundamentada, a inverter o ônus da prova – é a chamada distribuição diversa do ônus da

prova (ou distribuição dinâmica).


Essa alteração ou inversão do ônus da prova também poderá ser feita, acertada entre

as partes, conforme prevê os parágrafos terceiro e quarto do art. 373.

Prova emprestada

Em nome do princípio da economia processual e da celeridade, o juiz poderá admitir

a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar

adequado, observado o contraditório (art. 372 do CPC)

Produção antecipada de provas

A prova pode ser antecipada (art. 381, CPC):


* Para todos verem: esquema

a) Quando exista fundado receio de impossibilidade ou dificuldade de verificação de


certos fatos;

a) Com o objetivo de alcançar provas que motivem as partes para autocomposição;

b) Identificar fatos que possam justificar ou evitar o ajuizamento de uma ação.

48
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

5.2 Prova em Espécie


Ata notarial

A ata notarial é um documento lavrado pelo tabelião de notas exclusivamente, Ela tem

a finalidade de atestar a existência ou o estado de coisas.

Art. 384

A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a


requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos
poderão constar da ata notarial.

Depoimento pessoal

Depoimento das partes – autor e réu. Cabe à parte adversa requerer o depoimento

pessoal da outra parte (artigo 385, do CPC).

IMPORTANTE

Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal não comparecer, ou


se comparecer, recursar-se a depor, aplicar-se-á pena de confissão (Art. 385, §1º, CPC),
desde que advertida da pena de confesso no ato da intimação (que deve ser pessoal).

Em caso de pessoa jurídica, o depoimento poderá ser prestado por seus

representantes legais ou prepostos indicados pelo contrato social, desde que tenham

poderes para isso e, obviamente, tenham conhecimento dos fatos.


As partes serão ouvidas em separado, sendo vedado quem ainda não depôs, assistir

ao interrogatório da outra parte (Art. 385, §2º, CPC).

49
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Somente não será obrigada a prestar depoimento pessoal nas hipóteses elencadas no

artigo 388, do CPC (ou seja, nestes casos a negativa de prestar depoimento ou de responder

as perguntas não acarreterá a pena de confissão):

Art. 388

A parte não é obrigada a depor sobre fatos:


I - Criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
II - A cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu
companheiro ou de parente em grau sucessível;
IV - Que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado e de família.

Confissão

Segundo o artigo 389 do Código de Processo Civil, há confissão quando a parte admite

a verdade de um fato, contrário ao seu próprio interesse e favorável aos interesses do

adversário.

Eficácia da confissão por representante (art. 392, §2º, CPC e 213, parágrafo único, CC):

é possível a confissão espontânea feita pelo representante legal, contudo, quem confessa

é o representado, o representante é quem apresentará a confissão espontânea ao

magistrado, ou seja, ele é mero condutor da vontade declarada pelo real confitente.

Para isso serão necessários poderes especiais (Art. 390, §1º, e 105, do CPC).

A confissão, uma vez feita, é irrevogável, salvo se for provado que ela acontece em

decorrência de erro de fato ou coação (art. 393, caput, do CPC) – nesse caso poderá ser

anulada.

50
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Exibição de documento ou coisa

O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre em seu

poder, sempre que o exame desses bens seja útil ou necessário para a instrução processual

(art. 396, CPC).

Quando o juiz não admitirá a recusa da exibição por parte do demandado?

Conforme artigo 399 do CPC, o juiz não admitirá a recusa se:


* Para todos verem: esquema

I - O requerido tiver obrigação legal de exibir: obrigação prevista em lei, como por exemplo, a exibição de
livros mercantis (art. 1190 e 1191, do CC).

II - O requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova: o
requerido afirmou durante o processo a existência de tal documento ou coisa.

III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes: como o recibo, seu conteúdo é comum às
partes que litigam sobre determinado negócio jurídico.

Se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer nenhuma declaração no prazo de

cinco dias, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que a parte contrária pretendia

demonstrar pelo documento ou coisa a ser exibida (art. 400, I, CPC). Ou, ainda, se a recusa
de exibição for ilegítima (art. 400, II, CPC).

Prova documental: conceito e força probante


Documento podem ser públicos ou particulares: desenhos, fotografias, as gravações

sonoras, filmes cinematográficos, etc.

Documentos públicos

O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o

escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declararem que ocorreram em sua

presença (Art. 405, CPC).

51
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Documentos particulares

Documentos particulares são, por óbvio, aqueles que não ocorrem por interferência

de órgão público em sua elaboração.

Segundo o artigo 411, do CPC, os documentos particulares serão considerados

autênticos quando:
* Para todos verem: esquema

II - a autoria estiver
identificada por qualquer III - não houver
I - o tabelião reconhecer a outro meio legal de impugnação da parte
firma do signatário; certificação, inclusive contra quem foi produzido
eletrônico, nos termos da o documento.
lei;

O documento particular de cuja autenticidade não se dúvida prova que o seu autor fez

a declaração que lhe é atribuída (art. 411, CPC).

O valor do documento particular cessa quando (Art. 428, CPC):


* Para todos verem: esquema

I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se


comprovar sua veracidade;

II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por


preenchimento abusivo.

Produção da prova documental


Incumbe à parte instituir a petição inicial ou a contestação com os documentos

destinados a provar suas alegações (art. 434, CPC), cabendo a parte diversa manifestar-se

aos documentos anexados.

