Você está na página 1de 14

Danças e Cantigas Típicas do Estado de Santa Catarina

Estado de Santa Catarina é extremamente rico em suas tradições relativas à arte


da dança. As variedades de estilos, tradições e cantigas que acompanham este costume
são simplesmente impressionantes. A mistura de etnias que compõem o cenário social
do estado só vem a contribuir com o ganho destes valores culturais.
Alemães, portugueses, espanhóis, japoneses, italianos, gregos, ingleses,
holandeses, russos, suecos, açorianos, árabes, judeus, entre tantos outros povos foram
grandes personagens do processo de colonização do estado, contribuindo assim de
maneira fundamental neste enriquecimento cultural, uma vez que os povos que lá
chegaram trouxeram seus costumes e folclores.
Agregando ainda mais valores e elementos às danças catarinenses que hoje
apreciamos, os povos indígenas nativos, assim como as populações negras então levadas
para servir como trabalhadores sob regime escravo, inseriram suas danças
características até mesmo como maneira de se expressarem diante de uma realidade que
os oprimiam. Para eles, o ato de dançar servia como demonstração de seu espaço e sua
importância na sociedade, mostrando aos demais grupos sociais a sua presença e seus
valores.
Os catarinenses têm na dança uma das formas mais expressivas de demonstrar a
sua cultura. A prática dos estilos e modalidades dançantes não requer obrigatoriamente
que os mesmo sejam originários do estado. Com o constante fluxo migratório, tanto de
brasileiros quanto de pessoas de outras nacionalidades, o contato com outras culturas e a
agregação de valores e tradições dos mesmos foi um resultado esperado.
Engana-se quem pensa que as danças oriundas destes povos são unicamente de
cunho comemorativo. Elas trazem consigo diversos simbolismos que agrega valores
religiosos e místicos, além de contribuir para que os trabalhadores extravasassem as
tensões resultantes das longas jornadas de trabalho nos campos ou nas cidades.
Vale lembrar que seria simplesmente impossível desvincular as tradições
vinculadas à dança catarinense das cantigas que as regem. Os cantos que entoam os
ritmos destas danças são extremamente marcantes, constituindo-se em peças chaves
neste cenário cultural. São melodias únicas, destinadas e direcionadas às respectivas
danças que as acompanham. Os sons instrumentais e os cantos são capazes de nos
emocionar nas formas mais intimas.
Desvincular as danças típicas catarinenses de suas cantigas é como tirar o
tempero de uma comida. Como pretendemos manter este trabalho com uma vasta
riqueza de informações, trabalharemos estas temáticas de forma conjunta.
Entre as principais danças típicas catarinenses podemos citar a Chimarrita, o
Fandango de São Gonçalo, a Dança da Meia Lua, a dança do Pau-de-Fita, o Cacumbi, a
Quadrilha catarinense, a Ratoeira e a Dança do Vilão. Estas modalidades de dança
foram em sua maioria levadas a região durante o processo de colonização e a sua prática
se estende aos dias atuais.
Compreenderemos melhore sobre esta cultura do estado de Santa Catarina se
uma descrição mais detalhada de cada uma destas modalidades de danças foi feita.

A Chimarrita

Originaria da Região dos Açores, em Portugal, foi trazida à região catarinense


no período de colonização, é também conhecida como Chamarrita ou Limpa branco, é
uma dança bastante comum na região sul do Brasil. A Chimarrita é dançada não
somente no estado de Santa Catarina, mas também em São Paulo, Paraná e Rio Grande
do Sul, tendo sua pratica estendida à regiões Corrientes e Entre-Rios na Argentina e
Uruguai.
É um ritmo bastante alegre e divertido. Dança-se a Chamarrita formando-se
casais enlaçados, em formação de filas ou rodas. Os pares normalmente dançam em
movimentos que os afastam e depois se reaproximam. Movimentos estes bastante
comuns em danças portuguesas. Os passos e coreografias se assemelham aos
executando na polca, e recebem influências de outros estilos também, como a valsa e o
chote.
Esta dança é embalada pelo som de harmônicas, conhecida em outras regiões do
território nacional como sanfona, cantos em solo e coral, além da participação dos
presentes e dançarinos com batidas de palmas e sapateado. É um ritmo bastante ritmado,
animado e contagiante.
Veja abaixo a composição de Paixão Cortes e Barbosa Lessa. Uma canção
chamada Chimarrita Balão, bastante conhecida e tocada no estado catarinense durante
os festivais de danças típicas do estado.
Chimarrita Balão

