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Folclore

Para darmos início a este capítulo, acredito que seja necessária uma breve
discussão sobre a conceituação do termo folclore. De muito pouco adiantaríamos seguir
ponteando elementos que trazem à tona o vigor e representatividade do folclore do
estado de Santa Catarina se não soubermos, ou ao menos compreendermos o que
qualifica os elementos populares como sendo folclóricos ou não.
O primeiro passo para este entendimento é a etimologia da palavra folclore.
Segundo Roberto Benjamim, pesquisador e membro da Comissão Pernambucana de
Folclore: “A palavra folclore, grafada inicialmente folk-lore fora formada a partir das
velhas raízes saxônicas em que folk significa povo e lore saber. Assim, segundo o seu
criador, a nova palavra significaria sabedoria do povo” 1.
Para além do sentido semântico da palavra, é necessário estabelecer um campo
de abordagens e de temáticas passiveis de serem assim intituladas. Esta discussão é
valida para que assim não nos apeguemos de forma desnecessária aos simbolismos
referentes às questões ligadas ao folclore.
Foi neste sentido que em 1951, durante o I Congresso Brasileiro de Folclore, foi
escrita uma carta que estabelecia o seguinte: “reconhece o estudo do Folclore como
integrante das ciências antropológicas e culturais, condena o preconceito de só
considerar como folclórico o fato espiritual e aconselha o estudo da vida popular em
toda sua plenitude, quer no aspecto material, quer no aspecto espiritual”.
“Constituem o fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo,
preservadas pela tradição popular e pela imitação e que não sejam diretamente
influenciadas pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam ou à renovação e
conservação do patrimônio científico e artístico humano ou à fixação de uma orientação
religiosa e filosófica”.
“São também reconhecidas como idôneas as observações levadas a efeito sobre a
realidade folclórica, sem o fundamento tradicional, bastando que sejam respeitadas as
características de fato de aceitação coletiva, anônima ou não, e essencialmente popular”.
Contudo, no ano de 1995, durante o VIII Congresso Brasileiro de Folclore,
houve a necessidade de fazer uma redefinição deste conceito, ressaltando que: “Folclore
é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições

1
http://www.unicamp.br/folclore/Material/extra_conceito.pdf acessado em Julho de 2009
expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social.
Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva,
tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade”.
Diante de tal posicionamento, decidimos por eleger alguns elementos folclóricos
do estado de Santa Catarina para serem descritos e discutidos neste livro, sendo eles o
Boitatá; A Lenda das Bruxas; o Lobisomem; a Mula se Cabeça; o Pão-Por-Deus e o Boi
de Mamão.
Esta escolha se deu depois de uma pesquisa realizada no sentido de eleger os
elementos folclóricos que estão mais presentes nas tradições deste estado. É evidente
que existem muitos outros que poderiam perfeitamente incluídos nesta listagem, e
acreditamos que suas contribuições para o enriquecimento da cultura popular são
valorosas. Contudo, uma abordagem mais densa sobre esta temática se apresentaria fora
dos propósitos desta publicação, que visa não só abranger esta temática, mas sim uma
variedade de outros temas que caracterizam e identificam o estado de Santa Catarina de
forma única e tão especial.

