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FACULDADE SANTA RITA

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

DO VINIL AO VINIL: O AUMENTO DAS


VENDAS DE DISCOS DE VINIL NA ERA DA
MUSICA DIGITAL

Marcos Antonio Belentani

NOVO HORIZONTE / SP
2019
FACULDADE SANTA RITA
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MARCOS ANTONIO BELENTANI

DO VINIL AO VINIL: O AUMENTO DAS VENDAS DE


DISCOS DE VINIL NA ERA DA MUSICA DIGITAL

Trabalho desenvolvido como requisito


parcial para aprovação na disciplina TIC
sob orientação da Profª Ma Karla
Gonçalves Macedo

NOVO HORIZONTE / SP
2019
DO VINIL AO VINIL: O AUMENTO DAS VENDAS DE DISCOS DE VINIL NA ERA
DA MUSICA DIGITAL

Marcos Antonio Belentani1


Prof.ª Ma. Karla Gonçalves Macedo2

Resumo
O objetivo deste trabalho é investigar “a volta dos discos de vinil”, informação pulverizada
pela mídia nos últimos anos, dentro de um contexto de consumo de música a partir de mídias
digitais. Expondo a opinião dos autores sobre o assunto, o artigo explorou historicamente
sobre o formato “disco”, desde sua invenção, auge, suposta morte e ressurgimento, analisando
sua dimensão cultural e o comportamento do mercado fonográfico. Por meio de pesquisa de
campo, os dados coletados permitiram traçar o perfil dos consumidores de música gravada e a
viabilidade do disco de vinil. Diante desse cenário, concluiu-se que mesmo sem o glamour de
outrora, o disco de vinil desponta como importante tendência de mercado em plena era da
música digital.

Palavras-chave: Disco de vinil; Indústria da Música; Tendência de mercado; Comportamento


do Consumidor.

Abstract:
This article aims to investigate "the vinyl record return", pulverized by the media in the last
years, considering the context of music consumption from digital media. Explaining the
authors’ opinion on the subject, it historically exploited about the vinyl record format since its
invention, pinnacle, supposed decadence and resurgence, analyzing its cultural dimension and
the behavior of the phonographic market. The data obtained through field research allowed
tracing the recorded music consumers’ profile and the vinyl record viability. Considering this
scenario, it was concluded that even without the glamour of yesteryear, the vinyl record
emerges as an important market trend in the age of digital music.

Keywords: Vinyl record; Music industry; Market trend; Consumer behavior.

1
Aluno do 8º termo do Curso de Administração da Faculdade Santa Rita-SP, FASAR, endereço eletrônico
marcosantoniobelentani@gmail.com.
2
Orientadora
3

INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é investigar o crescimento das vendas de discos de vinil,


especialmente o LP (Long Play), em plena era da música digital. O tema proposto pode
parecer pueril ou até mesmo paradoxal, já que o consumo de música na atualidade se dá a
partir do streaming de áudio, formato que utiliza da tecnologia da internet e que dispensa o
uso da mídia física. No entanto, torna-se relevante por se fundamentar em notícias que tem
repercutido massivamente na grande mídia como “a volta do vinil”.
Para identificar o motivo dessa volta do consumo de música em um formato que foi
considerado obsoleto, inclusive pela própria grande mídia no início desse milênio, será usada
a pesquisa exploratória, visto que, “a pesquisa exploratória procura conhecer as características
de um fenômeno para procurar explicações das causas e consequências de dito fenômeno”
(RICHARDSON, 1989, p.281).
Também, a partir de uma pesquisa de campo com consumidores de discos de vinil, será
investigada a realidade dos argumentos dos autores aqui apresentados já que, conforme Diehl
(2004), a pesquisa qualitativa, por sua vez, descreve a complexidade de determinado
problema, sendo necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos
grupos, contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas
particularidades dos indivíduos.
É fato que, no momento que este artigo está sendo escrito, outras tecnologias estão
sendo desenvolvidas, alterando assim, o comportamento das pessoas frente ao consumo de
música. Bem por isso, que este artigo não se propõe a ser conclusivo, mas analítico, tendo o
intuito de contribuir para o conhecimento sobre a cultura do vinil no Brasil, buscando
entender se realmente procede a informação sobre o aumento do consumo desse formato, sua
viabilidade e o perfil de seus consumidores.
4

1. DISCOS DE VINIL

A inserção social de máquinas, capazes de gravar e reproduzir sons, elevou a


experiência musical moderna, já que, “Até fins do século XIX, antes da invenção do
fonógrafo, a relação que as pessoas tinham com a música passava necessariamente pela
performance ao vivo” (PORTUGAL, 2013, p.14). De acordo com Sá, existiram duas
máquinas que são consideradas ponto de partida para o estudo da música gravada em mídias
físicas:
“Acompanhando esse já estabelecido mito de origem da música massiva
– e ciente de que o corte é arbitrário – podemos partir de inventos de
finais do séc. XIX que são sempre mencionados como inaugurais nessa
estirpe. O primeiro deles é o fonógrafo de Thomas Edison, desenvolvido
em 1877, que se utilizava de cilindros para gravação elétrica e
reprodução sonora (ainda que não fizesse cópias). E o segundo é o
gramofone que, desenvolvido por Berliner em 1888, avançou em relação
ao seu contemporâneo ao possibilitar a reprodução e a cópia através de
discos feitos de goma-laca (shellac) reproduzidos numa matriz de cobre,
permitindo a gravação de um só lado” (SÁ, 2009, p. 57).

A partir daí, “com o formato de disco plano, são superadas as dificuldades do formato
cilíndrico e os processos de produção passaram de semi-artesanais para industriais”
(PICCINO, 2003, p.14), revolucionando assim, o mercado fonográfico, pois novas
tecnologias aprimoraram também os dispositivos de gravação e de reprodução:

“A evolução mais significativa e de maior impacto tecnológico foi o


sistema elétrico de gravação. Isto não significava apenas um diferencial
na manufatura da indústria do disco, mas a codificação da onda sonora
em corrente elétrica. Ao contrário do que ocorria no sistema mecânico o
som gerado é transformado em sinal de corrente eletromagnética e
depois amplificado no momento da gravação e da reprodução; surgem
equipamentos de captação e amplificação como o microfone e os alto-
falantes”. (PICCINO, 2003, p.17).