A Chimarrita-Balão, ai...!
Não é pra todos dançar
É pra quem tem o pé leve, ai meu bem!
Pra quem sabe sapatear. (bis)

Atirei na saracura, ai...!


matei o “saracurão”
E a saracura voou, ai meu bem
Foi parar no lagoão

A Chimarrita-Balão, ai...!
Não é pra todos dançar
É pra quem tem o pé leve, ai meu bem!
Pra quem sabe sapatear. (bis)

Atirei na saracura, ai...!


matei o “saracurão”
E a saracura voou, ai meu bem
Foi parar no lagoão

Dança do Pau-de-Fitas

A dança do Pau-de-Fitas, também conhecida como Jardineira, Dança dos Arcos


e Flores, Dança-do-mastro, Dança-das-fitas e Dança-das-tranças, é antes de qualquer
coisa um ritual tradicional de origem não muito certa, havendo registros da mesma em
paises europeus como Portugal, Espanha e Alemanha, assim como existem registros
deste tipo de dança em povos que na América habitavam antes mesmo do
descobrimento. Hoje, é uma tradição muito presente em paises latino americanos,
especialmente nos sul-americanos.
Os costumes relativos à prática desta dança variam muito. Em algumas tribos
pagãs, por exemplo, as mulheres estéreis dançavam em torno do mastro erguido, o qual
fazia referencia ao membro viril, em um culto ao qual se rogava aos deuses por proteção
e estimulo à fertilidade. Em muitos países europeus, ainda existe o costume de se contar
cortar uma árvore e dela levar o troco às cidades no mês de maio. Estes mastros são
decorados com flores e fitas com o intuito de que pedir as bênçãos dos espíritos das
florestas pela fertilidade e pela atração dos espíritos frutificantes das florestas no
período da primavera.
Em Santa Catarina, assim como em outras regiões do território nacional, a
celebração da Dança do Pau-de-Fitas se mostra como uma das mais alegres da cultura
nacional. Ela se constitui basicamente do ato de se elevar um grande mastro, geralmente
possuído cerca de três metros de comprimento, amarrando na parte superior deste
mastro uma determinada quantidade de fitas coloridas, sendo esta quantidade de fitas
determinada pela quantidade de pares de dançarinos.
Na seqüência, cada dançarino segura na outra extremidade da fita, e ao som de
músicas especificas, iniciam um bailado ao redor do mastro, de forma a entrelaçarem as
fitas e formando desenhos variados no mastro. É comum que nas coreografias o
trançado seja feito e desfeito durante a dança.
No estado catarinense existem denominações especificas para algumas variações
destas coreografias, como o Tramadinho, Zigue-Zague, Zigue-Zague a dois, Trenzinho,
Feiticeira e Rede de Pescador.
Para esta dança, a música que regem o bailado é composta de instrumentos como
o violão, cavaquinho, pandeiro e sanfona. As apresentações se processam geralmente no
período junino e em festas de padroeiros.
Veja abaixo um canto folclórico registrado por Doralécio Soares em Ribeirão da
Ilha, distrito da cidade de Florianópolis:
  
O amor quando nasce
Parece uma flor
É tão delicado
Tão cheiro de amor
 
Seria tão bom
Que ele fosse uma flor
Sem ter espinho
Da dor
 
Depois que tudo
E sonho ao luar
Começam os desencantos
O amor passa a existir
Só na voz do nosso canto