Boitatá

O Boitatá é uma das lendas mais tradicionais no estado de Santa Catarina. Assim
como no resto do Brasil, esta figura mitológica permeia o imaginário popular e alimenta
crenças a respeito de sua existência. Dependo da localidade, esta figura folclórica recebe
nomes dos mais variados.
Sobre as explicações etimológicas para esta palavra, algumas versões aparecem
como maior força. Acredita-se que este termo é resultante da junção de duas palavras
naturais da língua Tupi, sendo elas mboi e tatá, que significam respectivamente cobra e
fogo. Ainda pode-se atribuir ao termo mboi o significado de coisa ou agente, como
salienta o escritor, historiador e folclorista Luís Câmara Cascudo, em sua obra
Dicionário do Folclore Brasileiro, escrito em 1954.
O primeiro registro oficial desta lenda é atribuído ao Padre José de Anchieta, o
qual teria escrito em 1560 a seguinte descrição: "Há também outros (fantasmas),
máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são
chamados baetatá, que quer dizer cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o
que é todo de fogo. Não se vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali;
acomete rapidamente os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto, ainda não
se sabe com certeza." 2.
Segundo as descrições de populares e alguns registros encontrados sobre esta
lenda folclórica, esta cobra seria um monstro, de enormes olhos, e que durante o dia
seria praticamente cega, e durante o período da noite, de visão bastante acentuada.
Boitatá ainda seria a ultima cobra de sua espécie a existir, uma vez que todas as outras
teriam sido morta durante um grande dilúvio que cobriu toda a terra. Para manter-se
viva, ela teria se refugiado em um grande buraco, e ela permanecido até o fim do
dilúvio. Devido à escuridão do local de seu refugio, seus olhos teriam aumentado de
tamanho e se adaptado à visão noturna.
Ainda em um trabalho de descrição para as versões que se encontra para esta
figura folclórica, encontramos a visão de João Simões Lopes Neto, tidos para muitos
como o maior escritor regionalista da região Sul do país. Dizia ele: “numa noite muito
escura iniciou-se o grande dilúvio. A água cobriu todas as coxilhas, inundou as sangas e
arroios, encheu todas as tocas dos animais, inclusive a de uma cobra grande chamada de
"boiguaçu" que dormia quieta. Acordando com o frio da água, encheu-se de susto. Saiu
para fora e apertada de fome começou a comer só os olhos dos animais que encontrava a
sua volta. Como os animais sofrem influência do alimento que comem, a Boiguaçu não
escapou a regra, sua pele tornou-se muito fina e ficou luminosa pelos mil olhos que
devorou.
 Os homens quando voltaram à vê-la, não a reconheceram e pensaram tratar-se
ser de uma nova cobra, por causa de seu aspecto deram-lhe o nome de Boitatá, ou seja,
cobra de fogo.
Passado um certo tempo, a Boitatá morreu de pura fraqueza, porque só os olhos
que comeu não a alimentaram o suficiente. Ao decompor-se, a luz que estava presa
dentro dela esparramou-se pelos brejos e pode tomar a forma tanto de cobra como de
boi. O povo da campanha adverte, ao vê-la deve-se ficar imóvel, de olhos fechados, sem
respirar, até que ela resolva ir embora”3.
Existem aqueles certos de que Boitatá esteja viva nas matas, protegendo-a das
queimadas provocadas pelos humanos. Existem também pessoas que dizem ser ela
causadora das queimadas. São leituras e crenças que variam de região para região. No

2
Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões / Padre Joseph de Anchieta. - Rio de Janeiro :
Civilização Brasileira, 1933. - 567 p.
3
http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendaboitata.html acessado em julho de 2009
estado de Santa Catarina, esta lenda assume características bastante variáveis, oscilando
de região para região.

Lenda das Bruxas

Comum, e bastante popular entre as crianças, as Bruxas possuem um estereótipo


na imaginação dos nossos pequenos. Uma senhora bastante velha, de pele bem enrugada
e com manchas, cabelo sujo e bagunçado, um nariz grande e pontiagudo, dedos e dentes
tortos, corcunda e de olhos assustadores. Quem nunca se escutou uma historia com esta
tão falada bruxa?
A Bruxa é uma figura folclórica muito presente no imaginário popular dos
catarinenses. Na versão que se encontra no estado, originada do modelo português desta
lenda, as bruxas incorporam características dos vampiros, sendo elas criaturas que
necessitam do sangue das crianças recém nascidas para se nutrirem, e deste modo,
atingindo a vida eterna.
Creditava-se também às bruxas algumas enfermidades que pudessem vir a
atingir as crianças, especialmente as recém nascidas. Caso elas ainda não passassem por
problemas como desnutrição, com perde de peso e fraqueza, as bruxas eram indicadas
como causadoras desta moléstia, e a suposta doença recebia o nome de Doença da
Bruxa.
Esta relação que entre as lendas das bruxas e dos vampiros ganha um suporte
ainda maior quando visto o histórico colonizador da região. Com a chegada de inúmeros
grupos oriundos de praticamente toda Europa, a via para a fixação destas histórias entre
os populares era inevitável. Os vampiros são no Oriente Médio e Leste europeu os seres
que mais aterrorizavam os homens, e para muitos, sua existência era verdadeiramente
comprovada. Disse o filosofo Rousseau: “Se já houve no mundo uma história garantida
e provada é a dos vampiros; nada falta: relatórios oficiais, testemunhos de pessoas
qualificadas, de cirurgiões, de sacerdotes, de juízes; a evidência é completa" 4.
Segundo os populares de Santa Catarina, ninguém escolhe é capaz de se tornar
uma bruxa, ela simplesmente nasce Bruxa. Sempre que um casal tinha sete filhas no
casamento, todas em seqüência, sem o nascimento de nenhum menino neste intervalo, a