O surgimento do disco de vinil deu-se em meados do século XX, quando “A Columbia


Records no dia 21 de Junho de 1948, no Hotel Waldord Astoria, em Nova York, apresentou o
primeiro Long Play (LP) de 33 1/3 rpm (rotações por minuto) com 12 polegadas e este ato fez
com que os discos de acetato de 78 rotações que existiam desde 1890 passassem
paulatinamente para o desuso” (MACHADO, 2016, p.20).
Polivanov; Waltenberg ressaltam que, após a criação do LP, outro formato também foi
disponibilizado no mercado e que ambos atendiam a públicos específicos:
5

“De 1932 a 1948 o único suporte amplamente disponível para o público


era o disco de 78 rpm. Em 1949 a Victor-RCA passa a comercializar o
single de 45 rpm. Voltados para diferentes tipos de consumidores, ambos
os formatos adotaram repertórios distintos, alinhados ao gosto de seu
público. O LP, mais caro, tinha o público adulto como principal
comprador. A música registrada no disco era articulada com o gosto
dessa faixa etária, já legitimado culturalmente: óperas, jazz e musicais
da Broadway, por exemplo. O single, por sua vez, era o suporte para a
circulação da música direcionada para o público adolescente, incluindo-
se aí, o rock” (POLIVANOV; WALTENBERG, 2015, p.266).

Mas, conforme Sá “ainda que o compacto representasse uma importante fatia do


consumo de música naqueles anos, é o formato álbum [...] que garantiu ao disco a hegemonia
dentro da cultura popular-massiva da música” (SÁ, 2009 p.59).
Para Machado “os Long Plays diferenciavam no tamanho e apresentavam uma maior
durabilidade já que os discos de acetato costumavam arranhar facilmente e quebravam a
qualquer batidinha. Outra coisa importante da diferença entre o vinil e o disco de acetato é a
qualidade sonora superior, a capacidade de gravação maior e, por isso, podia conter até 22,5
minutos de música, coisa anteriormente impossível” (MACHADO, 2016, p.21). Dias mostra
que, mesmo com a popularidade da fita k7 entre os consumidores brasileiros, o LP manteve-
se campeão de vendas durante um longo período:

“Embora outros suportes para difusão de fonogramas tenham surgido no


transcorrer do século XX, nenhum deles suplantou o disco de vinil, seja
em qualidade técnica, seja em comercialização. No Brasil, o suporte
mais próximo de alcançar tal feito foi o audiocassete – fita magnética
constituída por dois carreteis alojados em uma caixa plástica, formato
preferido por alguns consumidores especialmente por ser portátil e
permitir gravações caseiras. No entanto, em 1989, por exemplo,
enquanto 56,7 milhões de discos foram comercializados no país,
‘apenas’ 18 milhões de fitas foram vendidas – números que, respeitadas
as oscilações de mercado, mantiveram-se proporcionalmente
semelhantes nos anos anteriores e posteriores” (DIAS, 2000, p.106).

De acordo com Portugal “o disco de vinil permaneceu como produto hegemônico da


indústria fonográfica por um período relativamente grande, que vai da década de 1950 até fins
da década de 1980. Deixou de ser um artefato cultural dominante a partir do surgimento do
Compact Disc (CD), um suporte físico lançado em 1983, desenvolvido a partir de tecnologias
digitais” (PORTUGAL, 2013, p.15).
Da mesma forma que o LP tornou o 78 rpm ultrapassado na década de 1940, Machado
explica que, quase meio século depois, pelo menos aqui no Brasil, o CD surgiu com a
proposta de fazer o mesmo com o seu antecessor:
6

“Do surgimento do CD para vendas em 1982 até 1987 [...] foram apenas
5 anos para sua efetivação no mercado brasileiro e entre 1987 até 1997
chegaram a 106,8 milhões de cópias vendidas nas Terras Tupiniquins
[...]. Nesta caminhada do CD, os números das vendas dos LPs iam
vertiginosamente caindo chegando a 1 milhão e 600 mil cópias em 1996
e praticamente zero em 1997” (MACHADO, 2016, p.25).

Mas Santos afirma que enquanto o CD tornava-se um sucesso entre os consumidores,


uma nova mídia estava sendo gerada:

“A Era do CD parecia insuperável. Ano após ano se comemorava a


conquista de uma mídia tão pratica e moderna que tornou os velhos vinis
e disquetes obsoletos. A ironia, no entanto, é que enquanto o CD
achincalhava seus velhos ‘colegas de trabalho’ outra mídia estava
prestes a eclodir, tornando-o igualmente obsoleto, e colocando-o no ‘hall
dos esquecidos’, ou se preferir, na mais recente estante do ‘museu das
mídias’ (SANTOS, 2014, p.46).

De acordo com Santos o advento do MP3, aliado ao desenvolvimento da internet,


suplantou o CD: “Era a nova tecnologia digital, que chegava com força total, mas dessa vez
com um aliado de força descomunal, como nunca se havia visto antes na história das mídias: a
internet. Em termos práticos, o substituto direto do CD foi o MP3” (SANTOS, 2014, p.46).
Machado explica que “o MP3 é uma abreviação de MPEG Audio Layer 3, um formato
de compressão de áudio digital que pretende minimizar a perda da qualidade em músicas ou
outros arquivos de áudio ao compacta-los para serem reproduzidos no computador ou em
algum player específico” (MACHADO, 2016, p.39). Segundo Santos, o MP3 se destacou por
ter sido um dos primeiros tipos de compilação capazes de comprimir arquivos de áudio com
eficiência reconhecida:

“A redução no tamanho do arquivo pode alcançar 90%, mantendo uma


qualidade próxima à de um CD. Além disso, possibilitam o streaming, ou
seja, o arquivo pode ser codificado à medida que o download é
realizado, não sendo necessária a conclusão da transferência do arquivo
para iniciar a reprodução” (SANTOS, 2014, p.47).

Mas, de acordo com Polivanov; Waltenberg “quando a música deixou de circular


somente em suportes físicos para navegar pela rede mundial de computadores, os pilares
sobre os quais foi construída a indústria fonográfica começaram a balançar” (POLIVANOV;
WALTENBERG, 2015, p.266).
7

1.1 Mercado do Vinil

A Era de Ouro do LP, conforme Machado, aconteceu antes da década de 1990: “Neste
período, os discos de vinil eram senhores absolutos nas vendas de música e reinavam como
grandes imperadores da indústria fonográfica” (MACHADO, 2017, p.7).
Mas Quines aponta que, com o lançamento do CD nos anos 90, a venda de LP
diminuiu ao ponto de deixar de ser produzido. No Brasil, as grandes gravadoras abandonaram
o disco de vinil por volta da década de 1990 e apostaram todas as suas fichas no novo formato
digital:

“Segundo dados da ABPD3, em 1989, 56,7 milhões de LPs foram


vendidos no Brasil e apenas 2,2 milhões de CDs. A partir daí, com a
redução dos custos dos reprodutores de CD, e o estimulo ao consumo
com o Plano Real, 1993, as vendas de CD ultrapassaram as de LP. Em
1995, e EMI deixou de produzir LPs no Brasil e, em 1998, a última
grande gravadora encerrou sua produção de discos” (QUINES, 2012,
p.92).