52
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá

a outra parte, no prazo de quinze dias, podendo esse prazo ser dilatado, levando-se em

consideração a complexidade da documentação (Art. 437, CPC).

Prova testemunhal: conceito e admissibilidade

A prova testemunhal é um dos meios mais utilizados no processo civil, consiste na

inquirição em audiência de pessoas que não sejam as próprias partes, que tenham

presenciado ou possam contribuir sobre os fatos relevantes no julgamento.

A prova testemunhal, em regra, será sempre admissível; somente será indeferida

somente quando (Art. 442 e 443, CPC):


* Para todos verem: esquema

I – Se o fato já foi provado por documento ou confissão da parte: quando o


documento é autentico e não houve impugnação à sua veracidade, por exemplo.

II – Se o fato só pode ser provado por documento ou perícia.

Direitos e deveres da testemunha

Qualquer pessoa poderá depor como testemunhas, exceto as incapazes, impedidas

ou suspeitas (art. 447 do CPC).

A pessoa que depõem na condição de testemunha assumirá e prestará o compromisso

de dizer a verdade.

Quando necessário a oitiva de testemunhas impedidas, menores ou suspeitas (§4º,

447, CPC), os depoimentos destes serão prestados independentemente de compromisso

de dizer a verdade (ou seja, como informantes) e o juiz lhes atribuirá o valor que possam

merecer (§5º, 447, CPC).

53
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Produção da prova testemunhal

O momento adequado para requerer a prova testemunhal é a petição inicial (para o

autor), na contestação (para o réu), ou, então, na fase de especificação da prova, durante

as providencias preliminares (fase de saneamento).

Será na decisão de saneamento que o juiz irá determinar quais provas serão deferidas,

quais testemunhas serão ouvidas, sendo designada audiência de instrução para sua oitiva.

Cada parte poderá arrolar até 10 testemunhas, 3 para cada fato, podendo o juiz

dispensar as que considerar impertinentes (art. 357, §6º, CPC).

Contradita
Tem direito a parte de, caso a testemunha seja impedida, suspeita ou incapaz de

contraditá-la – ou seja, demonstrar que o depoente não pode prestar depoimento sob o
juramento (compromisso de dizer a verdade).

A contradita aceita pelo juiz não impede o depoimento, apenas retira do depoente a

condição de testemunha, passando para informante (o qual depõem sem o compromisso

de dizer a verdade.

Intimação da Testemunha

Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada,

dispensando, assim, a intimação pelo juiz (art. 455, caput, CPC).

A intimação deve ser realizada por carta com aviso de recebimento (AR), devendo o

advogado juntar aos autos, com antecedência de 3 dias da data da audiência, cópia do AR

e do comprovante de recebimento pela testemunha (Art. 455, §1º, CPC).

Conforme §4º, do artigo 455, do CPC a intimação só será feita pela via judicial quando:

I - For frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo;

II - Sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz;

III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o juiz o

requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir;

54
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

IV - A testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria

Pública;

V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.

A testemunha que, intimada por AR ou pela via judicial, deixar de comparecer sem

motivo justificado será conduzida e responderá pelas despesas do adiamento (§5º, Art. 455,

CPC).

IMPORTANTE

Quando arrolados como testemunhas as pessoas (autoridades) elencadas no art. 454 do


CPC, elas terão o direito de prestar o depoimento no seu domicílio ou local de trabalho.

Prova pericial

A prova pericial é o meio utilizado quando a apuração dos fatos exige estudos

técnicos, conhecimento de profissionais especializados em determinadas áreas. Nestes

casos são nomeados peritos, que realizam exame, vistoria ou avaliação.

Quando a prova não for complexa, poderá o juiz de oficio ou a requerimento das partes

substituir a perícia por prova técnica simplificada, que consiste na inquirição de

especialista,

O juiz, ao nomear o perito, fixará a data da entrega do laudo e caberá as partes, dentro

de 15 dias contados da intimação do decisão que nomeou o perito, apresentar, se for o

caso, impedimento ou suspeição, indicar assistente técnico e apresentar quesitos (que

poderão ser indeferidos pelo juízo, caso sejam impertinentes).

55
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Ciente da nomeação o perito apresentará em 05 dias (Art. 465, §2º, do CPC):


* Para todos verem: esquema

I - proposta de honorários;

II - currículo, com comprovação de especialização;

III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão


dirigidas as intimações pessoais.

Poderá o juiz determinar o pagamento da metade dos honorários do perito antes dos

trabalhos começarem sendo o restante pago posteriormente a sua conclusão, depois de

entregue o laudo e prestados os esclarecimentos necessários.

As partes podem escolher o perito, a partir do CPC, indicando mediante requerimento,

desde que estejam em comum acordo, sejam capazes e a causa possa ser resolvida por

autocomposição.

E mesmo indicando o perito, poderão indicar também assistente técnico.

5.3 Sentença
A sentença é ato do juiz que extingue o processo (art. 316 do CPC) com ou sem

resolução do mérito (art. 485 e 487, do CPC).

Sentença terminativa: que põe fim ao processo, sem resolver o mérito, conforme o

artigo 485, do CPC, o direito a ação permanece, mesmo após proferida a sentença.