4
http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendabruxa.html Acessado em julho de 2009
primeira ou a ultima das filhas serão inevitavelmente uma Bruxa. Para impedir que tal
acontecimento se concretize, é necessário que a filha mais velha seja madrinha da mais
nova, ou, que se de um nome masculino à filha mais nova, para que desta forma se
engane a Bruxa.
Entre os poderes que são conferidos às Bruxas, estão a capacidade de lançarem
enfermidades, moléstias e mal-olhados, habilidades estas adquiridas por meio de um
pacto realizado com o Diabo. Estes feitiços seriam lançados por elas durante as noites
de luar, especialmente nas sextas-feiras. Elas também seriam capazes de se transformar
em pequenos animais voadores, como borboletas, e assim adentram nas casas das
pessoas em que deseja fazer alguma maldade.
Identificam-se as bruxas de algumas formas. Dizem que se uma mulher lhe
estender a mão esquerda ao lhe cumprimentar, certamente ela é Bruxa. Para evitar que
as crianças fossem atacadas por elas, dava-se às crianças remédios a base de alho ou se
colocava tesouras abertas debaixo dos travesseiros das mesmas. Outras medidas
preventivas podem ser feitas por meio da inscrição de símbolos cabalísticas nas portas
das casas, como estrelas de cinco e seis pontas.
Veja agora um conto de Franklin Cascaes, catarinense nascido em São José,
grande folclorista e escritor que dedicou sua vida aos estudos dos elementos culturais do
estado de Santa Catarina.

“Contou-me um narrador de histórias de assombrações, que um casal jovem


depois de um ano de feliz matrimônio, ganhou uma linda criança, a qual ao completar
cinco anos, adoeceu.
O sintoma da doença era o seguinte: as mãos cruzadas sobre o peito, o corpo
manchado de roxo e ao anoitecer desatava num choro que metia dó, principalmente nas
sextas-feiras.
Pessoas idosas, entendidas em doenças de bruxarias, quando viram aquela
criança no estado lastimável em que se encontrava não tiveram dúvidas em afirmar aos
pais, que todos aqueles sintomas eram, verdadeiramente, a confirmação de que as
malvadas bruxas a estavam perseguindo.
Uma daquelas pessoas entendidas em assuntos bruxólicos aconselhou ao jovem
pai que devia procurar uma benzedeira e não um médico, como queria a mãe da criança,
pois este não entenderia nada daquela doença causada pelas forças misteriosas das
terríveis mulheres que vêm a este mundo com a triste sina de ser bruxa.
No sítio, a conselho das pessoas mais velhas que são acatados com todo respeito,
o casal resolveu chamar uma velha benzedeira, muito afamada na cura de crianças
embruxadas.
A velha benzedeira, ao entrar na casa e pôr as vistas sobre a criança doente,
desatou a bocejar tanto, que quase ficou sem poder falar por muitos minutos, mas logo
que se recuperou, voltou-se para o casal e disse-lhes: "Esta criança está embruxada por
bruxas muitos perigosas, de grandes poderes diabólicos. Recebi toda carga do seu poder
maligno, no meu corpo, logo que entrei nesta casa, para enxotá-la daqui".
Tomou um breve que trazia no bolso do vestido, benzeu a criança e aconselhou
aos pais que fizessem o seguinte remédio:
Na sexta-feira daquela semana, ao anoitecer, tomassem uma ceroula do pai,
colocassem-na em cruz em cima da criança, rezassem um Credo de trás para diante em
cima da ceroula, colocassem um pires com água e dentro um pedaço de cera virgem e a
chave da fechadura da porta da entrada, e ficassem de vigília.
No momento em que a criança chorasse, era o sinal de que as bruxas a estariam
chupando o sangue e, portanto, o pai devia pegar a cera virgem que estava no pires e
introduzi-la no buraco da fechadura, para que assim as bruxas ficassem presas dentro de
casa e aguardassem, ali, o canto do galo preto para ser descoberto o fado.
As bruxas, que andavam chupando aquela criança, eram moradoras do mesmo
lugar e duas das quais primas irmãs da mãe da criança doente.
Naquela semana, elas fizeram uma reunião numa casa abandonada e mal-
assombrada, para desenvolver o poder do fado em uma moça nova, muito feia e rude,
que começaria a cumprir a sina pela primeira vez.
Para poderem voar por cima das árvores e entrar pelo buraco da fechadura, além
de despirem toda roupa e esconderem-na nas tocas das bananeiras, grutas, e debaixo dos
paneiros de canoas de pescadores e untarem todo o corpo com unto virgem, elas devem
pronunciar certíssimas as seguintes palavras: "Por cima do silvado e por debaixo do
telhado".
A reunião que elas fizeram naquela semana foi para ensinar à bruxa praticante
que o canto do galo branco e amarelo não lhes quebra o encanto, mais sim o do galo
preto.
Que as palavras "Por cima do silvado e por debaixo do telhado" não podem ser
pronunciadas ao contrário, senão perderão uma noite de atividades diabólicas.
Na mesma reunião, combinaram irem todas, inclusive a bruxa nova, chuparem a
criança na casa onde a velha benzedeira tinha mandado fazer a armadilha com a ceroula.
Naquela sexta-feira, dia combinado, depois de prontas para entrarem em estado
fadórico a bruxa velha pronunciou as palavras do encanto e mandou que todas
respondessem certo, mas a bruxa nova respondeu ao contrário, estragando assim, as
atividades da noite.
Devido o engano da bruxa nova, não puderam atingir o objetivo visado que era
chupar a criança.
Em vez de passarem por cima do silvado, passavam por debaixo, e em vez de
passarem por debaixo do telhado ficavam por cima.
Cansadas de tanto voar e não conseguirem entrar no buraco da fechadura, para
chuparem o sangue da criança, resolveram pousar sobre o telhado da casa.
Devida a benzedeira da velha e as armadilhas que se achavam dentro de casa,
elas ficaram presas sobre o telhado e foram surpreendidas em estado de encanto, pelo
canto do galo preto.
No momento em que elas pousaram sobre o telhado da casa, a criança começou
a chorar, e o pai então tratou de introduzir a cera virgem no buraco da fechadura. e ficou
aguardando o canto do galo preto, quando se daria justamente, o desencanto das bruxas.
Logo que o galo preto cantou, elas se desencantaram, em cima da casa e não
dentro como o homem esperava, isto devido a bruxa nova ter pronunciado as palavras
de encanto ao contrário.
Mal se desencantaram, viram-se presas pela armadilha que estava dentro de casa
e começaram a chorar.
O dono da casa, que estava de vigília, logo que ouviu o choro, abriu a porta da
casa e saiu para o quintal, a fim de ver onde era o choro, quando, qual não foi sua
surpresa, ao deparar com aquele quadro tétrico sobre o telhado da sua casa.
Apavorado pelo que viu, chamou a mulher e alarmou os vizinhos que acudiram
assustados.
Colocaram uma escada e fizeram-nas descer.
O dono da casa foi na cozinha, apanhou um rabo de tatu que estava no moeiro,
deu uma surra em cada uma até deixar caída por terra.
A surra foi tão violenta que, para curar os ferimentos tiveram que usar água com
sal bem forte e cachaça com ervas”5.
5
http://www.jangadabrasil.com.br/revista/setembro82/especial15.asp acessado de julho de 2009
Florianópolis, 16 de janeiro de 1957