Quines também afirma que, mesmo depois da ascensão e consolidação das mídias
digitais, o formato analógico continuou sendo consumido no Brasil:

“Apesar de não existirem ainda dados oficiais sobre o aumento das


vendas de vinil no país, a reabertura da Polysom, a única fábrica de LP
da América Latina, Belfort Roxo, no Rio de Janeiro, em 2008 e o
relançamento de discos por parte de algumas majors4 – além de
pequenos selos voltados exclusivamente para o formato LP – dão pistas
de que os rumos da indústria da música não podem ser generalizados em
uma escala evolutiva do analógico em direção ao digital. Pelo contrário,
como o vinil tem demonstrado, há uma continuidade no consumo desse
artefato analógico em plena era dos formatos digitais” (QUINES, 2012,
p.90).

Machado afirma que “em meados dos anos 2000 os LPs voltam à tona como produtos
vendáveis e lucrativos, tornando-se em 2014 mais rentáveis para a indústria fonográfica que
qualquer outro formato” (MACHADO, 2016, p.26).
O gráfico a seguir, mostra dados coletados entre 2006 e 2018 que evidenciam o
aumento das vendas do disco de vinil nos EUA:

3
Sigla da Associação Brasileira dos Produtores de Discos.
4
Significado de gravadora grande e famosa, conforme: www.discmidia.com.br. Disponível em:
<http://discmidia.com.br/blog/gravadoras-musicais-major-ou-indie/> Acesso em 01 de março de 2019.
8

Gráfico 1.: Aumento das vendas de discos de vinil nos EUA

Fonte: www.statista.com5

O gráfico demonstra o crescimento das vendas de discos de vinil nos Estados Unidos,
que em 2006 estava abaixo de 1 milhão de unidades, elevando-se para aproximadamente 17
milhões de unidades em 2018.
Machado aponta algumas justificativas para esse aumento da popularidade mundial do
vinil: “Crescimento ininterrupto nas vendas mundiais de álbuns novos de vinil desde o ano
2000 e a manutenção deste crescimento não se restringe a poucos países – é um
acontecimento mundial [...]; superaquecimento do mercado de discos usados; investimentos
da indústria eletrônica em toca-discos e acessórios, assim como o crescimento das vendas
destes aparelhos” (MACHADO, 2017, p.7-8).
Porém, segundo ele mesmo diz, “o número baixíssimo de fábricas existentes no mundo
e a probabilidade deste número aumentar em demasia é muito pequeno, visto que a compra de
novas máquinas para a fabricação de vinis é muito dispendiosa [...]. No Brasil só temos duas
fábricas, Polysom e Vinil Brasil. A capacidade da primeira é de 150 mil vinis/ano e a segunda
promete mais (algo em torno de 300 mil vinis por ano), porém, só chegará nesse ápice de mais
de 300 mil numa fase mais à frente” (MACHADO, 2017, p.43-44). Um fato importante, e, um
dos objetivos desse artigo, é analisar o comércio de discos de segunda-mão no Brasil.

“No Brasil o que embala o mercado de discos de vinil são os discos


usados. Ao contrário de países como EUA, Inglaterra e outros, aqui, a
venda de novos deixa a desejar. Não que os compradores sejam poucos e
a vontade dos vendedores seja voltada para o usado, o que cria este fato

5
Disponível em: <https://www.statista.com/chart/7699/lp-sales-in-the-united-states/> Acesso em 27 de
Fevereiro de 2019.
9

é a pouca produção local, somada à importação cara que onera o


produto. Essa soma de fatores cria, realmente, um efeito bombástico:
quem faz mesmo a festa do vinil são os discos usados. Estes sim, o maior
e mais importante comércio brasileiro de vinil!” (MACHADO, 2017,
p.63).

Esse fato é confirmado por Gauziski, quando diz que no Rio de Janeiro “... há dois
segmentos relacionados ao mercado de vinil: o de discos usados e o de novos lançamentos
(incluídas aqui as reedições de álbuns consagrados)” (GAUZISKI, 2013, p.85). Ainda nesse
contexto, Quines aponta que “os sebos e lojas são representados como colaboradores da
resistência do vinil” (QUINES, 2012, p.96).

1.2 Vinileiro

Em seu artigo “O CD morreu? Viva o Vinil”, a Dra. Simone Pereira de Sá reúne


opiniões de alguns escritores, para tentar entender o perfil dos novos consumidores de discos
de vinil:
“Como entender esse retorno a um suporte ‘obsoleto’? Seria um sinal de
nostalgia ou de excentricidade, restrito ao universo dos colecionadores,
como tantos outros na atualidade – conforme a interpretação do
pesquisador Plaskettes (1992) sobre o assunto? Seria mais um sintoma
da reificação do passado identificada por Jameson (1991) como
‘nostalgia regressiva’ em associação com o pós-modernismo? Ou seria
ainda porque o vinil estrutura-se sobre uma tecnologia analógica e,
portanto ainda carrega ‘traços’ do referente (no caso a música),
enquanto o CD só armazena ‘dados’ numéricos – conforme afirmar os
autores Rothenbuler e Peters (1997)?” (SÁ, 2009, p.51-52)

Mas, apesar disso, ela acaba destacando que “o consumo de música – mesmo na
atualidade – não dispensa a materialidade dos suportes e formatos. E que ouvir música não é
uma prática abstrata, que se dá a partir de qualquer canal ou meio.” (SÁ, 2009, p.51-53).
O pesquisador francês Pierre Lévy, em seu livro Cibercultura, de 1999, já falava sobre o
impacto que as tecnologias digitais teriam sobre a sociedade:

“A palavra virtual é muitas vezes empregada para significar a


irrealidade – enquanto a ‘realidade’ pressupõe uma efetivação material,
uma presença tangível. A expressão ‘realidade virtual’ soa então como
um oximoro, um passe de mágica misterioso. Em geral acreditasse que
uma coisa deve ser real ou virtual, que ela não pode, portanto, possuir as
duas qualidades ao mesmo tempo” (LÉVY, 1999, p.48).
10

Ferreira, por meio de sua pesquisa, descreve os argumentos dos profissionais da música
eletrônica (DJs) na defesa do disco de vinil (real), frente as mídias digitais (virtual), com
todos os seus suportes tecnológicos:

“De forma geral, o vinil é descrito como mais “natural”, “caloroso”,


“bonito” e “adequado” à atividade do DJ por oferecer todo o espectro
de frequências desejado (principalmente as mais graves), lhe permitir
colocar em ação técnicas de manipulação da mídia que lhe são
especificas, e possibilitar o desenvolvimento de “mercados alternativos”
e de uma “cena underground” dedicada à experimentação estética de
qualidade. Por outro lado, o CD é descrito como mais “artificial”,
“frio”, “feio” e “inadequado” por não reproduzir fielmente os sons
“subgraves”, transformar o DJ em um “apertador de botões” e estar
excessivamente ligado tanto à cultura de massas e à musica comercial
esteticamente pobre e de baixa qualidade quanto à falta de investimento
financeiro nos próprios produtores e artistas provocado pela cópia ilegal
de arquivos digitais” (FERREIRA, 2004, p.6).