     
Cacumbi
  
A tradicional dança do Cacumbi é também conhecida como Ticumbi ou
Catumbi. É uma dança de origem africana e que hoje é exemplo claro do sincretismo
entre as tradições oriundas da África com as práticas religiosas brasileiras, atividade
esta bastante presente nas ações de catequização promovidas pela Igreja Católica. Esta
manifestação cultural e religiosa recebe outras nomenclaturas fora do estado de Santa
Catarina. No nordeste brasileiro, por exemplo, recebe o nome de Festa dos Congos ou
Congada.
Em suas primeiras manifestações, o Cacumbi era uma representação da luta
entre duas nações africanas, sendo elas os Congos e os Bombos, também chamados de
Bambas. Contudo, hoje esta dança típica catarinense exprime também uma forma de
culto a São Benedito e a Nossa Senhora do Rosário. Dança-se o Cacumbi nas
proximidades dos dias de celebração a estes santos, sempre nas igrejas freqüentadas
pelos devotos dos mesmos.
Os cantos que regem o Cacumbi são dois, denominados respectivamente de
Marchas e Marchas-Fogo. O cantar destas marchas é acompanhado de instrumentos
como a viola e violão, e de percussão, sendo eles majoritariamente tambores e pandeiros
e chocalhos .
Segundo a pesquisadora Rosane Volpatto1, O grupo quando se apresenta, veste
longas batas brancas e rendadas, com traspasse de fitas coloridas, calças compridas
brancas, com friso lateral vermelho, ou sem este; na cabeça, amarram um lenço branco,
todo enfeitado de flores de papel de seda e fitas longas de várias cores. Alguns colocam
1
http://www.rosanevolpatto.trd.br/cacumbi2.htm acessado em 14 de julho de 2009
sobre o lenço um chapéu de palha também enfeitado com fitas e flores. Os reis trazem
coroas de papelão, ricamente ornamentadas com papel dourado ou prateado, peitoral
vistoso com espelhinhos e flores de papel brilhante, capa comprida de adamascado ou
de cetim lamê e, na mão ou na cinta, longa espada do “tempo do Império”. Os dois
secretários ou sacratários diferenciam-se dos "congos" por portarem capa e espada
como seus reis. As duas cores escolhidas pelos reis para sua corte variam. O vermelho
quase sempre está presente em alguma das cortes, por ser uma cor forte e realçar os
mantos reais.
 O cerimonial que possui a dança do Cacumbi era iniciado com um grande
cortejo, onde o rei e a rainha das nações Congos e Bombos eram coroados pelo Capitão
Marinheiro, sendo eles cobertos por mantos e faixas que os identificavam de acordo
com a nação que representavam. Outro elemento de grande importância no momento da
coroação e a bandeira de Nossa Senhora do Rosário, tida como protetora dos homens de
cor. Após a coroação dos reis e rainhas, o cortejo seguia ao som dos batuques dos
instrumentos de percussão e pela dança Cacumbi, que se dava de forma coreografada.
Hoje o cortejo não é mais realizado, e a dança do Cacumbi se apresenta somente
na encenação da Embaixada da Guerra, a qual é composta pelos marinheiros, também
chamados de embaixadores, acompanhados de uma Porta-Bandeira. Neste momento, a
guerra é motivada pelo fato dos dois reis quererem realizar a festa de Santo Benedito.
Eis então que um guerrear coreografado de espadas se dá entre os representantes de
cada grupo. O conflito se estende até o momento em que o Rei Bamba é derrotado e
submete a si e seus vassalos ao batismo.
O vinculo com a Igreja continua existindo e as apresentações, quando
realizadas, são feitas prioritariamente em espaços públicos, contudo, ao ar livre, e não
mais nas Igrejas dos santos padroeiros.
Veja uma cantiga que representa uma das marchas cantadas da encenação do
Cacumbi. Estes versos estão registrados no livro Folclore Catarinense de Doralécio
Soares.
"A Nossa Senhora Mandou me chamá
Saiu hoje na rua Com sua licença
Mandando seus filhos Queremos chegá...
Fazê meia lua  
  A calçada é alta
O dono da casa Não posso "assubi"
Tem pedra miúda Quedê o dinheiro da nossa ração.
Podemos cair.
  Já que tu não soubeste
O capitão mandante Pra que não me dão
O chefe general A metade do queijo
O nosso batalhão Fatia de pão.
Quem mandou marchar.  
  Vai-te embora sordado -cap.
Nós chegamos hoje Não me venha atentar
Saudar nossa praça Com essa espada
Oh! São Benedito sejais Não se pode brincar.
Nossa Senhora da Graça.  
  O que pode essa espada
Santo Antônio Disfarce do corte
"Arripica" o sino Eu te tiro o pescoço
Leva a bandeira No primeiro corte.
Lá no caminho.  
  Não tenho dinheiro - cap.
O neguinho do ganho Não tenho nada
Que quer ganhar Tenho é a ponta
Um tostão por dia Da minha espada.
Pra gastar.  
Vai-te embora sordado
Avoou uma ave - cap. Não me venha atentar
Daquela janela - coro Com essa espada
É um papagaio siá dona - cap Eu te posso furar.
Da pena amarela - coro  
Vorte aqui meu sordado
Não me venha atentar
  Com essa espada
O Sinhô, sinhô, sinhô Capitão Não se pode brincar.