Lobisomem

Assim como a lenda das Bruxas, acredita-se que a lenda do Lobisomem tenha
chegado ao estado de Santa Catarina via emigrantes europeus. Estas histórias que
envolvem a transformação do homem em lobo não são nada recentes, existem registros
relacionados à mitologia grega que já enfatizavam a possibilidade desta transformação.
Para estes, o Lobisomem seria uma pessoa, do sexo masculino, com a
capacidade de se transformar em uma criatura que fosse a mistura de um homem com
um lobo, sendo que esta transformação ocorre em noites de lua cheia em uma
encruzilhada, ou em noites por onde passa por muita raiva. Ele só é capaz de voltar ao
seu estado natural com o fim da fase lunar, como afirmam os moradores de Nova
Trento6, ou quando se acalma.
Em mais uma semelhança com as Lendas das Bruxas, acredita-se no folclore
brasileiro que o sétimo filho que nascer em uma seqüência de nascimentos do mesmo
sexo seria inevitavelmente um Lobisomem. No caso de Santa Catarina, após esta
seqüência de nascimento de filhos, o último devera se chamar Bento para que a
maldição não o atinja. Existe também uma versão em que seria Lobisomem o filho que
nascesse depois de uma seqüência de sete partos de meninas.
Ainda neste estado, os Lobisomens se apresentam “como um homem de olhos
afogueados, pelo eriçado, ventre aberto e sangrando, unhas aguçadas e expele fogo pela
boca”7.
Ainda segundo a pesquisadora Rosana Volpatto, “Na forma de porco é
assinalado em São Francisco do Sul e em Biguaçu, na orla litorânea catarinense. No
entanto, em Caçador, no oeste catarinense, é um horrendo lobisomem-dragão, com
cerca de três metros de comprimento, tem dorso de dragão e formidável boca provida de
agudíssimos dentes. Pelas ventas dilatadas lança um bafio nauseabundo”8.
Existe também a possibilidade de se tornar um Lobisomem sendo mordido por
um. Caso os ferimentos adquiridos no combate com o mesmo não fossem curados até o
amanhecer do dia seguinte, esta pessoa se tornaria mais um destes.

6
http://www.rosanevolpatto.trd.br/lobisomem.htm acessado em julho de 2009
7
ibidem
8
ibidem
Para que o feitiço
Os Lobisomens atacam durante a noite. Estes ataques se dão a tudo aquilo que
tenha vida e se mova. Eles precisam sempre se alimentar do sangue destes seres.
Afirma-se ainda, segundo a lenda mais tradicional, que só é possível matar um
lobisomem atingindo-o com artefatos feitos a base de prata, ou se for ateado fogo no
corpo do mesmo.