Machado corrobora dizendo que foi importante “o papel preponderante dos DJs e dos
colecionadores que jamais abandonaram os disquinhos pretos de plástico6” (MACHADO,
2017, p.55).
Como foi citado a importância dos colecionadores na preservação do consumo de vinil,
vale lembrar que a palavra “vinileiro”, comum entre os colecionadores de discos de vinil, é
citada por Gauziski e também por Quines quando se referem a ouvintes de discos de vinil:
“conhecido como vinileiro, audiófilo, discófilo: eis o estereótipo no senso comum quando se
fala em ouvintes de LP” (QUINES, 2012.p.6).
Fleck, em sua minuciosa pesquisa sobre colecionadores de discos de vinil, afirma que o
“vinileiro” é também nostálgico:

“Um fato interessante a ser analisado é o de que quase a totalidade dos


entrevistados associa discos, músicas ou processos de compra a
momentos felizes de suas vidas, enquanto que apenas dois terços da
amostra têm discos, músicas ou processos de compra associado a
momentos tristes. Mesmo alguns dos que admitiram ter esse sentimento,
não se sentem mal por isso, ou seja, os discos realmente estão vinculados
a felicidade para a maioria dos entrevistados” (FLECK, 2008, p.87).

Para Felinto; Andrade, a materialidade dos formatos é algo importante para a teoria da
comunicação:
“Trata-se, por fim, de se considerar a plausibilidade, dentro do campo
da comunicação, de um projeto epistemológico que recupere e se ocupe
das questões materiais que envolvem as práticas sociais e as suas formas

6
O autor refere-se ao disco de vinil (LP) de forma informal.
11

de comunicação – da fala às tecnologias digitais – considerando a


cultura a partir dos corpos, das presenças e das vidas dos objetos”
(FELINTO; ANDRADE, 2005, p.91).

Nesse contexto, para Portugal, o aumento do interesse pelo disco de vinil significa que o
indivíduo busca essa materialidade na hora de se consumir música:

“Embora a música digital não dispense o uso de um suporte material,


seja ele um computador, um aparelho de MP3 ou um celular, a
‘impessoalidade’ destes aparelhos, com seu amplo armazenamento de
arquivos de diversas naturezas, tira a sensação do ‘toque’ e do contato
com a música que os discos parecem oferecer. O disco representa, então,
uma ‘rematerialização’ da música. A prática do colecionamento de
discos por esses ‘novos colecionadores’ está baseada, em grande
medida, na possibilidade de tocar e ‘ver o som’ e, podemos dizer ainda,
na possibilidade de guarda-lo. Um ‘guardar’ especifico, que ocupa
espaço, além de tempo; diferente, por exemplo, do armazenamento de
músicas no computador” (PORTUGAL, 2013, p.17).

Gauziski reforça essa noção de materialidade do vinil – aqui analisada no contexto


álbum – falando da importância das capas para o colecionador:

“O tamanho das capas e encartes dos vinis são um dos atrativos para os
colecionadores. Embora possam ser criados encartes criativos para CDs,
é bastante perceptível a diferença de tamanho quando comparados aos
dos vinis. Por serem maiores, ficava mais fácil ler as informações e
letras, além de proporcionarem uma diferente experiência táctil”
(GAUZISKI, 2013, p.91).

Santos complementa, afirmando que “as capas, encartes e informações técnicas agregam
um alto valor à obra, fator literalmente minimizado no CD, uma vez que os discos traziam
capas maiores, destacando a arte em um grau superior ao do CD (SANTOS, 2014, p.41).
Nesse aspecto, é importante também citar o fenômeno conhecido com Sleeveface, que,
conforme Santos: “Trata-se da utilização das capas de discos de maneira que estas se
apresentem como continuação, ou uma extensão da realidade” (SANTOS, 2014, p.37).
Para Sá “a humanização desse artefato técnico em contato com o corpo e a objetificação
do consumidor a partir da identificação com o disco – destacada em seu aspecto estético (a
capa) a ponto de mimetiza-lo – são observações inescapáveis” (SÁ, 2009, p.67).
Santos aprofunda essa ideia e mostra um lado subliminar do Sleeveface:

“Enquanto em um primeiro momento podemos falar de apenas um


modismo virtual, o fato de tornar o disco uma continuação de si mesmo
pode significar algo mais, e exprimir em algum grau o desejo de atribuir-
lhe vida, organicidade. A aparente brincadeira de sobreposição
fotográfica na realidade pode estar sugerindo o desejo de uma
12

experiência muito mais profunda entre o disco e o ouvinte. O homem se


objetifica e ao mesmo tempo vivifica o que por si só não tem vida”
SANTOS (2014, p.38).

Figura 1.: Sleeveface com capa do álbum True Blue (1986), de Madonna:

Fonte: SANTOS (2014)

1.3 O impacto histórico das capas

Em paralelo com a evolução dos fonogramas, mais precisamente a partir do formato em


disco plano, as embalagens que envolvem tais mídias também sofreram alterações
significativas ao longo do tempo. Segundo Cougo Junior, as capas dos discos, antes, pouco ou
mal aproveitadas, passam a ter uma importância maior a partir da invenção do LP:

“A importância dada às capas dos discos neste novo processo de


produção é um bom exemplo da mudança imposta pelo LP. Antes, a
indústria fonográfica creditava pouca ou nenhuma preocupação com os
invólucros dos discos. A maioria deles constituía-se por capas de
papelão com recortes circulares no centro – para que o selo central dos
discos, contendo informações fonográficas como o nome das canções e
do intérprete, aparecesse. Em alguns casos, os encartes de papel traziam
estampas promocionais das casas gravadoras e dos catálogos de discos à
venda, uma nítida estratégia de propagandear o maior número de
produtos possíveis (inclusive de artistas diferentes) num único espaço”
(COUGO JUNIOR, 2011, p.224)]
13

Figura 2.: Capa de disco de 78 rpm (década de 1950):

Fonte: Blog Rio - Capas dos Discos7

Vargas afirma que, a partir da criação do LP, as capas passaram a ser tratadas como
embalagem e, como tal, deveriam conter informações que ajudassem na comercialização do
produto disco:

“Como qualquer outra mercadoria, o disco também recebia uma


embalagem, cujas cores, formatos, tamanho e informações tinham a ver,
em alguma medida, com o artista, com as músicas gravadas, com o
público consumidor ou com a gravadora. Sendo embalagem, a capa
deveria atrair a atenção do ouvinte/consumidor interessado no tipo de
música em questão, deveria traduzir em seu design (cores, formas,
tipografia, composição, etc.) tanto o perfil da companhia fonográfica
quanto alguma informação visual importante que indicasse o artista e as
músicas ali gravadas” (VARGAS, 2013, p.3).