Ratoeira
  
A Ratoeira não é somente uma dança típica em Santa Catarina, mas também é
uma boa forma de se formal um casal apaixonado! Os casais apaixonados aproveitavam
deste bailado para fazerem suas declarações por meio de versos recitados ao centro da
roda da Ratoeira. Esta dança, infelizmente, esta sendo praticada cada vez menos. A
brincadeira que acontecia nos bailes de antigamente está praticamente esquecida do
imaginário popular de hoje. Somente alguns grupos de folclore, que através de seus
esforços e apresentações, vem perpetuando esta saudável tradição.
O valsado da Ratoeira era, em tempos antigos, era executada durante os bailes
mais tradicionais do estado catarinense. Dançada por jovens em sua maioria, este
bailado exigia um ritual que deveria ser seguido durante o mesmo. Geralmente, por
volta da meia noite, os rapazes se aproximavam dos pais de suas bem-amadas e pediam
permissão para dançarem com elas. Aceito o convite, os casais dançam naturalmente
uma valsa, e assim que todos se apresentassem para a dança, uma grande roda era
formada, todos de mãos dadas.
Neste momento, um rapaz ou uma moça, eram escolhidos voluntariamente, ou a
pedido de uma pessoa mais velha, para se postarem ao centro da roda, e por meio de
versos, geralmente em quadras, manifestavam os seus sentimentos. Após recitarem,
voltavam à roda e continuavam a dançar. Um novo casal seguia ao centro e também
fazia suas declarações. Desta forma a dança seguia até o fim da Ratoeira. A Ratoeira
não era destinada unicamente às declarações apaixonadas. Nela podia ser expressa
qualquer sentimento. Tristeza, alegria, lembrança, despeito, paixão, saudade, uma vez
que era uma possibilidade da pessoa manifestar direta ou indiretamente o que sentia.
Havia também ocasiões onde alguém lembrava de algum fato vivido por outra
pessoa na roda e tornava a mesma pública. Nestes momentos a roda pegava fogo! Para
cada quadra na Ratoeira lançada, certamente haveria a réplica na seqüência.
Vale lembrar que o mais interessante desta dança é que tudo acontece de
improviso. As declarações, em sua maioria, eram criadas no momento da dança, o que
exigia uma atenção e uma perspicácia impressionante, especialmente nos momentos de
respostas aos versos previamente ditos.
Veja alguns dos versos cantados em rodas de Ratoeira.2

Em muitas ocasiões não se permitia a entrada de certas pessoas...