Mula sem Cabeça

A Mula-Sem-Cabeça é outra figurinha carimbada do folclore nacional, logo sua


presença dela em Santa Catarina não seria de se estranha. Sua existência não restrita ao
Brasil. Existem registros deste ser folclórico em outros países, tais como o México,
onde recebe o nome de Malora.É bastante comentada entre as pessoas do meio rural,
especialmente entre as crianças.
Entre as ouras denominações que encontramos para a Mula-Sem-Cabeça,
encontramos: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta, Cavalo-sem-cabeça, Padre-sem-
cabeça. Estas variações ocorrem diferentes regiões do país, contudo, as informações a
respeito da lenda em pouco variam.
Acredita-se que os primeiros relatos de suas possíveis aparições sejam
decorrentes do período colonial do Brasil. Nela dizia que nos pequenos povoados a
Mula-Sem-Cabeça sempre aparecia quando uma pessoa passasse correndo diante de
uma cruz em uma noite escura. Esta figura mitológica se referia a uma mulher que tenha
mantido um relacionamento mais intimo com um padre, mesmo este sendo impedido de
tal ato pelos votos exigidos pela Igreja. Sob efeito desta maldição, a mulher deveria se
apresentar no encontro de duas estradas sempre na passagem das noites de quinta-feira
pra sexta-feira, se transformando então na besta. Caso a Mula-Sem-Cabeça encontre
alguém nas noites em que vaga pelas cidades, ela a atacará e lhe chupara as unhas,
dedos e olhos.
Apesar de nome constar que nela não há cabeça, existem relatos de pessoas que
a viram como se ela possuísse narinas e boca, sendo que delas saem o fogo. Na boca
ainda se encontra um freio de ferro usado em cavalos.
Existem varias versões para as maneiras possíveis de se quebrar o feitiço
lançado a esta mulher. Entre eles está o de que é necessário que alguém de muita
coragem deva ir de encontro à mesma e dela retirar o freio posto em sua boca. Outra
versão diz que basta que dela lhe tire sangue por meio de um ferimento, mesmo este
sendo de pequena proporção. Somente assim a vida da mulher enfeitiçada voltará a
normalidade
No estado de Santa Catarina existem relatos de que se é possível saber se uma
mulher é uma Mula-Sem-Cabeça se o nome dela for escrito em uma fita, sendo esta
amarrada a um ovo. O ovo agora amarrado deve ser lançado ao logo. Se este cozer e a
fita não se queimar, a mulher cujo nome foi escrito é enfeitiçada por tal maldição.
Existem também alguns relatos onde a maldição da Mula-Sem-Cabeça acaba por
atingir o padre, e não sua suposta amante. Para livra-lo do feitiço, os procedimentos
devem ser os mesmos aos indicados para o caso mais tradicional.
Alceu Maynard Araújo e Vasco José Taborda escreveram a seguinte passagem
na obra Estórias e Lendas de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Vale a pena conferir!

“A mula-sem-cabeça, burrinha-de-padre ou simplesmente burrinha, é o castigo


tremendo da concubina do padre católico.”
“Na noite de quinta para sexta-feira muda-se numa mula, alentada e veloz,
correndo com espantosa rapidez, até o terceiro cantar do galo.”
“Seus cascos afiados dão coices que ferem como navalhadas. Homens ou
animais que encontram na dianteira de sua carreira furiosa, despedaça às patadas.
Ouvem, de longe, o estrido do galope fantástico e as dentadas terríveis com que remorde
o freio de ferro que leva na boca espumante e orlada de sangue.”
“Pela madrugada, exausta, recolhe-se, cheia de nódoas das pancadas. Volta à
forma humana e recomeça o fadário na outra noite fatídica.”
“Para que a manceba do padre não vire burrinha é preciso que este não esqueça
nunca de amaldiçoá-la, antes de celebrar a santa missa.”
“Para desencantá-la é necessário ter-se a suprema coragem de enfrentá-la e tirar-
lhe destramente o freio de ferro.”
“Os detalhes variam. É uma mula que não tem cabeça mas relincha. É um
animal quase negro, com uma cruz de cabelos brancos. Tem olhos de fogo. Tem um
facho luminoso na ponta da cauda. Geme como uma criatura humana. Não geme,
relincha e ao terminar, geme como se morresse de dor”.
(ARAÚJO, Alceu Maynard; TABORDA, Vasco José. Estórias e Lendas de São Paulo,
Santa Catarina e Paraná)