Cougo Junior confirma que o LP trouxe mudanças significativas na forma de se


comercializar música gravada e, com isso, as capas ganharam destaque:

“A chegada do Long-Playing exige mudanças em tais estratégias


comerciais. Agora é necessário que um disco alcance o sucesso pelo
conjunto artístico (e não por uma ou duas canções). A indústria cultural
do disco, investindo nos incipientes departamentos de marketing e
divulgação, começa a elaborar novas manobras de venda, as quais
extrapolam o aspecto meramente musical, dando destaque à figura dos
artistas e ao acabamento do material fonográfico (incluindo a qualidade
do vinil). As capas dos volumes também ganham destaque; artistas
plásticos e fotógrafos especializados são contratados a fim de cuidarem
das embalagens dos produtos. Os invólucros dos LPs primarão, portanto,
por identificar o caráter daquela obra” (COUGO JUNIOR, 2011,
p.225).

7
Disponível em: < http://rio-capasdosdiscos.blogspot.com/2011/ >. Acesso em 01 de Março de 2019.
14

Dessa forma, segundo Rodrigues, a indústria gráfica brasileira também evoluiu a partir
do LP, pois, buscando atender às gravadoras, aproveitaram a criatividade de artistas plásticos
famosos para a criação das capas de seus artistas:

“A partir da chegada do long-play no Brasil, surgiu um novo mercado de


trabalho na indústria gráfica. Durante muitos anos a ilustração e/ou a
foto-montagem foi a técnica corrente mais utilizada para os projetos das
capas, e os artistas plásticos foram as pessoas mais procuradas pelas
agências responsáveis por esse tipo de trabalho. Di Cavalcanti, Darcy
Penteado, Lan, entre outros, foram alguns dos responsáveis pela grande
produção do início ao fim dos anos 50” (RODRIGUES, 2006, p.80).

Figura 3.: Capa criada por Di Cavalcanti para disco de Noel Rosa (1950)

Fonte: https://www.pinterest.com8

Vargas salienta, ainda, outros profissionais do design brasileiro que também se


destacaram na criação de capas de disco, durante a primeira década do disco de vinil:

“No Brasil, essa relação entre gênero de música e capa de disco


apareceu também nessa década no selo Festa, criado em 1954 pelo
jornalista Irineu Garcia, especializado em música clássica, e na Odeon.
No Festa, as criações eram de Ary Fagundes e Darcy Penteado e, na
Odeon, o trabalho ficara por conta de Cesar G. Villela. Este acabou
sendo levado para o selo Elenco, criado em 1963 por Aloysio de Oliveira
e destinado aos lançamentos de bossa nova. As capas da Elenco, criadas
majoritariamente por Villela, foram marco em inovação no Brasil”
(VARGAS, 2013, p.5).

8
Disponível em: <https://www.pinterest.com.mx/pin/535928424401874853/> Créditos a Vikk Nascimento.
Acesso em 01 de Março de 2019.
15

Figura 4.: Capa criada por Cesar G. Villela para LP de Baden Powell (1963):

Fonte: https://www.pinterest.com 9

No entanto, conforme Vargas, a criação das capas até esse período era voltada,
exclusivamente, aos interesses comerciais das gravadoras:

“A produção gráfica ainda não passava pelo crivo do artista


propriamente dito, mas apenas pela gravadora e por seu designer. Sendo
assim, a capa não era uma tradução visual vinculada à organicidade do
seu projeto estético, mas algo criado pelo artista gráfico para a
gravadora, mais interessada no público consumidor e nas vendas do
produto” (VARGAS, 2013, p.6).

Segundo Rodrigues, durante a década de 1960, eventos históricos alteram o cenário


mundial: “o emprego maciço dos novos meios de comunicação, os satélites de
telecomunicação, entre outros, afetam de forma profunda as relações entre os povos. É o
início da ‘aldeia global’10 e das diferentes formas de protesto” (RODRIGUES, 2006, p.75). E,
conforme Vargas, esse novo cenário foi propício para o protagonismo das bandas de rock e
movimentos de contracultura11 que, consequentemente, impactaram na forma de se produzir
as capas dos discos:

“O ponto de virada foi o desenvolvimento do rock, dos movimentos


juvenis e da contracultura no final da década de 1960. Nas artes em
geral, a contestação aos padrões formais mais tradicionais crescia. Nas

9
Disponível em: <https://www.pinterest.com.mx/pin/332422016219044790/> Créditos a GQ Brasil. Acesso em
01 de Março de 2019.
10
Conceito cunhado pelo sociólogo canadense Herbert Marshall McLuhan para explicar a ideia de que o avanço
tecnológico tende a encurtar distâncias, recriando no planeta a situação social que ocorre em uma aldeia. Pelos
meios eletrônicos, as pessoas estariam se reconectando em um mundo globalizado. Fonte:
<https://escolaeducacao.com.br/aldeia-global/> Acesso em: 05 de Março de 2019.
11
Movimento de rebeldia e insatisfação que rompeu com diversos padrões, ao contestar de forma radical
comportamentos da cultura dominante. No entanto, vale lembrar que ele possui um caráter pacífico. Fonte:
<https://www.todamateria.com.br/contracultura/> Acesso em 06 de Março de 2019.
16

artes plásticas – com a Pop Art12 – e na música – com o rock – surgiam


novos temas, materiais inusitados e enfoques diferenciados. As capas
dos discos, por sua vez, além de se tornarem espaço de prestígio para
artistas gráficos e plásticos que visavam públicos distintos e um novo
suporte, ajudaram cantores e bandas de rock a construir suas próprias
identidades visuais” (VARGAS, 2013, p.6).

No Brasil, essa época foi marcada pelo surgimento da Tropicália durante o regime
militar:

“No Brasil, o Movimento Tropicalista foi o último grande arauto cultural


e político, que, emergindo em 1967, influenciou toda uma geração. Ele
abriu novos caminhos para cenários musical e estético, além de
revitalizar a discussão do imaginário brasileiro [...]. As capas de discos,
além de espelhar a visualidade dos aspectos que os Estudos Culturais
privilegiam refletem um período de poucas alegrias e muitas tristezas,
mas de enorme criatividade. Música e design ajudam a escrever a
história de uma década” (RODRIGUES, 2006, p.75).