2
http://www.manezinhodailha.com.br/Danca.htm acessado em 15 de julho de 2009
   
Eu entrei na ratoeira
Mas não Foi para cantar
Quem o meu coração queria
Na ratoeira não está
  
De conquista: A laranja era verde
    Com o tempo amadurou
Oh! Que coqueiro tão alto Meu coração era firme
Com dois cocos na ponta   Veio o teu e me cativou
Os olhos dessa menina      
tia' correm por minha conta Oh! Que praia tão comprida
    Tão custosa de se andar
Ratoeira bem cantada Oh! Que olhos de menino
Faz chorar faz padecer Tão custosos de se amar
Também Faz um triste amante   
Apartarem bem querer De saudade:
      
De lembranças: Quando canta o rouxinol
   Lembra-te da tarde linda
A folha de bananeira Te recorda do passado
Tem direito e tem avesso Olha eu te amo ainda
Eu te conheço menina   
Desde pequena do berço De convite:
    
De despeito: Senhora dona'na
   Faz favor de entrar na roda
Meu amor me deixou Diga um verso bem bonito
Pensa que eu tenho paixão Diga adeus e vá embora
Não me faltam Deus do céu   
Amor não me faltarão De tristeza:
     
De paixão: Quem pudesse estar agora
   Onde está o meu amor
Naquele campo sereno   
Naquele jardim sem flor De preocupação:
     
O caminho da minha casa Minha mãe casai-me cedo
Já está chefinho de capim Enquanto sou rapariga
Já se acabou as passadas Que o milho plantado tarde
Que o meu bem dava por mim Nunca deu boa espiga

A Dança do Vilão

Acredita-se que o no nome Dança do Vilão tenha surgido na região portuária de


Santos, no estado de São Paulo, por volta do século XVII. Graças ao intenso fluxo de
imigrantes portugueses e espanhóis que por lá passavam, uma vez que estes se
apresentavam como vilões, ou “vilones” durante as festividades carnavalescas. É
possível que os escravos tenham absorvido e adaptado esta dança à elementos
tradicionais de sua cultura, resultando assim na Dança do Vilão como hoje conhecemos.
A Dança do Vilão teve seus primeiros registros no estado de Santa Catarina no
inicio do século passado, na cidade de São Francisco do Sul. Esta dança teria chegado a
esta região pela chegada de pessoas oriundas do estado de São Paulo. Agregados os
valores tradicionais da cultura africana, a qual utilizava a mesma como recurso de
ataque e defesa em caso de conflito, a Dança do Vilão é praticada no período de festas
relacionadas ao carnaval.
Em outras regiões do país esta dança recebe outras denominações. Em São
Paulo, é tratada como Moçambique Paulista, em Goiás é chamada de Tapuias, e na
Bahia Maculelê. Existem variações de indumentária e expressões entre estas vertentes, o
que se da por questões de regionalidade.
Segundo a pesquisadora da cultura catarinense Rosane Volpatto, as vestimentas
dos dançarinos da Dança do Vilão podem ser descritas da seguinte forma: “Atualmente,
a dança do vilão é constituída de 30 elementos, assim distribuídos: 10 pares de
batedores, 4 balizadores, 5 músicos e um regente. A indumentária é um elemento muito
importante nesta dança. O chefe se veste todo de branco, desde o boné até as calças. No
boné há um adorno em forma de escudo de cetim azul. Nos ombros, botam imitações de
dragonas. O arauto veste-se de palhaço, com um macacão colorido, muito folgado. Para
cumprir sua função, ele leva um megafone. O porta-estandarte e os músicos usam
camisa branca, calças escuras e chapéu de palha. Os batedores usam um gorro listrado
de azul e branco, calças escuras e camisas brancas. Cada batedor leva um pau de dois
metros de altura, de grossura de um cabo de vassouras”3.
Durante a apresentação desta dança existem funções especificas para cada
integrante do grupo. O Chefe é quem dita o ritmo dos movimentos por meio de um
apito. Os batedores são os bailarinos, que fazem sua dança com muitos gingados,
volteio de corpo, movimentos rápidos de braços e pernas, além de baterem seus bastões
durante as suas movimentações. Os músicos, por sua vez, se postam ao lado dos
dançarinos, e seus instrumentos são, prioritariamente, de percussão.
No inicio das apresentações é entoado o seguinte canto:

“Temos orgulho de ser brasileiro


Amamos todos a nossa nação
De corpo a corpo nós se defendemos
Com ameaças do nosso bastão.
 