Pão-Por-Deus

A tradição do Pão-Por-Deus é lusitana. Trata-se basicamente de uma forma de


expressão dos sentimentos do coração, uma forma mesmo que singela de levar à pessoa
amada as sua expressões de amor. Normalmente usadas para pedir o amor desta pessoa,
este costume ganhou força e rapidamente se popularizou em Santa Catarina.
Nos arquipélagos de Açores e Madeira, era comum o uso desta tradição,
especialmente entre as crianças, as quais faziam estes votos no sentido de pedirem
guloseimas. Esta celebração se dava especialmente entre os dias 1 e 2 de novembro, dias
estes que são coincidentes com as comemorações de finados, ou como é tratado nestas
regiões, dia dos mortos.
Ao chegar às terras brasileiras, em especial no estado catarinense, esta tradição
abriu-se para outros tipos de pedidos, como de amor e perdão, ou mesmo passou a ser
utilizada para expressão dos sentimentos, como amizade e saudades. Quanto ao período
de prática, os primeiros dias do mês de novembro marcam o fim do período de envios
de cartões, sendo que as respostas deveriam ser reenviadas até o natal do mesmo ano.
Santa Catarina tem esta tradição mais aplicada em sua região litorânea, de São
Francisco do Sul a Araranguá é possível averiguar a presença deste costume. Nas
regiões mais interioranas do estado este costume também é visto, porem, em uma
freqüência e força bem menor.
Vale lembrar que a tradição folclórica do Pão-Por-Deus é sem duvida alguma
uma manifestação artística deste povo. A riqueza dos detalhes em cada cartão faz com
esta atividade se enriqueça de cores e formas, variando de acordo com a sensibilidade e
intenções de cada qual.
Normalmente se escrevem a cada dobra do cartão alguns pequenos versos,
geralmente quatro, sempre fazendo rimas entre os mesmo. Veja alguns exemplos de
quadras catalogadas por Valter F. Piazza, publicados no Boletim catarinense de folclore:
“Em geral, são assim: Abre que hás de ver
Retratada uma viola".
Num papel dobrado, apresenta-se uma
chave desenhada, acompanhada da seguinte Aparece, então, a viola e esta quadrinha:
quadrinha:
"Esta viola aqui
"Pega esta chave, Neste papel retratada
Com tua mão; Torna a abrir que hás de ver
Abre com ela Uma sereia encantada".
Meu coração".
Aparece a sereia e outros versos:
Abre-se a dobra e depara-se com um
coração, também desenhado a cores, e, ao "Sereia canta ansiosa,
seu pé, lê-se: Nas ondas d'água salgada,
Quem descobrir a sereia
"Vê como está, Tem uma jovem delicada".
Todo partido,
Por tua causa, E, o último desdobramento apresenta esta
Todo ferido". outra:

E, desdobrando-se mais, tem-se diante dos "Sereia canta ansiosa


olhos este "pão-por-Deus": Vem um jovem no salão
Para pedir "pão-por-Deus"
"Meu coração disse, Que retrate um coração"9.
Que eu sabia adivinhar
Que eu pedisse
O que era capaz de pagar".

Em Florianópolis, recolhemos,
pessoalmente, um desenhado, cuja fachada
estampava um coração, onde se lia:

"O coração vai saudoso 9

http://www.jangadabrasil.com.br/outubro38/cn381
Saudar uma senhora 00a.htm Acessado em julho de 2009
Boi de Mamão

A brincadeira do Boi de Mamão é uma variante do Bumba Meu Boi, conhecido


também como Boi Bumbá. Muito tradicional na região nordeste do Brasil, o Boi Bumbá
teria chegado possivelmente à região de Santa Catarina via militares pernambucanos
que pra lá formam durante o século XIX.
Edson Luiz da Silva, que utiliza o nome de Velho Bruxo em suas pesquisas
elevantes às tradicionalidades do estado de Santa Catarina, apresenta três versões que
possam indicar as origens do nome desta atividade folclórica. Diz ele: “" O nome de Boi
de Mamão dizem vir do que foi usado para fazer a cabeça do boi , um mamão verde.
Isso quem afirma é o senhor João Constâncio Vieira, de Coqueiros (Florianópolis) um
dos mais antigos construtores de Boi de mamão. Ele afirma que foi na Palhocinha (em
Coqueiros) que as crianças, filhos de dona Biloca , usaram o mamão verde para fazer a
cabeça do boi. Diz ele também que o boi de mamão foi criado primeiro para as crianças
depois foi que os adultos entraram na brincadeira".Outra versão dizem vir de mamado
(bêbado), pois o pessoal costumava consumir muita bebida alcoólica durante a
apresentação do folguedo. Existe ainda a versão de que o nome vem de quem brincava
com o boi, geralmente crianças; então o boi seria mamão (que mama na mamadeira) 10.
Uma das características adotadas pelo Boi de Mamão que lhe diferencia do seu
“primo” Boi Bumbá é a apresentação mais voltada para o lado infantil. As coreografias
usadas nestas festividades são bastante graciosas. Em Santa Catarina, o primeiro
registro desta celebração é de 1871, feita por Arthur Boiteux na cidade de Florianópolis.
Durante a encenação, vários são os personagens que se apresentam, entre elas
aparecem no boi-de-mamão, como figura central, o proprietário do boi, tratado por
Mateus, a Bernuncia, figura estranha inspirada nos Dragões chineses e seu filhote, a
Maricota, mulher alta e toda desengonçada, o doutor, o cavalinho.
Antigamente, as apresentações ocorriam diante da casa de um morador que
contribuísse financeiramente com o grupo. O valor não era fixo, uma vez que cada qual
contribuía com o que podia. Em troca, o nome do proprietário era incluído nos versos
durante as cantorias. Hoje estas ocorrem em escolas e festivais que buscam resgatar e
revitalizar a cultura popular do estado.
Veja algumas das músicas que são cantadas durante as festividades11:

10
http://www.ufsc.br/~esilva/BrincaBoiMa.html acessado em julho de 2009
11
http://www.vivonumailha.com/page2/page7/page7.html Acessado em julho de 2009
A ENTRADA DO BOI A RESSURREIÇÃO DO BOI

TE LEVANTE BOI MALHADO TE LEVANTA BOI DOURADO


TE LEVANTA DEVAGAR TE LEVANTE DEVAGAR
Vem cá meu boi, vem cá (coro) Vem cá meu boi, vem cá (Coro)
TE LEVANTA DEVAGAR TE LEVANTA DEVAGAR
QUE É PRA NÃO ESCORREGAR QUE É PRA NÃO ESCORREGAR
Vem cá meu boi, vem cá Vem cá meu boi, vem cá
O MEU BOI É DE MAMÃO OLHA A VOLTA QUE ELE DEU
DA CABEÇA ATÉ O CHÃO OLHA A VOLTA QUE ELE DÁ
Vem cá meu boi, vem cá Vem cá meu boi, vem cá
OLHA A VOLTA QUE ELE DEU ESSE BOI NÃO É DAQUI
OLHA A VOLTA QUE ELE DÁ É DO SERTÃO DO PIAUÍ
Vem cá meu boi, vem cá Vem cá meu boi, vem cá
ESSE BOI É DE MAMÃO TE APRESENTA SEU CAVALO
FAZ A TUA OBRIGAÇÃO TUA HORA VAI CHEGAR
Vem cá meu boi, vem cá Vem cá meu boi, vem cá
ESSE BOI É DE FOLIA
DÁ GALHADA NA GURIA A ENTRADA DO CAVALINHO
Vem cá meu boi, vem cá
TE APRESE TA SEU MATEUS
O MEU CAVALINHO
BOTA ESSE BOI NO CHÃO
ELE JÁ CHEGOU
Vem cá meu boi, vem cá
E O DONO DA CASA
JÁ CUMPRIMENTOU
A MORTE DO BOI Refrão
O MEU CAVALINHO
O MEU BOI MORREU DO PÊLO VERMELHO
QUE SERÁ DE MIM QUEM MONTA NELE
MANDA BUSCAR OUTRO, É UM CAVALEIRO
MANINHA REFRÃO
LÁ NO PIAUÍ O MEU CAVALINHO
Bis CAVALO BONDOSO
OI, QUEM MONTA NELE
É MOÇO BONDOSO
UM MINUTO DE SILÊNCIO
REFRÃO
PRO BOIZINHO QUE MORREU
O MEU CAVALINHO
VOU CHAMAR O SEU DOUTOR
CAVALO LIGEIRO
PRA VER O QUE ACONTECEU
VAI LAÇAR O BOI
DENTRO DO TERREIRO
REFRÃO
O MEU CAVALINHO
ESTÁ CHEGANDO A HORA
BOTA O BOI NO LAÇO
NÃO TENHA DEMORA Ê CABRA, Ê CABRA
REFRÃO DÁ UM PULO E VAI EMBORA
O MEU CAVALINHO
NÃO TENHA DEMORA LÁ VEM A BERNUNÇA
BOTA O BOI NO LAÇO
SAI DE PORTA AFORA
BERNUNÇA MINHA BERNUNÇA
BERNUNÇA DO CORAÇÃO
BERNUNÇA SÓ DANÇA BEM