Sentença de mérito: são as sentenças que decidem o mérito da questão, todo ou em

parte, decisão com resolução do mérito, segundo o artigo 487, do CPC.

O magistrado, após a publicação da sentença, não poderá mais alterá-la (art. 494 e

505, do CPC).
Extinção do processo SEM resolução do mérito – art. 485 do CPC

A extinção regulada pelo art. 485 do CPC terá como fundamento as circunstâncias

listadas nos incisos de tal dispositivo.

56
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

IMPORTANTE

A extinção sem resolução do mérito não gera coisa julgada material (art. 502 do

CPC) e não impede que o autor entre novamente com a mesma ação (art. 486 do CPC).

Identificar os conceitos de Perempção (art. 486, §3º, do CPC), Litispendência (art.

337, parágrafo 1º, 2º e 3º, do CPC) e Coisa julgada (art. 337, parágrafo 1º e 4º, art. 502,

do CPC).

A desistência da ação, como causa de extinção sem resolução do mérito, pode ser

apresentada até a sentença (art. 485, §5º, do CPC) – antes do oferecimento da

contestação sem necessidade de consentimento do réu; se o pedido ocorrer depois da

contestação, será necessário o consentimento do réu (art. 485, §4º, do CPC).

Quando ocorre o falecimento do titular do direito intransmissível, o direito se

extingue com a pessoa do titular, conforme o inciso IX (no entanto, quando o direito for

transmissível aplica-se o art. 110 do CPC, sem a extinção, mas sim com a sucessão da

parte falecida pelos seus herdeiros ou sucessores).

Extinção do processo COM resolução do mérito

No artigo 487, inciso I, do CPC encontra-se a forma mais completa de extinção da

causa com resolução do mérito, ocorre quando o juiz acolhe ou rejeita (no todo ou em parte)

o pedido formulado na ação (inicial) ou na reconvenção.

O inciso II traz a resolução do mérito também quando o juiz reconhecer a prescrição

ou a decadência (importante observar que o dispositivo autoriza ao juízo o reconhecimento

da prescrição ou da decadência de ofício).

E, por fim, também haverá resolução do mérito quando o juiz homologar o

reconhecimento do pedido (art. 487, III, a, do CPC), transação (art. 487, III, b, do CPC) e a

renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção (Art. 487, III, c, do CPC).

57
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

A fundamentação da sentença

Muito importante observar que não se considera fundamentada qualquer decisão

judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão que (art. 489, §1º, do CPC):

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar

sua relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de

sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,

infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus

fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela

parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do

entendimento.

A sentença possui limites que, se não respeitados, provocam sua nulidade, são as

chamadas sentenças ultra petita, citra petita e extra petita.

Sentença extra petita é aquela que o juiz julga pedido que não foi proposto pelo autor.

Sentença ultra petita é aquela que o juiz condena o réu em quantidade superior à

pedida

A sentença infra ou citra petita é quando o juiz deixa de apreciar algum pedido da

parte, quando houver cumulação de pedidos.

Remessa necessária

Também conhecida como duplo grau obrigatório. Não é recurso, é condição de

eficácia da sentença.

58
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Estarão sujeitos ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de

confirmada pelo tribunal, a sentença (art. 496):


* Para todos verem: esquema

I - proferida contra a União,


os Estados, o Distrito
II - que julgar procedentes,
Federal, os Municípios e
no todo ou em parte, os
suas respectivas autarquias
embargos à execução fiscal.
e fundações de direito
público;

Nestes casos, se não for interposta apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa

dos autos ao tribunal e se não fizer, deverá o presidente do respectivo tribunal avocá-los.

Esta regra da remessa necessária comporta duas exceções.

Por primeiro, quanto ao valor (art. 496, parágrafo terceiro) - não se aplicará a remessa

necessária quando a condenação for inferior a


* Para todos verem: esquema

a) mil salários-mínimos para a União e respectivas autarquias e fundações de


direito público;

b) 500 salários-mínimos para os Estados, DF e respectivas autarquias e fundações


de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; e

c) 100 salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias


e fundações de direito público.

Em segundo lugar, também não se aplicará o reexame necessário em casos em que a


sentença estiver fundada (art. 496, parágrafo quarto) em:

I - súmula de tribunal superior;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de

Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

59
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de

assunção de competência;

IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito

administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação,

Coisa Julgada

Efeito que atinge a decisão de mérito (art. 487) não mais sujeita a recurso, tornando-a

IMUTÁVEL e INDISCUTÍVEL – art. 502 (chamada de coisa julgada material).

A decisão sem resolução do mérito não acarreta coisa julgada material (é denominada

coisa julgada formal, ou seja, a decisão não se torna imutável e indiscutível) – o autor pode

entrar novamente com a mesma ação (art. 486).

A coisa julgada atinge as partes – art. 506 (ou seja, não atinge terceiros, aqueles que
não participaram da ação).

IMPORTANTE

As questões prejudiciais (questões as quais não fazem parte do pedido, mas que

precisam da manifestação do Poder Judiciário para que se alcance o julgamento dos

pedidos) podem ser atingidas pela coisa julgada, desde que (art. 503, parágrafo

primeiro):
= Do seu julgamento dependa o julgamento do mérito;

= Tenha incidido o contraditório;

= O órgão do Poder Judiciário seja também competente para julgar a questão

prejudicial como pedido principal

RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA – prevista nos incisos do art. 505: nenhum juiz

decidirá novamente questões já decididas, salvo nos casos dos incisos I (relação jurídica de

60
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

trato continuado, quando ocorrer modificação de fato ou de direito – Ex.: obrigação

alimentar) e II (casos previstos em lei – Ex.: Ação Rescisória).