No Carnaval todo mundo brinca
Com seus blocos de imitação
Assim também nós apresentamos
Em outros tempos a turma do vilão”.
 
Na seqüência, tem-se inicio o ato da Dança do Vilão, sendo ela dividida em sete
fases distintas. São elas:

1º. - Uma Marcha


2º. - Toque,do Tam-Tam
3º. - Troca Lugar
4º. - Cerradinho
5º. - Perna Sobre o Bastão
6º. - Bastão Sobre a Cabeça
7º. - Saída Com Uma Roda

3
http://www.rosanevolpatto.trd.br/dancavilao.htm acessado em 15 de julho de 2009
A preservação das tradições ligadas à Dança do Vilão está hoje relacionadas aos
grupos folclóricos e de danças tradicionais, tanto no estado de Santa Catarina, como em
demais regiões do território nacional.

A Quadrilha

O nome, assim como a dança, possuem suas raízes ligadas à França, onde era
tratada como Quadrille. Segundo Eugéne Giraudet4 este é um diminutivo do vocábulo
italiano squadra, que significa companhia de soldados disposta em quadrado. Este nome
foi dado posteriormente à formação de um grupo de quatro pares, passando assim a ser
denominado Quadrille.
Na França, a Quadrilha era dançada nos bailes da aristocracia, já nas Américas,
ela ganhou caráter popular, e rapidamente anexou novos símbolos e costumes em sua
prática. No Brasil, ela chegou ainda no período imperial, via mestres de orquestras, que
tinha como intenção alegrar os bailes das cortes nacionais. Como a França era tida como
referencia de bom gosto e modernidade pela elite brasileira, a aceitação neste meio foi
bastante rápida.
A Quadrilha posteriormente saiu do ambiente palaciano e ganhou as ruas das
cidades brasileiras. Rapidamente houve o entrelaçamento da tradição francesa com o
colorido e a musicalidade brasileira. Hoje, a quadrilha que aqui praticamos tem
elementos suficientes para qualificá-la como genuinamente brasileira.
Esta dança é praticada em Santa Catarina geralmente nos meses de junho e
julho, assim como nas demais regiões do Brasil. A Quadrilha foi incorporada como
elemento das festas juninas que ocorrem por todo país. Nela é comum a homenagem a
Santo Antonio, tido como “Santo Casamenteiro”, assim como a São João e São Pedro.
Os instrumentos que acompanham a quadrilha são a sanfona, podendo haver
mais de uma, a viola e o violão, além de alguns instrumentos de percussão, como o
pandeiro. O ritmo que marca esta dança é bastante cadenciado e com suas marcações
bem destacadas. Juntamente com o coro que rege as cantigas, aparece também a voz do
marcador, uma espécie de regente da coreografia a ser feita durante a dança. É ele que
determina a seqüência a ser realizada pelos dançarinos.

4
http://www.jangadabrasil.com.br/junho/fe10060a.htm acessado em 15 de julho de 2009
Muito comum no meio rural, a Quadrilha hoje adota as vestimentas de nosso
“caipira”. Os homens de calças remendadas e camisas coloridas, chapéu na cabeça e
botina no pé. As mulheres com logos vestidos coloridos, cabelos trançados e rosto
maquiado.
Normalmente, antes da dança é realizado um casamento simbólico entre um
casal de noivos caipiras. Durante a encenação é comum a presença de elementos como o
padre e os pais da noiva. O noivo de inicio não quer se casar, mas com a “pressão” dos
presentes aceita se casar com sua dama. Logo após o fim da cerimônia é dado inicio a
apresentação da Quadrilha, com os noivos sendo o casal que conduz os demais.
Os comandos mais utilizados na dança são5:

 BALANCÊ - Balançar o corpo no ritmo da música, marcando o passo,


sem sair do lugar.
 ANAVAN - (en avant) - Avante, caminhar balançando os braços.
 RETURNÊ - (returner) - Voltar aos seus lugares.
 TUR (tour) - Dar uma volta: Com a mão direita, o cavalheiro abraça a
cintura da dama. Ela coloca o braço esquerdo no ombro dele e dão um giro completo
para a direita.
 CUMPRIMENTO ÀS DAMAS OU “CAVALHEIROS
CUMPRIMENTAR DAMAS” - Os cavalheiros, balançando o corpo, caminham até as
damas e cada um cumprimenta a sua parceira, com mesura, quase se ajoelhando em
frente a ela.
 CUMPRIMENTO AOS CAVALHEIROS OU “DAMAS
CUMPRIMENTAR CAVALHEIROS” - As damas, balançando o corpo, caminham até
aos cavalheiros e cada uma cumprimenta o seu parceiro, com mesura, levantando
levemente a barra da saia.
 GRANDE PASSEIO - As filas giram pela direita, se emendam em um grande
círculo. Cada cavalheiro dá a mão direita à sua parceira. Os casais passeiam em um
grande círculo, balançando os braços soltos para baixo, no ritmo da música.
 O TÚNEL - Os casais, de mãos dados, vão andando em fila. Pára o casal da
frente, levanta os braços, voltados para dentro, formando um arco. O segundo casal

5
http://www.brasilcultura.com.br/cultura/danca-de-quadrilha-aprenda-os-passos acessado em 15 de julho
de 2009
passa por baixo e levanta os braços em arco. O terceiro casal passa pelos dois e faz o
mesmo. O procedimento se repete até que todos tenham passado pela ponte.
 CAMINHO DA ROÇA - Damas e cavalheiros formam uma só fila. Cada dama à
frente do seu parceiro. Seguem na caminhada, braços livres,balançando. Fazem o
BALANCË, andando sempre para a direita.
 OLHA A COBRA - Damas e cavalheiros, que estavam andando para a direita,
voltam-se e caminham em sentido contrário, evitando o perigo.
Vários comandos são usados para este passo: “Olha a chuva , “Olha a inflação , Olha o
assalto , “Olha o (cita-se o nome de um político impopular na região). A fileira deve ir
deslizando como uma cobra pelo chão.
 CARACOL - Damas e cavalheiros estão em uma única fileira. Ao ouvir o
comando, o primeiro da fila começa a enrolar a fileira, como um caracol.
 A GRANDE RODA - A fila é único agora, saindo do caracol. Forma-se uma
roda que se movimenta, sempre de mãos dados, à direita e à esquerda como for pedido.
Neste passo, temos evoluções. Ouvindo “Duas rodas, damas para o centro ; as mulheres
vão ao centro, dão as mãos.
Na marcação “Duas rodas, cavalheiros para dentro , acontece o inverso, As rodas
obedecem ao comando,movimentando para a direita ou para esquerda. Se o pedido for
“Damas à esquerda e “Cavalheiros à direita ou vice-versa, uma roda se desloca em
sentido contrário à outra, seguindo o comando.
 COROAR DAMAS - Volta-se à formação inicial das duas rodas, ficando as
damos ao centro. Os cavalheiros, de mãos dados, erguem os braços sobre as cabeças das
damas. Abaixam os braços, então, de mãos dados, enlaçando as damas pela cintura.
Nesta posição, se deslocam para o lado que o marcador pedir.
 COROAR CAVALHEIROS - Os cavalheiros erguem os braços e, ao abaixar,
soltam as mãos. Passam a manter os braços balançando, junto ao corpo. São as damas
agora, que erguem os braços, de mãos dados, sobre a cabeça dos cavalheiros. Abaixam
os braços, com as mãos dados, enlaçando os cavalheiros pela cintura. Se deslocam para
o lado que o marcador pedir.
 DESPEDIDA - De um ponto escolhido da roda os pares se formam novamente,
Em fila, saem no GALOPE, acenando para o público. A quadrilha está terminada. Nas
Festas Juninas Mineiras, Paranaenses e Paulistas, após o encerramento da quadrilha, os
músicos continuam tocando e o espaço é liberado para os casais que queiram dançar.

Você também pode gostar