Vargas confirma quando diz que “se levarmos em conta que o tropicalismo foi um
amplo movimento cultural, não apenas musical, e que traduziu a contracultura no cenário
nacional, saberemos que as intenções de experimentação e de inovação surgiram em várias
áreas artísticas, incluindo as artes plásticas e o design” (VARGAS, 2013, p.7).

Figura 5.: Capa do LP Tropicália ou Panis Et Circencis – Vários cantores (1968):

Fonte: https://outradiscografia.tumblr.com13

12
A Pop Art é uma escola que utiliza em suas representações pictóricas imagens e símbolos de natureza
popular. Fonte: <https://www.infoescola.com/artes/pop-art/> Acesso em: 05 de março de 2019.
13
Disponível em: <https://outradiscografia.tumblr.com/post/27307395786. Acesso em 01 de Março de 2019.
17

E, conforme Barat “Capas de disco são importantes chaves de leitura para compreender
não apenas a música, mas diversos outros aspectos da cultura nos séculos XX e XXI”
(BARAT, 2018, p.13), e conclui destacando que:
“Diversos fatores, muitos deles circunstanciais, contribuíram para o
percurso da capa de mera embalagem e mero produto a locus produtor
de visualidades. O distanciamento histórico revela a magnitude da
influência da indústria fonográfica na cultura. Capas icônicas, como
Nevermind; A love supreme; Dark side of the moon e Sgt. Pepper’s, por
exemplo, se tornaram imagens representativas de estéticas e
visualidades. [...] essas capas circulam de forma rizomática em nossa
economia de imagens pós-históricas e desde então tem adquirido um
significado simbólico que vai além da música que contiveram um dia”
(BARAT, 2018, p.27).

1.4 Empreendedores do Vinil

1.4.1 Negócios redescobrem o vinil, o tradicional disco

Uma importante matéria, com o título Negócios “redescobrem” o vinil, o tradicional


disco14 foi veiculada pela revista PEGN (Pequenas Empresas, Grandes Negócios) e fala sobre
os novos caminhos que o vinil trouxe para a revista de música NOIZE.
Lançada em 2007, a revista NOIZE, num primeiro momento era um veículo
especializado em música brasileira. Em 2014 ampliou seu modelo de negócio e criou o
NOIZE RECORD CLUB, um clube de assinaturas onde o assinante recebia, bimestralmente,
uma revista e um álbum relançado.
A partir de 2018 a revista tornou-se mensal, e entre lançamentos e reedições, chegou a
prensar álbuns históricos como Os Afrosambas (1966), de Baden Powell e Vinicius de
Moraes, Certa manhã acordei de sonhos intranquilos, do Otto, e Lá vem a morte, dos
Boogarins. Segundo a matéria, “[...] hoje, todos os álbuns estão esgotados e o total de
assinantes passou de 300 para 1.000, além da venda avulsa”.
Embora o perfil de assinantes seja variado e esteja em todos os Estados, o NRC (Noize
Record Club), reúne, sobretudo paulistanos, cariocas e gaúchos entre 21 e 40 anos.
A matéria termina trazendo o perfil de um assinante do Noize Record Club, o designer e
youtuber Guilherme Henrique de Oliveira, de 32 anos, que passou a assinar o clube após o
lançamento de um disco de Liniker. Já adepto dos “bolachões”, ele considera estar mais fácil

14
A matéria encontra-se disponível na integra no endereço eletrônico: <https://revistapegn.globo.com/Banco-de-
ideias/Diversao-e-turismo/noticia/2018/03/negocios-redescobrem-o-vinil-o-tradicional-disco.html>. Acesso em
22 de Fevereiro de 2019.
18

comprar discos, mas também mais caro – “por causa do modismo”. Em lojas online, como a
Vinil Records, os preços vão de R$ 9,90 a mais de R$ 300,00.

1.4.2 Luvnyl, a rede social para quem ama vinil

Na matéria intitulada Empreendedores criam rede social para quem ama vinil15 a
jornalista Mariana Fonseca conta a história de dois empreendedores, Lucas Stavitzki e
Romulo Troian, que, a partir de conversas com amigos que também colecionavam discos de
vinil, tiveram a ideia de abrir um negócio para diminuir a dificuldade em encontrar títulos
mais antigos, das décadas de 1960 até 1980. “Queríamos sanar esse problema: faríamos com
que as pessoas pudessem publicar seus discos online e vende-los, enquanto os compradores
poderiam achar todos os discos em um lugar só. Além disso, os usuários poderiam se
conhecer e falar sobre discos de vinil” conta Troian.
Após amadurecimento da ideia e participarem de programas de pré-aceleração intensiva
de negócios, a empresa foi lançada em 2016 como marketplace: “um espaço que facilita a
compra e a venda de discos de vinil para usuários e lojas” comenta Troian.
Paralelamente, na Luvnyl, há também a parte de rede social onde cada usuário, por meio
do perfil próprio, possa postar fotos dos seus vinis mais queridos, escrever textos sobre álbuns
e música e criar sua própria lista de desejos. Nos perfis empresariais, as lojas podem colocar
quais discos estão à venda e um mapa para que o comprador possa chegar ao local.
A matéria trouxe, também, dados sobre usuários: “[...] hoje, a Luvnyl tem 2,3 mil
usuários e cerca de 5% são vendedores de vinis, sejam pessoas físicas ou lojas. Ao todo, são
mais de 1,6 mil discos anunciados. Há pessoas de todas as idades na rede social, mas a
maioria possui entre 18 e 35 anos – jovens que se interessaram pelo vinil tardiamente e
combinam esse gosto com uma frequência diária no mundo virtual.
Diante desses modelos de negócio, torna-se importante uma breve descrição sobre
comércio eletrônico.

1.4.3 E-commerce
Comércio eletrônico ou simplesmente “e-commerce”, na definição de Kotler (2000) é
uma ampla variedade de transações eletrônicas, tais como envios de pedidos de compra para

15
A matéria encontra-se disponível na integra no endereço eletrônico:
<https://exame.abril.com.br/pme/empreendedores-criam-rede-social-para-quem-ama-vinil/>. Acesso em 14 de
Janeiro de 2019.
19

fornecedores via troca eletrônica de dados, levando em consideração a conectividade e a


digitalização. Por conectividade, o autor explica ser a Internet a forma pelo qual se registra
tudo do comércio eletrônico e por digitalização, quem está conectado a algum tipo de
tecnologia como o computador, por exemplo, por meio da qual se realiza atividades de
compra, venda ou troca de produtos.
Ramos et. al. (2011) concluíram que o impacto do e-commerce na economia mudou a
maneira das pessoas fazerem negócios, pois, como a internet reduz as barreiras geográficas,
ela tende a aumentar a rivalidade entre as variadas formas de mercado.
Levando em consideração a existência de vários conceitos que podem designar o
empreendedorismo digital, o C2C Consumer-to-Consumer que, segundo a definição de
Baltzan e Phillips (2012), é o modelo de negócios aplicado quando pessoas físicas interagem
entre si em troca de bens ou serviços por intermédio da internet, é, portanto a interação
comercial ideal para o objeto foco do presente artigo, já que a rede social Whatsapp foi o
ambiente escolhido para a pesquisa de campo deste artigo.