PRECLUSÃO – todas as questões que já foram decididas no decorrer do processo e

que sobre elas tenha ocorrido a preclusão (extinção do direito de se manifestar) não podem

ser discutidas novamente (art. 507).

Ação Rescisória

Conceito e Utilidade - Forma de atacar a coisa julgada (decisão de mérito – art. 487) –

conforme o art. 966, caput.


* Para todos verem: esquema

Exceção 1

• Possibilidade de rescisória contra decisão sem resolução do mérito – art. 966,


parágrafo segundo

Exceção 2

• Impossibilidade de rescisória, mas sim de ação com pedido anulatório para atacar
atos homologatórios (art. 966, parágrafo quarto)

Fundamentação - Somente é possível se fundamentada nos casos previstos nos

incisos do art. 966

Art. 966

A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:


I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de
simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser
demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de
que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

61
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Outros casos que possibilitam e autorizam a rescisória:

= art. 966, parágrafo quinto;

= art. 525, parágrafo quinze;

= art. 535, parágrafo oitavo.

Prazo para interposição - Pode ser proposta no prazo de dois anos a partir do transito

em julgado (art. 975).

IMPORTANTE

O prazo é decadência e flui de forma corrida (dias úteis e não úteis).

Obs.: Exceção no caso de prova nova, previsto no art. 975, parágrafo segundo.

Art. 975

O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última


decisão proferida no processo.
(...)
§ 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de
descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito
em julgado da última decisão proferida no processo.

COMPETÊNCIA

A competência para julgar a rescisória é dos Tribunais – a denominada competência

originária.

62
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

O STJ somente será competente para julgar rescisória do seu próprio julgado (quando

este enfrentou o mérito da demanda).

LEGITIMIDADE – art. 967

Art. 967

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:


I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de
fraudar a lei;
c) em outros casos em que se imponha sua atuação;
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178 , o Ministério Público será intimado para intervir
como fiscal da ordem jurídica quando não for parte.

REQUISITOS DA INICIAL – art. 968

IMPORTANTE

Necessidade de depósito (caução) de 5% sobre o valor da causa (salvo nas exceções


previstas no parágrafo primeiro do art. 968).

Perda da caução (em favor do réu) – quando o julgamento for unânime de INAMISSÃO

ou IMPROCEDÊNCIA

63
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS – art. 968, I

Possibilidade de cumular pedido de Rescisão com o de novo julgamento:


* Para todos verem: esquema

JUIZO desconstituir a
RESCINDENDO decisão

JUÍZO novo
RESCISÓRIO julgamento

EFEITO SUSPENSIVO

A ação rescisória, como regra, não possui (art. 969)

Todavia, é possível pedir tal efeito, fundamentado na Tutela Provisória.

RITO/PROCEDIMENTO

Recebida a inicial, Des. Relator determinará a citação para contestar (art. 970), em

prazo a ser fixado pelo Relator (entre 15 e 30 dias).

IMPORTANTE

As regras de indeferimento da inicial (art. 330) e de improcedência liminar (art. 332) são
aplicáveis à Ação Rescisória.

Cabe Agravo Interno da decisão do Relator; e do acórdão cabe tanto o Recurso Especial
quanto o Extraordinário (desde que presentes os requisitos para o manejo de tais
recursos).

64
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

06. Teoria Geral da Execução

A ação de execução exige a existência de um título ou obrigação executável.

Este título pode ser judicial (conforme art. 515 CPC) ou extrajudicial (aqueles elencados

art. 784 CPC), a fim de que a atividade executiva seja exercida.

O legislador resolveu denominar a execução baseada em título judicial de

Cumprimento de sentença (mas não são apenas a sentenças os títulos executivos judiciais,

mas sim todos aqueles definidos no art. 515 do CPC).

6.1 Requisitos do título executivo (judicial e extrajudicial)


Os arts. 783 e 785 do CPC dispõem que “A execução para cobrança de crédito fundar-

se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”.

Ou seja:
* Para todos verem: esquema

OBRIGAÇÃO REPRESENTADA NO TÍTULO DEVE TER:

Liquidez: exata quantidade da obrigação. É o quantum.

Certeza: exposição da obrigação no título, com exposição do devedor, qual


obrigação e requisitos da lei.

Exigibilidade: a obrigação deve estar apta a ser exigida (art. 786 do CPC)

6.2 Responsabilidade patrimonial


Tal princípio pode ser extraído do art. 789 do CPC, que dispõe:

65
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 789

O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas
obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Ou seja, não existindo o pagamento voluntário, a forma de alcançar a satisfação do

crédito será infletir sobre o patrimônio do devedor.

6.3 Princípio da disponibilidade da execução


O exequente tem o direito de desistir da execução ou de parte dela, conforme disposto

no art. 775 do CPC.

6.4 Legitimidade na Execução


A LEGITIMIDADE ATIVA para propor a execução está prevista no art. 778 do CPC:

Art. 778

Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário:

I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;


II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for
transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato

entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do executado.

