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Esta comparação e apresentação de semelhanças entre os dois faz com que este
antropólogo aponte para o fato que o golfinho era considerado um símbolo de luxúria
para os romanos e para os gregos, pois as partes do seu corpo eram consideradas
afrodisíacas, algo que associavam à deusa do amor.
Encontrei algumas versões diferentes do mito do boto, quanto ao momento que ele
surge, ou seja em algumas versões, fala-se que só aparece nas festas de junho, outras
versões fala-se apenas que aparece nas festas dos povos do Rio Amazonas, e outros só
em noites de lua cheia; na maioria das versões diz que ele atrai as mulheres mais bonitas
e as engravida , não falando de nenhuma especificidade das mesmas, no entanto
encontrei versões em que diz que o boto não procura apenas as mais bonitas mas sim
uma mulher virgem.
Sendo assim, mantive-me na versão que é mais apresentada de forma mais generalizada.
Nas festas dos povos do Rio Amazonas aparece um jovem elegante, que se veste bem, e
normalmente com roupa branca. Além da roupa, traz na cabeça um chapéu, como se
quisesse esconder o rosto, o que é normal, tendo em conta que o chapéu serve para
esconder um orifício que o mesmo traz na cabeça e que serve para respirar, pois a
transformação não é feita de forma completa. Apresenta ainda um sorriso no rosto, uma
sede por bebidas alcoólicas e um talento para dançar.
Este jovem escolhe a rapariga mais bonita para dançar, e o que acontece é que a
escolhida cai de amores pelo boto, como quase por magia e se entrega a ele de uma
forma dominante. Engravida a rapariga e na manhã do dia seguinte, assim que surgia os
primeiros raios de sol, a transformação voltava acontecer e o jovem atirava-se ao rio.
No entanto não é apenas nas festas que o boto aparece, pois dizem também que as
raparigas que estiverem nas canoas com roupas vermelhas ou menstruadas, podem ser
atiradas para fora das embarcações pelo boto, pois este sente-se atraído pela cor das
roupas e pelo cheiro.
Uma das mensagens utilizadas pelas gerações às jovens por causa deste mito, era que
tivessem cuidado pelas mulheres mais velhas para terem cuidado com os homens mais
elegantes das festas onde iam, e que caso vissem um homem que estivesse de chapéu
que pedissem para retirar de forma a certificarem-se que não se tratava do boto, isto
tudo acontecia para evitar a possibilidade de as raparigas jovens se tornarem mães
solteiras e por em causa a honra da família.
Como já falei anteriormente, o mito do boto é um dos mitos mais difundidos no Brasil e
dessa forma a sua representação não é feita só na literatura mas também na música, no
teatro e no cinema.
Desta forma destaco na área da música , algumas que se inspiraram ou tomaram como
base o mito para as suas composições como: Foi Boto, Sinhá, de Waldemar Henrique;
Lenda do Boto, de Wilson Fonseca; Esse Rio é minha rua, de Rui Barata e Paulo André;
Boto Namorador, de Dona Onete; Olho de Boto, Nilson Chaves e Encanto do Boto, de
Zake Sá.
No cinema podemos destacar desde logo o filme de Walter Benjamim Júnior, Ele, o
boto; depois existem outras adaptações, como por exemplo A Força do Querer, que é
uma telenovela; temos ainda Principe da encantaria, que é uma curta metragem de
animação; Lendas Amazónicas, de Moisés Magalhães que é um documentário com 4
episódios, onde se tratam de lendas, onde um desses episódios é sobre o mito
apresentado, temos ainda Cidade Invisivel, que penso que é das últimas adaptações
feitas para a cinema e neste caso pela Netflix em 2020.
Na área da escultura também encontramos algumas representações como por exemplo
uma escultura em bronze intitulada como O Boto, de Maria Martins. E por fim na
pintura encontramos uma pintura de Helton Faustino, com o nome de A Lenda do Boto.
Desta forma conseguimos perceber o impacto que o mito do boto trouxe ao povo
brasileiro, e da forma que se repercutiu na sociedade e na representação do mesmo nas
várias áreas. Além disto, no Brasil é habitual dizer ainda nos dias de hoje que quando
não se sabe quem é o pai de alguma criança, dizer que é filho do boto.
Bibliografia
MAGALHÃES, Gilzete Passos. Os espelhos dos rios: dimensões simbólicas da relação de gênero
na lenda Amazônica o Boto. 2013. 150 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 20