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Gabriel Neto
Resumo:
Tendo em conta que a História de modo geral é dada como exclusiva dos homens, assim
como neste caso mais específico na Expansão Portuguesa será interessante analisar o
papel da mulher nesta época.
O título dado a este texto creio ser explicito quanto ao que vai ser tratado, assim sendo
com o presente estudo pretende-se, apresentar de forma genérica algumas reflexões
sobre as condições sociais da mulher no Século XV, o pensamento do homem face ao
sexo feminino, como é que estas mulheres contribuíram para a expansão portuguesa
durante o século XV e XVI e por fim vou destacar algumas destas figuras femininas.
Introdução
Com a partida dos homens para o mar, a sociedade perdeu grande parte da sua
população, o que causou é claro, uma destruturação do seio familiar, pois estas mulheres
que ficavam a cuidar da casa enquanto o marido partia tinham agora que arranjar forma
de subsistir a si e à família que ficava.
Com isto houve uma transformação do papel feminino na sociedade porque tiveram de
começar a exercer funções que eram ditas do homem. (Polónia,2002. Espaços de
Inclusão e de exclusão de agentes femininos no processo de expansão ultramarina
portuguesa.)
Relativamente a essa partida que ocorreu, e da possibilidade destes homens não
voltarem houve a necessidade de se criar “mecanismos legais que permitiam a mulher
exercer um papel ativo em prol da manutenção dos seus direitos, sobre seus bens ou
bens do casal” ( XXIII Simpósio Nacional de História, 2005)
Assistimos assim a uma mudança de paradigma da mulher, talvez também pela perda de
poder da religião de certa forma, no sentido em que, mesmo sendo feito de forma
gradual, a legislação e os costumes religiosos tenham menos força e influência neste
momento em que se precisava da mulher para existir uma sociedade estável. Nesta nova
legislação, a mulher deveria ficar com todos os bens se o seu cônjuge morresse, e ficava
também responsável de forma igualitária ao marido das terras que possuíam,
respondendo assim por possíveis danos causados à propriedade.
Quase num mundo à parte da História, em que não se apresentam como mulher frágil e
que viviam nas leis de submissão do Homem e como ser que necessitava de proteção
temos o lado reverso, em que é relatado a cooperação da mulher na expansão
portuguesa.
Desde logo a presença das mulheres nas viagens marítimas foi um tema que me
intrigou, mas creio que a não só a mim quando ouvi pela primeira vez porque muitos
ainda negam as mesmas nas descobertas marítimas.
Em alguns relatos de naufrágios ocorridos aquando da expansão podemos constatar que
estes relatos foram escritos sempre por homens o que é interessante quando
continuamos a assistir a uma perspetiva do homem sobre a mulher e que por mais uma
vez nesses relatos, que muitos foram escritos por homens ligados à religião vê-se a
intenção de ocultar as mulheres destas memórias. (Isabel Boavida Carvalho, p.235).
Fina d´ Armada quando fala no seu livro “Mulheres Navegantes no tempo de Vasco da
Gama”, da presença da mulher nas embarcações, menciona que há registos deste ter
imposto uma lei que proibia a presença de mulheres nas naus, o que leva a crer que há
história por trás disto, ou seja, se realmente a mulher assumisse o papel desejado pelo
Homem, de ficar em casa, qual era a necessidade de Vasco da Gama criar esta lei?
Creio que então as mulheres já teriam estado nas embarcações, quer tenha sido para não
abandonarem os maridos ou para fazer parte da expansão lutando como os homens
mostrando que afinal poderiam ser dignas de desempenhar as mesmas funções que eles.
Assim estas foram contra aquilo que se dizia sobre elas, mostrando-se mais inteligentes
que certos homens e afirmando-se na História da expansão portuguesa a par do homem
de uma maneira ou de outra como vamos ver alguns casos que irei mencionar.
No entanto Vasco da Gama arrependeu-se de ter criado esta lei, visto que deixou em
testamento , um pedido de desculpas a algumas mulheres e como reconhecimento pelo
papel destas nas embarcações uma quantia em dinheiro.
Porque é que será que a Vasco da Gama e a outros navegadores não lhes agradava a
presença das mulheres nas suas embarcações?
Porque talvez, como já referi anteriormente a mulher é associada ao pecado e levando as
mulheres a bordo não seria conveniente porque estas seriam uma tentação e distração
para o homem, resultando assim em vários problemas o que não seria benéfico para a
tripulação.
Por esta mesma razão, aquando da necessidade de colonizar as terras conquistadas, foi
permitida a embarcação das mulheres para esse efeito, para assim se formarem famílias
e conduzirem a um aumento do poder colonial de Portugal, mas, no entanto, nas
embarcações as mulheres continuavam a ser colocadas à parte dos homens.
Ainda relativamente à presença das mulheres nas naus temos mais uma vez associada a
igreja, pois eram os padres que tinham como função assegurar que estas não entrassem
nas embarcações e estando como se de um fiscal se tratasse em toda a viagem para ver
se era detetada alguma ilegalidade.
Como já tivemos algumas noções sobre as mulheres que se revelaram importantes para
os descobrimentos pretendo destacar duas figuras e mostrar de que forma é que
contribuíram para a expansão portuguesa.
A Rainha D. Filipa de Lencastre e D. Beatriz (Infanta de Portugal) ou a Infanta D.
Isabel (Filha de João I).
A Rainha
Bibliografia