A VEZ DA CABRINHA QUANDO ENTRA NO SALÃO

OLÊ, OLÊ, OLÊ, OLÊ, OLÁ


E O VAQUEIRO CHAMA A CABRA ARREDA DO CAMINHO
Ê CABRA, Ê CABRA QUE A BERNUNÇA QUER PASSAR
CHAMA A CABRA PRO SALÃO Refrão
Ê CABRA, Ê CABRA
ESSA CABRA NÃO BERRA TAVA DEITADO NA SOMBRA
Ê CABRA, Ê CABRA QUANDO OUVI FALAR EM GUERRA
QUERO VER ELA BERRAR QUANDO ACABA ERA A BERNUNÇA
Ê CABRA, Ê CABRA QUE VINHA DESCENDO A SERRA
DÁ UM PULO E DÁ UM BERRO REFRÃO
Ê CABRA, Ê CABRA A BERNUNÇA É UM BICHO BRABO
ELA COMEU MINHA PARREIRA JÁ ENGOLIU MANÉ JOÃO
Ê CABRA, Ê CABRA COME PÃO, COME BOLACHA
ELA ESTÁ COM CAGANEIRA COME TUDO QUE LHE DÃO
Ê CABRA, Ê CABRA REFRÃO
Ê CABRINHA DANADA OH, SENHOR DONO DA CASA
Ê CABRA, Ê CABRA VENHA NA PORTA DA FRENTE
DÁ GALHADA NO VAQUEIRO VENHA VER A BRINCADEIRA
Ê CABRA, Ê CABRAÔ VAQUEIRO DA DO BICHO QUE ENGOLE GENTE
CABRINHA REFRÃO
Ê CABRA, Ê CABRA BERNUNÇA QUE DANÇA BEM
FAZ A TUA OBRIGAÇÃO ENTÃO PRESTE ATENÇÃO
Ê CABRA, Ê CABRA DÁ UMA OLHADA EM TUA VOLTA
PEGA A CABRA PELO GALHO E ENGOLE ESSA MULTIDÃO
Ê CABRA, Ê CABRA REFRÃO
DÁ UMA VOLTA NO SALÃO OH, SENHOR DONO DA CASA
Ê CABRA, Ê CABRA VENHA NA PORTA DOS FUNDOS
DÁ UMA VOLTA E VAI EMBORA VENHA VER A BRINCADEIRA
Ê CABRA, Ê CABRA DO BICHO QUE ENGOLE O MUNDO
TUA HORA JÁ CHEGOU REFRÃO
Ê CABRA, Ê CABRA
DÁ UM PULO E VAI EMBORA
Ê CABRA, Ê CABRA
TUA HORA JÁ CHEGOU
A MARICOTA
E TODOS OS BICHOS NO SALÃO

FIZEMOS UM BAILE DE REIS OI CIDADE SIM


OI CIDADE NÃO
FIZEMOS UM BAILE DE COTA
ESTÁ CHEGANDO A HORA EU QUERO VER BOI-DE-MAMÃO
DE DANÇAR A MARICOTA
OI CIDADE SIM
ESTÁ CHEGANDO A HORA OI CIDADE NÃO
DE DANÇAR A MARICOTA
O NOSSO BOI JÁ VAI EMBORA
Refrão
OI CIDADE SIM
OI CIDADE NÃO
A MARICOTA É MOÇA MEIA-LUA DENTRO
MEIA-LUA FORA
É MOÇA E VAI SE CASAR
SENHOR DONO DA CASA
UMA MOÇA TÃO BONITA NOSSO BOI JÁ VAI EMBORA
Bis
MAIS PARECE UM PAU-DE-FITA
UMA MOÇA TÃO BONITA EU CAIO, EU CAIO
NA BOCA DA NOITE
MAIS PARECE UM PAU-DE-FITA
SERENO EU CAIO
REFRÃO Bis
DONA MARICOTA
NARIZ DE PIMENTÃO
DEIXOU CAIR AS CALÇAS
NO MEIO DO SALÃO
DEIXOU CAIR AS CALÇAS
NO MEIO DO SALÃO
REFRÃO
A DONA MARICOTA
É MOÇA TÃO BONITA
ELA SÓ DANÇA BEM
COM SEU VESTIDO DE CHITA
ELA SÓ DANÇA BEM
COM SEU VESTIDO DE CHITA
REFRÃO
A NOSSA MARICOTA
ELA É TRABALHADEIRA
AQUI VAI NOSSA HOMENAGEM
ÀS MARICOTAS RENDEIRAS
AQUI VAI NOSSA HOMENAGEM
ÀS MARICOTAS RENDEIRAS
FIZEMOS UM BAILE DE REIS
FIZEMOS UM BAILE DE COTA
ESTÁ CHEGANDO A HORA
DA MARICOTA IR EMBORA
ESTÁ CHEGANDO A HORA
DA MARICOTA IR EMBORA

CANTIGA FINAL

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