66
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Importante realçar o caso da sub-rogação na fiança, pois quando o fiador paga a

dívida pelo afiançado está autorizado a executá-lo nos autos do mesmo processo. É o que

dispõe os arts. 831 do CC e 794 §2º do CPC:

Artigos

Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas
só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.

Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.


Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados
os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os
pormenorizadamente à penhora.
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.

Outro legitimado ativo da execução previsto na doutrina é o advogado. O art. 23 da

Lei nº 8.906/94 conferiu ao advogado o direito de executar os honorários advocatícios de

sucumbência:

Art. 23

Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao


advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo
requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.

67
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Os LEGITIMADOS DO POLO PASSIVO da execução estão previstos no art. 779 do CPC.

Art. 779

A execução pode ser promovida contra:

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;


II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do

título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;

VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

O art. 779, II, do CPC prevê a possibilidade de figurar como executado o espólio, os

herdeiros ou os sucessores do devedor. Importante destacar que a execução deverá

respeitar os limites da herança.

Sobre a legitimidade passiva prevista no art. 779, III, do CPC (novo devedor que

assumiu com consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo) é

importante destacar a necessidade de concordância prévia do credor, já que o devedor

responde com seus bens pela execução.

O caso do art. 779, IV, do CPC é aquele em que figura no polo passivo da execução o

fiador do débito constante em título extrajudicial. É importante frisar que o fiador, caso não

tenha renunciado, tem direito ao benefício de ordem (art. 827 do CC), podendo requerer

que sejam executados primeiramente os bens do devedor, sitos no mesmo munícipio, livres

e desembargados (tantos quantos bastarem para quitação do débito).

68
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 827

O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide,
que sejam primeiro executados os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve

nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem
para solver o débito.

Quanto a cumulação de dois ou mais títulos na mesma execução não há nenhum

impedimento legal, desde que os títulos apresentem os requisitos de cumulação previstos

no art. 327 §1º e 780 do CPC.

6.5 A penhora de bens

Uma vez promovida a execução e não quitado o débito voluntariamente, buscar-se-á

a penhora dos bens de propriedade do devedor (seu patrimônio).

Todavia, o legislador resolveu preservar determinados bens, tornando-os

impenhoráveis.

O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art. 833 do CPC.

POUPANÇA: art. 833, X, do CPC: A impenhorabilidade dos bens depositados na


caderneta de poupança é limitada a 40 salários mínimos.

DIVERSAS CADERNETAS DE POUPANÇA: Caso o devedor possua diversas cadernetas

de poupança, o limite de impenhorabilidade deve considerar a soma de todas elas.

DÍVIDA RELATIVA AO PRÓPRIO BEM: Lembre-se que a impenhorabilidade não é

oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua

aquisição, na forma do art. 833, §1º, do CPC.

BOX DE ESTACIONAMENTO: Caso o box do estacionamento tenha matrícula

individualizada poderá ser objeto de penhora (súmula 449 do STJ).

69
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

O art. 833, §2º, do CPC é categórico ao afirmar que a impenhorabilidade prevista nos

incisos IV e X não se aplica aos casos de penhora para pagamento de prestação alimentícia.

A segunda parte do inciso 2º do art. 833 do CPC refere-se à possibilidade de penhora

dos ganhos excedentes a 50 salários mínimos mensais, seja qual for a origem da obrigação.

IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA: Previsão na Lei 8.009/90. O imóvel

residencial familiar é impenhorável por dívidas de qualquer natureza. EXCEÇÃO: Pode haver

penhora do bem de família nos casos previstos no art. 3º da Lei 8.009/90.


* Para todos verem: esquema

SÚMULAS IMPORTANTES

Súmula 364 do STJ: o conceito de impenhorabilidade de bem de família


abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e
divorciadas.

Súmula 449 do STJ: a vaga de garagem que possui matrícula própria no


registro de imóveis não constitui bem de família e poderá ser penhorada.

Súmula 486 do STJ: é impenhorável o único imóvel do devedor que esteja


locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação se reverta
para subsistência ou moradia da família.

CADASTRO DE INADIMPLENTES: Atualmente, o exequente poderá requerer, na

petição inicial, a inclusão do executado no cadastro de inadimplentes, conforme previsão


do art. 782, §3º, do CPC. A inscrição no cadastro de será imediatamente cancelada no caso

do pagamento da dívida, se garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer

outro motivo, na forma do art. 782, §4º, do CPC.

70
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

07. Execução de título extrajudicial e Embargos à execução

7.1 Execução por quantia certa – título executivo extrajudicial

A execução por quantia certa tem o objetivo de compelir o devedor a pagar

determinada quantia em dinheiro.

Ao receber a petição inicial o juiz fixará honorários advocatícios de 10% (art. 827 do

CPC) e determinará a citação do devedor para pagar o débito em três dias, sob pena de

penhora (art. 829 do CPC).


PENHORA: Não ocorrendo o pagamento em três dias, o oficial de justiça fará a penhora

dos bens indicados pelo credor na petição inicial e caso não haja indicação, fará a penhora

sobre os bens que localizar em diligência, observado o rol de bens impenhoráveis previsto

no art. 833 do CPC e da Lei n. 8.009/90.

Importante referir, ainda, que a penhora de bens que estão em posse de terceiro é

plenamente possível, sendo cabível, neste caso, o terceiro apresentar embargos de

terceiro, conforme art. 674 do CPC.