1.4.4 Negociando discos em grupos de Whatsapp

O relatório Webshoppers 3916, de Março de 2019, indica que o m-commerce (mobile-


commerce) ou compras eletrônicas realizadas através de dispositivos móveis, é um dos
principais responsáveis pelo crescimento nominal de 12% registrado pelo comércio eletrônico
em 2018. Segundo o relatório, hoje o setor já responde por mais de 1/3 dos pedidos no e-
commerce.
Tendo em vista a popularização das redes sociais, mesmo não havendo normas
específicas sobre o assunto, é fato que os vinileiros logo identificaram que o Whatsapp tem
grande potencial para os negócios C2C, pois, vinculando seus contatos aos grupos com as
mesmas afinidades, as vantagens aumentaram muito. Segundo Albertin (2010)
“A utilização ampla e intensa das tecnologias da informação e
comunicação, em um ambiente formado, é denominado ‘Negócios na Era
Digital’. Por meio dele, ocorre o comércio eletrônico, que é considerado
uma revolução socioeconômica importante pela maneira de hoje se
conduzir ou criar novos negócios”.

Outro exemplo de C2C é o Mercado Livre <www.mercadolivre.com.br>, site de leilões


cujo serviço melhora com o aumento da rede de vendedores e compradores que nele atuam.

16
Disponível em https://www.profissionaldeecommerce.com.br/e-commerce-2018/ Acesso em 05 de maio de
2019.
20

1.4.5 Mercado Livre, o “supermercado” do vinil”

Um dos maiores vendedores de discos de vinil no Brasil, segundo Machado, é o site


Mercado Livre, que dispõe de uma “verdadeira vitrine sobre tudo o que é ofertado em matéria
de discos [...] em 2015 o ML (como é conhecido) já havia anunciado que a seção sobre discos
de vinil era a maior e mais lucrativa na área de música” (MACHADO, 2017, p.58).
De acordo com Flick (2009), “muitos dos métodos qualitativos existentes vem sendo
transferidos e adaptados às pesquisas que utilizam a internet como ferramenta, como fonte ou
como questão de pesquisa”. Sendo assim, Machado descreve sua pesquisa realizada no site
“ML” e mostra os resultados obtidos:

“Nós usamos a metodologia de pesquisar por palavras chaves e


filtramos apenas o que aparecia como verdadeiramente ‘disco de
vinil’ ou ‘vinil’, retirando a possibilidade de surgirem na pesquisa
CDs, DVDs, acessórios e moda ligados ao vinil e o levantamento
foi realizado no dia 22 de abril de 2017. Na data o ML brasileiro
anunciava um total de 61.622 discos à venda, sendo 2.020 novos e
o restante usados” (MACHADO, 2017, p.58).

Utilizando dessa mesma forma de pesquisa, no dia 28 de fevereiro de 2019, atualizou-se


os dados e, nessa data, o ML brasileiro anunciava um total de 91.679 discos à venda, sendo
4.465 novos e o restante usados.

Gráfico 2.: Oferta de discos no site Mercado Livre

Fonte: Organizado pelo autor

O gráfico demonstra que, em dois anos, houve um aumento de 121,04% na oferta de


discos novos e 46,33% de aumento na oferta de discos usados.
21

Dessa forma, conforme Machado (2017), o site Mercado Livre necessita de certos
cuidados na hora da compra, mas não pode deixar de ser considerado um verdadeiro
“supermercado” do vinil.

2. Pesquisa Vinileiros

2.1 Metodologia

Tendo em vista a teoria citada sobre o tema proposto, deve-se agora compreender como
os consumidores de disco de vinil se comportam. Para isso, é necessário buscar as
informações necessárias por meio de pesquisa, que, segundo Gil define-se pelo:

“Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo


proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa
desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a
formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados”
(GIL, 2007, p.17).

Segundo Soares (2003), existem duas maneiras de abordar o problema que deseja
investigar, a abordagem qualitativa e abordagem quantitativa. A abordagem quantitativa é
relacionada com a quantificação de dados obtidos através de pesquisa. Para esse tipo de
abordagem, é necessário usar técnicas de estatísticas que podem apresentar maior ou menor
nível de complexidade, dependendo do resultado que se deseja atingir.
Sampieri (2006) explica que, na abordagem qualitativa, a coleta de dados não utiliza
medição numérica para descobrir questões de pesquisa. Diferentemente dos estudos
quantitativos, os estudos qualitativos não precisam apresentar forma sequencial, muitas,
vezes, os pesquisadores podem desenvolver questões e hipóteses antes, durante e depois da
coleta e análise dos dados.
Para Soares (2003), a abordagem qualitativa não emprega procedimentos estatísticos
como centro da resolução dos problemas. Os principais usos da abordagem qualitativa são:
Analisar a interação entre variáveis, compreender processos vivenciados por grupos sociais e
interpretar, em níveis mais profundos, as particularidades dos comportamentos e atitudes dos
indivíduos. Para analisar o comportamento dos consumidores de discos de vinil na atualidade,
optou-se pela abordagem qualitativa, pois assim, haverá análise do perfil do comprador, seu
comportamento e motivação frente as mídias disponíveis e a viabilidade do formato disco de
vinil.
22

2.2 Coleta de Dados

Os dados foram coletados utilizando o Google Forms17, que segundo Bard et al. (2017)
é uma ferramenta de criação de questionários, com questões de vários formatos e com
recursos de personalização, que possibilita a criação de instrumentos avaliativos flexíveis e
automatiza a coleta e manipulação dos dados.
Com o objetivo de responder ao problema de pesquisa proposto – o aumento das vendas
de discos de vinil na era da música digital – foi confeccionado um questionário com 14
questões de múltipla escolha, restrita a uma única alternativa. Esta técnica de investigação tem
a intenção de identificar o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses,
expectativas, situações vivenciadas e outras (GIL, 2007).
Um link de acesso foi enviado para 4 grupos de whatsapp especializados em compra,
venda e troca de discos de vinil para se obter uma ideia geral do comportamento e preferência
desse grupo específico. O formulário ficou disponível durante sete dias e obteve uma amostra
constituída por um total de 76 respondentes.

