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Transição Política

No decorrer do século XIX, principalmente no período de 1850 a 1900, o


Brasil viveu grandes transformações: o centro econômico do país deslocou-se
das velhas áreas agrícolas do Nordeste para o centro-sul; o café tornou-se o
principal produto agrícola do país e superou todos os demais produtos como o
açúcar, o tabaco, o algodão e o cacau. O final do século XIX e início da
República foi um período marcado pela ascensão dos valores burgueses,
principalmente no Rio de Janeiro, capital do país naquele momento.
Já é sabido de todos, que mesmo com a instauração do sistema republicano,
os
pobres, os mendigos, as mulheres, os menores de idade e os membros de
ordens religiosas
não tinham participação política. E assim, percebemos que grande parte da
população ficava
à margem da sociedade política.

Machado vendeu doces na rua para ajudar a sustentar a família; na


juventude foi caixeiro de uma livraria e tipógrafo, mais tarde tornou-se
jornalista, profissão que o encaminhou para a literatura. Porém, o seu sustento
vinha do emprego que arranjara no funcionalismo público, chegou a fazer
carreira, foi oficial de gabinete de ministro, diretor de órgão público e por
ocasião da Proclamação da República em 1889, estava sob seus cuidados a
Diretoria do Comércio da cidade do Rio de Janeiro.
Celidonio (2006, p. 5), ao fazer um estudo sobre a falta de uma
paternidade forte na família Santiago, afirma que:

Se concordarmos com a idéia de que a família patriarcal fornece “o


grande modelo por onde se hão de calcar, na vida política, as
relações entre governantes e governados, entre monarcas e súditos”,
seria possível que eu partisse da hipótese de que deveria haver
alguma relação entre a família Santiago e, conseqüentemente, a
autobiografia ficcional de D. Casmurro e o Segundo Renaldo. Vi,
então, que a falta do pai de Bentinho poderia ter um significado muito
mais abrangente do que uma lacuna familiar, afinal Dom Casmurro foi
publicado no período de transição do sistema monárquico para o
republicano.

Neste sentido, é que este estudo se norteará; ou seja, percebendo o conflito de


poder entre Bentinho e Capitu, na sociedade brasileira do final do século XIX, o
choque entre o Império e a República. Isto se torna extremamente importante
se lembrarmos que a alegoria feminina será uma das mais discutidas e
utilizadas para representar a República

Se a monarquia tinha o rei, o Imperador como seu símbolo, a República tivera


a mulher, portanto, Casmurro, fruto de uma sociedade monárquica, não
conferia à mulher, à República a legitimidade para prevalecer. desautoriza a
mulher como símbolo da República, e por conseguinte, desautoriza a
República como sistema político.

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