Destaca-se que a penhora nada mais é do que a individualização dos bens que serão

afetados pelo pagamento da obrigação.

71
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

A penhora seguirá a seguinte ordem do art. 835, do CPC:

Art. 835

A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em
mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV - veículos de via terrestre;


V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;

VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária
em garantia;

XIII - outros direitos.

Percebe-se, pela análise do parágrafo primeiro, que a referência é que a penhora deva

ser feita sobre dinheiro.

O art. 854, do CPC, na linha desta preferência, regula a PENHORA ON-LINE, que ocorre
quando o juiz determina o bloqueio de valores diretamente da conta do devedor, através

da emissão de comandos às unidades supervisoras das instituições financeiras.

72
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 854

Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a


requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às
instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora
do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em
nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.
§ 1o No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará
o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela
instituição financeira em igual prazo.
§ 2o Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa
de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente.
§ 3o Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que:
I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.
§ 4o Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz determinará o
cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela
instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 5o Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a

indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da


execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução.

A EXPROPRIAÇÃO DOS BENS é o meio pelo qual o credor alcançará a satisfação de

seu crédito na execução por quantia certa e consiste na adjudicação, alienação ou

apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou estabelecimento e de outros bens.

73
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

A ADJUDICAÇÃO ocorre quando o bem móvel ou imóvel penhorado é transferido para

o credor a fim de satisfazer seu crédito e nunca poderá ocorrer por valor inferior ao da

avaliação.

Caso o valor do crédito seja inferior ao valor da avaliação, o credor deve depositar a

diferença em juízo, na forma do art. 876, §4º, I, do CPC).

Caso o valor do crédito seja superior ao valor da avaliação do bem, após a adjudicação

do bem, o credor poderá seguir com a execução a fim de efetuar a cobrança, na forma do

art. 876, §4º, II do CPC.

ALIENAÇÃO DO BEM, que far-se-á por iniciativa particular (art. 866 do CPC) ou em

leilão judicial eletrônico ou presencial (art. 879, CPC).

Artigos

Art. 879. A alienação far-se-á:


I - por iniciativa particular;
II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.

Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por sua
própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o

órgão judiciário.

Na ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR, o juiz fixará as regras para a venda do


bem penhorado, além de fixar a forma de publicidade, preço mínimo, comissão de

corretagem (se for o caso), condições de pagamento e as garantias que devem ser

prestadas pelo adquirente, em caso de pagamento parcelado,

O LEILÃO JUDICIAL abrange tanto a expropriação de bens imóveis como os móveis.

74
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Será necessário a publicação do edital do leilão com antecedência de, no mínimo,

cinco dias da data de sua primeira realização, devendo constar no edital todos os requisitos

previstos no art. 886 e 887, do CPC, sob pena de nulidade da arrematação.

Além da publicação do edital, também é necessária a intimação das pessoas arroladas

no art. 889, do CPC, com antecedência mínima de cinco dias da data do leilão judicial.

O bem poderá ser alienado por valor abaixo do previsto na avaliação, desde que não

seja por preço vil (preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e ao constante no edital e

não constando no edital, considera-se vil o preço inferior a 50% do valor de sua avaliação),

conforme art. 891, do CPC.

Quando o bem penhorado pertencer a incapaz e não alcançar em leilão pelo menos

80% do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à administração de depositário

idôneo, adiando a alienação pelo prazo de um ano, conforme art. 896, do CPC.
Efetivada a arrematação será lavrado auto devidamente assinado pelo leiloeiro,

arrematante e juiz, passando a fluir o prazo de dez dias para que se postule a invalidade,

ineficácia ou resolução da arrematação nos casos previstos no art. 903, §1º, do CPC.

Não havendo impugnação no prazo de dez dias, a carta de arrematação será expedida

e conforme o caso, a ordem de entrega ou mandado de imissão na posse.

IMPORTANTE

Após a expedição da carta de arrematação, a invalidação somente poderá ser pedida

em ação autônoma (e o arrematante figurará como litisconsorte necessário – 903,

parágrafo quarto, do CPC).

7.2 Embargos à execução

A propositura de embargos à execução é a forma que o executado ataca a ação de

execução fundada em título executivo extrajudicial.

75
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Trata-se de uma ação autônoma, mas vinculada à execução (deve ser proposta no juízo

da execução e a distribuição deve ser por dependência com tramitação em autos

apartados).

Tem natureza de ação de conhecimento e se presta para desconstituir ou declarar a

nulidade ou inexistência do crédito.

Importante destacar que o caput do art. 914 do CPC previu a possibilidade da

interposição dos embargos independentemente de penhora, depósito ou caução.

O PRAZO para apresentação dos embargos é de quinze dias, conforme preceitua o art.

915 do CPC e observado o art. 231 do CPC que fixa as regras para a contagem do prazo.

IMPORTANTE

Não se aplica aos embargos à execução o prazo em dobro para litisconsortes com
advogados distintos, de escritórios diferentes, previsto no art. 229 do CPC – 915,
parágrafo terceiro, do CPC.

Caso o executado reconheça o crédito do exequente no prazo dos embargos e

comprove o depósito de 30% do valor da execução (acrescido de custas e honorários),

poderá requerer o PARCELAMENTO do restante em até 6 parcelas mensais, acrescidas de

correção monetária e juros de um por cento por mês (art. 916 CPC). Com o deferimento do

pedido de parcelamento, a execução ficará suspensa até a quitação integral do débito.