2.3 Apresentação e Análise dos Dados

A análise é um processo de ordenação dos dados, organizando-os em padrões,


categorias e unidades básicas descritivas. Já a apresentação envolve a atribuição de
significado à análise, explicando os padrões encontrados e procurando por relacionamentos
entre as dimensões descritivas (PATTON, 1980). Sua importância reside, conforme Markoni
e Lakatos (2007), no fato de proporcionar respostas à investigação do fenômeno estudado.
Abaixo serão apresentadas as perguntas e respectivamente, através dos gráficos,
comentadas as características dos respondentes:

17
https://www.google.com/forms/about/
23

Gráfico 3.: Gênero:

Fonte: Organizado pelo autor

Gráfico 4.: Idade:

Fonte: Organizado pelos autor

Gráfico 5.: Escolaridade:

Fonte: Organizado pelo autor

Relacionando os gráficos 3, 4 e 5, nota-se que o consumo de discos de vinil parte de


um público onde, em sua grande maioria, é composto por homens, com idade entre 31(trinta e
um) e 50 (cinquenta) anos e com nível de escolaridade superior e, por meio dessas
informações, é possível conhecer o perfil desses consumidores.
24

Gráfico 6.: Estilo Musical:

Fonte: Organizado pelo autor

O gráfico 6 mostra que 70% dos entrevistados preferem o Rock, 20% se dividem entre
Pop, Dance, MPB e Reggae e 10%, outros estilos não definidos na pesquisa. Nota-se também
que os estilos Samba, Pagode e Sertanejo não pontuaram na pesquisa.
Esse resultado confirma o perfil apresentado pelos gráficos anteriores, pois esses
estilos que não pontuaram, até a década de 1980, tinham pouca expressão e eram provenientes
das camadas mais simples da sociedade.

Gráfico 7.: Além do disco de vinil, um outro formato que você mais utiliza:

Fonte: Organizado pelo autor

Conforme o gráfico 7, a maioria dos respondentes utilizam todas as mídias disponíveis,


mostrando que o público tem um perfil eclético sobre o formato com o qual se consome
música. O Streaming, fica em segundo lugar na pesquisa com 25% da preferência. O CD é
mais preferido do que o MP3 e a fita K7, ainda que timidamente, tem sua fatia relevante entre
os formatos.
25

Gráfico 8.: Na sua opinião o disco de vinil:

Fonte: Organizado pelo autor

O gráfico 8 aponta que a maioria dos entrevistados acreditam que o disco de vinil
nunca morreu, seguidos pelos que acham que o vinil morreu e ressuscitou, e, opondo-se
àqueles 1% que dizem que o disco de vinil é modismo e vai morrer novamente, estão os 16%
que acreditam que ele voltou para ficar.

Gráfico 9.: Sua preferência por discos de vinil é motivada por:

Fonte: Organizado pelo autor

O gráfico 9 demonstra que a qualidade do som é a principal motivação para o consumo


do disco de vinil. A materialidade, citada pelos autores Sá (2009), Portugal (2013) e Gauziski
(2013), está em segundo lugar e a arte da capa, citada por Santos (2014), em último lugar.
26

Gráfico 10.: Há quanto tempo mantém sua coleção de vinil?

Fonte: Organizado pelo autor

Gráfico 11.: Há quanto tempo compra discos de vinil?

Fonte: Organizado pelo autor

Os gráficos 10 e 11 demostram que a maioria dos entrevistados mantém sua coleção


de discos há mais de dez anos e compram discos de vinil há mais de 5 anos, confirmando
Quines (2012) quando diz que, mesmo depois da ascensão e consolidação das mídias digitais,
o formato analógico continuou sendo consumido.
27

Gráfico 12.: Onde prefere comprar seus discos de vinil?

Fonte: Organizado pelo autor

Gráfico 13.: Regularidade da compra?

Fonte: Organizado pelo autor

Gráfico 14.: Você compra?

Fonte: Organizado pelo autor

Os gráficos 12 e 13 mostram que o consumidor de vinil prefere, em sua maioria,


comprar discos em loja física (inclusive sebos e feiras), confirmando o estudo de Quines
28

(2012) e que a regularidade da compra é mensal. Já o gráfico 14 confirma Machado (2017)


mostrando que, para a grande maioria dos consumidores, não importa se o disco seja novo ou
usado.

Gráfico 15.: Importância da capa:

Fonte: Organizado pelo autor

Constata-se de forma expressiva no gráfico 15 a importância da capa do disco de vinil


para os consumidores dessa mídia. Esse resultado confirma Barat (2018), quando conclui que
“capas de disco são importantes chaves de leitura para compreender não apenas a música, mas
diversos outros aspectos da cultura”.

Gráfico 16.: Você consome discos de vinil porque é:

Fonte: Organizado pelo autor

A análise do gráfico 16 mostra que o “vinileiro”, apontado por Gauziski (2012) e por
Quines (2012), não tem um estereótipo bem definido. O fato do “vinileiro” ser, em sua
maioria, um pouco de cada um dos perfis apresentados, além de confirmar os autores
29

supracitados, também confirma Fleck (2008) quando afirma em sua pesquisa, que, a
totalidade dos entrevistados por ele associava discos a momentos felizes de suas vidas. Essas
informações são essenciais para a compreensão da classificação desse consumidor,
colaborando com o mapeamento dessa tendência de mercado e o perfil dos clientes.

Considerações Finais

O artigo apresentado percorreu a trajetória da música gravada, enfatizando o disco de


vinil em seu formato LP (Long Play), identificando, historicamente, sua travessia por
gerações; destacando-se entre as diversas formas de ouvir música que, mesmo com o advento
e a popularização de tecnologias de reprodução sonora, mantêm-se no mercado, provando sua
viabilidade mercadológica e cultural.
Respondendo ao problema de pesquisa que motivou este estudo, baseando-se nos
dados coletados por meio das entrevistas, primeiramente, definiu-se o perfil do consumidor de
vinil: indivíduos do gênero masculino, entre 31 (trinta e um) e 50 (cinquenta) anos, com
formação superior, que adquirem discos mensalmente e priorizam a qualidade sonora do
formato. Em seguida entendeu-se que, para esses consumidores, o vinil nunca morreu, o que
se confirma com a reabertura de fábricas de discos mundo afora; lançamentos de novos
aparelhos reprodutores e o aumento da oferta e procura por discos novos e usados, tanto em
lojas físicas como pelo e-commerce.
No que se refere ao aumento do consumo de discos de vinil na era da música digital,
deve-se levar em consideração que, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, os dados
analisados limitam-se a amostra entrevistada, não podendo assim, ser generalizado a outros
contextos.
Por fim, é relevante observar que apesar da falta de incentivos, tanto tecnológicos
quanto fiscais, o disco de vinil, mesmo sem o glamour de outrora, desponta atualmente como
importante tendência de mercado.
30

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