Importante destacar que o credor não poderá opor-se ao parcelamento, pois se trata

de um direito que a lei confere ao devedor, mas será intimado (art. 916, §1º, do CPC) para

manifestar-se em 5 dias sobre o preenchimento dos pressupostos.

O inadimplemento de qualquer das prestações do parcelamento acarretará no

vencimento antecipado das prestações subsequentes e no prosseguimento do processo

76
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

com o imediato reinicio dos atos executivos, além de multa de 10% sobre o valor das

prestações não pagas (parágrafo quinto do art. 916 do CPC).

EFEITO SUSPENSIVO

O art. 919 do CPC prevê que os Embargos a Execução não terão efeito suspensivo (ou

seja, prossegue a execução).

Como forma de exceção, poderá ser concedida tal efeito (para suspender a execução,

desde que presentes os requisitos do art. 919, parágrafo primeiro, do CPC).

IMPUGNAÇÃO: Conforme art. 920, I, do CPC recebidos os embargos, o exequente

será intimado para impugnar em 15 dias.


Esta impugnação tem natureza de contestação – sua falta leva a revelia.

Apresentada a impugnação, o rito será da ação de conhecimento.

77
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

08. Cumprimento de Sentença e impugnação. Execução de


alimentos.

8.1 Execução de título judicial – Cumprimento de Sentença


O cumprimento de sentença é utilizado quando o credor tem um título executivo

judicial (rol de títulos executivos judiciais no art. 515, CPC).

Para que seja iniciado o cumprimento de sentença é necessário a presença de três

requisitos: a) o título executivo judicial; b) inadimplemento do devedor; c) iniciativa do

exequente (513, §1º, do CPC).

É possível fazer o cumprimento de sentença de decisões interlocutórias (exemplo:

fixação liminar de alimentos), cumprimento de sentença provisório (quando a decisão

exigida ainda pode ser modificada) e, ainda, cumprimento de sentença definitivo (sentença

já transitada em julgado).

8.2 Cumprimento de sentença de quantia certa


Para que o cumprimento de sentença seja iniciado é necessária a manifestação do

credor, através de petição nos mesmos autos, requerendo a intimação do devedor para que
efetue o pagamento do débito no prazo de quinze dias – art. 523 do CPC.

O devedor será intimado na forma do art. 513, parágrafo segundo, do CPC.


O art. 523, §1º, do CPC dispõe que: “Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo

do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de

advogado de dez por cento.”

Em caso de pagamento parcial do débito, aplica-se o §2º: “Efetuado o pagamento

parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre

o restante”.

78
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

8.3 Impugnação ao cumprimento de sentença


A impugnação é o meio adequado de defesa do devedor no cumprimento de sentença

(título executivo judicial), tratando-se de incidente da fase de cumprimento de sentença,

julgado por intermédio de decisão interlocutória.

O prazo para apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença é de 15 dias

após o decurso do prazo para pagamento voluntário, independentemente de penhora ou

nova intimação, conforme art. 525 do CPC:

Art. 525

Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15
(quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

PRAZO EM DOBRO: Diferentemente dos embargos, aplica-se na impugnação o prazo

em dobro previsto no art. 229 do CPC.

A impugnação ao cumprimento de sentença ocorre por intermédio de petição


direcionada ao juízo da execução, devendo seu mérito basear-se de acordo com os

fundamentos do art. 525, §1º, do CPC.

Além disso, caso o impugnante deseje, deverá formular o pedido do efeito suspensivo.

Caso a impugnação esteja de acordo com os requisitos legais, o juiz a receberá e

determinará a intimação do impugnado (exequente) para apresentar sua resposta no prazo

de quinze dias.

79
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

8.4 Cumprimento de Sentença contra Fazenda Pública


Constituído o título judicial contra a Fazenda Pública, o cumprimento de sentença deve

constar cálculo discriminado do valor do débito de acordo com os requisitos previstos no

art. 534, do CPC.

A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga,

remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de trinta dias e nos próprios autos,

impugnar a execução, podendo arguir as matérias elencadas nos incisos do art. 535, do

CPC.

Se a Fazenda Pública não apresentar impugnação, será expedido o precatório ou

requisição de pequeno valor.

Os precatórios referentes à créditos alimentares terão preferência sobre os demais,


conforme súmula n.º 144 do STJ: “Os créditos de natureza alimentícia gozam de

preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza

diversa”.

8.5 Execução contra fazenda pública


A execução contra fazenda pública fundada em título extrajudicial está regulada no

art. 910, do CPC, que determina sua citação para opor embargos à execução em trinta dias.

Não havendo interposição de embargos ou rejeitados em decisão transitada em

julgado, será expedido precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente,

observado o disposto no art. 100 da CF.

Não existe expropriação de bens contra a Fazenda Pública.

8.6 Fraude à Execução x Fraude contra Credores


Tanto a fraude contra execução quanto a fraude contra credores visam atacar o

desfazimento do patrimônio pelo devedor.

80
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

A FRAUDE CONTRA CREDORES é um defeito do negócio jurídico previsto no art. 158

a 165 do Código Civil. Ocorre fraude contra credores quando o devedor se desfaz do seu

patrimônio antes de iniciado o processo judicial (que não precisa ser necessariamente uma

ação de execução) ficando totalmente insolvente para adimplir as obrigações assumidas.

Para atacar a fraude contra credores é possível valer-se da AÇÃO PAULIANA ou AÇÃO

REVOCATÓRIA com o objetivo de anular o negócio jurídico viciado pela fraude.

Deve-se provar na ação o consilium fraudis, ou seja, que o devedor e o terceiro

adquirente de seus bens tinham o objetivo de fraudar o adimplemento do débito. Observa-

se, ainda, que a ação deve conter o pedido de nulidade da transferência dos bens.

A FRAUDE CONTRA EXECUÇÃO atenta contra o credor e contra o Poder Judiciário, já

que a alienação dos bens ocorre somente após a ciência da ação de execução.
O pedido de reconhecimento de fraude contra a execução poderá ser feito através de
PETIÇÃO e seu reconhecimento poderá ocorrer nos próprios autos da ação de execução.

IMPORTANTE

Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente,

que, se quiser poderá opor EMBARGOS DE TERCEIRO, no prazo de 15 dias, conforme art.
792, §4º, do CPC.

O art. 828 do CPC permite que o exequente obtenha certidão comprobatória da

admissão da execução a fim de averbar no registro de imóveis, de veículos ou de outros

bens passiveis de penhora. Após a averbação, é considerado frade à execução à

alienação do bem – parágrafo quarto do art. 828 do CPC.

81
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

8.7 Protesto da Decisão Judicial

A possibilidade de protesto da decisão judicial transitada em julgado está prevista no

art. 517 do CPC:

Art. 517

A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei,
depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.

§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.


§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o
nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida
e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda
pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da
ação à margem do título protestado.

§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz,


mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de
protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.

8.8 A possibilidade de negativação do nome do devedor


Além do protesto, o CPC prevê a possibilidade da negativação do nome do executado

no cadastro dos inadimplentes até que efetive o pagamento do valor devido, garanta o

cumprimento de sentença ou até que o processo seja extinto por outro motivo, conforme

art. 782, §3º, do CPC.

82
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

Art. 782

Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial

de justiça os cumprirá.

§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado

em cadastros de inadimplentes.

8.9 Suspensão da Execução


A suspensão da execução vem regulada nos arts. 921 a 923 do CPC:

Art. 782

Art. 921. Suspende-se a execução:


I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução;
III - quando o executado não possuir bens penhoráveis;
IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15
(quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis;
V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se
suspenderá a prescrição.
§ 2o Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam
encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3o Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem
encontrados bens penhoráveis.
§ 4o Decorrido o prazo de que trata o § 1o sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo
de prescrição intercorrente.
§ 5o O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a
prescrição de que trata o § 4o e extinguir o processo.

83
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

* Para todos verem: esquema

EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS:

• No caso de concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução ou a


impugnação, a execução ficará suspensa, no todo ou em parte, até o
julgamento dos embargos/impugnação ou revogação do efeito concedido.

INEXISTÊNCA DE BENS DO DEVEDOR:

• A hipótese mais frequente de suspensão da execução é a inexistência de


bens do devedor. Neste caso, a execução ficará suspensa pelo prazo de um
ano, consoante art. 921, §1º, do CPC. Decorrido o prazo de um ano sem
localização de bens passiveis de penhora, o juiz determinará o arquivamento
dos autos (§2º), nada impedindo seu posterior desarquivamento se a
qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis (§3º).

PARCELAMENTO DO DÉBITO:

• Com o parcelamento do débito (previsto no art. 916 do CPC) a execução


também deve ser suspensa até o adimplemento das parcelas.

8.10 Extinção da execução


Os motivos que levam a extinção da execução estão previstos no art. 924 do CPC, o

rol apresentado é exemplificativo, já que existem outras formas que acarretam na extinção

da execução, como por exemplo, o acolhimento dos embargos.

Artigos

Art. 924. Extingue-se a execução quando:

I - a petição inicial for indeferida;

II - a obrigação for satisfeita;

III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV - o exequente renunciar ao crédito;

V - ocorrer a prescrição intercorrente.

Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

84
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

O art. 925 do CPC determina a necessidade de sentença para que a extinção da

execução produza efeitos.

8.11 Desistência da ação de execução X Embargos/Impugnação


Se a execução for extinta, os embargos serão extintos? Em caso de desistência da ação

de execução, serão extintas a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre as

questões processuais, devendo o exequente adimplir as custas processuais e honorários

advocatícios (art. 775, parágrafo único, I, do CPC). Neste caso (embargos atacando apenas

aspectos processuais) a extinção da impugnação e dos embargos, independe de

concordância do embargante / impugnante.

Nos demais casos, quando houver a extinção da ação de execução e os embargos


versarem sobre questões de direito material, a extinção dos embargos dependerá de

concordância do embargante/impugnante (art. 775, parágrafo único, II, do CPC).

8.12 Exceção de Pré-Executividade


A exceção de pré-executividade é apresentada através de simples petição a ser

juntada nos autos, alegando a nulidade da execução, conforme art. 803 do CPC.

IMPORTANTE

Não é permitida produção probatória na exceção de pré-executividade.

85
2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem
Processo Civil | Prof. Leonardo Fetter

86

Você também pode gostar